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1 VI SEMINÁRIO DO PPGCS/ UFRB Grupo de trabalho 1: Cultura popular, Festejos e Rituais. Cemitério do Rosarinho: rituais fúnebres de consagração à alma de africanos Nagôs. ANA CLÁUDIA SANTOS DE JESUS Graduada em Museologia, Aluna especial PPGCS/UFRB.

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VI SEMINÁRIO DO PPGCS/ UFRB

Grupo de trabalho 1: Cultura popular, Festejos e Rituais.

Cemitério do Rosarinho: rituais fúnebres de consagração à alma de africanos

Nagôs.

ANA CLÁUDIA SANTOS DE JESUS

Graduada em Museologia, Aluna especial PPGCS/UFRB.

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ROSARINHO: RITUAIS FÚNEBRES DE CONSAGRAÇÃO Á ALMAS DE

AFRICANOS NAGÔS

Ana Cláudia Santos de Jesus, UFRB.

Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar elementos que constituem o

Cemitério do Rosarinho na cidade de Cachoeira - BA, através do estudo da correlação

dos rituais fúnebres existentes no patrimônio funerário fundado por negros africanos e

afro-brasileiros com a identificação dos moradores locais e sua apropriação enquanto

local de afirmação da identidade afro-brasileira. Entendidos como lugares de memória

destinados ao sepultamento dos mortos, os cemitérios surgem no Brasil a partir do

século XIX. Considerando que estes espaços refletem os mecanismos de sociabilidades

do mundo dos vivos, os espaços fúnebres tornam-se locais de reprodução dos aspectos

simbólicos das comunidades ao qual pertencem. Constatou-se através da metodologia

de pesquisa de campo, com realização de entrevista com moradores locais e com

pesquisas nos documentos da Igreja do Rosarinho que as práticas ritualísticas fúnebres

ainda funcionam no Cemitério dos Pretos Africanos. Inferindo sobre a importância do

patrimônio histórico cultural, concluímos que é imprescindível a preservação da história

do cemitério, um território sagrado pouco explorado academicamente até o momento.

Palavras chave: Africanidade; cultura afro-brasileira; rituais; identidade.

1- Elementos católicos e o discurso de Africanidade nas inscrições tumulares.

Os espaços sagrados da cidade de Cachoeira – BA, monumento histórico

nacional, tombada em 1971 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-

IPHAN1 se estruturam por conter elementos coloniais presentes em sua arquitetura e em

1 Informação disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-68045-13-

janeiro-1971-409924-publicacaooriginal-1-pe.html.Acesso em 05/06/2015.

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sua religião, principalmente com monumentos destinados ao culto dos santos católicos.

Este fator foi importante para a sobrevivência dos membros africanos, negros e crioulos

na proteção de suas características culturais diante do preconceito racial, étnico,

religioso e do próprio catolicismo. Inserido neste contexto localiza-se no em uma das

partes mais altas da cidade de Cachoeira, no alto do Monte Formoso, anexo a Igreja

Católica de Nossa Senhora do Sagrado Coração de Maria do monte Formoso, o

Cemitério do Rosarinho.

Assim como a igreja, o cemitério dos Pretos Africanos foi fundado em 1864

através da relação de solidariedade de três irmandades negras: a Irmandade de Nossa

Senhora do Sagrado Coração de Maria do Monte Formoso, Irmandade dos Martírios e a

Irmandade do Bom Jesus da Paciência. Este cemitério é o principal patrimônio funerário

da comunidade afro-brasileira cachoeirana, seus aspectos culturais se mantêm

preservados contribuindo com a manutenção de um legado africano.

Neste sentido, irmandades negras da Igreja do Rosarinho reverenciam

santos brancos católicos ao mesmo tempo em que chama a atenção para a necessidade

da existência do reconhecimento oficial da herança africana, com a construção do

patrimônio funerário propondo a perpetuação da memória individual e coletiva dos

membros destas confrarias. Pensando em contribuir na manutenção desta memória, o

objetivo desse estudo foi apreender elementos que constituem o Cemitério do

Rosarinho. Para isto adotou-se como metodologia qualitativa empregando técnicas de

pesquisa com alguns moradores locais, privilegiando os que possuem membros

familiares enterrados no cemitério e pessoas que participam da manutenção dos dois

espaços.

O estudo do cemitério instituído como representação da memória dos

africanos ali sepultados, leva-nos a entender a formação étnica das irmandades, bem

como sua funcionalidade nas apropriações dos espaços e as relações dos irmãos com o

patrimônio ao qual se estabelecem. O Cemitério do Rosarinho ao ser um patrimônio

edificado, onde existem representações simbólicas nas práticas dos festejos realizados

na igreja em louvor aos santos católicos, rituais e orações voltadas aos africanos e

negros brasileiros podem ser compreendidos enquanto local em que se recusa o

esquecimento da memória dos negros influentes na sociedade em período escravocrata,

tornando-se um espaço referencial de projeção da memória.

De acordo com Michael Pollack, a memória coletiva e a individual não se

constitui apenas dos acontecimentos em si, mas envolvem da mesma forma o local, as

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pessoas e os personagens.2 Entretanto, em acordo com esta observação, torna-se

necessário considerar as informações daqueles que fazem parte, diretamente ou não da

construção do imaginário local em que esta envolto o cemitério do Rosarinho. Ainda

segundo o autor:

“[...] a memória é um elemento constituinte do sentimento de identidade,

tanto individual como coletiva, na medida em que ela é também um fator

extremamente importante do sentimento de continuidade e de coerência de

uma pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si. [...]” 3·.

Aliado a memória, a oralidade que nos possibilita ter acesso à dimensão

histórica, pode justificar as atitudes em relação a mitos deste patrimônio. Estes fatores

demonstram a importância do ouvir e contar histórias comumente negligenciadas pela

história oficial. Desta forma, os relatos orais, mesmo que parciais, nos permitem

compreender o sentido de pertencimento e comprometimento dos moradores com o

espaço cemiterial ao permitir com que seja observada a apropriação da comunidade no

local para fins festivos e religiosos, visando à compreensão de tradições ainda presentes

na cidade.

Utilizada como forma de preservação da memória, os registros dos que ali

estão sepultados o Cemitério do Rosarinho, constitui-se como fonte de pesquisa

histórica ilustrando um significativo elemento construtor na formação do bairro em que

se localiza por sua formação inicial ser direcionada a construção do patrimônio tanto no

âmbito religioso quanto ao espaço cemiterial. Para Maurício Halbwachs:

“[...] a memória individual existe sempre a partir de uma memória coletiva,

pois todas as lembranças são constituídas no interior de um grupo a qual a

memória individual existe sempre a partir de uma memória coletiva, pois

todas as lembranças são constituídas no interior de um grupo. [...]”.4·.

A memória se reformula de acordo com os interesses individuais ou

coletivos direcionados ao patrimônio. Sua seleção vai de encontro ao interesse que um

indivíduo ou grupo possui em registrar, preservar e divulgar para as futuras gerações

aquilo que é considerado importante. Podemos perceber através desta reflexão, como os

vestígios materiais são capazes de revelar aspectos da condição social do morto e da

família. Os símbolos e signos presentes no espaço cemiterial do Rosarinho surgem neste

2 POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, 1992, vol.5.

P.200

3 Ibidem.

4 4 HALBWACHS, M. “A memória coletiva”. In História e memória, 2°edição São Paulo: Vértice,

1990. P.55.

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contexto, utilizado como sustento teórico, aliado á geografia cultural e as representações

e relações dos adeptos das irmandades com a morte.

A atribuição de valores conferidos a alguns espaços cemiteriais vinculados a

ideais identitários reverenciam membros familiares ou determinados grupos. A

representação da memória transmitida através dos discursos de africanidade presentes

nos túmulos de Júlia Guimaraes Vianna e do seu esposo Antonio Domingues Rodrigues

Martins enquanto “nascidos na África e originais da África” e sua capacidade simbólica

de representação africana, concebem elementos daqueles que possivelmente idealizaram

a construção do patrimônio funerário.

Imagem 2. Túmulo de Julia Vianna - Imagem 3 túmulo de Antonio Domingues Martins. Foto:Ana

Cláudia Jesus.

O patrimônio destinado a guardar os restos mortais dos componentes das

irmandades abriga informações que podem ser utilizadas como fontes de pesquisa

disponível para a recuperação do vínculo familiar da cidade de Cachoeira, presentes nos

bens materiais, nas inscrições das lápides e nos poucos objetos que ainda existem e que

foram utilizados pelas congregações naquele período.

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A forma de enterramento enquanto um dos principais elementos

pertencente aos rituais fúnebres também se mostra uma rica fonte de conhecimento em

combinação com os ritos acima citados, visto que, muitos membros das irmandades na

igreja do Rosarinho foram líderes de Terreiros de Candomblé ou pertencentes e a este

segmento religioso. Para os adeptos das religiões de matriz africana, o homem surgiu da

terra e para seu elemento formador o corpo deve voltar. Relacionado a isto, Juana

Elbein exemplifica com a lenda da criação do homem – o mito Yorubá sobre a origem

da morte – o processo de não aceitação pela religião a outros meios de enterramentos

que não o do contato com o chão 5:

“Quando Olorún procurava matéria apropriada para criar o ser humano (o

Homem), todos os ebora partiram em busca de tal matéria. Trouxeram

diferentes coisas: mas nenhuma era adequada. Eles foram buscar lama, mas

ela chorou e derramou lágrimas. Nenhum ebora quis tomar da menor parcela,

mas Iku Òjègbé-Aláso-Òna, apareceu, apanhou um pouco de lama – eerupé –

e não teve misericórdia de seu pranto. Levou-o a Olodumaré, que pediu a

Orixalá e a Olugama que o modelaram e foi ele mesmo quem lhe insuflou seu

hálito, mas Olodumaré determinou a Iku que, por ter sido ele a apanhar a

porção de lama, deveria recolocá-la em seu lugar a qualquer momento, e é

por isso que Iku sempre nos leva de volta para a lama. [...]”. 6

As carneiras de alvenaria estão localizadas ao fundo do espaço cemiterial,

que de acordo com o Sr. José Raimundo Pereira, presidente da Irmandade dos Martírios

durante um período que o mesmo não soube afirmar, houve enterramentos no momento

em que o cemitério ficou aberto para funerais de pessoas de todos os segmentos

religiosos e não apenas de membros da irmandade 7. Percebe-se durante este ocorrido,

que transformações nos rituais fúnebres ocorreram no local, quando foi preciso

incorporar práticas de enterramentos que não são realizadas em contato com a terra

como as consolidadas pelos adeptos do Candomblé, com o início do cumprimento do

ritual nas carneiras.

A delimitação do espaço cemiterial pode ser distinguida em três níveis. O

primeiro faz menção que os sepultados são africanos encontram-se do lado externo da

igreja, acompanhados de dois jazigos de brasileiros; no segundo patamar estão os

jazigos dos brasileiros católicos e no terceiro nível encontram sepultadas Galdina Silva

conhecida como Mãe Baratinha seguido de túmulo, no mesmo corredor. Dentre estes,

5 A prática de enterramento nas carneiras ou a cremação dos corpos não é permitida no Candomblé. 6 SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nagôs e a Morte. 13. Ed. Petrópolis: Vozes, 2008. P.107.

7 Informação colhida em entrevista em 28 de abril de 2015.

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apenas o túmulo de Galdina Silva faz menção ao pertencimento da sepultada com o

Candomblé ao expor na inscrição tumular sentimentos de saudades, encerrando com a

saudação “Axé” 8.

Imagem 4. Túmulo de Galdina Silva (Mãe Baratinha). Foto: Ana Cláudia Jesus.

Durante o Romantismo9 a exaltação a memória dos mortos projetadas nos

símbolos presentes nos sepulcros são destacadas. A burguesia, como medida de

ascensão e distinção social teve influência no processo com posição privilegiada no

espaço cemiterial ao adotar a grandeza nas disposições estéticas tumulares. As

evidências materiais representativas da época do funcionamento do cemitério dispostas

nas seis lápides que se destacam entre as demais pelos elementos artísticos que compõe,

podem demonstrar quais informações acerca da cultura daquela comunidade. De acordo

Bellomo “[...] as inscrições, símbolos, estatuas, pinturas nos mostram a religiosidade

local e a relação religião / morte. Anjos, Cristos, crucifixos e estátuas de santos nos

revelam a visão cristã e as devoções mais comuns na região. [...]”. 10

As informações obtidas em entrevistas revelam que na parte superior do

cemitério existiam jazigos em grande quantidade onde após a reforma do espaço foram

8 A saudação axé para adeptos do Candomblé significa na língua Ioruba, poder e boas energias. Fonte:

http://www.significados.com.br/axe/.Acesso em 27/12/015. 9 Movimento que se manifesta como artístico e filosófico entre o fim do século XII e no começo do

Século XIX. Neste período o Brasil exalta a nacionalidade com a oposição na literatura da tradição

clássica.

10

Bellomo, Harry R. O cemitério como fonte de pesquisa histórica. In Anais do III Encontro de

Pesquisadores do Departamento de História. IFCH- PUCRS. Porto Alegre, 1996. P.3

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cimentadas para nivelamento do solo ocasionando na perda de grande parte do

patrimônio funerário. Sobre a importância da conservação destas documentações

representadas nas inscrições tumulares, Clarival Valladares diz que:

“[...] A perda das lápides corresponde á de documentos definitivos, uma vez

que a pose do jazigo perpétuo era privativa de uma elite mandatária absoluta.

Eram os documentos mais representativos da emblemática nobiliárquica e da

relação da sociedade com as ordens religiosas. Muitas continhas em suas

lápides dizeres informações históricas decisivas dando um testemunho de

pessoas datas, condição social e incidentalmente de obras realizadas

implicadas a biografia do sepultado. [...]”. 11

Presente na sepultura de Antônio Domingues Martins, o uso do obelisco

segundo Maria Elizia Borges é utilizado desde a iconografia egípcia com finalidade de

reverenciar e eternizar os mortos.12

Nos túmulos de Júlia Vianna e de Emília D´Aragão,

foi adotado o uso de colunas como representação simbólica demonstrando a posição

social do sepultado, sua origem africana e o grau de importância do falecido no meio em

que pertencia. De acordo com Thiago Araújo, este ornamento: “[...] tinha caráter

comemorativo e triunfal para homenagear e lembrar acontecimentos e pessoas

importantes. Pela sua verticalidade, a coluna é um símbolo de ascensão, representando a

evolução, no caso, da família que as erigiu. [...]”. 13

11

VALLADARES, C. do Prado. Arte e Sociedade nos Cemitérios Brasileiros. Rio

de Janeiro, Conselho Federal de Cultura – Departamento de Imprensa Nacional. 1972. 2v.

12

http://www.artefunerariabrasil.com.br/livrosArtigos.php.Acesso em 28/10/2015.

13

Araújo. Thiago Nicolau, Arte Cemiterial: uma análise dos elementos da arte antiga encontrados

nos cemitérios (1929- 1940). In. Cemitérios do Rio Grande do Sul- arte, sociedade, ideologia. Org. Harry

Bellomo. Harry Bellomo. Org.P.207.

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Imagem 5: Túmulo de Antônio Domingues Martins. Imagem 6: Túmulo de Julia Guimaraes Vianna.

Foto: Ana Cláudia Jesus.

Inicialmente com características angelicais, as alegorias refletiam um

discreto sensualismo demonstrado com a representação da figura feminina, fazendo

apelo ao emocional e ao sentimental. Para Daniel Leite:

“[...] Possuidoras de um caráter que ultrapassa o simples sentido das

estátuas, as alegorias representam ideias abstratas, fazendo alusão à política,

à religião, à moral e à sociedade. São figuras humanas, personificadas,

acompanhadas, de símbolos (...) em outras palavras, tem – se uma

apresentação concreta de uma representação mental [...]”. 14

Representação estas, que podem ser observadas no túmulo de Honorina da

Silveira, com localização no espaço dos católicos demonstrado na imagem a seguir.

14

Leita. DANIEL Meireles, Alegorias nos cemitérios do Rio Grande do Sul. In. Cemitérios do Rio

Grande do Sul- arte, sociedade, ideologia. Org. Harry Bellomo. P.113.

Formatado: Fonte: (Padrão) TimesNew Roman, 12 pt

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Imagem 7. Jazigo de Honorina da Silveira. Foto: Ana Cláudia Jesus

A cruz usada como símbolo do cristianismo e do catolicismo se faz presente

na sepultura de Paulina de Morais, com localização na área destinada aos católicos.

Sobre esta prática, Eliziana Castro diz que: “[...] a presença significativa de cruzes pode

indicar a predominância da crença cristã nestes espaços, mas também devem ser

consideradas questões estéticas que podem estar presentes nas escolhas de ornamentos e

de tipos construtivos [...]”. 15

Mateus Dalmáz complementa que o uso da cruz esta

relacionado à morte de Cristo:

“[...] Esta concepção se expressa no fato de Cristo ter morrido na Cruz, e por

isso, este símbolo assume aqui o significado especial da morte, da dor e

sofrimento. Por outro lado, também indica o triunfo de Cristo pelo fato de ter

havido a ressurreição. É graças a isso, portanto, que a cruz também se toma o

símbolo da vida eterna. [...]”. 16

O uso deste símbolo cristão se faz presente também em outra sepultura em

formato de urna, sem nenhuma identificação, este jazigo assim como o de Paulina de

Morais se encontra no espaço dos católicos contribuindo com a divisão do espaço.

15 Castro. Elisiana Trilha. Heberts. Ana Lucia. Cemitérios no Caminho: O Patrimônio Funerário ao

longo do Caminho das Tropas nos Campos de LAGES. p. 338.

16 Dalmáz. Mateus. Símbolos e seus significados na arte funerária cristã do Rio Grande do Sul.

Cemitérios do Rio Grande do Sul- arte, sociedade, ideologia. Org. Harry Bellomo. P.97.

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Imagem 8.Túmulo de Paulina de Morais.. Túmulo sem identificação.Foto: Ana Cláudia Jesus.

Aos monumentos são dadas as representações que a maioria coletiva atribui

à morte. Ao observar elementos constituintes imbuídos nos túmulos como os símbolos,

temas, dimensões e formas pode - se obter informações sobre o momento cultural de sua

criação. João José Reis afirma que: “[...] A maioria dos afluentes reconstituíram na

morte as hierarquias da vida. Túmulos perpétuos, individuais ou de família eram

ocupadas pelas personalidades mais poderosas da sociedade. [...]” 17

. Com isto nota-se

que representações e significados a cerca das simbologias presentes nos sepulcros,

conferem aos sepultados, tanto os de descendência africana quanto os brasileiros, a

possibilidade de garantir status e prestigio eternizado simbolicamente pelo jazigo

firmado no tempo no Cemitério dos Pretos e da cidade Cachoeirana.

2.0 É Tempo de Festa católica na igreja de Africanos Nagôs.

As manifestações que envolvem a sociedade com o bem patrimonial e que

ainda resistem ao tempo ocorrem inicialmente com os festejos em celebração a Nossa

Senhora do Monte Formoso durante o primeiro domingo do mês de novembro.

Com isto, permanece a busca pelo espaço social pelas irmandades negras

em órgão católico. Sobre esta relação Carlos Brandão afirma que:

17

Reis, José. História da vida privada no Brasil. O cotidiano da morte no Brasil Oitocentista. São

Paulo. Companhia das Letras, 1997. P128.

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“[...] no interior de uma sociedade dividida em classes, com modos de

participação e interesses antagônicos, senhores e escravos fizeram mediar

entre suas posições e poderes opostos a uma instituição quase única, capaz de

fornecer a ambos os lados, uma proximidade funcional e uma aparente

igualdade nos modos de participação, pelo menos na esfera da religião. [...]” 18

.

No sentido das transformações, nota - se que as tradições festivas na igreja

sofreram modificações significativas. Além da festa de Nossa Senhora do Rosário

durante os dias 5,6 e 7 de Janeiro era realizado pelas Irmandades a festa de Reis, onde

nesta celebração uma fogueira era consagrada ao Vodun Sogbo, uma divindade da

nação Jeje Mahim do Candomblé. 19

A realização desta festividade ainda prevalece nos

dias atuais, mesmo sem a presença dos elementos que fazem menção ao Candomblé. De

acordo com o Leonardo Oliveira, principal zelador da Igreja e do Cemitério, a fogueira

oferecida ao Vodun ainda é acessa. Podemos notar que mesmo submetidos à ordenação

da Igreja Católica, ritos africanos eram realizados, confirmando a existência do possível

envolvimento dos membros das irmandades com o Candomblé. Ainda sobre a

existência das festividades Romilda Machado, frequentadora dos eventos no templo

desde criança, informa em entrevista que:

“Ali não era novena não, era terno e no momento em que a casa caiu,

esqueceram tanto da igreja como da santa. Quando reformou foi que

começou as festas mais não é a mesma coisa de antes. Agente era menino, eu

e meu irmão, e a festa era muito mais bonita.” 20

.

Neste evento, após as missas realizadas na igreja, as pessoas que participam

da festa saem em procissão em volta das ruas do bairro e depois pela cidade. Durante

este período, os moradores enfeitam a rua e as portas de suas casas para saudarem a

santa e rezarem.

18

Brandão, Carlos Rodrigues. O Festim dos Bruxos: estudos sobre a religião no Brasil. Campinas.

Editora da UNICAMP. São Paulo, ícone, 1987. P 205. 19

Informação disponível em: Cachoeira: vivências e compreensões do patrimônio cultural. IPHAN. P

52.

20

Relato colhido em entrevista realizada em 22/10/2015.

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Imagem: 10. Procissão na Festa de Nossa Senhora. Foto: Leonardo Oliveira

A junção de expressões culturais do catolicismo com as de religião de matiz

africana dialogando entre si no mesmo espaço vem constituir o sentido de

pertencimento com as práticas realizadas, consolidando a Igreja do Rosarinho enquanto

referência para a comunidade. São estas tentativas de revitalização e manutenção dos

festejos religiosos que contribuem para o fortalecimento da continuidade de rituais

pertencentes às irmandades aproximando a comunidade com a própria história. Uma vez

que estas manifestações culturais se mostram resultantes de diferentes interações

presentes no tempo e no espaço, a complexidade deste patrimônio requer cuidados com

a preservação.

A movimentação na organização da igreja devido a perda de membros das

irmandades e com a chegada de novos integrantes faz com que seja inevitável que as

manifestações culturais não se tornem estáticas ressaltando a necessidade de preservar

aspectos culturais, festivos e religiosos do único templo religioso católico, fundado por

negros africanos e afro - brasileiros no alto de uma cidade colonial.

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3.0 Culto e pertencimento.

Em relação ao cemitério por conter africanos em sua fundação, e estes

segundo relatos dos entrevistados eram conhecedores dos segredos do Candomblé, o

espaço funerário esta envolto em áurea de mitos e tabus, considerado como um local

perigoso. Em pesquisa realizada a partir da metodologia da história oral junto a

moradores locais Romilda Machado ao se referir ao patrimônio funerário e aos que nele

ocupa um pequeno espaço, diz que:

“[...] o cemitério dos negros não é lugar pra qualquer um botar o pé não. Eu

já vi muitas histórias do povo que foi fazer oferenda pra aqueles africanos e

se deram mal. Aqueles africanos legítimos, aquele povo era muito

desconfiado. Não brinque com eles [...]”21

.

Segundo Romilda, seu pai, que era membro da Irmandade dos Martírios, contava

que o cemitério era muito respeitado em relação aos africanos sepultados. Esta

informação revela o quanto à comunidade mesmo sabendo que restos mortais se

perderam após a reforma do cemitério, ainda respeita e valoriza a história e memória

dos sepultados no Rosarinho.

Ainda sobre o respeito perante os africanos, pessoas de grande influência na

cidade, Antônio Domingues Martins era, de acordo com relatos orais, um africano

integrante de um grupo emergente na cidade de Cachoeira de descendência nobre.

Durante realização de entrevistas na comunidade, fui informada pelo Sr. Antônio

Pereira que o mesmo era príncipe na África. Possivelmente esta afirmação esteja

relacionada ao poder financeiro do africano na cidade de Cachoeira e ao destaque dos

jazigos da família de Domingues como referência dos africanos importantes da cidade22

.

A crença a continuidade do espírito e de salvação da alma se faz presente no

Cemitério do Rosarinho através das práticas ritualísticas de veneração e homenagem aos

mortos nos jazigos. De acordo com Durkheim “[...] os ritos são maneiras de agir que

21

Informação colhida em entrevista pessoal em 22/10/2015. 22

Relato colhido em entrevista pessoal em 25/04/2015.

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surgem unicamente no seio de grupos reunidos que se destinam a suscitar, a manter, ou

a refazer certos estados mentais destes grupos [...]”23

.

As flores que muito utilizada para tais fins, tanto em estado natural quanto

artificial, para Elisiana Castro “[...]” sua utilidade esta ligada ao cristianismo

representando a saudade e a vitória sobre as trevas [...] “24

se fazem presentes dispostas

nos jazigos mais recentes, enquanto que nos demais, predominam a homenagens com

acendimento de velas e orações. Como forma de demonstração destas práticas durante

dez anos Roberto, membro da irmandade dos martírios revelou em entrevista que todos

os anos ele acende velas e coloca flores nos jazigos dos africanos no dia dos Finados.

Com isto, ele intenciona manter relações com os antepassados buscando respostas aos

seus pedidos: “Eles (os africanos) atendem todos os meus pedidos e converso com eles

sempre.”25

.

Imagem: 11. Jazigo com disposição de flores em memória dos Africanos. Foto: Leonardo Oliveira.

Foi percebido em visita a campo que o envolvimento de pessoas da

comunidade no ritual de homenagear a memória dos mortos, acontece com maior

23

DURKHEIM, Emile. Formas Elementares da Vida Religiosa: o sistema totêmico na Austrália, São

Paulo, Paulinas. 1989. P.38.

24

Castro, Elisiana Trilha. A morte nos detalhes: religiosidade da estética funerária dos cemitérios de

imigrantes alemães na Grande Florianópolis (SC). P.8.

25

Relato colhido em entrevista pessoal em 11/11/2015. Nome fictício. O entrevistado pediu para não ser

identificado por motivos pessoais.

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frequência na parte interna da sacristia. Com o acendimento de velas sobre os ossuários,

elas vão homenagear seus parentes intencionando que o caminho dos sepultados seja

iluminado alcançando a alma à salvação divina.

Imagem: 12. Acendimento de velas em homenagem a memória do africano Antônio Domingues. Foto:

Ana Cláudia Jesus

A crença nos mortos do Rosarinho é mantida também na memoria dos que

ali já realizaram algum tipo de cerimônia. Romilda Machado conta que muitos rituais

do Candomblé eram realizados naquele cemitério lamentando que estas práticas tenham

diminuído após a reforma do espaço. Sobre isto, ela demonstra sua fé na memoria dos

que ali estão ao narrar um caso familiar de um parente que tinha o hábito de roubar

pertences de outras pessoas e foi curado após ter um trabalho feito no cemitério:

“Foi naquele cemitério dos negros que meu primo ficou bom. Foi ali ó. Não

menosprezando os outros espíritos, mas foi naquele que, na hora que foi

arriar os trabalhos, que bateu, que chamou eles, eles responderam [...] aqueles

espíritos fizeram o bem para meu primo. Que na hora que Baratinha chamou

por eles por meu primo, eles responderam. Morreu com mais de setenta anos

sem roubar mais nada de ninguém”26

.

Sobre isto, Ricardo de Oliveira comenta que: “[...] Estes procedimentos

visavam, também, conquistar o auxílio daqueles nas dificuldades da vida, pois, sendo

almas sem corpo, seus poderes seriam ampliados [...]”.27

Neste sentido, as ações em

26

Entrevista realizada em 22 de Outubro de 2015.

27

Oliveira, Ricardo Moreira de. Rituais aos Mortos, da tradição, do batuque e do Candomblé.

Habitus. Goiânia, v. 10, n.2, p. 259-270, jul./dez. 2012.

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torno das práticas funerárias no cemitério do Rosarinho intencionam que benefícios

sejam concebidos pelos rituais citados as almas que se encontram em outro plano

espiritual seja ele qual for. Deste modo a comunidade proporciona a manutenção da

memória do local para os que ficaram.

Nas observações realizadas no dia de finados durante ano de 2013 ao ano de

2015, foi percebido que no dia dois de Novembro, dia de consagração a alma dos

mortos; com exceção do túmulo de Galdina Silva, o ritual de ornamentação tumular se

faz presente apenas no jazigos dos africanos com disposição de flores, acendimento de

velas e limpeza dos jazigos. A escolha das lápides para estes rituais vai de acordo com a

identificação pessoal de quem os oferece. Neste caso, o ato é realizado por Leonardo, o

mesmo membro da irmandade que exerce a função de manter a tradição das praticas

funerárias neste cemitério como citado anteriormente. Neste sentido, podemos notar a

permanência das relações entre membros da irmandade e os sepultados encarando a

morte como o fim da vida terrena e o início da espiritual.

Como parte dos ritos funerários que integram o cemitério dos Nagôs, a

homenagem à memória dos que partiram se faz presente também em forma de música.

Os dobrados fúnebres, tocado pela filarmônica Lyra Ceciliana e pela Minerva

Cachoeirana no dia de finados indicam que, assim como as outras práticas, as posturas

funerárias mesmo discretas em torno do cemitério guardam em seus detalhes valores

culturais e religiosos desta comunidade. As filarmônicas tocam a marcha neste dia em

todos os cemitérios da cidade.

Imagem: 13. Filarmônica Lyra Ceciliana executando marchas fúnebres. Foto Leonardo Oliveira

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No cemitério do Rosarinho as praticas funerárias estão fortemente ligadas a

rituais do Candomblé. Por ser local onde a comunidade valoriza princípios africanos e

de culto destinado aos Eguns28

é intensa a procura por cemitério para deposito de

oferendas neste espaço.

Em visita de campo no cemitério do Rosarinho no ano de 1999, foi

verificado que a maioria dos jazigos encontravam – se abertos, deixando visível a

presença de uma quartinha e de miçangas usadas em contas; objetos que são utilizados

em cerimônias do Candomblé. Não se sabe se estes foram colocados junto com os restos

mortais ou se foi acrescentado depois com celebração de rituais. Com isto, podemos

notar a ligação do sepultado ou das pessoas que frequentava o local com rituais ligados

a este segmento religioso neste patrimônio. O que pode ser observado na imagem a

seguir, antes da reforma do espaço.

Imagem 14. Uso de quartinha em rituais funerários indicado pela seta vermelha. Foto autor.

Neste período da pesquisa foi incisiva a contribuição metodológica da

história oral que garantiu a construção da historicidade e das memórias que permeiam o

os mitos e lendas sobre o cemitério e as pessoas que ali estão sepultadas.

As crenças sobre o local, envolvendo as almas que nele habitam, têm

distanciado algumas pessoas contribuindo indiretamente com a permanência das

características do lugar. As histórias e estórias sobre castigos e brincadeiras por parte de

28

Egun significa espírito de uma pessoa falecida, segundo adeptos do Candomblé. Fonte:

https://ocandomble.wordpress.com/tag/egum/.Acesso em 22/12/2015.

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espíritos dos mortos que ali estão gera de certa forma respeito e temor pelo local. Sobre

isto, Raimundo Santos, morador do local comentou que:

“certa vez um homem foi mexer em uma cruz que ficava em cima do túmulo

de um africano que volta e meia virava pássaro e voava para a África. Essa

pessoa quando chegou em casa foi dormir e não acordou mais.”29

Estes relatos mantêm através da memória dos moradores locais grande parte

da história dos que estão sepultados. Sobre os costumes funerários presentes nesta

comunidade, a forma da mesma relacionar – se com o patrimônio é mais um fator que

podemos atribuir à continuidade das práticas presentes no cemitério enquanto

monumento histórico edificado, contribuinte com a preservação da fonte histórica do

passado. As relações estabelecidas neste patrimônio com as cerimônias que buscam

evocar a memória, tanto no âmbito cultural como no religioso, encontram-se em estado

de desaparecimento gradativo, demonstrando a necessidade de preservação destes

aspectos.

A observação de poucos, mas significativos elementos mostram como a

comunidade representa a importância do patrimônio funerário do Cemitério dos Pretos e

materialização da memória e dos sentimentos pelos que já se foram através das práticas

apresentadas. Sob este foco, ao observar os comportamentos diante da morte presente ao

longo dos anos, foi possível perceber que alguns rituais resistem ao tempo diante do

abandono em que se encontra o espaço pelos órgãos governamentais.

Referências Bibliográficas:

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antiga encontrados nos cemitérios (1929- 1940). In. Cemitérios do Rio Grande do

Sul- arte, sociedade, ideologia. Org. Harry Bellomo. Harry Bellomo.

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Anais do III Encontro de Pesquisadores do Departamento de História. IFCH-

PUCRS. Porto Alegre, 1996. P.3

29

O nome do entrevistado neste caso tornou – se fictício por pedido do mesmo, alegando motivos

pessoais.

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BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Festim dos Bruxos: estudos sobre a religião no

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DALMÁZ. Mateus. Símbolos e seus significados na arte funerária cristã do Rio

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Entrevistas:

28 /04/ 2015: Antônio Pereira. Entrevistador: Ana Cláudia S. de Jesus.

22/10/2015: Romilda Machado. Entrevistador: Ana Cláudia S. de Jesus

11/11/2015. Nome fictício. O entrevistado pediu para não ser identificado por

motivos pessoais. Entrevistador: Ana Cláudia S. De Jesus.

Sites consultados:

http://www.significados.com.br/axe/. Acesso em: 27/12/015.

http://www.artefunerariabrasil.com.br/livrosArtigos.php. Acesso em: 28/10/2015

http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-68045-13-janeiro-

1971-409924-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em 05/06/2015.