Analise sistêmica dos cátions do grupo da prata
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Analise sistêmica dos cátions do grupo da prata
Constituem este grupo os seguintes cátions: Ag+, Hg22+ e Pb2+. Esses íons
são precipitados como cloretos insolúveis pela adição de um pequeno excesso
de HCl diluido, daí o grupo ser conhecido como grupo do cloreto insolúvel.
Nenhum dos outros cátions considerados neste estudo sistemático formam
precipitados nesta condição, de modo que os íons deste grupo são separados
e identificados primeiro na análise de um grupo geral de cátions. Os íons
cobre (I), ouro (I) e Tálio (I) também podem ser incluídos neste grupo pois
formam cloretos insolúveis, porém não são comumente encontrados.
Precipitação do Grupo
As solubilidades dos cloretos de prata e de mercúrio (I) são muito baixas
e estes sais podem ser precipitados, quase completamente, mediante adição de
um pequeno excesso de ácido clorídrico à solução de cátions. O cloreto de
chumbo é muito mais solúvel (Tabela 3.1), só precipitando se a concentração
do íon Pb2+ for elevada. Portanto, bastante chumbo é deixado em solução para
precipitar como sulfeto de chumbo com o 2o grupo de cátions.
O ácido clorídrico é preferido para a precipitação do grupo por não
introduzir cátions (tais como Na+, K+) que deverão ser identificados mais
adiante no curso da análise, e porque cria e/ou mantém uma acidez na
solução. As equações iônicas da precipitação dos cloretos insolúveis são:
Ag+ + Cl- Û AgCl(s)
Hg22+ + 2Cl- Û Hg2Cl2(s)
Pb2+ + 2Cl- Û PbCl2(s)
A solução deve estar suficientemente ácida com HCl para prevenir a
precipitação dos oxicloretos de bismuto (III) e antimônio (III), ambos brancos
e insolúveis em meio aquoso.
Bi3+ + Cl- + H2O Û BiOCl(s) + 2H+
Sb3+ + Cl- + H2O Û SbOCl(s) + 2H+
Além do mais, o excesso de íons cloreto assegura uma precipitação mais
completa dos cloretos deste grupo devido a redução de suas solubilidades
pelo efeito do íon comum. Entretanto, um grande excesso do ácido deve ser
evitado para que não haja redissolução do precipitado devido a formação de
cloro complexos solúveis, fracamente dissociados, com o excesso de íons
cloreto.
AgCl(s) + Cl- Û AgCl2-
PbCl2(s) + 2Cl- Û PbCl42-
Hg2Cl2(s) + 2Cl- Û HgCl42- + Hg(l)
Separação e Identificação do Chumbo
O precipitado resultante da separação dos cátions do grupo da prata é
constituído por uma mistura de AgCl, Hg2Cl2 e PbCl2. Dos íons deste grupo o
chumbo é separado primeiro levando em consideração o aumento da
solubilidade do PbCl2 com a elevação da temperatura. Como demonstrado
através da tabela 3.1, todos os cloretos deste grupo tornam-se mais solúveis
com o aumento da temperatura, mas o efeito só é pronunciado no caso do
PbCl2. Enquanto a 100 oC, 1 ml de água dissolve apenas 0,0021 mg de AgCl,
a quantidade de PbCl2 que se dissolverá em 1 ml de água e a 100 oC será
superior a 30 mg. Como a solubilidade do AgCl e Hg2Cl2 é ainda muito baixa
em temperatura elevada, estes dois cloretos não podem ser detectados pelos
métodos da análise qualitativa. Assim, a água quente dissolve apenas o PbCl2
sólido.
PbCl2(s) Pb2+ + 2Cl-
Como o AgCl e o Hg2Cl2 são insolúveis em água quente, esta diferença
constitui a base para a separação dos íons chumbo dos íons prata e mercúrio
(I).
TABELA 3.1:Solubilidade dos cloretos do grupo da prata em água.
S
AL
KPS SOLUBILIDADE
MOLAR
SOLUBILIDADE
A 25 oC
(g/L)
SOLUBILIDAD
E A 100 oC
(g/L)
H
g2Cl2
1,1.
10-18
6,5.10-7 M 3,1.10-4 1.10-3 a 43 oC
Ag
Cl
1,8.
10-10
1,3.10-5 M 1,9.10-3 2,1.10-3
Pb
Cl2
1,7.
10-5
1,6.10-2 M 4,5 33,4
O cloreto de chumbo solúvel em água quente ou mesmo como
precipitado em água fria é facilmente convertido pelo íon cromato, no
cromato de chumbo menos solúvel e de cor amarelo-brilhante, confirmando a
presença do chumbo.
PbCl2(s) + CrO42- Û PbCrO4(s) + 2Cl- K =
8.1010
O chumbo também pode ser identificado por meio do íon sulfato. Forma-
se um precipitado branco de sulfato de chumbo.
Pb2+ + SO42- Û PbSO4(s)
Separação e Identificação do Mercúrio (I)
O resíduo proveniente da extração com água quente pode ser cloreto de
prata ou de mercúrio (I) ou uma mistura de ambos. Estes dois sólidos diferem
na reação com a amônia. O AgCl é solúvel em amônia. O Hg2Cl2 reage com a
amônia para formar uma mistura de Hg e HgNH2Cl, ambos insolúveis. Este
fato é a base para a separação dos íons prata dos íons mercúrio (I).
A reação da amônia com o AgCl sólido forma o íon complexo solúvel,
diaminprata, Ag(NH3)2+, que é incolor em solução aquosa.
AgCl(s) + 2NH3 Û Ag(NH3)2+ + Cl-
O Hg2Cl2 sofre auto oxidação-redução (desproporcionamento) na
presença de amônia em excesso. Isto produz mercúrio metálico finamente
dividido, que é negro, e amidocloreto de mercúrio (II), HgNH2Cl, branco.
Hg2Cl2(s) + 2NH3 Û Hg(l) + HgNH2Cl(s) + NH4+ + Cl-
A formação do resíduo preto é, em geral, uma indicação suficiente da
presença de mercúrio (I) na amostra original.
Solução contendo: Ag+, Hg22+, Pb2+, Hg2+, Bi3+, Cu2+, Cd2+, H2AsO3
-,
AsO43-, Sb3+, Sn2+, Sn4+, Al3+, Cr3+, Fe2+, Fe3+, Co2+, Ni2+, Mn2+, Zn2+, Ba2+,
Ca2+, Mg2+, K+, Na+ e NH4+.
[HCl 6 M a frio] Proc. 1
P-1: AgCl, Hg2Cl2, PbCl2
branco branco branco
C-1: Cátions dos grupos
seguintes; analisar de acordo
com o Proc. 5.
[água quente] Proc. 2
P-2: AgCl, Hg2Cl2 C-2: Pb2+
Identificação da Prata
A presença do íon prata é confirmada acidificando com ácido nítrico a
solução amoniacal resultante da separação do mercúrio (I). A amônia que se
encontra em equilíbrio com os íons diaminprata é convertida no íon amônio
pelos íons H+ do ácido, deslocando o equilíbrio de dissociação do complexo
para a direta, e os íons prata então se combinam com os íons cloreto da
solução para formar cloreto de prata, branco.
Ag(NH3)2+ Û Ag+ + 2NH3
2NH3 + 2H+ Û 2NH4+
Ag+ + Cl- Û AgCl(s)
Reação global: Ag(NH3)2+ + Cl- + 2H+ Û AgCl(s) + 2NH4
+
Quando o mercúrio encontra-se presente em grande quantidade,
pequenas quantidades de íon prata podem ser perdidas pela redução do
cloreto de prata a prata metálica, prejudicando sua identificação.
2AgCl(s) + 2Hg(l) Û 2Ag(s) + Hg2Cl2(s)
Se o teste da prata é indefinido ou negativo, a prata deve ser investigada
no resíduo negro do tratamento com amônia. Este resíduo é dissolvido em
água régia, que converte a prata em cloreto de prata.
Ag(s) + Cl- + NO3- + 2H+ Û AgCl(s) + NO2(g) + H2O
ou, com excesso de cloreto, no íon dicloroargentato, AgCl2-.
AgCl(s) + Cl- Û AgCl2-
O excesso dos ácidos nítrico e clorídrico é removido por evaporação e
reação:
3Cl- + NO3- + 4H+ Û NOCl(g) + Cl2(g) + 2H2O
Quando a solução residual é diluida em água, a dissociação do AgCl2-
aumenta e o cloreto de prata reprecipita:
AgCl2- Û AgCl(s) + Cl-
A água régia também dissolve a parte de mercúrio do resíduo negro:
3Hg(l) + 12Cl- + 2NO3- + 8H+ Û 3HgCl4
2- + 2NO(g) + 4H2O
2HgNH2Cl(s) + 6Cl- + 2NO3- + 4H+ Û 2HgCl4
2- + 2NO(g) + N2(g) +
4H2O
PARTE EXPERIMENTAL
Procedimento 1: Precipitação do Grupo da Prata
Transfira 10 gotas da solução a ser analisada para um tubo de centrífuga
e adicione 10 gotas de água. Adicione 2 gotas (nota 1) de HCl 6 M [OP-1(a),
OP-2, OP-6] (nota 2) e agite (nota 3). Se formar precipitado (nota 4), deixe-o
sedimentar e teste para precipitação completa adicionando outra gota de HCl
6M (nota 5) à solução sobrenadante. Se a precipitação foi completa, agite a
mistura (nota 3) por um a dois minutos para dar tempo à lenta precipitação do
PbCl2. Centrifugue a mistura, colocando na centrífuga em posição simétrica,
um outro tubo cheio com o mesmo volume de água (OP-7). Retire a solução
límpida com uma pipeta capilar (OP-8), transfira-a para um tubo de
centrífuga e guarde este decantado (C-1), que contém os cátions dos grupos
seguintes, para o Procedimento 5 (nota 6). Lave o resíduo (OP-9) com 5 gotas
de HCl muito diluido (nota 7), adicionando a água de lavagem ao decantado
que está sendo guardado para o Procedimento 5. Utilize o precipitado (P-1)
contido no tubo de centrífuga de acordo com o Procedimento 2.
Procedimento 2: Separação do Chumbo da Prata e do Mercúrio (I)
Ao precipitado (P-1) proveniente do Procedimento 1 (que pode conter
AgCl, Hg2Cl2, PbCl2) adicione 15 gotas de água destilada quente (nota 8) e
aqueça o tubo no banho-maria por 5 minutos, agitando de vez em quando a
mistura. Centrifugue e rapidamente separe a solução do precipitado,
transferindo-a para um outro tubo de centrífuga imediatamente após
centrifugação. Repita esta extração com outra porção de 15 gotas de água.
Reúna os dois centrifugados (C-2), que pode conter Pb2+, e guarde-o para o
Procedimento 3. Lave o precipitado (P-2) duas vezes com porções de 10
gotas de água quente (nota 9), e guarde-o no tubo de centrífuga para o
Procedimento 4.
Procedimento 3: Identificação do Chumbo
Resfrie o decantado (C-2) proveniente do Procedimento 2 e divida-o em
duas porções. A uma porção adicione 1 gota de CH3COOH 6 M (nota 10) e 3
gotas de K2CrO4 0,5 M; um precipitado amarelo (P-3) de PbCrO4 comprova
a presença do chumbo (nota 11). À segunda porção adicione duas gotas de
H2SO4 2 M ; um precipitado branco de PbSO4, que se forma vagarosamente,
é outra prova da presença do chumbo.
Procedimento 4: Separação e Identificação do Mercúrio I e da Prata
Ao precipitado (P-2) proveniente do Procedimento 2 (que pode conter
AgCl e Hg2Cl2) adicione 10 gotas de NH3 6 M, misture completamente,
centrifugue e transfira o líquido sobrenadante (OP-8) para um tubo de
centrífuga, guardando o decantado (C-4) para o teste da prata. Um resíduo
negro (P-4) ou cinza bastante escuro (Hg + HgNH2Cl) confirma a presença
do mercúrio (I). Guarde este precipitado (P-4); ele pode conter prata
elementar.
Ao decantado (C-4), que pode conter Ag(NH3)2+ e Cl-, adicione HNO3 6
M, gota a gota, até a solução ficar ligeiramente ácida (OP-11) ao papel de
tornassol (nota 12). Um precipitado branco de AgCl, confirma a presença da
prata.
NOTAS
1. Geralmente necessita-se de pequenas quantidades de reagentes.
Uma gota (0,05 ml) de HCl 6 M contém 6x0,05 = 0,3 mmoles. Se uma
amostra contém 20 mg de prata, que é uma quantidade elevada, isto é
equivalente a 0,19 mmoles. Assim, uma gota de HCl 6 M fornece uma
quantidade de cloreto mais do que suficiente para a precipitação.
2. Estas referências dizem respeito às técnicas descritas no texto
prático: “Operações e Técnicas da Análise Qualitativa Semimicro”.
3. Uma mistura bem feita é difícil num tubo de centrífuga por causa
da base afunilada do tubo (OP-3). Mexa para cima e para baixo com um
bastão e friccione a parede interna do tubo para induzir a cristalização do
PbCl2, que rapidamente forma soluções supersaturadas.
4. Caso não se forme qualquer precipitado, os íons Ag+ e Hg22+ estão
definitivamente ausentes, mas o íon Pb2+ pode estar numa concentração baixa
demais para precipitar com o 1o grupo (ele aparecerá, então, no 2o grupo) ou o
PbCl2 pode ser supersaturado. A supersaturação é destruida mediante agitação
vigorosa, friccionando-se as paredes internas com um bastão e esperando-se
pacientemente. Espere durante cinco minutos antes de concluir pela ausência
do 1o grupo.
5. Um grande excesso de reagente pode dissolver os cloretos.
6. Se a solução que está sendo analisada só contém cátions do grupo
da prata, este decantado deve ser desprezado.
7. O resíduo é lavado com HCl muito diluído para minimizar a perda
de PbCl2. Dilua num tubo de ensaio, duas gotas de HCl 6 M com
aproximadamente 20 gotas (1 ml) de água e misture bem [OP-3 (a)].
8. Utilize água de um tubo imerso no banho-maria. Comece a aquecê-
lo antes do início da análise de maneira que esteja pronto quando você
necessitar dele. Não utilize água diretamente do banho. Se ele tiver uma
tampa de chumbo, a amostra contamina-se com suficiente chumbo para dar
um falso teste.
9. A menos que seja indicado, as águas de lavagem são sempre
desprezadas.
10. O ácido acético previne a precipitação de outros cromatos como o
CuCrO4 ou o (BiO)2CrO4 , que pode aparecer, se a lavagem do precipitado do
grupo não tiver sido feita com cuidado.
11. Quando grandes quantidades de bismuto estão presentes, tome
cuidado neste ponto da análise. Se você tem alguma suspeita, teste a
solubilidade do precipitado amarelo com NaOH 6 M. O PbCrO4 se dissolverá
ao contrário do (BiO)2CrO4, que é insolúvel.
12. Esta é uma operação muito difícil para o principiante. Perde-se prata,
muitas vezes, caso não se misture bem à solução com o HNO3 e não se
consiga uma reação ácida definida. Se você enxergar uma camada branca
leitosa flutuando no topo da camada transparente, a mistura não foi
suficientemente rigorosa. Observe, particularmente como está indicado em
OP-11, que uma reação ácida falsa pode ser obtida se o bastão de agitação
toca na parte superior do tubo que se encontra molhada com ácido. Misture
da maneira descrita em OP-3 (a).
REAGENTES NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO DO
EXPERIMENTO
Ácidos: HCl 6 M, HNO3 6M, H2SO4 2 M, CH3COOH 6 M.
Bases: NH3 6 M. Sais: K2CrO4 0,5 M.