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ANÁLISE DA PERFORMANCE DE COMPRESSORES
PELO MODELO DE REDLICH/KWONG
Vinícius Araujo Touza
Projeto de Graduação apresentado ao Curso
de Engenharia Mecânica da Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos
necessários a obtenção do título de
Engenheiro.
Orientador: Prof. Reinaldo De Falco, Eng.
Rio de Janeiro
Março 2015
Touza, Vinícius Araujo
Análise da Performance de Compressores pelo Modelo de
Redlich/Kwong /Vinícius Araujo Touza – Rio de Janeiro: UFRJ/
Escola Politécnica, 2015.
X, 58 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Reinaldo de Falco
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de
Engenharia Mecânica, 2015.
Referências Bibliográficas: p. 57.
1. Performance 2. Compressores 3. Compressibilidade 4. Gases
Reais 5. Equações Cúbicas 6. Eficiência Politrópica. I. De Falco,
Reinaldo. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso
de Engenharia Mecânica. III. Análise da Performance de
Compressores pelo Modelo de Redlich/Kwong.
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.
Análise da Performance de Compressores
pelo Modelo de Redlich/Kwong
Vinícius Araujo Touza
Março/2015
Orientador: Reinaldo de Falco
Curso: Engenharia Mecânica
Esse trabalho tem como objetivo propor um modelo para a análise da performance de
compressores, fornecendo o cálculo da eficiência politrópica de um processo de
compressão, tendo como dados de entrada as pressões e temperaturas de sucção e
descarga, e a mistura de gases de um compressor. A compressibilidade dos gases reais
será obtida através de equações cúbicas, usando os parâmetros de Redlich/Kwong. Esse
modelo será proposto considerando as primeiras fases de projeto na indústria
petroquímica, onde é essencial que se tenha uma boa estimativa dos custos de grandes
equipamentos, tais como compressores e turbinas, o que pode afetar a viabilidade
técnica e econômica de novos empreendimentos.
Palavras chave: performance, compressores, compressibilidade, gases reais, equações
cúbicas, eficiência politrópica.
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer.
Compressor Perfomance Analysis
by Redlich/Kwong Model
Vinícius Araujo Touza
March/2015
Advisor: Reinaldo de Falco
Course: Mechanical Engineering
This work aims to propose a model for compressor performance analysis, giving the
calculation of the polytropic efficiency of a compression process, taking as input the
pressure and temperature of suction and discharge, and the gas mixture of a compressor.
The real gases compressibility is obtained by cubic equations, using the Redlich/Kwong
parameters. This model will be proposed considering the early project phases in the
petrochemical industry, where it is essential to have a good estimate of the heavy
equipment costs, such as compressors and turbines, which can affect the technical and
economic feasibility of new enterprises.
Keywords: performance, compressors, compressibility, real gases, cubic equations,
polytropic efficiency.
NOMENCLATURA
𝜂𝑣 – Eficiência volumétrica
Vd – Volume deslocado
Vasp – Volume aspirado
V0 – Volume morto
𝑟𝑐 – Razão de compressão
𝑃1 – Pressão de sucção
𝑃2 – Pressão de descarga
T1 – Temperatura de sucção
T2 – Temperatura de descarga
Z – Compressibilidade
V – Volume específico
R – Constante universal dos gases
U – Energia interna
H - Entalpia
Cv – Capacidade calorífica a volume constante
Cp – Capacidade calorífica a pressão constante
Hp – Head politrópico
MW – Massa molar
Pr – Pressão reduzida
Tr – Temperatura reduzida
ω – Fator acêntrico
SUMÁRIO
1. OBJETIVO .......................................................................................................................11
2. INTRODUÇÃO ................................................................................................................11
2.1. DESCRIÇÃO DO TRABALHO .................................................................................12
3. COMPRESSORES ...........................................................................................................13
3.1. TIPOS DE COMPRESSORES E LIMITES DE CAPACIDADE.........................13
3.1.1. COMPRESSORES DE DESLOCAMENTO POSITIVO ..............................14
3.1.2. COMPRESSORES DINÂMICOS ...................................................................17
3.2. COMPRESSORES ALTERNATIVOS...................................................................18
3.2.1. MODELOS DE COMPRESSORES ALTERNATIVOS ...............................18
3.2.2. COMPONENTES .............................................................................................19
3.2.3. CICLO DE COMPRESSÃO ............................................................................19
3.2.4. EFICIÊNCIA VOLUMÉTRICA .....................................................................22
3.2.5. COMPRESSÃO DOS GASES .........................................................................22
3.2.6. COMPRESSÃO EM ESTÁGIOS....................................................................23
3.2.7. REVERSÃO DE ESFORÇOS .........................................................................24
3.3. COMPRESSORES CENTRÍFUGOS .....................................................................25
3.3.1. FLUXO DO GÁS ..............................................................................................25
3.3.2. CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS .....................................................27
3.3.3. LIMITES OPERACIONAIS ...........................................................................28
4. PROPRIEDADES VOLUMÉTRICAS DE FLUIDOS PUROS ....................................30
4.1. COMPORTAMENTO DE SUBSTÂNCIAS PURAS ............................................30
4.1.1. DIAGRAMA PT ...............................................................................................30
4.1.2. DIAGRAMA PV ...............................................................................................31
4.1.3. REGIÃO MONOFÁSICA ...............................................................................32
4.2. O GÁS IDEAL ..........................................................................................................32
4.2.1. PROPRIEDADES DE UM GÁS IDEAL ........................................................32
4.2.2. PROCESSOS ENVOLVENDO GASES IDEIAIS .........................................33
4.3. EQUAÇÕES VIRIAIS .............................................................................................35
4.3.1. FORMAS DA EQUAÇÃO DO TIPO VIRIAL ..............................................36
4.4. EQUAÇÕES DE ESTADO CÚBICAS ...................................................................36
4.4.1. EQUAÇÃO DE VAN DER WAALS ...............................................................37
4.4.2. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS ....................................................38
4.4.3. TEOREMA DOS ESTADOS CORRESPONDENTES..................................39
4.4.4. RAÍZES COM CARACTERÍSTICAS DO VAPOR......................................40
4.5. EFEITOS TÉRMICOS ............................................................................................41
4.5.1. RELAÇÃO ENTRE CAPACIDADE CALORÍFICA E TEMPERATURA 42
4.6. PROPRIEDADES RESIDUAIS ..............................................................................43
4.6.1. ENERGIA DE GIBBS ......................................................................................43
4.6.2. PROPRIEDADE RESIDUAL..........................................................................43
4.6.3. ENTALPIA A PARTIR DE PROPRIEDADES RESIDUAIS .......................44
4.6.4. PROPRIEDADES RESIDUAIS A PARTIR DE EQUAÇÕES CÚBICAS ..45
5. MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DA EFICIÊNCIA POLITRÓPICA .....................47
5.1. PROPRIEDADES DE MISTURA DE GASES ......................................................47
5.2. DETERMINAÇÃO DAS COMPRESSIBILIDADES ...........................................48
5.3. HEAD POLITRÓPICO ...........................................................................................50
5.4. ENTALPIA DE GÁS IDEAL ..................................................................................50
5.5. HEAD REAL ............................................................................................................51
5.6. EFICIÊNCIA POLITRÓPICA ...............................................................................52
5.7. FLUXOGRAMA ......................................................................................................52
6. VALIDAÇÃO E CONCLUSÃO .....................................................................................54
6.1. VALIDAÇÃO ...........................................................................................................54
6.2. CONCLUSÃO ..........................................................................................................56
7. REFERÊNCIAS ...............................................................................................................57
8. ANEXO .............................................................................................................................58
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 – Fluxograma – Tipos de compressores
Figura 3.2 – Compressor de diafragma
Figura 3.3 – Compressor alternativo
Figura 3.4 – Compressor parafuso
Figura 3.5 – Compressor de lóbulos
Figura 3.6 – Compressor axial
Figura 3.7 – Compressor centrífugo
Figura 3.8 – Duplo efeito
Figura 3.9 – Diagrama PV
Figura 3.10 – Pressão adicional para abertura das válvulas
Figura 3.11 – Perdas e fugas
Figura 3.12 – Compressão
Figura 3.13 – Compressão em dois estágios
Figura 3.14 – Fluxo do gás
Figura 3.15 – Fluxo de gás
Figura 3.16 – Carcaça partida horizontalmente
Figura 3.17 – Carcaça partida verticalmente
Figura 3.18 – Surge
Figura 4.1 – Diagrama PT
Figura 4.2 – Diagrama PV de substância pura
Figura 4.3 – Isotermas
Figura 4.4 – Fator acêntrico
Figura 4.5 – Variação de Cp com a temperatura
Figura 6.1 – Condições de operação
Figura 6.2 – Mistura de gases
Figura 6.3 – Condições de operação
Figura 6.4 – Mistura de gases
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Limites de operação
Tabela 4.1 – Especificação dos Parâmetros das Equações de Estado
Tabela 5.1 – Lista de gases
Tabela 6.1 – Condições de operação
Tabela 6.2 – Resultados dos cálculos
Tabela 6.3 – Comparação entre valores calculados e fornecidos
Tabela 6.4 – Condições de operação
Tabela 6.5 – Resultados dos cálculos
Tabela 6.6 – Comparação entre valores calculados e fornecidos
11
1. OBJETIVO
Esse projeto final tem como objetivo propor um modelo para o cálculo da
eficiência politrópica de compressores, tendo como dados de entrada as pressões e
temperaturas de sucção de descarga, e a mistura de gases de um compressor. A
compressibilidade de gases reais será obtida através de equações cúbicas, usando os
parâmetros de Redlich/Kwong.
2. INTRODUÇÃO
Os projetos de novos empreendimentos, principalmente da indústria
petroquímica, são basicamente formados pelas seguintes fases:
Projeto conceitual;
Projeto básico;
Estudo de viabilidade técnica e econômica;
Projeto de detalhamento;
Construção e montagem.
Em cada uma dessas fases, são feitas estimativas sobre variáveis que afetam a
viabilidade do projeto, e conforme essas fases avançam as estimativas vão se tornando
mais precisas.
Durante as primeiras fases, é de extrema importância que se tenha noção da
eficiência de grandes equipamentos, como compressores e turbinas, já que eles
consomem uma grande quantidade de energia o que pode acabar inviabilizando um
novo projeto.
Nesse trabalho, será proposto um modelo para fazer a estimativa da performance
de um compressor gerando o cálculo da sua eficiência politrópica, de uma forma rápida
e que pode ser aplicada no software Microsoft Excel, que é disponível em quase todas
as empresas.
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2.1.DESCRIÇÃO DO TRABALHO
No capítulo 3, será feita uma abordagem teórica sobre compressores centrífugos
e alternativos.
O capítulo 4 se refere à teoria da termodinâmica de onde foram tirados os
fundamentos para o cálculo da performance.
O capítulo 5 explica todos os cálculos para a determinação da eficiência
politrópica.
E para finalizar, o capítulo 6 faz uma validação do modelo, comparando os
resultados obtidos pelos cálculos com os dados retirados de folhas de dados de
compressores, terminando com a conclusão.
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3. COMPRESSORES
Compressores são máquinas destinadas a elevar a pressão de uma mistura de
gases.
3.1. TIPOS DE COMPRESSORES E LIMITES DE CAPACIDADE
As dimensões e as características de um compressor são determinadas pelas
características dos gases e condições operacionais. Estas condições dividem os
compressores em vários tipos, como mostrado no fluxograma da Figura 3.1:
Figura 3.1 – Fluxograma – Tipos de compressores
Cada tipo de compressor tem suas características e limitações. A Tabela 3.1
ilustra a faixa de operações de cada tipo:
Tipo
Max. Vazâo
(CFM)
Max. Pressão
(psia)
Volumétricos Alternativos 3.500 - 5000
35.000 -
50.000
Rotativos 50.000 100 - 250
Dinâmicos Centrífugos 200.000 3.000 - 6.000
Axiais 2.000.000 80 - 130
Tabela 3.1 – Limites de operação
Compressores
Volumétricos
Alternativos
Rotativos
Palhetas
Parafusos
Lóbulos
Dinâmicos
Centrífugos
Axial
Ejetores
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3.1.1. COMPRESSORES DE DESLOCAMENTO POSITIVO
Seu funcionamento consiste na admissão de uma quantidade de gás, passando
pela válvula de sucção e indo até o cilindro. Este cilindro tem seu volume variado pela
ação de peças móveis, reduzindo seu espaço interno e elevando a pressão do gás. Os
tipos de compressores de deslocamento positivo são:
Compressor alternativo de diafragma
Equipamento pequeno usado para fornecimento de ar comprimido para sistemas de
instrumentação. A variação do volume é causada através do movimento alternativo do
diafragma empurrado por uma pequena biela ligada a um eixo manivela. Tem a
vantagem de manter o gás completamente isolado do ambiente.
Figura 3.2 – Compressor de diafragma
Compressor alternativo de pistão
Certa massa de gás, confinada em um cilindro, tem sua pressão e temperatura
aumentadas pela redução de seu volume, causado pelo movimento alternativo de um
pistão.
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Figura 3.3 – Compressor alternativo
Compressor de palhetas deslizantes
Máquina de pequeno porte que consiste de um rotor com várias palhetas deslizantes na
radial e deslocado do centro em relação a uma carcaça. Possui um rotor ou tambor
central que gira excentricamente em relação à carcaça.
Quando o rotor gira, as palhetas são forçadas contra o diâmetro interno da carcaça. À
medida que a pressão cai, o gás penetra na abertura de sucção e ocupa os espaços entre
as palhetas. Devido à excentricidade do rotor, os espaços vão se reduzindo de modo a
provocar a compressão progressiva do gás.
Compressor de parafusos
Dois parafusos em movimento sincronizado, causando a abertura de cavidades internas
que fazem a sucção do gás, transportam até a outra extremidade e descarregam por meio
do fechamento destas cavidades, e assim sucessivamente. Podem ser admitidos gases
com sólidos, porém as partículas devem ter diâmetro menor que as folgas.
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Figura 3.4 - Compressor parafuso
Compressores de lóbulos
Lóbulos são como engrenagens em que o número de dentes vai sendo reduzido até
chegar ao número de quatro, três ou dois. Os rotores apenas deslocam o fluido de uma
região de baixa pressão para uma de alta pressão. São muito aplicados na indústria
automotiva e são bem robustos, o que garante boa confiabilidade.
Figura 3.5 – Compressor de lóbulos
Compressor de anel líquido
Ou bomba de vácuo, geralmente são utilizados em aplicações com pressão de sucção
abaixo da atmosférica e descarga na pressão atmosférica. Tem o princípio de
funcionamento parecido com o compressor de palhetas, a diferença é que o anel líquido
é que aumenta ou reduz as cavidades.
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3.1.2. COMPRESSORES DINÂMICOS
Os compressores dinâmicos tem o seguinte funcionamento: o impelidor do
compressor transfere energia mecânica rotacional, recebida do acionador, para o gás,
acelerando suas partículas. A velocidade do gás é aumentada e o mesmo é descarregado
em um difusor, onde tem a energia cinética convertida em energia de pressão através do
aumento da passagem da área.
Existem os seguintes tipos de compressores dinâmicos:
Compressor axial
São utilizados para grandes vazões e pequenos aumentos de pressão. O rotor tem um
fluxo puramente axial e são largamente utilizados como sopradores em siderúrgicas e
refinarias.
Figura 3.6 – Compressor axial
Compressores centrífugos
O gás admitido entra axialmente pelo olho do primeiro impelidor e recebe o movimento
de rotação. Devido à força centrífuga, o gás ganha velocidade e é expelido radialmente
pela periferia do impelidor. Chegando ao difusor, devido ao aumento de passagem,
ocorre a conversão de parte da energia cinética em energia potencial.
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Figura 3.7 – Compressor centrífugo
3.2. COMPRESSORES ALTERNATIVOS
3.2.1. MODELOS DE COMPRESSORES ALTERNATIVOS
Quanto à disposição dos cilindros:
Horizontal: simples ou em tandem, opostos e em V, Y, L, W.
Permite fácil acesso à parte interna da máquina durante a manutenção. Tem a
desvantagem de ocupar muito espaço o que impede sua aplicação em alguns
casos.
Vertical:
Ocupa menos espaço na instalação e não gera esforços sobre os anéis-guias.
Porém apresentam maior dificuldade de acesso à parte interna, dificultando a
manutenção.
Quanto ao número de efeitos:
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Simples efeito: compressores são de simples efeito quando só a parte
frontal do pistão é utilizada para a compressão, e é mais usado em
máquinas de pequeno porte.
Duplo efeito: compressores de duplo efeito têm duas câmaras de
compressão, uma de cada lado do pistão funcionando paralelamente.
Enquanto uma câmara aspira a outra comprime o fluido.
Figura 3.8 – Duplo efeito
3.2.2. COMPONENTES
Conjunto de acionamento: é composto pelo cárter de óleo, mancais,
cruzeta, volante, eixo virabrequim e outros. Serve para transformar o movimento
rotativo do acionador por movimento alternativo da haste.
Conjunto de compressão: é formado por haste, pistão, selagem, válvulas,
anéis de compressão, cilindro, tampas e válvulas, e ficam todos dentro do cilindro.
Sistemas auxiliares: são itens importantes para o correto funcionamento
da máquina que são o sistema de refrigeração, sistema de lubrificação, garrafas e
tubulações e sistema de monitoração e proteção.
Um componente muito importante é o inter-resfriador (intercooler) que
serve para diminuir a temperatura do gás entre estágios. A redução da temperatura do
gás diminui o consumo de energia do compressor.
3.2.3. CICLO DE COMPRESSÃO
A análise do ciclo de compressão será feita através de um diagrama Pressão x
Volume (PV). O ciclo segue 4 etapas: compressão, descarga, expansão e admissão, que
serão detalhadas abaixo.
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Figura 3.9 – Diagrama PV
Compressão
O ciclo inicia no ponto 1 que é o ponto morto. As válvulas estão fechadas e o
pistão começa seu movimento, reduzindo o espaço que o gás ocupa e aumentando a
pressão do gás até a pressão de descarga.
Descarga
No ponto 2, a pressão interna do cilindro é igual à pressão de descarga mas é
necessário um acréscimo de pressão para vencer a inércia e abrir a válvula de descarga.
Então com o avanço do pistão, a pressão vai subindo até abrir a válvula e descarregar o
gás para a linha.
Expansão
O ponto 3 é o ponto superior e onde a pressão se iguala a pressão de descarga e
fecha a válvula. O pistão começa a retornar para a posição inicial, fazendo o gás
confinado no volume morto se expandir, diminuindo sua pressão.
21
Admissão
No ponto 4 a pressão interna se igual a pressão de sucção. O pistão se
movimenta diminuindo a pressão até que haja um diferencial suficiente para abrir a
válvula de admissão, e o gás ser aspirado para dentro do cilindro.
O ciclo real difere do ideal em alguns aspectos, inicialmente devido ao aumento
de pressão adicional para a abertura das válvulas, que está representado na Figura 3.13:
Figura 3.10 – Pressão adicional para abertura das válvulas
Além disso, também ocorrem perdas ou fugas através dos anéis do pistão,
selagem e alterações devido ao aquecimento do gás. Tais alterações são representadas
pela Figura 3.14 abaixo:
Figura 3.11 – Perdas e fugas
22
3.2.4. EFICIÊNCIA VOLUMÉTRICA
Eficiência volumétrica é a relação entre o volume deslocado (Vd) e o volume
aspirado (Vasp):
𝜂𝑣 =𝑉𝑎𝑠𝑝
𝑉𝑑
Como mostrado no diagrama, existe uma área dentro do cilindro que não é
varrida pelo pistão, o volume morto (V0). Esse espaço é necessário para não haver
choques entre o pistão e o cilindro.
3.2.5. COMPRESSÃO DOS GASES
O tempo de permanência do gás em um cilindro é consideravelmente maior
quando comparado com um compressor dinâmico, por isso, há troca de calor do gás
com o ambiente. Consequentemente, será necessário o uso de um sistema de
refrigeração e quanto mais eficaz for esse sistema, mais próxima estará a compressão de
uma isotérmica.
Uma compressão real ocorre entre uma compressão isotérmica e uma adiabática,
mas geralmente fica mais próxima da última.
Figura 3.12 – Compressão
23
A compressão isotérmica seria a ideal para o funcionamento de um compressor,
mas não acontece na prática porque precisaria de um resfriamento muito eficiente, que
deixasse o gás a uma temperatura constante. Nesse caso, não haveria aumento de
energia do gás o que resultaria em: redução da potência do acionador, redução na carga
sobre os pistões e aumento no rendimento volumétrico.
A compressão adiabática é a que não ocorre troca de calor do gás com o meio e
na prática não acontece. Esta compressão seria possível se não houvesse nenhuma troca
de calor através das paredes e componentes, e não houvesse nenhum sistema de
refrigeração. Isto causaria um superaquecimento do gás, que resultaria em: problemas
com a resistência mecânica dos componentes, desgaste pela degradação do lubrificante,
risco de combustão do lubrificante e aumento do consumo de energia.
A compressão real, que está entre uma adiabática e uma isotérmica, é uma
compressão politrópica. Ela vai depender do grau de refrigeração, levando em conta o
risco de superaquecimento e o risco de saturação do gás.
3.2.6. COMPRESSÃO EM ESTÁGIOS
Primeiramente, é necessário definir a razão de compressão, que é a razão entre a
pressão de descarga e a pressão de sucção.
𝑟𝑐 =𝑃2
𝑃1
Quando a razão de compressão é maior que 4 e quando o uso de apenas um
estágio resultaria em temperatura excessivamente alta na descarga, é necessário a
operação de compressão em estágios. Nesse caso, o gás passa por sucessivamente pelos
cilindros que lhe conferem aumentos parciais de pressão até atingir a pressão de
descarga requerida. A Figura 3.16 ilustra uma compressão de dois estágios.
24
Figura 3.13 – Compressão em dois estágios
Entre o estágios são instalados os intercoolers, para que o processo de
compressão seja o mais próximo possível de uma isotérmica.
Portanto, a compressão em mais de um estágio tem as seguintes vantagens:
Economia de energia do acionador;
Redução da temperatura final do gás;
Menor esforço com redução da carga sobre os pistões;
Aumento do rendimento volumétrico entre outros.
3.2.7. REVERSÃO DE ESFORÇOS
O movimento alternativo faz com que as hastes e o pino da cruzeta sofram
tração e compressão durante as revoluções do acionador, e este fenômeno é chamado de
reversão da haste.
Para uma longa vida útil do compressor, a distribuição de esforços na haste deve
ser considerada na hora do projeto. Este detalhe interfere na vibração da máquina, no
balanceamento, na lubrificação do mancal do pino da cruzeta e nas selagens da haste.
25
3.3. COMPRESSORES CENTRÍFUGOS
3.3.1. FLUXO DO GÁS
O gás chega pela linha de sucção e é distribuído em torno do diâmetro do
primeiro impelidor pelas aletas da voluta de sucção. Depois de passar na voluta o gás
chega no primeiro impelidor onde ganha energia cinética, e no difusor essa energia é
convertida em pressão. Após o difusor há uma curva de retorno e em seguida o canal de
retorno, para levar o gás para o impelidor seguinte.
26
Figura 3.14 – Fluxo do gás
Após o último estágio, o gás pressurizado e quente é descarregado na voluta de
descarga, para ser levado à tubulação de descarga.
Figura 3.15 – Fluxo de gás
27
Os compressores podem ser diferenciados pelo fluxo de gás, que podem ser:
Rotor de fluxo direto
Fluxo direto, com entradas e saídas laterais.
Fluxo composto.
Duplo fluxo.
Fluxo back-to-back ou misto.
3.3.2. CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS
3.3.2.1.CARCAÇA PARTIDA HORIZONTALMENTE
São mais usados em níveis de pressão menores e em gases com maior
peso molecular.
O acesso ao conjunto rotativo é mais fácil, o que facilita a manutenção.
É mais vulnerável a vazamentos, uma vez que a região de selagem é
maior.
Figura 3.16 – Carcaça partida horizontalmente
28
3.3.2.2.CARCAÇA PARTIDA VERTICALMENTE
Trabalha com pressões mais elevadas e pode comprimir gases de menor
peso molecular.
Atingem maiores rotações, o que resulta em máquinas menores e mais
leves.
Sua manutenção é mais complicada, já que a retirada dos internos pode
impactar as linhas.
Maior custo inicial.
Figura 3.17 – Carcaça partida verticalmente
3.3.3. LIMITES OPERACIONAIS
Alguns fatores que influenciam os limites de operação são:
Sistema de selagem do eixo.
Velocidade máxima do gás deve ser menor que a do som.
Estrutura mecânica do impelidor.
Limite de rotação crítica.
Limite de vazão crítica.
3.3.3.1.SURGE
O surge é o fator determinante da capacidade mínima de vazão, abaixo da qual a
operação do compressor se torna instável. Quando fechamos gradativamente a válvula
de descarga, aumenta a resistência do sistema. Assim, o head necessário para vencer
essa resistência também aumenta ao mesmo tempo em que a vazão decresce.
29
Isso ocorre até que o head máximo seja alcançado. A partir deste ponto, a
contrapressão de sistema é maior que a pressão que o compressor pode fornecer,
causando momentaneamente uma inversão de fluxo. Se o estrangulamento da válvula é
mantido, o fenômeno se repete sucessivamente, reduzindo a pressão de descarga.
Alguns problemas gerados pelo surge são:
Aquecimento anormal da máquina.
Aumento nos níveis de vibração.
Contato entre partes móveis e rotativas.
Entrada de líquido pela sucção.
Pulsação axial do rotor.
Figura 3.18 - Surge
3.3.3.2.STONEWALL
O stonewall ocorre quando a velocidade do gás no interior do compressor se
iguala a velocidade do som. É um fenômeno que ocorre com menor frequência e é
possível de acontecer quando o compressor opera a uma vazão elevada. Pode ser
evitado fazendo a compressão em múltiplos estágios.
30
4. PROPRIEDADES VOLUMÉTRICAS DE FLUIDOS PUROS
As quantidades de calor e trabalho necessárias para realizar processos industriais
são calculadas a partir do conhecimento de propriedades termodinâmicas como a
energia e a entalpia.
Neste capítulo, primeiramente será descrito a natureza global do comportamento
PVT (pressão/volume/temperatura) de fluidos puros. Depois serão apresentadas
correlações generalizadas que permitem a predição do comportamento PVT de fluidos
para os quais não há disponibilidade de dados experimentais.
4.1. COMPORTAMENTO DE SUBSTÂNCIAS PURAS
4.1.1. DIAGRAMA PT
Em uma substância pura, as mudanças de estado podem ser representadas por
linhas no diagrama PT (Figura 4.1), uma mudança isotérmica por uma linha vertical;
uma mudança isobárica por uma linha horizontal. Quando uma dessas linhas cruza uma
fronteira entre fases, ocorre uma brusca variação nas propriedades do fluido a P e T
constantes; por exemplo, vaporização para a transição do líquido para o vapor.
Figura 4.1 – Diagram PT
31
4.1.2. DIAGRAMA PV
O diagrama PV, da Figura 4.2(a), mostra as fases sólido, líquido e vapor de uma
substância. As fronteiras entre as fases se tornam regiões nas quais duas fases coexistem
em equilíbrio.
A região bifásica líquido/vapor encontra-se abaixo do domo BCD; a região do
líquido sub-resfriado encontra-se à esquerda a curva do líquido saturado BC, e a região
do vapor superaquecido encontra-se à direita do vapor saturado CD.
Um ponto importante é o ponto crítico, onde a isoterma crítica, identificada por
Tc, exibe uma inflexão horizontal no ponto C, onde as fases líquida e vapor se tornam
indistinguíveis.
A Figura 4.2(b) mostra as regiões do líquido, líquido/vapor e vapor em um
diagrama PV, com a adição de quatro isotermas. As linhas identificadas por T1 e T2 são
para temperaturas subcríticas, e são formadas por três segmentos.
Figura 4.2 – Diagrama PV de substância pura
32
4.1.3. REGIÃO MONOFÁSICA
Para as regiões do diagrama nas quais há uma única fase, a Figura 4.2(b) indica
uma relação envolvendo P, V e T. Expressa analiticamente como f(P, V, T) = 0, tal
relação é conhecida como uma equação de estado PVT. Ela relaciona pressão, volume
molar ou específico e temperatura para um fluido homogêneo puro em estados de
equilíbrio. Essa equação de estado para um gás ideal, é dada por PV = RT, e tem
validade aproximada na região do gás a baixas pressões.
4.2. O GÁS IDEAL
O gás ideal é definido como um gás onde não há interações moleculares e o
volume ocupado pelas moléculas é desprezível, obedecendo à equação PV=RT. Uma
propriedade muito importante é a compressibilidade, que é definida como:
𝑍 ≡𝑃𝑉
𝑅𝑇 (1)
E que para um gás ideal é considerada igual a:
Z = 1 (2)
4.2.1. PROPRIEDADES DE UM GÁS IDEAL
Para um gás ideal, a capacidade calorífica é dada por:
𝐶𝑉 ≡ (𝜕𝑈
𝜕𝑇)
𝑉=
𝑑𝑈(𝑇)
𝑑𝑇= 𝐶𝑉(𝑇) (3)
E a entalpia é definida como:
𝐻 ≡ 𝑈 + 𝑃𝑉 = 𝑈(𝑇) + 𝑅𝑇 = 𝐻(𝑇) (4)
A capacidade calorífica a pressão constante, é definida por:
𝐶𝑃 ≡ (𝜕𝐻
𝜕𝑇)
𝑃=
𝑑𝐻(𝑇)
𝑑𝑇= 𝐶𝑝(𝑇) (5)
33
A diferenciação da Eq. (4) fornece uma relação entre Cp e Cv:
𝐶𝑃 =𝑑𝐻
𝑑𝑇=
𝑑𝑈
𝑑𝑇+ 𝑅 = 𝐶𝑉 + 𝑅 (6)
Para mudanças de estado, as Eqs. (3) e (5) levam a:
𝑑𝑈 = 𝐶𝑉𝑑𝑇 (7)
𝑑𝐻 = 𝐶𝑃𝑑𝑇 (8)
4.2.2. PROCESSOS ENVOLVENDO GASES IDEIAIS
O trabalho de um processo mecanicamente reversível em um sistema fechado,
para uma unidade de massa, é dado por:
𝑑𝑊 = −𝑃𝑑𝑉 (9)
Para qualquer processo em sistema fechado, a primeira lei, é escrita da forma:
𝑑𝑄 + 𝑑𝑊 = 𝐶𝑉𝑑𝑇 (10)
E para um volume de controle, a primeira lei é definida como o fluxo de calor
trocado pelo sistema é igual à diferença entre as energias de saída e entrada do fluido
mais a potência envolvida no processo:
�̇� = 𝐸𝑠 − 𝐸𝐸 + �̇�
A equação da primeira lei para um sistema fechado é função de P, V e T, sendo
que duas dessas variáveis são independentes, portanto essas equações podem ser
manipuladas para ficar em função das duas variáveis mais convenientes.
Para gases ideias, existem quatro tipos de processos que serão citados a seguir,
junto com o trabalho que podem realizar.
4.2.2.1. Processo Isotérmico
Em um processo isotérmico T = constante, então, pelas Eqs. (7) e (8):
34
∆𝑈 = ∆𝐻 = 0
E pelas Eqs. (9) e (10):
𝑊 = −𝑅𝑇𝑙𝑛𝑉2
𝑉1= 𝑅𝑇𝑙𝑛
𝑃2
𝑃1
4.2.2.2.Processo Isobárico
Em um processo isobárico à P = constante, fazendo as mesmas substituições do
caso anterior, o trabalho é dado por:
𝑊 = −𝑅(𝑇2 − 𝑇1)
4.2.2.3.Processo Isocórico
Nesse processo, temos V = constante, sendo dV = 0 isso nos fornece um trabalho
igual à zero.
𝑊 = 0
4.2.2.4.Processo Adiabático
Em um processo adiabático e mecanicamente reversível, temos dQ = 0,
aplicando isso à primeira lei:
𝑑𝑇
𝑇= −
𝑅
𝐶𝑉
𝑑𝑉
𝑉
Definindo k ≡ CP/CV e integrando a eq. anterior e chegamos às seguintes
relações:
𝑇2
𝑇1= (
𝑉1
𝑉2)
k−1
(11a)
𝑇2
𝑇1= (
𝑃1
𝑃2)
1−kk
(11b)
𝑃2
𝑃1= (
𝑉1
𝑉2)
k
(11c)
35
Consequentemente, a integração de dW = CVdT pode ser escrita da forma:
𝑊 =𝑅𝑇2 − 𝑅𝑇1
k − 1=
𝑃2𝑉2 − 𝑃1𝑉1
k − 1 (12)
A aplicação da Eq. (11c) à (12) fornece:
𝑊 = 𝑅𝑇1
𝑘
k − 1[(
𝑃2
𝑃1)
k−1k
− 1] (13)
4.2.2.5.Processo Politrópico
Um processo politrópico sugere um modelo com alguma versatilidade, que é
intermediário entre o isotérmico e o adiabático. Ele apresenta a seguinte equação
empírica:
PV𝑛 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
As equações análogas às Eqs. (11) são dadas por:
𝑇𝑉𝑛−1 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑒 𝑇𝑃1−𝑛
𝑛 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
E o trabalho é obtido por:
𝑊 = 𝑅𝑇1
𝑛
𝑛 − 1[(
𝑃2
𝑃1)
𝑛−1n
− 1] (14)
4.3.EQUAÇÕES VIRIAIS
Isotermas para gases e vapores, posicionadas acima e à direita de CD na Figura
4.2(b), são curvas relativamente simples nas quais V diminui na medida em que P
aumenta. O produto PV pode ser representando por uma série de potências em P:
PV = a + bP + cP2 + ...
36
onde a, b, e etc. são constantes para uma dada temperatura e uma dada espécie química.
4.3.1. FORMAS DA EQUAÇÃO DO TIPO VIRIAL
Podemos reescrever a Eq. (1), 𝑍 ≡𝑃𝑉
𝑅𝑇, como uma série infinita em função de P:
𝑍 ≡ 1 + 𝐵′𝑃 + 𝐶′𝑃2 + 𝐷′𝑃3 + ⋯
Ou em função de V:
𝑍 ≡ 1 +𝐵
𝑉+
𝐶
𝑉2+
𝐷
𝑉3+ ⋯
Os coeficientes das duas últimas equações estão relacionados por:
𝐵′ ≡𝐵
𝑅𝑇; 𝐶′ ≡
𝐶−𝐵2
(𝑅𝑇)2 e 𝐷′ ≡𝐷−3𝐵𝐶+2𝐵3
(𝑅𝑇)3
Várias equações de estado foram propostas, mas essas equações foram as únicas
que tem uma base firme na mecânica estatística, que fornece significado físico para cada
coeficiente, sendo que cada termo representa as interações entre as moléculas.
Entretanto, a disponibilidade desses coeficientes é bem restrita, tornando o uso
de equações viriais muitas vezes inviável, dando lugar ao uso de equações de estado
cúbicas.
4.4.EQUAÇÕES DE ESTADO CÚBICAS
Equações polinomiais, que são cúbicas no volume molar, são adequadas a
muitas aplicações uma vez que apresentam o comportamento de líquidos e vapores em
uma larga faixa de temperatura e pressão, e são simples o suficiente para não apresentar
dificuldades numéricas ou analíticas. Abaixo será descrito como elas são utilizadas.
37
4.4.1. EQUAÇÃO DE VAN DER WAALS
Como falado anteriormente, a equação de estado de um gás ideal, PV=RT,
desconsidera dois efeitos: as forças de atração intermoleculares e o volume ocupado
pelas moléculas. A fim de obter melhores resultados a equação de van der Waals foi
proposta em 1873, e nela foi adicionado o termo a, que representa as forças
intermoleculares e o termo b, que representa o volume ocupado pelas moléculas do gás,
sendo escrita da forma:
𝑃 =𝑅𝑇
𝑉 − 𝑏−
𝑎
𝑉2 (15)
Essa equação de estado cúbica possui três raízes para o volume, das quais duas
podem ser complexas. Para uma isoterma a T > TC, a Figura 4.3 mostra que a solução
para V, em qualquer valor positivo de P, fornece somente uma raiz real positiva. Para a
isoterma crítica (T = TC), isso também é verdadeiro, exceto na pressão crítica, na qual
há três raízes, todas iguais ao VC. Para isotermas a T < TC, a equação pode exibir uma
ou três raízes reais, dependendo da pressão. Embora essas raízes sejam reais e positivas,
elas não são estados físicos estáveis para a porção de uma isoterma localizada na região
líquido-vapor (sob o “domo”).
Figura 4.3 - Isotermas
38
A partir da equação de van der Waals, foram propostas várias equações
empíricas de estado cúbicas. Ela é então transformada em uma expressão bastante geral
para servir como uma equação de estado cúbica genérica, que se reduz a todas as outras
com a especificação dos parâmetros apropriados:
𝑃 =𝑅𝑇
𝑉 − 𝑏−
𝑎(𝑇)
(𝑉 + 𝜖𝑏)(𝑉 + 𝜎𝑏) (16)
Nessa equação todos os parâmetros são determinados experimentalmente. Para
uma certa equação, 𝜖 e σ são números, os mesmos para as todas substâncias, e os
parâmetros a(T) e b são dependentes da substância.
4.4.2. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS
Os parâmetros da equação de van der Waals são determinados através do
conhecimento das constantes críticas TC e PC. A isoterma crítica apresenta uma inflexão
no ponto crítico, apresentando as seguintes condições:
(𝜕𝑃
𝜕𝑉)
𝑇; 𝑐𝑟= 0 𝑒 (
𝜕2𝑃
𝜕𝑉2)
𝑇; 𝑐𝑟
= 0
A diferenciação da Eq. (16) junto com a aplicação dos valores de TC e PC
fornecem os parâmetros. Um procedimento mais simples consiste em considerar V = Vc
para cada uma das três raízes no ponto crítico,
(𝑉 − 𝑉𝐶)3 = 0
𝑉3 − 3𝑉𝐶𝑉2 + 3𝑉𝐶2𝑉 − 𝑉𝐶
3 = 0
Expandindo na forma polinomial a Eq. (15):
𝑉3 − (𝑏 +𝑅𝑇𝐶
𝑃𝐶) 𝑉2 +
𝑎
𝑃𝐶𝑉 −
𝑎𝑏
𝑃𝐶= 0
A resolução destas equações fornece:
𝑉𝐶 =3
8
𝑅𝑇𝐶
𝑃𝐶, 𝑎 =
27
64
𝑅2𝑇𝐶2
𝑃𝐶 𝑒 𝑏 =
1
8
𝑅𝑇𝐶
𝑃𝐶
39
A substituição de VC na equação para o fator de compressibilidade crítico o
reduz imediatamente a:
𝑍𝐶 ≡𝑃𝐶𝑉𝐶
𝑅𝑇𝐶=
3
8
Isso significa que temos um único ZC para todas as substâncias, o que não
acontece na realidade. Para contornar esse problema, se introduz uma função
adimensional empírica α(Tr), que modifica os parâmetros da seguinte maneira:
𝑎(𝑇) = Ψ𝛼(𝑇𝑟)𝑅2𝑇𝐶
2
𝑃𝐶 𝑒 𝑏 = Ω
𝑅𝑇𝐶
𝑃𝐶 (17)
Onde os números Ψ e Ω são experimentais.
4.4.3. TEOREMA DOS ESTADOS CORRESPONDENTES
Experimentos mostram que fatores de compressibilidade Z para diferentes
fluidos exibem comportamento similar, quando correlacionados como funções da
temperatura reduzida Tr e da pressão reduzida Pr, que são:
𝑇𝑟 ≡𝑇
𝑇𝐶 𝑒 𝑃𝑟 ≡
𝑃
𝑃𝐶
Essas coordenadas termodinâmicas adimensionais fornecem a base para o
teorema dos estados correspondentes:
Todos os fluidos, quando comparados na mesma temperatura
reduzida e na mesma pressão reduzida, têm aproximadamente o
mesmo fator de compressibilidade, e todos se desviam do
comportamento do gás ideal aproximadamente da mesma forma.
Correlações baseadas nesse teorema em função dos dois parâmetros Tr e Pr são
próximas da realidade mas podem apresentar alguns desvios. A adição de mais um
parâmetro, o fator acêntrico ω, pode apresentar melhoras significativas nos resultados.
O fator acêntrico é definido por:
40
𝜔 ≡ −1,0 − log (𝑃𝑟𝑠𝑎𝑡)𝑇𝑟=0,7
Ressaltando que a pressão de vapor é a efetuada na Tr = 0,7
Figura 4.4 – Fator acêntrico
4.4.4. RAÍZES COM CARACTERÍSTICAS DO VAPOR
As raízes das equações cúbicas podem ser determinadas analiticamente, mas na
prática são calculadas através de métodos iterativos. Para a maior raíz, sendo vapor, a
Eq. (15) é multiplicada por (V-b)/RT, o que fornece:
𝑉 =𝑅𝑇
𝑃+ 𝑏 −
𝑎(𝑇)
𝑃
𝑉 − 𝑏
(𝑉 + 𝜖𝑏)(𝑉 + 𝜎𝑏) (18)
A solução é obtida por iteração, e um valor inicial para V é o valor do gás ideal
RT/P.
Uma equação para Z é obtida substituindo V = Z RT/P. Além disso, há
simplificação com a definição das duas grandezas adimensionais a seguir:
𝛽 ≡𝑏𝑃
𝑅𝑇 𝑒 𝑞 ≡
𝑎(𝑇)
𝑏𝑅𝑇 (19)
Assim, se obtém:
𝑍 = 1 + 𝛽 − 𝑞𝛽𝑍 − 𝛽
(𝑍 + 𝜖𝛽)(𝑍 + 𝜎𝛽) (20)
Combinando as Eqs. (19) com as Eqs. (17), obtém-se:
𝛽 = Ω𝑃𝑟
𝑇𝑟 𝑒 𝑞 =
Ψ𝛼(𝑇𝑟)
Ω𝑇𝑟
41
Agora, para a especificação dos parâmetros serão considerados quatro modelos.
Correlações de dois parâmetros são as equações de van der Waals e de Redlich/Kwong,
expressam Z como função somente de Tr e Pr. As equações de Soave/Redlich/Kwong e
a de Peng/Robinson possuem o fator acêntrico como parâmetro adicional. A Tabela 4.1
mostra a especificação dos parâmetros, e vale ressaltar que essas são equações
empíricas, portanto, os dados que não foram obtidos por fórmulas acima foram
determinados em laboratório.
Eq. Estado α(Tr) σ ϵ Ω Ψ Zc
vdW (1873) 1 0 0 1/8 27/64 3/8
RK (1949) Tr-1/2
1 0 0,08664 0,42748 1/3
SRK (1972) αsrk(Tr;ω) 1 0 0,08664 0,42748 1/3
PR (1976) αpr(Tr; ω) 1+21/2
1-21/2
0,0778 0,45724 0,3074
αsrk(Tr; ω) = [1 + (0,480 + 1,574 ω - 0,176 ω2) (1 - Tr
1/2)]
2
αpr(Tr; ω) = [1 + (0,37464 + 1,54226 ω - 0,26992 ω2) (1 - Tr
1/2)]
2
Tabela 4.1: Especificação dos Parâmetros das Equações de Estado
4.5.EFEITOS TÉRMICOS
A fim de determinar as diferenças de entalpia, é necessário considerar a entalpia
como função da temperatura e da pressão:
𝑑𝐻 = (𝜕𝐻
𝜕𝑇)
𝑃𝑑𝑇 + (
𝜕𝑈
𝜕𝑃)
𝑇𝑑𝑃
ou
𝑑𝐻 = 𝐶𝑃𝑑𝑇 + (𝜕𝐻
𝜕𝑃)
𝑇𝑑𝑃
A última parcela pode ser zerada nos casos em que o processo for isobárico, e
quando o gás for ideal. Portanto, considerando o fluido ideal e o processo
mecanicamente reversível, a integração da última equação fornece:
42
𝑄 = ∆𝐻 = ∫ 𝐶𝑃𝑑𝑇𝑇2
𝑇1
(21)
4.5.1. RELAÇÃO ENTRE CAPACIDADE CALORÍFICA E
TEMPERATURA
O uso da Eq. (21) requer a relação entre a capacidade calorífica e a temperatura.
Algumas expressões empíricas podem ser usadas, mas uma simples e com parâmetros
disponíveis na bibliografia é:
𝐶𝑃𝑔𝑖
𝑅= 𝐴 + 𝐵𝑇 + 𝐶𝑇2 + 𝐷𝑇−2 (22)
Sendo C ou D igual à zero dependendo da substância e, 𝐶𝑃𝑔𝑖
, a capacidade
calorífica do gás ideal. A Figura 4.5 ilustra o comportamento da 𝐶𝑃𝑔𝑖
de alguns gases em
função da temperatura:
Figura 4.5 – Variação de Cp com a temperatura
43
4.6. PROPRIEDADES RESIDUAIS
Após a determinação da entalpia de um gás ideal, será necessário uma correção
para a obtenção da entalpia de gás real e isso será feito a partir de propriedades
residuais.
4.6.1. ENERGIA DE GIBBS
Antes da definição das propriedades residuais é necessário fazer a definição da
energia livre de Gibbs, que é dada por:
𝐺 ≡ 𝐻 − 𝑇𝑆 (23)
sendo a energia livre de Gibbs usada como uma função de geração de outras
propriedades termodinâmicas e com a qual valores numéricos são obtidos, quando
usadas as propriedades residuais.
A diferenciação da Eq. (23) gera:
𝑑𝐺 = 𝑉𝑑𝑃 − 𝑆𝑑𝑇 (24)
Uma forma alternativa da Eq. (24) é:
𝑑 (𝐺
𝑅𝑇) =
𝑉
𝑅𝑇𝑑𝑃 −
𝐻
𝑅𝑇2𝑑𝑇 (25)
4.6.2. PROPRIEDADE RESIDUAL
A definição de uma propriedade residual genérica é:
𝑀𝑅 ≡ 𝑀 − 𝑀𝑔𝑖 (26)
Onde MR é o valor residual de qualquer propriedade termodinâmica extensiva,
V, H, U, S ou G. Para determinar MR, são necessários M que é o valor real e M
gi que é o
valor ideal, ambas nas mesmas T e P.
A Eq. (25) aplicada à propriedades residuais resulta em:
44
𝑑 (𝐺𝑅
𝑅𝑇) =
𝑉𝑅
𝑅𝑇𝑑𝑃 −
𝐻𝑅
𝑅𝑇2𝑑𝑇 (27)
Uma forma útil para obtenção da entalpia é dada por:
𝐻𝑅
𝑅𝑇= −𝑇 [
𝜕(𝐺𝑅 𝑅𝑇)⁄
𝜕𝑇]
𝑃
(28)
Outra forma útil que pode ser obtida através de P e T medidos:
𝐻𝑅
𝑅𝑇= −𝑇 ∫ (
𝜕𝑍
𝜕𝑇)
𝑃
𝑑𝑃
𝑃
𝑃
0
(29)
4.6.3. ENTALPIA A PARTIR DE PROPRIEDADES RESIDUAIS
A Eq. (26) pode ser aplicada à entalpia da seguinte forma:
𝐻 = 𝐻𝑔𝑖 + 𝐻𝑅 (30)
Uma expressão geral para 𝐻𝑔𝑖 pode ser obtida pela integração de um estado de
gás ideal, nas condições de referência T0 e P0, até o estado de gás ideal a T e P.
𝐻𝑔𝑖 = 𝐻0𝑔𝑖 + ∫ 𝐶𝑃
𝑔𝑖𝑑𝑇𝑇
𝑇0
(31)
Substituindo a Eq. (31) na (30):
𝐻 = 𝐻0𝑔𝑖 + ∫ 𝐶𝑃
𝑔𝑖𝑑𝑇𝑇
𝑇0
+ 𝐻𝑅 (32)
A Eq. (32) tem uma forma equivalente quando as integrais são substituídas por
termos equivalentes que incluem as capacidades caloríficas médias:
𝐻 = 𝐻0𝑔𝑖 + ⟨𝐶𝑃
𝑔𝑖⟩𝐻(𝑇 − 𝑇0) + 𝐻𝑅 (33)
45
Na prática, não é necessário o valor da entalpia em um ponto, o que interessa é a
variação de entalpia entre duas temperaturas. Desse modo, o valor de referência 𝐻0𝑔𝑖
é
arbitrado e quando é feita uma diferença (do tipo H2 – H1) o termo 𝐻0𝑔𝑖
é eliminado.
As propriedades residuais possuem validade para gases e líquidos. O termo HR
funciona como uma correção em relação ao valor para o gás ideal, e geralmente, esses
resíduos para gases são pequenos.
4.6.4. PROPRIEDADES RESIDUAIS A PARTIR DE EQUAÇÕES CÚBICAS
A Eq. (29):
𝐻𝑅
𝑅𝑇= −𝑇 ∫ (
𝜕𝑍
𝜕𝑇)
𝑃
𝑑𝑃
𝑃
𝑃
0
pode ser resolvida com equações de estado cúbicas e também viriais. No caso de
equações cúbicas genéricas:
𝑃 =𝑅𝑇
𝑉 − 𝑏−
𝑎(𝑇)
(𝑉 + 𝜖𝑏)(𝑉 + 𝜎𝑏)
Van Ness [1] afirma que essas equações são mais convenientes quando são escritas para
fornecer Z em função da densidade ρ como variável:
𝑍 =1
1 − 𝜌𝑏− 𝑞
𝜌𝑏
(1 + 𝜖𝜌𝑏)(1 + 𝜎𝜌𝑏) (34)
Para resolver a Eq. (29), primeiro se efetua a derivada (𝜕𝑍 𝜕𝑇⁄ ) usando a Eq.
(31), e depois é necessário avaliar a integral em dP:
∫ (𝜕𝑍
𝜕𝑇)
𝜌
𝑑𝜌
𝜌
𝜌
0
= −𝑑𝑞
𝑑𝑇∫
𝑑(𝜌𝑏)
(1 + 𝜖𝜌𝑏)(1 + 𝜎𝜌𝑏)
𝜌
0
Para facilitar, faz- se:
𝐼 ≡ ∫𝑑(𝜌𝑏)
(1 + 𝜖𝜌𝑏)(1 + 𝜎𝜌𝑏)
𝜌
0
46
que gera dois casos:
Caso I: 𝜖 ≠ 𝜎
𝐼 =𝜌𝑏
𝜎 − 𝜖𝑙𝑛 (
1 + 𝜎𝜌𝑏
1 + 𝜖𝜌𝑏)
Caso II: 𝜖 = 𝜎
𝐼 =𝜌𝑏
1 + 𝜖𝜌𝑏=
𝛽
𝑍 + 𝜖𝛽
Agora a Eq. (27) pode ser usada na forma:
𝐻𝑅
𝑅𝑇= 𝑍 − 1 + [
𝑑 ln 𝛼(𝑇𝑟)
𝑑 ln(𝑇𝑟)− 1] 𝑞𝐼
47
5. MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DA EFICIÊNCIA POLITRÓPICA
Nesse capítulo será demonstrada a sequência de cálculos utilizados para a
determinação da eficiência politrópica, e serão ressaltados os aspectos mais importantes.
5.1.PROPRIEDADES DE MISTURA DE GASES
Para o início dos cálculos é necessário fornecer as pressões de sucção e de
descarga, P1 e P2, e as temperaturas de sucção e descarga, T1 e T2. Tão importante
quanto às pressões e temperaturas, são os componentes da mistura de gás que está sendo
comprimida. Devem ser fornecidos todos os gases da mistura e suas respectivas frações
molares. A Tabela 5.1 mostra os gases que foram selecionados a partir das folhas de
dados das normas API 617 e API 618.
Ar
Água
Amônia
Cloro
Dióxido de carbono
Dióxido de enxofre
Sulfeto de Hidrogênio
Hidrogênio
Monóxido de carbono
Nitrogênio
Oxigênio
Etano
Etileno
Isobutano
Isopentano
Metano
n-Butano
n-Pentano
Propano
Propileno
Tabela 5.1 – Lista de gases
48
Depois de fornecidas as frações molares, deverão ser determinadas as seguintes
propriedades parciais de cada gás da mistura em particular, que são dados pela tabela do
ANEXO:
Massa molar (Molecular weight) – MWi
Pressão crítica – PCi
Temperatura crítica – TCi
Ai
Bi
Ci
Di
sendo os fatores A, B, C e D referentes à equação de determinação do calor específico
ideal.
Com as propriedades parciais calculadas, determinam-se as propriedades da
mistura fazendo a soma de cada propriedade parcial multiplicada pela sua respectiva
fração molar.
𝑀𝑊 = ∑ 𝑥𝑖𝑀𝑊𝑖
P𝐶 = ∑ 𝑥𝑖𝑃𝐶𝑖
𝑇𝐶 = ∑ 𝑥𝑖𝑇𝐶𝑖
𝐴 = ∑ 𝑥𝑖𝐴𝑖
𝐵 = ∑ 𝑥𝑖𝐵𝑖
𝐶 = ∑ 𝑥𝑖𝐶𝑖
𝐷 = ∑ 𝑥𝑖𝐷𝑖
5.2.DETERMINAÇÃO DAS COMPRESSIBILIDADES
A determinação das compressibilidades Z1 e Z2 é de extrema importância para
esse estudo, sem elas as análises de performance de compressores ficam inviáveis.
Inicialmente se calculam as pressões e temperaturas críticas:
49
𝑇𝑟 ≡𝑇
𝑇𝐶 𝑒 𝑃𝑟 ≡
𝑃
𝑃𝐶
Entre as Equações de Estado citadas, a mais usada por Van Ness [1] é a de
Redlich/Kwong (RK), portanto, essa será usada. Tendo os dados calculados acima, a
especificação dos parâmetros de RK pode ser feita, começando pelo αPR(Tr):
α𝑅𝐾(T𝑟) = 𝑇𝑟1/2
E depois o β e o q:
𝛽 = Ω𝑃𝑟
𝑇𝑟 𝑒 𝑞 =
Ψ𝛼(𝑇𝑟)
Ω𝑇𝑟=
Ψ𝑇𝑟−1,5
Ω
E os parâmetros experimentais determinados por Redlich/Kwong são tirados da
Tabela 4.1:
Eq. Estado σ ϵ Ω Ψ
RK 1 0 0,08664 0,42748
Com todos os parâmetros especificados, as compressibilidades podem ser
calculadas através da iteração:
𝑍𝑖+1 = 1 + 𝛽 − 𝑞𝛽𝑍𝑖 − 𝛽
(𝑍𝑖 + 𝜖𝛽)(𝑍𝑖 + 𝜎𝛽)
Van Ness [1] afirma que para essa iteração basta atribuir Z0=1 no lado direito e
repetir o processo até a convergência. Os diagramas de compressibilidade normalmente
usados tem precisão de 0,1; logo, uma diferença de 𝑍𝑖+1 − 𝑍𝑖 < 0,001 fornece valores
satisfatórios para os cálculos seguintes, e essa convergência pode ser alcançada logo nas
primeiras iterações. Para a validação desse trabalho, foi utilizado o software Microsoft
Excel e nele foi usado o comando Solver para determinar o valor de Z, apresentando
valores bem consistentes.
50
5.3.HEAD POLITRÓPICO
O processo de compressão é considerado como sendo um processo politrópico, e
pode ser descrito pela equação:
𝑃1𝑣1𝑛 = 𝑃2𝑣2
𝑛
E uma vez que as compressibilidades já foram determinadas, os volumes podem
ser facilmente obtidos por:
𝑣 =𝑍𝑅𝑇
𝑀𝑊 𝑃
Para facilitar os cálculos, considera-se:
�̅� =𝑅
𝑀𝑊
Agora, o coeficiente politrópico pode ser calculado a partir das duas equações
anteriores:
𝑛 =log
𝑃2𝑃1
log𝑣1
𝑣2
Com esse valor determinado, finalmente o head politrópico pode ser calculado
usando a Eq. (19):
𝐻𝑃 = �̅�𝑇1
𝑛
𝑛 − 1[(
𝑃2
𝑃1)
𝑛−1n
− 1]
5.4.ENTALPIA DE GÁS IDEAL
Possuindo as temperaturas de entrada e de descarga, o 𝐶𝑃𝑔𝑖
é determinado através
da Eq. (22):
𝐶𝑃𝑔𝑖
𝑅= 𝐴 + 𝐵𝑇 + 𝐶𝑇2 + 𝐷𝑇−2
51
Outras equações poderiam ser usadas, mas essa equação foi escolhida por causa
da disponibilidade dos parâmetros experimentais A, B, C e D na bibliografia usada.
A fim de calcular a variação da entalpia de um gás ideal, é necessário avaliar a
integral do calor sensível entre as temperaturas T1 e T2, para isso é definido:
𝜏 ≡𝑇2
𝑇1
E a variação de entalpia é dada pela integração da capacidade calorífica:
∆𝐻 = 𝑅 ∫𝐶𝑃
𝑔𝑖
𝑅𝑑𝑇
𝑇2
𝑇1
Usando as equações acima, chega-se a entalpia de gás ideal através da equação:
𝐻𝑔𝑖 = 𝑅 [𝐴𝑇1(𝜏 − 1) +𝐵
2𝑇1
2(𝜏2 − 1) +𝐶
3𝑇1
3(𝜏3 − 1) +𝐷
𝑇1(
𝜏 − 1
𝜏)]
5.5.HEAD REAL
No capítulo anterior, foi mostrado que a entalpia de um gás real pode ser
determinada somando a entalpia do gás ideal com a entalpia do gás residual. Com os
parâmetros já calculados, a entalpia residual pode ser calculada através de:
𝐻𝑅
�̅�𝑇= 𝑍 − 1 + [
𝑑 ln 𝛼(𝑇𝑟)
𝑑 ln(𝑇𝑟)− 1] 𝑞𝐼
No caso de equações cúbicas com parâmetros RK, o I é igual a:
𝐼 =𝛽
𝑍 + 𝜖𝛽
Resolvendo a derivada, se obtém:
𝑑 ln 𝛼(𝑇𝑟)
𝑑 ln(𝑇𝑟)= −
1
2
E já tendo calculado o valor de I, os valores de 𝐻1𝑅 e 𝐻2
𝑅 são obtidos através de:
52
𝐻𝑖𝑅 = �̅�𝑇[𝑍 − 1 + (− 1 2⁄ − 1)𝑞𝐼]
E posteriormente, a entalpia real pode ser calculada pela Eq. (32):
𝐻 = 𝐻0𝑔𝑖 + ∫ 𝐶𝑃
𝑔𝑖𝑑𝑇𝑇
𝑇0
+ 𝐻𝑅
Com as entalpias reais da sucção e da descarga calculadas, H2 e H1, o head real
do processo pode ser calculado fazendo a diferença entre as duas, o que gera:
𝐻 = 𝐻2 − 𝐻1 = 𝐻𝑔𝑖 + 𝐻2𝑅 − 𝐻1
𝑅
Vale ressaltar que como é necessária apenas a diferença, o termo da entalpia de
referência, 𝐻0𝑔𝑖
, é eliminado durante os cálculos.
5.6.EFICIÊNCIA POLITRÓPICA
Finalmente, com o head politrópico e o head real da compressão, a eficiência
politrópica pode ser determinada através de:
𝜂𝑃 =𝐻𝑃
𝐻
5.7.FLUXOGRAMA
Segue abaixo um fluxograma com todas as etapas do cálculo:
53
Input: T1, T2, P1, P2
e mistura de gases, xi
Retirar da tabela: MWi,
Pci, Tci, Ai, Bi, Ci, Di
Calcular propriedades de mistura:
Pci, Tci, ωi, Ai, Bi, Ci, Di, �̅�
Calcular: Pr1, Pr2, Tr1, Tr2 e τ=T2/T1
Determinação de Z1 e Z2
Determinar: α(Tr), σ, Є, Ω, Ψ, β e q
Z0=1, iterar
𝑍𝑖+1 = 1 + 𝛽 − 𝑞𝛽𝑍𝑖 − 𝛽
(𝑍𝑖 + 𝜖𝛽)(𝑍𝑖 + 𝜎𝛽)
Para Zi+1-Zi<0,001
Z=Zi+1
Calculo de v1 e v2: 𝑣𝑖 =𝑍𝑖𝑅𝑇𝑖
𝑀𝑊 𝑃𝑖
Calcular:
𝑛 =log
𝑃2𝑃1
log𝑣1𝑣2
Head politrópico:
𝐻𝑃 = �̅�𝑇1
𝑛
𝑛 − 1
𝑃2
𝑃1
𝑛−1n
− 1
Calcular:
𝐻𝑔𝑖 = 𝑅 𝐴𝑇1 𝜏 − 1 +𝐵
2𝑇1
2 𝜏2 − 1 +𝐶
3𝑇1
3 𝜏3 − 1 +𝐷
𝑇1
𝜏 − 1
𝜏
Heads residuais,
𝐻𝑖𝑅 = �̅�𝑇 𝑍 − 1 + − 1 2⁄ − 1 𝑞
𝛽
𝑍 + 𝜖𝛽
Head Real:
𝐻 = 𝐻𝑔𝑖 + 𝐻2𝑅 − 𝐻1
𝑅
Eficiência politrópica:
𝜂𝑃 =𝐻𝑃
𝐻
54
6. VALIDAÇÃO E CONCLUSÃO
Para assegurar que esse método produz resultados consistentes, serão analisadas
as performances, tirando os dados de operação de folhas de dados de compressores.
6.1.VALIDAÇÃO
Inicialmente, será feita análise de um compressor centrífugo que opera com uma
mistura de nitrogênio a 24,93%, e hidrogênio a 74,75%. A tabela 6.1 apresenta as suas
condições de operação que foram tiradas da folha de dados:
P1 32,60 kg/cm2
T1 1,8 °C
Z1 1,012
P2 72,39 kg/cm2
T2 87,9 °C
Z2 1,031
Head Politrópico 248,5 Kj/kg
Eficiência Politrópica 84,7%
Tabela 6.1 – Condições de operação
Após os cálculos na planilha, foram gerados os seguintes valores:
Z1= Z2= Coeficiente Politrópico, n:
Head Politrópico, Hp (kJ/kg)
Head Real, H (kJ/kg)
Eficiência Politrópica, ηp
1,018 1,039 1,579 249,5 298,65 83,5%
Tabela 6.2 – Resultados dos cálculos
E para a análise, a Tabela 6.3 mostra os dados calculados e os dados fornecidos
pela folha de dados do fabricante, mostrando o percentual de diferença.
Calculado Fornecido Diferença
Z1= 1,018 1,012 0,59%
Z2= 1,039 1,031 0,78%
ηp= 83,5% 84,7% -1,42%
Tabela 6.3 – Comparação entre valores calculados e fornecidos
55
Agora, no segundo caso, será feita a análise de um compressor com as mesma
mistura de gases do anterior. A Figura 6.3 apresenta as condições de operação desse
compressor:
P1 72,09 kg/cm2
T1 40 °C
Z1 1,032
P2 150,4 kg/cm2
T2 133,2 °C
Z2 1,068
Head Politrópico 266,3 Kj/kg
Eficiência Politrópica 80%
Tabela 6.4 – Condições de operação
Após os cálculos na planilha, foram gerados os seguintes valores:
Z1= Z2= Coeficiente Politrópico, n:
Head Politrópico, Hp (kJ/kg)
Head Real, H (kJ/kg)
Eficiência Politrópica, ηp
1,041 1,078 1,671 262,33 331,7 79%
Tabela 6.5 – Resultados dos cálculos
E para a análise, a Tabela 6.6 mostra os dados calculados e os dados fornecidos
pela folha de dados do fabricante, mostrando o percentual de diferença.
Calculado Fornecido Diferença
Z1= 1,041 1,032 0,87%
Z2= 1,078 1,068 0,94%
ηp= 79,1% 80% -1,13%
Tabela 6.6 – Comparação entre valores calculados e fornecidos.
56
6.2.CONCLUSÃO
Analisando as tabelas comparativas acima, nota-se que as diferenças foram em
torno de 1% entre os valores calculados e os fornecidos.
Com esses valores, pode ser concluído que o método desenvolvido para os
cálculos da performance apresenta valores que são consistentes com os reais,
apresentando percentuais de erro que são perfeitamente aceitáveis em fases de projeto,
oferecendo uma maneira rápida e razoavelmente segura de determinar a eficiência
politrópica de compressores.
57
7. REFERÊNCIAS
[1] Smith, J. M., Van Ness, H. C. e Abbott, M. M., Introdução à Termodinâmica da
Engenharia Química, 7a Ed., LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora, Rio de
Janeiro, 2007.
[2] HANLON, PAUL C.; “Compressor Handbook”; 1nd ed.; Washington; D.C.; 1754
p.; 2001.
[3] Van Wylen, G. J. e Sonntag, R. E., Fundamentos da Termodinâmica Clássica, Ed.
Edgard Blucher Ltda
[4] Nóbrega, Paulo R. L., Compressores: manutenção de compressores alternativos e
centrífugos / Paulo R. L. Nóbrega. – Rio de Janeiro : Synergia : IBP, 2011.
[5] API 617 - Axial and Centrifugal Compressors and Expander compressors for
Petroleum, Chemical and Gas Industry Services, SEVENTH EDITION, JULY 2002.
[6] API 618 - Reciprocating Compressors for Petroleum, Chemical, and Gas Industry
Services, FIFTH EDITION, DECEMBER 2007.
58
8. ANEXO
Tabela de propriedades dos gases.
Numero Composto
Massa Tempera. Pressão Volume Fator Fator Cp
Molar Crítica Crítica Crítico Compres. Acêntrico
(MM) TC (k) Pc (bar) Vc Crítico ω A B C D
(mL/mol) Zc
1 Ar 28,966 132,4 37,45 89,2 0,289 0,038 3,355 0,575 0,000 -0,016 2 Água 18,015 647,3 220,55 56,0 0,229 0,344 3,470 1,450 0,000 0,121 3 Amônia 17,031 405,6 112,80 72,5 0,242 0,250 3,578 3,020 0,000 -0,186 4 Cloro 70,906 417,0 77,10 124,0 0,275 0,073 4,442 0,089 0,000 -0,344 5 Dióxido de carbono 44,010 304,2 73,83 94,0 0,274 0,225 5,457 1,045 0,000 -1,157 6 Dióxido de enxofre 64,063 430,8 78,84 122,0 0,268 0,251 5,699 0,801 0,000 -1,015 7 Sulfeto de Hidrogênio 34,080 373,2 89,63 98,5 0,284 0,100 3,931 1,490 0,000 -0,232 8 Hidrogênio 2,016 33,2 13,13 65,0 0,305 -0,216 3,249 0,422 0,000 0,083 9 Monóxido de carbono 28,018 32,9 34,99 93,1 0,295 0,049 3,376 0,557 0,000 -0,031
10 Nitrogênio 28,013 126,2 34,00 89,5 0,290 0,040 3,280 0,593 0,000 0,040 11 Oxigênio 31,999 154,6 50,43 73,4 0,288 0,021 3,639 0,506 0,000 -0,227 12 Etano 30,070 305,4 48,72 148,0 0,285 0,098 1,131 19,225 -5,561 0,000 13 Etileno 28,054 282,4 50,40 129,0 0,276 0,085 1,424 14,394 -4,392 0,000 14 Isobutano 58,124 408,1 36,48 263,0 0,283 0,176 1,677 37,853 -11,945 0,000 15 Isopentano 72,151 460,4 33,40 306,0 0,271 0,227 -11,290 0,005 0,000 0,000 16 Metano 16,043 190,6 45,99 99,0 0,288 0,008 1,702 9,081 -2,164 0,000 17 n-Butano 58,123 425,1 37,96 274,0 0,259 0,200 1,935 36,915 -11,402 0,000 18 n-Pentano 72,151 469,6 33,70 304,0 0,262 0,251 2,464 45,351 -14,111 0,000 19 Propano 44,097 369,8 42,48 203,0 0,281 0,152 1,213 28,785 -8,824 0,000 20 Propileno 42,081 365,0 46,65 181,0 0,275 0,148 1,637 22,706 -6,915 0,000