Amostragem e Técnicas de Recolha

7
Ficha de Apoio Página 1 Docente: André Xavier, [email protected] AMOSTRAGEM 1. CONCEITO BÁSICOS Universo ou População (N): conjunto definido de elementos que possuem determinadas características. Por exemplo, total de lojas da Cidade de Chibuto, corpo docente da UEM, veteranos de guerra, etc. Amostra (n): subconjunto da população (ou universo), por meio do qual se estabelecem ou estimam as características dessa população. Amostragem: é o procedimento através do qual, no seio de um conjunto de elementos que compõem o objecto de estudo (a população), se escolhe um número limitado de casos (a amostra), segundo critérios que possibilitam que os resultados obtidos pelo estudo da amostra sejam extrapolados à toda população. 2. TAMANHO DA AMOSTRA O tamanho da amostra depende fundamentalmente do tamanho da população e do nível de significância. Neste contexto, pode-se tomar como referência as tabelas a seguir: Tabela 1: Tamanho da amostra com 95% de significância População (N) 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1.000 1.500 2.000 3.000 5.000 10.000 Amostra (n) 80 130 165 190 215 230 245 260 270 280 320 330 350 360 370 Tabela 2: Tamanho da amostra com 99% de significância População (N) 200 500 1.000 2.000 5.000 10.000 20.000 50.000 100.000 Amostra (n) 171 352 543 750 960 1.061 1.121 1.160 1.173 3. TIPOS DE AMOSTRAGEM As técnicas de amostragem podem ser classificadas em probabilística e não probabilística. 3.1. Amostragem Probabilística A amostragem probabilística é rigorosamente científica e baseia-se na escolha aleatória dos elementos da amostra.

description

Metodologia de Pesquisa

Transcript of Amostragem e Técnicas de Recolha

Page 1: Amostragem e Técnicas de Recolha

Ficha de Apoio Página 1

Docente: André Xavier, [email protected]

AMOSTRAGEM

1. CONCEITO BÁSICOS

Universo ou População (N): conjunto definido de elementos que possuem

determinadas características. Por exemplo, total de lojas da Cidade de Chibuto,

corpo docente da UEM, veteranos de guerra, etc.

Amostra (n): subconjunto da população (ou universo), por meio do qual se

estabelecem ou estimam as características dessa população.

Amostragem: é o procedimento através do qual, no seio de um conjunto de

elementos que compõem o objecto de estudo (a população), se escolhe um

número limitado de casos (a amostra), segundo critérios que possibilitam que os

resultados obtidos pelo estudo da amostra sejam extrapolados à toda população.

2. TAMANHO DA AMOSTRA

O tamanho da amostra depende fundamentalmente do tamanho da população e

do nível de significância. Neste contexto, pode-se tomar como referência as tabelas

a seguir:

Tabela 1: Tamanho da amostra com 95% de significância

População

(N) 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1.000 1.500 2.000 3.000 5.000 10.000

Amostra

(n) 80 130 165 190 215 230 245 260 270 280 320 330 350 360 370

Tabela 2: Tamanho da amostra com 99% de significância

População

(N) 200 500 1.000 2.000 5.000 10.000 20.000 50.000 100.000

Amostra

(n) 171 352 543 750 960 1.061 1.121 1.160 1.173

3. TIPOS DE AMOSTRAGEM

As técnicas de amostragem podem ser classificadas em probabilística e não

probabilística.

3.1. Amostragem Probabilística

A amostragem probabilística é rigorosamente científica e baseia-se na escolha

aleatória dos elementos da amostra.

Page 2: Amostragem e Técnicas de Recolha

Ficha de Apoio Página 2

Docente: André Xavier, [email protected]

A amostragem probabilística apresenta as seguintes características:

Cada elemento não tem a probabilidade de não ser escolhido;

A probabilidade de selecção é conhecida para todos elementos; e

A selecção é completamente aleatória.

3.1.1. Amostra Aleatória Simples

É o procedimento mais básico da amostragem científica e consiste em atribuir a

cada elemento da população um número único para depois seleccionar alguns

desses elementos de forma casual.

A amostragem aleatória simples é usada quando a população é uniforme ou todos

elementos da população têm características comuns.

3.1.2. Amostragem Sistemática

A amostragem sistemática é uma variação da amostragem aleatória simples. É

usada a população é muito grande e com características não conhecidas (por

exemplo, população de Chibuto) ou quando a população é bastante uniforme

(por exemplo, bolachas produzidas numa determinada fábrica).

O primeiro passo é ordenar a população de tal modo que cada elemento seja

unicamente identificado pela posição.

O segundo passo é seleccionar um ponto de partida aleatório entre 1 e o número

inteiro à razão da amostragem (o número de elementos da população pelo número

de elementos da amostra – N/n).

O terceiro passo (e último) é seleccionar elementos em intervalos de amplitude N/n.

NB: A amostragem sistemática só pode ser aplicada nos casos em que é possível

identificar previamente a posição de cada elemento num sistema de ordenação

da população.

3.1.3. Amostragem Estratificada

A amostragem estratificada é organizada em três fases:

A população é subdividida em grupos (estratos) homogéneos relativamente

ao fenómeno em estudo [é feito através do critério de estratificação de uma

variável correlacionada ao fenómeno];

Page 3: Amostragem e Técnicas de Recolha

Ficha de Apoio Página 3

Docente: André Xavier, [email protected]

Os elementos da amostra são seleccionados a partir de cada estrato segundo

um procedimento aleatório; e

Finalmente, esses elementos são agrupados de modo a se obter a amostra

completa.

NB: A amostragem estratificada é apropriada para populações numerosas e com

vários estratos. A amostra deve ser representativa em relação a cada estrato.

Tabela 3: Exemplo de estratificação

FAIXA

ETÁRIA

GÉNERO TOTAL

Homens Mulheres

0-10 16.000 18.780 34.780

10-15 12.300 21.250 33.550

15-20 18.700 32.500 51.200

20-25 19.200 58.300 77.500

25-30 13.770 63.780 77.550

30-35 14.560 72.350 86.910

35-40 13.600 48.900 62.500

40-45 10.100 35.300 45.400

45-50 11.350 33.800 45.150

50-55 9.200 29.460 38.660

55-60 7.500 18.700 26.200

>60 4.250 10.250 14.500

TOTAL 150.530 443.370 593.900

3.1.4. Amostragem por clusters

A amostragem por clusters é usada quando a população pode ser dividida em

grupos (tais como família, turmas, departamentos, hospitais), os quais são

designados clusters.

Nesta amostragem, são seleccionados os clusters e todos os indivíduos do cluster

são integrados na amostra.

3.2. Amostragem Não Probabilística

A amostragem não probabilística não apresenta fundamentação matemática ou

estatística, depende unicamente do critério do pesquisador.

Embora criticada quanto à sua validade, a amostragem não probabilística

apresenta algumas vantagens quanto ao custo e ao tempo despendido.

Page 4: Amostragem e Técnicas de Recolha

Ficha de Apoio Página 4

Docente: André Xavier, [email protected]

3.2.1. Amostragem por acessibilidade (conveniência)

A amostragem por acessibilidade é o procedimento menos rigoroso.

O pesquisador selecciona os elementos a que tem acesso, admitindo que esses, de

alguma forma, representam o universo.

É aplicada em estudos exploratórios ou qualitativos, em que não se exige elevado

nível de precisão.

NB: Não há como verificar a sua representatividade, por isso os resultados do estudo

só podem ser válidos para aquela amostra.

3.2.2. Amostragem por quotas

Provavelmente, a amostragem por quotas é a mais usada, especialmente em

pesquisas de mercado ou de opinião.

Dentre os procedimentos não probabilísticos, a amostragem por quotas apresenta

maior rigor e obedece os seguintes passos:

Dividir a população em certo número de estratos definidos por poucas

variáveis cuja distribuição é conhecida (por exemplo, género, faixa etária e

nível de escolaridade);

Calcular o “peso” de cada estrato (proporção), devendo a soma total ser

igual à 1;

Finalmente, as quotas (número de respondentes) são estabelecidas

multiplicando o “peso”pelo tamanho da amostra.

A diferença entre a amostragem por quotas difere-se da amostragem estratificada

porque o pesquisador tem a liberdade de escolher os elementos da amostra

segundo a sua acessibilidade ou outros critérios que facilitam o processo.

3.2.3. Amostragem por Tipicidade

A amostragem por tipicidade consiste em seleccionar um subgrupo da população

que, com base nas informações disponíveis, pode ser considerado representativo

de toda população.

A principal vantagem deste tipo amostragem é o baixo custo de sua selecção. No

entanto, exige um conhecimento considerável da população e do subgrupo

seleccionado.

Page 5: Amostragem e Técnicas de Recolha

Ficha de Apoio Página 5

Docente: André Xavier, [email protected]

3.2.4. Amostragem Bola de Neve

A amostragem bola de neve é particularmente útil em estudos de grupos sociais

cujos membros tendem a esconder sua identidade por razões morais, legais,

ideológicas ou políticas. Também é usada no estudo de “elementos raros” (grupos

minoritários).

A amostragem bola de neve consiste em identificar sujeitos para inclusão na

amostra através da referência de outros sujeitos. O processo inicia com um

pequeno número de sujeitos que tem os requisitos desejados, os quais permitem

identificar outros indivíduos com as mesmas características. A medida em que o

processo avança, o número de sujeitos deverá crescer exponencialmente.

Este procedimento tem a desvantagem de seleccionar os indivíduos mais activos e

mais visíveis, assim como o risco de direccionar-se para um caminho específico.

TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS

4. OBSERVAÇÃO

A observação constitui o elemento fundamental para a pesquisa.

A observação é uma técnica científica que utiliza os órgãos de sentido para obter

informações da realidade. É a única técnica utilizada na pesquisa social que capta

directamente o fenómeno sem a intermediação de um documento ou de um

interlocutor.

A observação é usada como procedimento de investigação à medida que:

Serve a um objectivo formulado da pesquisa;

É sistematicamente planeada;

É sistematicamente registada e ligada a proposições mais gerais; e

É submetida a verificação e controles de validade e precisão.

Quanto aos meios utilizadas, a observação pode ser estruturada ou não estruturada.

E quanto ao grau de participação do pesquisador, a observação pode ser

participante ou não participante. Em função destes dois critérios, a observação

pode ser classificada em: simples, participante e sistemática.

Page 6: Amostragem e Técnicas de Recolha

Ficha de Apoio Página 6

Docente: André Xavier, [email protected]

5. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL

A pesquisa bibliográfica permite definir e resolver problemas já conhecidos, assim

como explorar novas áreas.

A pesquisa documental envolve a investigação em documentos internos (da

organização) e/ou externos (governamentais, de ONG, instituição de pesquisa,

etc.).

6. ENTREVISTA

A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha

informações a respeito de determinado assunto.

A entrevista é bastante adequada para a obtenção de informações acerca do

que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer,

fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicações ou razões a respeito de

coisas precedentes.

Segundo o grau de estruturação a entrevista pode ser: informal, focalizada, por

pauta ou formal (estruturada).

NB: em momento algum o entrevistador deve opinar ou emitir qualquer julgamento

tanto sobre o tema que está sendo conversado como sobre a manifestação não

verbal do entrevistado.

7. QUESTIONÁRIO

O questionário é constituído por uma série ordenada de perguntas que pode sem

ser:

Descritivas: descrevem o perfil do respondente (idade, escolaridade, sexo,

profissão, etc.);

Comportamentais: têm como propósito conhecer o comportamento dos

respondentes (padrão de consumo, de comportamento social, económico,

etc.); e

Preferenciais: buscam avaliar a opinião de algumas condições ou

circunstâncias que têm relação com a problemática da pesquisa.

Page 7: Amostragem e Técnicas de Recolha

Ficha de Apoio Página 7

Docente: André Xavier, [email protected]

O questionário pode ser constituído com perguntas com respostas abertas e/ou

fechadas (dicotómicas, escolha múltipla e de escala). No entanto, na sua maioria

os questionários são formados a partir de respostas fechadas.

O questionário permite abarcar um número grande de pessoas, em uma ampla

área geográfica, já que pode ser enviado pelo correio, por meio digital (e-mail) ou

aplicado por telefone.

BIBLIOGRAFIA

Corbetta, P. (2003). Social Research: Theory, Methods and Techniques. Translated by

Bernard Patrick. London, Thousand Oaks and New Delhi: SAGE Publications.

Gil, A. C. (1989). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social (2a ed.). São Paulo: Atlas.

Gil, A. C. (2002). Como Elaborar o Projecto de Pesquisa (4a ed.). São Paulo: Atlas.

Marconi, M. A. & Lakatos, E. M. (2007). Fundamentos de Metodologia Científica (6a

Ed.). São Paulo: Editora Atlas S.A.

Walliman, N. (2006). Social Research Methods. London, Thousand Oaks and New

Delhi: SAGE Publications.

Zanella, L. C. H. (2009). Metodologia de Estudo e Pesquisa em Administração. Brasília:

Universidade Federal de Santa Catarina.