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LUCIANA OBA ONISHI KIKUCHI Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma hepatocelular pequeno Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Área de concentração: Gastroenterologia Clínica Orientador: Prof. Dr. Flair José Carrilho São Paulo 2007

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LUCIANA OBA ONISHI KIKUCHI

Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma

hepatocelular pequeno

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências

Área de concentração: Gastroenterologia Clínica Orientador: Prof. Dr. Flair José Carrilho

São Paulo

2007

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Preparada pela Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

reprodução autorizada pelo autor

Kikuchi, Luciana Oba Onishi Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma hepatocelular pequeno / Luciana Oba Onishi Kikuchi. -- São Paulo, 2007.

Dissertação(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Departamento de Gastroenterologia.

Área de concentração: Gastroenterologia Clínica. Orientador: Flair José Carrilho.

Descritores: 1.Sobrevida 2.Carcinoma hepatocelular 3.Diagnóstico precoce

USP/FM/SBD-252/07

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Dedicatória

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À minha família,

obrigada pelo apoio e carinho.

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Agradecimentos

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Gostaria de dedicar esta tese a todas as pessoas envolvidas e que me

ajudaram a concluí-la.

Meus sinceros agradecimentos aos pacientes do Ambulatório de

Hepatologia, que contribuem para o nosso crescimento profissional e para o

desenvolvimento científico.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Flair José Carrilho, é um prazer ter um

chefe como o senhor, que prioriza a relação com o paciente, valoriza e

reconhece nossos esforços e está sempre empenhado em melhorar nossas

condições de ensino, pesquisa e assistência médica. Espero que

continuemos trabalhando juntos por muitos anos, para que eu possa

aprender sempre mais.

À amiga Dra. Denise C. Paranaguá-Vezozzo, que foi uma das grandes

responsáveis por esta tese. O seu apoio e carinho desde o início foram

fundamentais para a conclusão deste trabalho.

Aos assistentes, colegas e residentes da Gastroenterologia: Dra.

Suzane Kioko Ono-Nita, Dra. Marta Mitiko Deguti, Dr. Alberto Queiroz Farias,

Dr. Eduardo Rachid Cançado, Dra. Cláudia de Oliveira Marques, Dr. Celso

Eduardo Lourenço Matielo, Dra. Regiane Saraiva de Souza Melo Alencar,

Dra. Claudia Megumi Tani, Dr. Tarciso Daniel, Dr. Fabrício Guimarães de

Souza e Dra Maria Luiza Novas.

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À amiga e companheira de ambulatório Dra. Aline Lopes Chagas,

que esta dissertação seja somente a concretização inicial dos nossos

futuros projetos na área de carcinoma hepatocelular

Ao Dr. Venâncio A. F. Alves, ao Dr. Evandro S. de Mello e ao Dr. Luiz

Caetano da Silva, os quais, com suas críticas construtivas nas reuniões de

quinta-feira, enriqueceram muito este trabalho.

Às secretárias Fátima Gomes, Cláudia de Arruda e Fabiana Renata

Soares Bispo, que sempre me auxiliaram e se desdobraram para contribuir

para a finalização desta tese.

Aos funcionários do Ambulatório de Gastroenterologia, de Hepatologia

e de Transplante Hepático, que nos permitem trabalhar com mais conforto e

agilidade.

Ao projeto de Hepatologia-Hepatites/Câncer, sob os auspícios da Alves

de Queiroz Famil Fundy for Research, pelo auxílio à realização desta

pesquisa.

Não poderia de deixar de agradecer à minha Faculdade de origem

(Universidade Estadual de Londrina) e aos professores que contribuíram

para a minha formação de graduação como médica. Agradeço também aos

amigos e colegas com quem partilhei a residência médica na Escola

Paulista de Medicina.

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Esta dissertação está de acordo com:

Referências: adaptado de International Commitee of Medical Journals Editors

(Vancouver).

Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e

Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias.

Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Júlia de A. L. Freddi, Maria F.

Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena.

São Paulo: Serviço de Biblioteca e Documentação; 2005.

Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed in

Index Medicus.

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Sumário

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LISTA DE ABREVIATURAS LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS RESUMO SUMMARY 1 INTRODUÇÃO .........................................................................................01

1.1 Epidemiologia do Carcinoma Hepatocelular (CHC) .........................02 1.2 Fatores de risco do CHC..................................................................04

1.2.1 Cirrose Hepática ....................................................................04 1.2.2 Vírus da Hepatite B................................................................06 1.2.3 Vírus da Hepatite C ...............................................................08 1.2.4 Álcool.....................................................................................09 1.2.5 Aflatoxina...............................................................................11 1.2.6 Outros....................................................................................12

1.3 Aumento da Incidência do CHC .......................................................14 1.4 Mortalidade do CHC.........................................................................15 1.5 Diagnóstico do CHC Pequeno .........................................................16

1.5.1 Papel do Rastreamento do CHC ...........................................16 1.5.2 Marcadores Sorológicos ........................................................17 1.5.3 Métodos de Imagem..............................................................19 1.5.4 Intervalo do Rastreamento ....................................................20

1.6 CHC Pequeno ..................................................................................21 1.7 Tratamento do CHC .........................................................................22

1.7.1 Ressecção Cirúrgica..............................................................23 1.7.2 Transplante Hepático.............................................................23 1.7.3 Terapias Ablativas Locais......................................................24 1.7.4 Quimioembolização ...............................................................26

1.8 Situação do manejo do CHC no nosso serviço ................................26 2 OBJETIVOS .............................................................................................28 3 CASUÍSTICA E MÉTODOS .....................................................................30

3.1 Ética .................................................................................................31 3.2 Desenho do Estudo..........................................................................31 3.3 Casuística ........................................................................................32

3.3.1 Critérios de Inclusão ..............................................................34 3.3.2 Critérios de Exclusão.............................................................34

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3.4 Análise da Sobrevida .......................................................................36 3.4.1 Obtenção de Dados Clínicos .................................................37 3.4.2 Obtenção de Dados Laboratoriais .........................................37 3.4.3 Obtenção de Dados de Imagem............................................39 3.4.4 Análise Histopatológica .........................................................40 3.4.5 Diagnóstico do CHC ..............................................................40 3.4.6 Tratamento do CHC...............................................................41

3.5 Análise Estatística ............................................................................41 4. RESULTADOS.........................................................................................43

4.1. Casuística ........................................................................................44 4.2. Dados Clínicos .................................................................................45 4.3. Dados Laboratoriais .........................................................................48 4.4. Dados do Tumor ..............................................................................53 4.5. Análise da Sobrevida Geral..............................................................56 4.6. Análise Univariada ...........................................................................57 4.7. Análise Multivariada .........................................................................59 4.8. Seguimento ......................................................................................61

5. DISCUSSÃO ............................................................................................63 5.1. Limitações do Estudo .......................................................................80 5.2. Considerações Finais.......................................................................82

6. CONCLUSÕES ........................................................................................85 7. ANEXOS ..................................................................................................87 8. REFERÊNCIAS........................................................................................93

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Listas

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LISTA DE ABREVIATURAS

AASLD American Society for the Study of Liver Disease AFP alfa-fetoproteína AgHBs antígeno de superfície S do vírus da hepatite B ALT alanina aminotransferase anti-VHC anticorpo contra o vírus da hepatite C AST aspartato aminotransferase BCLC Barcelona Clinic Liver Cancer CAPPesq Comitê de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa CHC carcinoma hepatocelular CLIP Cancer of the Liver Italian Program DCP des-gamma-carboxy-prothrombin EUA Estados Unidos da América FA fosfatase alcalina GGT gama glutamil transferase HCFMUSP Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo HIV vírus da imunodeficiência humana HVPG gradiente de pressão venosa hepática MELD Model of End-stage Liver Disease mm milímetros ng/ml nanograma/mililitros PCR Reação de Polimerização em Cadeia PEI injeção percutânea de etanol RFA ablação por radiofreqüência RNI relação normatizada internacional RNM ressonância nuclear magnética TACE quimioembolização transarterial TC tomografia computadorizada TNM tumor-linfonodo-metástase TP tempo de protrombina US ultra-sonografia VHB vírus da hepatite B VHC vírus da hepatite C VR valor de referência

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Incidência do CHC nas diferentes partes do mundo..................3

Figura 2 - Seqüência cronológica de lesões celulares culminando no desenvolvimento do CHC. .........................................................5

Figura 3 - Mortalidade do CHC no Japão de acordo com a etiologia.........8

Figura 4 - Organograma dos pacientes incluídos no estudo, período de janeiro de 1998 a dezembro de 2003. ................................35

Figura 5 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com o sexo..............................................................45

Figura 6 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com a faixa etária (anos). .......................................46

Figura 7 - Distribuição dos pacientes com CHC pequeno de acordo com etiologia da cirrose hepática. ...........................................46

Figura 8 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com a classificação de Child-Pugh. ........................47

Figura 9 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com a pontuação MELD. ........................................48

Figura 10 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com o nível de AFP sérica. .....................................49

Figura 11 Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com o número de nódulos. ............................54

Figura 12 Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com o diâmetro em milímetros do maior nódulo. ....54

Figura 13 Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com a ecogenicidade ao US do maior nódulo.........55

Figura 14 Curva de sobrevida dos 74 pacientes cirróticos com CHC pequeno...................................................................................56

Figura 15 Curva de sobrevida dos 74 pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com a presença de invasão vascular (A) e diâmetro do CHC > 20 mm (B)........................................60

Figura 16 Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com o tratamento para o tumor...............................62

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Critérios diagnósticos do CHC – Barcelona 2000....................33

Tabela 02 Características clínicas dos 74 pacientes cirróticos com CHC pequeno. .......................................................50

Tabela 03 Características laboratoriais dos 74 pacientes cirróticos com CHC pequeno. .................................................51

Tabela 04 Análise univariada dos fatores preditores de sobrevida dos 74 pacientes cirróticos com CHC pequeno. ......................58

Tabela 05 Análise da correlação entre o tamanho dos nódulos e a evolução para o CHC, em explantes de fígados cirróticos. .....71

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Resumo

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Kikuchi LOO. Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma hepatocelular pequeno [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2007. 110 p.

Introdução: O carcinoma hepatocelular (CHC) é o câncer primário de fígado mais comum. A cirrose hepática é o principal fator de risco para esse tumor. O rastreamento para o CHC em pacientes com cirrose tem sido recomendado há anos. Acredita-se que a detecção e o tratamento precoce do CHC melhorem a sobrevida dos pacientes. O objetivo deste estudo foi analisar a sobrevida dos pacientes cirróticos com CHC pequeno e identificar fatores preditivos de sobrevida no Brasil. Casuística e Métodos: Entre janeiro de 1998 e dezembro de 2003, 74 pacientes cirróticos com CHC foram avaliados. Eles preenchiam os seguintes critérios: CHC com até três nódulos e no máximo 30 mm de diâmetro cada. Os fatores preditores de sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58 anos (32-77); 71% dos pacientes eram do sexo masculino; 64% tinham hepatite C; 60% eram Child-Pugh A, o valor mediano da pontuação de MELD foi de 11; 79% tinham hipertensão portal. No momento do diagnóstico, 71% tinham uma única lesão; o tamanho do principal tumor era menor que 20 mm em 47%; o valor médio de AFP foi de 131 ng/ml. Três pacientes tinham trombose de veia porta, sugestiva de invasão vascular. Cinqüenta pacientes (67,5%) foram incluídos na lista de transplante hepático, que foi realizado só em quatro pacientes. A ressecção cirúrgica do tumor foi possível em quatro pacientes. Quarenta e oito (64,8%) pacientes receberam tratamento ablativo percutâneo (ablação por radiofreqüência ou injeção percutânea de etanol). Nove pacientes não receberam nenhum tratamento específico para o tumor. A taxa de sobrevida geral foi de 80%; 62%; 41% e 17% em 12, 24, 36 e sessenta meses, respectivamente. O tempo médio de seguimento após o diagnóstico do CHC foi de 23 meses (mediana de 22 meses, variando de um a 86 meses) para todo o grupo. Durante o seguimento, ocorreram 39 óbitos ocorreram relacionados com insuficiência hepática ou progressão do CHC. A análise univariada dos 74 pacientes mostrou que escore MELD maior que 11 (p = 0,016), classificação de Child-Pugh B e C (p = 0,007), AFP > 100 ng/ml (p = 0,006), mais de uma lesão (p = 0,041), diâmetro do tumor > 20 mm (p = 0,009) e presença de invasão vascular (p < 0,0001) foram preditores independentes de sobrevida. A análise de regressão de Cox identificou invasão vascular (RR = 14,60 - IC 95% = 3,3 - 64,56 – p < 0,001) e tamanho do tumor > 20mm (RR = 2,14 - IC 95% = 1,07 - 4,2 – p = 0,030) como preditores independentes de pior sobrevida. O tratamento do CHC esteve relacionado com melhor sobrevida. Conclusão: A identificação de CHC pequeno com até 20 mm de diâmetro está relacionada com melhores taxas de sobrevida. Por outro lado, a presença de invasão vascular, apesar do tamanho pequeno das lesões, é um fator associado a péssimo prognóstico. Descritores: 1. Carcinoma hepatocelular 2.Sobrevida 3.Diagnóstico precoce

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Summary

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Kikuchi LOO. Survival analysis of patients with small hepatocellular carcinoma [Dissertation]. São Paulo: "Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo", 2007. 110 p. Introduction: Hepatocellular carcinoma (HCC) is the most common primary liver cancer. Liver cirrhosis is the major risk factor for this tumor. Screening for HCC in patients with cirrhosis has been recommended, in the belief that detection and treatment of early HCC improves patient survival. The aims of this study were to analyze the overall survival of small HCC in cirrhotic patients and identify independent predictors of survival, in Brazil. Methods: Between January 1998 and December 2003, seventy-four cirrhotic patients with hepatocellular carcinoma were evaluated satisfying the following criteria: HCC of 30 mm or smaller and a maximum of three lesions. Predictors of survival were identified using the Kaplan-Meier and the Cox model. Results: Mean age was 58 years-old (32-77), 71% of patients was male, 64% had hepatitis C, 60% were Child-Pugh A, mean MELD score was 11 and 79% had portal hypertension. At the time of diagnosis, 71% had one tumor, the size of the main tumor was smaller than 20 mm in 47%, mean AFP level was 131 ng/ml. Three patients had portal vein thrombosis, suggesting vascular invasion. Fifty patients (67.5%) were included in the liver transplant list, but it was performed in only four patients. Tumor resection was possible in four patients. Forty-eight (64.8%) patients received percutaneous treatment (radiofrequency ablation or percutaneous ethanol injection). Nine patients did not receive any cancer treatment. The overall survival rates were 80%, 62%, 41% and 17% at 12, 24, 36 and 60 months, respectively. The mean length of follow-up after HCC diagnosis was 23 months (median 22 months, range 1–86 months) for the entire group. During follow-up a total of 39 deaths related to liver failure or HCC progression occurred. Univariate analysis of the 74 patients showed that MELD score greater than 11 (p = 0.016), Child-Pugh classification (p = 0.007), AFP > 100 ng/ml (p = 0.006), more than one lesion (p = 0.041), tumor diameter > 20 mm (p = 0.009) and presence of vascular invasion (p < 0.0001) were significant predictors of survival. Cox regression analysis identified vascular invasion (RR = 14.60 - IC 95% = 3.3 – 64.56 – p < 0.001) and tumor size > 20mm (RR = 2.14 - IC 95% = 1.07 – 4.2 – p = 0.030) as independent predictors of decreased survival. Treatment of HCC was related to increased overall survival. Conclusion: Identification of small tumors of up to 20 mm diameter is related to increase survival. Nevertheless, vascular invasion, in spite of the small diameter of the lesions, is a factor associated with dismal prognosis. Descriptors: 1.Carcinoma, Hepatocellular 2.Survivorship 3.Early diagnosis

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1 Introdução

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Introdução

2

1.1 EPIDEMIOLOGIA DO CARCINOMA HEPATOCELULAR

O carcinoma hepatocelular (CHC) representa, atualmente, a quinta

causa de morte por tumor sólido, sendo responsável por cerca de 500.000

mortes a cada ano (1). A incidência do CHC varia consideravelmente de

acordo com a região geográfica, provavelmente devido às diferenças nos

principais fatores etiológicos. Baixa entre caucasianos do norte da Europa,

Estados Unidos e Austrália, a incidência do CHC é muito maior entre a

população negra de Moçambique e África subsaariana e entre os asiáticos

do extremo leste (2).

A real incidência do CHC no mundo não é inteiramente conhecida.

Em geral, as estatísticas existentes baseiam-se em diagnósticos que não

são confirmados histologicamente (3). Segundo as taxas de ocorrência do

CHC ajustadas para idade, o Brasil é considerado uma área de baixa

incidência. Taxas elevadas de CHC são encontradas nos países africanos,

sendo que Moçambique apresenta a maior incidência (3).

A apresentação clínica do CHC e sua incidência variam conforme a

região geográfica e o fator de risco a que determinada população está

exposta (3,4). Na África e no sudeste da Ásia, a hepatite B crônica é a

principal causa de doença hepática. Nessas regiões, o CHC pode

desenvolver-se entre os pacientes jovens, mesmo na ausência de cirrose,

pois a infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) ocorre durante o parto ou logo

após o nascimento. Desse modo, o longo período de infecção é o principal

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Introdução

3

determinante do surgimento do CHC. De modo geral, os pacientes

apresentam-se com mal-estar, uma grande massa hepática e desconforto

abdominal. Por outro lado, nos países em que o CHC ocorre normalmente

como complicação da cirrose hepática, como no Japão e na Europa, os

pacientes procuram o médico por sinais e sintomas associados à

descompensação da cirrose hepática, como ascite, edema e sangramento

varicoso e o CHC é detectado através de exames de imagem (3).

Atualmente, cerca de 80% dos pacientes com CHC no Japão são

diagnosticados em tamanho pequeno, em programas de rastreamento da

doença hepática crônica. Esses pacientes não apresentam sintomas

específicos do CHC (3).

Figura 1 - Incidência do CHC nas diferentes partes do mundo Modificado de Bosch et al., 2004(2)

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Introdução

4

1.2 FATORES DE RISCO PARA O CHC

1.2.1 CIRROSE HEPÁTICA

A cirrose hepática, independente da etiologia, pode predispor ao CHC

e, portanto, ser considerada uma condição pré-maligna (5). De fato, a maioria

dos pacientes com CHC no mundo apresenta cirrose hepática subjacente.

Com exceção de algumas áreas, onde a infecção pelo VHB é endêmica e o

papel de outros agentes oncogênicos (como, por exemplo, a aflatoxina)

pode ser importante (6), é incomum encontrar CHC na ausência de cirrose.

De modo geral, estudos longitudinais indicam que a cirrose, tanto

relacionada com o vírus da hepatite C (VHC) quanto com o VHB, representa

o maior fator de risco para o CHC (7,8).

No Brasil, a maioria dos casos de CHC se desenvolve em fígados

cirróticos. Em um estudo feito pela Sociedade Brasileira de Hepatologia, em

1995, observou-se que a cirrose hepática estava presente em 71% dos

pacientes com CHC (9). A etiologia da cirrose hepática está associada à

infecção crônica pelo VHC numa proporção que varia de 26 a 70% dos

casos no nosso país (9,10). No Serviço de Gastroenterologia Clínica do

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo (HCFMUSP), as hepatites virais B e C são as principais causas de

cirrose hepática em pacientes com CHC (11).

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Introdução

5

A taxa de conversão anual dos pacientes cirróticos para o CHC está

em torno de 3 a 10%, tanto no Ocidente quanto no Oriente. A regeneração

celular hepática poderia ser o evento oncogenético que promoveria a

seleção e a expansão clonal dos hepatócitos comprometidos após injúria por

agentes genotóxicos. Qualquer que seja o significado biológico da

associação entre cirrose e CHC, ela provê uma ferramenta formidável para o

rastreamento de pacientes que estão sob risco para CHC (12).

Figura 2- Seqüência cronológica de lesões celulares culminando no desenvolvimento do CHC Modificado de Thorgeirsson & Grisham, 2002(13)

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Introdução

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1.2.2 VÍRUS DA HEPATITE B

Vários estudos epidemiológicos e biológicos sugerem um papel

importante da infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) na

hepatocarcinogênese (14). O mecanismo exato pelo qual ele pode causar

CHC não está elucidado. O VHB não é um oncovírus, pois não tem nenhum

oncogene no seu genoma. Entretanto, a integração do DNA viral ao genoma

do hospedeiro parece ser importante para a persistência viral. Além disso,

ao analisar o tecido tumoral de pacientes com VHB, observou-se que, num

grande número de casos, há seqüências do vírus que codificam a proteína

HBx. A proteína X parece ser importante para a replicação viral e a

viabilidade celular (15).

No mundo todo, há um paralelo considerável entre o estado de

portador do antígeno de superfície S do VHB (AgHBS) e a taxa de incidência

do CHC. Não existe área onde esse paralelo não é encontrado (3). A

prevalência do VHB encontra-se alta em áreas do mundo em que a

incidência do CHC também é alta (África, Pacífico Sul e Ásia) e o risco de

CHC é bem maior nos portadores do AgHBs que nos não portadores. De

acordo com estudo realizado em Taiwan, o risco estimado de CHC em

portadores do AgHBs é cerca de cem vezes maior que nos não portadores

(16). Entre os pacientes com AgHBs positivo, o risco parece ser maior na

presença de cirrose hepática e replicação viral (17,18).

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Introdução

7

Outro dado importante que correlaciona o VHB com o CHC aparece

em outro estudo, também realizado em Taiwan, o qual analisou a incidência

do CHC após a implantação da vacinação contra o VHB (19). Observou-se

uma diminuição significativa da prevalência do estado de portador do

AgHBs, associada a uma redução importante da incidência de CHC entre

crianças de seis a 14 anos, após o início da vacinação em massa.

O risco de desenvolver CHC após clareamento do AgHBs ainda não

está elucidado. A infecção oculta pelo VHB é caracterizada pela persistência

do VHB DNA no tecido hepático (+ soro) de indivíduos AgHBs negativo (20).

Há evidências que sugerem que a infecção oculta pelo VHB é um fator de

risco para CHC, tanto em casos de hepatopatia crônica relacionada com o

VHC como em formas criptogênicas. Em alguns pacientes, observou-se a

presença do DNA do VHB integrado ao DNA do hospedeiro, mesmo após a

soroconversão do AgHBs. Essa integração foi vista inclusive no genoma do

CHC (21). A infecção oculta pelo VHB é uma entidade presente no mundo

todo, embora sua distribuição possa refletir a prevalência do VHB nas

diversas regiões geográficas (22). No nosso meio, o estudo que avaliou a

incidência de infecção oculta pelo VHB entre pacientes com cirrose hepática

por VHC, com ou sem CHC, não observou diferença entre os grupos (23).

Apesar de poder existir uma relação entre a infecção oculta pelo VHB e o

CHC, o risco de desenvolver CHC entre os pacientes que soroconverteram o

AgHBs parece ser menor que entre os pacientes AgHBs positivo (24).

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Introdução

8

1.2.3 HEPATITE C

A partir de 1975, no Japão, observou-se que a proporção relativa dos

casos AgHBs entre todos os CHC começou a declinar lentamente, mas

significativamente, associada a um aumento das causas não relacionadas

com o VHB. O declínio manteve-se e a positividade dos casos AgHBs de

mais de 40% entre os CHC, antes de 1978, reduziu-se a 17% no ano de

1990. Tal alteração foi devida ao aumento da incidência do VHC. Quando o

VHC foi descoberto e um sistema de anticorpo foi desenvolvido em 1989,

muitos países encontraram positividade para os casos de CHC sem etiologia

definida (3,25).

Figura 3 - Mortalidade do CHC no Japão de acordo com a etiologia Modificado de Okuda, 1997(3)

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Introdução

9

No Japão e no Ocidente, a infecção pelo VHC é o principal fator de

risco para cirrose e CHC (7,26,27). A infecção pelo VHC está associada ao

CHC de uma maneira ainda não elucidada. A idéia de que o VHC, um vírus

com replicação restrita ao citoplasma, induz transformação oncogênica vem

desafiando os modelos biológicos convencionais de oncogênese viral. Como

o CHC associado ao VHC evolui após muitos anos de infecção crônica e,

geralmente, é precedido pelo desenvolvimento de cirrose, o papel do dano

hepático crônico seguido por regeneração, cirrose e desenvolvimento do

CHC tem sido a principal hipótese (13). Recentemente, entretanto, estudos in

vitro têm levantado a possibilidade de que o VHC também possa contribuir,

através de caminhos diretos, para promover a transformação maligna dos

hepatócitos (28).

1.2.4 ÁLCOOL

A ingesta de álcool é reconhecida como uma causa de doença

hepática crônica, incluindo o carcinoma hepatocelular. O álcool pode estar

envolvido no desenvolvimento do CHC, principalmente através de

mecanismos indiretos. O efeito do álcool parece ser dose-dependente e o

desenvolvimento da cirrose parece ser a base para os casos de CHC. O uso

de álcool superior a 80 g/dia por mais de dez anos aumenta em mais de

cinco vezes o risco de desenvolver CHC (29).

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Introdução

10

Apesar dos dados epidemiológicos em humanos mostrarem que o

abuso crônico de álcool e, em particular, a cirrose induzida pelo álcool são

fatores de risco para o CHC, os caminhos pelos quais causam o câncer não

são conhecidos (29). O álcool não é um carcinógeno hepático quando

administrado sozinho em animais (30).

Do ponto de vista clínico, pacientes com cirrose hepática de etiologia

alcoólica raramente desenvolvem CHC enquanto estão ingerindo álcool. Ao

examinarem o efeito da abstinência alcoólica e o subseqüente risco de

desenvolver CHC, observou-se que o risco de desenvolver CHC era maior

entre os pacientes nos primeiros dez anos de abstinência que entre aqueles

que continuavam consumindo álcool (29). Essa aparente contradição pode

ser explicada pelo fato de que os pacientes que pararam de beber já

apresentavam algum sintoma de doença hepática avançada. Por outro lado,

as pessoas que param de beber podem viver mais e estar sob o risco de

desenvolver CHC, enquanto os pacientes que não param de beber podem

morrer de complicações da cirrose hepática, como hipertensão portal. Outra

possível explicação é que o fígado regenera em pacientes que param de

beber e a regeneração pode aumentar a chance de CHC. Tais dados

sugerem que o risco de CHC em pacientes com cirrose não diminui durante

os primeiros anos de abstinência (29).

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Introdução

11

1.2.5 AFLATOXINA

As aflatoxinas são um dos mais potentes hepatocarcinógenos em

animais. Essa toxina foi vista como um contaminante alimentar em muitas

áreas africanas subsaarianas, como Moçambique, e áreas do sudeste

asiático, como a Indonésia. Nesses países, o clima e o modo como os

alimentos são estocados favorecem a produção de aflatoxina pelos fungos

presentes nos alimentos armazenados. A incidência mundial do CHC

apresenta-se em paralelo com a taxa de contaminação dos alimentos (31).

Em 1992, publicou-se um estudo realizado na China mostrando as

primeiras evidências da correlação entre a exposição à aflatoxina na dieta e

o desenvolvimento do CHC, principalmente nos pacientes com VHB. Ao se

utilizar um biomarcador urinário da aflatoxina, observou-se que a detecção

do metabólito da aflatoxina era mais comum nos pacientes que

desenvolveram CHC (32).

Uma mutação específica no códon 249 do gene supressor tumoral

p53 (TP53), no tecido dos pacientes com CHC com alto risco de

contaminação por aflatoxina, foi relatada. Essa mutação foi vista nos

pacientes da África e sudeste da China e em associação com o VHB,

sugerindo que a infecção pode ser um pré-requisito para a ação da

aflatoxina (33). Entretanto, estudos recentes mostram que essa mutação

ocorre mesmo na ausência da infecção pelo VHB (34).

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Introdução

12

1.2.6 OUTROS

Na década de 70 e início da década de 80, relatos de caso de CHC

em mulheres jovens e não cirróticas chamou a atenção para a possível

relação com o uso de anticoncepcionais orais (35). A exposição a hormônios

esteróides exógenos pode aumentar o risco de adenoma e CHC. Vários

estudos caso-controle conduzidos em áreas não endêmicas para VHC e

VHB revelaram uma correlação positiva entre o uso de anticoncepcional oral

e CHC (36,37).

A taxa de incidência idade específica do câncer geralmente aumenta

de acordo com a idade. Na maioria dos países, a idade pico dos casos de

CHC está em torno dos sessenta anos (3). Entre os pacientes com cirrose

hepática relacionada com o VHC e com o VHB, a idade (>50 anos) é fator

independente associado com a progressão para o CHC (5). Na infecção pelo

VHB, o tempo de aquisição da infecção também parece ser importante fator

de risco para desenvolver CHC (12).

O CHC é mais comum no sexo masculino; entretanto, a proporção

masculino/feminino varia conforme o país, assim como a idade. Essa

proporção parece ser mais alta nas áreas de maior prevalência, como África,

China e Hong Kong (3). O maior risco de CHC entre indivíduos do sexo

masculino pode ser explicado pela maior prevalência de outros fatores de

risco, como o abuso de álcool, ou pelo efeito tumorigênico dos

andrógenos (5).

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Introdução

13

A raça não tem um papel patogenético direto. Os estudos em

imigrantes demonstram claramente que o risco para CHC para um

determinado grupo étnico depende, em parte, da exposição aos fatores

ambientais, principalmente aos vírus das hepatites (12).

Vários componentes químicos do cigarro são carcinógenos hepáticos

em animais. Embora os resultados não sejam totalmente consistentes,

estudos caso-controle e prospectivos de coorte em várias populações

implicaram o tabagismo como um fator de risco causal para o CHC. Mas,

devido à correlação positiva entre o uso de tabaco e o álcool em quase

todas as populações estudadas, esses dados epidemiológicos baseados em

entrevistas são considerados inconclusivos para o estabelecimento de uma

relação entre o tabaco e o CHC (38).

Ao se analisarem casos de CHC em pacientes com cirrose hepática

criptogênica, observou-se que a maioria dos pacientes apresentava fatores

de risco para estetato-hepatite não-alcoólica. Embora o mecanismo exato

pelo qual a obesidade e o diabetes melito levem ao CHC seja desconhecido,

a inflamação hepática que leva ao estresse oxidativo e à peroxidação

lipídica pode ser um possível mecanismo relacionado com a fibrose e a

eventual cirrose (39,40).

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Introdução

14

1.3 AUMENTO DA INCIDÊNCIA DO CHC

Nos últimos anos, tem-se observado um aumento da incidência do

CHC mesmo nos países onde ela era baixa. Recentemente, um estudo

demonstrou que, nas últimas duas décadas, a incidência do CHC aumentou

nos Estados Unidos da América (EUA) e a média de idade dos pacientes ao

diagnóstico do CHC era menor (41). A infecção crônica pelo VHC e VHB,

sobretudo a cirrose pelo VHC, são os principais responsáveis por esse

aumento (42).

Os estudos que mostram um aumento da incidência do CHC nos

últimos anos podem estar sujeitos a várias críticas devido às mudanças na

capacidade diagnóstica, classificações e artefatos de registros. Entretanto,

ao analisar casos submetidos à autópsia no Japão, em dois períodos

distintos, a porcentagem de pacientes com CHC aumentou de 1,68% (entre

1961 e 1962) para 7,89% (1992 e 1993). Essa análise retrata com maior

clareza o aumento da incidência do CHC nos últimos anos. Agora, tal

aumento é atribuído principalmente aos casos de CHC associados à

hepatite C crônica (3).

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Introdução

15

1.4 MORTALIDADE DO CHC

De modo geral, a sobrevida dos pacientes diagnosticados com CHC

ainda continua muito ruim e poucos deles se beneficiam de um tratamento

potencialmente curativo no momento do diagnóstico (43). A aplicabilidade dos

tratamentos curativos depende principalmente da disponibilidade de

determinada terapia e da experiência de cada serviço com o procedimento

(44).

O carcinoma hepatocelular é uma causa comum de óbito entre os

pacientes com cirrose hepática compensada. Dados de um estudo

longitudinal, que envolveu 112 pacientes cirróticos com CHC detectado

durante rastreamento, mostraram que a progressão do tumor foi causa de

óbito em 63% das pessoas com CHC que morreram durante os quatro

primeiros anos do rastreamento (1987-1991), em 69% dos que morreram

durante o segundo período de quatro anos (1992-1996) e em 83% dos que

morreram durante o terceiro período (1997-2001) (45).

Dados epidemiológicos recentes indicam que a taxa de mortalidade

por CHC está aumentando. Por outro lado, a mortalidade relacionada com

outras complicações da cirrose está diminuindo (43;46). Uma possível

explicação para esses achados foi a melhora no manejo terapêutico das

complicações da cirrose não relacionadas com o CHC, tais como a

prevenção e tratamento do sangramento varicoso e o manejo de ascite.

Esse fato levou a uma sobrevida maior dos pacientes com cirrose, os quais,

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Introdução

16

por sua vez, estão sob maior risco de desenvolver CHC no decorrer do

tempo.

1.5 DIAGNÓSTICO DO CHC PEQUENO

1.5.1 PAPEL DO RASTREAMENTO DO CHC

Ainda na década de 80, a maioria dos pacientes com CHC era

diagnosticada numa fase avançada, apresentando sintomas constitucionais

(perda de peso, mal-estar e anorexia) ou relacionados com a

descompensação da cirrose hepática (icterícia, encefalopatia, ascite e

hemorragia varicosa). Hoje em dia, o diagnóstico do CHC é feito por exames

complementares e em estágios mais precoces e, na maioria das vezes,

assintomáticos (26).

O CHC apresenta características que permitem seu rastreamento: é

uma doença freqüente, com morbidade e mortalidade relevantes e tem uma

população de risco bem definida - pacientes com doenca hepática

crônica (47). Além disso, existe um exame que é eficaz, não-invasivo e de

baixo custo: a ultra-sonografia (US) de abdome. Espera-se, dessa forma,

que a sobrevida dos pacientes submetidos ao rastreamento aumente pelo

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Introdução

17

fato de haver tratamento curativo disponível (ressecção hepática, transplante

hepático e tratamento percutâneo).

Antes da introdução da US no acompanhamento dos pacientes

cirróticos, a alfa-fetoproteína (AFP) sérica era considerada o único marcador

útil para o rastreamento do CHC. Entretanto, por causa da baixa

sensibilidade da AFP, muitos casos eram diagnosticados somente quando

sintomáticos. A US foi um importante passo para o diagnóstico precoce do

CHC e, hoje, é adotada como ferramenta de rastreamento no mundo todo.

Apesar do papel principal da US, a AFP ainda é utilizada na prática clínica.

Seu uso é complementar ao da US, com importantes limitações que serão

relatadas a seguir (48).

1.5.2 MARCADORES SOROLÓGICOS

Em relação aos marcadores sorológicos para o CHC, acreditou-se, no

passado, que a alfa-fetoproteína (AFP) sérica poderia ser um bom exame de

rastreamento, baseando-se nos casos que se apresentavam com alta

expressão dessa proteína. O uso da AFP para detecção do CHC precoce

comporta diversas limitações. Alguns autores mostraram que a AFP nem

sempre é específica para o CHC e os títulos podem aumentar de acordo

com a atividade viral necro-inflamatória (49). Na infecção crônica pelo VHB,

mudanças no status de replicação viral também podem elevar seus títulos.

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Introdução

18

Desse modo, a AFP parece ser um bom exame para rastreamento nos

casos de cirrose não-viral, mas não é muito bom para os casos virais.

Os estudos mostram que, dependendo do nível de corte de AFP,

podemos maximizar a sensibilidade para tentar manter uma especificidade

relativamente elevada. O nível de AFP de 400 ng/ml apresenta alta

especificidade (quase 100%) associada à baixa sensibilidade. Num estudo

feito na Itália, o nível de AFP de 16 mg/ml foi o que apresentou o melhor

poder discriminatório (50). Eles sugerem adotar o índice de 20 ng/ml como

valor de corte, o que não é muito diferente de 16 ng/ml em termos de

sensibilidade e especificidade. Nesse valor, a sensibilidade e a

especificidade encontradas foram de 60% e 30%, respectivamente. No

entanto, com a disseminação do programa de rastreamento com US de

abdome a partir da década de 80, a minoria dos casos de CHC pequeno

expressa AFP aumentada ao diagnóstico (51).

Em relação aos outros marcadores sorológicos, vários estudos têm

sido realizados com o objetivo de detectar outros exames que possam

apresentar melhor sensibilidade e especificidade que a AFP. Em pacientes

com elevações limítrofes de AFP sérica, a heterogeneidade do componente

de açúcar da AFP pode ser avaliada por meio da eletroforese usando a

afinidade por lecitina. Através dessa dosagem, pode-se detectar uma

porcentagem elevada de AFP atípica em pacientes com CHC ou naqueles

que desenvolverão CHC dentro de 12 a 18 meses (3). O seu papel no

rastreamento do CHC deve ser melhor avaliado devido ao seu alto custo.

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Introdução

19

Com base no fato de que os hepatócitos malignos apresentam um defeito no

sistema carboxilase da vitamina K, o nível sérico de DCP (des-gamma-

carboxy-prothrombin) pode ser utilizado como marcador de CHC. Estudos

sobre DCP mostraram, entretanto, que somente uma pequena proporção

dos pacientes com tumores menores que 30 mm eram DCP positivos,

sugerindo que esse marcador não era sensível o suficiente para o

diagnóstico precoce do CHC (3).

1.5.3 MÉTODOS DE IMAGEM

A US encaixa-se bem no perfil de um exame de rastreamento.

Apresenta boa sensibilidade, é segura e acessível. Por outro lado, pode ser

facilmente reprodutível. O custo do exame é relativamente baixo; portanto,

ele pode ser repetido a um custo anual razoável (48).

De maneira geral, um nódulo hepático visto mediante US de um

paciente cirrótico deve ser considerado como uma lesão pré-neoplásica ou

CHC. Em mãos experientes, 80% dos CHC com menos de 20 mm podem

ser detectados utilizando-se apenas a US, mas alguns podem escapar à

detecção. Em certas áreas do fígado, como no segmento superior e

posterior do lobo direito, os nódulos são difíceis de serem detectados

através da US; às vezes, o CHC está presente como lesão isoecóide ou é

muito pequeno para ser detectado. Deve-se suspeitar de CHC quando um

nódulo for maior que 20 mm e for hipo ou isoecóide, embora até 30% dos

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Introdução

20

CHC pequenos apresentem padrões hiperecóides similares aos dos

hemangiomas (12).

Em relação aos outros exames de imagem, como a tomografia

computadorizada (TC), a ressonância nuclear magnética (RNM) e a

arteriografia, é importante ter presente que apresentam algumas limitações

como ferramenta de rastreamento. A arteriografia é um exame invasivo. A

RNM apresenta custo elevado. A tomografia apresenta boa sensibilidade

para detecção do CHC precoce, mas especificidade baixa. Um estudo

mostrou que muitas lesões pequenas hipervascularizadas detectadas

através da TC não confirmaram o diagnóstico de CHC (52). Além disso, existe

a questão relativa à exposição à irradiação e ao uso de contraste.

1.5.4 INTERVALO DO RASTREAMENTO

Quanto ao rastreamento, o intervalo de seis meses adotado pela

maioria das instituições é baseado no tempo de duplicação do tumor que se

situa em torno de 180 dias (variando de um a vinte meses). Esses dados

foram obtidos através de estudos sobre a história natural do carcinoma

hepatocelular pequeno (52,53).

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Introdução

21

1.6 CHC PEQUENO

A prática do rastreamento em cirróticos com ultra-sonografia e

dosagem de alfa-fetoproteína sérica periódica e os avanços dos métodos de

imagem tornaram possível o diagnóstico precoce do carcinoma

hepatocelular (44). Uma vez estabelecida a cirrose hepática, a detecção do

CHC em um estágio em que o paciente possa ser beneficiado de terapia

efetiva é a única estratégia para tentar diminuir a mortalidade relacionada

com o tumor. Os resultados dos estudos longitudinais mostram que a taxa

de detecção precoce do CHC e a aplicabilidade de tratamentos curativos

aumentaram nos pacientes submetidos ao rastreamento (55,56).

A popularização da US na prática clínica diária, associada às

questões éticas, impede que, hoje, seja realizado um estudo prospectivo

randomizado controlado avaliando os benefícios do rastreamento do CHC

quanto à sobrevida dos pacientes cirróticos. Dois estudos não randomizados

realizados no Oriente e um estudo desenvolvido na Itália apresentaram

resultados conflitantes em termos de sobrevida quando pacientes com CHC

detectado em programa de rastreamento foram comparados com pacientes

que apresentaram diagnóstico incidental do tumor. Esses estudos não

avaliaram o impacto de novas descobertas sobre o resultado do

rastreamento (55,57,58).

Recentemente, um grupo italiano estudou a sobrevida dos pacientes

cirróticos submetidos ao rastreamento em três qüinqüênios consecutivos.

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Introdução

22

Demonstrou que houve um aumento da sobrevida dos pacientes que

desenvolveram CHC no último período. Essa melhora da sobrevida teve

várias explicações: detecção dos tumores em tamanhos menores, avanços

nos métodos de imagem e maior número de pacientes submetidos a

tratamento curativo (45).

1.7 TRATAMENTO DO CHC

A aplicabilidade dos tratamentos curativos quando o CHC é

detectado precocemente varia de acordo com a experiência de cada

centro. Nos países do Ocidente, cerca de 30 a 40% beneficiam-se de

terapias curativas no momento do diagnóstico do CHC, enquanto que, no

Japão, a taxa aumenta para 60 a 90% dos pacientes ( )47 . Mesmo em

países que dispõem dos mais avançados métodos de diagnóstico, a

sobrevida dos pacientes com CHC continua baixa. A taxa de sobrevida

relativa em um e três anos em mais de 3.600 casos diagnosticados entre

1998-2000, nos EUA, foi de 36% e 17%, respectivamente. Isso representa

uma pequena melhora em relação ao período entre 1977 e 1996. Essa

melhora deve-se ao pequeno número de pacientes que receberam terapia

efetiva. Somente 12% receberam terapia potencialmente curativa

(ressecção ou transplante) e, para eles, a taxa de sobrevida relativa foi de

70% e 55%, em um e três anos, respectivamente (39).

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Introdução

23

1.7.1 RESSECÇÃO CIRÚRGICA

A ressecção cirúrgica do CHC ainda é muito restrita, pois muitos

pacientes com CHC têm função hepática comprometida secundária à

cirrose hepática ou têm múltiplas lesões, apesar de o diagnóstico ter sido

feito em estágio precoce. Além disso, o CHC freqüentemente apresenta

um padrão de recorrência multicêntrica. Mesmo após a ressecção

completa do tumor, há uma taxa de recorrência no tecido hepático residual

dentro de um curto período de tempo. Portanto, o CHC caracteriza-se por

uma resposta ruim a ressecções radicais na maioria dos casos, e os

resultados são dependentes da progressão de lesões recorrentes. Os

melhores preditores de sobrevida após a ressecção cirúrgica parecem ser:

ausência de hipertensão portal relevante (definida como presença de

varizes, esplenomegalia com plaquetas < 100.000/mm3) e nível de

bilirrubina < 1 mg/dL (59).

1.7.2 TRANSPLANTE HEPÁTICO

O transplante hepático foi inicialmente considerado no tratamento

dos casos de CHC irressecável. Por causa das altas taxas de recorrência, o

transplante não conseguiu atingir objetivo curativo nesses casos.

Entretanto, constitui uma opção terapêutica para pacientes com doença

hepática avançada e CHC ressecável. O estádio do tumor (tamanho e

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Introdução

24

número de lesões) parece ser um fator importante de recorrência. Vários

estudos demonstraram que os resultados do transplante hepático para CHC

são comparáveis aos obtidos com doença não maligna, quando há uma

lesão menor que 5 cm ou até três lesões, cada uma menor que 3 cm. De

fato, para pacientes com cirrose e hipertensão portal, o transplante hepático

é o tratamento de escolha na maioria dos países ocidentais (59).

O número de candidatos ao transplante hepático em relação à oferta

de órgãos é o principal fator limitante para a realização desse

procedimento. O longo tempo em lista de espera em alguns países, como é

o caso do Brasil, coloca os pacientes sob o risco de progressão do tumor, a

um ponto que poderia contra-indicar o transplante (60). Por esse motivo,

muitos centros de transplante utilizam terapias ablativas ou

quimioembolização numa tentativa de prevenir o crescimento e a

disseminação do tumor antes do transplante.

1.7.3 TERAPIAS ABLATIVAS LOCAIS

As terapias ablativas locais incluem a injeção percutânea de álcool,

ablação por radiofreqüência e outras formas menos documentadas de

terapia local (como a coagulação por microondas, a coagulação intersticial

por laser e a crioterapia).

A injeção percutânea de etanol (PEI) consiste na injeção de álcool

absoluto através de uma agulha fina dentro do tumor, guiada por ultra-

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Introdução

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sonografia ou tomografia computadorizada (TC). A extensão da necrose

induzida pela infiltração do tumor depende do tamanho da lesão. De modo

geral, nódulos menores que 3 cm são destruídos. Durante o seguimento

desses pacientes tratados com PEI, é necessária a realização regular de

TC. A ausência de realce após a injeção de contraste é considerada uma

evidência de necrose completa do tumor. Recorrências locais ou novas

lesões podem ser tratadas repetidamente. Alguns estudos sugerem que a

sua eficácia é comparável à da cirurgia para pequenos tumores, com a

vantagem de poder ser realizada em pacientes com doença hepática

relativamente avançada (61).

A ablação por radiofreqüência (RFA) foi proposta como alternativa à

PEI. Trata-se de uma técnica que gera energia térmica dentro do tumor

através de uma agulha com eletrodo, introduzida percutaneamente e guiada

por ultra-sonografia. A energia é gerada com uma corrente elétrica

alternante de alta freqüência, o que produz temperatura local que

ultrapassa 1000C e resulta em necrose coagulativa do tumor. O objetivo do

tratamento é retirar o tumor e uma margem de tecido ao seu redor,

mimetizando uma margem cirúrgica. As vantagens da RFA sobre as outras

terapias ablativas locais são o menor número de sessões e a obtenção de

uma área de necrose mais uniforme. As limitações da RFA são a falta de

eficácia em lesões próximas a grandes vasos (pela dissipação do calor), a

vias biliares (pelo risco de estenose) e às vísceras (pelo risco de

perfuração) e dificuldades técnicas em lesões localizadas na cúpula do

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Introdução

26

fígado. Até o momento, não há dados que mostrem superioridade da RFA

em termos de sobrevida (59).

1.7.4 QUIMIOEMBOLIZAÇÃO

O CHC é um tumor hipervascularizado e seu suprimento sangüíneo é

feito principalmente pela artéria hepática. A infusão de drogas citotóxicas

nessa artéria permite, teoricamente, captação de maiores concentrações da

droga dentro do tumor. A interrupção do suprimento sangüíneo do tumor

pela embolização da artéria hepática poderia, teoricamente, induzir isquemia

do tumor. Como o suprimento sangüíneo do fígado é feito, em sua maior

parte, pela veia porta, a embolização da artéria hepática causa dano mínimo

ao parênquima hepático não tumoral. A combinação dessas duas

modalidades mencionadas é conhecida como quimioembolização

transarterial (TACE). Dados recentes mostram benefício em termos de

sobrevida em um grupo selecionado de pacientes: pacientes não candidatos

à terapia ablativa, cirrose hepática Child Pugh A e B, sem invasão vascular e

sem sintomas sistêmicos, ou seja, somente 15% dos pacientes com CHC

(59).

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Introdução

27

1.8 SITUAÇÃO DO MANEJO DO CHC NO NOSSO SERVIÇO

No final da década de 80, o Setor de Hepatologia do Serviço de

Gastroenterologia Clínica, do Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), incentivou a formação

de seus médicos para que o programa de rastreamento de pacientes

cirróticos pudesse ser implantado. Foi o grande impulso para o crescimento

do grupo o aprendizado em outros centros médicos que, em sua rotina, já

realizavam a ultra-sonografia de abdome como ferramenta para detecção do

CHC pequeno e tratamento através de terapias ablativas percutâneas.

Em 1985, realizou-se, no Brasil, o primeiro transplante hepático (60). A

partir da década de 90, cresceu no país o número de centros capacitados

para a realização do transplante hepático. Em 1996, com a criação dos

critérios de Milão pelo grupo de Mazzaferro (62), o transplante hepático

tornou-se uma boa perspectiva de tratamento curativo para os pacientes

cirróticos com CHC e que preenchessem os referidos critérios.

Todas essas conquistas permitiram ao nosso serviço que a taxa de

CHC com menos de 30 mm ao diagnóstico aumentasse de 32% para 63%,

antes e depois de 1998, respectivamente (11). Esses recentes e animadores

resultados do nosso programa de rastreamento é que motivaram a

realização deste estudo.

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2 Objetivos

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Objetivos

29

O objetivo principal deste estudo foi analisar a sobrevida dos

pacientes com cirrose hepática, após o diagnóstico de carcinoma

hepatocelular pequeno, no Setor de Hepatologia do Serviço de

Gastroenterologia Clínica, do Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP).

O objetivo secundário deste trabalho foi identificar possíveis

variáveis pré-tratamento que pudessem influenciar na curva de sobrevida

desses pacientes, tais como:

- variáveis relacionadas com o paciente: sexo, idade no momento

do diagnóstico do CHC, etiologia da hepatopatia, função hepática,

presença de hipertensão portal e níveis de AST, ALT, GGT e

fosfatase alcalina;

- variáveis relacionadas com o tumor: número de lesões, tamanho,

aspecto ecográfico, nível de alfa-fetoproteína, presença de

invasão vascular e disseminação extra-hepática.

O objetivo terciário foi avaliar a porcentagem dos pacientes

cirróticos com CHC pequeno que se submeteram aos tratamentos

disponíveis no nosso serviço, específicos para o tumor.

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3 Casuística e Métodos

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Casuística e Métodos

31

3.1 ÉTICA

Este estudo foi aprovado como projeto de pesquisa pelo Comitê de

Ética para Análise de Projetos de Pesquisa (CAPPesq), do Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

(HCFMUSP), em julho de 2004.

3.2 DESENHO DO ESTUDO

Este é um trabalho retrospectivo que avaliou, através dos prontuários

médicos, a sobrevida dos pacientes cirróticos com suspeita de carcinoma

hepatocelular pequeno.

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Casuística e Métodos

32

3.3 CASUÍSTICA

Os pacientes estudados eram provenientes do Setor de Hepatologia

do Serviço de Gastroenterologia Clínica, do Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP),

acompanhados no período de janeiro de 1998 a dezembro de 2003, com

diagnóstico de cirrose hepática e suspeita de carcinoma hepatocelular

pequeno. Nesse período, 101 pacientes foram avaliados. A maioria deles

(n=62) fazia parte do programa de rastreamento semestral de cirróticos do

nosso serviço; o restante (n=39) veio encaminhado de outros serviços,

sendo que a suspeita de lesão hepática focal ou o diagnóstico de CHC

ocorreu na avaliação inicial da cirrose hepática (figura 4).

O diagnóstico de cirrose hepática foi confirmado através de análise

histológica ou de parâmetros clínico-laboratoriais; como a presença de

ascite, presença de encefalopatia hepática, presença de hipertensão portal

(como esplenomegalia, varizes esofágicas, plaquetopenia), sinais ultra-

sonográficos sugestivos de cirrose hepática, e alterações laboratoriais, como

a elevação de bilirrubinas e níveis diminuídos de tempo de protrombina (TP)

e albumina sérica.

O carcinoma hepatocelular pequeno foi definido pela presença

simultânea de até três nódulos hepáticos, menores ou iguais a 30 mm de

diâmetro.

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Casuística e Métodos

33

O diagnóstico de carcinoma hepatocelular foi baseado nos critérios

diagnósticos de Barcelona 2000 (tabela 1). Além dos critérios de Barcelona,

foi considerado diagnóstico de CHC cada paciente que apresentou lesão

focal em fígado cirrótico com hipervascularização arterial, detectada por

apenas um exame de imagem (por exemplo, US com doppler, TC

helicoidal, RNM ou arteriografia), associada ao aumento progressivo das

dimensões da lesão em dois exames seriados de ultra-sonografia. Isso se

deve à dificuldade em complementar a avaliação das lesões focais

hepáticas com outros métodos de imagem, além da TC helicoidal e da US

com Doppler, em nossa rotina institucional.

Tabela 1 - Critérios diagnósticos do CHC – Barcelona 2000 [Extraído de Bruix et al., 2001(63)]

1. Critério cito-histológico

2. Critérios não invasivos (restrito a cirróticos)

a. Radiológico:

- Dois exames de imagem* mostrando lesão focal > 20 mm com hipervascularização arterial

b. Combinado:

- Um exame de imagem* mostrando lesão focal > 20 mm com hipervascularização arterial, associado a AFP > 400 ng/ml

* Ultra-sonografia com doppler, TC helicoidal, RNM e angiografia.

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Casuística e Métodos

34

3.3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram incluídos os indivíduos que preencheram os critérios abaixo

indicados.

3.3.1.1 Pacientes com cirrose hepática.

3.3.1.2 Pacientes com carcinoma hepatocelular pequeno.

3.3.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídos os casos abaixo indicados.

3.3.2.1 Pacientes com antecedente de carcinoma hepatocelular.

3.3.2.2 Presença de mais de três lesões suspeitas para CHC.

3.3.2.3 Presença de lesão (ou lesões) maior (ou maiores) que 30 mm

de diâmetro.

3.3.2.4 Presença de outra doença grave, como insuficiência renal

crônica dialítica, insuficiência cardíaca severa, doença pulmonar crônica

grave.

3.3.2.5 Pacientes com outras neoplasias malignas concomitantes.

3.3.2.6 Pacientes com sorologia positiva para HIV.

3.3.2.7 Pacientes cujo diagnóstico de CHC não foi confirmado.

Dos 101 pacientes inicialmente avaliados, 74 eram elegíveis para o

estudo (ver figura 4).

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Casuística e Métodos

35

41 pacientes

74 pacientes

HIV positivo (n=1)

Outras neoplasias (n=3)

CHC avançado (n=6)

CHC prévio (n=6)

Não confirmou CHC (n=11)

Até três nódulos medindo ≤ 30 mm, cada 101 pacientes

Encaminhado ou Primeiro exame de US

HCFMUSP Programa de Rastreamento

60 pacientes

Figura 4 - Organograma dos pacientes incluídos no estudo, período de

janeiro de 1998 a dezembro de 2003

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Casuística e Métodos

36

3.4 ANÁLISE DA SOBREVIDA

O endpoint do estudo foi a análise da sobrevida do paciente cirrótico

após o diagnóstico do CHC pequeno. Para o cálculo da sobrevida,

considerou-se como tempo zero o momento do diagnóstico do CHC; e como

evento, o óbito de causa hepática (progressão do CHC e/ou

descompensação da cirrose hepática). Ao final do estudo, foram censurados

os pacientes que continuavam vivos, os pacientes que abandonaram o

seguimento e os óbitos de causa não-hepática. O seguimento dos pacientes

encerrou em 31 de dezembro de 2005.

A confirmação do óbito foi obtida através dos registros em prontuário

dos pacientes ou através de contato telefônico com familiares. Os pacientes

que continuavam vivos até o final do seguimento mantinham seguimento

ambulatorial no nosso serviço. Foram considerados como tendo

abandonado o seguimento, os pacientes com os quais não conseguimos

contato após o diagnóstico ou o tratamento do CHC.

A partir do número total inicial, foram coletadas informações clínicas,

laboratoriais e de imagem. Esses dados foram obtidos retrospectivamente,

através de levantamento de prontuários médicos do Serviço de Arquivo

Médico do HCFMUSP, resultados dos exames realizados na rotina do

Laboratório Central, laudos do Serviço de Anatomia Patológica, disponíveis

no sistema informatizado do HCFMUSP, laudos de ultra-sonografia e

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Casuística e Métodos

37

arquivo de imagens do Setor de Ultra-sonografia do Serviço de

Gastroenterologia Clínica, do HCFMUSP.

3.4.1 OBTENÇÃO DE DADOS CLÍNICOS

Os dados clínicos foram obtidos retrospectivamente, por meio de

revisão de prontuários realizada por um único pesquisador. Conseguiram-se

os seguintes dados: sexo, data de nascimento, antecedente sobre ingestão

alcoólica (quantidade e duração), situação em que o CHC foi detectado

(programa de rastreamento, primeira avaliação ou encaminhado), exame

que levou à suspeita do CHC (AFP, US ou TC), data de diagnóstico do CHC,

dados clínicos da época do diagnóstico: presença de ascite, encefalopatia e

tratamento realizado do CHC.

3.4.2 OBTENÇÃO DE DADOS LABORATORIAIS

Obtiveram-se as seguintes variáveis laboratoriais: sorologia para

hepatite C, sorologia para hepatite B, nível sérico de aspartato

aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), gama glutamil

transferase (GGT), fosfatase alcalina (FA), bilirrubinas total e frações,

albumina sérica, creatinina, contagem de plaquetas, tempo de protrombina

(TP) e RNI (relação normatizada internacional). De acordo com o nível de

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Casuística e Métodos

38

alfa-fetoproteína (AFP) sérica, os pacientes foram distribuídos em quatro

grupos: < 20 ng/ml; entre 21 e 100 ng/ml; entre 101 e 400 ng/ml e maior que

400 ng/ml. Para os outros exames laboratoriais (AST, ALT, FA e GGT), os

pacientes foram subdivididos em dois grupos, conforme a mediana da

variável. Os dados foram aqueles do período do diagnóstico do carcinoma

hepatocelular.

De acordo com os dados obtidos no prontuário médico dos pacientes

e dos exames laboratoriais, os pacientes foram classificados da seguinte

forma, segundo a etiologia da cirrose hepática: (1) hepatite C, confirmada na

presença de anti-VHC positivo e PCR-VHC positivo; (2) hepatite B,

confirmada na presença de AgHBs positivo; (3) álcool: história de ingesta

diária de mais de 60g de etanol para mulheres e mais de 80g para os

homens, por mais de dez anos; (4) misto: combinação de dois ou mais dos

fatores acima e (5) outras causas: os pacientes com nenhum dos fatores

acima. A função hepática foi avaliada de acordo com o escore de Child-Pugh

(64,65) e MELD (66) conseguidos no momento do diagnóstico do CHC. A

pontuação de MELD obtida foi baseada nos valores de creatinina sérica, RNI

e bilirrubina total, e não através da pontuação corrigida para pacientes com

CHC. Para a pontuação do MELD, os pacientes foram divididos em dois

grupos conforme a mediana. A ocorrência de hipertensão portal foi

considerada na presença de varizes de esôfago à endoscopia digestiva alta

ou associação de esplenomegalia com nível de plaquetas < 100.000/mm3.

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Casuística e Métodos

39

3.4.3 OBTENÇÃO DE DADOS DE IMAGEM

Os exames radiológicos, realizados no períodos da detecção do CHC,

foram obtidos do arquivo de imagens do Setor de Ultra-sonografia do

Serviço de Gastroenterologia Clínica do HCFMUSP. A avaliação ultra-

sonográfica dos pacientes com cirrose hepática e carcinoma hepatocelular é

feita por uma única médica no nosso serviço. Esses exames (US, TC, RNM

e arteriografia) foram revistos em cada caso, juntamente com a médica

responsável pelos exames, e as seguintes variáveis foram conseguidas:

maior diâmetro do nódulo (em milímetros), número de nódulos, presença de

trombose venosa sugestiva de invasão vascular, margens das lesões à US

(precisas ou imprecisas), ecogenicidade das lesões à US (hipoecóide,

isoecóide, hiperecóide ou misto). Para a análise univariada, foram

consideradas as características da maior lesão (ecogenicidade, diâmetro e

margens). O tamanho do tumor foi definido como o maior diâmetro do

nódulo medido à US. A presença de invasão vascular foi determinada como

presença de trombose de veia porta próxima à localização do tumor. A

pesquisa de disseminação extra-hepática do tumor foi realizada através de

tomografia de tórax e cintilografia óssea.

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Casuística e Métodos

40

3.4.4 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA

As biópsias hepáticas realizadas para diagnóstico do CHC foram

obtidas do arquivo de dados de anatomia patológica, disponíveis no Serviço

de Anatomia Patológica do HCFMUSP.

3.4.5 DIAGNÓSTICO DO CHC

Pacientes com lesões suspeitas para CHC à US ou por elevação de

AFP eram submetidos à tomografia computadorizada de abdome. Na

presença de lesão hepática focal hipervascularizada e AFP ≥ 400ng/ml,

estabelecia-se o diagnóstico de CHC. Em lesões menores que 20 mm de

diâmetro, o paciente era submetido à biópsia guiada por US, usando-se uma

agulha de 14-gauge (Tru-Cut, TSK laboratories, Tokyo, Japão), caso não

houvesse contra-indicação ao procedimento, como contagem de plaquetas <

50.000/mm3 ou tempo de protrombina < 50%. Nos pacientes em que o

diagnóstico por histologia não foi possível, o diagnóstico de CHC foi feito

através de métodos não-invasivos: presença de dois exames de imagem

(TC, RNM, US com doppler, arteriografia) mostrando hipervascularização ou

presença de um exame de imagem com hipervascularização, associado ao

aumento progressivo da lesão em exames de US consecutivas.

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Casuística e Métodos

41

3.4.6 TRATAMENTO DO CHC

Para os pacientes com função hepática preservada (Child-Pugh A),

ausência de hipertensão portal, bilirrubina em níveis normais e com

condições clínicas, era indicada a ressecção hepática. Os pacientes com

menos de setenta anos, ausência de invasão vascular, sem condições de

serem submetidos à ressecção hepática, eram encaminhados para a lista de

transplante hepático. Os pacientes com contra-indicação à ressecção

cirúrgica ou transplante hepático, ou em lista de espera de transplante

hepático, eram encaminhados a tratamento percutâneo (como injeção

percutânea de etanol ou ablação por radiofreqüência). A quimioembolização

seletiva da artéria hepática era indicada nos casos em que os tratamentos

acima eram contra-indicados ou não eram possíveis (por exemplo:

dificuldade em visualizar a lesão pela US). Na ausência de condições

clínicas para o tratamento do CHC, o paciente recebia terapia de suporte.

3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A curva de sobrevida dos 74 pacientes foi feita através do método de

Kaplan-Meier. Para cada variável pré-tratamento, realizou-se a análise

univariada. O nível de significância estabelecido para a análise foi de 0,05.

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Casuística e Métodos

42

A análise multivariada foi realizada através do modelo de regressão

logística de Cox, com as variáveis que se revelaram estatisticamente

significativas na análise univariada. O programa utilizado para a análise de

sobrevida foi o SPSS 12.0 (SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos da

América).

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4 Resultados

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Resultados

44

4.1 CASUÍSTICA

Dos 101 pacientes cirróticos com suspeita de carcinoma

hepatocelular pequeno inicialmente avaliados no Setor de Hepatologia do

Serviço de Gastroenterologia Clínica, do HCFMUSP, 74 pacientes foram

elegíveis após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Excluíram-se

27 pacientes do estudo pelos seguintes motivos: o diagnóstico de CHC não

foi confirmado em 11 pacientes; seis já haviam apresentado CHC

previamente; seis outros apresentavam CHC com mais de três lesões ou

com diâmetro maior que 30 mm; três pacientes tinham outras neoplasias

malignas no momento da detecção da lesão hepática; um paciente, logo

após a detecção da lesão hepática focal, descobriu ser portador do vírus da

imunodeficiência humana (HIV) (figura 4).

O diagnóstico de cirrose hepática foi realizado através de histologia

em 35 (47%) pacientes e através de parâmetros clínico-laboratoriais em 39

(52%) pacientes. O diagnóstico de CHC foi feito através de histologia em 22

pacientes; de exame de imagem que mostrava hipervascularização do tumor

associado à AFP sérica ≥ 400 ng/ml em nove pacientes; presença de dois

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Resultados

45

exames de imagem que mostravam hipervascularização arterial do tumor

em 18 pacientes; presença de hipervascularização arterial em um exame de

imagem associado ao aumento do tumor em US consecutivas em 25

pacientes (38%).

4.2 DADOS CLÍNICOS

Em relação ao sexo, 53 pacientes (72%) eram do sexo masculino e

21 (28%), do sexo feminino (figura 5). A média de idade foi de 58 anos

(variando entre 32 e 77 anos). A distribuição, segundo a faixa etária, está

expressa na figura 6.

FEMININO28%

MASCULINO72%

Figura 5 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com o sexo

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Resultados

46

7

10

15

9

1210 10

10

2

4

6

8

10

12

14

16

Š45 46-50 51-55 56-60 61-65 66-70 71-75 76-80

Idade (anos)

Figura 6 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com a faixa etária (anos)

A etiologia da cirrose hepática (figura 7) estava relacionada com a

infecção pelo vírus da hepatite C em quarenta casos (54%), seguida pela

infecção pelo vírus da hepatite B em 11 casos (15%), álcool em seis casos

(8%), mista em 13 (18%) casos e outros em quatro casos (5%).

54%

15%

8%

18%

5%

Hepatite C Hepatite B Álcool Mista Outras

Figura 7 - Distribuição dos pacientes com CHC pequeno de acordo com etiologia da cirrose hepática

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Resultados

47

Em relação à avaliação da função hepática no momento da detecção

do CHC, 45 pacientes (60%) foram classificados como Child-Pugh A, vinte

pacientes (27%) como Child-Pugh B e nove pacientes (12%) como Child-

Pugh C (figura 8).

61%

27%

12%

Child-Pugh A Child-Pugh B Child-Pugh C

Figura 8 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com a classificação de Child-Pugh

A distribuição da pontuação de MELD dos pacientes no momento da

detecção pode ser vista na figura 9. A mediana da pontuação de MELD

encontrada foi de 11. A maioria dos pacientes (80%) apresentava

hipertensão portal ao diagnóstico do CHC. As características clínicas dos 74

pacientes estão resumidas na tabela 2.

Page 67: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Resultados

48

22

20

16

11

5

0

5

10

15

20

25

Š 9 10 a 12 13 a 15 16 a 18 � 19

MELD (pontos)

Figura 9 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com a pontuação MELD

4.3. DADOS LABORATORIAIS

A dosagem de alfa-fetoproteína sérica no momento do diagnóstico da

lesão era ≤ 20 ng/ml em 33 pacientes (46%), entre 21 e 100ng/ml em vinte

pacientes (27%), entre 101 e 400ng/ml em 16 pacientes (21%) e > 400ng/ml

em cinco pacientes (7%) (figura 10).

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Resultados

49

33

20

16

5

0

5

10

15

20

25

30

35

Š 20 21-100 101-400 > 400

Valor de AFP (ng/ml)

Figura 10 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com o nível de AFP sérica

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Resultados

50

Tabela 2 - Características clínicas dos 74 pacientes cirróticos com CHC pequeno

Variável n (%)

Sexo

Masculino 53 (72%)

Feminino 21 (28%)

Etiologia

Hepatite C 40 (54%)

Hepatite B 11 (15%)

Álcool 6 (8%)

Mista (a) 13 (18%)

Outras (b) 4 (5%)

Presença de hipertensão portal

Sim 59 (80%)

Não 15 (20%)

Classificação de Child-Pugh

A 45 (60%)

B 20 (27%)

C 9 (12%)

Escore de MELD

≤ 10 31 (42%)

Entre 10 e 15 27 (36%)

> 15 16 (22%)

(a) Sete com hepatite C e álcool; três com hepatite B e álcool; um com hepatite B e hepatite C; um com hepatite B e hepatite D e um com hepatite B e esquistossomose. (b) Um com colangite esclerosante e três com etiologia indefinida.

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Resultados

51

Em relação ao nível de aminotransferase, dos 74 casos, 25

apresentaram ALT normal; 31, ALT entre uma e duas vezes o valor de

referência; 18, ALT maior que duas vezes o valor de referência. Em relação

à AST, 15 apresentaram AST normal; 29, AST entre uma e duas vezes o

valor de referência; trinta, AST maior que duas vezes o valor de referência.

No que diz respeito ao nível sérico de GGT, dos 74 casos, oito

apresentaram GGT normal; 15, GGT entre uma e duas vezes o valor de

referência; 17, GGT entre duas e três vezes o valor de referência; 34, GGT

maior que três vezes o valor de referência.

Tabela 3 - Características laboratoriais dos 74 pacientes cirróticos com CHC pequeno

Variável n (%) Alfa-fetoproteína (ng/ml) ≤ 20 33 (44) Entre 21 e 100 20 (27) Entre 101 e 400 16 (22) > 400 5 (7) ALT (U/l) Média, DP, mediana 66, 44, 55 Normal 25 (34) Entre uma e duas vezes o VR* 31 (42) > duas vezes o VR 18 (24) AST (U/l) Média, DP, mediana 84, 54, 69 Normal 15 (20) Entre uma e duas vezes o VR 29 (39) > duas vezes o VR 30 (41)

continua

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Resultados

52

Tabela 3 - Características laboratoriais dos 74 pacientes cirróticos com CHC pequeno (continuação)

Variável n (%) GGT (U/l) Média, DP, mediana 130, 121, 86 Normal 8 (11) Entre uma e duas vezes o VR 15 (20) Entre duas e três vezes o VR 17 (23) > três vezes o VR 34 (46) FA (U/l) Média, DP, mediana 141, 81, 123 Normal 30 (41) Entre uma e duas vezes o VR 34 (46) > duas vezes o VR 10 (13) BIlirrubina total (mg/dl) Média, DP, mediana 2, 1,4, 1,3 ≤ 2 mg/dl 48 (65) Entre 2 e 3 mg/dl 12 (16) > 3 mg/dl 14 (19) Albumina (g/dl) Média, DP, mediana 3,5, 3,5, 0,6 ≥ 3,5 g/dl 39 (53) Entre 2,8 e 3,5 g/dl 24 (32) < 2,8 g/dl 11 (15) RNI Média, DP, mediana 1,3, 1,3, 0,2 < 1,7 66 (89) Entre 1,71 e 2,2 8 (11) > 2,2 0 Plaquetas (/mm3) Média, DP, mediana 104.662, 87.500, 52.651 ≥ 150.000 12 (16) Entre 100.000 e 150.000 16 (22) Entre 75.000 e 100.000 23 (31) < 75.000 23 (31)

*VR = valor de referência.

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Resultados

53

Em relação à fosfatase alcalina (FA), trinta pacientes apresentaram

FA normal; 34, FA entre uma e duas vezes o valor de referência; dez, FA

maior que duas vezes o valor de referência. As características laboratoriais

dos 74 pacientes com diagnóstico de CHC pequeno estão resumidas na

tabela 3. A maioria dos pacientes apresentou nível de creatinina < 1,5 mg/dl

(73 pacientes). Somente um paciente apresentou creatinina de 2,7 mg/dl.

4.4 DADOS DO TUMOR

Dentre os 74 pacientes, o exame que levou à suspeita do CHC foi a

ultra-sonografia de abdome no caso de 49 deles (66%); a alteração de AFP

sérica no caso de 23 (31%); a tomografia computadorizada de abdome em

dois pacientes (3%).

No momento do diagnóstico do CHC, 53 pacientes (71%) tinham uma

única lesão; 17 pacientes (23%), duas lesões e quatro pacientes (5%), três

lesões (figura 11). Em relação ao tamanho do CHC, o diâmetro do maior

nódulo foi menor ou igual a 20 mm em 35 pacientes (47%) e maior que 20

mm em 39 pacientes (53%) (figura 12).

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Resultados

54

Número de nódulos

72%

23%

5%

um dois três

Figura 11 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com o número de nódulos

Diâmetro (mm) do CHC

47%

53%

? 20 mm > 20 mm

Figura 12 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com o diâmetro em milímetros do maior nódulo

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Resultados

55

Em relação às características do CHC ao exame ultra-sonográfico

inicial, 19 pacientes apresentavam CHC com margens imprecisas e 55, com

margens precisas. Do total, 47 pacientes (64%) apresentavam lesões

hipoecóides; 15 (20%), lesões hiperecóides; quatro (5%), lesões isoecóides;

oito (11%), lesões mistas (figura 13).

Ecogenicidade do CHC

64%

20%

5%

11%

HIpoecóide Hiperecóide Isoecóide Misto

Figura 13 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com a ecogenicidade ao US do maior nódulo

De acordo com a avaliação pelos métodos de imagem, dos 74

pacientes, três apresentavam trombose portal sugestiva de invasão vascular

tumoral. Nenhum paciente apresentou disseminação extra-hepática do

tumor no momento do diagnóstico do CHC.

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Resultados

56

4.5 ANÁLISE DA SOBREVIDA GERAL

O tempo médio de seguimento dos pacientes após o diagnóstico do

CHC foi de 23 meses (mediana de 22 meses, variando entre um e 86

meses, desvio padrão de 15 meses) para todo o grupo. Durante o

seguimento, ocorreu um total de 42 óbitos. Entre os óbitos, três faleceram de

causa não relacionada com a insuficiência hepática ou com a progressão do

CHC. A sobrevida foi de 80%, 62%, 41% e 17% em 12, 24, 36 e sessenta

meses, respectivamente (figura 14).

Figura 14 - Curva de sobrevida dos 74 pacientes cirróticos com CHC pequeno

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Resultados

57

4.6 ANÁLISE UNIVARIADA

Para cada variável relacionada aos dados clínicos, laboratoriais e do

tumor no momento do diagnóstico do CHC, foi realizada a análise univariada

(tabela 4). Quanto aos dados clínicos, não houve diferença na curva de

sobrevida para as seguintes variáveis e sua categorização: sexo (feminino

ou masculino), idade (maior ou menor que 58 anos), etiologia da cirrose

hepática (VHC e VHB) e hipertensão portal (presente ou ausente).

Na análise univariada, os pacientes com pontuação de MELD ≤ 11 e

classificação de Child-Pugh A apresentaram uma melhor sobrevida.

No que diz respeito aos dados laboratoriais, os pacientes com AFP

sérica > 100 ng/ml apresentaram pior sobrevida. Considerando-se a

mediana dos valores de AST, ALT, GGT e FA, não houve diferença

estatística na curva de sobrevida entre os grupos.

Na análise das características do tumor, os casos que tinham mais de

uma lesão ao diagnóstico, lesões com mais de 20 mm de diâmetro e

presença de trombose portal sugestiva de invasão vascular apresentaram

pior sobrevida. Quanto à ecogenicidade da maior lesão, não houve diferença

na sobrevida entre os pacientes que apresentaram lesões hipoecóides em

relação aos outros padrões (hiperecóide, isoecóide e misto) e aos limites

precisos ou imprecisos da lesão.

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Resultados

58

Tabela 4 - Análise univariada dos fatores preditores de sobrevida dos 74 pacientes cirróticos com CHC pequeno

Variável N p Value

Idade (anos) ≤ 58 / > 58 36 / 38 0,74

Sexo M / F 53 / 21 0,41

Etiologia

Hepatite C Sim / Não 48 / 26 0,801

Hepatite B Sim / Não 16 / 58 0,50

Child-Pugh A / B e C 45 / 29 0,007

MELD ≤ 11 / > 11 0,016

Presença de hipertensão portal Sim / Não 59 / 15 0,22

AFP > 100 (21) ≤ 100 / > 100 53 / 21 0,006

Ecogenicidade

Hipoecóide Sim / Não 47 / 27 0,417

Diâmetro CHC (mm) ≤ 20 / > 20 35 / 39 0,009

Número de nódulos 1 / > 1 53 / 21 0,041

Presença de trombose de veia porta Sim / Não 3 / 71 < 0,001

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Resultados

59

4.7 ANÁLISE MULTIVARIADA

Os fatores que apresentaram significância estatística na análise

univariada foram ajustados ao modelo de regressão multivariada de Cox,

com seleção de variáveis do tipo stepwise, que identificou a presença de

invasão vascular (RR = 14,6 – IC 95% = 3,3 - 64,5 – p < 0,001) e o diâmetro

do tumor > 20 mm (RR = 2,14 – IC 95% = 1,07 – 4,02 – p = 0,009) como

preditores independentes de sobrevida em todo o grupo de pacientes com

CHC pequeno. As figuras 15A e 15B mostram a curva de sobrevida dos

pacientes de acordo com a presença de invasão vascular e o diâmetro do

CHC, respectivamente.

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Resultados

60

15(A)

CHC pequeno - Invasão vascular

15(B)

CHC pequeno – Diâmetro do CHC

Figura 15 - Curva de sobrevida dos 74 pacientes cirróticos com CHC pequeno, de acordo com a presença de invasão vascular (A) e diâmetro do CHC > 20 mm (B)

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Resultados

61

4.8 SEGUIMENTO

Dentre os pacientes com CHC pequeno, nove não receberam

nenhum tratamento específico para o tumor, seis devido à doença hepática

avançada (Child-Pugh C) e três por perda de seguimento após o diagnóstico

do CHC. Cinqüenta pacientes (67,5%) foram incluídos na lista de transplante

hepático, o qual só foi realizado em quatro pacientes, em média 16 meses

após o diagnóstico (variando de 12 a 28 meses). A ressecção do tumor pôde

ser realizada em quatro pacientes. Dois deles faleceram devido a

complicações relacionadas com a cirurgia e os outros dois ainda estão vivos.

Quarenta e oito pacientes receberam, inicialmente, tratamento percutâneo,

como ablação por radiofreqüência (nove casos) e injeção percutânea de

etanol (39 casos). Nove pacientes foram submetidos à quimioembolização

transarterial devido a contra-indicações relacionadas com o procedimento

percutâneo ou à dificuldade de acesso às lesões por ultra-sonografia (figura

16).

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Resultados

62

Tratamento do CHC

12% 12%

Nenhum5%

Transplante hepático 5%

Ressecção cirúrgica

Tratamento ablativo percutâneo

TACE

66%

Figura 16 - Distribuição dos pacientes cirróticos com CHC pequeno de acordo com o tratamento para o tumor

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5 Discussão

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Discussão

64

Segundo o nosso conhecimento, este é o primeiro estudo que relata a

sobrevida dos pacientes com CHC pequeno na América Latina. Tal estudo é

importante devido às diferenças das características sociais, demográficas e

econômicas entre pacientes dos países da América Latina e aqueles de

países onde a literatura sobre o assunto está mais concentrada, como os da

Ásia, da Europa e da América do Norte. No nosso estudo, a sobrevida dos

pacientes cirróticos após a detecção do CHC foi de 80%, 41% e 17%, em

12, 36 e sessenta meses, respectivamente. Na análise multivariada,

somente fatores relacionados com o tumor, como a presença de invasão

vascular e o diâmetro do nódulo maior que 20 mm, foram preditores de mau

prognóstico.

O prognóstico dos pacientes cirróticos que desenvolvem CHC

continua ruim, com uma taxa de 6% para uma sobrevida de 5 anos, nos

Estados Unidos (4). A sobrevida dos pacientes cirróticos com CHC no nosso

estudo foi melhor que aquela relatada em trabalhos sobre a história natural

do CHC pequeno (54,67). A sobrevida variou de 13% a 21% em três anos

nesses estudos. Todavia, esses trabalhos são alvo de várias criticas, pois

são relatos antigos e com pequeno número de pacientes. Além disso, o

motivo pelo qual esses pacientes não receberam tratamento específico para

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Discussão

65

o CHC (por exemplo: idade avançada e Child-Pugh C) poderia influenciar de

forma negativa a sobrevida.

Ao compararmos nossos resultados com outros trabalhos que avaliam

terapias curativas para o CHC pequeno (68,69,70), a sobrevida encontrada é

pior, principalmente a longo prazo. Provavelmente essa diferença possa ser

atribuída à heterogeneidade da nossa amostra. Na maioria dos trabalhos

publicados, apenas um grupo rigorosamente selecionado de pacientes é

incluído para avaliar cada tipo de tratamento. Os resultados variam de

acordo com o critério aplicado para selecionar os candidatos para cada

modalidade e as habilidades técnicas de cada equipe. A presença de

invasão vascular, encontrada em três dos nossos pacientes, contra-indica

terapia radical na maioria dos trabalhos (69,68,70,71,72). A ressecção cirúrgica do

CHC é considerada para os pacientes cirróticos com função hepática

preservada e, geralmente, na ausência de hipertensão portal. Nesses casos,

a sobrevida encontrada em cinco anos varia de 50 a 60% (73,74). Aplicando os

critérios de Milão, a sobrevida dos pacientes com CHC submetidos a

transplante hepático alcança 70% em 5 anos (62,75), mas os pacientes acima

de setenta anos não são selecionados. Na nossa casuística, dos 74

pacientes, apenas quatro pacientes foram submetidos ao transplante

hepático e quatro, à ressecção cirúrgica. A maioria dos pacientes foi

submetida ao tratamento percutâneo. A sobrevida dos pacientes com CHC

pequeno submetidos ao tratamento percutâneo tem sido relatada como

comparável àquela de pacientes submetidos à ressecção hepática. Os

trabalhos publicados sobre tratamento percutâneo com etanol relatam uma

Page 85: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Discussão

66

sobrevida em três anos, que varia de 54 a 80%, dependente principalmente

dos critérios de seleção dos pacientes (68,71,72). Entretanto, alguns estudos

demonstram que o prognóstico dos pacientes tratados com injeção

percutânea de etanol tende a deteriorar com o tempo (72). Isso pode explicar

os motivos da baixa sobrevida de cinco encontrada nos nossos casos.

A literatura atual descreve que o prognóstico dos pacientes com CHC

depende tanto das variáveis relacionadas com o tumor, quanto da função

hepática do paciente, diferentemente de outras neoplasias (75). Entretanto,

no nosso estudo, somente as variáveis relacionadas com o tumor, como a

presença de invasão vascular e o diâmetro do nódulo maior que 20 mm,

foram preditoras de pior sobrevida na análise multivariada. Uma das

explicações poderia ser o pequeno número de pacientes incluídos na nossa

casuística. Na análise univariada, a divisão da classificação de Child-Pugh

em três classes (A, B e C) não mostrou diferença estatisticamente

significativa. Ao subdividirmos os pacientes em duas classes, A versus B e

C, os pacientes com Child-Pugh A apresentaram melhor sobrevida. Em

relação à pontuação MELD, dividimos os pacientes em duas classes de

acordo com a mediana (11). Os pacientes com MELD > 11 apresentaram

pior sobrevida na análise univariada. Na avaliação multivariada, porém, nem

os pacientes Child-Pugh A nem os pacientes com MELD ≤ 11 apresentaram

melhores taxas de sobrevida. Como nas duas classificações o peso de cada

variável que as compõe não foi avaliado separadamente, o seu valor em

termos prognósticos pode estar subestimado.

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Discussão

67

Não há concordância sobre qual sistema de estadiamento deve ser

aplicado nos pacientes cirróticos com CHC. Isso é devido ao conhecimento

incompleto sobre a história natural desse tumor e os fatores preditores de

prognóstico. A classificação de Okuda, estabelecida em 1985, foi

amplamente aplicada a pacientes com CHC na década de 90. Ela inclui

parâmetros relacionados com a função hepática – albumina, ascite e

bilirrubina – e com o estádio do tumor – menos ou mais de 50% da área

hepática acometida (76). Essa classificação estratifica bem os pacientes em

estádio avançado e que, geralmente, são sintomáticos. Com os avanços nos

métodos de imagem e prática do rastreamento em pacientes cirróticos, o

sistema de Okuda tem-se mostrado pouco aplicável, em especial nos

tumores detectados precocemente. Da mesma maneira, a classificação de

Child-Pugh apresenta limitações para predizer o prognóstico, principalmente

nos pacientes com função hepática preservada e que serão submetidos a

terapia radical, como por exemplo, ressecção cirúrgica. O sistema de

estadiamento TNM (tumor-linfonodo-metástase) (77) é usado com sucesso

por oncologistas em várias áreas. Ele avalia basicamente a extensão do

tumor. No CHC, entretanto, a avaliação isolada dos fatores relacionados

com o tumor não consegue predizer com acurácia o prognóstico dos

pacientes com CHC e cirrose (78). Também se demonstrou que a

classificação de TNM não tem poder prognóstico para os pacientes com

CHC pequeno, submetidos a transplante hepático (75).

Nos últimos anos, vários sistemas de estadiamento alternativos foram

propostos. O sistema de CLIP, desenvolvido em 1998, identificou cinco

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Discussão

68

variáveis prognósticas independentes: classificação de Child-Pugh, tamanho

do tumor, número de lesões, presença de trombose de veia porta e nível

sérico de AFP. O CLIP demonstrou ser mais acurado que o Okuda para

predizer a sobrevida dos pacientes com CHC, principalmente nos tumores

pequenos (79). Em 1999, o grupo de Barcelona desenvolveu outro sistema

para estadiamento do CHC. Com base em estudos sobre a sobrevida dos

pacientes cirróticos com CHC, observou-se que os fatores prognósticos

variam de acordo com o estádio do CHC (63). Subclassificações do CHC

precoce no sistema BCLC dependem do tamanho e número de nódulos,

níveis de bilirrubina, e da presença de hipertensão portal, que requer a

medida formal do gradiente de pressão venosa hepática (HVPG). O BCLC

apresenta melhor diferenciação dos CHC pequenos e inclui no escore a

presença de trombose de veia porta (80). Em 2006, o grupo do Hospital da

Universidade de Tokyo publicou um escore denominado escore de Tokyo,

que foi desenvolvido a partir de pacientes com CHC ≤ 50 mm submetidos a

tratamento ablativo percutâneo. O escore de Tokyo consiste em quatro

fatores: albumina sérica, bilirrubina sérica, tamanho e número de tumores

(81). As vantagens relacionadas com o sistema de Tokyo referem-se à

facilidade em aplicá-lo na prática clínica diária, além de ter sido construído a

partir de pacientes com CHC em estádio inicial.

Os sistemas de estadiamento mais utilizados atualmente, como o

Okuda, CLIP e BCLC, foram formulados a partir da análise de quais

variáveis eram preditoras de sobrevida nos pacientes cirróticos com CHC.

Todos incluem variáveis relacionadas com o tumor e com a reserva hepática

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Discussão

69

do paciente. Apesar de as variáveis relacionadas com a função hepática não

terem sido fatores prognósticos independentes de sobrevida na nossa

amostra, concordamos com o fato de que a função hepática remanescente é

um fator importante que afeta o prognóstico dos pacientes com CHC, além

da extensão do tumor.

A presença de trombose portal sugestiva de invasão vascular foi

encontrada em somente três dos 74 pacientes e foi identificada como o fator

mais importante em relação à sobrevida. Na avaliação de CHC pequeno

submetido à ressecção cirúrgica, a presença de invasão vascular está

associada à maior chance de recidiva e a pior prognóstico (82,83). Na

classificação de BCLC, tumores pequenos são classificados em estádio

avançado na presença de invasão vascular (63). Kojiro relata que os tumores

menores de 20 mm de diâmetro já apresentam metástases locais em 10%

dos casos e invasão portal microscópica em até 25% dos casos (84). Isso

explica o comportamento agressivo do tumor, mesmo daqueles pequenos.

No nosso estudo que avaliou a sobrevida dos pacientes cirróticos

com até três nódulos de não mais que 30 mm, os pacientes com lesões

menores que 20 mm apresentaram melhor sobrevida. Após a elucidação da

natureza do CHC, foi possível obter outras informações sobre o processo de

desenvolvimento do CHC precoce para o avançado. Talvez a mais

importante seja a que mostra que o crescimento do CHC pequeno está

associado ao processo de desdiferenciação das células tumorais (85). O CHC

é conhecido por apresentar padrões histológicos variados. Do ponto de vista

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Discussão

70

da diferenciação histológica, o nódulo neoplásico menor que 10 mm é

composto de tecido tumoral uniformemente bem diferenciado, com exceção

de alguns casos aberrantes; enquanto que 40% dos nódulos entre 20-30

mm de diâmetro são formados por células tumorais com diferentes graus de

diferenciação. Dentro desses nódulos, os tecidos moderadamente ou

pobremente diferenciados localizam-se, em geral, no centro e o bem

diferenciado se localiza fora. O caso mais típico é a apresentação nódulo

intranódulo, onde o tecido moderadamente ou pobremente diferenciado e

sem alteração gordurosa está circundado por tecido bem diferenciado com

esteatose, havendo um limite nítido entre eles (85). Esses dados reforçam a

importância da detecção do CHC em fases iniciais, a fim de que se possa ter

chance de sucesso no tratamento e melhor sobrevida.

No nosso grupo, Evandro Sobroza de Mello, ao estudar a correlação

entre o tamanho dos nódulos e a evolução para o CHC em fígados cirróticos

explantados, detectou uma correlação entre o tamanho dos macronódulos

(maiores que 5 mm) e o tipo histológico. O tamanho médio dos

macronódulos regenerativos, nódulos displásicos de baixo grau, nódulos

displásicos de alto grau, CHC bem diferenciado e CHC moderadamente

diferenciado era de 7,5, 11, 12, 14 e 24 mm, respectivamente (tabela 5) (86).

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Discussão

71

Tabela 5 - Análise da correlação entre o tamanho dos nódulos e a evolução para o CHC, em explantes de fígados cirróticos. [Extraído de Mello, 2002(86)]

Tipo de nódulo Tamanho (mm)

Macronódulo regenerativo (n=22) 7,5

Nódulo displásico de baixo grau (n=19) 11

Nódulo displásico de alto grau (n=29) 12

CHC bem diferenciado (n=14) 14

CHC moderadamente diferenciado (n=11) 24

O tamanho do CHC também está associado à resposta aos

tratamentos ablativos percutâneos (68). O tratamento percutâneo tem sido

amplamente utilizado para pacientes com CHC precoce e com qualquer

contra-indicação cirúrgica. O mais extensamente utilizado é a PEI (injeção

percutânea de etanol). Identificaram-se fatores preditivos relacionados com

a resposta ao tratamento e taxas de sobrevida. O tamanho do tumor foi

identificado como o melhor preditor de resposta ao tratamento. A PEI é

altamente efetiva em tumores com menos de 30 mm, atingindo taxas de

resposta completa em cerca de 80 a 90% dos casos; porém, tumores

maiores que 30 mm ou lesões multinodulares têm menor chance de atingir

necrose completa (87). Na nossa casuística, a maioria dos pacientes foram

submetidos a tratamentos percutâneos e obtivemos melhor sobrevida nos

pacientes com CHC de até 20 mm. O limite de 20 mm está associado à

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Discussão

72

maior probabilidade de se alcançar necrose total de tumor e,

conseqüentemente, a uma menor taxa de recorrência tumoral (68,87).

Portanto, o tamanho do tumor está relacionado com a diferenciação

patológica do CHC, a probabilidade de invasão vascular e também com o

prognóstico dos pacientes com CHC após tratamentos potencialmente

curativos, como ressecção cirúrgica e terapias ablativas.

Esses resultados questionam se o intervalo do rastreamento de

pacientes cirróticos deveria ser diminuído. Trabalho realizado no nosso

grupo mostrou que em pacientes submetidos ao rastreamento, o tamanho

do CHC ao diagnóstico era diretamente proporcional ao intervalo do

rastreamento (11). Ou seja, os pacientes que tiveram o CHC detectado em

tamanho menor que 20 mm apresentavam um menor intervalo entre a US

sem lesão e a US com lesão. De acordo com as recomendações da AASLD

(American Society for the Study of Liver Disease) em 2005, intervalos

menores de rastreamento não trariam benefícios em termos de sobrevida

(88). Entretanto, considerando as dificuldades existentes no nosso meio para

se aplicar o transplante hepático e sendo os tratamentos ablativos

percutâneos a principal opção de tratamento para esses pacientes, a

diminuição no intervalo de rastreamento talvez se justifique com o objetivo

de diagnosticar o CHC com menos de 20 mm.

A presença de hipertensão portal é aceita como um forte preditor de

mau prognóstico. O grupo de Barcelona relatou que HVPG ≥ 10mmHg foi

um importante preditor de descompensação hepática após a ressecção

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Discussão

73

hepática (74). A medida do gradiente de pressão venosa hepática,

entretanto, não é rotina em nosso meio. No nosso estudo, a presença de

hipertensão portal foi definida por parâmetros clínico-laboratoriais

(presença de varizes esofágicas e/ ou esplenomegalia com plaquetopenia).

A maioria dos pacientes (79%) apresentava hipertensão portal e sua

presença não esteve associada a pior prognóstico.

Em relação às variáveis sexo, idade e etiologia da cirrose hepática,

não encontramos diferença estatisticamente significativa na taxa de

sobrevida. Nos pacientes com VHB, o risco de desenvolver CHC está

relacionado com o tempo de aquisição da infecção, presença de cirrose

hepática e replicação viral (15). Na nossa amostra, os pacientes com VHB

não apresentaram diferenças clínicas em relação aos pacientes com VHC,

provavelmente por termos incluído apenas pacientes cirróticos. O risco de

CHC parece ser maior nos pacientes do sexo masculino e de idade mais

avançada (5). A relação desses fatores no prognóstico dos pacientes com

CHC parece não ser importante, principalmente nos casos de CHC

pequeno. Os valores de AST, ALT, FA e GGT variam, geralmente, com a

atividade necro-inflamatória e têm pouca correlação com a função hepática;

também não foram importantes na análise da sobrevida desses pacientes.

Com a disseminação do rastreamento, observa-se que uma

porcentagem muito pequena dos CHC pequenos expressam quantidades

elevadas de AFP. O papel da AFP, com o objetivo de detectar precocemente

o CHC, é questionado. Atualmente, sugere-se que a AFP deve ser

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Discussão

74

abandonada como método de rastreamento e, talvez, ser utilizada apenas

para confirmar o diagnóstico de CHC onde já houver suspeita (51). Apesar

desses dados, na nossa casuística, foi o aumento da AFP que levou ao

diagnóstico do tumor em 23 (31%) casos. A maioria dos nossos pacientes

(71%) tinha AFP < 100 ng/ml. Na análise univariada, a presença de AFP >

100 ng/ml estava relacionada com pior prognóstico, o que não foi confirmado

na análise multivariada. No sistema de estadiamento de CLIP, o nível de

AFP (maior ou menor que 400 ng/ml) é uma variável com importantes

implicações prognósticas (79). Entretanto, com o desenvolvimento dos

exames de imagem, e o diagnóstico cada vez mais precoce do CHC, o valor

encontrado da AFP é, geralmente, menor que 400 ng/ml.

Na análise univariada, os pacientes com apenas um nódulo de CHC

no momento do diagnóstico apresentaram melhor sobrevida. Na análise

multivariada, a variável número de nódulos não foi um fator prognóstico

independente. Isso se deve, provavelmente, ao fato de termos incluído na

nossa casuística somente pacientes com, no máximo, três lesões. No escore

de Tokyo, a presença de mais de três nódulos em CHC < 5 cm foi

importante fator preditor de sobrevida e é uma das variáveis que compõe o

escore. Sabe-se que o número de nódulos está associado à disseminação

intra-hepática de células tumorais. Vários autores relataram grande

diferença no prognóstico entre CHC uninodular ou multinodular após

ressecção (81).

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Discussão

75

Alguns trabalhos tentam correlacionar a ecogenicidade do CHC

pequeno com o grau de diferenciação histológica (89). Tinha-se o conceito de

que o CHC era predominantemente uma lesão hipoecóide à US. Alguns

estudos, entretanto, demonstraram que até um terço das lesões não era

hipoecóide. Um estudo asiático revelou correlação entre lesões hiperecóides

e cinco parâmetros histológicos: necrose não-liquefeita, dilatação sinusoidal,

hemorragia, transformação gordurosa e fibrose (90). Esses achados não

puderam ser confirmados por um grupo que avaliou pacientes não-asiáticos

(91). No nosso estudo, avaliamos se a ecogenicidade do CHC pequeno no

momento do diagnóstico poderia influenciar a curva de sobrevida. Avaliamos

os pacientes com lesões hipoecóides versus o restante, e não encontramos

diferença.

Os CHC pequenos menores que 20 mm podem ser divididos em dois

tipos: o nodular e o nodular indistinto. No tipo nodular com margens

indistintas, eles possuem, geralmente, 10-15 mm de diâmetro e, à US,

podem se apresentar claramente como hipoecóide ou hiperecóide.

Entretanto, na análise anátomo-patológica, a diferenciação com o

parênquima normal é mais difícil. Esses achados são considerados como o

nódulo de CHC mais precoce detectável clinicamente. Em geral, as células

tumorais desse nódulo são compostas por células neoplásicas bem

diferenciadas, uniformemente proliferadas e, dentro do tecido tumoral, há

ainda muitos tratos portais, bem como tecido fibroso de nódulos

regenerativos do fígado cirrótico (84). Nesse estágio, o CHC parece crescer

substituindo as células adjacentes e não há formação de cápsula. A

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Discussão

76

avaliação ultra-sonográfica das margens do tumor em precisas ou

imprecisas foi feita com o objetivo de tentar avaliar tal aspecto da lesão. Não

encontramos diferença entre esses dois grupos em termos de sobrevida.

Entretanto, devemos salientar a dificuldade em realizar esse tipo de

avaliação através da coleta retrospectiva dos dados.

A ressecção cirúrgica é uma opção de tratamento para os pacientes

cirróticos com CHC altamente selecionados. Dos quatro pacientes que foram

submetidos à ressecção cirúrgica, duas pacientes faleceram em menos de

180 dias após a cirurgia, sendo que uma apresentou insuficiência hepática

após a ressecção e a outra apresentava invasão vascular observada na

peça ressecada. Num estudo de Bruix e colaboradores (74), a sobrevida dos

pacientes submetidos à ressecção em cinco anos foi de 50%, mas os

resultados foram bem heterogêneos. As análises posteriores encontraram

duas variáveis pré-operatórias com capacidade prognóstica independente de

predizer sobrevida: a presença de hipertensão portal clinicamente relevante

(definida como HPVG ≥ 10mmHg ou a presença de varizes esofageanas,

esplenomegalia com contagem de plaquetas < 100.000/mm3) e níveis

séricos de bilirrubina. Essas duas variáveis permitiram classificar os

pacientes em três grupos, com sobrevida de cinco anos bem distintas. Os

melhores candidatos atingem sobrevida de cinco anos em 74% dos casos e

inclui pacientes sem hipertensão portal e com bilirrubina normal. Nos piores

pacientes, a sobrevida de três anos é inferior a 50%, uma situação que é

pior que a observada em pacientes não tratados em estágio avançado,

Page 96: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Discussão

77

sugerindo que a ressecção pode até prejudicar a sobrevida em pacientes

Child-Pugh A com perfil adverso.

O caso da paciente submetida à ressecção cirúrgica e detecção da

invasão vascular somente através da análise anatomo-patológica ilustra as

limitações ao considerarmos apenas a questão morfológica, e muitas vezes

macroscópica, para predizermos o prognóstico dos pacientes com CHC.

Estudos recentes têm demonstrado que o comportamento do CHC vai muito

além da questão número e tamanho do tumor (92). A avaliação e o estudo

molecular dos pacientes com CHC são imprescindíveis para entendermos a

história natural desse tumor e podermos aplicar terapias mais efetivas.

As séries iniciais sobre transplante hepático para CHC relataram

resultados desanimadores em termos de recorrência (30-50% em três anos)

e sobrevida (menos de 50% de cinco anos). Tal cenário foi o resultado de

um critério de seleção muito amplo e que incluía pacientes em estágios

avançados, a maioria dos quais se apresentava com três dos principais

fatores adversos de sobrevida: tumores grandes ou multinodulares, invasão

vascular macroscópica e disseminação extra-hepática. Esses dados

forçaram a maioria dos grupos de transplante a refinar a seleção dos

candidatos para identificar aqueles que não apresentariam recorrência do

tumor e alcançariam a mesma sobrevida daqueles transplantados por

condições não-malignas. Sobrevida de 75% em cinco anos, com taxas

negligenciáveis de recorrência, foi conseguida ao restringir o transplante

para pacientes com contra-indicação à ressecção e que apresentaram CHC

Page 97: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Discussão

78

único com ≤ 50 mm ou até três tumores com ≤ 30 mm cada (62). Embora se

deva considerar que esses resultados foram obtidos quando a

disponibilidade de órgãos permitia ficar na lista de espera por um curto

período de menos de dois meses. A escassez de doadores pode aumentar o

tempo de permanência na lista e isso reforça a necessidade de analisar o

transplante de acordo com a análise com intenção de tratamento (intention-

to-treat analysis) (69).

Apesar de dispormos do transplante hepático como modalidade de

tratamento do CHC, tal procedimento foi adotado em apenas quatro dos

nossos pacientes. A lista de transplante que priorizava a ordem cronológica

de entrada até julho de 2006, e a escassez de doadores cadáver no nosso

meio foram os principais fatores limitantes. O tempo de espera de um

paciente em lista era estimado em torno de três anos e meio. Após a

mudança nas diretrizes sobre a lista de transplante hepático e a priorização

dos pacientes com CHC para o transplante, acreditamos que mais pacientes

submetidos ao rastreamento possam ser beneficiados com essa modalidade

de tratamento.

Os resultados obtidos com tratamento percutâneo ablativo têm sido

comparáveis aos obtidos com ressecção cirúrgica, em termos de sobrevida

e tempo livre de recorrência do tumor (71,73). Dado que no nosso estudo

poucos pacientes tinham condições para a ressecção cirúrgica e a lista de

espera por um transplante hepático cadavérico era muito longa, a maioria

deles foi submetida a tratamentos ablativos percutâneos (ablação por

Page 98: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Discussão

79

radiofreqüência e injeção percutânea de etanol). Nos últimos anos, vários

métodos para destruição térmica do tumor através de aquecimento ou

congelamento – inclusive a ablação por radiofreqüência, ablação por

microondas, ablação por laser e crioablação – foram desenvolvidos e

testados (93). Dentre eles, a RFA mostrou-se um competidor potencial com a

PEI. A RFA apresenta maior efeito antineoplásico local que a PEI (margem

de segurança, necrose tumoral); no entanto, os benefícios em termos de

sobrevida não conseguiram ser demonstrados. No nosso meio, as

dificuldades para aplicar a RFA no CHC pequeno referem-se principalmente

ao custo e à disponibilidade do material que envolve esse procedimento.

No que diz respeito à quimioembolização (TACE) para tratamento do

CHC, uma metanálise publicada pelo grupo de Barcelona mostra melhora na

sobrevida dos pacientes com CHC irressecável submetidos a essa terapia

(94). Para os casos de CHC pequeno, os resultados em termos de sobrevida

ainda são controversos. No estudo, nove pacientes foram submetidos à

quimioembolização, e a indicação para tal procedimento estava relacionada

com dificuldades técnicas para realizar o tratamento ablativo percutâneo.

Também ainda não existe consenso sobre o tratamento para pacientes com

CHC em lista de transplante hepático.

A sobrevida dos pacientes com CHC em estádio precoce é

modificada pelo tratamento e, portanto, as variáveis com ele relacionadas

deveriam ser incluídas como preditoras de prognóstico (47,68,87). Como o

objetivo do nosso estudo não foi avaliar uma modalidade terapêutica

Page 99: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Discussão

80

específica para o CHC, variáveis relacionadas com o tratamento não foram

incluídas na análise univariada. A principal dificuldade, no nosso caso,

estaria em definir o tipo de resposta ao tratamento, pois tal definição varia

conforme o tipo de tratamento: ablativo percutâneo, tratamentos cirúrgicos e

quimioembolização.

5.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

A principal limitação do nosso estudo, por ser retrospectivo

observacional, foi a dificuldade em adquirir dados em prontuários

relacionados com o momento do diagnóstico. Algumas dessas informações

poderiam influenciar a questão da sobrevida dessa amostra (por exemplo:

performance status, presença de sintomas etc.). O motivo pelo qual alguns

pacientes perderam o seguimento (por exemplo: óbito, mudança de grupo,

efeito colateral do tratamento) não pôde ser esclarecido em alguns casos. O

tamanho limitado da amostra (n=74) não permitiu que se fizesse a avaliação

separada de cada modalidade de tratamento para o CHC.

Outra grande dificuldade do nosso trabalho foi definir o conceito de

CHC pequeno. Ao se pesquisarem, na literatura médica, trabalhos que

abordam o tema CHC pequeno, o tamanho varia entre 20 a 50 mm e o

número pode ser um ou, geralmente, até três nódulos (62,68,75). Os

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Discussão

81

patologistas do Japão definem como CHC pequeno o tumor único com

menos de 20 mm (85). A maioria dos trabalhos que falam sobre CHC

pequeno considera os critérios de Milão ou até três nódulos com menos de

30 mm. Optamos pela última definição devido às características do nosso

grupo. O enfoque inicial do grupo era detectar lesões menores que 30 mm,

passíveis de terapia ablativa percutânea com etanol.

Este trabalho teve como principal motivação mostrar ao nosso grupo

os pontos que ainda precisam ser melhorados no manejo do CHC pequeno.

Já houve muitos avanços no sentido de tentar melhorar a detecção do CHC

em estágio inicial, no nosso serviço. Cerca de 70% dos CHC detectados por

rastreamento são menores que 30 mm. Entretanto, ainda temos dificuldades

nos outros passos do manejo do CHC, como a confirmação diagnóstica e a

aplicação das modalidades terapêuticas. No início do estudo e ainda hoje, o

acesso a exames de imagem, como a tomografia computadorizada e

particularmente a ressonância nuclear magnética, impedia-nos de fazer o

diagnóstico baseado nos critérios não invasivos de BCLC. Desse modo,

acompanhávamos a evolução dessa lesão para que o diagnóstico de CHC

fosse confirmado. O resultado das tentativas de biópsia era, muitas vezes,

negativo e o nível de AFP < 100 ng/ml. Além disso, apesar de dispormos de

transplante hepático no nosso meio, a escassez de órgãos e o tempo em

lista de espera maior que três anos tornavam essa modalidade de

tratamento uma raridade para esse grupo de pacientes. Esperamos que,

com a mudança nos critérios de transplante hepático, os pacientes com

Page 101: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Discussão

82

CHC se beneficiem dessa opção de tratamento para o tumor e para a cirrose

hepática.

5.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O conhecimento sobre a história natural de uma determinada doença

e seus fatores prognósticos é essencial para estimar a sobrevida do

paciente frente ao seu diagnóstico. Além disso, tais informações permitem

avaliar o impacto potencial de um tratamento convencional ou experimental,

bem como o desenho de um estudo prospectivo. No que se refere ao CHC

pequeno, estamos observando uma melhora da sobrevida nos últimos anos.

Esse cenário está relacionado com os avanços quanto ao momento do

diagnóstico, ao manejo das complicações da cirrose hepática e à eficácia

terapêutica específica do tumor. Enquanto a maioria dos pacientes não

sobrevivia mais que um ano em séries antigas, a sobrevida de cinco anos de

pacientes cirúrgicos pode ultrapassar a 70%. A história natural do CHC

precoce não tratado, entretanto, é desconhecida, pois os candidatos em

boas condições geralmente são tratados.

Com a disponibilidade de novos métodos de imagem, principalmente

a ultra-sonografia, juntamente com a dosagem sérica da AFP, foram

realizados estudos de rastreamento da população cirrótica, inicialmente nos

países orientais e, depois, nos ocidentais, na segunda metade da década de

Page 102: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Discussão

83

80. Um ponto que ainda precisa ser esclarecido é a relação custo-benefício

desses programas de rastreamento. As avaliações positivas dos programas

de rastreamento defendem que eles devem ser realizados de acordo com as

características epidemiológicas de cada população e com as modalidades

terapêuticas curativas disponíveis. Os melhores resultados encontrados

estão ligados a situações que apresentam como tratamentos disponíveis a

ressecção cirúrgica e o transplante hepático.

No Brasil, desde a década de 90, o transplante hepático é realizado

nos grandes centros médicos. Até julho de 2006, a lista dos pacientes com

indicação de transplante hepático era por ordem cronológica. Com a recente

implantação dos critérios de gravidade, através do MELD, e a priorização em

lista dos pacientes com CHC, espera-se um aumento no número de

pacientes transplantados por CHC. Portanto, os nossos esforços para

detectar o CHC em estádio inicial são ainda mais justificados frente a essa

nova situação.

Apesar dos nossos resultados sobre a sobrevida do CHC pequeno

ainda não serem animadores (sobrevida de cinco anos para 17%), eles

representam um passo importante nos nossos estudos sobre o CHC.

Sabemos que a aplicabilidade das terapias curativas depende muito da

experiência de cada grupo. Além disso, a melhor seleção dos pacientes que

serão submetidos ao rastreamento e a cada modalidade terapêutica é

essencial nessa doença. Temos visto em algumas publicações e no nosso

próprio dia-a-dia, que o tratamento do CHC pode, muitas vezes, piorar a

Page 103: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Discussão

84

qualidade de vida dos pacientes cirróticos por motivos relacionados

principalmente com a deterioração da função hepática.

Em uma perspectiva mundial, estima-se que a infecção pelo VHB

diminuirá com a ampla utilização da vacina específica. O VHC, entretanto,

continuará a ter um impacto global sobre o sistema de saúde num futuro

imediato. No Brasil, a maior prevalência do anti-VHC é observada em

indivíduos de trinta a cinqüenta anos de idade, sugerindo que, nas décadas

futuras, haverá um aumento da freqüência de doença hepática crônica, o

que inclui cirrose e CHC. Hoje se encontra a presença de marcadores para

hepatite C em até 70% dos pacientes com CHC no Brasil. Além disso, não

se sabe qual será a importância dos casos de esteato-hepatite não alcoólica

evoluindo para cirrose e suas complicações. Esse cenário nos aponta os

problemas que surgirão num futuro próximo e os pontos sobre os quais

devemos concentrar nossos estudos.

Page 104: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

6 Conclusões

Page 105: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Conclusões

86

1. A sobrevida dos pacientes cirróticos que desenvolvem CHC,

mesmo quando diagnosticado em tamanho pequeno, é baixa,

chegando a menos de 20% em cinco anos.

2. A presença de invasão vascular está associada a um

prognóstico ruim dos pacientes com CHC, independentemente

do tamanho.

3. Os programas de rastreamento em cirróticos devem buscar a

detecção do CHC em tamanho menor que 20 mm,

principalmente nos serviços onde o transplante hepático não é

realizado e tratamento percutâneo ablativo é disponível.

Page 106: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

7 Anexos

Page 107: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Anexos

88

Anexo - Variáveis analisadas dos 74 pacientes incluídos no estudo.

Pac

ient

e

Sex

o

Idad

e

Sta

tus

(1=o

bito

)

Sob

revi

da_m

eses

Scr

eeni

ng (1

=sim

)

Alb

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a

RN

I

Bili

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=aus

ente

; 2=

leve

-mod

erad

a;

3=vo

lum

osa)

Enc

efal

opat

ia (1

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ente

; 2=g

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I-II;

3=

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III-I

V)

Chi

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Pla

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AFP

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AS

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; 2 =

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)

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aior

(1 =

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o; 2

= h

iper

; 3

= is

o; 4

= m

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)

Inva

sao_

vasc

ular

(1=p

rese

nte)

Dia

gnós

tico

CH

C (1

= h

isto

logi

a; 2

=

2 ex

ames

de

imag

em;3

= im

agem

+ A

FP;

4 =

aum

ento

US

+ im

agem

)

Tto_

CH

C (1

= n

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m; 2

= p

eit;

3

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requ

enci

a; 4

= q

uim

ioem

boliz

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; 5

= re

ssec

cao;

6 =

tran

spla

nte)

Etio

logi

a (1

= v

irus

hepa

tite

C;

2 =

viru

s he

patit

e B

; 3

= al

cool

; 4 =

out

ras)

1 2M 71 1 34 1 3,2 1,33 2 1 1 6 92000 S 83,3 29 50 44 96 0.8 11 1 3 19 1 1 0 1 22 2M 45 0 86 1 4,1 1,4 3 2 1 8 114000 S 28,3 141 100 114 241 0.9 15 2 1 19 0 4 0 2 63 1F 67 1 4 1 2,47 1,6 3 2 1 9 49000 S 3,4 28 34 31 78 0.9 16 2 1 30 0 2 1 4 14 4M 75 1 6 1 2,7 1,67 3 2 2 11 73000 S 238 55 113 19 89 1.2 18 1 1 25 1 1 1 3 35 1M 46 0 11 1 3,8 1,24 2 1 1 5 144000 S 28,1 86 176 414 173 0.9 10 2 1 20 1 1 0 4 16 3M 61 1 14 1 3,4 1,3 1 3 2 9 146000 S 6,3 30 58 157 130 0.8 11 2 1 21 1 2 0 4 27 1M 69 1 31 1 4,2 1,2 1 1 1 5 58000 S 17,6 79 75 41 94 1.0 9 2 1 20 0 1 0 1 38 1F 59 1 10 1 2,7 1,63 5 1 1 9 63000 S 665 47 170 49 161 0.6 18 1 1 30 1 1 0 3 49 1M 39 0 39 1 3,6 1,42 1 1 1 5 74000 S 10,4 85 112 62 132 0.8 11 2 2 20 1 4 0 1 2

10 1F 49 1 4 1 2,9 1,6 6 2 1 9 57000 S 272,7 34 142 71 232 1.2 20 2 2 27 1 2 1 2 211 1 2 2M 60 0 22 1 3,7 1,2 1 1 1 5 103000 S 12,6 63 54 155 109 0.9 9 2 2 13 0 1 012 1 2 1F 67 1 43 1 4,3 1,24 1 2 1 6 85000 S 10,9 20 23 106 187 0.8 10 2 1 26 1 1 013 0 4 5 2F 49 1 5 1 3,3 1,31 1 1 1 6 79000 S 320 76 90 37 120 0.7 10 1 1 20 1 214 0 1 1 1M 57 1 11 0 3,8 1,3 1 1 1 5 95000 S 16,6 13 44 79 104 1.0 11 2 3 30 1 215 0 2 2 3M 65 0 23 1 3,7 1,15 1 1 1 5 93000 S 12,8 33 34 89 110 0.8 8 2 2 15 0 1

continua

Page 108: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Anexos

89

Anexo - Variáveis analisadas dos 74 pacientes incluídos no estudo. continuação

Pac

ient

e

Sex

o

Idad

e

Sta

tus

(1=o

bito

)

Sob

revi

da_m

eses

Scr

eeni

ng (1

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)

Alb

umin

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Bili

rrub

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a;

3=vo

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3=

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(1 =

AFP

; 2 =

US

; 3 =

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(1 =

hip

o; 2

= h

iper

; 3

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= m

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vasc

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(1=p

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nte)

Dia

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tico

CH

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= h

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2 ex

ames

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= im

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4 =

aum

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Tto_

CH

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= n

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ioem

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; 5

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Etio

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hepa

tite

C;

2 =

viru

s he

patit

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; 3

= al

cool

; 4 =

out

ras)

16 2M 41 0 35 1 4,3 1,3 1 1 1 5 83000 S 20,6 57 49 159 102 1.1 11 2 1 19 1 1 0 4 217 2M 47 1 32 1 3,9 1,11 1 1 1 5 75000 S 24,8 42 39 222 116 1.0 7 2 1 13 1 1 0 1 218 1F 54 0 23 1 2,7 1,81 3 2 1 10 52100 S 21,6 65 131 72 158 0.7 17 2 1 23 1 2 0 4 119 4M 32 0 29 1 1,47 1,08 3 2 1 10 258000 S 1,3 44 104 291 554 1.0 11 2 1 19 1 1 0 1 220 1M 71 0 29 1 4,06 1,07 1 1 1 5 153000 N 24,9 87 111 86 92 0.8 8 2 1 30 1 3 0 2 521 1F 61 1 33 1 4,1 1,1 2 2 1 6 79000 S 4,6 56 55 21 74 0.7 10 2 1 22 1 1 0 4 322 1M 70 0 31 1 3,38 1,15 1 1 1 6 63000 S 20,7 127 111 54 122 0.7 9 2 1 11 1 1 0 1 223 1M 71 0 8 0 2,7 1,26 4 2 1 10 151000 N 5,6 64 135 44 155 0.8 14 2 1 14 0 1 0 2 224 1M 52 1 23 1 2,92 1,72 3 1 2 9 92000 S 347 27 49 77 108 0.8 16 1 1 16 1 2 0 3 225 2M 49 1 45 1 3,3 1,73 2 2 2 9 80000 S 3,7 23 39 60 124 1.2 16 2 1 19 1 1 0 2 426 4 2 2M 60 0 35 1 4,4 1,16 1 1 1 5 175000 N 49,2 39 29 39 63 0.9 7 2 1 18 0 1 027 1 2 4M 72 1 18 1 5,1 1,36 1 1 1 5 86400 N 176,4 20 12 110 146 1.0 9 2 2 30 1 4 028 0 4 1 1M 52 0 19 1 3,1 1,25 2 1 1 6 93000 S 106,6 212 303 640 112 0.7 10 1 1 24 1 429 0 3 3 1M 51 0 41 0 3,3 1,44 2 1 1 7 150000 N 935 116 123 231 138 0.8 13 1 2 30 1 130 0 2 2 1M 67 1 19 0 4,8 1,18 1 1 1 5 246000 N 5 39 45 110 101 1.0 8 2 2 28 1 1

continua

Page 109: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Anexos

90

Anexo - Variáveis analisadas dos 74 pacientes incluídos no estudo. continuação

Pac

ient

e

Sex

o

Idad

e

Sta

tus

(1=o

bito

)

Sob

revi

da_m

eses

Scr

eeni

ng (1

=sim

)

Alb

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I

Bili

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; 2=

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-mod

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a;

3=vo

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; 2=g

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I-II;

3=

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III-I

V)

Chi

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T

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(1 =

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; 2 =

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; 3 =

TC

)

Num

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nodu

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Dia

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Mar

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_Mai

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=Pre

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)

Eco

geni

cida

de_M

aior

(1 =

hip

o; 2

= h

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; 3

= is

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= m

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)

Inva

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vasc

ular

(1=p

rese

nte)

Dia

gnós

tico

CH

C (1

= h

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logi

a; 2

=

2 ex

ames

de

imag

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= im

agem

+ A

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4 =

aum

ento

US

+ im

agem

)

Tto_

CH

C (1

= n

enhu

m; 2

= p

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3

= ra

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requ

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a; 4

= q

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ioem

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; 5

= re

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cao;

6 =

tran

spla

nte)

Etio

logi

a (1

= v

irus

hepa

tite

C;

2 =

viru

s he

patit

e B

; 3

= al

cool

; 4 =

out

ras)

31 M 55 0 34 1 4,35 1,14 1 1 1 5 181000 N 2,1 109 83 53 52 0.8 8 2 1 26 1 2 0 4 2 132 M 77 1 4 0 2,55 1,75 5 2 2 12 133000 S 365 62 107 502 294 0.9 19 1 2 24 1 1 0 4 1 333 M 63 1 38 1 3,9 1,4 1 2 2 7 95500 S 109 37 33 40 74 1.3 13 3 1 30 0 1 0 1 3 334 M 58 1 4 1 3,4 1,55 5 3 2 11 52000 S 46,8 60 63 25 108 0.8 17 1 2 26 1 2 0 4 1 135 F 71 0 27 0 3,5 1,4 1 1 1 5 83000 S 10 60 60 40 110 0.8 10 2 2 17 1 4 0 2 2 136 M 42 1 14 1 3,6 1,19 2 1 1 6 87000 S 6,6 47 45 309 118 0.7 11 2 2 30 1 1 0 2 4 137 M 61 0 39 1 3,59 1,35 1 2 1 6 292000 S 8,2 15 25 146 64 0.9 10 3 1 25 1 1 0 2 6 338 M 60 0 20 1 4,5 1,19 1 1 1 5 151000 N 11,4 40 40 29 76 1.0 9 2 1 16 1 1 0 4 2 239 M 51 1 8 1 3,1 1,6 3 2 1 8 57000 S 9,5 61 102 161 93 1.2 17 2 1 28 0 1 0 4 2 140 M 61 1 35 0 2,8 1,34 3 2 1 8 77000 S 21,9 145 104 69 297 0.9 14 2 2 30 1 1 0 2 4 141 M 46 0 28 0 3,7 1,45 2 1 1 5 67000 S 10 50 67 75 89 0.8 13 2 1 30 1 4 0 1 4 142 F 58 0 19 0 3,2 1,12 1 1 1 6 122000 N 69 56 79 180 210 1.0 8 2 1 19 1 4 0 4 5 143 F 72 1 1 1 2,6 1,68 6 3 2 12 111000 S 1796 53 110 183 231 0.9 19 1 29 1 2 0 3 1 144 F 52 1 49 1 3,3 1,4 3 2 1 8 80000 S 366 118 177 81 143 0.9 14 1 1 30 0 3 0 2 4 145 F 73 1 29 1 3,4 1,2 1 1 1 6 86000 S 4,9 151 188 131 192 0.8 9 2 1 17 0 1 0 1 3 1

3

continua

Page 110: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Anexos

91

Anexo - Variáveis analisadas dos 74 pacientes incluídos no estudo. continuação

Pac

ient

e

Sex

o

Idad

e

Sta

tus

(1=o

bito

)

Sob

revi

da_m

eses

Scr

eeni

ng (1

=sim

)

Alb

umin

a

RN

I

Bili

rrub

ina

Asc

ite (1

=aus

ente

; 2=

leve

-mod

erad

a;

3=vo

lum

osa)

Enc

efal

opat

ia (1

=aus

ente

; 2=g

rau

I-II;

3=

grau

III-I

V)

Chi

ld-P

ugh

pont

uaçã

o

Pla

quet

as

Hip

erte

nsao

_por

tal

AFP

ALT

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T

GG

T

FA

Cre

atin

ina

ME

LD

Exa

me_

susp

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(1 =

AFP

; 2 =

US

; 3 =

TC

)

Num

ero_

nodu

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Dia

met

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aior

Mar

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_Mai

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cisa

)

Eco

geni

cida

de_M

aior

(1 =

hip

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= h

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; 3

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o; 4

= m

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)

Inva

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vasc

ular

(1=p

rese

nte)

Dia

gnós

tico

CH

C (1

= h

isto

logi

a; 2

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2 ex

ames

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imag

em;3

= im

agem

+ A

FP;

4 =

aum

ento

US

+ im

agem

)

Tto_

CH

C (1

= n

enhu

m; 2

= p

eit;

3

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diof

requ

enci

a; 4

= q

uim

ioem

boliz

acao

; 5

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ssec

cao;

6 =

tran

spla

nte)

Etio

logi

a (1

= v

irus

hepa

tite

C;

2 =

viru

s he

patit

e B

; 3

= al

cool

; 4 =

out

ras)

46 2M 61 1 14 1 3,2 1,3 3 2 1 8 110000 S 22,9 28 71 39 257 1.0 14 1 1 17 0 3 0 2 447 1M 43 0 21 1 3,4 1,7 2 2 1 8 46000 S 4,4 163 267 188 123 0.6 15 2 1 18 0 1 0 4 248 1M 69 0 3 0 3,6 0,95 1 1 1 5 213000 N 3,5 25 33 32 59 2.7 16 2 1 12 0 1 0 4 349 1M 63 0 23 0 3,8 1,57 2 1 1 6 44000 S 51,6 37 55 26 51 0.7 15 1 1 23 0 2 0 2 250 1M 64 0 26 1 3,64 1,14 1 1 1 5 50000 S 48,2 24 32 114 128 1.2 10 2 2 30 1 1 0 4 251 2F 50 1 6 1 3,6 0,97 1 1 1 5 208000 N 1186 35 42 228 131 0.6 6 1 1 25 1 2 0 3 552 1M 59 0 23 1 4,3 1,01 1 1 1 5 106000 N 18 70 51 106 59 0.9 6 2 1 17 1 4 0 4 253 1M 53 1 14 0 3,3 1,42 2 1 1 6 70000 S 461,5 123 110 265 180 0.9 13 1 2 10 1 2 0 1 254 1F 75 0 32 1 3 1,36 1 1 1 6 72000 S 66,2 79 113 82 115 0.9 11 1 1 30 0 1 0 1 255 1M 67 1 7 1 3,7 1,91 2 2 1 8 88000 S 9,1 126 168 77 65 0.9 17 2 1 18 1 1 0 1 256 1 2 1M 69 0 10 0 2,94 1,69 1 2 1 7 59000 S 9,9 61 38 31 184 0.8 14 2 1 20 1 2 057 4 2 1M 51 0 23 1 3,3 1,41 1 1 1 6 46000 S 225,7 244 172 225 144 0.8 11 1 1 20 0 2 058 0 1 2 1M 54 1 17 1 2,7 1,33 4 1 1 9 93000 S 381,9 53 76 86 372 0.9 14 1 2 27 1 159 0 4 2 1M 50 0 14 1 3,9 1,17 2 1 1 6 63000 S 30,9 98 76 414 293 0.8 11 2 1 17 1 1

continua

Page 111: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Anexos

92

Anexo - Variáveis analisadas dos 74 pacientes incluídos no estudo. conclusão

Pac

ient

e

Sex

o

Idad

e

Sta

tus

(1=o

bito

)

Sob

revi

da_m

eses

Scr

eeni

ng (1

=sim

)

Alb

umin

a

RN

I

Bili

rrub

ina

Asc

ite (1

=aus

ente

; 2=

leve

-mod

erad

a;

3=vo

lum

osa)

Enc

efal

opat

ia (1

=aus

ente

; 2=g

rau

I-II;

3=

grau

III-I

V)

Chi

ld-P

ugh

pont

uaçã

o

Pla

quet

as

Hip

erte

nsao

_por

tal

AFP

ALT

AS

T

GG

T

FA

Cre

atin

ina

ME

LD

Exa

me_

susp

eito

(1 =

AFP

; 2 =

US

; 3 =

TC

)

Num

ero_

nodu

los

Dia

met

ro_M

aior

Mar

gens

_Mai

or (1

=Pre

cisa

)

Eco

geni

cida

de_M

aior

(1 =

hip

o; 2

= h

iper

; 3

= is

o; 4

= m

isto

)

Inva

sao_

vasc

ular

(1=p

rese

nte)

Dia

gnós

tico

CH

C (1

= h

isto

logi

a; 2

=

2 ex

ames

de

imag

em;3

= im

agem

+ A

FP;

4 =

aum

ento

US

+ im

agem

)

Tto_

CH

C (1

= n

enhu

m; 2

= p

eit;

3

= ra

diof

requ

enci

a; 4

= q

uim

ioem

boliz

acao

; 5

= re

ssec

cao;

6 =

tran

spla

nte)

Etio

logi

a (1

= v

irus

hepa

tite

C;

2 =

viru

s he

patit

e B

; 3

= al

cool

; 4 =

out

ras)

60 2M 51 1 29 0 3,3 1,27 1 1 1 6 107000 S 8,3 67 73 387 154 0.9 9 2 1 13 1 1 0 1 261 1M 48 0 36 1 4,6 1,32 1 1 1 5 130000 S 50,6 35 26 66 51 1.0 11 1 1 22 1 1 0 4 262 2M 37 1 12 0 3,3 1,35 2 1 1 7 57000 S 18,5 56 87 41 168 0.8 13 2 1 25 1 3 0 2 663 1F 61 1 38 0 3,8 1,35 1 2 1 6 98000 S 9,5 69 65 110 133 0.8 10 2 1 15 1 1 0 2 264 1M 51 0 18 1 3,3 1,66 2 1 1 6 103000 S 4,2 53 60 48 173 0.7 13 2 2 19 1 1 0 4 265 3M 68 0 20 0 3,6 1,17 4 1 1 7 125000 S 1,4 27 71 374 169 0.8 13 2 1 24 1 1 0 4 266 2F 58 1 21 0 2,7 1,78 6 2 1 11 80000 S 110,2 90 98 108 257 0.6 20 1 2 30 1 1 0 3 267 2M 63 0 26 0 3,7 1,34 1 1 1 5 80000 S 8,1 51 60 87 83 0.9 9 2 1 30 1 1 0 2 468 2F 55 1 28 1 4,5 1,14 1 1 1 5 143000 N 144,6 52 50 90 58 0.8 9 2 1 13 1 1 0 2 669 1F 49 1 18 1 3,5 1,8 2 1 1 7 70000 S 140 35 54 212 136 0.8 16 1 1 25 1 1 0 3 470 3 2 1M 63 1 11 1 4,23 1,19 1 1 1 5 141000 S 121,8 44 36 119 74 0.8 9 1 1 26 0 1 071 1 3 4F 70 1 21 1 4,4 1,06 1 1 1 5 230000 N 28,3 37 46 107 76 0.6 7 2 2 30 0 1 072 0 4 1 1M 53 1 13 0 2,27 1,74 4 2 2 12 70000 S 28,6 138 156 67 127 1.1 19 2 1 23 1 173 0 1 2 1F 73 0 81 1 3,8 1,2 1 1 1 5 138000 N 206,9 74 92 78 124 1.1 9 1 1 20 1 174 0 1 3 1F 52 0 50 1 3,6 1,3 1 1 1 5 69000 S 2,2 31 50 98 111 0.7 9 2 1 13 1 1

Page 112: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

8 Referências

Page 113: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Referências

94

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burden: Globocan 2000. Int J Cancer. 2001;94(2):153-6.

2. Bosch FX, Ribes J, Díaz M, Cléries R. Primary liver cancer: worldwide

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3. Okuda K. Epidemiology. In: Livraghi T, Makuuchi M, Buscarini L,

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Greenwich Medical Media; 1997. p.3-16.

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6. Kew MC. Hepatocellular carcinoma with or without cirrhosis. A

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Page 114: Análise da sobrevida de pacientes com carcinoma ... · sobrevida foram identificados através do método de Kaplan-Meier e o modelo de Cox. Resultados: A média de idade foi de 58

Referências

95

7. Tsukuma H, Hiyama T, Tanaka S, Nakao M, Yabuuchi T, Kitamura T,

Nakanishi K, Fujimoto I, Inoue A, Yamazaki H, et al. Risk factors for

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Sotorrios NG, Martinez I, Rodrigo L. Prospective analysis of risk factors

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