Ampliação e evolução do conceito de conforto e bem-estar · ISSN 2179-5568 – Revista...
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Ampliação e evolução do conceito de conforto e bem-estar
Julho/2018
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Ampliação e evolução do conceito de conforto e bem-estar
Rosa Helena Geribolla – [email protected]
Design de Interiores: Ambientação e produção do espaço
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
São Paulo, SP, 05 de agosto de 2017.
Resumo
Considerando que mais de 54% das pessoas vivem em cidade e que a perspecitva até 2030
seja de 60% (ONU-Rio + 20), e que na quase totalidade do tempo as pessoas vivem em
ambientes internos para trabalhar, morar, divertir-se, ter conforto do ambiente, é bem-estar e
qualidade de vida. Qualidade que só temos quando o ambiente está adaptado a nós, às
nossas percepções, às nossas medidas e necessidades. O som quando não agride é um prazer,
quando a temperatua é adequada sentimos bem estar físico, a iluminação nos dá confiança,
segurança, as cores confortam.
Este artigo apoia-se em conceitos sobre conforto desde décadas anteriores quando a
preocupação pera predominantemente sobre a técnica, depois, quando a preocupação foram
as demandas sustentáveis e de acessibilidade, mas ainda se ancorava nos elementos mais
técnicos em índices e mensurações. Na última década a arquitetura passa a levar em conta o
homen em sua interação com o espaço, o bem-estar, que é uma avaliação subjetiva da
qualidade de vida, difícil de mensurar mas de fácil percepção. O objetivo da pesquisa é
demonstrar e desenvolver o conceito de conforto no ambinete, conceito ampliado até a
percepção do espaço pelas pessoas, a percepção física e psicológicas, também. A
metodologia utilizada foi pesquisa bilbiografica, material científico, normas e livros de
profissionais consagrados, sites de busca na internet. Como resultado o que obtive é que o
Design de Interiores nos seus aspectos do conforto ambiental, interfere na qualidade de vida
das pessoas, na saúde, na sua percepção de mundo. E que nos sentimos seguros e
confortáveis em ambientes planejados, estudados e bem preparados.
Palavras-chave: Conforto. Arquitetura. Arquitetura de Interiores. Bem-estar. Percepção.
1. Introdução
A questão do que é conforto e, quando estamos desenvolvendo um projeto, como se lida com
o conceito, seja para arquitetura, seja para interiores, para transportes, urbanismo, o próprio
conceito se amplia e aprofunda.
Para além dos conceitos técnicos básicos em conforto ergonômico, térmico, luminoso,
acústico, visual, e de meio ambiente, a busca passa a ser também por atender ao cliente, ao
usuário, principalmente o de uso mais frequente do espaço, em bem-estar e suas percepções
físicas e psicológicas. Na integração da pessoa com os ambientes, com os objetos do espaço
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sempre aconteça com harmonia. Cada vez que o homem tiver que se adaptar ao projeto, ao
meio, essa adaptação exigirá maior esforço do que seria necessário e é percebido como
desconforto.
Ao ler o livro de Edo Rocha: Conforto na Arquitetura e no Design (2016), que aborda o
conforto, e acrescenta aos conceitos clássicos também, os “aspectos do conforto e
desconforto, tem como ponto inicial ou origem os cinco sentidos, constituindo assim a
percepção espacial” ROCHA (2016:27),, nos coloca o quanto é complexo e requer
sensibilidade ao projetar.
A Arquitetura é o espelho da nossa sociedade (Rocha, 2016). Ou ainda, é o fruto do contexto
social, econômico, político, cultural, tecnológico (Solano, 2001), sobretudo as tecnologias
contemporâneas que transformam nossas vidas imediatamente e interfere nas sensações e no
entendimento de conforto.
Cada um dos aspectos que constitui a área de conforto é fundamental e especialmente
complexo e deve nortear todo projeto arquitetônico e de interiores, desde a concepção até a
entrega. Desde a localização do terreno, a correta orientação do edifício para o melhor
aproveitamento das energias passivas, luz natural, qualidade do ar, proteção ao ruído. A forma
e a inserção do edifício na paisagem e na vizinhança, as escolhas dos materiais, sua origem e
procedência, o conforto acústico.
Colocamos como conceito de conforto o conjunto da percepção físico e psicológico, de todos
os sentidos e social, a interpretação do que é confortável e do que é desconfortável vem de
cada pessoa, do biótipo, do sexo, da idade, das necessidades físicas (acessível), da formação
cultural, da localização geográfica, na determinação do clima. Há uma grande complexidade,
aliada ao fato que o próprio conceito vem se transformando ao longo do tempo, está
intimamente ligado ao ambiente material, mas também ao emocional, subjetivo, perceptivo. É
exatamente esse o ponto que o artigo pretende evidenciar. Há uma vasta bibliografia sobre
conforto, que aqui é respeitada, mas quando aplicamos o projeto arquitetônico e o design de
interiores em suas funções, as sutilezas das sensações de cada usuário, no atendimento de suas
necessidades é que vai avaliar o resultado final do projeto.
Qualquer projeto tem o desafio do orçamento restrito, dos prazos curtos, da durabilidade das
soluções, do ergonomicamente correto ao usuário, mas deve atender também a segurança,
física e emocional, o que significa amparo, tranquilidade, proteção, acolhimento. E essa
avaliação é sensorial, através dos sentidos, do tato, do olfato, da audição, paladar, da visão e
de todos reunidos, mais a percepção corporal, ou seja o projeto na escala humana, daí que
vem a sensação de conforto, que é de cada corpo, de cada pessoa.
O artigo esta estruturado no conforto como moradia saudável – características físicas e
qualidade ambiental, num primeiro momento e depois na sua relação com cada pessoa.
1 A escolha do terreno
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2 A implantação
3 Materiais
4 Energia
5 Qualidade do ar
6 Sons – poluição sonora
7 Percepção
8 Luz e cor
9 Cores
1-A escolha do terreno: Se estamos diante da possibilidade da escolha do terreno e da
implantação, deve se observar a situação ambiental do entorno em relação à função do
edifício. Para moradia é importante que esteja preservado de fontes poluidoras de água, ar,
ruído, vibrações, etc.. E é desejável que esteja próximo à áreas verdes preservadas, parques,
praças, para que tenha a sensação de bem-estar. Sobretudo devido à importância que a
residência tem na vida da pessoa e o esforço e recursos utilizados na aquisição.
2- Na implantação, o estudo para a correta orientação com aproveitamento da radiação solar,
proteção dos ventos dominantes, economia de energia, conforto térmico, luminoso, uma vez
adaptado ao clima, traz vários benefícios à saúde e minimiza o consumo de energia
convencional. Na relação com a vizinhança e o exterior da edificação, buscar a preservação
do verde e paisagem, uma vez que o Brasil tem “a qualidade ambiental e paisagística como
um direito de todos” (Carta Brasileira da Paisagem:8). As soluções arquitetônicas devem ser
harmônicas, coerente com a contemporaneidade sem ser agressiva, Bueno (1995:228).
3- Materiais: Os materiais devem ser bem escolhidos, terão o tempo de durabilidade da vida
útil da obra. Deverão ser escolhidos preservando o meio ambiente, e que no processo de
fabricação não tenha significado um espólio, uma pilhagem ecológica e nem fonte de geração
de poluição. Bueno (1995:228). É importante ainda, que o processo de fabricação e a
procedência sejam rastreados. Melhor se fossem, ou permitissem pós-ocupação reciclados ou
reutilizados.
4- Energia: Energeticamente eficiente, de baixo custo de operação, geração de energia e
aquecimento solar.
Busca-se um ambiente interno, com uma temperatura por volta dos 24°C. O ideal é que utilize
a própria arquitetura para trazer as condições térmicas satisfatórias. O conforto pela
temperatura e umidade relativa do ar. O frio úmido nos parece mais frio, e o calor úmido nos
parece sufocante. É no conforto térmico que a correta orientação solar pode trazer mais
ganhos de economia e bem-estar, aproveitando ao máximo a radiação do sol, ao prever as
aberturas em orientação e tamanhos corretos pode criar fluxos de ar aquecidos pelo sol, para o
interior da moradia em dias inverno e fluxos de ar fresco para o verão, considerando a cidade
de São Paulo.
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5 – A qualidade do ar interno QAI: Tem no projeto arquitetônico e de interiores um de seus
principais determinantes. A ventilação natural deve ser capaz de diluir e dispersar os níveis
dos contaminantes. O problema é que o ar externo também é excessivamente poluído.
Os materiais devem ser de baixa ou até mesmo zero emissão de poluentes, devem fazer parte
dos programas de certificação de produtos. Somente os materiais podem resultar em 40% dos
poluentes do edifício.
A funcionalidade e as atividades humanas, os diversos usos, trabalhar, as atividades
domesticas, os produtos de limpeza, também são poluentes internos. A exposição a esses
poluentes podem causar diversas doenças as pessoas, a principal delas são as alergias.
O impacto e o controle dos parâmetros ligados ao QAI faz parte da construção sustentável. E
as práticas de projetos exigidos devem considerar a aplicação do conceito de sustentabilidade
e do ambiente construído, já previstos no conjunto das normas de desempenho (ABNT 15575-
2013) e discutido no ENTAC (2016:2246). O excesso de poluentes caracteriza do SED
(síndrome do edifício doente), BUENO (1995:140).
6- A poluição sonora: nas grandes cidades a principal causa de poluição sonora é atribuída ao
transito. As causas dessa contaminação acústica é a desorganização urbanística, ligadas ao
transito e aos hábitos culturais. A contaminação sonora é um grande risco a saúde. A maioria
das pessoas estão expostas a um nível de ruído que vai de 35 a 85 bB. Cada pessoa percebe os
efeitos do ruído de maneira diferente.
O prejuízo dessa exposição excessiva ao ruído é a surdez irreversível, causada pela
incapacidade de regeneração das células internas do ouvido. Os sintomas mais frequentes são
zumbidos, apitos, cansaço dores de cabeça, ansiedade, depressão, irritação. Onde há ruído há
agressividade.
A melhor proteção que se pode ter contra o ruído é a sua redução através da educação das
pessoas.
7- Percepção: em seu livro “Fenomenologia da Percepção de Merleau-Ponty (1945/1994)
aponta que a experiência perceptiva é uma experiência corporal:
A percepção sinestésica é a regra, e, se não percebemos isso, é porque o saber
científico desloca a experiência e porque desaprendemos a ver, a ouvir e, em geral, a
sentir, para deduzir de nossa organização corporal e do mundo tal como concebe o
físico aquilo que devemos ver, ouvir e sentir. A visão, diz-se, só pode apresentar-nos
cores ou luzes, e com elas formas, que são os contornos das cores, e movimentos, que
são as mudanças de posição das manchas de cor. (MERLAU-PONTY (1945/1994:
308).
8- Luz e cor: a luz, que é energia visível, “esta composta de um espectro de frequência
eletromagnética que vai do ultravioleta ao infravermelho, e cujas longitudes de onda oscilam
entre 400 e 700nm (nanômetros)” Bueno (1995:151). As cores visíveis é uma faixa muito
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estreita da escala de frequência de condas eletromagnéticas e na luz branca estão contidas
todas as frequências visíveis.
Figura 1 – espectro eletromagnético – in As bases da luz e da iluminação
Philips, pag 11
A cor é uma sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão da visão. O estimulo que
recebemos é a luz, e as cores são as sensações, após a luz atravessar a pupila e cristalino,
quando atinge os cones que compõem a fóvea e a mácula da retina no fundo do olho, é por
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esse, decomposta nos três grupos de comprimento de onda que caracterizam as cores-luz:
vermelho, verde e azul índigo. PEDROSA (2004:20).
Como a visão é um sentido e cor uma sensação, cada um de nós percebemos as cores de modo
individual. Ou seja, cor é percepção. É também da capacidade perceptiva o repertório
cromático, assim, quanto mais conhecemos sobre cores, mais temos a sensibilidade
despertada é um exercício de aperfeiçoamento do olhar. Com esse aperfeiçoamento é possível
as mais ricas combinação de cores, por afinidade, semelhança, aproximação, contraste,
oposição, etc. Pedrosa (2004:123). Há grupos mais harmônicos que trazem maior percepção
de equilíbrio e bem-estar.
Para termos comodidade visual são necessários níveis mínimos de iluminância. Em um dia
ensolarado de verão temos 100.000 lux em pleno sol, à sombra 10.000 lux. Em ambientes
internos, escritórios por exemplo, são necessários 500 lux, para escrever, teclar, ler, processar
dados, conforme valores referenciais em norma, (ABNT NBR ISSO/CIE 8995-1 2013)
9- Cores: normalmente utilizamos a palavra cor tanto para sensação cromática como para o
estímulo que a provoca. “...mas, a rigor, esse estimulo denomina-se matiz, e é a sensação
provocada por ele é que recebe o nome de cor” PEDROSA (2004:20).
As cores são tão importantes que a empregamos como símbolo, com significados na
comunicação não-verbal. Algumas são intuitivas e entendidas por todos que seguem como
normas, a exemplo das cores dos semáforos. Na luz branca estão contidas todas as frequências
visíveis e por isso é considerado uma cor neutra. Cada cor ocupa uma faixa muito pequena de
frequência. Às cores conferimos características e qualidades que exercem sobre nosso
organismo.
Figura 2: Sensação visual das cores - MODESTO, Farina; Peres, Clotilde; Bastos, Dorinho.
Psicodinâmica das cores. Editora Edgard Blücher Ltda.: 6ª ed. – São Paulo: Blücher, 2011.
Pag. 88
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Figura 3: Significados conotativos - MODESTO, Farina; Peres, Clotilde; Bastos, Dorinho.
Psicodinâmica das cores. Editora Edgard Blücher Ltda.: 6ª ed. – São Paulo: Blücher, 2011.
Pag. 87
As cores aplicadas nos interiores contribuem como estimulante. A cromoterapia faz uso das
cores e suas propriedades, assim os tons pastéis relaxam e são ideais para dormitórios, o
índigo e os azuis relaxam as pessoas nervosas, os amarelos são estimulantes mentais, etc.;
Uma moradia, ou mesmo os ambientes de trabalho, e a cidade com seus usos deve atender a
todos e em todo percurso da vida. Democratizar os projetos para que atenda e facilite as
tarefas diárias de todos, que seja inclusivo e atenda a outros aspectos como segurança,
autoestima, cidadania, flexibilidade. Também é conforto perceber um ambiente que evita a
segregação, que possibilite adaptabilidade, que permita um uso simples e de “fácil
compreensão do espaço, independente da experiência do usuário, de seu grau de
conhecimento, habilidades de linguagem ou nível de concentração” DESENHO UNIVESAL
(2010:17). Informação de fácil percepção e que seja seguro pela escolha dos materiais,
acomodar variações ergonômicas. Todos devem ter a percepção de que o uso é para todos.
Para falar sobre percepção temos que falar também de sensação, entendida nos movimentos
do corpo, na apreensão dos sentidos e a partir de cada pessoa, individualmente, em cada
interpretação de cada situação existencial, “do sujeito que olha, sente e, nessa experiência do
corpo fenomenal, reconhece o espaço como expressivo e simbólico” NOBREGA (artigo. pag
142).
A percepção se transforma ao longo do tempo, difere em cada indivíduo devido sua idade,
sexo, maturidade, o que é confortável para uma pessoa pode não ser para outra. Ou a mesma
pessoa em idade diferente, ou sob experiências emocionais diferentes, percebem o espaço
diferente.
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A relação entre bem-estar material esta ligada não só ao ambiente material, mas também, ao
nosso universo emocional. “o aprendizado, as experiências de vida, as sensações, os valores
culturais, tudo isso forma o gosto e influencia a percepção do indivíduo.” ROCHA (2016:17).
O que traz sensibilidade a pessoa, ao indivíduo, essa combinação do gosto, da cultura, das
experiências, das percepções, da emoção, é um todo reunido.
A função de cada espaço precisa atender as normas e leis vigentes, a ergonomia, ao design
universal, ser acessível e inclusivo. A função leva em conta os usuários, sexo, peso, altura,
atividade a ser exercida, mas não só, também a cultura, os valores. Os itens psicológicos que
significa amparo, tranquilidade, proteção, segurança, seja em Arquitetura, em Arquitetura de
Interiores e no Urbanismo.
Os sentidos: todo animal tem capacidade de perceber estímulos que são captados pelas células
sensoriais ou terminações nervosas dos neurônios. Os órgãos dos sentidos formam o sistema
sensorial, as células sensoriais podem captar estímulos do ambiente.
O conforto é sempre do ponto de vista da pessoa e passa pelos sentidos: tato, olfato, visão,
audição e paladar. “A combinação ou soma destes cria um “sexto sentido”, que eu nomeio
TOVAP”, ROCHA (2016:27).
- O tato: deve ser compreendido como a sensibilidade corporal de todo o tecido da pele. Nas
percepções relativas ao tato, sentimos vibrações, toques, as texturas: mole, duro, áspero,
macio. A temperatura, as condições climáticas e pressão. O tato percebe também o design, os
acabamentos e interpreta as sensações. “o desenho industrial, ou design, assumiu, portanto, a
grande missão de criar objetos ou itens que se relacionem diretamente a circunstância de um
tato que seja capaz de produzir conforto” ROCHA (2016:33)
- Olfato: O principal órgão responsável pelo olfato, nos humanos, é o nariz. Quando
comparados a outros mamíferos, os seres humanos possuem o olfato pouco desenvolvido,
mesmo assim apresenta a maior a quantidade de terminações nervosas. É o sentido que nos
coloca em estado de alerta e de busca pela sobrevivência. Sentimos os sabores, não apenas
pelo paladar, mas também pela estimulação das células olfativas, juntos indicam os sabores e
aromas, em aspecto de conforto, em satisfação e prazer.
As empresas criam suas próprias essências, que se tornam um brand de identificação da
marca.
Ou seja, o olfato identifica rapidamente e dá uma percepção de espaço, proporciona uma
agradável sensação e percepção de conforto.
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Figura 4: Brasil rural, simplicidade à mesa – SENAC: Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial. Design à mesa - Um relato sócio cultural da comensalidade. Editora SENAC.
2003. Pag. 40.
- Paladar: Sempre próximo ao olfato. Pelo paladar percebemos os sabores e o gosto e textura
para depois ingerir o alimento. Na língua há as células epiteliais com propriedades neurais,
responsáveis pela percepção dos sabores. A língua é o principal órgão e é capaz de distinguir
entre os gostos do doce, salgado, amargo, azedo e umami. “O paladar é equivalente ao gosto,
da mesma maneira que o olfato é equivalente ao aroma. Quando associamos esses dois
sentidos paladar + olfato, temos como resultado o sabor”. ROCHA (2016:42).
O Paladar é um dos sentidos que desenvolvemos ao longo do tempo, que se associa a muitos
aspectos do conforto e de forma muito especial, pois indica nossa personalidade e grau de
sofisticação.
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- Visão: Os olhos são os órgãos responsáveis pelo sentido da visão
Figura 5: Anatomia ocular: https://olhohumano.wordpress.com/2010/11/05/anatomia-do-
olho-humano/ acesso em 13 ago. 2017
Observando a figura, abaixo da esclerótica localiza a coroide, uma película dotada de vasos
sanguíneos e melanina que tem a função de nutrir e absorver a luz que chega à retina. Na íris
há um orifício central que chamamos de pupila. É por esse orifício que há a entrada da luz no
globo ocular. A íris é a responsável por regular a quantidade de luz que entra no olho.
O cristalino se situa atrás da íris e orienta a passagem de luz até a retina, que possui dois tipos
de células fotossensíveis, os cones e os bastonetes.
Os bastonetes são células extremamente sensíveis à luz, sendo muito importantes em
situações de pouca luminosidade. Os cones são as células capazes de distinguir as cores. Eles
são menos sensíveis à luz e fornecem uma imagem mais nítida, rica em detalhes. No olho
humano encontramos três tipos de cones: um que se excita com a luz vermelha, outro que se
excita com a luz verde, e o terceiro que se excita com a luz azul.
A luz afeta o nosso ritmo corporal, regula vários aspectos biológicos e funções, como o sono,
estado de alerta, humor, batimentos cardíacos etc. A luz incide sobre o objeto e por reflexão
percebemos o relevo, as cores a profundidade.
O olhar rapidamente nos permite identificar a sensação de conforto espacial e fazer boas
escolhas para nosso bem-estar. “O que se revela visualmente confortável resulta de como a
reprodução das cores e a intensidade de luz são percebidas pelo olhar, em relação ao objeto”
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ROCHA (2016:47). A percepção visual interfere em nossas reações e em nosso
comportamento.
- Audição está ligada as nossas defesas, nos ajudam a perceber o que acontece a nossa volta.
Nos permite perceber e localizar a direção e distancia vem o som, nos orientando.
Figura 6: Anatomia do outico humano.
http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/06/17/anatomia-do-ouvido-humano/
acesso em 13 ago. 2017.
Nossas orelhas captam e concentram as vibrações do ar as ondas sonoras até chegar ao
tímpano. Depois do tímpano temos a orelha média, uma cavidade cheia de ar, que contem três
ossículos, o martelo, a bigorna e o estribo. A função de tais ossículos é, através de uma
alavanca, acoplar o tímpano a cóclea, triplicando a pressão do tímpano. A orelha interna inicia
pela janela oval, seguindo um canal semicircular que conduz a cóclea, em formato de caracol,
consiste num canal e mediante suas contrações, compensa as variações de pressão, produzidas
pelas oscilações da membrana basilar. Sobre as membranas estão distribuídas as células
acústicas, de onde saem os nervos que formam o nervo acústico. BRITO (2016:16).
Os sons provocam várias sensações e reações de medo, felicidade, irritação, alegrias, tristezas.
Rapidamente percebemos o conforto de um ambiente com bom acabamento acústico. Quando
há um ruído causando desconforto, ao trata-lo imediatamente passamos a perceber os sons de
frequência menor, a percepção esta sempre presente.
Vivendo nas cidades estamos constantemente submetidos aos níveis de ruído da cidade em
constante movimento.
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Figura 7: Tabela: nivel de pressão sonona
https://pt.wikipedia.org/wiki/Press%C3%A3o_sonora acesso 13.08.2017.
Um dos maiores prazeres que podemos experimentar através da audição é a música, que nos
traz emoção, uma manifestação artística. As musicas alcançam as frequências auditivas de
forma harmônica e traz prazer, através da audição.
A soma dos sentidos em vários tipos de experiência é o fator que nos conduz aos resultados
no Design. Da relação do homem, seu corpo e com o design. É preciso experimentar os
objetos com o corpo, e então confirmar se é realmente confortável, para você. Porque para ser
realmente confortável tem que estar confortável ao tato, a visão, e também ao tamanho do
corpo, com a ergonomia.
A percepção de conforto traz relaxamento, satisfação, contentamento, bem-estar, segurança, e
influencia nossas reações onde quer que estejamos, em casa, no trabalho, nas escolas, na
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cidade, nos transportes. As reações, ao contrario, quando experimentamos o desconforto são
dores, má circulação, pressão na coluna, tensão, irritação, desconcentração mental. Cada
atividade tem o tipo de desconforto típico, mas quase todos envolve a ergonomia, é preciso
fazer boas escolhas em relação aos objetos. Pois todos custam e devem estar apropriados.
A noção do espaço, “A soma dos cinco sentidos forma um sexto sentido, o TOVAP. Já a
soma e associação dos cinco sentidos, bem como o sexto sentido TOVAP, origina um sétimo
sentido, relativo à noção do espaço” ROCHA (2016:58). No conceito, soma ao TOVAP “a
relação visual da percepção tridimensional do espaço. Podemos dizer que essa percepção
traduz o conforto na arquitetura, ou ainda o sétimo sentido.” ROCHA (2016:76).
A arquitetura, o design, não basta estar bonito esteticamente, tem que atender a função, e a
escala humana. “O sétimo sentido tem a ver com a maneira como a escala humana se
relaciona com a construção”. ROCHA (2016:76). Trata-se de um conforto tridimensional.
A Arquitetura de Interiores, a distribuição do lay-out, as circulações, as mobílias, as texturas,
as cores interferem no resultado de nossas percepções. A qualidade das mobílias, os materiais,
e o design, os elementos de decoração, os tapetes, os quadros, os objetos, todos interferem na
percepção do espaço.
A tecnologia, a automação, a comunicação, são elementos de projeto e de conforto, requer
que sejam pensados ainda na concepção inicial do projeto, para que sejam contemplados,
previstos com antecedência, para melhor tirar partido desses recursos. Na solução de moradia
para idosos a tecnologia é um recurso disponível e já incorporado como necessidade.
Conclusão:
Os conceitos de conforto:
Nos sentimos seguros e mais confortáveis quando, no ambiente que estamos, foi projetado
pensando no meio ambiente, no uso racional dos recursos, como a água, a procedência dos
materiais, onde nosso bem estar não contribua para maior poluição do ar. Ou pensado que
para a manutenção da casa, ou edificação não utilize ou se pressupõe a utilização de força de
trabalho super explorada.
Nos sentimos mais confortáveis quando estamos num espaço que foi feito com eficiência e ao
mesmo tempo tem cuidado com os detalhes estéticos, é funcional com o morador, o visitante,
o trabalhador do local, ou seja, é generoso com os usuários.
Uma edificação que foi pensada para atender aos usuários por mais tempo, pensa a frente e
antecipa soluções. Foi edificada com bom senso e respeito a natureza e as pessoas.
Lista de figuras:
Figura 1: espectro eletromagnético – in As bases da luz e da iluminação. Philips, pag 11
Ampliação e evolução do conceito de conforto e bem-estar
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Figura 2: Sensação visual das cores - MODESTO, Farina; Peres, Clotilde; Bastos, Dorinho.
Psicodinâmica das cores. Editora Edgard Blücher Ltda.: 6ª ed. – São Paulo: Blücher, 2011.
Pag. 88
Figura 3: Significados conotativos - MODESTO, Farina; Peres, Clotilde; Bastos, Dorinho.
Psicodinâmica das cores. Editora Edgard Blücher Ltda.: 6ª ed. – São Paulo: Blücher, 2011.
Pag. 87
Figura 4: Brasil rural, simplicidade à mesa – SENAC: Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial. Design à mesa - Um relato sócio cultural da comensalidade. Editora SENAC.
2003. Pag. 40.
Figura 5: Anatomia ocular: https://olhohumano.wordpress.com/2010/11/05/anatomia-do-
olho-humano/ acesso em 13 ago. 2017.
Figura 6: http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/06/17/anatomia-do-ouvido-humano/
acesso em 13 ago. 2017
Figura 7: Tabela: nivel de pressão sonona:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Press%C3%A3o_sonora acesso 13.08.2017
Bibliografia:
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