Angelina em Foco

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A NGELINA E M F OCO ANO: 01 1ª EDIÇÃO 24 DE JUNHO DE 2014

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Projeto Municípios Catarinenses, da 2ª série F do Colégio Catarinense.

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ANGELINA EM FOCO

ANO: 01 1ª EDIÇÃO 24 DE JUNHO DE 2014

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!! !MENSAGEM

DOS EDITORES

1

Dizem que todos os municípios são iguais. Ou melhor, afirmam que todos apresentam, em sua essência, as mesmas características, os mesmos políticos, e os mesmos problemas na área do atendimento à população. Será mesmo verdade?

É difícil questionar o que se tem como fato concreto, ainda mais se este for de domínio público. Difícil, porém não impossível. Impossível é descobrir algo completamente diferente do que se imaginava sem, ao menos, questionar-se se tudo o que se diz por aí condiz com a realidade. Pois foi exatamente isso o que fizemos no dia 11 de abril de 2014, enquanto conhecíamos, a maioria de nós pela primeira vez, a cidade de Angelina.

Angelina é uma daquelas cidades que não se conhece em uma só visita. Ou melhor, conhece-se, porém não compreende-se. Compreender no sentido mais puro da palavra. Isto é, entender suas peculiaridades, conversar com seus moradores e, visitar, na medida do possível, tudo o que a cidade pode oferecer. Eis que

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enganamo-nos ao pensar que conheceríamos apenas mais uma cidadezinha qualquer, mais um ponto num mapa com tantas coordenadas.

Quem dera todas as cidades fossem iguais a Angelina. Ruas limpas, vegetação por todo o lado, saúde e educação acima da média nacional... Tudo isso e mais um pouco. Esse pouco, na verdade, logo se torna muito. É difícil deixar Angelina sem sentir saudade do jeito carinhoso e hospitaleiro que os moradores locais tem de receber os turistas que, nesse caso, fomos nós. Turistas desavisados esses, que pensavam que administrar um município pequeno era tarefa fácil.

Enganamo-nos mais uma vez. Administrar algo público, no geral, já não é simples. A complexidade das cidades, nesse sentido, é bastante semelhante, independentemente de seu tamanho ou zona de influência. E mais: não subordina-se apenas ao próprio município.

Angelina, nesse sentido, é uma daquelas cidades que não se pode passar

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DIRETORA DE ARTE E REDAÇÃO Lúcia Helena Ruskowski Mees CONSELHO EDITORIAL Julia Schubert João Antônio Brandão Brito Victoria Magnani REVISÃO Celina Galup Isis Constance Theodoro Ganzo Aydos DESIGN E DIAGRAMAÇÃO Lúcia Helena Ruskowski Mees REDATORES-CHEFE IDENTIDADE CULTURAL - Theodoro Ganzo Aydos TURISMO – Bruno Cabral POLÍTICA – Giulia Rigoni SOCIEDADE – Victoria Magnani ECONOMIA - Lúcia Helena Ruskowski Mees SAÚDE – Victoria Castello EDUCAÇÃO – Patricia Vieira ESPORTES – Matheus Linhares VARIEDADES – Julia Schubert REDATORES E COLUNISTAS Ana Laura, Ana Jonck, Arthur Rolim, Bárbara Azevedo, Bernardo Stadler, Bruno Mazzucco, Celina Galup, Eduardo Alvarenga, Eduardo Broering, Eduardo Porto, Fernando Silveira, Gabriel Dauer, Gabriel Zin, Guilherme Fischer, Gustavo Lúcio, Hanna Wolf, Isabella Nagel, Isis Constance, Jamile Dayeh, João Antônio Brandão, João Eduardo, José Luiz, Juan Francisco, Leticia Sperotto, Lucas Carpes, Luiza Vieira, Manoela Vogt, Maria Eduarda Passos, Matheus Linhares, Pedro Rodrigues, Pedro Sell, Pietro Mazzoli, Thamara Back, Thiago Baracuhy, Tiago Yunes, Victor Sobierajski e Victória Cavalvante.

2ª série F

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despercebida, muito menos desprezada. Nela, todos se conhecem, e todo mundo sabe exatamente o seu papel para com a sociedade. E o mais importante: todos são felizes da maneira como vivem. Trata-se de uma realidade diferente, aos nossos olhos, porém igualmente desafiadora e tentadora.

Viver bem, no fim das contas, é o que realmente importa. E isso os moradores de Angelina sabem muito bem fazer, em comparação aos habitantes de muitas cidades grandes do nosso Brasil.

E para nós? Resta-nos a certeza do dever cumprido. Iludimo-nos várias vezes, é claro, porém, agora, possuímos uma visão de mundo completamente diferente daquela com a qual começamos. Isso tudo porque o mundo, afinal, possui infinitas grandes histórias. Basta saber procurar por elas.

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Descubra onde encontrar outros dados sobre o município. !

CULTURA

06 De que maneira ocorreu a colonização de Angelina. !

HISTÓRIA

Angelina dos tempos antigos até a atualidade. !

PASSADO E PRESENTE

Principais informações, todas sintetizadas em um infográfico. !

DADOS GERAIS

Os traços da colonização Alemã. !

CULINÁRIA

Torta alemã da Confeitaria Odimar. !

RECEITA

A Casa do Campo e a produção de produtos coloniais. !

DIRETO DO CAMPO

10 12

ANGELINA NA MÍDIA 15 Os mais importantes acontecimentos na cidade desde 1845.

!

LINHA DO TEMPO 16 18 20 21 SOCIEDADE

36 Angelina não é uma cidade livre da criminalidade. !

FALSA CALMARIA

37 Mesmo com poucos recursos, a comunicação é eficiente. !

COMUNICAÇÃO EM PAUTA

38 Como funciona a Internet via rádio. !

NOVAS CONEXÕES

39 Uma análise crítica sobre as condições de trabalho. !

EMPREGOS

40 Maria de Lourdes explica como é a vida em Angelina. !

ENTREVISTA COM UMA MORADORA

POLÍTICA

28 Como os representantes do Brasil são escolhidos? !

A POLÍTICA BRASILEIRA

30 Panorama histórico do Sistema Eleitoral Brasileiro. !

ELEIÇÕES E SUA HISTÓRIA

31 O ex-prefeito revela como era a política na sua época. !

ENTREVISTA COM MAURO JONCK

32 Descubra quem são e o que defendem os representantes. !

REPRESENTANTES E IDEOLOGIA

34 Os tão necessários recursos nem sempre chegam... !

CORTES NO ORÇAMENTO

35 A divisão da verba entre os diferentes setores. !

COMO A PREFEITURA UTILIZA OS RECURSOS QUE RECEBE?

ÍNDICE

TURISMO

22 Roteiro turístico aproveitando o melhor da cidade. !

UM DIA EM ANGELINA

25 A mais conhecida atração turística de Angelina. !

UMA GRUTA LENDÁRIA

26 Festa do Queijo e do Mel: a maior festa do município. !

TRADIÇÃO PRESERVADA

27 Com rafting e trilhas, Angelina é destaque no ecoturismo. !

ECOTURISMO

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Saiba como é a mecanização das lavouras angelinenses. !

ECONOMIA

42 Uma ciência recente e conhecida, porém pouco compreendida. !

O QUE É ECONOMIA?

Aspectos gerais sobre a produção econômica do município. !

A ECONOMIA DE ANGELINA

A principal atividade econômica de Angelina. !

AGRICULTURA

Granjas, boiadas e colmeias da zona rural. !

PECUÁRIA

Os setores em expansão na economia local. !

INDÚSTRIA E SERVIÇOS

43 44

PRODUÇÃO DIVIDIDA 48 Os primeiros alimentos orgânicos da cidade vieram para ficar.

!

MUDANÇA EXEMPLAR 49 50 54

Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Conceição. !

SAÚDE

56 O acesso ao serviço de saúde como direito de todos. !

COMO FUNCIONA A SAÚDE PÚBLICA?

Consequências da ausência de tratamento de água. !

A PROBLEMÁTICA DA ÁGUA

O meio de proteção da saúde da população. !

A IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Como é a distribuição de medicamentos em Angelina. !

A QUESTÃO DOS REMÉDIOS

A qualidade de vida em primeiro lugar. !

ACADEMIAS DA SAÚDE

59 60

REFERÊNCIA REGIONAL 61 Organização exemplar na prevenção do HPV.

!

VACINAÇÃO 64 65 66

As baixas, porém crescentes estatísticas. !

EDUCAÇÃO

68 Um direito insubstituível. !

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO

Uma investigação das condições de ensino de Angelina. !

RAIO-X DA EDUCAÇÃO

Investimentos e qualidade do ensino. !

O PAPEL DA PREFEITURA

Piaget e o Centro Municipal Infantil Chapeuzinho Vermelho. !

PANORAMA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

70 72

USO DE DROGAS 73 História da instituição e entrevista com duas professoras.

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ESCOLA NOSSA SENHORA 74 77

MEIO AMBIENTE

78 Tendências sustentáveis num mar de improbabilidades. !

UM SÓ PLANETA É SUFICIENTE?

80 A produção de energia sem grandes impactos ambientais. !

ENERGIA SUSTENTÁVEL

84 As consequências das usinas hidrelétricas angelinenses. !

USINA GARCIA E SEUS EFEITOS

87 Conheça o Santuário Nossa Senhora de Angelina. !

UM VERDADEIRO PARQUE ECOLÓGICO

88 A coleta seletiva angelinense nem sempre foi eficiente. !

UM MAU PASSADO

89 Pioneirismo na reciclagem rural em Santa Catarina. !

A BOA INOVAÇÃO

ESPORTES

90 A participação do esporte nas vidas humanas. !

A EVOLUÇÃO DAS ATIVIDADES FÍSICAS

92 A influência das práticas corporais. !

O ESPORTE NA SOCIEDADE DE ANGELINA

94 O esporte de Angelina à mercê de particulares. !

DESCENTRALIZAÇÃO DOS ESPORTES

95 Estádios municipais e campos privados no município. !

COMO É A INFRAESTRUTURA?

VARIEDADES

96 Caça palavras, charges, quiz e cruzadinha. !

ENTRETENIMENTO

98 Os melhores momentos da visita da nossa equipe à cidade. !

ÁLBUM DE FOTOS

99 Um poema sobre a bela cidade de Angelina. POESIA

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!!ANGELINA CULTURA

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HISTÓRIA !A família Garcia foi a primeira a chegar em Angelina, ainda

no século XIX. Anos depois, chegaram os alemães que, pelo fato de não terem conhecimentos relacionados à pesca, preferiram áreas mais interioranas, onde fixaram suas resi-dências e tentaram, na medida do possível, reproduzir no novo país a vida que tinham no outro lado do Atlântico.

TEXTO | Theodoro Aydos FOTOGRAFIA | Lúcia Mees

DESIGN | Lúcia Mees DADOS | SCHMITT, Frei Elzeá-

rio. Nossa Senhora de Angelina. Curitiba: Impressora Paranaen-

se, 1977.

! !ANGELINA CULTURA

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COLONIZAÇÃO

1

No ano de 1845, iniciou-se a história do município de Angelina. Naquele ano, a famí-lia Garcia, hoje nome de um dos quatro dis-tritos do município, construiu sua residên-cia nas terras que hoje constituem Angelina.

No início, o local foi reservado para des-cendentes de imigrantes açorianos da cha-mada Villa de São José, além de nativos da região, com o nome de Colônia Nacional.

Em 1858, contudo, chegaram os primeiros imigrantes alemães, que foram os coloniza-dores na região. Vindos das colônias de Sa-cramento, Santa Isabel e São Pedro de Al-cântara, todas próximas umas das outras, batizaram o local com o nome de Villa de

TEXTO | Theodoro Aydos FOTOGRAFIA E DESIGN | Lúcia Mees DADOS | SCHMITT, Frei Elzeário. Nossa Senhora de Angelina. Curitiba: Impressora Paranaense, 1977.

!!ANGELINA CULTURA

2

Mundeús.

Ainda em 1858, podia-se verificar a exis-tência de 39 casas no município. Esse nú-mero, elevado para os padrões da época em terras recém ocupadas, se devia princi-palmente devido ao deslocamento de famí-lias de áreas vizinhas, que ali se estabele-ceram para usufruir do incentivo corres-pondente ao recebimento de um lote.

No dia 30 de novembro de 1859, fundou-se a Colônia Nacional de Angelina, que re-cebeu este nome como forma de homena-gem a Ângelo Muniz da Silva Ferraz (Barão de Uruguaiana), o então Presidente do Conselho de Ministros do Rio de Janeiro.

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! !ANGELINA CULTURA

3

A instalação da Colônia propriamente dita ocorreria um ano depois, tendo em vista a constante chegada de imigrantes e a neces-sidade crescente de fixá-los em novas terras. Carlos Othon Schlappal, deste modo, um en-genheiro agrodimensor a serviço da província de Santa Catarina, foi escolhido como res-ponsável por demarcar e medir os lotes da recém-surgida Colônia, mais precisamente das terras situadas "no triângulo formado pe-lo rio Garcia com o ribeirão dos Mundéus, águas do rio Tijucas e fundos da Colônia de São Pedro de Alcântara". Othon, que vivia em Desterro naquela época (atual Florianópolis), foi também o primeiro diretor da Villa de Mundéus, entre os anos de 1860 e 1869.

Por volta do ano de 1862, ocorreu a chega-da de outros imigrantes, estes oriundos de Luxemburgo, França, Bélgica, Holanda, Itália e Polônia. Oito famílias se estabeleceram no vale naquele ano, cada uma recebendo lotes de 200m de frente e 1400m de fundo.

4

No ano de 1869, Angelina já possuía cerca de 900 habitantes, contando inclusive com uma escola com 20 alunos.

Em 1872, chegariam na Colônia mais doze famílias alemãs, oriundas de São Pedro de Alcântara, a primeira colônia alemã do Es-tado de Santa Catarina.

Em 1891, torna-se distrito subordinado a São José por meio do decreto estadual nº 40 de 10/01/1891, recebendo o nome de Angelina. Em mapas da divisão administra-tiva referentes ao ano de 1911, Angelina figura como parte do município de São José.

Cerca de 70 anos depois, mais precisamen-te no dia 30 de dezembro de 1961, é ele-vada à categoria de município, por Antônio Francisco Machado. Recebeu assim o nome de Angelina, emancipando-se de São José.

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!! !Angelina é um município que não para de crescer. Seja no campo

rural ou no meio urbano, a cidade vêm mostrando as suas for-ças. O crescimento da produção agrícola, o surgimento das pri-meiras indústrias, a criação de mais e mais lojas... Existem indi-cadores suficientes de que a cidade apenas começou a demons-trar seu potencial.

Isso tudo começou com a eleição do primeiro prefeito pela popu-lação, Osmar Celso Köerich, juntamente com o vice-prefeito Ailton Laudelino Andrade. Ambos ocuparam o cargo a partir do ano de 1982, contando com 1.693 votos no total. Pertenciam ao extinto Partido Democrático Social (PDS), fundado em 30 de janeiro de 1980, após o fim do sistema bipartidário do Regime Militar de 1964.

Angelina apresentou um acentuado nível de crescimento popula-cional até o início da década de 1970, que já não é observado na atualidade. No ano de 2000, por exemplo, a cidade contava com 5.776 habitantes, que se reduziram a apenas 5.250 em 2010, o que corresponde a uma queda em torno de 9%. Mesmo assim, a cidade continua com seus quatro distritos, definidos desde o iní-cio de sua colonização: Betânia, Barra Clara, Garcia e Rio Novo, esse último fortemente ligado ao distrito da Barra Clara.

O município, de acordo com informações do IBGE datadas de 2013, é 182ª cidade mais populosa do Estado, com uma área de 500,037 km2.

Possui uma densidade demográfica de 10,5 habitantes por km2, sendo que 1.123 de seus habitantes residem, atualmente, em área urbana, o que corresponde a 21,4% do total. A grande maioria da população de Angelina, reside, portanto, no meio ru-ral.

É notável, nesse sentido, o quanto o município ainda tem a ofe-recer, e seu elevado potencial de crescimento. Tudo acontece muito rápido em Angelina. De um ano para outro, surgem as pri-meiras indústrias. No ano seguinte, o comércio dá as caras, e mostra à população que ter uma loja pode ser tão rentável como uma lavoura. Onde a cidade irá parar, ninguém sabe. Mas é certo que, para o que vier, população e prefeitura estarão juntas numa só empreitada.

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!! !

PASSA

DO E

PRESE

NTE

TEXTO | Pietro Mazzolli FOTOGRAFIA E DESIGN | Lúcia Mees

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!! !

DATA DE FUNDAÇÃO: 30 de novembro de 1859 LOCALIZAÇÃO: Grande Florianópolis, a 70km da ca-pital GENTÍL ICO: angelinense ÁREA: 499,947 km2 DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 10,5 hab/km2 ALT ITUDE: 450m acima do nível do mar PRINC IPAL AT IV IDADE ECONÔMICA: agropecuária, com ênfase também para o turismo P IB: R$ 54.365,98 P IB PER CAPITA : R$ 10.001,10 CLIMA: temperado quente, com temperatura média entre 16ºC e 27ºC.

COLONIZAÇÃO: alemã

PRINC IPAL ETNIA: alemã

ATUAL PREFEITO: José Nilton da Silva (2013-2016)

H INO DE ANGELINA Entre os montes, a verde campina Foi o berço da Vila Mundéus, Que mais tarde chamou-se Angelina E cresceu com as bênçãos de Deus. A fé na Gruta de Angelina Este povo ensina a viver melhor, O homem faz a trajetória, construindo a história De um Brasil maior. Gratidão este canto encerra Para aquele que a Vila fundou; O suor derramado na terra Foi semente que frutificou. Estudantes e agricultores Cumprem juntos a mesma missão; Uns cultivam dos livros as flores, Outros tiram riquezas do chão Os minérios são nova mensagem Que Angelina ao mundo traduz; O seu rio abastece a Barragem, Rica fonte de força e de luz.

TEXTO | Gabriel Dauer e Eduardo Broering FOTOGRAFIA | Santur DESIGN E INFOGRÁFICO | Lúcia Mees DADOS | Sebrae, 2010

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DADOS GERAIS

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!! ! 5.250 HABITANTES

0,08% DA POPULAÇÃO ESTADUAL

IDH 0,766 MÉDIO

SUPERIOR A 0,8

DE 0,500 A 0,799

ATÉ 0,499

ALTO

MÉDIO

BAIXO

O IDH é a referência mundial para avaliar o desenvolvimen-to humano a longo prazo. Va-ria entre 0 e 1, sendo que o Brasil possui um IDH de 0,730 (85º país com melhor IDH).

P IRÂMIDE ETÁRIA DE 2010

PIRÂMIDE ETÁRIA DE 2000

EXPECTATIVA DE VIDA EM 2010

72,8 ANOS

MORTALIDADE INFANTIL ATÉ 1

ANO DE IDADE EM 2010

1 ,7%

POR MULHER EM 2010 (MÉDIA)

1 ,6 FILHO

! !ANGELINA CULTURA

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!!! !

BANDEIRA, BRASÃO E LEMA A bandeira de Angelina é formada por duas listras horizontais na cor laranja, e uma listra central azul-escura. No centro da bandeira fica o brasão, consti-tuído de uma ilustração representando o “Vale das Graças” propriamente dito; uma faixa vermelha com o nome da cidade, o ano de fundação e o ano de seu surgimento como município; e uma construção de estilo clássico “coroando” o brasão. O lema da cida-de é “Angelina, Vale das Graças”.

PREFEITURA A prefeitura de Angelina localiza-se no centro da ci-dade, na rua Manoel Lino Koerich. Lá trabalham cer-ca de 30 pessoas, incluindo José Nilton da Silva, o atual prefeito do município.

DISTRITOS Angelina é dividida em quatro distritos, assim caracte-rizados: 1 . BETÂNIA Betânia foi fundada em 1875, por imigrantes alemães vindos de outras comunidades, como Santo Amaro da Imperatriz, Rancho Queimado e São Pedro de Alcânta-ra. Instalaram-se em terras que o governo distribuía, a fim de colonizar o país.

2 . R IO NOVO É dominado por pastagens e plantações de cebola. O Núcleo Escolar Professora! Ermelinda Goedert Pereira está localizado na Estrada Geral dessa comunidade, juntamente com algumas residências, dois galpões de compra, classificação e venda de cebolas, um galpão público municipal destinado a agricultura, um riacho e uma quadra de esportes, que é utilizada pelas crian-ças para lazer na hora do recreio. Tem também uma igreja católica, e um posto de saúde, que conta com atendimento uma vez por semana de uma médica, uma especialista em enfermagem e uma dentista.

3 . BARRA CLARA Começou a ser povoada por volta de 1962, quando um grupo de caçadores acabou perdendo-se na mata que existia ali. De repente, avistaram uma área mais aberta e clara, e um deles exclamou: “Que barra cla-ra!”. Assim, a vila começou a ser colonizada, e ganhou um nome bastante sugestivo.

4 . GARCIA Apesar de a família Garcia ter ocupado as terras do distrito já em 1845, a colonização propriamente dita só foi iniciada em 1859, quando um grupo de colonos portugueses oriundos de São José saiu para caçar e descobriu a área. Seguindo o curso do rio, em um ca-minho no meio do mato, o grupo achou a área boa para cultivos, e em poucos dias veio morar na região. Com o tempo, mais e mais colonos se instalaram no local, e em 1976 a população já era de 600 pessoas.

ILUSTRAÇÃO |Prefeitura de Angelina

FOTOGRAFIA |Celina Galup

!!ANGELINA CULTURA

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! !ANGELINA NA MÍDIA TEXTO | Victor Sobierajski DESIGN | Lúcia Mees

Angelina: O Filme é uma homenagem aos 48 anos de emancipa-ção política do município. Publicado inicialmente no popular site para compartilhamento de vídeos YouTube, mostra imagens de toda a cidade, desde a zona urbana até o campo, passando por festas e belezas naturais. Produção: Angelmigos, a Associação dos Amigos de Angelina Duração: 27 minutos Ano de produção: 2010

!ANGELINA: O FILME

O Jornal Angelina é uma publicação da Prefeitura do município. É distribuído gratuitamente na maioria das cidades de colonização alemã da região da Grande Florianópolis. A primeira edição do jornal foi publicada em maio de 2013, e tra-tava de assuntos da vida cotidiana local, tais como a Festa do Queijo e do Mel, a atuação da prefeitura nas comunidades, inves-timentos e notícias de interesse geral. Custo: gratuito Periodicidade: mensal

!JORNAL ANGELINA

O livro Nossa Senhora de Angelina trata da história do município, com destaque aos aspectos religiosos. Na obra, podem ser en-contrados detalhes acerca da formação e construção do Santuá-rio, da Igreja Nossa Senhora da Imaculada Conceição e da cidade como um todo. Ainda, no final do livro está presente o primeiro hino de Angelina, composto pelo próprio autor. Autor: frei Elzeário Schmitt Publicação: Outubro de 1977, em Curitiba Editora: Impressora Paranaense Número de Páginas: 30

!LIVROS

! !ANGELINA CULTURA

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!!! ! L INHA DO TEMPO

A Família Garcia instala-se na região

1845

Chegada dos primeiros imigrantes alemães

1858

Fundação da Colônia Nacional de Angelina

1859

Demarcação dos lotes na nova colônia

1860

Inauguração oficial da Via Sacra

1911

Criação da Paróquia de Angelina

1921 Colocação e Benção

da pedra angular da nova Igreja matriz

1946

Inauguração da Nova Igreja Matriz

1948

Início da construção da casa dos padres

1949

Inauguração da nova ponte na Entrada da

Via Sacra

1974 Criação do Santuário

de Nossa Senhora de Angelina

1988

Início da Coloni-zação de Barra

Clara

1912

É elevada à categoria de município

1961

!!ANGELINA CULTURA

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!! !

Chegada de mais oito famílias europeias

1862

Primeira capela e primeira missa

1863

Capela é restaurada

1890

Torna-se distrito subordinado a

São José

1891

Benção da segunda capela (que futuramen-

te seria a Matriz)

1899

Chegada da imagem de Nossa Senhora de Lourdes

1902

1500 pessoas per-correm as 14 Esta-ções da Via Sacra

1907

Betânia começa a ser povoada

1875

A cidade chega ao núme-ro de 200 habitantes

1869

É reconhecida como Capital Catarinense

das Graças

2004

Alunos da 2ª série F do Colégio Catarinense

visitam a cidade

2014

Decoração de natal é feita com materiais

recicláveis

2011

TEXTO | Victor Sobierajski DESIGN | Lúcia Mees

DADOS | SCHMITT, Frei Elzeário. Nossa Senhora de Angelina. Curitiba: Impressora Paranaense, 1977.

! !ANGELINA CULTURA

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CULINÁRIA FOTOGRAFIA |hhauke.wordpress.com

OS TRAÇOS DA COLONIZAÇÃO ALEMÃ

1

Conhecida pelo mundo todo, a culinária alemã é par-te importante da cultura de Angelina. Simples, mas carregada de sabores fortes, é impossível não ter ouvido falar de seus pratos únicos. Chucrute, Einsbein, Strudel, tortas... Pratos completamente di-ferentes entre si, mas que ajudam a compor um esti-lo culinário, para muitos, espetacular. CAFÉ DA MANHÃ Um bom café-da-manhã alemão deve obedecer ao famoso ditado “tomo o café-da-manhã como um im-perador, almoço como um rei e janto como um men-digo”. Isto é, precisa possuir uma mesa farta, com-posta inclusive por alimentos incomuns à primeira refeição da maioria dos países. O café-da-manhã dos moradores de Angelina consis-te geralmente numa seleção de pães e baguetes, que chegam a 100 variedades diferentes pela cidade

2

toda. Para acompanhar todo esse pão, mel, geleia, carnes frias e queijo são os alimentos mais comuns, porém ovos cozidos, salsichas e Müsli (cereais) também são encontrados com facilidade. ALMOÇO Nos fins de semana, acontece por volta das duas horas da tarde. Durante a semana, contudo, a maio-ria dos habitantes aproveita o tempo compreendido entre as 12h e as 13h30 para fazer a refeição, pois esse é o horário em que quase todo o comércio é fechado. Consiste em sopas, batatas, arroz, legumes e, com frequência, uma sobremesa, dentre as quais se destaca o Apfelstrudel. CHÁ DA TARDE Ocorrendo entre o almoço e o jantar, a “hora do chá” já virou tradição na cidade. Pode ocorrer tanto nas residências quanto nas padarias e confeitarias, onde são servidos biscoitos e bolos acompanhados por chá. Nos finais de semana, é servido ainda café,

TEXTO | João Eduardo e José Luiz DESIGN | Lúcia Mees

!!ANGELINA CULTURA

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FOTOGRAFIA |heikogabrolle.wordpress.com

3

que muitas vezes acaba por substituir o jantar devido ao almoço tardio. JANTAR Apesar de ser a refeição mais simples do povo angeli-nense, a qualidade do jantar surpreende a maioria dos visitantes. É servido em três partes: sopas, que constitu-em a entrada; prato principal, geralmente protagonizado pelos embutidos; e sobremesa. Na maioria das vezes, são reaproveitadas as sobras do almoço, servidas jun-tamente com queijo fatiado, legumes, pães, maionese e saladas. SALSICHAS, SALAME E LINGUIÇAS Comidos sem acompanhamentos ou cortados em rodelas e servidos com o pão, as salsichas, o salame e as lingui-ças são uns dos mais básicos alimentos da culinária ale-mã. Em Angelina, os colonos não cansam de criar novos tipos de embutidos, que fazem sucesso por toda Santa Catarina. Feitas com toucinho, muito tempero, carne e miúdos de porco e bovinos, todas essas salsichas podem ainda ser servidas no chamado Schlachtplatt, no qual são servidas com carne de porco, batatas e chucrute. CHUCRUTE Originalmente conhecido como Sauerkraut, o chucrute é talvez o mais popular dos alimentos alemães. Ele ocorre

4

em diversas receitas populares, e possui diversas formas de preparo. Em Angelina, contudo, o mais co-mum é fazê-lo como uma conserva de repolho fer-mentado com vinho branco. BRATKARTOFFELN É o tradicional cozido de batatas alemão, que pode envolver diferentes condimentos e ingredientes. A re-ceita típica de Angelina, conhecido no distrito da Bar-ra Clara, é mantida como segredo por muitos morado-res. O que se sabe é que ela envolve cebola, bacon e outros cortes da carne de porco.!! TORTAS Dentre os bolos e tortas alemãs, duas receitas se destacam: o bolo Floresta Negra e a torta alemã. A torta alemã é muito mais comum em Angelina, e con-siste em camadas de biscoitos brancos intercaladas com camadas de um creme de baunilha. De acordo com a proprietária da Panificadora Odimar, que prefe-riu não se identificar, o segredo de uma boa torta re-side justamente no creme, que “deve ser leve o sufi-ciente para se desmanchar na boca, porém consisten-te o bastante para equilibrar-se com os biscoitos”. A confeiteira ainda indica que prepara muitos bolos do tipo “Floresta Negra”, também chamados de Schwar-zwälder Kirschtorte, conhecidos pelo mundo todo.

! !ANGELINA CULTURA

FOTOGRAFIA |Barbara Reisen Fotografie

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RECEITA TORTA ALEMÃ DA CONFEITARIA ODIMAR

1

INGREDIENTES ! 1 pacote de biscoitos de Maizena ! 200g de manteiga sem sal ! 1 lata de creme de leite sem soro ! 1 xícara (chá) de açúcar ! ½ xícara de leite ! 1 colher de café de essência de baunilha

Para a cobertura:

! 1 tablete de chocolate meio amargo ! 1 lata de creme de leite

MODO DE PREPARO 1. Bata o açúcar com a manteiga até esbranquiçar. 2. Misture o creme de leite e reserve. 3. Forre um recipiente quadrado de aproximadamen-te 20cm de lado com papel alumínio.

2

3. Faça uma camada de biscoitos embebidos em leite e por cima uma camada de creme de baunilha. 4. Vá alternando as camadas até encher o refratá-rio de biscoitos e creme, terminando com o creme. 5. Leve à geladeira por, no mínimo, 3 horas. Para a cobertura: 1. Aqueça o creme de leite em banho-maria. 2. Junte o chocolate picado e mexa a mistura até ela derreter completamente. 3. Espere esfriar, e sirva sobre a sobremesa. DICA Desenforme as camadas de creme e biscoito quan-do estiverem bem geladas, e decore-as nas laterais com outros biscoitos. Espalhe delicadamente a co-bertura de chocolate e sirva. Bom apetite!

!!ANGELINA CULTURA

TEXTO | Pietro Mazzolli FOTOGRAFIA | artngel.com.br

DESIGN | Lúcia Mees

Page 21: Angelina em Foco

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! !ANGELINA CULTURA D IRETO DO CAMPO: PRODUTOS COLONIAIS

TEXTO | Theodoro Aydos e Eduardo Broering DESIGN | Lúcia Mees

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Num mundo de produtos industrializados e alimentos prontos para consumo, o que é produzido de manei-ra artesanal perde cada vez mais espaço no merca-do. A população do meio rural de Angelina, no entan-to, tem dispensado grande empenho no sentido de permitir o desenvolvimento da economia local, atra-vés da produção de produtos coloniais. A ideia não é só atrair o visitante pelas belezas naturais, mas sim pelos alimentos diferenciados que o campo pode ofe-recer.

Queijos, geleias, biscoitos e vinhos.... Todos podem ser encontrados na Casa do Campo, a preços bas-tante competitivos. Nem sempre, contudo, foi assim. Há três anos, os moradores da zona rural viam-se arruinados diante das drásticas quedas nas vendas de suas produções que, naquela época, eram comer-cializadas de casa em casa. Até que a prefeitura viu no problema uma ótima possibilidade para fomentar o desenvolvimento econômico local, através de uma união com os colonos angelinenses. Assim, surgia o melhor local para compra de produtos coloniais em Angelina: a Casa do Campo.

QUEIJO O queijo vendido na cidade é produzido pela maioria das propriedades rurais de Angelina. Todos os dias, os moradores tiram o leite das vacas, que posterior-mente é filtrado. Então, é só adicionar sal (em torno de 8g por litro de leite) e coagulante (15ml por litro). Depois de aquecer a mistura a 45ºC, forma-se um tipo de massa, que é separada do soro do leite e então modelada no formato desejado. O queijo deve ficar em repouso por pelo menos cinco dias, ou até que o restante do soro evapore. VINHO O vinho angelinense é feito com as uvas colhidas em municípios vizinhos, geralmente do tipo bordô. A fru-ta (casca, polpa e semente) é separada dos resíduos

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provenientes da colheita, para então ser transforma-da em suco. O vinicultor adiciona leveduras para fa-zer o açúcar da uva se transformar em álcool, num processo denominado fermentação alcoólica. Essa etapa deve ocorrer a uma temperatura entre 30ºC e 35ºC, com duração de apenas 10 dias. A não ser em vinhos muito doces, a fermentação termina quando todo o açúcar é transformado em álcool, que deve ocupar de 11 a 13% do volume total da bebida. O vinho então é colocado em garrafas de 15 litros, on-de permanece em repouso por pelo menos seis me-ses, para depois ser comercializado. BISCOITOS Os biscoitos coloniais são, dentre todos os alimentos de origem rural, os mais apreciados e de fáceis de serem vendidos. São obtidos através da mistura e cozimento adequado de massas, geralmente fermen-tadas, preparadas com farinha, ovos, gordura vege-tal ou animal e condimentos. O processo ocorre sem o auxílio de máquinas e sem adição de conservantes, corantes e demais aditivos próprios de produtos in-dustrializados. Em Angelina, o biscoito mais vendido é o de milho, feito com ingredientes selecionados e assado em forno a lenha. O preço médio do quilo-grama é de R$7,00. MEL O tipo de mel predominante em Angelina é o poliflo-ral ou silvestre, isto é, produzido pelas abelhas atra-vés da coleta de néctar de diversas flores de origens distintas. A cor e o sabor do mel variam com o néc-tar da flor predominante, que é selecionado pelas próprias abelhas. O mel da Casa do Campo é extraído manualmente, através de filtros artesanais de tecido, que o sepa-ram de impurezas. O mel ideal possui entre 17% e 20% de água, 76% a 80% de açúcar, e quantidades reduzidas de pólen, cera e outros compostos.

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TEXTO | Pedro Sell e Thiago Baracuhy FOTOGRAFIA | Google Maps

DESIGN | Lúcia Mees

Com história fascinante, arquitetura encantadora e paisagens de tirar o fôlego, Angelina é tudo o que um visitante pode esperar de uma cidade pequena, mas só no tamanho. Angelina é muito mais do que um município: é um tesouro escondido pelos alemães que colonizaram o local. Explore plantações que se estendem até o horizonte, caminhe por ruas delineadas por belíssimas construções, e conheça um povo extremamente hospitaleiro. Roupas confortáveis, bom-humor e máquina fotográfica a postos. É tudo o que você vai precisar.

UM DIA

Em Angelina

ONDE FICA?

Angelina está localizada no Esta-do de Santa Catarina, a uma alti-tude de 420 metros em relação ao nível do mar. Fica na micror-região do Tijucas, na Grande Flo-rianópolis. Localiza-se a 77 qui-lômetros da capital do Estado, Florianópolis. Sua área é de aproximadamente 500 m2. Pos-sui, atualmente, 5250 habitantes.

QUANDO IR?

A cidade pode ser visitada duran-te o ano todo, sendo que no in-verno o frio é rigoroso. Devem ser evitados, no entanto, os dias de maior movimento da cidade, se o objetivo é realmente aproveitar o passeio. Durante a páscoa, a Fes-ta do Queijo e a Festa do Mel, a cidade é especialmente lotada. No mais, qualquer dia de clima bom serve.

QUANTO TEMPO FICAR?

Como o parque hoteleiro de Ange-lina não é desenvolvido e a cidade é pequena, um dia basta, sem a necessidade da pernoite no local.

ONDE COMER?

Angelina apresenta dois restauran-tes de destaque: o Blumengarten Haus, que serve comida alemã, e o Restaurante Sens, com pratos mais caseiros.

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ANGELINA

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Foto por Lúcia Mees

Foto por Lúcia Mees

Foto por Café História

Foto por Lúcia Mees

Foto por Lúcia Mees

Foto por Theodoro Aydos

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Comece o dia pela praça N ico lau Kre tzer, bem no centro da cidade, e conheça o antigo casarão construído ali perto. A praça é um dos ícones da cida-de, pois possui um belíssimo projeto pai-sagístico, e também é sustentável (exis-tem 23 lixeiras na praça). Além disso, é um ótimo lugar para se conversar e reu-nir os amigos.

Em seguida, visite a Igre ja Nossa Senhora da Imaculada Conce ição, em frente à praça. Aproveite para foto-

ANGELINA TURISMO

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grafar o belíssimo interior da igreja, re-pleto de vitrais.

Não há melhor lugar em Angelina para se conhecer a população local do que a principal via da cidade: a Rua Manoel L ino Koer ich. Nela, concentra-se a maior parte do comércio do município, com destaque às lojas de artesanato e artigos religiosos. Também é possível conversar com os moradores e, quem sabe, conseguir algumas dicas mais per-sonalizadas.

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Próximo às dez horas, ainda de manhã, uma boa ideia é visitar a Casa do Campo. O estabelecimento já teve uma outra localização, próxima à praça, porém a nova construção é igualmente imperdível. Se enga-na quem pensa que a fachada verde é a única manei-ra da casa se destacar. Muito pelo contrário. Tudo o que é vendido na Casa do Campo é produzido em An-gelina mesmo, pelos próprios moradores. Queijos co-loniais, sucos de uva, vinhos, mel e linguiças são só algun

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alguns dos produtos que podem ser encontrados por lá. O diferencial do lugar, contudo, se deve aos b is-coi tos, dos mais diversos sabores. O de milho é o mais vendido, e faz jus à fama. Tudo por um preço bem convidativo: menos de dez reais a embalagem pequena. Aproveite também para conhecer um pouco mais sobre os métodos artesanais de produção dos alimentos ali vendidos, e surpreenda-se com sua qua-lidade.

Foto por Lúcia Mees NO iní

Foto por Lúcia Mees

Foto por Bruno Cabral

Foto por Bruno Cabral

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Tente almoçar cedo, pois os restaurantes logo ficam lotados. Depois, conheça as pequenas p lantações no centro da cidade, e também dê uma atenção espe-cial à grande quantidade de flores que enfeitam as ru-as, e aos poucos anima is ali presentes. Mesmo no centro da cidade, eles estão presentes, e rendem óti-mas fotos. Os agricultores também sempre estão pron-tificados para esclarecer qualquer tipo de dúvida.

Caso sobre tempo, há ainda a estação de rád io angelinense e o Hosp ita l Nossa Senhora da Conce ição , referência Regional.

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A melhor parte do passeio, contudo, fica reservada ao período final da tarde. É a hora de visitar o San-tuár io Nossa Senhora de Angel ina, localizado em uma área de florestas atrás da Igreja.

Depois de uma trilha de tamanho considerável, deli-neada por diversos quadros da via-sacra, chega-se a uma gruta .

A paisagem é belíssima, e por isso atrai muitos visi-tantes durante o ano todo. O maior atrativo, porém, se deve às estátuas no fim da trilha, que foram tra-

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zidas da Alemanha.

A trilha em si já é muito bonita, mas um pouco cansati-va. Indica-se, portanto, que os visitantes levem água e usem roupas confortáveis, para que o passeio seja melhor aproveitado.

Depois disso, a visita dá-se por encerrada. Não por não haver mais nada que possa ser feito em Angelina, mas porque, a essa hora do campeonato, tudo o que se pode pensar é num bom descanso. Só não esqueça de visitar a cidade novamente, pois sempre há muito a se descobrir!

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UMA GRUTA LENDÁRIA

TEXTO | Fernando Silveira FOTOGRAFIA | Theodoro Aydos

DESIGN | Lúcia Mees DADOS | Santur

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A Gruta de Angelina originou-se a partir de uma promessa. Frei Zeno Wallboehl, um missionário franciscano nascido em 1866, quando doen-te, rezou a Nossa Senhora de Lourdes e prometeu que, se fosse cura-do, construiria uma gruta em homenagem à santa na cidade de Angeli-na. No dia depois, seu pedido foi atendido, e ele então viu-se obrigado a cumprir sua promessa.

No início do século XX, desembarcaram no porto de Florianópolis (Des-terro, naquela época) as estátuas que constituiriam a Via Sacra da Gru-ta de Angelina. Essas figuras são apreciáveis obras de arte, talhadas

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em gesso sem pintura, e apresentando perfeição abso-luta. Vindas de um ateliê alemão, as quatorze figuras tiveram um custo de 200.000 cruzeiros cada, fora o frete de um país ao outro. Elas chegaram a Angelina movidas por um carro de boi, ou ainda carregadas pe-los colonos, no dia 15 de agosto de 1902.

A grande maioria dos trabalhadores que participaram da construção da gruta não receberam qualquer tipo de remuneração. Ou melhor, trabalharam em razão de sua devoção religiosa. Assim, no dia 15 de agosto de 1907, 1500 pessoas percorreram o caminho que leva até a gruta, caminhando pelas quatorze estações da

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Via Sacra (cada uma representando uma das “esta-ções” dos passos de Jesus), levando em seus om-bros a imponente imagem de 1m95cm de altura que então foi colocada na gruta.

A grande quantidade de placas ali depositadas repre-senta o agradecimento dos peregrinos pelas graças alcançadas com a ajuda da santa, comprovando, para eles, a sua benevolência, carinho e amor.

Atualmente, todos os anos a gruta recebe milhares de devotos de Nossa Senhora da Imaculada Concei-ção, que movimentam a cidade durante vários dias.

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TRADIÇÃO PRESERVADA

TEXTO | Bruno Cabral e Bruno Mazzucco FOTOGRAF IA|engenhosdefar inha .wordpress.com DESIGN | adaptado de InDesign Secre ts

A famosa Festa do Queijo de do Mel, realizada no dia 21 de abril de 2014, reuniu um público estimado em 15 mil pessoas, segundo a comis-são organizadora da mesma. A festividade foi recuperada em 2013 pela atual gestão do município após um intervalo de três anos de extinção, e repetiu-se em 2014.

Realizada na praça Nicolau Kretzer, a festa celebra a grande produção de mel e queijo de Angelina, considerados uns dos melhores de Santa Cata-rina. As comunidades rurais e as associações de moradores foram convi-dadas a montar suas bancadas de produtos e demonstrar suas tradições na praça central do município. De acordo com a prefeitura do município, o objetivo do evento é o de oferecer “atrativos gastronômicos e culturais diferenciados, buscando surpreender os participantes com atrações e produtos únicos, que não lhe são oportunizados diariamente”.

Mesmo com os alertas da prefeitura da previsão de um público maior do que os anos anteriores, os moradores se surpreenderam. Os produtos expostos esgotaram-se ao meio-dia, deixando boa parte dos visitantes sem os tão desejados produtos coloniais. O queijo já havia acabado pela manhã, o que motivou os moradores a organizar reservas e listas de es-pera para outros itens.

No evento também foi apresentada a rota de Ecoturismo dos Engenhos Artesanais de Farinha da Grande Florianópolis, que inclui um engenho si-tuado em Angelina. O roteiro atraiu a atenção de diversos visitantes, o que constitui um incentivo ao turismo local.

A maior parte do lucro obtido com a 19ª Festa do Queijo e do Mel será revertido em aplicações de cunho social, assim como nos anos anteriores. O lucro obtido com a venda dos produtos no ano de 2013, por exemplo, foi aplicado na construção de um novo ambiente para a Polícia Militar no município e como auxílio na instalação de uma confecção, a Facção.

Em 2015, Angelina planeja repetir o feito da 19ª edição da festividade, pois a expectativa é de um público ainda maior. Para tanto, um planeja-mento mais detalhado é necessário, para evitar o esgotamento dos pro-dutos e a formação de longas filas como ocorreram este ano.

19ª Festa do Queijo e do Mel reúne cerca de 15 mil pessoas, no evento mais popular da cidade.

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ANGELINA TURISMO ECOTURISMO: UMA ATIVIDADE SUSTENTÁVEL TEXTO | I s i s Cons tance FOTOGRAF IA | Daniel Cury Photos DESIGN | adaptado de InDesign Secre ts

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O turismo ecológico é uma área em ascensão no ramo do turismo, uma vez que cresce entre 15% e 25% ao ano, movimentando cerca de R$140 milhões anual-mente, segundo o Ministério do Turismo. É também um grande atrativo para quem procura atrações ecossus-tentáveis e vivências relacionadas ao meio ambiente, pois ocorre de modo mais natural e ativo do que as demais formas de turismo.

O turismo ecológico, portanto, tem o objetivo principal de explorar as riquezas naturais de forma sustentável, através do patrimônio natural e cultural, incentivando sua preservação e promovendo o bem-estar das popu-lações envolvidas.

Em Angelina, o ecoturismo é um dos ramos mais im-portantes do turismo, principalmente dado pela pre-sença de inúmeras trilhas e cachoeiras da cidade. O Santuário Mariano ou Santuário Nossa Senhora de An-gelina, por exemplo, além de representar com louvor o turismo religioso, é parte integrante do ecoturismo lo-cal, através de trilhas e vegetação exuberante.

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Aos adeptos dos esportes radicais, a cidade ainda oferece o rafting. A atividade consiste na descida de corredeiras e rios em botes infláveis. Em Angelina, o rio Tijucas propicia descidas emocionantes, que atra-em um número cada vez maior de visitantes. Por ser esporte de baixo custo orçamentário, que permite a experiência de situações únicas, sua prática levou ao surgimento de uma empresa especializada no setor, a Apuama Rafting, que atua em diversas cidades ca-tarinenses. Em grupos de 2 a 40 pessoas, oferece trajetos de 1h30min a dois dias de duração pelo rio Tijucas, com parada para acampamento.

Como pode-se perceber, o turismo ecológico em An-gelina é tão importante quanto o religioso, se não mais. Apesar de menos conhecido, atrai todos os anos um número representativo de turistas, que se aventuram em suas atividades sustentáveis e, princi-palmente, diferentes e interessantes. Por que, então, não incentivá-lo ainda mais?

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A política é, atualmente, um dos temas mais comple-xos para se discutir, apesar de sua importância na organização de toda sociedade humana. O termo tem origem no grego politiká, e se refere à todos procedimentos relacionados à pólis (cidade-estado) e à vida em coletividade.

O Brasil é uma democracia, ou seja, a população tem o poder de escolher através do voto quem serão os seus representantes durante 4 anos. Essa indepen-

A POLÍTICA BRASILEIRA

TEXTO | Giulia Rigoni FOTOGRAFIA| Wikimedia

DESIGN | adaptado de InDesign Secrets

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dência, mesmo sendo conquistada por meio de mui-tas brigas, não recebe a devida importância nos dias atuais. As pessoas simplesmente não se interessam nas pessoas que são colocadas no poder.

O que acontece é uma verdadeira inversão da demo-cracia brasileira. Em outros termos, a cada dia cres-cem os sentimentos de ódio, raiva e indignação da população brasileira. O culpado? O próprio povo.

É moeda corrente dizer que as explosões sociais, por

ANGELINA POLÍTICA

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assim se dizer, são cada vez mais imprevisíveis. A corrupção e a falta de ética de muitos políticos, do mesmo modo, dominam pouco a pouco a mídia e a imprensa, ao ponto de tornarem-se banais.

É extremamente comum, por conseguinte, a des-moralização política e a legislação por causa pró-pria, em função do aumento de salários e benefí-cios. Como se não bastasse, as investigações e julgamentos se fazem e desfazem na velocidade da luz, como se fosse possível decidir amanhã o que será feito hoje.

As consequências, no entanto, são avassaladoras. Violência, pobreza e criminalidade são só algumas delas, que crescem num ritmo assustador. Luto, dor, mágoa e famílias inteiras destruídas, do mes-mo modo, são tão comuns a ponto de tornarem-se corriqueiras.

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Quando se pensa em uma solução para o grande ca-os que se instala no Brasil, todavia, a primeira ideia que surge é a de grandes partidos, projetos exorbi-tantes e até mesmo negociações milionárias. A políti-ca, no entanto, é feita em todos os lugares e em to-dos os tempos, pois em sua essência é adimensional. As cidades pequenas, portanto, também são palcos para o grande espetáculo em que consiste a ciência da administração pública.

Angelina, assim, também é dominada por disputas e discussões políticas, por possuir representantes polí-ticos, eleições e projetos como qualquer outra cidade. Conta ainda com uma grande vantagem: todos os mo-radores se conhecem. E que situação política poderia ser mais promissora do que a de Angelina, na qual a população tem contato direto com seus representan-tes, podendo informar qualquer necessidade imedia-tamente?

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GERAL ANGELINA

ELEIÇÕES E SUA HISTÓRIA

TEXTO | Ana Laura Gervini FOTOGRAFIA| Revista Veja

DESIGN | adaptado de InDesign Secrets DADOS | UOL Educação

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O Brasil, apesar de ser um país jovem, realiza elei-ções políticas desde o século XVI, e hoje é referência mundial na utilização de urnas eletrônicas. Nem sem-pre, contudo, as regras foram as mesmas da atuali-dade, pois as eleições acompanharam a evolução da sociedade, que passou por períodos de liberdade e repressão.

De 1822, data da Independência do Brasil, até 1889, quando ocorreu a Proclamação da República, o pro-cesso eleitoral brasileiro foi extremamente corrupto e cheio de falhas. Em outras palavras, os poderes mo-derador e executivo exerciam forte influência sobre um corpo eleitoral muito restrito, que contava somen-te com a participação de homens acima de 21 anos.

Hoje, o Brasil é um país fundamentado na democra-cia. Isso significa, dentre outras coisas, que qualquer cidadão acima dos 16 anos tem o direito de votar, independentemente do sexo, raça ou renda. A partir dos 18 anos, no entanto, o voto passa a ser obriga-tório.

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O Sistema Eleitoral Brasileiro utiliza duas modalidades de voto: a majoritária e a proporcional. Na eleição majo-ritária são escolhidos o presidente da República, os go-vernadores e os prefeitos, que devem alcançar a maio-ria absoluta dos votos válidos para serem eleitos. Já na eleição proporcional são determinados os representan-tes da Câmara dos Deputados e da Câmara dos Sena-dores, por meio da análise das siglas partidárias, das coligações dos partidos e do coeficiente eleitoral. Nesse tipo de votação, cada partido obtém um número de va-gas proporcionais à soma dos votos de todos os candi-datos.

Votar é algo bastante simples. Basta o eleitor compare-cer à sua zona e seção eleitoral no dia das eleições, portando o título de eleitor e um documento de identi-dade com foto. Para votar na urna eletrônica, digita-se os números dos candidatos escolhidos na ordem certa. Depois disso, basta conferir o número, o nome, a foto e o partido do candidato que aparecem na tela. Por fim, confirma-se o voto. Simples assim.

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ENTREVISTA COM MAURO JONCK

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Mauro Jonck foi vereador por dois mandatos (1970-1973, e depois em 1989-1992), e também prefeito, de 1973-1977 pelo partido ARENA (Aliança Renovado-ra Nacional), e de 1997-2000 pelo partido PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro). Em uma entrevista exclusiva, ele revelou como era a políti-ca na sua época. O QUE MUDOU DA POLÍTICA DA SUA ÉPOCA, PARA A DE HOJE? “As mudanças foram grandes: surgiram mais partidos, a democracia foi restaurada, a disputa política ficou mais difícil... A criação de coligações também aumen-tou a competitividade. Antigamente, depois de regis-tradas as candidaturas, as campanhas eram mais sos-segadas. A corrupção sempre foi presente, mas naque-le tempo era muito menor do que a de hoje, mesmo nos pequenos municípios.” EM SUA OPINIÃO, QUAIS OS PONTOS POSITIVOS E NE-GATIVOS NA POLÍTICA DE ANGELINA ATUALMENTE? “Em Angelina, a administração é excelente, há parceri-as, os partidos políticos se entendem e a câmara de vereadores é atuante. Hoje, as prefeituras do interior têm mais recursos e apresentam ótimos projetos. Acredito, contudo, que o sistema do repasse de verbas deveria ser mudado, de forma a permitir uma divisão mais justa dos recursos, sem a necessidade de mendi-gar por eles”. COMO ERA A VISÃO DE ANGELINA NO CENÁRIO POLÍTI-CO ESTADUAL DA SUA ÉPOCA? “Naquela época, tinha-se um orçamento, como se tem hoje, mas ele era muito menor. Dependia-se exclusi-vamente do fundo de participação dos municípios e do ICMS, e por isso a receita própria era muito pequena. Naquela época, os gastos com a saúde giravam em torno de 10% do total do orçamento municipal, en-

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quanto a educação recebia cerca de 25%. Nesse sentido, hoje é muito mais fácil administrar esses setores, até porque a infraestrutura da prefeitura e do município evoluiu. O QUE OS CIDADÃOS MAIS REIVINDICAVAM DURANTE SEU GOVERNO? “Naquele tempo, os cidadãos reivindicavam princi-palmente estradas. Até hoje, Angelina tem uma ca-rência muito grande no quesito de mobilidade, além de um relevo bastante acidentado. Alguns morado-res, inclusive, solicitavam auxílio na manutenção dos caminhos dentro de suas propriedades, e a prefeitu-ra emprestava suas máquinas. O transporte de pessoas doentes, do mesmo modo, também era bastante solicitado, e até hoje ele ocor-re. Diariamente, carros e ambulâncias da prefeitura partiam rumo a Florianópolis, levando aquelas pes-soas que precisavam de um tratamento mais especi-alizado. A questão dos remédios também era bas-tante complicada, pois na maioria das vezes o muni-cípio não tinha os recursos necessários para atender a população. Nesses casos, eu era obrigado a tirar dinheiro do meu próprio bolso. Na área da educação, pediam-se bons professores, além de um transporte de qualidade para os alunos. Já naquela época, começávamos a fazer a nucleação do município, que só seria possível através do trans-porte dos alunos. Como a maioria das estradas mu-nicipais não tinha asfalto, fomos obrigados a adquirir micro-ônibus, ônibus, e até terceirizar algumas coi-sas, de modo a atender todos os habitantes. Os mo-radores, contudo, tinham consciência de que a pre-feitura não podia fazer tudo, e até ajudavam na ad-ministração. Havia uma parceria muito grande anti-gamente. Hoje porém, as coisas ficaram mais difíceis em relação a isso, já que essa ajuda do povo já não é tão presente quanto antes.”

TEXTO | Ana Jonck DESIGN | adaptado de InDesign Secrets

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ANGELINA GERAL

OS REPRESENTANTES

JOSÉ NILTON DA S ILVA Nascido no dia 6 de junho de 1962, no município de Leoberto Leal, José Nilton da Silva é o prefeito de Angelina, eleito no primeiro turno com 2.173 votos (48,08% do total). Originalmente, candidatou-se ao cargo de vice-prefeito, mas acabou assumindo o cargo com a renúncia de Gil-berto Orlando Dorigon, que seria o prefeito do município. Pertence o Par-tido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), na coligação “O Tra-balho Continua” (união dos partidos PMDB, PSDB e PDT).

É seu primeiro mandato como prefeito, porém já exerceu o cargo de ve-reador e secretário da saúde por quatro anos. Defende, dentre outras coisas, a descentralização da infraestrutura e dos serviços públicos, hoje concentrados nas grandes cidades. Sua principal área de atuação é a saúde, onde trouxe diversas melhorias ao município.

LEONARDO HAMMES Leonardo Hammes nasceu no dia 6 de novembro de 1960, na cidade de Angelina. É o vice-prefeito do município, porém já exerceu o cargo de vereador duas vezes (em 2000 e em 2004).

Antes de ocupar cargos políticos, Hammes dedicou-se ao comércio, sen-do o proprietário de uma loja de variedades de nome “Comercial Ham-mes”.

Assim como José Nilton, também é afiliado ao PMDB e faz parte da coli-gação “O Trabalho Continua”.

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TEXTO | Victória Cavalcante FOTOGRAFIA E DADOS| Uol Eleições

2012 DESIGN | Lúcia Mees E A IDEOLOGIA

PARTIDO DO MOVIMENTO O Partido do Movimento Democrático Brasileiro é o maior partido político do Brasil, contando com mais de 2 milhões de afiliados, apesar de nunca ter elegido nenhum Presidente da República. Foi criado em 1980, por meio da união de grande parte dos políticos que integravam o MDB, o partido de oposição na época da di-tadura militar.

Atualmente, o código eleitoral do PMDB é o 15, e suas cores são o vermelho, o preto, o verde e o amarelo. O partido é centrado numa orientação política centrista, apesar de criticado por seguir diversas ideologias diferentes, dependendo do estado de atuação. É o partido de atuação do vice-presidente Michel Temer, além de 79 deputados federais, 19 senadores, 5 governadores e 1023 prefeitos.

DEMOCRÁTICO BRASILEIRO

VEREADORES

André Kreusch, PP Chico Dias, PT Eguinaldo da Rosa, PSDB Irio, PP Janicio de Souza, PMDB

Marcelo do Posto, PT Mauro Martins, PMDB Nica Knaul, PT Pelé, PSD

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CORTES NO ORÇAMENTO A prefeitura de Angelina prevê redução no repasse de recursos no ano de 2014. O problema, contudo, não é novidade.

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O município de Angelina, assim como todos os outros, recebe verbas do governo estadual e federal, sendo responsável por redistribuir esse dinheiro entre as áreas que mais necessitem. No ano de 2014, no en-tanto, a previsão é que apenas 10% dos recursos angelinenses provenham da própria produção, sendo o governo responsável pelos outros 90%. Com recur-sos escassos e verbas que nem sempre chegam, a prefeitura vêm enfrentando diversas dificuldades.

O problema, segundo o secretário de finanças José Valmir Schmitt, reside justamente na maneira como esses recursos são distribuídos. “Atualmente, os mu-nicípios catarinenses e do Brasil todo recebem dinhei-

TEXTO | Victória Cavalcante e Giulia Rigoni FOTOGRAFIA E DESIGN | Lúcia Mees

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ro de acordo com o número de habitantes, e não com a real necessidade”, diz ele, que precisa admi-nistrar a economia de uma cidade com grande ex-tensão territorial, porém número reduzido de habi-tantes. “Rancho Queimado, por exemplo, possui o mesmo número de habitantes que Angelina, porém um patrimônio público bem menor a ser cuidado. É justo, então, que esse tipo de distribuição de verba seja mantido?”, ele questiona.

Em 2014, a prefeitura enfrenta ainda mais dificulda-des. Os recursos recebidos continuam praticamente os mesmos todos os anos, girando em torno de 7 milhões de reais. A demanda pelos serviços ofereci-dos pela prefeitura, e os gastos em geral, no entan-to, só tendem a aumentar, principalmente devido à atenção especial da prefeitura para a saúde e a edu-cação. Resta saber até onde a administração de An-gelina conseguirá manter um bom padrão de quali-dade no atendimento ao cidadão, e como.

A moradora Nilda, dona de uma loja de roupas, diz estar preocupada com o repasse de recursos à prefeitura.

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COMO A PREFEITURA UTILIZA

EDUCAÇÃO O mínimo que se pode gastar com a educação são 25% dos recursos recebidos. Em Angelina, a verba aplicada na área corresponde a esses 25%, o que equivale a algo entre 90 e 100 mil reais mensais, incluso o FUNDEB.

A maior parte do que é destinado à educação é utilizado no pagamento de professores. Isso acontece devido à legislação brasileira, que exige um professor para determinada quantidade de alunos, e ainda um número maior de profissionais nos casos de alunos com necessidades especiais.

30%

25%

SAÚDE A legislação indica que pelo menos 15% dos re-cursos recebidos por um município devem ser aplicados na saúde pública. Na cidade, R$120.000 mensais provém de recursos pró-prios, e R$30.000 de recursos federais, que são enviados principalmente através do programa Sa-úde Familiar.

Esses recursos são aplicados principalmente no Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Concei-ção e no transporte de pacientes para outras ci-dades. A prefeitura mantém ainda encontros entre grupos de diabéticos e hipertensos, que ocorrem na primeira sexta-feira de cada mês nas comuni-dades locais.

MOBIL IDADE Em Angelina gasta-se aproximadamente R$75.000 mensais apenas com a manutenção e construção das estradas. Para começar, são quase 140km de estradas, sendo a grande maioria sem qualquer tipo de calçamento ou asfalto. Quanto chove, portanto, a cidade fica intransitável, e a população sofre com a impossibilidade de deslocamento. A necessidade de boas estradas destinadas a caminhões pesados, contudo, é ainda mais visível. Isso porque, só em um hortifrutigranjeiro, saem por dia do interior do município aproximadamente 100 toneladas de cebo-la. O trânsito de caminhões pesados, logo, é uma constante, e as estradas de qualidade, um sonho.

15%

30% SEGURANÇA, URBANISMO E OUTROS Angelina é um município preocupado com o desen-volvimento da agropecuária, já que é dela que pro-vém 70% das riquezas do município. A prefeitura, nesse contexto, investe na análise da qualidade da terra e no fornecimento de máquinas aos pequenos agricultores. Na segurança, a administração tem investido no po-liciamento na cidade como um todo, e não só na zona urbana, como era alguns anos atrás. Ao mes-mo tempo, vários investimentos são feitos todos os anos no sentido de manter a organização do muni-cípio, isto é, um planejamento urbano mais rigoroso, uma coleta seletiva mais eficiente e o paisagismo da cidade, através da manutenção de diversos jardins.

OS RECURSOS QUE RECEBE?

ANGELINA POLÍTICA

TEXTO | Ana Valquíria Jonck ILUSTRAÇÕES | Shutterstock DESIGN | Lúcia Mees DADOS | Deepask

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FALSA CALMARIA

TEXTO | V ic tor ia Magnani FOTOGRAF IA|pore lsonaraujo.blogspot .com.br DESIGN | adaptado de InDesign Secre ts

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Pela segunda vez num período de três anos, a prefeitura de An-gelina apresenta uma nova estratégia direcionada à segurança pública. Dentre as principais medidas a serem adotadas, estão um maior policiamento das áreas mais movimentadas e um trei-namento mais específico dos policiais, a fim de coibir novos atos criminosos.

O procedimento é uma repetição do que ocorreu em 2011, quando a prefeitura anunciou um policiamento mais efetivo na zona rural. Naquela época, o objetivo era reduzir as taxas de crimes como assalto e furto de animais e plantas, alvos de ações criminosas apesar do baixo valor de venda.

No dia 12 de março do mesmo ano, no entanto, o alvo dos cri-minosos foi outro. A agência do Banco do Brasil de Angelina, localizada na rua Leoberto Leal, sob o número 157, foi vítima de uma tentativa de assalto. De acordo com as autoridades locais, os criminosos permaneceram no interior do estabelecimento por 7 minutos, utilizando um maçarico para arrombar os caixas ele-trônicos. Para evitar que as forças policiais tivessem acesso à cena do crime, diversas árvores foram cortadas e enfileiradas na pista que liga Rancho Queimado à Angelina. O barulho provoca-do pela ação acordou muitos dos moradores vizinhos à agência, como Raul Kistner, que garante que crimes desse tipo não são

Prefeitura de Angelina reforça policiamento na ci-dade e promete mais investimentos na segurança pública, em uma ação contra a recente onda de assaltos.

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novidade em Angelina.

No imaginário da população das grandes cida-des, contudo, Angelina é a tal "cidadezinha do interior onde a criminalidade não existe". Na prá-tica, entretanto, não é bem assim que as coisas acontecem. A criminalidade existe, e influencia diariamente a vida dos habitantes do município.

O mais interessante é o quanto a realidade da cidade mudou nos últimos anos. Há cerca de uma década, as casas em Angelina nem tinham cercas, enquanto hoje algumas possuem vigilân-cia eletrônica e sistemas antifurto. Para uma ci-dade do tamanho de Angelina, essa situação é preocupante.

Os moradores, todavia, não ficam passivos dian-te dos recentes acontecimentos. Assim, criaram uma associação, a CONSEG, que possibilita con-tatar a polícia mais rapidamente em caso de suspeita de algum crime. De acordo com a maio-ria dos envolvidos na associação, os esforços da prefeitura para melhorar a segurança da cidade estão surtindo pouco ou nenhum efeito.

Ainda, diante da nova onda de crimes, estuda-se a possibilidade da construção de um presídio nas redondezas de Angelina. Atualmente, a mai-oria dos criminosos é mandada para São Pedro de Alcântara, onde fica localizada a penitenciária mais próxima. A ideia está sendo discutida pela prefeitura da cidade.

ANGELINA SOCIEDADE

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COMUNICAÇÃO EM PAUTA TEXTO | Lúc ia He lena Mees FOTOGRAF IA| Bruno Cabra l DESIGN | adaptado de InDesign Secre ts

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Falta de sinal de telefonia móvel definitivamente não é uma desculpa para o impedimento das comunicações. Pelo menos não em Angelina. Apesar de contar com a cobertu-ra de apenas uma operadora, a Oi, terceira maior empresa de telecomunicações da América do Sul, a comunicação entre os moradores acontece, e de maneira eficaz.

A rádio Portal do Vale FM, transmitida pela frequência 98.3 MHz, é pioneira na transmissão de informações no município. Diariamente, a rádio transmite 14 de seus 39

Apesar da ausência da cobertura de sinal pela maioria das operadoras de telefonia móvel, Angelina possui um sistema de comunicação eficiente. Angelina em Foco conheceu melhor como funciona esse sistema, e o resultado disso você acompanha aqui.

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programas diferentes, 24 horas por dia, que tra-tam de assuntos da vida cotidiana local, histórias de vida, notícias, informações religiosas e músicas em geral.

A cidade conta ainda com um jornal impresso, de circulação mensal: o Jornal Angelina. Distribuído gratuitamente pelos municípios vizinhos que pos-suem colonização alemã, como Anitápolis e Ran-cho Queimado, o jornal foi publicado pela primeira vez no dia 25 de abril de 2013. Os assuntos di-vulgados são bastante diversos, pois envolvem temas relacionados à saúde, esportes, religião e administração municipal, dentre muitos outros.

Atualmente, a prefeitura de Angelina não possui perfis nas redes sociais, diferentemente da maio-ria das instituições públicas. A comunicação entre os moradores e o prefeito, desta maneira, deve ser feita pessoalmente ou por telefone. Em uma pesquisa feita pela Angelina em Foco, 81% dos moradores mostraram-se satisfeitos com a comu-nicação do município. Do total de entrevistados, 46% vê a criação de perfis nas redes sociais pela prefeitura como uma urgência, 39% é indiferente e 15% não utilizaria tais recursos caso estes fos-sem disponibilizados.

ANGELINA SOCIEDADE

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TEXTO | Lúcia Helena Mees ILUSTRAÇÕES| Shu tte rstock DESIGN | adaptado de InDesign Secrets

NOVAS CONEXÕES

ANGELINA SOCIEDADE

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A Internet é, atualmente, o melhor meio de comunicação e transmissão de dados. Difundida pelo mundo todo, po-de ser transmitida por diversas maneiras, devido às grandes revoluções tecnológicas empreendidas pelo ho-mem nas últimas décadas. Através de cabos, por telefo-nia (DSL), via satélite, via rádio ou por meio de redes ce-lulares, é muito fácil conectar-se à rede mundial de com-putadores.

Em Angelina e em outras cidades pequenas, contudo, o leque de opções para conexão é, e sempre foi, bastante reduzido. No município, somente uma operadora de tele-fonia móvel possui cobertura, e a estrutura de cabos pa-ra transmissão de dados nunca existiu. Há cinco anos, no entanto, a prefeitura local começou a questionar o motivo de tanto descaso. O resultado disso, para o desespero de muitos, não foi exatamente o que Angelina esperava.

De um lado, o Estado alegava falta de recursos, e do ou-tro, as grandes empresas de telecomunicações não viam a cidade como um mercado consumidor em potencial. Era necessário, desta maneira, que uma solução imedia-ta partisse do próprio município.

Foi assim que, a partir do ano de 2011, a prefeitura de Angelina promoveu a instalação de uma torre para Inter-net via rádio, a custos reduzidos se comparados aos de sistemas de transmissão semelhantes, como a Internet via satélite. Hoje, quase todo o território angelinense é coberto pelo sinal da nova tecnologia, que permite velo-cidades de conexão entre 400Kb e 10Mb, dependendo do plano escolhido.

A Internet via rádio não só se consolidou como o meio de transmissão de dados mais comum em Angelina, como também promoveu uma verdadeira revolução no modo de vida da população. Devido aos baixos custos de ma-nutenção do sistema, atrelados às quedas de sinal pouco

3. Através do sinal recebido, toda a comunidade pode conectar se à Internet, e usufruir de seus benefícios. O serviço apresenta baixo custo de manutenção e boa velocidade, com sinal relativa-mente estável.

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frequentes (a não ser em caso de mau tempo), a internet via rádio definitivamente promoveu um verdadeiro “boom” nas comunicações do município.

Atualmente, são muitas as utilidades encontradas para a nova tecnologia. No campo, os agricultores acessam a Internet principalmente para consultar a previsão do tempo e checar alguma informação im-portante acerca de suas plantações e criações, co-mo o melhor fertilizante a ser utilizado, por exem-plo. Já na cidade, a grande maioria dos moradores já criou um perfil nas redes sociais, para comparti-lhar experiências de vida e manter-se atualizados acerca do que acontece no mundo. É um avanço e tanto para quem nunca sonhou em ter qualquer informação em suas mãos, a qualquer momento.

COMO FUNCIONA A INTERNET VIA RÁDIO?

2. As antenas presentes nas residências adotan-tes do serviço recebem o sinal da torre e, através de um cabo, o transportam a um modem. Não devem existir obstáculos entre a torre e a antena.

1. As torres da Internet via rádio, conhecidas como POPs, transmi-tem o sinal da Internet a todo o município, em frequências entre 2,4 GHz e 66GHz.

DADOS | Tecmundo

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ANGELINA SOCIEDADE EMPREGOS: FALTA DE OPORTUNIDADES OU PÉSSIMAS CONDIÇÕES? TEXTO | V ictor ia Magnan i DESIGN | adaptado de InDesign Secre ts

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A produção industrial e agropecuária de Angelina, apesar de consideravelmente pequena quando comparada a ou-tras cidades do estado, vem apresentando um índice de crescimento elevado, com a criação de uma nova empresa a cada ano que passa. Os governantes afirmam que a ci-dade está crescendo, e que em breve conquistará seu lu-gar ao sol. Mas será que a população concorda com esse discurso?

A resposta é um sonoro "não". Apesar de a prefeitura pregar essa situação de pleno crescimento econômico, a realidade não condiz com essas palavras. Existe oferta de emprego, isso é inegável, porém, as condições de traba-lho são tão revoltantes que só podem ser consideradas desumanas.

Em primeiro lugar, os salários são extremamente baixos. No setor têxtil, por exemplo, cada peça de roupa produzi-da por um funcionário é vendida para um intermediário pela bagatela de R$ 1,66 a unidade. Em segundo lugar, não há qualquer tipo de assistência ao trabalhador, inclu-indo plano de saúde e seguro em caso de acidentes de trabalho. Como se isso não fosse suficiente, o ambiente de

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trabalho ainda é praticamente insalubre, como é o caso da empresa manufatureira anexada ao giná-sio da cidade.

Não é à toa que Angelina apresenta um dos maio-res índices de migração do estado. Os jovens que concluem seus estudos nas escolas da cidade possuem um nível de conhecimento capaz de ga-rantir ocupações melhor remuneradas do que aquelas encontradas em Angelina. Além disso, a migração de trabalhadores também é bastante frequente, visto que em municípios vizinhos os salários, de modo geral, são mais altos, há vale-transporte e planos de saúde.

A prefeitura afirma que só não trabalha quem não quer, pois sobram empregos. No entanto, devido a qualidade dos empregos oferecidos, a recusa da população em sujeitar-se a essas condições é mais do que compreensível. Portanto, o problema não reside nos trabalhadores, e sim nas péssimas condições às quais eles são submetidos.

FOTOGRAFIA | Lúcia Helena Mees

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ENTREVISTA COM MARIA DE LOURDES KRETZER

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Maria de Lourdes Kretzer, natural de Angelina, produz de maneira artesanal ornamentos para o jardim, famosos por toda a cidade. Em uma entrevista para Angelina em Foco, a moradora revelou como é a vida na cidade. VOCÊ GOSTA DE MORAR AQUI? “Ah sim! Tudo aqui é muito tranquilo, muito calmo... A gente gosta disso, sabe. E Angelina é bem diferente das cidades grandes, é bem melhor, na minha opinião.” NOSSA! TODOS AS PESSOAS QUE ENTREVISTAMOS ATÉ AGORA DISSERAM O MESMO. A SENHORA SABERIA EX-PLICAR O PORQUÊ? “É, a vida em uma cidade pequena é sempre assim. Todo mundo conhece todo mundo, as coisas são bem organi-zadas, tem saúde, educação, boa comida... E se você quiser ir no cinema, no shopping, ou algo parecido, Flori-anópolis é aqui pertinho.” QUANTO AOS ASPECTOS GERAIS DE ANGELINA, O QUE PODERIA MELHORAR? A SAÚDE, POR EXEMPLO, ANDA BEM? “Olha, a saúde já esteve pior, mas sempre tem o que me-lhorar. Me refiro à quantidade de médicos... A gente con-ta com apenas quatro médicos, e todos são clínicos ge-rais, não existe especialização. E isso é um tanto quanto complicado, porque sempre que há algum problema mais sério, a pessoa envolvida precisa se deslocar até Floria-nópolis, São José... A saúde definitivamente melhorou de uns anos para cá, com o novo prefeito, mas poderia ser melhor ainda.” E A EDUCAÇÃO, É DE QUALIDADE? EXISTEM PROFESSO-RES SUFICIENTES? HÁ INFRAESTRUTURA? “Disso eu não posso falar muito, porque tenho só duas netas que frequentam a escola. Mas eu vejo que o maior problema são os alunos. Tem professor, tem salas de aula, tem merenda... Tem tudo, na verdade. Mas os alu-

TEXTO | Cel ina Ga lup FOTOGRAF IA | Lúc ia Mees

DESIGN | adaptado de InDesign Secre ts

ANGELINA SOCIEDADE

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nos não ajudam.” DE QUE MANEIRA OS ALUNOS NÃO AJUDAM? VOCÊ QUER DIZER QUE A FREQUÊNCIA ESCOLAR É BAIXA? “Também tem um pouco disso, infelizmente. Mas o que eu quero dizer é que os pais dessas crianças não as educam em casa, não as ensinam que é preciso respeitar o professor, que tem que prestar atenção.... Então fica tudo uma bagunça, porque o professor está ali tentando ensinar, esforçando-se para dar uma educação de qualidade para todo mundo, mas acaba não conseguindo realizar o seu trabalho devi-do ao desrespeito dos alunos. E isso é bem compli-cado, porque parece que os pais dessas crianças, que foram ótimos estudantes há alguns anos atrás, são os que mais atrapalham o ensino aqui de Angeli-na. Não existe mais aquela educação em casa, pois os pais acham que educar é um trabalho exclusivo da escola, mas não é bem assim...” CERTO. E QUANTO À EVASÃO ESCOLAR, VOCÊ SABE SE ISSO OCORRE COM FREQUÊNCIA AQUI EM ANGELI-NA? “Eu sei que existem várias famílias do campo que não veem utilidade em manter seus filhos na escola. Para essas pessoas é bem melhor e mais fácil ter os jo-vens o quanto antes trabalhando na lavoura, e aju-dando no sustento da família. Por isso as escolas perdem uma boa quantidade de alunos nas séries finais, já que muita gente não considera importante a educação que o Estado oferece. Não que ela seja ruim, longe disso. Mas não é como uma escola parti-cular, sempre existem essas diferenças. O prefeito anterior, contudo, melhorou bastante a educação, enquanto o atual está focado na saúde, pois foi esta a sua área de atuação antes do manda-to. Então posso dizer que essas duas áreas melhora-ram bastante nos últimos oito anos, até porque Ange-

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ANGELINA SOCIEDADE

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lina, atualmente, é referência em saúde na região. Na educação, especialmente, a qualidade realmente me-lhorou, mas isso não se vê assim facilmente. Quer di-zer, não adianta ter professor bom, se o outro lado (os alunos) não quer aprender. Ou melhor, talvez es-ses jovens até queiram aprender, mas não foram edu-cados em casa a respeito disso. “ É VERDADE. E QUANTO À POLÍTICA, O QUE VOCÊ PO-DERIA NOS DIZER A RESPEITO? “Já esteve bem pior, nisso todos aqui (os habitantes) concordamos. Os gastos, contudo, são muito grandes, e muitas vezes não trazem um retorno significativo. A gente sabe que tem investimento, mas muitas vezes não conseguimos ver exatamente de que maneira foi gasto esse dinheiro. Sempre há aquela disputa entre os partidos, tem uns que preferem o partido A, outros o partido B. Eu pessoalmente não tenho partido, e acho que as coisas aqui melhoraram nos últimos tem-pos.” ISSO INCLUI O MEIO AMBIENTE? ANDANDO PELA CI-DADE, VIMOS QUE NÃO HÁ MUITO LIXO NO CHÃO, NEM MESMO POLUIÇÃO NO GERAL. SEMPRE FOI AS-SIM OU ISSO É FRUTO DE ALGUM INVESTIMENTO MAIS RECENTE DA ADMINISTRAÇÃO DO MUNICÍPIO?

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“Sempre foi assim, mas alguns anos são melhores que outros. A população em si sabe manter as ruas limpas, até porque não é difícil encontrar uma lixeira (ela ri). O que eu percebo é que, durante as épocas de maior movimento na cidade, a limpeza da cidade certamente não é a mesma.” NA SUA OPINIÃO, O TURISMO AJUDA NA ECONOMIA? EXISTEM ÉPOCAS COM UMA QUANTIDADE MAIOR DE PESSOAS NA CIDADE? “Com certeza. Perto da páscoa Angelina recebe muitos turistas, muitos deles vindos de longe. Tem gente de Florianópolis, São Pedro de Alcântara, Santo Amaro da Imperatriz... E isso com certeza ajuda na economia, principalmente porque essas pessoas compram uma quantidade considerável de produtos coloniais e lem-brancinhas religiosas.” É VERDADE. AGRADECEMOS A SUA COLABORAÇÃO. IN-FELIZMENTE, O TEMPO É CURTO. VOCÊ TERIA ALGUMA CONSIDERAÇÃO FINAL? “Só queria dizer que fico feliz em ver estudantes de outras cidades querendo conhecer Angelina. É uma cidade muito bonita, e é muito bom viver aqui. Quem sabe algum de vocês decida vir morar aqui?”

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!! ! O QUE É ECONOMIA?

!!ANGELINA ECONOMIA

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!! !

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Muitos, de um modo geral, pensam estar familiariza-dos com a economia. Contudo, ao serem indagados sobre que definição dariam ao termo, nota-se que di-versas respostas diferentes começam a surgir.

Provavelmente, isso ocorre devido ao fato de que a economia é, afinal, uma das mais recentes ciências criadas pelo homem. Uma ciência conhecida, porém inexplorada pela maioria das pessoas, e tida como misteriosa por grande parte de nós.

A economia pode ser definida como a ciência que es-tuda a forma como as sociedades utilizam os escassos recursos que encontram à sua disposição para produ-zir bens com valor, assim como a maneira como os distribuem entre os vários indivíduos. Isto é, trata-se de um assunto essencial para qualquer sociedade.

A ECONOMIA DE ANGELINA O município de Angelina apresenta uma economia es-sencialmente agrária, tendo em vista que a grande maioria de seus habitantes reside no meio rural. Nesse sentido, as principais atividades econômicas do muni-cípio são a agricultura, a pecuária, a apicultura, avicul-tura e olericultura, nessa ordem. O turismo, em épocas de festas, também representa parte importante da economia, tendo em vista que movimenta o comércio e traz lucros significativos para boa parte da população.

Essas atividades econômicas, contudo, são prejudica-das pelo clima frio que periodicamente se instala na região. Em 2013, por exemplo, as temperaturas bai-xíssimas, a neve e a geada levaram à perda de apro-ximadamente 70% da produção local, principalmente no ramo das hortaliças.

Em Angelina, aproximadamente 87,3% dos habitantes

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se enquadrariam no que chamamos de População Economicamente Ativa (PEA), o que equivale a 3.675 pessoas.

O setor primário, sendo o que mais absorve mão de obra na região, gera empregos para 2.469 habitan-tes, o que equivale a 67% dos trabalhadores do município. No entanto, por falta de apoio por parte do governo aos agricultores, e incentivo para que os mais jovens deem continuidade aos cultivos dos pais, a evasão de mão-de-obra primária para outros municípios é uma constante, o que leva a uma dimi-nuição no total da população local. Além disso, o deslocamento de trabalhadores das áreas rurais para o centro urbano de Angelina também aconte-ce, movido, principalmente, pelos atrativos que o comércio, que praticamente não ocorre no campo, oferece. O interessante, todavia, é notar que mesmo com essa fuga de trabalhadores, o aumento na dis-ponibilidade de terras para outros agricultores pra-ticamente não é observado.

Desde a década de 1970, na qual Angelina contava com um total de 1.027 estabelecimentos rurais, o número de propriedades, de maneira geral, só di-minuiu. O que acontece, na realidade, é a divisão visão de algumas terras, que são então incorpora-das pelos chamados latifúndios.

Atualmente, Angelina apresenta uma relação na or-dem de 7,8 habitantes por emprego, o que coloca a concorrência local bem acima da estadual, que é de 3,1 habitantes por emprego, e da nacional, de 2,7 habitantes por emprego. O desemprego em Angeli-na ainda existe, principalmente devido aos baixos salários oferecidos e à falta de qualificação de mui-tos trabalhadores. Percebe-se, contudo, que existe sim uma oferta grande de empregos, porém boas condições de trabalho e salários atrativos são prati-camente ausentes. Muitas pessoas então recorrem a programas do governo, como o Bolsa Família, que beneficia atualmente 147 famílias de Angelina.

O salário médio em Angelina, no ano de 2011, era de R$1.048,18. Enquanto isso, hoje a média esta-dual é de R$1.620,42, e a nacional de R$1.827,45.

TEXTO | Lúcia Mees FOTOGRAFIA | Lúcia Mees DESIGN | Lúcia Mees DADOS | Sebrae, 2010

! ANGELINA ECONOMJA

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! !TEXTO | Julia Schubert e Lúcia Mees FOTOGRAFIA | Wikimedia DESIGN | adaptado de Design Instruct DADOS | Sebrae, 2010

!!ANGELINA ECONOMIA

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! !

AGRICULTURA !A principal atividade econômica de Angelina é, sem dúvida ne-

nhuma, a agricultura, que abrange desde o cultivo de milho às

plantações de alface e hortaliças em geral.

EM UM MUNIC ÍPIO COM ÁREA URBANA REDUZIDA E ECONOMIA

PREDOMINANTEMENTE AGRÁRIA, É NATURAL QUE EM CADA

CANTO DA C IDADE ESTEJA PRESENTE UMA PLANTAÇÃO, POR

MENOR QUE SEJA . DESTA MANEIRA, A TRADIÇÃO DE PRODU-

ZIR O PRÓPRIO AL IMENTO, EM ANGELINA, É ALGO MARCANTE

ATÉ MESMO NA ZONA URBANA.

! ANGELINA ECONOMJA

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!! !

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A agricultura é, definitivamente, o setor mais representativo da economia de Angelina, cujo destaque se deve às produções de re-polho, couve-flor, alface, beterraba, fumo e morango, e também pelo cultivo de cebola e milho. Todos esses cultivos desenvolvem-se de maneira bastante convencional, isto é, são sujeitos aos sub-sídios do governo ou de empresas privadas, com exceção do fumo.

A produção agrícola angelinense, quase em sua totalidade, é re-passada ao CEASA, que leva à entrada desses produtos no comér-cio da região sudeste do Brasil, principalmente em São Paulo. So-mente uma pequena parte da produção fica no Estado, enquanto outra, ainda menor, é consumida pela população local. Os princi-pais produtos da agricultura angelinense são o fumo, a batata e o aipim, além de hortaliças.

FUMO O fumo é utilizado na produção de tabaco. Os canteiros são seme-ados nos meses de junho e julho, e em 60 dias as mudas de fumo já podem ser transplantadas para a lavoura. 80 dias após o trans-plante, ocorre a colheita. As folhas do fumo são então armazena-das em estufas ou galpões, onde acontece um processo denomi-nado cura, responsável pelas características específicas dos dife-

O setor agrícola de Angelina é responsável por quase 80% da eco-nomia local

FOTOGRAFIA | Lúcia Mees

!!ANGELINA ECONOMIA

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!!! !

50% MECANIZADA

50% MANUAL

Como é a produção agr ícola?

80%""NO CAMPO

20% NA CIDADE

Onde vive a população em Ange l ina?

É BOM SABER

FOTOGRAFIA | Lúcia Mees

FOTOGRAFIA | Lúcia Mees

! ANGELINA ECONOMJA

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rentes cigarros.

BATATA A batata é uma planta originária da Cordilheira dos Andes que produz um tubérculo rico em amido. Ela cresce melhor em clima ameno, com temperaturas entre 15ºC e 20ºC. Em Angelina a colheita ocorre 90 dias após o plantio, porém em outras regiões do Brasil pode ocorrer depois de 150 dias. AIPIM O aipim ou mandioca é uma planta de origem tropical que ocorre geralmente em regiões de temperatura superior a 18ºC. Pode ser cultivada até em solos pouco férteis, desde que sejam bem drenados. A colheita em Angelina ocorre de 12 a 18 meses após o plantio, podendo chegar a 36 meses dependendo das condições de cultivo.

HORTALIÇAS E OUTROS CULT IVOS Em Angelina, o cultivo de hortaliças abrange principalmente as plantações de alface, repolho e couve. Outra cultura que se destaca em Angelina é a da mandioquinha-salsa. O mu-nicípio é responsável por 750 das 1013 toneladas da plan-ta produzida no estado todos os anos.

DADOS | IBGE, 2010

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!! !PRODUÇÃO DIVIDIDA

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Aproximadamente 50% das propriedades agrícolas angelinenses ainda utilizam o chamado sistema tradi-cional de produção, isto é, realizado sem o auxílio de máquinas. Essas propriedades dependem do uso de agrotóxicos, revolvimento manual do solo e tração animal, técnicas que estão caindo em desuso no país.

Em muitas propriedades, as técnicas utilizadas não poderiam ser outras. O que acontece é que a maior parte dos terrenos e propriedades do município apre-sentam relevo bastante acidentado, típico da região. Além disso, o custo da mecanização, que já se torna difícil devido ao relevo, é muito alto: uma única colhei-tadeira pode custar até R$500 mil reais.

Para as propriedades de relevo mais regular, que permite o emprego adequado de novas tecnologias, a prefeitura fornece um auxílio na compra de equipa-mentos e na análise da qualidade das terras. Ela for-nece principalmente tratores, colheitadeiras e arados mecânicos, utilizados no preparo da terra e na colhei-ta. Em alguns casos, a terra está apta para cultivo, sendo necessário colocar calcário para garantir uma boa produção. A prefeitura, nesses casos, providencia

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o transporte do produto até Angelina. Cerca de 200 viagens desse tipo são realizadas anualmente.

No entanto, o uso de técnicas mais modernas na agricultura e a grande produção local têm levado a um agravamento dos problemas relacionados ao meio ambiente ao longo dos anos. Dentre as principais consequências disso, estão a erosão do solo, a con-taminação e assoreamento dos rios e mananciais e perda da biodiversidade.

Esse tipo de problema não é exclusivo de Angelina, pois acontece no país todo. O que muda é a intensi-dade dos danos e a postura dos produtores rurais diante deles. Muitos municípios chegam inclusive a promover o uso de técnicas menos agressivas, por assim se dizer.

Em Angelina, recentemente surgiram diversas famílias locais preocupadas com o modelo de cultivo adotado. Dentre seus objetivos, está a busca pela transição para um método mais sustentável, que também leve em consideração o caráter social e ecológico da cida-de. Isso tudo porque não adianta ter uma grande produção no presente se o futuro é incerto.

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!!ANGELINA ECONOMIA

TEXTO | Julia Schubert FOTOGRAFIA| Jimmy Jeong

DESIGN | Lúcia Mees DADOS | IBGE, 2010

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MUDANÇA EXEMPLAR Não é novidade que o uso de agrotóxicos gera polê-micas pelo Brasil e pelo mundo. Popularizados a partir da Segunda Guerra Mundial, através de inves-timentos pesados em armas químicas, os agrotóxicos estão presentes na maioria dos produtos consumidos no dia-a-dia dos brasileiros. E é justamente aí que começam os debates e discussões.

Segundo um estudo divulgado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2012, os níveis de agrotóxicos empregados nas lavouras não só são prejudiciais a quem os aplica, como também trazem sérios riscos à saúde de quem os põe à mesa. O mo-rango, por exemplo, é o principal alvo de tantos pes-ticidas e adubos químicos, que chegam a contaminar 59% das amostras analisadas pela Anvisa.

Para entender como os agrotóxicos dominaram as produções agrícolas, é preciso voltar ao ano de 1975, na época do regime militar. Naqueles tempos, o chamado Plano Nacional de Defensivos Agrícolas limitava obtenção de crédito rural mediante a aplica-ção de pesticidas. O resultado disso todos os brasi-leiros sabem: alimentos e mais alimentos contamina-dos pelo uso excessivo de agrotóxicos.

Pensando nisso, Celso e Catarina Gelsleuchter, agri-cultores de Angelina, implantaram em suas planta-ções um regime de produção sem agrotóxicos. Em sua propriedade, localizada no distrito Garcia, são produzidos, dentre outras coisas, mel e farinha de mandioca, produtos de longa tradição familiar.

O casal representa o primeiro e único exemplo de agricultura familiar orgânica do município, certificado pela Rede Ecovida de Agroecologia. O resultado des-sa mudança inovadora resultou na farinha de mandi-oca mais disputada na Festa do Queijo e do Mel, e no único engenho angelinense incluído na rota de agro-turismo da Rede dos Engenhos Artesanais de Farinha da grande Florianópolis

TEXTO E DESIGN | Lúcia Helena Mees FOTOGRAFIA| saudealternativa.wordpress.com

! ANGELINA ECONOMJA

!!O casal Gelsleuchter baseou-se em produções

orgânicas de São Paulo, como a da foto.

Page 50: Angelina em Foco

!! !PECUÁRIA

!Nas áreas de culturas anuais, após a colheita, as terras que antes eram utilizadas exclusivamente para a agricultura são transformadas em pas-tagens, permitindo o desenvolvimento da pecuária angelinense, cujo ponto forte é a criação de bovinos leiteiros e aves, principalmente. TEXTO | João Antônio FOTOGRAFIA | Lúcia Mees DESIGN |adaptado de Jorge Oliveira DADOS | Sebrae, 2010

!!ANGELINA ECONOMIA

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A pecuária de Angelina, assim co-mo a agricultura, apresenta eleva-do nível de desenvolvimento. Isso ocorre principalmente devido ao apoio de agroindústrias do oeste catarinense, que financiam, dentre outras coisas, as granjas locais.

A avicultura, nesse sentido, é um ponto forte na pecuária de Angeli-na, e ainda apresenta uma taxa de crescimento bastante elevada. En-tre os anos de 2006 e 2010, por exemplo, criação de aves no local foi 82.660 para 629.492 cabeças, o que representa um aumento de 661,5%.

Atualmente, existem 22 granjas em Angelina, que são administradas, em sua maioria, por famílias intei-ras, e financiadas agroindústrias.

A tendência, para os próximos anos, é ampliar a criação de aves, que possuem um ciclo de produção relativamente rápido quando com-paradas a outras criações. Além disso, o consumo de produtos de-rivados de frango tem aumentado consideravelmente nos últimos anos

A principal manifestação do muni-cípio, contudo, se dá através da chamada pecuária leiteira. Nessa área, há o predomínio de peque-nas propriedades, cuja produção destina-se, em sua maioria, à pro-dução de queijos e laticínios em geral, realizada muitas vezes de modo artesanal. Para se ter uma ideia, entre os anos de 2006 e 2010, a produção de leite quase triplicou: foi de 2.629 mil para 6.937 mil litros.

! ANGELINA ECONOMJA

Page 52: Angelina em Foco

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O desenvolvimento da avicultura em Angelina se deu praticamente da mesma forma que no restante da região sul do Brasil. Nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a criação de aves surgiu em empresas e terras em que já eram praticadas outras atividades relacionadas à pecuária, como a criação de suínos ou bovinos, por exemplo. Outra característica particular des-sas novas granjas é que as mesmas controlam as principais etapas da produ-ção, sem a típica segmentação do processo produtivo que ocorre no restante do território brasileiro.

A avicultura de Angelina é dividida entre aves de postura e aves de corte, sen-do que as de corte são as que apresentam os maiores índices de crescimento. Não é só na avicultura de corte, contudo, que a criação de aves ocorre em An-gelina. A produção de ovos de galinha, embora tenha diminuído bastante nos últimos anos, é parte importante da economia local e garante parte do susten-to de várias famílias. Hoje, Angelina figura como 277ª maior produtora de ovos no Estado de Santa Catarina. A posição é relativamente ruim, mas se justifica devido à queda de 91% na produção entre os anos de 2006 e 2010. Nessa época, o efetivo de produção caiu de 80 mil dúzias de ovos para 7 mil dúzias, em apenas quatro anos. Os ovos de codorna, diferentemente dos originários da galinha, nunca foram produzidos em Angelina, ao contrário do que ocorre no restante do Estado.

A produção de lã é outra fonte de renda para muitas famílias, porém é relati-

TEXTO | João An tônio DESIGN | Lúcia Mees

!!ANGELINA ECONOMIA

FOTOGRAFIA | Lúcia Mees

A criação de aves surgiu em empresas e terras em que eram praticadas outras atividades

Page 53: Angelina em Foco

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BOVINOS DE CORTE

A criação de bovinos de corte também ocorre em Angeli-na, porém com menos frequência e em poucas proprie-dades. Além disso, não apresenta uma taxa de cresci-mento tão elevada quanto a pecuária leiteira ou a avicul-tura. De 2006 a 2010, passou de 6.978 para 13.755 cabeças.

Das 298 famílias angelinenses cuja subsistência depen-dia da agropecuária, em dados de janeiro de 2014, qua-tro delas praticavam exclusivamente a criação de bovi-nos de corte. !

! ANGELINA ECONOMJA

FOTOGRAFIA | Wikimedia

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vamente recente no municí-pio. As análises do IBGE, por esse motivo, possuem dados relacionados à lã angelinense somente após o ano de 2010, na qual 740 quilogra-mas do material foram pro-duzidos.

A cidade ainda produz mel, mas, segundo a própria pre-feitura, há muito a melhorar no setor. Os agricultores en-frentam diversos problemas, como o desaparecimento de várias espécies de abelhas, cujo motivo é desconhecido. Apesar disso, segundo dados do IBGE, em 2006 foram produzidos 5.700 quilogra-mas de mel, e em 2010, qua-tro anos depois, pouco mais de 50.000 quilogramas.

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A indústria de Angelina manifesta-se prin-cipalmente através da manufatura, com pouca mecanização do processo produtivo. O principal exemplo dessa atividade se dá através da chamada Facção de Costura, empreendimento que emprega 27 pesso-as, mas que possui vagas para outras 23. Cada peça de roupa produzida lá é vendida para um intermediário, ao valor de R$1,66 a unidade. Desse intermediário, a produ-ção local, juntamente com a de outras ci-dades como Angelina, é repassada à gran-des lojas de departamentos têxteis, como Renner e Riachuelo.

Segundo a proprietária do local, acidentes de trabalho na manufatura são extrema-mente raros, pois as pessoas ali emprega-das passam por treinamentos antes de iniciar seus trabalhos na confecção. Verifi-cou-se, porém, a ausência de qualquer tipo de assistência ou seguro quando estes são necessários.

Já setor terciário de Angelina apresenta uma estrutura razoável se avaliada nas últimas duas décadas, período que apre-sentou um bom índice de crescimento. No município, é criada uma empresa por ano, sendo que atualmente existem 224 empre-sas formais no município, que geram um total de 669 postos de trabalho.

As empresas comerciais correspondem a 81% dos rendimentos oriundos do setor terciário municipal, ao passo em que os estabelecimentos exclusivamente prestado-res de serviços representam uma fatia de 19%.

Novamente, a migração de trabalhadores para outros municípios é bastante frequen-te. Os salários mais altos, vale transporte e planos de saúde são os principais atrativos nos municípios que incorporam esse con-tingente de migrantes.

!!ANGELINA ECONOMIA

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Os setores secundário e terciário de Angelina, embora bem menos desenvolvidos que o primário, representam parte importante da eco-nomia local. Isto se deve, principalmente, à perspectiva de cresci-mento e desenvolvimento dos dois setores.

TEXTO | Isis Constance FOTOGRAFIA | Lúcia Mees

DESIGN | adaptado de Graphic River

! ANGELINA ECONOMJA

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! SAÚDE e !

! qualidade de vida !

A saúde é um dos direitos fundamentais do ser humano. Mais do que o bem-estar e a

ausência de doenças, ela deve ser definida como qualidade de vida. A saúde pública,

contudo, é alvo de críticas e contestações no Brasil todo. Exceto em Angelina, talvez.

!!ANGELINA SAÚDE

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TEXTO | V ic tor ia Caste l lo FOTOGRAF IA | Daswani Photos DESIGN | Lúcia Mees DADOS | gestaopub l i ca .ne t

COMO FUNCIONA A SAÚDE PÚBLICA? !A saúde pública é viabilizada através da ação do Estado. E é tida como ne-cessidade básica de todos cidadão. Resta saber: essa necessidade é real-mente atendida com a devida qualidade?

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“O maior erro que um homem pode cometer é sacrifi-car a sua saúde a qualquer outra vantagem”. Isso já dizia Arthur Schopenhauer, filósofo alemão da corren-te irracionalista, no século XIX. E ele era estudante de medicina, muito antes de Alexander Fleeming sequer descobrir antibiótico. Por que então o Brasil insiste em manter o setor à mercê da própria sorte?

É inegável o fato de que a saúde pública é fundamen-tal para a vida de qualquer cidadão. Além de ser fun-damental em um país em desenvolvimento, garante o acesso de todos a um direito tão primordial: viver com qualidade de vida. Mas o que é saúde pública?

O conceito clássico de saúde pública, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), define o ter-mo como a arte e a ciência de prevenir doenças, pro-longar a vida e a eficiência física e mental. Isso tudo através do esforço conjunto da comunidade, e da ação do Estado.

O Estado, portanto, é quem deve organizar a Saúde Pública, através das questões sociais e políticas do país, aplicando os serviços médicos na organização do sistema.

Muitos, contudo, pensam que a saúde pública se refe-re somente ao controle de doenças e outros males que afligem o ser humano. Essa visão não está com-pletamente errada, mas apresenta somente uma parte do papel que deve desempenhar a Saúde Pública.

O Estado, além de prevenir e combater doenças, deve também garantir o bem-estar e a qualidade de vida da

! ANGELINA SAÚDE

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população, no que tange à Saúde Pública. Isso significa, dentre outras coisas, a promoção de ati-vidades físicas, a orientação nutricional e a divul-gação de hábitos corretos de higiene.

Em tese, a qualidade da Saúde Pública do Brasil deveria ser exemplar. Isso porque o povo brasilei-ro sofre com uma das mais altas cargas tributárias do planeta, impostos que deveriam garantir um atendimento universal e decente.

Esta não é, contudo, a situação verificada na maio-ria dos hospitais e unidades básicas de saúde em todo o Brasil. Em sete capitais brasileiras, por exemplo, mais de 170.000 pessoas enfrentam uma fila de espera de mais de cinco anos por uma cirurgia não emergencial (procedimento agendado, que não possui características de urgência).

Diante do caos da saúde pública do Brasil, muitos pagam por aquilo que, na teoria, já deveriam estar financiando com os seus impostos: os planos pri-vados de saúde. Hoje, quase 27% dos brasileiros desembolsam uma quantia considerável de dinhei-ro para não dependerem dos hospitais do Estado, chegando muitas vezes à comprometer seus ren-dimentos mensais.

O que se percebe no Brasil como um todo, desta maneira, é um descaso com a saúde pública, uma ignorância para com o bem-estar e a qualidade de vida dos brasileiros. Aqui e em qualquer canto do país. Com exceção poucas cidades como Angelina, provavelmente.

Angelina possui quatro unidades básicas de saúde, que atendem a uma população de quase seis mil pessoas. São elas: Posto de Saúde da Família (tam-

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(também conhecido como Barra Clara), Posto de Saú-de do Garcia, Leopoldo Kreusch e Dr. Hélio Anjos Or-tiz, este último na zona urbana propriamente dita.

O Posto de Saúde Dr. Hélio Anjos Ortiz é localizado bem no centro da cidade, e é o mais estruturado de-les. No entanto, o atendimento não ocorre durante o dia todo, uma vez que há uma pausa no horário do almoço.

A grande maioria dos atendimentos realizados em Angelina é pelo SUS e, segundo o dentista Tiago, que trabalha no local, a questão do SUS é bastante con-troversa. Há regiões onde o sistema funciona muito bem e que o atendimento é ótimo (às vezes até mes-mo melhor que o privado) e já em outras, não é bem assim. Mas por que isso acontece?

O fato é que para fazer a gestão do sistema, depen-de-se muito mais dos políticos do que do financiamen-to. Isso porque o capital destinado à saúde é recebi-do, mas nem sempre se sabe como ele será usado, o que depende diretamente da prefeitura.

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É importante também saber a diferença entre urgência e emergência. Urgência é quando o paciente está em sofrimento, mas não corre risco de vida, como uma dor de dente. A emergência já é algo mais sério, pois o paciente corre risco de vida. Nesse caso, ele deve ser encaminhado para um hospital, onde há material de suporte e equipe especializada para atendê-lo.

Tendo esse conhecimento, entra a questão de como a saúde é dividida. Esta divisão é feita com base nos níveis de atenção, sendo eles primário, secundário e terciário. No nível primário, o caso ainda pode ser atendido no posto de saúde. Muitas vezes, são exibi-das reportagens na televisão que passam a ideia de que postos de saúde são unidades de emergência, quando na verdade não são. Emergências devem ser tratadas em hospitais, que englobam o nível secundá-rio. Já o nível terciário é constituído por casos real-mente específicos e um pouco mais sérios, onde o pa-ciente necessita de cuidados mais especializados. Nestes casos, ele é encaminhado para unidades como o CEPOM, que realiza atendimento oncológico.

!!ANGELINA SAÚDE

FOTOGRAFIA | Lúcia Mees

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! ANGELINA SAÚDE

A PROBLEMÁTICA DA ÁGUA

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Entende-se por tratamento de água, “o conjunto de procedimentos físicos e químicos que são aplicados na água para que esta fique em condições adequa-das para o consumo, ou seja, para que a água se torne potável.” Neste processo, a água é livrada de qualquer tipo de contaminação, evitando, entre ou-tras coisas, a transmissão de doenças.

Em Florianópolis, a empresa CASAN se encarrega de fornecer água tratada, coletar e tratar esgotos sanitários. Em contrapartida, no município de Angeli-na não há uma rede de abastecimento privada que forneça água encanada à população. Isso comprome-te, e muito, a qualidade de vida dos habitantes, pois o tratamento da água e a saúde são dois tópicos que estão altamente interligados.

Segundo o dentista Tiago, que trabalha no Posto de Saúde Dr. Hélio Anjos Ortiz, Angelina é um município bastante rico em fontes de água, o que permite o funcionamento de diversos poços artesianos, respon-sáveis pelo fornecimento de água à população. Con-tudo, a água proveniente desses poços não é trata-da, o que deixa-a isenta de algumas substâncias adi-cionadas por empresas como a CASAN, que evitam a cárie, por exemplo. Logo, a população angelinense está mais propensa a contrair doenças, como viroses,

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e a ter cáries.

A saúde pública, no entanto, engloba muito mais do que só o espaço físico dos postos de saúde e hospi-tais. Do que adianta, então, de focar em apenas um aspecto desta área? A atuação da prefeitura, quan-do se trata da saúde pública, é, de fato, satisfatória para a maior parte da população. Contudo, pouco se ouve a respeito do tratamento da água, quase como se o assunto não tivesse importância para o município.

A ideia da implantação de uma rede de abasteci-mento de água encanada, portanto, deve ser consi-derada, para o bem da população. Feito isso, é bem provável que os índices de viroses e contaminações nas unidades de saúde diminuam consideravelmen-te, bem como os índices de cáries, apontados como o maior problema dentário de Angelina.

Orientar, todavia, ainda continua sendo a melhor opção, principalmente enquanto o tratamento de água não é posto em prática. Os habitantes definiti-vamente precisam ter conhecimento da necessidade de uma boa escovação dos dentes, além de outros hábitos saudáveis que inibem a formação de cáries. A parceria entre saúde pública e população, nesse sentido, ainda é a melhor opção.

TEXTO | Victoria Castello FOTOGRAFIA | wallpapersus.com.br

DESIGN | Lúcia Mees

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A IMPORTÂNCIA DA V IGILÂNCIA SANITÁRIA

TEXTO | Bernardo Stad ler FOTOGRAF IA | Bernardo Stadle r DESIGN | Lúc ia Mees

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A Vigilância Sanitária é a parte do poder público responsável por promover e proteger a saúde da população. Essa proteção se dá através da elimi-nação, redução ou prevenção de riscos à saúde, e também por meio da intervenção nos problemas sanitários pelo Brasil.

É responsável, portanto, por garantir a qualidade dos serviços prestados ao cidadão, seja na produ-ção de alimentos, no transporte de produtos, em-balagem ou distribuição em geral. Também fiscali-za hospitais, laboratórios, bancos de sangue, clíni-cas médicas e restaurantes, ou seja, locais que necessitam de higiene constante. Em Angelina, a principal função da Vigilância Sanitária é regulari-zar estabelecimentos e prevenir a ocorrência de agravos à saúde, de acordo com a responsável pela Vigilância Sanitária no município (primeira foto abaixo).

Como funciona a vigilância sanitária? Através de

!!ANGELINA SAÚDE

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denúncias, os moradores comunicam a vigilância acerca de esgoto a céu aberto, mercadorias venci-das em supermercados e carnes expostas sem re-frigeração correta. Feito isso, ela averigua o caso e toma as medidas cabíveis que forem necessárias.

No estabelecimento também são emitidos os alva-rás sanitários, os quais possuem validade de um ano. Todos os estabelecimentos precisam ter alva-rá, inclusive postos de saúde e hospitais, a fim de permitir o seu funcionamento e a prestação de serviços com a qualidade adequada.

Segundo a funcionária, várias denúncias são rece-bidas, principalmente sobre esgoto a céu aberto, um problema sério no interior da cidade. Porém, nem sempre todos os problemas podem ser resol-vidos. Ela ainda relata que a atuação da própria vigilância do município poderia ser melhor. “Nem sempre tem motorista, às vezes precisamos atuar na rua em vez de permanecer sentado na sala, mas não tem carro nem motorista. Depende da boa vontade do chefe maior para conseguir um carro para poder fazer um trabalho melhor.”

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Angelina figura entre as referências hospitalares do Estado de Santa Catarina. E tudo isso graças a Con-gregação das Irmãs Franciscanas. Descubra como funciona um dos hospitais com melhor atendimento da Grande Florianópolis.

TEXTO | Bárbara Azevedo e Mar ia Eduarda FOTOGRAF IA | Lúc ia Mees

DESIGN | Graphic River DADOS | www.ai fs j .org.br

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Desde o início da colonização de Angelina, quando ocorria qualquer necessidade de assistência médica, a população local procurava ajuda no convento das Ir-mãs Franciscanas de São José, então conhecido como

!REFERÊNCIA REGIONAL:

HOSPITAL E MATERNIDADE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

! ANGELINA SAÚDE

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!!ANGELINA SAÚDE

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“a farmácia do colégio”. Naquela época, trabalha-vam ali diversas enfermeiras, como a Irmã Joaquina e a Irmã Petrina Back. Logo, o movimento na “far-mácia” aumentou, e uma vez por semana, vinha de Florianópolis um médico, que atendia nas residên-cias dos moradores.

A maior parte dos casos ali atendidos não eram graves, portanto a maioria dos medicamentos era feita ali mesmo, de maneira caseira. Em casos mais graves, no entanto, que exigissem providências mais sérias, o paciente era encaminhado com o jipe da Paróquia até Florianópolis, o hospital próximo mais bem equipado. Vários bebês chegaram a nas-cer no trajeto entre as duas cidades, sempre acom-panhados por uma das irmãs da congregação.

Em 1957, Angelina já contava com uma população considerável. Fazia-se necessária, então, a presen-ça de uma parteira com curso especializado, coisa que até então não havia no município. A senhora Bernardita Zimermann (foto ao lado), nascida em São Pedro de Alcântara (Forquilhinhas, naquela época), foi então nomeada para o cargo.

Como não havia um lugar próprio para o trabalho, Bernardita atendia de residência em residência, in-dependentemente do horário ou disposição. Duran-te três anos foi assim, e 1.409 bebês nasceram nas mãos da experiente parteira.

Por ser um trabalho extremamente desgastante, e devido ao alto crescimento populacional, Bernardita logo percebeu que Angelina precisava de uma ma-ternidade. Construiu uma então na propriedade de Amandio Schmitz, localizada próximo à praça Nico-lau Kretzer. O primeiro bebê que ali nasceu foi Leo-nardo Hames, atual vice-prefeito de Angelina, no dia 6 de novembro de 1960.

Em 1975, Bernardita faleceu. Um ano depois, foi encerrada a maternidade que ela ajudou a constru-ir, devido à redução dos repasses de recursos pelo Ministério da Saúde ao município. Isso, contudo, não representou um problema para a população,

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pois uma nova maternidade já havia sido cons-truída e estava em pleno funcionamento. Surgia assim o Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Conceição.

O Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Conceição foi inaugurado em 14 de outubro de 1973. Inicialmente, o estabelecimento pertencia à comunidade, mas logo foi entregue à congre-gação das irmãs franciscanas de São José, que regem o hospital até hoje. Há 3 pacientes per-manentes no local, sendo duas deles irmãs que nasceram com deficiência. O hospital realiza atendimentos particulares, pelo SUS e através de convênios. Também conta com 51 leitos ao todo, sendo 44 destes destinados ao SUS e o restante para atendimentos particulares.

Para a surpresa de alguns, o forte do hospital são as cirurgias. São realizadas em torno de 100 cirurgias por mês, número bastante signifi-cativo para o tamanho do município. Essas ci-rurgias são sempre agendadas, a não ser em caso de cesarianas que constituem uma situa-ção de emergência. Nas segundas-feiras são feitas cirurgias vasculares (varizes), enquanto nas quartas-feiras são feitas cirurgias gerais (como vasectomia, hérnia e períneo) e ortopé-dicas de média complexidade. Um sábado ao mês, ocorrem as cirurgias gerais de alta com-plexidade por um médico do hospital regional.

O hospital conta com atendimento 24h por dia, tendo uma equipe de 7 médicos e 3 enfermei-ras. Também possui um serviço de laboratório de análises clínicas que realiza diversos exames, tais como raio-X, ultrassom e doppler.

Em relação à maternidade, há uma média de 2 partos normais e 30 cesárias por mês. A maio-ria das mães, todavia, vem de outros municípios próximos. Acredita-se que seja por causa do preço acessível oferecido pelo hospital (uma média de R$2.100,00).

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FOTOGRAF IA 1. Bernardita Zimermann, aos 34 anos, em foto cedida pela prefeitura. 2. Quarto do Hospital Nossa Senhora da Conceição, usado no atendimento de crianças através do SUS. 3. Quarto de atendimento particular. É mais confortável, e possui ar-condicionado e cadeira para acompanhante. 4. Quarto padrão de atendi-mento pelo SUS. Comporta duas pessoas por quarto, sendo que somente menores de 18 anos ou maiores de 65 anos têm direito à acompa-nhante. Fotos 2,3 e 4 por Victória Castello

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! ANGELINA SAÚDE

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A prefeitura de Angelina, em parceria com a Secreta-ria da Saúde do município, realizou entre os dias 10 e 30 de março a primeira dose da vacinação quadri-valente contra o HPV, vírus responsável por 70% dos casos de câncer de colo de útero. Cerca de 180 me-ninas entre 11 e 13 anos foram vacinadas.

A vacinação contra o HPV faz parte do calendário na-cional de vacinação, e estará disponível em mais de 36 mil postos de saúde da rede pública durante todo o ano de 2014. No entanto, a vacina somente pode ser aplicada com a autorização dos pais ou respon-sáveis, e é eficaz apenas em mulheres que não inicia-ram a vida sexual e, portanto, ainda não tiveram con-tado com o vírus. É constituída de três doses, sendo a segunda dois meses depois da primeira, e a tercei-ra quatro meses após a segunda.

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No posto de saúde Dr. Hélio Anjos Ortiz, a funcio-nária Daniela informou que, como o município é pequeno, é bastante fácil manter o controle de quem toma ou não a vacina. Como ocorrido em outras campanhas de vacinação, o posto de saúde manteve um registro das meninas que receberam a primeira dose, e tentou, sempre que possível, contatar as famílias que preferiram não participar do processo, alertando-as da importância da vaci-nação.

De acordo com a mesma funcionária, as campa-nhas de vacinação em Angelina são bastante efici-entes, pois a população dá bastante importância ao cronograma estabelecido pelo Ministério da Saúde. As vacinas, afinal, fazem parte da vida de todo ser humano desde o nascimento, pois consti-tuem a principal forma de prevenção contra diver-sas doenças e ajudam a garantir uma boa saúde. Em Angelina, essa prevenção é realizada, e a po-pulação conhece muito bem o motivo de sua ne-cessidade.

TEXTO | Bárbara Azevedo FOTOGRAFIA | hyperscience.com DESIGN | Lúcia Mees

PREFEITURA PROMOVE VACINAÇÃO CONTRA O HPV

!!ANGELINA SAÚDE

Utilizada na prevenção do câncer de colo do útero, a vacina foi aplicada gratuita-mente nos postos de saúde de Angelina.

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A Legislação Federal estabelece que as farmácias de todo o país devem possuir os remédios nela estipula-dos, que são básicos e de uso geral. É direito de to-da a população, por conseguinte, que esses remé-dios estejam nas prateleiras desses estabelecimentos para que possam ser obtidos em caso de necessida-de.

Em Angelina, todos os medicamentos estipulados es-tão presentes na farmácia do município. As saídas desses remédios são controladas, o que evita a ocor-rência de alguma irregularidade na administração ou até mesmo o vício. Na farmácia, alguns medicamen-tos mais fortes e de uso mais específico são guarda-dos em armários trancados, e só podem ser vendidos com prescrição médica.

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Os medicamentos gratuitos são os de uso pelo SUS. Para consegui-los, é necessário ter um cadastro no banco de remédios do município, o que garante um controle de medicação eficiente e preciso. Assim, os farmacêuticos observam o cadastro do cliente e sabem exatamente quando a última cartela de remédio foi reti-rada, por exemplo, e quanto tempo ela deve durar. Deste modo, os farmacêuticos angelinenses têm o co-nhecimento de quando o paciente deve retornar para pegar uma nova dose da medicação.

São frequentes, todavia, os casos em que moradores saem da farmácia sem os remédios solicitados, segun-do a farmacêutica entrevistada. De acordo com ela, a verba destinada para a compra dos medicamentos não é suficiente para suprir as necessidades de todos os moradores. Em muitas ocasiões, para que os pacien-tes não sofram sem os medicamentos, a profissional precisa tirar dinheiro do próprio bolso.

TEXTO | Thamara Back

FOTOGRAFIA | noticias.r7.com DESIGN | Lúcia Mees

! ANGELINA SAÚDE A QUESTÃO DOS REMÉDIOS

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TEXTO | Hanna Wo lf FOTOGRAF IA | We l l vo lut ion DESIGN | Lúcia Mees DADOS | dab.saude .gov .br

A QUALIDADE DE VIDA EM PR IMEIRO LUGAR Pelo Brasil todo, a propaga-ção das chamadas Academias da Saúde é mais do que visí-vel. Em Angelina, não poderia ser diferente. Conheça melhor o projeto.

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As chamadas Academias da Saúde são mais um ponto de atenção ao bem-estar do ci-dadão. Organizadas pelo Ministério da Saú-de, esses espaços públicos estão presentes pelo país todo.

Em Angelina existe uma academia da saúde bem no centro da cidade, na praça Nicolau Kretzer. O ambiente apresenta uma ótima infraestrutura, com equipamentos e profis-sionais qualificados para o desenvolvimento de práticas corporais e orientação de ativi-dades físicas, seguindo os princípios norte-adores do programa desenvolvido pelo SUS.

O programa iniciou-se há cerca de três anos, através da Portaria nº 719, de 11 de abril de 2011. Dentre seus principais obje-tivos, estão a ampliação do acesso da po-pulação às políticas públicas de promoção da saúde, o fortalecimento da promoção da saúde como estratégia de produção de uma melhor qualidade de vida, o aumento do nível de atividade física da população e a contribuição para com a valorização dos

!!ANGELINA SAÚDE

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! ANGELINA SAÚDE

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espaços físicos de lazer.

O Ministério da Saúde é quem fornece os incentivos fi-nanceiros para a construção e o custeio das atividades relacionadas ao espaço. A iniciativa, contudo, deve partir da prefeitura, que precisa se inscrever no Fundo Nacional de Saúde. Sem precisar de muita sorte, o município é es-colhido e o repasse dos recursos financeiros começa a ser realizado, dividido em três parcelas (20%, 60% e 20% do total, nessa ordem).

Depois de aproximadamente 24 meses, tempo que cor-responde ao prazo máximo para conclusão das obras, inicia-se o apoio técnico do Ministério da Saúde, e logo as atividades na nova academia são iniciadas.

É lógico que as Academias da Saúde não apresentam a mesma infraestrutura de uma academia convencional. São, porém, o pontapé inicial dado pelo governo no sen-tido de melhorar a qualidade de vida da população, mesmo que com pequenas obras.

Os moradores de Angelina são unânimes: a qualidade de vida realmente muda depois do início das atividades. Problemas de coluna e nas articulações, obesidade, bai-xa autoestima... Estes são alguns dos problemas que fo-ram resolvidos, ou pelo menos amenizados, com a parti-cipação exemplar de muitos angelinenses no projeto.

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Em Angelina, a Academia da Saúde não possui uma função unicamente voltada à prática de atividades físicas. Isto é, simultaneamente aos exercícios, são exploradas também outras temáticas que envolvam a realidade local, como práticas artísticas, teatro, música, pintura e artesanato.

Em Angelina, a praça Nicolau Kretzer, onde situa-se a academia, realmente passou por algumas mudan-ças após a inauguração do empreendimento. O número de lixeiras, por exemplo, aumentou, bem como a circulação de pessoas no local. Os jardins, agora, são diariamente fiscalizados, ou seja, têm a grama aparada, as folhas caídas separadas e as flores adubadas e replantadas, caso necessário.

Nota-se, assim, que a construção da Academia da Saúde no local só trouxe benefícios, que aumentam ainda mais a longo prazo. Diabéticos e hipertensos, por exemplo, podem melhorar suas condições de saúde ali, bem como todo o restante da população.

Trata-se de um investimento, deste modo, para to-da a vida, e toda a cidade. Não só no campo espor-tivo e de saúde, como também na cultura e lazer de todo o município.

FOTOGRAFIA | Lúcia Mees

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ANGELINA EDUCAÇÃO

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A IMPORTÂNCIA DA

EDUCAÇÃO TEXTO | Eduardo Alvarenga FOTOGRAFIA| business-stock-photo.com DESIGN | adaptado de Rafael Quick DADOS | educarparacrescer.abril.com.br

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Educar é o ato de transmitir conhecimento e sabedoria, ou seja, é o processo de explicar certos conceitos para as pessoas e fazê-las pensarem por si mesmas. E o mais importante: é um direito essencial e fundamental a qualquer um.

São inúmeros os documentos que corroboram a necessidade da educação, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que estabelece a educação como direito de todas as pessoas. Do mesmo modo, a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional afirma que “é direito de todo ser humano o acesso à educação bási-ca”.

No Brasil, existem dois níveis de Educação: a Educação Básica e a Educação Superior. A pri-meira compreende a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, e a segunda as instituições que conferem graus acadêmicos ou diplomas profissionais, como universidades e faculdades. É um erro, contudo, pensar que a educação é apenas uma aquisição de saber, que envolve somente os aspectos intelectuais do estudante. Educar é muito mais que isso, na medida que procura formar jovens críticos, in-dependentes e construtores de suas próprias realidades. Engloba, portanto, aspectos físicos (com a disciplina de Educação Física e ativida-des extracurriculares) e aspectos sociais, que são desenvolvidos durante toda a permanência do estudante na escola.

ANGELINA EDUCAÇÃO

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A velha e conhecida ideia de que “saber é poder”, criada no século XVI por Francis Bacon, nunca esteve melhor representada quanto na atual sociedade. Mesmo assim, o descaso com a educação pública é nítido em cada canto do Brasil, contrariando os ideais defendidos por vários pensadores, como Platão, Aristóteles, Bacon e Michel Foucault. Para eles, há uma relação estri-ta entre as informações que o ser humano pode possuir e o poder decorrente delas. Para o país, em contrapartida, é como se a educação não tivesse importância.

Perto do caos educacional que se apode-rou do Brasil, Angelina é quase um paraí-so. No município, ambientes educacionais trabalham em conjunto com a família e a sociedade em geral, construindo círculos cotidianos de cidadania. Os moradores, em qualquer rua que se vá, sentem-se orgulhosos e confiantes em suas duas grandes escolas, uma que trabalha com a Educação Infantil e outra com os Ensinos Fundamental e Médio.

Para verificar se o que se o que se diz pe-las ruas corresponde à realidade, Angelina em Foco visitou as duas escolas e entre-vistou o Secretário de Educação do muni-cípio. O resultado disso e de outras pes-quisas inéditas você confere aqui.

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ANGELINA EDUCAÇÃO

RA IO-X DA EDUCAÇÃO EM ANGELINA TEXTO | Patricia Vieira e Leticia Reitz ILUSTRAÇÕES| Stockphoto DESIGN E INFOGRÁFICO| Lúcia Mees DADOS| Sebrae (2009) e Inep (2011)

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A educação no município de Angelina é de boa quali-dade se comparada a outros municípios de Santa Catarina. Apesar da crença coletiva de que somente escolas particulares podem fornecer uma boa educa-ção, o município possui apenas escolas públicas, que inspiram confiança aos habitantes.

Anualmente, a administração de Angelina investe R$3.833,00 por aluno para despesas escolares, sendo R$3.800,00 destinados à aquisição da me-renda e R$33,00 para o transporte (80% terceiriza-do). Além disso, a prefeitura fornece aos alunos ma-terial escolar e uniformes.

INFRAESTRUTURA Existem em Angelina oito centros de Educação Infan-til e quatro escolas municipais, que atendem crianças de até 6 anos de idade. Das três escolas estaduais, duas possuem ensino médio. A principal escola da cidade é a Escola de Educação Básica Nossa Senho-ra, localizada na rua São Francisco de Assis, próxima ao centro da cidade. A escola atende um público de aproximadamente 480 alunos, do Ensino Fundamen-tal ao Ensino Médio.

SISTEMA DE ENSINO No município, os alunos do 1º, 2º e 4º ano do Ensino Fundamental não recebem um boletim escolar, mas somente um relatório simplificado de notas e com-portamento. É impedida, então, a repetência de ano nessas séries. Os alunos do 3º, 5º, 6º, 7º, 8º e 9º ano, no entanto, podem reprovar, bem como alunos do Ensino Médio. O índice de repetência nas escolas

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de Angelina, apesar de baixo, se intensifica no 3º, 6º e 8º ano e no Ensino Médio, nos quais uma carga maior de conteúdos é lecionada.

MATERIAL DIDÁTICO O material didático fornecido aos alunos na cidade é o mesmo do restante do estado. A partir do Ensino Fun-damental, os estudantes recebem kits com cadernos, lápis, borracha, régua, tesoura, apontador e outros materiais, em sua maioria elaborados com materiais reciclados. No Ensino Médio, os livros recebidos (Co-necte, da Editora Saraiva) são os mesmos utilizados em instituições de ensino conceituadas da capital do estado, como o Colégio Catarinense.

ALUNOS Todas as crianças e adolescentes de 4 a 17 anos estão matriculados nas escolas do município, o que demons-tra baixa evasão escolar. Alguns adolescentes maiores de 17 anos, contudo, abandonam os estudos em fun-ção do trabalho. Dentre os principais motivos desse abandono está a ausência de ensino superior em An-gelina. Sendo assim, os alunos que desejam fazer fa-culdade precisam dirigir-se a outras cidades. Geralmen-te, quem prefere continuar morando em Angelina cursa a faculdade em Barra Clara, na FADESC. A prefeitura oferece transporte ao local três vezes por semana, com o limite máximo de 40 pessoas. Atualmente, cerca de 70 jovens que moram em Angelina frequentam curso superior. A conseqüência disso é que o jovem está vol-tando especializado para o campo, e dando continui-dade aos negócios da família.

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ANGELINA EDUCAÇÃO

1284 ALUNOS Com decréscimo de 1,8% no número de matrículas em 4 anos (2003 a 2007)

46 EM CRECHES 137 NA PRÉ-ESCOLA

811 NO ENSINO FUNDAMENTAL 248 NO ENSINO MÉDIO

42 NA EDUCAÇÃO ESPEC IAL

94 PROFESSORES Com acréscimo de 1 profissional em 4 anos (2003 a 2007) e au-mento de 50% no número de professores do Ensino Médio em 10 anos

7 EM CRECHES 9 NA PRÉ-ESCOLA

55 NO ENSINO FUNDAMENTAL 18 NO ENSINO MÉDIO

5 NA EDUCAÇÃO ESPEC IAL

1 PROFESSOR A CADA 13,5 ALUNOS

IDEB 2011

5,7 O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) foi criado pelo Inep e busca demonstrar a qualidade da educação com base em dois conceitos: o fluxo escolar (pro-gressão ao longo dos anos) e médias de desempenho nas avaliações (aprendizado dos alunos). A meta do governo federal é ter no ano de 2022 um Ideb de 6,0, que corres-ponde a um sistema educacional de qualidade equivalente ao de países desenvolvidos.

A CADA 9 ALUNOS APROVADOS

1 É REPROVADO

O MOTIVO - PESQUISAS APONTAM COMO POSSÍVEIS CAUSAS:

TRABALHO DESINTERESSE

DA FAMÍLIA INFLUÊNCIA

NA QUALIDADE DESCRENÇA

EMOCIONAL QUESTÃO

Maior repetência no 3º, 6º e 8º ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio

Português Geografia Ciências História Química Física Matemática Educação Física Literatura Inglês Arte

D ISC IPL INAS LEC IONADAS Matemática e Português são as disci-plinas com os piores rendimentos

FONTE| Sebrae, dados de 2009 Inep, dados de 2011

223 PONTOS EM PORTUGUÊS

200 é o adequado para um aluno de 5º ano na disciplina

219 PONTOS EM MATEMÁTICA

225 é o adequado para um aluno de 5º ano na disciplina

MÉDIA ESTADUAL: 202 PONTOS

MÉDIA ESTADUAL: 222 PONTOS

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VALOR MAIOR QUE A MÉDIA NAC IONAL

ANGELINA EDUCAÇÃO

O PAPEL DA PREFEITURA TEXTO | Isabella Guedes e Jamile Dayeh DESIGN E INFOGRÁFICO| Lúcia Mees FONTE| Deepask, dados de 2011

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Em um município, a prefeitura é uma das principais responsáveis por garantir o acesso da população ao ensino. Além de ter um contato mais próximo com os habitantes, é encarregada de repassar os recursos por ela recebidos, sejam eles do governo estadual ou federal. Deve, assim, assegurar o direito de todo ser humano: a educação.

A prefeitura de Angelina, no entanto, faz muito mais do que apenas transferir a verba destinada à educa-ção entre as diversas instituições. Só no âmbito dos incentivos a um bom aprendizado, por exemplo, a administração municipal promove várias atividades extracurriculares, que buscam abranger tanto ativi-dades culturais quanto esportivas.

No campo das atividades culturais, o município finan-cia aulas de violão e teclado, além do coral municipal e do grupo de dança típica alemã. Além disso, dispo-

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nibiliza uma sala de informática que é frequentada pelos estudantes no período inverso ao das aulas. Aulas de alemão, língua que faz parte da tradição lo-cal, todavia, não fazem parte dessas atividades. Já como incentivo ao esporte são oferecidas aulas de vôlei e futebol para os alunos que apresentam boas notas no colégio.

Outra importante responsabilidade da prefeitura é a preocupação para com alunos portadores de deficiên-cias, claramente demonstrada pelas escolas. Alunos com deficiência mental leve recebem ajuda de um pro-fessor exclusivo que os acompanha e auxilia, além do professor da classe. Já para os alunos que apresen-tam deficiência física, a escola não oferece muitos re-cursos além do básico, ou seja, rampas e cadeiras adaptadas. Mesmo assim, o que se vê no município é um trabalho contínuo de aperfeiçoamento do sistema educacional: uma lição para todo o país.

OS INVESTIMENTOS

R$2.778.32,62 É o total investido no município na Educação e na Cultura no ano de 2011

ISSO EQUIVALE A

4 ,60% DO PIB MUNIC IPAL

R$533,27

OUPOR HABITANTE

R$460,44

OUPOR HABITANTE, DIVIDIDOS ENTRE:

MERENDA

PROFESSORES SALÁRIO DOS

ESCOLAR MATERIAL

INFRAESTRUTURA LIMPEZA

Com aumento de 7,15% nas despesas ao ano, principalmente com professores e merenda.

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ANGELINA EDUCAÇÃO

USO DE DROGAS

TEXTO | Isabella Guedes e Luiza Vieira FOTOGRAFIA| digitaltrends.com

DESIGN| Lúcia Mees

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O uso das drogas não é um problema exclusivo da so-ciedade contemporânea. Não surgiu com os chamados punks, muito menos com outros grupos de jovens, na-da disso. As drogas são um problema muito mais anti-go, cuja origem remonta à tribos indígenas e historia-dores gregos.

É provável que tudo tenha começado há mais de 5 mil anos. Naqueles tempos, uma tribo da região central da África deparou-se com uma alcateia de javalis de com-portamento estranho, que alimentavam-se de uma de-terminada planta. Assim, talvez, surgia a curiosidade do ser humano por substâncias entorpecentes, que mais tarde seriam veneradas por muitas outras tribos.

Hoje, a humanidade vive as consequências do uso abu-sivo de entorpecentes. Segundo um relatório publicado pela ONU em 2005, existem cerca de 340 milhões de usuários de drogas no mundo, que movimentam sozi-nhos um mercado de 1,5 trilhão de dólares.

É indubitável o fato de que as drogas causam graves prejuízos à saúde de quem as consome. No entanto, foi

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somente após a década de 1960 que os entorpecen-tes passaram a ser tratados como caso de polícia, pois corroem famílias, causam acidentes e têm um custo alto à saúde pública.

Diferentemente do restante do mundo, em Angelina a questão das drogas não é um grande problema. Quando ocorrem, os entorpecentes marcam presença entre os jovens, com destaque ao uso do álcool. En-tretanto, nos últimos anos verificou-se que o uso de outras drogas, como o crack, vem aumentando. Acre-dita-se que este aumento deve-se a falta de opções de lazer na cidade, o que deixa o jovem mais propen-so ao consumo.

Com isso em mente, foram construídos dois centros de reabilitação para dependentes químicos em Angelina, ambos particulares. O poder público, do mesmo modo, mostra-se bastante preocupado com a situação, pois promove nas escolas palestras e campanhas para a conscientização da sociedade. O resultado disso, po-rém, só poderá ser notado em alguns anos.

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ANGELINA EDUCAÇÃO

ESCOLA NOSSA SENHORA TEXTO | Lúcia Mees e João Antônio Brandão DESIGN | Lúcia Mees

FOTOGRAFIA| Panoramio

FOTOGRAFIA| Theodoro Ganzo Aydos

FOTOGRAFIA| Patricia Vieira

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ANGELINA EDUCAÇÃO

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A Escola Nossa Senhora é a principal instituição de ensino básico no município de Angelina. Atendendo um público estimado em 480 alunos, é dirigida por Renato Vitorino Felipe.

A história da escola remonta a quase um século atrás. No dia 26 de fevereiro de 1926, chegaram a Angeli-na três Irmãs Franciscanas de São José: Pelágia, Emanuela e Simplícia. Com a devida licença do arce-bispo metropolitano daquela época, as três mulheres ali fundaram um Colégio e Noviciado de Irmãs, no dia 4 de outubro de 1927, que contava com 5 moças as-pirantes à vida religiosa.

Alguns anos depois, as Irmãs cederam o espaço do Colégio para uso do município, inaugurando assim a Escola de Educação Básica Nossa Senhora de Angeli-na, em 4 de agosto de 1929. As atividades da insti-tuição iniciaram-se apenas dois dias depois da inau-guração, com 30 alunos.

Angelina em Foco entrevistou duas dos quase 30 pro-fessores que trabalham no local: Andreia Mara Felipe Fagundes e Ivone Felipe de Andrade. As duas res-ponderam algumas questões relacionadas à qualida-de do ensino da escola e sobre o município no geral.

VOCÊS SEMPRE VIVERAM EM ANGELINA? Andreia: “A minha família é natural daqui mesmo. Mas eu nasci em Florianópolis, já que na época não existi-am condições para se realizar uma cesárea aqui, pois só havia uma parteira. Sou a décima terceira de qua-torze irmãos.” HÁ QUANTO TEMPO VOCÊS TRABALHAM NA EDUCA-ÇÃO EM ANGELINA? Andreia: “Na educação em Angelina, eu trabalho há 26 anos.” Ivone: “E eu já devo ter uns 30 anos de trabalho só na área da educação.” QUANTO AOS NÚMEROS DA ESCOLA, POR ASSIM SE DIZER, QUANTOS SÃO OS PROFESSORES E ALUNOS? Ivone: “Em torno de 30 a 40 pessoas trabalham aqui, envolvendo professores, faxineiros e funcionários em geral. Atualmente, atendemos aproximadamente 480

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alunos, divididos em dois turnos: matutino e vesperti-no, sendo que não há aulas no período noturno. São crianças e jovens entre 6 e 17 anos, em sua maioria, que estudam o Ensino Fundamental e Médio aqui nes-ta escola.” VOCÊS NOTAM QUE HÁ EVASÃO OU BAIXA FREQUÊN-CIA DOS ALUNOS NA ESCOLA EM ANGELINA? OU OS ALUNOS SEMPRE COMPLETAM O ENSINO FUNDAMEN-TAL E O MÉDIO? Andreia: “Eu não percebo esse índice de evasão que a mídia diz existir em outras cidades. Grande parte dos alunos completa os estudos aqui na escola. A frequência também é geralmente normal, pois são poucos os alunos que possuem um número conside-rável de faltas. Sendo uma cidade pequena, a escola acaba tendo conhecimento das famílias. Então se o aluno não vem, você rapidamente já entra em contato com os pais e descobre o porquê da falta. Existe essa proximidade entre escola e família, por isso casos em que o aluno falta e não há o conhecimento da causa por parte da escola são mais difíceis.” ATUALMENTE, A ESCOLA ENFRENTA ALGUMA DIFI-CULDADE? EXISTEM PROFESSORES SUFICIENTES? OS RECURSOS RECEBIDOS ATENDEM A NECESSIDADE? Andreia: “Não vejo nenhuma dificuldade aqui na esco-la. A merenda, por exemplo, é terceirizada, não é do Estado. No geral, tudo funciona como deveria.” QUANTO AOS ALUNOS, A MAIORIA VIVE AQUI PERTO OU VEM DA ZONA RURAL? EXISTEM ESCOLAS MAIS PRÓXIMAS DO CAMPO? Ivone: “A maioria vem da zona rural, sem dúvidas. Até porque, além dessa escola, só existe uma outra que atende ao Ensino Médio, a uns 40 quilômetros do centro da cidade. E também há uma outra escola a 15 quilômetros daqui que possui o Ensino Fundamental. Algumas localidades mais no interior do município possuem as chamadas escolas multisseriadas, onde um mesmo professor leciona aulas para todas as tur-mas. São poucas as escolas assim, mas ainda exis-tem.”

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COMO FUNCIONAM AS ESCOLAS MULTISSERIADAS? ELAS SÃO EFICIENTES? Andreia: “Eu pessoalmente penso que essa é uma realida-de que se adapta. Não existe outra opção para essas cri-anças do campo, e são poucas as escolas multisseriadas. A maioria dos alunos frequenta escolas com o método convencional, com a divisão por faixa etária.” A RESPEITO DA COLONIZAÇÃO ALEMÃ, O QUE VOCÊ PO-DERIA NOS DIZER A RESPEITO? Andreia: “Os alemães acabaram colonizando Angelina principalmente porque não se adaptaram em outras áreas. Os portugueses, por exemplo, já sabiam pescar, por isso ocuparam áreas litorâneas, onde construir uma vida nova era relativamente mais fácil. E o que sobrou para os ale-mães? As ramificações, digamos assim. Por isso, a primei-ra colônia alemã foi São Pedro de Alcântara, e depois An-gelina, porque essas pessoas tiveram que vir para cá. Fo-ram os alemães os primeiros a chegar aqui, e ainda os responsáveis por desbravar a região e abrir caminhos. Depois vieram alguns portugueses, pela falta de terras em outros locais. Então até hoje existe uma certa discussão acerca de quem foram os reais colonizadores de Angelina, pois a influência portuguesa também se vê presente.” A ESCOLAS DE ANGELINA LECIONAM ALEMÃO? Ivone: “Não, nós não damos essas aulas. Até porque a grade curricular do Estado exige o inglês, então a escola não tem como lecionar alemão. Mas eu acho que aulas de alemão deveriam sim existir, mesmo que fossem particula-res. A cultura alemã em geral deveria ser mais preservada e incentivada.” QUANTO A CIDADE EM GERAL, VOCÊ ACHA QUE TEM AL-GUMA COISA QUE DEVERIA MELHORAR? Andreia: “Tem, muita coisa. Hoje o que eu vejo na saúde, na educação, no turismo e em qualquer outra área, é a falta de política pública. “ O QUE SERIA ESSA POLÍTICA PÚBLICA, VOCÊ PODERIA EX-PLICAR MELHOR? Andreia: “Vejamos assim: o que Angelina faz para atrair turistas? Nada. Então acho que falta fazer projetos, falta

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uma maior atenção nas áreas de lazer, cultura, saú-de e educação, principalmente. E a política pública não só na esfera municipal, pois o Estado deveria investir também. Falta então, essa atenção, esse cui-dado para com a cidade.” POR FIM, O QUE A PREFEITURA E O MUNICÍPIO EM GERAL FAZEM PARA A EDUCAÇÃO E A SAÚDE? Ivone: “Prefiro não comentar. Sou funcionária públi-ca, então isso não posso responder. Faz o básico, só isso que posso dizer a vocês.”

OP INIÃO DOS ALUNOS

ANGELINA EDUCAÇÃO

94% dos alunos entrevistados afirmaram que não faltam professores. 80% considera-os excelentes

PERFIL DOS ENTREVISTADOS Angelina em foco entrevistou alunos da 3ª série do Ensino Médio da Escola Nossa Senhora, a maioria em torno de 17 anos e com família agricultora. A faixa etária da série varia entre 16 e 22 anos, sendo que todos cursaram o Ensino Fundamental completo em escolas pú-blicas.

1 em cada 5 alunos da 3ª série já foi reprovado, o que equi-vale a 20% dos alunos da faixa etária.

MATERIAL DIDÁTICO 40% BOM

44% REGULAR

16% RUIM

Principais comentários:

84% afirmou que a infraestrutura é boa ou regular. 16% considera o espa-ço físico razoável

88% dos alunos entrevistados afirmaram que as greves interferem, e muito, na qualidade do ensino

PROFESSORES EXCELENTES

FALTA MATERIAL DIDÁTICO

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PANORAMA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

TEXTO | Julia Schubert FOTOGRAFIA | Theodoro Ganzo Aydos

DESIGN | Lúcia Mees DADOS | Wikimapia

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Na maioria dos municípios brasileiros, a educação in-fantil é um verdadeiro desafio. Não obstante os esfor-ços dos professores em fornecer um ensino de quali-dade, o que acontece, muitas vezes, é a falta de recur-sos. A educação infantil brasileira, assim, frequente-mente fica à mercê da boa vontade de particulares.

Não deveria ser assim. Segundo Piaget, entre os dois e os seis anos de idade, o ser humano vive uma das fa-ses mais importantes do desenvolvimento humano, pro-tagonizada por inovações radicais na inteligência. É co-erente, então, que a educação infantil seja desprezada pela administração pública, como acontece em diversas localidades?

Em Angelina, o maior destaque na área do ensino de crianças corresponde ao Centro Municipal Infantil Cha-peuzinho Vermelho. Localizado na rua São Francisco de Assis, possui uma equipe de 12 funcionários, que atu-

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am na educação de centenas de crianças angeli-nenses.

Os alunos são divididos em turmas de creche e pré-escola, com 7 horas diárias de permanência na ins-tituição. Além das aulas, o Centro Infantil fornece ainda a merenda escolar, preparada na cozinha da escola.

No entanto, o Centro Infantil não está apto a aten-der portadores de deficiência, tampouco estão suas dependências e sanitários. Quanto à tecnologia do local, por se tratar se um espaço relativamente pe-queno, só há um computador, destinado a uso ad-ministrativo, com impressora e acesso à internet. Além disso, as crianças também podem ter momen-tos de entretenimento e aprendizado graças ao aparelho de DVD e ao televisor, ambos custeados pelo município, administrador do Centro Infantil.

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MEIO AMBIENTE !O desenvolvimento sustentável nunca esteve tão na moda. E a sustentabilidade nunca esteve tão remota. A prosperidade do capitalismo se contradiz na destruição ambiental, ao passo em que a globalização é colocada em dúvida em meio ao avanço da poluição.

TEXTO | Lucas Oliveira FOTOGRAFIA | youwall.com DESIGN | Adaptado de Inara Negrão

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UM SÓ PLANETA É SUFIC IENTE? Em menos de meio século, a Ter-ra perdeu mais de 30% da sua biodiversidade. Em quarenta anos, a extração de água nos rios mais do que duplicou-se. E em trinta, triplicou-se o desma-tamento.

Em que direção, no fim das con-tas, caminhamos? Rumo ao de-senvolvimento, ou em direção à destruição?

Há quem diga que será um mila-gre se a humanidade sobreviver até o ano de 2050. E não é por menos, pois andamos em dire-ção a um beco sem saída, um ponto sem retorno.

Em outras palavras, eis mais uma tragédia anunciada. Assim como o dilúvio da Arca de Noé, a Crise de 1929, e o ataque às Torres Gêmeas em 2001.

Não estamos longe, portanto, do limiar entre a ordem e o caos. Com um pequeno passo de cada vez, nos aproximamos ainda mais do nosso fim, enquanto pensamos andar em direção ao Éden. É lógico, então, pensar que, quanto mais próspera a humanidade, mais pobre o pla-neta? Ou será que lógicas assim perversas ainda podem ser in-vertidas?

A caminhada em direção a tra-gédia já começou há tempo, e engana-se quem projeta-a para um futuro distante. Mas será as-sim em todos os lugares?

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DÁ PRA V IVER COM ENERGIA SUSTENTÁVEL? Para salvar o planeta, e garantir o futuro da humanidade, consumo e danos ambi-entais terão que chegar a um consenso. E a energia limpa esta aí justamente para provar que isso é possível. TEXTO | Ar thur Ro l im e Gustavo V iegas FOTOGRAF IA | Foto Communi ty DESIGN | Lúcia Mees DADOS | ht tp : //www.ed.conpet .gov .br

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Assistir televisão, imprimir um texto, usar o computa-dor, acender a luz... São tantas as atividades que en-volvem o uso da energia elétrica atualmente que, mui-tas vezes, nem fazemos ideia de sua origem, ou então nem sequer questionamos seu real valor.

Tudo o que sabemos é que a eletricidade é o alicerce da modernidade, isto é, as pernas que sustentam o mundo de hoje. Sem ela, boa parte da tecnologia atual não existiria, e mais de 200 anos de progresso científi-

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co nem mesmo teriam ocorrido. Pelo menos não da mesma maneira. Seria a volta ao século XVIII, e o desespero da humanidade.

Desesperadores, contudo, são os impactos que a nossa dependência da eletricidade é capaz de cau-sar, justamente quando a preocupação com o futuro do planeta é colocada em pauta. De maneira mais simples, o problema não é a energia em si, mas a forma com que esta é obtida.

O que acontece é que vasta maioria da energia elé-trica produzida no mundo provém de combustíveis fosseis, como o gás natural, o carvão, e o petróleo. Capazes de emitir grandes quantidades de gás car-bônico, famoso por agravar o efeito estufa, essas fontes energéticas têm levado ao aumento da tem-peratura do planeta.

Essa temperatura elevada, por sua vez, origina uma infinidade de problemas, como a elevação do nível do mar e o derretimento das calotas polares, a de-sertificação de áreas (como a Floresta Amazônica), epidemias (ocasionadas pelo aumento da quantida-de de mosquitos), e o aumento da incidência de desastres naturais como furacões e tornados, den-tre outros.

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Desde o início do século XX, o planeta já esquentou cerca de 0,8ºC, sendo que a maior parte desse au-mento ocorreu nos últimos 15 anos. A tendência, por-tanto, é que a temperatura aumente ainda mais, e ca-da vez mais rápido, conforme mostra o gráfico abaixo.

Produção energé t ica bras i le ira no ano de 2002. Fonte: Lenardão, E. J.; Freitag, R. A.; Dabdoub, M. J.; Batista, A. C. F.; Silveira, C. C.; Quim. Nova 2003

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UM MUNDO MOVIDO A PETRÓLEO Hoje, segundo o ministério de Minas e Energia, pouco mais de 80% da matriz energética mundial provém de combustíveis fósseis. O mais representativo deles é o petróleo, responsável por 35% da geração de energia no mundo, seguido pelo carvão mineral (que é retirado do subsolo), cuja queima gera 25% da produção ener-gética da terra.

Menos de 20% da energia utilizada pelo homem, desta maneira, é oriunda de fontes renováveis, como usinas solares, parques eólicos e hidrelétricas que, além de não poluírem como os combustíveis fósseis, não se esgotam. É muito pouco.

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O POTENCIAL DOS R IOS Se considerarmos o tamanho e a capacidade instala-da, as hidrelétricas são as mais importantes estrutu-ras para a produção de energia no planeta. A Usina de Itaipu, por exemplo, localizada no Rio Paraná, na fronteira do Brasil com o Uruguai, fornece 16,8% da energia consumida no Brasil e 75,2% do consumo paraguaio, sendo a maior usina hidrelétrica geradora do planeta.

Angelina, nesse sentido, também se destaca quando o assunto é produção de energia hidrelétrica. Ativada em 1963, a Usina Garcia possui 9.600 kW de capaci-dade instalada, e abastece boa parte do litoral cata-rinense, principalmente a região da Grande Florianó-polis. Ainda assim, é uma usina de pequeno porte, localizada a 3,5 km do centro da cidade.

A produção de energia hidrelétrica é uma conse-quência da vasão do rio, isto é, a quantidade de água disponível em um determinado período e à altu-ra de sua queda, que depende ainda das condições geológicas locais, como a largura do rio, inclinação, tipo de solo, obstáculos, quedas (como cachoeiras), e incidência de chuvas. O funcionamento das hidrelé-tricas, deste modo, é bastante simples.

Tudo começa com a saída de água do reservatório e sua condução através de tubos com muita pressão até a casa de força, onde ficam as turbinas e os ge-radores. Ali, a pressão da água leva à movimentação giratória da turbina, o que produz um eixo eletro-magnético dentro do gerador, produzindo eletricida-de. Em outras palavras, a energia potencial gravita-cional da vasão do rio é convertida em energia me-cânica, que é transformada em energia eletromagné-tica, para depois virar energia elétrica.

Dentre as vantagens das usinas hidrelétricas estão o baixo custo do megawatt produzido e a o potencial renovável da energia ali produzida. Em contraparti-da, para que uma usina hidrelétrica seja construída e entre em operação, com frequência são desapropri-adas áreas produtivas, e o curso natural do rio é modificado, interferindo, por exemplo, na migração dos peixes e na fauna e flora local.

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ENERGIA EÓLICA A energia eólica é a captação da energia gerada pelo vento, cuja utilização remonta aos tempos antigos, quando movimentava embarcações, co-mo caravelas, e moinhos. Embora pouco utiliza-da (representa 1% da energia produzida no mundo todo), possui um enorme potencial para exploração.

Nesse tipo de geração energética, aerogerado-res (grandes cataventos) são colocados em es-paços abertos e com boa ocorrência de ventos. O movimento das hélices do aerogerador provo-ca o movimento do gerador, produzindo energia elétrica.

Atualmente, o Brasil possui um dos maiores po-tencias eólicos do planeta, que é pouquíssimo explorado: somente 27 dos 92.000 megawatts instalados no país provém desse tipo de fonte. A não utilização da energia eólica, contudo, é ex-plicada pelo alto custo de produção da mesma. O custo de um quilowatt da energia produzida nessas usinas é de cerca de 10 centavos de dó-lar, enquanto a mesma quantidade de energia, se oriunda de usinas hidrelétricas, pode sair por menos de dois centavos de dólar. Além disso, o preço dos aerogeradores também é alto, e os parque eólicos podem interferir do comporta-mento habitual de migração das aves, e nos as-pectos visuais do local onde são construídos. Por outro lado, é uma modalidade de produção energética sustentável e renovável, que ainda apresenta a vantagem de não precisar de manu-tenção frequente.

Hoje, o país que mais utiliza energia eólica é a China, e em segundo lugar ficam os Estado Uni-dos.

Angelina não possui aerogeradores, e o motivo é simples: o relevo da região é inadequado a tal atividade. A cidade localiza-se em meio a várias montanhas e vales, com formações que dificul-tam a passagem dos ventos e, consequentemen-

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te, a geração de energia eólica.

CAPTANDO A ENERGIA DO SOL A energia solar é aquela que provém do sol, atra-vés das chamadas energias térmica e luminosa. Sendo captada por painéis solares, formados por células fotovoltaicas, pode ser utilizada tanto para o aquecimento de água em residências quanto para a geração energética propriamente dita.

É também considerada uma energia limpa e reno-vável. No entanto, é pouco utilizada no mundo, devido ao alto custo de fabricação e instalação dos painéis. Considera-se a energia solar como uma alternativa muito promissora para enfrentar os desafios ocasionados pela expansão da de-manda energética mundial, com um nível de im-pacto ambiental bem reduzido. Além disso, pode ser implantada em quase qualquer latitude, mes-mo em áreas com menores índices de radiação, devido ao seu grande aproveitamento energético.

Atualmente, os países que mais produzem a energia solar são o Japão e a Alemanha. No Bra-sil, a capacidade instalada de geração desse tipo de usina, em 2012, era de 2500 megawatts, com grande tendência de crescimento.

A cidade de Angelina não possui painéis solares, porém muitos moradores se mostram interessa-dos na geração de energia solar. Um dos morado-res, que não quis se identificar, inclusive ressaltou que “o custo da energia elétrica que chega nas casas é muito alto, e a qualidade do abastecimen-to não é das melhores. Ou melhor, no Brasil todo existe esse tipo de problema, com épocas nas quais chega a faltar luz. O uso da energia solar, então, é uma boa opção no município, mesmo com o alto custo dos painéis. Acredito que, em um futuro próximo, não só Angelina, mas em ou-tras cidades, gerar energia solar seja um bom ne-gócio. Resta saber se a prefeitura vai ajudar no custeio dos paineis, cujo preço é alto para os pa-drões da cidade”.

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FOTOGRAF IA | J immy Jeong

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USINA GARCIA E SEUS EFEITOS A Usina Garcia é tida como um dos prin-cipais símbolos de Angelina, e gera boa parte da energia da Grande Florianópo-lis. Mas será que tal desenvolvimento ocorre de maneira adequada?

A Usina Garcia foi inaugurada em novembro de 1962, através de uma cooperação do governo federal com o plano de eletrificação do estado. Desde então, é alvo de diversas polêmicas, que vão desde o turismo local à preservação ambiental do local.

De um jeito ou de outro, o fato é que o setor energé-tico brasileiro baseou-se na exploração dos recursos hídricos como principal matriz energética, em face da abundância de rios no país. Deste modo, é perfeita-mente compreensível a presença de usinas hidrelétri-cas em qualquer lugar que ofereça as condições de existência adequadas para sua exploração, mesmo na forma de Pequenas Centrais Hidrelétricas, como é o caso de Angelina.

No ano de 1950, o Estado adquiriu uma extensa área às margens do rio Garcia, que já constituiu uma das fronteiras do município. Na época, o objetivo de tal aquisição era bem claro: permitir a construção de uma usina hidrelétrica, aos moldes do ocorrido no restante

TEXTO | Gabr ie l Z in e Pedro Rodr igues FOTOGRAF IA | Panoramio DESIGN | Lúcia Mees DADOS | Ce lesc

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usina hidrelétrica, aos moldes do ocorrido no restan-te do país.

Doze anos depois, inaugurava-se a Usina Garcia. Com capacidade instalada de 9.600 kW, número grande para a demanda energética estadual naquela época, o empreendimento inaugurava a atuação da Celesc no campo da geração elétrica, fornecendo eletricidade para a região da Grande Florianópolis.

Cinco décadas se passaram desde o início das ope-rações na usina, e hoje sua produção energética já não é mais tão importante. O Estado cresceu, e no-vas tecnologias surgiram. Ao mesmo tempo, a de-manda energética aumentou exponencialmente, o que levou à construção de outras usinas que supe-ram em muito a capacidade instalada da Usina Gar-cia.

Além da Usina Garcia, Angelina possui outras seis PCHs (Pequena Central Hidrelétrica), sendo duas delas ainda em fase de construção. A energia produ-zida pela Usina Garcia e pelas seis PCHs é direta-mente ligada à rede estadual, para então ser redis-tribuída por toda Santa Catarina. Mesmo assim, a produção local representa uma fração muito peque-na da oferta do Estado.

Atualmente, portanto, questiona-se o impacto cau-sado pelo empreendimento, que foi pouco estudado na época de sua construção. Fauna, flora, popula-ções locais... Todos sofreram alterações desde 1950.

IMPACTOS SOCIAIS No mesmo ano da aquisição da propriedade da atual usina, as famílias que ali viviam já foram deslocadas para outras áreas, em uma ação conjunta do Estado de Santa Catarina e da administração local.

Em 1954, iniciou-se a retirada da vegetação (Mata Atlântica) e dos animais do lugar, para ceder espaço à então futura barragem. Simultânea à limpeza da área, iniciou-se a construção do reservatório propri-amente dito, que só terminaria oito anos depois.

A instalação da usina na época era vista pelos habi-tantes da região como uma grande fonte de empre-

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go e renda, que acreditava-se não ter data de encerramento. De fato, o contingente de pessoas contratadas para trabalhar na construção corres-pondeu às expectativas, porém logo sofreu redu-ções.

O que realmente aconteceu foi que a maior parte dos empregos gerados com a usina provinha da construção propriamente dita, que teve fim em novembro de 1962. Permanecia empregada, des-te modo, uma quantidade menor de trabalhado-res, que atuavam na operação e manutenção da usina.

Com o tempo, o balanço entre os empregos gera-dos e a emigração regional mostrou-se negativo. Em outras palavras, as desapropriações e o des-mantelamento da vila operária, hoje abandonada, provocaram uma redução da população da locali-dade, invertendo o quadro do que antes se tinha como investimento benéfico em todos os sentidos.

Como resultado positivo, além da geração de ele-tricidade, verifica-se a ocorrência de campeonatos anuais de Jet-Sky no lago formado pela represa. A infra-estrutura para o lazer, contudo, não existe, e a pesca com redes e tarrafas é proibida.

LEIS AUSENTES? A maior polêmica relacionada à produção energé-tica angelinense talvez seja a questão ligada à legislação. O que acontece é que a lei simples-mente parece não afetar aquilo que gera lucros para os bolsos públicos. Os moradores, em con-trapartida, são obrigados a desembolsar significa-tivas quantias de dinheiro cada vez que precisam cortar alguma árvore nativa, isso se a ação não constituir um crime ambiental.

A QUESTÃO AMBIENTAL Paralelo ao desmatamento e à retirada das popu-lações animais que habitavam a região, ocorreram várias outras alterações no meio-ambiente no en-torno da usina. O leito do rio Garcia, por exemplo, quase secou-se com o término das obras, devido

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à construção do reservatório. O fluxo migratório dos peixes, portanto, praticamente não ocorre mais no rio.

POLUIÇÃO DA ÁGUA Muitos moradores que residem no entorno das seis PCHs reclamam da qualidade da água que chega em suas casas. Segundo eles, a água possui aspecto turvo e poluído desde a instala-ção das Centrais Hidrelétricas, e piora a cada ano que passa.

INUNDAÇÕES Angelina é uma cidade que apresenta alta pluvi-osidade durante determinadas épocas do ano. No entanto, com a criação da represa do Rio Garcia e a construção das PCHs, a situação agravou-se para muitos habitantes. Nas áreas próximas às usinas, principalmente próximo ao Rio Fortuna, a chuva que antigamente era sinô-nimo de felicidade tem cada vez mais preocupa-do os moradores. As inundações são frequentes e, embora não cheguem a atingir níveis alarman-tes, representam um prejuízo às populações lo-cais, que são impossibilitadas de transitar em determinadas vias que acabam alagando-se.

UMA ENERGIA REALMENTE SUSTENTÁVEL? A energia hidrelétrica, deste modo, apesar de ser tida como sustentável, causa importantes alterações no ambiente de sua construção. Pode sim ser classificada como limpa, por não ter fon-te poluidora após a sua ativação. Quanto a ser o modelo energético ideal, entretanto, existem muitos poréns. No caso de Angelina, o que se percebe é que a instalação das usinas trouxe muito mais prejuízos do que benefícios a longo prazo, uma vez que os 9.600 kW ali produzidos representam apenas uma pequena fração do total produzido em Santa Catarina. Resta saber: será que as mudanças nos biomas de outras localidades compensam a quantidade de energia gerada?

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FOTOGRAFIA | Panoramio

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UM VERDADEIRO PARQUE ECOLÓGICO Um lugar que é, ao mesmo tempo, um parque ecológico e uma área de tu-rismo religioso. Conheça o Santuário Nossa Senhora de Angelina. TEXTO | Gabr ie l Z in FOTOGRAF IA | Ricardo R ibas DESIGN | adaptado de Inara Negrão

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Um local onde a natureza vive, de fato. Esse é o San-tuário da cidade de Angelina. Um lugar tão verde, mas tão verde que é difícil não sair de lá renovado, no mí-nimo.

Localizado aos fundos da Igreja da Imaculada Concei-ção, bem no centro da cidade, o parque ecológico em

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que consiste o Santuário é uma atração à parte na cidade de Angelina.

Orquídeas, bromélias, flores e pássaros são alguns dos protagonistas do local, que conta ainda com a presença de uma variedade de árvores maior do que é possível se imaginar.

Em meio ao caminho da gruta Nossa Senhora de Lourdes, destacam-se as águas cristalinas do ria-cho que corre na região, emolduradas pela grande quantidade de pessoas que decidem parar ali.

Depois de vários quadros da via-sacra, em meio a um caminho em zigue-zague, o visitante se vê re-compensado pela Gruta Nossa Senhora de Lour-des, a grande atração do parque ecológico. Eis um exemplo de preservação a ser seguido por outras cidades. Afinal, a mensagem de sustentabilidade e equilíbrio com a natureza é clara: logo na entrada do parque, é apresentada a imagem de São Fran-cisco, patrono da ecologia.

! ANGELINA MEIO AMBIENTE

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! !UM MAU PASSADO Jogados a céu aberto ou queimados, os resí-duos angelinenses só traziam prejuízos quan-do eram negligenciados há alguns anos. E ho-je, será que esse descaso ainda domina a ci-dade?

Em Angelina, mais de 380 famílias não eram atendi-das pela coleta de lixo há pouco mais de uma déca-da. Isso correspondia a aproximadamente 21,8% do lixo gerado no município, ou então a 1080 habitan-tes. É quase a mesma quantidade de pessoas que atualmente habitam a zona urbana da cidade. Era muita gente não atendida, e uma quantidade enor-me de lixo.

O lixo constitui um dos principais problemas ambien-tais da atualidade, quando destinado incorretamen-te. Em Angelina, infelizmente, era exatamente isso que ocorria. Lá, até o ano de 2002, a coleta seletiva só abrangia o centro da cidade, e todo o lixo não coletado, principalmente o da zona rural, ficava a céu aberto, ou então era queimado, para evitar pro-blemas ainda mais diretos. Eis um retrocesso.

No presente, a coleta seletiva abrange até o meio rural, embora com menor frequência, e se destaca por destinar corretamente diversos tipos de resí-duos. Tal dedicação trouxe resultados, pois em 2003 a cidade foi premiada com o Troféu Fritz Mül-ler por ter se destacado na área ambiental. E em 2011 não foi diferente. Para promover um estilo de vida sustentável, toda a decoração de natal angeli-nense foi feita com material reciclado.

Se Angelina conseguiu tal feito impressionante, por que outras cidades o mesmo não pode acontecer? Tudo o que foi feito lá ocorreu através da conscien-tização da população. É o desenvolvimento susten-tável sendo aplicado e mostrando o quão marcante pode ser.

!!ANGELINA MEIO AMBIENTE

TEXTO | Lucas O l i ve i ra FOTOGRAF IA | Mar t in Grahame-Dunn DESIGN | Lúcia Mees

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TEXTO | Lucas O l i ve i ra FOTOGRAF IA | T imothy Takemoto

DESIGN | Lúcia Mees

A BOA INOVAÇÃO Angelina é pioneira na reciclagem rural no Estado de Santa Catarina. Mas o que é a reciclagem ru-ral? Descubra como ela funciona e quais os seus benefícios.

Normalmente a zona rural é aquela que mais sofre com a ausência da coleta seletiva do lixo, principalmente em cidades predominantemente agrícolas como Angelina. Lá, a coleta seletiva acontece de duas a três vezes por semana na zona urbana, e somente uma vez na zona rural. É aí que reside o problema.

O lixo rural é composto tanto pelos restos vegetais quanto pelos materiais associados à produção agrícola (como adubos químicos e fertilizantes) além dos resí-duos comuns a qualquer residência. Em outras pala-vras, esse tipo de lixo provoca tantos danos quanto o lixo urbano, se não mais.

Os habitantes do meio rural angelinense, deste modo, foram obrigados a arregaçar as mangas, por assim se dizer. Os restos vegetais da lavoura, por exemplo, vi-ram adubo orgânico, e ainda alimento aos animais. As frutas não comercializadas, ou que estejam próximas de iniciar o apodrecimento, são transformadas em doces, compotas e geleias. E a água é reutilizada várias vezes, quando possível.

Um problema sério, contudo, ainda persiste. Os adubos químicos e defensivos, por exemplo, não podem ser descartados no lixo comum. Os agricultores, nestes ca-sos, levam esse tipo de lixo até a área de coleta mais próxima, isto é, fazem o que muitos nem pensam em fazer.

Ao enxergarem o lixo como um sistema circular susten-tável, e não apenas como fonte de descarte, os agricul-tores locais são um exemplo a ser seguido por todo o país. Afinal, não é só com recursos financeiros e novas obras de infraestrutura que se pode vencer o problema do lixo. A criatividade, no fim das contas, é o que impor-ta.

! ANGELINA MEIO AMBIENTE

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Angelina é uma cidade com pouca representatividade no âmbito dos esportes, tendo em vista a predominância da chamada área rural no município. De que modo, então, ocorre o esporte angelinense?

TEXTO | Manoe la Vogt e Lúcia Mees FOTOGRAF IA | The Campus Ledger DESIGN | Lúcia Mees

!!ANGELINA ESPORTES

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Chutes, arremessos, passes, joga-das... É difícil encontrar um local onde o esporte não esteja presen-te. Ou melhor, um lugar onde a atividade física, de algum modo, não faça parte da vida humana, em qualquer nível.

A questão é que, desde que o ho-mem é homem, o esporte é parte da sociedade. Isto é, sempre exis-tiu, mesmo em suas formas mais primitivas.

São mais de 30.000 os anos de esporte na vida humana. 300 sé-culos de saúde, de confraterniza-ção, de entretenimento e criações,

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no mínimo, curiosas.

O esporte não é só uma ativida-de física. É uma das principais manifestações culturais do sécu-lo XX e de toda a existência da humanidade. É conhecimento, saber, criatividade.

As práticas corporais sempre fizeram parte do patrimônio cul-tural das sociedades humanas. Hoje, encontram-se tão difundi-das que é quase impossível en-contrar alguém que não dê o seu próprio conceito de esporte.

Mas, afinal, o que seria esporte:

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jogo, arte ou ciência? Ou então uma mistura dos três?

Será que uma criança jogando pingue pongue durante o recreio está praticando um esporte? Se-rá que pular corda é um espor-te? E jogar xadrez?

Essas são atividades tão diferen-tes, mas que, mesmo contando com as perspectivas mais impro-váveis, se unem sob a ótica sin-gular do esporte, integrando os mais diferentes povos e nações. E o que seria o esporte, senão um mecanismo integrador das sociedades?

! !ANGELINA ESPORTES

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cidades como Angelina. As proporções, é claro, são reduzidas, se comparadas a grandes cen-tros urbanos, e oferecem apenas o básico, sem se preocupar muito com o profissionalis-mo dos jogadores e instalações.

Assim, por ser um município de economia e população essencialmente agrária, Angelina não possui atividades relacionadas ao esporte efetivamente desenvolvidas. O que ocorre são times amadores, organizados pelos próprios moradores, que se empenham em encontrar algo a mais para se fazer no dia-a-dia. Existem

O ESPORTE NA SOCIEDADE DE ANGELINA A atividade física interfere na sociedade, cri-ando oportunidades e melhorando a qualida-de de vida da população. E em Angelina, de que modo isso ocorre? TEXTO | Juan Franc is co e Matheus L inhares FOTOGRAF IA | Foto Communi ty DESIGN | Lúcia Mees

!!ANGELINA ESPORTES

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Os esportes estão presentes em todas as sociedades, até mesmo nas mais diminutas. Embora o senso comum seja de que pequenas cidades não possuem atividades físicas representativas, elas sempre ocorrem, até em pequenas

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campeonatos, é claro, mas sempre proporcio-nais às diminutas dimensões da cidade.

O esporte surgiria, nesse sentido, como uma forma de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar da população em geral, de um modo que o espírito competitivo não prevaleça sobre os valo-res humanos e o entretenimento que o esporte pode proporcionar. FUTEBOL E VOLEIBOL O esporte mais praticado em Angelina é o fute-bol suíço, seguido pelo voleibol. A cidade partici-pa de campeonatos estaduais com seus jogado-res dessas duas modalidades, na categoria 98/99. A maioria dos torneios ocorre na localidade do Rio Engano, no chamado Campo do Maguila. To-dos os anos, ocorre um torneio de futebol suíço nesse campo, envolvendo em torno de 20 equi-pes. No ano passado, a equipe vencedora veio da Grande Florianópolis. O clube do Sambaqui, conhecido pelo nome Triunfo, foi quem levou a taça, comandado pelo técnico Adair dos Santos, o Cabeça.

Os dois esportes são também desenvolvidos de maneira independente pelos habitantes, que or-ganizam suas próprias competições. Todos os finais de semana, são organizados torneios de futebol, muitas vezes em campos improvisados.

Nesses casos, os times são formados por crian-ças, vizinhos ou até mesmo famílias inteiras que, na falta de outra forma de entretenimento, en-contram no esporte uma distração tão eficiente quanto qualquer outra, que também garante uma boa qualidade de vida. JOGOS DA JUVENTUDE Os jogos da Juventude Catarinense, ou então Olimpíada Estudantil Catarinense (Olesc), ocor-rem anualmente desde o ano de 2001. Proposta e organizada pela Fesporte, a competição

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abrange alunos-atletas de 11 a 15 anos, de esco-las públicas e particulares de Santa Catarina. Angelina, além de ter alunos participantes na Olesc, sediou a 10ª etapa microrregional do campeonato, em 2013, que teve como participantes os municí-pios da Grande Florianópolis: Anitápolis, Antônio Carlos, Florianópolis, Imaruí, Imbituba, Laguna, Pa-lhoça, Santo Amaro da Imperatriz e São José, sem contar a própria cidade-anfitriã.

A competição aconteceu entre os dias 5 e 9 de ju-nho de 2013, com as disputas dos esportes futsal (masculino), handebol (masculino) e voleibol (femi-nino), sendo que mais de 310 atletas participaram do evento.

Em 2014, a Olesc também acontecerá em Angelina, e é esperado um número ainda maior de participan-tes. O evento, assim como nas edições anteriores, será patrocinado pela Pureza, empresa de bebidas de Rancho Queimado. Em troca, como forma de apoio a esse município que não possui escolinhas de vôlei, Angelina cedeu as suas. O custo, no en-tanto, é alto, pois a prefeitura responsabiliza-se ainda pelos gastos com o transportes dos atletas. OUTRAS MODALIDADES Angelina também sedia campeonatos de ciclismo e maratonas, que trazem um número considerável de visitantes ao local. Do mesmo modo, o Campeonato Catarinense de Jet Ski, em setembro, é realizado na represa da Usina Hidrelétrica Garcia, a 3,5 km da cidade, e atrai muitos competidores.

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DESCENTRALIZAÇÃO DOS ESPORTES TEXTO | Thiago Yunes FOTOGRAF IA | Ce l ina Ga lup DESIGN | Lúcia Mees

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As atividades esportivas são fundamentais para a qualidade de vida da população. Não há dúvidas quanto a isso. E também é irrefutável o fato de que elas são diretamente vinculadas ao investimento de capital e à aglomeração de pessoas. Como ficam, en-tão, os pequenos municípios?

Naturalmente, a maior parte da infraestrutura relacio-nada ao esporte localiza-se nos grandes centros ur-banos, deixando cidades com um número menor de

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habitantes praticamente à mercê de investimentos particulares. E em Angelina não é diferente.

Quando surge um bom atleta em Angelina, duas coisas podem acontecer: uma mudança de cidade ou a desistência e o abandono do talento. Infeliz-mente, para a maioria dos angelinenses, a segunda alternativa ocorre com muito mais frequência.

Acontece que é muito mais fácil continuar morando com as mesmas pessoas com as quais se trabalhou a vida inteira, e trabalhar com aquilo que já soa fa-miliar (ajudando na lavoura da família, na maior par-te das vezes). Por que, então, tentar a sorte em

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uma cidade maior, se sujeitando ao desemprego e à ausência de opções profissionais dignas?

No intuito de mudar esse quadro, a prefeitura angeli-nense vêm tentando descentralizar os esportes, na falta de melhor expressão. Isto é, a atual administra-ção tem como objetivo favorecer a prática de esportes e cultivar novos talentos, por meio da promoção de aulas gratuitas de voleibol e futebol, além de competi-ções esportivas na cidade (como a Olesc). Angelina mostra, assim, que o esporte deve ser praticado em todos os lugares, sendo necessários investimentos de todos os tipos. Afinal, se o novo Messi pode nascer em qualquer lugar, por que não em Angelina?

!!ANGELINA ESPORTES

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! COMO É A INFRAESTRUTURA?

TEXTO | Matheus L inhares FOTOGRAF IA | Ce l ina Ga lup

DESIGN | Lúc ia Mees

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Angelina possui quatro ginásios construídos pelo mu-nicípio, e mantidos pelo Estado (responsável pela manutenção e custeio de uniformes) sendo o principal deles o Laudelino Hercílio Andrade, localizado no cen-tro da cidade, e inaugurado em 17 de abril de 1993, durante o mandato de Aílton Laudelino Andrade.

Os ginásios possuem uma distância considerável en-tre si, por localizarem-se em um município de grande

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extensão territorial e pequena densidade demográfi-ca. Permite-se, à vista disso, que mesmo as comuni-dades mais distantes do centro urbano do município desfrutem dos benefícios que a prática regular de es-portes pode trazer.

As construções são usadas principalmente pelos alu-nos, que realizam suas aulas de educação física ali pelo menos uma vez por semana. Curiosamente, es-sas aulas são ministradas por um ex-jogador de fute-bol que mora na região, Jonathan Ortiz. Anualmente, também ocorrem diversos campeonatos no ginásio Laudelino Hercílio Andrade, que o mantém movimen-tado por pelo menos uma semana.

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Por esse motivo, o ginásio passa atualmente por uma reforma, em face dos diversos danos observados no piso da quadra. O esperado é que no fim do segundo semestre de 2014 as obras estejam concluídas.

Além de ginásios, Angelina possui quatro cam-pos privados de futebol, como o Campo do Ma-guila. Nesses campos, ocorrem festas, eventos e competições em geral, muitas vezes domina-das por discussões devido à arbitragem, que não é profissional. Mesmo assim, tais campos são um negócio rentável para todo o município, e uma ótima ideia a ser replicada pela cidade.

! !ANGELINA ESPORTES

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!!ANGELINA VARIEDADES

!CAÇA PALAVRAS

ENTRETENIMENTO Treine suas habilidades de percepção e raciocínio e descubra mais sobre Angelina! Angelina em Foco preparou uma seleção especial de passatempos para todos os gostos. Para obter as respostas, entre em contato com a nossa redação.

Na praça Kretzer podemos encontrar muitas .

No meio rural, há o predomínio de , com criação de animais e familiar.

O e Maternidade Nossa Senhora da Conceição é referência regional no quesito saúde.

Para resolver o problema da coleta seletiva, os moradores criaram a rural.

O Nossa Senhora de Angelina com sua é a principal atração turística de Angelina, juntamente com a Matriz.

A Escola é a instituição de ensino mais importante de Angelina.

O município possui seis .

SELEÇÃO| Ce l ina Galup e Ju l ia Schubert

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a) Mel, fumo, repolho, batata b) Brócolis, couve-flor, tangerina, aipim c) Pêra, uva, maçã, mandioquinha-salsa d) Laranja, cebola, milho e grapefruit

5. A Gruta de Angel ina é um ponto turístico do município. A respeito dela, pode-se afirmar que: a) Foi feita no século XIX, na Áustria, e enviada de presente ao então prefeito de Angelina. b) Frei Zeno, um homem que estava doente, re-zou tanto para Nossa Senhora de Lourdes e pro-meteu que, se fosse curado, construiria uma gruta em sua homenagem, e a promessa foi cumprida. c) Os trabalhadores que construíram a gruta vie-ram do município vizinho, Major Gercino, e foram bem remunerados. d) Na gruta podemos encontrar uma estátua da Nossa Senhora dos Prazeres, esculpida em gesso e proveniente de um ateliê alemão.

RESPOSTAS 1B (ver página 15), 2C (ver pági-na 19), 3A (ver página 73), 4A (ver página 46) e 5B (ver página 25).

3 ACERTOS OU MAIS: Parabéns! Você tem um ótimo conhecimento sobre esse pequeno municí-pio. MENOS DE 3 ACERTOS: Está na hora de ler nossa revista com mais atenção e descobrir mais sobre a simpática cidade de Angelina.

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Você sabe tudo sobre Angelina? Teste seus conheci-mentos!

1. O compositor do pr imei ro H ino de Angel ina foi: a) Mauro Jonck b) Frei Elzeário Schimitt c) Nicolau Kretzer d) Leonardo Hammes

2. O Bratkarto f fe ln é um prato típico angelinense e seus principais ingredientes são: a) Aipim, alho e miúdos. b) Repolho roxo e peixe. c) Batata, cebola e carne de porco. d) Alecrim, batata e coxa de frango.

3. Sobre uso de drogas e educação em Angelina, assinale a alternativa certa: a) Angelina conta com dois centros de reabilitação para dependentes químicos. b) Nos últimos anos, o consumo de cocaína e até heroí-na cresceu de forma alarmante. c) Os alunos da cidade contam com aulas semanais de alemão. d) Os estudantes angelinenses do ensino médio preci-sam estudar em São Pedro de Alcântara, já que todas as escolas do município só mantêm os alunos até o no-no ano do ensino fundamental.

4. Fazem parte da agr icu ltu ra de Angelina:

!CRUZADINHA 1. Principal atividade econômica de Angelina 2. José da Silva (atual prefeito). 3. Muniz da Silva (a cidade foi no-meada em sua homenagem). 4. Esporte mais praticado na cidade. 5. O município teve colonização . 6. Nome da usina hidrelétrica angelinense. 7. Parque ecológico de Angelina. 8. Congregação religiosa a qual o hospital municipal pertence.

! !ANGELINA VARIEDADES

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!QUIZ

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!! !ÁLBUM DE FOTOS

!!ANGELINA VARIEDADES

FOTOGRAFIA | Bruno Cabral

FOTOGRAFIA | Theodoro Aydos

FOTOGRAFIA | Bruno Cabral

FOTOGRAFIA | Theodoro Aydos

FOTOGRAFIA | Theodoro Aydos

FOTOGRAFIA | Theodoro Aydos

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! !ANGELINA VARIEDADES

!POESIA A poesia é considerada uma das sete artes tradicionais, sendo pouco compreendida pela maior parte das pessoas. Consiste na tradução em palavras do universo das emo-ções, por meio de estruturas rítmicas e so-noridades. Abaixo, você confere um poema sobre a cidade de Angelina, escrito por João Antônio Brandão Brito. TERRA DE AGRADEC IMENTOS Por alemães colonizada Vindos da vizinhança Angelina foi desbravada Na terra muitas mudanças, Vindas de germânicas heranças. De "Villa Mundéus" era chamada A nova colônia foi criada Nome de armadilha rudimentar Utilizada naquele lugar. Mero distrito se tornou São José a incorporou Aí que o nome mudou. Um político honraram De Angelina a nomearam. Setenta anos perdurou O título de distrito, Mas agora já acabou. Município é Angelina Terra do interior Coração de menina Terra com muito amor. Sua flora exuberante Atrai qualquer viajante Seu belo santuário Atrai qualquer vigário Para passar diversos momentos A terra de agradecimentos.

FOTOGRAFIA | Lúcia Mees

FOTOGRAFIA | Bruno Cabral

FOTOGRAFIA | Theodoro Aydos

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