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Publicação da Sociedade Brasileira de Anestesiologia - ANO 60 - N - 03/2010 - mai/jun Anestesia em revista Sociedade Brasileira de Anestesiologia

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Publicação da Sociedade Brasileira de Anestesiologia - ANO 60 - N - 03/2010 - mai/jun

Anestesiaem revista

Sociedade Brasileirade Anestesiologia

Nesta EdiçãoNesta Edição

ExpedienteExpedienteAnestesia em revista é uma publicação da

Sociedade Brasileira de Anestesiologia

Departamento de Anestesiologia da Associação Médica Brasileira

Rua Professor Alfredo Gomes, 36 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ CEP: 22.251-080 - Tel.: (21) 2537-8100 - Fax: (21) 2537-8188

Conselho Editorial: Carlos Eduardo Lopes Nunes, Nádia Maria da Conceição Duarte, Sylvio Valença de Lemos Neto, Henri Braunstein, Edno Magalhães, José Mariano Soares de Moraes e Airton Bagatini

Diretor Responsável: Airton BagatiniFoto da Capa: 41a Jornada de Anestesiologia do Brasil Central

Programação Visual: Ito Oliveira Lopes - 12516-DRT/RJ - Wellington L. R. LopesEquipe Editorial: José Bredariol Jr, Marcelo Marinho, Marcelo Sperle, Mercedes Azevedo e

Rodrigo MatosJornalista Responsável: Eliane Belleza - Reg. Prof. 20902-122-51-FENAJ

Impressão e Acabamento: MasterGraph - Tiragem: 9.000 - Distribuição gratuita.IMPORTANTE: Cadastre seu e-mail na SBA

Visite o site da SBA na Internet: www.sba.com.br - [email protected]

Os artigos publicados na Anestesia em Revista são de inteira responsabilidade dos seus respectivos autores.

Editorial• Visibilidade cientifica da RBA, Diretoria da SBA _______________4

Artigos• Sociedade Brasileira de Anestesiologia: época de

pensar e agir em relação à saúde ocupacional do anestesiologista, Gastão F. Duval Neto ______________________5

• Futuro da anestesiologia daqui a 40 anos, Carlos Alberto da Silva Junior ____________________________ 11

• Cenário dos congressos brasileiros de anestesiologia, José Abelardo Garcia de Meneses ________________________ 13

• Se não tem tú, vai de tú mesmo, ou o anestésico local do futuro, Maria P.B. Simonetti ______________________ 14

• Regras deontológicas para o distrato e a desmobilização das cooperativas de trabalho médico, Adriana de Alcântara Luchtenberg ________________________ 18

Notícias• Curso de Capacitação a Distância em Anestesiologia

da SBA para Progressão Funcional de Médicos do Ministério da Educação e Cultura _________________________ 25

• Informe aos Médicos em Especialização do ano de 2006 ____ 25• Espaço AMB – Desastres ________________________________ 26• Aprovados na prova do TSA - primeiro semestre ____________ 26• Homenagem póstuma ___________________________________ 27• Obituário ______________________________________________ 27• Calendário Científico da SBA _____________________________ 27

Regionais• SARGS comemorou 60 anos _____________________________ 28

Novos Membros _____________________________________ 29

Responsabilidade SocialONG Repartir dá apoio a tratamento de crianças carentes ______ 30

4 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista

EDITORIAL

Apartir de maio deste ano, você receberá um número diferente da Revista Brasileira de Aneste-

siologia (RBA), que pretende inaugu-rar um novo modelo de editoração.

Em 2008, nossa revista científi ca foi indexada no banco de dados Me-dline, cuja responsável e mantenedora é a norte-americana National Library of Medicine.

Essa foi, sem dúvida, uma grande conquista que agregou valor à RBA. Além disso, a indexação propiciou que autores brasileiros com vincu-lação universitária, que necessitam apresentar uma produção regular de publicações em periódicos indexa-dos, passassem a enviar mais artigos à RBA, em vez de submetê-los direta-mente a publicações estrangeiras por falta de uma opção nacional.

Apesar do enorme passo que essa etapa representou, temos ainda uma longa jornada pela frente, qual seja, a de aumentar o índice de impacto de nossa revista. Esse índice é medido através de complexos cálculos reali-zados por instituições internacionais especializadas e visa quantifi car, em úl-tima análise, a importância relativa que um determinado periódico apresenta perante a comunidade científi ca na-quela área específi ca do conhecimento humano. Dessa forma, o fator primor-dial no cálculo do impacto de um pe-riódico é o número de vezes que seus artigos são citados como referência em publicações também indexadas.

A RBA, que além de indexada ao Medline já consta do portal Science Direct, muito consultado

por autores estrangeiros, não está usufruindo ao máximo toda essa exposição, pois, embora seja tri-língue, o idioma que aparece em primeiro lugar, em cada artigo, é o português. Como a indexação se dá através do primeiro idioma da publicação, nossa visibilidade científica está atrelada ao portu-guês, que, infelizmente, não é um idioma com grande penetração no mundo editorial.

Por essa razão, depois de minu-ciosa análise feita em conjunto pela diretoria da SBA, pelo editor-chefe da RBA e pela empresa editora Elsevier, foi decidido alterar a ordem dos idio-mas dos artigos, colocando o inglês em primeiro lugar, numa ação que al-meja modifi car a indexação da RBA

Visibilidade científica da RBA

e, com isso, seu grau de exposição a instituições e a autores estrangeiros. Espera-se, em decorrência, aumentar seu índice de impacto.

A capa, entretanto, permanecerá com o predomínio do idioma portu-guês, pois isso não interfere na inde-xação dos artigos.

Não se trata, portanto, de perda de identidade da RBA, mas sim de adequação às exigências do contexto científi co-editorial, que reverterá em maior reconhecimento internacional e, consequentemente, no aumento do poder de atração de autores e artigos de qualidade para nossa revista.

A RBA continuará, como sempre, brasileira. Mas, agora, o mundo vai conhecê-la melhor.

Diretoria da SBA

Diretoria da SBA 2010

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 5

Os atuais estudos epidemio-lógicos sobre a saúde ocu-pacional de médicos têm centrado seus principais

objetivos na detecção e na análise de prevalência das patologias de origem somática e/ou psíquicas, como as pa-tologias degenerativas, cardiovascula-res, tóxicas e infecciosas, o burnout, as depressões psicogênicas e a depen-dência química, entre outras. Por outro lado, fi ca muito evidente quão pouco tem sido realizado, de maneira efetiva, em relação à geração e manutenção de uma situação de bem-estar ocupacional do médico, entre os quais o anestesiologista, durante a prática clínica diária.

Especificamente na área da saúde ocupacional do anestesiologista, o conhecimento profundo sobre os riscos das patologias somáticas e/ou psíquicas, adqui-ridas ou exacerbadas pela prática médica clínica, re-sultou em um elevado grau de diagnóstico e conduta na profilaxia ou no tratamento destas. Embora seja importante a conscientização dos aneste-siologistas de que ainda é muito falho o enfrentamento reivindicatório na busca de melhores soluções para esse tipo de situação, essa falta fica mais evidenciada no que se refere à viabilização efetiva de um sistema de suporte para tratamento e manutenção do anestesiologista enfermo, isso por parte de estruturas associativas, estatais, governamentais e políticas, entre outras.

Se analisarmos de maneira cronológica alguns dados sobre saúde ocupacional do médico e, em particular, do anestesiologista, poderemos chegar a conclusões realmente preocupantes e, por vezes, até alarmantes.

Vejamos algumas informações sobre a in-cidência de patologias ocupacionais tratadas

pelo reconhecidamente competente sistema de atenção à saúde do médico canadense durante o ano de 2002 (Qua-dro I):

O OMA Physician Health Program é um de serviço canadense de assistên-cia ao médico com patologias ocupa-cionais que mantém características de confi dencialidade. No ano de 2000, foi estabelecido o Canadian Medical Asso-ciation Center for Physician Health and Occupational Well-being, instituição que conferiu maior credibilidade e efeti-vidade às atividades e reivindicações do OMA.

Os dados epidemiológicos mostrados no Qua-dro I evidenciam uma prevalência significantemen-te mais elevada para as doenças com características psicopatológicas, ligadas à prática médica (ocupa-cionais), quando comparadas com as patologias ocupacionais estritamente somáticas resultantes de infecções, irradiações, contaminações e inalações de gases, entre outras.

Sociedade Brasileira de Anestesiologia:época de pensar e agir em relação à

saúde ocupacional do anestesiologista

Gastão F. Duval Neto

Quadro I – OMA Physician Health Program 2002 Annual Report

Por Gastão F. Duval Neto*

ARTIGOS

6 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista

sendo estas geradoras de graus elevados de pato-genicidade. Entre essas características, podemos citar e enfatizar os perigos do surgimento de si-tuações crônicas de fadiga e de elevado nível de estresse ocupacional, que podem estar presentes tanto na prática clínica da anestesiologia como também nos centros de formação dos jovens pro-fi ssionais dessa área (centros de ensino e treina-mento e residências médicas - SBA e MEC).

No Brasil, a Escola Paulista de Medicina, através de seu setor de tratamento de dependência química em médicos, a Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad), apresenta recente casuística, ex-posta no Quadro II, com um N de 57 pacientes com evidência clínica de signifi cante prevalência de adição química de drogas opioides (52,6%), álcool (22,8%) e benzodiazepínicos (29,8%) em anestesio-logistas.

A dependência química a esse tipo de droga, principalmente aos opioides, torna o tratamen-to de recuperação do médico adicto bastante dificultado e, muitas vezes, frustrante, principal-mente em razão de o fator etiológico resultar em alterações significantes na formatação da codifi-cação genética celular no sistema nervoso central (up and down regulation neuronal). Essa altera-ção patológica genético-fisiológica do neurônio (principalmente em estrutura do sistema límbi-co) resulta na adoção de uma atitude patológica

caracterizada pelo desencadeamento da busca incon-trolável pela droga e pela satisfação advinda de seu uso Baseado no sucesso assistencial obtido

nos cuidados com a saúde ocupacional e bem-estar ocupacional do médico no cana-dá, o Dr. Michael Myers, clinical professor of the Dept. of Psychiatry, University of British Columbia, através da Canadian Me-dical Association (CMA), editou um livro que alerta sobre fatos que potencialmente elevam a incidência dos vários tipos de pa-tologia ocupacional, bem como fontes de recursos para o diagnóstico, tratamento e suporte no Canadá (Figura 1). Certamente esse é um dos exemplos a ser seguido por outras instituições.

Algumas características inerentes à prática da anestesiologia nos tempos modernos po-dem resultar em certas correlações bastante signifi cantes com patologias psicogênicas,

Figura 1 – Livro editado pela CMA – Canadian Medical Association

Quadro II – Relação da drogas utilizadas pelos médicos anestesiolo-gistas adictos

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 7

Quadro III – Correlação entre dependência química e comorbidades

(busca intensamente compulsiva e sem senso crítico por obtenção de uma situação de transição entre up e down regulation no sistema central, principalmente o sistema límbico, resultando em atitudes agressivamente compulsivas, com cognição e senso crítico totalmente alterados). Somado ao exposto, outra dificuldade na recuperação de anestesiologistas adictos aos opioides é a livre possibilidade de acesso à droga dentro dos centros cirúrgicos e das salas de recuperação pós-anes-tésica.

Outra valiosa informação científi ca e epidemiológica fornecida pela Uniad pode ser observada no Quadro III, o que evidencia a correlação entre a dependência química em anestesiologistas e as comorbidades que mais frequentemente a acompanham.

Como foi salientado anteriormente, pode ser evidenciada, por meio do Quadro III, a grande probabilidade da correlação entre pa-tologias psicogênicas desenvolvidas durante o exercício da anestesiologia (como fadiga, depressão e burnout) com a Síndrome de De-pendência Química.

Os anestesiologistas envolvidos com a for-mação médica devem ter, muito presente, a no-ção da potencialidade em relação à mortalidade de jovens residentes adictos químicos. Estudo publicado mostra a elevada mortalidade de resi-dentes de anestesiologia tratados dentro de um

serviço especializado no tratamento para adic-tos nos Estados Unidos (Quadro IV).

A síndrome da burnout (estafa) constitui um quadro bem defi nido, caracterizado por exaus-tão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal (Carlotto MS, Gobbi MD. Síndrome de burnout: um problema do indiví-duo ou do seu contexto de trabalho? Aletheia, 1999; 10:103-14). A exaustão emocional repre-senta o esgotamento dos recursos emocionais do indivíduo, sendo considerado o traço inicial da síndrome e decorre, principalmente, da so-brecarga e do confl ito pessoal nas relações inter-pessoais e no desempenho de suas funções pro-fi ssionais. A despersonalização é caracterizada pela insensibilidade emocional do profi ssional, que passa a tratar clientes e colegas como obje-

tos. A presença desse sintoma é fundamental para o diagnóstico da síndrome de estafa (burnout), já

que suas outras características podem ser encontradas nos quadros depressivos em geral. Por fi m, a redução da reali-zação pessoal (ou sentimento de incompetência) revela au-toavaliação negativa associada à insatisfação e infelicidade com o trabalho.

A professora De Keyser e seu grupo de psicofi siolo-gistas/anestesiologistas da Universidade de Liège, na Bél-gica, evidenciaram, de maneira eloquente, não somente a incidência elevada da síndrome de burnout em anes-tesiologistas belgas, mas, principalmente, sua potenciali-dade em atingir, de maneira intensa, faixas etária abaixo

Quadro IV – Casuística de centro de tratamento de residentes de anestesiologia adictos químicos – elevada mortalidade

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de 30 anos. No nível da idade citada, os anestesiologistas em pauta, na maioria das vezes, estão em seu período de formação básica, isto é, durante os programas de treina-mento na especialidade. Esse fato real eleva a responsa-bilidade das entidades e de seus dirigentes envolvidos em formação médica para com esse tipo de problema, que apresenta graves repercussões não somente para a saúde do jovem profi ssional como também para a segurança do paciente (como veremos as evidências a seguir, no Qua-dro V).

Outro fator que envolve a segurança do ato anestésico é a presença de fadiga em anestesiologistas. Essa realidade fi cou bem evidenciada através de um estudo realizado com o objetivo de avaliar essa correlação (fadiga versus segurança no ato anestésico), por meio de simulação realística, conforme fi ca demonstrado nos Quadros VI e VII.

A partir da década de 1990, vários movimentos de cunho científi co, formativo e assistencial, basea-dos em dados epidemiológicos alarmantes sobre a saúde ocupacional do médico, têm sido defl agrados, tendo como principal objetivo, além de criar uma consciência mundial sobre esse tema, estruturar me-canismos que, de alguma forma, modifi quem a rea-lidade atual.

O início do movimento de conscientização para os problema psicogênicos em saúde ocupacional, em âmbito mundial, foi propiciado pela publicação de trabalhos e editoriais no Br J Med e no Wes-tern J Med , como também por meio de afi rmativas

como a mostrada no Quadro VIII, que enfatizam a incidência de que 45% de todos os médicos cana-denses estão acometidos da síndrome de burnout e em estado avançado.

A realidade atual mostra, sem sombra de dúvida, tendência exacerbada da comunidade associativo-cien-tífi ca na execução de pesquisas epidemiológicas sobre as patologias psicogênicas de etiologia ocupacional já estabelecidas em relação a possibilidade do desenvol-vimento de atitudes que promovam a saúde do pro-fi ssional antes do estabelecimento da patologia. Outra opção de abordagem desse complexo problema de saúde ocupacional do médico seria a criação de siste-mas de suporte à saúde profi ssional do anestesiologis-ta, através do estabelecimento de políticas institucio-nais e governamentais, em prol de atitudes que visem à profi laxia da doença de etiologia ocupacional. Essa premissa pode ser simplifi cada no título de um edi-

torial escrito pelo Dr. Gavin Yamey, publicado no Br J Med, 2001; 322:252, com o título de: “We should move away from a disease model and focus on positive function.”

O crescimento de nosso interesse em relação à saúde ocupacional do anestesiologista data do ano de 2000, a partir do qual estamos tentando entender, de maneira real, esse tipo de situação, alertando para o fato de que tem signifi cante prevalência na vida do anestesiologista clínico. As ações desenvolvidas nesse sentido tiveram o suporte da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), através do Comitê de Saúde Ocupacional, e da World Federation of Societies of Anesthesiologists (WFSA), através de seu Professional Well-being Work Party (PWWP).

Quadro V – Trabalho que evidencia a prevalência da incidência da síndrome de burnout em relação à idade do anestesiologista

Quadro VI – Trabalho que evidencia, através de simulação, a correlação entre presença de fadiga e erros médicos

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 9

Quadro VII – Resultados que evidenciam a diferença entre os grupos estudados no que se refere à incidência de lapsos durante o ato anestésico

Quadro VIII - Estudo que evidenciam a incidência de síndrome de burnout em médicos canadenses

• Através da Professional Well-being Work Party, na World Federation of Societies Anesthesio-logists, desenvolvemos uma pesquisa com 120 sociedades membros dessa entidade, através da utilização de um questionário visando identifi car o nível de incidência e os tipos de abordagem utilizados por essas sociedades em relação à saú-de ocupacional do anestesiologista.

Os resultados prévios do estudo em pauta já evi-denciam que um percentual superior a 90% das so-ciedades membros da WFSA consultadas considera a síndrome de burnout um problema de elevada incidência entre os anestesiologistas pertencentes a seus quadros de associados e, de maneira para-

• Através do Comitê de Saúde Ocu-pacional da SBA, desenvolvemos uma pesquisa epidemiológica, asso-ciada à profa. Isabelle Hansez, PhD, Department of Work Psychology, University of Liège, Bélgica, com o principal objetivo de avaliar o nível de estresse ocupacional e o grau de adaptabilidade às condições de tra-balho dos residentes (R1, R2 e R3) e seus preceptores nos programas de ensino e treinamento SBA e MEC.

Os resultados do trabalho em pauta foram sintetizados no Quadro X, a seguir.

Quadro IX – Trabalho epidemiológico realizado pelo Comitê de Saúde Ocupacional da SBA

Quadro X – Resumo dos resultados da pesquisa desenvolvida pela Comissão de Saúde Ocupacional da SBA

INCIDÊNCIA DE LAPSOS CLÍNICOS NOS DOIS GRUPOSINCIDÊNCIA DE LAPSOS CLÍNICOS NOS DOIS GRUPOS

INÍCIO DA SIMULAÇÃOINÍCIO DA SIMULAÇÃO

10 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista

Quadro XI – Resultado parcial de pesquisa desenvolvida pela PWWP sobre saúde ocupacional nas sociedades membros

Quadro XII – Resultado parcial de pesquisa desenvolvida pela PWWP sobre saúde ocupacional nas sociedades membros

doxal, somente 14% delas desenvolvem algum tipo de estratégia de abordagem para essa síndrome (Quadros XI e XII).

Um editorial publicado no BMJ, 2003; 326:670-671(29 de março), sinteti-za, de maneira muito ade-quada, nosso pensamento em relação à atitude das sociedades de anestesiolo-gia perante as situações de bem-estar ocupacional do anestesiologista:

“Doctors, their well-being, and their stress It’s time to be proactive about stress and prevent it”, Jenny Firth-Cozens, special adviser on modernization of post-graduate education.

As entidades envolvi-das com a formação médica (AMB/SBA/universida-des) e/ou com a prática médica (CFM/sindicatos/cooperativas) devem entender que a repercussão das alterações na saúde ocupacional do médico e do residente implica não somente alterações graves de sua saúde somática e psíquica do anestesiologista, mas também altera, de maneira intensa, a segurança do ato médico (anestésico), fato que envolve tanto o anestesiologista como os pacientes cirúrgicos.

Figura 2 – Foto que representa a situação de fadiga/burnout presente na prática clínica da anestesiologia em todo o mundo

*Gastão F. Duval Neto é presidente da Comissão de Saúde

Ocupacional da SBA e Chair of the Professional Well-being Work

Party of WFSA.

Para concluir, precisamos mudar a situação do cérebro representado na Figura 2 no sentido de promover a pre-servação de sua saúde somática e psíquica e, consequen-temente, garantir a segurança dos pacientes cirúrgicos no período perioperatório (Figura 2).

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 11

em geral e nas observações clínicas variáveis. O uso empírico das drogas anestésicas vem sendo renovado por modelos farmacodinâmicos, farma-cocinéticos e farmacogenéticos.

A monitorização de 40 atrás con-sistia apenas na obtenção indireta e intermitente da pressão arterial, na coloração de mucosas, no dedo no pulso e na ausculta pulmonar. A in-formática ainda não era aplicada em nossos aparelhos eletrônicos. Quem pensaria, na época, no uso de medi-dores de pressão arterial plestimográ-fi cos, nos oxímetros de pulso ou nos capnógrafos?

Enquanto esse aprimoramento trouxe inquestionável segurança ao ato anestésico, outros problemas fo-ram surgindo, pois esses monitores com fi os elétricos, alarmes e sons estridentes desviam nossa atenção, podendo nos levar a erro ou de má interpretação clínica.

Recentes avanços em procedimentos minimamente invasivos têm infl uencia-do a anestesia moderna e continuarão na prática futura. Pacientes e cirurgiões têm expectativa de recuperação e alta hospi-talar rápidas (fast-track), para assegurar o conforto e minimizar os efeitos cola-terais. Drogas intravenosas, através de bolos intermitentes e infusões contínuas, serão substituídas por novos métodos “científi cos”. As pesquisas de novas dro-gas substituirão as atuais, e os padrões de injeção, agora baseados na prática, ocor-rerão através de modelos matemáticos.

Novos analgésicos serão desen-volvidos, para atuar em receptores específi cos (periféricos, medulares e cerebrais), sem provocar náuseas ou depressão respiratória. A nanotecno-

Acabo de completar 40 anos em anestesiologia; continuo atuan-do, não esperava estar traba-

lhando como estou.Escolhi esse tema porque, às vezes,

sou questionado por colegas sobre o futuro da anestesiologia. Apesar de não ter uma bola de cristal e não prati-car a futurologia, vou ousar expressar algumas opiniões. Daqui a 40 anos, a maioria dos que leram este artigo não estará mais praticando nossa especiali-dade. Por que então se incomodar com a prática da anestesiologia em 2050?

Em 2050, ou seja, nos próximos 40 anos, que parecem muito longos mas, nesse mesmo espaço de tempo pas-sado, o legado de muitos colegas foi extremamente importante para todos nós, bem como o progresso tecnoló-gico de nossa indústria e as invenções, que também foram vertiginosos.

Ao longo desses anos, experimen-tamos uma série de mudanças que nos ajudam a vislumbrar o futuro da anestesiologia; e não é difícil lembrar os problemas que a tecnologia resol-veu e entrever os muitos que advirão.

Há 40 anos, os agentes anestésicos eram limitados. O éter era usado e o halotano despontava. Dos venosos, os mais utilizados eram os tiobarbi-turatos e a morfi na, e o fentanil já surgia. A farmacologia conseguiu nos prover de uma série de novos anes-tésicos, eliminando progressivamente seus efeitos adversos e promovendo maior controle sobre as concentra-ções plasmáticas. Apesar de esses novos agentes serem mais refi nados, o modo de administrá-los ainda per-siste como outrora – as dosagens são baseadas na ação sobre a população

A anestesiologia daqui a 40 anos

Por Carlos Alberto da Silva Júnior*

“Prever é muito difícil, principalmente o futuro.”Neils Bohr

logia também será aplicada nos solven-tes das drogas e nos líquidos voláteis, que poderão ser administrados por via venosa através de microesferas.

Em 1954,1 a mortalidade anestésica era de 1:1.500 anestesias (essa estimati-va foi baseada numa revisão de mortes até 24 horas após a cirurgia, em dez hospitais universitários americanos num período de cinco anos). Hoje a anestesia está muito mais segura e o acesso às estatísticas de mortalidade, mais apuradas. Ainda dependemos de dados pouco explícitos, que podem ser modifi cados porque são incompletos e de difícil acesso. Feldmann2 descreveu o impacto das novas tecnologias de informação que modifi carão o modo pelos quais os maus resultados pode-rão ser acessados num futuro próximo. Atualmente, a mortalidade está entre 0,47-55:100.000 anestesias (Estado Fí-sico, ASA I e IV).3

A maioria dos anestesiologistas foi treinada da mesma maneira, com uma educação médica formal, seguida de aprendizagem adquirida sob a orien-tação de colegas mais experientes. Todavia, nem sempre “experiência é ciência”, e as “boas experiências” ade-quadas para sua época, hoje, podem ser inadequadas. Os “experientes” podem estar distantes da “ciência”, por não praticarem uma educação continuada. Treinamentos em simuladores, como na aviação, vêm sendo desenvolvidos, o que representa boa oportunidade para melhorar o treinamento.

Carlos Alberto da Silva Júnior

12 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista

O futuro da anestesia passa pela criação de novos centros de ensino e treinamento (CET) credenciados e fi s-calizados pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), que vai oferecer novas vagas no mercado de trabalho. A medicina perioperatória já é uma re-alidade em muitos países, e cabe a nós incluir no treinamento de três a quatro anos futuros, com períodos de seis me-ses de terapia intensiva e seis meses de clínica de dor. A dor, que, atualmente, é subtratada por uma plêiade de pro-fi ssionais médicos e paramédicos, nos quais se incluem neurocirurgiões, reu-matologistas e até “doloristas”, deve ser urgentemente encampada pelos serviços de anestesiologia para não a deixarmos “escapar”, como ocorreu com a terapia intensiva.

As revistas de anestesiologia têm proliferado com melhor triagem das publicações através de seus conselhos editoriais e normas para os autores. A leitura de artigos, através da internet, será cada vez mais usual, mas não creio que somente a leitura eletrônica sobreviverá.

Também não haverá mais neces-sidade de aparelhos de anestesia para administrar agentes anestésicos – to-dos eles serão injetados por via venosa, com controle preciso sobre as concen-trações plasmáticas e seus efeitos. Os respiradores terão pouco uso, pois a maioria das drogas não mais provoca-rá depressão respiratória, até porque os procedimentos cirúrgicos já estão sen-do minimamente invasivos. Revascula-rização coronariana e troca de válvulas já podem ser realizadas em pacientes que respiram espontaneamente.

No lugar dos vaporizadores, os anestésicos serão administrados por meio de bombas de infusão compu-tadorizadas. As concentrações alvo-controladas poderão ser mais apura-das para obter o efeito desejado nos sítios de ação. Modelos matemáticos para calcular o ritmo de infusão serão comuns para se conseguirem concen-trações necessárias para combater es-tímulos e obter os efeitos desejados. Monitores transcutâneos não invasivos de concentrações plasmáticas ideais

darão feedback; monitores verdadei-ros de profundidade anestésica pode-rão reconhecer os estímulos neuronais primários e do sistema reticular.

O nível de atividade nos centros ce-rebrais superiores também será mostra-do, e o anestesiologista ajustará drogas altamente específi cas, a fi m de obter o alvo desejado para as vias nervosas e espinhais, que vão produzir sedação ou anestesia adequada para cada tipo de paciente farmacogeneticamente triado. Daqui a 40 anos, através também de modelos mutidimensionais, poderemos calcular o sinergismo entre os vários ti-pos de agente anestésico que sugerirão combinações adequadas, ou seja, seda-ção ou anestesia dirigida alvo-controla-da.4

No futuro, as formas de realizar anestesia terão, ainda, que passar ne-cessariamente por um acesso venoso. Daqui a 40 anos, a robótica permitirá que acessemos uma veia periférica ou central com o uso de ultrassonografi a, múltiplos sensores, fl uxo sanguíneo e refl exão de ondas eletromagnéticas, através da hemoglobina e de outros constituintes do sangue, para aplicar certos artefatos intravenosos. Similar-mente, a entubação traqueal poderá ser realizada por tecnologia robótica, o que nos ajudará a alcançar as vias aéreas de forma rápida e segura. A maioria dos pacientes respirará ar ambiente, e não será necessário oxigênio adicional, pois a depressão respiratória será mínima.5

O impacto da tecnologia em nossa prática tem sido dramática nesses últimos anos. O potencial desta na anestesiologia é limitado por nossa inabilidade clínica de identifi car e resolver os problemas.

Não podemos também esquecer que as tradicionais relações de tra-balho estão se modifi cando e estão se desenvolvendo novas abordagens éticas, médico-legais e de controle de qualidade. Estamos, de um lado, com menos pessoal treinado para admi-nistrar a anestesia, o que exige maior número de profi ssionais, e de outro, sofrendo imposição para redução de custos. Assim, o futuro da anestesio-logia está na medicina perioperatória.

O futuro passa, ainda, por alte-rações dos modelos ora vigentes, aos quais somos apegados. Como especialistas, devemos tomar deci-sões conscientes, agir e direcionar a anestesiologia para que ela sobreviva nos próximos 40 anos. Decisões im-pensadas poderão gerar graves con-sequências. Sem a devida posição e mantendo as regras vigentes, pode ser pior. Devemos nos engajar, juntos com as sociedades e os conselhos mé-dicos, para que sejamos reconhecidos e tenhamos igual lugar entre as espe-cialidades médicas. Deveríamos fazer parte da solução ou do problema?6

As novas tecnologias de adminis-tração de agentes anestésicos serão baseadas em parâmetros infi nitamente mais complexos. Tal é a magnitude de interação desses parâmetros que, por certo, só daqui a 40 anos poderão ser operados em bases científi cas, que exi-girão dos profi ssionais maior e melhor conhecimento do que os empregados atualmente; esse profi ssional será neces-sariamente o médico anestesiologista.

Para fi nalizar, citamos John F. Ken-nedy: “Mudança é uma lei da vida. Aqueles que olham somente para o passado ou para o presente serão cer-tamente os que perderão o futuro.”

Referências

1 - Beecher HK, Todd DP. A study of dea-ths association with anesthesia and surgery. Ann Surg, 149:2-34; 1954.

2 - Feldman JM. Anesthesia technolo-gy. ASA Newsletter, 68:5-6; 2004.

3 - Lienhart A, Auroy Y, Péquignot F et al. Survey of anesthesia-related mortality in France. Anesthesiology, 105:1087-1097; 2006.

4 - Johnstone RE. The future of anes-thesia practices: views from the con-ference on practice management. ASA Newsletter, 71:7-10; 2007.

5 - Murray WB. The future of anesthesia de-livery. ASA Newsletter, 68:7-8; 2004.

6 - Bacon DR. Changing the status quo. ASA Newsletter, 71:1-2; 2007.

*Carlos Alberto da Silva Júnior é anestesiologista do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, SC. Foi professor titular de anestesiologia da Universidade Federal de Santa Catarina, é corresponsável pelo CET Integrado da Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina e ex-Clinical Research Fellow do Hospital Infantil da

Colúmbia Britânica (BC), Canadá.

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 13

Breves considerações sobre o novo cenário dos congressos brasileiros de anestesiologia

Por José Abelardo Garcia de Meneses*

José AbelardoDesde 1996, em pelo menos quatro

oportunidades, foram apreciadas tentativas tímidas de modifi cação

do regulamento dos Congressos Brasilei-ros de Anestesiologia (CBA). A AR/2009, realizada em Salvador, ao aprovar a pro-posta contida no Boletim Agenda, avan-çou um pouco mais e recupera, para a Sociedade Brasileira de Anestesiologia, a responsabilidade de acompanhar o plane-jamento e a execução do maior evento da especialidade no país.

Embora o novo regulamento pas-se a vigorar em 2015, estima-se que o planejamento em médio prazo ve-nha benefi ciar os membros da SBA responsáveis pela manutenção da máquina administrativa por meio da contribuição anual.

Desde a vigência da Resolução nº 1.772/2005, do Conselho Federal de Medicina (CFM), os médicos brasilei-ros, titulados a partir de 1º de janeiro de 2006 como especialistas ou portadores de titulação em áreas de atuação, estão obrigados a se submeterem à certifi -cação de atualização profi ssional, sob pena de perda do registro desses títulos e/ou certifi cados. Daí que a partir do próximo ano, todos devem estar atentos à pontuação mínima a ser acumulada em cada quinquênio, em consequência da participação em eventos presenciais e de educação continuada a distância.

Feitas essas considerações, pode-mos introduzir o tema título deste

comentário. A ser mantida a norma-tiva do CFM, os organizadores dos eventos na área médica devem refl etir cuidadosamente sobre os custos para os respectivos associados, haja vista a crescente demanda de profi ssionais à procura da atualização e da manuten-ção do status quo.

Apesar das facilidades de acesso aos avanços científi cos por meio da rede mundial de comunicação, não é de se desprezar o volume de recursos investi-dos nos eventos na área médica. A títu-lo de ilustração, temos que, em 1995, o CBA custou, ao sócio da SBA, o valor de 240 dólares americanos (conside-rando ser um evento binacional, luso-brasileiro), o equivalente a R$ 220. Em 2009, na mesma cidade, o custo da ins-crição alcançou a marca dos 700 dóla-res (R$ 1.200, com o dólar para compra a 1,7150). O INPC/IBGE acumulado no período entre os dois eventos foi de 115,92%. Outro dado nada desprezível é a remuneração dos médicos brasilei-ros, que acumulam perdas em todos os níveis da relação de trabalho, por contrato ou atividade liberal, o que cria embaraços de ordem fi nanceira à parti-cipação no CBA.

Daí a importância das modifi ca-ções na norma para que ações plane-jadas possam racionalizar os custos dos eventos sem a desqualifi cação científi ca destes. Levando-se em con-ta apenas a variável critérios para os

valores das inscrições, de responsabi-lidade direta da Comissão Executiva, separar os custos das atividades cien-tífi cas e das de lazer e entretenimento é um bom começo.

A imprevisibilidade tem um custo que foge ao controle da melhor organi-zação. E justamente aí reside a possibili-dade da redução signifi cativa de desper-dício. O custo variável do evento social pode ser perfeitamente controlado se disponível para um número limitado de interessados que se planejam e aderem com antecedência à determinada pro-gramação. Isso desonera o conjunto dos que não pretendem ir a todas as reuni-ões sociais e os desobriga de comparecer apenas para cumprir a programação. Na mesma medida, diminui o custo total do evento, reduz o desperdício e propicia a possibilidade de reuniões menores e mais adequadas a vários perfi s de con-gressistas e acompanhantes.

Ao congressista obrigatoriamente caberá apenas o ônus da inscrição à programação científi ca, facultando-lhe a adesão à programação social que melhor lhe aprouver.

*José Abelardo Garcia de Meneses é membro ativo da SBA e da SAEB.

14 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista

Faz quase 120 anos da existência da anestesia regional. E nessa trajetória de tantos progressos

farmacológicos e técnicos não se conseguiu, contudo, afastar o espíri-to maligno que ronda os centros ci-rúrgicos: a toxicidade dos anestésicos locais.

Inúmeros artifícios já foram pensados e muitos utilizados (até a circulação extracorpórea...) em quase um século e meio de história, sem que se conseguisse exorcizar o demônio que amedronta a técnica regional.

Ocorre que não existe toxicidade, absolutamente. E muito menos maus espíritos... Efeitos indesejáveis dos anestésicos locais seria seguramente uma designação mais apropriada, em-bora, na verdade, represente uma in-sinuação sub-reptícia para demonizar os agentes dotados da propriedade de agir em canais iônicos e impedir o curso do impulso nervoso.

Os anestésicos locais anestesiam pura e simplesmente. Ponto e basta. E essa é a fi nalidade precípua desses compostos, os quais, sem ser teleguia-dos, exercem sua extraordinária fi na-lidade, embora sem seletividade: agir com sofreguidão em qualquer mem-brana excitável. E para esse mister, bloqueiam principalmente a entrada do disparador do impulso eletroquí-mico, o íon sódio.

Recentemente, os anestésicos lo-cais estão sendo indevidamente ro-tulados de veneno – uma inverdade tendenciosa que agride a farmacolo-gia. Os anestésicos locais não envene-nam, pois que não provocam sequelas no organismo, e, principalmente, para

a reversibilidade de sua ação, não re-querem a interferência de antídoto ou coisa que o valha.

Por esse motivo, nesses quase 120 anos, esses compostos estão sendo aperfeiçoados, atendendo à busca por sucedâneos da matriz natural das folhas de um arbusto que Deus nos deu.1

Eles progrediram de uma estru-tura mais simples até chegar ao de-senho que resulta da conjunção da cabeça benzoica com o terminal pi-pecolil copiado da cocaína-mãe, que gerou compostos que fecharam o ciclo de desenvolvimento na atuali-dade.1

E os praticantes da anestesia re-gional passaram então a lidar com agentes mais potentes e eficazes, porém, sem seletividade para blo-quear apenas os canais iônicos dos nervos. A ausência de seletividade faz-se sentir quando uma massa razoável de qualquer anestésico lo-cal adentra a circulação por causa da absorção (superdosagem) e/ou de injeção não intencional em va-sos sanguíneos. Então ocorre o bloqueio iônico indiscriminado, e efeitos não desejáveis acontecem em razão de suas ações em todas as membranas celulares excitáveis do organismo.

E a anestesia regional passou a pagar um preço enorme para rever-ter as consequências da indisciplina dos anestésicos locais: e “cesse tudo que a antiga musa canta, pois um va-lor mais alto se alevanta...” Porque o anestésico local acabou de anestesiar o sistema nervoso central e o cardio-circulatório.

Se não tem tu, vai tu mesmo ou o anestésico local do futuro

O alerta para a reversão dos

efeitos indesejáveis na forma

de Orientação Prática

A Sociedade Americana de Anes-tesia Regional (ASRA) tem se preo-cupado enormemente com os efeitos colaterais dos anestésicos locais e pro-cura advertir sua comunidade e, por extensão, o mundo todo, pois seus estudos foram publicados no Regio-nal Anesthesia and Pain Medicina.2

São 41 páginas relacionadas ao tema que resultaram num apanhado sob a forma de uma advertência, o Practice Advisory.2 Um estudo perfeito, bem elaborado, trabalhoso e meritório, pois os participantes não auferiram vantagens pecuniárias. Apenas dois estudiosos que compunham a plêiade de cientistas que foi convocada para participar da feitura do Orientação Prática declararam não haver confl ito de interesse, contudo.

Todavia, observa-se tendenciosi-dade nas recomendações para a rever-

Maria Simonetti

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 15

são da ação sistêmica desses agentes: a rotulação de veneno maliciosamente dada aos anestésicos locais.3 Segura-mente, pela ênfase que o termo pejo-rativo suscita, parece mais uma tenta-tiva para a justifi cativa e a aceitação da emulsão lipídica – o antídoto para o “veneno”!

Curiosamente, existe uma perio-dicidade nas publicações que tratam da intoxicação oriunda dos anestési-cos locais que coincide com o ciclo de desenvolvimento desses compos-tos.1 Por isso, essa orientação não foi a primeira a alertar os praticantes da técnica regional quanto a esses efeitos potenciais. Assim tivemos:

I – A era da cocaína e de seus sucedâneos:

Quando a cocaína foi introdu-zida, suas ações sobre os canais iô-nicos de outras estruturas offshore (fora do local aplicado) causaram êxito letal em grande número de pa-cientes. Isso suscitou a preocupação dos estudiosos quanto ao diagnósti-co e tratamento dos efeitos indese-jados, e durante mais de um século foram estabelecidas diretrizes para reverter essa ação a distância, res-ponsável pelos efeitos desastrosos. Essa ação ocorria porque o agente que escapava do local restrito onde foi aplicado provocava o mesmo efeito que se observa no nervo, qual seja estado de anestesia. Lato sensu os anestésicos locais “anestesiam” todas as membranas de células exci-táveis do organismo, como faz com as membranas das fi bras nervosas. Assim, são atingidos os tecidos mo-difi cados do sistema de condução do coração (marca-passo, fi bras de His e de Purkinje), as estruturas neurais do sistema nervoso central etc., que se “anestesiados” retardam

e/ou impedem a passagem do im-pulso nervoso.

II – A era estereoisomérica ou do carbono assimétrico:

Com a obtenção do desenho químico que resultou no esqueleto pipecolilxilidida – a curiosa con-junção de uma porção da molécula da lidocaína (xilidida) acoplada à estrutura terminal e modificada da cocaína (pipecolil) –, este multipli-cou a oferta de compostos a servi-ço da anestesia regional:

a) em razão da inclusão dos ra-dicas metil, butil e propril, que triplicaram a obtenção de compostos dotados de ativida-de anestésica local;

b) porque um carbono assimétri-co foi incluído na fórmula para conferir duplicação da molé-cula, o que permitiu separação isomérica e combinações atra-vés da manipulação entre isô-meros (simocaína e mixcaína, por exemplo), ampliando, des-sa maneira, a possibilidade de obtenção de outros compostos através da estereoisomeria.1

Os compostos originais mepivaca-ína, bupivacaína e propivacaína, com potências diferentes e longa duração de ação, além de serem efi cazes para o bloqueio do nervo, mostraram também capacidade para as outras entidades de-tentoras de canais iônicos.

Logo, pari passu com a potên-cia bloqueadora a serviço da clínica, qualquer escapada do anestésico local para outras estruturas é motivo para o mesmo mecanismo de ação, porque carece de seletividade. Do que resul-tam efeitos mais dramáticos em fi bras excitáveis, como o já mencionado

sistema de condução do coração, as fi bras de contração miocárdicas e as fi bras nervosas inibitórias do sis-tema nervoso central, quando são “anestesiadas”.

O Relatório Albright agitou os praticantes da anestesia regional ante a severidade do bloqueio que os anestésicos locais mais potentes e de duração prolongada provoca-vam. E as atenções se voltaram para a bupivacaína e a etidocaína, que causavam colapso cardiocirculató-rio severíssimo.

As diretrizes adotadas peran-te os episódios indesejáveis fo-ram focadas na dramática toxi-cidade de reversão difícil senão impossível. Teve participação importante nessas orientações o venerável professor Daniel Moore, de Seatle, Estados Uni-dos, que associou a hipóxia e a acidose induzida pela ação dos anestésicos locais aos “estragos” causados em outras estruturas que não o nervo periférico. E re-comendou a adoção das normas constantes do Advanced Cardiac Life Support, orientação que so-brevive até hoje, sem discussão e sem necessidade de medidas drásticas.

III – A era isomérica pura ou homoquiral:

Com o avanço na separação isomérica, a obtenção da propiva-caína homoquiral (ropivacaína) e a resolução da mistura racêmica da bupivacaína (a levobupivacaína), havia evidência, baseada em expe-rimentos de pesquisas básicas, que demonstrou menor atividade anes-tésica local do isômero esquerdo e, por consequência, menor toxici-dade sistêmica. Existe um consen-

16 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista

so em toda a literatura mundial que aponta diferenças entre isômeros, isto é, o isômero esquerdo é menos tóxico que o direito. Pesquisas brasi-leiras, contudo, contestam essas di-ferenças, criando controvérsia para uma evidência baseada em experiên-cias consagradas.

Todavia, o que era esperado para o nervo seguramente deve-rá reproduzir-se nas outras mem-branas excitáveis, de tal ordem a existir um paralelismo entre a potência bloqueadora do nervo e de outras estruturas dotadas de canais iônicos. Portanto, se um determinado isômero é menos potente para o nervo, será menos potente quanto aos efeitos inde-sejáveis, mesmo que possa causar êxito letal.

Por isso, aconteceu o despontar da emulsão lipídica (e de outras me-didas salvadoras), que, de repente, foi elevada à condição de antídoto para a ação offshore dos anestésicos locais. Não se sabe se a afoiteza em lidar com anestésicos locais ditos menos “tóxicos” tenha aumentado, em alguns países, a estatística de efeitos colaterais. Porém, o desespe-ro em reverter os efeitos indesejáveis aconteceu.

Que critérios são utilizados

para a elaboração do

Orientação Prática para reverter

os “efeitos venenosos” dos

anestésicos locais?

O Orientação Prática conduzido pela ASRA é um trabalho de grande valor científi co e meritório, destina-do a salvar vidas. Para sua elabora-ção, as mais consagradas autoridades sobre o tema foram convocadas, e uma sistematização do trabalho, que compreende metodologia; limita-

ções; histórico; análise da frequên-cia dos modelos e dos mecanismos; prevenção; diagnóstico clínico da to-xicidade sistêmica; tratamento e di-reções futuras (métodos novos para prevenir e tratar a local anesthetic systemic toxicity ou LAST), foi es-tabelecida. Acrescente-se que esta nova sigla, LAST, aparece insistente-mente na Orientação Prática para a reversão dos efeitos indesejáveis dos anestésicos locais.

Pressupõe-se que a sigla LAST deverá ser definitivamente incor-porada mundo afora, como ocorre com outras tantas lançadas pelos ditadores científicos. Porém, mais apropriado para nós seria se ado-tássemos a sigla TSAL – toxicida-de sistêmica dos anestésicos locais – por termos o sal dos mares, nos-sas salinas, o salgadão e o pré-sal. E não seria uma rima; seria uma solução.

A metodologia visou englobar todos os trabalhos realizados em ani-mais e humanos, porém, apenas aque-les escritos em língua inglesa. Com al-gumas exceções, entretanto, trabalhos na língua alemã e francesa, para casos especiais, incluindo aqueles que uti-lizassem os controles randomizados (CRTs), foram incluídos.

Existe, nesse tipo de estudo, uma grande limitação: a impossibilidade de uma avaliação controlada rando-mizada (RCTs – randomized con-trolled trials) vir a ser aplicada, pois é inapropriada para estudos em hu-manos.

Por outro lado, a variedade de espécies animais envolvida nos es-tudos sobre toxicidade difi culta o estabelecimento de uma determina-da causa etiológica para justifi car a gravidade da intoxicação do anesté-sico local. Trabalhos clássicos e in-formações clínicas foram arrolados,

e para dirimir dúvidas, um comitê de notáveis foi designado, a convite da ASRA, para eventualmente en-trar em ação.

Depois de um trabalho árduo, de grande valor científi co, a ASRA pre-senteou os anestesiologistas com as novas diretrizes.2

Todavia, nas entrelinhas, tudo leva a crer que o corporativismo forçou a inclusão da emulsão lipídica como an-tídoto para a ação sistêmica dos anes-tésicos locais.

Emulsão lipídica: pior a

emenda do que o soneto ou

pior o antídoto que o veneno?

Quando o organismo reage depois da tentativa de reanimação cardior-respiratória, o faz apesar da emulsão lipídica. O leitor encontrará mais con-siderações sobre o tema na Anestesia em Revista, 2007.4

Recentemente, a professora Eliane Marisa Ganem discorreu sobre esse assunto na 7ª COPA 2010, em São Paulo, sob o título Terapia Lipídica na Toxicidade por Anestésicos Locais. Com o brilhantismo que particulariza suas falas, a professora nos mostrou alguns aspectos temerosos do uso da terapia lipídica:

1) Contaminação, sobrecarga de volume e sobrecarga de gordura.

a) as consequências, que vão da hiperlipemia à embolia gordu-rosa;

c) pancreatite, hipercoagulabilida-de e aumento de enzimas hepá-ticas, que poderão desencadear lesão pulmonar aguda;

d) uso em pediatria: convulsão; reação alérgica; aumento da PIC.

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 17

2) Finalmente, o tamanho das gotículas, que num crescendo pode:

a) sofrer fagocitose até promover resposta infl amatória;

b) favorecer a coalescência, se houver doses elevadas, o que leva à embolização gordurosa.

A nanotecnologia avança

entre nós

Naturalmente, como proteção para esses efeitos colaterais, a na-nopartícula lipídica foi experimen-tada na reversão da superdosagem da bupivacaína.3 Parece que sua efi -cácia não foi superior à da emulsão convencional.

Enquanto isso, a nanotecnologia ganhou espaço na indústria farma-cêutica brasileira com a novidade que foi apresentada na 7ª COPA: a “nanotecnização” da emulsão lipí-dica para veículo do propofol. Esse veículo “nanotecnizado” reduz as gotículas da emulsão à ordem de 10-9 (dez a menos nove molar), o que deverá prevenir a coalescência gordurosa que leva à embolização microvascular, que pode acontecer com altas doses de propofol. Pelo avanço tecnológico que chegou a nosso país, bem que poderíamos utilizar a emulsão lipídica nanotec-nizada à guisa de experimentação animal!

Mais importante ainda, poder-se-ia confi rmar se a emulsão lipídica convencional, de fato, é o “antídoto” inócuo para o “veneno anestésico local” sem o perigo de “morbidade e/ou de mortalidade pós-ressuscita-ção...”

A inexistência de referências na literatura sobre o acompanhamento (follow-up) dos humanos “salvos”

pela emulsão lipídica a 20% (1,5 mg/kg, seguidos de 0,25mg/kg em infusão contínua) não permite uma discussão mais abalizada sobre se “é pior a emenda que o soneto”, consi-derando o cortejo de efeitos colate-rais do óleo de soja e da gema de ovo injetados na vigência de um colapso cardiocirculatório.

O sal da vida: solução

hipertônica de NaCl a 7,5%

Tais efeitos colaterais passíveis de acontecer com a emulsão lipídica vêm se contrapor ao “salgadão” (cloreto de sódio hipertônico), que “equilibra o desequilíbrio” da homeostase do organismo causado pela “anestesia” de estruturas vitais induzida pelos anestésicos locais. E o faz sem danos e sem a pretensão de ser antídoto. Pena que tem nacionalidade declara-da: brasileira...

O anestésico local do futuro

Se não tem tu, vai tu mesmo, porque a anestesia regional, na verdade, se res-sente do “anestésico local do futuro”, aquela molécula desenhada para ser seletiva apenas para os receptores dos canais iônicos residentes nas estruturas neurais passáveis de serem bloqueados, em benefício da anestesia regional: ner-vos periféricos e espinhais.

E que essa molécula fosse indife-rente ao coração e ao juízo, pois essas duas entidades respondem pela har-monia vital e se dominadas “bagun-çam” a homeostase...

Há muitos anos, quando os rela-xantes musculares deixaram de ser curares, pois passaram a ser filhos do Chondodendron tomentosum e obtidos sinteticamente, pensou-se em criar um descendente que fos-se seletivo para os receptores da

junção neuromuscular, deixando os receptores do diafragma livres. Nunca se conseguiu esse deside-rato, apenas foram obtidos agen-tes de ação mais rápida. Nem por isso os relaxantes musculares são considerados venenos, muito pelo contrário, deixaram de sê-los.

A concepção futurística do

anestésico local “ideal”

Enquanto isso, esperamos que saia do Brasil o anestésico local do futuro, pois aqui não faltam ideias luminosas que podem exorcizar o espectro de-moníaco que paira nas salas cirúrgi-cas... Um anestésico local seletivo e discriminatório seria nosso “tu”... E com ele poderíamos ir...

Assim, a sigla LAST seria a “últi-ma” (na acepção da tradução) apelação para nunca mais ser mencionada, gra-ças ao anestésico local do futuro que discriminaria canais iônicos “indesejá-veis”, livrando-nos dos espíritos malig-nos que andam por este mundo a fi m de perverter as almas... Cor Jesu sacra-tissimum, miserere nobis. Amém!

Referências

1 - Simonetti MPBS. A epopeia do de-senvolvimento dos anestésicos locais. Em: Curso de Educação a Distância em Anestesiologia. Vol. VII; 2007:162-178.

2 - Neal JM et al. ASRA practice advi-sory on local anesthetic systemic toxicity. Reg Anesth Pain Med. 2010; 35:152-161.

3 - Weinberg GI. Treatment of local anesthetic toxicity (LAST). Reg Anesth Pain Med. 2010; 35:188-193.

4 - Simonetti MPB. Emulsão lipídica: bala de prata (silver bullet) ou mar-telo dourado (goldem hammer)? Anestesia em Revista, 2007:18-20.

*Maria P. B. Simonetti é professora de farmacologia do Instituto de Ciências

Biomédicas (ICB) da USP.

18 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista

Opresente artigo tem por ob-jetivo analisar, pelo ângulo da normatização do Código

de Ética Médica, o caso específi co da rescisão dos contratos de pres-tação de serviços médicos fi rmados por cooperativas médicas, cujo obje-to abranja os serviços de urgência e emergência.

A limitação ética à autonomia da vontade do profi ssional médico é tema de extrema relevância para as cooperativas de trabalho médico, à medida que interfere diretamente no desenvolvimento de suas atividades contratuais.

Saliente-se que as mencionadas cooperativas de trabalho médico uti-lizam-se usualmente do contrato de prestação de serviços para concreti-zar seus negócios jurídicos.

Tais contratos têm sido objeto de impasse nos casos de rescisão con-tratual, especialmente nas contrata-ções que envolvem o poder público em que, não raras vezes, não existem profi ssionais médicos sufi cientes para substituir os médicos cooperados e que, mesmo a contratação de tempo-rários, em regime de urgência, acaba levando tempo considerável, persis-tindo a responsabilidade dos médicos cooperados pela prestação dos servi-ços contratados até a efetiva transfe-rência dos serviços.

O contrato de prestação de ser-viços fi rmado pelas cooperativas de trabalho médico é um negócio jurídi-co pelo qual o prestador, no caso a cooperativa, se compromete a reali-zar determinada atividade, consubs-

tanciada com os serviços médicos de seus cooperados, para o tomador ou à sua ordem, mediante certa e deter-minada remuneração.

As partes contratantes possuem deveres que, em função de determi-nação legal ou contratual, devem ser observados durante toda a relação obrigacional e, principalmente, por ocasião de seu rompimento.

Esses deveres são chamados de “deveres laterais de conduta”, e sua inobservância dá ensejo ao nascimento da obrigação de reparação de danos.

O contrato, assim como qualquer outro negócio jurídico, possui um ciclo de existência, o qual se encerra normalmente com o cumprimento das prestações pactuadas, hipótese em que haverá sua extinção normal.

Outras vezes, essa extinção é de-corrência do inadimplemento contra-tual, podendo a cooperativa, nesses casos, em atendimento aos interesses de seus cooperados, optar pela resci-são do contrato de prestação de servi-ços, o que se denomina juridicamente “resolução do contrato”, nos termos do artigo 475 do Código Civil Brasi-leiro.

Nos casos em que haja previsão contratual ou lei que a permita, pode-rá ainda ocorrer a chamada “resilição unilateral”, prevista no artigo 473 do Código Civil, que ocorre quando uma das partes, por meio de comunicação à parte contrária, denuncia o contrato fi rmado.

Em que pese a existência des-sa distinção, para fins didáticos utilizaremos tão somente o ter-

mo “rescisão contratual”, que é de mais fácil assimilação pela população em geral, para ambas as hipóteses, tendo em vista que a dissolução do contrato por fa-tos posteriores à celebração está ligada diretamente à referida ex-pressão, sendo esse o motivo para chamarmos a ação, que pretende extinguir o contrato, de “ação de rescisão contratual”.

Sendo assim, para a formaliza-ção da rescisão contratual, a praxe é providenciar a notifi cação prévia da tomadora dos serviços médicos, in-formando a rescisão contratual, de preferência motivada, e o prazo para a desmobilização dos serviços.

Ressalte-se que a fi nalidade desse prazo é oportunizar a substituição dos profi ssionais médicos, tratando-se de medida que dá garantia à pre-servação dos interesses das partes e dos pacientes.

Regras deontológicas para o distrato e a desmobilização das cooperativas de trabalho médico

Adriana de Alcântara Luchtenberg

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 19

Normalmente, se a atividade mé-dica não fosse uma atividade especial, havendo a notifi cação prévia e decorri-do o prazo exigido pelo contrato para a rescisão contratual, restaria extinto, para a cooperativa e para o tomador dos serviços, o vínculo obrigacional.

A atividade médica possui re-gramentos, características e pecu-liaridades próprias, de modo que a atuação médica foge completa-mente à concepção de “atividade comercial”, adotada por parte sig-nificativa dos tomadores dos servi-ços médicos.

A essência e a natureza da pres-tação de serviços pelo profi ssional médico estão disciplinadas no Códi-go de Ética Médica, com sua última redação, que representa “um com-promisso do médico em favor da so-ciedade e, em particular, do ser hu-mano, como quem conscientemente assume uma dívida no interesse su-perior do conjunto da comunidade”.

De acordo com esse contexto, os médicos cooperados, mesmo estando representados por sua cooperativa, têm que observar, durante todo o tem-po, as determinações do Código de Ética Médica e cumprir seus deveres éticos que, por vezes, geram situações limítrofes à sua atuação profi ssional.

Sendo assim, é preciso conside-rar que toda e qualquer paralisação do atendimento médico em insti-tuições de saúde traz prejuízos à população e constrangimento para quem suspende o serviço, tendo em vista que o serviço de assistência médica e hospitalar é considerado essencial pelo artigo 10, inciso II, da Lei n° 7.783/1989, e passível de responsabilização, conforme o ar-tigo 22 da Lei nº 8.078/1990.

Saliente-se que o constrangimen-to da classe médica fi ca evidenciado também nos casos em que a paralisa-

ção é decorrente da regular extinção do contrato.

Não se olvide que nessas situações a imprensa costuma contribuir e agra-var o constrangimento, atribuindo a responsabilidade pela ausência do serviço exclusivamente aos médicos, o que na maioria das vezes não cor-responde à realidade.

Conforme esse contexto, passa-mos a analisar o caso concreto apre-sentado sob o enfoque do Código de Ética Médica.

Verifi ca-se que, já nos princípios fundamentais, no inciso VI do Ca-pítulo I, o Código determina que:

“VI – O médico exercerá sua pro-fi ssão com autonomia, não sendo obrigado a prestar serviços que con-trariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente.” [grifo nosso]

Mais adiante, no inciso V do Ca-pítulo II, o Código de Ética Médica estabelece que:

“V – (É direito do médico) Sus-pender suas atividades, individual ou coletivamente, quando a instituição pública ou privada para a qual traba-lhe não oferecer condições mínimas para o exercício profi ssional ou não o remunerar condignamente, res-salvadas as situações de urgência e emergência, devendo comunicar ime-diatamente sua decisão ao Conselho Regional de Medicina.” [grifo nosso]

Se continuarmos analisando o texto do Código de Ética, ainda en-contraremos, como limitação ética à autonomia da vontade, os artigos 7º, 8º e 9º que se aplicam a essa mesma situação fática.

O artigo 7º, do Capítulo III, de-termina ser vedado ao médico “dei-

xar de atender em setores de urgência e emergência, quando for de sua obri-gação fazê-lo, colocando em risco a vida de pacientes, mesmo respaldado por decisão majoritária da categoria.” (grifamos)

O artigo 8º do Novo Código de Ética Médica determina, ainda, ser ve-dado ao médico: “Afastar-se de suas atividades profi ssionais, mesmo tem-porariamente, sem deixar outro médico encarregado do atendimento de seus pacientes em estado grave.” (grifamos)

E ainda o artigo 9º acrescenta ser vedado ao médico: “Deixar de com-parecer a plantão em horário prees-tabelecido ou abandoná-lo sem a pre-sença de substituto, salvo por justo motivo.”

Da interpretação desses dispositi-vos, verifi camos a impossibilidade de afastamento do médico dos serviços de urgência e emergência, nos quais são tratados os pacientes em estado grave, sem que haja a efetiva substi-tuição dele por outro colega.

O afastamento do médico do se-tor de urgência e emergência, sem a devida substituição e sem a devida comunicação ao diretor técnico do hospital, para que sejam tomadas as providências cabíveis, constitui in-fração ética, passível de punição pelo conselho da categoria profi ssional.

Não bastasse o médico que abando-na suas atividades, sem se resguardar do efetivo repasse do serviço de urgência e emergência a outros médicos, além de ferir princípios éticos de sua profi ssão, comete infração penal, consubstanciada no crime de “periclitação da vida e da saúde”, na espécie omissão de socorro, e em alguns casos extremos de “homi-cídio culposo”. Veja-se:

“Art. 135. Deixar de prestar as-sistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança aban-

20 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista

donada ou extraviada ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo de vida; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: pena – detenção de 1 (um) a 6 (seis) me-ses ou multa.

Parágrafo único. A pena é aumen-tada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.”

(Código Penal)

Dessa forma, o abandono do pa-ciente pelo médico é um ato negligen-te que, desencadeando resultados da-nosos, repercute na esfera penal, civil e ética do profi ssional.

Por essa razão, a continuidade do atendimento aos setores de urgência e emergência, até a efetiva transferência dos serviços, é questão que transcen-de os limites contratuais.

Isso porque a urgência e a emer-gência são exceções à autonomia da vontade dos profi ssionais médicos e, consequentemente, das cooperativas médicas, e, nesses casos específi cos, o Conselho Regional de Medicina deve ser informado previamente so-bre a rescisão contratual, em face da gravidade dos interesses envolvidos.

Sendo assim, quando não houver a quem repassar os serviços de urgência e emergência, persiste a obrigatorie-dade de atendimento pela cooperativa (no caso pelos médicos cooperados), ainda que já efetivada formalmente a rescisão contratual.

Saliente-se que se trata de regra de cumprimento incondicional, que determina que o médico não pode deixar de atender pacientes em seto-res de urgência e emergência, quando se encontram em condições pericli-tantes, ainda que esteja formalmente rescindido o contrato, tendo em vis-ta que a obrigação decorre de lei.

Porquanto, por serem tão graves e relevantes as repercussões, não basta que a cooperativa proceda na forma prevista no contrato para obter a resci-são contratual e a desmobilização dos serviços de urgência e emergência.

É necessária, como medida pre-ventiva, a notifi cação extrajudicial prévia e concomitante do tomador do serviço e do CRM local, informando a rescisão contratual e a data da des-mobilização dos serviços.

Ainda que não seja exigência ex-pressa do Código de Ética Médica, é recomendável que o diretor técnico do hospital seja notifi cado acerca da operacionalização da rescisão con-tratual, pois é seu dever providenciar a transferência dos serviços a outra equipe médica, conforme determina o parágrafo único do artigo 9º do Có-digo de Ética Médica:

“Parágrafo único: Na ausência de médico plantonista substituto, a di-reção técnica do estabelecimento de saúde deve providenciar a substitui-ção.”

Por sua vez, é dever do tomador de serviços médicos providenciar a contra-tação ou mobilização da equipe médica substituta dentro do prazo estipulado na notifi cação de rescisão contratual por ele recebida e, também, garantir que o referido processo de substituição não afete a qualidade do atendimento prestado ao público em geral.

Com relação às medidas jurídicas a serem adotadas, caso os referidos deveres não sejam cumpridos, ressal-ta-se que o Judiciário pode e deve ser acionado, a fi m de evitar que o mé-dico cooperado acabe tornando-se refém do tomador dos serviços que, sabedor do dever ético do profi ssio-nal médico de manter o atendimento dos casos de urgência e emergência, se omite quanto à imediata substitui-ção da equipe médica.

Vale salientar que os médicos não são obrigados a prestar serviços ad perpetum às tomadoras de serviços, podendo obter judicialmente a fi xa-ção de prazo razoável para a liberação da obrigação de garantir a continui-dade dos serviços das unidades de ur-gência e emergência.

Em tais casos, objetiva-se a tu-tela jurisdicional de caráter man-damental ou cominatória, ou seja, que obrigue o tomador de serviços a adimplir com o dever de contra-tar uma equipe substituta sob pena de multa, e também declaratória, no sentido de eximir o médico do dever de continuar prestando os serviços de urgência e emergência.

O fundamento a ser utilizado é o da preservação do direito do médico de escolher quem prestará as serviços e em que condições, conforme os dis-positivos do Código de Ética Médica supramencionados.

Também judicialmente podem ser fi -xados os parâmetros de remuneração dos serviços prestados após a rescisão contra-tual, caso não haja acordo entre as partes.

Destarte, pela argumentação expos-ta, conclui-se que, independentemente de ter sido formalmente concretizada a rescisão do contrato de prestação de serviços médicos, os serviços de urgência e emergência não podem ser abandonados pelos médicos coopera-dos, até que haja sua efetiva substitui-ção, com a transferência da responsa-bilidade à nova equipe médica.

Por sua vez, há a correlata obriga-ção do tomador de serviços de con-tratar, dentro do prazo apresentado para a desmobilização dos serviços, a equipe que substituirá os profi ssio-nais cujos contratos foram rescindi-dos, sob pena de ser obrigado a fazê-lo por determinação judicial.

Fonte: Dra. Adriana de Alcântara Luchtenberg - OAB/PR 26.222, Montanha,

Alcântara & Advogados Associados.

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NOTÍCIAS

Informe aos Médicos em Especialização de anestesiologia do ano de 2006

A Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) informa aos resi-dentes de 2006 que se encontram em processo de certificação para o título de especialista em anestesiologia (TEA) que, no fim deste ano, se encerrará o prazo para a obtenção de pontuação necessária para que seja concedido o certificado de integrantes dessa turma.

É sugerido que estes se cadastrem no site da CNA (www.cna-cap.org.br) para que possam verificar seus pontos. A SBA ressalta que para reva-lidar o TEA ao final de cinco anos é imprescindível que o médico obtenha 100 pontos e que só é válido obter o máximo de 40 pontos anuais.

Através da Comissão de Educação Continuada (CEC), a SBA ofere-ce diversas atividades a distância para que os colegas possam atingir esse objetivo e apoia ainda eventos presenciais, como as jornadas re-gionais e o Congresso Brasileiro de Anestesiologia, promovidos pelas sociedades regionais.

Fonte: Comissão de Educação Continuada da SBA: Pedro Thadeu G. Vianna, Alexandra R. Assad e Daniel Volquind.

ASBA, através da Comissão de Edu-cação Continuada, desde o início de 2009, colocou à disposição de seus

sócios, em seu portal eletrônico (www.sba.com.br), o Curso de Capacitação a Distân-cia em Anestesiologia (CCAD). Esse curso foi adaptado segundo as normas da Lei nº 11.091/2005, do Governo Federal – Ministé-rio da Educação (MEC), http://www.planal-to.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11091.htm. Ele pode ser aceito para a progressão funcional por capacitação, pois atende aos requisitos exigidos pelo MEC em seu Plano de Cargos e Salários, para os médicos enquadrados na categoria de téc-nicos administrativos, isto é, que não sejam professores.

Os anestesiologistas que tenham car-gos públicos neste ministério podem, com esse curso, ter progressão funcional e melhora em sua remuneração. Para que isso aconteça, basta acessar o portal da SBA e assistir às aulas do Curso de En-sino a Distância, na área de Educação Continuada, do portal da SBA. Cada aula corresponde a duas horas de curso. Para pleitear a progressão funcional para o ní-vel II, é necessário realizar um curso com carga horária de 120 horas; para o nível III, um curso de 150 horas e para o nível IV, um curso de 180 horas. Para cada aula realizada, é necessário que se faça uma avaliação, através de questionário já exis-tente, e para a aprovação, o aluno deverá obter nota mínima de sete.

O Curso de Capacitação em Aneste-siologia a Distância deverá ter duração mí-nima de três meses. O sócio poderá obter o certifi cado de capacitação em qualquer época do ano, desde que complete o nú-mero de horas exigidas. As aulas realizadas em um ano poderão ser somadas às reali-zadas no ano seguinte, caso o aluno não tenha completado o número mínimo de aulas em um mesmo ano.

Curso de Capacitação a Distância em Anestesiologia da SBA para Progressão Funcional de Médicos do Ministério da Educação e Cultura

Todas as aulas do Curso de Ensino a Distância poderão ser utilizadas para esse fi m, inclusive as dos anos anteriores.

Ao completar o número mínimo de aulas para a progressão, o anestesiologista deverá solicitar, por escrito, à Secretaria da SBA, a emissão de seu certifi cado, que lhe será enviado por via postal, acompanhado do conteúdo programático do curso e o respectivo conceito obtido em cada aula.

Desde 1/1/2009, todos os que rea-lizaram essas aulas já estão automatica-mente cadastrados e registrados no ban-co de horas da SBA.

O intervalo permitido pelo MEC entre uma progressão e outra é de 18 meses, e ape-nas é possível progredir do nível I para o II, do II para o III e do III para IV, sequencial-mente. Assim, cada anestesiologista só pode-rá solicitar à SBA um certifi cado anual.

Muitos profi ssionais desconhecem que, além dos cursos de especialização, mestra-do e doutorado, outros cursos podem agre-gar valor curricular e gerar ganhos em sua remuneração. Dessa forma, além de cum-prir a missão institucional de promover a formação e a atualização técnico-científi ca de seus associados, a SBA contribui para a ascensão profi ssional deles através do plano de cargos e salários do Ministério da Edu-cação e Cultura do governo brasileiro.

Dra. Nádia Maria da Conceição DuarteVice-Presidente da SBANádia Duarte

26 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista

Desastres

Em nosso planeta não há lu-gar seguro. E confirma-se a impressão de que os de-

sastres tornam-se cada vez mais frequentes.

Os conflitos têm se multiplica-do, sejam eles militares ou deter-minados pela desestruturação da sociedade civil. Não raro, a segu-rança deixa de acompanhar o de-senvolvimento tecnológico e, dire-ta ou indiretamente, têm-se dele decorrentes situações incontrolá-veis e tragédias de grandes pro-porções. O adensamento popula-cional em áreas de risco faz, hoje, incontáveis vítimas, quando antes incidentes naturais pareciam ter impacto mais limitado.

Deixamos o século das gran-des guerras sem otimismo, ven-do crescerem as divergências e a beligerância entre as nações. A violência civil aumenta, ultrapas-sando os limites das manchas de miséria que cobrem a periferia das metrópoles. Do cotidiano ca-ótico do trânsito às tragédias pro-vocadas pelos acidentes aéreos; dos surtos epidêmicos de novas e antigas doenças aos vazamen-tos das usinas nucleares e perfu-rações offshore; das inundações

e dos incêndios, dos furacões, dos terremotos e dos tsunamis a deslizamentos e desabamentos, somando-se as mudanças cli-máticas, prevenir nem sempre é possível. Reduzir o risco, todavia, certamente o é. Não resta dúvida da importância de nos preparar-mos para a adversidade. Ainda que não surja entre os que nos cercam de imediato, atingir-nos-á hoje ou amanhã do que ontem po-deríamos supor. Muito mais cedo, ainda, que quiséssemos evitá-la.

Seja qual for a natureza do de-sastre, ele nos impõe obrigações. Muito mais a nós, médicos, que a outros. Ainda que segurança, comu-nicação, transporte e tantas outras necessidades sejam prementes, a atenção à saúde é preocupação fundamental, haja vista a invariável implicação que têm os desastres na sobrevivência dos seres humanos. À medida que nos qualificamos para tratar de ameaças à vida, espera-se de nós conselho, ação e espírito de solidariedade, intrínsecos à arte da Medicina. Portanto, temos de nos preparar para tanto.

Preparação é também ter recur-sos humanos e materiais necessá-rios no lugar e no momento exigi-

do. Entre os muitos mais de 300 mil médicos hoje ativos em nosso país, é premente classificá-los pela disponibilidade temporal e geográfi-ca, estratificando-os pela especiali-dade e pelas competências poten-cialmente úteis em situações de catástrofe. Fazer-lhes, em primeiro lugar, reconhecer o risco para que possam se proteger e transmiti-lo aos demais. Depois, treiná-los para atuar de forma concertada com os tantos atores essenciais e nas va-riadas circunstâncias que podem sobrevir. Organizar os esforços da comunidade médica civil em conso-nância com as demais instituições de atenção à saúde, em posição estratégica como as militares. In-tegrar, também, nossos esforços à comunidade médica internacional e estarmos presentes quando o momento surgir.

Temos diante de nós missão extensa, difícil e complexa. Que não se pode procrastinar, nem deixar em segundo plano. Assume aqui a Associação Médica Brasi-leira mais essa missão, a serviço da vida, pela profissão médica.

Fonte: José Luiz Gomes do Amaral, Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB).

Adriano Ramos Campagnoli _______ RJ

Alfredo Guilherme Haack Couto ____ RJ

Angel Soubhie __________________SP

Bráulio Fortes Mesquita _________ MG

Bruno Ferreira Monteiro __________ RJ

Bruno Schröder Nascimento ______ SC

Camila Machado de Souza ________SP

Carlos Darcy Alves Bersot _________ RJ

Carlos F. Panisset Lanhas La Cava _ RJ

Carlos Kleber Oliveira de Santana __BA

Cláudia Panossian _______________SP

Cristiane Tavares ________________SP

Cristiano Hiroshi Vieira Horiguchi __ MG

Daniel Cunha da Trindade ________ RJ

Daniel Varoni Schneider __________SP

Lista de Aprovados na Prova Oral - 1º Semestre 2010 para Obtenção do Título Superior em Anestesiologia

Dennis Brandão Tavares __________PR

Eduardo Piccinini Viana ___________SP

Fabiano Tadashi Shiohara ________PR

Fábio Farias de Aragão __________ MA

Fernanda Salomão Turazzi Pécora __SP

Flávio Lobo Maia _________________CE

Guilherme Campos Soares Quintas _PE

Gustavo Bachtold _______________ SC

Gustavo Bertoni de Toledo _______ SC

Gustavo Rodrigues Bonheur ______ AM

Leonardo Graever ________________ RJ

Loreany Rubira dos Santos ________SP

Lúcio Antonio Garcia Dias _________SP

Marcello de Souza Silva ___________SP

Mauricio Augusto Viceconti ________SP

Mauricio Daher Andrade Gomes ____DF

Neise Apoliany Martins __________ MG

Núbia Campos Faria Isoni ________ MG

Patrícia Fernandes Calves _________SP

Pedro Luis Vaz de Lima Mattos _____SP

Rafael Dias de Almeida ___________ RJ

Renata da Cunha Ribeiro _________ MG

Ricardo Caio Gracco de Bernardis __SP

Samuel Santana de Morais ________SP

Sérgio Teixeira Sant`Anna Junior ___ RJ

Silvia Katlauskas Muraro __________SP

Thiago Appoloni Moreira __________SP

Thiago de Freitas Gomes __________SP

Tolomeu Artur Assunção Casali ____ MG

ESPAÇO AMB

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 27

Calendário Científico da SBA

NOME MATRÍCULA ANO/ADMISSÃOAntonio Luis Denadai 14703 19/04/2004

José de Aquino Oliveira 2012 05/07/1968

Leonardo Castro Agueda Lopes 17192 06/05/2009

Maria do Carmo Burin Sammartino 11083 08/05/1995

Oziel de Souza Lima 4710 11/06/1977

Walter Viana 84 11/05/1949

OBITUÁRIO

2010

AGOSTO: 5, 6 E 7 - XI JORNADA DE ANESTESIOLOGIA DE MOSSORÓ XVIII JORNADA NORTE RIO GRANDENSE DE ANESTESIOLOGIA - MOSSORÓ/RN

12 A 14 – 41ª JABC – JORNADA DE ANESTESIOLOGIA DO BRASIL - CENTRAL. POCONÉ/MT.

20 A 22 - XVI JOCAN - JORNADA CEARENSE DE ANESTESIOLOGIABEACH PARK RESORT - AQUIRAZ/CE

SETEMBRO: 09 A 12 - XVIII JAEPE - PORTO DE GALINHAS

24 A 25 - 23ª JORBA – JORNADA BAIANA DE ANESTESIOLOGIA - COSTA DO SAUÍPE /BA

24 A 26 - 21ª JOMA - JORNADA MINEIRA DE ANESTESIOLOGIA - JUIZ DE FORA /MG

OUTUBRO: DE 16 A 20 – ASA ANNUAL MEETING. SAN DIEGO, CALIFÓRNIA,/EUA.

NOVEMBRO: DE 20 A 24 – 57º CONGRESSO BRASILEIRO DE ANESTESIOLOGIA. PORTO ALEGRE/RS.

Odia 2 de julho de 2010 ficará inde-levelmente marcado em minha me-mória e na de todos os que tiveram

o privilégio de sua amizade, por um aconte-cimento que trouxe, em seus primeiros mo-mentos (duas da madrugada) uma carga emocional muito intensa, a morte do com-panheiro e amigo-irmão de três décadas – Oziel de Sousa Lima, o “Mossorozinho”, como o chamavam seus amigos do apeli-dado “Hotel Bufete”, na verdade uma repú-blica de estudantes universitários localiza-da numa estreita rua no centro de São Luís do Maranhão onde passou seus primeiros tempos de estudante de medicina.

Exatamente nessa cidade que não foi o berço natal dele nem o meu, mas que aprendemos a amar como se tivesse sido, a amizade começou por obra e graça do destino. Nesse prolongado convívio e gra-ças a seus esforços, aprendi a gostar de política associativa e por ela me apaixonei, e ao lado de Oziel e de um punhado de jo-vens à época engrossamos as fileiras das associações médicas, dos conselhos de medicina e de nossa querida Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), na qual, após ocupar cargos em comissões e na di-retoria, chegou à presidência em 1997.

Oziel fez tudo o que tinha direito de fazer nesta vida, tinha postura assertiva na defesa de suas convicções que, por vezes, foi mal compreendida e, por conta disso, enfrentou dificuldades com alguns colegas. As dificuldades não lhe assusta-vam, pelo contrário, serviam como moti-vação para a busca de soluções.

Inquieto, inteligente e pouco dado ao descanso, trabalhava em várias fren-tes e sempre a inovar envolveu-se com os distúrbios do sono, um campo novo a ser explorado pelos anestesiologistas brasileiros, atividade à qual, ultimamen-te, ele se dedicava.

A companhia de Ana Cristina lhe foi fundamental, pois o amor que esta lhe devotou a vida inteira foi a fonte na qual o guerreiro bebia para repor a energia que empregava nos árduos combates que en-frentou ao longo da caminhada. Do casa-mento com Ana vieram Oziel Filho, Eduar-da (Duda) e Tiago. Duda lhe proporcionou a alegria incontida de conviver com a neta Valentina e o neto Vinícius.

Os ventos juvenis vindos da Baía de São Marcos, que lhe batiam a fronte ao percorrer as escadarias da rua do “Hotel Bufete” na direção da faculdade, também lhe trouxeram os ecos do Romantismo In-dianista de Gonçalves Dias e os versos do poeta lhe serviram de apanágio em seu dia a dia ao travar os bons combates de sua caminhada, sem esmorecer, sem

se abater, como o poeta escreveu:“Não chores, meu filho; /Não cho-

res, que a vida/É luta renhida:/Viver é lutar./A vida é combate,/Que aos fracos abate, /Que os fortes, os bravos/Só pode exaltar.” (Gonçalves Dias, “Can-ção do Tamoio”, Cântico I)

Acometido por um câncer intestinal dis-seminado aos 57 anos, foi operado e, uma semana depois, estava no Congresso Bra-sileiro de Anestesiologia. Jamais se ouviu de sua boca uma queixa, uma lamúria, um gesto de revolta sobre o que lhe havia acon-tecido; mesmo consumido pela doença, seu ritmo de vida não amainou. Dias antes de se submeter à que seria sua última cirurgia, promoveu uma noite de autógrafos na qual lançou seu último livro de histórias. Passa-dos três dias, operou-se, atravessou o desa-fio cirúrgico, acordou, falou com familiares e amigos; parecia que, novamente, sairia vitorioso de mais um embate. Ledo enga-no! Sua missão terrena estava acabada, embora ele disso não soubesse. Abatido pela baixa imunidade, seu organismo não conseguiu vencer a sequência de eventos pós-operatórios, os órgãos não mais obede-ciam à harmonia da vida, as insuficiências

se seguiram, a homeostase tornou-se im-possível e, finalmente, o guerreiro tombou ante a inevitabilidade da morte, mas com a dignidade dos heróis, sem permitir que fos-se submetido à indignidade da distanásia, caiu rápido, como um tronco ceifado, como contado nos versos do poeta:

“E cai como o tronco/ Do raio tocado,/Partido, rojado/Por larga extensão;/Assim morre o forte!/No passo da morte/Triunfa, conquista/Mais alto brasão.” (Gonçalves Dias, “A Canção do Tamoio”, Cântico IX)

E assim partiu Oziel de Sousa Lima. À família e aos amigos restaram seu legado que o imortalizou e a saudade do convívio diário. Rezo para que Deus, tendo-o rece-bido em uma de suas moradas, o guarde pela vida eterna. Requiescat in pace.

Dr. Carlos Alberto de Souza Martins - Presidente SBA, 1991

Homenagem póstumaOziel de

Souza Lima

28 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista

REGIONAIS

No dia 11 de junho, os sócios da Sociedade de Anestesiologia do Rio Grande do Sul (SAR-

GS) comemoraram o 60° aniversário da entidade em um encontro especial. Cerca de cem anestesiologistas, com seus familiares, celebraram a data em um jantar realizado no Espaço Três Figueiras, em Porto Alegre.

Na ocasião, o presidente da SAR-GS, Daniel Volquind, destacou a união contínua da sociedade, uma das primeiras regionais após a criação da SBA. “A sociedade está completando hoje 60 anos e esse é um momento muito especial, não só como atividade associativa, mas também pela defesa e pela luta por melhores condições de trabalho para a categoria. Atual-mente, temos quase 600 sócios, o que torna nossa união forte e diferente, se pensarmos em todo o meio médico.”

Em seguida, Volquind convidou os anestesiologistas homenageados da

noite, entre ex-presidentes e remidos, para receber o reconhecimento sim-bólico pelo trabalho desenvolvido pela categoria. São eles: Aldo José Peixoto, Cézar Lorenzini, Florentino Mendes, Fernando Squeff Nora, Gastão Fer-nandes Duval Neto, José Vicente Pra-do e Adria Fátima Simões Giacomet.

No encontro, foram sorteadas, en-tre os sócios, uma inscrição para o 57º Congresso Brasileiro de Anestesiologia (CBA), que neste ano será realizado no Rio Grande do Sul, e a hospedagem de um fi m de semana em Gramado como oferecimento da Tribeca Turismo. Os ganhadores foram,

SARGS comemorou 60 anos de atividades em jantar com sócios

respectivamente, Ronei Bittencourt Machado e Valfredo Rômulo Berton.

Seis décadas de história

Há 60 anos, a SARGS congrega os anestesiologistas que exercem a especialidade no Rio Grande do Sul. Atualmente, o número de sócios se aproxima dos 600, e a entidade se constitui na regional da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) no estado, sendo fi liada à Associa-ção Médica do Rio Grande do Sul. Atua na regulamentação de padrões de comportamento ético da catego-ria e no estímulo do aprimoramen-to da pesquisa através de avalia-ções e trabalhos realizados com os Centros de Ensino e Treinamento (CET). Além disso, estimula o de-senvolvimento e o aprimoramento da cultura técnica e científi ca; fo-menta e desenvolve o intercâmbio científi co e associativo com entida-des afi ns; organiza e patrocina ati-vidades científi cas; promove, a cada três anos, a Jornada Sul-brasileira de Anestesiologia; fi scaliza e exige o cumprimento das normas vigentes no Estatuto da SARGS e da SBA e defende a ética e os interesses pro-fi ssionais de seus associados.

Os sócios da SARGS comemoraram o 60° aniversário da entidade com um jantar no Espaço Três Figueiras, em Porto Alegre

Diretoria da SARGS

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 29

AtivoAntonio Celso Gomes de S. Barros FilhoBianca Lindenberg Braga NobregaCarolina Baeta Neves Duarte FerreiraCintia Reina Grisan TomalDaianne Ferreira de FreitasDaniel Gioielli de CastilhoDaniela Vania DorighelloEduardo Borges Rocha PyrrhoEduardo Lagreca TeixeiraFabiana Castilho Silva e SousaJonh Herbert de Oliveira RochaJuliano Cruz TamiassoLeonardo Henrique Cunha FerraroLuis Felipe Ximenes NogueiraMaíla Fernanda Silva PardiMarcello Nobrega Gadelha de QueirogaMarcelo Waldir Mian HamajiMarcos Henrique Lopes da CostaRenata Fatureto Borges WatanabeRenata Lucia CaladoRenata Monteiro de Barros LopesTaísa Maia de Queiroz

Aspirante-AdjuntoAdrianno Bastos Silva AlvesAna Carolina BuenoIucy Sabrina Magalhães VelosoLuiz Carlos Hack Radünz VieiraRicardo Macedo de OliveiraRodrigo Kersten Lopes

AdjuntoAlessandra FelippinArlete Cristina da CruzDionísio Corpa Frozoni NetoFábio Barcelos SilvaFelipe André Carreira FeijóManuela Pinheiro Arruda de AraújoPriscila Mesquita de SouzaRaphael de Mauricio RosaRoberto Rêgo de AlmeidaSaulo da Silva CabralUbirajara de Lima e Silva

AspiranteAdelson da Silva Pimenta JuniorAdler Ferreira MaiaAdriana de Pinho CarvalhoAlberto de Souza Ramos

Aldemar Kimura JuniorAlexandre Antonio da SilvaAlexandre José Sales GomesAline Andréa de OliveiraAmanda Giraldi MaryamaAna Paula Ssantana HuangAndré Angelo CintraArtur da Costa Milach JúniorCamila Frota BarrosoCamila Lima FerreiraCamila Sampaio ChiarantanoCarlos Eduardo Carvalho SabinoCésar Carvalho da SilvaCesar de Souza NeucampCibele Cristina LucianoCinara da Silva RicardoClarissa Stefan GebrimDaiana de Souza GomesDaniel Diniz CorreiaDaniel Stefenoni de CarvalhoDanieli Rodriguez PereiraDanielli Verissimo de MirandaDanilo Carmo RezendeDanylo Mendes AmaranteEdnardo de Negreiros FreitasEduardo Carvalho FilhoEmanuela LambardiEmily Almeida BorgesEmmanuel Carvalho SedaEnery Gutiery Justino SantosFabiana Fontes VieiraFabiano Loiola SantosFabio Augusto Devora GarridoFabricio Rocha GomesFelippe Batista SoaresFernanda Cristina Rodrigues CriscuoloFernando Palhano de BortoliGabriela de FigueiredoGiovanne Santana de OliveiraGuilherme Rocha FerrazGustavo Machado ColliHelder Marcus Costa RochaHenrique Barreto BellusciHenrique César Carvalho RibeiroHugo Hidaka BoulhosaHugo Romeiro BrumIgor MazarJanaina de Almeida Japiassu AlvesJoão Paulo Fernandes Lira HolandaJoão Paulo Martins GregoJoaquim Martins Correia NetoJosé de Santana NetoJuliana Cristina ReisJuliana Dantas de Lira Gondim Freire

Juliana Lima TôrresJúlio Basílio de Araújo LiraLeandro Bertini MonteneriLeandro Costa MenezesLeandro Sodre Xavier da SilvaLeonardo Rodrigues BarbosaLeticia Leal de Oliveira SantosLigia Theodoro da SilvaLilian Tavares Esteves de CarvalhoLucas Borges BarrosLucas Guizilini FerreiraLuciana Andrade GuimarãesLuis Cláudio Corrêa LobatoLuiz Marcelo Pianchão AraújoManoel Menezes da Silva NetoMarcelo Barcellos RéduaMarcelo Donizetti Grama MourtheMarcelo dos Anjos ReisMárcia Carvalcanti CarneiroMarcos Cruz Pereira FilhoMarcus Vinicius Figueiredo LourençoMarcus Vinícius Santana SantosMariana de CarvalhoMariana IshibashiMateus Bressan CorrêaMatheus Tardelli AlkminMatias Augusto de CarvalhoNadya Regyna Silva PortoPedro Américo Coelho LoureiroPedro Monferrari Monteiro ViannaPoliana Valery Sanzi GarciaRafael Druzzili PelizaroRamsés Antônio F.B.Bastawros FilhoReinaldo Urbani JuniorRêisalla Verli de SouzaRenato Ormonde SundfeldRicardo Freitas LealRicardo Lima MachadoRodrigo Pedro Fausto de LimaRomulo Gomes Cathalá LoureiroTais OziThiago Augusto Mahon BragaThiago da Costa Lago AlvesThiago dos Santos BatistaThiago Esgalha SartoriThiago Rodrigues JacintoTiago Queiroz Carvalho dos SantosTomaz de Aquino Neto SegundoVinicius Barros Duarte de MoraisVinicius Vilela AbudVitor Fernando EugênioViviane Gebara BergamaschiWagner de Paula RogérioWendel Pereira BragaWilse Melo de Souza

NOVOS MEMBROS

30 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Uma organização não gover-namental (ONG) que apoia socialmente crianças que pas-

sam por tratamento de saúde, dan-do suporte a elas. Esta é a Repartir –Associação de Apoio às Crianças do Hospital Municipal Jesus. A ONG fi ca localizada no hospital, em Vila Isabel, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Seu objetivo principal é dar apoio às crianças na alta hospita-lar, ajudando às famílias que não têm condições de arcar com a despesa de seus tratamentos, e, dessa forma, ten-tar romper o ciclo alta e reinternação.

Fundada em 12 de junho de 2002, a Repartir já atendeu mais de 825 crian-ças. Atualmente, dá assistência a 81 portadoras de patologias graves, cuja maioria esteve internada no Hospital

ONG Repartir dá apoio a tratamento de crianças carentes

Municipal Jesus, e outras com passa-gens pelo ambulatório do hospital.

“Os médicos encaminham es-sas crianças para nosso atendimento quando verifi cam que são extrema-mente carentes e que poderão ter o tratamento domiciliar comprometi-do caso não tenham apoio em casa, como alimentação adequada, leite comum ou especial e mesmo condi-ções básicas de moradia”, conta Ester Pontes, vice-presidente da ONG.

Para tanto, uma assistente social da ONG entrevista a mãe da criança, ana-lisa o pedido do médico e identifi ca as necessidades de cada uma delas. “Após a visita, procuramos entender, mais detalhadamente, as carências daquela família, como a falta de fi ltro d’água, cobertores, ventiladores, móveis, uten-

sílios do lar e eletrodomésticos; além disso, encaminhamos as mães para que realizem alguns cursos profi ssionali-zantes, como artesanato, cabeleireiro, manicure e confecção de bijuterias, e para a rede de serviços disponível no município e nos arredores da cidade do Rio de Janeiro”, conta Ester.

A Repartir conta com o apoio de pessoas e entidades para manter a aju-da às crianças, entre elas a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) e vários voluntários que atuam em di-versos setores na instituição.

Quer colaborar com as ações da Repartir? Faça contato! Endereço: Rua Oito de Dezembro, 717, Vila Isabel, Rio de Janeiro/RJ - CEP 20550-200. Telefone: (21) 2234-9791. Site: http://www.repartir.org.br/participar.htm

Desde a sua criação, a Repartir já atendeu mais de 825 crianças e suas famílias

FOTOS: Divulgação Repartir

DATA DESCRIÇÃO

ELEIÇÕES DIRETORIA E CONSELHO FISCAL - SBA

20/08/2010 a 20/09/2010 Período de inscrição de chapas para eleições da Diretoria e Conselho Fiscal.

20/8/2010 Limite para regularização SBA e Regional para os associados interessados em participarem das eleições.

19/11/2010 Limite para recebimento de votos postais para as eleições da Diretoria e Conselho Fiscal.

ASSEMBLÉIA GERAL

23/8/2010 Convocação para a Assembléia Geral.

21/11/2010 - 11:00 h Assembléia Geral para eleição da Diretoria, Conselho Fiscal e aprovação das contas.

21/11/2010 - 11:30 h Assembléia Geral para alterações Estatutárias.

21/11/2010 Limite para regularização com a SBA e Regional dos membros ATIVOS que queiram participar da Assembléia Geral.

ASSEMBLÉIA DE REPRESENTANTES

22/9/2010 Convocação para a Assembléia de Representantes.

22/9/2010 Limite para regularização com a SBA e Regional dos associados que serão indicados por suas Regionais como representantes e/ou suplentes.

23/8/2010 Limite para envio pelas Regionais, à secretaria da SBA, listagem de membros quites com a Regional, para cálculo do número de Representantes da AR.

30/9/2010 Limite de envio dos relatórios para o Boletim Agenda (Diretoria, Comissões, Comitês, Conselhos e RBA).

Até 22/09/2010 Divulgação do número de Representantes de cada Regional para a Assembléia de Representantes.

20/11/2010 - Até 13:00 h Entrega à secretaria da SBA, no CBA, pelos Presidentes das Regionais, da lista de Representantes e Suplentes de suas Regionais.

21/11/2010 - Até 11:00 h Disponibilização das credenciais de representantes e suplentes para os presidentes de Regionais.

21/11/2010 - 13:00 h Sessão de Instalação.

21/11/2010 - Até 13:00 h Devolução da lista de Representantes e Suplentes, devidamente assinada para liberação da bancada.

23/11/2010 - Até 17:00 h Disponibilização do material da AR para os Presidentes, na secretaria da SBA, no CBA.

24/11/2010 - 13:00 h Sessão de Ordem do Dia.

24/11/2010 - 13:00 h Até o início da Sessão de Ordem do Dia poderão ser substituídas credenciais Representes por Suplentes.

REUNIÕES DA DIRETORIA EM JORNADAS REGIONAIS

14/8/2010 19:00 h - Presidentes de Regionais (Convidados: Cooperativas e FEBRACAN)

REUNIÕES DA CET DURANTE JORNADAS REGIONAIS

14/8/2010 08:00 h - Responsáveis Região Centro Oeste / 10:00 h - Médico em EspecializaçãoRegião Centro Oeste

REUNIÕES DO COMITÊ DE DOR

13/8/2010 17:00 h - Comitê com Centros Credenciados para a formação em Dor da Região Centro Oeste

Datas Associativas Importantes