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DocumentosISSN 0101-9805 Novembro, 2006

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Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima

Jerri dson Zilli Patricia da Costa Alcides Galvo dos Santos Carlos Eugnio Vitoriano Lopes Siglia Regina dos Santos Souza (Organizadores)

Repblica Federativa do Brasil Luiz Incio Lula da Silva Presidente Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento Lus Carlos Guedes Pinto Ministro Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Conselho de Administrao Luis Carlos Guedes Pinto Presidente Silvio Crestana Vice-Presidente Alexandre Kalil Pires Ernesto Paterniani Hlio Tollini Marcelo Barbosa Saintive Membros Diretoria-Executiva Silvio Crestana Diretor-Presidente Tatiana Deane de Abreu S Jos Geraldo Eugnio de Frana Kepler Euclides Filho Diretores-Executivos Embrapa Roraima Antonio Carlos Centeno Cordeiro Chefe Geral Roberto Dantas de Medeiros Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento Miguel Amador de Moura Neto Chefe Adjunto de Administrao

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Centro de Pesquisa Agroflorestal de Roraima Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

Documentos 06

Anais do Worshop sobre Agroecologia em RoraimaJerri dson Zilli Patricia da Costa Alcides Galvo dos Santos Carlos Eugnio Vitoriano Lopes Siglia Regina dos Santos Souza (Organizadores)

Boa Vista, RR 2006

Exemplares desta publicao podem ser obtidos na: Embrapa Roraima Rod. BR-174 Km 08 - Distrito Industrial Boa Vista-RR Caixa Postal 133. 69301-970 - Boa Vista - RR Telefax: (095) 3626.7018 e-mail: [email protected] www.cpafrr.embrapa.br

Comit de Publicaes da Unidade Presidente: Roberto Dantas de Medeiros Secretrio-Executivo: Alberto Luiz Marsaro Jnior Membros: Alosio Alcntara Vilarinho Gilvan Barbosa Ferreira Ktia de Lima Nechet Liane Marise Moreira Ferreira Moiss Cordeiro Mouro de Oliveira Jnior Normalizao Bibliogrfica: Maria Jos Borges Padilha Editorao Eletrnica: Vera Lcia Alvarenga Rosendo Obs. Os textos e as imagens dos resumos so de inteira responsabilidade dos autores 1 edio 1 impresso (2006): 300

WORSHOP SOBRE AGROECOLOGIA EM RORAIMA, 2006, Boa Vista, RR. Anais./Organizado por Jerri Edson Zilli, Patrca da Costa, Alcides Galvo dos Santos, Carlos Eugnio Vitoriano Lopes e Sglia Regina dos Santos Souza. Boa Vista: Embrapa Roraima, 2006. 61p. (Embrapa Roraima, Documentos, o6). 1. Agroecologia. 2.Brasil. 3.Roraima. I. Ttulo. II. Srie. CDD: 634.95098114

Apresentao

Conforme a sua misso institucional, a Embrapa deve viabilizar solues para o desenvolvimento sustentvel no espao rural, com foco no agronegcio. O desenvolvimento sustentvel deve ser entendido como arranjo poltico, scio-econmico, cultural, ambiental e tecnolgico que permita satisfazer as aspiraes e necessidades das geraes atuais e futuras. Neste contexto, a Agroecologia constitui-se em importante ferramenta para o cumprimento desta misso pois, prope profundas transformaes sociais e ecolgicas a fim de assegurar a sustentabilidade da agricultura e do desenvolvimento rural. Assim, em 2006, a Embrapa publicou o Marco Referencial em Agroecologia da Empresa, visando balizar e estimular a formao de uma plataforma de pesquisa, desenvolvimento e inovao que resulte em um portflio de projetos arranjados em redes. A Embrapa Roraima h mais de dez anos desenvolve pesquisas e faz difuso de prticas agrcolas que apresentam relao com a agroecologia, como, sistemas agroflorestais, plantio direto na capoeira, manejo de produtos florestais no madeireiros, aceiros verdes para controle do fogo em queimadas e validao de cultivos orgnicos em reas de assentamentos e comunidades indgenas. Assim, fazia-se necessrio conhecer e discutir os trabalhos j desenvolvidos ou em desenvolvimento em Roraima com fundamentos baseados na agroecologia pelas diversas instituies de pesquisa e extenso, visando iniciar a formatao de uma rede estadual sobre o assunto. Isto foi concretizado com a realizao do Workshop sobre Agroecologia em Roraima, realizado entre os dias 10 e 11 de Outubro de 2006. Este documento rene as palestras e o resultado dos grupos de trabalho e representa o ponto inicial de um trabalho de articulao, do qual espera-se resultados concretos para a sociedade, e em especial, ao segmento da agricultura familiar e das comunidades indgenas de Roraima.

Antnio Carlos Centeno Cordeiro Chefe Geral da Embrapa Roraima

Organizadores

Alcides Galvo dos Santos Analista B Administrador de Empresas Esp. em Marketing BR 174 km 08 - CEP 69301-970 - CP 133 Boa Vista, Roraima [email protected] Carlos Eugnio Vitoriano Lopes Analista B - Engenheiro Agrnomo, Embrapa Roraima BR 174 km 08 - CEP 69301-970 - CP 133 Boa Vista, Roraima [email protected] Jerri dson Zilli Doutor em Agronomia Cincia do Solo, Embrapa Roraima, BR 174 km 08 - CEP 69301-970 - CP 133 Boa Vista, Roraima [email protected] Patricia da Costa Mestre em Agronomia Cincia do Solo, Embrapa Roraima BR 174 km 08 - CEP 69301-970 - CP 133 Boa Vista, Roraima [email protected] Sglia Regina dos Santos Souza Esp., Jornalista, Embrapa Roraima, BR 174 km 08 - CEP 69301-970 - CP 133 Boa Vista, Roraima [email protected]

SUMRIOInstituies Participantes_____________________________________________ 6 Programao_______________________________________________________7 Marco refencial e tendncias da agroecologia no Brasil e em Roraima.__________ 11 Prticas agrcolas em comunidades Indgenas: relatos de experincias do Ncleo Insikiran_____________________________________________________ 15 Extenso rural e agricultura familiar indgena______________________________ 18 Assistncia tcnica e extenso rural em comunidades indgenas de Boa Vista____ 20 Agricultura integrada ao ambiente hospitalar uma viso agroecolgica_________3 2 Agricultura Familiar em projetos de assentamentos_________________________26 Agricultura familiar e extenso rural_____________________________________29 Programa de desenvolvimento da agricultura orgnica PR-ORGNICO______33 Desenvolvimento do projeto horticultura orgnica em Boa Vista/Roraima________36 Pesquisas com agriculturas de base ecolgica na Embrapa Roraima___________38 Agricultura ecolgica no municpio de Boa Vista____________________________ 1 4 Cooperativismo: soluo inteligente na gerao de trabalho e distribuio de renda_____________________________________________________________44 Planejando a unidade de produo familiar para promover a agricultura de base ecolgica_________________________________________________________46 O curso de agronomia da UFRR________________________________________ 47 A agroecologia no ensino agrotcnico: uma ferramenta no desenvolvimento sustentvel________________________________________________________50 Capacitao Rural___________________________________________________ 53 Temas debatidos nos grupos de trabalho 1) Qual o entendimento do tema Agroecologia no mbito do Estado de Roraima?__________________________________________________________ 55 2) De que forma a Agroecologia pode melhorar a condio scio-ecnomica-ambiental da populao. Identificar temas prioritrios: Nas comunidades indgenas___________________________________________ 55 Nos assentamentos rurais e projetos de colonizao rural____________________ 56 Nas comunidades tradicionais__________________________________________ 56 Agricultura urbana e periurbana________________________________________57 Agricultura empresarial_______________________________________________57 3) Como poderia ser estruturada uma rede de pesquisa e difuso em Agroecologia no estado?_________________________________________________________ 57 4) Quais as demandas para a implementao da Agroecologia no estado: Do ensino?________________________________________________________58 Da pesquisa?_______________________________________________________ 58 Da difuso?________________________________________________________59

Instituies Participantes1. CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA (UFRR) 2. EMBRAPA RORAIMA 3. ESCOLA AGROTCNICA DA UFRR 4. FACULDADES CATHEDRAL 5. FEDERAO DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA - FETAG 6. FUNDAO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE CINCIA E TECNOLOGIA FEMACT 7. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVVEIS - IBAMA 8. INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAO E REFORMA AGRRIA - INCRA 9. MUSEU INTEGRADO DE RORAIMA - MIRR 10. NCLEO INSIKIRAN DA UFRR 11. SECRETARIA DE ESTADO DO NDIO 12. SECRETARIA ESTADUAL DE AGRICULTURA PECURIA E ABASTECIMENTO SEAPA 13. SECRETARIA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO AGRCOLA 14. SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E ASSUNTOS INDGENAS 15. SERVIO BRASILEIRO DE APOIO S MICRO E PEQUENAS EMPRESAS SEBRAE 16. SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO - SESCCOP 17. SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RUARAL - SENAR 18. SUPERINTENDNCIA FEDERAL DA AGRICULTURA - SFA 19. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA

Programao10/11/2006 Abertura Antnio Carlos Centeno Cordeiro Marco Referencial em Agroecologia Palestrante: Jerri dson Zilli Tendncias da Agroecologia no Brasil e em Roraima Palestrante: Patricia da Costa Painel 01: Prticas agrcolas com comunidades indgenas 1 Ncleo Insikiran/UFRR Ttulo: Experincias do Ncleo INSIKIRAN Palestrante: Lucianne Braga Oliveira Vilarinho 2 Secretaria Estadual de Agricultura Pecuria e Abastecimento - SEAPA Ttulo: Agricultura familiar indgena Palestrante: Paulinho Afonso Cabral Dias Macdo 3 - Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Assuntos Indgenas Ttulo: Assistncia tcnica e extenso rural em comunidades indgenas de Boa Vista Palestrante: Eliander Pimentel Trajano 4 Centro de Cincias Agrrias/UFRR Ttulo: Agricultura integrada ao ambiente hospitalar uma viso agroecolgica Palestrante: Clida Socorro V. do Nascimento

Painel 02: Panorama da agricultura familiar no Estado de Roraima 1 Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria - INCRA Ttulo: Agricultura Familiar em Projetos de Assentamentos Palestrante: Jos Sinval Marques 2 Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuria e Abastecimento - SEAPA Ttulo: Agricultura familiar e extenso rural Palestrante: Fbio Maia da Silva

Painel 03: Estratgias para a promoo de agricultura de base ecolgica 1 Superintendncia Federal de Agricultura - SFA Ttulo: Programa de Desenvolvimento da Agricultura Orgnica - PR-ORGNICO Palestrante: Anastcio Levimar Rodrigues Pinho 2 Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE Ttulo: Desenvolvimento do projeto horticultura orgnica em Boa Vista/Roraima Palestrante: Rogrio Jansen Berardinelli 3 Embrapa Roraima Ttulo: Pesquisas com Agriculturas de Base Ecolgica na Embrapa Roraima Palestrante: Antnio Carlos Centeno Cordeiro 4 - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agrcola Ttulo: Pesquisas com agriculturas de base ecolgica na Embrapa Roraima Palestrante: Ivan Luis de Oliveira Silva 5 - Servio Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo - SESCCOP Ttulo: Cooperativismo: soluo inteligente na gerao de trabalho e distribuio de renda Palestrante: Jean Flvio Cavalcante Oliveira

6 Federao dos Trabalhadores na agricultura - FETAG Ttulo: Diversificao na unidade de produo familiar Palestrante: Ana Maria de Souza

Painel 04: O ensino de agricultura no Estado de Roraima 1 Departamento de Fitotecnia do Centro de Cincias Agrrias/UFRR Ttulo: O curso de agronomia da UFRR Palestrante: Antonio Cesar Silva Lima 2 - Escola Agrotcnica da UFRR Ttulo: A Agroecologia no Ensino Agrotcnico: uma Ferramenta no Desenvolvimento Sustentvel Palestrante: Magna Maria Macedo Ferreira 3 Servio Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR Ttulo: Capacitao rural Palestrante: Jean Flvio Cavalcante Oliveira

Formao de grupos de trabalho para discusso de oportunidades de pesquisa e difuso em agroecologia no Estado de Roraima

Resumos

11 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima

Marco referencial e tendncias da agroecologia no Brasil e em RoraimaPatricia da Costa Jerri dson Zilli Carlos Eugnio Vitoriano Lopes Centro de Pesquisa Agroflorestal de Roraima - Embrapa Roraima

Diversas definies tm sido atribudas a Agroecologia, que pode ser considerada como uma cincia emergente. De acordo com Gliessman (2001) a Agroecologia compreende a aplicao de conceitos e princpios ecolgicos no desenvolvimento e manejo de agroecossistemas sustentveis. Para Altiere (2002), representa uma abordagem agrcola que incorpora cuidados especiais relativos ao ambiente, assim como aos problemas sociais, enfocando no somente a produo, mas tambm a sustentabilidade ecolgica do sistema de produo. Por sua vez, para Urchei et al. (2005), integra os princpios agronmicos, ecolgicos e socioeconmicos compreenso e avaliao do efeito das tecnologias sobre os sistemas agrcolas e sociedade como um todo...incluindo dimenses ecolgicas, econmicas, polticas, sociais e culturais e, finalmente, para Embrapa (2006), se concretiza quando, simultaneamente, cumpre com os ditames da sustentabilidade econmica (potencial de renda e trabalho, acesso ao mercado), ecolgica (manuteno ou melhoria da qualidade dos recursos naturais), social (incluso das populaes mais pobres e segurana alimentar), cultural (respeito s culturas tradicionais), poltica (movimento organizado para a mudana) e tica (mudana direcionada a valores morais transcendentes). A anlise da evoluo dos conceitos de Agroecologia remete a dimenses de sustentabilidade, econmica, ecolgica, social, cultural, poltica e tica, que foram paulatinamente se materializando em sua base conceitual. A partir da anlise destes conceitos, depreende-se que esta nova cincia aproxima-se e usa arcabouos de outras cincias, como Agronomia, Ecologia, Antropologia e Sociologia, sendo, portanto, uma cincia multidisciplinar. Assim, identifica-se como uma forte tendncia da Agroecologia a ampliao de discusses com estas cincias e a formao de equipes verdadeiramente multidisciplinares. Paralelamente a Agroecologia reconhece e fundamenta-se em conhecimentos e experincias de homens e mulheres que manejam os agroecossistemas, sejam eles

12 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima agricultores, ribeirinhos, extrativistas, quilombolas ou povos indgenas. Para tanto, ela fundamenta-se em uma nova base epistemolgica e metodolgica, assumindo que a cincia encontra-se em processo permanente de construo, situada historicamente e influenciada por condicionantes scio-culturais especficos. Com a assuno dos conhecimentos advindos de fora da academia como verdadeiros, inicia-se tambm uma nova etapa no relacionamento entre professores, pesquisadores, tcnicos, extensionistas e manejadores1 que atuam em agroecologia. Visando construir um conhecimento comum, que atenda aos pressupostos e dimenses desta cincia, inicia-se um dilogo entre os diferentes saberes. Passa-se a aceitar que todos os sujeitos envolvidos no so meramente tbulas-rasas, desprovidos de conhecimentos, para os quais deve-se transferir conhecimentos gerados isoladamente por apenas uma das partes, na forma de pacotes tecnolgicos. Os manejadores deixam de ser o elo final de uma cadeia de gerao de conhecimento que se inicia na academia e passam a gerar o conhecimento em conjunto com outros atores. Para tanto, a Agroecologia novamente apropria-se de conceitos de outras cincias, neste caso da Pedagogia e da Epistemologia. Idealmente, os modelos da pedagogia relacional e da epistemologia construtivista deveriam ser os utilizados, entretanto, percebe-se que em muitos casos a ausncia de pedagogos nas equipes que atuam em Agroecologia acabou por gerar receitas de bolo alternativas para mediar o processo de construo do conhecimento. O uso de diagnsticos, como os Diagnsticos Rpidos Participativos (DRP), uma destas receitas, empregado freqentemente visando gerar diagnsticos sobre os conhecimentos dos manejadores, mas desvinculado de processos de sntese e de acomodao, ou seja, desprovidos de qualquer construo de conhecimento entre os atores. Assim, uma outra tendncia seria a maior aproximao da Agroecologia com a Pedagogia e Epistemologia na busca por mtodos que sejam capazes de mediar os diferentes processos de ensino e aprendizagem dos diversos atores envolvidos. A Agroecologia tambm identificada como um conjunto de conhecimentos prticos e tericos que pretendem contribuir na transio para uma agricultura mais sustentvel (Caporal & Costabeber, 2004). Este processo de transio freqentemente referido como: Transio Agroecolgica, definido por etapas internas e externas ao sistema de produo. No h uma definio clara de sucesso entre estas etapas, mas assume-se que algumas delas so prioritrias para que se atinja graus maiores de sustentabilidade (Embrapa, 2006). Entre as etapas internas do sistema produtivo teramos a reduo e racionalizao do uso de insumos qumicos, a substituio de insumos, o manejo da biodiversidade e redesenho dos sistemas produtivos.

13 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima Na Amaznia, consenso que o processo de transio agroecolgica inicia-se pelo manejo da biodiversidade e redesenho de sistemas produtivos. Ressalta-se ainda que o maior problema ecolgico dos agroecossistemas em Roraima o uso do fogo como tcnica para a abertura de reas e renovao de pastagens, havendo, portanto, a necessidade de superao desta prtica, em uma etapa que poderia ser denominada reduo e racionalizao no uso de prticas e processos. Verifica-se assim, que o processo de Transio Agroecolgica, pode assumir diversos caminhos em direo s prticas mais sustentveis e as diferentes Transies precisam ser descritas e apresentadas. Assim, teramos como outra forte tendncia da Agroecologia na Amaznia o desenvolvimento de pesquisas com sistematizao e avaliao de experincias de transio agroecolgica em redes ou propriedades de referncia. Alm disto, novas construes agroecolgicas esto em andamento em reas relacionadas ao manejo florestal, madeireiro ou no-madeireiro, manejo de fauna, manejo de ecossistemas, plantio em sistemas agroflorestais, silvicultura, por comunidades de ribeirinhos, extrativistas, quilombolas, povos indgenas, entre outras. A pesquisa com estes atores com foco no manejo da biodiversidade amaznica uma tendncia natural para os agroeclogos na Amaznia e, em especial, em Roraima. Outros atores sociais j desenvolvem prticas de base ecolgica em Roraima, como, por exemplo, os produtores de hortalias do entorno da cidade de Boa Vista, agricultores em reas de assentamento e colonizao que utilizam sistemas agroflorestais como alternativa ao uso do fogo e alguma prticas agrcolas de subsistncia em comunidades indgenas. Ampliar as discusses como estes produtores e buscar novos conhecimentos adaptados realidade scio-ambiental do Estado tambm se apresentam como fortes tendncias da Agroecologia em Roraima. Outras temticas dizem respeito produo energtica e biomassa; compostagem e vermicompostagem; substratos e reciclagem de resduos orgnicos e resgate de recursos genticos e conhecimentos tradicionais.

Referncias bibliogrficas Altiere, M. Agroecologia: bases cientficas para uma agricultura sustentvel. Guaba: Agropecuria, 2002. 592p. Caporal, F. R.; Costabeber, J. A. Agroecologia: alguns conceitos e princpios. Braslia: MDA/SAF/DATER-IICA, 2004. 24p.

14 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima Embrapa. Marco Referencial em Agroecologia. 2a verso. Braslia, DF: Embrapa Informao Tecnolgica, 2006. 34p. Gliessman, S. R. Agroecologia: processos ecolgicos em agricultura sustentvel. 2 ed. Porto Alegre: Ed. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2001. 653p. Urchei, M. A.; Padovan, M. P.; Mercadante, F. M.; Cardoso, S., Fontes, C. Z.; Rodrigues Neto, J. V.; Lidone, S. M. Propostas para o Desenvolvimento da Agroecologia no Estado de Mato Grosso do Sul. Dourados: Embrapa Agropecuria Oeste, 2005. 49p. (Documentos, Embrapa Agropecuria Oeste, 52).

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Neste texto, o termo manejadores refere-se aos agricultores, ribeirinhos, extrativistas, quilombolas ou povos indgenas, isto porque, freqentemente, a literatura em Agroecologia adota o termo agricultores de forma generalizada.

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Prticas agrcolas em Comunidades Indgenas: relatos de experincias do Ncleo InsikiranLucianne Braga Oliveira Vilarinho Ncleo Insikiran da Universidade Federal de Roraima O Ncleo Inskiran de Formao Superior Indgena surgiu a partir da luta de lideranas Indgenas, que desde a dcada de 70, reivindicavam a reestruturao do ensino escolar nas comunidades, cujo principal alvo era a formao dos professores. Com apoio da reitoria da UFRR e da pro reitoria de graduao, o ingresso legal e legtimo dos indgenas no ensino superior se efetivou em 2003 com a criao do curso de Licenciatura Intercultural. O curso hoje tem 178 alunos regularmente matriculados, todos exercendo as atividades de professores em comunidades indgenas. Desse total, 60 j fizeram opo por uma das trs reas de habilitao do curso, quais sejam: Cincias da Natureza, Cincias Sociais e Comunicao e Artes. Da primeira turma, constituda de 60 alunos, 21 fizeram opo pela rea de Cincias da Natureza. Esses professores cursistas da Licenciatura Intercultural vm desenvolvendo projetos nas escolas em que atuam, as mais das vezes voltados para as prticas produtivas. Com estas praticas, os professores tm podido criar um ambiente mais oportuno para discutir sobre o meio ambiente em que vivem e as alternativas de auto-sustentao das comunidades. Estas atividades j vinham sendo desenvolvidas pelos alunos, porm sem nenhum vis pedaggico. O que se busca com estes projetos, hoje, a integrao dos saberes e dos fazeres construdos e intermediados pela escola, que tem o papel fundamental de socializar esses conhecimentos. Estes projetos se iniciaram com propostas desenvolvidas pelos prprios alunos a partir da realidade de cada Escola-Comunidade. O Ncleo Insikiran, por meio do programa Ema Pia, vem desenvolvendo uma ao denominada Fundo de financiamento de projetos de pesquisa. Essa ao vem fomentando a articulao entre os professores indgenas na elaborao de propostas pedaggicas vinculadas a praticas agrcolas. Os professores indgenas coordenadores dos projetos aprovados receberam um incentivo de R$ 2.000,00 mil reais para execuo de suas idias na escola, sob a orientao de um professor do Ncleo Insikiran. A comunidade Tabalascada foi contemplada com dois projetos que envolvem alunos do ensino fundamental e mdio. Os professores indgenas

16 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima ficaram responsabilizados pelo desenvolvimento dos planos de atividades que foram apresentados comunidade, bem como aos alunos e professores da escola. O projeto intitulado Prticas agronmicas e seus aspectos pedaggicos na formao de estudantes indgenas, utilizou-se do cultivo da melancia para discutir junto comunidade escolar, as necessidades de ampliar as alternativas de cultivo na comunidade Tabalascada. Seis alunos do ensino mdio conduziram todas as etapas da produo. Este procedimento oportunizou aos alunos a realizao de prticas agrcolas at o momento desconhecidas pela comunidade. Este projeto foi implantado na escola numa rea de lavrado, o que despertou a curiosidade dos moradores da comunidade, sobretudo dos mais velhos, que consideravam o lavrado como rea improdutiva. Os frutos coletados foram utilizados na merenda escolar e distribudos aos moradores e os resultados alcanados incentivaram a comunidade escolar a diversificar as espcies cultivadas. Este ano os alunos, alm da melancia, tambm esto cultivando feijo, milho e iniciaram a implantao de um pomar de bananas. Isso significativo quando os professores indgenas relatam a constatao de um significante decrscimo no cultivo agrcola em comunidades indgenas. A ttulo de exemplo, a comunidade da Barata, que em 1985 foi uma importante regio produtiva do Estado, hoje se limita basicamente produo de farinha. Professores desta comunidade tambm vm encabeando discusses sobre auto-sustentao. Nesta escola, trs projetos foram aprovados no edital do PIBIC jr, referentes implantao de uma horta escolar, a utilizao de plantas medicinais, e as questes do lixo na comunidade; problemas e solues. Neste cenrio a escola tem uma importante misso na sistematizao de conhecimentos a partir da perspectiva dos povos que tradicionalmente ocupam esse territrio. Socializar saberes relacionados diversidade das espcies naturais da regio e, por conseguinte, sobre os modos de aplicao dos produtos provenientes dessas espcies vegetais que, desde muito, so manipuladas para fins de emprego na culinria, na medicina tradicional, na fabricao de artesanatos, na construo de casas dentre outras finalidades. Esses conhecimentos que fazem parte do cotidiano dos moradores e so transmitidos e repassados de gerao a gerao, nos dias de hoje, a escola tambm passou a assumir um importante papel na discusso e disseminao de tais

17 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima conhecimentos, de forma a garantir a preservao da cultura, ao mesmo tempo que fomenta a reflexo crtica e consciente do uso sustentvel dos recursos naturais, bem como da auto-sustentao das comunidades.

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Extenso rural e agricultura familiar indgenaPaulinho Afonso Cabral Dias Macdo Secretaria Estadual de Agricultura Pecuria e Abastecimento - SEAPA A extenso Rural no estado de Roraima est se estruturando. Primeiro com o concurso para tcnicos que j foi feito, depois com a compra de veculos, reforma de escritrios e equipamentos como computador, mquinas fotogrficas, GPS e treinamentos para seus tcnicos. As comunidades indgenas esto situadas, na maioria, ao norte do estado nas reas em que os nossos escritrios esto menos privilegiados de condies de trabalho. Temos poucos tcnicos e quase nenhuma ferramenta de trabalho. No municpio de Pacaraima, onde existem 52 comunidades, temos 2 tcnicos. Os trabalhos mais significativos tm sido o de acompanhar as Unidades que a Embrapa tem feito na regio, como o viveiro de mudas, a Unidade de batata, melancia e tanque-rede na regio do Conto. Na comunidade do Taxi, mandioca adubada. Na comunidade So Jorge, Feijo-caupi. Na comunidade Boca-da-mata, abacaxi e hortas escolares. As culturas mais trabalhadas pelas comunidades so: mandioca, banana, milho, feijo e abacaxi, tendo tambm limo, arroz e maracuj que so trabalhadas esporadicamente. No municpio de Uiramut, temos comunidades como Mararm, Ticoa, Soc, gua Fria, Caju, Maracan, Flexal, Mutum e no temos escritrio funcionando no municpio. No municpio de Normandia, temos comunidades como Raposa, Chumina, Aratanha, Barata, Napoleo, Cachoeirinha.Temos 1 escritrio com 1 Agrnomo nesta regio, sem condio de atender a contento devido falta de transporte. No municpio de Bonfim, onde temos 3 tcnicos, temos 1 trabalho de mandioca na comunidade Manau sendo mecanizado e adubado. As demais comunidades, como: Pium, So Joo, Sapo, Jaboti, Bom Jesus, Alto Arraia, Moscou e Apum, temos trabalhos de vacinao de bovinos e distribuio de

19 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima sementes, como: arroz, milho e feijo, dando assistncia tcnica desde o plantio at colheita. A Reserva So Marcos, com as comunidades de Bom Jesus, Vista Alegre 1 e 2, Ilha, Lago Grande, Milho e Daroura, talvez por estar mais perto do escritrio com condies, so melhores assistidos, com 22 projetos de melancia, PRONAF custeio, no valor de R$5.700,00 cada. Havendo um treinamento anterior sobre a cultura e administrao da mesma com recurso do Programa So Marcos. Os mesmos so assistidos pelos tcnicos do escritrio de Boa Vista. Um trabalho muito importante junto a algumas comunidades indgenas sobre apicultura. Nele so dados treinamentos com cedncia de materiais e implantao de apirios Devemos ter o cuidado de no querermos levar a maior quantidade de financiamento, achando que com isso estaramos levando desenvolvimento, pois com alguns fracassos, estaramos desestruturando a sua comunidade. Devemos estudar melhor sua cultura e trabalharmos mais com Unidades Demonstrativas, mostrando resultados concretos para que os mesmos ganhem conhecimento e confiana, trabalhando principalmente com a juventude como empreendedores rurais, com escolas diferenciadas, que no ensinam apenas a matrias tradicionais, mas sim matrias relacionadas realidade rural desses jovens. Ressaltamos que precisamos capacitar nossos tcnicos com treinamentos especficos para o trabalho com comunidades indgenas.

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Assistncia tcnica e extenso rural em comunidades indgenas de Boa VistaEliander Pimentel Trajano Izadora Wally Fontenelle de Matos Gesto de Assuntos Indgena da Prefeitura Municipal de Boa Vista No municpio de Boa Vista existem 14 comunidades indgenas localizadas no baixo So Marcos, a explorao da terra ocorre de forma no integrada. O plantio feito anualmente em roas comunitrias e individuais, no perodo chuvoso, para a subsistncia da comunidade, sem excedentes de produo nem to pouco um plano de desenvolvimento integrado e sustentado. No vero as terras ficam inutilizadas por indisponibilidade de gua e recursos para a explorao do potencial hdrico existente na regio por meio dos rios: Uraricoera, Tacutu, Surum e Parim, que banham a regio; alm de inmeros igaraps com gua perene. A regio do baixo So Marcos tipicamente formada por Savanas ou Lavrados. O solo dessa regio de baixa fertilidade e em reas de ilhas, o solo possui formao florestal adensada, conhecida popularmente como capoeira, onde se pratica a agricultura de subsistncia, com o preparo de roas individuais e comunitrias, com culturas do milho, feijo, arroz, abbora, mandioca, melancia, pimenta e outras culturas. Geomorfologicamente, o solo dessa regio possui formao de latossolo Amarelo, intemperizado, em processo de formao. Na regio suas etnias so divididas em duas: os macuxis e wapixanas, veja na Tabela 1 o nome da comunidade, o nmero de pessoas que residem e a distncia do municpio at cada comunidade. Atualmente, os Macuxis e Wapixana so considerados os maiores grupos tnicos no estado de Roraima e se constituem, historicamente, como uma sociedade de caadores e agricultores. De modo geral, pode-se destacar que a vinda desses povos indgenas para reas rurais do municpio de Boa Vista, localizados na regio de So Marcos, ocorreu devido a conflitos com fazendeiros que se apossavam das terras indgenas, na regio do Surum, para a instalao de fazendas. TRABALHOS REALIZADOS NAS COMUNIDADES INDGENAS A partir do ano de 2001 a Prefeitura Municipal de Boa Vista, comeou a desenvolver atividades na sade, educao e assistncia tcnica com devido

21 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima acompanhamento; de l para c sempre foi mantido uma relao de respeito e confiana com as comunidades indgenas. Alm do apoio a cultura, esporte e artesanato; sempre buscando apoiar a atividade produtiva dessas comunidades com distribuio de sementes e adubos para implementar a produo nas roas individuais e comunitrias. O acompanhamento mais integrado na rea da sade e educao comeou em 2003, com aberturas de escolas e atendimento com as Unidades Mveis de Sade. A partir do ano de 2004 atravs da Gesto Ambiental e Assuntos Indgenas foi montada uma equipe tcnica para reas indgenas de Boa Vista. Do Brasil inteiro, Boa Vista o nico lugar que existe uma equipe totalmente capacitada trabalhando s para os indgenas. A assistncia tcnica semanal, com cursos, palestras, assistncias em suas lavouras individuais e comunitrias, na pecuria, piscicultura, etc. No ano de 2005 e 2006 vrios projetos foram implantados como: Projeto de Horta Comunitria: Disponibilizou a produo de Hortalias atravs de cursos com materiais, insumos e assistncia tcnica para cada comunidade manter suas hortas durante o ano todo com incremento na merenda escolar das comunidades colhendo produtos de qualidade, na busca de mudana do habito alimentar dos indgenas; Projeto de melancia irrigada: Foi fortalecido o setor produtivo e comercial nas comunidades atravs de cursos, materiais, insumos e assistncia tcnica. Projeto de pimenta irrigadas: Foi implantado em uma comunidade indgena chamada Vista Alegre comeando com curso de cultivo e beneficiamento da cultura, com os 3 morfotipos mais comercializados do municpio de Boa Vista olho-de-peixe, malagueta e murupi. Ao todo na comunidade existem hoje mais de 1.000 ps de pimentas para serem beneficiadas, com molhos, doces, gelias, em p e in natura.

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Tabela 1- Nome de cada comunidade existente no municpio de Boa Vista, o nmero de famlias de cada uma, total de pessoas, sua etnia e a distncia do municpio at cada comunidade. Comunidades Indgenas 1. Bom Jesus 2. Campo Alegre 3. Darra 4. lha 5. Lago Grande 6. Mawixi 7. Milho 8. Morcego 9. Serra da Moa 10. Truaru da Serra 11. Tigre 12. Vista Alegre 13. Vista Nova 14. Truaru cabeceira da Famlias 11 31 20 20 62 07 32 18 35 30 10 83 16 90 Populao 78 95 105 104 278 25 155 76 153 123 55 438 78 270 Etnia Macuxi Macuxi Macuxi Macuxi Wapixana Macuxi Wapixana Wapixana Wapixana Wapixana Macuxi Macuxi / Wapixana Macuxi Wapixana Distncia em Km (BV/Comunidade) 102 64 88 67 95 85 94 60 46 52 132 78 76 60

23 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima

Agricultura integrada ao ambiente hospitalar uma viso agroecolgicaClida Socorro Vieira dos Santos Departamento de Fitotecnia do Centro de Cincias Agrrias/UFRR 1 Introduo O Projeto Meio Ambiente e Agricultura Integrados ao Ambiente Hospitalar um dos projetos que a Universidade Federal de Roraima, UFRR, em parceria com o Programa Universidade Solidria Mdulo Regional (UNISOL-Regional), vem desenvolvendo na Casa de Sade do ndio, CASAI. A Casa de Sade do ndio um hospital mantido pela Fundao Nacional de Sade, FUNASA, com o objetivo de atender os ndios de diversas etnias (Macuxi, Yanomami, Yekuana, Patamona, Taurepang, Wapixana, Ingaric, Sawm, Xiriana e Xirixana). O objetivo principal do projeto foi o de engajar os acompanhantes dos pacientes em trabalhos voluntrios e participativos, que pudessem ocup-los. As justificativas que levaram a elaborao do projeto foram: o nmero de acompanhantes, as vezes, superior at ao nmero de pacientes internados. Esse grande contigente de acompanhantes, na maioria das vezes, gerava problemas no gerenciamento da Casa, como por exemplo acomodao, alimentao, sadas para rea circunvizinhas, limpeza do local e a inquietao, normal, tanto dos acompanhantes quanto dos pacientes com relao ao distanciamento da famlia e comunidade. Tendo em vista o objetivo principal, procurou-se uma atividade que melhor se enquadrasse ao pblico alvo (acompanhantes) e que tambm trouxesse outros benefcios a estes e Casa. A atividade escolhida foi a agricultura, com implantao de uma horta com olercolas, plantas medicinais (farmcia viva), um pomar e algumas plantas ornamentais tambm o cultivo de algumas culturas anuais (milho, feijo, macaxeira). Na escolha da atividade considerou-se diversos aspectos como: ser uma atividade j exercida por muitos em seu local de origem; poder contribuir com os produtos, decorrentes dessa atividade,

24 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima para uma melhor alimentao tanto para os pacientes quanto para os acompanhantes; maximizar os recursos alocados para a aquisio de alimentos, por exemplo: comprar, em maior quantidade, determinados produtos que no pudessem ser produzidos no local, em detrimento de outros que poderiam ser produzidos; servir de aprendizado de novas tcnicas agrcolas; despertar o interesse para a produo de outras culturas de importncia alimentar; enfatizar a importncia no contexto social da agricultura e do agricultor e; resgatar o valor das plantas medicinais. Alm disso, aproveitar a oportunidade deste local estar prximo de uma Escola de Agronomia, com professores e alunos dispostos a colaborarem com as atividades e de uma Pr-Reitoria de Extenso engajada em projetos sociais. Ressalta-se que, a direo da Casa de Sade do ndio, representada pelo seu Administrador, Dr. Antnio Carlos Gonalves, e pela Diretora Administrativa, Irm Auristela Stinghen, foram os grandes incentivadores, dando total apoio ao Projeto. Outras entidades se propuseram a colaborar com o projeto como: a Cooperativa do Gro Norte, o Conselho Indgena de Roraima (CIR), a Feltrin-sementes, a Secretaria de Agricultura do Estado de Roraima, a Embrapa e alguns pecuaristas e produtores de arroz, procedendo a doao de alguns insumos. Assim sendo, a horta, o pomar e as culturas anuais tiveram como objetivo promover a auto-sustentabilidade com relao a algumas hortalias frutas e gros. O plantio de plantas ornamentais teve como objetivo melhorar o aspecto paisagstico da rea e as plantas medicinais, para preparo de chs, xaropes e banhos (conforme orientao de um especialista). Foi prioridade do projeto adotar os princpios agroeclogicos em todas as atividades de produo. Aproveitou-se, tambm, a oportunidade para abordar assuntos ligados a educao ambiental e a integrao entre ndios e no ndios. Na conduo dos trabalhos percebeu-se o interesse de muitos indgenas em participar das atividades, bem como o interesse de que visitssemos suas malocas com a finalidade de ministrarmos cursos. Quanto aos alunos, estes, tiveram a oportunidade de ter o contato com diversas etnias que fazem parte, antes de tudo, do povo brasileiro. Percebeu-se que barreiras, como o preconceito, foram quebradas, na maioria das vezes.

25 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima No momento, alm dos alunos voluntrios, temos bolsistas da UFRR e FUNASA. Contamos, ainda, com a participao dos alunos da disciplina de olericultura e agroecologia, que utilizam o espao para aulas prticas. Nesse contexto, conclumos que, todas as experincias vivenciadas contriburam para a consolidao e sucesso do Projeto. O presente projeto ter continuidade por tempo indeterminado, com o engajamento de professores e alunos da UFRR, bem como com a participao e apoio de outras instituies. Para nossa equipe foi de grande valia a contribuio financeira do Programa Universidade Solidria, principalmente no primeiro momento - o da implantao de um projeto onde os recursos foram escassos e, ainda, as pessoas carecem de uma conscientizao da importncia do ato de ser solidrio.

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Agricultura familiar em projetos de assentamentosJos Sinval Marques Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria INCRA O Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria INCRA, tem como objetivo, Criar oportunidades para que os produtores rurais alcancem plena cidadania, para isto, conta com parcerias da EMBRAPA, FEMACT, SEAPA, Prefeituras Municipais, SENAC, SENAR, SEBRAE, Universidade Estadual do Amazonas, Universidade Federal de Roraima, Secretarias Estaduais, Receita Federal, Poder Judicirio Federal e Estadual, FETAG, CAR, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, MST, etc. Ressalte-se que sem essas parcerias o trabalho do INCRA seria muito mais difcil. O INCRA trabalha com regularizao de terras pblicas, colonizao e projetos de assentamentos. No caso dos Projetos de Assentamentos, trata-se de agricultores familiares, a Colonizao visa a mdios agricultores e a Regularizao envolve todas as propriedades rurais localizadas em reas pblicas federais abrangendo os processos desde a autorizao de ocupao at a emisso do Ttulo Definitivo. A regularizao de terras pode ser para particulares e Instituies Pblicas ou Privadas, obedecida legislao em vigor. A regularizao s pode ser realizada at 2.500 h, segundo a Constituio Federal, qualquer rea superior, s poder ser regularizada pelo Senado Federal. A seguir vamos apresentar um resumo da situao fundiria de Roraima, com rea total de 22.298.980,00 h. De toda a rea, 71,38% so Terras Pblicas Federais Destinadas, totalizando 15.917.473,00 h, assim distribudos: 46,63% da rea do Estado constitui Terras Indgenas; 10,45% da rea de Roraima formalizada por Unidades de Conservao Ambiental; 8,63% da rea estadual representa as reas tituladas e com CPCV; os Projetos de Assentamentos do INCRA totalizam 5,57% da rea estadual e o Ministrio da Defesa detm 0,10% da rea de Roraima. Existem ainda 2.241.180,00 h, ou seja, 10,06% em Terras Pblicas Estaduais, e ainda, 18,56% de Terras Pblicas Federais No Destinadas.

27 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima Resumindo, o INCRA utiliza 5,57% da rea estadual com projetos de assentamentos, as propriedades privadas constituem 8,63% do territrio, enquanto 18,56% so Terras Pblicas Federais a serem regularizadas, que aguardam a destinao. O INCRA possui 41 Projetos de Assentamentos com capacidade para 18.400 famlias (lotes), sendo que, mais de 16.000 lotes esto ocupados. Existem ainda 29 reas de colonizao no Estado. Porm, no necessrio apenas entregar uma rea de terra para o agricultor familiar, faz-se imprescindvel a assistncia tcnica, crdito e educao. O INCRA fornece R$ 2.400,00 como crdito de apoio por ocasio da assinatura com o assentado e posteriormente, concede o crdito habitao no valor de R$ 5.000,00. Atualmente o INCRA em convnio com a Caixa Econmica Federal e a FETAG, deve fornecer ao longo de 2006 e 2007, cerca de 2.000 casas para os assentados da Reforma Agrria, neste convnio o INCRA entra com R$ 5.000,00 e a Caixa com R$ 6.500,00, totalizando, R$ 11.500,00 que devero cobrir os custos da residncia. Ainda no setor de crdito, aps o pagamento do crdito de apoio e do crdito habitao, desde que o assentado esteja explorando o seu lote de acordo com as normas ambientais, o INCRA fornece o PRONAF A, o qual permite um crdito de at R$ 18.000,00 com rebate(desconto) de 45% sobre o valor total do emprstimo sob a condio do assentado no atrasar nas datas dos pagamentos das parcelas do emprstimo. O PRONAF A separa at o mximo de R$ 1.500,00 para pagamento do financiamento de assistncia tcnica e extenso rural. O principal problema para uma agricultura sustentvel o desconhecimento de tecnologias agropecurias de processos de produtos e de gesto por parte da maioria da clientela do INCRA. As tecnologias adequadas nossa realidade esto disponveis aqui na EMBRAPA e nas Universidades, o difcil fazer com que a clientela se aproprie, principalmente das tecnologias gerenciais e de processos, o que resultaria em aumento de produtividade e de agregao de valor com o uso de tecnologias adequadas. Existe um convnio entre o INCRA e o Governo do Estado para Assistncia Tcnica, Social e Ambiental, o qual encontra-se parado no momento. Julgamos que a melhor maneira de transferir tecnologia com uma boa assistncia tcnica aos produtores rurais. O PRONERA incentiva a transferncia de tecnologias ao proporcionar educao formal de trs nveis: alfabetizao e educao fundamental para 7.704 assentados e familiares assistidos pelo INCRA com recursos necessrios formalizao dos convnios.

28 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima O INCRA, atravs do PRONERA em convnio com a UFRR proporciona educao profissionalizante de tcnico agropecurio para 100 assentados ou filhos de assentados com o curso realizado em regime de alternncia, durante o qual os alunos recebem aulas certo perodo e a seguir, voltam para praticarem nas propriedades os ensinamentos terico-prticos recebidos, a seguir, voltam para as aulas e regressam s propriedades familiares. Para o curso pedaggico de nvel superior, tambm em regime de alternncia, o INCRA firmou convnio com a Universidade Estadual do Amazonas para capacitao de 200 assentados ou familiares de assentados. Reconhecemos ser mais oneroso o regime de alternncia do que o modo convencional, considerando-se o que se gasta com alimentao, transporte e alojamento dos educandos, porm, a melhor maneira de educar e disseminar os conhecimentos na rea rural, pela aplicao em campo dos conhecimentos adquiridos em sala de aula. Ainda no meu ponto de vista, estritamente pessoal, existem trs fatores que no dependem exclusivamente do INCRA que necessitam de melhorias: primeiro, a infraestrutura ainda insuficiente dos Projetos de Assentamento; segundo, a limitao da conservao de 80% da rea de cada lote mais a rea de APP; terceiro, melhor nvel gerencial visando a agregao de valor aos produtos e melhor conhecimento da cadeia produtiva, principalmente no que se refere aos canais de comercializao. O INCRA em parceria com diversos rgos tambm trabalha na documentao das famlias rurais. Finalizando, estamos procurando capacitar pessoal para o licenciamento ambiental de todos os projetos de assentamento e estamos procurando regularizar, inclusive com a titulao definitiva, obedecendo legislao, o mximo de reas possveis. Visualizamos que quanto mais lotes e reas forem regularizadas e tituladas, melhor ser para o agricultor e sua famlia, para Roraima e para o INCRA. A ltima palavra para agradecer aos parceiros do INCRA e a nossa clientela pela colaborao para que ns consigamos atingir nossos objetivos e metas.

29 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima

Agricultura familiar e extenso ruralFbio Maia da Silva Secretaria Estadual de Agricultura Pecuria e Abastecimento - SEAPA Os servios de Assistncia Tcnica e Extenso Rural Ater, foram iniciados, no pas, no final da dcada de quarenta, no contexto da poltica desenvolvimentista do psguerra, com o objetivo de promover a melhoria das condies de vida da populao rural e apoiar o processo de modernizao da agricultura, inserindo-se nas estratgias voltadas poltica de industrializao do pas. A Ater foi implantada como um servio privado ou paraestatal, com o apoio de entidades pblicas e privadas. Posteriormente, com apoio do governo do presidente Juscelino Kubitschek, foi criada, em 1956, a Associao Brasileira de Crdito e Assistncia Rural ABCAR, constituindo-se, ento, um Sistema Nacional articulado com Associaes de Crdito e Assistncia Rural nos estados. Em meados da dcada 1970, o governo do presidente Ernesto Geisel estatizou o servio, implantando o Sistema Brasileiro de Assistncia Tcnica e Extenso Rural Sibrater, coordenado pela Embrater e executado pelas empresas estaduais de Ater nos estados, as Emater. Como parte dos programas de Ater daquela poca, durante mais de uma dcada, a participao do Governo Federal chegou a representar, em mdia, 40% do total dos recursos oramentrios das Emater, alcanando at 80%, em alguns estados. Em 1990, o governo do presidente Collor de Mello extinguiu a Embrater, desativando o Sibrater e abandonando claramente os esforos antes realizados para garantir a existncia de servios de Ater no pas. As tentativas de coordenao nacional por meio da Embrapa e, posteriormente, pelo Ministrio da Agricultura no foram capazes de evitar que as Emater ficassem merc das polticas de ajuste estrutural e das difceis condies financeiras dos respectivos estados, alm de se ver ampliada a influncia dos interesses polticos dominantes em cada regio sobre os destinos das entidades oficiais de Ater. A participao financeira do Governo Federal, desde os anos 90, caiu abruptamente, passando a ser irrisria em relao ao oramento das empresas de Ater do setor pblico ainda existentes, que gira em torno de R$ 1 bilho por ano. Este afastamento do estado nacional resultou em um forte golpe aos servios levando a uma crise sem precedentes na Ater oficial, que tanto maior quanto mais pobres so os estados e municpios.

30 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima Nesse mesmo perodo, surgiram e se expandiram vrias iniciativas, visando suprir a carncia e o vcuo deixado pelo Estado, destacando-se aquelas patrocinadas por prefeituras municipais, por organizaes no-governamentais e por organizaes de agricultores, entre outras. A conseqncia desse processo de afastamento do Estado e diminuio da oferta de servios pblicos de Ater ao meio rural e agricultura aparece, hoje, evidenciada pela comprovada insuficincia destes servios em atender demanda da agricultura familiar e dos demais povos que vivem e exercem atividades produtivas no meio rural, principalmente nas reas de maior necessidade, como as regies Norte e Nordeste. Com isso, restringem-se as possibilidades de acesso das famlias rurais ao conhecimento, aos resultados da pesquisa agropecuria e a polticas pblicas em geral, o que contribui para ampliar a diferenciao a excluso social no campo. Poltica Nacional de Assistncia Tcnica e Extenso Rural Frente aos desafios impostos pela necessidade de implementar estratgias de produo agropecuria que sejam compatveis com os ideais do desenvolvimento sustentvel, os aparatos pblicos de Ater tero que transformar sua prtica convencional e introduzir outras mudanas institucionais, para que possam atender s novas exigncias da sociedade. As crises econmica e socioambiental, geradas pelos estilos convencionais de desenvolvimento, recomendam uma clara ruptura com o modelo extensionista baseado na Teoria da Difuso de Inovaes e nos tradicionais pacotes da Revoluo Verde, substituindo-os por novos enfoques metodolgicos e outro paradigma tecnolgico, que sirvam como base para que a extenso rural pblica possa alcanar novos objetivos. sabido que o desenvolvimento sustentvel almejado pelo pas, supe o estabelecimento de estilos de agricultura, extrativismo e pesca igualmente sustentveis, que no podem ser alcanados unicamente por meio da transferncia de tecnologias. De fato, a transio agroecolgica, que j vem ocorrendo em vrias regies, indica a necessidade de resgate e construo de conhecimentos sobre distintos agroecossistemas (incluindo os diversos ecossistemas aquticos) e variedades de sistemas culturais e condies socioeconmicas. Isto implica que a Ater, como um dos instrumentos de apoio ao desenvolvimento rural, adote uma misso, objetivos, estratgias, metodologias e prticas compatveis com os requisitos deste novo processo. Para dar conta destes desafios, os servios pblicos de Ater (realizados por entidades estatais e no estatais) devem ser executados mediante o uso de metodologias

31 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima participativas, devendo seus agentes desempenhar um papel educativo, atuando como animadores e facilitadores de processos de desenvolvimento rural sustentvel. Ao mesmo tempo, as aes de Ater devem privilegiar o potencial endgeno das comunidades e territrios, resgatar e interagir com os conhecimentos dos agricultores familiares e demais povos que vivem e trabalham no campo em regime de economia familiar, e estimular o uso sustentvel dos recursos locais. Ao contrrio da prtica extensionista convencional, estruturada para transferir pacotes tecnolgicos, a nova Ater pblica deve atuar partindo do conhecimento e anlise dos agroecossistemas e dos ecossistemas aquticos, adotando um enfoque holstico e integrador de estratgias de desenvolvimento, alm de uma abordagem sistmica capaz de privilegiar a busca de eqidade e incluso social, bem como a adoo de bases tecnolgicas que aproximem os processos produtivos das dinmicas ecolgicas. Nesta perspectiva, a Ater pblica deve estabelecer um novo compromisso com os seus beneficirios e com os resultados econmicos e socioambientais relacionados e derivados de sua ao, no podendo omitir-se diante de eventuais externalidades negativas geradas por sua interveno e pelas suas recomendaes tcnicas, como ocorreu no perodo da Revoluo Verde. Isto exige uma nova postura institucional e um novo profissionalismo, que esteja centrado em uma prxis que respeite os diferentes sistemas culturais, contribua para melhorar os patamares de sustentabilidade ambiental dos agroecossistemas, a conservao e recuperao dos recursos naturais e, ao mesmo tempo, assegure a produo de alimentos limpos, com melhor qualidade biolgica, e acessveis ao conjunto da populao. Para isto, fundamental que os agentes de Ater, sejam eles tcnicos, agricultores ou outras pessoas que vivem e trabalham no meio rural, possuam os conhecimentos e habilidades requeridas para a execuo de aes compatveis com a nova Poltica Nacional de Ater. Assim mesmo, as aes da Ater pblica devem auxiliar na viabilizao de estratgias que levem gerao de novos postos de trabalho agrcola e no agrcola, no meio rural, Segurana Alimentar e Nutricional Sustentvel, participao popular e, conseqentemente, ao fortalecimento da cidadania. Para tanto, a Poltica de Ater reconhece a pluralidade, as diferenas regionais, a diversidade socioeconmica e ambiental existente no meio rural e nos diferentes territrios, abrindo espao para experincias de carter bastante variado, mas que sejam guiadas pelos princpios e diretrizes enunciadas nesta Poltica Nacional.

32 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima Lei da Agricultura Familiar LEI N 11.326, DE 24 DE JULHO DE 2006. Estabelece as diretrizes para a formulao da Poltica Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Esta Lei estabelece os conceitos, princpios e instrumentos destinados formulao das polticas pblicas direcionadas Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Extenso Rural em Roraima Diante do proposto pelo PNATER, os servios de assistncia tcnica e extenso rural passam por uma situao difcil pelo contingente de agricultores familiares de nosso estado que gira em torno de 18.000 a 22.000 famlias, onde a FAO indica uma relao de no mximo 100 famlias por tcnico, o que daria uma demanda de 180 a 220 profissionais ligados diretamente aos servios de ATER e onde temos hoje um quantitativo de 80 profissionais em 29 escritrios distribudos por todo o Estado, e com o enorme desafio de implementar os conceitos de agroecologia neste Estado, onde o Departamento de Assistncia Tcnica e Extenso Rural tente arduamente buscar capacitaes a sua equipe tcnica na rea de agroecologia, para poder quebrar o paradigma deste novoentendimento sobre agricultura sustentvel.

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Programa de desenvolvimento da agricultura orgnica PR-ORGNICOAnastcio Levimar Rodrigues Pinho Superintendncia Federal de Agricultura SFA Governo Brasileiro est implementando o Programa de Desenvolvimento da Agricultura Orgnica Pr-Orgnico, para apoiar e fortalecer os setores da produo, processamento e comercializao de produtos orgnicos e estimular o crescimento desse segmento do agronegcio brasileiro. O Pr-Orgnico composto por um conjunto articulado de aes, dentre as quais destacam-se: - Associativismo, cooperativismo e outras formas de organizao Apoiar e fortalecer a organizao de agentes de diferentes segmentos da cadeia de produo orgnica, por meio de capacitao organizacional e gerencial; Desenvolver sistema de cadastro informatizado de organizaes de produtores. - Capacitao e treinamento Capacitar, com conhecimentos relativos produo orgnica, multiplicadores pertencentes a instituies pblicas e privadas que trabalhem prioritariamente com capacitao de agricultores, de modo a ampliar o nmero de profissionais aptos a atuar nos diferentes segmentos da cadeia produtiva; Produzir material instrucional para multiplicadores e produtores, de acordo com as demandas e condies regionais; Articular, com o Ministrio da Educao, a incluso da agroecologia como disciplina curricular do ensino agrcola, nos nveis mdio e superior. - Certificao da produo Implementar o Sistema Brasileiro de Certificao da Produo Orgnica; Manter permanente adequao das normas regulamentadas, em consonncia com as demandas nacionais e internacionais;

34 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima Implementar e manter sistema informatizado para acompanhamento da produo orgnica. - Associativismo, cooperativismo e outras formas de organizao Apoiar e fortalecer a organizao de agentes de diferentes segmentos da cadeia produtiva, por meio de capacitao organizacional e gerencial; Desenvolver sistema de cadastro informatizado de organizaes de produtores. - Defesa agropecuria Adequar os procedimentos quarentenrios adotados no trnsito de produtos agropecurios, considerando as particularidades das normas de produo orgnica; Identificar alternativas de medidas zoossanitrias e fitossanitrias compatveis com as normas de produo orgnica, para o atendimento de campanhas e outras exigncias, regulament-las e negociar sua incorporao nos acordos e normas internacionais. - Pesquisa e desenvolvimento Articular com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Embrapa e com outros agentes de financiamento de pesquisa, a elaborao e publicao de edital, na forma de concurso em nvel nacional, com chamada que acolha propostas de projetos de pesquisa e desenvolvimento que considerem o carter sistmico da agricultura orgnica, observando as particularidades regionais e visando a diminuio da dependncia em relao aos insumos externos e a conservao dos recursos naturais e do meio ambiente. - Financiamento e seguro agrcola Trabalhar, junto aos agentes financeiros, pela adequao das normas do financiamento agrcola s caractersticas da produo orgnica; Identificar entraves aplicao do seguro rural produo orgnica, elaborando propostas de ajustes sua regulamentao.

- Fomento e incentivo produo

35 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima Implantar, disponibilizar e manter atualizado, na pgina do Ministrio da Agricultura, na internet, banco de dados com informaes sobre materiais que supram a necessidade de aumentar a oferta de insumos e de tecnologias apropriadas aos sistemas orgnicos de produo que atendam s especificaes aprovadas pelas regulamentaes nacional e internacionais; Multiplicar e disponibilizar materiais para os produtores, segundo demandas regionais, com o auxlio de diferentes segmentos da sociedade; Apoiar a realizao de eventos que propiciem a disseminao do uso de produtos e processos. - Transferncia de tecnologia Realizar e apoiar eventos tcnicos destinados transferncia de tecnologia e troca de experincias entre os agentes da cadeia de produo orgnica; Alimentar com informaes os bancos de dados a serem disponibilizados na pgina do Ministrio da Agricultura; Implantar unidades demonstrativas que serviro como instrumento didtico pedaggico para a transferncia dos conhecimentos e tecnologias desenvolvidos e validados pela pesquisa e para a avaliao dos resultados e impactos decorrentes dessa transferncia.

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Desenvolvimento do projeto horticultura orgnica em Boa Vista/RoraimaRogrio Jansen Berardinelli Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE No incio do ano de 2005 foi definido o pblico-alvo a ser trabalhado a partir da seleo de produtores com perfil que pudessem estar realizando a converso da agricultura convencional para uma agricultura orgnica, no entorno do Municpio de Boa Vista/RR. Em seguida, os parceiros institucionais participantes do projeto como: Secretaria de Estado da Agricultura, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agrcola, Fundao Estadual de Meio Ambiente Cincia e Tecnologia, Embrapa, UFRR, Superintendncia Federal de Agricultura (MAPA/SFA), SENAR e SESCOOP, para a definio das aes a serem desenvolvidas no trinio 2005-2007, estabelecendo aes de curto, mdio e longo prazo para a consolidao das atividades, visando alcanar os resultados propostos ao final do trinio, onde no dia 22 de maro, foi assinado pelos parceiros e o pblico-alvo o documento Acordo de Resultados. As atividades esto se desenvolvendo normalmente e em decorrncia de ser um tema novo no estado de Roraima, encontra-se dificuldades inerentes ao incio de trabalhos em grupos como por exemplo, baixo conhecimento tcnico sobre agricultura orgnica: no existem profissionais no setor pblico ou privado com experincia efetiva e habilitados na rea de agricultura orgnica, algo que foi priorizado nas aes de curto prazo do Projeto, como curso de capacitao bsica para produtores e tcnicos, realizao de misso tcnica, aprimoramento dos tcnicos atravs do acompanhamento tcnico-agronmico e participao em feiras e eventos na rea. O baixo grau de conhecimento sobre organizaes como: associao, cooperativa tambm foi priorizado com aes para sanar essa deficincia atravs de capacitaes e consultorias visando o fortalecimento como grupo de produtores orgnicos, alm disso, poucos estabelecimentos locais que revendem produtos agropecurios, ainda no comercializam insumos orgnicos e o que vem ocorrendo, so iniciativas isoladas que, a partir das capacitaes proporcionadas aos produtores , alguns insumos esto chegando a Boa Vista, mas com um preo ainda bastante elevado ( 40% a mais que nos grandes centros, em decorrncia principalmente o custo de transporte.

37 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima Outro aspecto evidenciado a falta de efetiva assistncia tcnica que os produtores sofrem perante as instituies vinculadas a agricultura, o que se agrava quando o tema agricultura orgnica. As capacitaes e consultorias tecnolgicas visam amenizar e constituir habilitao tcnica local. Aps a assinatura do Acordo de Resultados, o Sebrae congregou uma equipe tcnica multiinstitucional das instituies parceiras que desde ento, em colaborando no acompanhamento tcnico-agronmico, alm da consultoria tcnica de empresa especializada. A efetiva participao das instituies governamentais participantes do projeto, vm contribudo para consolidar os conhecimentos que at ento estavam dispersos e que a partir do projeto, esto sendo disseminados em conjunto e retransmitidos aos produtores. Em 28 de outubro de 2005, houve a necessidade de alterar nos resultados finalsticos de "produtores orgnicos" para "produtores agroecolgicos", uma vez que o processo de converso das propriedades requer um tempo maior para sua efetiva denominao e certificao como "orgnico", ou seja, atingiremos esta meta apenas em 2008. Este entendimento veio a partir das anlises e acompanhamentos contnuos s propriedades e tambm pela prpria evoluo do projeto no decorrer do primeiro ano. Entende-se por "produtos agroecolgicos" aqueles que atendem a "ecologia" do sistema de produo e que no est vinculado ainda certificao junto a rgos credenciados.

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Pesquisas com agriculturas de base ecolgica na Embrapa RoraimaAntnio Carlos Centeno Cordeiro Carlos Eugnio Vitoriano Lopes Dalton Roberto Schwengber Haron Abrahim Magalhes Xaud Helio Tonini Jane Maria Franco de Oliveira Jerri dson Zilli Liane Marise Moreira Ferreira Maristela Ramalho Xaud Patricia da Costa Centro de Pesquisa Agroflorestal de Roraima - Embrapa Roraima H mais de dez anos o Centro de Pesquisa Agroflorestal de Roraima (Embrapa Roraima) desenvolve pesquisas e faz difuso de prticas agrcolas que possuem grande apelo ecolgico. Um dos exemplos de maior destaque diz respeito utilizao dos sistemas agroflorestais em reas de floresta alterada, objetivando recuperar reas degradadas, reduzir a necessidade de uso do fogo e, ainda, aumento da renda dos produtores de forma continuada no longo prazo. Esta estratgia compreende a avaliao de diferentes arranjos de plantas (anuais, frutferas, adubadoras e madeirveis) a fim de gerar conhecimentos que possam ser repassados aos produtores de forma mais eficiente. Alguns desses arranjos foram estabelecidos juntamente com os produtores, em especial na Associao de Preservao Ambiental do Apia (APAA), municpio de Mucajai, e implantados em suas reas, procurando respeitar suas necessidades, interesses e experincias. A parceria da Embrapa com os produtores da APAA tem mostrado importantes avanos e culminou na aprovao do projeto Agroflorestar junto ao Ministrio do Meio Ambiente, com recursos do Kreditanstalt fr Wiederaufbau (Kfw), para planejamento das propriedades tendo como base os sistemas agroflorestais e a integrao das atividades agrcolas, de forma a explorar racionalmente os recursos naturais locais. Outra importante iniciativa em pesquisa com agriculturas de base ecolgica compreende o manejo de capoeira com corte e triturao em substituio ao uso do fogo. No projeto em rede Tiptamba a Embrapa vem pesquisando, em vrios estados da Amaznia, prticas de manejo para substituir o uso do fogo na abertura de lavouras, bem

39 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima como gerar material de cobertura do solo, permitindo a ciclagem de nutrientes, controle de plantas invasoras e melhoria das condies fsicas, qumicas e biolgicas do solo. Na maior parte da Amaznia, a agricultura praticada principalmente no sistema de derruba e queima de capoeira. Esta prtica provoca perdas de nutrientes, emisses de gases nocivos atmosfera e riscos de incndios florestais. Com o aumento da presso antrpica e diminuio do tamanho dos lotes esta agricultura mantm internamente baixos nveis de sustentabilidade que decrescem na medida em que se faz repetidas queimadas e o tempo de pousio das reas reduzido. Dentro da mesma linha de uso sustentvel dos recursos naturais a Embrapa coordena outra rede de pesquisa com valorao dos servios ambientais, a chamada Rede Proambiente. Em Roraima, esta rede trabalha com a pesquisa sobre fogo acidental, originado de queimadas agrcolas. O projeto avalia o desempenho de espcies potenciais para aceiros verdes, com intuito de implementar tecnologias alternativas para convivncia e reduo de risco de fogo em propriedades da agricultura familiar. Uma outra importante abordagem de pesquisa em todos os estados abrangidos pela Amaznia diz respeito explorao de recursos florestais no madeireiros, preservando a floresta em p, ou associando com manejo madeireiro sustentvel. Neste sentido cinco Unidades da Embrapa na Amaznia esto desenvolvendo o projeto Kamukaia para levantar subsdios a fim de recomendar prticas de manejo sustentvel para produtos florestais no-madeireiros. Especificamente em Roraima, os estudos iniciaram-se em 2005 e as atividades desenvolvidas visam aperfeioar o conhecimento sobre a ecologia, a dinmica e a produo da copaba, andiroba e castanheira-do-brasil, com a finalidade de subsidiar polticas pblicas para a elaborao e aprovao de planos de manejo junto aos rgos ambientais. Estas atividades envolvem a identificao e caracterizao das reas de maior ocorrncia; estudos de estrutura e dinmica populacional; regenerao natural; fenologia e fluxo gnico, alm do estudo do sistema de produo da castanha-do-brasil e a definio de prticas para o seu manejo. Outras importantes iniciativas em agriculturas de base ecolgica dizem respeito as pesquisas e principalmente difuso de tecnologias para cultivos alimentares em reas de assentamento e em comunidades indgenas. Nestas reas a estratgia tem sido validar prticas de cultivo que j vem sendo desenvolvidas pelas comunidades locais e fornecer subsdios para melhoria das condies alimentares da populao. Especialmente na comunidade de Pirilndia, municpio de Mucaja esto sendo difundidos cultivos com o uso de insumos orgnicos, ou reduzida quantidade de insumos minerais, alm de

40 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima introduo de adubao verde, afim de aumentar o aproveitamento de nutrientes. Em comunidades indgenas tambm o principal apelo tem sido a introduo de cultivos visando a segurana alimentar, especialmente com as culturas da mandioca, feijo-caupi, melancia e banana. Na maioria dos casos ainda utiliza-se a adubao mineral mas em algumas comunidades tem surgido a demanda para introduo de cultivos orgnicos. No momento em a agroecologia ganha espao nas discusses e, possivelmente, em novos editais de projetos dentro da Embrapa, pela breve exposio feita, pode-se afirmar que a Embrapa Roraima possui uma srie de iniciativas em P&D que devem ser integradas dentro desta nova abordagem.

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Agricultura ecolgica no municpio de Boa VistaIvan Luis de Oliveira Silva Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agrcola Boa Vista RR Prefeitura Municipal de Boa Vista. Secretaria de Desenvolvimento Agrcola SMDA Superintendncia de Assistncia Tcnica e Extenso Rural - SATER

Equipe Tcnica responsvel pela aplicao do curso: Ivan Luis de Oliveira Silva Engenheiro Agrnomo; Carlos Zanata F. de Souza Engenheiro Agrnomo; Mrcio Gustavo Borges Mdico Veterinrio; Lacio F. de Oliveira Tcnico em Agropecuria; LOCALIDADES ATENDIDAS: Igarap Preto; Senador Hlio Campos; PA Nova Amaznia - Plos I, II, III E IV; Comunidade do Truar; Meninos do Dedo Verde; Bairro Operrio. DAP Departamento de Apoio a Produo; TOTAL DE CAPACITAES: 406 PARTICIPANTES MDULO I Trata da origem e evoluo da agricultura, produo de compostos slidos aerbios, anaerbia e inoculantes a base de microorganismos decompositores eficientes encontrados na natureza.Engloba a Agroecologia que o estudo dos sistemas ecolgicos e adequao dos modelos de produo aos mesmos. As formas de processamento da compostagem, aerbia, anaerbia, mista, seus estgios, mtodos de preparo, composio e utilizao. Bokashis nitrogenados e maturidade de compostos.

42 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima MODULO II Trata dos princpios da agropecuria orgnica, meios de combater s pragas, doenas e biofertilizantes lquidos. Preconiza a utilizao sustentvel, a integrao e recursos bases de uma agricultura menos agressiva ao meio ambiente. Os tipos de adubos e condicionadores. Revisam as condutas para produo orgnica animal e de hortalias e da maioria das variedades vegetais, bem como a preparao dos solos e canteiros, preparao e implantao das mudas. Demonstra os mtodos de produo e utilizao de biofertilizantes.

Planta de NIM MODULO III Fala de adubao verde e seus benefcios, fatores limitantes a implantao desses adubos, uso de nitrognio, Reconhecimento de pragas nas culturase solarizao. Trata tambm dos extratos vegetais, controles biolgicos, caldas, do uso de defensivos alternativos e o emprego de inseticidas biolgicos. MODULO IV Explana sobre bioclimatologia, na melhor da bio-ambincia das criaes. Manejo alimentar tal como de pastagens e sistema pastoreio de criaes de animais. Bem escolha das forrageiras e culturas alternativas para alimentao anima bem como o manejo sanitrio, utilizao de fitoterapia e homeopatia.

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Outro ponto importante enfatizado nesse mdulo a sanidade animal, fertilidade e s, com enfoque especial patologias de rebanhos, como coccdeose e afeces parasitarias. H tambm nesse um tpico especifico falando dacertificao de produtos orgnicos. MODULO V Uso de plasticultura, planejamento de mercado, culturas e variedades, mtodos de plantio em ambiente protegido, controle de clima, irrigao, cultivo fitossanitrio na agricultura orgnica.

Tcnica de coleta de amostras de solos para analise qumica em laboratrio, alm de um resumo geral dos outros mdulos.

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Cooperativismo: soluo inteligente na gerao de trabalho e distribuio de rendaJean Flvio Cavalcante Oliveira Servio Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo SESCOOP Trata-se da apresentao de uma das mais eficientes ferramentas para a promoo da agricultura alis, no somente deste setor, mas de qualquer segmento econmico: O Cooperativismo. Infelizmente, uma ferramenta que, em Roraima, ainda pouco conhecida, mal utilizada em muitas ocasies e menosprezada. Mas que se constitui em uma alternativa vivel na conjugao do binmio trabalho & renda. Mas, o que vem exatamente a ser uma cooperativa? Nada mais que uma sociedade de pessoas, unidas voluntariamente, com objetivos comuns. Principal e primordialmente, objetivos ECONMICOS comuns. A cooperativa encerra em si dois aspectos, duas caractersticas que devem conviver o mais prximo possvel da harmonia: o aspecto social, por ser uma sociedade de pessoas, e o aspecto econmico, que a explorao da atividade econmica, em si. Equilibrar estes dois pratos da balana ou seja, a maximizao dos ganhos econmicos dos associados respeitando-se o bem estar e o crescimento de cada associado eis o desafio do moderno cooperativismo. O pas prdigo em bons exemplos desse equilbrio, com destaque para o cooperativismo praticado nos estados de Minas Gerais, So Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paran e Rio Grande do Sul Este, alis, o bero de um dos ramos do cooperativismo mais promissores e evolutivos dos ltimos anos, que o Crdito. As cooperativas atuam em todos os setores econmicos, configurando os chamados RAMOS DO COOPERATIVISMO, nomenclatura adotada pela OCB para classificar suas filiadas.

45 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima Mas, a grande mgica da cooperao simplesmente a diminuio de custos. Seja na aquisio / utilizao de meios de produo, aquisio de insumos / matria prima, ou na venda de produtos. guisa de exemplo, imagine-se uma cooperativa agropecuria. Mais especificamente, imagine-se a Itamb, uma Central Cooperativa de Minas Gerais que atua com produtos lcteos. Isolado, dificilmente um associado dela conseguiria empacotar e mandar leite em p para ser vendido nos supermercados de Boa Vista, distante milhares de quilmetros. Dificilmente algum associado da Itamb teria condies de manter e operar uma rede de captao, um parque agro fabril, uma estrutura de distribuio como aquela. Mas a mgica da cooperao permite isso. Infelizmente, quem mais precisa do cooperativismo quem menos utiliza a estratgia. Vide os estados do Norte / Nordeste. Somente com a divulgao e o conhecimento dessa maravilhosa ferramenta que, ressalte-se sempre, trata-se de um instrumento TESTADO e APROVADO que ser possvel a diminuio do fosso entre a produo de riquezas e a distribuio das mesmas de forma justa.

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Planejando a unidade de produo familiar para promover a agricultura de base ecolgicaAna Maria de Souza Federao dos Trabalhadores na Agricultura - FETAG A produo familiar rural tem se diferenciado dos outros segmentos devido sua caracterstica de aproveitamento bastante diversificado dos recursos naturais da floresta. Contudo, os sistemas de uso mltiplo da floresta, geralmente, enfrentam dificuldades de competio no mercado com outras formas de produo convencional, pois exigem maior tempo para retorno econmico. Por outro lado, apesar dos custos ambientais adicionais, sistemas de produo mais equilibrados geram servios ambientais para toda a sociedade. Considerando que a prestao de servios ambientais, em muitas circunstncias, no valorada pelos mercados brasileiros, ainda no possvel internalizar os custos ambientais no preo final do produto. O Programa de Desenvolvimento Scio-ambiental da Produo Familiar Rural PROAMBIENTE, surge nesse cenrio disponibilizando incentivos econmico e tcnicos capazes de tornar atrativo os investimentos em sistemas de produo equilibrados, atravs da remunerao dos servios ambientais prestados sociedade. Alm da remunerao aos agricultores familiares pela prestao de servios ambientais, o programa tem como estratgia de promoo da agricultura de base ecolgica, outros fatores considerados de extrema importncia para o desenvolvimento da unidade produtiva de forma sustentvel, so eles: a elaborao do Plano de uso da Unidade de Produo; a formalizao de acordos comunitrios; apoio capacitao de tcnicos e agricultores; apoio a realizao de seminrios e oficinas que visem a construo e socializao de conhecimentos em agroecologia; apoio intercmbios de tcnicos e agricultores(as) para troca de experincias e conhecimentos por meio de visitas a projetos que sejam referencias em agroecologia, nos diferentes estados da Amaznia e articulao de aes de apoio pesquisa e ao ensino, visando o fortalecimento dos processos produtivos de base ecolgica nas UPF.

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O curso de agronomia da UFRRAntonio Csar Silva Lima Departamento de Fitotecnia do Centro de Cincias Agrrias/UFRR O Bacharelado de Agronomia da Universidade Federal de Roraima (UFRR) foi criado pelo Projeto de Resoluo no 058/93 do Conselho Universitrio (CUNI), de 18 de maio de 1993. Com pouco mais de dois anos de criao, o Curso obteve seu reconhecimento pela Portaria No 1.561 de 22 de dezembro de 1995, do Ministrio da Educao, publicada no Dirio Oficial de 26 de dezembro de 1995. As instalaes fsicas iniciais foram oriundas da antiga Escola Agrotcnica de Roraima, com rea de 573,7 hectares, doada pelo governo do Estado a Universidade Federal de Roraima, hoje Campus do Cauam, onde esto presentes o Centro de Cincias Agrrias; a Biofbrica; o Ncleo de Recursos Naturais NUREN e a Escola Agrotcnica. O quadro docente conta com 19 professores em regime de dedicao exclusiva, dos quais 13 so doutores e 6 so mestres (3 em processo de treinamento de doutorado). O corpo discente consiste de 234 alunos regularmente matriculados. At o presente j foram graduados 151 profissionais, estando maioria desempenhando suas atividades no mercado local privado e pblico, e outros realizando cursos de ps-graduao em nvel de especializao, mestrado ou doutorado em conceituadas universidades brasileiras. Nos ltimos anos se tem desenvolvido aes paralelas entre o setor agropecurio privado, Embrapa-RR, Secretaria de Agricultura e Pecuria do Estado de Roraima, Sebrae-RR, FEMACT e SENAR, que se consolidam pela execuo de pesquisas e promoo de eventos, bem como, na gerao e difuso de tecnologias para o fortalecimento do agronegcio na trplice fronteira Brasil-Venezula-Guiana. Ademais, tm sido realizadas parcerias entre os arranjos produtivos locais em todas as linhas designadas pelo governo estadual, especialmente na linha de produo de gros e da fruticultura, principalmente no que concerne a agricultura familiar. O inicio do perodo letivo de 2007.1.0 ser marcado pela implantao do novo Projeto Poltico Pedaggico do Curso de Agronomia da UFRR (PPP-Agronomia), que

48 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima entre outras inovaes, adequou a antiga estrutura curricular ao Projeto de Resoluo que instituiu as Diretrizes Nacionais do Curso de Engenharia Agronmica ou Agronomia, de graduao plena, em nvel superior. No referido PPP-Agronomia, podem ser destacados os seguintes pontos: criao de novas disciplinas obrigatrias e alteraes nas ementas e programas das disciplinas existentes; criao de novas disciplinas eletivas no mbito do Curso de Agronomia; flexibilizao curricular; Trabalho de Concluso de Curso e o Estgio Curricular Supervisionado. Quanto ao enfoque agroecolgico, este j vem sendo abordado, em nosso Curso de Agronomia em vrias disciplinas, e com a reformulao e atualizao da estrutura curricular apresentada no novo PPP-Agronomia, pode-se ampliar ainda mais o leque de disciplinas relacionadas a este tema, a exemplo: Agroecologia, Introduo a Agronomia; Manejo e Conservao do Solo e da gua, Entomologia Agrcola, Gesto e Avaliao de Impactos Ambientais, Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos, Gesto Ambiental, Recuperao de reas Degradadas, Matria Orgnica do Solo, dentre outras, cujo contedo contempla sempre a retrica ao respeito questo tica e ambiental. Acredita-se assim, ter chegado consecuo de um projeto pedaggico moderno, objetivo e verstil, que, certamente, proporcionar a insero do Curso de Agronomia na contemporaneidade e, sobretudo, o fortalecimento profissional dos nossos alunos, preparando-os para os constantes desafios do setor agrcola regional e nacional. O Curso de Agronomia, tambm tem avanado na poltica de Ps-Graduao. Neste sentido, em 2005, foram criados trs cursos de especializao: Agroambiente, Gesto do Agronegcio e Cincia e Tecnologia de Alimentos, cujas monografias j comeam a serem defendidas em 2006. Alm disso, a CAPES com meno honrosa no prprio site, aprovou em junho de 2006 o Programa de Ps-Graduao em Agronomia do CCA-UFRR, em parceria com o CPAF-RR/EMBRAPA, recomendando o Curso de Mestrado em Agronomia rea de Concentrao em Produo Vegetal, com duas Linhas de Pesquisas: a) Manejo de Culturas e b) Fertilidade do Solo, e Manejo e Conservao de Solo e gua. A inscrio para seleo dos candidatos dever ter incio a partir de novembro at dezembro de 2006, onde sero disponibilizadas 13 vagas e com incio das aulas do Curso previsto para maro de 2007.

49 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima Portanto desde sua criao, o Curso de Agronomia da UFRR tem, primado e perseguido sua principal misso, que : formar profissionais dotados de perfil ecltico, com habilidades crtico-criativas e valores ticos, preparados para os paradigmas dos tempos atuais, aptos a manejar racionalmente os recursos naturais, e proporcionar o desenvolvimento scio-econmico, poltico e cultural, de forma sustentvel do meio onde est inserido ou seja na Amaznia Setentrional.

Bibliografia Consultada BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Curso de Graduao em Engenharia Agronmica ou Agronomia. (Parecer 306/2004, homologado em 20.12.2004 publicao no DOU n 243, de 20.12.2004, seo 1, pgina 28). 2004. Disponvel em: Acesso em: 10 out 2006. BRASIL. Resoluo que institui as Diretrizes Nacionais do Curso de Engenharia Agronmica ou Agronomia, de graduao plena, em nvel superior. 2006. Disponvel em: Acesso em: 10 out 2006. LIMA, Antonio Cesar Silva (Org.). Projeto Poltico Pedaggico do Curso de Agronomia. Boa Vista:UFRR, 2006. 77p. MACEDO, R.B. A complexidade do meio agrrio e suas implicaes para a formao reflexiva do Engenheiro Agrnomo. In: FEAB-UNE. Romper as cercas do capital... e do mercado educacional. Larvas:FEAB, 72p. 2006. p. 53-60.

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A agroecologia no ensino agrotcnico: uma ferramenta no desenvolvimento sustentvelMagna Maria Macedo Ferreira Alberto Moura de Castro Escola Agrotcnica da Universidade Federal de Roraima EAgro/UFRR A Escola Agrotcnica da Universidade Federal de Roraima EAgro/UFRR desenvolve um projeto de profissionalizao destinado a cem alunos assentados ou filhos de assentados provenientes da Reforma Agrria, pertencentes a doze municpios do Estado. Este projeto recebe aporte financeiro do convnio estabelecido entre a EAgro/UFRR, o INCRA/PRONERA e a Fundao AJURI. O Curso Tcnico Agrcola com habilitaes em Agricultura e Zootecnia atende a alunos de nvel ps-mdio e oferecido no formato modular, organizado em aulas presenciais e tempo-comunidade, caracterizando, dessa forma, o regime de alternncia como metodologia. O Curso estruturado em quatro mdulos, sendo o mdulo bsico introdutrio e prrequisito para ingresso nos mdulos de qualificao tcnica. A Agroecologia, enquanto disciplina, oferecida neste mdulo bsico, com 40 horas/aula, sendo o seu contedo programtico desenvolvido com os seguintes temas: 1 Conceitos 2 Sistemas sustentveis de produo 3 Agricultura convencional 3.1 Cultivo intensivo do solo 3.2 Monocultura 3.3 Adubao qumica 3.4 Irrigao 3.5 Controle qumico de pragas, doenas e plantas daninhas 3.6 Manipulao de genomas de plantas 4 Agricultura convencional versus sustentabilidade 4.1 Degradao do solo 4.2 Uso inadequado da gua 4.3 Poluio do ambiente 4.4 Dependncia de insumos externos 4.5 Eroso gentica 5 As agriculturas de base ecolgica: orgnica, biolgica, ecolgica, natural, biodinmica e permacultura 6 Prticas alternativas que conduzem a um modelo sustentvel de agricultura 6.1 Plantio direto e cultivo mnimo 6.2 Compostagem e biofertilizantes 6.3 Adubao verde e cobertura morta 6.4 Consrcio, rotao de culturas e pousio 6.5 Solarizao, controle biolgico e utilizao de extratos e caldas

51 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima 6.6 Respeito aos direitos dos trabalhadores. 7 Comercializao de produtos oriundos das agriculturas de base ecolgica. A agricultura convencional est construda em torno de objetivos bsicos que se relacionam: a maximizao da produo e do lucro. Nesta busca, um rol de prticas foi desenvolvido sem ter levado em considerao a dinmica ecolgica dos agroecossistemas num longo prazo. Seis prticas bsicas cultivo intensivo do solo, monocultura, irrigao, aplicao de fertilizantes inorgnicos, controle qumico de pragas e doenas e manipulao gentica de plantas cultivadas formam a espinha dorsal da agricultura convencional. Cada uma usada por sua contribuio individual produtividade, mas, como um todo, formam um sistema no qual dependem uma das outras. Essas prticas so integradas em uma estrutura com sua lgica particular, ou seja, a produo de alimentos tratada como um processo no qual cada planta representa uma pequena fbrica: sua produo maximizada pelo fornecimento dos insumos apropriados, sua eficincia produtiva aumentada pela manipulao dos seus genes e o solo simplesmente o meio no qual as razes esto ancoradas. As prticas da agricultura convencional tendem a comprometer a produtividade futura em favor da alta produtividade no presente, ou seja, so insustentveis. Nos pases onde a revoluo verde foi implantada houveram declnios recentes na taxa de crescimento do setor agrcola. Mundialmente, a produo de gros por pessoa declinou desde a dcada de 80. A agricultura convencional afeta a produtividade ecolgica futura de muitas maneiras. Recursos como solo, gua e diversidade gentica so explorados em demasia, levando a degradao. Alm disso, processos ecolgicos globais, dos quais a agricultura essencialmente depende, so alterados. Sem falar que as condies sociais condutoras da conservao dos recursos so enfraquecidas e desmanteladas. A Agroecologia surgiu da necessidade de incorporar idias ambientais e sociais na agricultura, preocupando-se no somente com a produo, mas tambm com a ecologia do sistema de produo. O objetivo da agroecologia no apenas maximizar os rendimentos, mas tambm otimiz-los, de maneira sustentvel. O conceito chave : no tratar as tecnologias agropecurias, simplesmente, para produzir mais, mas para produzir melhor (Riechmann, 2002). A agroecologia apresenta como caractersticas: a busca da equidade na distribuio de renda e bens; a adaptao da agricultura ao ambiente e s condies scio-econmicas; a reduo do uso de energia e recursos externos propriedade; a promoo da diversificao de plantas e animais; o mltiplo uso da terra; a

52 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima reduo dos custos de produo e o aumento da eficincia e da viabilidade econmica dos pequenos e mdios agricultores, promovendo, assim, um sistema agrcola diversificado e potencialmente resistente. O contedo da disciplina Agroecologia, ministrada aos alunos da Escola Agrotcnica da Universidade Federal de Roraima, foi disponibilizado em apostila didtica, distribuda gratuitamente aos alunos. Nas aulas expositivas foram utilizados slides ilustrativos e vdeos didticos (gua: Fonte da Vida, Cultivo Orgnico de Hortalias, Como Tornar sua Fazenda Orgnica e Agricultura Natural). Nas aulas prticas foram oportunizadas a construo orientada de uma pilha de compostagem e o preparo de caldas para o controle fitossanitrio. No tempo-comunidade perodo intermodular -, os alunos relataram a aplicao de conhecimentos adquiridos durante o desenvolvimento da disciplina nas suas reas de assentamento, contribuindo como um elemento propulsor do incio da construo de agroecossistemas sustentveis.

Referncias bibliogrficas: ALTIERI, M. Agroecologia as bases cientficas para uma agricultura sustentvel. Guaba: Agropecuria, 2002. 592 p. GLIESSMAN, S. Agroecologia - Processos Ecolgicos em Agricultura Sustentvel. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2000. 253 p. RIECHMANN, J. Agricultura, ganadera y seguridad alimentria: la necessidad de um giro hacia sistemas alimentarios sustentables. Frum per a la Sostenibilitat de les Illes Balears. Quarta Jornada: Seguretat humana, alimentaria y ecolgica, 2002. SOUZA, J.L. de; RESENDE, P. Manual de Horticultura Orgnica. Viosa: Aprenda Fcil, 2003. 564 p. il.

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Capacitao rural Jean Flvio Cavalcante Oliveira Servio Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR

Texto no disponibilizado.

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Temas debatidos nos grupos de trabalho

55 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima 1) Qual o entendimento do tema Agroecologia no mbito do Estado de

Roraima? Com a apresentao das discusses feitas nos grupos, foi entendido o conceito de Agroecologia como um conjunto de princpios gerais que, considerando valores ticos, sociais, econmicos e ecolgicos entre outros, visa desenvolver e utilizar prticas sustentveis adaptadas aos agroecossistemas locais, buscando a sintonia entre o saber popular e o cientfico. Em Roraima, seu conceito tem sido confundido com as agriculturas de base ecolgica, praticadas com certa limitao, por indgenas, agricultores familiares e comunidades tradicionais. Essas experincias so encontradas no entorno de Boa Vista e Pacaraima, com produtores de hortalias orgnicas; agricultores familiares, com sistemas agroflorestais; comunidades tradicionais na regio do baixo Rio Branco, com utilizao produtos florestais e; comunidades indgenas, visando a segurana alimentar. Percebe-se um desconhecimento da eficcia das prticas preconizadas pela agroecologia, alm de um imediatismo do produtor na busca pela sua subsistncia e produtividade. Uma conscientizao sobre o tema vem sendo incentivada por algumas instituies como Prefeitura, Governo, Embrapa, SEBRAE, UFRR, SENAR, Governo, IBAMA, INPA, SFA, etc.

2)

De que forma a Agroecologia pode melhorar a condio scio-ecnomica-

ambiental da populao. Identificar temas prioritrios: Nas comunidades indgenas etc,); Resgate e conservao do patrimnio gentico; Agregao de valor para produtos de base ecolgica e de uso tradicional; Manejo e criao legalizada de fauna silvestre; Implementao do ecoturismo. Segurana alimentar; Resgate e valorizao do saber indgena e aprimoramento de prticas tradicionais

(reduo do uso do fogo, sanidade animal, manejo de produtos florestais no madeireiros,

56 Anais do Worshop sobre Agroecologia em Roraima Nos assentamentos rurais e projetos de colonizao: Segurana alimentar; Desenvolvimento e uso de tcnicas agroecolgicas adaptadas regio (manejo da

gua, manejo integrado de pragas, manejo da agrobiodiversidade, racionalizao do uso de insumos e substituio do uso de insumos externos e do uso do fogo); Treinamento e capacitao em agriculturas com base ecolgica; Diversificao da produo; Agregao de valor aos produtos com base ecolgica; Redesenho de propriedades e estudo de novos arranjos espaciais; Adequao ambiental (restaurao e e