André João: As bases financeiras deviam ser parte da ... · riência de ser bombeiro voluntá-rio...

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12-09-2019 Jovem pombalense é responsável pela supervisão de uma instituição financeira no Banco Central Europeu André João: "As bases financeiras deviam ser parte da agenda escolar" Cresceu em Pombal, onde realizou grande parte do percurso académico, terminou a licenciatura em Eco- nomia, especializou-se em Banca, Regulação Financeira e Supervisão, e depois de uma experiencia profis- sional na Deloitte e no Banco de Portugal, faz, desde o final de 2016, parte de uma equipa responsável pela supervisão de uma instituição financeira que avalia diariamente os riscos que possam afectar a solidez do banco, em Frankfurt, no Banco Central Europeu. 0 jovem pornbalense, de 29 anos, falou-nos do seu per- curso, da experiência como soldado da paz, nos Bombeiros Voluntários de Pombal, e deixa ainda algumas dicas de literacia financeira. Sabe como poupar? André João explica.. Ana Laura Duarte Até terminar o secundário, o percurso académico de André João foi realizado em Pombal, tendo posteriormente concluído a licenciatura em Economia, na Faculdade de Economia da Uni- versidade de Coimbra, decorria o ano de 2011. enquanto traba- lhava, "terminei o Mestrado em Economia Monetária e Financei- ra no IscrE", três anos mais tar- de, e completou a formação aca- démica com uma pós-graduação em Banca, Regulação Financeira e Supervisão, no ano de 2015. Aos 14 anos inscreveu-se nos Bombei- ros Voluntários de Pombal, on- de permaneceu até aos 21 anos, altura em teve de se mudar para Lisboa, por razões profissionais, no entanto, revela que a expe- riência de ser bombeiro voluntá- rio o "enriqueceu em militas ver- tentes", e frisa o trabalho em equi- pa, "espírito de camaradagem, responsabilidade na tomada de decisões e confiança nas decisões dos outros, capacidade de gestão de stress" e mais importante que tudo, "deu-me amizades que fica- rão comigo para a vida". Ainda durante a licenciatura em Economia, "recebi uma pro- posta para iniciar a minha carrei- ra profissional na Deloitte, em Lis- boa, como consultor fiscal", con- ta o jovem pombalense enquanto explica que integrou os quadros do Banco de Portugal no Depar- tamento de Supervisão Pruden- cial, entre 2014 e 2016. Mas o gos- to pela "nova função, associado à curiosidade em ter uma experiên- cia profissional fora de Portugal, conduziram-me ao Banco Central Europeu", onde começou a traba- lhar no final de 2016, e onde teve a oportunidade de dar "continui- dade às funções que exercia no Banco de Portugal, mas agora de uma perspectiva comunitária e não nacional". "0 principal objectivo da super- visão é assegurar a solvabilidade e a solidez financeira das institui- ções financeiras por forma a ga- rantir a estabilidade do sistema financeiro, visando garantir a se- gurança do dinheiro dos deposi- tantes". É neste contexto que se in- serem as suas funções: "faço par- te de uma equipa responsável pe- la supervisão de uma instituição financeira que diariamente ava- lia riscos actuais e potenciais que possam afectar a solidez do ban- co", explica. O NÍVEL DE LITERACIA FINANCEIRA DOS PORTUGUESES É "BAIXO" O jovem, de 29 anos, mostra-se preocupado com o nível de lite- racia financeira dos portugueses, que assume "ainda baixa, como ficou comprovado pelo Observa- dor Cetelem em 2018, que con- cluiu que apenas 42% dos inqui- ridos considera ter um bom nível de literacia financeira". Questionado sobre a impor- tância destas temáticas para uma boa gestão financeira, André João aponta duas vertentes "funda- mentais" para que exista um bom nível de literacia financeira: "uma mais macro onde falamos do esta- do da economia nacional e mun- dial e que é tema diário nos meios de comunicação social", "e depois uma perspectiva mais prática e quotidiana, em que a literacia fi- nanceira assume um papel fun- damental na gestão do orçamento familiar". No primeiro caso, o es- pecialista em finanças explica que "para percebermos e emitirmos uma opinião precisamos de um mínimo conhecimento de concei- tos básicos como PIB, inflação, ju- ros negativos", por exemplo. O. se- gundo caso, refere-se à "necessi- dade de tomar decisões relaciona- das com créditos, investimento ou poupanças" onde ideal é que se- jam tomadas "decisões bem infor- madas, para o qual é fulcral que tenhamos conhecimentos finan- ceiros mínimos". "AS BASES FINANCEIRAS DEVIAM COMEÇAR A SER CONSTRUÍDAS DESDE CEDO" Dada a importância da literacia financeira na tomada de decisões ao longo da nossa vida, e de forma a contrariar a tendência mostra- da pelo mesmo estudo, que dita que menos de 50% dos portugue- ses consideram ter bom nível de literacia financeira, o jovem pom- balenses acredita que "as bases fi- nanceiras deviam começar a ser construídas desde cedo, deven- do este tema ser parte da agen- da escolar". Por exemplo, "no en- sino básico deveria começar por se ensinar às crianças o conceito do dinheiro, atribuindo mediante determinadas acções previamen- te definidas unidades de moeda, numa fase posterior, "poderia ha- ver uma lista de "produtos" com preços diferentes que as crianças comprariam com as unidades de moeda recebidas, obrigando à to- mada de decisões e definição de prioridades". Desta forma, "a es- cola estaria a proporcionar o pri- meiro contacto com dinheiro e a explicar de forma lúdica concei- tos como poupança e compras", revela, enquanto explica que "a complexidade dos tópicos abor- dados aumentaria paralelamente com a progressão no nível de en- sino, evoluindo para conceitos co- mo taxas de juro, inflação e produ- tos financeiros". "MUITOS PORTUGUESES TOMAM DECISÕES SEM TEREM CONSCIÊNCIA DOS SEUS REAIS IMPACTOS" André João, que está a desenvol- ver trabalho no Banco Central Eu- ropeu, afirma que o maior proble- ma financeiro dos portugueses, é, na sua opinião, a "desinformação, ou seja, voltamos ao baixo nível de literacia financeira". Assim, sem se darem conta, "muitos portugue- ses tomam decisões sem terem consciência dos seus reais impac- tos, seja porque não estão familia- rizados com alguns conceitos, se- ja porque assinaram sem ler, se- ja porque têm vergonha de pedir mais esclarecimentos", e adianta que "as pessoas podem e devem colocar todas as questões que te- nham, seja com o seu gerente no banco, seja com um familiar pro- fissional•da área", até porque "nin- guém é obrigado a conhecer todos os chavões desta área e os profis- sionais têm obrigação de esclare- cer e garantir que o cliente perce- beu que operação está a realizar". Para o jovem pombalenses, o maior erro dos portugueses na gestão das suas poupanças a visão de curto prazo", e explica que "a economia vive de ciclos, o que significa que existirá sempre uma próxima crise". Assim, "quan- do estamos num período de ex- pansão económica, acompanha- do por melhoria de salários, exis- te a tendência para acreditarmos que essa situação se irá manter descurando-se a necessidade de poupar", por esse motivo, "o meu primeiro conselho é que se apro- veitem esses períodos de prospec- ção económica para criar algum suporte financeiro que permita atravessar mais confortavelmente a próxima crise... porque é certo que ela virá", afirma. IMPORTANTE COLOCAR OBJECTIVOS DE POUPANÇA MENSAIS OU ANUAIS" Em segundo lugar, importan- te colocar objectivos de poupan- ça mensais ou anuais". Não pre- cisam de ser demasiado ambicio- sos, o "importante mesmo é reco- nhecer a necessidade de poupar e tornar isso um hábito", algo que se deve "incutir às crianças desde pequenas". O especialista acon- selha a que "os pais incentivem a poupar" e admite que "os mea- lheiros continuam a ser bons pre- sentes para as crianças", uma vez que esta uma parte importan- te da formação delas para que se tornem adultos informados e res- ponsáveis". 711

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12-09-2019

Jovem pombalense é responsável pela supervisão de uma instituição financeira no Banco Central Europeu

André João: "As bases financeiras deviam ser parte da agenda escolar" Cresceu em Pombal, onde realizou grande parte do percurso académico, terminou a licenciatura em Eco-nomia, especializou-se em Banca, Regulação Financeira e Supervisão, e depois de uma experiencia profis-sional na Deloitte e no Banco de Portugal, faz, desde o final de 2016, parte de uma equipa responsável pela supervisão de uma instituição financeira que avalia diariamente os riscos que possam afectar a solidez do banco, em Frankfurt, no Banco Central Europeu. 0 jovem pornbalense, de 29 anos, falou-nos do seu per-curso, da experiência como soldado da paz, nos Bombeiros Voluntários de Pombal, e deixa ainda algumas dicas de literacia financeira. Sabe como poupar? André João explica..

Ana Laura Duarte

Até terminar o secundário, o percurso académico de André João foi realizado em Pombal, tendo posteriormente concluído a licenciatura em Economia, na Faculdade de Economia da Uni-versidade de Coimbra, decorria o ano de 2011. Já enquanto traba-lhava, "terminei o Mestrado em Economia Monetária e Financei-ra no IscrE", três anos mais tar-de, e completou a formação aca-démica com uma pós-graduação em Banca, Regulação Financeira e Supervisão, no ano de 2015. Aos 14 anos inscreveu-se nos Bombei-ros Voluntários de Pombal, on-de permaneceu até aos 21 anos, altura em teve de se mudar para Lisboa, por razões profissionais, no entanto, revela que a expe-riência de ser bombeiro voluntá-rio o "enriqueceu em militas ver-tentes", e frisa o trabalho em equi-pa, "espírito de camaradagem, responsabilidade na tomada de decisões e confiança nas decisões dos outros, capacidade de gestão de stress" e mais importante que tudo, "deu-me amizades que fica-rão comigo para a vida".

Ainda durante a licenciatura em Economia, "recebi uma pro-posta para iniciar a minha carrei-ra profissional na Deloitte, em Lis-boa, como consultor fiscal", con-ta o jovem pombalense enquanto explica que integrou os quadros do Banco de Portugal no Depar-tamento de Supervisão Pruden-cial, entre 2014 e 2016. Mas o gos-to pela "nova função, associado à curiosidade em ter uma experiên-cia profissional fora de Portugal, conduziram-me ao Banco Central Europeu", onde começou a traba-lhar no final de 2016, e onde teve a oportunidade de dar "continui-dade às funções que já exercia no Banco de Portugal, mas agora de uma perspectiva comunitária e não só nacional".

"0 principal objectivo da super-visão é assegurar a solvabilidade e a solidez financeira das institui-ções financeiras por forma a ga-rantir a estabilidade do sistema financeiro, visando garantir a se-gurança do dinheiro dos deposi-tantes". É neste contexto que se in-serem as suas funções: "faço par-te de uma equipa responsável pe-la supervisão de uma instituição financeira que diariamente ava-lia riscos actuais e potenciais que possam afectar a solidez do ban-co", explica.

O NÍVEL DE LITERACIA FINANCEIRA DOS PORTUGUESES É "BAIXO" O jovem, de 29 anos, mostra-se

preocupado com o nível de lite-racia financeira dos portugueses, que assume "ainda baixa, como ficou comprovado pelo Observa-dor Cetelem em 2018, que con-cluiu que apenas 42% dos inqui-ridos considera ter um bom nível de literacia financeira".

Questionado sobre a impor-tância destas temáticas para uma boa gestão financeira, André João aponta duas vertentes "funda-mentais" para que exista um bom nível de literacia financeira: "uma mais macro onde falamos do esta-do da economia nacional e mun-dial e que é tema diário nos meios de comunicação social", "e depois uma perspectiva mais prática e quotidiana, em que a literacia fi-nanceira assume um papel fun-damental na gestão do orçamento familiar". No primeiro caso, o es-pecialista em finanças explica que "para percebermos e emitirmos uma opinião precisamos de um mínimo conhecimento de concei-tos básicos como PIB, inflação, ju-ros negativos", por exemplo. O. se-gundo caso, refere-se à "necessi-dade de tomar decisões relaciona-das com créditos, investimento ou poupanças" onde ideal é que se-jam tomadas "decisões bem infor-madas, para o qual é fulcral que tenhamos conhecimentos finan-ceiros mínimos".

"AS BASES FINANCEIRAS DEVIAM COMEÇAR A SER CONSTRUÍDAS DESDE CEDO" Dada a importância da literacia

financeira na tomada de decisões ao longo da nossa vida, e de forma a contrariar a tendência mostra-da pelo mesmo estudo, que dita que menos de 50% dos portugue-ses consideram ter bom nível de literacia financeira, o jovem pom-balenses acredita que "as bases fi-nanceiras deviam começar a ser construídas desde cedo, deven-do este tema ser parte da agen-da escolar". Por exemplo, "no en-sino básico deveria começar por se ensinar às crianças o conceito do dinheiro, atribuindo mediante determinadas acções previamen-te definidas unidades de moeda, numa fase posterior, "poderia ha-ver uma lista de "produtos" com preços diferentes que as crianças comprariam com as unidades de moeda recebidas, obrigando à to-mada de decisões e definição de

prioridades". Desta forma, "a es-cola estaria a proporcionar o pri-meiro contacto com dinheiro e a explicar de forma lúdica concei-tos como poupança e compras", revela, enquanto explica que "a complexidade dos tópicos abor-dados aumentaria paralelamente com a progressão no nível de en-sino, evoluindo para conceitos co-mo taxas de juro, inflação e produ-tos financeiros".

"MUITOS PORTUGUESES TOMAM DECISÕES SEM TEREM CONSCIÊNCIA DOS SEUS REAIS IMPACTOS" André João, que está a desenvol-

ver trabalho no Banco Central Eu-ropeu, afirma que o maior proble-ma financeiro dos portugueses, é, na sua opinião, a "desinformação, ou seja, voltamos ao baixo nível de literacia financeira". Assim, sem se darem conta, "muitos portugue-ses tomam decisões sem terem consciência dos seus reais impac-tos, seja porque não estão familia-rizados com alguns conceitos, se-ja porque assinaram sem ler, se-ja porque têm vergonha de pedir mais esclarecimentos", e adianta que "as pessoas podem e devem colocar todas as questões que te-nham, seja com o seu gerente no banco, seja com um familiar pro-fissional•da área", até porque "nin-guém é obrigado a conhecer todos os chavões desta área e os profis-sionais têm obrigação de esclare-cer e garantir que o cliente perce-beu que operação está a realizar".

Para o jovem pombalenses, o maior erro dos portugueses na gestão das suas poupanças "é a visão de curto prazo", e explica que "a economia vive de ciclos, o que significa que existirá sempre uma próxima crise". Assim, "quan-do estamos num período de ex-pansão económica, acompanha-do por melhoria de salários, exis-te a tendência para acreditarmos que essa situação se irá manter descurando-se a necessidade de poupar", por esse motivo, "o meu primeiro conselho é que se apro-veitem esses períodos de prospec-ção económica para criar algum suporte financeiro que permita atravessar mais confortavelmente a próxima crise... porque é certo que ela virá", afirma.

"É IMPORTANTE COLOCAR OBJECTIVOS DE POUPANÇA MENSAIS OU ANUAIS" Em segundo lugar, "é importan-

te colocar objectivos de poupan-ça mensais ou anuais". Não pre-cisam de ser demasiado ambicio-sos, o "importante mesmo é reco-nhecer a necessidade de poupar e tornar isso um hábito", algo que se deve "incutir às crianças desde pequenas". O especialista acon-selha a que "os pais incentivem a poupar" e admite que "os mea-lheiros continuam a ser bons pre-sentes para as crianças", uma vez que esta "é uma parte importan-te da formação delas para que se tornem adultos informados e res-ponsáveis".

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