ANÁLISE E PRIORIZAÇÃO DE RISCOS DE MANUTENÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ENERGIZADAS Thais...

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1 ANÁLISE E PRIORIZAÇÃO DE RISCOS DE MANUTENÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ENERGIZADAS Thais Mitrano Lopes Teixeira Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Jorge Nemésio Sousa Rio de Janeiro Setembro de 2018

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ANÁLISE E PRIORIZAÇÃO DE RISCOS DE MANUTENÇÃO

DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ENERGIZADAS

Thais Mitrano Lopes Teixeira

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Elétrica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Jorge Nemésio Sousa

Rio de Janeiro

Setembro de 2018

ii

ANÁLISE E PRIORIZAÇÃO DE RISCOS DE MANUTENÇÃO DE LINHAS DE

TRANSMISSÃO ENERGIZADAS

Thais Mitrano Lopes Teixeira

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELÉTRICA.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Jorge Nemésio Sousa, M.Sc

(Orientador)

________________________________________________

Prof. Antonio Lopes de Souza, Ph.D.

________________________________________________

Engº Renan Lombardo Ferreira Garrido

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

SETEMBRO DE 2018

iii

Teixeira, Thais Mitrano Lopes

Análise e Priorização de Riscos de Manutenção de

Linhas de Transmissão Energizadas / Thais Mitrano

Lopes Teixeira. - Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola

Politécnica, 2018.

XIII, 84 p.: il. ;29,7cm

Orientador: Jorge Nemésio Sousa

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Elétrica, 2018

Referências Bibliográficas: p. 80-83

1. Manutenção 2. Linhas de Transmissão 3. Análise

de Risco 4. Matriz de Priorização I. Sousa, Jorge

Nemésio II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Escola Politécnica, Curso de Engenharia Elétrica III.

Análise e Priorização de Riscos de Manutenção de

Linhas de Transmissão Energizadas.

iv

Dedico este trabalho aos meus

queridos pais, Ailton e Ilza e à

minha sobrinha Helena.

v

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, e por ter me permitido

ingressar nesta Universidade, tornando possível a realização desse sonho. Agradeço

a toda minha família por todo apoio incondicional durante todos esses anos, sempre

me amparando nas alegrias e angústias.

Agradeço em especial meus pais Ailton e Ilza que sonharam comigo e não

pouparam esforços para que eu alcançasse meu objetivo final. Foram exemplos em

minha vida de determinação e força, me inspirando a cada dia e me incentivando na

caminhada quando eu já não acreditava que conseguiria mais “andar”. Obrigada por

serem meu porto seguro e por toda motivação durante toda minha vida.

Agradeço a minha irmã Nathalia, por entender que as minhas prioridades

tinham mudado, assim como a nossa rotina juntas. Saiba que o amor permanece

inalterado.

Agradeço ao meu marido Wendel por todo amor, paciência, cumplicidade e

compreensão nos momentos mais difíceis. Obrigada por abrir mão de diversas coisas

para me fazer feliz, você foi peça fundamental para a conclusão deste trabalho.

Agradeço aos meus amigos que me acompanharam por todos esses anos.

Especialmente Arnaldo, Natália e Renan, que estiveram ao meu lado em todos os

momentos de sorrisos e lágrimas, me dando todo suporte possível e impossível, nos

assuntos universitários e da vida. Compartilhamos muitas memórias e faço questão de

guardá-las com muito carinho, pois sem vocês eu não teria chegado até aqui.

À secretária do DEE, Katia. Sem seus conselhos e ajuda, a caminhada teria

sido bem mais difícil. Obrigada por sua disponibilidade e carinho a todos os alunos da

Engenharia Elétrica.

Aos professores do DEE deixo toda minha gratidão, com vocês aprendi mais

do que engenharia. Em especial, agradeço meu orientador, Jorge Nemésio Sousa, por

toda dedicação, disponibilidade e empenho para a realização deste. Sua delicadeza

fez com que as coisas parecessem mais suaves do que eram.

Agradeço à UFRJ, por me proporcionar conhecer pessoas maravilhosas e viver

experiências incríveis. Em especial, à Divisão de Patrimônio, à Coordenação de

Integração e Articulação da Extensão e ao Núcleo Interdisciplinar para o

Desenvolvimento Social (NIDES), obrigada por todo apoio e acolhimento nestes anos.

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

ANÁLISE E PRIORIZAÇÃO DE RISCOS DE MANUTENÇÃO

DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ENERGIZADAS

Thais Mitrano Lopes Teixeira

Setembro/2018

Orientador: Jorge Nemésio Sousa, M.Sc.

Curso: Engenharia Elétrica

A demanda de energia por parte do consumidor tem crescido com o desenvolvimento

do país, exigindo cada vez mais do sistema elétrico. Além desta motivação, as

concessionárias buscam prezar pela disponibilidade do sistema, pois é um fator do

cálculo de sua receita. Visando maior confiabilidade da rede, ela foi interligada através

do SIN, porém ainda se tem os problemas de queda do sistema devido a reparos,

falhas, danos e manutenção.

A fim de que se possa evitar o desligamento das redes de transmissão para a

realização da manutenção, são estudadas maneiras de realizá-la sem que haja

interrupção do fornecimento de energia, o que requer procedimentos com maior

segurança e cautela, com profissionais que possuam qualificações específicas.

Os principais estudos realizados para que seja efetuada a manutenção da rede

energizada englobam as definições dos riscos de todas as atividades, assim como a

análise de cada uma separadamente com ferramentas como APR, FMEA, e análise da

matriz de priorização de problemas através da matriz GUT, BASICO e assim por

diante. Após estas verificações, são priorizadas as atividades e executada a

manutenção.

Palavras-chave: Manutenção, Linhas de Transmissão, Análise de Risco, Matriz de

Priorização.

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to Department of Electrical Engineering of

POLI/UFRJ as partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer.

ANALYSIS AND PRIORITIZATION OF ENERGIZED

TRANSMISSION LINES MAINTENANCE RISK

Thais Mitrano Lopes Teixeira

September/2018

Advisor: Jorge Nemésio Sousa

Course: Electrical Engineering

The demand of energy by the consumer has grown with the development of the

country, requiring more of the electrical system. Besides that, concessionaires seek to

system‟s availability, as it is a factor in calculating their revenues. Looking for reliability

of the network, it was interconnected through the SIN, but still has problems of system

crash due to repairs, failures, damages and maintenance.

In order to avoid the shutdown of the transmission networks for maintenance, studies

are done so that there is no interruption of the power supply, which requires more safe

and cautious procedures with professionals who are qualified specific.

The main studies made to the maintenance of the energized network include the

definitions of the risks of all the activities, as well as the analysis of each one

separately with tools such as APR, FMEA, and analysis of the problem prioritization

matrix through matrix GUT, BASIC and so on. After these checks, activities are

prioritized and maintenance performed.

Key words: Maintenance; Transmission Lines; Risk analysis; Prioritization Matrix

viii

Sumário

Lista de Siglas e Abreviaturas ....................................................................................... x

Lista de Figuras ........................................................................................................... xii

Lista de Tabelas ......................................................................................................... xiii

1. Introdução .......................................................................................................... 1

1.1 Apresentação ................................................................................................. 1

1.2 Objetivo .......................................................................................................... 2

1.3 Motivação ....................................................................................................... 3

1.4 Estrutura do Trabalho ..................................................................................... 4

1.5 Limitações do Estudo ..................................................................................... 5

1.6 Metodologia .................................................................................................... 6

1.6.1 Definição e Classificação de Pesquisa ........................................................ 6

2. Revisão Bibliográfica e Base Teórica ........................................................................ 8

2.1 Confiabilidade ..................................................................................................... 8

2.2 Falhas X Defeitos .............................................................................................. 10

2.3 Disponibilidade .................................................................................................. 14

2.4 Manutenção ...................................................................................................... 16

2.4.1 Definição de Manutenção ............................................................................ 17

2.4.2 Tipos de Manutenção .................................................................................. 17

2.5 O Sistema Elétrico de Potência – SEP .............................................................. 22

2.6 As LT – Linhas de Transmissão ........................................................................ 25

2.6.1 Cabos Condutores ....................................................................................... 26

2.6.2 Isoladores e Ferragens ................................................................................ 27

2.6.3 Cabos Para-Raios ....................................................................................... 30

2.6.4 Estruturas das LT ........................................................................................ 31

2.7 Estados das LT e Métodos de Manutenção ....................................................... 36

2.8 Competências Técnicas .................................................................................... 39

2.9 Análise de Risco ................................................................................................ 39

ix

2.9.1 APR - Análise Preliminar de Risco ............................................................... 40

2.9.2 Análise de Modos de Falhas e Efeitos ......................................................... 43

2.10 Matriz de Risco ou de Priorização ................................................................... 49

2.10.1 Matriz GUT ................................................................................................ 50

2.10.2 Matriz BASICO .......................................................................................... 52

2.11 Norma Regulamentadora ................................................................................ 55

2.12 Emprego de Veículo na Manutenção ............................................................... 56

2.12.1 Aplicação de Veículo ................................................................................. 56

2.12.2 Aplicação do Hidroelevador ....................................................................... 57

3. Manutenção de Linha Energizada .......................................................................... 60

3.1 Competências da Equipe de Manutenção ......................................................... 61

3.1.1 Técnico de Manutenção .............................................................................. 61

3.1.2 Encarregado ................................................................................................ 62

3.1.3 Eletricista ..................................................................................................... 63

3.2 Segurança nas Instalações ............................................................................... 65

3.3 Segurança na Manutenção ............................................................................... 70

3.4 Metodologia de Inspeção .................................................................................. 71

3.4.1 APR - Análise Preliminar de Risco ............................................................... 71

3.4.2 Matriz GUT – Gravidade, Urgência e Tendência ......................................... 74

4. Conclusão ............................................................................................................... 77

4.1 Sugestões para futuros trabalhos ...................................................................... 79

Referências Bibliográficas .......................................................................................... 80

Anexo I – Normas Regulamentadoras do MTE ........................................................... 84

x

Lista de Siglas e Abreviaturas

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica

APR - Análise Preliminar de Risco. Método de análise de riscos utilizado antes da

execução das atividades, para determinar riscos que podem ocorrer na fase

operacional.

AT - Alta Tensão - compreende tensões acima de 36,2 kV

BASICO - Matriz para auxíliar a tomada de decisão da seleção e priorização de

problemas e alternativas de solução, composta por seis critérios: Benefícios,

Abrangência, Satisfação, Investimento, Cliente e Operacionalidade

BT - Baixa Tensão - compreende tensões abaixo de 1 kV.

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Grupo de funcionários que

colaboram para a prevenção de doenças de trabalho e acidentes.

CLT - Consolidação das Leis do Trabalho

COPEL - Companhia Paranaense de Eletricidade

DEE - Departamento de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da UFRJ.

EPC - Equipamentos de Proteção Coletiva. Equipamentos de proteção de uso coletivo

indicados à proteção da integridade física e da saúde de colaboradores atuantes em

ambientes que contém riscos.

EPI - Equipamentos de Proteção Individual. Equipamento de uso individual destinado

aos riscos que ameacem a saúde e segurança do trabalhador. Usados quando o EPC

não é viável ou suficientemente eficientes.

FMEA - Failure Mode and Effect Analysis - Análise de Modos de Falhas e Efeitos, em

português. Método utilizado para prevenir falhas e analisar os riscos de um processo,

projeto ou sistema, identificando causas e efeitos e as ações que serão utilizadas para

inibir as falhas.

GSST - Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho

GUT – Matriz que auxilia a priorização de problemas, classificando-os através de três

critérios: Gravidade, Urgência e Tendência

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LT - Linhas de Transmissão

MT - Média Tensão - compreende tensões entre 1 e 36,2 kV

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego

xi

NR - Norma Regulamentadora do MTE - Ministério do Trabalho e Emprego

PIE - Prontuário das Instalações Elétricas. Documento que faz parte da NR 10 -

Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.

PRE - Para-raios Energizados. É uma tecnologia que permite o transporte de energia

elétrica através dos cabos de proteção.

RPN - Risk Priority Number - medida usada ao avaliar o risco, por meio da FMEA, para

ajudar a identificar os modos críticos de falha associados a um produto ou processo.

SEB - Sistema Elétrico Brasileiro. Permite o intercâmbio de energia entre as regiões,

exceto em sistemas isolados. Esta atividade é permitida devido à existência do SIN.

SEP - Sistema Elétrico de Potência. Grandes sistems de energia que englobam

geração, transmissão e distribuição de energia.

SIN - Sistema Interligado Nacional. Grande sistema de transmissão que integra

diversas regiões de geração de energia, a fim de suprir toda a necessidade do país.

UCB – Universidade Católica de Brasília

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

xii

Lista de Figuras Figura 2.1 - Probabilidades Condicionais de Falhas [9] .............................................. 12

Figura 2.2 - Curva da Banheira [8] .............................................................................. 13

Figura 2.3- Organização do SEP [13]. ........................................................................ 23

Figura 2.4 - Isolador de Pino [17] ................................................................................ 28

Figura 2.5 - Isolador tipo Pilar [16] .............................................................................. 29

Figura 2.6 - Isolador de Suspensão [17]. .................................................................... 30

Figura 2.7 - Estrutura Triangular [16] .......................................................................... 32

Figura 2.8 - Estrutura de Disposição Horizontal [16] ................................................... 32

Figura 2.9 - Estrutura de Disposição Vertical [16]. ...................................................... 32

Figura 2.10 - Estrutura Autoportante [16] .................................................................... 34

Figura 2.11 - Estrutura Estaiada [16] .......................................................................... 35

Figura 2.12- Vestimenta Condutiva [23] ...................................................................... 38

Figura 2.13 - Acessórios Condutivos [23] .................................................................... 38

Figura 2.14 - Manutenção com Auxílio de Bastões anuais [24] ................................... 39

Figura 2.15 - Hidroelevador com Haste Travada [36]. ................................................. 59

Figura 2.16 - Hidroelevador com Haste em Operação [36]. ........................................ 59

Figura 3.17 - Zona Controlada [38] ............................................................................. 68

Figura 2.18 - Cinturão de Suspensão e Talabarte [42]. ............................................... 73

xiii

Lista de Tabelas

Tabela 2.1 - Classificação de Risco da APR. .............................................................. 42

Tabela 2.2 - Classificação de Severidade. .................................................................. 47

Tabela 2.3 - Classificação de Ocorrência. ................................................................... 47

Tabela 2.4 - Classificação de Detecção. ..................................................................... 48

Tabela 2.5 - Combinação de Prioridades. .................................................................. 50

Tabela 2.6 - Classificação Matriz GUT. ....................................................................... 51

Tabela 2.7 - Classificação do Benefício. ..................................................................... 52

Tabela 2.8 - Classificação da Abrangência. ................................................................ 53

Tabela 2.9 - Classificação da Satisfação. ................................................................... 53

Tabela 2.10 - Classificação do Investimento. .............................................................. 54

Tabela 2.11 - Classificação do Cliente. ....................................................................... 54

Tabela 2.12 - classificação da Operacionalidade. ....................................................... 55

Tabela 3.13 - Análise da APR ..................................................................................... 74

Tabela 3.14 - Análise GUT.......................................................................................... 76

1

1. Introdução

1.1 Apresentação

O combustível que move um país é a energia, devido à extrema

importância para o progresso econômico e social de uma sociedade. Ela tem

proporcionado desde o início, um grande desenvolvimento tecnológico,

proporcionando maior conforto, aumentando a produção de bens e serviços e,

consequentemente, tornando a sociedade mais desenvolvida. Contudo, a situação

inversa também tem sua relação, ou seja, quando há déficit de energia, há quedas

no desenvolvimento do país [1].

Existem alguns fatores que propiciam o aumento da demanda de energia,

como o aumento populacional e o desenvolvimento tecnológico, o que gera um

crescimento das redes de distribuição.

As linhas de transmissão encaminham a energia gerada nas usinas até os

centros de consumo. Redes de Distribuição, que se ramificam ao longo de ruas e

avenidas, de acordo com a topografia das cidades, conectam o sistema

fisicamente. Com o objetivo de alcançar o maior número possível de território, há o

crescimento das mesmas, visando o aumento do número de usuários.

A população brasileira teve aumento de 19,72% entre 2000 e 2017, e tem

uma prospecção de aumentar ainda mais até 2030, cerca de 7,44%, segundo o

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE [2].

Com a inserção de novas tecnologias, o estilo de vida das pessoas tem se

modificado cada vez mais, tornando suas rotinas mais dinâmicas e dependentes

de eletroeletrônicos, além da maior exigência por aparelhos cada vez mais

potentes, o que contribui para o aumento de consumo de energia elétrica.

2

De acordo com as situações apresentadas, nota-se que a energia é um

insumo de extrema necessidade na rotina de pessoas, indústrias, hospitais entre

outros. Sob o ponto de vista do consumidor, é inviável que o sistema tenha alguma

queda devido a quaisquer danos, reparos, ou mesmo manutenção dos

equipamentos envolvidos.

Em conformidade com as situações expostas, é inviável ao consumidor que

haja quedas no sistema devido a quaisquer danos, reparos, ou mesmo

manutenção de quaisquer equipamentos envolvidos. Com isso, surge a grande

necessidade de realizar manutenções periódicas.

1.2 Objetivo

O objetivo deste trabalho é dissertar sobre a manutenção de LT - Linhas de

Transmissão, que é constituída de diversos elementos, tornando complexa a

análise do sistema como um todo e de forma generalizada. Sendo assim, foi

tomada para a análise, a substituição de uma cadeia de isoladores. Serão listados

os principais componentes e detalhados os processos responsáveis por manter

adequado o funcionamento da LT.

Como diferencial, será tratada exclusivamente a manutenção de LT de

forma a garantir a continuidade da energia elétrica nos circuitos, isto é, a

disponibilidade no fornecimento aos centros consumidores durante a execução das

atividades de manutenção. Este processo é conhecido como manutenção em linha

viva ou energizada.

Serão aprofundados alguns conceitos essenciais para a manutenção da

linha energizada, como confiabilidade, disponibilidade, falhas, defeitos, até que se

possa conceituar a manutenção e seus tipos. A dissertação também pretende

detalhar outros conceitos como os riscos, suas análises e suas matrizes de

3

priorização, culminando em um exemplo prático envolvendo a troca da cadeia de

isoladores.

Um dos objetivos desse trabalho é desenvolver uma sequência estruturada

de ações, definindo assim o estado da arte da manutenção das LT, de acordo com

diversos aspectos, como a segurança das instalações, as metodologias usadas

para definição dos riscos e suas gravidades, a fim de que se possa construir uma

metodologia de inspeção e manutenção das LT energizadas.

No Capítulo 3, será apresentado um exemplo prático de estruturação da

metodologia da manutenção de LT energizadas, através da troca de uma cadeia

de isoladores. São expostos seus riscos, classificando-os quanto às análises de

risco e suas matrizes de priorização, com o intuito de não haver desligamento

temporário do sistema, evitando possíveis penalidades pela ANEEL - Agência

Nacional de Energia Elétrica às distribuidoras e concessionárias de energia.

O objetivo específico é deixar para os estudantes da graduação

conhecimentos sobre a manutenção de linhas de transmissão energizadas, já que

este assunto não é abordado nas disciplinas que são oferecidas pelo DEE -

Departamento de Engenharia Elétrica da UFRJ, elaborando material didático sobre

manutenção de linhas energizadas e suas análises de risco, a fim de ser utilizado,

posteriormente, por disciplinas e trabalhos de graduação.

1.3 Motivação

Este trabalho teve como maior motivação a primeira aula do curso de

Manutenção de Equipamentos Elétricos, disciplina eletiva constituinte do quadro de

formação dos engenheiros eletricistas da UFRJ. Nesta aula, foi apresentado um

vídeo de manutenção de linhas de transmissão energizadas, o que realmente me

4

encantou como aluna e futura profissional. Foi através deste vídeo que decidi

cursar a disciplina e escrever o trabalho.

Existe uma demanda ininterrupta por energia, em fábricas, hospitais,

companhias telefônicas, como a que trabalho, em linhas de produção e em outros

setores industriais, e devido a esta necessidade, houve um incentivo ainda maior

para que eu pudesse discorrer sobre o assunto.

Com a conscientização de que há uma dependência e exigência da

população por energia, a manutenção da linha viva, ou energizada, foi o tema

escolhido, objetivando a não interrupção do fornecimento, visando confiabilidade e

disponibilidade do sistema como um todo. Além destes, há o motivacional

econômico envolvido no desligamento de um trecho de transmissão.

1.4 Estrutura do Trabalho

Esta dissertação está estruturada em 4 Capítulos que são brevemente

explicados nessa Seção.

O Capítulo 1 apresenta uma visão do aumento do consumo de energia

elétrica, enfatizando algumas de suas causas, assim como as consequências da

interrupção do fornecimento ao consumidor final. Neste também é apresentada e

justificada a metodologia utilizada na pesquisa do trabalho.

O Capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica e teórica sobre linhas de

transmissão, manutenção, confiabilidade, falhas, disponibilidade, métodos de

manutenção, competências técnicas, análise de risco e matriz de priorização, além

de outros conceitos que fundamentam a compreensão do tema em questão.

O Capítulo 3 é constituído da fundamentação da manutenção de acordo

com sua principal norma e conceitos de segurança, juntamente com o

5

desenvolvimento da APR e da Matriz GUT aplicada a uma cadeia de isoladores

simples.

Por fim, o Capítulo 4 relata a conclusão da dissertação e, posteriormente a

ele, dispõe-se da lista de referências bibliográficas.

1.5 Limitações do Estudo

O tema contemplado possui uma grande área de conhecimento, de maneira

que cada técnica apresentada poderia servir de assunto para novos projetos de

graduação, dada a grande quantidade de conteúdo sobre confiabilidade, defeitos,

falhas, disponibilidade, métodos de manutenção, análise de risco e matrizes de

priorização.

Esse TCC versa sobre análise de risco e de matrizes destinadas a priorizar

os problemas, quantificar informações, avaliar sua gravidade, urgência e

tendência, traçar os planos de ação para programar as atividades e executar a

manutenção corretiva, de modo que os problemas sejam tratados, minimizados

e/ou sanados.

Embora mostre uma aplicação prática e apresente um exemplo objetivo de

estruturação da metodologia de programação e priorização da manutenção de LT

energizadas, envolvendo a troca de uma cadeia de isoladores, este estudo não

contemplará a aplicação da matriz de priorização de solução - BASICO.

Os conceitos e a metodologia da BASICO serão apresentados, mas o

exemplo escolhido não comporta várias soluções para que seja necessário

priorizá-las, pois apenas uma delas se apresenta como factível: a substituição da

cadeia de isoladores em questão.

6

1.6 Metodologia

Nesta Seção serão descritas as metodologias trabalhadas pela autora para

o desenvolvimento do estudo, apresentando as etapas de pesquisa, assim como

sua classificação quanto aos fins e aos meios de investigação.

1.6.1 Definição e Classificação de Pesquisa

O termo pesquisa pode ser conceituado de diversas maneiras. Segundo

GIL (2002)1, pesquisa é um “processo formal e sistemático de desenvolvimento do

método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para

problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”.

Existem muitas formas de classificar a pesquisa, e de forma tradicional,

têm-se o enfoque nos pontos relacionados com o objetivo de posicionamento

metodológico do estudo.

De acordo com sua natureza, as pesquisas são classificadas como básicas

e aplicadas. Já de acordo com o modo de abordagem, em quantitativa e

qualitativa. Quanto aos objetivos, em exploratória, descritiva e explicativa.

Conforme os procedimentos técnicos, a pesquisa é classificada como

bibliográfica, documental, experimental, levantamento, estudo de caso, Ex-

post Facto, pesquisa-ação e participante. Serão descritas as classificações que

estão em conformidade com a dissertação deste TCC.

Em relação à sua natureza, é classificada como uma pesquisa aplicada,

pois conforme SILVA e MENEZES (2018) 2, esta tem o objetivo de gerar

1 GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. Editora Atlas. São Paulo, 2002.

2 SILVA, E. L. & MENEZES, E. M. Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação.

Universidade Federal de Santa Catarina. Santa Catarina, 2018.

7

conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas

específicos.

Conforme o modo de abordagem, a pesquisa é qualitativa de acordo com

SILVA e MENEZES, pois interpreta fenômenos e faz atribuição de significados

como base no processo de pesquisa, tendo como fonte de coleta de dados, o

ambiente natural. É uma descrição cujo processo e significado são o foco principal.

De acordo com os objetivos, este trabalho é exploratório, pois conforme

GIL, proporciona familiaridade com o problema a fim de explicitá-lo ou mesmo

construir hipóteses. Envolvem levantamento bibliográfico e análise de exemplos

que estimulam a compreensão do leitor.

Conforme os procedimentos técnicos, segundo GIL é bibliográfica, pois se

trata de uma elaboração a partir de material já publicado por outros pesquisadores.

Em resumo, este TCC é fruto de uma pesquisa qualitativa e aplicada que

foi desenvolvida de acordo com objetivos exploratórios, com metodologia de

cunho bibliográfica, com base em literatura pertinente.

8

2. Revisão Bibliográfica e Base Teórica

Neste Capítulo, serão abordados os principais conceitos envolvidos na

manutenção de linhas energizadas, visando facilitar o entendimento do tema em

geral e a proposta do trabalho: confiabilidade, falhas x defeitos, disponibilidade,

manutenção, o SEB - Sistema Elétrico Brasileiro, as LT - Linhas de Transmissão,

os estados das linhas e métodos de manutenção, competências técnicas, análise

de risco, matriz de risco ou de priorização e norma regulamentadora.

2.1 Confiabilidade

Com o avanço tecnológico, houve um aumento da cobrança pelo

desempenho dos produtos e sistemas, surgindo então a necessidade de redução

das probabilidades de falhas, o que gerou uma crescente demanda pela

confiabilidade dos equipamentos em geral. De acordo com FOGLIATTO e

RIBEIRO (2009), a confiabilidade está, de forma generalizada, associada ao bom

desempenho de um equipamento ou sistema quando ausentes falhas e defeitos

[3].

Para termos uma visão mais abrangente do assunto, devemos antes definir

a confiabilidade. Segundo LEEMIS (1995), “A confiabilidade de um item

corresponde à sua probabilidade de desempenhar adequadamente o seu propósito

especificado, por um determinado período de tempo e sob condições ambientais

predeterminadas” [4]. Em outras palavras, a confiabilidade trata da probabilidade

de um sistema executar a função para o qual foi projetado, dentro de suas

especificações de projeto e operação. Para o melhor entendimento, detalharemos

os significados de algumas palavras citadas.

9

Como item, podemos julgar todos os sistemas ou componentes envolvidos

no estudo da confiabilidade. No caso do SEB, podemos analisar o sistema como

um todo, fazendo dele um único, ou analisar cada um de seus componentes,

havendo assim diversos itens para a análise de confiabilidade [3].

Conforme FOGLIATTO e RIBEIRO, para que o item possa desempenhar

adequadamente, é necessário ter o conhecimento do que se entende por

desempenho adequado, para que se possa determinar, a partir de definições de

padrões, quando o item de fato, vem a falhar. Como exemplo, podemos citar o

fornecimento de energia. Quando o objetivo é fornecer energia, não importando a

qualidade, caso a energia apresente uma queda de uma fase, podemos dizer que

o fornecimento ainda desempenha adequadamente o seu papel. Caso a qualidade

seja um dos padrões especificados, verifica-se que há uma falha de fornecimento

[3].

Um ponto importante se refere ao propósito do item, pois há a

possibilidade de que um mesmo produto ser fabricado com especificações

diferentes para usos distintos. Podemos citar como exemplo, a distribuição de

energia. A função dos distribuidores é fazer com que a energia chegue ao

consumidor, porém há diferenciação nas distribuições de média e baixas tensões.

A tensão de distribuição de energia para baixas tensões é de 380/220 V ou

220/127 V [5]; já em médias tensões, temos tensões nominais de 13,8 kV e 34,5

kV [6], logo, os objetivos são os mesmos, porém diferenciam-se de acordo com a

confiabilidade, pois possuem distintas especificações [3].

Outro aspecto importante é o período de tempo, pois este deve ser

definido para análise, e não deve ser interpretado literalmente, mas associado à

missão. É válido ressaltar que nem sempre é clara a determinação de vida útil de

um item [3].

10

A última segmentação da definição de confiabilidade fica com as

condições ambientais para utilização do item, pois um mesmo componente pode

apresentar diferentes desempenhos em ambientes com temperaturas opostas [3].

Com o conceito firmado de confiabilidade, podemos relacionar algumas

áreas de aplicação, como a análise de riscos e segurança, proteção ambiental,

projeto de produtos, onde é considerada uma das mais importantes fases de

projeto, a otimização da manutenção e em relação à qualidade [3].

2.2 Falhas X Defeitos

Embora comumente confundidos, os conceitos de falhas, defeitos e erros

são distintos. Segundo a NBR 5462:1994, falha é o término da capacidade de um

item desempenhar a função requerida. Defeito, por sua vez, é qualquer desvio de

uma característica de um item em relação aos seus requisitos. Ou seja, a falha é

qualquer ocorrência que impede total ou parcialmente o funcionamento para o qual

o equipamento foi destinado; já defeito seria qualquer alteração das condições de

conformidade do equipamento, mas que não impedem o desempenho de sua

função, mesmo que funcione parcialmente [7].

A falha deve ser tratada como urgência na manutenção, pois é uma

situação que, quase sempre, não pode ser protelada, requerendo ações imediatas.

No caso de defeito, este não impede o funcionamento do equipamento, porém

reduz sua capacidade projetada, ou seja, diminui o período necessário para sua

manutenção e não pode ser deixado de lado, pois pode evoluir para o modo de

falha3.

3 Modo de Falha – Maneira em que a falha é percebida, ou seja, descreve o modo em

que o item deixa de realizar sua função.

11

Como ilustração, podemos dar o exemplo de um carro: para dar partida no

carro, é necessária a ignição. Caso o motor do carro não ligue, por qualquer

motivo, ele não exercerá sua função de locomoção, logo é caracterizada uma

falha. Se o carro funciona e quando passa dos 100 km/h o volante começa a

trepidar, o veículo não deixa de exercer sua função de locomoção, mas apresenta

desvio de suas características, o que representa um defeito. Ainda há uma terceira

possibilidade, onde o carro dá a partida e o motorista deixa o carro morrer por não

controlar corretamente a embreagem, configurando assim o erro que, nesse caso,

foi devido à falha humana.

Nesta dissertação, daremos maior detalhamento nas falhas. Podemos

mencionar seis modos de falhas, conforme mostrado na Figura 2.1, onde na

horizontal vemos o logaritmo do tempo e na vertical a taxa de falhas no tempo.

Conforme LAFRAIA (2001) [8], os modos são separados por:

Modo A é conhecido como curva da banheira, caracterizada pelas falhas

antecipas, seguida do período de vida útil, até que chegue no período de desgaste.

Modo B apresenta taxa de falhas que crescem progressivamente, com uma

região acentuada de desgaste.

Modo C possui taxa de falhas com leve crescimento, sem uma zona específica

de desgaste.

Modo D é caracterizado pela baixa incidência de falhas quando o equipamento

é novo, seguido de um patamar constante de falha.

Modo E apresenta uma taxa constante de falhas durante a vida útil do

equipamento.

Modo F possui queda rápida de falhas seguida de operação com taxa

constante de falhas.

12

Figura 2.1 - Probabilidades Condicionais de Falhas [9]

Dentre os modos de falha demonstrados, a curva da banheira (modo de

falha A) será melhor explicitada, devido ao fato de ser formada por três diferentes

tipos falhas - F, E e B. Esta curva representa as fases de vida útil de um

componente. De forma ampliada, pode-se visualizar a curva na Figura 2.2, que

mostra as três áreas que delimitam as etapas de cada componente.

A primeira etapa refere-se ao período de falhas prematuras, que tendem a

decrescer com o tempo. São falhas oriundas de problemas de projeto, fabricação,

instalação, entre outros. A segunda etapa é chamada de período de vida útil,

identificado por constantes falhas em um determinado período de tempo, que são

provenientes de eventos aleatórios e imprevisíveis. A terceira e última etapa é

chamada de fim de vida útil, onde após atingir certo período, o componente passar

a ter aumento gradual de ocorrências de falhas.

13

Figura 2.2 - Curva da Banheira [8]

Contudo, ainda se pode afirmar que com o aumento da complexidade dos

equipamento e redes, há uma probabilidade maior de ocorrência de falha de

acordo com os modos E e F. Também temos aqui a desconexão entre a

confiabilidade e o tempo de operação, uma vez que no modo F, o maior índice de

falhas se dá no início de vida útil do item. Isto nos conduz à ideia inicial de que a

intervenção da manutenção precoce traz menor probabilidade de falha. Hoje,

porém, sabe-se que não há relação entre a idade e confiabilidade do item, logo,

têm-se que manutenção programada pode vir a aumentar a taxa de falha, com a

introdução de falhas prematuras [8].

Segundo NEMÉSIO SOUSA (2018), de acordo com estudos, 4% dos

equipamentos correspondem ao modo de falha do tipo A, 2% ao modo B, 5% ao

modo C, 7% ao modo D, 14% ao modo E e 68%, ao modo F. Logo, observa-se que

89% dos equipamentos não evidenciam falhas associadas à parte operacional.

Nota-se também que a representatividade dos equipamentos está associada aos

modos de falhas D, E e F, o que comprova que a ocorrência de falhas não está

14

ligada diretamente ao tempo de vida útil do equipamento, e que melhoram pouco

com a manutenção preventiva [10].

2.3 Disponibilidade

Caracteriza-se por disponibilidade4, a qualificação de um item desempenhar

sua função em um determinado tempo, por intermédio de manutenção apropriada.

Este conceito diverge para unidades reparáveis e não reparáveis, ou seja, unidade

que pode retornar ao estado inicial e as que não podem fazer o mesmo. Para

unidades não reparáveis, os conceitos de disponibilidade e confiabilidade se

equiparam. Já nos casos reparáveis, há dois possíveis estados, „funcionando‟ e

„em manutenção‟, onde, no último, supõe-se que os reparos farão do item como

novo. Outro ponto que se pode ressaltar é que a disponibilidade é um dos

principais indicadores de confiabilidade [7].

Um conceito essencial para estabelecer a disponibilidade é a

manutenibilidade5, uma vez que se trata da capacidade do item estar ou se

recolocar nas exigências demandadas de acordo com as condições estabelecidas

previamente para uso, quando este é submetido à manutenção. Ou seja, a

facilidade com que os reparos e outras atividades de manutenção são efetuados

determinam a manutenibilidade de um sistema. Este conceito define a facilidade de

manutenção, o tempo, os custos e as funções que o item executa [8]. Contudo,

conforme NEMÉSIO SOUSA, podemos mensurar a disponibilidade de um

4 Disponibilidade - Probabilidade que um item possa estar disponível para utilização (operável

e confiável) em um determinado momento ou durante um determinado período de tempo, quando for solicitado de forma aleatória. Permite uma avaliação sobre a probabilidade de um equipamento estar pronto para entrar em operação em um instante qualquer. 5 Manutenibilidade - Facilidade de um item ser mantido ou recolocado em condições de

executar as suas funções requeridas, sob condições de uso especificadas, quando a manutenção é executada sob condições determinadas e mediante os procedimentos e meios prescritos. Possibilita uma avaliação sobre o tempo de reparo dos equipamentos, sendo associado à probabilidade de se executar um reparo de uma falha dentro de um prazo preestabelecido, tomando-se como base o histórico de outros reparos [10].

15

equipamento, de acordo com um cálculo, que não tem como objetivo a

padronização da medição da disponibilidade, mas vem como auxílio para

monitoração e gerenciamento da manutenção nas empresas [10].

(1)

Onde:

DISP = Disponibilidade;

TOPT = Tempo Total de Operação (ou disponível para operação);

TCAT = Tempo Calendário Total.

Onde o Tempo Total de Operação (ou disponível para operação) é

quando o equipamento se encontra disponível para operar de acordo com a

solicitação, descontados os tempos utilizados para manutenção preventiva,

reparos de falhas e/ou redução de produção. Por sua vez, o Tempo Calendário

Total é o período de tempo considerado na medição (tempo operacional + tempo

não operacional), geralmente um período de um ano.

A disponibilidade também pode ser obtida a partir de dois indicadores de

performance da manutenção, de acordo com a Fórmula 2.

(2)

Onde:

TMEF = Tempo Médio Entre Falhas (MTBF - Mean Time Between Failures);

TMPR = Tempo Médio Para Reparo ou de Paralisação (MTTR - Mean Time To

Repair).

16

2.4 Manutenção

Antes mesmo de definirmos a manutenção, falaremos um pouco de sua

história, que pode ser dividida em três partes distintas, conforme MOUBRAY

(1997).

A primeira, anterior à segunda Guerra Mundial, é caracterizada pelo fato de

que não havia primazia quanto a disponibilidade dos equipamentos e a prevenção

de falhas. Os equipamentos tinham projetos e reparos simples, além de serem

superdimensionados. Quanto à limpeza e lubrificação, não era necessário que

fossem feitas de forma sistemática, pois eram suficientes. Era a fase onde se

destacava o fato de reparar a avaria.

A segunda, com início na década de 1959, é caracterizada pela elaboração

de planos de manutenção preventiva, havendo também a preocupação com os

tempos indisponíveis dos equipamentos. Isso se deve à crescente demanda pela

mecanização da indústria. Juntamente com o conceito de manutenção preventiva,

surge a preocupação com as falhas, que deviam ser previstas, o que gerou um

aumento dos custos de manutenção. Houveram ações administrativas, como

revisões programadas, sistema de planejamento e controle de trabalho e o início

do uso de computadores. Era a fase onde se destacava o fato de evitar a avaria.

A terceira, com início em meados da década de 1970, é caracterizada pela

busca de maneiras de aumentar a vida útil dos equipamentos, tendo como

preocupação a sua disponibilidade e confiabilidade. Além disto, tinha-se como

pretensão, segurança e maior qualidade. As ações administrativas tomadas foram

monitoração das condições, design para confiabilidade e manutenibilidade, estudo

de riscos, uso intenso e crescente de computação, análise de falhas, seus modos

e efeitos, sistemas especializados e trabalho em equipe. Era a fase onde se

destacava o fato de antever a avaria.

17

2.4.1 Definição de Manutenção

Segundo a NBR 5462:1994, manutenção é o conjunto de ações destinadas

a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma

função requerida. As atividades de manutenção servem para basicamente, evitar a

degradação de instalações e equipamentos, que são causadas pelos agentes

agressivos à sua isolação, além do desgaste natural pela sua utilização [7].

Um grande ponto de atenção sobre a manutenção, é que não se encaixa

nesta denominação, reparos de falhas e defeitos, mas sim as ações concretas

tomadas de forma sistemática para evitar falhas. Conforme XENOS (1998), ainda

se pode afirmar que em sentido restrito, a manutenção faz com que o item retorne

às condições iniciais, porém, de forma mais ampla, a manutenção deve introduzir

melhorias a fim de evitar que novas falhas aconteçam [11].

2.4.2 Tipos de Manutenção

Conforme visto no início deste Capítulo, a manutenção sofreu evoluções ao

longo dos anos, e assim, podemos elencar os tipos de manutenção de acordo com

suas mudanças. São elas: manutenção preventiva e manutenção corretiva. As

Seções seguintes dissertarão sobre as principais características de cada tipo de

Manutenção.

2.4.2.1 Manutenção Preventiva

De acordo com a NBR 5462:1994, a manutenção preventiva é “efetuada em

intervalos predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a

reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item”,

18

ou seja, tem por objetivo conservar o estado de operação e da disponibilidade do

equipamento ou sistema, de forma a prevenir a ocorrência de falhas ou defeitos.

As ações da manutenção preventiva estão baseadas em tarefas

sistemáticas, destacando as inspeções, reformas, calibração, lubrificação, troca de

peças, serviços de limpeza, e são de caráter obrigatório após seu estabelecimento.

Segundo NEMÉSIO SOUSA, a manutenção preventiva se baseia em

“intervir no equipamento antes que ele pare de operar, de uma forma planejada e

programada, baseada na experiência, estatística, condição, diagnóstico ou outro

tipo de avaliação, analisando a conveniência ou não da parada do equipamento”

[10].

Conforme disposto nesta Seção, a manutenção preventiva possui

periodicidade menos variável, sendo controlada pelas empresas, uma vez que esta

metodologia visa evitar a indisponibilidade do equipamento, ou até mesmo sua

queda de desempenho. É uma manutenção baseada em particularidades de cada

equipamento, que deve ser meticulosamente planejada, programada e executada,

de acordo com os diagnósticos e dados estatísticos de cada um.

A manutenção preventiva deve ser a atividade principal da manutenção,

mesmo que relativamente mais custosa, já que algumas peças podem ser trocadas

e seus componentes reformados antes do fim da vida útil. Porém, com isso, há

queda na frequência de falhas, aumento de disponibilidade e confiabilidade, além

da diminuição das interrupções. Considerando seus prós e contras, este método se

torna mais barato que o corretivo, devido ao fato de haver domínio sobre as

paradas dos itens [11].

2.4.2.2 Manutenção Corretiva

19

De acordo com a NBR 5462:1994, a manutenção corretiva é “efetuada após

a ocorrência de uma pane destinada a recolocar um item em condições de

executar uma função requerida", ou seja, trata-se de ações com o objetivo de

recolocar o item nas condições predeterminadas, após ele sofrer alguma pane que

o deixe indisponível [7].

As ações de manutenção podem envolver reparos simples, substituição de

peças ou do equipamento por completo e até modificações de fabricação e projeto.

O conjunto de princípios com a finalidade de planejar, programar, gerenciar e

organizar, executar, monitorar e controlar as atividades de manutenção é chamado

de Filosofia da Manutenção [7].

Segundo NEMÉSIO SOUSA, as filosofias de manutenção também podem

se basear em “deixar operar até surgir uma falha que interrompa o equipamento,

ou ocorrer um defeito que provoque a perda, parcial ou total, da sua função

operacional e que justifique uma intervenção” [10].

Ainda pode-se dividir esta manutenção em dois grupos, o de manutenção

corretiva planejada e a não planejada. A manutenção corretiva não planejada

corrige de modo aleatório, sem muito planejamento, a fim de evitar outras

consequências, sendo menos custosa, porém podendo causar grandes perdas

devido a interrupção de produção. Já a manutenção corretiva planejada age em

cima de condições anormais e falhas, possibilitando o planejamento de recursos

necessários para que haja intervenção da manutenção, já que a falha é esperada.

De acordo com as condições e filosofias dispostas nesta Seção, temos que

a periodicidade desta manutenção depende das disposições de falha dos

equipamentos e de sua confiabilidade, não podendo ser plenamente planejada,

ocorrendo em sua maioria de forma inesperada.

20

Utilizar a manutenção corretiva como principal meio e filosofia de

manutenção de um sistema, pode ter a vantagem de ser economicamente mais

viável, mas, devido à instabilidade de ocorrências anormais (falhas e/ou defeitos)

que tornam as interrupções imprevisíveis, geram, como desvantagem, a

possibilidade de grandes paradas das linhas de produção, que podem vir a trazer

grandes infortúnios.

2.4.2.3 Técnicas Preditivas de Manutenção

Segundo NEMÉSIO SOUSA, os principais objetivos das técnicas preditivas

de manutenção são: parar o equipamento no momento certo, minimizar as

intervenções, aumentar a disponibilidade e a confiabilidade, reduzir custos, e

determinar parâmetros preventivos. As técnicas preditivas de manutenção buscam

alinhar a manutenção preventiva à prevenção de falhas. Ou seja, é a busca pela

intervenção no equipamento antes que ocorra uma avaria, a partir de atividades

que procuram entender as falhas, avaliando soluções para as causas básicas.

Os procedimentos recomendados para a aplicação destas técnicas giram

em torno da escolha do equipamento a ser monitorado, na determinação dos

parâmetros, na escolha da metodologia e instrumentos adequados, no registro

sistemático desses parâmetros e no uso de sistemas avançados de planejamento,

programação e controle da manutenção.

De acordo com esses conceitos, o bom emprego das técnicas preditivas de

manutenção permite garantir uma qualidade de serviço desejada, com base na

aplicação sistemática de técnicas de análise e diagnóstico, utilizando-se de meios

de supervisão centralizados ou de amostragem, para reduzir ao mínimo a

manutenção preventiva e diminuir a manutenção corretiva, através do uso de

instrumentação e diagnósticos adequados.

21

Um benefício do uso das técnicas preditivas de manutenção é que ela

otimiza as trocas de peças e reformas de componentes, estendendo assim a

periodicidade da manutenção, o que a faz mais vantajosa do que a manutenção

preventiva clássica.

De acordo com MOUBRAY, as técnicas preditivas de manutenção

trabalham com um contexto de avaliação probabilística, pois não permitem um

diagnóstico preciso do estado futuro do item, uma vez que “trabalha com a

previsibilidade de degradação do equipamento” [9].

Segundo NEMÉSIO SOUSA, a „manutenção preditiva‟, como erroneamente

é chamada, é, na verdade a “aplicação de técnicas adequadas de monitoramento

da tendência e do modo de falha de um equipamento, ou seu componente, através

do acompanhamento de parâmetros indicativos de sua condição” [10]. Com isso,

alguns dos indicadores servem como contribuição à antecipação das falhas em

equipamentos.

Ainda pode-se destacar que o uso das técnicas preditivas consiste em

registrar periodicamente as variações dos parâmetros, diagnosticá-los com a

predição da natureza, modo e momento de falha, detectar causas e efeitos dos

defeitos intermediários, adquirir conhecimento de qual equipamento necessita de

manutenção, de como determinar os parâmetros a serem acompanhados, assim

como controlar e analisá-los, diagnosticando e desenvolvendo sistemas eficientes

de informações.

Esta medida de manutenção possui um alto investimento inicial, pois para

que tenha um bom desempenho, é necessário o acompanhamento permanente

dos itens, com a utilização de recursos computacionais, técnicas estatísticas e

instrumentos específicos, além de profissionais especializados. Contudo apresenta

22

resultados muito bons, sendo considerada como uma atividade produtiva pelas

empresas que a utilizam.

2.5 O Sistema Elétrico de Potência – SEP

O objetivo geral dos sistemas elétricos é fornecer aos consumidores, seja

de pequeno ou grande porte, no instante em que lhe for solicitado, energia elétrica

de qualidade em conformidade com a demanda solicitada. É caracterizado pela

geração, transmissão e distribuição de energia, com suas instalações e

equipamentos. Podemos citar como elementos do sistema, as linhas de

transmissão, transformadores de potência, geradores e cargas, que possuem

diversos modelos para estudos diferentes.

O SEP6, de modo geral, deve funcionar de forma a sempre estar

disponível ao consumidor, adaptando-se às mudanças de topologia quando

necessário, sem causar riscos direta ou indiretamente aos consumidores, sem que

seja interrompido o fornecimento de energia em demasia nos casos de queda do

sistema. Em vista todos estes pontos, podemos dizer que existem alguns

requisitos básicos para o SEP, tais como: continuidade, conformidade,

flexibilidade, segurança e manutenção [12].

A base organizacional do SEP está dividida em uma estrutura vertical e

outra horizontal. A organização vertical é o conjunto de instalações e

equipamentos de geração, transmissão e distribuição, para pequenos, médios

grandes e consumidores muito grandes. Já a organização horizontal é composta

de vários subsistemas com suas organizações verticais, isolados eletricamente,

6 Sistema Elétrico de Potência (SEP) - sistemas de energia que englobam todas as formas de

geração de energia elétrica e sua transmissão até os consumidores.

23

porém interligados uns aos outros nas bases de AT - Alta Tensão. Esta

organização pode ser melhor visualizada na Figura 2.3.

Figura 2.3- Organização do SEP [13].

A integração desses subsistemas é chamada de SIN - Sistema Interligado

Nacional, e, de acordo com a FUNDAÇÃO COGE, possui prós e contras [13].

Como vantagens, pode-se citar o intercâmbio de energia entre geradores, a

possibilidade de venda de energia de um sistema com superávit para sistemas

com déficit, aumento da confiabilidade de abastecimento do sistema, aumento da

capacidade de reserva de geração, despacho único e mais eficiente. Como

desvantagens, refere-se à ressonância de perturbações de um sistema nos outros,

a necessidade de instalação de medição para faturamento e supervisão e a

instalação de equipamentos automáticos para controle de intercâmbio de energia,

o que estabelecem maiores custos de operação e manutenção [13].

24

Após uma visão geral do SEP, pode-se dividi-lo em seus 3 blocos de

organização, conforme recomendação da UCB: geração, transmissão e

distribuição, que compõem a organização vertical do sistema como um todo [14].

● Geração: também chamado de produção, é a capacidade de transformar

energia primária em energia elétrica. No Brasil, o sistema de geração é

caracterizado como hidrotérmico de grande porte. Segundo a ANEEL, o Brasil hoje

possui 4.899 empreendimentos em operação, com 157.245.008 kW de potência

instalada [15]. As fontes de energia primária podem ser hidráulica, gás natural,

petróleo, carvão, nuclear, biomassa, eólica, solar, geotérmica, marítima e biogás.

O nível de tensão de saída dos geradores encontra-se na faixa de 6 a 25 kV.

● Transmissão: é a parte do sistema responsável por interligar as usinas de

geração aos centros de consumo, ou seja, transportar a energia. Há alguns

consumidores, que consomem grande quantidade de energia, que são conectados

à estrutura de linhas aéreas de transmissão. É fundamental que a segurança seja

um ponto de atenção dos sistemas de transmissão, uma vez que uma falha causa

descontinuidade de energia para os consumidores. A rede básica de transmissão

possui tensões nominais iguais ou superiores a 230 kV.

● Subtransmissão: alimentam subestações de distribuição, ou seja, leva energia

a pequenas cidades ou a consumidores industriais. São níveis mais baixos de

tensão, 35 e 160 kV. Visando aumentar a segurança destes sistemas, são,

normalmente, construídos em anéis.

● Distribuição: tem por função alimentar os consumidores, desde concluída a

rede de transmissão, até a medição de energia. Segundo a ABNT, para a AT,

temos a faixa entre 69 e 230 kV, para a MT - Média Tensão, entre 1 e 34,2 kV e

para a BT - Baixa Tensão, igual ou inferior a 1 kV.

25

Todo o sistema elétrico, em si, é composto por diversos equipamentos,

como geradores, disjuntores, transformadores, motores, alimentadores de

distribuição, as cargas e as linhas de transmissão, que é o equipamento de estudo

deste trabalho. As linhas conectam os consumidores aos geradores de energia,

servindo como o „caminho‟ para a energia percorrer até chegar aos centros de

consumo.

2.6 As LT – Linhas de Transmissão

As LT são fundamentais para que os consumidores recebam a energia

elétrica de que necessitam. De acordo com o aumento da demanda, há a

necessidade de maior exploração de fontes energéticas e consequentemente,

mais LT devem ser construídas.

Conforme FUCHS (1977), a importância das LT não se limita ao transporte

da energia, mas também influencia em diversos aspectos econômicos no estudo

da viabilidade do projeto. São analisados os custos de transporte da energia, além

do melhor local de instalação da usina geradora, de forma a obter o melhor

aproveitamento econômico da mesma. Pode-se dizer que o custo do transporte é

aumentado conforme a distância, porém é diminuído com a quantidade de energia

a ser transportada [16].

Há algumas denominações para as linhas, são elas: linhas de transmissão,

que realizam o transporte entre o centro de produção e o centro de consumo, além

da interligação de centros de produção; linhas de subtransmissão, que possuem

tensões inferiores às de transmissão, distribuindo a energia transportada pelas

linhas de transmissão; linhas de distribuição primária, com tensões suficientemente

baixas para ocuparem vias públicas; e as linhas de distribuição secundárias, com

26

as tensões mais baixas do sistema, cujo comprimento não excede 300 m, sendo

apropriada para uso direto em máquinas, aparelhos e lâmpadas [16].

Pode-se dizer que as características físicas das LT são os maiores

influenciadores do seu desempenho elétrico, definindo seus parâmetros e o regime

normal de operação. Assim, será feito um apanhado de suas características físicas

e dos elementos que a compõem.

2.6.1 Cabos Condutores

Segundo FUCHS, os cabos condutores têm como principal função,

transmitir energia elétrica, sendo, portanto, peças essenciais nas linhas, pois são a

parte ativa da transmissão, exigindo assim, algumas características especiais [16].

Os condutores ideais deveriam ter:

● Alta condutibilidade elétrica, fazendo com que a perda por efeito Joule seja

economicamente tolerável.

● Baixo custo, pois é um fator decisivo no valor do transporte.

● Boa resistência mecânica, garantindo ininterrupção do serviço e dando

segurança à sociedade em torno das instalações.

● Baixo peso específico, a fim de minimizar o peso e custo das estruturas de

suporte

● Alta resistência à oxidação e corrosão por agentes químicos poluentes, visando

evitar rupturas e a redução de sua resistência mecânica.

Porém, todos esses quesitos que elegem o condutor ideal, entram em

conflito e não são atendidos atualmente por nenhum material. Os materiais que

atingem o maior número de quesitos para condutor ideal, são o cobre e o alumínio.

Anteriormente, os cabos de cobre eram produzidos em maior escala, devido aos

27

cabos de alumínio terem menor resistência mecânica e maior preço, cenário este

que mudou após o desenvolvimento dos cabos de alumínio com alma de aço.

Outra vantagem do cabo de alumínio é seu melhor desempenho frente ao efeito

corona, já que possui diâmetros maiores.

O efeito corona ocorre comumente em LT com sobrecarga. As partículas de

ar, umidade e poeira que estão no entorno destas linhas tornam-se ionizadas,

emitindo então luz quando íons e elétrons são combinados. Quanto maior o nível

da tensão, maiores as perdas pelo efeito corona. As coronas podem ser positivas

ou negativas, dependendo da polaridade do potencial elétrico. Dentre as principais

causas deste efeito, pode-se observar isoladores defeituosos e condutores

danificados.

Ainda sobre os condutores, os cabos, que são constituídos por

encordoamento de fios, conhecidos também como condutor de alumínio nu sem

alma de aço, bem mais leves, que vieram para substituir os cabos com fios, de

forma padronizada, tanto quanto às seções úteis de condução, quanto ao número

de filamentos. Uma grande vantagem frente a esta substituição, é em relação a

maleabilidade. Os fios são rígidos, enquanto os cabos com encordoamento são

mais maleáveis devido ser formado por um conjunto de fios finos.

2.6.2 Isoladores e Ferragens

De acordo com FUCHS, os isoladores têm como função principal, impedir a

circulação de corrente entre partes condutoras, no caso em estudo, os cabos

explicitados na Seção 2.6.1 são escorados nas estruturas através dos isoladores.

Estes são submetidos a três forças mecânicas pelos cabos: as verticais, originadas

do peso dos condutores, horizontais axiais, no sentido do eixo longitudinal das

linhas e as horizontais transversais, que são ortogonais aos eixos longitudinais

(pressão do vento). Da parte elétrica, os isoladores devem ser capazes de resistir

28

a tensão normal e sobretensões, surtos de sobretensão de manobra e

sobretensões de origem atmosférica.

Em geral, têm-se algumas características peculiares, como a robustez, pois

deve ser resistente à exposição ao tempo, sendo mais comum a utilização de

porcelana e vidro temperado para sua fabricação. Além da robustez, ele deve ser

capaz de utilizar ao máximo o poder isolante do ar que o envolve. Suas falhas

podem ser internas, devido a perfurações, ou externas pelas descargas.

Para a transmissão de energia, são utilizados três tipos de isoladores.

Isolador de Pino: são fixados através de um pino de aço na estrutura e são

utilizados em linhas até 69 kV com condutores leves. Até 25 kV, são usados pinos

de cerâmica monocorpo e para tensões maiores, o multicorpo. Quando moldados

em vidro temperado, é possível obter uma única peça. Este isolador está mostrado

em corte na Figura 2.4.

Figura 2.4 - Isolador de Pino [17]

29

● Isolador tipo Pilar: tem menor escala de utilização, porém usados em tensões

mais elevadas. Possuem resistência a maiores esforços mecânicos de

compressão e flexão. Este pode ser contemplado na Figura 2.5.

Figura 2.5 - Isolador tipo Pilar [16]

Isolador de Suspensão: favoráveis para tensões extra e ultraelevadas, sendo

assim, é o isolador de maior importância para as linhas de transmissão. Possuem

ferragens de suspensão, que possibilitam que se conectam e formam cadeias de

isoladores, permitindo grande flexibilidade, fazendo com que os isoladores

trabalhem sob tração. A estrutura deste isolador pode ser observada na Figura 2.6.

30

Figura 2.6 - Isolador de Suspensão [17].

Quanto às ferragens, podemos englobar as peças que dão suporte aos

cabos, conectando-os aos isoladores e estes às estruturas da torre. Devem ser

desenhados delicadamente, a fim de evitar radiofrequência e corona.

2.6.3 Cabos Para-Raios

São os cabos situados na parte superior das torres, com a finalidade de

reter as descargas elétricas atmosféricas, levando-as ao solo para que não haja

interrupção no fornecimento de energia. Sua alocação na estrutura deve ser muito

bem estudada, pois interfere diretamente no mecanismo de proteção da rede.

Anteriormente, estes cabos eram aterrados através das estruturas das

torres, até que deu início ao seu uso em telecomunicações e telemedição, a partir

de isoladores de baixa resistência para a nova funcionalidade.

Outra maneira de utilização dos cabos é atender demandas de eletricidade

de comunidades relativamente pequenas, que estão situadas nas proximidades

dessas redes, além da melhoria de desempenho em relação à proteção. É a

chamada tecnologia de cabos PRE - Para-raios Energizados, que possui um

melhor desempenho econômico e operacional para estas situações. De acordo

31

com RAMOS (2010), a condição do cabo para este fim é ser energizado e isolado,

onde em certas subestações tem sua tensão reduzida ao nível de consumo

residencial [18].

2.6.4 Estruturas das LT

Segundo FUCHS, as estruturas são as bases de sustentação dos cabos

que compõem as linhas de transmissão. Estas possuem tantos pontos de

suspensão quanto o número de cabos a serem suspensos, com isso, podem-se

listar os fatores que definem a dimensão das estruturas: as disposições dos

condutores, a distância entre eles, as dimensões e formas de isolamento, as

flechas dos condutores, altura de segurança, função mecânica, a forma de resistir,

os materiais estruturais e o número de circuitos. De acordo com as diversas

condições de dimensionar as torres, temos a vasta variedade de estruturas no

mercado.

Quanto à disposição dos condutores, há três possibilidades: a triangular,

com os quais os condutores se dispõem de acordo com os vértices de um

triângulo, podendo ser de forma simétrica ou não, conforme Figura 2.7; a

disposição horizontal tem seus condutores fixados no mesmo eixo horizontal,

tendo como principal vantagem estruturas de menor altura, porém mais largas,

sendo muito utilizadas para circuitos simples, com tensões elevadas, como pode-

se observar na Figura 2.8; e, por último, há a disposição vertical, que é a mais

indicada para circuitos duplos e linhas que acompanham vias públicas [16], e

possuem seus condutores montados em um eixo vertical, conforme Figura 2.9.

32

Figura 2.7 - Estrutura Triangular [16]

Figura 2.8 - Estrutura de Disposição Horizontal [16]

Figura 2.9 - Estrutura de Disposição Vertical [16].

33

As estruturas são dimensionadas de acordo com a tensão nominal de

operação e sobretensões previstas, e conforme fatores secundários, como a flecha

dos condutores, a sua forma de sustentação e seu diâmetro. Algumas dimensões

podem ser encontradas na NBR 5422:1985, como as distâncias entre condutores,

altura dos pontos de suspensão e distâncias às partes aterradas das estruturas,

pois variam de acordo com cada país [19].

Há diversas formas de classificar as estruturas das LT, porém as três mais

utilizadas são quanto à sua função na linha, à sua forma de resistir e quanto ao

material empregado na fabricação, que serão discriminadas nas três próximas

Seções.

2.6.4.1 Função da Estrutura

Conforme a NBR 5422:1985, as cargas que devem ser consideradas nos

cálculos dos projetos de suporte das LT, devem seguir a seguinte determinação

[19].

● Cargas Verticais: onde devem ser considerados os componentes verticais dos

esforços de tração dos cabos, incluindo os cabos para-raios, o peso das ferragens

e isoladores, o peso do próprio suporte e cargas devido ao estaiamento, além das

sobrecargas de montagem e manutenção.

● Cargas Horizontais Transversais: devem ser consideradas as ações do

vento sobre os cabos, ferragens e isoladores, além do suporte (na direção normal

da linha), os esforços de tração dos cabos e possíveis esforços horizontais vindos

do estaiamento.

● Cargas Horizontais Longitudinais: neste caso devem ser incluídas as

componentes horizontais longitudinais dos esforços dos cabos e eventuais

34

esforços do estaiamento, além da ação do vento sobre o suporte, na direção da

linha.

2.6.4.2 Resistência das Estruturas

Uma estrutura pode ser vista como uma viga vertical fixada no solo, que

possui cargas verticais e cargas horizontais transversais, que são concentradas na

parte superior da estrutura. Com isso, podemos classificar as estruturas em dois

grupos [16]:

● Estruturas Autoportantes: propagam seus esforços para as suas fundações.

Possuem elevados momentos fletores junto à linha de solo. Estas podem ser

flexíveis, rígidas e mistas ou semirrígidas, e seu modelo pode ser observado na

Figura 2.10.

Figura 2.10 - Estrutura Autoportante [16]

● Estruturas Estaiadas: baseiam-se em estruturas flexíveis ou mistas, que

passam a ser enrijecida através dos tirantes, que absorvem parte dos esforços

35

horizontais, transmitindo-os diretamente ao solo através de âncoras, a outra parte

é transmitida pela estrutura. Seu modelo pode ser observado na Figura 2.11.

Figura 2.11 - Estrutura Estaiada [16]

2.6.4.3 Material de Fabricação das Estruturas

Os materiais utilizados na fabricação das estruturas, são a madeira, o

concreto e os metais, podendo ainda haver estruturas com fabricação mista. A

forma construtiva da torre depende também do material utilizado na fabricação da

mesma. Podemos listar também algumas características de cada material que

pode ser utilizado [16]:

● Madeira: esta deve possuir elevada resistência mecânica à flexão, boa

resistência a condições adversas, não deve deformar com o decorrer do tempo, e

ter boa resistência ao ataque de micro-organismos que podem a apodrecer. As

mais indicadas são a Aroeira, Massaranduba, Óleo-Vermelho e a Candeia.

● Concreto: foram utilizados quando se deu início à fabricação de peças

grandes, uniformizando assim a qualidade, quando foram introduzidos os aços-

carbonos, que reduziram as dimensões das peças, quando as vias e meios de

36

transportes foram melhorados. Possui maior durabilidade e pouca manutenção,

além de ter uma montagem relativamente simples.

● Metais: de acordo com sua versatilidade, podem ser produzidos em série.

Quando a estrutura for composta de peças relativamente pequenas e leves, são

transportadas com maior facilidade para quaisquer localidades, pois podem ser

montadas no próprio local. Por estarem expostas às intempéries, devem ser

protegidos de oxidação. Devido a zincagem das peças, as mesmas estão livres de

manutenção por aproximadamente 25 anos ou mais.

De forma geral, as LT, quando transmitem em corrente contínua, possuem

um custo menor do que quando em corrente alternada, mas por outro lado, as

estações conversoras apresentam um elevado custo. Sendo a transmissão

contínua vantajosa na interligação de sistemas que possuem frequências

diferentes ou mesmo para transmitir energia a distâncias a partir de 1.500

quilômetros [20].

2.7 Estados das LT e Métodos de Manutenção

Conforme procedimento da COPEL (2015), as LT podem se encontrar em

dois distintos estados [21]:

● Linha Viva: trata-se de quando há serviço que interage com o condutor com a

linha energizada. Sendo esta interação por meio dos métodos ao potencial ou pelo

método à distância.

● Linha Morta: trata-se de quando há serviço que interage com o condutor com

a linha desenergizada. Nesta nomenclatura também se encaixam os casos onde

os serviços não interagem com os condutores e a linha permanece energizada.

37

Devido à periculosidade da atividade de manutenção das LT energizadas,

existem procedimentos e metodologias que devem ser adotados para garantir a

segurança dos operários. Os métodos para realização das atividades de

manutenção de linha viva são: Método ao Contato, Método ao Potencial e Método

à Distância.

● Método ao Contato: neste, existe contato direto com a rede energizada, com

proteções através de cestos aéreos, andaimes, escadas, plataformas isoladas e

coberturas isolantes, que são os equipamentos de proteção coletiva, e também

deverá utilizar luvas e mangas de borracha, que são equipamentos de proteção

individual. O operador não se encontra no mesmo potencial da rede. O método tem

como base o princípio da dupla proteção 7, o que garante ao eletricista, uma

segunda proteção caso a primeira venha a falhar. Utilizado em redes

convencionais para tensões de até 34,5 kV e em redes compactas8, em tensões de

13,8 kV.

● Método ao Potencial: neste, o eletricista entra em contato direto com a tensão

de rede, em seu mesmo potencial, sendo necessários equipamento de segurança

que garantam que o potencial elétrico do corpo inteiro do operador se mantenha o

mesmo, com isso são utilizados um conjunto de vestimentas condutivas, onde

temos roupas, capuzes, luvas e botas, que são conectadas através de um cabo

condutor elétrico e um cinto, à rede em manutenção. Os detalhes das vestimentas

e dos acessórios condutivos podem ser observados nas Figuras 2.12 e 2.13.

7 Dupla Proteção – Consiste em ter dois meios de proteção do eletricista que não se encontra

no mesmo potencial da rede. Esta medida é uma precaução caso o modo de proteção/isolação falhe. Ou seja, falhando um, tem-se outro modo de proteção para que o eletricista não se envolva em acidentes no momento da manutenção com a LT energizada [21]. 8 Redes Compactas – É um novo conceito de rede aérea, composto por cabos de aço e cabos

protegidos, sustentados por um cabo de aço guia, que é também utilizado como neutro do sistema de distribuição. Trata-se de uma inovação tecnológica que aumenta a confiabilidade do sistema e melhora os indicadores técnicos de qualidade [22].

38

Figura 2.12- Vestimenta Condutiva [23]

Figura 2.13 - Acessórios Condutivos [23]

● Método à Distância: neste, o eletricista interage a uma distância segura com

os condutores energizados, utilizando procedimentos, estruturas, equipamentos e

dispositivos isolantes apropriados. O método afasta da posição inicial os

condutores, e a execução é feita através de bastões manuais, que possuem

ferramentas que se encaixam nas extremidades, como se pode observar na Figura

2.14.

39

Figura 2.14 - Manutenção com Auxílio de Bastões Manuais [24]

2.8 Competências Técnicas

O termo competência significa estar apto para cumprir alguma tarefa,

indicando também conhecimento ou capacidade de exercer em alguma área

específica, sendo comumente relacionado com o termo habilidade. Com isso,

temos que a competência técnica é um conjunto de tarefas cujo o profissional em

destaque deve ser capaz de desempenhar em um determinado tempo, de acordo

com determinadas condições. Tais competências são obtidas através de educação

formal, como curso técnico, graduação e treinamentos, além de experiência

profissional no setor [25].

2.9 Análise de Risco

Antes que seja possível a definição de análise de risco, se faz necessário

discorrer sobre o risco.

40

Segundo a ISO 31000 (2009), risco é o efeito da incerteza nos objetivos, ou

seja, o desvio em relação ao esperado, que se dá tanto positivamente quanto

negativamente. Ele é caracterizado pela referência aos eventos (quando ocorre ou

se altera um conjunto de circunstâncias) e às consequências (resultado de um

evento, que afeta os objetivos), ou até mesmo uma combinação destes fatores.

Pode ser expresso em termos das consequências de um evento e sua

probabilidade.

Ainda se pode dizer que, segundo ANDRADE (1998), risco é a estimativa

do grau de incerteza dos resultados futuros possíveis, onde, conforme ABNT,

incerteza é o estado de escassez de informações relacionadas a um determinado

evento, sua compreensão, consciência ou probabilidade [27] e [26].

Ao definir risco, podemos modelar a análise de risco, que consiste no

processo de compreender a natureza do risco, determinando o seu nível, ou seja,

sua magnitude, e a combinação de suas consequências e probabilidades. Esta

análise fornece uma base para a avaliação dos riscos e as metodologias para seu

tratamento. Pela ABNT, a avaliação do risco consiste em comparar a análise feita

com as premissas, a fim de determinar se é o não aceitável [26]. Neste trabalho,

serão detalhados dois métodos de análise de risco, a APR e a FMEA.

2.9.1 APR - Análise Preliminar de Risco

A Análise Preliminar de Risco - APR consiste em uma técnica que avalia

previamente os riscos existentes quando uma determinada atividade é executada.

Esta é realizada na fase inicial de um processo, objetivando determinar os riscos

que podem ocorrer na fase operacional.

A técnica em questão é muito utilizada na área de segurança do trabalho,

pois avalia previamente os riscos que poderão ocorrer. Teve início na área militar,

41

a fim de analisar os riscos na produção dos sistemas de mísseis e assim evitar

acidentes.

2.9.1.1 Objetivos

De fato, sua proposta é identificar riscos indesejados, suas causas e

consequências e com isso, avaliar como evitá-las. Com isso, a APR objetiva

identificar os riscos e suas causas, estabelecer medidas de segurança, orientar as

equipes sobre os riscos existentes nas atividades que participam, estabelecer

processos seguros, prevenir a ocorrência de acidentes, e reduzir os riscos e gastos

além do planejado.

2.9.1.2 Conceitos Básicos

Antes de descrever as etapas da APR, se faz necessária a apresentação

de alguns conceitos básicos, segundo MARCONDES (2017) [28].

● Perigo: situação com potencial para causar danos.

● Causa: origem relacionada ao evento sinistro.

● Ameaça: evento com potencial de causar perdas ou danos.

● Vulnerabilidade: fraqueza que pode ser explorada pela ameaça, causando

perda ou dano.

● Risco: combinação da probabilidade de ocorrência e consequência de um

determinado evento perigoso.

● Dano: severidade da lesão resultante da perda de controle sobre o risco.

● Perda: prejuízo sofrido sem que haja garantias asseguradas.

2.9.1.3 Elaboração e Etapas da APR

Conforme MARCONDES, a APR deve ser elaborada a partir da

participação dos colaboradores, buscando o máximo de informações sobre a

42

atividade a ser executada, através de visitas, para melhor compreender as

características em questão. É segmentada pelos riscos relacionados à atividade,

suas causas, efeitos, gravidade, assim como suas medidas corretivas ou

preventivas. Para melhor elaboração, são utilizadas algumas etapas [28].

1. Identificar perigos e ameaças

2. Identificar risco potencial

3. Identificar causas e vulnerabilidade

4. Identificar pessoas e bens expostos aos riscos

5. Estimar danos e efeitos

6. Analisar qualitativamente o risco

7. Implementar as medidas de prevenção e controle de riscos

As etapas de desenvolvimento e implantação devem ser realizadas antes

do início da tarefa. Já na etapa de descrição e caracterização de riscos, são

tomadas medidas de correção imediata contra os causadores e seus efeitos, além

da identificação escalonada dos riscos mais graves.

De acordo com as características dos riscos, estes são categorizados de

acordo com uma classificação, que varia de 1 a 4, conforme Tabela 2.1.

Tabela 2.1 - Classificação de Risco da APR.

Classificação de Risco Ranking

Desprezível: este risco não caracteriza lesões,

danos ou perdas. 1

Marginal: este ocasiona danos ou perdas

moderadas, não causando lesões, sendo

possível compensá-lo e controlá-lo.

2

Crítica: este provoca danos ou perdas de

forma crítica e com lesões, causando dano

considerável, e demandando ações corretivas

imediatas.

3

Catastrófica: Causa danos ou perda total, com

lesões e morte. 4

Fonte: MARCONDES ]28]

43

Para colocar em prática a APR, é necessário o preenchimento de uma

planilha, que pode sofrer variações de acordo com as particularidades das

organizações. É importante ressaltar que a planilha deverá ser preenchida no ato

da realização da APR.

Contudo, a APR deve ser feita de forma simples, clara, prática e objetiva,

com o compromisso de ser realizada antes que a atividade seja posta em prática,

além de ser exercida rotineiramente. É generalizada pela prática ponderada sob o

ponto de vista da segurança das pessoas, bens e processos.

2.9.2 Análise de Modos de Falhas e Efeitos

FMEA significa Failure Modes and Effects Analysis, traduzida para o

português como Análise de Modos de Falhas e Efeitos, é uma metodologia que

previne falhas e analisa os riscos dos processos. Isso se dá através da

identificação das causas e efeitos, a fim de entender as ações que serão tomadas

para impossibilitar as falhas.

Segundo a NBR 5462:1994, a FMEA é um método qualitativo de análise da

confiabilidade, que envolve o estudo dos modos de falha que podem existir, e a

determinação dos efeitos que estes podem ter sobre o desempenho da função do

sistema [7]. O modo de falha é composto pelo efeito, causa e detecção, onde o

efeito é a consequência que a falha reflete no sistema; a causa é a razão da

ocorrência da falha; e a detecção é a forma utilizada no controle dos

procedimentos para que sejam evitadas as falhas.

44

2.9.2.1 Objetivos da FMEA

Segundo GARRIDO (2017), a FMEA é uma técnica para avaliação e

aumento da confiabilidade, que determina os efeitos nos sistemas e falhas em

equipamentos, antes mesmo da fase de processos. Pode ser utilizada em diversas

áreas como em equipamentos semicondutores, sistemas hidráulicos e

pneumáticos, indústrias siderúrgicas e para os circuitos elétricos [29].

Este método de análise de risco consiste principalmente em arranjar as

atividades em grupos, detectando falhas e avaliando os efeitos. Com isso, são

identificadas as ações a fim de eliminar ou restringir a probabilidade de ocorrência.

As ações também objetivam que o cliente não receba produtos com falha de

conformidade.

No começo, a FMEA era destinada para avaliar situações em fase de

projeto, contudo, pode ser usada ao decorrer do ciclo de vida dos equipamentos, a

fim de localizar falhas à medida que o mesmo envelhece. Ou seja, também pode

ser usada em componentes em operação, não mais com o foco em prevenção de

falhas, mas trabalhando com as falhas que já são corriqueiras no sistema [29].

2.9.2.2 Conceitos Básicos

A FMEA possui alguns conceitos básicos, que serão aqui apresentados.

● Causa da Falha: fatores que culminam na falha, ou seja, a razão primitiva para

que as falhas ocorram.

● Modo de Falha: maneira em que a falha é percebida, ou seja, descreve o

modo em que o item deixa de realizar sua função.

● Efeito da Falha: consequência que o modo de falha exerce sobre a função do

sistema em geral.

● Ocorrência de Falha (O): se trata quantidade de vezes em que a falha ocorre.

45

● Severidade de Falha (S): refere-se a gravidade da falha no momento em que

ela decorre.

● Detecção de Falha (D): é a possibilidade de que se encontre a falha antes

mesmo que ela venha a ocorrer.

● RPN - Risk Priority Number: é o cálculo associado ao modo de falha.

2.9.2.3 Tipos de FMEA

De acordo com MOUBRAY, a FMEA é dividida em três principais grupos,

que mesmo separados por blocos, possuem o mesmo objetivo principal de

identificar as falhas que podem vir a causar dano em potencial ou prejuízo.

● FMEA de Processo: identifica e previne falhas diretamente ligadas a

processos de produção de um item. Tem por benefício, a identificação iminente

dos modos de falha de processos, assim como a detecção de pontos importantes

dos processos e a identificação de possíveis encolhimentos dos processos

produtivos.

● FMEA de Projeto: auxilia o processo de identificar e dificultar as falhas

referentes à etapa de projeto, podendo ser utilizada desde o projeto de

componentes isolados de um sistema, até o projeto do sistema em geral. Objetiva

analisar e homologar os parâmetros do projeto antes de sua entrega.

● FMEA de Sistema: de forma similar à FMEA de Projeto, esta é usada

similarmente para analisar sistemas em sua fase primária de projeto, tendo como

foco, os modos de falha, que estão presentes entre as conexões dos sistemas,

incluindo o contato sistema-componentes.

46

2.9.2.4 Elaboração e Etapas da FMEA

Os métodos para realização da FMEA são simples, e se baseiam na

identificação e disposição dos modos de falha em uma tabela, a fim de que a

interpretação seja facilitada, que é elaborada por um grupo de colaboradores

especializados. As etapas da FMEA são:

1. Definir o processo a ser analisado

2. Definir os componentes da equipe

3. Identificar os efeitos

4. Reconhecer a principal causa e as secundárias

5. Priorizar de acordo com o nível de risco

6. Atuar mediante às ações preventivas

7. Definir prazo e responsável pelas ações

2.9.2.5 Técnica RPN

Esta técnica calcula o valor do risco individual para cada falha, levando em

consideração a severidade, ocorrência e a detecção da falha. Matematicamente

falando, o valor é composto pela multiplicação desses três aspectos citados, de

acordo com a Fórmula 3.

RPN = S x O x D (3)

Os fatores que resultam no RPN são conhecidos como a Severidade, a

Probabilidade de Ocorrência e Probabilidade de Detecção.

A Severidade é avaliada de forma qualitativa com relação aos efeitos de

modo de falha, onde cada um possui um grau correspondente variando de 1 a 10,

47

conforme Tabela 2.2, proposta por LAFRAIA. Nesta escala, o grau 1 representa

um efeito de baixa gravidade e o de grau 10 indica alta gravidade.

Tabela 2.2 - Classificação de Severidade.

Classificação de Severidade Ranking

Marginal: o usuário naturalmente não perceberia a falha, uma vez

que não teria efeito real no sistema 1

Baixa: o usuário perceberia leves variações no desempenho do

sistema, pois a falha causaria pequenos transtornos. 2 e 3

Moderada: o usuário notará uma razoável deterioração na

atividade do sistema, podendo causar desconforto ao mesmo, uma

vez que a falha ocasiona tal desconforto.

4, 5 e 6

Alta: alto nível de desagrado ao usuário, já que o sistema se torna

inoperante, mas não há descumprimento de exigências legais,

nem risco à segurança

7 e 8

Muito Alta: neste nível, há descumprimento das exigências legais,

envolvendo riscos à segura operação do sistema. 9 e 10

Fonte: LAFRAIA [8]

A Ocorrência ou Probabilidade de Ocorrência estima a probabilidade de

que ocorra uma falha [8]. Para esta avaliação é usada uma escala qualitativa

graduada de 1 a 10, conforme demonstrado na Tabela 2.3.

Tabela 2.3 - Classificação de Ocorrência.

Classificação de Ocorrência Ranking

Remota: falha hipotética 1

Baixa: relativamente poucas falhas 2 e 3

Moderada: falhas ocasionais 4, 5 e 6

Alta: falhas com repetições 7 e 8

Muito Alta: falhas quase inevitáveis 9 e 10

Fonte: LAFRAIA [8]

Na fase de projeto, devem ser consideradas as informações das literaturas

técnicas, os dados do fabricante e em dados de componentes similares, mas

48

quando os equipamentos estiverem em operação, devem ser considerados os

históricos das falhas ocorridas, das manutenções e também o conhecimento dos

colaboradores. Quando há dados quantitativos, há a necessidade de fazer uma

equivalência com a Tabela 2.3, através da Fórmula 4, arredondando o resultado

para usar no cálculo do RPN.

O = [Taxa de Falhas/0,000001]^0,2 (4)

A Detecção ou Probabilidade de Detecção avalia a probabilidade de

detectar a falha antes que ela ocorra, ou tenha efeito sobre o sistema. Esta

condição é a analisada para o grupo „modo de falha + efeito‟ [8]. Também é

considerado de forma qualitativa, variando de 1 a 10, onde 1 a falha é detectável e

10 o modo de falha não será detectado, de acordo com a Tabela 2.4.

Tabela 2.4 - Classificação de Detecção.

Classificação de Detecção Ranking

Muito Alta: seguramente a falha será

detectada. 1 e 2

Alta: Grande chance de determinar a falha. 3 e 4

Moderada: determina a falha com probabilidade

de 50%. 5 e 6

Baixa: não é provável que a falha seja

determinada. 7 e 8

Muito Baixa: improvável a detecção da falha. 9

Absolutamente Indetectável: com certeza a

falha não será detectada. 10

Fonte: LAFRAIA [8]

Após justificados cada item da composição do RPN, podemos fazer mais

considerações sobre o mesmo, que é utilizado para privilegiar reparos e ações

corretivas, ou seja, as falhas que possuírem valor mais elevado do RPN são

priorizadas em termos das que possuem menor valor do RPN.

49

A técnica cresce de acordo com o crescimento dos três fatores que a

compõe: severidade, ocorrência de falha e detecção de falha. Como cada fator

varia de 1 a 10, o RPN varia de 1 a 1.000.

Como o crescimento não é linear, o seu valor médio não corresponde a 500

e sim 125, pois desta maneira é composto pela média possível de cada fator que o

compõe. De acordo com esta peculiaridade, RPN com valor entre 126 e 1000 são

considerados de alta criticidade, com necessidade de ações prioritárias.

2.10 Matriz de Risco ou de Priorização

Após a análise dos riscos, têm-se uma situação crítica na maioria das

pessoas e empresas: a dificuldade em decidir qual medida deve ser tomada

primeiro. Geralmente após feita a análise, não há apenas uma, mas algumas

pendências a serem sanadas, e fica a dúvida qual se deve resolver primeiro, se

são as medidas importantes ou as medidas urgentes.

Diante desta situação de impasse, coloca-se em prática a Matriz de Risco,

também conhecida como Matriz de Priorização. Trata-se de ferramenta que visa a

tomada de decisão através da priorização de problemas. Ou seja, o diagnóstico é

realizado na fase de análise de risco e, posteriormente, é aplicada uma matriz de

risco.

Esta matriz deve ser elaborada em conjunto com os colaboradores

especialistas que irão avaliar e enumerar os problemas de acordo com as notas e

seus pesos. Ela pode ser utilizada em qualquer parte da organização, devendo ser

adaptada de acordo com as necessidades.

De uma forma geral, há duas possibilidades de classificação para cada

problema: ser importante e ser urgente, e há quatro combinações destas

possibilidades, conforme Tabela 2.5.

50

Tabela 2.5 - Combinação de Prioridades.

Muito Importante Pouco Importante

Muito Urgente 1 3

Pouco Urgente 2 4

Fonte: ZAPATA [30]

A classificação 1 considera o problema muito importante e muito urgente, o

que significa que a atividade é crítica e demanda atenção imediata, conhecida

como „apagar incêndio‟. Já a classificação 2 é de grande importância e pouca

urgência, o que sugere que estes problemas devem ser incluídos em metas e

programações, a fim de que sejam priorizadas e acompanhadas para que não se

tornem muito urgentes [30].

A classificação 3 indica urgência sem muita importância, logo são

problemas que podem ser delegados. Na 4, os problemas não são urgentes, nem

importante, logo podem ser descartados para que o foco se volte ao que realmente

é importante [30].

Resumidamente, para a matriz de priorização, os problemas de importância

e urgência devem ser sanados de imediato. Se não houver urgência, é necessário

planejamento para a resolução. Os outros casos podem ser postergados, sendo

tratados com menor prioridade. Nesta dissertação, serão abordados dois modelos

de Matrizes de Risco: a GUT e a BASICO.

2.10.1 Matriz GUT

Esta matriz visa priorizar quais são os problemas que devem ser tratados

em uma determinada situação, considerando a Gravidade, Urgência e Tendência

das adversidades. Avaliar a Gravidade significa analisar o impacto do problema no

sistema em geral, ou seja, as prováveis consequências caso ele não seja sanado a

51

longo prazo. A Urgência se refere ao tempo que se tem disponível ou o tempo

necessário para resolução do problema. Já a Tendência faz referência à

capacidade do problema aumentar, piorando a situação de todo o sistema.

De acordo com PERIARD (2011), para a utilização desta Matriz, as

situações problemáticas são numeradas de 1 a 5 para as três vias de classificação,

onde 1 não é uma questão de grande prioridade e 5 tende a piorar caso não seja

resolvido [31]. Para cada problema, devem ser preenchidas três colunas com a

informação quanto à severidade de cada uma das categorias, que devem ser feitas

de acordo com a Tabela 2.6.

Tabela 2.6 - Classificação Matriz GUT.

Gravidade Urgência Tendência Ranking

Não é grave Não há pressa

para resolver

Não tende a piorar, e

melhorar sem ações 1

Pouco grave

Pode esperar

para ser

resolvido

Piora a longo tempo 2

Grave

Deve ser feito o

mais rápido

possível

Piora a médio prazo 3

Muito grave Possui urgência Piora a curto prazo 4

Extremamente

grave

Urgência

imediata

Tende a piorar sem

as ações 5

Fonte: PERIARD [31]

Após classificar cada situação problemática quanto à gravidade, urgência e

tendência, as pontuações de cada problema são multiplicadas. O caso que tiver

maior pontuação será a prioridade, logo o de menor pontuação terá a menor

prioridade para solução do problema. Resolvida a tarefa de priorizar os problemas,

o próximo passo é priorizar as soluções a serem tomadas, a partir de planos de

ação.

52

2.10.2 Matriz BASICO

Diferentemente da Matriz GUT, a BASICO visa priorizar as soluções a

serem tomadas para que os problemas que afetam o sistema sejam sanados. Sua

importância está relacionada com a redução de perdas, custos e desperdícios

pertinentes à solução destes problemas. Seu nome deriva da composição dos

seus critérios: Benefício, Abrangência, Satisfação, Investimento, Cliente e

Operacionalidade. A montagem da matriz BASICO é feita de acordo com uma

escala de 1 a 5, que varia conforme cada processo [32].

Quanto ao Benefício, deve-se buscar saber quais benefícios e impactos

que a solução trará à organização. O preenchimento desta coluna está descrito na

Tabela 2.7.

Tabela 2.7 - Classificação do Benefício.

Classificação do Benefício Ranking

Benefício que traz pouco impacto, mas

contribui para a empresa. 1

Existe benefício operacional que pode

ser quantificado. 2

Apresenta impacto razoável no

desempenho das alterações. 3

Grandes benefícios que podem gerar

lucro e inovações tecnológicas. 4

É indispensável para os negócios ou até

mesmo para a sua sobrevivência. 5

Fonte: CASA DA CONSULTORIA [32].

Quanto à Abrangência, é necessária a informação de quantas pessoas

serão beneficiadas com as soluções e quais as suas abrangências. O

preenchimento desta coluna está descrito na Tabela 2.8.

53

Tabela 2.8 - Classificação da Abrangência.

Classificação da Abrangência Ranking

Abrange até 5% da empresa. 1

Abrange de 5 a 20% da empresa. 2

Abrange de 20 a 40% da empresa. 3

Abrange de 40 a 70% da empresa. 4

Abrange de 70 a 100% da empresa. 5

Fonte: CASA DA CONSULTORIA [32].

No quesito Satisfação, é analisada a satisfação do colaborador, ou seja,

qual grau de satisfação este tem em relação à solução proposta. O preenchimento

desta coluna está descrito na Tabela 2.9.

Tabela 2.9 - Classificação da Satisfação.

Classificação da Satisfação Ranking

Satisfação pequena, mas que não contribui para

o desenvolvimento. 1

Satisfação média, mas que não pode ser notada. 2

Satisfação média, podendo ser notada. 3

Satisfação grande, gerando demonstração de

reconhecimento no trabalho. 4

Satisfação muito grande. 5

Fonte: CASA DA CONSULTORIA [32].

O requisito Investimento avalia o levantamento do valor que será

empregado para que a solução seja colocada em prática. O preenchimento desta

coluna está descrito na Tabela 2.10.

54

Tabela 2.10 - Classificação do Investimento.

Classificação do Investimento Ranking

Gastos além do orçamento previsto, que exigem um

novo planejamento. 1

Exige aprovação de recursos pois exige

remanejamento de verbas. 2

Gastos além do orçamento, mas dentro do

planejamento da empresa. 3

Existe algum gasto do orçamento e uso de recursos

próprios. 4

Custo mínimo, com recursos já existentes, ou de

facilidade. 5

Fonte: CASA DA CONSULTORIA [32].

Quanto ao Cliente, é necessário dimensionar se a solução a ser tomada irá

beneficiar os clientes. O preenchimento desta coluna está descrito na Tabela 2.11.

Tabela 2.11 - Classificação do Cliente.

Classificação do Cliente Ranking

Não apresenta nenhum tipo de reflexo. 1

Pouco impacto nos processos finais. 2

Bons reflexos nos processos de apoio. 3

Grandes reflexos diretos nos processos de apoio. 4

Grande impacto positivo na imagem da empresa. 5

Fonte: CASA DA CONSULTORIA [32].

Em relação à Operacionalidade, é fundamental saber o grau de dificuldade

para que a solução seja realizada, ou seja, se existe algum impedimento legal, se

é necessária alguma tecnologia especial, ou se tem como ser realizada de forma

simples. O preenchimento desta coluna está descrito na Tabela 2.12.

55

Tabela 2.12 - classificação da Operacionalidade.

Classificação da Operacionalidade Ranking

Operações difíceis de serem realizadas,

excedendo os limites de autoridade da empresa. 1

Pouca facilidade nas operações, que depende de

mudanças na cultura. 2

Média facilidade que depende do conhecimento

da tecnologia e disponibilidade do mercado. 3

Facilidade no desenvolvimento das operações,

podendo precisar de auxílio. 4

Facilidade no desenvolvimento das operações,

pois a tecnologia já é utilizada. 5

Fonte: CASA DA CONSULTORIA [32].

Cada solução deve ser encaixada na Matriz BASICO em conformidade com

o grau de importância, ou seja, é necessária a análise separada de cada uma

delas. A solução que obtiver maior pontuação na soma dos processos deverá ser

priorizada. Em caso de empate, o fator que desempata é C, e sucessivamente o B,

I, O, A e S [32].

Após esta priorização, é necessário que sejam colocados em práticas

planos de ações corretivas, permitindo que os problemas sejam resolvidos. Logo,

chega-se à conclusão de que a matriz mais indicada é a BASICO, que é

consequência da matriz GUT.

2.11 Norma Regulamentadora

Segundo o MTE - Ministério do Trabalho e Emprego, as Normas

Regulamentadoras (NR) são uma coleção de exigências e procedimentos em

relação tanto à segurança, quanto à medicina do trabalho, de caráter obrigatório

por parte das empresas, sejam elas públicas ou privadas, e pelos órgãos públicos

que possuam cargos regidos pela CLT - Consolidação das Leis do Trabalho [33].

56

Atualmente existem 36 Normas Regulamentadoras aprovadas pelo MTE.

Para realizar manutenção de linha energizada, assim como qualquer outra

atividade na área de energia elétrica, é necessário que os profissionais sejam

certificados pela NR10, a norma que trata da Segurança em Instalações e Serviços

em Eletricidade.

Esta norma estabelece os requisitos mínimos para que se garanta a

segurança e a saúde dos operários que trabalham direta ou indiretamente com

eletricidade, objetivando a prevenção de acidentes de origem elétrica. Tem como

característica principal, regulamentar os serviços e riscos da eletricidade.

2.12 Emprego de Veículo na Manutenção

Como os sistemas de transmissão têm como uma das suas características

a robustez e o tamanho, é inviável que sua manutenção seja feita sem veículos e

certos equipamentos, assim como, devido à sua periculosidade, são exigidos o uso

de algumas ferramentas específicas para a segurança do mantenedor.

2.12.1 Aplicação de Veículo

O uso de veículos na manutenção de linhas energizadas implica em uma

série de cuidados, como checar se os pneus estão calibrados, se os freios estão

em bom estado, o nível do óleo, se as lanternas de sinalização estão respondendo

aos comandos e os seus pontos de aterramento, que devem ser verificados todas

as vezes em que o veículo for utilizado.

Os funcionários sempre serão transportados por veículos para acessarem o

local da manutenção. Da mesma forma, os materiais a serem utilizados devem ser

dispostos de forma adequada também em veículos, em suas carrocerias ou em

57

compartimentos especiais, a fim de que não provoquem acidentes devido ao seu

deslocamento, sempre concordando com a legislação vigente de trânsito.

É necessário que ao menos dois colaboradores sejam aptos a dirigirem o

veículo, assim como também dois deles devem ser capacitados e autorizados a

operar o guindauto9.

Os veículos devem estar sempre junto ao local do serviço, com o freio

acionado e rodas escoradas, e quando em declives ou aclives, precisam

permanecer engrenados. Quando são utilizados para acionar equipamentos fazem

uso de sistemas hidráulicos, e eles devem ficar desengrenados, porém com as

rodas calçadas, com área demarcada.

Conforme procedimento normativo da COPEL, existem alguns cuidados

especiais com o uso dos veículos, como por exemplo quanto ao aterramento, que

é obrigatório para todos os serviços na rede elétrica, através do estabelecimento

da haste sextavada ou trado10 com haste rosqueável, e do uso de cabo de cobre

para ligar essa haste ao aterramento do veículo [22]. A movimentação só é

permitida quando não há volume no cesto aéreo e quando estiver com a lança em

repouso e travada. Quando em repouso, deve-se proteger a lança e cesto com

coberturas impermeáveis.

2.12.2 Aplicação do Hidroelevador

Hidroelevador ou guindauto é um equipamento hidráulico que deve ter

inspeções rotineiras, principalmente quanto aos vazamentos de óleo e seu

9 Guindauto – Diferentemente do guindaste que é usado para erguer cargas extremamente

pesadas, o guindauto, mas conhecido como caminhão munck, possui braço articulado que realiza procedimentos de carga e descarga. A principal diferença é que o guindaste é um equipamento de grande porte, enquanto o guindauto é um veículo que transporta materiais pesados [34].

10

Trado – é um equipamento de perfuração do solo [35].

58

desempenho. Para sua utilização, é necessário o uso de kit de segurança para

altura, devendo todos os operários estar aptos para operá-lo.

Como regra de funcionamento e operação, só pode haver fluxo de pessoas

quando a lança estiver em repouso ou próxima do solo, assim como é proibida a

troca de cesto aéreo e circulação sobre a lança sob as mesmas condições. Antes

da execução de alguma tarefa, deve-se checar se os protetores de polietileno

(usado no revestimento da carroceria por ser resistente e durável) e a cesta aérea

estão de acordo com as exigências de uso.

Alguns cuidados devem ser tomados durante a operação do hidroelevador.

Não se deve permitir que a cesta aérea encoste nos elementos energizados ou

aterrados sem cobertura isolante. Deve-se evitar movimentos bruscos, arranhões e

pancadas com a lança, a fim de evitar prejudicar seu isolamento. Ao içar cargas,

seu peso deve obedecer exatamente às especificações do fabricante, conforme

tabelas de carga, distância e ângulo de inclinação.

São proibidas também improvisações a fim de que a altura de alcance do

mantenedor aumente, assim como não se pode sentar, inclinar ou subir nas bordas

do cesto aéreo. A parte da equipe que se encontra no solo é impedida de entrar

em contato com o veículo enquanto há contato entre eletricista e rede energizada,

salvo quando usada a banqueta isolada. O hidroelevador pode ser observado com

a haste travada na Figura 2.15 e com ela a ponto de operação, na Figura 2.16.

59

Figura 2.15 - Hidroelevador com Haste Travada [36].

Figura 2.16 - Hidroelevador com Haste em Operação [36].

Cesto Aéreo

60

3. Manutenção de Linha Energizada

O presente Capítulo discorre sobre a manutenção das redes de

transmissão quando se encontram „vivas‟, ou seja, quando estão energizadas. A

manutenção em si foi mencionada e expandida na Seção 2.4, e o conceito de linha

viva foi definido na Seção 2.7, assim como os métodos existentes para sua

manutenção, as análises de riscos e priorização dos problemas.

Em função à crescente demanda de energia, a ANEEL exige das

concessionárias a execução de certas metas, onde uma delas recai sobre a

realização da manutenção na rede energizada, pois assim não deve haver

interrupção do serviço ao cliente.

Quanto ao trabalho da manutenção em linhas energizadas, é importante

ressaltar as premissas básicas desta modalidade, onde há o risco de os

condutores entrarem em contato entre si, o que faz com que a atenção seja

redobrada no seu isolamento, inclusive cobrindo-os apropriadamente, ou seja,

isolando-os temporariamente através de dedais isolantes11, ou fita isolante.

O eletricista que executará a manutenção deverá ter a capacitação da NR

10, com o curso de qualificação em instalações e serviços de qualidade, conforme

descrito na Seção 2.11, além do treinamento em manutenção de rede de

distribuição energizada, curso de operação de cesta aérea e ter conhecimento

comprovado das normas técnicas.

A manutenção da linha viva não admite imprecisões, e exige experiência e

controle emocional. Os maiores riscos associados a esta atividade incluem queda

de altura, choque elétrico e exposição ao arco elétrico, que decorre do curto-

circuito na MT. Além destes riscos, devem ser mencionados aqueles que se

11

Dedais isolantes – EPC usado para isolar as pontas dos condutores.

61

referem aos fenômenos naturais, como vento e calor, e os referentes aos locais de

trabalho, que podem levar a acidentes de trabalho.

As próximas Seções objetivam construir uma metodologia de inspeção e

manutenção de redes energizadas, estabelecendo uma sequência para o

desencadeamento de serviços, ou seja, definir o estado da arte sobre a

manutenção de linhas vivas através das análises das competências da equipe de

manutenção, da segurança nas instalações e na manutenção, e sua metodologia

de inspeção.

3.1 Competências da Equipe de Manutenção

Para quaisquer atividades de manutenção, não se pode agir

individualmente, sendo necessária a formação de uma equipe, composta de forma

hierárquica, por Técnico de Manutenção, Encarregado e Eletricistas. Nas

Subseções 3.1.1 a 3.1.3 discorre-se sobre as competências dos integrantes da

equipe tendo como referência o MIT - Manual de Instrução Técnica de Manutenção

de Redes de Distribuição da COPEL [37].

3.1.1 Técnico de Manutenção

Cabe ao Técnico de Manutenção, a disponibilização dos padrões de

Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (GSST) de forma atualizada à toda

equipe, e fiscalizar os Encarregados quanto ao cumprimento do MIT. Deve analisar

e distribuir os serviços aos Encarregados das equipes, bem como programar suas

atividades.

O Encarregado, por sua vez, deve orientar e supervisionar a equipe,

perseguindo a correta execução de atividades e maior segurança aos

trabalhadores. Recebe sugestões para refinar o desempenho dos trabalhos,

62

encaminhando o que for pertinente e de sua competência aos superiores, além de

sugerir medidas a fim de otimizar trabalho e equipamentos [37].

Com relação às ferramentas utilizadas, o Técnico deve supervisioná-las

com cuidado, oferecendo orientações quanto à correta utilização, e encaminhando

para ensaios conforme periodicidade estabelecida no MIT sobre os Procedimentos

de Ensaios de Ferramentas e Equipamentos de Linha Viva. Também é de sua

competência programar a realização de limpeza e recuperação, além de

providenciar a substituição de equipamentos, individuais ou de uso coletivo, que

não possuem mais condições de uso.

Conforme a NR 10, além de ser responsável por fornecer a documentação

para equipe, supervisioná-la e cuidar dos equipamentos, também é função do

Técnico de Manutenção, encaminhar componentes das equipes que não possuem

condições de trabalhar; fazer solicitação à gerência de treinamento e reciclagem

da NR 10, para trabalhadores que tiveram suas funções modificadas ou mudaram

de empresa, aos que estão retornando de afastamento de trabalho ou inatividade

superior a três meses, ou quando há significativa modificação nas instalações ou

nos processos de trabalho [38]. É importante registrar que o Técnico deve também

estar habilitado conforme as especificações da NR 10.

3.1.2 Encarregado

Cabe ao Encarregado zelar que o MIT seja cumprido pela equipe, assim

como a tomada de decisões para acontecimentos nele não contemplados. Ele

deve planejar com os Eletricistas a execução dos serviços em conformidade com

os padrões da GSST, fazendo junto a eles as adequações necessárias dos

equipamentos.

63

É responsável por fazer reuniões com a equipe a fim de definir as tarefas

de cada integrante, assim como esclarecer as dúvidas e receber sugestões. Dados

os prazos, deve fiscalizar o seu cumprimento, observando a correta execução do

serviço. Quando o Encarregado precisar demonstrar algum serviço aos Eletricistas,

ou atender alguma outra demanda, deverá designar um substituto, dando ciência à

toda equipe, ou deve interromper o serviço.

Com relação aos equipamentos, deve orientar a equipe no que se refere a

utilização e conservação, retirando todo e qualquer material sem condições de uso,

reportando-se diretamente ao Técnico de Manutenção. Deve receber também

sugestões que objetivem aprimorar os trabalhos e que melhorem o desempenho

de ferramentas e instrumentos, encaminhando-as também ao Técnico.

Com relação aos trabalhadores, o Encarregado deve estar atento às

condições físicas e psicológicas de toda a equipe, afastando os que não se

encontram aptos, redirecionando o seu serviço, desde que o Técnico de

Manutenção esteja ciente de todas as ações. Também é responsável por velar

pela segurança coletiva e pessoal, dando incentivos quanto à participação das

atividades de segurança realizadas para as equipes.

O Encarregado é responsável também pelo correto preenchimento das

ordens de serviços após sua imediata realização, encaminhando-as ao Técnico de

Manutenção. É importante ressaltar que o Encarregado também deve estar

habilitado conforme os requisitos da NR 10.

3.1.3 Eletricista

Cabe aos Eletricistas tomar ciência da programação passada pelo

Encarregado na reunião de equipe, assim como todos os detalhes das tarefas a

64

que foram designados, devendo executá-las conforme orientados, e de acordo

com as normas da empresa.

É de responsabilidade do Eletricista comunicar ao Encarregado os casos de

irregularidades nas condições de segurança, assim como substituí-lo quando lhe

for designado pelo Técnico ou Encarregado.

Os Eletricistas verificam o estado dos EPI - Equipamentos de Proteção

Individual e dos EPC - Equipamentos de Proteção Coletiva, comunicando ao

Encarregado em caso de anomalias. Também devem sugerir melhorias que visem

o aprimoramento dos trabalhos, incluindo um desempenho mais satisfatório das

ferramentas e instrumentos.

Compete a estes trabalhadores, o zelo pela segurança pessoal e coletiva

da equipe e de possíveis terceiros, através de ações preventivas de segurança,

como por exemplo, reprimir comportamentos que possam distrair a atenção da

equipe durante o serviço. O que também deve ser evitado é a utilização de

adornos e objetos metálicos, conforme disposto na NR 10. O Eletricista deve estar

habilitado conforme as especificações da NR 10.

Para este tipo de atividade, é fundamental em quaisquer níveis, o bom

estado físico e psicológico do mantenedor e o atendimento aos requisitos e

atributos pertinentes aos trabalhos em redes energizadas.

Na atividade de manutenção de redes energizadas, é necessário o rigoroso

cumprimento de normas e procedimentos, para que as tarefas relacionadas sejam

executadas, conforme disposto na NR 10 e explicitado na Seção 3.2.

Segundo as prescrições da NR 10, para trabalhar com tensões acima de

120 VCC e 50 VCA, há uma série de requisitos que o Eletricista deve cumprir.

65

● Estar qualificado, isto é, comprovar conclusão de curso de parte elétrica em

entidade reconhecida pelo Sistema Oficial de Ensino.

● Estar habilitado, ou seja, ser previamente registrado no conselho profissional

pertinente à qualificação.

● Ser capacitado segundo a NR 10, ou seja, que tenha recebido capacitação de

um profissional habilitado e autorizado, e trabalhe sob a responsabilidade de

profissional de tal competência.

● Ser autorizado explicitamente em documento comprobatório formal da

empresa ou contrato de trabalho.

● Ser submetidos à exames de saúde com compatibilidade à tarefa a ser

desenvolvida.

● Ser submetidos à reciclagem bienal e sempre que ocorrer troca de função,

retorno de afastamento por mais de 3 meses e modificações significativas nas

instalações elétricas, em seus métodos e/ou processos.

3.2 Segurança nas Instalações

Esta Seção tem como referência bibliográfica, a Norma Regulamentadora

NR 10, que tem como objetivo garantir a segurança, a integridade física e a saúde

dos trabalhadores, nas fases de geração, transmissão, distribuição e consumo de

energia, em suas etapas de projeto, construção, montagem, operação e

manutenção, sendo esta última a de maior importância para este trabalho [38].

A NR 10 institui medidas de controle e sistemas preventivos para esta linha

de serviço, ou seja, estabelece as mínimas exigências para se trabalhar com

energia elétrica, preocupando-se tanto com a segurança das instalações, como

66

com a segurança dos serviços em eletricidade. São apresentadas as condições

que, ao serem cumpridas pela empresa, evitam punições em possíveis auditorias.

Ao se deparar com serviços em instalações energizadas, a equipe de

execução deverá fazer uma avaliação e um estudo prévios, bem como um

planejamento das atividades e ações, para que sejam tomadas as melhores

técnicas de segurança aplicáveis aos serviços. A avaliação prévia é uma análise

de riscos, onde são avaliados os graus de exposição do trabalhador a

determinadas condições e, com isso, devem ser tomadas medidas de proteção

coletiva e individual e adotar procedimentos seguros de trabalho. Há diversos

modos de análise de riscos, como vistos na Seção 2.9.

É necessário que as empresas tenham os esquemas unifilares de suas

instalações elétricas atualizados, contendo as especificações do sistema de

aterramento, os dispositivos de proteção e os diversos equipamentos do sistema.

Esta medida, que é obrigatória, permite maior segurança, uma vez que se trata de

um documento simples com as informações primordiais dos componentes elétricos

da rede.

Nos casos de consumidores de média e alta tensões, é necessário que se

tenha um registro, chamado PIE - Prontuário das Instalações Elétricas12, que fique

à disposição de todos os trabalhadores. Nele, devem ser feitas atualizações

habituais, objetivando construir uma linha progressiva com os procedimentos

realizados, as medidas de proteção do sistema, os treinamentos e reciclagens dos

funcionários.

12

PIE – sistema de informações pertinentes às instalações elétricas e aos trabalhadores que concentra os procedimentos, ações, documentações e programas de proteção dos riscos elétricos. Este deve disponibilizar ao colaborador, as informações necessárias para sua segurança, comprovar ao MTE o atendimento à NR10 e provar que os procedimentos são realizados de acordo com procedimentos seguros [39].

67

Para uma visão geral de todo o ocorrido na instalação, devem ser incluídos

os relatórios atualizado das inspeções, abrangendo o cronograma de adequações.

São contemplados os procedimentos de segurança e saúde, conforme a NR 10, os

documentos de inspeção e proteção, às especificações dos EPI e EPC e seus

ensaios, certificações dos equipamentos e os documentos que qualificam e

habilitam os trabalhadores a realizar serviços em redes energizadas.

Quando se trata de empresas de geração, transmissão e distribuição, além

dos itens já listados que devem constar no PIE registro, devem possuir os

procedimentos de emergências e as certificações de EPI e EPC. Portanto, todas

as empresas que atuarem no SEP devem se adequar a esses padrões de

documentação.

Em relação à segurança coletiva, é importante fazer uso de EPC, que tem

como prioridade o caráter de medidas de proteção coletiva. A principal medida é a

desenergização do sistema, se for o caso, que é realizada através de alguns

procedimentos: secionamento, impedimento de reenergização, constatação da

ausência de tensão, instalação de aterramento temporário, proteção dos

elementos energizados da zona controlada e instalação de sinalização de

impedimento de energização. Assim, se pode afirmar que a linha não se encontra

energizada. Nos casos em que estes procedimentos não sejam possíveis, há a

exigência de que a tensão seja reduzida à tensão de segurança 13.

A definição da zona controlada é um passo importante em qualquer

manutenção em rede energizada, pois se trata de uma região ao redor do condutor

energizado. Ela apresenta riscos de indução elétrica e eletromagnética devido à

presença de campos elétricos e magnéticos, que têm suas intensidades e efeitos

13

Tensão de Segurança – tensão elétrica máxima que uma pessoa pode ser exposta sem que

haja risco à sua vida e saúde. É usada para evitar acidentes de trabalho relacionados ao contato com AT [38].

68

definidos de acordo com a distância do condutor, ou seja, quanto maior for ela,

menores os campos. A Figura 3.17 apresenta a zona controlada.

Figura 3.17 - Zona Controlada [38]

Onde:

ZL é a zona livre.

ZC é a zona controlada que é restrita aos funcionários autorizados.

ZR é a zona de risco que é restrita aos funcionários autorizados quando usando

técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho.

PE o ponto de instalação energizado.

Além da segurança coletiva e das instalações, há uma grande preocupação

com a segurança dos mantenedores. Alguns itens são indispensáveis, como por

exemplo a roupa adequada para o serviço, que deve contemplar a

condutibilidade14, a inflamabilidade15 e as influências eletromagnéticas16. Outros

14

Condutibilidade - Protege contra os riscos de contato, ou seja, as vestimentas não devem possuir elementos condutivos [38]. 15

Inflamabilidade - Protege contra os efeitos térmicos dos arcos voltaicos, que pode provocar a combustão da roupa [38].

69

itens são expressamente proibidos, como o uso de adereços pessoais. Deve ser

garantido ao trabalhador iluminação adequada, além de uma posição de trabalho

segura e ergonômica, sendo indispensável um sistema de comunicação entre

operador e a equipe em serviço, assim como com o centro de operações.

Quando se discute sobre a segurança na operação e manutenção, sabe-se

que as instalações elétricas devem ser inspecionadas com a finalidade de garantir

a segurança dos usuários, assim como a saúde dos trabalhadores. Devem ser

adotadas medidas para evitar riscos adicionais ao funcionário, relacionados à

altura, confinamento, campos elétricos e magnéticos, explosividade, entre outros

agravantes ambientais.

Todos os instrumentos envolvidos devem ser ensaiados para calibração e

aferição e inspecionados em conformidade com as especificações do fabricante e

com as regulamentações existentes ou, na falta destas, anualmente. O sistema de

proteção é outro ponto que exige inspeção e testes constantes, pois atua no

desligamento do sistema quando operando fora de suas condições normais.

Qualquer modificação ou inovação de tecnologia do sistema, deverá vir

acompanhado de uma nova análise de risco, junto aos respectivos processos de

trabalho. É de responsabilidade do executor do serviço, quando em situações de

risco não previstas, em caso de impossibilidade de eliminação ou neutralização da

causa, paralisar o trabalho.

De forma geral, sob o aspecto de segurança, incluindo homem e sistema,

em circunstâncias onde houver risco iminente, que possa vir a ocasionar uma

situação que ponha o trabalhador em perigo, os serviços nas instalações

energizadas ou em áreas próximas devem ser suspensos imediatamente.

16

Influências Eletromagnéticas - Protege contra os efeitos provocados por campos eletromagnéticos. Em certas circunstâncias as roupas deverão ser condutivas devido aos campos com intensidade que tenha potencial de risco [38].

70

Situações de perigo incluem a liberação de acesso a pessoas não autorizadas,

alterações de nível de iluminação, situações adversas, entre outras.

Outra questão significativa é com relação à incêndios, pois todas as

instalações elétricas devem ter proteção contra incêndios e explosões, conforme

disposto na NR 23 - Proteção Contra Incêndios [40], mantendo alarmes e

dispositivos de secionamento automático, a fim de evitar sobretensões,

sobrecorrentes, falhas no isolamento, aquecimentos ou outras anomalias do

sistema. Os processos e equipamentos que possam acumular eletricidade

estática17 devem possuir proteção específica e dispositivos para descarga elétrica.

É importante o aspecto da sinalização de segurança, que tem como

objetivo advertir e identificar, de maneira clara, os circuitos elétricos, bloqueios de

dispositivos de manobra e comandos, restrições de acesso, delimitações de área

através da zona controlada, sinalização de áreas de circulação, de impedimento de

energização e de identificação de equipamento ou circuito impedido.

3.3 Segurança na Manutenção

Esta Seção tem como base bibliográfica, o Manual de Instrução Técnica de

Manutenção de Redes de Distribuição da COPEL [37].

Para que haja segurança e qualidade na execução dos serviços, é

imprescindível que as metodologias, ferramentas e equipamentos sejam aplicados

corretamente a cada atividade, demonstrando assim a importância desse aspecto

na manutenção.

Com finalidade de obter uma segurança de excelência na manutenção,

Eletricistas e Encarregados devem analisar juntos as atividades antes mesmo de

17

Eletricidade Estática - Forma de eletricidade em equilíbrio, ou seja, que não possui movimento de um corpo para outro, cargas em repouso.

71

seu início, a fim de escolher o método mais adequado de execução através da

APR. É essencial que além destes profissionais, todos os demais integrantes da

equipe, estejam habilitados ao combate a incêndios, primeiros socorros,

conhecimentos técnicos e normativos.

Os colaboradores envolvidos na manutenção das redes devem ter ciência

das normas e recomendações do meio ambiente, como por exemplo a NR 9 -

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais [41]. É obrigatória a habilitação dos

Eletricistas a todos os treinamentos citados na Seção 3.1.

3.4 Metodologia de Inspeção

Após a formação e treinamento da equipe, constituída de Técnico de

Manutenção, Encarregado e Eletricistas, pode-se dar início aos procedimentos de

manutenção. Como a LT é um sistema constituído de vários elementos, toma-se

como base de análise desta dissertação, a cadeia de isoladores de ancoragem ou

suspensão. A ideia central desta Seção não é restringir a estatística, mas reduzir o

risco real a que estão expostos os mantenedores, e para isso, usa-se de exemplo

para a análise de risco, a APR.

3.4.1 APR - Análise Preliminar de Risco

Como vimos, a APR avalia os riscos de uma determinada atividade antes

mesmo que ela aconteça. Esta é a técnica principal, apesar disso, deve ser usada

juntamente com outras quando já existe histórico dos colaboradores da atividade.

Isto se dá, pois, ao conviver diariamente com situações de risco, os funcionários

acabam por ignorá-las por se tornar uma rotina e, assim, aumenta a probabilidade

da ocorrência de acidentes. Suas principais etapas, de forma resumida, são: a

72

descrição e caracterização dos riscos, determinação das ações de controle e

prevenção e análise das falhas humanas.

3.4.1.1 Descrever e caracterizar riscos

São caracterizadas as causas e consequências dos riscos, aspirando

medidas e correções de aplicação imediata. Os riscos são escalonados a fim de

priorizar ações mais urgentes. No caso em estudo, são destacadas duas

atividades de risco: a retirada dos isoladores de suspensão e o trabalho em altura

com o cesto aéreo. Cada uma das atividades listadas possui dois riscos atrelados

que serão considerados. Além da identificação, os riscos devem ser classificados

de acordo com a Tabela 2.1 da Seção 2.9.1.3, e com o parecer dos especialistas

mais experientes da empresa, a fim de que haja um consenso.

● Retirar os isoladores de suspensão: choque e arco elétrico, com risco 4 e

manuseio de material cortante, com risco 2.

● Trabalho em altura com cesto aéreo: queda do eletricista, com risco 4 e de

materiais e ferramentas, com risco 4.

3.4.1.2 Determinar ações de controle e prevenção

Etapa fundamental para que a saúde e a segurança do trabalho sejam

defendidas através de ações sob os riscos analisados na etapa anterior da APR.

Também são definidos os responsáveis por controlar cada risco. Existem algumas

ações básicas, como recorrer a histórico de situações parecidas ou de ocorrências

anormais, revisar o objetivo principal da atividade para retirada de excessos,

determinar riscos de acordo com a gravidade, identificar as principais origens de

risco, delegar um profissional para executar as ações mapeadas etc. Sob a ótica

analisada, temos as seguintes ações.

73

● Choque e arco elétrico: inspeção visual nos condutores, isoladores e

componentes da estrutura, antes de iniciar as atividades.

● Manuseio de material cortante: manusear com cuidado os materiais

quebrados.

● Queda do eletricista: usar o conjunto antiqueda de linha viva fixado no ponto

de ancoragem do hidroelevador.

● Queda de materiais e ferramentas: outros colaboradores deverão manter

distância segura posicionando-se fora da área isolada.

De acordo com a classificação de riscos realizada, as atividades em ordem

de mais urgência são a inspeção visual antes do início das atividades em conjunto

com a isolação da área ao entorno da troca da cadeia de isoladores e ancoragem

do EPI, ou seja, o conjunto antiqueda cesto aéreo de linha viva, composto por

cinturão com suspensórios e talabarte, apresentados na Figura 2.18., é afixado no

ponto de fixação do hidroelevador, seguida da atenção no manuseio dos materiais

quebrados que estão sendo substituídos. A APR analisada pode ser resumida na

Tabela 3.13.

Figura 2.18 - Cinturão de Suspensão e Talabarte [42].

74

Tabela 3.13 - Análise da APR

Etapas de Trabalho

Riscos Medidas Preventivas Classificação

do Risco

Retirar os

isoladores de

suspensão

Choque /

Arco Elétrico

Inspeção visual nos condutores,

isoladores e componentes da

estrutura, antes de iniciar as

atividades

4

Manuseio de

material

cortante

Manusear com cuidado os materiais

quebrados 2

Trabalho em

altura com

cesto aéreo

Queda do

eletricista

Usar o conjunto antiqueda de linha

viva fixado no ponto de ancoragem do

hidroelevador

4

Queda de

materiais e

ferramentas

Outros colaboradores deverão manter distância segura posicionando-se fora

da área isolada

4

Fonte: o autor

Após realizada a APR, ainda se faz mais uma análise a fim de que a matriz

de risco ou priorização seja montada. A matriz escolhida para tratar o caso em

estudo é a GUT.

3.4.2 Matriz GUT – Gravidade, Urgência e Tendência

Como vimos em 2.10.1, a matriz GUT objetiva priorizar os problemas para

posteriormente tratá-los. Ou seja, permite quantificar informações e classificá-los

de acordo com uma priorização. Ela é composta de três etapas: a listagem dos

problemas, sua pontuação e classificação.

3.4.2.1 Listagem dos Problemas

Nesta etapa, listam-se todos os problemas encontrado na análise de risco.

É importante o detalhamento correto desses problemas a fim de que não haja

interpretações errôneas. Voltamos aqui a analisar as cadeias de isoladores, assim

como na APR, relatando os mesmos problemas anteriormente identificados.

75

● Retirar os isoladores de suspensão tem como risco o choque e arco elétrico e

manuseio de material cortante.

● Trabalho em altura com cesto aéreo tem como risco queda do eletricista e de

materiais e ferramentas.

Com isso, podem-se classificar quatro situações de risco para que as

tratativas sejam priorizadas: choque e arco elétrico, manuseio de material cortante,

queda do eletricista e queda de materiais.

3.4.2.2 Pontuação dos Problemas

Após listar os riscos de problemas, pontuá-los de acordo com a Gravidade,

Urgência e Tendência, com valores de 1 a 5, de acordo com a Tabela 2.6 da

Seção 2.10.1, levando em consideração a participação dos especialistas mais

experientes da empresa, para que haja um consenso.

● Choque e arco elétrico: extremamente grave, urgência imediata, piora sem

ações. Resultando em 5, 5, 5.

● Manuseio de material cortante: pouco grave, deve ser feito o mais rápido

possível, piora a curto prazo. Resultando em 2, 3,4.

● Queda do eletricista: extremamente grave, urgência imediata, não tende a

piorar sem devidas ações. Resultando em 5, 5, 1.

● Queda de materiais: grave, deve ser feito o mais rápido possível; não tende a

piorar sem devidas ações. Resultando em 3, 3, 1.

3.4.2.3 Classificação dos Problemas

Na etapa em questão, os valores da GUT são multiplicados, e priorização,

para elaboração dos planos de ação, começa a tomar forma.

● Choque e arco elétrico: 5 X 5 X 5 = 125.

76

● Manuseio de material cortante: 2 X 3 X 4 = 24.

● Queda do eletricista: 5 X 5 X 1 = 25.

● Queda de materiais: 3 X 3 X 1 = 9.

Com esta análise, temos que a primeira ação a ser tomada é com relação

ao risco de choque e arco elétrico, seguida da queda do eletricista, do manuseio

de material cortante e da queda de materiais. Um resumo da Matriz GUT pode ser

contemplado na Tabela 3.14.

Tabela 3.14 - Análise GUT.

Riscos Gravidade Urgência Tendência Classificação GUT

Choque / Arco Elétrico

5 5 5 125

Manuseio de material cortante

2 3 4 24

Queda do eletricista

5 5 1 25

Queda de materiais e ferramentas

3 3 1 9

Fonte: o autor

77

4. Conclusão

Um dos principais objetivos desse TCC foi dissertar sobre a manutenção de

LT - Linhas de Transmissão, aprofundando alguns conceitos essenciais para a

manutenção da linha energizada, como confiabilidade, disponibilidade, falhas,

defeitos, riscos, suas análises e suas matrizes de priorização, até que se pudesse

conceituar a manutenção e seus tipos.

Como vimos, esse objetivo foi alcançado, uma vez que, nesta dissertação,

no desenrolar do Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica e Base Teórica, foram

apresentados e contemplados todos esses principais conceitos pilares da

manutenção, com definições, requisitos e atributos pertinentes. Foram relatados

importantes aspectos da manutenção, seus tipos: básicos - preventiva e corretiva,

além da fundamentação de técnicas preditivas de manutenção elétrica.

Um dos objetivos desse trabalho também foi desenvolver uma sequência

estruturada de ações, definindo assim o estado da arte da manutenção das LT, de

acordo com diversos aspectos, como segurança das instalações, metodologias

usadas para definição dos riscos e suas gravidades, a fim de que se pudesse

construir uma metodologia de inspeção e manutenção de LT energizadas,

culminando em um exemplo prático.

Isso foi evidenciado, na medida que, nas Seções 2.9 e 2.10 foram expostas

considerações de análise de risco e de matrizes destinadas a priorizar os

problemas, quantificar informações, avaliar sua gravidade, urgência e tendência,

traçar os planos de ação para programar as atividades e executar a manutenção

corretiva, de modo que os problemas sejam tratados, minimizados e/ou sanados.

Na Seção 3.4 foi mostrada uma aplicação prática desses aspectos e apresentado

um exemplo objetivo de estruturação da metodologia de programação e

78

priorização da manutenção de LT energizadas, envolvendo a troca de uma cadeia

de isoladores.

A necessidade da aplicação dessas matrizes de priorização ficou bem

exemplificada quando foram mostradas, no Capítulo 3, algumas discrepâncias nas

priorizações de risco entre as metodologias APR e GUT. Isso comprova que

nenhuma análise deve ser realizada exclusivamente, e que em certos casos, é

necessário avaliar cada evento separadamente, a fim de priorizar o que tiver maior

necessidade e urgência para a situação proposta.

Nas Seções 3.1, 3.2 e 3.3 foram apresentadas informações essenciais à

manutenção em redes energizadas, evidenciando a Norma Regulamentadora do

MTE de maior importância para a atividade, a NR 10 - Segurança em Instalações e

Serviços em Eletricidade.

Além desta, no Anexo 1 são apresentadas as outras normas pertinentes

que são utilizadas em larga escala na realização de atividades relacionadas com

manutenção em energia elétrica.

Ademais, o objetivo específico foi deixar para os estudantes da graduação

conhecimentos sobre a manutenção de linhas de transmissão energizadas,

elaborando material didático sobre manutenção de linhas energizadas e suas

análises de risco, a fim de ser utilizado, posteriormente, por disciplinas e trabalhos

de graduação.

A dissertação apresentou conceitos de confiabilidade, disponibilidade,

manutenção, análise de risco e matrizes de priorização (FMEA, GUT e BASICO), a

nível de graduação, que não se encontram inseridas de forma estruturada nas

disciplinas oferecidas pelo Departamento de Engenharia Elétrica da UFRJ.

79

Sem dúvidas, o texto apresentado pode servir de embasamento teórico

para atividades didáticas futuras, além de aplicabilidade prática na manutenção.

Os objetivos deste trabalho foram alcançados, uma vez que foi mostrado o

estado da arte da manutenção das LT, apresentando um conjunto de metodologias

de inspeção de linhas de transmissão, baseado nos conceitos abordados no

Capítulo 2, uma vez que apresentou os estados das LT, os métodos de

manutenção - linha viva, linha morta, método ao contato e o método ao potencial.

Além disso, dissertou sobre a formação e as competências de uma equipe de

manutenção de LT.

4.1 Sugestões para futuros trabalhos

Sugerem-se para trabalhos futuros a evolução dos métodos aqui

apresentados, aprofundando alguns conceitos essenciais para a manutenção de

equipamentos e linhas energizados, como confiabilidade, disponibilidade, falhas,

defeitos, riscos, suas análises e suas matrizes de priorização.

Recomenda-se também um exemplo de aplicação prática na análise de

defeitos ou falhas em equipamentos ou linhas, com várias possibilidades de

solução, de modo a poder desenvolver uma matriz BASICO, para auxiliar a tomada

de decisão da seleção e priorização dessas alternativas de solução.

80

Referências Bibliográficas

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2016. 6 p.

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1ª. ed. [S.l.]: Campus, 2009. 288 p.

[4] LEEMIS, L. Reability: probabilistc models and estatistical methods. New York:

Prentice Hall, 1995.

[5] ELETROBRAS – Centrais Elétricas Brasileiras S.A. NORMA TÉCNICA 02 -

Fornecimento de Energia Elétrica em Baixa Tensão (Edificações Individuais),

p.157, 2014.

[6] ______, NORMA TÉCNICA 01 - Fornecimento de Energia Elétrica em Média

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[8] LAFRAIA, J. R. B. Manual de Confiabilidade, Mantenabilidade e Disponibilidade.

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[9] MOUBRAY, J., Reliability-centered maintenance. 2 ed. New York: Industrial

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Material didático da disciplina de Manutenção de Instalações e Equipamentos

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[11] XENOS, H. G., Gerenciando a Manutenção Produtiva, Belo Horizonte: Editora

de Desenvolvimento Gerencial, 1998.

[12] GOMES, F. V., Análise de Sistemas de Potência 1, Material Didático de

Engenharia Elétrica. UFJF, 2012.

81

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Disponível em: <http://portalcetec.net.br/wp-content/uploads/2015/05/Cap.01-

Organiza%C3%A7%C3%A3o-SEP.pdf> - Acesso em 09 de janeiro de 2018.

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[17] GORUR, R. S.; CHERNEY, E. A.; BURNHAM, J. T. Outdoor insulators.

Phoenix: R. S. Gorur. 1999, 262 p.

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tecnologia cabos para-raios energizados (PRE), São Paulo 2010, Tese de

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[19] ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5422:1985 - Projeto

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[20] BERNARDES, J. USP - Agência USP de Notícias; Corrente Contínua é melhor

na transmissão de longa distância. Disponível em:

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[21] COPEL – Companhia Paranaense de Eletricidade. Manutenção em Linhas de

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[22] ADEEL, Materiais Elétricos. Rede Compacta VS Rede Convencional.

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[23] ALVES, N. Helton – Sistemas de Energia – Manutenção de Subestações,

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[25] DE JESUS, Natália. Mercado de Trabalho - Competências Técnicas x

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[26] ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ISO 31000 - Gestão de

Riscos - Princípios e Diretrizes, p.32, 2009

[27] ANDRADE, Eduardo L., Introdução à Pesquisa Operacional - Métodos e

Modelos para Análise de Decisão - Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos

Editora, 1998.

[28] MARCONDES, José Sérgio, Análise Preliminar de Risco (APR) – Ferramenta

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https://www.gestaodesegurancaprivada.com.br/analise-preliminar-de-risco-apr/> -

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[29] GARRIDO, L. F. Renan, Confiabilidade e Manutenção: um estudo sobre a

técnica da FMEA – Rio de Janeiro, 2017, 100p.

[30] ZAPATA, Prioridade x Urgência x Importância. Disponível em: <

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[31] PERIARD, Gustavo. Matriz GUT: Guia Completo, 2011. Disponível em:

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[33] BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego - Segurança e Saúde no Trabalho.

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[34] DB GUINDASTES, Transporte e Logística. Disponível em: <

http://www.dbguindastes.com.br/qual-a-diferenca-entre-guindaste-e-guindauto/> -

Acesso em 16 de agosto de 2018.

83

[35] ENGENHEIRO CAIÇARA, Sondagem a Trado. Disponível em

http://engenheirocaicara.com/vamos-falar-de-sondagem-sondagem-trado/ - Acesso

em 16 de agosto de 2018.

[36] IMERCHILE, Tecnologia em carga. Disponível em: https://imerchile.cl/ -

Acesso em 16 de agosto de 2018.

[37] COPEL – Companhia Paranaense de Eletricidade. MIT - Manual de Instrução

Técnica de Manutenção de Redes de Distribuição, versão Novembro de 2015, 40

p.

[38] BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego - Norma Regulamentadora NR 10 -

Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, 2004.

[39] GUNJI, Masatomo. PIE - Prontuário das Instalações Elétricas. Disponível em:

<http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/492_prontuario_nr10.pdf> -

Acesso em 15 de agosto de 2018.

[40] BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego - Norma Regulamentadora NR 23

– Proteção Contra Incêndios, 2011.

[41] ______. Ministério do Trabalho e Emprego - Norma Regulamentadora NR –

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, 2014.

[42] SUPER EPI, Segurança e Proteção. Disponível em:

https://www.superepi.com.br – Acesso em 16 de agosto de 2018.

84

Anexo I – Normas Regulamentadoras do MTE

No presente anexo, são apresentadas, dentre as 36 Normas

Regulamentadoras, aquelas que são importantes à manutenção em eletricidade

em geral e na rede elétrica energizada.

NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho.

NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA

NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI.

NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.

NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.

NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.

NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais.

NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos.

NR 16 – Atividades e Operações Perigosas.

NR 17 – Ergonomia.

NR 21 – Trabalhos à Céu Aberto.

NR 23 – Proteção Contra Incêndios.

NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho.

NR 26 – Sinalização de Segurança.

NR 28 – Fiscalização e Penalidades.

NR 35 – Trabalho em Altura.