ANÁLISE DE UMA CAMADA DE SOLO COMPACTADO SOBRE … · de recalque, também conhecido como módulo...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo NELSON LOPES DA FONTE JUNIOR ANÁLISE DE UMA CAMADA DE SOLO COMPACTADO SOBRE SOLO POROSO TÍPICO DA REGIÃO DE CAMPINAS OBJETIVANDO SUA UTILIZAÇÃO COMO SUPORTE DE PISOS INDUSTRIAIS CAMPINAS 2016

Transcript of ANÁLISE DE UMA CAMADA DE SOLO COMPACTADO SOBRE … · de recalque, também conhecido como módulo...

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

NELSON LOPES DA FONTE JUNIOR

ANÁLISE DE UMA CAMADA DE SOLO

COMPACTADO SOBRE SOLO POROSO TÍPICO DA

REGIÃO DE CAMPINAS OBJETIVANDO SUA

UTILIZAÇÃO COMO SUPORTE DE PISOS

INDUSTRIAIS

CAMPINAS 2016

NELSON LOPES DA FONTE JUNIOR

ANÁLISE DE UMA CAMADA DE SOLO

COMPACTADO SOBRE SOLO POROSO TÍPICO DA

REGIÃO DE CAMPINAS OBJETIVANDO SUA

UTILIZAÇÃO COMO SUPORTE DE PISOS

INDUSTRIAIS

Dissertação de Mestrado apresentada a

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura

e Urbanismo da Unicamp, para obtenção do

título de Mestre em Engenharia Civil, na

área de Estruturas e Geotécnica.

Orientador: Prof. Dr. David de Carvalho

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA

DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO NELSON LOPES DA

FONTE JUNIOR E ORIENTADO PELO PROF. DR. DAVUD DE

CARVALHO.

ASSINATURA DO ORIENTADOR

_______________________________________

CAMPINAS 2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E

URBANISMO

ANÁLISE DE UMA CAMADA DE SOLO COMPACTADO

SOBRE SOLO POROSO TÍPICO DA REGIÃO DE CAMPINAS

OBJETIVANDO SUA UTILIZAÇÃO COMO SUPORTE DE

PISOS INDUSTRIAIS

NELSON LOPES DA FONTE JUNIOR

Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Prof. Dr. David de Carvalho Presidente e Orientador/FEAGRI-UNICAMP

Prof. Dr. Armando Lopes Moreno Junior FEC-UNICAMP

Prof. Dr. João Alexandre Paschoalin Filho UNINOVE

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Campinas, 12 de Dezembro de 2016

Dedicatória A Deus, aos meus pais, a minha esposa e filhos.

AGRADECIMENTOS

É com grande alegria que registro minha gratidão a algumas pessoas que sem elas

esse trabalho não chegaria se quer a metade.

Agradeço primeiramente a Deus, onde faço questão de expressar minha fé Nele na

perspectiva de Seu Filho Jesus, Senhor e Salvador meu. Creio que sua ajuda se deu

grandemente através de pessoas especiais que me ajudaram nessa jornada.

A principal pessoa a me ajudar foi meu orientador, Professor David de Carvalho,

que demonstrou grande paciência e me deu total condição de concluir o trabalho mesmo

exercendo minhas atividades profissionais em cidades distantes de Campinas.

À minha esposa Camila, por sua compreensão e apoio incondicional, em especial

nos meses que antecederam à defesa.

Ao meu pai por inúmeras vezes me emprestar seu carro para eu poder cumprir

meus compromissos na UNICAMP, viabilizando as viagens entre Mogi das Cruzes e

Campinas.

À minha mãe por seus cafés, orações, carinho e apoio em todo tempo.

Ao meu amigo e parceiro profissional Vanderlino Alves, por sua ajuda na

realização de ensaios de campo.

Aos colegas Paulo Gustavo Krejci do laboratório da FEAGRI, Juliana Silva e Iago

Leandro dos Santos, pelo grande apoio na realização de ensaios de campo e de laboratório.

RESUMO

O conhecimento do comportamento de uma laje de concreto apoiada sobre solo é

importante para diferentes aplicações na engenharia. Para seu adequado dimensionamento é

necessário considerar as diferentes formas de carregamentos, a resistência do concreto, e a

deformabilidade dos materiais que servem como suporte para a laje. Neste trabalho é estudada

a influência da deformabilidade do solo no dimensionamento de pisos industriais, sendo os

resultados e análises aplicáveis também em pavimentos rígidos de concreto e em fundações

do tipo radier. A deformabilidade do solo é comumente considerada através de seu coeficiente

de recalque, também conhecido como módulo de reação vertical, ou coeficiente de mola.

Obtiveram-se diferentes valores deste parâmetro para representar diferentes situações de

suporte variando a espessura de solo compactado, utilizando-se provas de carga sobre placa,

ensaios triaxiais e CBR. O dimensionamento do piso é feito utilizando métodos clássicos e

modelos computacionais em elementos finitos. O local de estudo é o Campo Experimental da

Feagri, Universidade Estadual de Campinas, constituindo-se o subsolo de uma camada

superficial de argila siltosa não saturada, de alta porosidade, originária de diabásio. A

influência da camada de solo compactado é avaliada, visto que o solo da região estudada tem

suas propriedades mecânicas fortemente melhoradas através da compactação. Observou-se

que para cargas concentradas, como a de veículos, o coeficiente de recalque não influi muito

no dimensionamento do piso. Para o caso de carregamento distribuído, a influência é bem

maior. A execução de uma camada de solo superficial compactado se mostrou importante

para pisos construídos no solo estudado.

Palavras-chave: Pisos, radier, laje sobre solo, coeficiente de mola e módulo de reação

vertical.

ABSTRACT

To know the behavior of a slab on ground is important for different appliactions in

engineering. For an adequate design, is necessary to consider the different types of loading,

concrete strength, and the deformability of the materials that are used in the support of the

slab. In this paper, the influence of the soil deformability in the industrial floors design is

studied. The results are also applicable for rigid pavements and slab on ground of buildings

(radier). Commonly, the soil deformability is considered using the modulus of subgrade

reaction (k). The results show different values of k to represent different support conditions,

varying the thickness of compacted soil layer, using plate load tests, tri-axial tests and CBR.

Industrial floors design is made by classic methods and computational models using the

Method of Elements Finite. The study was conducted at the experimental site located at

Feagri, in the State University of Campinas - Unicamp, in the municipality of Campinas, State

of São Paulo. The soil in the region under analysis comprises a layer of highly porous sandy

clay of residual diabase. The compacted soil influence is analyzed, considering the studied

soil has its mechanical properties strongly improved by compaction. For concentrated load, as

vehicles, the modulus of subgrade reaction does not affect strongly industrial floor design. For

distributed load, the influence is much higher. The construction of a superficial compacted

soil layer is important for industrial floors constructed on the soil studied.

Key-words: Industrial floors, radier, slab on ground, modulus of subgrade reaction.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Crescimento do número de laser screed (FREITAS, 2013)..................................19

Figura 1.2: Laje sobre solo submetida a carga concentrada....................................................19

Figura 2.1: Piso com concreto simples....................................................................................26

Figura 2.2: Piso com armadura distribuída.............................................................................27

Figura 2.3: Piso estruturalmente armado................................................................................28

Figura 2.4: Piso reforçado com fibras.....................................................................................28

Figura2.5: Piso protendido.......................................................................................................29

Figura 2.6: Modelos para representação do solo (VELLOSO e LOPES, 2004).....................31

Figura 2.7: Diferentes respostas dos modelos (VELLOSO e LOPES, 2004).........................32

Figura 2.8: Modelo computacional de laje sobre molas (http://mail-b.uol.com.bt/cgi-

bin/webmail em 03/2016)........................................................................................................34

Figura 2.9: Prova de carga sobre placa (com base em figura do ACI 360R-06)....................35

Figura 2.10: Correlação CBR x K (RODRIGUES et al., 2006)..............................................37

Figura 2.11: Tabela de valores de referência (ACI 360R-06)................................................38

Figura 2.12: Zona de influência de cargas concentradas em placas (VELLOSO e LOPES,

2004).........................................................................................................................................42

Figura 2.13: Fatores µ0 e µ1: para cálculo de recalque imediato de sapata em camada argilosa

finita (JANBU, et al., 1956, apud CINTRA et al., 1998).........................................................43

Figura 2.14: Veículo reach stacker (http://en.wikipedia.org/wiki/reach_stacker em

12/06/2016)...............................................................................................................................45

Figura 2.15: Veículo empilhadeira (http://solucoesindustriais.com.br em 12/06/2016).........46

Figura 2.16: Área de contato composta por retângulos e semicírculos (YODER e WITZAK,

1975).........................................................................................................................................48

Figura 2.17: Eixo simples de rodagem dupla (RODRIGUES et al., 2006).............................48

Figura 2.18: Eixos de caminhões (OLIVEIRA, 2000)............................................................49

Figura 2.19: sistema drive-in ou drive-thru (http://www.jungheinrich.com.br em 10/2015)..50

Figura 2.20: Sistema push-back (http://www.jungheinrich.com.br em 10/2015)...................51

Figura 2.21: Sistema porta-paletes (http://www.jungheinrich.com.br em 10/2015)...............51

Figura 2.22: Configuração de apoio de um sistema porta-paletes (RODRIGUES et al.,

2006).........................................................................................................................................52

Figura 2.23: Exemplo de carga distribuída (http://pt.dreamsteam.com em 13/06/2016)......53

Figura 2.24: Armazenagem de bobinas de aço gerando cargas lineares

(http://aloanuncio.com.br em 13/06/2016)..............................................................................54

Figura 2.25: Empenamento de placa (SENÇO, 1997)............................................................55

Figura 2.26: Valores de C (SENÇO, 1997).............................................................................57

Figura 2.27: Estado limite governante em função da área de contato (adaptado de

PACKARD, 1996)....................................................................................................................60

Figura 2.28: Posição de carga concentrada sobre placa (RODRIGUES et al., 2006).............62

Figura 2.29: Ilustração do raio de rigidez (l) (OLIVEIRA, 2000)...........................................63

Figura 2.30: Efeito de cargas próximas (RODRIGUES et al., 2006)......................................64

Figura 2.31: Ábaco para carga na borda livre (LÖSBERG, 1961)..........................................69

Figura 2.32: Ábaco para carga no interior da placa (LÖSBERG, 1961).................................69

Figura 2.33: Ruína por punção de 2d da área de aplicação da força.......................................75

Figura 2.34: Ruína por punção na face da área de aplicação da força.....................................75

Figura 2.35: Espraiamento das tensões (PINTO, 2000)..........................................................78

Figura 2.36: Distribuição de tensões com profundidades (PINTO, 2000)..............................79

Figura 2.37: Tensão num posto no interior da massa (PINTO, 2000).....................................80

Figura 2.38: Tensões na vertical abaixo do ponto de carga (PINTO, 2000)...........................81

Figura 2.39: Definição dos parâmetros m e n (PINTO, 2000)................................................81

Figura 2.40: Aplicação da solução de Newmark para qualquer posição (PINTO, 2000)........82

Figura 2.41: Tensões verticais induzidas por carga uniformemente distribuídas em área

retangular (Solução de Newmark)............................................................................................83

Figura 2.42: Ábaco de Influência para cálculo da tensão vertical, num ponto à

profundidade.............................................................................................................................86

Figura 2.43: Exemplo de aplicação do ábaco dos “Quadradinhos”........................................87

Figura 2.44: Regiões do Brasil com potencial de ocorrência do perfil de Campinas

(GIACHETTI, 1991 adaptado por CURY FILHO, 2016)........................................................90

Figura 2.45: Conceito básico de recalque adicional devido ao colapso (JENNINGS e

KNIGHT, 1975)........................................................................................................................91

Figura 2.46: Vista aérea de um conjunto habitacional (VIDAL, 2012)..................................93

Figura 2.47: Danos devidos a recalques de fundação (VIDAL, 2012)....................................94

Figura 2.48: Curvas tensão-recalque para diferentes níveis de sucção (COSTA, 1999).........95

Figura 2.49: Localização do campo experimental da FEC (UNICAMP, Barão Geraldo,

Campinas-SP)............................................................................................................................96

Figura 2.50: Perfil geotécnico – valores médios (KSSOUF et al., 2016)...............................98

Figura 2.51: Perfil geológico da região da Unicamp (CURY FILHO, 2016 adaptado de

ZUQUETE, 1987).....................................................................................................................99

Figura 2.52: Mapa geológico simplificado de Campinas (SENNA e KAZZUO, 2010).......100

Figura 2.53: Mapa das províncias geológicas de Campinas (SENNA e KAZZUO, 2010)...100

Figura. 2.54: Resumo das resistências N (CARVALHO et al., 2004 apud CURY FILHO,

2016)................................................................................................................................101

Figura 2.55: Resumo das resistências Tmáx (CARVALHO et al., 2004 apud CURY FILHO,

2016)..............................................................................................................................102

Figura 2.56: Resumo das resistências Tres (CARVALHO et al., 2004 apud CURY FILHO,

2016).............................................................................................................................102

Figura 2.57: Resumo das resistências qc das sondagens de penetração estáticas

(CARVALHO et al., 2004 apud CURY FILHO, 2016).........................................................103

Figura. 2.58: Resumo das resistências fs das sondagens de penetração estáticas

(CARVALHO et al., 2004 apud CURY FILHO, 2016).........................................................103

Figura 2.59: Comportamento tensão-deformação de solo natural para 1º metro (GON,

2011).......................................................................................................................................105

Figura. 2.60: Variação do índice de vazios com acréscimo de pressão para solo compactado

(PASCHOALIN, 2002)...........................................................................................................106

Figura 2.61: Variação do índice de vazios com acréscimo de pressão para solo no estado

natural (PASCHOALIN, 2002)...............................................................................................106

Figura 2.62: Utilização de Sapatas em Solo Colapsível Compactado (adaptado de CINTRA

et al., 2003).............................................................................................................................108

Figura 3.1: Proteção contra intempéries................................................................................111

Figura 3.2: Esquema de montagem das provas de carga (NOGUCHI,

2012).......................................................................................................................................112

Figura 3.3: Vista da placa e nivelamento da cava com camada fina de areia........................112

Figura 3.4: Vista da montagem dos dispositivos de aplicação de carga................................113

Figura 3.5: Calibração da célula de carga..............................................................................113

Figura 3.6: Montagem dos relógios comparadores................................................................114

Figura 3.7: Perfil Típico do solo considerado nas análises utilizando teoria da

elasticidade..............................................................................................................................116

Figura 3.8: Perfil Típico do solo para retroanálise da prova de carga sobre solo natural......117

Figura 3.9: Perfil Típico do solo para retroanálise da prova de carga sobre solo

compactado.............................................................................................................................118

Figura 3.10: Condições de suporte utilizadas em análise computacional.............................120

Figura 3.11: Malha de elementos finitos utilizada................................................................120

Figura 3.12: Região de acréscimo significativo de tensão sobre o solo................................122

Figura 4.1: Ensaio CBR – CP1..............................................................................................123

Figura 4.2: Ensaio CBR – CP2..............................................................................................123

Figura 4.3: Ensaio CBR – CP3..............................................................................................124

Figura 4.4: Ensaio CBR – CP1 não saturado.........................................................................124

Figura 4.5: Ensaio CBR – CP2 não saturado.........................................................................124

Figura 4.6: Ensaio CBR – CP3 não saturado.........................................................................125

Figura 4.7: Ensaio triaxial - CP1 – σ3= 25 Kpa....................................................................126

Figura 4.8: Ensaio triaxial – CP2 – σ3= 50 Kpa....................................................................126

Figura 4.9: Ensaio triaxial – CP3 – σ3= 100 Kpa..................................................................127

Figura 4.10: Ensaio triaxial – CP4 – σ3= 150 Kpa................................................................127

Figura 4.11: Conjunto de curvas do ensaio triaxial para solo compactado..........................128

Figura 4.12: Ensaio triaxial – solo estado natural, adaptado de Gon (2011).........................129

Figura 4.13: Prova de carga – PC 1 – Solo compactado.......................................................130

Figura 4.14: Prova de carga – PC 2 – Solo no estado natural...............................................130

Figura 4.15: Curvas conjuntas obtidas nas provas de carga..................................................132

Figura 4.16: Influência de k na espessura de um piso com armadura distribuída (P=75

kN)..........................................................................................................................................136

Figura 4.17: Influência de k na espessura de um piso com concreto simples (P=75 kN).....137

Figura 4.18: Influência de k na espessura de um piso submetido à carga distribuída (P=40

kN/m²).....................................................................................................................................138

Figura 4.19: Influência de k para carga concentrada e distribuída........................................139

Figura 4.20: Momento fletor na direção X (horizontal) em kN.m........................................141

Figura 4.21: Deslocamentos verticais na região de aplicação da carga (x10-2

mm)..............141

Figura 4.22: Tensões sobre o solo na região de aplicação da carga (kPa).............................142

Figura A.1: Área de contato efetiva (OLIVEIRA, 2000).....................................................156

Figura A.2: Ábaco para dimensionamento de pisos industriais de rodagem simples

(OLIVEIRA, 2000).................................................................................................................156

Figura A.3: Ábaco para determinação do fator de redução para empilhadeiras de rodagem

dupla (OLIVEIRA, 2000).......................................................................................................157

Figura A.4: Ábaco para dimensionamento de pisos industriais para cargas de montantes k =

13,8 Mpa/m (OLIVEIRA, 2000)............................................................................................157

Figura A.5: Ábaco para dimensionamento de pisos industriais para cargas de montantes k =

28 MPa/m (OLIVEIRA, 2000)...............................................................................................158

Figura A.6: Ábaco para dimensionamento de pisos industriais para cargas de montantes k =

55,4 MPa/m (OLIVEIRA, 2000)............................................................................................158

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Valores de k por Terzaghi (1955, apud VELLOSO e LOPES, 2004) referentes a

placa de 1’.................................................................................................................................40

Tabela 2.2: Valores de forma Is (PERLOFF, 1975 apud VELLOSO e LOPES, 2004)..........41

Tabela 2.3: Coeficientes de majoração de carga (KNAPTON, 2007).....................................49

Tabela 2.4: Valores estimados de deformação específica devido retração (NBR

6118:2014)................................................................................................................................58

Tabela 2.5: Comparação entre esforços e deslocamentos para carga aplicada em diferentes

regiões (baseada em RODRIGUES et al., 2006)......................................................................62

Tabela 2.6: Valores em I em função de m e n para a equação de Newmark...........................84

Tabela 2.7: Coeficiente de colapso (MONACCI, 1995)........................................................104

Tabela 2.8: Coeficiente de colapso (GON, 2011)..................................................................104

Tabela 4.1: Resumo dos resultados dos ensaios CBR...........................................................125

Tabela 4.2: Resumo dos resultados dos ensaios triaxiais......................................................128

Tabela 4.3: Pontos das provas de carga.................................................................................131

Tabela 4.4: Resultados obtidos das provas de carga..............................................................132

Tabela 4.5: Valores de k obtidos com E dos ensaios triaxiais...............................................133

Tabela 4.6: Valores de k obtidos com E das provas de carga................................................134

Tabela 4.7: Resumo de valores de k (MPa/m).......................................................................135

Tabela 4.8: Espessuras de piso para diferentes situações de suporte (cm)............................139

Tabela 4.9: Comparação entre MEF e Westergaard para Caso 1..........................................142

Tabela 4.10: Comparação entre MEF e Westergaard para Caso 2........................................143

Tabela 4.11: Parâmetros de região de influência para Caso 1...............................................144

Tabela 4.12: Parâmetros de região de influência para Caso 2...............................................144

Tabela A.1: Coeficientes de segurança devido à fadiga (OLIVEIRA, 2000).......................159

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA .......................................................................... 18

1.1. OBJETIVOS ....................................................................................................... 21

1.1.1. Objetivo geral ............................................................................................ 21

1.1.2. Objetivos específicos ................................................................................ 21

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 22

2.1. LAJE SOBRE SOLO ......................................................................................... 22

2.2. TIPOS DE PISOS ............................................................................................... 24

2.2.1. De acordo com a tradição construtiva ....................................................... 24

2.2.2. De acordo com o tipo da fundação............................................................ 25

2.2.3. De acordo com o tipo de reforço estrutural............................................... 26

2.3. MODELOS DE ANÁLISE ................................................................................ 30

2.4. COEFICIENTE DE RECALQUE (MÓDULO DE REAÇÃO VERTICAL) .... 35

2.4.1. Prova de carga (ensaio de placa) ............................................................... 35

2.4.2. Correlação com CBR ................................................................................ 36

2.4.3. Correlação com módulo de resiliência (MR) ............................................. 39

2.4.3.1. Ensaio triaxial ........................................................................................ 39

2.4.3.2. Retroanálise ............................................................................................ 40

2.4.4. Analogia ao recalque de fundações ........................................................... 40

2.5. SOLICITAÇÕES TÍPICAS ................................................................................ 44

2.5.1. Ações externas .......................................................................................... 44

2.5.1.1. Cargas móveis ........................................................................................ 44

2.5.1.2. Cargas pontuais estáticas ....................................................................... 50

2.5.1.3. Cargas uniformemente distribuídas ....................................................... 53

2.5.1.4. Cargas lineares ....................................................................................... 54

2.5.2. Ações devido à variação de volume .......................................................... 54

2.6. DIMENSIONAMENTO ..................................................................................... 59

2.6.1. Westergaard (1926) ................................................................................... 64

2.6.2. Lösberg (1961) .......................................................................................... 66

2.6.3. Meyerhof (1962) ....................................................................................... 69

2.6.4. Packard (1996) .......................................................................................... 70

2.7. PROPAGAÇÃO DE TENSÕES ........................................................................ 78

2.7.1. Solução de Boussinesq .............................................................................. 79

2.7.2. Solução de Newmark ................................................................................ 81

2.7.3. Solução de Love ........................................................................................ 84

2.7.4. Ábaco dos “quadrinhos” ........................................................................... 85

2.8. SOLOS COLAPSÍVEIS ..................................................................................... 87

2.9. CAMPO EXPERIMENTAL .............................................................................. 95

2.10. COMPACTAÇÃO COMO MELHORAMENTO DE SOLO ...................... 107

3. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 110

3.1. RETIRADA DAS AMOSTRAS ...................................................................... 110

3.2. ENSAIO CBR .................................................................................................. 110

3.3. ENSAIO TRIAXIAL ........................................................................................ 110

3.4. PROVAS DE CARGA ..................................................................................... 111

3.5. COEFICIENTES DE RECALQUE OBTIDOS POR DIFERENTES MÉTODOS

.......................................................................................................................... 114

3.5.1. Correlação com CBR .............................................................................. 115

3.5.2. Analogia com recalque de fundações usando E de ensaio triaxial ......... 115

3.5.3. Obtenção direta através de provas de carga ............................................ 116

3.5.4. Analogia com recalque de fundações usando E das provas de carga ..... 116

3.6. INFLUÊNCIA DE K NO DIMENSIONAMENTO DE PISOS INDUSTRIAIS ..

.......................................................................................................................... 118

3.7. ANÁLISE DE PISO ATRAVÉS DE MODELO COMPUTACIONAL ......... 119

3.8. ANÁLISE DA REGIÃO DE INFLUÊNCIA DE UMA CARGA

CONCENTRADA SOBRE PISO ............................................................................... 121

3.9. TENSÃO DE RUPTURA E TENSÃO ADMISSÍVEL ATRAVÉS DAS

PROVAS DE CARGA ............................................................................................... 122

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................... 123

4.1. ENSAIO CBR .................................................................................................. 123

4.2. ENSAIO TRIAXIAL ........................................................................................ 126

4.3. PROVAS DE CARGA ..................................................................................... 129

4.4. COEFICIENTE DE RECALQUE .................................................................... 133

4.4.1. Correlação com CBR .............................................................................. 133

4.4.2. Obtenção direta através de prova de carga.............................................. 133

4.4.3. Analogia com recalque de fundações usando E de ensaio triaxial ......... 133

4.4.4. Analogia com recalque de fundações usando E de prova de carga ........ 134

4.4.5. Resumo dos valores de coeficiente de recalque ...................................... 135

4.5. INFLUÊNCIA DE K NO DIMENSIONAMENTO DE PISOS INDUSTRIAIS

136

4.6. ANÁLISE DE PISO ATRAVÉS DE MODELO COMPUTACIONAL ......... 140

4.7. ANÁLISE DA REGIÃO DE INFLUÊNCIA DE UMA CARGA

CONCENTRADA SOBRE O PISO ........................................................................... 144

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 146

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 150

ANEXO A - ÁBACOS DE PACKARD (1996)..................................................................... 156

18

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Nas últimas décadas houve um crescimento do número de obras em todo o Brasil,

sendo que os atuais patamares de qualidade e competitividade fomentam a busca por maior

aproveitamento de recursos naturais e econômicos sem prejuízo da segurança e qualidade das

obras. As exigências de durabilidade, nivelamento e planicidade dos pisos industriais tendem

a ser cada vez maiores no mercado nacional, isso ocorrendo em um contexto onde o tempo

disponível para estudo, projeto e execução é cada vez mais curto. Essa almejada otimização

de recursos só pode se dar de maneira satisfatória por meio de um maior conhecimento dos

mecanismos e parâmetros envolvidos no comportamento dos diversos sistemas de uma

construção.

Os pisos de edifícios industriais e edifícios térreos comerciais constituem parte

significativa do valor deste tipo de obra. Esse mercado tem crescido significativamente no

Brasil nas últimas décadas. Uma estimativa de 2006 dizia que cerca de 27 milhões de m² de

pisos eram construídos por ano (RODRIGUES et al., 2006). Este número cresceu para 42

milhões no ano de 2011 segundo publicação da ANAPRE (Associação Nacional de Pisos e

Revestimentos de Alto Desempenho, 2012).

A Figura 1.1 ilustra o crescimento ao longo dos anos do número de máquinas

“Laser Screed” atuantes no Brasil e o número de empresas proprietárias desses equipamentos.

Certamente esse crescimento de máquinas específicas para a construção de pisos é um

indicador importante do crescimento do mercado nacional de pisos industriais.

Inevitavelmente, o maior conhecimento dos fatores que influenciam o

dimensionamento dos pisos é importante para obtenção de pisos econômicos, com o

desempenho desejado, trazendo melhor resultado para proprietários, construtores e usuários.

Um dos parâmetros a ser considerado no dimensionamento dos pisos industriais é

a deformabilidade do solo. Isso vale não só para pisos, mas para qualquer laje ou placa

apoiada sobre solo, como pavimentos rodoviários e urbanos, e para fundações, por exemplo,

do tipo radier.

19

Figura 1.1: Crescimento do número de Laser Screed (FREITAS, 2013)

A Figura 1.2 ilustra o comportamento de uma laje sobre solo submetida a um

carregamento aplicado em uma área com raio de ordem de grandeza de vinte centímetros.

Figura 1.2: Laje sobre solo submetida a carga concentrada.

O comportamento de uma laje sobre solo é bastante complexo de forma que

simplificações são necessárias para a prática de projeto. Tendo em vista este fato, existem

diferentes modelos para representar o problema (RODRIGUES et al., 2006; SENÇO, 1997;

ACI 360R-06).

20

Um dos modelos mais usados no Brasil, e em todo mundo, é o modelo que leva

em consideração uma placa de comportamento elástico linear, apoiada sobre molas de

Winkler (RODRIGUES et al., 2006), onde a deformabilidade é representada pelo coeficiente

de recalque do solo que, durante muitos anos na prática dos projetos de pisos, foi estimado

com base em correlações empíricas com o índice CBR do subleito, incrementado a influência

da camada de sub-base, também de forma empírica.

Este trabalho é voltado para o projeto de pisos industriais executados sobre solos

porosos que cobrem grande parte do interior do Estado de São Paulo, onde até o presente

momento o número de pesquisas voltadas para pisos industriais neste tipo de solo é pequeno.

Tais solos apresentam grande compressibilidade em seu estado natural (CINTRA

e AOKI, 2013). Diante disso, é prática de projeto de pisos industriais especificar uma camada

de solo compactado com cerca de 0,50m de espessura sobre o solo natural, funcionando como

um reforço do subleito.

O método usual de obter o módulo de reação vertical através de correlação com o

índice CBR obtido com amostras compactadas, não leva em consideração a deformabilidade

do solo no seu estado natural. Esse procedimento pode ser inadequado para estes solos

porosos, apesar de ser bastante empregado. O bom desempenho desses pisos pode ser

fortemente dependente da espessura de 0,50m de solo compactado adotada como prática

construtiva.

Pelo método usual (correlação com CBR) não se pode avaliar o comportamento

do solo para diferentes espessuras de solo compactado, nem mesmo a hipótese de não usar

esta camada. Neste trabalho, a deformabilidade do solo nos seus estados compactado e natural

é estudada utilizando-se provas de carga sobre placa, ensaios de compressão triaxiais e

ensaios CBR (California Bearing Ratio). Desta maneira, se aprofunda o conhecimento deste

parâmetro, bem como a influência da camada de solo compactado com diferentes espessuras.

Também é analisado o impacto dessas diferentes situações de suporte no

dimensionamento de pisos submetidos a cargas concentradas e distribuídas, realizado através

de métodos clássicos e computacionais baseados no método dos elementos finitos.

O local de estudo é campo experimental da Feagri, Universidade Estadual de

Campinas, cidade de Campinas, Estado de São Paulo, onde foram feitas diversas pesquisas

21

que realizaram a caracterização e obtenção de diversos parâmetros deste solo. O subsolo em

seus primeiros metros de profundidade é constituído de uma argila siltosa não saturada, de

alta porosidade, originária de Diabásio.

Este trabalho está organizado da seguinte forma: No Capítulo 1 é feita uma

introdução e justificativa da pesquisa, apresentando os objetivos da mesma. A Revisão

Bibliográfica é apresentada no Capítulo 2, onde são explicados conceitos fundamentais

relacionados a pisos industriais e ao solo estudado. Este capítulo é baseado em trabalhos

nacionais e internacionais, envolvendo tipos de piso, modelos de análise, deformabilidade do

solo, cargas comuns em piso e dimensionamento. No Capítulo 3 é apresentada a metodologia

utilizada no desenvolvimento da pesquisa, os resultados são apresentados no Capítulo 4, e

comentados no Capítulo 5, terminando com as Referências Bibliográficas no Capítulo 6.

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo geral

Avaliar a influência de camada de solo compactado no comportamento de pisos

industriais sobre solo poroso de Campinas, Estado de São Paulo, considerando diferentes

formas de se obter o coeficiente de recalque (ou módulo de reação vertical), e o impacto desse

no dimensionamento de um piso industrial sobre o solo estudado.

1.1.2. Objetivos específicos

Obter o coeficiente de recalque do solo do campo experimental através de

correlação com o ensaio CBR.

Obter o coeficiente de recalque do solo do campo experimental através de

ensaios triaxiais considerando seu estado natural e após compactação.

Obter o coeficiente de recalque do solo natural do campo experimental

diretamente através de ensaio de placa.

Obter o coeficiente de recalque do solo natural sob camada de solo

compactado, com espessura de 50cm, diretamente através de ensaio de placa.

Avaliar os valores de coeficiente de recalque do solo obtido de diferentes

formas.

Avaliar influência dos diferentes valores obtidos do coeficiente de recalque

no projeto de pisos industriais sobre o solo estudado, fazendo uso de métodos

clássicos e análises computacionais.

22

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. LAJE SOBRE SOLO

O comportamento estrutural de um piso é, em vários aspectos, semelhante a

outros elementos da engenharia civil, como pavimentos rígidos e fundações diretas flexíveis

(por exemplo, “radier”). Todos estes elementos se enquadram no caso de “laje sobre solo”, ou

seja, um elemento de placa (dimensões em planta bem maiores que sua espessura) apoiado

diretamente sobre o solo (ACI 360R, 2006).

No entanto, existem características distintas entre estas aplicações; neste item se

fará uma breve apresentação destas diferenças.

O estudo do comportamento de laje apoiada diretamente sobre o solo é de

interesse para, pelo menos, três áreas da engenharia civil:

Pavimentação de vias urbanas, rodovias e aeroportos (classificados como

pavimentos rígidos na engenharia de pavimentação).

Pisos industriais e comerciais (fábricas, centros de distribuição, entre outros).

Fundações de edifícios tipo radier (desde casas populares a edifícios altos).

Em cada aplicação citada é possível usar diferentes tipos de lajes, tais como

(OLIVEIRA, 2000; ACI 360R, 2006):

Concreto simples.

Laje com armadura distribuída.

Laje estruturalmente armada.

Laje de concreto reforçado com fibras.

Laje de concreto protendido.

No item 2.2 se fará uma apresentação mais detalhada destes diferentes tipos de

lajes.

Dentro das três áreas de aplicação na engenharia civil, é importante levar em

consideração as diferentes características dessas aplicações quando se pretende usar uma

técnica consagrada dentro de uma delas, em outra. Por exemplo, a área de pavimentação

rodoviária e de aeroportos foi pioneira no desenvolvimento de métodos de dimensionamento.

Quando se pretende usar esses métodos numa aplicação de fundação de edifícios, é necessário

23

levar em conta as diferentes características que uma fundação tem em relação a um pavimento

que era o foco de um certo método de projeto.

O Quadro 1.1 procura apresentar de maneira simples algumas diferenças entre as

características das aplicações de laje sobre solo (pavimentos, pisos e fundações).

Quadro 1.1 – Características das aplicações de laje sobre solo.

Pavimentos Pisos Indústriais Fundações

Cargas

Estáticas

Praticamente

inexistentes

Ocorrem na forma de

estocagem, equipamentos,

entre outras.

Predominam

Cargas Móveis Predominam

Ocorrem na forma de

veículos como

empilhadeiras, paleteiras,

entre outros.

Geralmente são

tratadas como

estáticas, e não

predominam

Intensidade das

Cargas

Menor (10tf por

eixo simples) Variável Maior

Profundidade

do solo afetada

Primeiros metros

(1 a 3m) Variável

De poucos a

dezenas de

metros

Risco envolvido Menor Intermediário Maior

Praticamente pode-se dizer que os pavimentos e as fundações são os extremos

para as características analisadas, e os pisos são intermediários. Vale destacar que os

carregamentos são mais intensos para as fundações do que para pavimentos, agem

principalmente na forma de cargas de longa duração, envolvem profundidades maiores do

solo e o risco é maior também. Essas diferenças têm de ser levadas em conta no projeto de

laje sobre solo (RODRIGUES, 2010).

24

2.2. TIPOS DE PISOS

A história da pavimentação industrial no Brasil é bastante recente, com pouco

mais de 40 anos, sendo que, antes disso, havia pouca preocupação com critérios de projeto

(RODRIGUES et al., 2006). No início, costumava-se dimensionar os pavimentos industriais,

geralmente de concreto simples, com base nos critérios da instituição americana Portland

Cement Association (PCA). A partir de 1995 começaram a surgir novas tendências de

dimensionamento, vindas da Europa, com o ressurgimento dos trabalhos de Lösberg ( 1961) e

Meyerhof (1962), em contraponto aos preceitos dos americanos Westergaard (1926), Pickett,

Ray (1951) e Packard (1976).

2.2.1. De acordo com a tradição construtiva

O fator que difere as tradições construtivas europeia e a norte-americana reside

fundamentalmente no fato de a primeira focar pavimentos reforçados, empregando telas

soldadas, fibra de alto módulo ou protensão, enquanto a escola clássica americana trabalha

essencialmente com concreto simples. a América do Norte tem se inclinado a também utilizar

pavimentos reforçados (RODRIGUES, 2010).

A diferença entre pisos dimensionados por estas duas tradições clássicas é

acentuada. Enquanto os critérios americanos produzem estruturas de elevada rigidez e placas

de pequenas dimensões, os procedimentos europeus conduzem a pavimentos esbeltos e placas

de grandes dimensões (RODRIGUES et al., 2006).

Nota-se que nos últimos vinte anos o Brasil vem trilhando o caminho da tradição

europeia, e o grande avanço das técnicas de dimensionamento dos pavimentos estruturalmente

armados contribuíram para selar essa tendência. O emprego deste tipo de abordagem leva a

pisos economicamente mais atraentes, tanto sob o ponto de custo inicial como de manutenção,

mas, em contrapartida, exigem execução mais esmerada (RODRIGUES et al., 2006).

O grande precursor dessa metodologia no Brasil foi o Instituto Brasileiro de Telas

Soldadas (IBTS), advogando o emprego de menores espessuras em pisos reforçados com telas

de aço, mas curiosamente empregando uma metodologia de cálculo do exército americano

(RODRIGUES et al., 2006).

25

2.2.2. De acordo com o tipo da fundação

Os pisos podem ser classificados, de acordo com a fundação, em:

Fundação direta

Corresponde à maioria dos pisos industriais, e são aqueles que se apoiam

diretamente sobre o terreno (subleito), podendo ou não haver o emprego de sub-bases, embora

essas sejam sempre recomendadas (RODRIGUES et al., 2006).

Nesta solução está implícito que a taxa admissível do terreno de fundação deva

ser compatível com as cargas previstas no piso. Para cargas pontuais e móveis, a estrutura do

piso é capaz de transmitir ao solo uma tensão geralmente inferior a 50 kPa, mas para cargas

uniformemente distribuídas, a capacidade de redistribuição dos esforços é pequena

(RODRIGUES et al., 2006).

Fundação profunda

São os pisos executados sobre terrenos sem capacidade de suporte compatível

com as cargas solicitantes, ou quando da presença de horizonte em certa profundidade

contendo solos moles (RODRIGUES et al., 2006).

Neste caso, a solução passa a ser de uma estrutura de concreto armado com

características de piso. Dentre as soluções disponíveis, há as lajes apoiadas em vigas, armadas

em duas direções e em uma direção, ou as lajes planas – sem vigas – comumente designadas

lajes cogumelo: estas se têm demonstrado bastante competitivas ante os outros sistemas

(RODRIGUES et al., 2006).

Como os carregamentos esperados em pisos industriais são bastante elevados

diante dos observados em construções comerciais e residenciais, é comum a ocorrência de

lajes com espessuras elevadas e modulação de estacas bem estreita (cerca de 3 a 4m,

RODRIGUES et al., 2006).

26

2.2.3. De acordo com o tipo de reforço estrutural

Concreto Simples

Trata-se de concreto sem qualquer armadura ou fibra, o dimensionamento é feito

limitando a tensão de tração no concreto, podendo haver barras de transferência nas juntas. O

espaçamento entre juntas é pequeno, da ordem de 5m, para que a placa de concreto simples

tenha níveis aceitáveis de variação volumétrica e de fissuração (OLIVEIRA, 2000).

Figura 2.1: Piso com concreto simples.

Esse tipo de piso é de execução bem simples, é mais sensível a problemas de falta

de uniformidade do sistema base-subleito, alcança menores índices de planicidade e de

nivelamento, e resulta em um número maior de juntas aumentando o custo de manutenção do

piso (RODRIGUES et al., 2006).

Segundo Oliveira (2000), como pavimento de rodovias e vias urbanas, quando

não se usa barras de transferência, as placas de concreto tem espessura entre 15 a 20cm,

dimensões das placas de 4 a 6m de comprimento e de 3 a 4m de largura. Com barras de

transferência, os pavimentos tem espessura entre 16 a 45cm, e suas dimensões em planta

podem chegar a 7m.

Armadura Distribuída

É utilizada uma armadura, geralmente em tela soldada, no terço superior do piso.

Essa armadura tem função principal de combater o efeito da retração do concreto, mas

existem métodos onde se pode calcular os esforços solicitantes levando em conta o efeito da

27

armadura após inicio da fissuração do concreto, trazendo maior economia (RODRIGUES et

al., 2006).

O dimensionamento também é feito limitando a tensão de tração no concreto. É

importante que a montagem da armadura tenha rigidez para que mantenha seu

posicionamento durante o processo de concretagem (RODRIGUES et al., 2006).

Figura 2.2: Piso com armadura distribuída

Esse tipo de piso permite espaçamento entre juntas bem superiores ao piso de

concreto simples, comumente alcança placas de dimensões entre 10 a 15m, e permite níveis

elevados de planicidade e nivelamento (RODRIGUES et al., 2006).

Como pavimento, a placa pode chegar a ter 30m de comprimento e 6m de largura,

porém o mais usual é utilizar placas até 15m (OLIVEIRA, 2000).

Estruturalmente Armado

Nesse tipo existe armadura em ambas as faces da laje, seu dimensionamento é

feito seguindo critérios de uma estrutura convencional de concreto armado, tomando especial

cuidado quanto ao controle de fissuração. Esse tipo de piso é recomendado em situações onde

este será submetido a maiores cargas, tais como pisos sujeitos a guindastes de grande

capacidade, pavimentos de aeroportos ou pisos onde este também tenha função de atuar como

fundação de algum elemento estrutural. No entanto, não é raro especificar essa solução onde

se tenha dúvidas sobre a qualidade do sistema base-subleito. Alguns profissionais (NETO,

2013) recomendam o uso de armadura dupla (em ambas as faces) mesmo em utilizações de

cargas usuais, ainda que seu dimensionamento não necessariamente siga critérios de normas

estruturais de concreto armado e sim práticas construtivas. Esse tipo de piso permite

28

espaçamento entre juntas maiores que 15m, e permite níveis elevados de planicidade e

nivelamento.

Figura 2.3: Piso estruturalmente armado

O piso estruturalmente armado permite a utilização de uma espessura menor

quando comparado aos pisos que são dimensionados em função da resistência à tração do

concreto. A armadura superior tem a função principal de controlar a fissuração por retração, e

a armadura inferior tem como função principal resistir as tensões de tração geradas pelos

momentos fletores gerados pelos carregamentos (OLIVEIRA, 2000).

Reforçado com Fibras

Há diferentes tipos de fibras, como aço e fibra sintética. Existem técnicas de

dimensionamento específicas que permitem a otimização destes materiais levando em

consideração os benefícios das fibras nas propriedades do concreto, diminuindo as fissuras e

melhorando suas propriedades mecânicas (RODRIGUES et al., 2006).

Figura 2.4: Piso reforçado com fibras

Carnio (1998) diz que fibras de aço têm por finalidade inibir a abertura de

fissuras, e que, devido a esse controle de fissuração, o concreto com fibras de aço apresenta

capacidade de se deformar absorvendo esforço, como um material dúctil. Quando utilizados

29

métodos que levam essa redistribuição de esforço em consideração, é possível aproveitar essa

ductilidade e obter uma redução da espessura da placa de concreto.

Protendido

Sua utilização cresceu após a chegada das cordoalhas engraxadas que permitem a

protensão no sistema não aderido, o que simplifica muito a execução se comparado ao sistema

de protensão aderido, usualmente utilizado em obras como pontes e viadutos (RODRIGUES

et al., 2006).

O piso protendido é menos comum no Brasil, mas existe a tendência de aumentar

seu uso pois permite sua utilização em situações de grandes carregamentos, com baixíssimos

níveis de fissuração, diminui a necessidade de juntas, permitindo pisos “joint free”, com

placas de grandes dimensões, podendo chegar em até 150m (ACI 360R, 2006). Diminuindo o

custo de manutenção, mantendo elevados índices de planicidade e nivelamento. No entanto,

seu projeto e execução exige maiores cuidados e mão de obra especializada (RODRIGUES et

al., 2006).

Figura 2.5: Piso protendido

A resistência do concreto à tração é controlada pela protensão que comprime

previamente o concreto, criando nele uma reserva de tensão que permite uma redução sensível

na espessura da placa (SCHIMD, 1996).

30

2.3. MODELOS DE ANÁLISE

Existem diferentes modelos matemáticos para análise de tensões e deformações de

lajes sobre solo (VELLOSO e LOPES; 2004; DUTTA, 2002 e PORTO et al., 2012).

Modelos utilizados para representar a laje:

Sólido elástico-isotrópico.

Placa elástica-isotrópica.

Placa elásto-plástica (não usual).

Modelos utilizados para representar o solo:

Sólido elástico-isotrópico (meio contínuo).

Sólido elasto-plástico (não usual).

Winkler (molas).

A próxima figura ilustra os diferentes modelos para representação do solo. As

figuras a, b e c da Figura 2.6 ilustram o modelo de Winkler, onde as tensões nas molas (Q)

são proporcionais ao deslocamento (w) Q=k.w. A constante de proporcionalidade k é

chamada de módulo de reação vertical, coeficiente de mola, coeficiente de recalque ou

coeficiente de reação vertical. Este modelo também é conhecido como modelo do fluído

denso, uma vez que seu comportamento é análogo ao de uma membrana assente sobre fluído

denso (figura c – VELLOSO e LOPES; 2004).

As figuras “d” e “e” ilustram o modelo de meio contínuo elástico e isotrópico e o

modelo elasto-plástico, respectivamente, sendo que no último também são considerados os

parâmetros de resistência do solo (ângulo de atrito e coesão).

31

Figura 2.6 – Modelos para representação do solo (VELLOSO e LOPES, 2004).

O problema da laje sobre o solo é na realidade um problema de interação solo-

laje, em que a rigidez do solo e da laje são consideradas nos cálculos de deslocamentos e

esforços internos. Sendo assim, o coeficiente de recalque a ser utilizado não é uma

propriedade do material solo, como alguns métodos aparentam considerar, mas a rigidez

relativa da laje e solo e as dimensões da laje (ou região de influência) devem ser consideradas

(PORTO et al., 2012).

A Figura 2.7 ilustra as diferentes respostas dos modelos em função da rigidez

relativa entre laje e solo.

32

Figura 2.7 – Diferentes respostas dos modelos (VELLOSO e LOPES, 2004).

A Figura 2.7 mostra que para o caso de uma laje muito rígida submetida a uma

carga concentrada, no modelo de Winkler, os deslocamentos e tensões no solo são uniformes,

ficando uma descontinuidade na região das bordas da placa que não representa a realidade. No

modelo de meio contínuo elástico-isotrópico os recalques são uniformes mas as tensões são

maiores nas bordas, onde na realidade o solo sofre uma plastificação.

No outro extremo, placa flexível, um carregamento uniforme produz o mesmo

comportamento no modelo de Winkler em termos de tensões e deslocamentos. No modelo de

meio contínuo as tensões são uniformes mas os deslocamentos são maiores no centro da área

carregada.

Na prática de projeto de laje sobre solo, o modelo mais utilizado é aquele que

considera a laje como uma placa de comportamento elástico linear-isotrópico sobre apoio

elástico na forma de molas de Winkler (PORTO et al., 2012). Este modelo tem como

33

principal desvantagem a consideração de que cada mola trabalha de forma isolada, e uma de

suas principais vantagens é a simplificação da análise (DUTTA, 2002).

Existem diversas soluções que trazem equações que fornecem tensões máximas na

laje e deslocamentos para diferentes carregamentos e locais de aplicação. A seguir

apresentam-se as equações de Westergard como ilustração, pois esse tipo de solução será

melhor apresentada em item posterior sobre dimensionamento. Essas equações foram

desenvolvidas em 1927 para fins de pavimentação para o caso de uma carga concentrada

aplicada na região central da placa. Seu trabalho serviu de base para várias outras soluções em

forma de equações ou gráficos (RODRIGUES et al., 2006).

Carga no interior:

069,1log4

316,02 b

l

h

Pi

Onde:

σi = tensão de tração máxima na placa na linha vertical que passa pelo ponto de

aplicação da carga que está localizada na região interna da placa (afastada das bordas)

P = carga

b = a, quando a ≥ 1,724 h

a = raio da área carregada

l = raio de rigidez

h = espessura da placa de concreto

2

2673,0

2ln

2

11

8 l

a

l

a

lk

Pi

Onde:

Δi = deslocamento vertical da placa no ponto de aplicação da carga que está localizada

na região interna da placa (afastada das bordas)

k = coeficiente de recalque do solo

34

Raio de rigidez:

25,0

2

3

112

k

hEl

Uma outra forma de analisar o comportamento de laje sobre solo é utilizar

programas computacionais baseados no método dos elementos finitos. Há vários programas

comerciais que oferecem essa possibilidade (STRAP, CYPECAD, TQS, etc), fornecendo

tensões sobre o solo, deslocamentos do solo e esforços internos na placa em qualquer ponto,

permitindo o dimensionamento de lajes para diferentes condições de carregamentos

(RODRIGUES et al., 2006).

A próxima figura ilustra um modelo feito no software TQS.

Figura 2.8 – Modelo computacional de laje sobre molas (http://mail-b.uol.com.br/cgi-bin/webmail em 03/2016).

35

2.4. COEFICIENTE DE RECALQUE (MÓDULO DE REAÇÃO VERTICAL)

Mesmo utilizando-se modelos sofisticados para análise de um problema de

engenharia, a qualidade dos dados de entrada do modelo é de suma importância para a

qualidade da análise (DUTTA, 2002).

Sendo assim, é necessário utilizar uma boa metodologia para a adoção do

coeficiente de recalque que representa a deformabilidade do solo.

2.4.1. Prova de carga (ensaio de placa)

Existem normas que estabelecem uma forma de adotar k, mas para o fim

específico de projeto de pavimentos rígidos. A Norma americana ASTM D 1196, e no Brasil a

Norma do DNIT, a 055-2004 ME. Ambas estabelecem um ensaio de prova de carga sobre

placa com diâmetro de 76cm, e adotam como coeficiente de recalque a razão da tensão que

provoca o recalque de 1,27mm pelo valor deste recalque.

Figura 2.9 – Prova de carga sobre placa (com base em figura do ACI 360R-06).

TE

NS

ÃO

AP

LIC

AD

A

36

Sendo:

k = coeficiente de recalque do solo em MPa/m.

σ1,27 = tensão aplicada pela placa em MPa correspondente ao recalque de 1,27mm.

Observa-se que estas normas estabelecem um recalque de referência pequeno

(1,27mm) que corresponde a um coeficiente de recalque maior (inclinação da reta tangente a

um ponto na região de início da curva. Esta reta fica mais próxima a uma reta vertical se

compararmos a uma reta tangente a um ponto de maior recalque), porém corresponde a uma

tensão menor. Ou seja, quanto menor o recalque considerado, menor será a tensão, porém

maior será o coeficiente de recalque, que é representado pela inclinação da reta. É importante

atentar que ao usar esse valor de k está implícito um estado de tensões baixo atuando sobre o

solo.

Outro aspecto importante é que o intuito das normas é para pavimentos, onde o

bulbo de tensões é satisfatoriamente considerado utilizando a placa de diâmetro de 76cm, ou

seja, este diâmetro é compatível com o bulbo de tensões que será gerado pelo tráfego de

veículos. Ao se utilizar esse procedimento para carregamentos que envolvem uma área de

carregamento maior, ou seja, um bulbo de tensões maior, é necessário levar isto em

consideração. Por este motivo para cargas uniformemente distribuídas, como tanques, silos, é

importante avaliar o solo do subleito, fazendo uso de técnicas de engenharia de fundações

(RODRIGUES, 2010).

2.4.2. Correlação com CBR

Organizações americanas como AASHTO, PCA e ACI, apresentam publicações

técnicas voltadas para pavimentos e pisos industriais com correlações de k com o índice CBR,

conforme ilustrado na próxima figura apresentada por Rodrigues et al. (2006):

37

Figura 2.10 – Correlação CBR x k (RODRIGUES et al., 2006)

Ao se utilizar correlações deste tipo os documentos das instituições americanas

citadas anteriormente ainda recomendam a comparação do valor de k adotado a certas faixas

de valores apresentados na forma de tabela conforme ilustrado na Figura 2.11 (ACI, 2006).

38

Figura 2.11 – Tabela de valores de referência (ACI 360R-06).

De forma semelhante, existem tabelas que fornecem um incremento do valor de k

para considerar o efeito da camada se sub-base. Rodrigues et al. (2006) e Senço (1997)

apresentam diversas tabelas para espessuras de 10, 15 e 20cm pra diferentes tipo de sub-base.

Para base com 10 cm de brita graduada, o incremento é da ordem de 4 MPa/m.

Segundo Packard (1996), esse incremento não deve ser utilizado no caso de carga

distribuída, pois esse tipo de carga afeta mais significativamente camadas mais profundas, não

sendo efetiva a camada da sub-base.

39

2.4.3. Correlação com módulo de resiliência (MR)

Após anos de utilização do Índice de Suporte Califórnia como principal parâmetro

representativo da resistência dos materiais de subleito, reforço do subleito, sub-base e base

dos pavimentos, observou-se a deterioração prematura atribuída à fadiga desses materiais.

Fenômeno não adequadamente considerado nos métodos clássicos de dimensionamento. Tal

constatação levou ao uso de um parâmetro relacionado ao comportamento dinâmico dos

materiais denominado Módulo de Resiliência (MR). Definido pela razão entre tensão aplicada

repetidamente e a deformação resiliente, ou seja, a deformação recuperável após

descarregamento (DNIT, 2006):

r

dRM

Onde:

MR = módulo de deformação resiliente.

σd = tensão-desvio aplicada repetidamente.

ᵋr = deformação específica axial resiliente, correspondente a um número

particular de repetição da tensão-desvio.

Uma correlação entre o coeficiente de recalque k (em kN/m³) com o módulo de

deformação resiliente MR (em kPa) é fornecida por ACI 360R-06:

A seguir são apresentadas diferentes formas de obtenção do módulo resiliente:

2.4.3.1. Ensaio triaxial

A obtenção direta do módulo de resiliência em laboratório é feita através de

ensaio triaxial com cargas cíclicas com diferentes valores de tensão de confinante e tensão-

desvio, sendo chamada de tensão-desvio a diferença entre a tensão vertical aplicada pelo

pistão de carga e a tensão horizontal (confinante). O ensaio deve seguir as prescrições do

antigo método de ensaio DNER ME 131/94.

40

2.4.3.2. Retroanálise

Outra forma de se obter o módulo de resiliência dos pavimentos é medir os

deslocamentos superficiais gerados por um carregamento controlado. Esses deslocamentos

são chamados de bacia de deflexões e com esses valores pode-se obter os módulos de

resiliência das camadas do pavimento utilizando análise analítica através de modelos

computacionais baseados na teoria da elasticidade e plasticidade (SANTOS et al., 2015).

A bacia de deflexões pode ser medida através de ensaios de campo chamados

Viga Benkelman e FWD (Falling Weight Deflectometer). O primeiro é um ensaio estático

regido pela norma DNIT ME 133/2010 (antiga DNER ME 024/94). O ensaio dinâmico FWD

é regido pela norma DNER-PRO 273/96. Esse ensaio utiliza um deflectômetro de impacto

projetado para simular o efeito de cargas de roda em movimento (SANTOS et al., 2015).

2.4.4. Analogia ao recalque de fundações

Uma forma de adotar o coeficiente de recalque k é utilizar tabelas correlacionando

tipo de solo com k obtido em ensaios de placa quadrada com 1 pé (30,5cm) de lado e depois

corrigir em função da dimensão da fundação levando em conta a “largura de influência “.

Estas correções se devem ao fato deste coeficiente não ser uma propriedade apenas do solo,

mas uma resposta do solo a um carregamento aplicado por uma dada estrutura (HACHICH et

al., 1996).

Tabela 2.1 – Valores de k por Terzaghi (1955, apud VELLOSO e LOPES, 2004) referentes a placa de 1’.

Argilas Rija Muito Rija Dura

qU (kgf/cm²) 1 - 2 2 - 4 > 4

Faixa de valores (kgf/cm³) 1,6 - 3,2 3,2 - 6,4 > 6,4

Valor proposto (kgf/cm³) 2,4 4,8 9,6

Areias Fofa Med. Compacta Compacta

Faixa de valores (kgf/cm³) 0,6 - 1,9 1,9 - 9,6 9,6 - 32

Areia acima N.A. (kgf/cm³) 1,3 4,2 16

Areia submersa (kgf/cm³) 0,8 2,6 9,6

Para corrigir o valor de k em função da dimensão da fundação pode-se utilizar as

expressões abaixo:

41

Teoria da elasticidade - Bs

bs

bvBvI

I

B

bkk

,

,

,, .

Proposta do ACI de 1988 -

n

bvBvB

bkk

,,

Onde:

kv,B = coeficiente de recalque da fundação.

Kv,b = ks1 = coeficiente de recalque da placa da prova de carga.

b = dimensão da placa da prova de carga.

B = dimensão da fundação (“largura de influência”).

Is,b e Is,B são fatores de forma da placa e da fundação (ver tabela a seguir).

n varia entre 0,5 a 0,7.

Tabela 2.2 – Valores de forma Is (PERLOFF, 1975 apud VELLOSO e LOPES, 2004).

Forma FLEXÍVEL

RÍGIDO Centro Borda Média

Círculo 1,00 0,64 0,85 0,79

Quadrado 1,12 0,56 0,95 0,99

Retângulo

L/B = 1,5 1,36 0,67 1,15

2 1,52 0,76 1,30

3 1,78 0,88 2,25

5 2,10 1,05 1,83

10 2,53 1,26 2,25

100 4,00 2,00 3,70

1000 5,47 2,75 5,15

10000 6,90 3,50 6,60

Para definição da “largura de influência” para um certo carregamento para ser

usado como a dimensão da fundação nas equações de correção de k, pode-se fazer uso de um

parâmetro R (VELLOSO e LOPES, 2004) que leva em consideração a rigidez relativa da laje

e do solo:

4

2

3

13

64

vc

C

k

tER

42

Onde:

kv = coeficiente de recalque da fundação.

Ec = módulo de elasticidade do concreto.

νc = coeficiente de Poisson do concreto.

t = espessura da placa de concreto.

Figura 2.12 – Zona de influência de cargas concentradas em placas (VELLOSO e LOPES, 2004).

Se 2,5R for maior que o espaçamento entre cargas, se considera que as cargas

agem isoladamente (2,5R seria a largura de influência da carga), se o espaçamento for menor

que 2,5R se considera a largura de influência sendo a referente do conjunto de cargas,

aumentando a dimensão da fundação a ser considerada nas equações de correção.

Outra forma seria calcular o recalque causado por uma tensão uniforme agindo na

largura de influência total da fundação, o valor do coeficiente k seria a razão entre a tensão e o

recalque obtido.

Para consideração de um solo com rigidez variando ao longo da profundidade,

pode-se utilizar o método de Janbu et al. (1956, apud CINTRA et al., 1998) estimando E para

cada camada. Este método foi desenvolvido para solucionar o problema de recalque de uma

camada finita, para o caso particular de deformações a volume constante (ν=0,5),

representativo de argilas saturadas em condições não-drenadas. Assim, o recalque é dado por:

43

Os valores de e são apresentados na Figura 2.13, em curvas adequadas da

relação L/B e em função, respectivamente, de h/B e H/B.

Figura 2.13: Fatores e para o cálculo de recalque imediato de sapata em camada argilosa

finita. (JANBU et al., 1956, apud CINTRA et al., 1998).

Observa-se que, numa sapata quadrada, por exemplo, o maior embutimento no

solo tem efeito redutor de até 50% no recalque, o que ocorre para h/B = 20, enquanto a maior

espessura relativa da camada compressível deixa de majorar o recalque para H/B ≥ 10.

44

Para solos com coeficiente de Poisson diferentes de 0,5 deve-se introduzir um

fator de majoração fm para corrigir os fatores e desenvolvidos para v = 0,5 (argilas

saturadas):

O fator fm é obtido da relação:

Nestas analises pode-se usar ensaios “in situ” mais adequados para estimativa de

E, como o DMT, estimando valores do coeficiente de Poisson.

2.5. SOLICITAÇÕES TÍPICAS

Apresentam-se neste item as principais origens de solicitações que podem atuar

em uma laje sobre solo, com ênfase no caso de pisos industriais. As solicitações têm dois

tipos de origens: uma é devida às ações externas que são os diferentes tipos de cargas que

podem atuar sobre o piso devido ao tráfego de veículos ou pelos diversos sistemas de

armazenamento e estocagem. Outra é devido às variações de volume do concreto, sejam por

fenômenos inerentes a este material, seja por variação de temperatura (OLIVEIRA, 2000).

2.5.1. Ações externas

2.5.1.1. Cargas móveis

São os veículos que trafegaram sobre a laje, podendo ser carros e caminhões para

pavimentos e pátios externos, ou nos casos mais frequentes de pisos industriais os

equipamentos denominados paleteiras e empilhadeiras (RODRIGUES et al., 2006).

O efeito dos veículos na laje deve ser analisado não somente no que diz respeito à

força vertical que estes aplicam na laje, mas também no desgaste superficial, que dependendo

da forma de contato e da frequência que atuam podem fazer com que a laje tenha um

desempenho insatisfatório, mesmo tendo sua espessura e reforço corretamente dimensionados.

45

Sendo necessário especificar concreto ou material de revestimento com características

adequadas de resistência à abrasão (RODRIGUES et al., 2006).

As cargas móveis são, por natureza, transientes, ou seja, de curta duração. Embora

o intervalo entre as forças seja um fator que melhore a resistência do material, o fato dessas

forças atuarem repetidamente provoca o fenômeno de fadiga, que pode romper uma estrutura

submetida a tensões menores que a tensão resistente (OLIVEIRA, 2000).

O dimensionamento da espessura e do reforço da laje (barras de aço, fibras ou

cabos de protensão), deve ser feito considerando a forma de apoios dos veículos (trem tipo, se

rodas rígidas ou pneumáticas, área de contato), a intensidade da carga, o efeito da

proximidade das cargas, a frequência das cargas para consideração do efeito de fadiga

(RODRIGUES, 2010).

Em pisos de portos existem os veículos de movimentação de contêineres que

podem solicitar o piso de forma semelhante à um grande avião, são os chamados “Reach

Stackers” (RODRIGUES, 2010).

Figura 2.14– Veículo reach stacker (https://en.wikipedia.org/wiki/Reach_stacker em 12/06/16).

Nos pisos industriais, a empilhadeira costuma ser o veículo que aplica as maiores

intensidades de carga (RODRIGUES, 2010).

46

Figura 2.15 – Veículo empilhadeira (www.solucoesindustriais.com.br em 12/06/16).

A empilhadeira é um veículo dotado de dois eixos, podendo ter ou não rodagem

dupla, sendo que o eixo traseiro é considerado, para efeitos de dimensionamento, apenas

como direcional, já que no momento de solicitação máxima de carga ela praticamente toda vai

conectar-se no eixo dianteiro (OLIVEIRA, 2000).

Outro fator que agrega esforço ao pavimento é, em geral, a pequena distancia

entre as rodas do eixo mais carregado, que segundo Oliveira (2000) é da ordem de 1m,

podendo haver sobreposição das cargas individuais dos pontos de apoio.

As empilhadeiras podem ser dotadas de rodames pneumáticos, pneus preenchidos

com espuma ou rodas rígidas de aço revestidas com poliuretano ou outro plástico de dureza

elevada; este mesmo tipo de rodame equipa as paleteiras elétricas (RODRIGUES et al.,

2006).

A pressão de contato pode ser considerada uniforme para efeito de

dimensionamento (SENÇO, 1997; YODER e WITCZAK; 1975). Souza (1980) apresenta a

seguinte expressão para obtenção da área de contato pneu-piso:

qK

PAc

r

r

Onde:

Ac = área de contato pneu-piso.

Pr = módulo de elasticidade do concreto.

Kr = fator que leva em conta a rigidez do pneu, variando de 1 a 3.

q = pressão de enchimento dos pneus.

47

Tarr e Farny (2008), Rodrigues et al. (2006), Senço (1997), e Yoder e Witczak

(1975) dizem que a pressão de contato, para pneumáticos, pode ser considerada igual à

pressão de enchimento. O que implica em usar Kr igual a 1 na equação apresentada por Souza

(1980).

Segundo Senço (1997), a pressão de enchimento é da ordem de 700 kPa (100 psi)

para pneus comuns. Yoder e Witczak (1975) citam valores entre 400 a 650 kPa. Para rodas

preenchidas com espuma, Rodrigues et al. (2006) recomendam utilizar uma pressão de 1750

kPa (250 psi).

No caso de rodas rígidas, Rodrigues e Cassaro (1998) recomendam utilizar uma

pressão de enchimento fictícia de 1750 kPa (250 psi). Tarr e Farny (2008) enfatizam que o

ideal é obter os dados do fabricante do veículo e na falta de informações recomendam adotar

uma área de contato retangular definida pela largura da roda e por um comprimento de

contato entre 75 a 100mm. No entanto, citam casos de rodas rígidas de pequeno diâmetro

onde o comprimento de contato deve ser de 25 a 50mm.

Quanto à forma da área de contato, Senço (1997) diz que no caso de roda

pneumática, a área é aproximadamente elíptica. Segundo Souza (1980), tal fato é verdadeiro

para pneumáticos novos com pressão de enchimento e peso máximo recomendados; para

pneumáticos usados e com pesos além do máximo recomendado, a área de contato é

aproximadamente retangular.

Sempre que possível é interessante a determinação exata da área de contato por

medição com o equipamento em operação, visto que a influência da área de contato

(principalmente para equipamentos pesados) pode influir decisivamente na estrutura do

pavimento industrial (RODRIGUES, 2010).

Oliveira (2000) considera área retangular de comprimento “c” e largura “b”

calculadas pelas seguintes expressões:

65,0cA

c

c

Ab c

Yoder e Witczak (1975) apresentam forma de falsa elipse, composta por retângulo

e semi-círculos, usada para análise de casos especiais onde se requer mais precisão:

48

5227,0

cAL

Figura 2.16 – Área de contato composta por retângulo e semi-círculos (YODER e WITZAK, 1975).

Para simplificação, a área de contato pode ser considerada circular (SOUZA,

1980; SENÇO, 1997; RODRIGUES, 2010; YODER e WITCZAK, 1975). Tal fato é

justificado por Oliveira (2000), que através de modelos numéricos, observou que os esforços

gerados por uma carga aplicada em área circular, retangular e retângulo com semi-círculos

variam menos de 5%.

Resumidamente, para o dimensionamento é necessário também o conhecimento

dos seguintes parâmetros (RODRIGUES et al., 2006):

- Carga do eixo mais carregado, formada pela carga útil somada ao peso próprio

do veículo; nos casos gerais, considera-se na situação mais crítica que somente o eixo

dianteiro receberá todos os esforços.

- Tipo de roda e pressão de contato.

- tipo de rodagem, simples ou dupla.

- Distância entre rodas, s e sd, em m (Figura 2.9)

Figura 2.17 – Eixo simples de rodagem dupla (RODRIGUES et al., 2006)

49

Segundo Oliveira (2000), para empilhadeiras, o valor de “s” varia em torno de

1 metro, e “sd” em cerca de 40 centímetros.

Muitas vezes há tráfego de caminhões sobre o piso, principalmente em áreas

externas. Nesse caso o eixo pode ser simples, tandem duplo, ou tandem triplo. A Figura 2.15

ilustra esses diferentes casos.

Figura 2.18 – Eixos de caminhões (OLIVEIRA, 2000)

Rodrigues (2010) diz que quando são empregados equipamentos de grande porte,

principalmente os portuários, deve-se recorrer às informações do fabricante para se obter as

condições críticas de carregamento no eixo mais solicitado, sendo a proporcionalidade da

ordem de 70% no eixo dianteiro (para equipamentos com carregamento frontal) e 30% no

eixo traseiro. Nesses casos, torna-se importante o emprego de coeficientes de majoração de

cargas que cubram as variações causadas pela movimentação. A Tabela 2.3 sugere

coeficientes dinâmicos para equipamentos portuários (KNAPTON, 2007).

Tabela 2.3 – Coeficientes de majoração de carga (KNAPTON, 2007).

Tipo de Ação Equipamento Coeficiente de

Majoração

Frenagem

Reach Stacker e empilhadeiras de carregamento frontal

Pórtico de carga (stradle carrier)

Empilhadeira de carregamento lateral

Trator e cavalo mecânico

RTG

± 30%

± 50%

± 20%

± 10%

± 10%

Manobras e Reach Stacker e empilhadeiras de carregamento frontal ± 40%

50

Curvas Pórtico de carga (stradle carrier)

Empilhadeira de carregamento lateral

Trator e cavalo mecânico

RTG

± 60%

± 30%

± 30%

Zero

Aceleração

Reach Stacker e empilhadeiras de carregamento frontal

Pórtico de carga (stradle carrier)

Empilhadeira de carregamento lateral

Trator e cavalo mecânico

RTG

± 10%

± 10%

± 10%

± 10%

± 5%

Ondulação do

Piso (defeitos

superficiais)

Reach Stacker e empilhadeiras de carregamento frontal

Pórtico de carga (stradle carrier)

Empilhadeira de carregamento lateral

Trator e cavalo mecânico

RTG

± 20%

± 20%

± 20%

± 20%

± 10%

2.5.1.2. Cargas pontuais estáticas

Este tipo de carga é gerada pelo apoio de equipamentos e máquinas, pilares

metálicos de mezaninos e por estruturas específicas de diferentes sistemas de armazenamento.

Em pisos industriais, os sistemas de armazenamento são a principal causa de cargas pontuais

estáticas, por conta disso é feita a seguir uma breve apresentação dos principais sistemas

(RODRIGUES, 2010).

Figura 2.19 – Sistema drive-in ou drive-thru (http://www.jungheinrich.com.br em Outubro de 2015).

51

No sistema Drive-in/Drive-thru, as cargas são armazenadas em sequência na

profundidade da prateleira sobre duas fileiras. Na entrada e saída do estoque, os veículos de

transporte têm a possibilidade de entrar nas prateleiras (JUNGHEINRICH, 2015).

Figura 2.20 – Sistema push-back (http://www.jungheinrich.com.br em Outubro de 2015).

Estruturas Push-back consistem de colunas dispostas em sequência, formando um

canal com roletes. A inclinação dos canais é de 3% a 5% (JUNGHEINRICH, 2015).

Figura 2.21 – Sistema porta-paletes (http://www.jungheinrich.com.br em Outubro de 2015).

Estruturas porta-paletes são os sistemas de prateleiras mais utilizados. Sustentam

vários paletes em cada nível. Atingem, em modelos padrão, alturas de 8 a 10 m, podendo

serem expandidas para 12 m, e no caso de operação automática, até 40 m (JUNGHEINRICH,

2015).

52

As cargas oriundas dos montantes de prateleiras geram cargas pontuais a serem

suportadas pelo piso e que, por estarem muito próximas, influenciam-se entre si. Como

resultado tem-se a geração de momentos positivos parte inferior da placa (RODRIGUES,

2006).

Estas cargas formam um padrão, conforme apresentado na Figura 2.22.

Figura 2.22 – Configuração de apoio de um sistema porta –palete (RODRIGUES et al., 2006).

- espaçamento entre os montantes x que é a menor distância entre eles.

- espaçamento entre montantes S, que é a maior distância entre eles.

- distância z, em metros, entre duas prateleiras adjacentes.

- área de contato AC da placa de apoio dos montantes.

- carga do montante.

O fator de segurança para cargas de montantes pode variar substancialmente,

desde valores baixos, como 1,5, até 5. As razões de fatores de segurança superiores aos

empregados para cargas móveis estão no fato de que, para carregamentos similares, as tensões

produzidas pelo carregamento estático são superiores e a deformação lenta do concreto reduz

a sua resistência. Para cargas elevadas, é prudente o emprego de fatores de segurança altos,

principalmente quando não for conhecido o layout da utilização das áreas de estocagem, o que

impede o projeto de juntas compatível com os pontos de apoio (RODRIGUES, 2006).

Neste tipo de carregamento, geralmente não são utilizados coeficientes de

majoração para consideração do efeito dinâmico, isto porque, geralmente, o carregamento se

dá de forma gradativa. No entanto, deve-se avaliar cada situação sob este ponto de vista.

Outro aspecto importante é a precisa consideração da área de contato com o piso, pois estes

53

apoios costumam gerar tensões elevadas. As placas de base utilizadas, comumente, são

flexíveis, fazendo com que as dimensões do perfil do montante sejam as que devem ser

consideradas ao invés das dimensões da placa de base (RODRIGUES, 2010).

Para sistemas de armazenagem muito altos, com cargas elevadas, pode ser

conveniente construir fundações isoladas, totalmente independentes do piso, ou usar piso

estruturalmente armado, seguindo também critérios de fundações, tratando o piso como uma

radier (PACKARD, 1996).

2.5.1.3. Cargas uniformemente distribuídas

Considerando uma situação hipotética onde toda a área de piso é carregada

uniformemente e o piso esteja também uniformemente apoiado no solo, este carregamento

não irá gerar esforços de flexão na placa de concreto, ficando esta somente comprimida.

Nesse caso, o subleito é o elemento principal a ser analisado, em termos de resistência e de

recalque, à luz da engenharia de fundações. Packard (1996) recomenda que para este tipo de

carga se considere o coeficiente de recalque (k) do subleito sem incremento devido à sub-

base.

Essa situação se aproxima de casos como o de silos, reservatórios de líquidos e de

cargas pontuais e lineares muito próximas umas das outras, como paletes apoiados

diretamente sobre o piso (RODRIGUES, 2010).

Figura 2.23 – Exemplo de carga distribuída (http://pt.dreamstime.com/ em 13/06/2016).

54

Na prática, muitos pisos industriais são projetados tendo somente uma

especificação de carga distribuída, mas não que os carregamentos realmente sejam

uniformemente distribuídos (RODRIGUES, 2006).

Essa especificação de carga, muitas vezes, é feita devido ao desconhecimento da

real forma que as cargas atuarão. Pois, na verdade, haverá corredores que farão com que as

cargas distribuídas venham a gerar esforços de flexão, e também, na maioria dos casos, haverá

cargas lineares e pontuais que também gerarão esforços de flexão.

2.5.1.4. Cargas lineares

Em pisos industriais, esse tipo de carga é gerada devido ao apoio direto de paredes

sobre o piso, e de alguns tipos de armazenamentos como o de bobinas de aço apoiadas pela

geratriz (RODRIGUES, 2010).

Figura 2.24 – Armazenagem de bobinas de aço gerando cargas lineares (http://aloanuncio.com.br/ em

13/06/2016).

2.5.2. Ações devido à variação de volume

Fatores inerentes ao cimento, variações de umidade e temperatura, provocam

variações de volume nas placas de concreto, gerando tensões mesmo que não haja nenhum

carregamento externo aplicado.

Por muito tempo essas tensões eram citadas, mas não consideradas no

dimensionamento dos pisos e pavimentos rígidos, eram tratadas como de menor importância e

55

os fatores de segurança eram suficientes para que essas tensões pudessem ser desprezadas.

Atualmente, devido às mudanças nos materiais e nas técnicas de dimensionamento, estas

agora mais precisas, essas tensões precisam ser consideradas no dimensionamento

(RODRIGUES, 2010).

A retração do concreto, causada pelo processo de endurecimento, devido às

reações de hidratação, provoca tensões e fissuras no concreto. A água não consumida durante

as reações de hidratação é eliminada por evaporação, provocando uma redução de volume do

concreto que se acrescenta a outra redução devido à diminuição de temperatura do concreto já

endurecido em relação à temperatura mais alta devido ao calor desenvolvido durante a

hidratação (SENÇO, 1997).

A exposição da placa de concreto à insolação e ao resfriamento à noite, gera

esforços de flexão na placa, devido ao empenamento. Durante o dia a face superior da placa

fica com temperatura maior do que na base, causando deformações de tração maiores na parte

superior, tendendo a criar uma curvatura convexa. Com o resfriamento noturno, a situação se

inverte, surgindo contração na parte superior, tendendo a criar uma curvatura côncava

(SENÇO, 1997).

Figura 2.25 – Empenamento da placa (SENÇO, 1997).

Essa situação não costuma ocorrer nos pisos industriais por estarem em ambientes

internos, no entanto, devido à retração do concreto, ocorre o empenamento que tende a criar

uma curvatura côncava. Devido ao peso da placa surge a tensão que é proporcional à retração

56

diferencial. Placas finas costumam ter suas bordas levantadas, placas mais espessas, mais

pesadas, não, mas as tensões existem e, quase sempre, são maiores nas placas mais grossas

(RODRIGUES, 2010).

A variação de volume provoca deslocamentos horizontais e verticais, os

horizontais causam uma força de atrito com a sub-base. Para combater as tensões de tração

originadas por este atrito, pode-se usar a equação denominada “drag equation”, que nada

mais é a força de atrito referente ao peso da placa:

Cat hL

fF ..2

. (N/m)

Onde L é o comprimento da placa, h sua espessura, ᵞc é o peso específico do

concreto, e f é o coeficiente de atrito, que varia de 0,5 quando se tem filme de polietileno até 2

para bases granulares, sendo que imperfeiçoes do tipo ondulações na execução da base podem

aumentar significativamente esse coeficiente, mas na prática é difícil quantificar essa

influência (RODRIGUES, 2010).

O deslocamento vertical é o empenamento, as tensões podem ser calculadas

através das seguintes expressões (HUANG, 2004):

yxx CCtE

..)1(2

..2

xyy CC

tE..

)1(2

..2

Essas equações fornecem as tensões nas direções x e y, E e α são respectivamente

o módulo de elasticidade e o coeficiente de dilatação do concreto. Cy e Cx são os coeficientes

adimensionais que levam em consideração o efeito das dimensões da placa em cada direção;

podem ser obtidos pela curva apresentada na Figura 2.26.

57

Figura 2.26 – Valores de C (SENÇO, 1997).

Westergaard sugeriu equações para cálculo das tensões nas regiões da quina e

borda da placa, nas bordas o efeito é mais acentuado e pode ser calculado pela expressão

(SENÇO, 1997):

CtE

tb .2

..

C é o maior valor entre Cx e Cy.

Em todas estas expressões o termo α.Δt é a deformação específica do concreto

causada pela variação térmica e pode ser substituída por εcs, que é a deformação específica

oriunda da retração hidráulica do concreto (RODRIGUES, 2010).

As propriedades do concreto E, α, µ e εcs podem ser obtidas através da norma

ABNT 6118:2014 que permite utilizar o valor de 10-5

/Cº para o coeficiente de dilatação

térmica α, e 0,2 para o coeficiente de Poisson µ.

Para análise estrutural utiliza o módulo de elasticidade secante Esc que pode ser

calculado pelas seguintes expressões válidas para concreto com fck de 20 a 50 MPa:

ciics EE .

fckE eci 5600.

αe=1,2 para basalto e diabásio

58

αe=1,0 para granito e gnaisse

αe=0,9 para calcário

αe=0,7 para arenito

0,180

.2,08,0 fck

i

A Tabela 2.4, extraída da NBR 6118:2014, fornece o valor de fluência φ(t∞,t0) e

da deformação específica de retração εcs (t∞,t0) em função da umidade média ambiente e da

espessura fictícia 2Ac/u, onde Ac é a área da seção transversal e u é o perímetro da seção em

contato com a atmosfera. Os valores são admitidos como válidos para temperaturas entre 0 ºC

e 40ºC.

Tabela 2.4 – Valores estimados de deformação específica devido retração (NBR 6118:2014).

A NBR6118:2014 fornece processo mais preciso para cálculo desses valores em

seu anexo A.

59

2.6. DIMENSIONAMENTO

Diferentes tipos de danos podem ocorrer em um piso industrial devido à aplicação

de carregamentos externos: fissuração devido à tensões de flexão; deformações excessivas

devido ao recalque do solo; para situações de cargas concentradas pode ocorrer esmagamento

do concreto devido às altas tensões de contato; e ruptura por punção devido às altas tensões de

cisalhamento (PACKARD, 1996).

O dimensionamento do piso industrial deve ser feito de forma a se obter um nível

de segurança adequado para cada uma dessas possibilidades. Chamando o tipo de dano mais

crítico como “consideração governante de projeto” (estado limite governante), esta é função

do tamanho da área de contato da carga com o piso, como ilustrado na Figura 2.27. Por

exemplo: tensões de flexão são a consideração governante de projeto para casos de

solicitações causadas por empilhadeiras, que possuem uma certa ordem de grandeza de área

de contato. Um dimensionamento adequado vai manter um nível de segurança adequado em

relação às tensões de flexão, e automaticamente manterá um nível de segurança ainda maior

para outros estados limites (PACKARD, 1996).

A Figura 2.27 ilustra de forma conceitual que, para certa área de contato, qual é o

estado limite governante e qual tipo de carga que ocorre esta situação. Como exemplo, uma

carga com área de contato com o piso de 9m², localizando o valor dessa área no eixo das

abscissas e seguindo verticalmente obtém-se que o estado limite governante é do momento

negativo fora da região carregada, e isso ocorre em cargas distribuídas em áreas de

armazenagem.

60

Figura 2.27 – Estado limite governante em função da área de contato (adaptado de PACKARD, 1996).

Para cargas distribuídas em grandes áreas, tensões de flexão logo abaixo da região

de aplicação da carga não é o estado limite governante. Nesse caso o estado limite governante

é o de tensões de flexão, mas em regiões afastadas da área carregada, ondem surgem

momentos negativos nos corredores (PACKARD, 1996).

Um outro exemplo sobre a influência da grandeza da área de contato da carga com

o piso, é o caso de estruturas de armazenamento que transmitem carga através de pilaretes

(também chamados de montantes). Havendo uma placa de base com dimensões adequadas, o

estado limite governante será o de tensões de flexão nos pontos de aplicação das cargas. No

caso de uma placa de base flexível, o estado limite governante poderá ser o de punção ou o de

esmagamento do concreto na região de contato. Vale enfatizar que a Figura 2.27 é uma

61

simples ilustração de ordem de grandeza, não devendo ser interpretada como faixas rígidas de

mudança de estados limites governantes (PACKARD, 1996).

Como dito anteriormente, a metodologia de dimensionamento dos pisos

industriais foi herdada dos pavimentos rodoviários e aeroportuários, inicialmente com os

trabalhos pioneiros de Westergaard – de base eminentemente teórica – e posteriormente com

os estudos de cunho experimental desenvolvidos de modo independente por G. G. Meyerhof e

A. Lösberg (RODRIGUES, 2010).

As tensões na placa são resultantes de esforços aplicados por cargas externas ou

variações volumétricas cuja magnitude depende de fatores como continuidade da placa,

resistência da fundação, metodologia e qualidade da construção, intensidade e posicionamento

das cargas (ACI, 2006).

Se a placa está carregada de modo uniforme, o carregamento não influirá no nível

de tensões da placa, que estará sujeita apenas aos esforços oriundos da variação volumétrica.

O carregamento gera tensão somente quando for discreto, o que acarreta deformações

diferenciais.

A seguir se dará ênfase para aspectos de dimensionamento aplicáveis para casos

onde o estado limite governante é o de flexão na região de aplicação da carga (momento

positivo). Para dimensionamento onde o estado limite governante seja o de esmagamento do

concreto, ou punção, é necessário que a área de contato (AC) seja suficientemente grande para

que a tensão de contato não supere 4,2 vezes o módulo de ruptura (tensão de ruptura à tração

na flexão), para cargas no interior da placa, e 2,1 vezes para cargas nas bordas ou cantos. A

tensão de cisalhamento, devido aos esforços de funcionamento (situação de serviço), não deve

ser superior a 0,27 vezes o valor do módulo de ruptura do concreto. Essa tensão deve ser

calculada considerando um perímetro 0,5h (h é a espessura do piso) afastado do perímetro da

área carregada (PACKARD, 1996).

A influência do posicionamento, vista conforme o esquema da figura 2.28, que

representa as cargas que atuam em três regiões distintas: central, canto e borda livre.

Utilizando-se a carga na região central como referência, a carga de canto gera um momento

fletor na placa de aproximadamente 1,7 vezes maior que a carga na região central, e a de

borda livre gera um momento de cerca de 2 vezes maior (RODRIGUES et al., 2006).

62

Figura 2.28 – Posição de Carga Concentrada Sobre Placa (RODRIGUES et al., 2006).

Quando consideramos o deslocamento da placa, as diferenças entre os pontos de

aplicação de carga são mais intensas, pois a carga na borda livre gera um deslocamento dessa

região de cerca de três vezes mais do a região central quando a carga está aplicada nela, no

canto esse deslocamento é 7 vezes maior, sempre comparando para a mesma intensidade de

carga. A Tabela 2.5 resume o que foi dito sobre esforços e deslocamentos de uma placa para

carga concentrada aplicada em diferentes regiões.

Tabela 2.5 – Comparação entre esforços e deslocamentos para carga aplicada em diferentes regiões (baseada em

RODRIGUES et al., 2006).

Posição da Carga Momento Fletor Deslocamento

Centro da placa M D

Canto -1,7M 7D

Borda 2M 3D

É comum surgir trincas de canto em placas com deficiência de suporte, pois a

maior deformação nessa região acaba levando à deformações plásticas do solo, fazendo com

que a placa passe a trabalhar em balanço, condição estrutural não considerada no

dimensionamento (RODRIGUES et al., 2006).

Os valores relativos de tensão e deslocamentos são válidos para placas com

descontinuidade estrutural, ou seja, sem barras de transferência. Essas, como o próprio nome

sugere, permitem que quando a carga se aproxima da junta, parte dela seja transferida para a

placa vizinha. Considera-se carga no interior da placa quando seu ponto de aplicação está

afastado mais do que uma vez e meia o raio de rigidez da placa de concreto (ℓ),

(RODRIGUES et al., 2006):

( )

63

√ (

)

( )

Para entendimento do significado físico do raio de rigidez l para o caso de uma

placa com apoio de molas (ou apoio de líquido denso) apresenta-se a Figura 2.29 extraída de

Oliveira (2000). O raio de rigidez é a distância entre o ponto de aplicação da força e o ponto

de momento nulo.

Figura 2.29 – Ilustração do raio de rigidez (l) (OLIVEIRA, 2000).

Sendo E e µ o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson do concreto, h a

espessura da placa e K o coeficiente de recalque no topo do sistema subleito – sub-base; Es e

µs referem-se ao módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson do solo.

Esse parâmetro denominado raio de rigidez também é utilizado no projeto de

pisos para avaliar a necessidade de considerar a influência de cargas próximas, de forma

semelhante ao exposto no item 2.4.1. A respeito do parâmetro R. Chamando agora de Rc o

“raio de influência” a partir de um certo ponto denominado A onde todas as cargas que

estejam aplicadas são consideradas importantes para análise dos esforços atuantes em A, o Rc

é dado por (Rodrigues et al., 2006):

Segundo Rodrigues et al. (2006) n pode variar de 1 a 2 e sua escolha é opção do

projetista. Neto (2013) utiliza n igual a 2 para dimensionamento de pisos submetidos a

máquinas ultrapesadas. Valores inferiores a 1,5 devem ser respaldados com base em estudos

complementares. Uma vez determinado o valor de Rc, o cálculo do acréscimo de esforço em

64

A devido as cargas aplicadas numa distância menor que Rc pode ser feito de forma simples

assumindo uma distribuição triangular, sendo máxima no ponto A, valor 1, e zero em n x l, de

forma semelhante a uma linha de influência de uma viga (Figura 2.30):

Figura 2.30 – Efeito de cargas próximas (RODRIGUES et al., 2006).

2.6.1. Westergaard (1926)

Esse é o precursor dos outros métodos de cálculo, sendo uma enorme contribuição

para o conhecimento do comportamento e projeto de laje sobre solo em sua época,

desenvolvido para pavimentos rígidos assume comportamento elástico da placa apoiadas

sobre molas de Winkler (SENÇO, 1997).

Após várias pesquisas constatou-se que seus resultados implicam em um

dimensionamento conservador. No entanto, sua apresentação é justificada pela importância no

desenvolvimento dos outros métodos atualmente utilizados no dimensionamento de laje sobre

solo (NETO, 2013).

Westergaard desenvolveu três equações para as condições de carregamento mais

importantes, que são apresentadas a seguir:

65

Carga de canto:

* (

)

+

Carga no interior da placa:

[ (

) ]

b = a quando a 1,724h

b = √ quando a

Carga de borda (área circular):

* ( ) (

) +

Sendo σ a tensão atuante, P a carga pontual aplicada em uma área circular de raio

a, h e l são respectivamente a espessura e o raio de rigidez da placa de concreto. O coeficiente

de Poisson do concreto foi considerado igual a 0,15 e as placas isoladas, isto é, sem o uso de

barras de transferência.

Essas expressões vêm sendo continuamente validadas pelos processos de

elementos finitos. Além delas, Westergaard desenvolveu expressões para determinar a

deformação de placas apoiadas em meio elástico – líquido denso (RODRIGUES et al., 2006):

Carga de canto:

[ (

)]

Carga no interior da placa:

{

* (

) + (

)

}

66

Carga na borda (área circular):

* (

)+

Sendo a deformação.

Uma vez conhecido o momento fletor solicitante o dimensionamento da espessura

da placa se faz limitando a tensão de tração do concreto da seguinte forma:

F.S. é o fator de segurança que deve ser ≥ 2 para evitar que o efeito de fadiga

governe o dimensionamento (SENÇO, 1997; RODRIGUES et al., 2006).

Para dimensionamento σ, calculado pelas expressões de Westergaard, deve ser

menor que σadm.

2.6.2. Lösberg (1961)

No início da década de 1960, surgiram dois notáveis trabalhos voltados aos

pavimentos armados, desenvolvidos de modo independentes pelos engenheiros suecos Anders

Lösberg (1961) e G.G. Meyerhof (1962).

O primeiro desenvolveu seus estudos em pavimentos aeroportuários e tinha

formação na área de estruturas, enquanto Meyerhof, com atuação na área de solos,

desenvolveu seus estudos experimentais com ensaios em verdadeira grandeza nos Estados

Unidos, focando carregamentos pontuais, similares aos dos pavimentos industriais. Os

estudos dos dois pesquisadores diferem dos de Westergaard por trabalharem em regimes de

ruptura plástica, o que lhes permite uma redistribuição das tensões de tração no concreto

quando o limite elástico é alcançado (RODRIGUES et al., 2006).

Teoricamente, somente os materiais com comportamento dúctil são passíveis de

serem analisados por esses modelos, como os concretos reforçados com fibras de aço (ACI,

2006) ou os armados, embora mesmo o concreto simples permita determinada redistribuição

desses esforços (RODRIGUES et al., 2006).

67

Pelo método de Anders Lösberg calcula-se o valor do momento de inércia da

seção íntegra do pavimento (Ig), bem como o valor do momento de inércia da seção fissurada

(Icrítico), faz-se o cálculo de uma carga equivalente dada em função da forma de aplicação da

carga. Pode-se calcular o momento fletor atuante na placa em virtude da disposição das rodas,

em função de um raio geométrico tomado com base no valor do raio de rigidez (NETO,

2013).

Primeiramente determina-se o momento de inércia da seção íntegra (Ig):

Cálculo dos momentos fletores críticos (NETO, 2013):

Sendo fck a resistência característica à compressão do concreto aos 28 dias de

idade, fct,m a resistência média à tração na flexão do concreto, fctk,sup a resistência característica

superior à tração na flexão, yT a distância entre a linha neutra e a fibra mais afastada da placa,

tida como metade da altura h da placa.

O momento calculado pela equação anterior é o momento crítico negativo

M’NEGATIVO, e o momento positivo é considerado como metade do negativo:

Em seguida calcula-se a armadura necessária As para resistir ao MCRÍTICO, depois

calcula-se o momento de inércia da seção fissurada ICRÍTICO:

( )

Onde b é a largura da seção tida como 100cm, x é tido como h/2, n é a relação

entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto, seu valor é aproximadamente 7,5 e d é

a altura útil da seção, tida aproximadamente como h-5cm.

Tendo Ig e ICRÍTICO calcula-se o valor de α que é a relação entre eles:

68

Com α recalcula-se o valor do raio de rigidez:

( )

Obtém-se a carga equivalente para levar em conta cargas aplicadas numa distância

menor que o raio Rc, é exatamente o mesmo processo explicado na Figura 2.10. A carga

equivalente CEQUIVALENTE é a soma dos coeficientes obtidos para cada roda no diagrama

triangular multiplicado pela carga por roda.

Com os cálculos já realizados determinam-se os seguintes parâmetros para

utilização do ábaco de Lösberg para carga na borda livre:

( )

Onde Pr é a carga atuante em um pneu, isto é, a carga total do eixo dividida pelo

número de rodas e q, é a pressão de enchimento (geralmente considerada como 7 kgf/cm²). R

é o raio equivalente da região de contato do pneu. PUTL nesse caso é a carga equivalente.

Entrando com o valor de c/l e ( )

obtém-se no ábaco a seguir o valor de m’/P,

P é a carga equivalente, assim calculamos m’ que é o momento atuante característico. Com

este momento dimensiona-se a armadura final através de processo usual de dimensionamento

de concreto armado (NBR 6118).

69

Figura 2.31 – Ábaco para carga na borda livre (Lösberg, 1961).

Para o caso de cargas no interior obtém-se os momentos atuantes positivo e

negativo diretamente do ábaco, já considerando a distância entre rodas de um eixo simples:

Figura 2.32 – Ábaco para carga no interior da placa (Lösberg, 1961).

2.6.3. Meyerhof (1962)

Os modelos desenvolvidos por Lösberg e Meyerhof são bastante similares, e este

último ganhou maior projeção em função da simplicidade de suas expressões, que permitem o

cálculo dos esforços no interior, na borda e no canto da placa de concreto. Entretanto, o

embasamento teórico do comportamento de ruptura dos materiais foi mais bem fundamentado

por Lösberg (Lösberg, 1961).

70

Carga de canto:

* ( ⁄ )+

Carga interna:

* ( ⁄ )+

Carga de borda:

* ( ⁄ )+

Sendo a nomenclatura a mesma já citada anteriormente.

Uma vez conhecido o momento fletor solicitante, o dimensionamento da

espessura da placa se faz limitando a tensão de tração do concreto da seguinte forma:

F.S. é o fator de segurança que deve ser ≥ 2 para evitar que o efeito de fadiga

governe o dimensionamento. Calcula-se a tensão atuante com a equação abaixo advinda da

resistência dos materiais:

Para dimensionamento σ deve ser menor que σadm.

2.6.4. Packard (1996)

O método apresentado por PACKARD (1996) pode ser usado no

dimensionamento de pisos industriais de concreto simples ou com armadura sem função

estrutural. Os ábacos são limitados, pois não abrangem forças muito elevadas.

Este método é derivado do dimensionamento de rodovias e aeroportos devido às

inúmeras pesquisas realizadas nestes tipos de pavimento.

As variáveis são:

Coeficiente de recalque da fundação;

71

Módulo de ruptura do concreto;

Natureza e frequência das ações;

PACKARD (1996) apresenta ábacos para o dimensionamento (anexo A), onde as

tensões foram determinadas com auxílio de um software. Foi adotado o módulo de

elasticidade do concreto igual a 28.000Mpa e o coeficiente de Poisson igual a 0,15. Segundo

PACKARD (1996), a influência do módulo de elasticidade e do coeficiente de Poisson nos

valores das tensões é muito pequena. Foi adotada a hipótese de carregamento no interior das

placas obrigando a existência de um bom dispositivo de transferência de carga. Se houver

bordas carregadas, deve-se aumentar a espessura em 20 a 5%. As tensões devidas à retração

são desprezadas. De acordo com PACKARD (1996) exceto em pavimentos de concreto

continuamente armados, as tensões devidas à retração, que realmente ocorrem nas placas,

equivalem a apenas um terço ou metade da tensão calculada.

Ações Móveis:

O método de dimensionamento apresentado por PACKARD (1996) prevê uma

redução na resistência do concreto à tração, devido ao efeito da fadiga. A Tabela A.1 (Anexo

A) fornece os valores dos coeficientes de segurança em função do número de repetições das

solicitações. O critério de Fadiga adotado é o mesmo da PCA/66, sendo o fatos de fadiga o

inverso da relação de tensões. Dessa maneira, a tensão de tração admissível do concreto é

dada por:

Sendo:

: tensão de tração admissível;

: resistência característica do concreto à tração na flexão, também

conhecido como módulo de ruptura, MR;

: coeficiente de segurança devido à fadiga.

PACKARD (1996) define como tensão de trabalho a relação entre a tensão

admissível e a força do eixo mais carregado:

72

Sendo:

Q: tensão de trabalho em Pa/N;

tensão de tração admissível, em KPa;

P: peso do eixo mais carregado em KN.

A área de contato dos pneus é determinada como:

Sendo:

PR: Peso atuante em uma roda:

P: pressão de enchimento dos pneus;

Quando a área A calculada é inferior a 600 cm2, deve-se fazer uma correção,

utilizando a figura A.1, obtendo A’. Arbitrando-se uma espessura tentativa a ser verificada

posteriormente. Verifica-se que a correção é mais significativa para as maiores espessuras de

placas.

Segundo PACKARD (1996) a razão para essa correção é que as tensões em placas

para áreas de contato muito pequenas são superestimadas quando determinadas pela teoria

convencional. PACKARD (1996) apresenta o ábaco da figura A.2 para dimensionamento de

pisos industriais submetidos à ações de empilhadeiras com eixo de rodagem simples. Os

parâmetros de entrada são:

Q: tensão e trabalho em Pa/N;

S: espaçamento entre as rodas em cm;

A: área de contato efetiva dos pneus em cm2;

K: coeficiente de recalque da fundação;

Do gráfico obtém-se a espessura da placa em cm.

O eixo de rodagem dupla provoca tensões inferiores se comparado com um eixo

de rodagem simples com o mesmo peso. PACKARD (1996) propõe uma redução no valor do

peso P a ser utilizado para calcular a tensão de trabalho Q dando origem a um peso corrigido:

.P

73

Sendo:

Pcor: peso do eixo corrigido;

Fred: fator de redução obtido da figura A.3;

O valor da tensão de trabalho passa a ser calculado por:

Sendo:

Qcor: tensão de trabalho calculada a partir do peso corrigido em Pa/N;

σ adm: tensão de tração admissível em KPa;

Para a utilização da figura A.3 a fim de determinar o valor de fred , é necessário

arbitrar uma espessura inicial para a placa. A verificação da espessura tentativa é feita com o

auxílo do ábaco da figura A.2 com os seguintes parâmetros:

Qcor em Pa/N;

S: espaçamento entre as rodas em cm;

A: área de contato efetiva dos pneus em cm2

K: coeficiente recalque da fundação

Caso a fundação obtida seja diferente da arbitrada, o processo deve ser repetido

com uma nova espessura tentativa.

Carregamento de montantes:

No dimensionamento de pisos de concreto solicitados por montantes de prateleiras

ou por patolas, deve-se conhecer:

O menor espaçamento entre os montantes x;

O maior espaçamento entre os montantes y;

Área de contato A ou área de contato efetiva A’;

Peso do montante Pmont;

Resistência do concreto à tração na flexão fctm.k;

Coeficiente de recalque da fundação K;

Devido ao desconhecimento da posição das prateleiras e à deformação lenta do

concreto, PACKARD (1996) recomenda a adoção de um coeficiente de segurança que varia

entre 2 e 5. Os montantes podem ser apoiados próximos às juntas, produzindo esforços até

50% maiores que no interior das placas dependendo do grau de transferência de carga.

74

Os ábacos das figuras A.4 a A.6 possibilitam a determinação da espessura das

placas em função dos valores de x, y, k, A e Q. O valor de Q é calculado pela equação:

Neste caso a tensão admissível é dada por:

Sendo:

σ adm: Tensão de tração admissível;

fctm.k: resistência característica do concreto à tração na flexão;

FS: Fator de segurança entre 2 e 5;

PACKARD (1996) recomenda que a tensão de contato entre a área de apoio e a

placa seja inferior a 4,2 vezes o módulo de ruptura do concreto para forças no interior da

placa e 2,1 vezes para forças de borda ou de canto. A tensão de cisalhamento devida aos

esforços de puncionamento não devem ser superiores a 0,27 vezes o módulo de ruptura do

concreto.

Segundo MELGES (1995), “o fenômeno da punção de uma placa é basicamente a

sua perfuração devida às altas tensões de cisalhamento provocadas por forças concentradas ou

agindo em pequenas áreas”. A ruína por punção é do tipo frágil.

Em pisos de concreto, existem duas maneiras de evitar a ruptura por

puncionamento:

Aumentar a área de apoio;

Aumentar a espessura do piso;

Segundo BRAESTRUP & REGAN, citado por MELGES e PINHEIRO (1999),

com relação ao formato dos apoios, pode-se observar que para apoios circulares, a resistência

é cerca de 15% maior quando comparada à resistência de apoios quadrados com área

equivalente. Isto se deve ao fato de que, nos apoios quadrados e nos retangulares existe uma

concentração de tensões nos cantos.

75

Segundo a Revisão da NBR-1 (1999), existem duas superfícies críticas para ruína

por punção, indicadas nas figuras abaixo:

Figura 2.33 – Ruína por punção de 2d da área de aplicação da força

Figura 2.34 – Ruína por punção na face da área de aplicação da força.

Para verificação da punção deve ser respeitada a inadequação:

Sendo:

: tensão atuante de cálculo;

: tensão resistente de cálculo;

A tensão atuante de cálculo é dada por (Revisão da NB-1, 1999):

Sendo:

FSd : força atuante de cálculo;

u: perímetro crítico; para área retangular é dado pelas expressões :

( ) ( )

76

( )

d: altura útil;

Para verificação da punção a 2d da face da área de aplicação da força, o perímetro

crítico é dado por:

( ) ( )

Sendo:

c1 e c2: lados da área retangular de aplicação da força;

m: média entre os lados da área de aplicação da força;

Para a verificação da punção a 2d da força, a tensão resistente de cálculo é dada

por:

( √

) √

Sendo:

: taxa de armadura de flexão, dada pela equação abaixo;

Fck: resistência característica do concreto;

Sendo:

ρx: taxa de armadura de flexão na direção x;

ρy: taxa de armadura de flexão na direção y;

Esta verificação, proposta pela Revisão da NB-1 (1999), é possível somente

quando houver armadura de flexão. No caso de concreto simples, é possível adotar a proposta

do ACI 318 (1989), onde a tensão resistente é dada pelo menor dos valores:

(

)√

(

)√

77

Sendo:

: razão entre o lado mais longo e mais curto do pilar;

: perímetro crítico localizado a d/2 do contorno do pilar;

: constante que assume os valores: 40 para forças internas, 30 para

forças de borda e 20 para forças de canto;

A seção crítica, segundo proposta da ACI 318 (1989), está a uma distância d/2 da

face da área da aplicação da força e tem formato retangular.

Para verificação da punção na face de aplicação da força, o perímetro crítico é

dado por (Revisão da NB-1, 1999):

( )

Para verificação da punção na face do pilar, a tensão resistente de cálculo é

dada por (Revisão NB-1, 1999):

(

)

Carregamento distribuído

Nos corredores de circulação entre áreas de carregamento distribuído, ocorrem

momentos negativos (tração nas fibras superiores). Caso o comprimento desses corredores

fosse conhecido, seria possível fazer um dimensionamento mais otimizado, mas como é dificil

fixar essa dimensão, realizam-se os cálculos adotando a largura que produza o máximo

esforço. PACKARD (1996) apresenta a seguinte expressão:

Sendo:

: carregamento uniformemente distribuído admissível em kN/m2;

: resistência de cálculo do concreto à tração na flexão, dado pela equação

abaixo em Mpa;

h: espessura da placa em cm;

k: coeficiente de recalque da fundação em Mpa/m;

78

Sendo:

: coeficiente de segurança do concreto;

2.7. PROPAGAÇÃO DE TENSÕES

Ao se aplicar uma carga sobre a superfície de um maciço são geradas tensões no

seu interior. Quanto mais próximo da região de aplicação da carga maior será o acréscimo de

tensão, tendendo a ser cada vez mais próxima do valor da tensão aplicada.

Uma das formas mais tradicionais de se estimar o acréscimo de tensão no interior

de um maciço é considerar que as tensões se espraiam segundo áreas crescentes, mas sempre

se mantendo uniformemente distribuídas. Formando um ângulo de espraiamento comumente

considerado de 30º, tal como ilustrado na Figura 2.35 para o caso de um carregamento de

comprimento infinito e largura de 2L:

Figura 2.35 – Espraiamento das tensões (PINTO, 2000).

Para um ângulo de 30 graus, a uma profundidade z, a área carregada será

2.L+2.z.tg30°.

A tensão uniformemente distribuída atuante nesta área, que corresponde à carga

total aplicada, vale:

79

Onde σ0 é a tensão aplicada.

E se a área carregada for quadrada ou circular, os cálculos serão semelhantes,

considerando-se o espraiamento em todas as direções (PINTO, 2000).

Este método, embora útil em certas circunstâncias, e mesmo adotado em alguns

códigos de fundações em virtude de sua simplicidade, deve ser entendido como uma

estimativa muito grosseira, pois as tensões, a uma certa profundidade, não são uniformemente

distribuídas, mas concentram-se na proximidade do eixo de simetria da área carregada,

apresentando uma forma de sino, como mostra a Figura 2.36.

Figura 2.36 – Distribuição de tensões com profundidades (PINTO, 200).

Na prática, a forma mais usada de se calcular o acréscimo de tensão em um

maciço devido ao carregamento na superfície é fazer uso de métodos baseados na teoria da

elasticidade.

Embora o solo não seja um material elástico-linear, esses métodos têm gerado

resultados satisfatórios para problemas de engenharia (PINTO, 2000). A seguir são

apresentadas algumas soluções clássicas para casos de carregamento usuais.

2.7.1. Solução de Boussinesq

Boussinesq determinou as tensões, as deformações e deslocamentos no interior de

uma massa elástica, homogênea e isotrópica, num semi-espaço infinito de superfície

80

horizontal, devidos a uma carga pontual aplicada na superfície deste semi-espaço. A equação

de Boussinesq para este acréscimo de tensão é:

( )

Sendo z e r definidos como se indica na Figura 2.37.

Figura 2.37 – Tensão num ponto no interior da massa (PINTO, 2000).

Esta expressão pode ser escrita da seguinte forma:

( ( )

)

Esta última expressão mostra que, mantida a relação r/z, a tensão é inversamente

proporcional ao quadro da profundidade do ponto considerado. Na vertical abaixo do ponto da

carga (r = 0), as pressões são:

Como mostra a Figura 2.38, as tensões variam inversamente com o quadrado da

profundidade, sendo infinita no ponto de aplicação.

81

Figura 2.38 – Tensões na vertical abaixo do ponto da carga (PINTO, 2000)

2.7.2. Solução de Newmark

Para cálculos das tensões provocadas no interior do semi-espaço infinito de

superfície horizontal por carregamentos uniformemente distribuídos numa área retangular,

Newmark desenvolveu uma integração da equação de Boussinesq. Determinou as tensões

num ponto abaixo da vertical passando pela aresta da área retangular. Verificou que a solução

era a mesma para situações em que as relações entre os lados da área retangular e a

profundidade fossem as mesmas. Definiu, então, as seguintes relações entre os parâmetros m

e n:

e

Como ilustrado na Figura 2.39.

Figura 2.39 – Definição dos parâmetros m e n

82

Em função destes parâmetros, a solução de Newmark se expressa pela equação:

*

( ) ( )

( )( )

( )

+

Mas se considerarmos que a tensão num ponto qualquer é função só dos

parâmetros m e n, toda a expressão entre chaves pode ser tabelada, de forma que se tem:

Sendo I um coeficiente de influência que depende só de m e n e que se encontra

na Tabela 2.5, e também no ábaco da Figura 2.51.

Para o cálculo do acréscimo de tensão em qualquer outro ponto que não abaixo da

aresta da área retangular, divide-se a área carregada com retângulos com uma aresta na

posição do ponto considerado, e considera-se separadamente o efeito de cada retângulo. No

caso de um ponto no interior da área, como o ponto P no caso (a) da Figura 2.40, a ação da

área ABCD é a soma das ações de cada uma das áreas AJPM, BKPJ, DLPK e CMPL.

Figura 2.40 – Aplicação da solução de Newmark para qualquer posição

No caso de ponto externo, como o ponto P na situação (b) da Figura 2.40,

considera-se a ação da área PKDM, subtraem-se os efeitos dos retângulos PKBL e PJCM e

soma-se o efeito do retângulo PJAL, porque esta área foi subtraída duas vezes nos retângulos

anteriores.

83

Figura 2.41 – Tensões verticais induzidas por carga uniformemente distribuída em área retangular (solução de

Newmark)

84

Tabela 2.6 – Valores em I em função de m e n para a equação de Newmark

2.7.3. Solução de Love

A solução de Love é uma integração da equação de Boussinesq para tensões

verticais, fornecendo o acréscimo de tensão em pontos ao longo de uma vertical passando

pelo centro de uma área circular uniformemente carregada. A expressão obtida por Love é a

seguinte:

{

[

( ) ]

}

Sendo R o raio da área carregada e z a profundidade considerada.

85

2.7.4. Ábaco dos “quadrinhos”

Quando a configuração da área carregada na superfície do terreno é muito

irregular, emprega-se o “ábaco dos quadrinhos”, também devido a Newmark, que se baseia no

seguinte princípio: quando sobre a superfície do terreno se aplica uma pressão em toda a sua

extensão, em qualquer ponto, a qualquer profundidade, o acréscimo de tensão provocado é

igual à pressão aplicada na superfície.

Pode-se dizer que esta tensão é igual à somatória dos efeitos provocados por

carregamento em áreas parciais que cubram toda a superfície. Cada uma destas áreas contribui

com uma parcela do acréscimo de tensão. A superfície do terreno pode ser dividida em

diversas áreas, cada qual responsável por um certo acréscimo de tensão. O mais prático é

dividir a superfície do terreno em pequenas áreas, de tal forma que todas contribuam

igualmente para tensão provocada no ponto considerado. A divisão da superfície do terreno

em 200 áreas de igual influência no acréscimo de tensão numa certa profundidade dá origem

ao conhecido “ábaco dos quadrinhos”, embora as áreas na realidade não sejam quadradas, mas

setores de anel circular, como mostra a Figura 2.42.

Figura 2.42 – Ábaco de influência para cálculo da tensão vertical, num ponto à profundidade AB

86

Para a construção do ábaco, considera-se, inicialmente, os raios de círculo que, se

carregados na superfície do terreno, provocam, num ponto na vertical passando pelo centro do

círculo e a uma profundidade estabelecida, acréscimos de tensão correspondentes a 10%,

20%, 30%, etc. da pressão aplicada, definindo-se assim os círculos do ábaco. Este

procedimento divide a superfície do terreno em 10 áreas, cuja influência é de 10% do efeito

do carregamento em toda a área. A seguir, é só dividir cada anel em 20 setores iguais. Todo o

terreno ficou divido em 200 áreas de igual efeito. Nota-se que o ábaco está relacionado a uma

dimensão que, em escala representa a profundidade, o ponto para o qual se pretende estimar o

acréscimo de tensão devido ao carregamento feito na superfície.

Para o traçado do ábaco, emprega-se a solução de Love para a determinação do

acréscimo de tensão em pontos ao longo de uma vertical passando pelo centro de uma área

circular uniformemente carregada.

Tendo sido possível dividir a superfície do terreno em 200 pequenas áreas, cuja

influência sobre o ponto considerado seja a mesma, pode-se dizer que o carregamento em

cada uma delas provocará um acréscimo de tensão no ponto considerado igual a 0,005 da

tensão aplicada, pois 200x0,005 da pressão aplicada é a própria pressão aplicada em e é a

pressão que ocorre no ponto em virtude do carregamento em toda a superfície.

Considera-se que se conhece a planta de uma edificação com o formato irregular e

que se deseje conhecer a influência desta edificação em um ponto no subsolo, a uma certa

profundidade. Desenha-se a planta da edificação na mesma escala em que foi construído o

ábaco (AB=10m), de forma que o ponto considerado fique no centro do ábaco. Na Figura 2.43

apresenta-se um exemplo. Contam-se, então, quantos “quadrinhos” foram ocupados pela

planta. Como cada “quadrinho” carregado provoca no ponto 0,5% da tensão aplicada, o

número de “quadrinhos” vezes o valor de influência (0,005) vezes a tensão aplicada indica a

tensão provocada por todo carregamento da superfície.

Ao se contarem os “quadrinhos”, fazem-se uma compensação para as frações de

“quadrinhos” abrangidos pela edificação.

87

Figura 2.43 – Exemplo de aplicação do ábaco dos “quadrinhos”

É conveniente desenhar a planta do prédio em papel vegetal. Desta forma,

desloca-se a planta para outra posição e, contando-se os “quadrinhos” sobrepostos, determina-

se a tensão provocada nesta posição. A tensão determinada é sempre no ponto situado na

projeção do centro dos círculos, na profundidade ditada pela escala do desenho. Para

determinar as tensões em outras profundidades, deve-se desenhar outro ábaco ou outra planta

da edificação, de maneira a compatibilizar as escalas (PINTO, 2000).

2.8. SOLOS COLAPSÍVEIS

Os solos colapsíveis são solos não saturados que apresentam uma estrutura porosa

potencialmente instável, e que, estando sob a ação de um carregamento, tem uma redução

brusca de índices de vazios, mediante o aumento de certo teor de umidade. Para tanto, é

necessário que exista uma cimentação ou sucção, que mantenha a estrutura do solo estável em

seu estado natural, mas que, sob a atuação do fluído de inundação, se perca, instabilizando a

estrutura do solo e levando ao colapso. A colapsibidade do solo pode acarretar danos em

edificações, pisos e pavimentos devido à expressiva magnitude dos recalques diferenciais, e

88

ser ocasionado por meio de ruptura de tubulações, alagamento do terreno, rebaixamento do

nível d’água, entre outros (GON, 2011).

Os solos tropicais apresentam peculiaridades que os difere dos solos oriundos de

climas temperados. As condições climáticas típicas das regiões tropicais levam a formação de

solos como os solos lateríticos, caracterizados em sua formação pela intensa migração de

partículas sob a ação de infiltrações e evaporações, dando origem a um horizonte superficial

poroso, permanecendo quase que exclusivamente os minerais mais estáveis – quartzo,

magnetita, ilmelita e caulinita. Nesses solos é comum a agregação das partículas de argila e

silte, pela ação dos óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio, o que dá aos solos lateríticos

características de comportamentos mecânicos e hidráulicos não condizentes com a sua

textura. (BENATTI, 2010).

Vargas (1970) introduziu no Brasil pela primeira vez, os termos colapsível e

colapsibilidade, onde definia que os solos porosos de arenito, os grãos grossos de areia

uniforme são ligados entre si por um coloide argiloso, resultando uma estrutura colapsível (ao

saturar-se), e muito compressível. Este solo, que seco se mantem em cortes verticais, perde

sua resistência ao se saturar.

Segundo Vilar (1979), existem solos colapsíveis que, ao serem inundados, entram

em colapso apenas pelo próprio peso da camada. Em outros, o colapso está associado a uma

sobrecarga. Entretanto, mais frequentemente, o fenômeno ocorre por uma combinação do

efeito de sobrecarga e do acréscimo do grau de saturação.

Jennings e Knigth (1957) descrevem o mecanismo do colapso da seguinte forma:

“quando o solo é submetido a um carregamento em seu estado natural, a estrutura permanece

sensivelmente inalterada, e o material de ligação comprime ligeiramente sem resultar em

grandes movimentos relativos dos grãos do solo. Neste estágio, a consolidação ocorre por

compressão das partículas finas entre as maiores partículas. Enquanto a umidade permanece

baixa as forças micro-cisalhantes locais nas interfaces das partículas de areia, resultantes do

carregamento são resistidas sem apreciável movimento dos grãos. Quando o solo sob

carregamento ganha umidade e certa umidade crítica é excedida, os vínculos alcançam um

estágio em que não podem mais resistir às forças de deformação. A estrutura, então, colapsa.

Segundo Barden et al. (1973) existem quatro condições necessárias para a

ocorrência de colapso em um solo:

89

a) Existência de uma estrutura porosa potencialmente instável;

b) Existência de uma pressão aplicada que aumenta a instabilidade;

c) Presença de um alto valor de sucção ou agente cimentante, que estabiliza os

contatos intergranulares e que são susceptíveis de enfraquecimento quando umedecidos;

Segundo Villar et al. (1981), os ambientes tropicais apresentam condições

propícias para o desenvolvimento de solos colapsíveis. Seja pela lixiviação de finos dos

horizontes superficiais nas regiões onde se alternam estações de relativa seca e de

precipitações intensas, seja pela deficiência de umidade que se desenvolvem em regiões áridas

e semi-áridas.

Registros indicam a ocorrência de colapso em vários tipos de solo e em diversos

países do mundo. Esses solos podem ser eólicos, aluvionares, coluvionares, residuais ou

vulcânicos (FUTAI, 1997)

Os solos colapsíveis cobrem cerca de 50% da região sudoeste do Brasil. Giacheti

(1991) apresenta um mapa identificando solos colapsíveis com características

geológico/geotécnicas potencialmente semelhantes ao solo estudado na cidade de Campinas,

figura 2.44.

90

Figura 2.44 - Regiões do Brasil com potencial de ocorrência do perfil de Campinas (GIACHETI, 1991 adaptado

por CURY FILHO, 2016)

Além dessa grande região, Ferreira (2007) e Rodrigues (2009) apresentam

registros de solos colapsíveis em diferentes estados do nordeste e norte do Brasil: Amazonas,

Pará, Tocantins, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia. Nunes et al.

(2012) também citam ocorrência no estado do Ceará.

Devido à grande área de ocorrência de solos colapsíveis no Brasil, é necessário

conhecer com mais precisão o comportamento desses solos e considerar adequadamente suas

características no projeto de fundações diretas, pisos industriais e pavimentos rígidos.

Para a maioria dos solos, o comportamento tensão-deformação é representado por

uma função contínua. No caso dos solos dos solos colapsíveis, essa condição só é válida, se

for mantida em condição de baixo grau de saturação. Nesses solos, se o grau de saturação for

aumentado até certo valor crítico, mesmo sem atingir sua completa saturação, ocorrerá uma

91

redução brusca e acentuada de volume. Devido a esta resposta ao umedecimento, o

comportamento tensão-deformação não pode ser caracterizado como contínuo, mas como

dependente das variações do teor da umidade (MEDERO, 2005). Um exemplo deste

fenômeno é ilustrado na Figura 2.45, que representa o recalque adicional devido ao colapso da

estrutura do solo.

Figura 2.45 – Conceito Básico de Recalque Adicional Devido ao Colapso (JENNINGS e KNIGHT, 1975)

Um levantamento inicial das ocorrências de solos colapsíveis no Brasil feito por

Ferreira et al.(2007), e complementado por Rodrigues (2009), é apresentado no Quadro 2.1

com mais algumas atualizações feitas nesse trabalho apresentadas no final do quadro.

Quadro 2.1 – Ocorrência de Solos Colapsíveis no Brasil (adaptado de RODRIGUES, 2009) Município/ Estado Referência Origem / Classe Pedológica

Manaus / AM Dias e Gonzales (1985) Formação Barreira / Latossolo

Belém / PA Santos Filho et al (2005) Formação Barreira / Latossolo

Palmas / TO Ferreira et al (2002) Formação Pimentais / Coluvial

Parnaíba / PI Rinai e Barbosa (1989) Eólico/ Areia Quartzosa

Natal / RN Santos Jr e Araújo (1999) Eólico/ Areia Quartzosa

João Pessoa / PB Martins at al (2004) Formação São Martins

Sape / PB Martins at al (2004) Formação Barreira

Areia / PB Martins at al (2004) Formação Barreira

Recife / PE Ferreira et al (1987) Formação Barreira / Latossolo e

Aluvial/ / Arenito

Gravatá / PE Ferreira et al (1987) Complexo Carnaíba / Podzólico

Carnaíba / PE Ferreira et al (1987) Complexo Monteiro / Bruno não

Cálcico

Petrolândia / PE Ferreira et al (1987) Formação Marizal / Areia

Quartzosa

Cabrobó / PE Ferreira et al (2007) -------------------

Sta M Vista / PE Ferreira e Teixeira (1989) Granitoides Diversos / Podzólico

Petrolina / PE Aragão e Melo (1982) Ferreira (1989) Aluvial/ Areia Quartzosa

92

Rodelas / BA Ferreira (1988) Formação Tacaratu / Areia

Quartzosa

Bom Jesus da Lapa / BA Mendonça (1990) Formação Vazantes / Aluviões/

Areia Quartzosa e Latossolo

Brasília / DF Barberiam (1982), Paixão e Carvalho

(1994), Guimarães et al (2002), e

Silva(2006)

-------------------

Laterítico

Goiás / GO Moraes et al (1994) Coluvial

Itumbiara / GO Ferreira et al (1989) Coluvial e Aluvial

Jaíba / MG Ferreira et al (1989) Aluvial

Manga / MG Bevenuto (1982) Aluvial / Areia Quartzosa

Três Marias / MG Ferreira et al (1989) Coluvial / Siltitos

Uberlândia / MG Ferreira et al (1989) Coluvial / Basalto e Arenito

Ilha Solteira / SP Rodrigues e Lobo (2002) Colúvio / Podzólico e Latossolo

Pereira Barreto/ SP Ferreira et al (1989), Vargas (1973) Coluvial e Arenito

São Carlos / SP Vilar et al (1985),Ferreira et al (1989) Coluvial e Arenito

Sumaré e Paulínia / SP. Ferreira et al (1989) Coluvial e Arenito

Mogi Guaçu / SP Ferreira et al (1989) Coluvial e Granito

Campinas / SP Albuquerque (2006) Coluvial e Laterítico

Campinas / SP Carvalho et al (2000) Coluvial e Laterítico

Itapetininga / SP Ferreira et al (1989) Coluvial

Canoas / SP Ferreira et al (1989) Coluvial e Arenito

Rio Sapucaia / SP Ferreira et al (1989) Coluvial e Residual

São J. Dos Campos / SP Ferreira et al (1989) Aluvial

São Paulo / SP Vargas (1973), Ferreira et al (1989) Aluvial

Maringá / PR Gutierrez et al (2004), Teixeira et al

(2004)

Latossolo

Londrina / PR Miguel e Belicanta (2004) e Gonçalves

et al (2004)

Basalto / Latossolo

Timbé do Sul / SC Feuerhaumel et al (2004), Colúvio / Basalto

São Leopoldo / RS Martins at al (2002), Medero at al

(2004)

Areia Botucatu, Eólico Solo

Residual.

São José dos Ausentes /

RS

Feuerhaumel et al (2004), Coluvial Arenito

Gravataí / RS Dias (1989) Latossolo e Podzólico

Santo Ângelo / RS Pinheiro et al (2012) Latossolo

Eunápolis / BA Coutinho et al (2010) Sedimentos Costeiros /

Formação Barreiras

Primavera do Leste / MT Lima e Ribeiro Junior (2012) --------------------------------

93

Floresta / PE Neto et al (2012) Areia fina / Formação Tacaratu

Juazeiro do Norte / CE Bandeira et al (2012) --------------------------------

Inúmeros problemas ocorreram em construções apoiadas em fundações diretas no

Estado de São Paulo devido ao recalque de colapso. Edificações que por muitos anos tiveram

desempenho adequado e que, quando houve inundação no solo de apoio devido à chuvas

intensas, aumento do nível do lençol freático causado pela construção de barragens, ou

vazamentos de tubulações, ocorreram recalques diferenciais repentinamente de grande

magnitude (LOBO et al., 2003; AGNELLI, 1992; CINTRA e AOKI; 2013).

Vidal (2012) relata diversos danos em nove conjuntos habitacionais construídos

na região da cidade de Bauru, estado de São Paulo. Cada conjunto é constituído de centenas

de residências térreas apoiadas em sapatas corridas e radiers. A Figura 2.56 apresenta imagem

de satélite de um dos conjuntos habitacionais estudados.

Figura 2.46 - Vista aérea de um conjunto habitacional (VIDAL, 2012)

A Figura 2.47 mostra danos típicos ocorridos nessas residências devido ao

recalque de colapso.

94

b - Vista de vala aberta, buscando-se

determinar a cota de apoio do radier.

a - Vista da vala aberta e fissura

na alvenaria e no elemento de fundação.

c - Vista da espessura do radier

utilizado como suporte da edificação,

indicando 0,10 m.

Figura 2.47 - Danos devidos a recalques de fundação (VIDAL, 2012)

Até o inicio do século 21, por volta do ano de 2004, a literatura brasileira

referente a solos colapsíveis não abordava o tema sob o enfoque da influência da sucção que

ocorre em solos não saturados. Entendia-se que o solo colapsível tinha uma certa cimentação

natural que se desfazia na presença de certo teor de umidade e estado de tensão (CINTRA e

AOKI, 2013).

Com o avanço das pesquisas referente à mecânica dos solos não saturados, e do

comportamento de fundações em solos colapsíveis, o tema da colapsividade avançou

consideravelmente com a introdução da monitoração da sucção matricial nos ensaios e a

95

demonstração de seu papel relevante no comportamento de fundações em solos colapsíveis

(CINTRA e AOKI, 2013).

Para ilustração do efeito da sucção do comportamento de fundações diretas é

apresentada a próxima figura de Costa (1999) contendo diferentes curvas tensão-recalque para

diferentes níveis de sucção. Com base nessa pesquisa o autor estabelece uma correlação entre

a capacidade de carga de uma placa circular de 0,80m de diâmetro assentada a 1,5m de

profundidade, na cidade de São Carlos, com a sucção do solo.

Figura 2.48 – Curvas tensão-recalque para Diferentes Níveis de Sucção (COSTA, 1999)

A expressão obtida nesta pesquisa correlacionando capacidade de carga (σr) e

sucção matricial (ψm) foi:

(kPa)

2.9. CAMPO EXPERIMENTAL

No campus da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, cidade de

Campinas, Estado de São Paulo, existem dois campos experimentais onde foram realizadas

diversas pesquisas. Um é o campo experimental da Faculdade de Engenharia Agrícola –

FEAGRI, e o outro é o campo experimental da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e

Urbanismo – FEC. A distância entre os campos é cerca de 300m, e ambos estão instalados em

96

uma região com mesmo tipo de solo, podendo seus resultados serem interpretados como

representativos de uma grande região.

O campo experimental da FEC tem área de 600m², possui as seguintes

coordenadas geodésicas no sistema geodésico WGS84: latitude -22º49’01”, longitude -

47º03’41”; o campo experimental da FEAGRI tem área de 400m², possui as seguintes

coordenadas: latitude -22º49’10” e longitude -47º03’40”. A Figura 2.49 mostra a localização

dos campos experimentais no campus da Unicamp.

Figura 2.49 – Localização dos campos experimentais da FEC e FEAGRI (UNICAMP, Campinas – SP)

97

Paschoalin (2008) faz uma descrição de parte das pesquisas realizadas no campo

experimental da FEAGRI até o ano de 2008: Peixoto (2001), em que foram executados

diversos ensaios tipo SPT-T; Fontaine (2004) executou ensaios de Cone Elétrico, e

Pressiômetro; Carvalho et al (2000), onde são fornecidas características geotécnicas obtidas

por meio de diversos ensaios de campo e laboratório; Albuquerque (2001), Nogueira (2004) e

Paschoalin (2008) onde foram executadas diversas provas de carga em estacas. Giachetti

(1991) e Albuquerque (1996) realizaram diversos ensaios laboratoriais para caracterização

geotécnica, Monacci (1995) estudou o solo quanto sua colapsibilidade, Paschoalin (2002)

estudou diversas características deste solo em seu estado “natural” e compactado em

diferentes teores de umidade.

Gon (2011) realizou coleta de amostras até 9m de profundidade no campo

experimental da FEC para ensaios de caracterização, permeabilidade, adensamento, triaxiais e

proctor.

Com bases nestas pesquisas pode-se dizer que o perfil do solo na região estudada

é constituído por, basicamente, uma primeira camada com cerca de 6,0m de argila arenosa de

alta porosidade, em alguns pontos ocorre uma camada de 0,50m de areia fina e média argilo

siltosa. Ocorre uma segunda camada de solo residual de diabásio composto por silte argilo-

arenoso até a profundidade de 16m. Não sendo encontrado o nível d’água até essa

profundidade. A Figura 2.50 apresenta este perfil.

98

Figura. 2.50. Perfil geotécnico – valores médios (KASSOUF et al., 2016)

99

A primeira camada é formada por um solo maduro o qual sofreu intenso processo

de intemperização, e a terceira camada é formada por um solo residual jovem, que conserva

características herdadas da rocha de origem (ALBUQUERQUE, 2001). A Figura 2.51 ilustra

o perfil geológico da região da Unicamp (distrito de Barão Geraldo).

Figura. 2.51. Perfil geológico da região da Unicamp (CURY FILHO, 2016 adaptado de ZUQUETE, 1987)

O subsolo é formado por migmatitos básicos, ocorrendo rochas intrusivas básicas

da Formação Serra Geral (diabásio) do Grupo São Bento perfazendo 98 km2 da região (14%

de sua área total). Nas próximas figuras são apresentados mapas geológicos de Campinas.

Também são encontrados nesta região corpos de diabásio encaixados na Formação Itararé e

no Complexo Cristalino, sob formas de sills e diques (ALBUQUERQUE, 2001).

100

Figura 2.52 – Mapa Geológico Simplificado de Campinas (SENNA e KAZZUO, 2010)

Figura 2.53 – Mapa das Províncias Geológicas de Campinas (SENNA e KAZZUO, 2010)

101

Os diabásios apresentam-se bastante fraturados, formando pequenos blocos, cujas

fraturas ou se encontram abertas ou preenchidas por materiais argilosos. Esses materiais são

pedologicamente classificados como Latossolos Vermelhos Distroférricos com característica

laterítica e colapsível. São constituídos pelos minerais: quartzo, ilmenita, magnetita, caulinita,

gibsita, óxidos e hidróxidos de ferro (GON, 2011).

As Figuras 2.54 a 2.58 apresentam resultados de ensaios de campo realizados por

Carvalho et al (2004) e reapresentados por Cury Filho (2016). Nas Figuras 2.54 a 2.56 são

apresentados dados médios, máximos e mínimos de índice SPT, resistência Tmáx e Tmín do

SPT-T.

Figura. 2.54. Resumo das resistências N (CARVALHO et al., 2004 apud CURY FILHO, 2016)

102

Figura 2.55. Resumo das resistências Tmáx (CARVALHO et al., 2004 apud CURY FILHO, 2016)

Figura 2.56. Resumo das resistências Tres (CARVALHO et al., 2004 apud CURY FILHO, 2016)

103

As Figuras 2.57 e 2.58 apresentam resultados de ensaios de penetração estática

(CPT) utilizando cone elétrico, obtidos por Carvalho et al. São apresentados os valores

mínimos, médios e máximos da resistência de ponta do cone (qc) e atrito lateral (fs).

Figura 2.57. Resumo das resistências qc das sondagens de penetração estáticas (CARVALHO et al., 2004 apud

CURY FILHO, 2016)

Figura. 2.58. Resumo das resistências fs das sondagens de penetração estáticas (CARVALHO et al., 2004 apud

CURY FILHO, 2016)

104

Monacci (1995) e Gon (2011) realizaram ensaios de compressão edométrica em

amostras indeformadas, com inundação em diferentes níveis de tensão para verificar a

colapsibilidade do solo conforme método de Vargas (1978).

A Tabelas 2.7 apresenta resultados do campo experimental da FEAGRI obtidos

por Monacci (1995). O solo foi considerado colapsível para todas profundidades e tensões

ensaiadas, visto que o coeficiente de colapso foi maior que 2% (VARGAS, 1978).

Tabela 2.7. Coeficiente de colapso (MONACCI, 1995)

Gon (2011) estudou o solo do campo experimental da FEC e obteve resultados

diferentes de Monacci (1995). Conforme Tabela 2.8 o solo apresentou características

colapsíveis para todas profundidades ensaiadas com tensão de 400 kPa. Para tensão de 200

kPa, houve exceções para as profundidades de 2 e 3 m. No caso de tensão de 100 kPa os

resultados mostram características colapsíveis somente para as profundidades de 1, 4 e 8m.

Tabela 2.8. Coeficiente de colapso (GON, 2011)

105

Com base nesses resultados pode-se considerar que o solo estudado apresenta

características colapsíveis.

Apresenta-se na Figura 2.59 o comportamento tensão-deformação de uma amostra

indeformada retirada à profundidade de 1,0m do campo experimental da FEC, obtida através

de ensaio triaxial em diferentes tensões de confinamento (GON, 2011).

Figura 2.59 – Comportamento tensão-deformação de solo natural para 1º metro (GON, 2011)

Através da Figura 2.59 se pode obter o módulo de deformabilidade do solo no seu

estado natural, parâmetro utilizado neste trabalho conforme apresentado no Capítulo 4.

As Figuras 2.60 e 2.61 apresentam as curvas obtidas por Paschoalin Filho (2002)

no ensaio edométrico para solo no estado natural e compactado, onde se pode observar a

grande redução dos vazios quando o solo é compactado. Demonstrando que o solo estudado

tem sua rigidez fortemente aumentada no seu estado compactado.

106

Figura. 2.60. Variação do índice de vazios com acréscimo de pressão para solo compactado

(PASCHOALIN FILHO, 2002)

Figura 2.61. Variação do índice de vazios com acréscimo de pressão para solo no estado natural

(PASCHOALIN, 2002)

107

2.10. COMPACTAÇÃO COMO MELHORAMENTO DE SOLO

Escavar até certa profundidade e aterrar o mesmo material de forma controlada é

uma forma de melhorar o solo de suporte de uma fundação direta, pisos e pavimentos em

solos colapsíveis, aumentando a resistência, a rigidez e a estabilidade quanto ao colapso,

diminuindo a deformabilidade e a permeabilidade (CINTRA e AOKI; 2013).

O método mais utilizado no mundo todo para se construir edificações com

emprego de fundações superficiais sobre terrenos porosos e colapsíveis é a remoção da

camada superficial e sua recolocação com compactação (RIBEIRO JUNIOR, FUTAI; 2010).

No Brasil não é diferente. O procedimento mais usual de melhoria do solo

colapsível, para reduzir substancialmente o recalque de colapso e viabilizar o emprego de

fundações por sapatas, tem sido a compactação (CINTRA e AOKI; 2013).

Uns dos primeiros registros dessa técnica no Brasil ocorreu em 1944, em hangares

da escola de aeronáutica em Pirassununga - SP, depois houve o registro da construção de um

reservatório na rua Consolação na cidade de São Paulo (1951), e na escola de Engenharia de

São Carlos no início da década de 60. O reservatório da Rua Consolação foi objeto de estudos

recentes e constatou-se que a fundação do mesmo se encontra em perfeito desempenho, sem

nenhum dado registrado (RIBEIRO JUNIOR e FUTAI, 2010).

Na década de 80 há registros do uso dessa técnica em Petrolina – PE. Provas de

carga em Ilha Solteira realizadas na década de 90 também comprovaram a eficácia dessa

técnica (CINTRA e AOKI; 2013).

Souza e Cintra (1994) executam quatro provas de carga em placa circulares e duas

em sapatas corridas com dimensões de 0,70mx3,02m, todas assentes à uma profundidade de

0,70m. O estudo foi realizado nos solos porosos do interior do Estado de São Paulo, na cidade

de Ilha Solteira. Os ensaios de placa foram feitos dois em umidade natural, sendo uma delas

sobre camada de solo compactado, e mais dois ensaios de placa foram realizados na mesma

forma, mas inundando o solo.

Os autores constataram que a compactação reduziu 86% o recalque devido ao

colapso, e mais de 50% os recalques nas outras fases de carregamento, concluindo que a

compactação foi um processo eficiente, de baixo custo e de fácíl execução para viabilizar o

108

uso de fundações diretas nesse tipo de solo. Analisando os resultados apresentados nessa

pesquisa, pode-se observar que o solo compactado aumentou cerca de 100% a capacidade de

carga da fundação quando comparado ao mesmo teor de uumidade, e que o solo compactado,

quando inundado, resistiu 36% a mais do que o solo no estado natural.

Na maioria dos casos citados, o solo foi compactado até uma profundidade Z igual

a menor dimensão da sapata B, e a largura é a largura da sapata B com acréscimo de B/2 para

cada lado, conforme ilustra a Figura 2.62:

Figura 2.62 – Utilização de Sapatas em Solo Colapsível Compactado (adaptado de CINTRA et al., 2003)

Considerando que as tensões se propagam pela profundidade em uma distribuição

1:2, a compactação com largura de B mais B/2 de cada lado, faz com que na profundidade Z =

B, o acréscimo de tensão ocorra somente no solo compactado, e nesta profundidade esse

acréscimo de tensão é somente 25% da tensão aplicada pela sapata, amenizando o colapso do

solo natural por dimunuição da tensão (CINTRA e AOKI; 2013).

Pela teoria da elasticidade, a profundiade do bulbo de acréscimo de tensão para

uma sapata circular é cerca de 2B. Nesta profundidade o acréscimo de tensão não chega a

10% da carga aplicada. Na profundidade de B o acréscimo é cerca de 28%. Valor muito

próximo do obtido pela propagação 1:2. Isso explica o porquê de compactar somente até a

metade do bulbo, não sendo necessário compactar o bulbo inteiro, facilitando a execução e

reduzindo o custo dessa solução.

Pinheiro et al. (2012) relatam o aumento de resistência e rigidez de solos porosos

da cidade de Santo Ângelo – RS através da compactação de camada com profundidade Z =

109

B/2. Nesse trabalho o solo compactado não foi inundado não podendo se ter uma avaliação

quanto à performance contra o colapso.

Guimarães e Ferreira (1998) realizaram diversos ensaios de laborátorio com

amostra das compactadas e também constataram a eficiência da compactação controlada na

melhoria de solos do Estado de Pernambuco em relação à redução do colapso.

110

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. RETIRADA DAS AMOSTRAS

Neste trabalho se fez uso dos resultados de ensaios no campo experimental da

FEC realizados por Gon (2011), e no solo do campo experimental da FEAGRI feitos por

Pachoalin Filho (2002). No entanto, para realização de ensaios complementares foram

coletadas amostras deformadas no primeiro metro do campo experimental da FEC.

Essas amostras foram armazenadas em saco plástico em câmara úmída do

laboratório de materiais da FEAGRI.

3.2. ENSAIO CBR

Com as amostras deformadas foram realizados seis ensaios CBR com base na

NBR 9895:1987. Três amostras foram ensaiadas sem prévia saturação. Isso foi feito com o

objetivo de avaliar se o solo do campo experimental se comportava de forma diferente nesse

ensaio, quando compactado em relação à inundação, pois é sabido que esse material é

potencialmente colapsível.

Os ensaios foram realizados com prensa manual no laboratório de materiais da

FEAGRI, utilizando amostras compactadas segundo ensaio de Proctor com energia normal

conforme NBR 7182:1986.

3.3. ENSAIO TRIAXIAL

O trabalho de Gon (2011) apresenta resultados de ensaio triaxial para amostras

indeformadas do solo do campo experimental da FEC. Esses resultados serão utilizados neste

trabalho para obtenção do módulo de deformabilidade inicial a ser utilizado nas análises

mecânicas. Para este mesmo fim, foram realizados ensaios triaxiais com amostras

compactadas com energia normal de compactação na umidade ótima.

Foram realizados quatro ensaios de compressão triaxial não drenados (CU), ou

seja, os resultados foram analisados em termos de tensões totais.

111

Os corpos de prova foram submetidos à pressões confinantes e, na sequência, ao

carregamento axial, não permitindo a drenagem. Os ensaios utilizaram quatro corpos de

prova, cada um com um valor de tensão confinante, 25 kPa, 50 kPa, 100 kPa e 150 kPa.

3.4. PROVAS DE CARGA

Com estacas de reação disponíveis no campo experimental da FEAGRI, foram

executadas duas provas de carga sobre placa:

Ensaio de placa sobre solo natural.

Ensaio de placa sobre camada de solo compactado com espessura de 50cm.

As provas de carga sobre placa foram executadas em consonância com as prescrições

e recomendações constantes da NBR 6489:1984. Para obter o coeficiente de recalque para pisos

industriais, também se utilizou a recomendação do DNIT 055:2004 – ME, onde primeiramente

aplicou-se um carregamento para acomodação da placa, até se observar um deslocamento vertical

entre 0,25mm e 0,50mm, descarregando em seguida. Esperou-se a estabilização dos

deflectômetros; essa pressão é denominada pressão de adensamento (Pad). Em seguida

descarregou-se a placa e aplicou-se metade do carregamento correspondente à Pad (Pad/2);

registraram-se as leituras iniciais de referência e seguiu-se com o ensaio conforme NBR

6489/1984.

Para a proteção dos dispositivos de referência das leituras contra as intempéries

(insolação), e outros fatores que poderiam interferir nos resultados das provas de carga, foi

utilizada cobertura feita com lona leve.

Figura 3.1 – Proteção contra intempéries.

112

Como dispositivo de aplicação de cargas foi utilizado macaco hidráulico com

capacidade de 300kN, reagindo contra viga metálica, seção duplo I, ancorada nas estacas de

reação existentes no campo experimental. A montagem das provas de carga seguiu o esquema

ilustrado na Figura 3.2:

Figura 3.2 – Esquema de montagem das provas de carga (NOGUCHI, 2012).

Para execução da prova de carga com solo natural escavou-se uma cava com

60cm de profundidade para se ter a garantia que o solo estivesse realmente em seu estado

natural, sem ter sofrido anteriormente efeito de alguma movimentação de veículos na

superfície.

Para a prova de carga sobre solo compactado retirou-se o material vegetal

superficial. No local escolhido o solo superficial já havia sido compactado anteriormente até

0,50m de profundidade. Em ambas as cavas fez-se o nivelamento com camada fina de areia

para assentamento da placa metálica rígida com diâmetro de 0,80m (área de 0,5m²).

Figura 3.3 – Vista da placa e nivelamento da cava com camada fina de areia.

113

Na cava onde se executou o ensaio sobre solo compactado, fez-se coleta de amostras

ao longo de 50cm para obtenção do grau de compactação. Sendo usado o valor de referência de

massa específica aparente seca máxima ϒd de 15,3 kN/m³ para o solo compactado, obtido por

Paschoalin Filho (2002).

Entre a viga metálica de reação e o macaco hidráulico, instalaram-se calços metálicos,

uma pequena viga, para distribuir a carga, e uma célula de carga para controle de aplicação das

cargas. Foi utilizada célula de carga de 500kN. As leituras das células de carga foram feitas

através de caixa de leitura de deformações.

Figura 3.4 – Vista da montagem dos dispositivos de aplicação de carga.

Antes da execução das provas de carga foi feita a calibração da célula de carga

utilizando prensa do laboratório de materiais da FEAGRI.

Figura 3.5 – Calibração da célula de carga.

As leituras de deslocamentos foram feitas através de relógios comparadores de

precisão 0,01mm, cursor de 50mm, fixados na placa e posicionados sobre 4 guias metálicas.

A Figura 3.6 mostra a montagem de uma prova de carga direta em andamento, onde se

observa a disposição dos equipamentos e acessórios utilizados.

114

Figura 3.6 – Montagem dos relógios comparadores.

Com o ensaio de placa sobre solo natural obteve-se o coeficiente de recalque k

(módulo de reação vertical) para pisos, conforme item 2.4.1, a tensão de ruptura e o módulo

de deformabilidade. Os mesmos resultados foram obtidos para a prova de carga sobre camada

de 0,50m de solo compactado, possibilitando a avaliação da influência dessa camada.

Cabe ressaltar que o valor de 50cm de espessura de camada de solo compactado é

comumente utilizado em projetos de pisos industriais.

3.5. COEFICIENTES DE RECALQUE OBTIDOS POR DIFERENTES MÉTODOS

Com os resultados obtidos, a deformabilidade do solo foi avaliada obtendo o

coeficiente de recalque (k) das seguintes formas:

Correlação com CBR.

Analogia com recalque de fundações usando o módulo de deformabilidade do

solo natural e do solo compactado obtidos por ensaios triaxiais.

Obtenção direta através de provas de carga (DNIT 055/2004).

Analogia com recalque de fundações usando o módulo de deformabilidade do

solo natural e do solo compactado obtidos por provas de carga.

Os diversos resultados são avaliados e comparados a seguir.

115

3.5.1. Correlação com CBR

Com o valor obtido do índice CBR conforme item 3.2, o coeficiente de recalque

do subleito (solo de fundação) foi obtido usando a Figura 2.10.

3.5.2. Analogia com recalque de fundações usando E de ensaio triaxial

Como o solo não é um material de comportamento elástico-linear, é preferível

substituir a denominação Módulo de Elasticidade por Módulo de Deformabilidade (CINTRA

et al, 1998), mas mantendo o mesmo símbolo “E”.

Ao se usar um valor de E para o solo, é necessário estabelecer um nível de tensão,

pois E varia em função deste. Para o estudo de pisos industriais e de pavimentos rígidos, as

deformações são pequenas, da ordem de 1mm (RODRIGUES et al., 2006; SENÇO, 1997;

DNIT, 2004).

Por esta razão é utilizado neste trabalho o módulo de deformabilidade inicial do

solo, obtidos através de ensaios triaxiais com solo no estado natural (Esn) realizados por Gon

(2011), e por ensaios triaxiais com solo compactado (Esc) executados conforme item 3.3.

Para cálculo do coeficiente de recalque é simulada uma prova de carga conforme

normas específicas para este fim, DNIT 055/2004 e ASTM D 1196, que preconizam uma

placa circular com diâmetro de, no mínimo, 76cm. É adotado um perfil típico do solo do

campo experimental da Feagri com base na Figura 2.56, adicionando uma camada de solo

compactado com espessura variando de 0 a 8m (Figura 3.7).

Com o módulo de deformabilidade de cada camada, através do método de Janbu

(1956, apud CINTRA et al., 1998) apresentado do item 2.4.4, se obteve a relação de tensão

aplicada pela placa e seu deslocamento (σ/r), que é o próprio coeficiente de recalque (k) para

cada situação com determinada espessura de solo compactado.

Os resultados foram obtidos para três valores de coeficiente de Poisson do solo

(νs), 0,5; 0,35 e 0,20. Estes valores foram adotados de forma a cobrir faixa de variação

encontrada na literatura (CINTRA et al., 1998). Obtém-se assim, a influência do solo

compactado para diversas situações com os módulos de deformabilidade dos ensaios triaxiais.

116

Figura 3.7 – Perfil Típico do solo considerado nas análises utilizando teoria da elasticidade.

3.5.3. Obtenção direta através de provas de carga

Com os resultados das duas provas de carga executadas conforme item 3.4,

aplicaram-se os critérios das normas DNIT 055/2004 e ASTM D 1196 para obter k para a

situação sem camada de solo compactado, e para a situação com 0,50m de solo compactado.

Sendo k o valor da razão entre a tensão aplicada pela placa que provoca o recalque

de 1,27mm pelo próprio valor deste recalque, tal como apresentado no item 2.4.1.

3.5.4. Analogia com recalque de fundações usando E das provas de carga

Com a metodologia descrita no item 3.5.2 obteve-se o coeficiente de recalque para

cada situação de espessura de solo compactado, fazendo uso dos módulos de deformabilidade

obtidos em ensaios triaxiais. Neste ítem esse procedimento é repetido, mas fazendo uso dos

módulos de deformabilidade obtidos através das provas de carga.

Os módulos de deformabilidade foram obtidos através de retroanálise usando os

valores de K das provas de carga e o método de Janbu (1956, apud CINTRA et al., 1998). No

item 3.5.2 se conhecia os valores dos módulos de deformabilidade e obteve-se os valores de k,

117

agora para o perfil de solo onde se realizou cada prova de carga se conhece o valor k, com

isso se obteve o valor de Esn (solo natural), e em uma segunda análise se obteve o valor de Esc

(solo compactado).

Para obtenção de Esn foi usado o perfil representativo da prova de carga que se

obteve o valor de K para o solo natural (ver Figura 3.8).

Figura 3.8 – Perfil Típico do solo para retroanálise da prova de carga sobre solo natural.

Conhecendo o valor de Esn, usando o perfil representativo da prova de carga sobre

solo compactado (ver Figura 3.9) obteve-se Esc.

118

Figura 3.9 – Perfil Típico do solo para retroanálise da prova de carga sobre solo compactado.

3.6. INFLUÊNCIA DE K NO DIMENSIONAMENTO DE PISOS INDUSTRIAIS

Com os diferentes valores obtidos do coeficiente de recalque do solo é avaliada a

influência destes no dimensionamento de pisos industriais. São estudadas duas situações de

carregamento: a de carga concentrada aplicada por veículo pneumático, e o caso de

carregamento distribuído.

É adotada a hípótese que o piso tem barras de transferência nas juntas, de forma

que o dimensionamento é feito para o caso de carga aplicada no interior das placas do piso

(RORIGUES et al., 2006).

Para o caso de carga concentrada são utilizados o método clássico de

dimensionamento de Westergaard (1926), para concreto simples, e o método de Meyerhof

(1962), para piso com armadura distribuída. Ambos métodos são apresentados no item 2.6.

São adotados os seguintes dados:

119

Concreto:

o C-30.

o Agregado graúdo de granito.

o Coeficiente de Poisson do concreto 0,20.

Pressão de calibragem: 700 kPa.

Fator de segurança: 2.

Carga por eixo simples com rodas duplas: 150 kN.

Carga distribuída: 40 kN/m².

É usada a simplificação de considerar o efeito das rodas duplas através de um

úníco pneu com área de contato circular equivalente, usando a pressão de contato igual a

pressão de enchimento (ver item 2.5.1.1)

O caso de carga distribuída é tratado pela situação de largura crítica dos

corredores (ver item 2.6.5).

3.7. ANÁLISE DE PISO ATRAVÉS DE MODELO COMPUTACIONAL

Para avaliar o comportamento de um piso industrial por meio de modelo

computacional, foi utilizado o software comercial STRAP versão 12.5. O programa utiliza o

método dos elementos finitos, neste caso, elementos de placa apoiados em molas.

Tanto o material da placa, como as molas de apoio, são considerados com

comportamento elástico-linear. Tal como é assumido no método clássico de Westergaard

(1926).

É adotado o caso de carga concentrada utilizado no item 3.6. A condição de

suporte do solo é avaliada procurando se aproximar da situação comum de projeto, onde não

há dados de provas de carga.

Comumente o projetista possui somente sondagens SPT e ensaios CBR. Para

possibilitar a análise da influência da camada de solo compactado. São utilizados também os

coeficientes de recalque obtidos através dos módulos de deformabilidade dos ensaios triaxiais.

120

Foram estudados dois casos de condição de suporte: Caso 1, com piso apoiado

diretamente sobre o solo natural; Caso 2, piso sobre camada de sub-base de 10cm de brita

graduada simples (BGS), mais 50cm de camada de solo compactado sobre solo natural.

Figura 3.10 – Condições de suporte utilizadas em análise computacional.

A modelagem computacional foi feita usando placas quadradas com 5m de lado,

espessuras variando de 10 a 25cm, de 1 em 1cm. O tamanho da malha dos elementos finitos

variou de 25cm nas regiões mais afastadas do ponto de aplicação da carga (região central), até

2,5cm para a região de contato entre pneu e piso (região central).

Figura 3.11 – Malha de elementos finitos utilizada.

121

O coeficiente k para o caso de condição de suporte 1 foi adotado com base nos

dados apresentados no Capítulo 4, para analogia com recalque de fundações usando E de

ensaio triaxial, resultando em 7 MPa/m (para νs=0,50). Para o caso 2, foi usado a correlação

com índice CBR mais incremento devido sub-base (4 MPa/m) conforme apresentado no item

2.4.2, resultando em 37 MPa/m.

3.8. ANÁLISE DA REGIÃO DE INFLUÊNCIA DE UMA CARGA

CONCENTRADA SOBRE PISO

A laje sobre solo solicitada por uma carga aplicada em uma pequena área

transmite um acréscimo de tensão na placa até uma certa distância. Essa distância é função do

raio de rigidez (l), cerca de “n” vezes o mesmo, o valor de n varia entre 1 a 2 (ver item 2.6).

Nos modelos computacionais foi possível verificar a distância entre o centro da

aplicação da carga até a região com momento fletor nulo, denominando essa distância de

“Rc”.

Adotando essa distância como sendo limite da região de acréscimo de tensão

significativa em um determinado ponto da placa de concreto, chamando n de “nc” (para

diferenciar do caso de acréscimo de tensão sobre o solo, a ser apresentando adiante).

Conhecendo o valor de Rc tirado do modelo computacional, o valor do raio de rigidez (l)

calculado para cada caso, obeteve-se o valor de nc da seguinte equação:

Assim foi possível comparar os valores de nc obtidos com os valores de n

sugeridos na literatura.

A tensão aplicada sobre a placa de concreto provoca uma tensão menor na

superfície de contato entre a placa e o solo. Esta é máxima na região logo abaixo da aplicação

da carga, e vai diminuindo à medida que se afasta da região da carga (Figura 3.12).

Estabelecendo um critério de definição de acréscimo de tensão significativo para o

solo, ou seja, da mesma forma que se estabelece um critério de acréscimo de tensão da ordem

122

de 10% ou 20% da tensão aplicada para a definição do bulbo de tensões de fundações diretas,

pretende - se avaliar a região do solo que é significativamente influenciada pela carga

aplicada no piso.

Adotando o critério de acréscimo de tensão significativo de 20%, é possível obter

o valor “ns” (semelhante ao nc do concreto) a ser multiplicado pelo raio de rigidez, definindo

a região do solo com acréscimo de tensão significativo pela distância “Rs” da aplicação da

carga.

Figura 3.12 – Região de acréscimo significativo de tensão sobre o solo.

Conhecendo o valor de Rs tirado do modelo computacional, o valor do raio de

rigidez (l) calculado para cada caso, obeteve-se o valor de ns da seguinte equação:

Também obteve-se o ângulo de espraiamento de tensão na placa de concreto (α)

conforme ilustrado na Figura 3.12.

3.9. TENSÃO DE RUPTURA E TENSÃO ADMISSÍVEL ATRAVÉS DAS PROVAS

DE CARGA

Neste trabalho usou-se o critério do código de Boston (HACHICH et al., 1996),

onde a tensão de ruptura (σr) é aquela que provoca o deslocamento de 25mm.

E a tensão admissível (σadm) é o menor valor entre a metade da tensão de ruptura

(σr/2), e a tesnão que provoca o deslocamento de 10mm (σ10).

123

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. ENSAIO CBR

Com seis corpos de prova moldados na umidade ótima de 28% (PASCHOALIN

FILHO, 2002), sendo três previamente inundados e outros três sem inundação, obtiveram-se

os seguintes resutados:

Figura 4.1 – Ensaio CBR – CP1.

Expansão de 0,015%. CBR de 3%.

Figura 4.2 – Ensaio CBR – CP2.

Expansão de 0,075%. CBR de 3%.

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

0 2 4 6 8 10 12

Pre

ssão

(kg

f/cm

²)

Penetração (mm)

CP1 - SATURADO

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

0 2 4 6 8 10 12Pre

ssão

(kg

f/cn

²)

Penetração (mm)

CP 2 - SATURADO

124

Figura 4.3 – Ensaio CBR – CP3.

Expansão de 0,020%.

CBR de 6%.

Figura 4.4 – Ensaio CBR – CP1 Não Saturado.

CBR de 6%.

Figura 4.5 – Ensaio CBR – CP2 Não Saturado.

0,00

5,00

10,00

0 2 4 6 8 10 12Pre

ssão

(kg

f/cm

²)

Penetração (mm)

CP 3 - SATURADO

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

0 2 4 6 8 10 12

Pre

ssão

(kg

f/cm

²)

Penetração (mm)

CP 1 - NÃO SATURADO

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

0 2 4 6 8 10 12

Pre

ssão

(kg

f/cm

²)

Penetração (mm)

CP 2 - NÃO SATURADO

125

CBR de 6%.

Figura 4.6 – Ensaio CBR – CP3 Não Saturado.

CBR de 4%.

A tabela a seguir resume os resultados obtidos:

Tabela 4.1 – Resumo dos Resultados dos Ensaios CBR

Corpo de Prova CBR (%) Expansão (%) OBS

CP1 – S 3 0,015 Saturado

CP2 – S 3 0,075 Saturado

CP3 – S 6 0, 20 Saturado

CP1 – NS 6 - Não Saturado

CP2 – NS 6 - Não Saturado

CP3 – NS 4 - Não Saturado

Analisando a tabela anterior observa-se que o CBR médio considerando todos os

ensaios foi 4,6%, a média entre os ensaios com corpos de prova saturados foi 4%, e com não

saturados foi 5,3%. Os corpos de prova não saturados resultaram em CBR 32,5% maior dos

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

0 2 4 6 8 10 12

Pre

ssão

(kg

f/cm

²)

Penetração (mm)

CP 3 - NÃO SATURADO

126

corpos de prova previamente inundados. A expansão dos corpos de prova foi praticamente

nula.

4.2. ENSAIO TRIAXIAL

Apresenta-se a seguir os resultados obtidos nos quatro ensaios triaxias realizados

com amostras compactadas na umidade ótima:

Figura 4.7 – Ensaio triaxial – CP1 – σ3 = 25 Kpa.

Módulo de deformabilidade inicial Esc = 13 MPa.

Tensão de ruptura = 1,6 kgf/cm² (160 kPa)

Figura 4.8 – Ensaio triaxial – CP2 – σ3 = 50 Kpa.

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

0 2 4 6 8 10 12

Ten

são

(kg

f/cm

²)

Deformação (%)

CP1 - Tensão Confinante 25 kPa

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

0 2 4 6 8 10 12

Ten

são

(kg

f/cm

²)

Deformação (%)

CP2 - Tensão Confinante 50 kPa

127

Módulo de deformabilidade inicial Esc = 30 MPa.

Tensão de ruptura = 2,0 kgf/cm² (200 kPa)

Figura 4.9 – Ensaio triaxial – CP3 – σ3 = 100 Kpa.

Módulo de deformabilidade inicial Esc = 20 MPa.

Tensão de ruptura = 2,6 kgf/cm² (260 kPa).

Figura 4.10 – Ensaio triaxial – CP4 – σ3 = 150 Kpa.

Módulo de deformabilidade inicial Esc = 23 MPa.

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

0 2 4 6 8 10 12

Ten

são

(kg

f/cm

²)

Deformação (%)

CP 3 - Tensão Confinante 100 kPa

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

0 2 4 6 8 10 12

Ten

são

(kg

f/cm

²)

Deformação (%)

CP 4 - Tensão Confinante 150 kPa

128

Tensão de ruptura = 2,6 kgf/cm² (260 kPa)

A Figura 4.11 apresenta todas as curvas de forma conjunta:

Figura 4.11 – Conjunto de curvas do ensaio triaxial para solo compactado.

A tabela a seguir resume os resultados obtidos:

Tabela 4.2 – Resumo dos Resultados dos Ensaios Triaxiais

Corpo de Prova Tensão Confinante

(kPa)

Tensão de Ruptura

(kPa)

Módulo de

Deformabilidade

Inicial

(MPa)

CP1 25 160 13

CP2 50 200 30

CP3 100 260 20

CP4 150 260 23

Média - - 22

Observa-se que a média dos valores do módulo de deformabilidade foi de 22

MPa. Com os dados acima obteve-se a seguinte equação de resistência ao cisalhamento:

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

0 2 4 6 8 10 12

Ten

são

(kg

f/cm

²)

Deformação (%)

SOLO COMPACTADO

25 kPa

50 kPa

100 kPa

150 kPa

129

( )

Para comparação com solo no estado natural, são usadas as curvas obtidas por

Gon (2011) para o primeiro metro de profundidade, onde se obteve o módulo de

deformabilidade inicial de 3,3 MPa para tensões confinantes de até 100 kPa, conforme ilustra

próxima figura:

Figura 4.12 – Ensaio triaxial – Solo estado natural, adapatado de Gon (2011).

O módulo de deformabilidade do solo compactado foi mais de sete vezes maior.

A equação de resistência do solo natural nos primeiros metros foi (SCHULZE,

2013):

( )

O intercepto de coesão do solo compactado aumentou quase 3 vezes, e o ângulo

de atrito diminuiu para menos da metade.

4.3. PROVAS DE CARGA

Apresentam-se a seguir os resultados obtidos nas provas de carga realizadas

conforme item 3.4:

130

Figura 4.13 – Prova de carga – PC 1 – Solo compactado.

Figura 4.14 – Prova de carga – PC 2 – Solo no estado natural.

-40,00

-35,00

-30,00

-25,00

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

0 100 200 300 400 500

Recalque (mm)

Tensão (kPa)

PC 1 - Solo Compactado

-35,00

-30,00

-25,00

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

0 50 100 150 200 250

Recalque (mm)

Tensão (kPa)

PC 2 - Solo Natural

131

Tabela 4.3 – Pontos das provas de carga.

PC1 - SOLO COMPACTADO

Tensão (kPa)

Deslocamento (mm)

0 0,00

20 -0,40

40 -0,79

60 -1,20

80 -1,73

100 -1,82

140 -2,47

180 -2,96

220 -3,81

260 -4,99

320 -8,24

380 -17,65

440 -36,35

382 -36,83

PC2 - SOLO NATURAL

Tensão (kPa)

Deslocamento (mm)

0 0,00

8 -0,37

16 -0,45

24 -0,73

32 -1,09

40 -1,54

48 -1,82

56 -2,13

64 -2,74

72 -3,36

80 -3,70

88 -3,95

104 -4,63

120 -5,75

136 -6,90

160 -9,07

184 -12,37

208 -19,54

232 -30,17

160 -29,47

136 -29,43

88 -29,31

40 -28,55

0 -27,32

132

Figura 4.15 – Curvas conjuntas obtidas nas provas de carga.

Com as curvas tensão x recalque apresentadas obtiveram-se os valores de

coeficiente de recalque (k), tensão de ruptura (σr) e tensão admissível (σadm), conforme

apresentados nos itens 3.5.3 e 3.9.

Tabela 4.4 – Resultados obtidos das provas de carga.

K (MPa/m) σr (kPa) σadm (kPa)

PC 1(SC) 49 404 202

PC2 (SN) 34 220 110

Diferença (%) 44,1 83,6 83,6

Observando a tabela 4.4 constata-se a grande influência da camada de solo

compactado no comportamento dos ensaios de placa.

Apenas 0,50m de solo compactado gerou um acréscimo de 44,1 % do coeficiente

de recalque, e de 83,6% da tensão de ruptura e tensão admissível.

A espessura de 0,50m corresponde a mais da metade da dimensão da placa; essa

proporção é muito importante ao se extrapolar a tensão admissível para fundações com menor

dimensão maior que a da placa utilizada (0,80m).

-40,00

-35,00

-30,00

-25,00

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

0 100 200 300 400 500

Recalque (mm)

Tensão (kPa) PC 1 PC 2

133

A camada de solo compactado melhorou muito o desempenho do solo para

fundação direta, mesmo não utilizando a espessura conforme apresentado no item 2.10, onde

o melhoramento do solo natural poroso é feito através do uso de camada de solo compactado

com espessura do valor da menor dimensão do elemento de fundação (Z=B).

4.4. COEFICIENTE DE RECALQUE

Nesse item são apresentados e avaliados os resultados dos diferentes métodos de

obtenção do coeficiente de recalque (k), conforme descrito no item 3.5.

4.4.1. Correlação com CBR

Usando a média dos valores de CBR das três amostras saturadas, 4%, através da

Figura 2.10 obteve-se o valor de k=33 MPa/m.

4.4.2. Obtenção direta através de prova de carga

Estes valores são apresentados na tabela 4.4.

4.4.3. Analogia com recalque de fundações usando E de ensaio triaxial

Aplicando a metodologia descrita no item 3.5.2, usando o valores dos módulos de

deformabilidade obtidos nos ensaios triaxiais, para o solo natural Esn = 3,3 MPa, e para solo

compactado Esc = 22 MPa, chegou-se nos seguintes valores de coeficiente de recalque:

Tabela 4.5 – Valores de k obtidos com E dos ensaios triaxiais

Esn=3,3 MPa e Esc=22 MPa

Esp. de solo compactado (m) k (MPa/m) p/ νs=0,5 k (MPa/m) p/ νs=0,35 k (MPa/m) p/

νs=0,20

0 6,9 5,9 5,4

0,2 9,0 7,7 7,1

0,25 9,6 8,2 7,5

0,3 9,8 8,3 7,6

0,4 11,6 9,9 9,0

0,5 12,4 10,6 9,7

0,8 16,1 13,8 12,6

1 16,6 14,2 13,0

1,5 21,8 18,6 17,0

2 29,5 25,3 23,1

8 46,0 39,3 35,9

Analisando os valores da tabela 4.5 pode-se dizer que:

134

Quanto menor o valor do coeficiente de Poisson do solo (νs) menor é o

coeficiente de recalque (k).

O valor mínimo de k foi 5,4 MPa/m e o máximo 46,0 MPa, o máximo foi 8,5

vezes mais do que o mínimo.

Para o valor médio do coeficiente de Poisson (0,35), o valor de k obtido por

correlação com o CBR (k=33 MPa/m) correspondeu a uma espessura de solo

compactado de cerca de 7m.

Para o valor médio do coeficiente de Poisson (0,35), o valor de k para a

situação sem solo compactado foi k=5,9 MPa/m, com 0,50m de solo

compactado foi k=10,6 MPa/m, e para situação de grande espessura de solo

compactado (8m) foi k=39,3 MPa/m.

Em uma situação típica de projeto, onde se especifica camada de 0,50m de

solo compactado com 100% da massa específica aparente seca, obtida no

ensaio de Proctor Normal, o valor de k do subleito a ser usado seria 10,6

MPa/m, cerca de 32% do valor usado comumente que é o obtido pela

correlação com CBR (k=33 MPa/m).

4.4.4. Analogia com recalque de fundações usando E de prova de carga

Aplicando a metodologia descrita no item 3.5.4, obtiveram-se o valores dos

módulos de deformabilidade obtidos nos ensaios de prova de carga, para o solo natural Esn =

15 MPa, e para solo compactado Esc = 131 MPa. Com estes valores de E chegou-se nos

seguintes resultados de coeficiente de recalque:

Tabela 4.6 – Valores de k obtidos com E das provas de carga

Esn=15 MPa e Esc=131 MPa

Esp. De solo compactado (m) k (MPa/m) p/ ν=0,5 k (MPa/m) p/ ν=0,35 k (MPa/m) p/

ν=0,20

0 36,5 31,2 28,5

0,2 41,0 35,0 32,0

0,25 44,5 38,0 34,7

0,3 46,5 39,7 36,3

0,4 54,7 46,8 42,8

0,5 57,3 49,0 44,8

0,8 78,6 67,2 61,4

1 84,8 72,5 66,2

1,5 116,9 99,9 91,3

2 160,3 137,0 125,2

8 273,9 234,1 214,0

Analisando os valores da Tabela 4.6 pode-se dizer que:

135

Quanto menor o valor do coeficiente de Poisson do solo (νs) menor é o

coeficiente de recalque (k).

O valor mínimo de k foi 28,5 MPa/m e o máximo 273,9 MPa, o máximo foi

9,6 vezes maior que o mínimo.

Para o valor médio do coeficiente de Poisson (0,35), o valor de k obtido por

correlação com o CBR (k=33 MPa/m) correspondeu a uma espessura de solo

compactado de cerca de 0,10m.

Para o valor médio do coeficiente de Poisson (0,35), o valor de k para a

situação sem solo compactado foi k=31,2 MPa/m, com 0,50m de solo

compactado foi k=49,0 MPa/m, e para situação de grande espessura de solo

compactado (8m) foi k=234,1 MPa/m.

Em uma situação típica de projeto, onde se especifica camada de 0,50m de

solo compactado com 100% do P.N., o valor de k do subleito a ser usado

seria 49,0 MPa/m, cerca de 148% do valor usado comumente que é o obtido

pela correlação com CBR (k=33 MPa/m).

Os valores são cerca de 5 a 6 vezes maiores dos que os obtidos através dos

módulos dos ensaios triaxiais (Tabela 4.5).

4.4.5. Resumo dos valores de coeficiente de recalque

A tabela 4.7 resume os resultados de coeficiente de recalque (k) obtidos através

dos ensaios CBR, triaxiais e provas de carga. São apresentados valores de k para espessuras

usuais de solo compactado (0,20m; 0,50m; 0,80m; 1,0m) considerando coeficiente de Poisson

de 0,35:

Tabela 4.7 – Resumo de valores de k (MPa/m)

Espessura de solo compactado (m)

Método 0,20 0,50 0,80 1,00

CBR 33,0 33,0 33,0 33,0

Ensaios Triaxiais 7,7 10,6 13,8 14,2

Provas de Carga 35,0 49,0 67,2 72,5

Analisando os valores da Tabela 4.7 pode-se dizer que:

O método que correlaciona o coeficiente de recalque com o índice CBR não

leva em consideração a espessura de solo compactado.

A metodologia que utiliza ensaios triaxiais resultou nos menores valores de k,

os quais são significativamente menores dos que os valores obtidos pelo CBR

e provas de carga.

A metodologia que utiliza provas de carga resultou nos maiores valores de k.

136

Para espessura de 0,20m de solo compactado os resultados utilizando CBR e

provas de carga foram muito próximos. Para espessura de 0,50m a diferença

foi próxima de 48% e, para espessura maior que 0,50m a diferença foi

acentuada.

4.5. INFLUÊNCIA DE K NO DIMENSIONAMENTO DE PISOS INDUSTRIAIS

Conforme descrito no item 3.6, a influência de k é avaliada para o caso de carga

concentrada e distribuída. Em ambos os casos a variação de k é estudada para a faixa de

valores encontrados no item 4.4, ou seja, de 5 a 300 MPa/m.

Para o caso de carga concentrada, com os dados adotados no item citado,

obtiveram-se os seguintes resultados para os métodos de Westergaard (1926) e Meyerhof

(1962):

Figura 4.16 – Influência de k na espessura de um piso com armadura distribuída (P=75 kN).

y = -0,789ln(x) + 18,154 R² = 0,9902

13,00

13,50

14,00

14,50

15,00

15,50

16,00

16,50

17,00

17,50

0 50 100 150 200 250 300 350

Esp

ess

ura

Pis

o (

cm)

k (MPa/m)

CARGA CONCENTRADA P=75 kN (MEYERHOF)

MEYERHOF P=75 kN Logaritmo (MEYERHOF P=75 kN)

137

Figura 4.17 – Influência de k na espessura de um piso com concreto simples (P=75 kN).

Observa-se na Figura 4.16 que para uma grande variação de k, valor máximo 60

vezes maior que o mínimo, a espessura do piso com armadura distribuída variou cerca de

17cm a 13,50cm. Uma variação muito pequena em comparação a variação de k.

Para piso com concreto simples, sem armadura, a Figura 4.17 mostra que para a

mesma grande variação de k, o valor da espessura variou de 24cm a 18cm. De semelhante

forma ao piso com armadura distribuída, uma variação muito pequena em comparação à

variação de k. A Figura 4.18 mostra a variação da espessura de um piso dimensionado pelo

método de Packard (1996) para carga distribuída, com valor de 40 kN/m².

y = -1,46ln(x) + 26,319 R² = 0,9954

17,00

18,00

19,00

20,00

21,00

22,00

23,00

24,00

25,00

0 50 100 150 200 250 300 350

Esp

ess

ura

Pis

o (

cm)

k (MPa/m)

CARGA CONCENTRADA P=75 kN (WESTERGAARD)

WESTERGAARD P=75 kN Logaritmo (WESTERGAARD P=75 kN)

138

Figura 4.18 – Influência de k na espessura de um piso submetido à carga distribuída (P=40 kN/m²).

Ao contrário do observado nos casos com carga concentrada, para carga

distribuída a grande variação de 5 gerou uma grande variação da espessura do piso. A

espessura variou de 70cm a cerca de 2cm (espessura fictícia), cerca de 35 vezes.

A Figura 4.19 mostra as três curvas juntas, onde fica muito claro a pouca

influência de k na espessura dos pisos industriais para o caso de carga concentrada. E o

inverso ocorrendo para carga distribuída.

y = 353,85x-1,004 R² = 0,9989

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

0 50 100 150 200 250 300 350

Esp

ess

ura

Pis

o (

cm)

k (MPa/m)

CARGA DISTRIBUÍDA P=40 kN/m² (PACKARD)

PACKARD P=40 KN/m² Potência (PACKARD P=40 KN/m²)

139

Figura 4.19 – Influência de k para carga concentrada e distribuída.

A tabela 4.8 apresenta espessuras de piso calculadas para situações mais usuais de

condição de suporte utilizando as mesmas considerações citadas anteriormente.

São apresentadas espessuras para piso com armadura distribuída submetido à

carga concentrada (C.C. = 75 kN), portanto, utilizando o método de Meyerhof (1962). E

também são apresentadas as espessuras calculadas para a situação de carga distribuída (C.D. =

40 kN/m²) utilizando o método de Packard (1996).

Tabela 4.8 – Espessuras de piso para diferentes situações de suporte (cm)

Espessura de solo compactado (m)

Método 0,20 0,50 0,80 1,00

C.C. C.D. C.C. C.D. C.C. C.D. C.C. C.D.

CBR 16 11 16 11 16 11 16 11

Ensaios Triaxiais 17 46 17 33 17 26 16 25

Provas de Carga 16 11 16 8 15 6 15 5

Analisando os valores da Tabela 4.8 pode-se dizer que:

Para carga concentrada a espessura é pouco afetada, qualquer que seja o

método ou a espessura de solo compactado considerado.

O método que utiliza CBR apresentou resultado igual ao das provas de carga

para espessura de 0,20m de solo compactado.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

0 50 100 150 200 250 300 350

Esp

ess

ura

Pis

o (

cm)

k (MPa/m)

MEYERHOF P=75 kN PACKARD P=40 KN/m² WESTERGAARD P=75 kN

140

Para carga distribuída, o método que utiliza CBR apresentou resultado 38%

maior do que das provas de carga para espessura de 0,50m de solo

compactado.

Para carga distribuída, o método que utiliza CBR apresentou resultado 83%

maior do que das provas de carga para espessura de 0,80m de solo

compactado. E 120% maior para 1,0m de solo compactado.

Para carga distribuída, a utilização de ensaios triaxiais resultou em espessuras

de piso bem maiores do que os outros métodos.

4.6. ANÁLISE DE PISO ATRAVÉS DE MODELO COMPUTACIONAL

Conforme descrito no item 3.7, foram criados diversos modelos computacionais

variando a espessura da placa. Considerando dois casos de condição de suporte, caso 1, com

placa direta sobre solo natural (k = 7 MPa/m), e o caso 2, com camda de 10 cm de sub-base de

BGS, mais 50cm de solo compactado (k = 37 MPa/m).

O raio da área de contato da roda equivalente com o piso, calculado para carga de

75 kN e pressão de enchimento de 700 kPa, resultou em 18,5cm. A tensão admissível do

concreto à tração na flexão, calculada com base na NBR 6118/2014, usando fator de

segurança igual 2, resultou em 2,07 MPa.

As próximas figuras ilustram os resultados obtidos para um modelo

computacional, momento fletor na direção X (kN.m), deslocamento verticais (x10-2

mm) e

tensão aplicada sobre o solo (kPa).

141

Figura 4.20 – Momento fletor na direção X (horizontal) em kN.m.

Figura 4.21 – Deslocamentos verticais na região de aplicação da carga (x10

-2mm).

142

Figura 4.22 – Tensões sobre o solo na região de aplicação da carga (kPa).

Para cada espessura de placa foram obtidos o momento fletor máximo, o

deslocamento (Δi) e a tensão aplicada ao solo (σsolo) na região da carga. Com estes valores foi

calculada a tensão máxima atuante no piso (σtc), seu valor comparado com a tensão

admíssivel (σtadm )pela razão σtc/σadm, que deve ser menor que 1.

Os resultados são comparados com os valores obtidos pelo método de

Westergaard (1926). As próximas tabelas mostram os resultados para o caso 1 e para o caso 2,

dando destaque para as espessuras dos pisos obtidas na análise de dimensionamento.

Tabela 4.9 – Comparação entre MEF e Westergaard para Caso 1. k sist

(MPa/m)= 7 Westergaard MEF - STRAP

Espessura do Piso (m)

Raio de Rigidez l

(m) σtc

(MPa) σtc/σtadm Δi (m) σapoio (kPa)

M (kNm)

σtc (MPa) σtc/σtadm Δi (m)

σapoio (kPa)

0,10 0,76 8,36 4,04 0,00228 84 14,9 8,94 4,32 0,00245 91

0,11 0,82 7,16 3,46 0,00197 73 15,4 7,64 3,69 0,00214 79

0,12 0,87 6,24 3,02 0,00173 64 15,9 6,63 3,20 0,00189 70

0,13 0,92 5,49 2,65 0,00154 57 16,4 5,82 2,81 0,00169 63

0,14 0,98 4,87 2,35 0,00138 51 16,8 5,14 2,49 0,00153 57

0,15 1,03 4,35 2,10 0,00124 46 17,2 4,59 2,22 0,00139 51

0,16 1,08 3,92 1,89 0,00113 42 17,5 4,10 1,98 0,00127 47

0,17 1,13 3,54 1,71 0,00103 38 17,9 3,72 1,80 0,00117 43

0,18 1,18 3,22 1,56 0,00095 35 18,2 3,37 1,63 0,00108 40

0,19 1,23 2,94 1,42 0,00087 32 18,4 3,06 1,48 0,00101 37

0,20 1,28 2,69 1,30 0,00081 30 18,7 2,81 1,36 0,00094 35

143

0,21 1,33 2,48 1,20 0,00075 28 18,9 2,57 1,24 0,00089 33

0,22 1,37 2,29 1,11 0,00070 26 19,1 2,37 1,14 0,00084 31

0,23 1,42 2,12 1,02 0,00066 24 19,3 2,19 1,06 0,00079 29

0,24 1,46 1,97 0,95 0,00062 23 19,5 2,03 0,98 0,00076 28

0,25 1,51 1,83 0,88 0,00058 21 19,6 1,88 0,91 0,00072 27

Tabela 4.10 – Comparação entre MEF e Westergaard para Caso 2. k sist

(MPa/m)= 37 Westergaard MEF - STRAP

Espessura do Piso (m)

Raio de Rigidez l

(m) σtc

(MPa) σtc/σtadm Δi (m) σapoio (kPa)

M (kNm)

σtc (MPa) σtc/σtadm Δi (m)

σapoio (kPa)

0,10 0,50 6,64 3,21 0,00098 36 10,9 6,54 3,16 0,00101 37

0,11 0,54 5,75 2,78 0,00085 32 11,4 5,65 2,73 0,00088 33

0,12 0,57 5,05 2,44 0,00075 28 11,9 4,96 2,40 0,00078 29

0,13 0,61 4,48 2,16 0,00067 25 12,2 4,33 2,09 0,00070 26

0,14 0,64 4,00 1,93 0,00060 22 12,6 3,86 1,86 0,00063 23

0,15 0,68 3,59 1,74 0,00054 20 12,9 3,44 1,66 0,00057 21

0,16 0,71 3,25 1,57 0,00049 18 13,3 3,12 1,51 0,00052 19

0,17 0,75 2,95 1,43 0,00045 17 13,6 2,82 1,36 0,00048 18

0,18 0,78 2,69 1,30 0,00041 15 13,9 2,57 1,24 0,00044 16

0,19 0,81 2,46 1,19 0,00038 14 14,2 2,36 1,14 0,00041 15

0,20 0,84 2,27 1,10 0,00035 13 14,4 2,16 1,04 0,00038 14

0,21 0,87 2,09 1,01 0,00033 12 14,7 2,00 0,97 0,00036 13

0,22 0,90 1,93 0,93 0,00030 11 14,9 1,85 0,89 0,00033 12

0,23 0,94 1,79 0,87 0,00028 11 15,2 1,72 0,83 0,00031 12

0,24 0,97 1,67 0,81 0,00027 10 15,4 1,60 0,78 0,00030 11

0,25 1,00 1,56 0,75 0,00025 9 15,6 1,50 0,72 0,00028 10

Para o caso de suporte 1, tanto o modelo computacional (MEF), quanto o método

de Westergaard (1926) resultaram em uma espessura de 24cm. Para o caso 2, o primeiro

resultou em 21cm, e o segundo em 22cm.

Em todos os aspectos analisados, os resultados do modelo computacional baseado

no método dos elementos finitos, foi muito próximo dos resultados do método clássico de

Westergaard (1926). Tal como citado por Rodrigues et al. (2006).

144

4.7. ANÁLISE DA REGIÃO DE INFLUÊNCIA DE UMA CARGA

CONCENTRADA SOBRE O PISO

Conforme descrito no item 3.8, com os modelos computacionais criados obteve-se

alguns parâmetros para avaliar a região de influência de uma carga concentrada para o piso de

concreto, e para o solo de suporte. Considerando dois casos de condição de suporte, caso 1,

com placa direta sobre solo natural (k = 7 MPa/m), e o caso 2, com camda de 10 cm de sub-

base de BGS, mais 50cm de solo compactado (k = 37 MPa/m).

Tabela 4.11 – Parâmetros de região de influência para Caso 1.

k sist (MPa/m)= 7 MEF - STRAP

Espessura do Piso (m) Raio de Rigidez l (m)

Rs (m) ns Ang esp. (º) Rc (m) nc

0,10 0,76 0,25 0,33 33,15 0,8 1,05

0,11 0,82 0,25 0,31 30,70 0,94 1,15

0,12 0,87 0,25 0,29 28,56 0,94 1,08

0,13 0,92 0,25 0,27 26,68 1 1,08

0,14 0,98 0,3125 0,32 42,40 1 1,02

0,15 1,03 0,3125 0,30 40,44 1 0,97

0,16 1,08 0,625 0,58 70,03 1 0,93

0,17 1,13 0,625 0,55 68,89 1,125 0,99

0,18 1,18 0,5 0,42 60,28 1,125 0,95

0,19 1,23 0,625 0,51 66,66 1,125 0,92

0,20 1,28 0,75 0,59 70,52 1,25 0,98

0,21 1,33 0,875 0,66 73,08 1,25 0,94

0,22 1,37 0,88 0,64 72,44 1,25 0,91

0,23 1,42 0,75 0,53 67,86 1,25 0,88

0,24 1,46 1 0,68 73,60 1,375 0,94

0,25 1,51 0,75 0,50 66,14 1,19 0,79

Tabela 4.12 – Parâmetros de região de influência para Caso 2.

k sist (MPa/m)= 37 MEF - STRAP

Espessura do Piso (m) Raio de Rigidez l (m)

Rs (m) ns Ang esp. (º) Rc (m) nc

0,10 0,50 1,12 2,24 83,90 0,56 1,12

0,11 0,54 1,12 2,08 83,29 0,625 1,16

0,12 0,57 1,25 2,18 83,57 0,625 1,09

0,13 0,61 1,25 2,05 83,04 0,68 1,12

0,14 0,64 1,375 2,13 83,29 0,75 1,16

0,15 0,68 1,44 2,12 83,19 0,75 1,10

0,16 0,71 1,5 2,10 83,06 0,75 1,05

0,17 0,75 1,56 2,09 82,95 0,81 1,09

145

0,18 0,78 1,625 2,09 82,88 0,88 1,13

0,19 0,81 1,625 2,00 82,49 0,93 1,15

0,20 0,84 1,75 2,08 82,72 0,94 1,12

0,21 0,87 1,88 2,15 82,94 1 1,14

0,22 0,90 1,88 2,08 82,61 1 1,11

0,23 0,94 1,94 2,07 82,54 1,06 1,13

0,24 0,97 2 2,07 82,47 1,06 1,10

0,25 1,00 2 2,01 82,16 1,06 1,06

Para o caso 1, o valor nc variou de 0,79 a 1,15, média de 0,97. Para o caso 2

variou de 1,05 a 1,15, média de 1,11. Nos dois casos o valor de nc ficou próximo dos valores

encontrados na literatura que são de 1 a 2 (RODRIGUES et al., 2006).

Para o caso1, o valor de ns variou de 0,27 a 0,68, média de 0,47. Para o caso 2

variou de 2 a 2,15, média de 2,1.

O ângulo de espraiamento das tensões ao longo do piso variou de 26,68º a 73,60º,

média de 55,71º, para o caso 1. Para o caso 2, o valor variou muito pouco, de 82,16º a 83,90º,

média de 82,94º.

146

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na revisão bibliográfica e nos resultados obtidos, é possível dizer que a

compactação do solo poroso melhora seu desempenho nos seguintes aspectos:

Aumento da resistência.

Aumento da rigidez e consequente redução da deformabilidade.

Uniformiza recalques.

Confere estabilidade ao solo natural quanto ao colapso, pela diminuição de

tensão aplicada ao solo natural, desde que a extensão horizontal do solo

compactado seja maior que a área da aplicação da carga e desde que a

espessura do solo compactado seja adequada ao projeto.

Impermeabiliza a superfície, dificultando a chegada de água ao solo natural,

abaixo do solo compactado.

A compactação do solo poroso é uma solução que pode viabilizar o uso de

fundações diretas em solos colapsíveis, dentro de certos limites de tensão, sendo de fácil

execução e de baixo custo.

Para as provas de carga executadas, com a proporção entre a espessura da camada

compactada (Z = 0,5m) e o diâmetro (B = 0,80m) da placa de 62,5%, e com solo compactado

a 100% da massa específica aparente seca máxima, obtida no ensaio de Proctor com Energia

Normal, obteve-se: em comparação com o solo natural, aumento de 44,1 % do coeficiente de

recalque, e aumento de 83,6% a tensão de ruptura e da tensão admissível. A camada de solo

compactado influenciou significativamente no comportamento do solo, diminuindo sua

deformabilidade e aumentando sua resistência

A compactação do solo poroso estudado, provocou um aumento de seu módulo de

deformabilidade entre 7 a 9 vezes. Essa proporção é válida tanto para a obtenção do módulo

por ensaios triaxiais quanto por provas de carga.

Os valores de módulo de deformabilidade obtidos pelos ensaios triaxiais foram

cerca de 5 a 6 vezes menores dos que os obtidos pelas provas de carga.

Grandes espessuras de aterro, o que é comum em pisos industriais em grandes

centros, aumenta significativamente o coeficiente de recalque (K). Por exemplo, para uma

espessura de 8m de solo compactado, o coeficiente de recalque aumenta cerca de 7 vezes, em

relação ao solo natural.

147

Para espessura entre 0,20m a 0,50m de solo compactado, neste trabalho foram

obtidos valores de coeficiente de recalque (k) entre 7,7 a 72,5 MPa/m (Tabela 4.7). Packard

(1996) utiliza valores de k de 14, 28 e 56 MPa/m (valores em unidades daptadas por

OLIVEIRA, 2000) em seu método de dimensionamento para cargas veículares (Anexo A). A

correlação com CBR apresentada por Rodrigues et al. (2006) conduz a valores de k entre 20 a

70 MPa/m (Figura 2.10). A Figura 2.11 da ACI 360R-06 apresenta valores de k entre 27 a 190

MPa/m. Ou seja, os valores encontrados neste trabalho estão dentro de valores encontrados na

literatura.

Para os casos de carregamentos estudados, a correlação com índice CBR forneceu

resultados de coeficiente de recalque próximos aos das provas de carga até uma espessura de

solo compactado com cerca de 0,50m. Há que se considerar que a espessura de solo

compactado influência fortemente no valor do coeficiente de recalque do solo estudado, o que

não é levado em conta no método que correlaciona o coeficiente de recalque com o Índice

CBR. Tal fato pode ser significativo para espessuras maiores de solo compactado.

Os valores de coeficiente de recalque obtidos por meio de ensaios triaxiais foram

os menores entre os métodos utilizados. Devido a estes resultados, e à complexidade de

amostragem e de realização do ensaio, essa metodologia não mostrou ser adequada para os

casos estudados.

Os modelos computacionais analisados neste trabalho, baseados no método dos

elementos finitos, forneceram resultados muito próximos com os resultados do método

clássico de Westergaard (1926).

A região de influência da carga concentrada nos modelos estudados foi de cerca

de 1,0 vezes o raio de rigidez para a placa de concreto (nc=1,0). Para o solo, o valor variou

significativamente entre os dois casos de suporte estudados (caso com solo natural e caso com

camada de 0,50m de solo compactado), não fornecendo uma boa correlação para o critério de

acréscimo de tensão adotado.

Para o caso de condição de suporte com coeficiente de recalque igual a 37 MPa/m,

o ângulo de espraiamento de tensão ao longo da placa de concreto foi 83º, para todos os casos

de espessura analisados.

148

Para cargas concentradas, o valor do coeficiente de recalque influencia pouco no

dimensionamento de pisos industriais, justificando o uso de métodos mais simplistas para sua

obtenção, como a correlação com o índice CBR. Nesses casos, a camada de solo compactado

pode ser menor que 0,50m para uniformização do suporte e estabilização contra colapso.

Para cargas distribuídas, o valor do coeficiente de recalque tem grande influência

no dimensionamento de pisos industriais, justificando o uso de métodos mais confiáveis para

sua obtenção, como a prova de carga sobre placa.

Para se definir o método a ser utilizado na obtenção do coeficiente de recalque em

um projeto de piso industrial no solo estudado, deve-se avaliar qual o tipo de solicitação que

governará o dimensionamento (se carga concentrada ou distribuída).

Sendo carga concentrada a carga governante, pode-se utilizar a correlação com

CBR. No entanto, deve-se estabelecer uma espessura mínima de solo compactado para se

obter um valor de K próximo ao valor obtido em prova de carga. Como também para

promover uma uniformização do suporte e certa proteção quanto ao colapso. A adoção de

uma espessura até 0,50m de solo compactado se mostrou adequada aos resultados dessa

pesquisa.

No caso de carga distribuída governando, é necessária uma análise mais

detalhada da deformabilidade do solo. Sendo o tamanho do empreendimento determinante

para se viabilizar o uso de provas de carga, que certamente fornecerão valores mais precisos

do coeficiente de recalque. A partir de certa área de piso, o uso de provas de carga resultará

em significativa redução de custos para pisos industriais no solo estudado. No entanto, sempre

quando houver camadas de solo mais compressíveis ao longo da profundidade, a área

carregada deve ser cuidadosamente analisada, pois esta poderá influenciar camadas profundas

não consideradas nas provas de carga. A placa de 80cm de diâmetro influi significativamente

em solos até cerca de 1,60m de profundidade, uma área carregada de dimensões 5mx5m influi

camadas de cerca de 10m de profundidade (considerando bulbo de tensões com duas vezes a

menor dimensão da área carregada).

É necessário avaliar com atenção o método de dimensionamento de piso e a forma

de considerar a deformabilidade do solo, dependendo das características das solicitações, que

podem variar de cargas menores móveis, se assemelhando a pavimentos, até cargas de grande

intensidade estáticas, atuando em grandes áreas, se assemelhando a casos de fundações de

149

edifícios. Nessa análise, é fundamental avaliar a magnitude dos recalques, pois para os

resultados obtidos está implícito ordem de grandeza de recalques máximos da ordem de 1 a 2

mm.

150

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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156

ANEXO A - ÁBACOS DE PACKARD (1996)

Figura A.1 - Área de contato Efetiva (OLIVEIRA, 2000).

Figura A.2 - Ábaco para dimensionamento de pisos industriais de rodagem simples (OLIVEIRA, 2000).

157

Figura A.3 - Ábaco para determinação do fator de redução para empilhadeiras de rodagem dupla (OLIVEIRA,

2000).

Figura A.4 - Ábaco para dimensionamento de pisos industriais para cargas de montantes k = 13,8 Mpa/m

(OLIVEIRA, 2000).

158

Figura A.5 – Ábaco para dimensionamento de pisos industriais para cargas de montantes k = 28 MPa/m

(OLIVEIRA, 2000).

Figura A.6 – Ábaco para dimensionamento de pisos industriais para cargas de montantes k = 55,4 Mpa/m

(OLIVEIRA, 2000).

159

Tabela A.1 – Coeficientes de segurança devido à fadiga (OLIVEIRA, 2000).