ANÁLISE DA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE EDUCAÇÃO INFANTIL...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA-UEPB CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES JOSEFA RODRIGUES DE GOES ANÁLISE DA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE EDUCAÇÃO INFANTIL ATRAVÉS DO RCNEI CAMPINA GRANDE-PB 2014

Transcript of ANÁLISE DA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE EDUCAÇÃO INFANTIL...

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARABA-UEPB

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAO

    PRTICAS PEDAGGICAS INTERDISCIPLINARES

    JOSEFA RODRIGUES DE GOES

    ANLISE DA PROPOSTA PEDAGGICA DE

    EDUCAO INFANTIL ATRAVS DO RCNEI

    CAMPINA GRANDE-PB 2014

  • JOSEFA RODRIGUES DE GOES

    ANLISE DA PROPOSTA PEDAGGICA DE

    EDUCAO INFANTIL ATRAVS DO RCNEI

    Monografia apresentada ao Curso de Especializao Fundamentos da Educao: Prticas Pedaggicas Interdisciplinares da Universidade Estadual da Paraba, em convnio com Escola de Servio Pblico do Estado da Paraba, em cumprimento exigncia para obteno do grau de especialista.

    Orientadora: ProfMs. Adalgisa Rasia

    CAMPINA GRANDE-PB 2014

  • JOSEFA RODRIGUES DE GOES

    ANLISE DA PROPOSTA PEDAGGICA DE EDUCAO INFANTIL ATRAVS

    DO RCNEI

    Monografia apresentada ao Curso de Especializao Fundamentos da Educao: Prticas Pedaggicas Interdisciplinares da Universidade Estadual da Paraba, em convnio com Escola de Servio Pblico do Estado da Paraba, em cumprimento exigncia para obteno do grau de especialista.

  • Dedico...

    Aos meus familiares que, na minha

    luta diria, tornaram-se o meu

    exrcito.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Senhor Deus Todo Poderoso, luz do meu caminho, fora da minha

    caminhada;

    Aos meus familiares, sempre presentes me dando apoio e tendo a pacincia

    necessria nos momentos mais difceis da minhatrajetria de vida;

    Aos professores do Curso de Especializao Fundamentos da Educao:

    Prticas Pedaggicas Interdisciplinares da Universidade Estadual da Paraba pela

    dedicao e responsabilidade para nos abastecer de tantos novos conhecimentos;

    minha orientadora, professora e amiga Adalgisa Rasia por todo apoio que

    me deu para a minha vitria;

    professora Maria Lourdes Cirne que incansavelmente no mediu esforos

    para me acompanhar nos momentos mais difceis.

    minha querida colega de turma Ktia Atade, companheira inesquecvel.

    A todos que me ajudaram direta e indiretamente, o meu muito obrigada.

  • A Educao deve propiciar ao corpo e alma toda

    a perfeio e a beleza que pode ter

    Plato

  • RESUMO

    Sabe-se a importncia da Educao Infantil e seus desdobramentos pedaggicos.Sendo assim, este trabalho busca analisar de forma contextualizada os pressupostos tericos prticos e polticos dos educadores sobre a Infncia, Criana e Educao Infantil, como tambm refletir sobre o currculo vivenciado nas salas infantis, tendo como base o Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil e suas reas de Conhecimento.Sabemos que a Educao Infantil com as lutas e mobilizao dos movimentos sociais, sociedade e comunidade, e outros, atravs de vrias dcadas, foi incorporada pelos aspectos legais da Constituio 88, LDB 9.394/90 e ECA/90, que assegurou o direito a criana pequena o atendimento em Creche e Pr-Escola e uma qualidade de educao, respeitando as particularidades e especificidades de cada criana. Situando assim, a Educao Infantil como primeira etapa da educao bsica, o seu desenvolvimento integral, aprimorando, suainsero na sociedade atravs das concepes e avanos, como criana de direito e cidad. Os autores que deram nfase e suporte referencial ao estudo em pauta foram: BRASIL (1998), HEYWOOD (2004), KRAMER (1998), LOUZADA (1999), MACHADO (2002), OLIVEIRA (2002). A pesquisa de carter bibliogrfico, a qual busca-seaprofundar os conhecimentos inerentes ao tema estudado.Espera-se, com isso, que o presente estudo venha contribuir e mostrar a importncia da Educao Infantil e seus momentos histricos na sociedade seus avanos e impasses. PALAVRAS-CHAVE: Infncia. Educao Infantil. Currculo.

  • ABSTRACT

    Know the importance of early childhood education and its pedagogical developments. Thus, this paper seeks to examine in context the practical and political educators theoretical assumptions on Children, Children and Early Childhood Education, as well as reflect on the curriculum experienced in children's rooms, based on the National Curriculum for Early Childhood Education and his areas of expertise. We know that early childhood education with the struggles and mobilization of social movements, community and society, and others, through several decades, was incorporated into the legal aspects of the Constitution 88, LDB and ECA/90 9.394/90, which ensured the right child little care in Nursery and Pre-school and a quality education, respecting the particularities and specificities of each child. Situating thus Childhood Education as the first stage of basic education, their integral development, improving, their inclusion in society through ideas and advancements such as child rights and citizenship. The authors emphasized that support the study and reference in question were: Brazil (1998), Heywood (2004), Kramer (1998), Louzada (1999), Machado (2002), Oliveira (2002). The research is of bibliographical character, which seeks to deepen the knowledge inherent in the theme. It is expected, therefore, that this study will contribute and show the importance of early childhood education and its historical moments in their society advances and impasses. KEYWORDS: Childhood. Early Childhood Education.Resume.

  • SUMARIO

    1INTRODUO ......................................................................................................09

    2REFERENCIAL TERICO ....................................................................................10

    CAPTULO1 CONTEXTUALIZANDO A EDUCAO INFANTIL .......................10

    1.1 Aspectos Histricos da Infncia ....................................................................10

    1.2 Educadores que Influenciaram a Educao Infantil .....................................16

    CAPTULO 2 CURRCULO DE EDUCAO INFANTIL .....................................17

    2.1 Referencial Curricular Nacional para Educao Infantil ..............................18

    2.2 reas do Conhecimento Proposta RCNEI .....................................................28

    2.2.1 Movimento ................................................................................................29

    2.2.2 Msica ......................................................................................................30

    2.2.3Linguagem Oral e Escrita ..........................................................................32

    2.2.4 Matemtica ...............................................................................................34

    2.2.5 Natureza e Sociedade ..............................................................................38

    2.2.6 Artes Visuais ............................................................................................39

    3METODOLOGIA ...................................................................................................42

    4 CONCLUSO ......................................................................................................43

    REFERNCIAS .......................................................................................................44

  • 9

    1INTRODUO

    Este trabalho acadmico tem como tema: Anlise da Proposta Curricular da

    Educao Infantil atravs do RCNEI. O tema abordado ser uma pesquisa

    Bibliogrfica, e ter como objetivo analisar este documento oficial do MEC, para

    proporcionar subsdios importantes aos profissionais da rea da educao infantil.

    Todo educador deve ter a conscincia da grande importncia de ter em mos,

    suportes e recursos necessrios para o bom desempenho do ensino aprendizagem.

    O RCNEI (Referenciais Curriculares Nacionais da Educao Infantil) um

    instrumento que apresenta novas ideias e muitas propostas, que certamente trar

    grandes benefcios para a orientao do desenvolvimento da prtica no cotidiano

    escolar. O educador deve estar sempre buscando benefcios para melhorar o seu

    desempenho e o aprendizado do educando. Sendo assim, importante que conhea

    a proposta apresentada, para servir como um norte nos planejamentos, adaptando-

    os a realidade de cada instituio de ensino, atendendoas necessidades de acordo

    com o perfil dos alunos respeitando a sua cultura, realidade e a forma de aprender e

    conhecer tudo que os rodeiaeque faz parte do seu universo.

    Sero apresentadas questes importantes relacionadas a proposta

    pedaggica do Referencial Curricular, de acordo com suas ideias e concepes para

    quese tenha uma viso de como trabalhar com crianas de 0 a 5 nos de idade,

    levando em considerao a importncia do cuidar, do educar e do brincar nas

    prtica pedaggicas, de forma que todos estes aspectos sejam interligados para o

    desenvolvimento integral e social da criana.

    Sero apresentados, de forma sucinta, os Componentes Curriculares da

    Educao Infantil, que so:Linguagem Oral e Escrita, Matemtica, Artes Visuais,

    Musica, Movimento, Natureza e Sociedade para que, dessa forma, possam ser

    analisadas e refletidas as aes e prticas mais frequentesno cotidiano escolar. A

    base do trabalho acadmico apresentado sera proposta do RCNEI.

  • 10

    CAPTULO 1 - CONTEXTUALIZANDO A EDUCAO INFANTIL

    Para se compreender a Educao Infantil na atualidade necessrio resgatar

    os aspectos histricos que constituram esta histria.

    1.1 Aspectos Histricosda Infncia

    No decorrer da histria, as concepes e valorizao sobre ainfncia

    passaram por momentos de transformao e viso da sociedade e da famlia.E,

    a(re) construo dessa histria da infncia teve inicio a partir deestudos e pesquisas

    dos filsofos e educadores, como eles pensavam sobre as crianas, no que diz

    respeito ao seu desenvolvimento e educao, contextualizados historicamente.

    Segundo Pierre (apud HEYWOOD, 2004, p 21) enfatiza que "a infncia o

    estado mais vil e abjeto da natureza humana, depois da morte. Somos tentados a

    concordar, especialmente como antidoto para toda tolice sentimental que cerca a

    criana supostamente pura e inocente da era vitoriana.

    Nesse sentido, tais extremos a que se refere o autor, nos traz a lembrana, de

    que os grupos sociais e tnicos, so importantes para a construo social da criana

    e que se d com o passar do tempo.Para o psiclogo Jerome Kagan(apud

    HEYWOOD, 2004, p. 20) diz que, ao adotar uma concepo de criana natural ou

    universal, estamos distanciando da sua construo social do que ser criana, ou

    seja, com suas especificidades e particularidades,pois, seu desenvolvimento ocorre

    por suas fases de vida.

    Por outro lado,Kagan (apud HEYWOOD, 2004, p.21) assume a postura agora

    familiar de que:

    O convvio e a experincia adquirida na famlia to importante quanto biologia e a adaptao das crianas nos seus ambientes acontece por meio do produto de foras histricas, geogrficas, econmicas e culturais diversificadas, fugindo a ideia central a respeito de uma criana puramente natural, ou seja, no existia essa criana natural ou universal.

  • 11

    Porm, Nicholas Tucker (apud HEYWOOD, 2004, p 21) afirma a infncia ,

    pois, uma grande medida, resultado das expectativas dos adultos. Comentando,

    para que os historiadores entendessem as experincias cotidianasdas crianas no

    passado (o que se pode chamar histria social das crianas) era necessrio

    compreender aquilo que os adultos pensavam e sentiam sobre os jovens (a historia

    cultural da infncia).

    Observa-se que, nasociedade outrora,osentimentode infncia

    certamenteumafaseabstratareferente determinadafasedavida.David Archard(apud

    HEYWOOD, 2004, p, 22), comenta que todas as sociedades, em todas as pocas,

    tiveram o conceito de infncia, ou seja, a noo de que as crianas podem ser

    diferenciadas dos adultos de vrias formas. Portanto, ocorrendo ideias divergentes

    sobre questesrelacionadas durao da infncia, as qualidades que diferenciam

    os adultos das crianas e a importncia vinculadaassuasdiferenas.

    PhilippeAris fez aafirmativasurpreendentedequeomundomedievalignoravaa

    infncia.No momento emquetivessem condies desobreviversemocuidadoeas

    atenes desuas mes ou amas, entreasidadesde5 a

    7anos,ascrianaseramlanadasna grandecomunidadedoshomens(HEYWOOD,

    2004).

    Ainda, Aris(1981) destaca que a civilizao medieval no percebia um

    perodo transitrio entre a infncia, e a idade adulta. Em outras palavras, a evoluo

    de atividades da famlia e sociedade num todo, com respeito criana, no tinha um

    olhar para ela como um ser em desenvolvimento, e sim, figurativo.

    Isso vistonosexamesde pinturas antigas,diriode famlia,retratosnos tmulos

    eigrejas,situandoacrianacomoumadultoemminiatura.Nesse sentido, as crianas s

    foram descobertas nos sculos XV, XVI e XVII, havendo, assim, um reconhecimento

    que as crianas precisavam de um tratamento especialparapoderintegrar o

    mundodosadultos. Assim, a maioria daspessoaspartedo pressupostodequeas ideias

    epraticascom relao infncia so naturaischocando-se ao

    descobrirqueoutrassociedadesdivergem delas.Apartirdosculo XII revela uma

    descoberta da infncia do ponto de vista artstico.

    Uma pesquisafrancesaproclama que

    acriananuncafoitocelebradacomonaidademdia.

    Nosepodenegarque,aquelesqueescreviama historia daidademdiaa consideravam,

    emgrandeparte, umaquestodereis, batalhase

  • 12

    principalmentepoltica.Asfontesmedievaiscostumavamservagasnoquedizrespeito

    estimativadeidades,esecaracterizavampelaambiguidade comrelao

    linguagemnessarea.

    Nesse sentido, pose-se afirmar que durante a idade mdia a infncia como

    tambm (a adolescncia) no passou to despercebida, no entanto, foi definido de

    forma imprecisa e muitas vezes desprezado(HEYWOOD, 2004). Registra-se

    queesse interesse limitado na infncia em si, aconteceu no contexto das condies

    sociais de uma sociedade pr-industrial.

    Nessa perspectiva, Aries (1981) certamente estava correto ao apresentar as

    crianas medievais inseridas gradualmente no mundo dos adultos, a partir, de uma

    idade precoce, ajudando os pais, trabalhando na condio de servos ou

    desenvolvendo um aprendizado de um oficio (HEYWOOD, 2004).

    De acordo com a afirmativa do autor, percebe-se que no foi o primeiro

    estudioso ao observar a distancia existente entre, o comportamento de crianas e de

    adultos, era menos evidente no passado, do que nos dias atuais. Desse modo, como

    fala Louzada (1999).

    Os moralistas e os educadores, utilizando o conselho confessor, procuraram modificar os hbitos e comportamentos, com o objetivo de reduzir a promiscuidade entre crianas e adultos, por exemplo, era prtica da poca, todos dormirem na mesma cama (LOUZADA, 1999, p. 10).

    Sendo assim, a partirdo sculo XVIII, formou-se um novo sentimentode

    infncia voltado para as questes psicolgicase moral. Antes de corrigiruma criana,

    era preciso conhecersua mentalidadepara educ-la de formamais adequada.

    Aries (1978) completou seu trabalho argumentando que a preocupao

    elevada com a educao transformou aos poucos o conjunto da sociedade durante o

    sculo XIX e XX, notadamente ao estimular uma funo nova e espiritual para a

    famlia.

    J para Pierre Rich(apud HEYWOOD, 2004, p, 34) afirmou que, entre os

    sculos VI e VIII, o sistema monetrio redescobriu a natureza da criana e toda sua

    riqueza, pois, a maior parte da populao levava uma existncia miservel,

    trabalhando apenas para sobreviver, sob ameaa da peste de inanio ou de

    invases estrangeiras.O historiador Jacques Le Goff (HEYWOOD, 2004,p, 34),

    assegurou que a idade mdia utilitria no tinha tempo para compaixo ou

    admirao pelas crianas, de forma que mal as notava, os monetrios, todavia,

  • 13

    conseguiram destacar-se como uma vela acesa na escurido geral, tendo tambm

    experincias diretas na criao e na educao de crianas.

    O autor se refere descobertada criana e sua riqueza entre os sculo VI e

    VII Icom o sistema monetrio, numperodo em que a populao vivia de forma

    miservel trabalhando apenas para sobreviver sob debilidade extrema por falta

    de alimentao e sob a ameaa da invaso dos estrangeiros. A Idade Mdia

    Utilitria no tinha temponem compaixo para admirar as crianas, nem eram

    percebidas.Assim,ser que podemos olha a histria da infncia por muitos outros

    pontos de vista? Por exemplo, a crianatrabalhou como adulto na primeira

    revoluo industrial e ainda hoje vemos pelos mais diferentes lugares do mundo o

    trabalho, ou a sobrevivncia infantil como condio ainda posta pela sociedade.

    Na frica as crianas vivem em condies sub-humanas, ento a criana,

    principalmente das classes menos favorecidas,so mais vulnerveis e mais

    desprotegidas ainda,pelo sistema social que no consegue realizar, ou permitir

    que o estado realize uma poltica sria para infncia. Basta ver que as crianas

    esto nas salas de aula mais ainda praticamente soltas e sem apoio de pais e da

    prpria sociedade.

    No perodoem torno do sculoXII,em sua renascena, o crrego de

    historiadores opostos a Aris(1981) tornou-se um rio, e eles falam em termos de

    uma fase verdadeiramente fundamental na histria da infncia.

    Segundo o historiadorDavid Herlihy (apud HEYWOOD, 2004 p. 36) o

    resultado foi um investimento social e psicolgico maior nas crianas, mais

    recursos foram dedicados a sua educao e a sade.

    A infncia foi descoberta mais uma vez durante ossculos, XVI e X VIII,

    se pudermos dar crditos a certos historiadores.Herlihy(apud HEYWOOD, 2004,

    p. 36). Enquanto alguns historiadores observavam a esfera cultural para explicar

    o interesse renovado nas crianas durante esse perodo,outros destacaramo

    impacto das transformaes econmicas argumentando que o perodo entre os

    sculos VI eVIII,testemunhou o surgimento do capitalismo,na Europa Ocidental

    os, pais tiveram um incentivo para garantir que as crianas no destrussem suas

    heranas, e que seusfilhos homenspelo menos tivessem habilidades necessria

    para o sucesso no comrcio ou nos ofcios.

    Ainda sobre a histria da infncia (FRANCO,2002,p. 30) comenta que:

  • 14

    Sendo a infncia uma construo histrica e social, imprprio, ou inadequado supor a existncia de uma populao infantil homognea, pois o processo histrico nos faz perceber diferentes populaes infantis com processos desiguais de socializao.

    Do ponto de vista da autora, registra-se que so muitas as concepes e

    definies sobre a infncia e seu contexto histrico onde est inserido que varia

    de localidade e cultura, ou seja,cada poca com seu discurso sobre a

    infncia.Como diz Sousa (2000, p. 91), a noo de infncia no natural, mas

    profundamente histrica e cultural.

    Diante do contexto histrico sobre a infncia, constata-se que ela vem ao

    longo dos tempos,buscando espao e estrutura social mediante sua

    especificidade, que ora indagamos: o que ser criana nos dias de hoje? Como

    situar a infncia nesse contexto?

    Kuhlmann (1998, p. 31) aponta que preciso considerar a infncia como a

    condio da criana. O conjunto das experincias vividas por elas em diferentes

    lugares histricos,geogrficos e sociais muito mais do que uma representao

    dos adultossobreesta fase da vida.

    Comentando o autor necessrio conhecer as significaes de infnciae

    considerar as crianas e suas particularidades, localizando as suas relaes

    sociais e reconhecendo como produtora da sua histria.

    A literatura nos mostra o delineamento da histria da infncia e criana na

    Idade Mdia,consolidando em estudos cientifico sobre a criana e seu

    desenvolvimento infantil a partir das concepes, muitas vezes antagnicas e

    seus momentos histricos diversos, constituindo assim, como mediador das

    prticas educacionais e a viso da sociedade a qual a criana passou a adquirir

    nos ambientes que estavam inseridas assumindo,ora como adulto em miniatura,

    ora como criana indefesa, passando a vivenciar situao adversa do seu mundo

    infantil.

    No Brasil a criana tem sua infncia camuflada por assumir o mundo do

    trabalho. Conforme Louzada (1999,p. 15) o atendimento da criana no Brasil

    teve inicio com a chegada dos Jesutas. Assim, os modelos ideolgicos sobre a

    criana daquele perodo evidenciavam o papel que a igreja desempenhava e,

    particularmente, passava pela disseminao de duas imagens (da criana mstica

    e da criana que imita Jesus) que interferiram na maneira de os adultos

  • 15

    pensarem. Surgido assim, a influncia da concepo europeia ,o mito da criana

    santa. Para tanto, os jesutas investiram nos pequenos indiozinhos, filhosde

    gentios. Junto com rfos portugueses vindo da metrpoles, esses indiozinhos

    formariam um exrcito e cada um seria um pequeno Jesus, a pregar e a

    sacrificar-se nas mata e nos sertes (LOUZADA, 1999).

    No sculo XVIII no Brasil as Cmaras Municipais e as Santas Casas de

    misericrdia passaram a cuidar das crianas enjeitadas, chamadas de crianas

    expostas. Sendo assim, foi fundada no Rio de Janeiro em 1738 a Roda e a Casa

    dos Expostos, que recebiam doao de ricos comerciantes para a manuteno da

    casa (LOUZADA, 1999).

    Como podemos registrar no incio da Repblica,pouco se faziano Brasil

    uma educao para criana pequena. No havia Legislao especfica de

    proteo a elas, nem atendimento educativo para as crianas mais pobres.

    De acordo com Oliveira (2002,p. 92), o cerne da polmica era

    argumentao de que,se os jardins-de-infncia tinham objetivos de caridade e

    destinavam-se aos mais pobres, no deveriam ser mantidos pelo poder pblico.

    Dessa forma, medida que as mudanas sociais e polticas foram

    ocorrendo, o setor publico pressionado pela sociedade, principalmente referente

    a classe popular passou a reconhecer a importncia do atendimento a criana

    pequena. Sendo assim, em 1908,foi criada a primeira creche popular de cunho

    assistencialista para crianas de dois anos filhos de operrio.

    Nesse contexto, ao falar sobre infncia e criana e seu reconhecimento no

    Brasil, urge reportarmos as suas formas de atendimento a partir das dcadas at

    a sociedade atual.

    Na dcada de20 a crise no sistema poltico oligrquico ento

    predominante e a expanso das atividades industriais culminaram com a

    revoluo burguesa no pas. (OLIVEIRA, 2002,p. 97). Ocorrendo nesse momento

    poltico o Primeiro Congresso Brasileiro de Infncia em 1922 no Rio de Janeiro.E

    no que se refere ao perodo anterior a 1930, observa-se nas Polticas Publicas de

    atendimento paraa criana pequena, a ausncia do estado e criao de asilo para

    rfos.

    A partir das dcadas de 30 e 40,foi introduzido o conceito de assistncia

    social para as crianas,voltadas para as questes emocionais e sociais.

    Focalizando,portanto,numa perspectiva higienista de cunho filantrpico e

  • 16

    assistencialista. Conforme(KRAMER,2001,p. 27) A psicanlise fortalecia as

    intensas discusses existentes em torno da maior ou menor permissividade que

    deveria existir na educao das crianas, trazendo a discusso, temas tais como,

    frustao, agressividade, e ansiedade. Assim, caberia ao professor sua ateno

    voltada para as necessidades afetivas das crianas e que ele deveria assumir o

    papel do ponto de vista clinico e emocional.

    Durante os anos de 1950, houve a redescoberta dos trabalhos tericos de

    Montessori, Piaget e Vigotsky. De acordo comKramer (2001,p. 27) crescia o

    interesse de estudiosos da aprendizagem pelo conhecimento dos aspectos

    cognitivo do desenvolvimento, pela evoluo da linguagem e pela interferncia

    dos primeiros anos de vida da criana no seu desempenho acadmico posterior.

    J na dcada de 60, ainda Kramer (2001, p. 28) diz que as pesquisas que tinham

    como tema a educao pr-escolar estavam centradas nos estudos do

    pensamento da criana e da influencia da linguagem no rendimento escolar.

    1.1.1 A Pr-Escola no Brasil

    Quanto s polticas pblicas para a pr-escola no perodo de 64 a 79

    ocorreu a ditadura da resistncia, implantando as teorias comportamentais, alm

    de teorias crtica e reprodutivistas e tambm as correntes Piaget, Luria, Vigottsk,

    Emlia Ferreiro, Madalena Freire, Paulo Freire.

    J no perodo de 80 e 90 no Brasil atravs das mobilizaes de setores da

    sociedade civil e organizada rgos pblicos e o apoio da UNICEF se comea a

    pensar numa poltica para a criana e tambm o adolescente. Em se tratando da

    pr-escola esta por sua vez passou por trs fenmenos marcantes: A expanso

    quantitativa do universo infantil nos centros pr-escolares, a formulao de

    propostas pedaggica e currculos no mbito das Secretarias de Educao e o

    reconhecimento da criana educao desde o nascimento.

  • 17

    1.1.2 Polticas de Educao no Brasil

    A Educao Infantil teve seus espaos conquistados atravs da Legislao e

    Polticas Pblicas:

    A Constituio Federal de 1988

    Captulo III,artigo 208 IV criana de 0 a 6 anos o direito educao.

    O Estatuto da Criana e do Adolescente (8.069/ 1990).

    Cap.IVart dever do Estado assegurar a criana e ao adolescente (...)

    atendimento em creche e pr escola s crianas de zero a seis anos de idade.

    Com relao aos atendimentos educacionais houve em 1994 aprovao

    daPoltica Nacional da Educao Infantil / MEC /SEF/ CODEI.

    LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAO NACIONAL 1996- LDBN 9.394

    Seo II. Art.29 [...] A Educao Infantil, primeira etapa da educao bsica, tem

    como finalidade o desenvolvimento integral da criana...Funo educativa

    creche e pr-escola.O processo avaliativo Art.31/LDB far-se- mediante

    acompanhamento e registro do seu desenvolvimento,sem o objetivo de

    promoo mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental.

    REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAO INFANTIL

    1999(RCNEI).

    PARAMETROS NACIONAIS DE QUALIDADE PARA A EDUCAO INFANTIL

    (2006)

    INDICADORES DA QUALIDADE NA EDUCAO INFANTIL (2009)

    DIRETRIZES NACIONAL PARA A EDUCAO INFANTIL (2010)

    Refletindo sobre os momentos histricos do campo da Educao

    Infantil,registramos que o mesmo vem num processo intenso de reviso de

    concepes e avanos sobre a Educao da criana de 0 a 5 anos,a partir da sua

    dimenso de atendimento e fortalecimento das prticas pedaggicas, espaos

    coletivos, tendo como indicadores de qualidade a mediao e a seleo das

  • 18

    diretrizes curriculares garantindo assimaaprendizagemeo desenvolvimento da

    criana na sua integralidade.

    1.2 Educadores que Influenciaram a Educao Infantil

    Nos estudos sobre a infncia, observa-se a contribuio de vrios autores,

    destacando-se Jean Jacques Rousseau, escritor Francs de origem Sua (1712-

    1718). Nicolau (1986)qualifica-o como precursor de ideologia democrtica

    burguesae crtico ao feudalismo. Destaca-se por combater as ideias que

    prevaleciam na poca: a criana no seria um adulto em miniatura(como se

    pensava), mas teria necessidades, caractersticas e condies de desenvolvimento

    prprio. Criticou a instruo severa para com as crianas e o uso excessivo da

    memria, propondo brinquedos, e os esportes favorveis aprendizagem infantil.

    Para ele, considerava que a educao fosse o resultado do contato da criana com

    a natureza. Em seu livro EMILIO, uma utopia em forma de romance, onde

    imaginava a educao de um jovem, considerava que o processo de formao do

    indivduo deveria conter uma educao baseada na experincia. possvel

    considerar Rousseau como um dos pioneiros na compreenso de como a criana

    pensa.

    CelestinFreniet(1896-1966), educador Francs, o processo educativo era

    liberar ao mximo as crianas da autoridade irracional dos adultos, mostrar a estes

    os caminhos da realizao individual e social, ou seja, a organizao dos interesses

    e das capacidades infantis, possibilitando o desenvolvimento mximo de sua

    personalidade, por outro lado, focaliza a formao escolar, a educao propiciada as

    crianas no deve estar em desacordo com a vida.Para ele, a criana chave do

    futuro, ser em construo, condutor do processo educativo mediato nas

    necessidades, seus interesses e curiosidades (ANGOTTI,1994). Um dos princpios,

    a Escola Ativa, voltada para atividade espontnea, garantido a livre expressoda

    criana para que ela aprenda a expor, a expressar-se, a falar, partindo da ao para

    se aprender agir, a plena realizao do indivduo. A proposta de trabalho na escola

    era as aulas-passeio, professor e aluno dialogando, em que as crianas

    resgatavam a explorao da cultura, do social e do trabalho, ou seja, a oportunidade

    de vivenciar o que liam na escola e o experimentava l fora, observado. Trabalhava

    tambm, atravs de atelis em sala de aula (tecelagem, fiao, costura, cozinha),

  • 19

    bem como, o jornal escola a correspondncia, a produo de textos livres pelos

    prprios alunos. O livro de vidaenfatiza a disciplina e a autoridade do professor,

    entretanto, o trabalhocooperativo deveria acontecer num ambiente organizado. E o

    papel do educador o de despertar, conservar nas crianas foras vivas que

    condicionam a verdadeira educao(ANGOTTI, 1994).

    Destaca-se tambm OvideDecrory,pedagogo belga (1871-1932).Para ele, a

    atividade infantil, sua percepo global e a necessidade de inserir a criana em seu

    meio natural so princpios bsicos. Segundo Nicolau(1986), Decrory com seu

    mtodo dos centros de interesse, afirma queo contato da criana com o meio

    rompeu a rigidez dos programas de sue tempo. Para ele, a criana deve ser criana

    e no um adulto em potencial. Nesse esforo de vivncia dos (centros de interesse)

    a criana passava por trs momentos: a observao, a associao e a expresso.

    De acordo com ele,a sala de aula pode acontecer em qualquer parte: na fazenda, na

    loja, no mercado, na oficina, no campo,no museu, num jardim etc. O conhecimento

    do meio viria para satisfazer as necessidades delas. Cada aluno coloca seu trabalho

    pessoal, documentado e organizado mediante as suas modificaes.

    importante destacar o papel de Vigotsky(1988) psiclogo bielo-russo

    ressalta o papel da escola no desenvolvimento mais estudado pela pedagogia

    contempornea. As preocupaes de Vygotsky se centraram em buscar quais

    aspectos da dinmica da sociedade e da cultura teriam influencia no curso do

    desenvolvimento do sujeito, vai chamar a ateno para o fato de que todas as

    funes do desenvolvimento das crianas aparecem primeiro em nvel social, entre

    pessoas, e depois em nvel social, no interior da criana. Ou seja, essa passagem,

    de um nvel interpsicolgico para um nvel intrapsicolgico, acontece a

    internalizao, que a criana vai reconstruindo internamente uma atividade externa,

    resultando, portanto, os processos interativos ao longo do seu desenvolvimento e

    aprendizagem.Dessa forma, o conhecido construdo por ela e a parte da

    internalizao de signos produzidos culturalmente (a Linguagem), atravs da

    interao com o outro. Suas vivncias, suas atividades passa a ser considerada de

    forma isolada,mas medidas nas interaes com seus pares, familiares e sociedade.

    O autor, em sua teoria, procura mostrar que os significados do movimento da

    criana em direo aos objetos configuraram-se, inicialmente, em uma situao

    objetiva, e, logo depois, atravs de intermediao de outras pessoas.

    Exemplificando, a criana na tentativa de alcanar um objeto. Quando a me ou

  • 20

    outra pessoa vem ajud-la a pegar o objeto, est ajudando tambm a dar outro

    significado ao movimento de pegar, transformando assim no ato de apontar. Assim,

    esse movimento se torna um ato de gesto, e para ele andar, esses movimentos

    ampliam seus significados e sua espacialidade de comunicao conferida ao gesto,

    desde ento, ostatus da Linguagem. Neste ponto surge a importante atividade

    mental. A criana ao lidar com desejos que no pode realizar cria atravs de

    brinquedos, uma situao imaginria, direcionando seu comportamento, no apenas

    pela percepo imediata dos objetos, mas pelo significado da situao.

    Exemplificando, quando ela v e escuta o som do avio, em seguida, pega um lpis

    e transforma num avio, criando assim, uma situao imaginria. O voo do avio,

    que aos poucos, mediante sua faixa etria, vai abrindo caminhos para o

    desenvolvimento do pensamento abstrato e transforma o brinquedosimblico num

    completo sistema de linguagem, som e palavras.

    Segundo Vygotsky (1988), o primeiro contato da criana com novas

    atividades, habilidades ou informaes deve ter a participao de um adulto. Da a

    importncia do professor na sala de aula ser o mediador constante nestes

    momentos de vivncias da criana. A criana se constitui meio das relaes sociais

    das quais a linguagem a expresso fundamental. E, no dilogo que ao

    internalizar um procedimento a criana se apropria dele tornando-o voluntrio e

    independente. Ou seja, a formao se d numa relao dialtica entre sujeito e a

    sociedade a seu redor, onde ela est inserida. Pois na Educao Infantil que a

    criana avana nos seus conhecimentos, primeiros contatos com a realidade a qual

    est inserida, tendo como ponto de partida, segundo Vygotsky a Zona Real (ZR), ou

    seja, o seu desenvolvimento real, a qual demonstra a capacidade de realizar tarefas,

    independente de receber ajuda.Ele chega escola, creche, com sua bagagem de

    experincias de sua prtica social. E, no cotidiano das salas de aula que ocorre a

    Zona Prxima (ZP),que define suas funes psicolgicas que no amadureceram

    ainda,mas que ainda esto em processo de amadurecimento (LOUZADA, 1999). O

    professor cria condies espaos de atividades, aprendizagens para que ela

    desenvolva. importante frisar que no devemos esperar a criana crescer para

    aprender e sim, oferecer condies para que ela aprenda e ento se desenvolva.

    Ainda dentro das ideias do autor, salienta que o aspecto essencial do

    aprendizado o fato de ele criar tambm a Zona Potencias (ZP), a qual indica a

    capacidade da criana tem de resolver tarefas com ajuda do outro, que o caminho

  • 21

    desde o objeto, at a criana e desta at o objeto do conhecimento passa por outra

    pessoa. nesses argumentos que refletiremos o papel do professor como mediador

    da aprendizagem da criana, saber identificar suas capacidades e ajud-la a

    desenvolver novas competncias e probabilidades, bem como se apropriando de

    conhecimentos cientficos e condies necessrias para a formao da

    individualidade. Dessa forma, mediante a autora Louzada(1999, p. 36) enfatiza ainda

    que o outro ainda de formasignificativa no processo de desenvolvimento da

    criana. Para ela, o outro a sua famlia, comunidade, os colegas, a professora,

    enfim, os seus interlocutores.

    Jean Piaget(1896-1980),bilogo suo desenvolveu um mtodo precursor na

    esfera da inteligncia do estgio infantil. Revolucionou o modo de encarar a

    educao de crianas ao mostrar que elas no pensam como os adultos e

    constroem o prprio aprendizado.Piaget dedicou-se a vida a um trabalho de

    observao cientifica no processo de conhecimento pelo ser humano principalmente,

    a criana. Para ele, que muito contribuiu com a histria da educao, a criana

    absorve o teor do aprendizado por meio de um processo natural de apreenso do

    conhecimento. Observando crianas, desenvolveu uma teoria do conhecimento,

    chamada de Epistemologia Gentica(teoria do nascimento e desenvolvimento, ou

    evoluo do conhecimento),que busca explicar a lgica do pensamento do ser

    humano.

    Para Piaget (apud DIAS, 1996, p.10)a inteligncia humana se constri e se

    desenvolve em funo de interaes sociais, e da ao do ser humano sobre o meio

    em que vive. Explicando o pensamento lgico infantil, ele descobriu regularidades

    em vrias crianas: esquemas (a estrutura bsica do conhecimento de

    objetos,pessoas,situaes) a equilibrao(todo conhecimento passa pelo processo

    de assimilao,ouseja,a apreenso das caractersticas e de acomodao (utilizao

    e modificao de esquemas conforme a situao),que juntos iro formar a

    equilibrao(o prprio conhecimento) e, os quatro estgios de desenvolvimento, que

    caracterizam as formas de o individuo interagir com a realidade:

    a) Sensrio-motor (0 a 2 anos)-uso dos reflexos ao motora, perodo da

    intelignciaprtica;

    b) Properacional(2 a 7anos)- caracteriza-se pelo surgimento da capacidade de

    dominar a linguagem e a representao do mundo por meiodos smbolos;

  • 22

    c)Operaes concretas(7 aos 12 anos)- a criana comea acompreender s

    significados das situaes que consegue dominar, manipular, surge a lgica nos

    processos mentais;

    d)Operaes formais(12 anos em diante)- adolescente passa a ter o domniodo

    pensamento lgico, a partir das hipteses e dedues. Ou seja, ocorre o raciocnio

    abstrato.

    O estgio, forma de organizao mental. Deve ser considerado do ponto de vista

    motor, intelectual e afetivo.

    Assim possvel analisar que o indivduo,desde criana, vai construindo o

    seu desenvolvimento mental. Da,a necessidade da escola/creche, valorizar a ao

    individual da criana,promovendo atividades em grupo, ressaltando o papel de

    interao de cada uma com o objeto de conhecimento, salientando a sua ao sobre

    esse conhecimento. A criana tem uma enorme receptividade sensorial, sempre

    aberta ao concreto, as suas experincias ao que v, ao que ouve, toca ,apalpa. E,

    nesse momento que agindo sobre o objeto de conhecimento, pergunta acerca de

    tudo, ela vai descobrindo o mundo e, reinventando contedos.

    Dentro do contexto, (PIAGET apud LOUZADA, 1999p. 12) destaca que a

    criana:

    Constri o conhecimento interagindo com o meio fsico e social. Ela um ser ativo que vivencia diferentes fases. Devem-se respeitar essasfases propiciando criana situaes de aprendizagens que lhepossibilitem atuar sobre o objeto de conhecimento

    Refletindo essa viso, o conhecimento no se constitui em cpia da realidade

    e sim, uma relao entre objeto e sujeito, resultado de um trabalho de criao,

    significao e ressignificao.

    Assim, para Piaget, a escola tem que rever sua prtica pedaggica

    articulando ao modo de ser das suas crianas,contemplando suas descobertas,

    curiosidades e criatividade que as motivam e, com base nessas vivncias

    propiciadas por elas prprias, elaborar situaes didticas com temticas de

    interesse infantil, conforme a faixa etria atendida, um ambiente rico em desafios,

    respeitando a espontaneidade delas, e tambm atividades ldicas, essenciais na

    formao da criana, sem se fixar em um currculo dogmtico.

  • 23

    Os estudos de Piaget tiveram vasta repercusso na Psicologiae na

    Pedagogia, trazendo algumas implicaes para a educao percebidas na prtica

    pedaggica dos professores.

    Modificao da postura do professor-compreendendo como a criana pensa para propor atividades que possa fazer e compreender;

    Modificao do conceito de erro-os erros mostram como a criana compreendeu as situaes, os objeto, as pessoas, e representam verdadeiras hipteses do que ela aprendeu;

    Modificao do sistema de correo/avaliao- ao invs de se corrigir uma resposta errada, corrigir o processo, sem dar respostas prontas. (DIAS,1996,p.11).

    Portanto, a obra de Piaget leva concluso de que o trabalho de educar as

    crianas no se refere tanto transmisso de contedos quanto a favorecer a

    atividade mental do aluno(REVISTA ESCOLA,2009, p.91).Comentando,a

    escola/creche dever promover uma ampliao de referencias somando as

    experincias que as crianas trazem do seu meio de forma criativa, interativa e

    critica.

    Conforme Kishimoto(1988) a criao de instituies pr-escolares resultou de

    fenmenos sociais recentes, com a urbanizao e industrializao. A criao do pr-

    escolar foi para atender questes da famlia e sociedade, no da criana como ser

    social histrico e individual em si mesmo. Pois, aps a primeira revoluo industrial

    as crianas eram foradas ao trabalho dos TEARES, ou nas minas de carvo por

    serem mo-de-obramais barata, que as dos adultos. Nesse perodo do sculo XIX,

    comeou uma certa preocupao do governo da Inglaterra e na Frana sobre as

    condies de vida dos trabalhadores. Mediante esse contexto, deu-se a criao de

    pr-escola, sem fins educacionais, as apenasassistencialista, objetivando afastar

    crianas pequenas dos ambientesfabris.

    Na Frana, foi a criao dos SALLES d`asile para crianas abandonadas,

    mantidas por damas da sociedade, com carter filantrpico e havia uma

    preocupao com a educao formal das crianas (oferecia refeies, jogos,

    iniciao a leitura, escrita e ao calculo).Em 1837 foi transformado em escola, ou

    seja, mudanas de SALLES d asile para escola maternais, maior ateno aos

    aspectos educacionais. A criao da 1 legislao de amparo s escolas foi editada

    por Pauline Kergomard, criando tambm os primeiros cursos para formao de

    http://www.infoescola.com/pedagogia/metodo-de-educacao-piagetiano/

  • 24

    professores especializados em Educao Infantil, consolidando assim a pr-escola

    Francesa.

    J Na Alemanha, a pr-escola nasceu com carter educacional, destinada a

    todas as crianas e no as desamparadas.Froebel criou os Jardinsde Infncia os

    Kindergaten. Os jardins de infncia tinham uma filosofia pedaggica que valorizava o

    brinquedo e o trabalho manual.

    Na sua, o precursor da pr-escola foi Pestalozzi, que inovou a viso

    pedaggica, preocupou-se pela 1 vez com aspectos psicolgicos da educao.

    Para ele, os mtodos pedaggicos deviam preocupar-se com a capacidade e ritmo

    de aprendizagem de cada um. Ainda focalizou que o centro de educao era o

    educando.

    importante registrar que Maria Montessori, educadora Italiana foi uma das

    pioneiras do movimento escolonovistas europeu, assimilava os novos

    conhecimentos provenientes da Pedagogia e Antropologia Pedaggica e criando em

    1907 a Casa dei Bambini (casas de crianas), para educar crianas pr-escolares

    deficientes mentais. Sua metodologia consistia na liberdade de ao da criana

    sobre objetos (material didtico, atividades motoras e sensoriais e necessidade de

    ambiente adaptado s crianas, incorporava-se a prtica educativa de crianas

    normais, em 1937).

    Os brinquedos que a criana manipula tem finalidade didtica: so blocos,

    bastes, tbuas, peas de encaixe, enfim, slidos durveis, introduzindo forma

    concreta noo de cor, forma, peso, tamanho etc. O papel do professor orientar a

    criana permitindo que ela se autocorrija.

  • 25

    CAPTULO 2 CURRCULO DE EDUCAO INFANTIL

    2.1 Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil: Um Olhar

    Reflexivo sobre sua Implementao

    Em decorrncia da valorizao da criana e da insero da Educao Infantil

    na educao bsica, que se estabelece na LDB uma nova exigncia de formao

    para os educadores,exigindo assim, uma nova prtica em que contemple o universo

    de aprendizagem da criana,de forma ldica,comunicativa,criativa e critica. Da, a

    necessidade de Formao Continuada dos professores dessa rea de Educao

    Infantil, assegurando a associao entre teoria e prtica. Com base na

    implementao de mudanas nos Sistemas de Ensino,creches e Pr-

    escolas,mediante a constituio de 1988,ECA e LDB 9394/96,no mbito

    municipal,garantindo como espao educativo e ao complementar e famlia,como

    tambm,o desenvolvimento de projetos curriculares para as crianas

    pequenas,oMinistrio da Educao e Cultura - MEC,em1994,com sua poltica de

    educao infantil,visando conhecer as propostas pedaggicas construdas pelos

    sistemas atravs de estudos realizados,garantindo um paradigma norteador de

    projeto curricular de educao infantil,atendendo a diversidade,singularidade e

    pluralidade de cada regio foi elaborado e divulgado,no perodo de 1997-1998,o

    documento Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil - RCNEI,com a

    funo de subsidiar os sistemas educacionais na elaborao e implementao de

    programas e currculos,com vistos a implementao de polticas educacionais de

    qualidade com a criana de0 a 6 anos.

    O RCNEI um conjunto de sugestes e referncias para creches,entidades

    equivalentes a pr-escolas.Faz parte dos documentos dos Parmetros Curriculares

    Nacionais,que foram elaborados pelo Ministrio da Educao.Seu objetivo auxiliar

    professores de Educao infantil a realizar seu trabalho educacional com crianas

    pequenas,atendendo s determinaes da Lei de Diretrizes e Bases da Educao

    Nacional (Lei 9.394/96), que estabelece,pela primeira vez na histria do Brasil,que a

    educao infantil a primeira etapa da educao bsica.

  • 26

    Tem-se como seguintes princpios:

    O respeito dignidade das crianas.

    O direito das crianas a brincar.

    O acesso das crianas aos bens sociais,culturais desportivos.

    A socializao das crianas por meio de sua participao e insero nas diversas prticas sociais.

    O atendimento aos cuidados essenciais associados sobrevivncia e ao desenvolvimento da identidade. (BRASIL,1998,p. 13).

    A inteno do Referencial indicar caminhos que contribuam para que as

    crianas desenvolvam integralmente sua identidade e para que possam ser capazes

    de crescer como cidados,com direitos infncia reconhecidos. Alm disso,serve

    para que se possa realizar,nas instituies infantis,um trabalho educativo emque o

    cuidar e o educar se d de forma indissociveis contribuindo com a socializao dos

    alunos dessa faixa etria e a ampliao dos conhecimentos da realidade social e

    cultural.

    O RCNEI tem uma proposta aberta,reflexiva e no obrigatria,como guia de

    reflexo de cunho educacional sobre objetivos,contedos e orientaes didticas

    para os profissionais que trabalham diretamente com as crianas de 0 a 5

    anos,tendo como foco seus estilos pedaggicos e a diversidade cultural legitima.

    O RCNEI organizado da seguinte forma:

    Um documento introduo,(Volume I)que apresenta uma reflexo sobre creches e

    pr-escolas no Brasil,situando e fundamentando concepes de criana, de

    educao, de instituio e do profissional, que foram utilizadas para definir os

    objetivos gerais da educao infantil e orientaram a organizao dos documentos de

    eixos de trabalho que esto agrupados em dois volumes relacionados aos seguintes

    mbitos de experincia: Formao Pessoal e Social e conhecimento de mundo.

    O volume2 relativo ao mbito de experincia Formao Pessoal e Social que

    contm o eixo de trabalho que favorece, prioritariamente, os processosde

    construo da Identidade e Autonomia das crianas.

    J o volume3 relativoao mbito de experincia Conhecimento de Mundo que

    contm seis documentos referentes aos eixos de trabalho orientados para a

    construo das diferentes linguagens pelas crianas e para as relaes que

    estabelecem com os objetivos de conhecimento: Movimento, Msica, Artes

    Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade eMatemtica.

  • 27

    A organizao do Referencial possui carter instrumental e didtico, devendo os

    professores ter conscincia, em sua prtica educativa, que a construo de

    conhecimentos se processa de maneira integrada e global e que h inter-relao

    entre os diferentes eixos sugeridos a seremtrabalhados com as crianas. Nessa

    perspectiva, o Referencial um guia de orientao que dever servir de base para

    discusses entre profissionais de um mesmo sistema de ensino ou no interior da

    instituio, na elaborao de projetos educativos singulares e diversos.

    Segundo o RCNEI (BRASIL, 1988), so Objetivos Gerais da Educao Infantil:

    Desenvolver uma imagem positiva de si.

    Descobrir e conhecer, progressivamente, seu prprio corpo.

    Estabelecer vnculos afetivos e de troca com adultos e crianas.

    Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade.

    Brincar expressando emoes, sentimentos,pensamentos, desejos e

    necessidades.

    Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plstica, oral e escrita),

    ajustadas as diferentes intenes de comunicao.

    Conhecer algumas manifestaes culturais, demonstrando atitudes de interesse,

    respeito e participao diante delas e valorizando a diversidade.

    As mudanas ocorridas na legislao brasileira sobre a educao infantil,

    definindo a garantia de ateno as crianas de o a 5 anos, uma educao de

    qualidade, atribuindo-lhe a condio decidado, cujo direito a proteo

    integralassegurado pela famlia, pela sociedade, e pelo poder publico

    (BRASIL,1988), fez com que representassem o perfildo professor de educao

    infantil, a partir de sua formao acadmica, profissional e pessoal.

    A legislao prev ainda, um conjunto de medidas afirmando hoje, uma

    formao adequada do professor e suaatuao nas salas infantis, constando de

    condies de trabalho e remunerao digna, bem como, a continuidade de polticas

    de formao para esse segmento educacional infantil (BRASIL, LDB, 9394/96,Art 69,

    67).

    Nessa perspectiva, o RCNEI (BRASIL, 1998 p.41) enfatiza que faz-se

    necessrio que estes profissionais, nas instituies de educao infantil,tenham ou

  • 28

    venham a ter uma formao inicial slida e consistente acompanhada de adequadae

    permanente atualizao em servio.

    nesse contexto de formao in locus, que o professor dessa rea, vai

    construindo seus saberes da prtica, a reelaborao do seu fazer pedaggico

    atravs da ao-reflexo-ao.

    O trabalho direto com crianas em creche/Pr Escolas exigeque o professor

    tenha uma competncia polivalente, ou seja:

    Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com contedos de natureza diversos que abrangem desde contedos bsicos, essncias, at conhecimentos especficos provenientes das diversas reas de conhecimento(RCNEI, BRASIL1998 p. 41).

    Refletindo, torna-se necessrio estabelecer princpios, critrios, objetivos,

    com relao formao desse profissional, buscando promover prticas,

    aproveitandomais experincias acumuladas pela vivncia com crianas e o reflexo

    sobre a prtica transformadora nas salas infantis.

    Ainda, analisando o perfil do professor de educao infantil, a autora

    Wajskop, comenta o novo professor de educao infantil, dever ser um profissional

    reflexivo em constante formao pessoal e acadmica, aberto as mudanas e atento

    as diversidades e pluralidades das crianas com as quais trabalha, (BRASIL, 1999,

    p. 14), promovendo prticas educativas que levem em conta o cuidar e o educar de

    forma indissociveis.

    no contexto da prtica que o professor deve trabalhar a brincadeira,voltado

    em todas as suas manifestaes, como estratgia de ensino aprendizagem de forma

    ldica e utilizao das diversas reas de conhecimento (msica, movimento,

    Linguagem oral e escrita, natureza e sociedade,matemtica, artes visuais), para a

    realizao de novas aprendizagens mais significativas.

    2.2 reas do Conhecimento Propostas no RCNEI

    Segundo oRCNEI (2002),as reas de conhecimento referem-se construo

    das diferentes linguagens pelas crianas e as relaes que estabelecem com os

  • 29

    objetivos de conhecimento destacando-se os seguintes eixos:Movimento, Artes,

    Msica, Linguagem Oral e Escrita, Matemticae Natureza e Sociedade.

    Dessa forma,passa-se a enfatizar a importncia de cada eixo na Instituio de

    Educao Infantil: Atravs de seus objetivos, contedos, o papel do professor e

    Avaliao.

    2.2.1 Movimento

    De acordo com o RCNEI(2002),o trabalho com movimento contempla a

    multiplicidade de funes e manifestaes do ato motor, propiciando um amplo

    desenvolvimento de aspectos especficos da motricidade das crianas, abrangendo

    uma reflexo acerca das posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas,

    bem como atividades voltadas para a ampliao da cultura corporal de cada criana.

    O movimento para a criana pequena significa muito mais do que mexer

    partes do corpo ou deslocar-se no espao, so realizados movimentos atravs de

    jogos, brincadeiras, a dana e as prticas esportivas, revelam por seu lado, a cultura

    corporal de cada grupo social, constituindo-se em atividades privilegiadas nas quais

    o movimento aprendido e significado de forma que a criana realiza estas

    atividades espontaneamente.

    importante que o trabalho incorpore a expressividade e a mobilidade prpria

    da criana, as conversas, os deslocamentos e as brincadeiras resultantes desse

    movimento no podem ser entendidas como disperso ou desordem, e sim como

    uma manifestao natural das crianas.

    Ainda segundo o RCNEI (BRASIL, 2002), muito importante que o professor

    perceba os diversos significados que pode ter a atividade motora para as crianas.

    Nessa perspectiva, o professor dever avaliar constantemente o tempo de

    contentao motora ou de manuteno de uma mesma postura de maneira a

    adequar asatividades s possibilidades das crianas de diferentes idades.

    Sendo assim, a organizao do ambiente dos materiais e do tempo visa a

    auxiliar que as manifestaes motoras das crianas estejam integradas nas diversas

    atividades da rotina.

  • 30

    Outro aspecto importante refere-se avaliao do movimento: deve ser

    continua, levando em considerao os processos vivenciados pelas crianas,

    resultado de um trabalho intencional do professor. Dever constituir-se em

    instrumento para a reorganizao de objetivos, contedos,procedimentos, atividades

    e como forma de acompanhar e reconhecer cada criana e grupo.

    O educador deve informar sempre as crianas acerca de suas competncias,

    a valorizao de seus esforos e comentrios a respeito de como esto construindo

    e se apropriando desse conhecimento, so atitudes que as encorajam e situam com

    relao prpria aprendizagem, desta maneira estar estimulando seus alunos.

    De acordo com o RCNEI:

    A msica no contexto da Educao Infantil vem, ao longo de sua histria atendendo a vrios objetivos, alguns dos quais alheios as questes prprias dessa linguagem. Tem sido, em muitos casos suporte para atender a vrios propsitos, como a formao de hbitos, atitudes e comportamentos: lavar as mos antes do lanche, escovar os dentes, respeitar o farol etc.; a realizao de comemoraes relativas ao calendrio de eventos do ano letivo simbolizados no dia da rvore, dia do soldado, dia das mes etc.; a memorizao de contedos relativos a nmeros, letras do alfabeto, cores etc., traduzidos em canes. Essas canes costumam ser acompanhadas por gestos corporais, imitados pelas crianas de forma mecnica e estereotipada (BRASIL,2002,p. 47, Volume 3).

    2.2.2 Msica

    Como os eixos temticos foram elaborados de forma contextualizada amsica

    est presente de forma muito importante para o desenvolvimento da criana.

    De acordo com o RCNEI, a msica a linguagem que se traduz em formas

    sonoras capazes de expressar e comunicar sensaes, sentimentos e pensamentos,

    por meio da organizao e relacionamento expressivo entre o som e o silncio

    (BRASIL, 2002, p. 45, volume 3).

    Pesquisadores e estudiosos vm traando paralelos entre o desenvolvimento

    infantil e o exerccio da expresso musical, resultando em propostas que respeitam

    o modo de perceber, sentir e pensar, em cada fase e contribuindo para que a

    construo do conhecimento dessa linguagem ocorra de modo significativo.

  • 31

    preciso cuidar, no entanto, para que no se deixe de lado o exerccio das questes

    especificamente musicais.

    Portanto, o trabalho com msica deve considerarque a criana se expressa

    de forma diferenciada. Segundo o RCNEI, a linguagem musical excelente meio

    para o desenvolvimento da expresso, do equilbrio, autoestima e

    autoconhecimento, alm de poderoso meio de integrao social(BRASIL,2002,p. 49,

    Volume 3).

    Segundo Machado (2000,p. 38),o trabalho com a rea de msica deve se

    organizar de forma que, ao final da Educao Infantil, as crianas tenham

    desenvolvido as seguintes capacidades:

    Reconhecer e utilizar a msica como linguagem expressiva e forma de

    conhecimento do mundo;

    Assumir uma atitude positiva diante da manifestao musical sendo capaz de

    expressar sentimentos, percepes e pensamentos por meio dela;

    Conhecer msica de diferentes gneros, ritmos e estilos,da produo nacional e

    internacional, conhecendo um pouco da histria dessa linguagem, assim como

    de alguns de seus criadores;

    Assim, tambm devem interpretar, criar e refletir sobre os produtos musicais

    que a sociedade oferece.

    De acordo com o RCNEI (BRASIL 2002, p 57 volume 3):

    A organizao dos contedos para o trabalho da rea de msica nas instituies de Educao Infantildever, acima de tudo, respeitar o nvel de percepo e desenvolvimento (musical e global) das crianas em cada fase bem como as diferenas socioculturais entre os grupos de crianas das muitas regies do pas.

    Sero trabalhados como conceitos em construo organizados numprocesso

    contnuo e integrado que deve abranger:

    A explorao de materiais e a escuta de obras musicais para propiciar o contato

    e experincias com a matria-prima da linguagem musical: som (e suas

    qualidades) e o silencio;

    A reflexo sobre a msica como produto cultural do ser humano importante

    forma de conhecer e representar o mundo.

  • 32

    Considerando-se que a maioria dos professores de educao infantil no tem

    uma formao especifica em msica, sugere-se que cada profissional faa um

    contnuo trabalho consigo mesmo no sentido de:

    Sensibilizar-se em relao s questes inerente musica;

    Reconhecer a msica como linguagem cujo conhecimento se constri;

    Entender e respeitar como as crianas se expressam musicalmente em cada fase,para, a partir da, fornecer os meios necessrios (vivncias, informaes, materiais) ao desenvolvimento de sua capacidade expressiva (BRASIL, 2002, p. 67).

    Um aspecto desafiador refere-se avaliao na rea de msica que deve ser

    contnua, levando em considerao os processos vivenciados pelas crianas,

    resultado de um trabalho intencional do professor. O professor poder documentar

    os aspectos referentes ao desenvolvimento vocal (se cantam e como);ao

    desenvolvimento rtmico e motora; capacidade de imitao, de criao e de

    memorizao musical.

    2.2.3Linguagem Oral e Escrita

    O terceiro eixo proposto no documento do MEC refere-se linguagem oral e

    escrita, que na sala de aula o professor entra em contato com as diversidades de

    cotidiano, e pode por meio dos diferentes olhares, beneficiar tanto o ensino como a

    aprendizagem fazendo uso da oralidade que pode aproximar culturas diferentes. Por

    exemplo: o aluno oriundo de centros desenvolvidos, cidades ou meios culturais mais

    diversos podem ser surpreendidos com os que vm da zona rural, interiores ou

    cidades menores. Por meio do reconhecimento desses diferentes saberes a

    oralidade um ponto de partida para o preparo da escrita.

    De acordo com o RCNEI (BRASIL, 2002,p117, v. 3)a aprendizagem da

    linguagem oral e escrita um dos elementos importantes para as crianas

    ampliarem suas possibilidades de insero e de participao nas diversas prticas,

    sociais.

    Aprender uma lngua no somente aprender as palavras, mas tambm os

    seus significados culturais, e com eles, os modos pelos quais as pessoas do seu

  • 33

    meio sociocultural entendem, interpretam e representam a realidade. Essa

    ampliao est relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades

    associadas s quatro competncias lingusticas bsicas: falar, escutar, ler e

    escrever.

    A linguagem oral est presente no cotidiano e na prtica das instituies de

    educao infantil a medida que todos que dela participam: crianas e adultos, falam,

    se comunicam entre si, expressando sentimentos e ideias.

    Em algumas prticas se considera o aprendizado da linguagem oral como um

    processo natural,que ocorre em funo da maturao biolgica, outra prticas, ao

    contrrio, acredita-se que a interveno direta do adulto necessria e determinante

    para a aprendizagem da criana. Acredita-se tambm que para haver boas

    condies para essa aprendizagem necessrio criar situaes em que o silencio e

    a homogeneidade imperem. Nessa perspectiva,a linguagem considerada apenas

    como um conjunto de palavras para nomeao de objetos, pessoas e aes

    ,restringindo a algumas atividades, estre elas as rodas de conversa (BRASIL,2002

    p. 119,v. 3).

    A construo da linguagem oral no linear e ocorre em um processo de

    aproximaes sucessivas com a fala do outro, seja ela, do pai, da me, do

    professor, dos amigos ou aquelas ouvidas na TVe rdio. Assim acabam criando

    formas verbais, expresses e palavras, na tentativa de apropriar-se das convenes

    da linguagem. As crianas tm ritmos prprios e a conquista de suas

    capacidadeslingusticasse d em tempos diferenciados. O desenvolvimento da fala e

    da capacidade simblica amplia significativamente, porm as falas infantis

    so,ainda, produto de uma perspectiva muito particular, de um modo prprio de ver

    o mundo (BRASIL 2002).

    Eleger a linguagem oral como contedo da educao infantil fazer do dilogo um lugar de desenvolvimento e aprendizagem. Implica promover atividades que criem situaes de fala, escuta e compreenso da lngua atravs do uso de diferentes textos e situaes enunciativas ampliando as capacidades comunicativas das crianas de forma significativa e que preserve a naturalidade de conversar, falar e escutar (MACHADO,2000, p. 42.).

    Dessa forma, a criana que vive em uma sociedadeem permanente contato

    como mundo letrado, certamente ter maior facilidade em desenvolver a escrita na

  • 34

    diversidade e no convvio social que a criana desperta o interesse e a curiosidade

    pela linguagem e consequentemente pela escrita.

    Conforme o RECNEI (BRASIL, 2002, p. 127),diante do ambiente de

    letramento em que vivem, as crianas podem fazer, a partir de dois ou trs anos de

    idade, uma srie de perguntas como O que est escrito aqui?, ou O que isto quer

    dizer?, indicando sua reflexo sobre a funo e o significado da escrita, ao

    perceberem que ela representa algo. Para aprender a escrever a criana ter que

    lidar com dois processos de aprendizagem paralelos: o da natureza do sistema de

    escrita da lngua o que a escrita representa e como e o das caractersticas da

    linguagem que se usa para escrever.

    Sendo assim, quanto maior for o contato com os diferentes portadores de

    textos a criana ter mais facilidade de desenvolver a aprendizagem da linguagem

    escrita preparando-se para desenvolver a prtica de escrever com autonomia.

    2.2.4Matemtica

    A Matemtica uma disciplina bsica em todos os seguimentos e o seu saber

    torna-se essencial para o convvio na sociedade. Frequentemente, escuta-se no

    meio escolar que matemtica muito difcil de ensinar e aprender,como em todas as

    reas j mencionadas, a Matemtica pode se destacar pela sua presena em todae

    qualquer situao, as crianas convivem com a matemtica desde muito pequenas

    no seu cotidiano, seja familiar, social, e educacional, a criana passa a ter contato

    com a matemtica a partir do momento que tem experincia com o seu universo.

    Quando ela passa a enxergar o mundo e experimentar as diversidades comoas

    cores, formas,tamanho, quantidades, nmeros, peso, medidas, tempo e espaos,

    todos esses conhecimentos bsicos so proporcionados pela matemtica que os

    cerca por todos os lados.

    Sendo assim, esta rea do conhecimento deve ocupar o seu lugar, como

    todas as outras reas dos componentes curriculares,que foram citadas no

    RCNEI,isto porque ela faz parte da vida da criana em seu dia-a-dia, seja qual for o

    ambiente em que ela esteja. Dessa forma, o Referencial Curricular Nacional para a

    Educao Infantil traz no terceiro volume os conhecimentos matemticos, a

  • 35

    aquisio e a construo desses conhecimentos so importantes para desenvolver o

    raciocnio lgico-matemtico das crianas. Nota-se que a criana que frequenta a

    escola muito cedo e encontra um ambiente favorvel elas tm a oportunidade de

    construir seus prprios conhecimentos sobre o mundo edesenvolver suas

    capacidades cognitivas de pensar e refletir com autonomia suas aes e suas

    prprias descobertas baseadas em seu raciocnio, procurando encontrara soluo

    para os questionamentose conflitos encontrados no ambiente escolar com as outras

    crianas. Com o desenvolvimento da inteligncia o sujeito se torna cada vez mais

    adaptada ao meio podendo inclusive transformar este meio atravs de suas aes

    (FERREIRA, 2009,p.5).

    Dessa forma, os profissionais da educao infantil devem buscar no

    Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil as bases tericas e

    reflexivas, as diversas maneiras prticas ldicas e eficazes de realizar as atividades

    com as crianas,afastando das salas de aula alguns tipos de atividades

    desnecessrias, que no possibilitam as crianas construrem o seu conhecimento

    com autonomia utilizando-se do raciocnio lgico matemtico, tendo conscincia da

    importncia da matemtica para o seu cotidiano.

    Como aprender construir significados e atribuir sentidos, as aes

    representam momentos importantes da aprendizagem na medida em que a criana

    realiza uma interao (BRASIL, 1998,p. 209).

    Quase sempre nas instituies de educao infantil comum ouvir os

    discursos de muitos educadores de que possvel desenvolver o raciocnio logico

    matemtico apena se a criana trabalhar com o material concreto uma ideia

    equivocada pelo professor,o material disponibilizado a criana importante, porm,

    se faz necessrio interveno do educador, no auxilio da construo do seu

    conhecimento. Essas prticas pedaggicas e outras questes so abordadas e

    criticadas pelo RCNEI, que na proposta pedaggica apresenta recursos

    diversificados, como os jogos, as brincadeiras, e os brinquedos que se tornam

    importantes e necessrios para o processo de desenvolvimento das crianas de 0 a

    5 anos. A criana sente prazer em brincar com seus coleguinhas, e vivenciar o

    perodo da sua infncia, isto trar benefcios em vrios aspectos, no apenas o

    cognitivo, mas, tambm, o psicolgico, afetivo, social, todos estes aspectos devero

    ser estimulados, preciso que o educador tenha conscincia de respeitar as

  • 36

    limitaes e necessidades oferecendo um ambiente acolhedor e agradvel para as

    crianas de creches e educao infantil.

    A inteligncia vai sendo formada medida que o sujeito se v frente a

    situaes desafiadoras, enfrentando problemas reais ou abstratos que se

    constituem na dinmica cotidiana das relaes dos indivduos com o meio.

    (BARBOSA; HORN;2008 p. 27).

    importante que o educador participe ativamente desse processo interagindo

    com as crianas ao manipular os objetos e jogos, observado e fazendo

    questionamentos das novas descobertas, partindo daquilo que ele j sabe e com

    isso fazer reflexes e construir novos conhecimentos.

    Sendo assim, importante o educador fazer seu planejamento partindo do

    conhecimento prvio do aluno e, com base nesse conhecimento, direcionar o

    planejamento dirio para que ele seja bem sucedido obtendo bons resultados no

    desenvolvimento dos alunos.

    Observa-se a importncia desses conhecimentos prvios, na teoria de

    aprendizagem de Vygotsky, sua teoria difere da teoria de Jean Piaget por ser

    sociointeracionista, de acordo com essa teoria o desenvolvimento das capacidades

    cognitivas da criana primeiramente depende do processo de aprendizagem, o

    estimulo atravs da mediao do professor possibilitar ao aluno interagir com o

    meio e com o outro num processo de interao social.

    Existem dois nveis de desenvolvimento das nossas capacidades cognitivas

    durante o processo de ensino aprendizagem, de acordo com a teoria de Vygotsky, o

    primeiro dominado de desenvolvimento real, aquele que est relacionado ao

    nosso conhecimento prvio, so habilidades e conhecimento j adquiridos em outras

    experincias j vividas, a outra etapa do nosso desenvolvimento cognitivo

    denominada de desenvolvimento potencial, justamente o conhecimento ainda no

    adquirido e que necessidade de auxilio de outras pessoaspara desenvolv-los e por

    em prtica. O processo de transio entre as duas etapas do desenvolvimento

    cognitivo chamado de zona de desenvolvimento proximal que Vygotsky idealizou

    em sua teoria da aprendizagem, para ele essa zona o que ir aproximar o aluno

    nas conquistas de um novo conhecimento tendo por base e conexo um

    conhecimento prvio, e a devida interveno pedaggica de um educador.

    A proposta pedaggica do RCNEI para a Educao Infantil, na sua

    elaborao contou com a importante teoria interacionistado suo Jean Piaget, seus

  • 37

    estudos e pesquisas nos revelam importantes descobertas sobre o desenvolvimento

    do ser humano, e estava focado na descobertade como o ser humano desenvolvia o

    seu raciocnio.

    A inteligncia para Piaget o mecanismo de adaptao do organismo a uma

    situao nova e, como tal, implica a construo continua de novas estruturas. Esta

    adaptao refere-se ao mundo exterior, como toda adaptao biolgica. Desta

    forma, os indivduos se desenvolvem intelectualmente a partir de exerccios e

    estmulos oferecidos pelo meio que os cercam (BELLO, 1995, p.2).

    importante ressaltar que Piaget atravs dos seus estudos e de acordo com

    a sua teoria interacionista, busca nos mostrar que o desenvolvimento do nosso

    raciocnio no acontece por acaso ele construdo a partir da nossa interao com o

    meio.

    Para o atendimento educacional de crianas na faixa etria de 0 a 3 anos, o

    RCNEI apresenta em sua proposta pedaggica, objetivos que devero ser

    alcanados, tendo como base toda uma proposta de contedos e metodologias,

    estabelecer aproximaes e algumas noes matemticas presente no seu

    cotidiano, como contagem, relaes espaciais etc. (BRASIL, 1998, p.215).Esses

    objetivos devero ser ampliados para as crianas com a faixa etria de 0 a 6 anos,

    aprofundar o conhecimento que j foi construdo durante os trs primeiros anos de

    vida da criana da instituio infantil. Na proposta do Referencial a criana dever

    ter desenvolvido as seguintes capacidades: reconhecer e valorizar os nmeros,como

    representao simblica que fazem parte d nossa vida em sociedade e toda

    atividade que estiver relacionada aos nmeros, como: trabalhar nmeros e

    quantidades com a contagem oral de objetos e no uso de materiais pedaggicos, e

    at mesmo em situaes do nosso cotidiano escolar que forem propostos pela

    educadora durante o processo de ensino/aprendizagem, para que a criana possa

    estabelecer relao e sentido daquilo que ela est construindo como conhecimento

    de mundo, para que logo aps tenha a possibilidade de coloca-las em prtica na sua

    vivencia diria com os demais no seu meio social.

    Outro objetivo importante desenvolver melhor a sua comunicao em

    conhecimentos matemticos, na transio de suas ideias e na resoluo de

    problemas de seu cotidiano, atravs da sua linguagem oral desenvolver uma

    linguagem matemtica que possibilite a criana melhor autonomia e participao na

    sociedade.

  • 38

    O RCNEI ainda apresenta como proposta de trabalho pedaggico contedos

    selecionados e organizados na medida em que possibilite ao aluno construir e

    expandir seus conhecimentos sobre a matemtica.

    2.2.5 Natureza e Sociedade

    De acordo com o RCNEI (BRASIL, 2002), da mesma forma que os eixos

    temticos anteriores foram estudados com sua relevncia, o Componente Curricular

    Natureza e Sociedade tambm proporciona diversos conhecimentos sobre o mundo

    em que vivemos. Essa temtica deve ser explorada pelas crianas para que elas

    tenham a possibilidade de acesso ao conhecimento da grande diversidade de

    culturas, sociedades, ambientes naturais e seres vivos que h no mundo. O

    educador na sua prtica deve ter a conscincia e o compromisso da realizao de

    um trabalho reflexivo e constante, essa temtica dever ser bastante explorada no

    dia-a-dia da vida da o educador criana.

    De modo geral o educador preocupado em desenvolver habilidades de leitura

    e escrita, o trabalho com o eixo temtico Natureza e Sociedade se torna um pouco

    desvinculado, sem que a criana tenha o contato fsico com a natureza e a

    sociedade. importante a criana interagir de forma significativa para que ela

    construa sua identidade e sua prpria cidadania, dessa forma necessrio que ela

    tenhacontato com a natureza e com o mundo o qual ela est inserida.

    [...] o trabalho pedaggico precisa se orientar por uma viso das crianas como seres sociais, indivduos que vivem em sociedade. Cidads e cidados. Isso exige que levemos em considerao suas diferentes caractersticas. No s em termos de histria de vida ou de regio geogrficas, mas tambm de classe social, etnia e sexo. (KRAMER, 1989,p. 19).

    A proposta apresentada pelo RCNEI, quando estudada e analisada percebe-

    se que existe uma aparente distancia entre os contedos dos diversos componentes

    curriculares, como se no estivessem conectados uns aos outros. Cabe ao educador

    analisar bem a proposta estudando para que no haja equivoco quando coloca-las

    em prtica. Sendo assim, importante estudar bem e conhecer a proposta

    pedaggica do RCNEI e perceber de fato o que ela nos quer mostrar, qual a

  • 39

    maneira mais indicada de se trabalhar os contedos na educao infantil.

    Percebemos, no entanto, que ela nos mostra que a forma mais indicada e mais

    correta trabalhar os contedos de maneira interdisciplinar, contextualizando todos

    os outros contedos e os conhecimentos possveis para ser trabalhado em uma

    nica aula.

    A preocupao com o planejamento independe do componente curricular ou

    do eixo temtico em foco, o planejamento deve ser sempre bem elaborado e

    diversificado sempre buscando proporcionar oportunidades diferenciadas para que

    as nossas crianas possam construir conhecimentos significativos para suas vidas.

    Sendo assim, para cada eixo temtico que for trabalhado com nossos alunos

    devemos ter uma maior preocupao em oferecerrecursos adequados para que o

    aluno tenha oportunidade de vivenciaras diferentes realidades e refletir sobre elas

    encontrando possibilidades deconstruir seus prprios conhecimentos.

    A observao e a explorao do meio constituem-se duas das principais

    possibilidades de aprendizagem das crianas desta faixa etria dessa forma que

    podero, gradualmente, construir as primeiras noes a respeito das pessoas, do

    seu grupo social e das relaes humanas. A interao com adultos e crianas de

    diferentes idades, as brincadeiras nas suas mais diferentes formas, a explorao de

    espao, o contato com a natureza, se constituem em experincias necessrias para

    o desenvolvimento e aprendizagem infantis. (BRASIL, v. 3, 1998.178)

    A reflexo apresentada pelo RCNEI sobre as prticas pedaggicas so

    relacionadas s prticas pedaggicaspresentes em muitas instituies infantis que

    pouco contribuem para a construo de conhecimentos significativospara a vida da

    criana no meio social. Uma das prticas mencionadas pelo Referencial so as

    variadas datas comemorativas do calendrio nacional.

    2.2.6 Artes Visuais

    As artes visuais fazem parte do nosso cotidiano j desde muito pequenos, em

    muitas realidades as crianas j buscam experimentar essas prticas durante a sua

    infncia, nas brincadeiras quando esto sozinhas ou at mesmo em companhia de

    outras crianas, em muitas ocasies essas experincias so vivenciadas atravs de

    instrumentos rsticos retirados da prpria natureza quando a criana tem a

  • 40

    oportunidade de entrar em contato com esses ambientes riqussimos e de poder

    explor-los durantes seus momentos de ludicidade. Nesses casos por muitas vezes

    os primeiros instrumentos utilizados paras as suas artes so aqueles que encontram

    pelo caminho, e durante suas descobertas ela tem a possibilidade de experimentar

    diversos elementos como pedras, gravetos ou at mesmo o carvo e muitos outros

    que ela possa encontrar durante a brincadeira no espao em que ela esteja.

    As artes visuais assim como a msica e o movimento considerada pelo

    Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil - RECNEI uma linguagem

    importante para as crianas. por meio da arte de rabiscar, desenhar, pintar,

    modelar, entre outros, que a criana busca se comunicar com o mundo a sua volta,

    demonstrando atravs das artes que ela mesma produz transmitir suas emoes,

    seus desejos, seus sentimentos, suas angustias e at mesmo seus medos. por

    essas e outras razes que as artes visuais no podem ser vistas pelos educadores

    de educao infantil como simples atividades de passatempo, preciso d mais

    ateno e valor ao que as crianas produzem, buscando sempre valoriz-las em

    suas prticas, dessa forma, elevando a sua autoestima e confiana em si mesmas

    para que elas possam se sentir motivadas e o mais importante mostr-las sempre

    jeitinho eu elas desejam fazer. o seu ''eu;; que estar ali sendo apresentado em

    suas artes e tambm ser para a criana uma grande descoberta, pois, nesse

    momento entre outros, que ela poder vivenciar no ambiente escolar que ela estar

    construindo a sua personalidade, e suas descobertas e desenvolvimento devero

    ser respeitados e valorizados sempre, para que ela possa expressar a sua

    singularidade e ter a sua identidade preservada.

    O trabalho com as Artes Visuais na educao infantil requer profunda ateno

    no que se refere ao respeito das peculiaridades e esquemas de conhecimento

    prprios cada faixa etria e nvel de desenvolvimento. Isso significa que o

    pensamento, a sensibilidade, a imaginao, a percepo, a intuio e a cognio da

    criana devem ser trabalhadas de forma integrada, visando a favorecer o

    desenvolvimento das capacidades criativas das crianas. (BRASIL, v. 3, 1998, p.91)

    Nas prticas pedaggicas das instituies infantis e de alguns educadores o

    ensino das artes no est sendo valorizado e explorado como deveria, os trabalhos

    que so produzidos pelas crianas por muitos profissionais da educao no so

    levados a srio, e como consequncia disso no so reconhecidos e vistos como

    uma linguagem, e como linguagem a criana deveria ter a liberdade para se

  • 41

    expressar e mostrar aquilo que ela percebe, sente e deseja do mundo. Mas, essa

    liberdade de expresso que as crianas tm de direito ao manter contato com as

    artes plsticas no esta sendo respeitada, mas esse somente um dos problemas

    referente a essas prticas, muitos dos que se dizem educadores na educao

    infantil no oferecem oportunidades para que as crianas tenham autonomia de

    serem criativas e produzirem as suas prprias artes, elas simplesmente tm que

    seguir as ordens do educador e s fazer aquilo que se pede.

    O que se percebe em alguns casos que em muitas prticas pedaggicas as

    artes plsticas so vistas simplesmente como atividades de passatempo ou de

    trabalhar o desenvolvimento da coordenao motora das crianas, sem que haja um

    interesse naquilo que elas esto produzindo e nem valor de significados.

  • 42

    3METODOLOGIA

    Tendo em vista o fato de que o presente trabalho monogrfico visa analisar o

    contexto histrico da Educao Infantil, e refletir sobre o Currculo na Educao

    Infantil e o Referencial CurricularNacional para a Educao Infantil a opo

    metodolgica desse estudo foi pesquisa bibliogrfica que segundoLakatos, a

    pesquisa bibliogrfica permite compreender que, se de um lado a resoluo de um

    problema pode ser obtida atravs dela, por outro, tanto a pesquisa de laboratrio

    quanto de campo (documentao direta) exigem, como premissa, o levantamento

    do estudo da questo que se prope a analisar e solucionar. A pesquisa bibliogrfica

    pode, portanto, ser considerada tambm como o primeiro passo de toda pesquisa

    cientfica. (1992, p.44). A pesquisa foi feira tendo como norte autores estudiosos no

    assunto como:Ari, Brasil. KuhlmannJr , Kramer,Kuhlmann Jr, Louzada, Oliveira,

    buscando fundamentar a questo da Educao infantil, suas concepes,

    significados, avanos e vivncias. O trabalho foi desenvolvido atravs de seguintes

    passos metodolgicos: seleo bibliogrfica, classificao dos livros, fichamentos

    dos livros, artigos, revistas e textos, anlise de documentos / MEC.

    Sendo assim, neste estudo pretendemos trazer contribuies aos professores

    de educao infantil, um trabalho significativo e de qualidade junto criana de 0 a 5

    anos.

  • 43

    4 CONCLUSO

    O presente estudo nos mostra a importncia do documento oficial do MEC,

    denominado RCNEI no qual apresenta proposta de um currculo nacional para

    educao infantil.

    Sabe-se que o documento traz sugestes para as reas do conhecimento, ou

    seja, delimita os eixos integrados nos quais os professores de educao infantil

    encontraro os objetivos, por faixa etria, bem como reflexes didticas que

    norteiam a prtica pedaggica do educador que trabalha com crianas de 0 a 5

    anos.

    Na verdade, o Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil

    (RCNEI) um elemento bsico no planejamento dos profissionais da escola, sendo

    o objeto para anlise e discusses das principais funes da Educao Infantil que

    o cuidar e o educar.

    Ao trmino deste trabalho monogrfico, possvel atravs da anlise do

    RCNEI, salientar sua importncia para as creches e pr-escolas do sistema do

    ensino pblico deste Pas, sendo assim, com a utilizao adequada do RCNEI, as

    aulas nas turmas de Educao Infantil podem ganhar um novo cenrio que reflete

    diretamente com o atendimento adequado as caractersticas da infncia e o

    processo de Ensino e Aprendizagem.

  • 44

    REFERNCIAS

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