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ANÁLISE DOS PROCEDIMENTOS DE
MANUTENÇÃO DO SETOR DE
MANUTENÇÃO DO HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA CATARINA
Fabio Marcelo Cuty da Silva (UFSC )
Jamur Johnas Marchi (UFSC )
Beatriz Marcondes de Azevedo (UFSC )
O presente estudo fez uma análise a respeito de que forma está sendo
efetuado em relação aos processos de gestão e práticas de manutenção
no âmbito do Hospital Universitário - HU da Universidade Federal de
Santa Catarina - UFSC, junto à Coordenadoria de Manutenção e
Serviços Gerais (CMSG), em nível de servidores e chefias. Esta
pesquisa de caráter exploratório, mediante a técnica de coleta de
dados efetuada por meio de entrevista semiestruturada, realizada com
o gestor do setor de manutenção, assim como, os informantes
envolvidos no processo da manutenção do corpo técnico, dos usuários
e demais informações pertinentes. Esta pesquisa demonstrou a
importância da manutenção hospitalar em uma organização de
referência do porte do HU da UFSC, como fator primordial de suporte
para as demais atividades elencadas em um complexo de atendimento
à saúde.
Palavras-chaves: Administração. Gestão Logística em Saúde.
Manutenção em Ambientes Hospitalares.
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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1. Introdução
Este estudo está centrado nas práticas de gestão da manutenção como suporte para as demais atividades em uma
organização de saúde, uma vez que o foco de atenção é a saúde, a importância das práticas de manutenção
podem se tornar ainda mais acentuadas, pois existem equipamentos de alta complexidade e que não podem
apresentar falhas em seu desempenho sendo um dos motivos o suporte à vida e o alto valor patrimonial
envolvido por tratarem-se, frequentemente, de equipamentos importados e de expressivo custo de aquisição.
Karman (1994) assinala que a atividade de manutenção é importante tanto no que diz respeito à conservação da
vida do paciente, quanto da necessidade de se exigir desses profissionais alta qualificação e elevados graus de
competências. Azevedo Neto (2010) preocupa-se com o lado humano atrelado aos processos de manutenção.
Para este autor, a proposta de manutenção deve estar impregnada pelo estado de espírito da manutenção em que
os problemas reais deverão ser abordados de forma direta e que não acometam maiores danos, visto que, uma
falha eventual poderá acarretar risco de vida para o paciente. Conforme Souza (2009), a manutenção nas grandes
organizações é prestada com base numa atividade organizada cujos conceitos são aplicados nas formas:
corretiva, preventiva e preditiva. Tais atividades servem de instrumentos para que as metas finais sejam
alcançadas, e ainda, contribuam para o aumento da produção, na redução do tempo perdido e, assim sendo, para
a diminuição de custos envolvidos.
A manutenção que há poucas décadas atrás era uma ferramenta acessória e voltada à conservação do patrimônio,
atualmente, devido ao surgimento de novas tecnologias e equipamentos de alta complexidade têm demandado
recursos técnicos, humanos e de gestão mais especializados. Neste contexto, faz-se necessário compreender
como as organizações hospitalares estão realizando suas atividades relativas à manutenção.
Situado em Florianópolis – SC, o Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, ou
simplesmente HU/UFSC, sendo considerada uma organização de referência em termos de pesquisa, ensino e
extensão, sendo que o seu ponto central é o atendimento de emergência 24 horas e chegando a atender uma
demanda de 400 pacientes por dia. A importância deste hospital decorre do fato da prestação de saúde não
somente para a região metropolitana de Florianópolis, mas para todo o estado catarinense, onde vários pacientes
oriundos das mais distantes localidades são atendidos.
A oportunidade de se estudar as práticas de manutenção nesta organização pode ajudar na compreensão de como
tais práticas são desenvolvidas e aprimoradas, permitindo aprofundar o conhecimento da gestão da manutenção
em ambientes hospitalares. Sendo assim, este estudo estará centralizado na Coordenadoria de Manutenção de
Serviços Gerais (CMSG) do HU da UFSC. Portanto, tem-se como objetivo, analisar as práticas de gestão da
manutenção hospitalar em um hospital de referência no Estado de SC.
2. Fundamentação teórica
O presente capítulo apresenta, inicialmente, uma exposição dos conceitos e tipos de manutenção de maneira
geral a respeito do que a teoria preconiza em termos de práticas de manutenção ligadas às organizações
relacionadas aos mais variados segmentos de produção e prestação de serviços. Posteriormente, é estabelecida
uma diferenciação entre a manutenção industrial e a manutenção em organizações hospitalares, seus conceitos e
diferenças.
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2.1 Conceitos de manutenção
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o conceito de manutenção é a combinação das
ações técnicas e administrativas, assim como, funções de supervisão, com o objetivo de manter, recolocar ou
modificar um determinado item ao estado que possa desempenhar uma função exigida (ABNT, 1994).
De acordo com Souza (2009), a manutenção nas organizações deve ser encarada como uma atividade organizada
e ser executada utilizando os seus conceitos básicos que são aplicados na forma corretiva, preventiva e preditiva,
ou ainda como ferramentas que possibilitam a obtenção de metas como, por exemplo, aumento da produção, a
redução do tempo perdido e a redução dos custos.
2.2 Tipos de manutenção
Souza (2009) elenca e explica as práticas de manutenção mais comumente utilizadas nas organizações e nas mais
variadas vertentes do setor econômico e industrial são: as práticas corretivas, preventivas e preditivas. Como se
pode observar a compilação de tais práticas na Figura 1.
Figura 1 – Práticas de manutenção
Fonte: Elaborado pelos autores (2014)
Os subtítulos a seguir caracterizam e relacionam cada prática de manutenção ressaltando as suas vantagens e
desvantagens e as suas formas de aplicação.
2.2 Manutenção corretiva
“Manutenção corretiva é a manutenção efetuada após a ocorrência de uma pane destinada a recolocar um item
em condições de executar uma função requerida” ABNT (1994).
Souza (2009) aponta que quando um equipamento apresenta falha tal fato pode acarretar a perda total ou parcial
da capacidade operacional do equipamento. E, de acordo com esta falha, deve surgir a intervenção para saná-la
no menor tempo possível objetivando a retomada das operações respeitando os níveis de qualidade e segurança.
2.2 Manutenção preventiva
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Segundo a ABNT (1994, p.7), a manutenção preventiva consiste da: “manutenção efetuada em intervalos
predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a
degradação do funcionamento de um item”.
Branco Filho (2008) corrobora afirmando que se trata de toda atividade de manutenção realizada em máquinas
que estejam em condições de operação, mas que são detectados indícios de degradação de determinados
parâmetros estimados para o funcionamento tais equipamentos. Esta manutenção é efetuada na proximidade da
ocorrência do defeito ou falha ou no instante de tempo mais adequado e levando em conta os fatores técnicos e
operacionais.
2.3 Manutenção preditiva
Abordando agora o conceito de manutenção preditiva a ABNT (1994) conceitua como: manutenção que
possibilita uma qualidade de serviço desejada com base na aplicação sistemática de técnicas de análise,
utilizando-se de meios de supervisão centralizados ou de amostragem, para reduzir ao mínimo a manutenção
preventiva e diminuir a manutenção corretiva.
Souza (2009) conceitua a manutenção preditiva com a finalidade de efetuar o acompanhamento dos parâmetros
de funcionamento dos equipamentos e realizar a prevenção de suas falhas para que seja realizada a sua
intervenção no instante de tempo mais adequado.
2.4. Manutenção em organizações hospitalares
Conforme Karman (1994), o hospital é uma entidade cuja destinação é a de assistir pessoas, atuar na área da
prevenção de doenças, ao tratamento e reabilitação de pacientes, a realização de pesquisas e na elevação do
padrão profissional e técnico.
Segundo Brasil (1995), a característica do hospital é a de ser um organismo dinâmico, em constante processo de
mutação, onde divisórias e paredes são seguidamente deslocadas, removidas ou acrescidas sendo tais mudanças
espaciais decorrentes de exigências administrativas ou técnicas em que novos aparelhos e equipamentos
demandam uma estrutura diferenciada em relação a suportes, suprimentos e instalações adequadas (energia
elétrica, água, oxigênio entre outros).
2.5 Diferenças entre a manutenção hospitalar e as outras formas de manutenção
Azevedo Neto (2010) afirma que o diferencial entre a manutenção hospitalar e os demais tipos de manutenção
reside no seu escopo principal que é o campo da saúde e para manter em funcionamento equipamentos que,
frequentemente, permitem a sobrevida aos pacientes que por isso não podem apresentar falhas ou interrupções
em suas funções. Calil e Teixeira (1998) fazem alusão ao fato do hospital ser uma organização de grande
complexidade, pois envolve um universo de conhecimentos superior ao de outras unidades de serviços saúde.
Karman (1994) complementa afirmando que a manutenção hospitalar é responsável por equipamentos que, em
muitos casos, são o diferencial entre a vida e a morte dos pacientes como a manutenção do suprimento de
oxigênio em uma unidade hospitalar. Calil e Teixeira (1998) apontam para o indispensável pronto-atendimento
em regime de 24 horas ininterruptas para eventuais emergências no reparo de equipamentos médico-hospitalares
(EMHs).
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2.6 Práticas de manutenção em organizações hospitalares
No que compete à esfera da manutenção hospitalar, conforme Azevedo Neto (2010), os sistemas desenvolvidos
para o acompanhamento das atividades de manutenção de equipamentos médicos são estruturas que tiveram as
suas origens na gestão do conhecimento de tecnologias para o uso médico de forma ampliada. Calil e Teixeira
(1998) fazem referência ao conceito e manutenção hospitalar, afirmando que ao se implantar um sistema de
manutenção de equipamentos médico-hospitalares é necessário levar em consideração a importância do serviço a
ser executado e principalmente a forma de gerenciar a realização do mesmo.
2.7 Categorias de análise para a gestão da manutenção hospitalar
O Quadro 1 apresenta uma síntese dos conceitos e da importância das categorias consideradas relevantes para a
gestão da manutenção em ambientes hospitalares conforme a literatura técnica pesquisada. As categorias de
análise servem como um referencial para o desenvolvimento da pesquisa deste estudo e atuam como parâmetros
para os questionamentos elencados na entrevista semiestruturada aplicada aos informantes.
Quadro 1 – Categorias de análise da gestão da manutenção hospitalar
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Fonte: Elaborado pelos autores (2014)
3. Procedimentos metodológicos
3.1 Natureza da pesquisa
A orientação metodológica deste estudo é qualitativa e de caráter exploratório, realizada através de um estudo de
caso. O estudo é qualitativo, pois possibilita um aprofundamento do tema das práticas de gestão em manutenção
hospitalar mediante a utilização do estudo de caso.
3.2 Descrição da unidade de análise
A unidade de análise é a CMSG do HU da UFSC, sendo composto por 50 servidores entre funcionários efetivos
e terceirizados. Ocupa uma área dividida em quatro setores: O bloco K do primeiro pavimento, as oficinas do
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subsolo, a lavanderia bloco G1, o Núcleo de Engenharia Clínica (NEC) situado no terceiro andar do prédio
principal do HU e o setor de Informática localizado no mesmo prédio.
O CMSG é responsável pela execução de manutenção eletromecânica e serviços gerais dos setores em geral do
HU. A manutenção eletromecânica é composta de 20 funcionários entre servidores efetivos e terceirizados.
Sendo que em sua estrutura há uma diversidade de técnicos: técnicos em edificações, em telecomunicações e
técnicos em mecânica e eletrotécnica. E só possui um técnico em segurança do trabalho. As atividades deste
setor consistem em serviços de reparos em redes elétricas internas e instalações elétricas prediais e serviços de
soldas em determinados equipamentos de uso geral ou clínico. O serviço de informática responsável pelos
reparos em central processing unit (CPUs) e o atendimento é efetuado pelo site do HU. O CMSG efetua serviços
gerais que são a parte de instalações hidráulicas, marcenaria, carpintaria entre outras. A solicitação de serviço
(S.O) de manutenção é via site do HU. Dentro da estrutura do CMSG está localizado o NEC que possui duas
vertentes no que tange às suas responsabilidades técnicas: a gestão e a manutenção de equipamento médicos. A
parte de planejamento, estruturação e coordenação do NEC se dá por dois servidores efetivos do HU. A parte
executiva é exercida pela empresa terceirizada TECNOCARE que é composta por 5 funcionários terceirizados
sendo que na parte executiva se efetua os serviços de reparos nos equipamentos médicos como os tomógrafos,
aparelhos de raios-x entre outros. A S.O se dá via por folha de solicitação de serviço. Na figura 3 temos o
esquema da distribuição dos serviços de manutenção de acordo com as suas categorias.
Figura 2 – Estruturação da manutenção do HU
Fonte: Elaborado pelos autores (2014)
3.3 Coleta de dados
A técnica de coleta de dados foi efetuada mediante a realização de entrevistas semiestruturadas realizadas entre
os dias 19 e 27 de março de 2014 e que tiveram a duração de cerca de 1 hora cada entrevista.
Figura 3 – Triangulação das fontes de evidências
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Fonte: Elaborado pelos autores (2014)
As entrevistas foram feitas com gestores, assim como, técnicos da manutenção e ainda, com usuários do serviço
de manutenção para que fossem captados vários pontos de vista a respeito das informações, garantindo assim a
triangulação dos dados. Segundo Stake (1995 apud Roesch, 1999), o estudo de caso é também denominado
como uma investigação de triangulação, que é utilizada para confrontarmos as fontes de onde provieram as
informações a fim de aproximarmos com a realidade vigente e também dar credibilidade ao trabalho de pesquisa.
4 Apresentação e discussão dos resultados
4.1 Identificação das práticas de gestão da manutenção empregadas pelo corpo técnico do HU da UFSC
De acordo com os dados coletados, as práticas de gestão da manutenção no CMSG e no setor de informática,
apesar de possuírem algumas características da metodologia abordada no referencial bibliográfico, não há uma
prática de gestão estabelecida nos processos de manutenção. O que se denota são atividades de reparo e sem um
planejamento definido que ocorrem quase sempre após a incidência de falhas ou quebra em determinado
equipamento ou serviço geral. Tal percepção pode ser evidenciada a partir do seguinte fragmento do discurso do
técnico 2 .
“estamos sempre correndo contra o tempo tanto na manutenção eletromecânica
quanto na predial”.
A manutenção executada por estes dois setores são de cunho corretivo e, de acordo com Brandão Filho (2008), é
a forma de manutenção mais utilizada na indústria cuja principal característica é a intervenção após o surgimento
do defeito ou falha. Segundo Souza (2009), apesar de ser uma das formas de manutenção mais simplificadas, tal
procedimento tende acarretar vários fatores prejudiciais entre os quais paradas não planejadas que podem causar
prejuízos.
Segundo Saide e Teixeira (1998), a manutenção hospitalar, pela sua natureza complexa envolver vários
segmentos do conhecimento técnico, como a manutenção clínica, a parte de hotelaria, as instalações prediais,
entre outras, é de vital importância que estes segmentos que a compõem atuem em sincronia para que não
acarretem eventuais perdas de qualidade nos serviços prestados o que, em muitos casos, para uma organização
de saúde pode traduzir-se em uma questão de risco de morte para os pacientes.
Conforme relato do gestor 1, e que evidencia uma série de atividades efetuadas pelo CMSG que são de natureza
preventiva; isso pode ser evidenciado a partir do seguinte relato do gestor 1:
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“há um acompanhamento de controle da qualidade da água da caixa de água que
abastece o centro de materiais esterilizados e há a necessidade de manter uma
qualidade de água muito limpa que obedeça a determinados parâmetros, sendo que
tal atividade tem o acompanhamento dos técnicos em mecânica”.
Em outro segmento da manutenção do HU da UFSC, no âmbito das atividades de manutenção dos equipamentos
clínicos executadas pelo NEC, de acordo com o estabelecido pelo sistema de capacitação à distância
Gerenciamento da Manutenção de Equipamentos Médicos Hospitalares (GEMA), há tanta evidência da prática
da manutenção corretiva, quanto da preventiva nas atividades de manutenção, e de acordo, com a entrevista do
gestor NEC, o objetivo futuro é implantar ações de manutenção preditiva.
Conforme a ilustrado na figura 3, é possível observar que existe uma lista de questões que servem de parâmetros
e norteiam os procedimentos das atividades de manutenção corretiva. Esta lista é transformada num questionário
que deverá apresentar os dados fundamentais a respeito do histórico de manutenção dos equipamentos:
Figura 4- Auxílio para seleção de equipamentos para manutenção preventiva
Fonte: GEMA (2014)
É importante assinalar que a figura 4 foi extraída dos procedimentos de manutenção preventiva do
GEMA (2014) e elenca uma série de itens que servem de controle para execução da manutenção preventiva.
4.2 Análise da maneira que é efetuada a manutenção dos equipamentos apontando as boas práticas e as
necessidades de melhorias
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Neste subtópico são analisadas de forma são executadas as atividades de manutenção no âmbito do hospital e
identificadas as boas práticas a partir da síntese do processo de manutenção dos equipamentos no HU. Tal
síntese é dividida de acordo com a natureza de cada atividade:
a) O CMSG realiza as atividades pertinentes aos serviços gerais que são os processos de manutenções em
instalações prediais e os serviços de eletromecânica.
b) Os serviços efetuados em hardware e software pertencem ao setor de informática.
c) Os serviços de gestão e manutenção de equipamentos médicos realizados pelo NEC.
Na letra “a” e na “b”, no que tange às atividades de manutenção de serviços gerais prestadas ao HU, há a
necessidade de implantação de metodologias de práticas de gestão de manutenção como foi evidenciado nesta
pesquisa. E tal fato é percebido a partir do relato do gestor 1:
“não há nenhum projeto de metodologia em implantação, mas cobra-se isso das empresas terceirizadas, por
exemplo, que elas utilizem o PPCM, para o pessoal da refrigeração e pessoal da manutenção predial”.
O que se pode notar que há um grande comprometimento nos processos de melhoria por parte dos gestores
imediatos do setor de manutenção e do corpo técnico sendo que há a limitação dos recursos que restringem o
desenvolvimento destas atividades, conforme relatado pelo técnico1:
“não há a existência de suprimentos de fundos para compras emergenciais no setor de manutenção”.
Na letra “C”, no que se refere às atividades do NEC nos processos de manutenção dos equipamentos clínicos, o
usuário 1 afirma que o papel do setor é assim caracterizado:
“o NEC atua, em muitas ocasiões, como um intermediário entre a empresa que fabricou o equipamento e o setor
de radiologia, no que tange às aquisições de peças de reposição”.
Outro ponto a ser destacado é que nas atividades do NEC há uma constante reciclagem de conhecimento
amparadas pelo SUS no que tange às práticas de manutenção de equipamentos médicos. Isto também pode ser
evidenciado através da utilização do GEMA.
Em resumo, são efetuadas boas práticas de manutenção tanto no que se refere à segmentação dos serviços gerais
quanto na manutenção dos equipamentos médicos. Sendo que nos processos de manutenção dos serviços gerais
há a necessidade do desenvolvimento de práticas de gestão da manutenção e que agreguem fatores como
planejamento e confiabilidade em suas atividades.
Com base na análise dos dados coletados, foram ouvidas as sugestões de algumas melhorias no que tange às
políticas de gestão da manutenção do HU como, por exemplo, referente à:
“importância de uma estrutura para o descarte de equipamentos médicos obsoletos. Para que se descarte é
preciso que haja uma política de gestão que faça uma avaliação efetiva para que se ateste a obsolescência do
equipamento no que tange ao seu próprio descarte, a questão ecológica, assim como a presença de metais
pesados em sua composição, etc”.
Este relato vão ao encontro do que foi exposto anteriormente, ou seja, à preocupação do gestor com a questão do
meio ambiente e a preservação da natureza.
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Além disso, conforme o relato das entrevistas efetuadas, principalmente com o corpo técnico, verifica-se a
necessidade de desenvolver políticas de capacitação profissional para com os funcionários terceirizados, caso
contrário a falta de treinamento e desenvolvimento poderá acarretar uma série de fatores negativos ao clima
organizacional. Tal percepção é evidenciada no fragmento do discurso do relato do gestor 1:
“Não há um comprometimento por parte dos terceirizados em sua maioria com a instituição”.
Outra dificuldade encontrada pelo setor de manutenção de acordo com a entrevista realizada com o técnico 1 e 2,
é referente à falta de investimento tanto quanto no quesito financeiro, quanto na contratação de mão de obra
especializada por parte da instituição, corroborando a necessidade de se realizar melhorias dos processos de
manutenção. Deste modo, segundo Souza (2009), para que a manutenção possa ter um cunho estratégico torna-se
preciso se ter a participação de todos os agentes envolvidos, ou seja, não somente as ações dos profissionais de
manutenção em si, mas sim, o apoio da alta cúpula da administração que irá analisar as demandas de
investimento para os processos de manutenção. Tal fato é corroborado por Nascif e Kardec (2009) que também
referenciam a necessidade da alta administração em fornecer os aportes necessários para que se desenvolva uma
política de manutenção mais concisa com a realidade. Calil e Teixeira (1998) fazem uma alusão no que se refere
às dificuldades que passam as organizações públicas, principalmente as que executam ações no âmbito da saúde,
e a necessidade de uma maior flexibilização nas políticas que possam atender e a suprir as suas necessidades,
tanto de caráter financeiro, quanto de pessoal treinado e capacitado para atender às demandas e anseios da
sociedade.
5 Considerações finais
A partir da análise dos dados coletados é possível perceber a necessidade de se desenvolver uma política de
recursos humanos de modo flexibilizado para com os funcionários terceirizados. Assim, a administração do HU
em colaboração com a administração das organizações terceirizadas, poderá contar com uma gestão alinhada ao
objetivo maior que se traduz na supremacia do interesse público alicerçado nos princípios constitucionais que
norteiam o serviço público. Para tal, é urgente a adoção de um programa de treinamento e desenvolvimento para
com os terceirizados.
Este trabalho não objetiva de maneira alguma esgotar os estudos a respeito do tema da manutenção hospitalar no
âmbito do HU da UFSC. Um dos objetivos desta pesquisa é a de suscitar outros estudos que venham a
enriquecer e explorar outras temáticas adjacentes, que por ventura, possam não ter sido abordados por esta
pesquisa.
O estudo evidenciou um objetivo maior que é o de contribuir para a sugestão de melhorias no que tange às
práticas de gestão da manutenção do HU e suscitar melhorias nas práticas que sirvam de suporte para tais
atividades. De acordo com a remodelação das políticas públicas, espera-se que presente pesquisa possa auxiliar a
agregar valor às atividades finais que, nada mais é que um serviço público de qualidade e excelência
desenvolvido por uma organização de saúde da expressão que é o HU, um centro de referência em ensino e
pesquisa, para todo o Estado.
REFERÊNCIAS
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