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Vitória (ES), agosto de 2015
Análise de Competitividade do Setor da Indústria
Gráfica do Estado do Espírito Santo
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................... 3
1. ESTRUTURA DA CADEIA DE VALOR DA INDÚSTRIA GRÁFICA ............................................. 5
1.1 Cadeia de valor da indústria gráfica ............................................................................................. 5
2. PANORAMA DA INDÚSTRIA GRÁFICA NO MUNDO ................................................................. 6
3. PAINEL DE INDICADORES DE MONITORAMENTO DA COMPETITIVIDADE ......................... 8
3.1.1 Número de empresas e empregados no Brasil ............................................................................ 8
3.1.2 Produção do Setor ........................................................................................................................ 9
3.1.3 Balança Comercial Brasil ............................................................................................................ 10
3.1.4 Investimentos da Indústria Gráfica ............................................................................................. 12
3.2 Espírito Santo .............................................................................................................................. 12
3.2.1 Número de Empresas por porte .................................................................................................. 12
3.2.2 Balança Comercial Espírito Santo .............................................................................................. 13
3.2.3 Faturamento Total do Espírito Santo - Impressão e Reprodução ............................................. 15
3.2.4 Massa Salarial no ES - Impressão e Reprodução ..................................................................... 15
3.2.5 Produtividade e Custo do Trabalho no ES - Impressão e Reprodução ...................................... 16
3.2.6 Horas Trabalhadas na Produção no ES - Impressão e Reprodução ........................................ 17
3.2.7 Utilização da Capacidade Instalada no ES Impressão e Reprodução ...................................... 17
4. PERCEPÇÃO EMPRESARIAL DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA GRÁFICA NO
ESPÍRITO SANTO ...................................................................................................................... 18
4.1 Mecanismos de concorrência do setor gráfico ........................................................................... 18
4.2 Mercados a que se direcionam os produtos da cadeia produtiva .............................................. 19
4.3 Posição atual da indústria no mercado – doméstico ou internacional – desempenho,
vantagens e desvantagens competitivas. ................................................................................... 20
4.4 Análise dos instrumentos de incentivo à competitividade existentes (Compete, isenções
fiscais e outros). .......................................................................................................................... 21
4.5 Propostas para o aumento da competitividade........................................................................... 21
5. MONITORAMENTO DO DESEMPENHO DAS EMPRESAS SIGNATÁRIAS DO
CONTRATO DE COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA GRÁFICA NO ES ................................ 23
5.1 Caracterização das empresas .................................................................................................... 23
5.2 Perfil da mão de obra .................................................................................................................. 24
5.3 Perfil do mercado interno e externo ............................................................................................ 25
5.4 Desempenho das empresas ....................................................................................................... 26
5.5 Fatores associados à competitividade ........................................................................................ 28
5.6 Inovação ...................................................................................................................................... 28
6. CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 30
7. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 31
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APRESENTAÇÃO
O Sesi/Senai/ES por meio de sua Gerência Executiva de Economia Criativa, e
do Ideies (Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito
Santo) é responsável pelo apoio à Federação das Indústrias do Espírito Santo -
FINDES em questões estratégicas voltadas para as áreas de competitividade e
de defesa de interesses da indústria capixaba, além das ações referentes aos
assuntos legislativos, ao desenvolvimento regional do Espírito Santo e ao
crescimento das micros, pequenas e médias empresas.
A entidade atua na estruturação de informações técnicas de interesse da
indústria capixaba, com foco em inteligência competitiva, como este estudo,
que tem o objetivo de atender contrapartida do Contrato de Competitividade
firmado entre os Sindicatos das Indústrias do setor Gráfico e o Governo do
Estado do Espírito Santo, de enviar à SEDES anualmente a análise da
competitividade dos setores industriais contemplados.
A Análise de Competitividade do Setor da Indústria Gráfica do Estado do
Espírito Santo 2015 tem como foco a formação de um panorama do setor que
permita a avaliação e o monitoramento da sua capacidade de competir em
âmbitos local, nacional e internacional. Inicialmente, para contextualizar a
cadeia global de valor da indústria gráfica, fez-se um breve levantamento a
cerca da conjuntura mundial e das características estruturais desta cadeia,
apontando os diversos níveis de ganhos qualitativos de valor ao longo das
diversas etapas do processo produtivo global.
Para acompanhar sistematicamente os níveis de competitividade foi elencado
um conjunto de indicadores econômicos capazes de refletir os níveis de
desempenho e de concorrência dos setores estudados e que, por sua
disponibilidade, podem ser acompanhados ao longo do tempo. Expostos em
painel, estes indicadores serão, a partir de agora, monitorados anualmente
facilitando a análise crítica da variação da capacidade concorrencial e de
sustentabilidade da indústria. As variáveis que formam o “Painel de
Indicadores de Monitoramento da Competitividade Setorial” referem-se à
produção, consumo, mix de produtos, valor da transformação, crescimento do
número de empresas e empregos e ao resultado da balança comercial.
Em complementação à analise do desempenho medido pelos indicadores
selecionados, promoveram-se fóruns de discussão dos setores industriais por
meio da realização de grupos focais com os empresários e representantes de
entidades de promoção do desenvolvimento industrial no estado. Desta
pesquisa qualitativa originou-se a análise de “Percepção empresarial da
competitividade da indústria gráfica no ES.” Os fatores de competitividade,
internos às empresas, que orientaram a discussão e que serão abordados
4
nesta análise foram: Alianças Estratégicas, Capital Humano, Confiabilidade,
Conhecimento, Custo, Fatores Culturais, Flexibilidade, Inovação, Qualidade,
Rapidez, Relacionamento com Clientes, Responsabilidade Social, Sistemas de
Controle, Técnicas de Produção e Tecnologias da Informação e Comunicação.
Dentre os fatores externos ou sistêmicos, foram analisadas questões referentes
ao ambiente macroeconômico, à disponibilidade e tipo de crédito, ao custo de
financiamentos, à infraestrutura econômica, infraestrutura técnica, científica e
educacional e à tributária. A proposta foi solicitar ao empresariado uma
avaliação da conjuntura atual do setor e as perspectivas de desempenho em
2015.
Este documento também é composto por um “Diagnóstico empresarial para
subsídio ao contrato de competitividade do setor gráfico do ES” que
buscou identificar as ações e resultados do conjunto das empresas signatárias
do Compete. Para tanto levantou informações relacionadas ao desempenho
econômico e de mercado, à manutenção e/ou criação de novos empregos, à
qualificação profissional, investimentos em inovação e tecnologia, em saúde e
segurança do trabalhador e ações de sustentabilidade socioambiental.
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1. ESTRUTURA DA CADEIA DE VALOR DA INDÚSTRIA GRÁFICA
1.1 Cadeia de valor da indústria gráfica
A indústria gráfica no Brasil compreende uma gama variada de empresas,
abrangendo desde pequenos estabelecimentos até empresas com estrutura e
processos produtivos tipicamente industriais. Essas empresas atuam em
segmentos distintos, utilizando-se de vários tipos de materiais, com as mais
diversas finalidades.
A maior parte dos serviços gráficos usa papel ou cartão como suporte, sendo
freqüente, também, a impressão sobre plásticos e metais e, em menor escala,
vidro e tecidos. Essa diversidade torna complexa a tarefa de agregar
informações sobre o setor, uma vez que as diversas associações de classe
existentes agrupam conjuntos de empresas/informações com numerosas
duplicações e interseções.
A cadeia produtiva da indústria gráfica conta com diversas fontes de insumos.
Na caracterização, destacam-se como principais fornecedores as indústrias de
papel, indústria de embalagens, máquinas e equipamentos e de outros
insumos, como tintas, reveladores e solventes. A Figura 1 representa a cadeia.
Figura 1: Cadeia produtiva do setor gráfico
COMPONENTES
LIVROS
PLÁSTICO
ELETRÔNICA
INDÚSTRIA
GRÁFICA
BRASILEIRA
BORRACHA
MAQUINAS
MAT. PRIMA (Celulose/Papel)
INSUMOS (Ind. Química: tintas, vernizes, solventes, etc)
MEIO AMBIEN
TE
POLÍTICA NACIONAL DE RES. SÓLIDOS
REVISTAS
JORNAIS
EMBALAGENS
IMPRESSOS
PROMOCIONAIS
MAT. ESCOLAR
E OUTROS
Árvore
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Fonte: Abigraf /Elaboração: Ideies
2. PANORAMA DA INDÚSTRIA GRÁFICA NO MUNDO
2.1 Produção Gráfica Mundial
Segundo a empresa de investigação de mercado Pira Smithers, a produção
mundial de produtos gráficos em 2013 foi de aproximadamente U$897 bilhões
(gráfico 1), com destaque para o setor de impressão gráfica que corresponde a
57% deste mercado. Detalhando melhor a indústria gráfica mundial, os
segmentos estão bem distribuídos, sendo a impressão de segurança que
possui somente 6% do mercado.
Gráfico 1: Mercado Global de Impressão Gráfico 2 : Segmentação Mercado Gráfico (em bi U$)
Gráfico 3: Mercado Global de Impressão(em bi U$) Gráfico 4: Mercado Global por Região
Fonte: PIRA: The Future of Global Printing to 2018 Elaboração: Ideies/Findes
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O consumo global do mercado de impressão está segmentado em Impressão
de embalagens (U$388bi) e impressão gráfica (US$509bi) (gráfico 3) com a
participação de 73% dos países da Europa e Ásia (gráfico 4).
Gráfico 5: Projeção da Indústria de Impressão Global até 2018
De acordo com o estudo feito pela Pira Smithers, a projeção é que até o ano de
2018 este mercado chegue ao total de US$1 trilhão (gráfico 5). No gráfico 6,
pode-se observar a projeção em valor por região geográfica até o ano de 2018,
com destaque para regiões em desenvolvimento, como Ásia e America Latina.
Gráfico 6: Projeção da Indústria de Impressão Global até 2018 ( em %)
Fonte: PIRA: The Future of Global Printing to 2018 Elaboração: Ideies/Findes
Fonte: PIRA: The Future of Global Printing to 2018 Elaboração: Ideies/Findes
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3. PAINEL DE INDICADORES DE MONITORAMENTO DA
COMPETITIVIDADE
3.1.1 Número de empresas e empregados no Brasil
Utilizando o critério de classificação do IBGE para classificação do porte das
indústrias pelo número de empregados (tabela 1), o setor reúne mais de 20,7
mil empresas, das quais 98,6% são empresas de micro e pequeno porte, em
todo o território nacional e emprega cerca de 213 mil pessoas (gráfico 7).
Gráfico 7: Distribuição por porte das indústrias gráficas - 2014
Tabela 1: Classificação do porte por número de empregados
Porte N° de empregados
Micro com até 19 empregados
Pequena de 20 a 99 empregados
Média 100 a 499
Fonte: PIRA: The Future of Global Printing to 2018 Elaboração: Ideies/Findes
Fonte: PIRA: The Future of Global Printing to 2018 Elaboração: Ideies/Findes
Fonte: MTE/ABIGRAF Elaboração: IDEIES
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Grande mais de 500 empregados
Fonte: IBGE
3.1.2 Produção do Setor
Tabela 2: Produção da Indústria Gráfica no Brasil
Indústria Gráfica Brasileira 2012 2013 2014
Produção Industrial Valores nominais: preços correntes
R$44,4 bi R$ 45,4 bi R$45,8 bi
Variação da produção física -4,60% -3,20% -2,0%
Fonte: IBGE/PIA/PIM-PF. Cálculo de estimativas: DECON/ABIGRAF OBS: Em função do aprimoramento metodológico promovido pelo IBGE, com revisão das séries históricas de produção
industrial a partir de 2012,houve alteração das estimativas.
De acordo com dados apresentados pela ABIGRAF – Associação Brasileira da
Indústria Gráfica em seu relatório anual, o valor da produção do setor gráfico chegou a
R$45,8 bilhões em 2014 (tabela 2).
Gráfico 8: Produção Física Industrial
A produção física da indústria gráfica vem sofrendo quedas desde 2012, sendo
que em 2014 apresentou redução de 2,0% (gráfico 8).
10
Gráfico 9: Segmentos da Indústria Gráfica Brasileira
Dentre os principais segmentos da indústria gráfica estão as embalagens
(40%), as publicações (29,2%) e em seguida os impressos promocionais
(9,8%) (gráfico 9).
3.1.3 Balança Comercial Brasil
Gráfico 10: Balança Comercial Brasileira
Fonte: MDIC. Elaboração: ABIGRAF
Fonte: IBGE/PIA/PIM-PF/FGV Elaboração: ABIGRAF
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No ano de 2014, as exportações diretas do setor de embalagem tiveram um
faturamento de US$ 289,6 milhões, valor que representa um crescimento de
3,5% em relação ao ano de 2013. As importações tiveram uma retração de
10% no ano de 2014 na comparação com o ano de 2013, movimentando um
total US$ 493 milhões (gráfico 10).
Gráfico 11:Exportações por segmento gráfico em 2014(%) Gráfico 12:Destino das exportações em 2014(%)
Os segmentos de embalagens e o de cartões representam, respectivamente, 38,5% e 32,9% das exportações do mercado gráfico brasileiro (gráfico 11). Dentre os principais compradores do produto gráfico nacional em 2014, estiveram Estados Unidos com 13%, Venezuela com 11%, e Uruguai com 8% (gráfico 12).
Gráfico 13: Importações por segmento gráfico em 2014 (%) Gráfico14: Origem das importações em 2014 (%)
Fonte: MDIC. Elaboração: ABIGRAF
Fonte: MDIC. Elaboração: ABIGRAF
12
As importações de itens gráficos beneficiaram principalmente as indústrias da China (24,8%), dos Estados Unidos (19,4%), Suíça (7,6%) e Espanha (7,5%) (gráfico 13). Editoriais (36,5%), embalagens (21,7%) e cartões (20,7%) estão dentre os principais segmentos que são importados destes países (gráfico 14). 3.1.4 Investimentos da Indústria Gráfica
Os investimentos realizados pela indústria gráfica ao longo dos anos têm
sofrido consecutivas quedas, sendo que no ano de 2014 alcançou uma
redução de 17% (gráfico 15). Gráfico 15: Investimentos da indústria gráfica (US$ milhões)
3.2 Espírito Santo
3.2.1 Número de Empresas por porte
Gráfico 16: Evolução de empregos e empresas da indústria gráfica e por porte - 2013
13
O estado reúne 376 empresas do setor gráfico (gráfico 16), das quais todas
são empresas de micro e pequeno portes, conforme o critério de classificação
do IBGE (tabela 1, pag. 08).
3.2.2 Balança Comercial Espírito Santo
Gráfico 17: Balança Comercial - ES
Fonte: MTE/ABIGRAF Elaboração: IDEIES
14
Gráfico 18: Exportação/Importação por segmento
O setor gráfico no estado do Espírito Santo não possui tradição em exportação
dos seus artigos em função do preço praticado no mercado das matérias-
primas serem cotadas em dólar, o que inviabiliza transações externas (gráfico
Fonte: AliceWeb/MDIC. Elaboração: Abigraf
15
17), sendo o segmento de material promocional o único segmento que
apresenta exportação no valor total de US$2.528 mil. Em contrapartida alguns
itens são importados, como alguns tipos de embalagens, cartões e etiquetas
(gráfico 18).
3.2.3 Faturamento Total do Espírito Santo - Impressão e Reprodução
Como forma de ilustrar e sinalizar tendências do setor de embalagens no
estado foram inseridos dados da pesquisa Indicadores Industriais que são
definidas de acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas,
versão 2.0 (CNAE 2.0), enquadrando-se a unidade de investigação em um
setor de atividade conforme o seu principal produto, em termos de faturamento.
Gráfico 19: Faturamento Total do ES
No ano de 2014 houve um aumento na variação do faturamento do setor de
impressão e reprodução em 17,3% e no acumulado 2015 já apresenta uma
variação de 9,7% (Gráfico 19).
3.2.4 Massa Salarial no ES - Impressão e Reprodução
Gráfico 20: Massa Salarial no ES
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No ano de 2014 a massa salarial apresentou uma variação positiva de 5,8% e
no 1º semestre de 2015 apresenta uma variação negativa em 31,7% para as
indústrias de impressão e reprodução (gráfico 20).
3.2.5 Produtividade e Custo do Trabalho no ES - Impressão e Reprodução
Gráfico 21: Produtividade e Custo do Trabalho no ES
A produtividade das indústrias de impressão e reprodução apresentou uma
variação positiva de 14,2% em 2014 e 16,3% já no 1º semestre de 2015, em
17
contrapartida o custo do trabalho tem caiu 7,4 % em 2014 e 41,3% no
fechamento do 1º semestre (gráfico 21).
3.2.6 Horas Trabalhadas na Produção no ES - Impressão e Reprodução
Gráfico 22: Horas Trabalhadas na Produção no ES
3.2.7 Utilização da Capacidade Instalada no ES Impressão e Reprodução
Gráfico 23: Utilização da Capacidade Instalada no ES
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4. PERCEPÇÃO EMPRESARIAL DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA GRÁFICA NO ESPÍRITO SANTO
4.1 Mecanismos de concorrência do setor gráfico
Cenário Atual:
- A rentabilidade do setor que estava em queda em 2014, está ainda menor
em 2015, visto que o aumento do dólar tem impacto direto nos custos, pois
os insumos, que na sua maioria são importados, tiveram elevação dos
preços, no entanto, as empresas têm dificuldade de repasse de tais custos
para o preço final do produto.
- A diminuição nas tiragens e o aumento da concorrência já estão afetando a
produção.
- Sem perspectiva de novos investimentos para o setor. Somente
investimentos extremamente necessários serão concretizados.
- No momento o setor não cogita demissão, mas há uma mobilização para
ações que minimizem os custos de manutenção da mão de obra, como por
exemplo, antecipação de férias.
“A nossa mão de obra é difícil de formar. Não podemos sair demitindo.
Neste momento de crise, estamos cortando toda nossa gordura, mas
não vamos demitir”.
- Dentre as estratégias para redução de custos estão ações de melhoria
contínua de processos, busca de alternativas para economizar energia
elétrica e de aumento da produtividade.
- É elevada a importância de retenção e qualificação da mão de obra para
produção de trabalhos com maior valor agregado que proporciona um maior
retorno financeiro.
Concorrência:
- O setor compete por meio de menor preço do mercado, principalmente
quando o mercado está com baixa demanda. No entanto em alguns
segmentos a capacidade de competir esta relacionada à tecnologia,
qualidade e inovação.
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“O cliente quer de você o preço, mas também a qualidade. O setor
gráfico tem dois pensamentos: um que é focado na qualidade, somos
artistas gráficos e outro focado em volume, quanto mais volume mais
resultados pra empresas.”
- A margem de lucro das empresas do setor vem caindo ao longo dos anos,
com vários fatores contribuindo para esta queda, dentre eles está o aumento
da concorrência com a China, aumento dos preços dos insumos, carga
tributária muito alta, aumento dos salários acima da inflação e por fim a falta
da capacitação do empresário em gestão.
- Para alguns trabalhos específicos, como por exemplo, a prestação de
serviços para impressão de grandes tiragens de revistas, o mercado
capixaba não consegue atender porque não consegue concorrer com um
custo atrativo e no prazo adequado de atendimento às necessidades dos
clientes. Nesse caso, os clientes optam pela produção em outros estados
como RJ, MG e SP.
Inovação:
- Dentre as principais características para o sucesso de uma empresa do
setor estão os investimentos em equipamentos de última geração,
compatível com as melhores gráficas nacionais e até internacionais,
processos produtivos e um sistema que garanta a qualidade dos produtos.
“Em algumas gráficas aqui no estado, temos máquinas que são de
padrão europeu. Podem ser consideradas top de linha lá fora.”
“Os equipamentos que compramos recentemente vieram do Japão, de
última geração para entregar um produto de altíssima qualidade.”
4.2 Mercados a que se direcionam os produtos da cadeia produtiva
Mercado Consumidor:
- O setor gráfico é bastante pulverizado e os padrões de consumo são
voltados para as empresas regionais conhecidas. O principal destino da
produção, segundo os empresários, é o mercado interno do ES, com
algumas empresas produzindo para os estados de SP, RJ e MG.
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4.3 Posição atual da indústria no mercado – doméstico ou internacional
– desempenho, vantagens e desvantagens competitivas.
Vantagens Competitivas:
- Uma das vantagens das indústrias capixabas é que o governo do estado tem
sido um grande parceiro sobre o entendimento da aplicação da lei sobre a
emissão fiscal das empresas, o que não tem sido uma realidade para
empresas de outros estados.
“Este cenário já está bem definido. Os últimos governos sempre nos
apoiaram.”
- O benefício fiscal do Compete para a comercialização de embalagens,
etiquetas, rótulos etc. para outros estados, foi outra vantagem citada, o que
torna as empresas mais competitivas.
- Outra vantagem competitiva com relação a outros estados é a proximidade
com os fornecedores que, aliado ao volume negociado, garante uma
redução dos custos de produção.
- Também é vantajoso, o acesso ao crédito, inclusive para as empresas
localizadas no interior com várias linhas de financiamentos, tornando os
investimentos em novas tecnologias mais viáveis nos dias atuais.
Desvantagens Competitivas:
- Uma desvantagem para a competitividade do setor capixaba é que, pelo fato
do mercado ter um demanda que não suporta grandes volumes, as
empresas não conseguem se segmentar (especializar). Portanto, para
trabalhos mais específicos, as indústrias locais concorrem com empresas
mais especializadas de outros estados como, por exemplo, para trabalhos
de acabamento.
- Outras dificuldades apontadas pelos empresários foram a carga tributária e a
escassez de mão de obra especializada. Em alguns casos, a mão de obra
precisa vir de fora do estado o que onera os custos de produção ou ser
formada dentro da própria empresa.
- Há bastante informalidade no setor acirrando a concorrência e afetando os
ganhos de lucratividade.
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“Tem empresas por aí que tem 5 a 6 CNPJ’s. Eles vão trocando o CNPJ
e não pagam os encargos. Nas concorrências os preços ficam desleais,
eu pago 20% de encargos e o outro sonega.”
- As gráficas capixabas adquirem matéria prima e insumos de grandes
empresas (multinacionais) fornecedoras que dominam a cadeia dificultando
as negociações dos preços dos produtos às indústrias. Com a alta do dólar,
fica difícil o repasse para o preço final, já que preço é um fator decisivo para
a competitividade do setor.
- Quanto à qualificação que é oferecida ao colaborador, segundo os
empresários, é feita majoritariamente na empresa e a retenção desta mão de
obra já qualificada é difícil. O SENAI oferecia um curso técnico de dois anos
na área gráfica, mas foi extinto devido à ausência de demanda.
- A ausência de planejamento afeta a dinâmica das empresas gráficas. Muitos
trabalhos são solicitados de última hora e as empresas precisam se adaptar
para responder às demandas e, em muitos casos, levando ao aumento dos
custos de produção.
4.4 Análise dos instrumentos de incentivo à competitividade existentes
(Compete, isenções fiscais e outros).
- O Compete-ES é um programa que contribui positivamente para a
competitividade das empresas que estão no contrato com relação a outros
estados, reduzindo a alíquota do imposto para equipamentos cujos NCM´s1
estão incluídos na lista aceita pela Sedes. Outra contribuição do programa é
o incentivo fiscal de produtos vendidos em outros estados como
embalagens, etiquetas, rótulos etc.
- O CompeteES é fundamental para a indústria gráfica, sem o mesmo o
cenário de mercado seria menos competitivo e muito mais difícil de ser
enfrentado.
4.5 Propostas para o aumento da competitividade
1 NCM significa "Nomenclatura Comum do Mercosul" e trata-se de um código de oito dígitos estabelecido pelo Governo Brasileiro para identificar a natureza das mercadorias e promover o desenvolvimento do comércio internacional, além de facilitar a coleta e análise das estatísticas do comércio exterior.
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- Há uma grande dificuldade em mobilizar os pequenos empresários. Várias
ações já foram realizadas pelo sindicato nesse sentido como a oferta de
software de gestão gratuita, palestras e workshops para mostrar a
importância de investimento em novos processos etc.
Outras ações apontadas pelos empresários foram:
Investimento em processos de gestão e em novas tecnologias
(equipamentos mais modernos);
Investimentos em qualificação de mão de obra, através de parceria com o
SENAI (unidade móvel do setor gráfico);
Buscar novos mercados e novos produtos;
Estabelecer alianças estratégicas;
Melhorar os trâmites para inclusão de novos NCM’s no contrato do
Compete ES, pois a demora acaba prejudicando os prazos dos projetos.
O governo deveria repensar as políticas de incentivos a indústria, pois não
há um cenário que favorece a indústria no Brasil, sendo muitas vezes a
importação.
Investir em programas de certificação de qualidade ou de atestado de
capacidade técnica emitidos pelo sindicato que poderiam ser solicitados
pelo governo nos pregões. Isso aumentaria, em tese, a qualidade dos
produtos ofertados no mercado e contribuiria para aumento da qualidade no
setor como um todo, além de reduzir um número de fraudes nos pregões.
23
5. MONITORAMENTO DO DESEMPENHO DAS EMPRESAS SIGNATÁRIAS DO CONTRATO DE COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA GRÁFICA NO ES
A análise apresentada neste estudo possui como fonte a pesquisa quantitativa,
elaborada e realizada pelo Ideies. A coleta de dados foi realizada por meio de
questionário eletrônico no mês de maio de 2015, junto as 19 empresas que
participam do Contrato de Competitividade firmado entre o Governo do estado
e o Setor das Indústrias Gráficas do Espírito Santo.
5.1 Caracterização das empresas
As empresas responderam que o principal ramo de atividade é a impressão e a
pré-impressão que correspondem, respectivamente, a 72,0% e 67,0%. Pós-
impressão com 44%, conforme gráfico (gráfico 24).
Gráfico 24: Ramo principal de atividade
6%
72%
44%
67%
Fab Emb Papel
Impressão
Pós-impressão(acabamento)
Pré-impressão
Fonte: Pesquisa do Setor Gráfico/Ideies
24
5.2 Perfil da mão de obra
Em 2014, quanto ao número de empregados com carteira assinada, as
empresas pesquisadas contavam com 1249 pessoas registradas, resultado 8%
superior ao ano de 2013. (gráfico 25)
Gráfico 25: Empregados
Em relação à escolaridade dos empregados dessas empresas, observou-se a
predominância do nível médio (59%). Já os níveis fundamental e técnico
representam 18,9% e 12,6% respectivamente. (gráfico 26)
As empresas quando questionadas sobre o que falta no seu quadro de
pessoal, afirmaram que há carência de mão de obra voltada para impressão
gráfica, tecnólogo gráfico, ambos com 30%. (gráfico 27).
Gráfico 26: Escolaridade dos empregados Gráfico 27: Falta de pessoal
1.189
1.153
1.249
2012 2013 2014
Número de Empregados
-3,0%8,0%
Fonte: Pesquisa do Setor Gráfico/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor Gráfico/Ideies
25
5.3 Perfil do mercado interno e externo
Quanto aos canais de venda de seus produtos, 47% das empresas destinam
suas vendas para o consumidor final, enquanto 26% das empresas vendem
para outras indústrias e 15% para distribuidor e apenas 12% para atacado
(gráfico 28).
Gráfico 28: Canais de Vendas
Referente ao destino das vendas, 61% das empresas pesquisadas
comercializam seus produtos para o Espírito Santo e para outros estados.
Outros 33% comercializam os produtos somente para outros estados e 6%
exportam seus produtos para outros países (gráfico 29).
Gráfico 29: Destinação das Vendas
12%
15%
26%
47%
Atacado
Distribuidor
Outras indústrias
Consumidor final
Vendas dos produtos
Para o Espírito Santo e outros
estados61%
Somente para o
Espírito Santo33%
Para outros países; 6%
Fonte: Pesquisa do Setor Gráfico/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor Gráfico/Ideies
26
As empresas quando questionadas quais os estados concorrem com o Espírito
Santo no seu ramo de atuação, apresentaram São Paulo (47%) como o
principal estado concorrente, seguidos do Rio de Janeiro e Minas Gerais (27%)
(gráfico 30).
Quando questionadas quais os países mais concorrem com o Espírito Santo,
as empresas apontaram a China (44%) como principal país concorrente.
(gráfico 31)
Gráfico 30: Estados concorrentes Gráfico 31: Países concorrentes
5.4 Desempenho das empresas
Em 2014 as empresas signatárias do Compete informaram o faturamento de
R$210,9 milhões, valor 11% superior ao registrado em 2013 (Gráfico 32).
Gráfico 32: Faturamento (R$)
191.581.868 189.282.396
210.987.970
2012 2013 2014
11%
-1%
Fonte: Pesquisa do Setor Gráfico/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor Gráfico/Ideies
47%
27% 27%
São Paulo Minas Gerais Rio de Janeiro
Estados Concorrentes
27
Para 94% das empresas pesquisadas o faturamento cresceu quando
comparado ao ano de 2013.
Quanto à justificativa para o crescimento do faturamento, 41% das empresas
pesquisadas responderam que foi proveniente ao aumento das vendas, 18%
afirmaram que o aumento foi em virtude da diferenciação do produto e 18% foi
em decorrência dos incentivos tributários e fiscais. (gráfico 33)
Gráfico 33: Justificativa do crescimento faturamento
Quando questionadas sobre o custo total, 88% das empresas apresentaram
crescimento em comparação ao ano anterior (gráfico 34). O crescimento foi
justificado pela elevação do custo de matéria prima e elevação do custo de
mão de obra, ambos com 39% e 35% das respostas respectivamente. (gráfico
35)
Gráfico 34: Crescimento do custo total Gráfico 35: Justificativa do crescimento do custo total
6%
17%
22%
22%
33%
Redução dainadimplência
Elevação dospreços
Diferenciação doproduto
Fortalecimento damarca
Aumento dasvendas
Crescimento do faturamento
Fonte: Pesquisa do Setor Gráfico/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor Gráfico/Ideies
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5.5 Fatores associados à competitividade
O gráfico 37, a seguir, apresenta os fatores que contribuem para a
competitividade do setor gráfico. Um conhecimento de marca e design de
produto passou a serem considerados os fatores de maior importância para a
competitividade em 2014.
Gráfico 37: Fatores de competitividade
5.6 Inovação
As empresas do setor não têm investido em inovação: em 2014, 65% das
empresas não desenvolveram novos produtos (gráfico 38). Quando
questionadas se existe um setor específico para o desenvolvimento de novos
produtos, 59% das empresas responderam que sim. Quanto ao setor dentro da
empresa responsável pelo desenvolvimento, 24% das empresas afirmaram ser
o setor comercial (gráfico 39).
Gráfico 38: Desenvolvimento de novos produtos Gráfico 39: Setor responsável
Fonte: Pesquisa do Setor Gráfico/Ideies
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Pode-se destacar que 41% das empresas não desenvolvem novos produtos e
29% realizam o desenvolvimento internamente. (gráfico 40)
Gráfico 40: Origem de novos produtos
Somente 35% das empresas pesquisadas investiram em novos processos em
2014. O investimento para 53% das empresas foi de 0,1 a 5% da receita e para
18% foi maior de 5,1% a 10% da receita. (gráfico 41)
Gráfico 41: % de investimento em novos processos
53%
6%
18%de 0,1 a 5%
de 5,1 a 10%
de 10,1 a 20%
Fonte: Pesquisa do Setor Gráfico/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor Gráfico/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor Gráfico/Ideies
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6. CONCLUSÃO
Apesar das empresas relatarem que a competição é acirrada, pode-se concluir
que a realização de ações, como: melhoria da capacitação gerencial, soluções
tecnológicas mais flexíveis e completas; capacidade de atrair e manter mão de
obra qualificada e o aperfeiçoamento da criação de novos produtos agregam
qualidade e eficiência ao negócio, além de promover maior satisfação dos
clientes.
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7. REFERÊNCIAS
Cruz-Moreira, J.R (2003). Industrial Upgranding nas cadeias produtivas globais:
reflexões a partir da indústria têxtil e do vestuário de Honduras e do Brasil.
Tese de Doutorado. 2003. 228p. Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo. Departamento de Engenharia de Produção. São Paulo.
Números da Indústria Gráfica Brasileira 2014 – ABIGRAF – Associação Brasileira da Indústria Gráfica. http://www.smitherspira.com/news/2015/march/global-market-for-industrial-packaging-is-forecast, acessado em 20/05/2015 http://www.ey.com/Publication/vwLUAssets/Unwrapping_the_packaging_industry_%E2%80%93_seven_factors_for_success/$FILE/EY_Unwrapping_the_packaging_industry_-_seven_success_factors.pdf, acessado em 27/05/2015 http://www.institutodeembalagens.com.br/clippings/5268fa6bcfe5f.pdf, acessado em 27/05/2015 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Secretária do Comércio Exterior. Sistema de Análise das Informações de
Comércio Exterior via Internet: ALICEWEB
Pavitt, K. (1984). Sectoral patterns of technical change: towards a taxonomy
and a theory. Research Policy, 13(6), 343-373.
Porter, M. E. (1996). Estratégia competitiva. Rio de Janeiro: Campus.