Intervenção do fonoaudiológo em Perdas auditivas unilaterais-em-crianças
ANÁLISE DA OPINIÃO DE FAMILIARES SOBRE A QUALIDADE DE VIDA...
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ANÁLISE DA OPINIÃO DE FAMILIARES SOBRE A QUALIDADE DE VIDA DOS
USUARIOS DE PROTESE AUDITIVA BILATERAL
GRACE DYANNE CARDOSO FERREIRA (1)
ANGELA RIBAS (2)
(1) Fonoaudióloga, Especializanda em Audiologia clínica e ocupacional pela Universidade
Tuiuti do Paraná, UTP, Brasil.
(2) Fonoaudióloga; Mestre em Distúrbios da Comunicação, Doutora em Meio Ambiente e
Desenvolvimento Urbano, Professora adjunta da Universidade Tuiuti do Paraná, UTP,
Brasil. Orientadora de pesquisa.
Trabalho apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista, Curso de
Audiologia clínica e ocupacional, Universidade Tuiuti do Paraná.
RESUMO
Tema: Analisar opinião de familiares sobre a qualidade de vida dos usuários de prótese auditiva
bilateral. Introdução: Percebe-se que a população idosa com o avanço da medicina vem
crescendo em grande escala; e com ela surgem as dificuldades, dentre elas, está a deficiência
auditiva, que afeta seriamente o seu processo de comunicação. Novos estudos são realizados no
intuito de minimizar os efeitos negativos desta dificuldade, sendo assim, tende a desempenhar
fundamental na qualidade de vida do idoso. Objetivo: O objetivo deste estudo foi verificar, sob o
ponto de vista da família de idosos, o nível de satisfação de usuários de próteses auditivas.
Método: Participaram da pesquisa 50 indivíduos com idade entre 50 e 80 anos, de ambos os
sexos. Todos usuários de aparelhos auditivos bilateral com indicação há mais de seis meses. Foi
aplicado um questionário para os familiares que acompanhavam os sujeitos. O questionário se
apresentava com dados de identificação e 14 perguntas objetivas. Após foram analisadas as
perguntas e suas respectivas respostas. Resultados: a maioria dos sujeitos participantes da
pesquisa respondeu que sim para quase todas as perguntas, ou seja, com uso da prótese auditiva,
o processo familiar precisa estar claro, algumas dificuldades são enfrentas e superadas. Porém a
melhora no âmbito esteve presente na maioria das respostas. Conclusão: pode-se concluir que a
presença familiar é de suma importância no processo de adaptação; bem como, a indicação
adequada da prótese auditiva, por profissional especializado. Sugerem-se novos estudos na área
para qualificação da amostra e fidedignidade da pesquisa.
Palavras - Chaves: Audição, idoso, deficiência auditiva, envelhecimento, questionários.
1. INTRODUÇÃO
Percebe-se que a população idosa com o avanço da medicina vem crescendo em grande
escala; e com ela surgem as dificuldades, dentre elas, está a deficiência auditiva, que afeta
seriamente o seu processo de comunicação. Sendo assim, a perda auditiva passa a ser um dos
fatores com maior impacto no processo da comunicação, sendo este um obstáculo para
integração do idoso com a sociedade.
Hoje, o Brasil é um país em constante crescimento da população idosa. E Alguns
estudiosos esperam alcançar 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade até o ano de
2020, fato este, que amplia o pensamento em torno do aumento da longevidade humana
(VERAS, 2003).
Com o aumento da população idosa, surge o interesse por um novo campo para
desenvolvimento de pesquisas relacionado à audiologia do envelhecimento. Sendo assim,
estabelecer diretrizes voltadas aos serviços de saúde da rede pública e os profissionais
envolvidos, na tentativa de minimizar e solucionar algumas das dificuldades advindas de todo o
processo de envelhecimento (VERAS e MATTOS, 2007).
De acordo com o Censo do IBGE no Brasil, realizado em 2000, a população idosa
correspondia a 5,85% da população (20 milhões de pessoas), representando um crescimento de
1,02% em relação ao Censo anterior, de 1991(BARALDI et al. 2004).
O IBGE em dezembro de 2011também divulgou a expectativa de vida da população
brasileira no ano de 2010, sendo este 73,5 anos. Fato este, que comprova que novos desafios se
apresentam (COUTINHO E LACKS, 2012).
Os indivíduos que envelhecem, sofrem principalmente com a dificuldade da audição, pois
esta atinge diretamente o convívio social, levando-os a depressão e isolamento social, afetando
diretamente a qualidade de vida dos mesmos (FRANCELIN ET AL. 2010).
A perda da audição gera um impacto negativo no processo de comunicação do idoso,
porém, os recursos tecnológicos como o uso de próteses auditivas tem como finalidade
minimizar os prejuízos decorrentes desta perda. Desta forma, as pesquisas relacionadas às perdas
auditivas decorrentes do envelhecimento, são de grande importância para qualidade de vida
dessa população (PAIVA, et al. 2011).
Diante disso, o objetivo deste estudo foi verificar, sob o ponto de vista da família, o nível
de satisfação de um grupo de idosos usuários de prótese auditiva.
1.1 A perda auditiva no idoso: causas e consequências
A perda auditiva no idoso, denominada de presbiacusia, é o processo de envelhecimento
da audição, que resulta em consequências negativas tanto sociais como emocional, interferindo
diretamente na qualidade de vida deste indivíduo (MACEDO et al. 2006).
Diante disso, Russo (2004), afirma que a presbiacusia é um dos distúrbios mais
incapacitantes, que impede o individuo de desempenhar o seu papel na sociedade, não só pela
privação sensorial, mas, pela dificuldade de compreensão da fala daqueles que o cercam.
Um idoso portador de deficiência auditiva adquirida é algo que vai além do não ouvir
bem, são várias as implicações psicossociais que envolvem o idoso e as pessoas que convivem
com ele diariamente. As frustrações vivenciadas, a inabilidade de compreender e manter o
diálogo com amigos e familiares representa um desafio. É, portanto, diante dos desafios, que o
idoso escolhe afastar-se das situações nas quais ocorra a comunicação, em vez de enfrentar
embaraços decorrentes da falta de compreensão ou respostas impróprias dadas às questões não
entendidas corretamente (Russo, 2011).
Russo (2004), afirma ser comum os familiares descreverem o idoso portador de
deficiência auditiva, como distraído, desorientado, não comunicativo, confuso e desinteressado.
O processo de envelhecimento humano se inicia em torno dos 50 anos. Vinte e três por
cento da população entre 65 e 75 anos apresentam perda auditiva relacionada à idade, e a partir
dos 75 anos esta porcentagem aumenta para 40% (VILARES et al, 2005).
No intuito de caracterizar as queixas auditivas e o tipo de perda auditiva em idosos, o
estudo de Silva et al (2007), observaram que as principais queixas apresentadas pelos idosos
participantes foram: perda auditiva 61,7%, zumbido 31,5% e tontura 29,6%. Quanto aos tipos
de perda auditiva, os mais encontrados foram: perda neurossensorial bilateral 75,3%, mista
bilateral 7,4% e condutiva bilateral 6,8%.
Em estudo realizado por Baraldi et al (2007), houve prevalência de perda auditiva
neurossensorial, bilateral, de configuração descendente, com maior prejuízo nas freqüências altas
para ambas as orelhas na população idosa. Os resultados dessa pesquisa revelaram que, 32,2%
dos indivíduos apresentaram audição normal, e houve um predomínio de perda auditiva de grau
leve 28% e moderado 25,6%.
Quanto aos tipos de perda auditiva, Bistafa (2011) refere que elas se dividem em três
tipos: perda auditiva condutiva, que ocorre pela presença de uma lesão do ouvido externo ou
médio; a perda auditiva mista é quando existe um problema na via condutiva e na via nervosa e
a perda auditiva neurossensorial, é ocasionada por lesão ou mau funcionamento da cóclea ou do
nervo auditivo.
1.2 Cuidados na protetização do idoso
A protetização no idoso vem contribuir positivamente para melhora do desempenho nas
atividades diárias do idoso, estabelecendo assim, seu convívio social; daí a importância do
conhecimento quanto aos recursos existentes, para cada tipo e grau de perda auditiva
estabelecida.
Quanto aos efeitos negativos que a perda auditiva causa na população idosa, a melhor
forma apresentada se baseia no uso de recursos tecnológicos disponíveis, neste caso, o uso de
aparelhos de amplificação sonora (RUSSO, 2011).
A importância do conhecimento quanto aos componentes e das características
eletroacústicas dos aparelhos auditivos são essenciais para que o fonoaudiólogo tenha sucesso
quanto a seleção adequada, indicação e adaptação de determinados componentes e características
(GARCEZ e TEIXEIRA, 2011).
Avila, et al. (2011) afirma que, a seleção da prótese auditiva exige cuidados específicos
em relação ao modelo retroauricular (BTE), intra-auricular (ITE), intracanal (ITC) ou microcanal
(CIC); ao tipo de adaptação, monoaural ou binaural; tecnologia de amplificação, analógica ou
digital; e características eletroacústicas, como ganho acústico, saída máxima e faixa de
freqüência. Deve-se levar em consideração que a adaptação de próteses auditivas é um processo
complexo, que exige tempo e paciência dos indivíduos envolvidos.
Flores e Iório (2012) avaliaram as limitações auditivas de idosos com perda auditiva
neurossensorial de grau moderado a severo segundo variáveis escolaridade e grau da perda, estes
aplicaram um questionário de auto-avaliacao, Abbreviate Profile of Hearing Aid Benefit
(APHAB), foram observados benefícios com a prótese na facilidade de comunicação,
reverberação e ruído ambiental. Não foram encontrados associação entre benefício, escolaridade
e grau da perda auditiva.
Russo (2004) afirma que desde a década de 90, o uso da tecnologia digital em aparelhos
de amplificação sonora individual vem crescendo, auxiliando o profissional que trabalha com
idosos na escolha dos aparelhos completamente digitais, sendo estes mais eficientes que os
primeiros aparelhos de amplificação sonoros individuais comercializados.
Sendo a adaptação, um processo difícil, observa-se a necessidade de um período maior
para que os idosos assimilem todas as etapas da adaptação e ajustamento quanto ao processo de
amplificação, estando os familiares também envolvidos nesta etapa.
1.3 A importância do acompanhamento/aconselhamento e da família no processo de adaptação
É fundamental a participação da família no processo de adaptação do indivíduo idoso,
visto que, na maioria das vezes o sujeito não aceita sua perda auditiva, negando até mesmo o uso
do aparelho de amplificação sonora, neste acaso, a família quando bem orientada e disposta a
enfrentar os desafios, torna o uso da prótese auditiva algo prazeroso tornando o idoso um
comunicador ativo.
No caso dos idosos, o processo de adaptação à amplificação sonora individual, se julga
necessário um programa de reabilitação amplo, que respeite as necessidades desta população e
que inclua principalmente a participação da família (GATES e MILLS, 2005).
Oliveira (2011) confirma que a família é o primeiro grupo que se relaciona com o idoso
após a adaptação da prótese auditiva, nela o idoso e a família tem a oportunidade de vivenciar
experiências negativas e positivas, sendo estas influenciáveis no futuro destes sujeitos.
O aconselhamento para os familiares, envolvendo os idosos, fornece ferramentas para
que possa haver maior aceitação do problema; um reforço positivo frente às dificuldades de
comunicação serve de motivação para o uso efetivo dos aparelhos de amplificação sonora
individual. O conhecimento do idoso quanto às limitações da perda auditiva e dos aparelhos de
amplificação sonora, auxiliarão nas estratégias a serem utilizadas para compensar os ajustes do
ouvinte e do falante para comunicação (GATES E MILLS, 2005; MUSIEK, LEE, 2001).
Ruschel et al (2007) destacam a importância do acompanhamento familiar desde o início
do processo de adaptação, visto que, a adaptação de amplificação sonora individual sem um
acompanhante, acarretam num retorno precoce ao consultório sucedidos por várias dificuldades e
frustrações, acarretando até mesmo o não uso da prótese auditiva. Logo, os idosos acompanhados
por familiares revelaram que o familiar que o acompanhava estava auxiliando nas dificuldades
quanto ao manuseio da prótese auditiva e quanto às estratégias para melhora da comunicação.
Russo (2011) relata que o aconselhamento só será bem- sucedido se houver a inclusão de
pelo menos um membro da família ou cuidador do idoso, com objetivo de melhorar a
comunicação e aliviar as tensões, promovendo satisfação e companheirismo em um mundo onde
vivemos separados, e poucos são aqueles os que realmente se importam.
A participação ativa da família é fundamental para o sucesso da reabilitação auditiva,
minimizando os transtornos psicossociais e melhorando a qualidade de vida do idoso.
2. MÉTODO
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Tuiuti do
Paraná, sob o número CEP/UTP027/2008 . Os participantes da pesquisa assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, autorizando a participação de seus dados, de acordo com as
Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, Resolução Nº
196/96.
Constituíram a amostra, 50 indivíduos, 26 do sexo femininoo e 24 do sexo masculino,
com faixa etária de 50 a 80 anos. Todos os sujeitos com diagnóstico de perda auditiva bilateral,
com indicação de uso de prótese auditiva binaural há mais de seis meses.
A coleta de dados ocorreu no período de janeiro a março do ano de 2012 em uma Clínica
de Audiologia em Florianópolis, Santa Catarina. Esta Clínica é credenciada pelo Sistema Único
de Saúde de acordo com a Portaria de Saúde Auditiva em Média Complexidade (BRASIL,
2004). Para seleção dos sujeitos da pesquisa, foi utilizado como critério para inclusão o uso de
prótese auditiva bilateral e estar acompanhado por algum familiar.
Foi aplicado o questionário para os familiares que acompanhavam os pacientes. O
questionário se apresentava com dados de identificação e 14 perguntas objetivas. Após foram
analisadas as perguntas e suas respectivas respostas.
Os dados foram digitados e tratados estatisticamente e estão apresentados a seguir.
3. DESCRICÃO E ANÁLISE DOS DADOS:
Dos 50 participantes, 26 são do sexo feminino e 24 do masculino.
No estudo de Birck, et al. (2011), foi descrito o perfil dos pacientes do Programa de
Saúde Auditiva do Hospital Universitário do Estado de Santa Catarina. Foram avaliados os dados
referentes à idade, sexo, tipo e grau de perda auditiva, duração, comorbidades e etiologia
provável. Foram analisados 304 prontuários nos quais demonstraram prevalência significante do
sexo feminino, no grupo de adultos, com perdas auditivas bilateral.
Este estudo vem a corroborar com a atual pesquisa, mesmo com a pequena amostra o
estudo atual apresentou prevalência do sexo feminino, com perdas auditivas bilateral.
O gráfico a seguir analisa a distribuição da amostra segundo a idade dos sujeitos da
pesquisa. Foi observado que dos cinqüenta indivíduos, treze apresentam idade entre 50 a 60
anos; dezenove possuem idade entre 61 a 70 anos e vinte sujeitos apresentam idade entre 71 a 80
anos.
Pode-se notar que a maior amostra se concentrou na faixa etária entre 71 a 80 anos, sendo
uma população mais idosa.
De acordo com Hungria (1993), Marques, et al. (2004) e Souza e Russo (1998), a
expectativa da população idosa aumenta a cada ano, o que torna importante, a criação de uma
assistência especial para essas pessoas. As mudanças biológicas e psicológicas decorrentes do
processo de envelhecimento vão além de um simples avanço cronológico. Com o
envelhecimento, as funções biológicas, psicológicas e sensoriais são comprometidas, estando o
declínio da acuidade auditiva presente neste processo. A perda progressiva e irreversível da
audição, a presbiacusia, tem seu início por volta dos 50 anos de idade. Restringe-se às altas
freqüências, mas, em alguns casos também pode afetar freqüências médias e graves.
O gráfico a seguir se refere quanto à percepção dos familiares dos participantes da
pesquisa, em relação à melhora à escuta dos sons, com uso da prótese auditiva.
Os resultados apresentados foram que a maioria dos familares, sendo 41 sujeitos
responderam que sim, os usuários de próteses auditivas percebem muito melhor os sons. E
apenas 9 responderam não perceber melhora.
Como afirma Ruschel, et. al (2007), as consequências da perda da audição podem ser
minimizadas com uso das próteses auditivas, a principal finalidade é a amplificação dos sons de
forma mais adequada e satisfatória possível. A amplificação não se restringe apenas aos sinais de
fala, incluiu-se também, os sons ambientais, os sinais de perigo, os sons de alerta, o canto dos
pássaros e música; e para que estes ajustes ocorram, vários são os procedimentos necessários
para a adaptação aos aparelhos auditivos.
No gráfico a seguir, será explanado sobre a percepção da família quanto ao uso do
aparelho auditivo e influência no díalogo sem repetição.
Foi possível verificar que a maioria dos sujeitos da pesquisa (41 sujeitos) estão satisfeitos
com uso do aparelho auditivo, e seus familiares afirmam melhora no diálgo. Logo, a minoria (9
sujeitos) necessitam realizar repetição.
Miranda, et al. (2007) afirma que a amplificação sonora decorrente do uso de próteses
auditivas restaura a audibilidade dos sinais de fala, mas muitas vezes o usuário não consegue
interpretar as informações sonoras que estão sendo recebidas. Porém, o tempo de uso do aparelho
auditivo e o treinamento auditivo, auxiliam na melhora da compreensão da fala, contribuindo
positivamente na escuta e realização de um diálogo.
A seguir, explanaremos dois gráficos que se referem ao desempenho do usuário de
prótese auditiva com o telefone.
A maioria dos sujeitos utiliza o telefone com uso da prótese auditiva, e perceberam
melhora na escuta ao telefone.
Iervolino, et al. (1996) salientam que muitos usuários de próteses auditivas podem falar
ao telefone normalmente, porém, para alguns indivíduos a percepção da fala através do telefone
não é suficiente. Ao falarem ao telefone, os indivíduos devem utilizar-se de estratégias
específicas, e os usuários de próteses intracanais, o telefone deve ser usado de modo
convencional distanciando-se o fone do ouvido para não resultar em microfonia.
A seguir, o gráfico representa a resistência quanto ao uso da prótese auditiva:
É possível verificar que 19 indivíduos relataram perceber rejeição quanto ao uso do
aparelho auditivo e 31 indivíduos não apresentaram resistência ao uso da prótese auditiva.
Gates e Mills (2005) e Musiek, Lee (2001) salientam que o aconselhamento realizado
para os familiares e para o idoso quanto à aceitação do problema e o entendimento quanto ao uso
da prótese auditiva são orientações pertinentes para maior aceitação do problema, motivando o
sujeito no que diz respeito ao uso efetivo dos aparelhos de amplificação sonora individual.
No gráfico abaixo será explanado sobre as dificuldades que os familiares dos usuários de
prótese auditiva perceberam durante o processo de adaptação dos sujeitos da pesquisa.
Foi possível verificar que a maioria dos participantes da pesquisa, afirmaram que o
sujeito usuário de prótese auditiva apresentou dificuldades no processo de adaptação; a queixa
mais citada foi em relação aos sons alto; e quanto ao manuseio das próteses auditivas.
De acordo com Ruschel, et al. (2007) o acompanhamento familiar é de suma importância
no processo de adaptação; os idosos que realizam adaptação do apareho de amplificação sonora
individual sem um acompanhante, retornam ao consultório por várias as dificuldades e
frustrações, levando ao não uso das próteses auditivas. Os idosos que são acompanhados por
familiares no processo de adaptação afirmam que as dificuldades são superadas, dentre elas o
manuseio da prótese auditiva e a melhora na comnicação.
O gráfico a seguir apresenta a percepção dos familiares em relação às dificuldades
superadas pelos usuários de prótese auditiva.
Como pode-se observar, a maioria, sendo 35 respondentes observaram que os usuários de
prótese auditiva superaram as dificuldades, 10 dos respondentes, afirmaram que em parte, foram
superadas as dificuldades e apenas 5 sujeitos afirmaram que as dificuldades não foram superadas.
Popelka, et al. (1998) defende que os aparelhos de amplificação sonora individual podem
melhorar a habilidade dos deficientes auditivos de se comunicar, prevenindo a depressão e o
isolamento social. São vários os fatores que incluem no sucesso da amplificação sonora, a
aceitação da perda auditiva, a aceitação para buscar ajuda e a idade do candidato. Quanto mais
cedo a aceitação e a adaptação, melhor para o idoso o processo da adaptação, facilitando na
superação das dificuldades apresentadas.
O gráfico a seguir, se refere ao auxílio da família quanto a manipulação dos aparelhos
auditivos.
Foi possível verificar que a maioria dos familiares auxiliam os usuários de aparelho de
amplificação sonora durante o manuseio dos mesmos.
Oliveira, (2011) acredita que a família é o primeiro grupo em que o indivíduo participa,
nela são vivenciadas diferentes experiências, sendo elas positivas ou negativas. O auxílio da
família é importante tanto no aspecto emocional quanto no dia dia do usuário da prótese auditiva
em relação ao manuseio da mesma, fato este que influência diretamente no indivíduo.
O gráfico a seguir demonstra a percepção da família quanto as mudanças na vida do
usuário após adaptação.
É possível verificar que os familiares percebem mudanças de vida nos usuários após
adaptação. Em que 48 sujeitos responderam notar mudanças e apenas 2 indivíduos não
observaram mudanças.
Paiva, et al (2011) esclarece que a perda de audição gera um impacto negativo no
processo de comunicação do idoso, porém, com uso das próteses auditivas os prejuízos auditivos
são minimizados; os benefícios passam a ser perceptíveis principalmente no ambiente familiar.
O gráfico apresentado a seguir demonstra as mudanças mais citadas pelos familiares dos
sujeitos usuários de prótese auditiva.
As mudanças citadas pelos familiares dos usuários das próteses auditivas foram que: do
total de 50 participantes, 46 sujeitos perceberam melhora na interação do usuário da prótese
auditiva com familiares e 48 sujeitos notaram melhora no diálogo com os amigos. 43
participantes afirmaram que o volume da televisão diminuiu bastante e todos os participantes da
pesquisa referiram que o usuário da prótese auditiva apresenta-se mais feliz com a melhora do
entendimento da fala após adaptação.
Os autores Fialho et al. (2009) e Costa et al. (2007) realizaram estudos com idosos
protetizados e afirmaram que apesar das dificuldades, os sujeitos entrevistados percebem
benefício do uso da amplificação sonora na comunicação, diminuindo o isolamento e
aumentando a autonomia nas atividades que envolvem o contato com o outro, uma vez que se
sentem mais seguros em situações de comunicação. Logo, outros estudos constataram melhora
na habilidade para ouvir em diferentes situações, com repercussão positiva nas relações sociais.
A seguir, o gráfico explanará sobre a participação e integração do usuário de prótese
auditiva no ambiente familiar.
Foi possível verificar que os familiares perceberam que após a adaptação das próteses
auditivas os usuários estão mais presentes aos assuntos familiares.
Corroborando com o pensamento de Almeida (2003) e Campos et al. (2003) os resultados
da reabilitação audiológica, dependem do desejo por parte do próprio usuário da prótese auditiva;
e o benefício percebido com o uso da amplificação está diretamente relacionado com as
expectativas do usuário, a aceitação da perda auditiva, a motivação para obter ajuda, as
necessidades de comunicação, o nível intelectual e social, os aspectos psicológicos e sociais, os
custos monetários envolvidos no processo de adaptação. Ainda assim, os problemas encontrados
ao longo do processo de adaptação e também das dificuldades que ainda permanecem com o uso
da amplificação e as eventuais que surgem em consequência da mesma; recebem a devida
atenção no processo de adaptação principalmente com as orientações realizadas ao familiares.
O gráfico a seguir, se refere quanto à melhora do relacionamento do usuário da prótese
auditiva e a família.
É possivel afirmar que o relacionamento do indivíduo com perda auditiva após a
adaptação, apresenta melhora significativa no relacionamento familiar. 47 sujeitos responderam
que sim, o relacionamento melhorou, apenas 3 responderam não terem percebido melhora e
nenhum dos sujeitos responderam sem mudanças.
Na pesquisa realizada por Teixeira et al. (2008), os autores avaliaram a qualidade de vida
de adultos e idosos pós adaptação de próteses auditivas. Os autores observaram que após a
adaptação da prótese auditiva, houve melhora da qualidade de vida como um todo, confirmando
a importância do uso de prótese auditva e do encaminhamento dos usuários para programas de
adaptação e treinamento de estratégias de comunicação. Ressaltam também a necessidade de
criação de programas que visem a reintegração do indivíduo à sociedade.
Alves, et al. (2011) acrescenta que a prevalência da deficiência auditiva na pupulação
idosa é alta. A avaliação audiológica no indivíduo idoso deve envolver não só os exames que
visam definir a sua perda auditiva, mas também considerar a percepção do paciente em relação a
perda auditiva existente no aspecto funcional, e nas atividades sociais e familiares.
4. CONCLUSÃO:
Nosso estudo permitiu verificar a importância da participação ativa da família no
processo de reabilitação auditiva. A presença dos familiares neste processo minimiza os
transtornos psicossociais ocasionados pela deficiência auditiva, refletindo diretamente na
qualidade de vida do idoso.
É fato, que a adaptação quando realizada de forma correta, contribui para melhora da
qualidade de vida desta parcela da população. Por isso, a realização de avaliações auditivas e o
correto encaminhamento para seleção e adaptação de próteses auditivas devem fazer parte da
rotina dos profissionais das mais variadas áreas, que atuam diretamente com adultos e idosos.
Para a efetividade do uso da prótese auditiva, é imprescindível que o usuário de aparelho
de amplificação sonora seja acompanhamento por profissional especializado, para que todas as
dúvidas sejam sanadas e a escolha da melhor tecnologia seja realizada.
Sugere-se um estudo com um número maior de participantes, para qualificar a amostra e
a pesquisa com maior fidedignidade, trazendo benefícios para ciência do estudo de idosos e
amplificação sonora com qualidade.
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APENDICE
Dados de identificação:
Nome do usuário:
Idade:
Perda auditiva:
AASI:
Nome do respondente:
Parentesco:
QUESTIONÁRIO
USANDO O AASI
1) A família percebe que o usuário escuta melhor os sons?
Sim( ) Não( )
2) Compreende melhor a fala?
Sim( ) Não( )
3) Pede para repetir menos o que a família fala?
Sim( ) Não( )
4) Usa o AASI ao falar ao elefone?
Sim( ) Não( )
5) Percebe que melhorou a escuta ao telefone?
Sim ( ) Não( )
6) Demonstra resistência ou rejeição ao uso do AASI?
Sim( ) Não( )
7) Apresentou dificuldades com o processo de adaptação?
Sim( ) Não( )
8) Quais?_____________________________________________________________________
9) Essas dificuldades foram superadas?
Sim( ) Não( ) em parte( )
10) Precisa do auxílio da família co a manipulação do AASI?
Sim( ) Não( )
11) A família percebe mudanças na vida do usuário após adaptação?
Sim( ) Não( )
12) Quais as mudanças mais perceptíveis?
13) O usuário está mais participativo e integrado à família?
Sim( ) Não( )
14) O relacionamento familiar melhorou?
Sim( ) Não( ) sem mudanças( )