ANAIS do XII EPEM

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ANAIS do XII EPEM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NO CONTEXTO DAS PROPOSTA DO ENSINO INTEGRADO: PROJETOS E POLÍTICAS 1, 2 e 3 de maio de 2014 ISBN 978-85-98092-16-4 VOLUME 1 IFSP-SP - BIRIGUI –SP 2014

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  • ANAIS do XII EPEM

    EDUCAO MATEMTICA NO CONTEXTO DAS PROPOSTA DO

    ENSINO INTEGRADO: PROJETOS E POLTICAS

    1, 2 e 3 de maio de 2014

    ISBN 978-85-98092-16-4

    VOLUME 1

    IFSP-SP - BIRIGUI SP

    2014

  • Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de So Paulo

    Campus Birigui

    ANAIS do XII EPEM

    EDUCAO MATEMTICA NO CONTEXTO DAS PROPOSTA DO

    ENSINO INTEGRADO: PROJETOS E POLTICAS

    Organizadores

    Profa Dra. Luciane de Castro Quintiliano

    Profa Dra. Zionice Garbelini Martos Rodrigues

    Prof. Me. Adriano de Souza Marques

    Realizao

    Apoio

  • FICHA CATALOGRFICA

    Encontro Paulista de Educao Matemtica (12 : 2014 : Birigui).

    E46a

    Anais do XII Encontro Paulista de Educao Matemtica, 2 e 3 de maio de 2014 / organizado por Zionice Garbelini Martos Rodrigues, et al. - Birigui : SBEM-SP : IFSP, 2014.

    E-Book.

    ISBN: 978-85-98092-16-4

    1. Educao Matemtica - Congresso. 2. Pesquisa em Matemtica. 3. Iniciao cientfica. I. Sociedade Brasileira de Educao Matemtica. II. Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de So Paulo Campus Birigui. III. Ttulo

    CDD 510.07

  • COMISSO ORGANIZADORA (SBEM-SP)

    Eliane Matesco Cristovo

    Nelson Antonio Pirola

    COMISSO ORGANIZADORA (LOCAL)

    Docentes

    Allan Victor Ribeiro (IFSP Birigui)

    Ana Paula Ximenes Flores (IFSP Birigui)

    Andria de Alcntara Cerizza (IFSP Birigui)

    Jess Valrio de Paula (IFSP Birigui)

    Luciane de Castro Quintiliano (IFSP Birigui)

    Lidiane Ap. Longo e Garcia Gonalves (IFSP Birigui)

    Luiz Fernando da Costa Zonetti (IFSP Birigui)

    Manuella Aparecida Felix de Lima (IFSP Birigui)

    Rgis Leandro Braguim Stbile (IFSP Birigui)

    Zionice Garbelini Martos Rodrigues (IFSP Birigui)

    COMISSO CIENTFICA

    Comisso Editorial (SBEM-SP)

    Dario Fiorentini (Unicamp Campinas)

    Edna Maura Zuffi (USP - So Carlos)

    Marisa da Silva Dias (UNESP Bauru)

    Miriam Cardoso Utsumi (USP So Carlos)

    Saddo Ag. Almouloud (PUC SP)

    Zionice Garbelini Martos Rodrigues (IFSP - Birigui)

    Comisso Editorial (Local)

    Allan Victor Ribeiro (IFSP - Birigui)

    Jess Valrio de Paulo (IFSP - Birigui)

    Luciane de Castro Quintiliano (IFSP - Birigui)

    Zionice Garbelini Martos Rodrigues (IFSP - Birigui)

  • Pareceristas

    Conceio Aparecida Cruz Longo

    Cristiane Alexandra Lazaro (UNESP Bauru)

    Emlia de Mendona Rosa Marques (UNESP- Bauru)

    rica Valria Alves (UNEB - Bahia)

    Fernanda Aparecida Ferreira (CEFET - Belo Horizonte)

    Ivete Baraldi (UNESP - Bauru)

    Jos Roberto Giardinetto (UNESP - Bauru)

    Jurandyr Carneiro de Lacerda Neto (IFSP - Araraquara)

    Liliane Neves Inglez Souza (UNIP Limeira)

    Luis Amrico Monteiro Jnior (IFSP - Caraguatatuba)

    Marcelo Carlos de Proena (UEM Maring)

    Mrcio Pironel (IFMG - Formiga)

    Maria Ednia Martins Salandim (UNESP Bauru)

    Marta Santana Comrio (UNICAMP Campinas)

    Maria Jos da Silva Fernandes (UNESP - Bauru)

    Milene Machado (UNICAMP Campinas)

    Miriam Godoy Penteado (UNESP Rio Claro)

    Moacir Pereira de Souza Filho (UNESP Presidente Prudente)

    Norma Sueli Gomes Allevato (UNICSUL)

    Odalea Ap. Vianna- (UFU Uberlndia)

    Rogrio Marques Ribeiro (IFSP Guarulhos)

    Silvia Regina Quijadas Aro Zuliani (UNESP - Bauru)

    Silvia Viel (FACEF Franca)

    Silvia Regina Vieira da Silva (UNESP Ilha Solteira)

    Sueli Liberatti Javaroni (UNESP - Bauru)

    Telma Assad Mello (UNICAMP Campinas)

  • ndice SOBRE O EPEM .................................................................................................................. 12

    COMUNICAES CIENTFICAS ............................................................................................ 16

    EIXO TEMTICO: E1 - AVALIAO ....................................................................................... 16

    SARESP: SOBRE AS ESTRATGIAS UTILIZADAS POR UM GRUPO DE ALUNOS PARA RESOLVER

    SITUAES ENVOLVENDO FRAES ....................................................................................... 16

    QUE CONCEPES DE LGEBRA SURGEM NAS QUESTES DE MACROAVALIAOES: o caso do

    ENEM 2011. ............................................................................................................................. 30

    AS AVALIAES EXTERNAS NA FORMAO DOCENTE E NO ENSINO DE MATEMTICA ........ 42

    SISTEMA DE AVALIAO DE RENDIMENTO ESCOLAR DO ESTADO DE SO PAULO SARESP

    UM HISTRICO ........................................................................................................................ 57

    A PROVA BRASIL/2011: IDENTIFICANDO DIFICULDADES RELACIONADAS S CONCEPES DE

    LGEBRA POR MEIO DOS DESCRITORES ................................................................................. 72

    EIXO TEMTICO: E2 CURRCULO ...................................................................................... 89

    PROCESSO DE APROPRIAO, DE PROFESSORES, DE MATERIAIS DIDTICOS QUE

    APRESENTAM O CURRCULO DE MATEMTICA ...................................................................... 89

    CURRCULO E A PESQUISA EM CURRCULO DE MATEMTICA NO BRASIL. .......................... 103

    EIXO TEMTICO: E4 FORMAO DE PROFESSORES ........................................................ 118

    FORMAO DE PROFESSORES DE MATEMTICA EM MATO GROSSO: UMA HISTRIA ....... 118

    A TRAJETRIA DE VIDA ESCOLAR DO PROFESSOR E POSSVEIS IMPLICAES EM SUA

    PRTICA PEDAGGICA .......................................................................................................... 130

    PRTICAS DE RESOLUO DE PROBLEMAS NA FORMAO INICIAL: UM ESTUDO INSPIRADO

    NO RALI MATEMTICO.......................................................................................................... 144

    UMA EXPERINCIA DOCENTE EM SALA DE AULA DA GRADUAO COM A RESOLUO DE

    EQUAES DO 2 GRAU PELO MTODO DO COMPLETAMENTO DE QUADRADO DE AL-

    KHWARIZMI ........................................................................................................................... 159

    O PROCESSO DE FORMAO DE PROFESSORES E AS CONTRIBUIES DE UM PROGRAMA

    INSTITUCIONAL PARA A LICENCIATURA EM MATEMTICA .................................................. 175

    INVESTIGAES DAS CRENAS DOCENTES NO PROJETO PIBID. ........................................... 190

    A PRTICA PEDAGGICA DE UMA PROFESSORA AO UTILIZAR O JOGO PERDAS E GANHOS

    NA AULA DE MATEMTICA ................................................................................................... 207

    ANLISE DE NARRATIVAS DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMTICA E PARTICIPAM DE

    UM GRUPO COLABORATIVO ................................................................................................. 222

    INVESTIGANDO AS ZONAS DE UM PERFIL CONCEITUAL DE EQUAO PRESENTES NAS

    CONCEPES DE UM GRUPO DE PROFESSORES DE MATEMTICA NUM CURSO DE

    FORMAO CONTINUADA .................................................................................................... 232

    FORMAO DE PROFESSORES DE MATEMTICA- EVASO NOS CURSOS DE FORMAO

    CONTINUADA ........................................................................................................................ 243

  • ESTUDOS EM GRUPO NA FORMAO INICIAL DE PROFESSORES DE MATEMTICA A

    DISTNCIA ............................................................................................................................. 255

    UM ESTADO DO CONHECIMENTO SOBRE A FORMAO CONTNUA DE PROFESSORES DOS

    ANOS INICIAIS NO CAMPO MULTIPLICATIVO........................................................................ 268

    UM PERFIL DOS ALUNOS INGRESSANTES NA LICENCIATURA EM MATEMTICA DA UFMT

    CAMPUS UNIVERSITRIO DE RONDONPOLIS ..................................................................... 282

    A APRENDIZAGEM DA LGEBRA ESCOLAR A PARTIR DOS DEPOIMENTOS DE FUTUROS

    PROFESSORES: PERCEPES, COMPREENSES, FACILIDADES E DIFICULDADES .................. 298

    UMA COMPREENSO DE LGEBRA CONSTRUDA PELO OLHAR DAS CONCEPES DE

    PROFESSORAS DE ENSINO SUPERIOR ................................................................................... 314

    INVESTIGAO SOBRE OS CONHECIMENTOS PARA O ENSINO DE SITUAES PARTE-TODO

    EM UM PROCESSO FORMATIVO ........................................................................................... 328

    FORMAO NA DESCONTINUIDADE: UM ESTUDO SOBRE A FORMAO CONTINUADA DE

    PROFESSORES ........................................................................................................................ 342

    EIXO TEMTICO: (E5 HISTRIA E FILOSOFIA) .................................................................. 353

    POSSVEL DEFINIR O CONCEITO DE VERDADE EM LINGUAGENS COMO DA MATEMTICA?

    ............................................................................................................................................... 353

    SIMETRIA E ARQUITETURA: UM ESTUDO DE CASO DA IGREJA MATRIZ DE VOTUPORANGA-SP

    ............................................................................................................................................... 368

    CONCEPES DE FORMAO DE PROFESSORES DE MATEMTICA: UM ESTUDO A PARTIR DE

    NARRATIVAS .......................................................................................................................... 383

    REFLEXES SOBRE MATEMTICA, INTELIGNCIA ARTIFICIAL, CONSCINCIA E CINEMA ..... 394

    UMA PERSPECTIVA CULTURAL PARA O ENSINO DE MATEMTICA ...................................... 406

    A MATEMTICA VIVA: EXPLORANDO A CURIOSIDADE COM CONJECTURAS SOBRE NMEROS

    PRIMOS .................................................................................................................................. 420

    OS LIVROS DE MATEMTICA PARA OS CURSOS COMERCIAIS BSICOS DA REFORMA

    CAPANEMA ............................................................................................................................ 434

    EIXO TEMTICO: E6 - PSICOLOGIA .................................................................................... 449

    FRAO: SITUAO PARTE-TODO EM QUESTES DE NOMEAR FRAO E DE RACIOCNIO.449

    EIXO TEMTICO: E7 RESOLUO DE PROBLEMAS E INVESTIGAO MATEMTICA .......... 459

    TEMPO E SUAS MEDIES: UM ESTUDO DOS CONHECIMENTOS MOBILIZADOS POR ALUNOS

    DO 6 ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL ............................................................................... 459

    TEORIA DO CAOS E FRACTAIS: A UTILIZAO DE UM PNDULO CATICO COMO

    ESTRATGIA DE ENSINO ........................................................................................................ 471

    A UTILIZAO DE UM QUEBRA-CABEA NO ENSINO DE GEOMETRIA ESPACIAL: ANLISE,

    ELABORAO DE ATIVIDADES E USO EM SALA DE AULA ...................................................... 485

    A COMPREENSO EM LEITURA E SUA INFLUNCIA NA RESOLUO DE

    EXERCCIOS/PROBLEMAS DE MATEMTICA ......................................................................... 497

  • EDUCAO FINANCEIRA: ANALISANDO OS CONHECIMENTOS DE ALUNOS DO PRIMEIRO ANO

    DO ENSINO MDIO ................................................................................................................ 513

    EIXO TEMTICO: E8 - TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAO .......................... 529

    O USO DA FERRAMENTA GEOGEBRA NO ENSINO E APRENDIZADO DA MATEMTICA PELOS

    ALUNOS DA FATEC OURINHOS .............................................................................................. 529

    TECNOLOGIAS DIGITAIS E A PRTICA DO PROFESSOR DE MATEMTICA NO ENSINO

    FUNDAMENTAL II .................................................................................................................. 544

    EXPOSIO DO GEOGEBRA PARA DISPOSITIVOS MVEIS E WEB 2.0 COMO FERRAMENTA NA

    EDUCAO MATEMTICA ..................................................................................................... 556

    A UTILIZAO DO GEOGEBRA NA CONSTRUO DE FUNES REAIS DEFINIDAS POR MAIS DE

    UMA SENTENA .................................................................................................................... 568

    A INSERO DO COMPUTADOR NAS AULAS DE MATEMTICA ............................................ 581

    O USO DE JOGOS ELETRNICOS COMO ELEMENTOS MOBILIZADORES NO PROCESSO DE

    ENSINO-APRENDIZAGEM DE FSICA. ..................................................................................... 593

    EIXO TEMTICO: E9 - EDUCAO INCLUSIVA .................................................................... 604

    ORIGENS DAS DIFICULDADES DE APRENDER MATEMTICA NOS PRIMEIROS ANOS DO

    ENSINO FUNDAMENTAL ........................................................................................................ 604

    O QUE OS PROFESSORES DE MATEMTICA DIZEM QUANDO O ASSUNTO EDUCAO

    INCLUSIVA?............................................................................................................................ 616

    Eixo Temtico: E-10: Educao Profissional .......................................................................... 628

    DERIVADAS E INTEGRAIS NOS CURSOS MDIOS INTEGRADOS AO TCNICO-O QUE DIZEM OS

    PROFESSORES DAS DISCIPLINAS TCNICAS ........................................................................... 628

    RELATOS DE EXPERINCIA ................................................................................................ 644

    EIXO TEMTICO: E1 - AVALIAO ..................................................................................... 644

    TRIGONOMETRIA: EXPECTATIVAS INSTITUCIONAIS PARA A PRTICA DOCENTE ................. 644

    EIXO TEMTICO: E3 ETNOMATEMTICA E MODELAGEM ................................................ 657

    OBSERVATRIO DA EDUCAO: ATIVIDADES DESENVOLVIDAS UTILIZANDO A MODELAGEM

    MATEMTICA COMO METODOLOGIA .................................................................................. 657

    UMA ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMTICA NO CURSO DE JOGOS DIGITAIS ............. 666

    ETNOMATEMTICA NA REGIO DE PENAPLIS: UMA POSSIBILIDADE DE TRABALHO COM OS

    POVOS DA ALDEIA ICATU ...................................................................................................... 673

    EIXO TEMTICO: E4 FORMAO DE PROFESSORES ........................................................ 678

    UM PROJETO INTERDISCIPLINAR SOBRE A DENGUE ENVOLVENDO O ................................. 678

    IFSP E UMA ESCOLA DE INTERVENO PRIORITRIA ........................................................... 678

    O ENSINO DE GEOMETRIA, A UTILIZAO DE TICs E A RESOLUO DE PROBLEMAS: UMA

    MISTURA POSITIVA PARA O ENSINO DE MATEMTICA ........................................................ 686

  • O ENSINO DO GEOGEBRA COMO FERRAMENTA DE SOLUES DE PROBLEMAS

    MATEMTICOS POR MEIO DE CONSTRUES GEOMETRICAS ENSINO FUNDAMENTAL II e

    ENSINO MDIO ...................................................................................................................... 696

    DILOGOS ENTRE MATEMTICA E CULTURA: CONTRIBUIES DA ETNOMATEMTICA NA

    FORMAO DE PROFESSORES DA ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL ....................................... 704

    DAS CONCEPES DE CURRCULO FORMAO DE PROFESSORES QUE ENSINAM

    MATEMTICA NOS ANOS INICIAIS: UM OLHAR SOBRE O PROJETO EMAI DA SECRETARIA DA

    EDUCAO DE SO PAULO ................................................................................................... 714

    APLICANDO JOGOS E MODELOS GEOMTRICOS NO ENSINO DE MATEMTICA .................. 725

    PROFESSORES E TECNOLOGIAS: A INCLUSO DO PROFESSOR DE MATEMTICA NA ERA

    DIGITAL .................................................................................................................................. 731

    MATEMTICA & FUTEBOL: CONSTRUINDO CONHECIMENTOS GEOMTRICOS A PARTIR DA

    CONFECO DE UMA BOLA .................................................................................................. 734

    O ESTGIO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR: EXPERINCIAS VIVIDAS E COMPARTILHADAS

    ............................................................................................................................................... 743

    O PROCESSO COLETIVO NA ELABORAO DE UMA SITUAO DESENCADEADORA DE

    APRENDIZAGEM DO CONCEITO DE MEDIDA DE REA .......................................................... 753

    ENSINO DE POTENCIAO COM MSICA E INSTRUMENTOS MUSICAIS .............................. 768

    UMA COLABORAO S POLTICAS PBLICAS VISANDO MELHORIA DA FORMAO DO

    PROFESSOR DE MATEMTICA: DUAS INCLUSES NA SALA DE AULA ................................... 776

    CONTRIBUIES DO SUBPROJETO DE MATEMTICA DO PIBID/UVA/2009 NA FORMAO DE

    PROFESSORES ........................................................................................................................ 790

    RELATO DE EXPERINCIA COM O PIBID. ............................................................................... 799

    EIXO TEMTICO: E5 HISTRIA E FILOSOFIA .................................................................... 803

    O USO DA HISTRIA ORAL COMO FERRAMENTA DE PESQUISA NO ENSINO DE MATEMTICA

    NA CIDADE DE BIRIGUI/SP ..................................................................................................... 803

    LEITURA E ESCRITA NAS AULAS DE MATEMTICA: UMA PROPOSTA UTILIZANDO A HISTRIA

    DA MATEMTICA .................................................................................................................. 808

    A UTILIZAO DA MSICA COMO RECURSO DIDTICO NO ENSINO DA MATEMTICA ....... 817

    EIXO TEMTICO: E7 RESOLUO DE PROBLEMAS E INVESTIGAO MATEMTICA .......... 826

    PIBID/MATEMTICA/UVA E A INVESTIGAO EM SALA DE AULA: ...................................... 826

    UMA POSSIBILIDADE PARA O ENSINO INTEGRADO .............................................................. 826

    ATIVIDADES DE INVESTIGAO MATEMTICA DESENVOLVIDAS PELO OBSERVATRIO DA

    EDUCAO ............................................................................................................................ 834

    GEOMETRIA PLANA VERSUS ESPACIAL: UMA EXPERINCIA NA EXPLORAO DE

    MULTISSIGNIFICADOS. .......................................................................................................... 844

    CLUBE DE MATEMTICA: EM BUSCA DE MULTIPLICADORES DE MATEMTICA .................. 852

  • UTILIZANDO BRINCADEIRAS PARA O ENSINO DE NOES MATEMTICAS NA EDUCAO

    INFANTIL. ............................................................................................................................... 859

    O LDICO COMO DIFERENCIAL NO ENSINO DE MATEMTICA ............................................. 863

    A IMPORTNCIA DOS MATERIAIS MANIPULATIVOS NO ENSINO DE GEOMETRIA ............... 873

    O USO DE JOGOS NO ENSINO DE EQUAO DO 2 GRAU .................................................... 881

    APRENDIZAGEM MATEMTICA POR MEIO DA VISUALIZAO: CONSTRUO DE FIGURAS

    ESPACIAIS .............................................................................................................................. 891

    ENSINO DE NMEROS RACIONAIS E IRRACIONAIS UTILIZANDO FRAES CONTNUAS ...... 899

    UTILIZAO DE SOFTWARE NO ENSINO DE MATEMTICA: RELATOS DE EXPERINCIA ....... 908

    APRENDENDO E ENSINANDO NMEROS COMPLEXOS: ........................................................ 914

    EXPERINCIA COM TECNOLOGIA EDUCACIONAL .................................................................. 914

    ENTRE ISOMETRIAS E CALEIDOSCPIOS VIRTUAIS: UMA EXPERINCIA COM O GEOGEBRA NO

    ENSINO SUPERIOR ................................................................................................................. 924

    EIXO TEMTICO: E9 - EDUCAO INCLUSIVA ................................................................... 935

    O ENSINO DE MATEMTICA PARA UM ALUNO COM A SNDROME DE STURGE-WEBER ..... 935

    EDUCAO MATEMTICA NA TERCEIRA IDADE: UMA EXPERINCIA COM ATIVIDADES

    MANIPULATIVAS ................................................................................................................... 943

    UNO EM LIBRAS PARA ALUNOS COM DEFICINCIA AUDITIVA DO ENSINO FUNDAMENTAL,

    ANOS FINAIS .......................................................................................................................... 952

    EIXO TEMTICO: E10 - EDUCAO PROFISSIONAL ............................................................ 962

    A DISCIPLINA DE MATEMTICA NO ENSINO TCNICO INTEGRADO COM O MDIO EM

    QUMICA: ALGUMAS CONSIDERAES................................................................................. 962

    MINI-CURSOS .................................................................................................................. 971

    EIXO TEMTICO: E2 - CURRCULO ..................................................................................... 971

    RELAES ESPACIAIS E O USO DO LIVRO DIDTICO: REFLEXES SOBRE O ENSINO E A

    PRTICA DOS PROFESSORES ................................................................................................. 971

    EIXO TEMTICO: E3 - ETNOMATEMTICA E MODELAGEM. ............................................... 977

    CONSTRUINDO CONCEITOS GEOMTRICOS ATRAVS DA ARTE. .......................................... 977

    EIXO TEMTICO: E4 FORMAO DE PROFESSORES ........................................................ 982

    A UTILIZAO DE JOGOS EM SALA DE AULA: O UNIVERSO DOS JOGOS E O ENSINO DE

    MATEMTICA ........................................................................................................................ 982

    OS JOGOS NO ENSINO DO CAMPO MULTIPLICATIVO ........................................................... 987

    O ORIGAMINA NA MATEMTICA ESCOLAR .......................................................................... 992

    REFLEXES SOBRE DIFERENTES CONCEPES DE LGEBRA NA MATEMTICA ESCOLAR ... 997

    EIXO TEMTICO: E5 - HISTRIA E FILOSOFIA. .................................................................. 1002

    ATIVIDADES HISTRICAS PARA O ENSINO DE EQUAES EXPONENCIAIS ......................... 1002

  • EIXO TEMTICO: E7 RESOLUO DE PROBLEMAS E INVESTIGAO MATEMTICA ........ 1007

    ANLISE DE ERROS NA PROMOO DA .............................................................................. 1007

    APRENDIZAGEM MATEMTICA UTILIZANDO O .................................................................. 1007

    ENSINO ATRAVS DA RESOLUO DE PROBLEMAS ............................................................ 1007

    OS BLOCOS DE CONTEDO DOS PARMETROS CURRICULARES NACIONAIS TRABALHADOS

    POR MEIO DA METODOLOGIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM-AVALIAO DE MATEMTICA

    ATRAVS DA RESOLUO DE PROBLEMAS ......................................................................... 1012

    A TORRE DE HANI NAS AULAS DE MATEMTICA ............................................................. 1017

    MATEMTICA NA EDUCAO BSICA: AS POSSIBILIDADES DA INVESTIGAO MATEMTICA

    COMO ESTRATGIA DE ENSINO .......................................................................................... 1023

    EIXO TEMTICO: E8 - TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAO ........................ 1027

    USANDO O ARDUINO COMO FERRAMENTA NO ENSINO DE MATEMTICA....................... 1027

    PROFESSORES E TECNOLOGIAS: A INCLUSO DO PROFESSOR DE MATEMTICA NA ERA

    DIGITAL ................................................................................................................................ 1031

    EIXO TEMTICO: E9 EDUCAO INCLUSIVA ................................................................. 1035

    PRIMEIRAS NOES NUMRICAS PARA CRIANAS COM SNDROME DE DOWN ATRAVS DE

    MATERIAIS MULTISSENSORIAIS .......................................................................................... 1035

    INTEGRAO ENTRE NEUROCINCIAS E EDUCAO NO APOIO A CRIANAS COM

    DISCALCULIA. ....................................................................................................................... 1041

    EIXO TEMTICO: E10 EDUCAO PROFISSIONAL .......................................................... 1046

    O ENSINO DE MATEMTICA NA EDUCAO PROFISSIONAL BASEADO NA ENGENHARIA

    DIDTICA E COM O AUXLIO DE SOFTWARES ..................................................................... 1046

  • 12

    SOBRE O EPEM

    Descrio do logotipo do XII EPEM

    O logotipo do XII Encontro Paulista de Educao Matemtica, integra elementos geomtricos

    que aludem cidade Birigui, Matemtica e Instituio onde se realiza o evento.

    O tema:

    Birigui, cidade prola.

    Cidade Prola, um segundo nome de Birigui, remonta de 1934 quando

    um jornalista vindo de So Paulo, de forma romntica, usou essa

    expresso para designar a cidade a qual acabou por permanecer at

    hoje.

    As formas:

    Todas as formas presentes no logo so elementos geomtricos que

    fazem referncia Matemtica.

    A Forma Elptica muito presente alude Concha Acstica, um ponto de

    referncia de Birigui localizado na praa central. Para exaltar os conceitos

    matemticos foram representados no logo, os focos da elipse.

    A Esfera localizada ao centro representa a Prola.

    As Setas Cruzadas na horizontal e vertical representam as coordenadas do

    Plano Cartesiano que, criado pelo matemtico Ren Descartes elemento

    matemtico de grande importncia, pois associa a geometria lgebra.

    As cores:

    As cores, verde e vermelho em predominncia fazem aluso s cores do IFSP, Instituio onde

    se realiza o evento.

    A criao:

    Projeto vencedor do Concurso de Criao de Logotipo para o XII EPEM escolhido pela

    Comisso Organizadora do Evento foi desenvolvido por Edvan Ferreira dos Santos, graduando

    do curso de Licenciatura em Matemtica do Instituto Federal de Cincia e Tecnologia de So

    Paulo Campus Birigui.

    Concha Acstica de Birigui Praa

    Dr. Gama.

  • 13

    XII Encontro Paulista de Educao Matemtica e V Frum de Licenciaturas em

    Matemtica

    O tema escolhido para o XII EPEM, realizado nos dias 02 e 03 de Maio de 2014, foi a

    Educao Matemtica no contexto das propostas de Ensino Integrado: projetos e polticas.

    Nosso principal objetivo foi discutir os impactos das polticas pblicas do governo do Estado de

    So Paulo tais como, matriz curricular, avaliao de desempenho de alunos, entre outros, no

    ensino da Matemtica das escolas de Ensino Integrado.

    A proposta do Ensino Mdio Integrado Educao Profissional tem como objetivo

    proporcionar um avano na qualidade dessa etapa final da educao bsica. E o currculo, nesta

    modalidade, caracteriza-se pelo ensino dos contedos do Ensino Mdio e da formao

    profissional de forma integrada ao longo de todo o curso, os quais devem ser trabalhados

    considerando a indissociabilidade entre teoria e prtica.

    Aos estudantes proporcionada a oportunidade de concluir o Ensino Mdio e,

    simultaneamente, obter uma formao especfica habilitando-os para mundo do trabalho. Assim,

    tal modalidade de ensino tem por objetivo possibilitar a melhoria das condies de cidadania, de

    trabalho e de incluso social aos jovens e adultos buscando uma formao profissional de

    qualidade que permita alar novos rumos para suas vidas.

    Neste sentido, acreditamos ser necessria e primordial a discusso sobre como o ensino

    de matemtica vem sendo abordado nesses cursos. Vrios autores1 tm enfatizado que para o

    processo de ensino-aprendizagem da Matemtica, neste contexto, importante no s

    considerar as diversas abordagens existentes tais como, a resoluo de problemas, a modelagem

    matemtica e o trabalho com projetos, mas tambm torna-se necessrio que a comunidade de

    educadores matemticos no ignore o avano desta modalidade de ensino, bem como sob qual

    perspectiva a Matemtica deve ser abordada nesses cursos.

    Na Reunio Anual da Anped2 de 2011 cuja temtica foi Educao Matemtica e

    Ensino Mdio, dois textos foram produzidos e submetidos para a Sesso de Trabalho

    Encomendado3 pelo Grupo de Trabalho de Educao Matemtica (GT19) os quais trazem,

    segundo Lopes (2011), para a discusso e reflexo uma questo primordial que Qual

    Educao Matemtica se faz necessria?, e ainda ressaltam a necessidade premente da

    ampliao na produo cientfica, para esse nvel de ensino.

    A partir do XI EPEM, quando na ocasio houve apenas a candidatura do IFSP Campus

    Birigui para a realizao do XII EPEM, muitas aes e decises tiveram que ser tomadas. Desde

    a definio de um tema at a busca de parcerias para que o evento acontecesse da melhor forma

    possvel.

    1 MAGALHES, Renato.; NACARATO, Adair M.; REINATO, Rosicler A. O. Educao Matemtica e o ensino tcnico profissionalizante em nvel mdio: notas para o debate. Texto produzido atendendo solicitao do Grupo de Trabalho de Educao Matemtica da ANPED, 2011.

    2 Associao Nacional de Ps-Graduao e Pesquisa em Educao. 3LOPES, Celi Espasandin. Os desafios e as perspectivas para a Educao

    Matemtica no Ensino Mdio. Trabalho encomendado pelo GT19- Educao Matemtica, para

    apresentao na 34 Reunio Anual da ANPED. Natal, 2011.

  • 14

    A composio da comisso organizadora local ocorreu de forma colaborativa e todos

    aqueles que possuam alguma ligao com a Licenciatura em Matemtica estiveram envolvidos.

    Colaboraram na organizao tambm a rea de Gesto, Automao e Informtica. E pudemos

    contar ainda, com a parceria de uma fbrica de calados da cidade de Birigui que nos cedeu a

    confeco das bolsas e tambm de uma indstria que fez doao de refrigerantes. A elaborao

    da plataforma Anturpia para o recebimento dos trabalhos em forma digital foi realizada pela

    Profa. Helen de Freitas do IFSP, campus Birigui, que prontamente nos atendeu.

    Os trabalhos selecionados foram divididos em 10 eixos listados a seguir: E1

    Avaliao; E2 Currculo; E3 Etnomatemtica e Modelagem; E4 Formao de Professores;

    E5 Histria e Filosofia; E6 Psicologia; E7 Resoluo de Problemas e Investigao

    Matemtica; E8 Tecnologias de Informao e Comunicao; E9 Educao Inclusiva; E10

    Educao Profissional.

    Os trabalhos puderam ser submetidos na forma de Comunicao Cientfica, Relato de

    Experincia e Minicurso. Na modalidade Comunicao Cientfica foram aprovados 48

    trabalhos, na modalidade Relato de Experincia foram aceitos 37 e ainda, na modalidade

    Minicursos foram aprovados 16 trabalhos, e que todos podero ter acesso por meio deste Ebook.

    O EPEM j se consolidou como um evento importante da Educao Matemtica no

    Estado de So Paulo, constituindo-se em um momento privilegiado para debater questes sobre

    polticas pblicas, formao de professores e o ensino da matemtica nos diversos nveis.

    Ao longo de sua histria, a SBEM tem procurado atuar como um frum de debates com

    o objetivo de promover mudanas na formao matemtica de todos os cidados e, em especial,

    no campo da formao de profissionais que ensinam Matemtica.

    I EPEM - 1989 - PUC Campinas, Campinas.

    II EPEM - 1991 USP, So Paulo.

    III EPEM - 1993 UNESP, Bauru.

    IV EPEM - 1996 PUC, So Paulo.

    V EPEM - 1998 FIRP/UNESP, So Jos do Rio Preto.

    VI EPEM - 2001 FAFICA, Catanduva.

    VII EPEM - 2004 USP, So Paulo.

    VIII EPEM - 2006 UNICSUL, So Paulo.

    IX EPEM 2008 UNESP Bauru

    X EPEM 2010 USP/UFSCar So Carlos

    XI EPEM 2012 UNESP So Jos do Rio Preto

    Assim, o V Frum Paulista de Licenciaturas em Matemtica foi realizado nas

    dependncias do IFSP-Campus Birigui, no dia 01/05/2014 e teve como tema a Formao do

    professor de matemtica e a valorizao da carreira docente.

  • 15

    O evento contou com a participao de 128 inscritos, entre alunos de Licenciatura em

    Matemtica, estudantes de ps-graduao, e professores do ensino superior e da educao

    bsica.

    A mesa de abertura contou com a presena das pesquisadoras Prof Dr Marta Maria

    Pontin Darsie, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Prof Maria Sufaneide

    Rodrigues, Diretora da Secretaria de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos

    Professores do Ensino Oficial do Estado de So Paulo (APEOESP) e a Mediadora Prof Dr Ana

    Cristina Ferreira, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

    No perodo da tarde, os trabalhos foram desenvolvidos em trs grupos de trabalho, e em

    seguida houve uma Plenria de encerramento do V Frum, na qual definiu-se uma comisso

    para a elaborao de documento sntese/propositivo contendo as discusses e reflexes sobre os

    temas abordados pelos trs grupos de trabalho formados, onde discorrer-se-ia sobre as crticas e

    anseios dos professores sobre a eficcia ou no das polticas pblicas implementadas pelo

    governo do Estado de So Paulo. A comisso foi composta pelas seguintes professoras: Profa.

    Dra. Luciane de Castro Quintiliano, Profa. Dra. Zionice Garbelini Martos Rodrigues, Profa.

    Ma. Ktia Lima. Os pontos discutidos nos GTs sero apresentados, posteriormente, no relatrio

    sntese que ser elaborado. Os pontos de discusso para o debate propostos pela Profa. Dra. Ana

    Cristina Ferreira na ocasio da abertura do V Frum foram os seguintes: 1. Salrio/piso salarial;

    2. Carreira; 3. Condies de trabalho; 4. Formao inicial; 5. Formao continuada; 6.

    Legislao e diretrizes.

  • 16

    COMUNICAES CIENTFICAS

    EIXO TEMTICO: E1 - AVALIAO

    SARESP: SOBRE AS ESTRATGIAS UTILIZADAS POR UM GRUPO DE

    ALUNOS PARA RESOLVER SITUAES ENVOLVENDO FRAES

    Tiago Augusto dos Santos ALVES UNIBAN SP ([email protected])

    Anglica Fontoura GARCIA SILVA UNIBAN SP ([email protected])

    Cntia Caputo PORTELA ALVES UNIBAN SP ([email protected])

    Resumo: O presente trabalho parte de um estudo desenvolvido no ano de 2013, o qual

    teve a finalidade de analisar a compreenso dos alunos da 5 srie/ 6 ano do Ensino

    Fundamental em relao a situaes-problema apresentadas no Sistema de Avaliao do

    Rendimento Escolar do Estado de So Paulo SARESP de anos anteriores que

    versavam sobre a representao fracionria dos Nmeros Racionais. Trata-se de uma

    pesquisa de natureza qualitativa cujos dados foram coletados por meio de um

    questionrio de carter diagnstico e entrevistas. O questionrio era composto de 10

    questes, das quais trs so aqui discutidas. Esses dados foram coletados em uma

    escola da rede pblica de ensino paulista. Na sequncia, foram realizadas anlises das

    estratgias adotadas pelos participantes luz de resultados de pesquisa da rea e

    tambm comparamos com os resultados apresentados nos relatrios do SARESP.

    Teoricamente, fundamenta-se esta investigao em Vergnaud e Nunes que investigam

    questes didticas sobre o objeto matemtico: representao fracionria do nmero

    racional. De modo geral, a anlise das informaes obtidas permitiu identificar que os

    alunos apresentaram maior dificuldade nos itens que se referem representao da

    situao quociente e equivalncia de fraes e, em contrapartida, demonstraram um

    considervel desempenho em situaes parte-todo. Disso possvel inferir que o ensino

    destes estudantes teve foco em tal tipo de situao.

    Palavras-chave: Ensino e aprendizagem; Frao; SARESP; Situao quociente;

    Equivalncia de fraes; Parte-todo.

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]

  • 17

    1. Introduo

    Este artigo faz parte de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida no mbito do

    projeto Observatrio da Educao. Trata-se de um projeto de formao e investigao,

    financiado por um programa da Capes Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal

    de Nvel Superior com o objetivo de fomentar estudos e pesquisas em educao, de

    forma a proporcionar a articulao entre ps-graduao, licenciaturas e escolas de

    educao bsica.

    Considerando-se o termo frao, definido por Kieran (1993), como sendo a

    representao fracionria de nmero racional, formado por , em que a e b so nmeros

    inteiros e b 0, o presente trabalho pretende, a partir de reviso bibliogrfica e pesquisa

    de campo, analisar a compreenso desse assunto por um grupo de alunos da 5 srie/ 6

    ano do Ensino Fundamental da rede pblica estadual paulista, frente aos resultados

    obtidos com os relatrios do Sistema de Avaliao do Rendimento Escolar do Estado de

    So Paulo (SARESP) de anos anteriores.

    2. Relevncia e Fundamentao

    Nesta investigao procuramos analisar a resoluo de alunos que frequentam

    uma escola da rede pblica participante do Projeto Observatrio luz de outras

    pesquisas que tratam de questes relacionadas aos processos de ensino e aprendizagem

    das fraes. Apoiamos-nos tambm em estudos como o de Nunes e colegas (1997,

    2005) que fundamentados nas ideias de Vergnaud (1990) propem que sejam

    considerados os invariantes ordem e equivalncia e diferentes situaes que pretendam

    dar significados frao e as suas possveis representaes.

    Nunes e Bryant (1997) consideravam o ensino das fraes, j no final da dcada

    de 90, alertando quanto forte tendncia por parte dos professores em trabalhar o seu

    conceito utilizando, sobretudo, o significado parte-todo. Salienta-se que esse fato

    tambm evidenciado por Canova (2006), Damico (2007), Garcia Silva (2007) e

    Monteiro Cervantes (2011). Para este trabalho ser adotada a definio da relao parte-

    todo fornecida por Nunes e Bryant (2009) apoiada em Behr, Harel, Post e Lesh (1992;

    1993) como uma quantidade dividida em um certo nmero de partes (y), do qual

    retirado um nmero especificado (x). Os autores afirmam ainda que o smbolo

  • 18

    representa esta quantidade em termos de relao parte-todo (NUNES e BRYANT,

    2009, p.10).

    Admitir-se- para este trabalho a definio de Nunes et al (2009) para o

    significado quociente como a indicao de uma diviso e seu resultado, na qual os

    autores assim a consideram quando duas grandezas, x e y, so tratadas como

    componentes de uma diviso, ou seja, x como o dividendo e y como divisor, e, portanto,

    obtm-se uma nica quantidade . Definio prxima a essa adotada nos Parmetros

    Curriculares Nacionais de Matemtica (1998). Para seus autores a ideia de quociente

    identificada na interpretao do nmero racional como quociente de um inteiro por

    outro (a:b = ; b 0).

    A partir de tais definies, Garcia Silva et al (2013), apoiados nos trabalhos

    desenvolvidos por Nunes (2003), verificaram que a utilizao, principalmente, da

    situao quociente, estimula os alunos a refletirem sobre o uso de fraes. Alm disso,

    chamam a ateno para a utilizao desse significado ao introduzir o conceito de frao,

    o que acarretaria uma melhor compreenso do contedo pelos alunos. Tal considerao

    tambm observada nos estudos de Campos (2011), sobretudo como meio a ser

    utilizado para que as crianas pudessem compreender mais facilmente as invariantes

    ordenao e equivalncia entre fraes.

    Todavia documentos oficiais como os Parmetros Curriculares Nacionais (1997)

    de Matemtica para os anos iniciais, por exemplo, definem como um de seus objetivos

    favorecer o estudante do 2 ciclo (3 e 4 sries) a construir o significado do nmero

    racional, por meio de suas representaes fracionrias e decimais, a partir de seus

    diferentes usos em seu dia-a-dia.

    Em complemento, os PCN (1998) para alunos da 5 8 sries do ensino

    fundamental apresentam a seguinte concepo:

    O estudo dos nmeros racionais, nas suas representaes

    fracionria e decimal, merecem especial ateno no terceiro

    ciclo (5 e 6 sries), partindo da explorao de seus

    significados, tais como: a relao parte/todo, quociente, razo e

    operador. (BRASIL, 1998, p.66)

  • 19

    Damico (2007), diante dos resultados de seus estudos acerca da formao de

    professores de Matemtica para o ensino de nmeros racionais no Ensino Fundamental,

    o qual mostrou limitao de conhecimento por parte dos pesquisados, aponta a

    necessidade de que os professores detenham elevado conhecimento acerca dos

    fundamentos tericos e prticos pertinentes Educao Bsica e, referindo-se

    formulao do currculo para futuros docentes para o ensino dos nmeros racionais,

    defende que constantes pesquisas e discusses acerca do assunto so primordiais, alm

    da flexibilidade para aceitar possveis mudanas, uma vez que o ensino e aprendizagem

    requerem uma investigao contnua e esforo pessoal e coletivo.

    Apesar da indubitvel importncia das fraes no processo de ensino e

    aprendizagem de Matemtica, Campos (2011) em seus estudos observa que esse assunto

    se apresenta como um obstculo tanto para os alunos como para os professores, desde o

    4 ano ao trmino do ensino fundamental, sendo, pois, uma necessidade a escola buscar

    meios de promover seu entendimento.

    Em relao rede pblica de ensino paulista, podemos observar a utilizao de

    um mecanismo para avaliar o aprendizado dos alunos. Isso ocorre por meio do Sistema

    de Avaliao do Rendimento Escolar do Estado de So Paulo (SARESP), o qual consta

    da aplicao de testes em suas escolas. De acordo com o relatrio do SARESP (2011),

    esta prtica objetiva diagnosticar o sistema de ensino e fornecer indicadores para

    subsdio ao monitoramento das polticas pblicas de educao.

    Esses diagnsticos so esboados em relatrios, cujos resultados so vinculados

    a nveis de compreenso/domnio de conceitos e aplicao a situaes prticas pelos

    alunos, a saber: abaixo do bsico, bsico, adequado e avanado. Na sequncia, so

    agrupados por meio de trs classificaes: insuficiente, suficiente composto pelos

    nveis bsico e adequado e avanado.

    Tal avaliao retrata de modo superficial as estratgias dos alunos da rede

    pblica, uma vez que a anlise de seus resultados feita a partir, to somente, de suas

    respostas s questes fechadas. Outro fator dificultador a falta de anlise e discusso

    dos resultados com os avaliados, o modo como pensaram, interpretaram e raciocinaram

    para resolver as situaes-problemas. Dessa maneira, os relatrios apenas presumem as

    dificuldades e bices de aprendizado do corpo discente da rede pblica de ensino

    paulista.

  • 20

    Ao encontro dessa perspectiva e visando ao aprimoramento do processo de

    ensino aprendizagem de Matemtica, Campos (2011), ao se referir s resistncias de

    professores e responsveis pelas polticas educacionais quanto aos trabalhos que tratam

    desse tema, registra em seu artigo, apoiada em estudos de Nunes e Bryant (2006), a

    necessidade de se realizar investigaes adicionais frente ao questionamento de que tais

    estudos ao serem aplicados diretamente por pesquisadores em interao com os alunos

    poderiam gerar resultados diferentes se fossem apresentados por professores em sala de

    aula. Nesse sentido, como o primeiro autor, estava participando do cotidiano escolar

    poderia atingir resultados mais prximos aos conseguidos em sala de aula.

    3. Procedimentos Metodolgicos

    A investigao aqui apresentada de natureza qualitativa, no sentido definido

    por Bogdan e Biklen (1999). Para tanto, escolhemos pesquisar as estratgias utilizadas

    por um grupo de alunos ao resolver itens divulgados pelo relatrio pedaggico do

    SARESP sobre a representao fracionria dos nmeros racionais.

    Depois de um primeiro levantamento bibliogrfico sobre o tema e uma pesquisa

    nos relatrios pedaggicos do SARESP, foi realizado um trabalho de campo. Esse

    trabalho corresponde a um teste contendo questes relacionadas a Fraes de exames

    anteriores do SARESP aplicado a alunos da 5 srie/ 6 ano do ensino fundamental, de

    uma Escola Estadual da cidade de So Paulo/SP, no dia 23 de outubro de 2013. Foram

    alocados em uma sala seis alunos escolhidos aleatoriamente dentre os componentes de

    uma classe da srie supramencionada.

    A fim de verificar o perfil e o desempenho em sala de aula dos referidos

    participantes, a Professora que leciona a disciplina de Matemtica foi entrevistada e

    apresentou algumas caractersticas comuns aos alunos, a saber: interessados, esforados,

    alta taxa de frequncia s aulas, alm de seus pais serem participativos, acompanhando

    de perto seus filhos. Relatou ainda que, de modo geral, os alunos da 5 srie/ 6 ano da

    escola demonstram grande dificuldade em fraes e tabuada.

    Em relao aplicao dos testes, inicialmente, foi-lhes apresentado o contedo

    do trabalho, a saber: o caderno continha dez questes pertinentes a fraes, com um

    tempo mximo de uma hora de durao; poderiam resolver a lpis; ao terminarem a

    resoluo, seriam entrevistados para elucidarem o raciocnio que seguiram para

    solucionar os problemas apresentados; no lhes foi informado quanto obrigatoriedade

  • 21

    ou no de escreveram a resoluo, a fim de estudar a peculiaridade de raciocnio de cada

    um deles.

    O aluno que terminou por ltimo o fez em aproximadamente cinquenta minutos

    e o primeiro a terminar, vinte e cinco minutos. Das dez questes propostas, neste

    trabalho sero apresentadas trs, relacionadas a fraes, e possuem a seguinte

    caracterizao: a questo 01 tratava o significado parte-todo em sua representao

    fracionria; a questo 02 abordava o significado parte-todo e a invariante equivalncia;

    e a questo 03 apresentava a situao quociente e sua representao fracionria.

    A seguir, apresentam-se os trs problemas propostos juntamente com a anlise e

    discusso dos dados coletados.

    4. Anlise e Discusso dos Dados

    A anlise dos resultados obtidos obedecer a dois critrios: o levantamento de

    ndices de acertos por questo, significado, invariante e representao; e uma anlise

    qualitativa relacionando os resultados encontrados com os obtidos pelos alunos que

    realizaram as provas do SARESP e com outras pesquisas da rea. A primeira questo

    envolvia o significado parte-todo e previa verificar se o aluno identificaria a

    representao fracionria da situao apresentada. Esse item foi apresentado na prova

    do SARESP de 2009.

    Quadro 1: questo 1

    Paulo comeu 3 partes de uma barra de chocolate que foi dividida em 8 partes iguais. A

    frao que representa a parte da barra de chocolate que Paulo comeu

    a) b) c) d)

    Fonte: Relatrio Pedaggico SARESP 2009

    Todos os alunos acertaram a questo e a resolveram apenas mentalmente; cinco

    deles apresentaram o raciocnio muito parecido, pois, quando entrevistados, informaram

    que de um total de 8 partes, apenas 3 foram utilizadas, deste modo bastava representar a

    parte consumida no numerador da frao e o total de partes no denominador; j o aluno

    F informou que imaginou uma barra de chocolate dividida em oito partes e, como foram

    comidas trs, bastava representar com o nmero 3 o numerador e 8 o denominador.

    De acordo com o relatrio do SARESP (2009), a habilidade avaliada

    identificar frao como representao que pode estar associada a diferentes significados

  • 22

    (parte/todo, quociente, razo). Dos alunos avaliados em 2009, 72% obtiveram xito na

    resoluo da situao. Neste relatrio, esse tipo de situao-problema pertence ao nvel

    abaixo do bsico e aqueles que conseguiram resolv-la dominam o conceito de frao

    parte-todo. Isso demonstra que mesmo os alunos que, no geral, no foram to bem na

    prova resolveram a questo com correo.

    Tais resultados podem ser justificados pelas pesquisas de Nunes e Bryant (1997)

    que, em relao ao ensino das fraes, no final da dcada de 90, j chamavam a ateno

    sobre a forte tendncia por parte dos professores em trabalhar o conceito de frao

    utilizando principalmente o significado parte-todo. Fato tambm evidenciado por

    Canova (2006), Damico (2007), Garcia Silva (2007) e Monteiro Cervantes (2011).

    A segunda questo envolvia o significado parte-todo e previa verificar se o

    estudante compreendia o invariante equivalncia da situao apresentada. Esse item foi

    apresentado na prova do SARESP de 2010.

    Quadro 2: questo 2

    De um bolo de chocolate cortado em 15 pedaos iguais, Paulo comeu , Juca

    comeu , Zeca comeu e Beto comeu . Os dois que comeram a mesma

    quantidade de bolo foram:

    a) Paulo e Juca b) Paulo e Zeca c) Zeca e Beto d) Beto e Juca

    Fonte: Relatrio Pedaggico SARESP 2010

    Nenhum dos participantes apresentou algum registro quanto resoluo da

    questo. Dos seis alunos, quatro erraram a questo: os alunos A e C afirmaram que no

    conseguiram entender o exerccio e, portanto, no escolheram nenhuma das alternativas;

    os alunos D e F erraram, apresentando os seguintes raciocnios, respectivamente: como

    3 x 5 = 15, ento a frao igual frao e como o nmero o menor (Paulo) e

    o nmero o maior (Juca), ento quem comeu a mesma quantidade foi Zeca e Beto.

    Deste modo, demonstraram no dominar o conceito de equivalncia entre fraes.

    Os alunos B e E obtiveram xito na referida questo e, de acordo com a

    entrevista, apresentaram o mesmo raciocnio de resoluo: utilizaram o procedimento de

    clculo, ou seja, executaram o Mnimo Mltiplo Comum (MMC) dos denominadores

  • 23

    das fraes e e concluram que elas eram equivalentes.

    Segundo o relatrio do SARESP (2010), a habilidade trabalhada nessa questo

    remete a identificar diferentes representaes de um mesmo nmero racional, e o nvel

    de aprendizado o avanado, ou seja, os alunos que acertaram esse item foram os que

    se saram bem na prova. Alm disso, retrata que apenas 17,4% dos alunos avaliados no

    SARESP 2010 acertaram a situao-problema, indicando que no dominam com

    exatido o conceito de frao, em que o todo dividido em partes iguais, nem a

    equivalncia entre fraes.

    Estudos como os de Kerslake (1986), Behr, Wachsmuth, Post & Lesh (1984) e

    Nunes et al. (2004) apontam que os estudantes encontram dificuldades para

    compreender os conceitos relativos a equivalncia. Nunes e colegas afirmam que a

    dificuldade de entendimento se deve ao fato de que para os estudantes, a compreenso

    da equivalncia no campo dos nmeros naturais, o nmero funciona como rtulo e

    isso facilita ao aluno a perceber a equivalncia. Todavia o mesmo no acontece com as

    fraes: temos uma infinidade de rtulos para identificar uma mesma quantidade: de

    um chocolate ou desse mesmo chocolate, temos quantidades equivalentes.

    A terceira questo envolvia a representao de uma situao envolvendo o

    significado quociente. Esse item foi apresentado na prova do SARESP de 2010.

    Quadro 3: questo 3

    Para fazer um trabalho de Arte, a professora Jaqueline dividiu igualmente 8 cartolinas entre seus 24

    alunos. Que frao de uma cartolina cada aluno recebeu?

    Fonte: Relatrio Pedaggico SARESP 2010

    Todos os alunos apresentaram registros em relao tentativa de resoluo do

    problema, porm nenhum deles conseguiu solucion-lo com correo.

    Os participantes A, B, E e F resolveram da seguinte forma: executaram a diviso

    de 24 (alunos) por 8 (cartolinas) e o resultado obtido correspondia ao numerador da

    frao de cartolina recebida por cada aluno. O denominador seria a quantidade de

    cartolinas. A seguir, apresentam-se os registros executados pelo Aluno A:

    Figura 1 Resoluo da questo n 3 do aluno A

  • 24

    Durante a entrevista, o referido aluno apresentou a seguinte justificativa para ter

    resolvido a situao-problema desse modo: a gente dividiu igualmente oito, ento 24

    dividido por 8, e como o resultado 3, ento .

    O aluno C executou a diviso de 24 por 8 e obteve 3 e registrou a resposta .

    Questionado durante a entrevista, informou que como eram 8 cartolinas para 24 alunos

    deveria executar a diviso acima mencionada e que o resultado seria o numerador da

    resposta para a questo, j o numerador seria 24, pois o material estava sendo dividido

    por total de alunos. Abaixo, so esboados seus registros:

    Figura 2 Resoluo da questo n 3 do aluno C

    O aluno D comeou a solucionar a questo corretamente, ou seja, considerou

    que tal situao poderia ser representada por uma diviso a partir da frao , porm a

    dividiu pela frao . Questionado durante a entrevista quanto ao modo que pensou

    durante a resoluo da questo, informou que o total de alunos era 24 e o resultado da

    diviso de 24 por 8 3; dessa forma, deveria dividir a frao por a fim de

    determinar quanto de cada cartolina cada aluno receberia. Abaixo so apresentados seus

    registros:

    Figura 3 Resoluo da questo n 3 do aluno D

  • 25

    Conforme o relatrio do SARESP (2010), a habilidade trabalhada nessa

    situao-problema identificar a frao como representao que pode estar associada a

    diferentes significados (parte/todo, quociente, razo), sendo que somente 27,3% dos

    alunos avaliados no ano de 2010 a acertaram. Outros 24,1% resolveram de modo

    semelhante maioria dos alunos participantes do trabalho de campo, pois executaram a

    diviso de 24 por 8, porm apresentaram como resposta o n 3. O relatrio (2010, p.88)

    conclui que: muito provvel que estes alunos (24,1%) entendam o todo como o

    maior dos nmeros.

    Garcia Silva et al (2013), apoiados nos trabalhos desenvolvidos por Nunes

    (2003), verificou que a utilizao, principalmente, da situao quociente, estimula os

    alunos a refletirem sobre o uso de fraes. Alm disso, chamam a ateno para a

    utilizao deste significado ao introduzir o conceito de frao, o que implicaria em uma

    melhor compreenso do contedo pelos alunos.

    Consideraes finais

    Considerando o estudo realizado, incluindo a aplicao de questes que

    envolvessem o assunto Frao a um grupo de alunos da 5 srie/ 6 ano do ensino

    fundamental da rede pblica paulista, amparada em entrevistas aos respectivos

    participantes e Professora, juntamente com a anlise de relatrios do SARESP,

    utilizando-se de embasamento terico de estudos de diversos autores conclui-se que

    apesar da notria desenvoltura em relao construo da representao significado

    parte-todo os alunos apresentam considervel dificuldade em compreender situaes-

    problemas que envolvam os assuntos relacionados equivalncia de fraes no

    significado parte-todo e situao quociente.

    Acredita-se que esse paradoxo seja fruto do modelo de ensino e aprendizagem

    adotado nas escolas, conforme apresentado nos PCN:

  • 26

    Entre os obstculos que o Brasil tem enfrentado em relao ao

    ensino de Matemtica, aponta-se a falta de uma formao

    profissional qualificada, as restries ligadas s condies, de

    trabalho, a ausncia de polticas educacionais efetivas e as

    interpretaes equivocadas de concepes pedaggicas.

    (BRASIL, 1998, p.21)

    Ainda se referindo formao dos professores do ensino da Matemtica no

    Brasil, os autores dos PCN salientam que:

    (...) tanto a inicial quanto a continuada, pouco tem contribudo

    para qualific-los para o exerccio da docncia. No tendo

    oportunidade e condies para aprimorar sua formao e no

    dispondo de outros recursos para desenvolver as prticas da sala

    de aula, os professores apiam-se quase exclusivamente nos

    livros didticos, que, muitas vezes, so de qualidade

    insatisfatria. (BRASIL, 1998, pp.21-22)

    Tal tica sobre o ensino no Brasil confirmada por Campos (2011, p.1), O

    ensino e aprendizagem de fraes constituem um obstculo considervel para

    professores e alunos, desde o 4 ano do ensino fundamental no Brasil, quando esse tema

    abordado.

    Corroborando essa perspectiva, Garcia Silva, Campos e Pietropaolo (2011)

    observaram em seus estudos que, dentre os professores participantes da pesquisa de

    campo, uma maior parcela apresentou melhor desempenho sobre o significado

    parte/todo (76,6% de ndice de acertos) quando comparado ao significado quociente

    (64,7% de ndice de acertos). Alm disso, presenciaram em seus trabalhos a situao em

    que uma professora, ao executar a adio entre duas fraes, realizou a soma dos

    numeradores e a soma dos denominadores, demonstrando a no compreenso da idia

    de equivalncia entre fraes. Em entrevista aos professores, a maioria informou que

    suas dvidas resultavam de um trabalho insatisfatrio acerca de nmeros racionais em

    sua formao inicial. A partir disso, os autores inferiram que os docentes optam por

    trabalhar o significado parte/todo em vez do significado quociente. Desta forma, torna-

    se perceptvel um considervel problema no processo de ensino e aprendizagem dos

    alunos.

    A partir de tais colocaes, depreende-se que o processo de ensino

  • 27

    aprendizagem apresenta lacunas que afetam diretamente o desempenho dos alunos,

    sobretudo quanto a uma preparao insuficiente de professores, conforme apontadas

    pelo PCN e pelos autores supracitados.

    Ou seja, uma nfase nas aulas de fraes sob o aspecto do significado parte-todo

    eleva o conhecimento do aluno nessa rea, o que no se observa em outras situaes,

    como significado quociente e invariante equivalncia.

    Cabe ressaltar que, apesar dos participantes do trabalho de campo no terem

    obtido resultado satisfatrio na questo n 5 (envolvendo situao quociente), nas outras

    duas questes aqui apresentadas, eles se destacaram frente ao resultado do SARESP de

    anos anteriores. Presume-se que isso seja fruto do perfil verificado durante a entrevista

    realizada com a Professora de Matemtica, a qual informou que eles so esforados e

    interessados e que, sobretudo, seus pais so participativos, acompanhando de perto o

    desempenho de seus filhos.

    Finalmente, com base nos estudos de Campos (2011) e de Garcia Silva et al

    (2013), apoiados nos trabalhos desenvolvidos por Nunes (2003), tambm acreditamos

    que se fosse utilizada a situao quociente nos anos iniciais em que se trabalha fraes,

    poderia vir a surtir mais efeitos positivos no processo de ensino aprendizagem dos

    alunos.

    Referncias

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  • 28

    CONFERNCIA INTERAMERICANA DE EDUCAO MATEMTICA, 2011,

    Recife. Anais XIII CONFERNCIA INTERAMERICANA DE EDUCAO

    MATEMTICA, 2011.

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    Tese (Doutorado) Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, So Paulo 2007.

    GARCIA SILVA, A. F. O Desafio do Desenvolvimento Profissional Docente: anlise

    da formao continuada de um grupo de professores das sries iniciais do ensino

    fundamental, tendo como objeto de discusso o processo de ensino e aprendizagem

    das fraes. 2007. Tese (Doutorado em Educao Matemtica) Pontifcia

    Universidade Catlica de So Paulo, So Paulo, 2007.

    GARCIA SILVA, A. F.; CAMPOS, T. M. M.; PIETROPAOLO, R. C. O desafio do

    conhecimento profissional docente: anlise da formao continuada de um grupo

    de professores das sries iniciais da educao bsica tendo como objeto de

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  • 29

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    do Rendimento Escolar do Estado de So Paulo. So Paulo, 2009.

    SO PAULO. Secretaria da Educao do Estado: Relatrio do Sistema de Avaliao

    do Rendimento Escolar do Estado de So Paulo. So Paulo, 2010.

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    Mathmatiques, 10 (23), p. 133-170. La Pense Sauvage, 1990.

  • 30

    QUE CONCEPES DE LGEBRA SURGEM NAS QUESTES DE

    MACROAVALIAOES: o caso do ENEM 2011.

    Regina Lucia da silva UFABC SP ([email protected])

    Debora da Silva Souza UFABC SP ([email protected])

    Francisco Jose Brabo Bezerra UFABC SP ([email protected])

    Resumo: Neste artigo apresentamos nossas primeiras compreenses sobre quais

    concepes da lgebra surgem nas macroavaliaes. Nosso foco foi verificar quais

    concepes aparecem nas questes da prova ENEM de 2011. Este trabalho parte dos

    estudos realizados no Projeto Observatrio da Educao da UFABC Conhecimento

    matemtico para o ensino de lgebra: uma abordagem baseada em perfis conceituais

    que visa investigar os conhecimentos algbricos desenvolvidos por professores, ao

    ensinar lgebra na Educao Bsica, utilizando-se de uma abordagem de ensino baseada

    em perfis conceituais. A pesquisa tem uma abordagem qualitativa, os dados foram

    coletados e analisados, sendo que das 44 questes, nove questes acreditamos estar no

    campo da lgebra. Desta forma, selecionamos para este trabalho a discusso de trs

    delas, cuja a escolha tem por base as competncias que constam na Matriz de

    Referncia Para as anlises da pesquisa consideramos os seguintes critrios: identificar

    quais contedos algbricos est presente nas questes; verificar quais habilidades

    necessrias para a resoluo de cada questo; reconhecer nas questes, qual concepo

    de lgebra est envolvida.Como aporte terico central das pesquisas realizadas pelos

    integrantes desse projeto, elegemos as Concepes de lgebra de Usiskin (1995)

    apresenta quatro concepes, Lee (2001) aponta seis concepes, Fiorentini, Miorin e

    Miguel (1993) defendem quatro concepes, Lins e Gimenez (1997) expem trs

    concepes. A partir dos resultados preliminares, percebemos que as concepes mais

    frequentes so as de Usiskin (1995). Com relao as situaes-problema, destaca-se a

    contextualizao dos contedos, na qual apresentam elementos que faz parte do domnio

    vivencial do aluno, bem como contextos que se articulam com outras disciplinas. A

    ideia delineada neste trabalho foi o primeiro passo para subsidiar futuras anlises que

    sejam mais elucidativas.

    Palavras-chave: Concepes, lgebra, Ensino, Avaliao, Educao Matemtica.

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]

  • 31

    Introduo

    Quando se observa os resultados das macroavaliaes como a Prova Brasil e o

    Exame Nacional do Ensino Mdio (ENEM) percebe-se um movimento crescente em

    relao ao desempenho dos estudantes em Matemtica. Segundo Ribeiro (2012), apesar,

    desta evoluo positiva, com relao no desempenho das notas, ainda no devemos

    considerar um progresso para a Educao Brasileira. Pois, existem vrias lacunas

    relacionadas s competncias matemticas que os estudantes no desenvolveram.

    Portanto, h uma necessidade em colaborar na construo destes conhecimentos

    matemticos, que ainda no foram adquiridos pelos estudantes. Este autor relata que,

    um dos campos da matemtica que possui deficincia a lgebra. Nesse sentido o

    Projeto do Observatrio da Educao Conhecimento matemtico para o ensino de

    lgebra: uma abordagem baseada em perfis conceituais (aprovado pela CAPES em

    2013), e de autoria de Ribeiro (2012), na UFABC, pretende olhar para os

    conhecimentos algbricos dos alunos e dos professores, da Educao Bsica, quando se

    ensina Matemtica, baseada em perfis conceituais. Nossa coleta de dados foi realizada

    dentro de um subgrupo de estudos que est inserido neste projeto.

    A construo deste artigo se apoia no projeto, e toma, como ponto de partida,

    elementos tericos que envolvem o Conhecimento Matemtico para o Ensino (CME)

    (BALL; THAMES; PHESPS, 2008) e de Perfil Conceitual (PC) (MORTIMER, 1994).

    Ribeiro (2013) descreve o modelo terico Perfil Conceitual citado por Mortimer (1994)

    sendo: Segundo esse modelo, conceitos polissmicos permitem a elaborao de perfis

    conceituais, os quais so compostos de diferentes zonas, que correspondem a diferentes

    formas de ver, representar e significar o mundo. Destacamos que, os resultados

    apresentados neste artigo so preliminares e que neste primeiro momento de estudos, o

    nosso objetivo buscou analisar questes de matemtica ENEM 2011 que esto no

    campo da lgebra, pretendendo dessa forma, uma contribuio para melhor

    entendimento sobre as concepes de lgebra.

    Nosso subgrupo, coordenado pelo Professor Dr. Francisco Jos Brabo Bezerra,

    da UFABC, buscou analisar e estudar as vrias concepes de lgebra, que no presente

    trabalho destacaremos as concepes que abrangem as trs questes por ns

    selecionadas, dentro de um grupo de nove questes. Por isso, consideramos as leituras

    dos textos de Usiskin (1995), que considera quatro concepes; Lee (2001) apresenta

  • 32

    seis concepes; Lins e Gimenez (1997) trs concepes; Fiorentini, Miorin e Miguel

    (1993) defendem quatro concepes.

    Para guiar esse momento de trabalho surgiu a seguinte questo norteadora: Quais

    as questes do ENEM 2011 esto contidas no campo da lgebra? Ao fazermos alguns

    levantamentos tericos sobre as concepes de lgebra, verificamos que aparecem

    vrias concepes que envolvem este tema. Com isto, reflexes surgiram sobre a

    relevncia de compreender estes significados e, assim, ampliar os estudos do projeto do

    observatrio, bem como os modelos de perfis conceituais. Desta forma, acreditamos ter

    subsdios para gerar e desenvolver atividades matemticas que considerem diversas

    concepes de lgebra aplicadas nos ensinos fundamental e mdio. Dentro do grupo do

    OBEDUC pretendemos produzir produtos e materiais de cunho pedaggico e curricular

    para a formao inicial e continuada de professores.

    Reviso de literatura

    Nosso ponto de partida, dentro do projeto do OBEDUC, foi perceber que, no

    caso especifico da lgebra, a partir dos resultados apresentados pelo Instituto de

    Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (INEP), observa-se que os estudantes

    no dominam competncias como (1) identificar um sistema de equaes do 1 grau que

    expressa um problema; (2) resolver equaes do 1 grau com uma incgnita; (3)

    resolver problemas que envolvam equao do 2 grau; (4) identificar a relao entre as

    representaes algbrica e geomtrica de um sistema de equaes do 1 grau; (5)

    identificar, em um grfico de funo, o comportamento de crescimento/decrescimento;

    (6) identificar o grfico de uma reta dada sua equao; dentre outras.

    Numa perspectiva de superar tais deficincias, uma vez que a lgebra, assim

    como a Matemtica, pode ser mais e melhor explorada quando seus significados so

    articulados com outras reas do conhecimento (KILPATRICK, HOYLES,

    SKOVSMOSE, 2005), este artigo foi buscar compreender quais questes do ENEM

    2011 estavam relacionadas lgebra e quais foram as habilidades cobradas no referido

    exame. Em nossa reviso bibliogrfica observamos que o ENEM, criado em 1998, tem

    o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da escolaridade bsica. Podem

    participar do exame alunos que esto concluindo ou que j concluram o ensino mdio

    em anos anteriores. Alm disso, o ENEM utilizado como critrio de seleo para os

    estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para Todos

  • 33

    (ProUni) e tambm cerca de 500 universidades j usam o resultado do exame como

    critrio de seleo para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou

    substituindo o vestibular.

    Sendo assim, fomos buscar quais habilidades so avaliadas no exame no que se

    diz respeito lgebra e encontramos tais habilidades nas matrizes de referncia do

    exame. So elas: H19 - Identificar representaes algbricas que expressem a relao

    entre grandezas; H20 - Interpretar grfico cartesiano que represente relaes entre

    grandezas; H21 - Resolver situao-problema cuja modelagem envolva conhecimentos

    algbricos; H22 - Utilizar conhecimentos algbricos/geomtricos como recurso para a

    construo de argumentao; e H23 - Avaliar propostas de interveno na realidade

    utilizando conhecimentos algbricos. Tais habilidades se encontram na competncia de

    rea 5 na qual se espera que o aluno possa modelar e resolver problemas que envolvam

    variveis socioeconmicas ou tcnico-cientficas, usando representaes algbricas.

    No texto lgebra na Escola Bsica e os Papis das Variveis (Adaptado de

    Concepes sobre a lgebra da escola mdia e utilizaes das variveis) Usiskin (1995)

    traz a ideia de que o conceito de varivel multifacetado e isso no nos permite reduzir

    a lgebra ao estudo das variveis apenas. Para ele, em lgebra no h uma nica

    concepo para varivel. O autor nos apresenta quatro diferentes concepes, que

    detalharemos a seguir. Na primeira concepo temos a lgebra como aritmtica

    generalizada. Aqui as aes importantes para o estudante da escola bsica so as de

    traduzir e generalizar. J na segunda concepo concebe a lgebra como estudo de

    procedimentos para resolver certos tipos de problemas. Assim, para resolver uma

    equao, devemos raciocinar exatamente de maneira oposta que empregaramos para

    resolver o problema aritmeticamente, as instrues chaves so simplificar e resolver. O

    aluno precisa dominar no apenas a capacidade de equacionar os problemas, como

    tambm precisa ter habilidades em manejar matematicamente essas equaes. A terceira

    concepo relaciona-se lgebra como estudo das relaes entre grandezas. Nessa

    concepo as variveis realmente variam, o modelo fundamentalmente algbrico e as

    variveis so diferentes do argumento como, por exemplo, a equao de uma reta. E

    finalmente na quarta concepo temos a lgebra como estudo das estruturas, e nesse

    caso temos os produtos notveis, fatorao, operaes com monmios e polinmios e as

    instrues chaves so manipular e justificar.

  • 34

    Lee (1996) em seu texto: An Initiation Into Algebraic Culture Through

    Generalization Activities nos traz a relevncia da introduo da lgebra quando

    queremos generalizar atividades. Ela afirma que a lgebra uma minicultura dentro da

    cultura da matemtica. Nesse sentido a lgebra uma linguagem, e quando h interao

    entre a linguagem e o conhecimento ocorre um gradual processo de aculturao

    algbrica.

    Ao enfatizar que para introduzir lgebra como uma atividade cujo foco seja

    padro de generalizao, Lee (1996) afirma que isso pode auxiliar o aluno a

    compreender com certo grau de facilidade a tarefa. Ela afirma tambm que a introduo

    lgebra, por meio de funes, resoluo de problemas e modelagem, propiciam de

    modo adequado utilizao da generalizao de atividades e, assim, iniciar os alunos na

    cultura algbrica. Em outro estudo sobre lgebra Lee (2001) diz que para fornecer um

    modelo sobre vises de concepes de lgebra, destaca-se a lgebra como: Linguagem

    para desenvolver a comunicao em uma linguagem algbrica; Caminhos de

    Pensamento, ou seja, pensamentos sobre relaes matemticas em lugar de objetos

    matemticos; Atividade como modelo de construo de atividades; Ferramenta para

    resolver problemas de modo a veicular e transformar mensagens; Generalizao ou

    estudo das estruturas da aritmtica; e Cultura cuja linguagem de comunicao a

    algbrica.

    Repensando a Educao Algbrica Elementar, autores como: Fiorentini, Miorin

    e Miguel, (1993) trazem algumas concepes sobre lgebra por meio do

    desenvolvimento histrico e uma segunda leitura do desenvolvimento da lgebra que se

    apoia na contribuio das diversas culturas constituio desse campo de

    conhecimento. Tal compreenso da lgebra assenta-se em outros aspectos e no mais

    nos aspectos exteriores da linguagem algbrica, ou seja, no significado que contm os

    smbolos desta linguagem.

    Os autores Fiorentini, Miorin e Miguel, (1993) antes de iniciar a discusso sobre

    as concepes de Educao Algbrica, colocam uma questo: em que medida se

    relacionam as concepes dominantes de Educao Algbrica que se manifestaram ao

    longo da histria da Educao Matemtica elementar com as concepes mais

    frequentes de lgebra? E eles apresentam trs concepes: Lingustico-pragmtica,

    Fundamentalista-estrutural, e Fundamentalista-analgica. Na primeira concepo

  • 35

    prevalece a crena de que a aquisio, ainda que mecnica, das tcnicas requeridas pelo

    transformismo algbrico seria necessria e suficiente para que o aluno adquirisse a

    capacidade de resolver problemas, ainda que esses problemas fossem, quase sempre,

    artificiais, no sentido de que no era a natureza e relevncia deles que determinariam os

    contedos algbricos a serem aprendidos, mas a forma como fabricar um problema

    para cuja soluo tais e tais tpicos, tidos como indispensveis, deveriam ser utilizados.

    J na Fundamentalista-estrutural ocorre introduo de propriedades estruturais das

    operaes, que justificassem logicamente cada passagem presente no transformismo

    algbrico, capacitaria o estudante a identificar e aplicar essas estruturas nos diferentes

    contextos em que estivessem subjacentes. Isto traria como consequncia uma

    reorganizao dos tpicos algbricos (expresses algbricas, valores numricos,

    operaes, fatorao). E na ltima, temos a sntese entre as duas anteriores, uma vez que

    procura, por um lado, recuperar o valor instrumental da lgebra e, por outro, manter o

    carter fundamentalista s que no mais de forma lgico-estrutural de justificao das

    passagens presentes no transformismo algbrico.

    J os autores Linz e Gimenez (2001) trazem a ideia de que a atividade algbrica

    descrita como fazer ou usar lgebra. Para eles, dizer que essa atividade algbrica

    um clculo com letras uma tolice. Os autores corroboram com essa ideia sobre lgebra

    em um captulo do livro Perspectivas em Aritmtica e lgebra para o sculo XXI cuja

    ideia central perceber que as atividades algbricas so clculos com letras, e afirmam

    que:

    No simplesmente adotar uma caracterizao da atividade algbrica

    com clculo literal, mas buscar mostrar como uma suposta linha de

    desenvolvimento histrico da lgebra pode ser retraada seguindo o

    desenvolvimento das notaes algbricas. (Lins e Gimenez, 2001, p.

    90).

    Esses autores apresentam trs concepes sobre a educao algbrica. A

    primeira diz respeito concepo letrista que resume o clculo com letras as atividades

    citadas como algbricas que envolvem atividades baseadas em clculo com letras,

    admitindo a sequncia tcnica-prtica, via algoritmo exerccios. A segunda concepo

    denominada letrista facilitadora, que por meio de trabalho com situaes concretas

    considerada a capacidade de lidar com expresses algbricas literais alcanadas por

    abstrao. As atividades propostas so o uso de reas para ensinar produtos notveis,

    balana de dois pratos para ensinar resoluo de equaes. E a terceira concepo de

  • 36

    modelagem matemtica nos apresenta como ponto de partida uma situao concreta,

    porm com sentido diferente da segunda concepo, pois o concreto aqui visto como

    real e as atividades proposta so de investigao de situaes reais.

    Ser de posse desse arcabouo terico que iremos analisar e discutir as trs

    questes escolhidas pelo subgrupo, e podemos afirmar que as mesmas pertencem ao

    campo da lgebra, pois apresentaram elementos suficientes que podemos destacar

    segundo os autores estudados.

    Procedimentos metodolgicos

    Este presente artigo se apoia na metodologia qualitativa (BODGAN; BIDKLEN,

    1994), j que descreveremos todos os avanos de nossa pesquisa com riqueza de

    detalhes. O processo de coleta de dados deste trabalho est baseado em pesquisa de

    carter documental. Para tanto utilizamos como instrumento de pesquisa a avaliao de

    matemtica do ENEM 2011. O primeiro passo foi selecionar as questes que

    consideramos estar no campo da lgebra, e nesta busca identificamos nove questes.

    Das nove questes identificadas, optamos por analisar trs delas, que a nosso ver

    contemplam a grande maioria. O segundo passo teve nfase nos estudos sobre as

    concepes de lgebra, no qual formamos um conjunto de teorias com seus principais

    aspectos, tendo por base a bibliografia sugerida, a Matriz de Referncia e a consulta dos

    Microdados no INEP do ENEM 2011.

    Para analisar as questes por ns selecionadas, nos baseamos em trs critrios, a

    saber: identificar quais contedos algbricos est presente nas questes; verificar quais

    habilidades necessrias para a resoluo de cada questo; e por ltimo, reconhecer em

    cada questo, qual concepo de lgebra estava envolvida.

    Anlise das questes do ENEM 2011

    Ao analisar as questes do ENEM 2011 tivemos por objetivo observar que

    contedos, habilidades e concepes de lgebra aparecem nesta avaliao. No primeiro

    momento notamos que, das 44 questes de Matemtica e suas Tecnologias, nove

    questes fazem referncia a lgebra. Para o presente artigo vamos destacar somente trs

  • 37

    questes da prova Amarela do 2o dia. Os motivos de nossa escolha foram: a primeira,

    questo 139 est situada na competncia II capacidade de compreender fenmenos (no

    caso, outra disciplina recorrendo ao instrumental matemtico adequado); a segunda,

    questo 153 se localiza na competncia III- Enfrentar situaes-problema (interpretar os

    dados e tomar decises): a terceira, questo 160 percebemos a competncia I Dominar

    Linguagens (as linguagens da Matemtica (linguagem natural sendo transposta para

    linguagem algbrica)). Neste caso, estudos indicam que pode haver uma boa leitura,

    mas no garante a transposio adequada. Alm de surgir dois objetos do conhecimento

    algbrico: Funo e Equao.

    Apresentaremos a seguir as trs questes escolhidas, e em cada uma faremos

    uma discusso em relao habilidade descrita na matriz de referncia do ENEM, bem

    como qual das concepes a questo se caracteriza melhor, e finalmente qual contedo

    algbrico se faz presente. A primeira questo a ser analisada a de nmero 139,

    presente na prova amarela de 2011, conforme identificada na figura 1.

    Figura 1 - Questo 139 do ENEM-2011 e sua resoluo sugerida pelo nosso Grupo

    Fonte: Questo 139 da prova Amarela do ENEM 2011.

    Este problema, apresentado na figura 1, abrange o contedo algbrico de funo

    logartmica e as propriedades dos logaritmos que se fazem presentes no ensino de

    Matemtica do Ensino Mdio. A nosso ver a questo est diretamente relacionada com a

  • 38

    Habilidade de nmero 21, que diz: Resolver situao-problema cuja modelagem

    envolva conhecimentos algbricos. Quanto concepo de lgebra que a caracteriza,

    reconhecemos que a segunda concepo de Usiskin (1995) a que melhor se aproxima,

    pois ela tida como estudo de procedimentos para resolver certos tipos de problemas, e

    ainda podemos relacionada primeira concepo de Fiorentini et al. (1993), a

    lingustico-pragmtica onde prevalece a crena de que a aquisio do conhecimento se

    d modo mecnico, com uso de tcnicas requeridas pelo transformismo algbrico

    seria necessria e suficiente para que o aluno consiga resolv-la.

    Figura 2 Questo 153 do ENEM 2011 e sua resoluo sugerida pelo nosso Grupo

    Fonte: Questo 153 da prova Amarela do ENEM 2011.

    A questo, apresentada na figura 2 acima, podemos destacar que o contedo

    algbrico evidenciado foi o das equaes. Para a resoluo da mesma acreditamos estar

    relacionada habilidade de nmero 23, pois trata de avaliar proposta de interveno na

    realidade utilizando conhecimentos algbricos. A frmula para resoluo da mesma

    apresentada juntamente com a questo, e cuja varivel funcional (altura). A

    caracterstica desta questo consiste em relacionar conhecimentos matemticos

    realidade cotidiana. Aps a resoluo o aluno poder realizar a interpretao de seu

    resultado, analisando se o IMC ou o IAC encontram-se em nveis normais ou no. Em

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    relao concepo de lgebra identificamos que a terceira concepo de Lins e

    Gimenez (1997), que relata sobre a Modelagem Matemtica, pode ser adequada, e

    mesmo a concepo da Lee (2001), que afirma ser uma atividade. Alm dessas

    possibilidades, poderamos tambm classifica-la dentro da segunda concepo de

    Usiskin (1995), que a concebe como estudo de procedimentos para resolver certos tipos

    de problemas.

    Figura 3 Questo 160 do ENEM 2011 e sua resoluo sugerida pelo nosso Grupo

    Fonte: Questo 160 da prova Amarela do ENEM 2011.

    Na questo de nmero 160, representada na figura 3 acima, consideramos que o

    contedo algbrico abordado faz referncia ao conceito de Funo Afim, uso de

    sistemas lineares com a resoluo de uma equao na varivel n. A princpio a questo

    contempla a linguagem natural que dever ser transposta para a linguagem algbrica.

    Neste caso, o aluno dever expressar a resoluo em uma equao. A questo pode ser

    enquadrada na habilidade 5, que aborda sobre a avaliao de propostas de interveno

    na realidade utilizando os conhecimentos numricos. A questo foi por ns classificada

    dentro das concepes de Fiorentini et al. (1993), como sendo fundamentalista

    estrutural, pois ocorreu a introduo de propriedades estruturais das operaes, que

    justificassem logicamente cada passagem presente no transformismo algbrico.

    Tambm a classificamos dentro da quarta concepo de Usiskin (1995), que considera a

    lgebra como estudo das estruturas, e nesse caso temos os produtos notveis, fatorao,

  • 40

    operaes com monmios e polinmios e as instrues chaves so manipular e

    justificar.

    Consideraes finais

    Este trabalho faz parte de um projeto mais amplo, no qual esta primeira etapa

    teve por objetivo analisar questes de Matemtica ENEM 2011 que esto no campo da

    lgebra. Uma caracterstica que podemos citar refere-se s questes apresentarem no

    seu contexto temas com referncias no cotidiano do educando. As abordagens das

    questes, com relao aos conceitos matemticos, necessitam que o aluno tenha o

    domnio e a habilidade para resolver as questes em muitos contextos, que podem ser

    matemticos ou outras reas do conhecimento (Biologia, Fsica, Qumica). Quanto

    questo de pesquisa, notamos que as concepes de lgebra que mais aparecem so as

    concepes de Usiskin, tendo em vista que elas se encaixam em todas as questes aqui

    apresentadas. Apesar do universo escolhido ser pequeno, ainda assim possvel afirmar

    que suas concepes estabelecem maiores interligaes com as questes que os demais

    autores. Este estudo no termina aqui, e futuras analises pretendem ser maiores e mais

    esclarecedoras.

    Na perspectiva do presente trabalho, temos a pretenso de obter subsdios para:

    compreender o papel de atividades matemticas que contemplem perfis conceituais de

    conceitos matemticos do campo da lgebra, na formao inicial e/ou continuada dos

    professores envolvidos com/na pesquisa e identificar e mapear os diferentes

    conhecimentos algbricos que emergem na interao dos professores com as atividades.

    Referncias

    BALL, D. L. et al. Content knowledge for teaching: What makes it special? In:

    Journal of Teacher Education, n.59, p. 389-407, 2008.

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  • 41

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    _______. Matriz de Referncia ENEM 2011. Disponvel em

    . Acesso em:

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    FIORENTINI, D.; MIORIM, M. A.; MIGUEL, A. Contribuio para um repensar a

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    Psychology of Mathematics Education. Cambridge: Cam