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RAQUEL DE FÁTIMA BRAGA AMINAS BIOATIVAS, POLIFENÓIS E ANTOCIANINAS EM VINHOS TINTOS DE MESA NACIONAIS Faculdade de Farmácia da UFMG Belo Horizonte, MG 2015

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RAQUEL DE FÁTIMA BRAGA

AMINAS BIOATIVAS, POLIFENÓIS E ANTOCIANINAS EM VINHOS

TINTOS DE MESA NACIONAIS

Faculdade de Farmácia da UFMG

Belo Horizonte, MG

2015

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RAQUEL DE FÁTIMA BRAGA

AMINAS BIOATIVAS, POLIFENÓIS E ANTOCIANINAS EM VINHOS

TINTOS DE MESA NACIONAIS

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência dos Alimentos da Faculdade de

Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, como

requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciência

de Alimentos.

Orientadora: Profª. Dra. Maria Beatriz de Abreu Glória

Faculdade de Farmácia da UFMG

Belo Horizonte, MG

2015

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Dedico este trabalho aos meus pais,

Lauro e Fátima.

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“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no

oceano...

... mas o oceano seria menor se lhe faltasse uma gota”.

(Madre Teresa de Calcutá)

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pela vida e saúde que me permitiram vivenciar estas experiências.

Aos meus pais, Lauro e Fátima, pelo imenso amor, carinho, apoio e dedicação ao longo de todos

esses anos. Ao tio Edson e familiares pelo carinho constante e incentivo.

Ao Paulo, pelo afeto, amor, paciência, conselhos e companheirismo.

À professora Drª Maria Beatriz de Abreu Glória por me acolher, pelas oportunidades de

aprendizado, pelo exemplo de profissionalismo e orientação.

À Flávia pela boa vontade, sugestões e disponibilidade em contribuir com o desenvolvimento do

trabalho.

Aos colegas do Laboratório de Bioquímica de Alimentos (Regina, Flávia, Letícia, Patrícia, Gisela,

Caroline, Warlley, Ricardo, Guilherme, Paula, Edineia, Fabiana, João, José Maria, Bruno, Arthur,

Laura e Aisa) pela amizade, pelos conselhos, pela atenção, por compartilharem conhecimentos e

alegrias e pelas contribuições no desenvolvimento deste projeto.

À banca examinadora, pela disponibilidade e sugestões para a melhoria deste trabalho.

Ao Acir da Fazenda Soledade pela atenção, gentileza e boa vontade em ajudar sempre que

solicitado.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro.

À todos que contribuíram de alguma forma e torceram para a realização deste trabalho.

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SUMÁRIO

RESUMO...................................................................................................................................... 09

ABSTRACT.................................................................................................................................. 10

LISTA DE FIGURAS.................................................................................................................. 11

LISTA DE TABELAS................................................................................................................. 12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS................................................................................ 13

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 14

2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................................... 16

2.1. O VINHO E A VITIVINICULTURA BRASILEIRA....................................................... 16

2.2. PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE VINHOS TINTOS............................................... 18

2.3. AMINAS BIOATIVAS......................................................................................................... 22

2.3.1. Aspectos gerais.................................................................................................................... 22

2.3.2. Aminas bioativas em vinhos tintos...................................................................................... 24

2.3.3. Funções fisiológicas e efeitos adversos à saúde.................................................................. 28

2.4. COMPOSTOS FENÓLICOS.............................................................................................. 30

2.4.1. Aspectos gerais dos compostos fenólicos em vinhos tintos................................................ 30

2.4.1.1. Conteúdo de antocianinas monoméricas totais e fenólicos totais nos vinhos tintos......... 34

2.4.2. Importância à saúde............................................................................................................. 37

3. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................................... 38

3.1. MATERIAL.......................................................................................................................... 38

3.1.1. Amostras.............................................................................................................................. 38

3.1.2. Reagentes............................................................................................................................. 38

3.2. MÉTODOS........................................................................................................................... 39

3.2.1. Análise das aminas bioativas.............................................................................................. 39

3.2.2. Análise de fenólicos totais................................................................................................... 41

3.2.3. Análise de antocianinas monoméricas totais...................................................................... 41

3.2.4. Análise estatística................................................................................................................ 42

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................................. 43

4.1. AMINAS BIOATIVAS EM VINHOS TINTOS DE MESA SUAVES............................ 43

4.1.1. Perfil de aminas bioativas nos vinhos analisados................................................................ 43

4.1.2. Teores de aminas bioativas nos vinhos analisados.............................................................. 44

4.1.3. Contribuição individual das aminas bioativas ao teor total nos vinhos.............................. 53

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SUMÁRIO (CONTINUAÇÃO)

4.2. COMPOSTOS FENÓLICOS EM VINHOS TINTOS DE MESA SUAVES................ 57

4.2.1. Teores de fenólicos totais e antocianinas monoméricas nos vinhos analisados................ 57

4.3. CORRELAÇÃO ENTRE OS TEORES DE AMINAS BIOATIVAS E DE

FENÓLICOS TOTAIS DOS VINHOS TINTOS DE MESA SUAVES...............................

59

5. CONCLUSÃO....................................................................................................................... 62

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 63

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RESUMO

Aminas bioativas são substâncias importantes na dieta humana, entretanto, em elevadas

quantidades, certas aminas podem provocar efeitos adversos ao homem e interferir na qualidade dos

vinhos. Compostos fenólicos têm sido associados com benefícios à saúde, além de serem

importantes para as características sensoriais dos vinhos. Devido a escassez de dados de aminas

bioativas em vinhos de mesa brasileiros e sabendo que o conteúdo de polifenóis e aminas pode

afetar a qualidade do vinho e a saúde dos consumidores, o presente trabalho teve como objetivo

caracterizar os vinhos tintos de mesa suaves produzidos no Brasil quanto ao perfil e teores de

aminas bioativas por CLAE-par iônico e também quanto aos teores totais de polifenóis e

antocianinas por métodos espectrofotométricos. Para isso, três lotes de 15 marcas comerciais de

vinhos tintos de mesa suaves nacionais foram coletados no mercado consumidor de Belo Horizonte,

MG. Dentre as nove aminas bioativas pesquisadas, apenas cinco foram encontradas: putrescina,

histamina, tiramina, espermidina e cadaverina. Os teores totais de aminas nas 45 amostras variaram

de 4,96 a 52,06 mg/L. Putrescina, histamina e tiramina foram as aminas prevalentes nos vinhos

analisados (100, 93 e 89%, respectivamente). Os teores de histamina variaram de não detectado

(nd) a 14,38 mg/L e seis amostras (13,3%) dos vinhos continham níveis acima da dose considerada

como tóxica (8 mg/L). A concentração de tiramina variou de nd a 23,71 mg/L e sete amostras de

vinhos (15,6%) foram consideradas inseguras para o consumo (>10 mg/L) por pessoas em

tratamentos com fármacos inibidores de monoaminoxidases. Os teores de putrescina variaram de

1,12 a 16,92 mg/L, enquanto os de cadaverina e espermidina foram inferiores a 0,85 mg/L nesses

vinhos. Algumas marcas de vinhos de mesa apresentaram grandes discrepâncias nos teores de

aminas entre os lotes, evidenciando falta de padronização do produto. Os níveis de fenólicos totais

estiveram entre 1070 e 2105 mg/L equivalente em ácido gálico, e a concentração de antocianinas

monoméricas totais nas amostras analisadas variou de 37,1 a 361,0 mg/L em equivalente

cianidina-3-glicosídeo.

Palavras chave: aminas bioativas, polifenóis, qualidade, CLAE.

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ABSTRACT

BIOACTIVE AMINES, POLYPHENOLS AND ANTHOCYANINS IN BRAZILIAN RED

TABLE WINES. Bioactive amines are important substances in the human diet, however, at high

amounts, certain amines can have adverse effects on human health and affect wine quality.

Phenolic compounds have been associated with health benefits, as well as being important for the

sensory characteristics of wine. Information on bioactive amines in Brazilian table wines is scarce

and it is known that the content of polyphenols and amines can influence wine quality, and it can

also affect consumers’ health. Therefore, the objective of this study was to characterize sweet red

table wines produced in Brazil regarding the profile and contents of bioactive amines by ion-pair

HPLC, and total content of polyphenols and anthocyanins by spectrophotometric methods.

Samples (three lots of 15 brands) of Brazilian sweet red table wines were obtained from local

supermarkets in Belo Horizonte, MG. Among the nine amines investigated, only five were found in

the wines: putrescine, histamine, tyramine, spermidine and cadaverine. Total amines levels in 45

samples ranged from 4.96 to 52.06 mg/L. Putrescine, histamine and tyramine were the prevalent

amines in wines (100, 93 and 89%, respectively). Histamine levels ranged from not detected (nd) to

14.38 mg/L, and six samples (13.3%) contained levels exceeding 8 mg/L (toxic dose). Tyramine

concentration ranged from nd to 23.71 mg/L and seven samples (15.6%) were considered unsafe

(>10 mg/L) for individuals taking monoamine oxidase inhibitors. Putrescine levels ranged from

1.12 to 16.92 mg/L, while the levels of cadaverine and spermidine were less than 0.85 mg/L in

these wines. Some brands of table wines showed significant discrepancies in amine levels among

batches, indicating lack of product standardization. Total phenolic levels were between 1070 and

2105 mg/L equivalent gallic acid, and the concentration of total monomeric anthocyanins in the

samples ranged from 37.1 to 361.0 mg/L equivalent cyanidin-3-glucoside.

Key words: bioactive amines, polyphenols, quality, HPLC.

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LISTA DE FIGURAS

1 Produção de vinhos e derivados da uva e do vinho por empresas do Rio Grande

do Sul, no período de 2010 a 2014........................................................................

17

2 Comercialização de vinhos finos e de mesa, no Brasil, por empresas do Rio

Grande do Sul no período de 2012 a 2014.............................................................

18

3 Etapas da vinificação tradicional em tinto............................................................. 19

4 Estrutura de algumas aminas bioativas encontradas em alimentos......................... 23

5 Esquema simplificado da biosíntese de poliaminas................................................ 24

6 Esqueleto básico dos flavonóides........................................................................... 32

7 Estrutura do resveratrol........................................................................................... 34

8 Porcentagem dos vinhos tintos de mesa suaves nacionais que continham aminas

bioativas...................................................................................................................

43

9 Teores de histamina nas 45 amostras de vinhos tintos de mesa suaves nacionais.. 50

10 Teores de tiramina nas 45 amostras de vinhos tintos de mesa suaves nacionais.... 51

11 Percentual de contribuição de cada amina ao teor total das 45 amostras de

vinhos tintos de mesa suaves nacionais...................................................................

54

12 Percentual de contribuição individual das aminas para o teor total nos lotes de

cada marca dos vinhos tintos de mesa suaves nacionais.........................................

55

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LISTA DE TABELAS

1 Teores de aminas bioativas de vinhos tintos em vários países................................. 27

2 Composição estimada de compostos fenólicos em mg equivalente de ácido

gálico/L nos vinhos de uvas V. vinifera.....................................................................

31

3 Estrutura das antocianinas de uvas e vinhos............................................................. 32

4 Estrutura dos ácidos fenólicos em uvas e vinhos...................................................... 33

5 Teores de fenólicos totais em mg EAG/L em vinhos tintos nacionais finos e de

mesa............................................................................................................................

36

6 Identificação e local de produção das amostras dos vinhos tintos de mesa suaves.... 38

7 Gradiente de eluição para as fases móveis (A) solução tampão de acetato de sódio

0,2 M e octanosulfonato de sódio 15 mM e (B) acetonitrila utilizadas na

determinação das aminas............................................................................................

40

8 Teores de aminas bioativas nas 15 marcas dos vinhos tintos de mesa suaves

nacionais......................................................................................................................

46

9 Teores de fenólicos totais e antocianinas monoméricas totais nas 15 marcas de

vinhos tintos de mesa suaves nacionais......................................................................

58

10 Coeficientes de correlação de Spearman (ρ) para as correlações significativas entre

as aminas bioativas encontradas nos vinhos tintos de mesa suaves nacionais............

60

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGM Agmatina

CAD Cadaverina

CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

CV Coeficiente de Variação

DP Desvio Padrão

EAG Equivalente em ácido gálico

EPD Espermidina

EPM Espermina

FEM Feniletilamina

HIM Histamina

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBRAVIN Instituto Brasileiro do Vinho

LOQ Limite de Quantificação

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

nd Não detectado

OPA orto-Ftalaldeído

PUT Putrescina

TIM Tiramina

TRM Triptamina

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1. INTRODUÇÃO

O consumo regular e moderado de vinhos tintos tem sido associado a benefícios à saúde,

principalmente pelo seu conteúdo de polifenóis (IRITI e VARONI, 2014). Compostos fenólicos

são substâncias importantes para a qualidade dos vinhos, visto que influenciam significativamente

nas características sensoriais da bebida como cor, aroma, adstringência e amargor (RIVERO-

PÉREZ, MUÑIZ e GONZÁLEZ-SANJOSÉ, 2008). As antocianinas são as principais responsáveis

pela cor dos vinhos tintos e, juntamente com outros polifenóis, podem também estar relacionadas

com a redução dos riscos de doenças cardiovasculares devido a suas propriedades antioxidantes

(SUN, SIMONYI e SUN, 2002; KONG et al., 2003; YOO, SALIBA e PRENZLER, 2010; GRIS et

al., 2013).

Outras substâncias, como as aminas bioativas, podem também impactar positivamente ou

negativamente a qualidade dos vinhos. Traços dessas substâncias são considerados normais aos

organismos vivos pelo desempenho de funções essenciais às células e por isso, são substâncias

importantes na dieta humana (GUO et al., 2015). Entretanto a ingestão em grandes quantidades de

certas aminas, como histamina, tiramina, feniletilamina e triptamina, pode provocar efeitos adversos

ao homem. As aminas podem ter origem nas uvas, serem formadas no processo de vinificação por

certos microrganismos que estão envolvidos nas etapas de fermentação ou contaminantes

introduzidos no meio devido a condições higiênico-sanitárias inadequadas, como também durante o

período de estocagem da bebida (VIEIRA, THEODORO e GLÓRIA, 2007; SMIT, DU TOIT e DU

TOIT, 2008; GALGANO, CARUSO e FAVATI, 2009). De acordo com Glória (2005), a

intoxicação pelas aminas histamina e tiramina já foi associada com a ingestão de vinhos.

O consumo de vinhos pelos brasileiros ainda é pequeno comparado ao da cerveja, entretanto,

ele foi a segunda bebida alcoólica com maior consumo per capita no país, sendo preferido às

bebidas destiladas, no período de 2008 a 2009 (IBGE, 2011). Os vinhos brasileiros são produzidos

a partir de variedades de uvas finas, das espécies Vitis vinifera, e por variedades de uvas americanas

ou híbridas, principalmente das espécies Vitis labrusca (GUERRA et al., 2009). Vinhos produzidos

exclusivamente por uvas V. viniferas são legalmente denominados de vinhos finos e aqueles em que

uvas americanas e/ou híbridas predominam em sua elaboração são denominados vinhos de mesa

(BRASIL, 2014). Entre estes, os vinhos tintos de mesa são os mais produzidos e comercializados

no território nacional (IBRAVIN, 2015a; IBRAVIN, 2015b).

As aminas bioativas foram investigadas em vinhos finos brasileiros (SOUZA et al., 2005;

MOTA et al., 2009; ARAÚJO et al., 2011), entretanto, são poucos os dados disponíveis dessas

substâncias em vinhos de mesa nacionais. Em um único trabalho encontrado com vinhos tintos de

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mesa elaborados no Brasil (AGUSTINI, LIMA e BONFIM, 2014), há informações apenas de cinco

aminas bioativas: espermidina, putrescina, histamina, tiramina e triptamina.

Tendo em vista a importância do conteúdo de compostos fenólicos e aminas bioativas nos

vinhos tintos em função de sua influência na qualidade da bebida e na saúde dos consumidores,

além dos escassos dados de aminas bioativas em vinhos de mesa nacionais, o objetivo geral desse

estudo foi caracterizar os vinhos tintos de mesa suaves produzidos no país quanto ao perfil e teores

de aminas bioativas e também quanto aos teores de polifenóis e antocianinas monoméricas.

Os objetivos específicos foram os seguintes:

(i) determinar o perfil e os teores de nove (9) aminas bioativas (espermidina, putrescina,

histamina, tiramina, triptamina, cadaverina, serotonina, agmatina e feniletilamina)

em amostras comerciais de vinhos tintos suaves de mesa nacionais;

(ii) avaliar os níveis das aminas biogênicas em relação a qualidade e segurança desses

vinhos;

(iii) determinar os teores de compostos fenólicos totais e antocianinas monoméricas totais

nesses vinhos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. O VINHO E A VITIVINICULTURA BRASILEIRA

De acordo com a legislação brasileira, “vinho é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do

mosto resultante do esmagamento ou da prensagem de uvas sãs, frescas e maduras, contido ou não

de suas partes sólidas” (BRASIL, 2014). Essa é a definição legal e, segundo Hashizume (2001), o

vinho pode também ser definido de acordo com a bioquímica de sua produção, como sendo a

bebida obtida após a fermentação dos açúcares provenientes da uva pelas leveduras, e em alguns

casos, também pelas bactérias láticas.

A vitivinicultura brasileira foi estimulada, no século XIX, com a chegada dos imigrantes

italianos no sul do Brasil (GUERRA et al., 2009). A cultura da videira e a produção do vinho

foram sendo introduzidas em outras regiões e, atualmente, estão situadas nos estados do Paraná,

Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Espirito Santo e São

Paulo (PROTAS e CAMARGO, 2011). Essa expansão possibilitou a obtenção de vinhos com

sabores e características distintos devido a diversidade de solos e condições climáticas das regiões

vitivinícolas espalhadas pelo território brasileiro, o que permite agradar um número maior de

consumidores (GUERRA et al., 2009). As videiras são classificadas no gênero Vitis pertencente à

família Vitaceae, sendo diversas as espécies conhecidas (JACKSON, 2008). Os vinhos no Brasil

são produzidos a partir de variedades de uvas finas, originárias da Europa, da espécie Vitis vinifera

ou de uvas rústicas de variedades americanas ou híbridas, como as castas das espécies Vitis

labrusca e Vitis bourquina (GUERRA et al., 2009; CAMARGO, MAIA e RITSCHEL, 2010).

Vinhos produzidos, predominantemente, com variedades de uvas americanas ou híbridas eram

legalmente denominados “vinhos comuns” ou “vinhos de consumo corrente”, enquanto os

elaborados, exclusivamente, a partir de variedades de uvas da espécie Vitis vinifera eram

designados como “vinhos finos” (AMORIM et al., 2006). A publicação da Lei nº 10.970, de 12 de

novembro de 2004 provocou alterações na legislação que dispõe sobre a produção, circulação e

comercialização do vinho e seus derivados e as expressões “vinhos comuns” ou “vinhos de

consumo corrente” foram substituídas pela denominação “vinho de mesa” (BRASIL, 2014).

De acordo com a legislação brasileira os vinhos de mesa nacionais podem ser classificados

quanto aos seus teores de açúcares totais em: secos, demi-sec (meio-secos) e suaves (doces). O

vinho de mesa seco pode conter até 4 g/L de glicose; o demi-sec, teores de glicose entre 4 e 25 g/L;

já os suaves, teores acima de 25 g/L (BRASIL, 2014).

O Rio Grande do Sul é o principal produtor nacional de uvas e vinhos, sendo responsável por

mais de 90% do vinho fabricado no Brasil (SILVA, DAMACENA e MELLO, 2001; MELLO,

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2012; THOMÉ et al., 2013). Esse estado foi o responsável por produzir, em 2014, mais de

190 milhões de litros de vinhos de mesa e, aproximadamente, 40 milhões de litros de vinhos finos

(IBRAVIN, 2015b). Dados sobre a produção de vinhos finos e de mesa, como também de outros

derivados da uva e do vinho por empresas do Rio Grande do Sul, no período de 2010 a 2014,

podem ser visualizados na Figura 1.

Figura 1 – Produção de vinhos e derivados da uva e do vinho por empresas do Rio Grande do Sul,

no período de 2010 a 2014. Fonte: IBRAVIN (2015b).

O mercado nacional é basicamente abastecido por vinhos finos e de mesa, sendo este último,

o principal vinho comercilizado no país (AMORIN et al., 2006). Segundo dados do Instituto

Brasileiro do Vinho (IBRAVIN), em 2014, o volume de vinhos de mesa comercializados por

empresas do Rio Grande do Sul, no Brasil, foi superior a 200 milhões de litros, ao mesmo tempo

que o volume, em litros, dos vinhos finos que proveu o mercado interno, no mesmo período, foi

inferior a 20 milhões (Figura 2) (IBRAVIN, 2015a).

Entre esses vinhos, os tintos se destacam, sendo os mais produzidos e comercializados no

território nacional. Da totalidade dos vinhos de mesa e dos vinhos finos comercializados no país

por empresas do Rio Grande do Sul, em 2014, 86% e 76%, respectivamente, eram tintos (Figura 2)

(IBRAVIN, 2015a).

27,9 52,2 48,6 48,4 38,5

195,3

258,7

213,1 197,9 196,1

99,0

151,2

167,3

125,2 140,2

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

400,0

450,0

500,0

2010 2011 2012 2013 2014

Mil

hões

de

Lit

ros

V. FINOS V. MESA OUTROS DERIVADOS DA UVA E DO VINHO

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O consumo de vinhos no Brasil ainda é muito pequeno comparado ao dos países

tradicionalmente vitivinícolas (OIV, 2013). A cerveja é a bebida alcoólica mais consumida pelos

brasileiros, entretanto, segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares realizada, de 2008 a

2009, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo médio per capita de

vinhos foi superior ao relatado para as bebidas destiladas (IBGE, 2011).

Figura 2 – Comercialização de vinhos finos e de mesa, no Brasil, por empresas do Rio Grande do

Sul no período de 2012 a 2014. Fonte: IBRAVIN (2015a).

2.2. PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE VINHOS TINTOS

Segundo Guerra e colaboradores (2009), “a vinificação é um conjunto de procedimentos

empregados durante a transformação de uvas maduras em vinho”. Para Amorim et al. (2006), o

processo de fabricação de vinhos se inicia antes mesmo da colheita, com o cultivo da uva, uma vez

que a obtenção de vinhos de qualidade é dependente das características da matéria-prima.

Durante a maturação das uvas tintas, as bagas mudam de coloração devido à evolução de

compostos fenólicos presentes na casca, como as antocianinas, enquanto os teores de açúcares se

elevam e a acidez diminui (AMORIM et al., 2006; MOTA et al., 2006). Os ácidos tartáricos e

málico são os principais ácidos orgânicos presentes nas uvas, enquanto os açúcares predominates

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

V. FINO V. MESA V. FINO V. MESA V. FINO V. MESA

2012 2013 2014

Mil

hões

de

Lit

ros

BRANCO ROSADO TINTO

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são a glicose e a frutose. A sacarose pode ser encontrada em variedades rústicas, não Vitis vinifera,

e representa não mais que 10% dos açúcares presentes nas bagas (HASHIZUME, 2001; JACKSON,

2008).

A acidez, os teores de açúcares e o conteúdo de polifenóis podem variar de acordo com a

variedade e cultivar das uvas, com as condições climáticas, com o solo e com o grau de maturação

das bagas, sendo utilizados como indicadores para a determinação da data de colheita. Os teores de

açúcares na fruta são críticos para o desenvolvimento das leveduras na etapa de fermentação,

enquanto a acidez e o conteúdo de compostos fenólicos nas bagas influenciam as características

sensoriais da bebida. Desta forma, a colheita deveria ser realizada, sempre que possível, somente

quando as uvas alcançassem a maturação desejada (HASHIZUME, 2001; MOTA et al., 2006;

RIBÉREAU-GAYON et al., 2006b).

A vinificação em tinto é caracterizada pela ocorrência da etapa de maceração mais

prolongada, simultaneamente, à fermentação alcoólica e posterior fermentação malolática, por ação

das bactérias láticas (HASHIZUME, 2001; JACKSON, 2008). As etapas mais comuns no processo

de elaboração dos vinhos tintos podem ser visualizadas na Figura 3.

Figura 3 – Etapas da vinificação tradicional em tinto. Fonte: Adaptado de Jackson (2008) e Amorim et al. (2006).

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Após a colheita ocorre o desengace, etapa na qual são removidas as folhas e o engaço

(pedúnculo e ramificações) das uvas que, posteriormente, serão esmagadas para liberação do suco

presente na polpa, obtendo-se o mosto (JACKSON, 2008). Quando as uvas não atingem um grau

de maturação apropriado devido às condições ambientais desfavoráveis, é permitida a correção do

mosto com a adição de sacarose, denominada chaptalização, ou com a adição de mosto concentrado

para alcançar o grau alcoólico desejado. As leveduras produzem a enzima invertase, capaz de

quebrar esse dissacarídeo em glicose e frutose (HASHIZUME, 2001).

De acordo com Hashizume (2001), 18 g/L de sacarose são necessários para elevar o teor

alcoólico no mosto do vinho tinto em 1 grau Gay Lussac (˚GL), que corresponde 1% em volume. A

legislação brasileira estabelece que vinhos tintos de mesa contenham entre 8,6 a 14,0 ˚GL e o

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) poderá determinar, anualmente, a

possibilidade de adição de açúcares ou mosto concentrado em quantidades suficientes para elevar o

teor alcoólico do mosto em, no máximo, 3˚GL (BRASIL, 2014).

O esmagamento das bagas facilita a extração de compostos fenólicos como as antocianinas e

os taninos durante a maceração, mas não deve ser excessivo para evitar um aumento na

adstringência e a formação de sabor desagradável (RIBÉREAU-GAYON et al., 2006a; GUERRA et

al., 2009). Enzimas hidrolíticas são também liberadas no mosto devido a ruptura das células e são

responsáveis pela quebra de macromoléculas em substâncias mais simples utilizadas pelas

leveduras e bactérias láticas no processo (JACKSON, 2008).

Antes da fermentação alcoólica é recomendável a adição de sulfito ao mosto, nas formas de

seus sais (metabissulfito de potássio) ou anidrido sulfuroso líquido, para previnir a oxidação e inibir

a proliferação de microrganismos indesejáveis, provenientes da própria uva ou dos equipamentos, e

permitir o rápido desenvolvimento de leveduras selecionadas. Entretanto, a quantidade utilizada

desse conservante deve ser moderada, para que a fermentação malolática não seja inibida, uma vez

que as bactérias são mais sensíveis ao sulfito do que as leveduras (HASHIZUME, 2001;

RIBÉREAU-GAYON et al., 2006a).

A maceração é a etapa em que as cascas e sementes ficam em contato com o mosto e na qual

ocorre a extração de nutrientes, aromatizantes e compostos fenólicos responsáveis pela aparência,

sabor e aroma dos vinhos. Essa etapa é prolongada nos vinhos tintos e ocorre juntamente à

fermentação alcoólica, diferente dos vinhos brancos, cuja maceração também possa ocorrer, embora

antes da fermentação e com pequena duração (AMORIM et al., 2006; JACKSON, 2008).

Durante a fermentação alcoólica, as leveduras convertem os açúcares, glicose e frutose, em

etanol que potencializa o processo de maceração por aumentar a extração e solubilização de alguns

componentes presentes nas bagas (JACKSON, 2008). Segundo Hashizume (2001) a maioria das

cepas de leveduras selecionadas e comercializadas é das espécies Saccharomyces cerevisiae e

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Saccharomyces bayanus. Outros produtos secundários como glicerol, ácidos succínico, lático e

acético, acetato de etila, entre outros, são gerados nesta etapa e têm papel importante no aroma e

sabor característico dos vinhos (HASHIZUME, 2001; RIBÉREAU-GAYON et al., 2006a;

JACKSON, 2008). Em sequência, ocorre a descuba, fase em que o líquido é separado das partes

sólidas, o bagaço. Este geralmente é prensado para que se obtenha maior rendimento e

concentração dos componentes das cascas no vinho (HASHIZUME, 2001; GUERRA et al., 2009).

A fermentação malolática consiste basicamente na descarboxilação do ácido málico (ácido

dicarboxílico) em ácido lático (ácido monocarboxílico) por bactérias láticas hetero e

homofermentativas dos gêneros Lactobacillus, Leuconostoc e Pediococcus (HASHIZUME, 2001).

Oenococcus oeni, anteriormente denominado Leuconostoc oenos, é uma bactéria lática

heterofermentativa e a principal responsável pela fermentação malolática nos vinhos, por ser mais

adaptada às condições do meio ao final da fermentação alcoólica. Entretanto, se o pH do vinho

excede 3,5 é possível o desenvolvimento de outras espécies (RIBÉREAU-GAYON et al., 2006a;

COSTANTINI, GARCIA-MORUNO e MORENO-ARRIBAS, 2009).

Culturas “starter” de bactérias láticas selecionadas podem ser utilizadas e, geralmente, apenas

uma ou uma mistura de duas a três cepas de Oenococcus oeni são comercializadas. Essa prática

agiliza o processo e previne o desenvolvimento de estirpes indesejáveis e a produção de substâncias

que poderiam impactar negativamente a qualidade dos vinhos (COSTANTINI, GARCIA-

MORUNO e MORENO-ARRIBAS, 2009).

Durante a fermentação malolática, há redução na sensação de acidez da bebida, que se torna

menos agressiva ao paladar, sendo indicada, principalmente, na produção de vinhos tintos

provenientes de uvas com maturação incompleta, com elevada acidez fixa, ou seja, com alto teor de

ácido málico (RIZZON, ZANUS e MIELE, 1997; RIBÉREAU-GAYON et al., 2006a; JACKSON,

2008). Alguns compostos secundários são também gerados durante esta etapa e contribuem para a

complexidade aromática dos vinhos tintos (COSTANTINI, GARCIA-MORUNO e MORENO-

ARRIBAS, 2009).

Após a fermentação malolática, é recomendada nova adição de sulfito e inicia-se o processo

de clarificação natural, em que as partes sólidas em suspensão começam a decantar formando uma

borra no fundo do tanque, ou cuba. Produtos clarificantes, como as “colas” (gelatina, caseinato de

sódio ou potássio, albumina, bentonita) podem também ser adicionados ao vinho para auxiliar esta

etapa, mas não em excesso para evitar alterações desnecessárias nas características sensoriais da

bebida (AMORIM et al., 2006; JACKSON, 2008). A trasfega consiste na transferência do vinho de

uma cuba para outra, a fim de separar a borra da parte líquida e auxiliar na clarificação do vinho.

Concluídas estas etapas, o vinho segue para o engarrafamento (HASHIZUME, 2001).

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O controle desde o cultivo e seleção das uvas e também durante as etapas de vinificação é

importante para a qualidade dos vinhos. A condução descontrolada desses processos pode

prejudicar as características sensoriais da bebida (AMORIM et al., 2006), mas também pode gerar

substâncias indesejáveis à saúde, como algumas aminas bioativas (GALGANO, CARUSO e

FAVATI, 2009).

2.3. AMINAS BIOATIVAS

2.3.1. Aspectos gerais

Aminas bioativas são substâncias que participam de reações fisiológicas e metabólicas

importantes que ocorrem nos organismos vivos e exercem diversas funções biológicas (GLÓRIA,

2005; KALAC e KRAUSOVÁ, 2005). Entretanto, algumas delas podem apresentar efeitos

adversos à saude do homem, quando ingeridas em elevadas quantidades, por consequência de suas

ações psicoativas ou vasoativas, provocando efeitos no sistema nervoso e vascular, respectivamente

(GLÓRIA, 2005; RODRIGUEZ et al., 2014; GUO et al., 2015).

Aminas bioativas (Figura 4) são compostos orgânicos de baixo peso molecular originários da

amônia cujos hidrogênios podem ser substituídos por grupos alquila ou arila gerando estruturas de

diversificada complexidade. Podem ser produzidas durante o metabolismo de plantas, animais e

microrganismos (GLÓRIA, 2005; RODRIGUEZ et al., 2014; GUO et al., 2015) e, por isso, já

foram encontradas em diversos alimentos como queijos, vinhos, cervejas, peixes, molho de soja,

entre outros (SOUZA et al., 2005; BOTELHO, 2009; FARIA, 2011; SILVA et al., 2011; GUIDI e

GLÓRIA, 2012; UBALDO et al., 2015).

Na literatura são encontradas algumas classificações para as aminas bioativas que variam de

acordo com a estrutura química (alifáticas, aromáticas ou heterocíclicas), com o número de grupos

amino existentes na molécula (monoaminas, diaminas ou poliaminas), com a via biossintética

(naturais ou biogênicas) ou com a função fisiológica (poliaminas ou biogênicas). A classificação

mais usual divide as aminas bioativas em poliaminas e aminas biogênicas (GLÓRIA, 2005;

RODRIGUEZ et al., 2014).

As aminas biogênicas podem ser formadas pela transaminação de aldeídos e cetonas, pela

hidrólise de compostos nitrogenados, pela decomposição térmica ou pela descarboxilação

microbiana de aminoácidos livres, sendo esta a principal via de obtenção (HALÁSZ et al., 1994;

GLÓRIA, 2005; RODRIGUEZ et al., 2014).

Histamina, serotonina, feniletilamina, tiramina, triptamina, putrescina, cadaverina e agmatina

são exemplos de aminas biogênicas encontradas em alimentos que derivam da descarboxilação

microbiana dos aminoácidos histidina, triptofano, fenilalanina, tirosina, triptofano, ornitina, lisina e

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arginina, respectivamente (TENBRINK et al., 1990; GLÓRIA, 2005; GALGANO, CARUSO e

FAVATI, 2009; KALAC, 2014). A denominação atribuída à maioria dessas aminas é baseada no

nome dos seus aminoácidos precursores como, por exemplo, o nome histamina é baseado no

aminoácido de origem, a histidina. O mesmo ocorre para as aminas triptamina, tiramina e

feniletilamina, originárias dos aminoácidos triptofano, tirosina e fenilalanina, respectivamente

(GLÓRIA, 2005).

Segundo Vieira, Theodoro e Glória (2007) algumas aminas biogênicas, como histamina e

serotonina, desempenham funções importantes na proteção das plantas contra o ataque de

predadores. Nos animais, como o homem, as aminas biogênicas apresentam geralmente ações

psicoativas e/ou vasoativas, desempenhando funções fisiológicas importantes no organismo como a

atuação nos sistemas nervoso central e vascular (GLÓRIA, 2005).

Figura 4 – Estrutura de algumas aminas bioativas encontradas em alimentos. Fonte: Glória (2005).

As poliaminas são moléculas alifáticas com mais de dois grupos amino distribuídos em sua

estrutura que, sob condições fisiológicas, apresentam cargas positivas, sendo consideradas

policátions, capazes de interagir com moléculas carregadas negativamente e essa característica

confere a elas uma diversidade de funções biológicas (BARDOCZ, 1995). A espermina e a

espermidina são classificadas como poliaminas e muitos autores consideram a amina biogênica

putrescina (uma diamina) também como uma poliamina por esta ser um intermediário essencial na

síntese de espermina e espermidina. Entretanto, a putrescina não exerce as mesmas funções

fisiológicas realizadas por essas duas poliaminas (BARDOCZ, 1995; KALAC e KRAUSOVÁ,

2005; LARQUÉ, SABATER-MOLINA e ZAMORA, 2007; KALAC, 2014).

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De acordo com Glória (2005), a síntese de poliaminas é um processo complexo e as primeiras

etapas também envolvem reações de descarboxilação de aminoácidos. A principal via de formação

de espermina e espermidina (Figura 5) é por meio da descarboxilação do aminoácido ornitina,

entretanto a agmatina também pode participar dessa síntese, uma vez que a formação da putrescina

pode ser via agmatina-arginina, como ocorre em plantas (HALÁSZ et al., 1994; GLÓRIA, 2005;

KALAC, 2014). Algumas hipóteses sugerem que a principal via de formação da putrescina, em

vinhos, é a partir da agmatina e não da ornitina (GALGANO, CARUSO e FAVATI, 2009).

Figura 5 – Esquema simplificado da biosíntese de poliaminas.

Fonte: Glória (2005) e Kalac (2014).

Em plantas, espermina, espermidina e putrescina estão implicadas em processos fisiológicos

como divisão celular, florescência, desenvolvimento do fruto, resposta ao estresse e senescência

(HALÁSZ et al., 1994; GLÓRIA, 2005). Nos animais, são importantes na manutenção do

metabolismo, sendo implicadas no crescimento e na regeneração celular, na maturação e

recuperação da mucosa intestinal, como mediadoras de hormônios e na síntese do DNA, do RNA e

de proteínas. No homem, as poliaminas podem ser formadas pela microbiota do trato

gastrointestinal ou “in situ”, à medida que são requisitadas, entretanto, em alguns casos a

quantidade produzida pode não suprir a requerida pelo organismo, sendo essencial a sua obtenção

através da alimentação (BARDOCZ, 1995; KALAC e KRAUSOVÁ, 2005; KALAC, 2014).

2.3.2. Aminas bioativas em vinhos tintos

A presença de aminas bioativas nos vinhos tintos já foi relatada em diversos trabalhos

(MOTA et al., 2009; SABAINI, 2009; KONAKOVSKY et al., 2011; MARTÍNEZ-PINILLA et al.,

Arginina Ornitina Putrescina Espermidina Espermina

Uréia

ARGINASE ORNITINADESCARBOXILASE

ESPERMIDINASINTASE

ESPERMINASINTASE

CO2

CO2

Agmatina

AGMATINASE

Uréia

ARGININADESCARBOXILASE

Metionina S-adenosilmetionina S-adenosilmetioninadescarboxilada

ATP

ADENOSILTRANSFERASE

S-ADENOSIL-L-METIONINADESCARBOXILASE

CO2

Propilamina

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2013; AGUSTINI, LIMA e BONFIM, 2014) e, por serem produzidas durante o metabolismo de

plantas e microrganismos (RODRIGUEZ et al., 2014; GUO et al., 2015), podem ser originárias da

própria matéria prima e serem encontradas em uvas, ou serem formadas no processo de vinificação,

assim como há indícios de sua formação durante o período de estocagem da bebida (SMIT, DU

TOIT e DU TOIT, 2008; GALGANO, CARUSO e FAVATI, 2009).

Segundo Halász et al. (1994), as poliaminas espermina e espermidina e a diamina putrescina

são implicadas em processos fisiológicos de plantas, como a florescência e o desenvolvimento dos

frutos sendo originárias da própria uva. Devido a isso, essas aminas já foram relatadas nas polpas,

cascas e sementes de uvas tintas avaliadas em alguns trabalhos (BAUZA, KELLY e BLAISE, 2007;

DEL PRETE et al., 2009; SABAINI, 2009; FRAGA, 2010), sendo putrescina e espermidina

geralmente encontradas em abundância nas uvas, enquanto espermina é encontrada em menores

quantidades (GLÓRIA et al., 1998; GLÓRIA, 2005).

Sabaini (2009) observou no mosto de uvas Syrah (V. vinifera) e Niágara rosada (V. labrusca)

cultivadas no estado de Minas Gerais, Brasil, teores de putrescina entre 0,45 a 3,63 mg/L, de

espermidina variando de 0,99 a 2,25 mg/L e de espermina entre 0,28 a 0,56 mg/L. Valores

similares dessas aminas também foram encontrados no mosto de uvas Syrah e Grenache cultivadas

no Vale do Rhône, na França, cujos teores de putrescina variaram, aproximadamente, entre 1,0 a

2,5 mg/L, para a espermidina os níveis estiveram entre 0,7 a 2,1 mg/L e para a espermina os teores

foram próximos a 0,1 mg/L (BAUZA, KELLY e BLAISE, 2007). Segundo Glória et al. (1998) e

Glória (2005) aminas biogênicas, como agmatina, cadaverina, histamina e tiramina, também já

foram encontradas em pequenas quantidades em uvas.

Bauza, Kelly e Blaise (2007) pesquisaram a presença de espermina, espermidina e putrescina

em dois cultivares diferentes de uvas tintas da variedade Vitis vinifera e verificaram que o grau de

maturação e o tipo de cultivar influenciaram nos teores encontrados dessas aminas. Fraga (2010)

também observou que o grau de maturação e a região de cultivo afetaram os níveis de poliaminas

nas uvas Syrah pesquisadas. Del Prete et al. (2009) avaliaram a influência da safra de diferentes

cultivares de uvas tintas nos teores de aminas bioativas e encontrou putrescina em todas elas,

embora não tenha pesquisado a presença das poliaminas espermina e espermidina. Os teores das

aminas encontradas foram diferentes entre as safras avaliadas, como também entre as cultivares

estudadas.

Fatores como o grau de maturação, a variedade e o tipo de cultivar utilizado; as condições

ambientais e a heterogeneidade da microbiota em diferentes regiões de cultivo e safra parecem

influenciar os teores de aminas encontrados em uvas e, consequentemente, nos vinhos (MARTÍN-

ÁLVAREZ et al., 2006; BAUZA, KELLY e BLAISE, 2007; DEL PRETE et al., 2009; MOTA et

al., 2009; FRAGA, 2010).

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Segundo Smit e colaboradores (2008), as principais aminas bioativas associadas aos vinhos

são putrescina, histamina, tiramina e cadaverina, seguidas pela feniletilamina, espermidina,

espermina, agmatina e triptamina. Na Tabela 1 podem ser visualizadas as aminas bioativas

encontradas em vinhos tintos por vários pesquisadores ao longo dos anos.

Martín-Álvarez et al. (2006) demonstraram que o tempo em que as cascas e polpas das uvas

permanecem em contato com o mosto pode influenciar no conteúdo de aminas bioativas nos vinhos

e verificaram que a etapa de maceração mais prolongada (>10 dias) aumentou significativamente os

teores de histamina, putrescina e tiramina dos vinhos tintos analisados quando comparados aos

teores encontrados naqueles cuja maceração foi inferior a 10 dias. Os autores sugeriram que esse

resultado poderia ser explicado pela maior extração dos aminoácidos precursores dessas aminas.

O papel das leveduras na produção de aminas biogênicas ainda não é claro e esses

microrganismos parecem não ter grande influência na produção de aminas durante a fermentação

alcoólica (GALGANO, CARUSO e FAVATI, 2009; FRAGA, 2010; KOSMERL, SUCUR e

PROSEN, 2013). Herbert et al. (2005) verificaram que a concentração das aminas histamina,

tiramina, triptamina, β-feniletilamina, putrescina e cadaverina não variou muito durante esta etapa

em comparação com os teores inicialmente encontrados no mosto. Além disso, Landete, Ferrer e

Pardo (2007) estudaram 36 estirpes de leveduras isoladas de vinhos quanto ao seu potencial em

produzir essas mesmas aminas e verificou que nenhuma das cepas foi capaz de produzí-las.

Ao contrário, a fermentação malolática parece ser a principal responsável pela produção e

aumento das aminas putrescina, tiramina e histamina nos vinhos tintos (SMIT, DU TOIT e DU

TOIT, 2008; GALGANO, CARUSO e FAVATI, 2009). A formação e o acúmulo destas aminas já

foi relatada em diferentes trabalhos durante esta fase do processo de vinificação (LANDETE et al.,

2005; ALCAÍDE-HIDALGO et al., 2007; CAÑAS et al., 2008).

Estudos também mostraram que algumas cepas de bactérias láticas isoladas de vinhos foram

aptas a produzir tiramina, putrescina e histamina e essa característica é dependente da presença de

genes específicos que codificam a produção de enzimas capazes de promover a descarboxilação dos

aminoácidos tirosina, ornitina e histidina (MORENO-ARRIBAS et al., 2003; LANDETE, FERRER

E PARDO, 2007). No estudo de Landete, Ferrer e Pardo (2007), nenhuma das 155 estirpes de

bactérias láticas testadas foram capazes de produzir cadaverina e triptamina, entretanto, algumas

delas produziram também feniletilamina.

A produção de aminas bioativas durante o período de estocagem do vinho em garrafas

também foi investigada. Landete et al. (2005) observaram que a concentração de histamina nos

vinhos tintos analisados aumentou entre 3 e 6 meses de armazenamento na temperatura de 15 ˚C, e

a partir deste período, começou a decrescer. Entretanto, os autores não verificaram alterações

significativas no conteúdo das aminas tiramina, putrescina e feniletilamina.

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Tabela 1 – Teores de aminas bioativas de vinhos tintos em vários países

País Aminas Bioativas (mg/L) Na Referências

AGM CAD HIM FEM PUT EPM EPD TRM TIM

Argentina - nd-0,39 nd-5,22 nd-1,71 0,61-14,21 - nd-0,60 nd.-3,49 nd.-5,38 38 Díaz et al. (2006)

China - nd- 13,0 nd-9,64 nd-4,58 0,30-13,06 nd-0,75 nd.-3,82 nd nd.-6,94 38 Zhijun et al. (2007)

França 21,6 0,20 3,70 1,90 10,8 0,10 0,60 - 3,70 54 Bauza et al. (1995)

Grécia nd-0,63 nd-0,21 0,98-1,65 - nd-2,70 - - nd-1,32 nd-0,46 15 Proestos, Loukatos e Komaitis (2008)

Itália - 0,13 4,76 2,34 11,7 1,32 6,70 - 8,16 3 Hernández-Borges et al. (2007)

EUA 0,42 0,49 5,45 0,08 20,91 0,34 1,01 0,12 1,27 59 Glória et al. (1998)

Portugal - 0,19 - 0,85 6,90 0,03 0,34 - 1,44 6 Fernandes e Ferreira (2000)

Espanha nd-3,2 0,20 3,90 0,50 27,9 - 0,30 0,30 3,30 27 Bover-Cid et al. (2006)

Turquia 0,5-15 0,11-4,00 0,03-2,80 0,10-8,6 0,94-15,6 0,05-3,40 0,02-1,00 0,40-8,80 0,04-3,5 30 Anli et al. (2004)

Brasil - - nd-11,8 - nd-45,4 - nd-4,6 nd-7,9 nd-10,4 32 Agustini, Lima e Bonfim (2014)

-: não analizada; nd: não detectado; Na: número de amostras; Aminas Bioativas – AGM: Agmatina; CAD: Cadaverina; HIM: Histamina; FEM: Feniletilamina; PUT: Putrescina; EPM: Espermina; EPD: Espermidina; TRM:

Triptamina; TIM: Tiramina. Fonte: Adaptado de Galgano, Caruso e Favati (2009).

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Marco e Azpilicueta (2006) relataram o acréscimo nos níveis das aminas histamina,

putrescina, tiramina e cadaverina de vinhos brancos submetidos à fermentação malolática, durante

os primeiros 45 dias de estocagem nas temperaturas de 4 ˚C, 20 ˚C e 35 ˚C. Entretanto, somente a

concentração de histamina continuou aumentando ao longo de 105 dias, a 20 ˚C. Segundo relatam

Smit, Du Toit e Du Toit (2008), mesmo após a adição de sulfito no final da fermentação malolática,

nem todas as reações bioquímicas e enzimáticas podem ter cessado completamente, o que poderia

explicar o aumento de algumas aminas durante o período inicial de estocagem da bebida.

Aminas biogênicas também parecem estar relacionadas com as condições higiênico-sanitárias

no processo de vinificação e alguns autores relatam a possibilidade de sua produção por

microrganismos que não estão envolvidos diretamente nas etapas de fermentação (ANLI e

BAYRAM, 2009; GALGANO, CARUSO e FAVATI, 2009). Apesar de diversos estudos, Galgano

e colaboradores (2009) concluíram que ainda não estão suficientemente claros como estes fatores

realmente interferem na produção e aumento dos níveis de aminas no vinho, uma vez que muitos

resultados ainda são controversos.

2.3.3. Funções fisiológicas e efeitos adversos à saúde

Aminas bioativas são substâncias importantes na dieta humana, pois desempenham funções

fisiológicas essenciais ao organismo. Normalmente as aminas não apresentam perigo à saúde de

indivíduos normais e saudáveis, exceto se algumas delas forem ingeridas em elevadas quantidades,

uma vez que podem ser facilmente catabolizadas pelas enzimas monoaminoxidases do trato

gastrointestinal. Entretanto, fármacos utilizados no tratamento da depressão, do estresse e de

doenças como Parkinson e Alzheimer são capazes de inibir a atividade dessas enzimas,

prejudicando a eliminação das aminas pelo organismo. Etanol e acetaldeído têm sido relacionados

com o aumento de sensibilidade às aminas bioativas e, portanto, o consumo de alimentos

fermentados, como o vinho, pode potencializar o efeito adverso dessas substâncias (TENBRINK et

al., 1990; GLÓRIA, 2005; GALGANO, CARUSO e FAVATI, 2009; ALVAREZ e MORENO-

ARRIBAS, 2014).

As poliaminas desempenham uma diversidade de funções no metabolismo celular humano.

Por apresentararem, em pH fisiológico, três ou quatro cargas positivas ao longo de sua cadeia

carbônica, podem interagir com moléculas carregadas negativamente, como ácidos nucléicos,

fosfolipídeos e algumas proteínas, sendo importantes na síntese e regulação do DNA, do RNA e de

proteínas, bem como na estabilização e permeabilidade de membranas celulares. Neste último caso,

desempenham papel importante no funcionamento normal do intestino, prevenindo alergias

alimentares, por reduzir a permeabilidade da mucosa intestinal a macromoléculas e proteínas

alergênicas, e auxiliando na sua maturação e regeneração (BARDÓCZ, 1995; GLÓRIA, 2005;

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KALAC, 2014). Segundo Glória (2005), as poliaminas também atuam como mensageiros químicos

e interferem na ação dos hormônios sobre o organismo.

Devido a atuação como promotores de crescimento e na divisão celular, as poliaminas estão

relacionadas com a proliferação acelerada de tecidos e a presença destas é importante em situações

em que o rápido crescimento e regeneração celular são necessários, como nos casos de cicatrização

de feridas e nos períodos pós-operatórios (BARDÓCZ, 1995; GLÓRIA, 2005).

Aminas biogênicas também desempenham funções fisiológicas relevantes no organismo

como a regulação da temperatura corporal, do volume e do pH estomacal, e também da atividade

cerebral (TENBRINK et al., 1990). Algumas delas possuem ação psicoativa (histamina e

serotonina), atuando como neurotransmissores no sistema nervoso central, e outras possuem ação

vasoativa (histamina, tiramina, feniletilamina, triptamina) atuando direta ou indiretamente no

sistema vascular, podendo ser vasoconstritoras ou vasodilatadoras (TENBRINK et al., 1990;

SHALABY, 1996). De acordo com Glória (2005), a tiramina pode atuar indiretamente na liberação

de noradrenalina no sistema nervoso simpático e a histamina é capaz de estimular neurônios

motores e sensitivos, causar contração e relaxamento da musculatura do útero, intestino e trato

respiratório e controlar a secreção gástrica. A serotonina pode também reduzir o volume e a acidez

do suco gástrico e interferir na regulação do sono, do humor e das sensações de sede e fome.

As poliaminas, nos níveis encontrados em alimentos não apresentam efeitos adversos à saúde,

embora existam evidências da formação de nitrosaminas, que são potenciais agentes carcinogênicos

ao homem, pela interação com nitritos e ácidos nitrosos; além disso, por participarem da divisão, do

crescimento e da proliferação celular, as poliaminas podem estar associadas com o crescimento de

tumores em casos de câncer. Já as aminas biogênicas têm sido relacionadas a casos de intoxicação

e ao desenvolvimento de reações indesejáveis, após ingestão de grandes quantidades. Entre elas,

histamina e tiramina apresentam efeitos mais severos, mas feniletilamina e triptamina estão também

associadas a episódios de enxaqueca (GLÓRIA, 2005; GALGANO, CARUSO e FAVATI, 2009;

RODRIGUEZ et al., 2014). De acordo com Glória (2005), o consumo de vinho já foi associado à

intoxicação por histamina e tiramina.

Os sintomas mais comuns da intoxicação histamínica podem envolver náuseas, vômitos,

diarréia, cólicas abdominais, dores de cabeça, rubor facial e do pescoço, urticária, tontura,

taquicardia e, em casos mais severos, desconforto ao respirar e asfixia. Já os sintomas comuns da

intoxicação por tiramina podem envolver o aumento da pressão arterial e crises hipertensivas,

elevação da frequência cardíaca, dores de cabeça, vômitos e também enxaqueca (GLÓRIA, 2005;

EFSA, 2011). A presença de outras aminas pode potencializar os efeitos provocados pela histamina

e tiramina (TENBRINK et al., 1990; HALÁSZ et al., 1994; SHALABY, 1996; GLÓRIA, 2005;

LARQUÉ, SABATER-MOLINA e ZAMORA, 2007). Feniletilamina e triptamina, similar à

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tiramina, podem provocar um aumento da pressão sanguínea e também causar fortes dores de

cabeça (GLÓRIA, 2005).

Alguns autores citam que a dose geralmente considerada como tóxica para histamina e

tiramina, em bebidas alcoólicas, estão entre 8 a 20 mg/L e 25 a 40 mg/L, respectivamente, e que

teores próximos a 3 mg/L de feniletilamina já seriam suficientes para provocar enxaqueca em

indivíduos susceptíveis (GLÓRIA, 2005; GALGANO, CARUSO e FAVATI, 2009; KOSMERL,

SUCUR e PROSEN, 2013). Entretanto, Galgano, Caruso e Favati (2009) citam em seu trabalho

que níveis acima de 10 mg/L para a tiramina já deveriam ser considerados inseguros para pessoas

em tratamentos com fármacos inibidores de monoaminoxidases.

Kosmerl e coautores (2013) relataram que países da Europa estabeleceram recomendações

sobre os limites tolerados de histamina em vinhos. Segundo os autores, a Alemanha sugeriu o

limite de 2 mg/L, enquanto Holanda estabeleceu o teor máximo de 3 mg/L; Finlandia, 5 mg/L;

Bélgica, 6 mg/L, França, 8 mg/L, Suíça e Áustria, 10 mg/L.

Estabelecer a dose tóxica para aminas biogênicas em vinhos, principalmente de histamina e

tiramina que já foram envolvidas em casos de intoxicação, não é trivial, uma vez que a toxicidade

destas substâncias é dependente da sensibilidade de cada indivíduo, do funcionamento normal das

enzimas monoaminoxidases, da concentração de outras aminas, da ingestão de álcool e acetaldeído

e do uso de fármacos que inibem o funcionamento das enzimas responsáveis por eliminar essas

aminas do organismo (TENBRINK et al., 1990; SMIT, DU TOIT e DU TOIT, 2008; GALGANO,

CARUSO e FAVATI, 2009).

2.4. COMPOSTOS FENÓLICOS

2.4.1. Aspectos gerais dos compostos fenólicos em vinhos tintos

Compostos fenólicos são substâncias aromáticas que possuem em sua estrutura, ao menos, um

grupo hidroxila. Esses compostos são considerados metabólitos secundários e geralmente estão

envolvidos nos mecanismos de defesa das plantas aos agentes externos (MANACH et al., 2004; DE

LANGE, 2007; JACKSON, 2008; RODRÍGUEZ et al., 2009; ARAÚJO, 2011). São importantes na

proteção das plantas contra predadores e patógenos, podem atuar como atrativos para polinizadores

e na defesa ao estresse abiótico (ANGELO e JORGE, 2007; VIZZOTTO, KROLOW e WEBER,

2010).

Segundo Manach et al. (2004), frutas e bebidas como os chás e os vinhos tintos são fontes

ricas em polifenóis. Essas substâncias têm grande influência em muitas características sensoriais

dos alimentos tais como aroma, cor, adstringência e amargor, além de suas propriedades

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antioxidantes que têm sido associadas a benefícios à saúde (RIBÉREAU-GAYON et al., 2006b;

GARCÍA-RUIZ et al., 2008; RODRÍGUEZ et al., 2009).

Compostos fenólicos em vinhos, em sua maioria, são originários da própria uva e apenas

pequenas quantidades são extraídas dos barris de madeira durante o envelhecimento, ou liberadas

pelas leveduras na fermentação alcoólica (JACKSON, 2008). Nas uvas, a distribuição dos

fenólicos parece seguir a seguinte proporção: 1% localizados na polpa, 5% no sumo, 50% nas

cascas e 44% nas sementes (SACCHI, BISSON e ADAMS, 2005). Na Tabela 2 é possível

verificar a composição aproximada de compostos fenólicos em vinhos brancos e tintos.

Tabela 2 – Composição estimada de compostos fenólicos em mg equivalente de ácido gálico/L nos

vinhos de uvas V. vinifera

Classe de Fenóis Teores (mg equivalente em ácido gálico)

Fonte Vinho Branco Vinho Tinto

Jovem Envelhecido Jovem Envelhecido

Não-flavonóides, Total 175 160-260 235 240-500

Cinamatos, derivados U 154 130 165 150

Tirosol M 10 10 15 15

Fenóis voláteis M,C 1 5 5 15

Taninos hidrolizáveis C 0 0-100 0 0-260

Outros 10 0-15 50 0-60

Flavonóides, Total 30 25 1060 705

Catequinas U 25 15 200 150

Antocianinas U 0 0 200 20

Taninos Solúveis e derivados U 5 10 550 450

Outros - - 110 85

Fenólicos Totais 205 185-285 1295 945-1205

U: Uva; M: Microbiota; C: Madeira de carvalho.

Fonte: Adaptado de Jackson (2008).

Os compostos fenólicos podem ser classificados em flavonóides e não-flavonóides. Os

flavonóides representam mais de 85% do conteúdo de fenólicos totais em vinhos tintos, sendo

constituídos principalmente pelos flavan-3-ols, flavonóis e antocianinas, que podem ser

caracterizados por uma estrutura em comum (Figura 6) formada, geralmente, de dois anéis

benzênicos ligados entre si por um anel heterocíclico, como o pirano (BALASUNDRAM,

SUNDRAM e SAMMAN, 2006; DE LANGE, 2007; JACKSON, 2008).

Essas moléculas podem ocorrer na forma livre ou polimerizada com outros constituintes do

vinho, como os açúcares e, neste caso, são denominadas glicosídeos. A catequina, o flavan-3-ol

mais abundante em vinhos, pode sofrer polimerização e gerar produtos conhecidos como

procianidinas e taninos condensados que são encontrados nas sementes e nas cascas das uvas

(JACKSON, 2008; GARRIDO e BORGES, 2013).

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Figura 6 – Esqueleto básico dos flavonóides.

Fonte: Balasundram, Sundram e Samman (2006).

Os flavonóis são encontrados nas uvas em menor proporção quando comparado aos outros

compostos fenólicos e, de acordo com Jackson (2008), são principalmente localizados nas cascas e

podem representar de 1 a 10% do conteúdo de polifenóis totais da fruta. Quercetina, caemferol e

miricetina são os principais flavonóis de uvas e vinhos tintos (RIBÉREAU-GAYON et al., 2006b,

JACKSON, 2008).

As antocianinas são pigmentos glicosilados responsáveis pelas cores laranja, púrpura,

vermelha e azul de uvas e vinhos tintos. A forma aglicona recebe outro nome, antocianidina.

Malvidina, delfinidina, peonidina, cianidina, petunidina e pelargonidina (Tabela 3) são formas de

antocianinas já identificadas em uvas e vinhos (KONG et al.; 2003; HE et al., 2010). A proporção

de cada uma dessas formas nas uvas depende da cultivar e das condições de cultivo empregadas

(JACKSON, 2008).

Tabela 3 – Estrutura das antocianinas de uvas e vinhos

Nome

Cianidina

Peonidina

Delfinidina

Petunidina

Malvidina

Pelargonidina

R1

OH

OCH3

OH

OCH3

OCH3

H

R2

OH

OH

OH

OH

OH

OH

R3

H

H

OH

OH

OCH3

H

R4 – H: monoglicosídeo; Açúcar: diglicosídeo R5 – acetil

Fonte: Jackson (2008) e Castañeda-Ovando et al. (2009).

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As antocianinas se localizam nas cascas das uvas, com exceção daquelas denominadas

tintureiras, onde também são encontradas na polpa da fruta (REBELLO et al., 2013). Cultivares de

uvas finas, das variedades Vitis vinifera, sintetizam apenas antocianinas na forma de

3-monoglicosídeos, enquanto nas uvas americanas e híbridas são encontradas tanto as formas

3-monoglicosídeos, quanto 3,5-diglicosídeos (WROLSTAD, 1993; HE et al., 2010).

Outra classe de compostos fenólicos constituída dos estilbenos, dos ácidos cinâmicos, ácidos

benzóicos e seus derivados é denominada como não-flavonóides (VACCARI, SOCCOL e IDE,

2009). Na Tabela 4, encontram-se as estruturas de alguns dos não-flavonóides de uvas e vinhos.

Os ácidos cinâmicos e benzóicos são conhecidos como ácidos fenólicos e existem,

predominantemente, nas formas de ácidos hidroxicinâmicos e hidroxibenzóicos. A procedência no

vinho é diversa, uma vez que podem ser extraídos dos barris de carvalho no envelhecimento

(taninos hidrolisáveis), liberados por microrganismos durante seu metabolismo, ou ter origem na

própria uva, onde são encontrados na polpa e na casca (SACCHI, BISSON e ADAMS, 2005;

JACKSON, 2008; GARRIDO e BORGES, 2013).

Tabela 4 – Estrutura dos ácidos fenólicos em uvas e vinhos

Ácidos Benzóicos R2 R3 R4 R5 Ácidos Cinâmicos

p-Hidroxibenzóico

Protocatéico

Vanílico

Gálico

H

H

H

H

H

OH

OCH3

OH

OH

OH

OH

OH

H

H

H

OH

p-Cumárico

Caféico

Ferúlico

Fonte: Ribéreau-Gayon et al. (2006b).

Os estilbenos são substâncias formadas por dois anéis aromáticos hidroxilados e unidos, um

ao outro, geralmente por uma cadeia carbônica formada por um etano, ou por um etileno

(Figura 7). O resveratrol, em suas formas cis e trans, é o principal estilbeno encontrado em uvas e

vinhos e sua origem está associada à mecanismos de resposta da planta a ataques de patógenos e ao

estresse. Nas uvas, esses compostos estão localizados nas cascas (RIBÉREAU-GAYON et al.,

2006b; VACCARI, SOCCOL e IDE, 2009; GARRIDO e BORGES, 2013).

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Figura 7 – Estrutura do resveratrol.

Fonte: Ribéreau-Gayon et al. (2006b).

2.4.1.1. Conteúdo de antocianinas monoméricas totais e fenólicos totais nos vinhos tintos

O conteúdo de fenólicos totais no mosto de uvas tintas tem grande aumento no início da

fermentação alcoólica, sendo os ácidos fenólicos e seus derivados (não-flavonóides) rapidamente

extraídos, seguidos pelos flavonóis e antocianinas. Já a extração dos flavan-3-ols, principalmente

as catequinas e seus polímeros procianidinas e taninos condensados, é mais lenta e dependente do

tempo em que o mosto permanece em contato com as cascas e sementes das uvas (JACKSON,

2008). Com isso, o conteúdo de fenólicos totais aumenta com o tempo da etapa de maceração,

principalmente pela maior extração de taninos para o mosto. Ao contrário, a concentração de

antocianinas que é extraída alcança um máximo no início da fermentação alcoólica e diminui

posteriormente (SACCHI, BISSON e ADAMS, 2005). De acordo com Rebello et al. (2013) a

proporção dos pigmentos antociânicos que são transferidos da fruta para o vinho é,

aproximadamente, 40%.

A concentração de antocianinas em uvas americanas e híbridas cultivadas no Brasil já foi

descrita em alguns trabalhos. Nas cultivares Folha de figo e Niágara rosada os níveis, como

equivalente em cianidina-3-glicosídeo, variaram entre 1980 a 2480 mg/kg e

128 a 180 mg/kg, respectivamente (ABE et al., 2007). No trabalho de Soares et al. (2008), as

cultivares Isabel e Niágara rosada continham teores (equivalente em cianidina-3-glicosídeo) iguais a

821,5 mg/kg e 70,2 mg/kg, respectivamente. Uvas BRS-Violeta apresentaram teor (em

malvidina-3,5-diglicosídeo) igual a 3950 mg/kg (REBELLO et al., 2013) e em uvas Bordô a

concentração foi igual a 1359 mg/kg (equivalente em malvidina-3,5-diglicosídeo) (VANZELA et

al., 2011). Abe et al. (2007) também determinaram a concentração de antocianinas (como

cianidina-3-glicosídeo) em uvas finas Merlot e Syrah iguais a 970 e 1118 mg/kg, respectivamente.

As antocianinas livres ocorrem como cinco estruturas diferentes em equilíbrio dinâmico, nos

vinhos tintos jovens. O cátion flavilium é a forma responsável pela cor vermelha e é predominante

em valores de pH mais ácidos (RIBÉREAU-GAYON et al., 2006b). Segundo Jackson (2008),

aproximadamente 25% das antocianinas estão ionizadas em seu estado flavilium no pH normal dos

vinhos tintos (3,4 – 3,6) e essa proporção é dependente do pH e também da concentração de dióxido

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de enxofre no meio, uma vez que este pode combinar reversivelmente com essas moléculas e

modificar o equilíbrio para a forma descolorida.

É esperado que o conteúdo de antocianinas monoméricas diminua com o envelhecimento da

bebida em relação aos vinhos jovens, que foram recentemente produzidos, pois são moléculas

particularmente instáveis e podem reagir com outros fenólicos presentes no vinho formando

polímeros, além de poderem se ligar a proteínas formando precipitados. A polimerização com

outros compostos fenólicos do vinho parece estabilizar a cor, por proteger a estrutura das

antocianinas de modificações que podem levar à sua descoloração, como a interação com o sulfito,

além de protegê-las da precipitação com proteínas (JACKSON, 2008; HE et al., 2010). Segundo

Sacchi, Bisson e Adams (2005) ao final de um ano de armazenamento da bebida, 50% a 70% das

antocianinas monoméricas já estão em formas polimerizadas.

Oliveira, Souza e Mamede (2011) avaliaram marcas comerciais de diferentes vinhos finos da

safra de 2006, provenientes de Bento Gonçalvez (Rio Grande do Sul) e da região do Vale do São

Francisco (estados da Bahia e Pernambuco), quanto aos teores totais de antocianinas monoméricas e

observaram que os valores médios variaram de 14,09 a 156,48 mg/L equivalente em

cianidina-3-glicosídeo. Vanzela et al. (2013) determinaram os teores de antocianinas monoméricas

totais em vinhos de mesa jovens da variedade BRS Violeta de diferentes safras (2009, 2010, 2011 e

2012) e observaram que os valores médios em equivalente de malvidina-3,5-diglicosídeo variaram

de 1866 a 2173 mg/L. Lins e Sartori (2014) também avaliaram os teores de antocianinas

monoméricas em vinhos de mesa provenientes de uvas Isabel e de vinhos de corte produzidos com

uvas Isabel, Courdez e Jaquez, do estado do Paraná, cujas concentrações variaram entre 116,4 a

155,58 mg/L equivalente em malvidina-3-glicosídeo.

Alguns estudos avaliaram o conteúdo de fenólicos totais em vinhos tintos de mesa nacionais e

os teores variaram de 1015 a 4266 mg/L equivalente em ácido gálico (LIMA et al., 2011; LINS e

SARTORI, 2014; VANZELA et al., 2013). Já em vinhos finos nacionais relatados nos trabalhos de

Granato, Katayama e Castro (2010); Lucena et al. (2010); Gris et al. (2013) e Oliveira, Souza e

Mamede (2011) os níveis de fenólicos totais variaram de 1153 a 5900 mg/L equivalente em ácido

gálico. Esses dados se encontram na Tabela 5.

Burin et al. (2011) verificaram em seu trabalho que os níveis de fenólicos totais nos vinhos

Cabernet Sauvignon produzidos no estado de Santa Catarina, Brasil, decresceram entre 21 e 24%, e

29 e 33% ao longo dos 4 e 11 meses de estocagem, respectivamente, em garrafas armazenadas na

temperatura de 5°C. Os autores também perceberam um decréscimo aproximado de 25% e 50% no

conteúdo total de antocianinas monoméricas ao longo dos 4 e 11 meses de estocagem,

respectivamente, sob as mesmas condições, e também um aumento no conteúdo de polifenóis

polimerizados.

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Tabela 5 – Teores de fenólicos totais em mg EAG/L* em vinhos tintos nacionais finos e de mesa Refer. Local de Produção Safra Tipo de vinho Fenólicos Totais*

V. labrusca e híbridos – Vinhos tintos de mesa

(1) Paraná

2007

2008

Tintos de mesa – Bordô

(n=9)

(n=8)

2115

2159

(2) Paraná

-

-

Tintos de mesa

Isabel (n=1)

Isabel/Courdez/Jaquez (n=2)

1266

1015 -1091

(3) São Paulo

2009

2010

2011

2012

Tinto de mesa - BRS Violeta

(n=3)

(n=3)

(n=3)

(n=3)

4266

2784

3873

3735

V. vinífera – Vinhos tintos finos

(4) Não identificado

- Pinot Noir (n=5) 1153 – 1380

- Malbec (n=2) 1646- 1959

- Syrah (n=3) 1753 – 1914

- Cabernet Sauvignon (n=10) 1260 – 1894

- Merlot (n=6) 1318 – 1844

(5) Santa Catarina 2006-2007

Cabernet Franc

Merlot

Sangiovese

Syrah

2680 – 2691

2692 – 2814

2288 – 2732

2732 – 2791

(6) Vale do São Francisco

2005

2002

2005

2006

2005

2006

2003

Petite Sirah (n=1)

Tannat (n=1)

Syrah (n=1)

Cabernet Sauvignon (n=1)

Cabernet Sauvignon (n=1)

Ruby Cabernet (n=1)

Merlot (n=1)

5200

5900

5900

3200

5400

5400

4700

(7)

Vale do São Francisco 2006 Cabernet Sauvignon (n=4) 2252 – 3719

Rio Grande do Sul 2006 Merlot (n=2)

Cabernet Sauvignon (n=2)

1543

1764

*mg EAG/L: miligrama equivalente em ácido gálico por litro de vinho; (1) Lima et al. (2011); (2) Lins e Sartori (2014) ; (3) Vanzela et al. (2013);

(4) Granato, Katayama e Castro (2010); (5) Gris et al. (2013); (6) Lucena et al. (2010); (7) Oliveira, Souza e Mamede (2011); n= número de amostras.

Vanzela et al. (2014) também avaliaram a influência do tempo e da temperatura de

armazenamento nos teores de fenólicos totais e antocianinas monoméricas de vinhos de mesa de

uvas Violeta. Os teores de polifenóis totais se alteraram pouco com as temperaturas (15°C, 25°C,

35°C e 50°C) e com tempo de estocagem (0 a 120 dias), cuja redução máxima foi apenas de 23%

em relação ao conteúdo inicial e só ocorreu após 120 dias na temperatura de 50 °C. Já em relação

ao conteúdo total de antocianinas monoméricas, após 120 dias de estocagem houve redução de 40%

da concentração inicial na temperatura de 15°C, 50% (25°C), 88% (35°C) e

96% (50°C), sendo a formação de pigmentos poliméricos e a degradação térmica responsáveis pelo

decréscimo de antocianinas monoméricas nesses vinhos.

Os teores de fenólicos totais e antocianinas monoméricas em vinhos tintos podem variar com

a cultivar e a variedade das uvas empregadas no processo, com a safra e região de produção (ABE

et al., 2007; OLIVEIRA, SOUZA E MAMEDE, 2011; VANZELA et al., 2013), com a duração da

etapa de maceração (DAUDT e FOGAÇA, 2013), assim como, com o período e com a temperatura

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de estocagem da bebida (BURIN et al., 2011; MARQUEZ, SERRATOSA e MERIDA, 2014;

VANZELLA et al., 2014).

2.4.2. Importância à saúde

A elevada ingestão de gorduras saturadas, associada ao tabagismo e ao sedentarismo, tem sido

relacionada aos altos índices de mortalidade por doenças cardiovasculares. Apesar desses hábitos

não serem muito diferentes na França, comparados a outros países industrializados, a taxa de

mortalidade dos franceses devido a essas doenças tem sido menor. Esta divergência ficou

conhecida como o “Paradoxo Francês” e até hoje inúmeras pesquisas tentam explicá-lo (RENAUD

e DE LORGERIL, 1992; BIAGI e BERTELLI, 2015).

A diferença dos franceses parecia estar ligada ao grande consumo de frutas, vegetais e vinhos

(RENAUD e DE LORGERIL, 1992). De acordo com Estruch (2000) e Yoo, Saliba e Prenzler

(2010), estudos têm considerado o vinho tinto como um possível alimento capaz de reduzir os

riscos de doenças coronarianas, principalmente pelo seu conteúdo de substâncias com propriedades

antioxidantes. A capacidade antioxidante dessa bebida tem sido demonstrada “in vitro” e “in vivo”

e, geralmente, é atribuída aos compostos fenólicos, especialmente, aos flavonóides (RIVERO-

PÉREZ, MUÑIZ e GONZÁLEZ-SANJOSÉ, 2008).

O efeito positivo à saúde de substâncias com propriedades antioxidantes possivelmente ocorre

pela proteção das células ao extresse oxidativo. O corpo humano produz determinadas substâncias

denominadas radicais livres, durante o seu metabolismo, que são capazes de reagir com moléculas

de lipídeos, DNA e proteínas provocando danos (YOO, SALIBA e PRENZLER, 2010). Os

antioxidantes são capazes de bloquear a ação desses radicais, principalmente pela sua capacidade

em doar elétrons (RICE-EVANS, MILLER e PAGANGA, 1997; RIVERO-PÉREZ, MUÑIZ, e

GONZÁLEZ-SANJOSÉ, 2008; YOO, SALIBA e PRENZLER, 2010). Segundo Rebello et al.

(2013), além dos efeitos antioxidantes, uma dieta composta de polifenóis também tem sido

associada com atividades antiinflamatória, antimicrobiana e anticarcinogênica.

Pesquisas relatam o potencial das antocianinas, quercetinas, catequinas, procianidinas e

resveratrol em prevenir algumas doenças degenerativas como a hipertensão, o diabetes, o câncer, o

Alzheimer e a arterosclerose, embora ainda não são claros os mecanismos de ação desses compostos

na promoção à saúde (SUN, SIMONYI e SUN, 2002; KONG et al., 2003; RIVERO-PÉREZ,

MUÑIZ e GONZÁLEZ-SANJOSÉ, 2008; YOO, SALIBA e PRENZLER, 2010). A ingestão

moderada de álcool também já foi associada com a redução dos riscos de doenças cardiovasculares

e a presença de etanol no vinho talvez possa interferir na atividade dos polifenóis, o que também

deixa em dúvida os reais efeitos protetores dos compostos fenólicos a essas enfermidades,

evidenciando que mais estudos ainda são necessários (IRITI e VARONI, 2014).

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38

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. MATERIAL

3.1.1. Amostras

Três lotes de 15 marcas comerciais de vinhos tintos de mesa suaves nacionais foram coletados

no mercado consumidor de Belo Horizonte/MG, no período entre novembro de 2014 a janeiro de

2015. As amostras foram armazenadas à temperatura ambiente até a abertura das garrafas. Após

abertas as garrafas, os vinhos foram imediatamente analisados quanto aos teores de fenólicos totais

e antocianinas monoméricas. Foi guardado 200 mL de cada amostra em congelador, à temperatura

de -26 ˚C, para posterior análise de aminas bioativas. A identificação utilizada para as 15 marcas e

os respectivos locais de produção dos vinhos podem ser visualizados na Tabela 6.

Tabela 6 – Identificação e local de produção das amostras dos vinhos tintos de mesa suaves

MARCA LOTES LOCAL DE PRODUÇÃO

A A1, A2, A3 Rio Grande do Sul

B B1, B2, B3 Rio Grande do Sul

C C1, C2, C3 Rio Grande do Sul

D D1, D2, D3 Rio Grande do Sul

E E1, E2, E3 Rio Grande do Sul

F F1, F2, F3 Não identificado

G G1, G2, G3 Rio Grande do Sul

H H1, H2, H3 Rio Grande do Sul

I I1, I2, I3 Rio Grande do Sul

J J1, J2, J3 Rio Grande do Sul

K K1, K2, K3 São Paulo

L L1, L2, L3 Rio Grande do Sul

M M1, M2, M3 São Paulo

N N1, N2, N3 Rio Grande do Sul

O O1, O2, O3 São Paulo

3.1.2. Reagentes

Os reagentes para a análise de aminas bioativas foram adquiridos da Sigma Chemical Co. (St.

Louis, MO, EUA), dentre eles estão o agente derivante orto-ftalaldeído (OPA), o Brij-35 e os

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padrões de elevada pureza das nove (9) aminas bioativas pesquisadas nos vinhos, trihidrocloreto de

espermidina, dihidrocloreto de putrescina, sulfato de agmatina, dihidrocloreto de cadaverina,

5-hidroxitriptamina (serotonina), dihidrocloreto de histamina, hidrocloreto de tiramina, triptamina e

hidrocloreto de 2-feniletilamina. Os solventes acetonitrila e metanol utilizados na análise

cromatográfica eram de grau HPLC. Os demais solventes e reagentes eram de grau analítico.

Utilizou-se água ultrapura, obtida pelo sistema Milli-Q® (Millipore Corp., Milford, MA, EUA), no

preparo das soluções para análise de aminas bioativas.

Os reagentes para análise de fenólicos totais e antocianinas eram de grau analítico. O

reagente de Folin–Ciocalteu foi adquirido da Cinética (Jand Química, Jandira, SP, Brasil); o padrão

de ácido gálico usado era da Sigma Chemical Co. (St. Louis, MO, EUA); o carbonato de sódio da

Dinâmica Química Contemporânea Ltda. (Diadema, SP, Brasil); o ácido clorídrico, o cloreto de

potássio e o acetato de sódio foram adquiridos da Synth (Labsynth, Diadema, SP, Brasil). A água

utilizada no preparo das soluções foi purificada pelo sistema de osmose reversa (Q842-210,

Quimis).

3.2. MÉTODOS

3.2.1. Análise das aminas bioativas

As aminas bioativas foram determinadas utilizando o método de rotina já implantado no

Laboratório de Bioquímica de Alimentos da Faculdade de Farmácia, na Universidade Federal de

Minas Gerais. Este método foi baseado em Bandeira, Evangelista e Glória (2012) com algumas

modificações e utiliza a cromatografia líquida de alta eficiência por par iônico, empregando

derivação pós-coluna com o-ftalaldeído (OPA) e detecção fluorimétrica.

A análise foi efetuada em cromatógrafo líquido de alta eficiência (Modelo LC-10 AD,

Shimadzu, Kioto, Japão) conectado a detector espectrofluorimétrico (RF-10 AXL) a 340 e 450 nm

de excitação e emissão, respectivamente. Utilizou-se coluna Novapak® C18 de 3,9 x 300 mm,

4 μm e pré coluna Nova-pak® C18 3,9 x 20 mm, 4 μm (Waters, Milford, MA, EUA). Duas fases

móveis foram empregadas em gradiente de eluição descrito na Tabela 7. A fase móvel (A)

consistiu em uma solução tampão de acetato de sódio 0,2 M e octanosulfonato de sódio 15 mM,

com ajuste de pH para 4,9 em potenciômetro (Digimed, Brasil) por adição de ácido acético glacial e

a fase móvel (B) foi acetonitrila. A fase móvel aquosa (tampão acetato de sódio 0,2 M /

octanosulfato de sódio 15 mM) foi filtrada em membrana HAWP, com 47 mm de diâmetro e

0,45 μm de tamanho do poro (Millipore, Corp., Milford, MA, EUA) e a fase móvel orgânica

(acetonitrila) foi filtrada em membrana HVLP (47 mm de diâmetro e 0,45 μm de tamanho do poro,

Millipore Corp., Milford, MA, EUA) antes da análise.

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A solução derivante consistiu de 3 mL de metanol previamente filtrado em membrana HVLP

(47 mm de diâmetro e 0,45 μm de tamanho do poro, Millipore Corp., Milford, MA, EUA), 1,5 mL

de Brij-35, 1,5 mL de mercaptoetanol e 0,2 g de o-ftalaldeído (OPA) dissolvido em 500 mL de

solução tampão de ácido bórico a 5% (m/v) e KOH a 4,4% (m/v) (pH 10,5). A solução padrão de

aminas foi preparada da seguinte forma: os padrões das nove (9) aminas bioativas foram pesados

nas quantidades de 10 mg, solubilizados em ácido clorídrico 0,1 M e transferidos para balão

volumétrico de 100 mL, resultando na concentração de cada uma das aminas de 100 mg/L. Antes

da análise, as amostras de vinhos foram homogeneizadas e filtradas em membranas HA em éster de

celulose (13 mm de diâmetro e 0,45 μm de tamanho do poro, Millipore Corp., Milford, MA, EUA).

Após filtração, 20 μL da amostra foram injetados diretamente no cromatógrafo. Após a separação

cromatográfica, as aminas bioativas foram derivadas com a solução derivante que foi bombeada a

0,3 mL/min.

Tabela 7 – Gradiente de eluição para as fases móveis (A) solução tampão de acetato de sódio 0,2 M

e octanosulfonato de sódio 15 mM e (B) acetonitrila utilizadas na determinação das aminas

Tempo (min.) Gradiente da fase móvel (%)

A (Solução tampão) B (Acetonitrila)

0,1 85 15

1,0 94 6

16,0 74 26

22,0 84 16

26,0 67 33

27,0 82 18

30,0 62 38

31,5 85 15

68,0 85 15

A identificação das aminas foi realizada por comparação do tempo de retenção dos picos das

aminas presentes nas amostras em relação aos da solução padrão e sua confirmação pela adição de

padrão da amina suspeita à amostra. A solução padrão de concentração intermediária (4 mg/L) foi

injetada de maneira intercalada às amostras e o cálculo da concentração das aminas foi feito

mediante interpolação em curva analítica preparada pela dissolução da solução padrão de aminas

(100 mg/L) com ácido clorídrico 0,1 M nas concentrações de 0,1; 0,2; 1,0; 2,0; 4,0; 6,0; 8,0; 10,0;

12,0 mg/L e corrigido pelo fator de correção baseado na concentração encontrada para o padrão

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41

intermediário. O coeficiente de correlação da curva padrão calculado (R2) foi ≥ 0,9982 e o limite de

quantificação do método (LOQ) é 0,1 mg/L.

3.2.2. Análise de fenólicos totais

A análise de fenólicos totais nas amostras de vinhos tintos de mesa nacionais foi realizada de

acordo com o método proposto por Singleton e Rossi (1965). Em um tubo de ensaio, adicionou-se

1 mL de vinho previamente diluído (1:100) com água purificada, 5 mL do reagente de Folin-

Ciocalteau também diluído (1:10) com água. Aguardou-se 5 minutos e adicionou-se ao tubo 4 mL

de solução aquosa de carbonato de sódio 7,5% (m/v). O tubo foi agitado em vórtex e armazenado

no escuro por 2 horas para que a reação ocorresse. Após esse tempo, a absorbância foi medida em

cubetas de quartzo de caminho ótico de 10 mm no comprimento de onda de 765 nm, utilizando

espectrofotômetro UV-Visível 1650 PC68 Shimadzu (Kioto, Japão). Para o branco, utilizou-se

1 mL de água em vez do vinho. Os tubos foram preparados em triplicata.

A quantificação foi feita por interpolação em curva de calibração com duas repetições em

cada concentração. A curva foi construída a cada dia de análise com soluções padrão de ácido

gálico em água nas concentrações de 5, 10, 15, 25, e 50 mg/L. A relação concentração x

absorbância foi submetida a regressão linear e o coeficiente de correlação calculado (R2) foi

≥ 0,9990.

3.2.3. Análise de antocianinas monoméricas totais

A análise de antocianinas monoméricas totais foi realizada pelo método do pH diferencial de

acordo com Wrolstad (1993) e Lee, Durst e Wrolstad. (2005). As amostras de vinhos foram

diluídas em tampão pH 1,00 e pH 4,50 de forma que a absorbância em pH 1,00 fosse menor que 1,0

e, preferencialmente, estivesse entre 0,4 e 0,6. A densidade ótica foi medida, em cubetas de quartzo

de caminho ótico de 10 mm, no comprimento de onda de máxima absorção (520 nm) e também em

700 nm para descontar a turbidez, utilizando espectrofotômetro UV-Visível 1650 PC68 Shimadzu

(Kioto, Japão). A mesma diluição realizada para cada amostra no pH 1,00 foi também feita no

pH 4,50. Os tubos foram preparados em triplicata.

Para o preparo da solução tampão pH 1,00 adicionou-se 100 mL de solução aquosa de acetato

de sódio 1 mol/L, 60 mL de HCl 1N (8,3 mL de HCl concentrado por 100 mL de água) e 90 mL de

água purificada. O pH do tampão foi ajustado para o valor de pH 1,00 ± 0,02 em potenciômetro

(Digimed, Brasil). No preparo do tampão pH 4,50 adicionou-se 125 mL de cloreto de potássio

0,2 N (14,9 g/L) e 385 mL de 0,2 N HCl. A solução de HCl 0,2 N foi preparada pela diluição da

solução de HCl 1 N. O pH do tampão foi ajustado para o valor de pH 4,50 ± 0,02 em

potenciômetro (Digimed, Brasil).

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A concentração de antocianinas monoméricas totais nas amostras foi determinada de acordo

com a equação, abaixo, e os resultados foram expressos como mg equivalente de

cianidina-3-glicosídeo por litro de vinho.

Antocianinas monoméricas = A x MM x FD x 1000

ε x l

sendo: MM = 449,2 g/mol é a massa molecular para a cianidina-3-glicosídeo, FD é o fator de

diluição, ε = 26900 é o coeficiente de extinção molar para a cianidina-3-glicosídeo, 1000 é a

conversão de g para mg e A é a absorbância calculada segundo a equação, abaixo:

A = [(A520nm – A700nm)pH 1,00 – (A520nm – A700nm)pH 4,50]

3.2.4. Análise Estatística

A normalidade da distribuição dos dados de aminas bioativas, fenólicos totais e de

antocianinas monoméricas totais das 45 amostras dos vinhos de mesa suaves nacionais foi

investigada pelo teste de Ryan-Joiner, com nível de significância de 5%. Após os testes de

normalidade, a correlação de Spearman foi utilizada para avaliar a associação entre os teores das

aminas bioativas e também entre os teores de aminas bioativas e de fenólicos totais encontrados

nesses vinhos. O coeficiente de correlação de Spearman (ρ) foi calculado ao nível de significância

de 5% (KIRK, 2007). O programa estatístico Minitab® 17 (Minitab Inc.) foi utilizado para análise

dos dados.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. AMINAS BIOATIVAS EM VINHOS TINTOS DE MESA SUAVES

4.1.1. Perfil de aminas bioativas nos vinhos analisados

A prevalência de cada amina nas 45 amostras de vinhos tintos de mesa analisadas pode ser

visualizada na Figura 8. Das nove aminas bioativas pesquisadas nos vinhos tintos de mesa suaves

adquiridos no mercado consumidor de Belo Horizonte/MG, apenas cinco foram encontradas, dentre

elas tiramina, putrescina, cadaverina, histamina e espermidina. Triptamina, feniletilamina,

agmatina e serotonina não foram detectadas em nenhuma destas amostras.

TIM

PUT

CAD

HIM

EPD

0 20 40 60 80 100

93

47

100

Prevalência (%)

Am

inas

Bio

ati

vas

89

9

Figura 8 – Porcentagem dos vinhos tintos de mesa suaves nacionais que continham aminas

bioativas. Legenda: EPD: Espermidina; HIM: Histamina; CAD: Cadaverina; PUT: Putrescina; TIM: Tiramina. (Para

o cálculo da prevalência, considerou-se valores não detectados (nd) iguais a zero).

Putrescina, histamina e tiramina foram as aminas predominantes nos vinhos tintos de mesa

suaves nacionais. Putrescina esteve presente em todas as amostras enquanto histamina e tiramina

foram encontradas em 93% e 89% dos vinhos, respectivamente. Apenas 47% das amostras

continham espermidina, enquanto cadaverina ocorreu em 9% dos vinhos.

A prevalência de putrescina nas amostras analisadas neste estudo foi semelhante aos dados

relatados em trabalhos de outros autores (GLÓRIA et al., 1998; SOUZA et al., 2005; BOVER-CID

et al., 2006; ALCAÍDE-HIDALGO et al., 2007; ZHIJUN et al., 2007; AGUSTINI, 2011;

AGUSTINI et al., 2014), nos quais também esteve presente em 100% dos vinhos tintos.

A presença da poliamina espermidina e da diamina putrescina eram esperadas nas amostras

dos vinhos tintos analisados, pois, segundo Halász et al. (1994), estas aminas estão implicadas em

processos fisiológicos de plantas como a florescência, desenvolvimento dos frutos, divisão celular,

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resposta ao estresse e senescência, sendo originárias da própria uva. A presença dessas aminas já

foi relatada nas polpas, cascas e sementes de uvas tintas das variedades V. vinifera e V. labrusca

(BAUZA, KELLY e BLAISE, 2007; DEL PRETE et al., 2009; SABAINI, 2009; FRAGA, 2010).

A ausência de espermidina em algumas amostras pode ser explicada pelo fato de que o

conteúdo de poliaminas em uvas pode variar com a cultivar, com a região, com a safra e com as

condições empregadas durante o cultivo (BAUZA, KELLY e BLAISE, 2007; DEL PRETE et al.,

2009; FRAGA, 2010). Além disso, a redução nos teores desta poliamina já foi relatada durante o

processo de vinificação (HAJÓS et al., 2000; BOVER-CID et al., 2006). Segundo Bover-Cid et al.

(2006), é possível que as leveduras utilizem espermidina do meio durante seu metabolismo na etapa

de fermentação alcoólica.

Embora a presença de cadaverina em alguns alimentos possa estar associada com a

contaminação por enterobactérias (HALÁSZ et al., 1994), de acordo com Bover-Cid et al. (2006)

esses microrganismos não são usuais contaminantes do vinho. A origem dessa amina nas amostras

dos vinhos nacionais analisados pode ser da própria uva, pois teores de 1,16 mg/kg já foram

encontrados em uvas Cabernet Sauvignon cultivadas na Espanha (BOVER-CID et al., 2006). Além

disso, também há indícios de sua formação durante o processo de vinificação. Neste último caso, a

produção de cadaverina parece ser provável durante a fermentação malolática, por meio da

descarboxilação da lisina pelas bactérias láticas, visto que Guerrini et al. (2002) mostraram que

algumas estirpes de O. oeni isoladas de vinhos foram capazes de produzir essa amina em meios de

cultura sob condições de crescimento ótimas ou de estresse.

A presença de histamina e tiramina parece estar associada com a descarboxilação dos

aminoácidos histidina e tirosina, respectivamente, principalmente por ação de bactérias láticas

durante a fermentação malolática. Putrescina, apesar de ser inerente às uvas, também pode ser

formada por atividade dessas bactérias, através da descarboxilação dos aminoácidos ornitina e

arginina (SOUFLEROS, BARRIOS e BERTRAND, 1998; SMIT, DU TOIT e DU TOIT, 2008). A

formação e o acúmulo destas aminas já foi relatada em diferentes trabalhos durante esta fase do

processo de vinificação (LANDETE et al., 2005; ALCAÍDE-HIDALGO et al., 2007; CAÑAS et al.,

2008). Além disso, pesquisas mostraram que algumas cepas de bactérias láticas isoladas do vinho

foram capazes de produzir putrescina, histamina e tiramina (GUERRINI et al., 2002; MORENO-

ARRIBAS et al., 2003; LANDETE, FERRER e PARDO, 2007).

4.1.2. Teores de aminas bioativas nos vinhos analisados

Os teores totais de aminas nas 45 amostras dos vinhos tintos de mesa suaves adquiridos no

mercado consumidor de Belo Horizonte/MG variaram de 4,96 mg/L a 52,06 mg/L (Tabela 8),

indicando que algumas amostras continham quantidades mais elevadas de aminas do que outras,

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principalmente de histamina, putrescina e tiramina, já que os níveis de cadaverina e espermidina

foram inferiores a 1,00 mg/L nesses vinhos e em mais de 50% das amostras elas não foram

detectadas.

A concentração de espermidina variou desde valores não detectados (nd) a 0,85 mg/L nas 45

amostras dos vinhos tintos de mesa suaves analisadas neste trabalho. Vinhos finos brasileiros

apresentaram teores médios similares e inferiores a 0,89 mg/L (MOTA et al., 2009; ARAÚJO et al.,

2011). Teores de espermidina foram também relatados em vinhos tintos de mesa nacionais,

produzidos no Paraná, variando de nd – 4,1 mg/L (suaves; n=13) e nd – 4,6 mg/L (secos; n=19),

com médias equivalentes a 1,6 e 1,0 mg/L, respectivamente (AGUSTINI, LIMA e BONFIM, 2014).

Teores médios inferiores a 1,0 mg/L para esta poliamina foram também encontrados em vinhos de

países como Turquia, Espanha, Estados Unidos, Portugal, França, Argentina e Itália (BAUZA et al.,

1995; GLÓRIA et al., 1998; FERNANDES e FERREIRA, 2000; ANLI et al., 2004; BOVER-CID

et al., 2006; DÍAZ et al., 2006, MARTUSCELLI et al., 2013). Segundo Galgano, Caruso e Favati

(2009), níveis de espermidina em vinhos são geralmente baixos e raramente ultrapassam 1,0 mg/L.

A amina cadaverina foi analisada pela primeira vez em vinhos tintos de mesa nacionais de

variedades de uvas americanas e híbridas. Os teores desta amina variaram de nd – 0,71 mg/L nas

amostras de vinhos tintos suaves. Pequenas quantidades desta amina também foram relatadas em

vinhos finos nacionais (nd – 1,55 mg/L) da variedade Syrah (MOTA et al., 2009), assim como em

muitos vinhos estrangeiros, com teores médios inferiores a 0,50 mg/L (BAUZA et al., 1995;

GLÓRIA et al., 1998; FERNANDES e FERREIRA, 2000; BOVER-CID et al., 2006; DÍAZ et al.,

2006; HERNADEZ-BORGES et al., 2007; PROESTOS, LOUKATOS e KOMAITIS, 2008). Em

contrapartida, valores superiores aos encontrados neste trabalho foram reportados em vinhos

chineses (nd – 13,0 mg/L) (ZHIJUN et al., 2007) e em vinhos turcos (nd – 4,00 mg/L) (ANLI et al.,

2004).

Os teores de putrescina nas amostras dos vinhos tintos de mesa suaves variaram entre 1,12 a

16,92 mg/L. Um lote da marca D apresentou o maior teor dessa amina (16,92 mg/L), enquanto a

menor concentração (1,12 mg/L) foi encontrada em um lote da marca E. O valor médio de

putrescina (6,93 mg/L) encontrado nas 45 amostras analisadas neste estudo foi similar ao relatado

por Agustini, Lima e Bonfim (2014) para os vinhos tintos de mesa suaves (6,4 mg/L), entretanto foi

inferior à média encontrada desta amina nos vinhos secos (9,5 mg/L). O conteúdo de putrescina

também foi relatado em vinhos tintos finos nacionais (SOUZA et al., 2005; MOTA et al., 2009;

ARAÚJO et al., 2011), mas com teores médios (< 4,33 mg/L) inferiores aos encontrados para os

vinhos de mesa analisados neste trabalho. Os teores médios encontrados desta amina em vinhos

tintos de mesa nacionais têm sido superiores aos relatados em vinhos finos brasileiros.

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Tabela 8 – Teores de aminas bioativas nas 15 marcas dos vinhos tintos de mesa suaves nacionais

Marca Aminas bioativas (mg/L)

Tiramina Putrescina Cadaverina Histamina Espermidina Teor total

A Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

2,94 ± 4,19

0,12 – 7,75

142,5

7,91 ± 3,40

4,92 – 11,60

43,0

nd

1,84 ± 2,38

nd – 4,53

129,5

nd

12,69 ± 7,27

5,03 – 19,49

57,3

B Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

9,45 ± 1,67

7,53 – 10,56

17,7

10,20 ± 2,20

7,78 – 12,07

21,6

0,13 ± 0,22

nd – 0,38

173,2

6,93 ± 0,76

6,12 – 7,63

11,0

nd

26,71 ± 1,78

25,68 – 28,75

6,7

C Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

2,73 ± 0,34

2,36 – 3,03

12,5

6,10 ± 3,99

3,60 – 10,70

65,5

nd

4,43 ± 3,76

2,11 – 8,77

84,9

0,25 ± 0,09

0,19 – 0,36

38,2

13,51 ± 7,54

8,70 – 22,2

55,8

D Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

12,10 ± 8,23

2,64 – 17,56

68,0

11,80 ± 7,61

3,04 – 16,92

64,6

0,43 ± 0,38

nd – 0,71

87,7

5,66 ± 3,92

1,15 – 8,23

69,2

0,21 ± 0,19

nd – 0,38

93,0

30,20 ± 20,30

6,82 – 43,79

67,3

E Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

0,93 ± 0,25

0,67 – 1,15

26,1

1,46 ± 0,58

1,12 – 2,13

39,5

nd

7,56 ± 0,68

6,78 – 7,98

8,9

0,04 ± 0,06

<0,1 – 0,12

173,2

9,99 ± 0,29

9,69 – 10,28

3,0

F Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

4,38 ± 2,69

1,99 – 7,29

61,4

6,87 ± 2,82

4,80 – 10,1

41,1

nd

4,99 ± 1,72

3,34 – 6,78

34,5

0,05 ± 0,09

nd – 0,15

173,2

16,29 ± 5,17

12,93 – 22,24

31,7

G Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

2,95 ± 0,89

2,42 – 3,98

30,1

8,33 ± 0,41

8,06 – 8,80

4,9

nd

5,67 ± 0,83

4,71 – 6,18

14,6

0,25 ± 0,22

nd – 0,39

86,7

17,20 ± 0,30

16,99 – 17,48

1,5

H Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

3,26 ± 0,34

2,97 – 3,63

10,4

4,25 ± 0,70

3,77 – 5,06

16,5

nd

2,46 ± 0,43

2,11 – 2,94

17,5

0,05 ± 0,07

nd – 0,14

173,2

10,02 ± 1,44

8,85 – 11,63

14,2 nd: não detectado; DP: Desvio Padrão; CV: Coeficiente de Variação; <0,1: Menor que o limite de quantificação do método (LOQ); (Média e DP

calculados considerando valores inferiores ao limite de quantificação do método (<0,1 mg/L) e não detectados (nd) iguais a zero).

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Tabela 8 – Teores de aminas bioativas nas 15 marcas dos vinhos tintos de mesa suaves nacionais (Continuação...)

Marca Aminas bioativas (mg/L)

Tiramina Putrescina Cadaverina Histamina Espermidina Teor total

I Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

17,32 ± 5,54

14,08 – 23,71

32,0

12,05 ± 3,32

10,1 – 15,9

27,5

0,05 ± 0,08

nd – 0,14

173,2

8,66 ± 2,44

7,24 – 11,48

28,2

0,32 ± 0,47

<0,1 – 0,85

146,7

38,37 ± 11,80

31,49 – 52,06

30,8

J Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

0,38 ± 0,67

nd – 1,15

173,2

1,98 ± 0,42

1,72 – 2,46

21,2

nd

5,09 ± 0,81

4,16 – 5,64

15,9

0,05 ± 0,08

nd – 0,15

173,2

7,50 ± 0,23

7,36 – 7,77

3,1

K Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

3,88 ± 1,68

2,70 – 5,80

43,2

3,96 ± 0,46

3,60 – 4,47

11,5

nd

11,00 ± 3,97

6,64 – 14,38

36,0

nd

18,84 ± 3,00

16,04 – 21,99

15,9

L Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

1,19 ± 0,73

0,74 – 2,03

61,2

10,40 ± 1,82

8,58 – 12,22

17,5

nd

1,12 ± 0,23

0,91 – 1,36

20,1

nd

12,71 ± 1,40

11,71 – 14,32

10,9

M Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

3,34 ± 0,66

2,61 – 3,89

19,7

8,07 ± 1,26

6,78 – 9,30

15,6

nd

1,99 ± 0,38

1,56 – 2,27

19,0

nd

13,40 ± 1,70

11,65 – 14,94

12,3

N Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

nd

4,60 ± 0,03

4,56 – 4,62

0,7

nd

2,08 ± 3,60

nd – 6,24

173,2

0,36 ± 0,02

0,34 – 0,37

4,3

7,04 ± 3,60

4,96 – 11,16

51,3

O Média ± DP

Mín – Máx

CV(%)

7,45 ± 1,86

5,54 – 9,26

25,0

6,00 ± 2,14

4,40 – 8,43

35,6

nd

5,91 ± 2,76

4,09 – 9,09

46,8

0,04 ± 0,07

nd – 0,12

173,2

19,40 ± 6,70

14,03 – 26,90

34,5

Média(*)

(na=45) 4,82 6,93 0,04 5,03 0,11 16,94

Mediana(*)

2,97 5,73 0,00 4,87 0,00 13,72

(Mín – Máx)(*)

nd – 23,71 1,12 – 16,92 nd – 0,71 nd – 14,38 nd – 0,85 4,96 – 52,06 nd: não detectado; DP: Desvio Padrão; CV: Coeficiente de Variação;

(*):Dados baseados no total de amostras; na: número total de amostras;

<0,1: Menor que o limite de quantificação do método (LOQ); (Média, Mediana e DP calculados considerando valores inferiores ao limite de

quantificação do método (<0,1 mg/L) e não detectados (nd) iguais a zero).

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Valores de putrescina similares aos encontrados neste estudo foram mencionados em vinhos

tintos de outros países, variando de 0,94 a 15,6 mg/L (ANLI et al., 2004); 0,61 a 14,21 mg/L (DÍAZ

et al., 2006) e 0,30 a 13,06 mg/L (ZHIJUN et al., 2007). Diferenças nos teores dessa amina entre as

45 amostras de vinhos tintos de mesa suaves foram observadas e podem ser explicadas pelo fato de

que putrescina é inerente às uvas e seu conteúdo na fruta pode variar de acordo com o cultivar, com

a região, com a safra e com as condições de cultivo empregadas (BAUZA, KELLY e BLAISE,

2007; DEL PRETE et al., 2009; FRAGA, 2010) e, além disso, o processo de vinificação também

pode afetar os teores de putrescina no vinho (ALCAÍDE-HIDALGO et al., 2007; CAÑAS et al.,

2008).

Trabalhos mostraram que os teores de putrescina variaram com o tempo utilizado na etapa de

maceração e com a fermentação malolática empregada de forma espontânea. Martín-Álvarez et al.

(2006) relataram que o conteúdo médio de putrescina em vinhos tintos (n = 123) com tempo de

maceração inferior a 10 dias foi igual a 3,32 mg/L, enquanto, nos vinhos (n = 101) cujo tempo de

maceração foi superior a 10 dias, o teor médio desta amina foi 11,07 mg/L. Cañas et al. (2008)

verificaram que o conteúdo de putrescina em vinhos tintos espanhóis praticamente dobrou após o

final da fermentação malolática, que ocorreu de forma espontânea. Os autores deste último trabalho

relataram que o teor médio desta amina antes da fermentação malolática foi 4,12 mg/L, com valor

máximo equivalente a 5,79 mg/L e, após esta etapa, a concentração média foi 8,52 mg/L e o valor

máximo encontrado foi igual a 23,5 mg/L.

Cinco marcas de vinhos (A, C, D, F, O e E) apresentaram grande variação no conteúdo de

putrescina, cujos teores aumentaram quase ou mais que duas vezes comparando os valores mínimos

e máximos encontrados nos lotes de cada uma delas. Isso pode ser confirmado pelos coeficientes

de variação (35,6 – 65,5%) calculado em função dos três (3) lotes de cada marca. Esses resultados

indicam falta de padronização do produto e mostram que é possível produzir estes vinhos com

concentração mais baixas de putrescina, uma vez que isso ocorreu em pelo menos algum dos lotes

de cada uma dessas marcas. Apesar de não haver dados sobre o limiar de percepção da putrescina

em vinhos, García-Villar, Hernández-Cassou e Saurina (2007) relataram que esta amina pode

refletir negativamente nas propriedades sensoriais da bebida e acrescentar a ela um aroma pútrido.

Além disso, embora putrescina não apresente efeitos adversos para o homem, sua presença pode

potencializar o efeito tóxico das aminas histamina e tiramina (LARQUÉ, SABATER-MOLINA e

ZAMORA, 2007).

Os teores de histamina encontrados nas 45 amostras dos vinhos tintos de mesa suaves

variaram de não detectado a 14,38 mg/L, com média equivalente a 5,03 mg/L. O maior teor foi

encontrado em um dos vinhos da marca K. Em dois lotes da marca N e em um lote da marca A esta

amina não foi detectada. Concentrações de histamina em vinhos entre 8 e 20 mg/L têm sido

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sugeridas como tóxicas e, possivelmente, podem provocar efeitos adversos ao homem

(GALGANO, CARUSO e FAVATI, 2009; KOSMERL, SUCUR e PROSEN, 2013),

principalmente a indivíduos mais sensíveis. Teores acima da dose tóxica (8 mg/L) foram

encontrados e relatados em vinhos de mesa nacionais, entretanto, muitos destes também

apresentaram níveis tão baixos quanto aos encontrados em vinhos finos brasileiros.

Teores de histamina inferiores aos encontrados neste trabalho foram relatados na literatura em

vinhos de mesa e finos nacionais. Agustini, Lima e Bonfim (2014) encontraram teores médios

desta amina nos vinhos tintos de mesa suaves e secos, produzidos no estado do Paraná, iguais a 2,4

e 3,5 mg/L, respectivamente, e as faixas de concentração variaram de 0,8 – 4,0 mg/L (suaves; n=13)

e nd – 11,8 mg/L (secos; n=19). Souza et al. (2005) encontraram teores médios de histamina

inferiores a 1,73 mg/L nas 30 amostras comerciais dos vinhos finos Cabernet Franc, Cabernet

Sauvignon e Merlot produzidos em Bento Gonçalvez, no estado do Rio Grande do Sul. No trabalho

de Mota et al. (2009) as concentrações dessa amina em vinhos finos Syrah foram inferiores a

0,09 mg/L nas duas colheitas da safra de 2006, entretanto, em uma colheita da safra de 2005, o teor

encontrado desta amina foi 6,46 mg/L.

Em muitos países, os teores médios de histamina não ultrapassaram 5 mg/L (BAUZA et al.,

1995; ANLI et al., 2004; BOVER-CID et al., 2006; HERNÁNDEZ-BORGES et al., 2007;

PROESTOS, LOUKATOS e KOMAITIS, 2008), entretanto, em vinhos chineses os teores desta

amina variaram de não detectado a 9,64 mg/L (ZHIJUN et al., 2007). Não há limite legal de

histamina em vinhos, entretanto, alguns países europeus estabeleceram recomendações sobre os

níveis tolerados e os teores máximos aceitos variam de 2 a 10 mg/L (GALGANO, CARUSO e

FAVATI, 2009; KOSMERL, SUCUR e PROSEN, 2013).

Dentre as 45 amostras dos vinhos de mesa suaves analisadas, seis delas (13,3%) estavam

acima da dose considerada como tóxica (8 mg/L) para a histamina. Esses dados podem ser

observados na Figura 9. Dentre essas, dois lotes da marca K e um lote das marcas C, D, I e O

apresentaram teores considerados inadequados ao consumo (> 8 mg/L). Além disso, a presença das

aminas cadaverina, putrescina e espermidina, também encontradas nas amostras dos vinhos tintos

de mesa suaves, poderiam potencializar os efeitos adversos da histamina (TENBRINK et al., 1990;

HALÁSZ et al. 1994; LARQUÉ, SABATER-MOLINA e ZAMORA, 2007; GALGANO,

CARUSO e FAVATI, 2009). Como não há informações exatas da dose tóxica de histamina

referente a indivíduos normais ou aos mais sensíveis, como aqueles em tratamento com drogas

inibidoras das monoaminoxidases, o consumo dos vinhos de mesa nacionais deveria ser realizado

com cautela por pessoas que utilizam estes tipos de medicamentos.

No geral, os teores de histamina estavam relativamente elevados nos vinhos tintos de mesa

suaves em estudo. Quase metade das amostras analisadas (48,8%) continham teores de histamina

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superiores a 5 mg/L. Estas amostras seriam rejeitadas em países como Alemanha, Holanda e

Finlandia, cujos limites tolerados para essa amina em vinhos são 2, 3 e 5 mg/L, respectivamente

(GALGANO, CARUSO e FAVATI, 2009; KOSMERL, SUCUR e PROSEN, 2013).

Nos vinhos das marcas C, D, K e O os teores de histamina estavam acima da dose

considerada tóxica (8 mg/L) em pelo menos um dos lotes. O coeficiente de variação, calculado

sobre os três (3) lotes de cada uma dessas marcas, foi elevado e os seus valores variaram de 36,0% a

84,9%. Em um dos lotes da marca I, o teor de histamina também estava acima de 8 mg/L, e nas

amostras das marcas B e E os teores desta amina estavam muito próximos do considerado como

tóxico. Entretanto, o conteúdo de histamina entre os lotes dessas 3 marcas (I, B e E) foi

homogêneo, confirmado pelos coeficientes de variação inferiores a 28,2%. Já nas amostras das

marcas A, F e N o conteúdo dessa amina foi inferior a 6,78 mg/L, mas os teores aumentaram mais

que duas vezes comparando os valores mínimos e máximos encontrados nos lotes de cada uma

delas, cujos valores dos coeficientes de variação foram 129,5% (marca A), 34,5% (marca F) e

173,2% (marca N). Analisando estes dados, os teores de histamina precisariam ser controlados ou

reduzidos nesses vinhos, em alguns deles porque os teores estavam acima da dose considerada

tóxica para o consumo (8 mg/L), ou com concentrações muito próximas desse limite, e em outros

porque o coeficiente de variação foi elevado, indicando falta de padronização do produto.

2

4

6

8

10

12

14

Te

ore

s d

e h

ista

min

a (

mg

/L)

Amostras

HISTAMINA

Dose

ToxicaA B C D E F G H I J K L M N O

Figura 9 – Teores de histamina nas 45 amostras de vinhos tintos de mesa suaves nacionais. Legenda: Dose tóxica de 8 mg/L segundo Galgano, Caruso e Favati (2009) e Kosmerl, Sucur e Prosen (2013).

A concentração de tiramina nas 45 amostras dos vinhos tintos de mesa suaves variou de

nd – 23,71 mg/L, com média equivalente a 4,82 mg/L. Em todos os lotes da marca N e em dois

lotes da marca J essa amina não foi detectada. Teores de tiramina em vinhos entre 25 a 40 mg/L

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51

são considerados tóxicos ao homem e níveis acima de 10 mg/L são sugeridos como inseguros para

pessoas em tratamentos com fármacos inibidores das monoaminoxidases (GALGANO, CARUSO e

FAVATI, 2009; KOSMERL, SUCUR e PROSEN, 2013).

Teores médios de tiramina inferiores aos apresentados neste trabalho foram relatados na

literatura em vinhos de mesa e finos nacionais. Os teores médios desta amina relatados por

Agustini, Lima e Bonfim (2014) nos vinhos tintos de mesa secos e suaves, produzidos no estado do

Paraná, foram equivalentes a 2,5 e 2,1 mg/L, respectivamente, e variaram de nd – 10,4 mg/L.

Vinhos finos brasileiros (SOUZA et al., 2005; MOTA et al., 2009) apresentaram teores médios de

tiramina inferiores a 1,33 mg/L, assim como muitos vinhos tintos de outros países (GLÓRIA et al.,

1998; FERNANDES e FERREIRA, 2000; ANLI et al., 2004; PROESTOS, LOUKATOS e

KOMAITIS, 2008).

Observando o limite tóxico de 10 mg/L para tiramina em vinhos, sete das 45 amostras dos

vinhos tintos de mesa suaves analisadas neste trabalho seriam consideradas inseguras para o

consumo por pessoas em tratamento com fármacos inibidores das monoaminoxidases, o que

representa 15,6% dos vinhos. Entre esses, estão dois lotes da marca B, dois lotes da marca D e

todos os lotes da marca I (Figura 10). Esses indivíduos poderiam apresentar sintomas comuns

como aumento da pressão arterial e crises hipertensivas, elevação da frequência cardíaca, dores de

cabeça, vômitos e também enxaqueca (GLÓRIA, 2005; EFSA, 2011).

5

10

15

20

25

Amostras

Teo

res d

e t

ira

min

a (

mg

/L)

A B C D E F G H I J K L M N O

TIRAMINA

Dose

Toxica

Figura 10 – Teores de tiramina nas 45 amostras de vinhos tintos de mesa suaves nacionais. Legenda: Dose tóxica de 10 mg/L para indivíduos em uso de medicamentos inibidores de monoaminaoxidases,

segundo Galgano, Caruso e Favati (2009).

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Nenhum dos vinhos analisados continha teores de tiramina acima de 25 mg/L, entretanto, as

aminas cadaverina, putrescina e espermidina também encontradas nas amostras dos vinhos tintos de

mesa suaves em estudo poderiam potencializar os efeitos da tiramina (TENBRINK et al., 1990;

HALÁSZ et al. 1994; LARQUÉ, SABATER-MOLINA e ZAMORA, 2007; GALGANO,

CARUSO e FAVATI, 2009) e seria recomendado que pessoas com predisposição para enxaqueca

tenham cautela ao consumir esses vinhos.

A concentração de tiramina estava acima de 10 mg/L em pelo menos dois lotes das marcas D,

B e I. O coeficiente de variação, calculado sobre os três lotes de cada marca, foi elevado para a

marca D (CV= 68,0%), entretanto, esteve abaixo de 32,0% nas marcas I e B. O teor desta amina

em uma das amostras da marca O esteve bem próximo de 10 mg/L e CV = 25,0%. Apesar dos

níveis de tiramina (< 7,75 mg/L) nos lotes das marcas A, F, J, K e L estarem abaixo do teor

considerado tóxico para indivíduos que utilizam drogas inibidoras das monoaminoxidases, os níveis

dessa amina aumentaram mais que duas vezes nas marcas F, J, K e L. O aumento foi bem

acentuado na marca A cujos teores variaram de 0,12 a 7,75 mg/L. Isso pode ser confirmado pelos

valores dos coeficientes de variação equivalentes a 142,5% (marca A), 61,4% (marca F), 173,2%

(marca J), 43,2% (marca K) e 61,2% (marca L). Analisando estes dados, os teores de tiramina

precisariam ser controlados ou reduzidos nesses vinhos, em alguns deles porque a concentração de

tiramina estava acima ou bem próxima da dose tóxica de 10 mg/L, ou porque o valor do coeficiente

de variação foi elevado entre os lotes de mesma marca, indicando falta de padronização do produto.

Existem evidências de que a fermentação malolática, conduzida de forma espontânea, é

responsável pela produção e aumento significativo das aminas biogênicas nos vinhos tintos,

principalmente de histamina, tiramina e putrescina. Então, teores mais elevados dessas aminas em

algumas amostras dos vinhos tintos de mesa suaves poderiam ser resultado do desenvolvimento da

etapa de fermentação malolática em condições que permitiram o crescimento de bactérias láticas

com atividade descarboxilase para os seus aminoácidos precursores (SOUFLEROS, BARRIOS e

BERTRAND, 1998; CAÑAS et al., 2008). Isto poderia ser evitado ou minimizado ao utilizar

culturas selecionadas de bactérias láticas sem potencial para a produção dessas aminas.

O uso de culturas “starter” poderia favorecer a seleção de cepas que conduziriam essa etapa,

inibindo bactérias láticas selvagens já existentes no mosto (originárias das uvas e equipamentos),

possibilitando um maior controle do início e do fim da fermentação, assim como dos produtos

gerados (SMIT, DU TOIT e DU TOIT, 2008; COSTANTINI, GARCIA-MORUNO e MORENO-

ARRIBAS, 2009). Isso foi apresentado por Martin-Álvarez et al. (2006), no qual níveis de

histamina e tiramina nos vinhos tintos foram significativamente reduzidos quando o mosto foi

inoculado com culturas “starter” de bactérias láticas comerciais, em comparação à fermentação

malolática espontânea, sem o devido controle.

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53

Entretanto, no Brasil, a maioria das vinícolas ainda conduzem a fermentação malolática de

forma espontânea. O elevado custo dessas culturas comerciais, de fabricação estrangeira, e a

dificuldade de adaptação desses microrganismos aos vinhos brasileiros tornam difíceis sua

utilização. Nesse contexto, estudos para o desenvolvimento de culturas iniciadoras de bactérias

láticas no país são necessários, a fim de tornar viável a sua aplicação e auxiliar na melhoria da

qualidade dos vinhos (BINATI, 2015).

Diversos autores também relataram que a produção de aminas biogências pode estar

relacionada à contaminação por microrganismos que não estão diretamente envolvidos nas etapas

de fermentação, devido a falhas nas condições higiênico-sanitárias durante a produção do vinho

(MORENO-ARRIBAS et al., 2003; GLÓRIA, 2005, HERBERT et al., 2005; SOUZA et al., 2005).

Recomenda-se que as uvas selecionadas para a vinificação estejam sempre sadias e em condições

higiênico-sanitárias adequadas; que haja um controle no emprego de SO2, principalmente

previamente ao engarrafamento; e também cuidados com a higiene ao longo de toda a elaboração

do vinho, a fim de evitar que microrganismos contaminantes e indesejáveis sejam introduzidos no

mosto, permaneçam viáveis e sejam capazes de produzir aminas biogênicas, como também outras

substâncias que possam comprometer a qualidade da bebida.

4.1.3. Contribuição individual das aminas bioativas ao teor total nos vinhos

Histamina, tiramina e putrescina, além de serem as mais prevalentes nos vinhos tintos de

mesa nacionais analisados, também foram as que mais contribuíram para o teor total de aminas nas

45 amostras, enquanto cadaverina e espermidina contribuíram com menos de 1% cada. Esses

resultados podem ser vistos na Figura 11.

Putrescina é considerada a amina bioativa mais abundante nos vinhos (SMIT, DU TOIT e DU

TOIT, 2008). Similar aos resultados apresentados neste estudo, putrescina também foi a amina que

mais contribuiu para o teor total dos vinhos tintos de mesa secos e suaves produzidos no Paraná,

Brasil, relatados no trabalho de Agustini, Lima e Bonfim (2014) e também na maioria das amostras

de vinhos finos nacionais Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot apresentados por Souza et

al. (2005).

Diversas pesquisas com vinhos tintos de outros países mostraram que putrescina esteve

geralmente presente em maior teor nesta bebida, quando comparada às outras aminas (ROMERO et

al., 2002; LANDETE et al.; 2005; BOVER-CID et al., 2006; ALCAÍDE-HIDALGO et al., 2007;

MARTUSCELLI et al., 2013) e, portanto, foi a amina que mais contribuiu para o teor total de

aminas bioativas nesses vinhos.

Histamina e tiramina, juntas, contribuíram com mais de 50% do teor total de aminas bioativas

nas 45 amostras de vinhos tintos de mesa suaves analisados neste trabalho. A soma das

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54

contribuições dessas duas aminas nos vinhos tintos de mesa nacionais, secos e suaves, avaliados

por Agustini, Lima e Bonfim (2014) não ultrapassou 36%, embora elas também foram a segunda e

terceira amina, respectivamente, com maior contribuição para o teor total. No trabalho de Souza et

al. (2005) histamina e tiramina, juntas, contribuíram de 15,2% a 51,5% para o teor total de aminas

em cada marca dos vinhos finos nacionais Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot,

entretanto, em muitas dessas amostras, outras aminas como feniletilamina e serotonina contribuíram

mais para o teor total do que histamina e tiramina.

TIM

PUT

CAD

HIM

EPD

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

% Contribuiçao

Am

inas B

ioati

vas

28,5

41,0

0,24

29,7

0,62

Figura11 – Percentual de contribuição de cada amina ao teor total das 45 amostras de vinhos tintos

de mesa suaves nacionais. (Para o cálculo do percentual de contribuição considerou-se teores de aminas abaixo do

LOQ (<0,1 mg/L) e não detectados (nd) iguais a zero).

Histamina e tiramina também foram as que mais contribuíram, depois da putrescina, para o

teor total de aminas nos vinhos tintos espanhóis analisados nos trabalhos de Bover-Cid et al. (2006)

e Landete et al. (2005), embora esse perfil tenha sido diferente em outros estudos com vinhos tintos

internacionais (ANLI et al., 2004; HERNÁNDEZ-BORGES et al., 2007).

Observando também a Figura 12, que ilustra o perfil de contribuição individual das aminas

para o teor total em cada lote, as contribuições de putrescina nos lotes variaram de 11,1 a 97,6%, a

de tiramina esteve entre 0,0 e 45,6% e a de histamina entre 0,0 e 79,1%. Espermidina e cadaverina

também não contribuíram muito para o teor total de aminas em cada lote e seus percentuais de

contribuição variaram, respectivamente, entre 0,0 a 7,4% e 0,0 a 1,6%. O perfil de contribuição das

aminas não variou muito entre os lotes das marcas B, D, E, G, H, I, M e O, entretanto, nas marcas

A, C, F, J, K, L e N o perfil entre os lotes foi diferente para uma ou mais aminas, principalmente de

histamina, tiramina e putrescina.

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55

39,8

7,0

2,4

37,0

85,7

97,6

23,2

7,3

0% 20% 40% 60% 80% 100%

A1

A2

A3

29,3

36,7

40,0

46,9

37,5

30,3

1,3

23,8

24,4

29,7

0% 20% 40% 60% 80% 100%

B1

B2

B3

10,6

31,5

32,2

48,2

41,4

41,4

39,5

25,0

24,2

1,6

2,0

2,2

0% 20% 40% 60% 80% 100%

C1

C2

C3

40,4

40,1

38,6

38,5

38,6

44,5

1,5

1,6

19,0

18,8

16,9

0,6

0,9

0% 20% 40% 60% 80% 100%

D1

D2

D3

9,7

11,2

6,9

11,2

11,1

22,0

79,1

77,7

69,9 1,2

0% 20% 40% 60% 80% 100%

E1

E2

E3

32,8

14,5

29,8

45,3

35,0

44,3

21,9

49,4

25,8

1,1

0% 20% 40% 60% 80% 100%

F1

F2

F3

14,5

14,1

22,8

47,4

47,5

50,3

35,9

36,1

26,9

2,2

2,3

0% 20% 40% 60% 80% 100%

G1

G2

G3

33,0

31,2

33,6

41,1

43,5

42,6

24,3

25,3

23,9

1,5

0% 20% 40% 60% 80% 100%

H1

H2

H3

Legenda: Tiramina; Putrescina; Cadaverina; Histamina; Espermidina .

Figura 12 – Percentual de contribuição individual das aminas para o teor total nos lotes de cada

marca dos vinhos tintos de mesa suaves nacionais. (Para o cálculo do percentual de contribuição considerou-

se teores de aminas abaixo do LOQ (<0,1 mg/L) e não detectados (nd) iguais a zero).

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56

45,6

44,9

44,7

30,5

32,1

32,2

22,0

23,0

23,1

1,6

0,0 50,0 100,0

I1

I2

I3

14,9

23,8

31,6

23,4

74,2

53,5

76,6

2,0

0% 20% 40% 60% 80% 100%

J1

J2

J3

14,3

36,2

14,5

20,3

22,4

20,5

65,4

41,4

64,9

0% 20% 40% 60% 80% 100%

K1

K2

K3

5,2

17,4

6,6

85,4

73,2

85,9

9,5

9,4

7,5

0% 20% 40% 60% 80% 100%

L1

L2

L3

22,4

23,4

28,6

58,1

62,2

59,9

19,4

14,3

11,5

0% 20% 40% 60% 80% 100%

M1

M2

M3

40,8

93,2

92,6

55,9 3,2

6,8

7,4

0,0 50,0 100,0

N1

N2

N3

39,5

43,7

34,4

31,3

30,0

31,3

29,2

26,3

33,8 0,5

0% 20% 40% 60% 80% 100%

O1

O2

O3

Legenda: Tiramina; Putrescina; Cadaverina; Histamina; Espermidina .

Figura 12 – Percentual de contribuição individual das aminas para o teor total nos lotes de cada

marca dos vinhos tintos de mesa suaves nacionais. (Continuação...) (Para o cálculo do percentual de

contribuição considerou-se teores de aminas abaixo do LOQ (<0,1 mg/L) e não detectados (nd) iguais a zero).

Na marca A, histamina não esteve presente no lote A3, embora no lote A1 seu teor passou a

contribuir com 23,2% do conteúdo total de aminas nessa amostra. O mesmo pode ser verificado

para a tiramina, cuja concentração pouco contribuiu para o teor total nos lotes A3 e A2, embora no

lote A1 o percentual de contribuição foi de quase 40%. O mesmo ocorreu na marca J, no qual os

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lotes J3 e J1 não continham tiramina e no lote J2, o teor desta amina passou a contribuir com 14,9%

do total, enquanto na marca N os lotes N2 e N3 não continham histamina, entretanto, na amostra N1

a concentração desta amina contribuiu com 55,9% para o teor total.

Na marca C, a contribuição de putrescina não mudou muito entre os lotes, mas a contribuição

de tiramina praticamente triplicou nas amostras C2 e C3 em comparação com C1. Nos lotes C2 e

C3 tiramina foi a segunda amina que mais contribuiu para o teor total, entretanto, no lote C1 foi

histamina que ocupou esta posição. Essas discrepâncias nos teores de aminas entre os lotes de

mesma marca evidenciam falta de padronização do produto.

4.2. COMPOSTOS FENÓLICOS EM VINHOS TINTOS DE MESA SUAVES

4.2.1. Teores de fenólicos totais e antocianinas monoméricas nos vinhos analisados

Os resultados dos teores de fenólicos totais e antocianinas monoméricas totais nos vinhos

tintos de mesa suaves adquiridos no mercado consumidor de Belo Horizonte/MG estão na

Tabela 9. Os teores de fenólicos totais encontrados nas 45 amostras estiveram entre 1070 e

2105 mg equivalente em ácido gálico (mg EAG) por litro de vinho, com média igual a

1580 mg EAG/L. Concentrações de fenólicos totais similares às deste estudo foram encontradas em

vinhos tintos de mesa, do estado do Paraná, elaborados com a uva Bordô, cujos teores variaram de

2115 a 2159 mg EAG/L (LIMA et al., 2011). Lins e Sartori (2014) também relataram valores de

fenólicos totais entre 1015 a 1266 mg EAG/L em vinhos tintos de mesa produzidos com a cultivar

Isabel e em vinhos de corte produzidos com as uvas Isabel, Courdez e Jaquez. Entretanto, vinhos

de mesa provenientes de uvas BRS Violeta, relatados por Vanzela et al. (2013), apresentaram

valores superiores (2784 a 4266 mg EAG/L) aos encontrados neste estudo.

Vinhos finos nacionais das variedades Pinot Noir, Malbec, Syrah, Cabernet Sauvignon e

Merlot relatados no trabalho de Granato, Katayama e Castro (2010) também apresentaram teores de

fenólicos totais (1153 a 1959 mg EAG/L) similares aos encontrados neste trabalho. Entretanto,

valores superiores foram relatados por Lucena et al. (2010) e Gris et al. (2013) nos vinhos finos da

região do Vale do São Francisco e do estado de Santa Catarina, cujos teores variaram de 3200 a

5900 mg EAG/L e 2288 a 2814 mg EAG/L, respectivamente. Esses dados mostram que tanto os

vinhos finos quanto os de mesa podem ter alto conteúdo de polifenóis e a variação depende da

cultivar empregada, mas também parece ter grande influência da região de cultivo e safra (ABE et

al., 2007; OLIVEIRA, SOUZA E MAMEDE, 2011; VANZELA et al., 2013). Diferenças no

processo de vinificação, como a duração da etapa de maceração são condições que também

influenciam o conteúdo de polifenóis totais dos vinhos (DAUDT e FOGAÇA, 2013).

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Tabela 9 – Teores de fenólicos totais e antocianinas monoméricas totais nas 15 marcas de vinhos

tintos de mesa suaves nacionais

Marca Fenólicos Totais (mg EAG/L)(a)

Antocianinas (mg/L)(b)

A Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1415,9 ± 64,2

1368,0 – 1488,9

4,5

88,2 ± 20,8

70,8 – 111,3

23,6

B Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1860,9 ± 25,3

1832,0 – 1879,4

1,4

125,7 ± 23,3

99,5 – 144,5

18,6

C Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1658,0 ± 199,0

1538,0 – 1888

12,0

203,7 ± 7,6

195,2 – 209,6

3,7

D Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1870,2 ± 138,4

1711,1 – 1962,8

7,4

195,5 ± 6,9

191,1 – 204,8

3,5

E Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1753,6 ± 29,0

1720,9 – 1776,5

1,7

150,2 ± 69,4

70,2 – 194,6

46,2

F Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1513,9 ± 58,9

1446,4 – 1554,3

3,9

143,9 ± 15,3

134,2 – 161,6

10,6

G Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1213,7 ± 124,2

1070,3 – 1285,5

10,2

161,1 ± 45,9

133,5 – 214,1

28,5

H Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1576,0 ± 12,4

1567,3 – 1590,2

0,8

236,2 ± 11,2

223,7 – 245,0

4,7

I Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1506,8 ± 112,4

1377,3 – 1579,2

7,5

211,6 ± 13,6

201,1 – 226,9

6,4

J Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1967,0 ± 197,0

1742,0 – 2105,0

10,0

282,1 ± 109,7

156,8 – 361,0

38,9

K Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1427,3 ± 24,7

1404,9 – 1453,8

1,7

64,1 ± 24,8

37,1 – 85,8

38,7

L Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1379,4 ± 65,3

1331,5 – 1453,8

4,7

111,4 ± 4,3

106,5 – 114,2

3,8

M Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1468,1 ± 33,8

1432,4 – 1499,7

2,3

275,2 ± 5,6

269,3 – 280,5

2,0

N Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1854,9 ± 163,4

1669,3 – 1976,8

8,8

189,5 ± 7,8

183,1 – 198,2

4,1

O Média ± DP

Mín. – Máx

CV (%)

1239,0 ± 37,9

1200,6 – 1276,5

3,1

143,2 ± 18,5

128,9 – 164,1

12,9

Média(*)

(na=45)

(Mín. – Máx) (*)

Mediana(*)

1580,3

1070,3 – 2105,2

1547,7

172,2

37,1 – 361,0

183,0 DP: Desvio padrão; na: Número total de amostras; CV: Coeficiente de variação;

(a) Teores em miligrama equivalente

em ácido gálico por litro de vinho; (b)

Teores calculados como cianidina-3-glicosídeo; (*)

Valores calculados com base

no número total de amostras.

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A concentração de antocianinas monoméricas totais nas 45 amostras analisadas variou de

37,1 a 361,0 mg equivalente em cianidina-3-glicosídeo por litro de vinho, com média igual a

172,2 mg/L. Não foi possível afirmar que se tratavam de vinhos jovens ou com maior tempo de

estocagem (em garrafas), ou mesmo que estes teores fossem característicos de determinadas uvas,

uma vez que não se tem informações sobre a safra e nem sobre os cultivares utilizados. Embora a

única informação destes vinhos seja o local de produção, sabe-se que o conteúdo de antocianinas

monoméricas é determinado por fatores genéticos, sendo dependente do cultivar e da variedade das

uvas utilizadas na elaboração dos vinhos, pelo grau de maturação da fruta, pelos fatores climáticos,

pela composição do solo, pelo tempo empregado na etapa de maceração durante o processo de

vinificação e pelo valor de pH e quantidade de dióxido de enxofre livre no vinho (POMAR, NOVO

e MASA, 2005; ABE et al., 2007; JACKSON, 2008; DAUDT e FOGAÇA, 2013).

O conteúdo total de antocianinas monoméricas também sofre modificações com o período e a

temperatura de estocagem em que a bebida é armazenada (BURIN et al., 2011; MARQUEZ,

SERRATOSA e MERIDA, 2014; VANZELA et al., 2014) devido a reatividade de suas formas

livres, que tendem a se combinar com outros compostos fenólicos presentes no vinho e gerar

estruturas poliméricas, assim como podem também se ligar a proteínas formando precipitados

(JACKSON, 2008). Além do tempo e da temperatura de estocagem da bebida favorecer a formação

de pigmentos poliméricos, a degradação térmica também parece ser responsável pelo decréscimo de

antocianinas monoméricas nos vinhos (VANZELA et al., 2014).

Os teores encontrados de fenólicos totais e de antocianinas monoméricas totais nas amostras

analisadas indicam que os vinhos tintos de mesa suaves nacionais podem ser uma boa fonte de

compostos fenólicos na alimentação. Apesar de não existir uma recomendação diária para a

ingestão de compostos fenólicos na dieta humana, estudos apresentam que o consumo dessas

substâncias podem estar relacionados com benefícios à saúde, como a redução dos riscos de

doenças cardiovasculares, e também com a prevenção de outras enfermidades, como o câncer, em

função de suas propriedades antioxidantes, antiinflamatórias e anticarcinogênicas (MANACH et al.,

2004; ABE et al., 2007; REBELLO et al., 2013; VANZELA et al., 2013).

4.3. CORRELAÇÃO ENTRE OS TEORES DE AMINAS BIOATIVAS E DE FENÓLICOS

TOTAIS DOS VINHOS TINTOS DE MESA SUAVES

Apesar de algumas aminas bioativas e de compostos fenólicos estarem relacionados com a

defesa das plantas contra o ataque de predadores (ANGELO e JORGE, 2007; VIEIRA,

THEODORO e GLÓRIA, 2007; VIZZOTTO, KROLOW e WEBER, 2010), não houve correlação

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entre os teores de fenólicos totais e de aminas bioativas encontrados nos vinhos tintos de mesa

suaves nacionais em estudo. Esse resultado indica que os teores de aminas e fenólicos totais nesses

vinhos não foram influenciados pelos mesmos fatores.

As aminas bioativas CAD-TIM, CAD-PUT, CAD-HIM, TIM-PUT e TIM-HIM

correlacionaram positivamente (p < 5%) entre si e os coeficientes de correlação “ρ” de Spearman

podem ser visualizados na Tabela 10. O coeficiente de correlação de Spearman (ρ) mede o

relacionamento, não necessariamente linear, entre duas variáveis e seus valores variam de +1 a -1.

Valores de “ρ” mais próximos da unidade indicam que maior é a associação entre as variáveis. Os

dados brutos de cada variável são transformados em postos ordenados que serão correlacionados. O

sinal positivo do coeficiente de correlação indica que postos maiores de uma variável estão

associados a postos maiores da outra, enquanto valores negativos de “ρ” indicam que postos

maiores de uma variável estão associados a postos menores da outra (KIRK, 2007).

Outros autores também encontraram correlações similares às observadas neste estudo: Souza

et al. (2005) observaram correlação positiva entre as aminas histamina e tiramina nos vinhos finos

Cabernet Franc brasileiros, entretanto essa associação foi mais forte, sendo ρ igual a 0,9933; Glória

et al. (1998) observaram correlação positiva entre putrescina e tiramina em vinhos finos Cabernet

Sauvignon; enquanto Romero et al. (2002) encontraram correlação entre TIM-HIM e TIM-PUT em

amostras de vinhos espanhóis.

Tabela 10 – Coeficientes de correlação de Spearman (ρ) para as correlações significativas(*)

entre

as aminas bioativas encontradas nos vinhos tintos de mesa suaves nacionais

Aminas x Aminas (ρ)

TIM x PUT 0,495

CAD x TIM 0,481

CAD x PUT 0,475

TIM x HIM 0,420

CAD x HIM 0,360

(*) p < 5% de significância.

As correlações apresentadas na Tabela 10 sugerem que a formação destas aminas podem

estar relacionadas com a mesma etapa do processo de vinificação (fermentação malolática), ou com

a ação dos mesmos microrganismos (SOUFLEROS, BARRIOS e BERTRAND, 1998). Nenhuma

correlação obtida foi forte, o que indica que a formação e os teores encontrados destas aminas

nesses vinhos não podem ser explicados completamente pelos mesmos fatores. Além disso, o vinho

de mesa nacional pode ser produzido com diferentes cultivares de uvas americanas e híbridas, como

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61

também pode ser acrescentado de vinhos finos, produzidos de uvas V. vinifera (BRASIL, 2014).

Isso pode ter contribuído para valores mais baixos do coeficiente de correlação (ρ) entre as aminas,

considerando que uma diversificada microbiota pode estar envolvida na formação de aminas

bioativas nesses vinhos.

Correlação positiva (ρ = 0,321) foi obtida entre espermidina e cadaverina, entretanto nenhuma

explicação para essa associação foi encontrada na literatura. Acredita-se que esse resultado

ocorreu, pois estas aminas não foram detectadas em mais de 50% dos vinhos tintos de mesa

analisados e seus teores não ultrapassaram 1 mg/L nas amostras.

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5. CONCLUSÃO

Das nove aminas bioativas pesquisadas, apenas cinco foram encontradas nos vinhos tintos de

mesa suaves nacionais, dentre elas: putrescina, histamina, tiramina, espermidina e cadaverina.

Putrescina foi a amina prevalente, sendo encontrada em todas as amostras. Histamina e tiramina

foram detectadas em, aproximadamente, 90% dos vinhos, enquanto espermidina e cadaverina não

foram detectadas em mais de 50% destes.

Mais de 80% das amostras continham teores de histamina e tiramina abaixo das doses

consideradas tóxicas para o homem. Entretanto, o elevado coeficiente de variação observado entre

os lotes de algumas marcas, para os teores de putrescina, tiramina e histamina, evidencia falta de

padronização do produto e, apesar disso, também mostra que é possível produzir estes vinhos com

níveis mais baixos dessas aminas.

Os teores de fenólicos totais e de antocianinas monoméricas totais nas amostras analisadas

indicam que os vinhos tintos de mesa suaves nacionais podem ser considerados uma boa fonte de

compostos fenólicos na dieta.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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