Análise Psicossomática Da Anorexia a Partir Do Conceito de Objeto - Taynara
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Análise psicossomática
da anorexia a partir do
conceito de objeto ‘a’
em uma perspectiva
Lacaniana
Taynara Gomes do Vale – RA: 209246233
O ser humano em comparação com todas as espécies animais
existentes é considerado o mais frágil e o que requer mais cuidados, por
parte da mãe, para poder sobreviver aos primeiros anos de vida. O bebê
precisará de constantes cuidados e proteção. Um desses cuidados é
quanto à alimentação. A mãe ao tentar satisfazer a demanda do bebê
pelo alimento também estabelece uma troca de amor e de realização do
desejo da criança. Porém, conforme explicitado por Simão (2001):
Aconchegado no colo materno e levado ao seio para se alimentar,
mais que saciada a fome, ele [o bebê] experimentará um momento
pleno de satisfação que, a partir de então, tentará repetir
inúmeras vezes, contudo sem jamais consegui-lo. Aquele primeiro
momento único e irremediavelmente perdido e é denominado por
Freud de primeira experiência de satisfação (p.13).
Porém, em um certo momento da vida, de algumas pessoas, essa
busca pela satisfação através da alimentação é quebrada, surgindo,
então, a anorexia como oposição a tudo aquilo que o bebê tentou
conquistar desde o nascimento.
Cabe ressaltar que a anorexia, vista pelo senso comum, é um
distúrbio causado principalmente pela mídia, a qual exalta a valorização
do corpo a qualquer custo e faz com que inúmeras adolescentes deixem
de se alimentar para conseguir atingir a perfeição escultural que a
“sociedade” impõe.
A opinião popular muitas vezes simplifica e tenta obter respostas
objetivas e diretas para situações que são extremamente complexas,
multifatoriais e multideterminantes. Logo, esta pesquisa tentará
compreender a anorexia como uma doença psicossomática de fundo
psíquico e social que causam graves conseqüências para a vida do sujeito.
Sendo assim o objetivo principal desse trabalho é relacionar a anorexia e
o desejo pelo nada, a partir de uma ideologia psicossomática, com base
na análise do discurso e levando-se em consideração os pressupostos de
Jacques Lacan. Tendo ainda como objetivos secundários apontar os
métodos utilizados pelas personagens do filme “Maus Hábitos” a fim de
proteger o seu desejo pelo nada e relacionar o desejo pelo nada como
objeto ‘a’ e as situações vivenciadas pelas personagens do filme “Maus
Hábitos”.
Referencial teórico
Partindo-se do princípio que a anorexia é uma doença
psicossomática, cabe fazer uma breve consideração sobre o tema a partir
do que Lacan apud Merlet (1987) comenta no capítulo VIII do
Seminário11
“Tudo que está no organismo como órgão se apresenta sempre
com uma grande multiplicidade de funções. (...) Essas funções
do olho não esgotam o caráter do órgão no que ele surge sobre
o divã, e que determina aquilo que todo órgão determina –
deveres” (p. 17).
Desta forma “(...) o organismo fica doente da linguagem e sofre,
pelo fato da quadriculação significante, um desperdício de gozo em
virtude de a atividade pulsional limitar o gozo aos órgãos enquanto zonas
erógenas” (Merlet, 1987 p.18).
Lacan apud Merlet (1987) em sua conferência de Genebra, em 1975:
“explica essa fixação do gozo pela interferência de uma necessidade sobre o desejo,
isto é, de uma espécie de curto-circuito corpo-organismo no ponto de não-clivagem,
que explicaria essa fixação de gozo à qual se deixa levar o psicossomático para o
qual, portanto, todo órgão nem sempre determina deveres” (p.19).
Merlet (1987) assinala, ainda, que:
“Afetado pela linguagem, o corpo subtraído ao organismo,
sofre uma dupla perda por se verificar sexuado e mortal. O
órgão do corpo assim clivado do organismo pela atividade
pulsional fica subvertido pelo enxerto de um outro órgão
incorpóreo, a libido, cujos representantes não são outros senão
os objetos em torno dos quais a pulsão roda. Constitui-se,
portanto, um objeto impossível, que irá causar a divisão do
sujeito” (p.18).
A fim de esclarecer melhor o seu,
“ponto de vista clínico, Lacan distingue as reações
psicossomáticas, os fenômenos psicossomáticos e o
psicossomático. Qualquer pessoa, em qualquer ocasião, pode
ser afetada por um fenômeno que se denominará
psicossomático porque acarreta uma qualquer lesão
orgânica, e sua etiologia escapa ao saber médico” (Merlet,
1987 p.19).
Lacan situa, ainda, “os fenômenos psicossomáticos fora das
construções neuróticas, o narcisismo constituindo uma linha divisória. Ele
considera que esses fenômenos estão no limite de nossas elaborações
teóricas. Estão no nível do real” (Valas, 1987 p.78).
A reação psicossomática seria o “modo de responder a uma situação
definida que exija um trabalho de simbolização, por exemplo, luto ou
separação”. Sendo que, “Por outro lado, certos indivíduos não têm outra
maneira de viver senão apresentando um modo de resposta permanente
ou surtos de tipo psicossomático” (Merlet, 1987 p.19).
De acordo com os pressupostos, apresentados acima, considera-se a
anorexia nervosa como um fenômeno psicossomático, assim como afirma
Wartel (1987)
“Notemos ainda que a anorexia mental – contrariamente à
nossa posição – pôde fornecer modelo ilustrativo de “psico-
somática”: a revolta, o malquerer acabam alterando os centros
e as glândulas endócrinas, a ponto de não ser mais possível o
retorno a um bem-querer, por não mais achar seu caminho”
(p.11).
Corrêa (2010) considera ainda que “existem conteúdos
inconscientes mobilizando a posição do sujeito que recusa alimentar-se
(ou ser alimentado), estando sempre insatisfeito com sua imagem
corporal e com seu peso” (p.15).
Cabe então definir o significado de Sintoma na concepção Lacaniana
o qual, de acordo com Miller (1987),
“trata-se de uma formação do inconsciente que tem estrutura
de linguagem, que supõe uma substituição, a qual chamamos de
metáfora, em linguagem retórica, e que, por ai, fica aberta ao
deslocamento retroativo por reformulação, e a uma
modificação pelo fato da emergência de efeitos de verdade”
(p.87).
Valas (1987) comenta, ainda, que:
“as lesões psicossomáticas são traços escritos no corpo, não
porém da ordem dos signum1 e sim, antes, da signatura,
semelhantes a verdadeiros hieróglifos que ainda não podemos
ler. Seriam, portanto da ordem da escrita – que Lacan concebe
como “para-não-ler” – traços não inscritos, mas pré
significantes. Com efeito, (...) ele diz: ‘O corpo se deixa levar a
escrever qualquer coisa da ordem do número’. É questão,
portanto de um ciframento que não passa pela significação da
letra, pela subjetivação do desejo, mas que está do lado do
número, como uma contagem absoluta do gozo do que seriam
prova os fenômenos subjetivos” (p.84).
O sintoma anoréxico está constituído no binômio demanda e desejo
o qual é compreendido por Lacan apud Carvalho (2010) como
fundamental na constituição do sujeito:
“(...) o que é demandado pelo sujeito, ou seja, o dom do
amor, é oferecido pelo Outro sob o equivoco do objeto da
necessidade, o alimento, suprimindo o desejo do sujeito. Como
nos aponta Lacan (1960-1961/1992), há um ponto de
ambigüidade na demanda, pois ao mesmo tempo em que ela
pede para ser atendida, caímos numa armadilha quando a
atendemos a partir de um discurso concreto, visto que o que a
demanda traz do desejo inconsciente só sobrevive na não
1 Em seu Curso de linguística geral, Ferdinand de Saussure divide o signo linguístico em duas partes. Denomina de
significante a imagem acústica de um conceito e chama de significado o conceito em si. (...) Por outro lado, o signo faz parte
de um sistema de valores. O valor de um signo se mede por sua relação com todos os outros signos e resulta, negativamente,
da presença simultânea deles na língua, que é concebida como a totalidade sincrônica (ou seja, estrutural) de todos os signos
que nela se encontram. Diferentemente do valor, a significação se deduz da ligação que existe entre um significante e um
significado (Roudinesco & Plon, 1998 p.550 e 551).
satisfação. Para Lacan, a demanda não é passível de ser
compreendida e respondida de forma direta, já que o que ela
comporta está além e aquém dela mesma, ou seja, o desejo”
(p.31).
O Outro para Lacan tem uma influência primordial no aparecimento
da demanda do sujeito, já que isto “só é possível a partir da entrada do
Outro como sendo o campo dos significantes, introduzindo o sujeito no
mundo simbólico de maneira irreversível, marcando o sujeito com a
linguagem e possibilitando sua passagem do campo da necessidade para
o mundo simbólico. Nesse sentido, o sujeito encontra-se alienando no
campo do Outro” (Carvalho, 2010 p.31).
Lacan em “Os quatro conceitos fundamentais da Psicanálise (1979)”
apud Chaves (2001 p. 82) diz que “As reações psicossomáticas estão no
nível do real” e “O que foi rejeitado do simbólico volta no real sob a
forma de uma lesão de órgão”. Para melhor esclarecer a afirmação acima,
apresenta-se a definição dos três registros que estruturam o
funcionamento humano:
Real:
“O real, do ponto de vista da psicanálise, é um conceito (um
significante) que produz uma significação diferente daquela que
se refere à realidade2. O campo real é o campo da coisa (“Das
Ding”), daquilo que não é nomeável (o inominável), daquilo que
escapa à simbolização, isto é, a uma representação que escapa
2 Real não significa a mesma coisa que realidade. A realidade precisa de cada um desses três campos para existir; o real
não precisa de nenhum desses campos, pois ele basta a si mesmo. (...) O que faz com que a realidade percebida pelas pessoas
tenha um ponto de referência comum, ou seja, um consenso de objetividade concreta e universal, se podemos dizer assim, é a
função do laço que o imaginário e o simbólico tem com o real (Chaves, 2001 p.26)
do campo do simbólico. (...) O real é o registro daquilo que é por
si mesmo e que escapa à subjetividade humana. Portanto,
escapa ao desejo de o ser humano ter domínio sobre si mesmo.
O real é que domina completamente o ser humano. Dizemos que
a morte é o alcance máximo do real. (...) Os automatismos de
repetição, por coerência teórica, também fazem parte do campo
do real. (...) As pulsões (instintos) são, também, exemplos
simples e palpáveis dessa dimensão do real. (...) O real existe
fora da linguagem, portanto, fora do simbólico. Existe significa
que ele insiste o tempo todo do lado de fora da linguagem. Ele
pressiona fora do campo do simbólico, escapando a qualquer
tentativa de uma simbolização completa. Do real, só podemos
falar, bordejá-lo com palavras, tentar apreendê-lo no nível das
idéias. Contudo, ele sempre escorrega, escapa, insiste em não se
inscrever (ou escrever)” (Chaves, 2001 p.26 e 27).
Imaginário:
“Como a própria palavra diz, o imaginário é feito de imagens,
de fantasias, de crenças, de sentimentos. Numa visão clara e
simples, podemos dizer que, algum tempo após o nascimento,
toda imagem de objeto ou coisa que é captada pelo bebê por
meio do olhar será inscrita e registrada como imagem,
formando, assim, o campo do imaginário. (...) o campo do
imaginário vai se constituindo a partir da maneira como o ser
humano vê o mundo a sua volta, a partir da imagem que tem de
si mesmo, dos próprios sentimentos e de sua história. Estão
presentes, ao mesmo tempo, a projeção da imagem de si
mesmo e a introjeção da imagem do outro como sendo a
imagem de si mesmo. Há um entrelaçamento do imaginário e
do simbólico, este se fazendo funcionar pela presença da falta
do outro” (Chaves, 2001 p. 28 a 30).
Cabe ressaltar que o imaginário está relacionado à fase do espelho a
qual corresponde:
“A primeira constituição, ou estruturação desse imaginário” se
dá “(...) por volta dos seis meses de idade, quando há pela
primeira vez uma apreensão total da imagem desse outro-si
mesmo. Por isso, ele é contemporâneo à formação do
narcisismo, ou seja, inicia-se, ao mesmo tempo, a formação do
Eu, do Eu ideal e do ideal do Eu. (...) Daí o imaginário ser da
ordem do engano e da fraude. O simbólico está ai como função
de falta, e o imaginário está ai como função de engano, pois o
outro que está lá no espelho não é o outro separado de si
mesmo, mas a projeção da própria imagem num outro que falta
lá” (Chaves, 2001 p.28 e 29).
Simbólico:
“É o campo da linguagem, escrita e falada. Campo do
símbolo. Dizendo de maneira clara e simples, todos os sons,
ruídos, palavras e conceitos que entra pelo ouvido da criança,
desde pequena, vão se constituir e se estruturar como campo de
linguagem. Campo, dimensão ou registro do simbólico. Letras,
sílabas, palavras, fonemas, números, signos, ícones etc. se
constituem em significantes presentes na cadeia associativa,
cujo efeito de significação (ou sentido, ou significado, ou saber)
só aparecerá em razão das ligações contingenciais entre uma
palavra e outra. Quer dizer, é na contingência ou no
entrechoque da proximidade da palavra (significante) com outra
(outro significante) que o sujeito do inconsciente, portando a
verdade do seu desejo, se revelará no exercício da fala, discurso
do sujeito, emergindo de outra cena, antes oculta ou
imperceptível para o indivíduo” (Chaves, 2001 p.30)
Uma vez definido os três registros que estruturam o funcionamento
humano, cabe, então, situar o movimento dialético da sua estrutura
binária.
“Do lado do Real, nós temos o que é da ordem da necessidade
e, consequentemente, pelo seu par oposto, o que é da ordem da
privação. (...) Do lado do Imaginário, temos a demanda e,
consequentemente, pelo seu par oposto, o que é da ordem da
frustação. (...) Do lado do Simbólico, temos o que é da ordem do
Desejo e, consequentemente, pelo seu par oposto, o que é do
registro da castração” (Chaves, 2001 p. 34 e 35).
Outros dois termos básicos que ajudarão entender a concepção da
anorexia são a alienação e a separação, os quais, de acordo com Valas
(1987, p.81), têm-se a seguinte definição:
“A Alienação. A inscrição do sujeito em instância no lugar do
Outro por invocação do significante não deixa de admitir sua
afânise, isto é, seu apagamento, sua divisão da qual se constitui,
pela queda do significante, o sujeito do inconsciente”.
“A separação. É a operação pela qual o sujeito se libera do
efeito afanísico do discurso do Outro, excluindo-se da cadeia
significante pelo acionamento de seu ser de sujeito sob a forma
de objeto a. A separação é modo de resposta do sujeito ao
desejo do Outro, com a qual ele tem relações nas suas faltas,
para se constituir como ser desejante”.
Ressaltando, ainda o termo afânise, o teórico Miller (1987 p.92)
define-o da seguinte maneira: “separação do corpo e do gozo, princípio a
que se pode chamar sua evacuação, seu esvaziamento o fato deste gozo
estar reservado a certas zonas do corpo, ditas erógenas”.
Como um dos objetivos deste trabalho é relacionar o desejo pelo nada
com o objeto ‘a’, segue abaixo a definição proposta por Chaves (2001)
sobre esses dois campos da pesquisa.
O objeto a
“escapa ao campo imaginário, remetendo radicalmente à
falta no Outro, ponto no qual nada aparece no espelho, pois o
objeto a carece de imagem especular. O Ego se limita a vestir
esse nada que é o lugar do objeto perdido. Segundo
Rabinovich3, ‘Entre o a e o e o desejo existe uma relação de
causa, de provocação: o objeto a está no antes do desejo, não
em sua satisfação, não em seu objeto-fim, não é a sua meta. O
objeto a desperta o desejo e, enquanto objeto metonímico que
circula entre os significantes, escapa a toda captura... Para advir
como causa ele deve constituir-se. É um objeto produto, resto,
desfecho de uma operação: a do surgimento do sujeito pela
ação do sistema significante. Não se trata de um objeto natural,
dado, mas de um objeto-efeito da ordem simbólica’”.
“Na topologia dos três registros, pode-se situar o lugar desse
objeto a no centro do nó, esse espaço central da confluência dos
três círculos fazendo laço e formando e estrutura (...)”,
conforme ilustrado na figura 1, abaixo. “Pode-se pensar
3 Rabinovich D.S. El Psicoanalista entre El Amo y El Pedagogo. Capítulo xerocado de um livro. Sem referências.
este a no centro representando o objeto causando o desejo e
mantendo a estrutura funcionando. Sempre a falta remetendo
ao desejo e o desejo remetendo a outra falta” (Chaves, 2001
p.43).
Segundo Lacan, será o objeto “a” que fará o sujeito ter a falta e identificar-se
com ela, fundamentando, assim, o conceito de desejo na teoria lacaniana. O desejo
do nada na anorexia é perpassado por essa questão, afinal, querer nada implica que
se quer algo, que se deseja.
Figura 1
Metodologia
Corpus
Este trabalho irá utilizar o filme “Maus Hábitos” (2007) a fim de
obter os dados empíricos necessários para a realização da presente
pesquisa.
A escolha deste material se deu a partir de pesquisa via rede
mundial de computadores, por meio de site de pesquisa, o qual apontou
o referido filme como o mais especifico sobre o fenômeno psicossomático
da anorexia.
O filme conta a história de “Matilde (Ximena Ayala), uma jovem
freira que inicia um jejum místico para impedir uma inundação, que
acredita estar por vir. Elena (Elenia de Haro) é uma mulher linda e magra,
que tem vergonha do peso de sua filha, Linda (Elisa Vicedo), e pretende
fazer de tudo para que ela emagreça até sua 1ª comunhão. Ao mesmo
tempo o pai de Linda, Gustavo (Marco Antonio Treviño), redescobre o
amor nos braços de uma estudante chamada Gordinha (Milagros Vidal),
que também é apaixonada por comida”.
A análise do filme se dará com as personagens: Matilde e Elena,
uma vez que estas retratam a anorexia como um fenômeno
psicossomático, pois ambas se recusam a comer a fim de obter a
satisfação dos seus desejos.
A análise do discurso francesa é o método utilizado para se colher os
dados necessários para a realização da pesquisa. Este método, segundo
Orlandi (2001)
“têm a noção de funcionamento central, levando o
analista a compreendê-lo pela observação dos processos
e mecanismos de constituição de sentidos e de sujeitos,
lançando mão da paráfrase e da metáfora como
elementos que permitem um certo grau de
operacionalização dos conceitos (p. 77)”
A análise de dados terá como embasamento teórico, os seguintes
conceitos:
A posição do sujeito de acordo com Orlandi (2001) “é ao mesmo
tempo livre e submisso. Ele é capaz de uma liberdade sem limites e uma
submissão sem falhas: pode tudo dizer, contanto que se submeta à língua
para sabê-la. Essa é a base do que chamamos assujeitamento (p.50)”.
O recorte (Orlandi apud Laureano, 2008) que se define como:
“uma unidade discursiva: fragmento correlacionado de
linguagem – e – situação (...) A idéia de recorte remete a
noção de polissemia e não à informação. Os recortes
são feitos na (e pela) situação de interlocução, aí
compreendido um espaço menos imediato, mas também
de interlocução, que é o da ideologia” (sic) (p.44).
O interdiscurso ‘compreende a memória que antecede o dizer do
sujeito, o pré construído que atravessa todo discurso’ (Laureano, 2008
p.72). E ainda, segundo Orlandi (2001) “O interdiscurso é todo o conjunto
de formulações feitas e já esquecidas que determinam o que dizemos
(p.33)”.
Segundo M. Pêcheux (1975) apud Orlandi,
“podemos distinguir duas formas de esquecimento no
discurso. O esquecimento número dois, que é da ordem
da enunciação: ao falarmos, o fazermos de uma
maneira e não de outra, e, ao longo do nosso dizer,
formam-se famílias parafrásticas que indicam que o
dizer sempre podia ser outro. (...) O outro esquecimento
é o esquecimento número um, também chamado
esquecimento ideológico: ele é da instância do
inconsciente e resulta do modo pelo qual somos
afetados pela ideologia” (p.34 e 35) (grifo meu).
“A formação discursiva se define como aquilo que numa formação
ideológica dada – ou seja, a partir de uma posição dada em uma
conjuntura sócio-histórica dada – determina o que pode ou não ser dito
(Orlandi, 2001 p. 43)”. Assim, a partir da eleição de recortes e
mapeamento das posições sujeito e formações discursivas, buscaremos
entender de que modo o desejo pelo nada se apresenta na construção
das personagens do filme que propomos analisar.
Cronograma de execução
O trabalho será realizado no período de 12 (doze) meses, com início
previsto em Junho de 2011 até Maio 2012. Segue abaixo, a tabela
ilustrativa das fases em que serão realizadas cada momento da pesquisa e
o respectivo mês para a sua realização.
Fases Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai
Pesquisa
bibliográfica
X X X X
Coleta de
dados
X X
Transcrição
de dados
X
Eleição de
recortes
X
Análise dos
recortes
X X X
Produção
de relatório
X X
Apresentação
em congresso
X
Publicação de
artigo
X
Custos
Esta pesquisa terá o seu valor custeado no total de R$ 164,00. Os quais
serão distribuídos da seguinte maneira:
a) aluguel do filme “Maus Hábitos”: mínimo de 3 locações no valor
unitário de R$: 6,00 reais o dia, totalizando R$ 18,00.
b) Compra de livros, que totaliza R$ 146,00:
- Psicossomática e psicanálise (Roger Wartel e contribuidores) no valor
de R$ 27,00.
- Psicossomática teoria e prática (Geraldo e Caldeira e contribuidores)
no valor de R$ 96,00.
- Análise do discurso (Eni Orlandi) no valor de R$ 23,00.
Posteriormente estes livros serão doados a uma biblioteca pública para a
consulta da população local.
Referências bibliográficas
Carvalho, R.C. (2010). O estatuto do desejo na anorexia. Uma leitura
psicanalítica.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da
Pontifícia
Universidade Católica. Minas Gerais – MG.
Chaves, M. E. (2001). O fenômeno psicossomático à luz da psicanálise. Em
Caldeira, G.
e Martins, J. D. (Org.), Psicossomática Teoria e Prática (2ª ed.) (pp. 82). Rio de
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Chaves, M. E. (2001). O real, o simbólico e o imaginário. Em Caldeira, G. e
Martins, J.
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Rio de
Janeiro/RJ: Editora Médica e Científica ltda.
Laureano, M. M. M. (2008). A interpretação (revelar e esconder sentidos):
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apresentada à
Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de
São Paulo,
SP.
Merlet, A. (1987). Todo órgão determina deveres. Em Wartel R. (Org.),
Psicossomática e
psicanálise. (pp. 17 a 19). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
Miller, J. A. (1987). Algumas reflexões sobre o fenômeno psicossomático. Em
Wartel R.
(Org.), Psicossomática e psicanálise. (pp. 82). Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor.
Orlandi, E. P. (2001). Análise de discurso (3ª edição). Campinas, SP: Pontes.
Simão, Y.D. (2001). A construção do corpo e seus destinos. Uma visão
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Caldeira, G. e Martins, J. D. (Org.), Psicossomática Teoria e Prática (2ª ed.)
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Rio de Janeiro/RJ: Editora Médica e Científica ltda.
Roudinesco, Elisabeth e Plon, Michel (1998). Dicionário de psicanálise. Rio de
Janeiro/RJ: Editora Jorge Zahar Editor.
Valas, P. (1987). Horizontes da Psicossomática. Em Wartel R. (Org.),
Psicossomática e
psicanálise. (pp. 78, 81 e 84). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
Wartel, R. (1987). Que esperam de nós médicos? Em Wartel R. (Org.),
Psicossomática e
psicanálise. (pp. 11). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
Sinopse do filme “Maus Hábitos” retirado dia 20/03/2011, do sitio eletrônico:
http://www.adorocinema.com/filmes/maus-habitos/
Figura 1 sobre a representação do objeto a, retirado dia 24/03/2011, do sitio
eletrônico:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S2072-
06962002000100011&script=sci_arttext
ok! Só faça as pouquíssimas correções e tá prontinho! Parabéns!