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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
INSTITUTO DE QUÍMICA – UFRN
CURSO DE QUÍMICA DO PETRÓLEO
ANÁLISE DO TEOR TOTAL DE HIDROCARBONETOS E HPAS NO SOLO DAS MARGENS DO RIO KALAMAZOO POR CG-MS
PABLO MATHEUS RODRIGUES DE SOUZA MEIRA
Natal/RN
2016
Pablo Matheus Rodrigues de Souza Meira
Análise do teor total de hidrocarbonetos e HPAs no solo das margens do Rio Kalamazoo por CG-MS
Trabalho de Conclusão de Curso o apresentado como parte integrante dos requisitos necessários para a obtenção do grau de bacharel em Química do Petróleo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Orientador: Valter José Fernandes Junior
Co-Orientadora: Camila Gisele Damasceno Peixoto
Natal/RN
2016
Pablo Matheus Rodrigues de Souza Meira
Análise do teor total de hidrocarbonetos e HPAs no solo das margens do Rio Kalamazoo por CG-EM
Trabalho de Conclusão de Curso de graduação apresentado ao Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito necessário para a obtenção do título de Bacharel em Química do Petróleo.
Aprovado em ____de _________ de 2016.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________ Prof. Dr. Valter José Fernandes Junior
Orientadora - UFRN
_______________________________________________ Msc Camila Gisele Damasceno Peixoto
Co- Orientadora - UFRN
_______________________________________________ Prof. Dra Amanda Duarte Gondim
Docente - UFRN
AGRADECIMENTOS
A UFRN e seu corpo docente por me proporcionar a oportunidade de crescer
como estudante e profissional.
A Western Michigan University, na pessoa do Prof. Dr. Mike Barcelona, por
me acolher, orientar e transmitir tamanha experiência na realização desse trabalho.
A Saint Louis University por me mostrar o caminho da ética e confiança do
mérito no âmbito acadêmico, e aos meus amigos, Savannah Cortez, Garvaundo
Hamilton, Henrique Medeiros e Pablo Carvalho pelo o apoio e incentivo dado
durante meu intercâmbio nos EUA.
Ao meu orientador, Prof Dr. Valter José Fernandes Junior, por todos os
ensinamentos e orientações.
A minha co-orientadora, Msc Camila Gisele Damasceno Peixoto, por ser um
exemplo de mulher trabalhadora, pesquisadora e inteligente.
Aos meus amigos: Valdeir Lira, Yasmim Araújo, Lorena Kelly, Laiza Oliveira,
Laíza Claúdia, Alélia Morais, Lígia Sabino por terem sempre acreditado no meu
potencial e me incentivado a seguir em frente.
A minha mãe, por ser o maior exemplo da minha vida, por me ensinar o que
nenhuma faculdade poderia, que o amor é o agente transformador do mundo e com
ele podemos fazer a diferença. Ao meu pai, por ter me dado todo o suporte de amor
e pelo orgulho que sente de mim.
A minha avó, Lourdimar, pelo amor e dedicação incondicional.
Por último, a todos que participaram, diretamente ou indiretamente, de minha
caminhada durante a graduação, meu muito obrigado!
RESUMO
Desastres ambientais envolvendo petróleo e seus efeitos em longo prazo
pouco têm sido estudados, especialmente quando ocorrem onshore. Um dos
maiores derramamentos registrados ocorreu em 2010 em Michigan, Estados Unidos.
Cerca de 4 milhões de litros liberados pela Enbridge Partners de betume diluído
(dilbit) atingiram o Rio Kalamazoo. Esforços foram feitos para limpeza e recuperação
da área atingida, bem como estudos da composição e concentração de
hidrocarbonetos no solo contaminado. O objetivo deste trabalho foi quantificar e
qualificar o teor de hidrocarbonetos presentes no solo das margens do Rio
Kalamazoo cinco anos após o acidente. Foram realizadas a análise de
hidrocarbonetos totais de petróleo (TPH) e de cromatografia gasosa com detector de
massas (CG-EM) em 12 amostras de solo coletadas em locais estratégicos, para
averiguar as mudanças na composição química do solo nesse período. Os
resultados mostram que o tipo de solo presente influencia na faixa degradação e
retenção dos hidrocarbonetos. Houve uma redução média de 12,1% na
concentração de hidrocarbonetos totais em relação as amostras coletadas em 2011.
Porém, o estudo também mostra concentrações significativas de contaminantes
proeminentes do petróleo no solo, como por exemplo criseno e pireno. Tais
contaminantes são cancerígenos e indicam degradação do óleo após o
derramamento. Notou-se também uma relação entre os compostos encontrados nas
amostras que foram afetadas pelo óleo, os quais não corroboram com os
componentes detectados na amostra 1, evidenciando que a contaminação se
originou de uma única fonte, nesse caso, óleo vazado pela empresa Enbridge
Partners.
Palavras chaves: Petróleo. Derrame. Solo. Kalamazoo.
ABSTRACT
Oil spills and their impacts in a long term period have been poorly
investigated, especially when it comes to onshore oil spills. One of the biggest
onshore oil spills took place in Michigan, Kalamazoo on July 26, 2010. Nearly 4
million liters of Diluted Bitumen (Dilbit) were spilled reaching the Kalamazoo River.
Extensive efforts were made in order to clean and recover the affected area, as well
as concentration and composition surveys of the oiled soil. The main purpose of this
article is quantify and qualify the hydrocarbon content in the Kalamazoo River
riparian sediments five years after the oil spill. Analytical techniques, such as, Total
Petroleum Hydrocarbon (TPH) and GC-MS were used to evaluate the chemical
composition changes in 12 soil samples. The results show that the hydrocarbons
content went by different kind of degradation mecanism depending on the type of the
soil. There was reduction of 12,1% through 5 years. However, it also shows
significant concentrations of pretroleum basis componentes, for example, chrysene
and pyrnere. These hydrocarbons are Strong indication of oil degradation and
cancerous content A correaltion between hydrocarbons were found in the oiled
samples, which did not agree with sample 1 (not oiled). It indicates that the
contamination comes from one source, the Dilbit spilled by Enbridge Partners.
Keywords: Oil. Spill. Soil. Kalamazoo.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Esquema de impactos causados por vazamento de óleo. ....................... 15
Figura 2 – Processo químico de dispersão. .............................................................. 17
Figura 3 – Sistema de transporte de óleo da empresa Enbridge Partners. .............. 20
Figura 4 – Ruptura na tubulação do segmento Line 6B. ........................................... 21
Figura 5 – Esquema de alterações do hidrocarboneto no solo. ................................ 23
Figura 6 – Estrutura molecular dos 16 HPAs considerados como prioritários pela USEPA. ............................................................................................................... 25
Figura 7 – Pistão mecânico de coleta de amostras. ................................................. 27
Figura 8 – Mapeamento dos pontos de coleta. ......................................................... 28
Figura 9 – Sistema de análise de hidrocarboneto PetroFLAG. ................................. 30
Figura 10 – Fluxograma da preparação de amostras. .............................................. 31
Figura 11- Comparação entre a concentração de hidrocarbonetos de 2015 e 2011. 35
Figura 12 – Cromatogramas da análise do branco e da amostra 4A. ....................... 38
Figura 13 – Curva de Calibração para o Acenafteno. ............................................... 40
Figura 14 - Cromatograma da amostra 3A. ............................................................... 41
Figura 15 – Gráfico da concentração de HPAs presente nas amostras. .................. 41
Figura 16 – Gráfico da concentração média dos 12 de HPAs. ................................. 42
Figura 17 – Gráfico da concentração média de HPAs pela distância do local de vazamento. ......................................................................................................... 43
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Grupos do óleo e exemplos. ................................................................... 16
Tabela 2 – Comparação das propriedades físicas dos diversos tipos de óleos. ...... 22
Tabela 3 - Detalhamento de amostras coletadas ao longo das margens do Rio Kalamazoo. ......................................................................................................... 29
Tabela 4 – Nome, fórmula molecular, massa molar dos 12 HPAs padrões de calibração. .......................................................................................................... 32
Tabela 5 – Características usadas no cromatógrafo. ................................................ 33
Tabela 6 – Teor Total de Hidrocarbonetos referentes às coletas de 2015 e 2011. .. 34
Tabela 7 – Procedimento de tratamento das amostras. ........................................... 37
LISTA DE ABREVIAÇÕES, SIGLAS E SÍMBOLOS
CG-EM Cromatógrafo Gasoso – Espectrômetro de Massa DWH Deepwater Horizon Dilbit Betume Diluído HPA Hidrocarboneto Policíclico Aromático TPH Total Petroleum Hydrocarbon
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 112 OBJETIVO ........................................................................................................... 132.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 13
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 13
3 ASPECTOS TEÓRICOS E REVISÃO DA LITERATURA ................................... 143.1 DERRAMAMENTOS DE ÓLEO E SUAS CONSEQUÊNCIAS .......................... 14
3.1.1 O acidente .................................................................................................... 153.1.1.1 Classificação das Frações do Óleo ............................................................ 16
3.1.1.2 Métodos de limpeza .................................................................................... 16
3.1.2 Impacto no ecossistema ............................................................................. 183.1.3 Impacto na sociedade ................................................................................. 183.2 KALAMAZOO, MICHIGAN, 25 JULHO DE 2010 ............................................... 19
3.2.1 Betume Diluído (Dilbit) ................................................................................ 223.3 INDICADORES DA PRESENÇA DE HIDROCARBONETOS DO PETRÓLEO . 24
3.3.1 Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) ................................... 244 METODOLOGIA EXPERIMENTAL ..................................................................... 264.1 EQUIPAMENTOS E REAGENTES ................................................................... 26
4.2 AMOSTRAGEM ................................................................................................ 26
4.3 ANLÁLISE DE HIDROCARBONETOS TOTAIS DO PETRÓLEO (TPH) ........... 29
4.4 EXTRAÇÃO DE HPAS POR DICLOROMETANO. ............................................ 30
4.5 ANÁLISE DE HPAS POR CG-EM ..................................................................... 31
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 345.1 TEOR TOTAL DE HIDROCABONETOS DO PETRÓLEO (PETROFLAG) ....... 34
5.2 EXTRAÇÃO DE HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS POLICÍCLICOS (HPAS)
POR DICLOROMETANO. ......................................................................................... 37
5.3 ANÁLISE DE HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS POLICÍCLICOS (HPAS)
POR CG-EM. ............................................................................................................. 38
6 CONCLUSÕES .................................................................................................... 457 REFERÊNCIAS ...................................................................................................46
Trabalho de Conclusão de Curso Instituto de Química /UFRN
Pablo Matheus Rodrigues de Souza Meira
11
1 INTRODUÇÃO
Transportar óleo da fonte de produção até os locais de distribuição acarreta
vários riscos, mais precisamente, riscos de vazamento de petróleo que podem
desencadear danos ao ecossistema e a sociedade. Para isso, é necessário fazer um
levantamento de informações uma vez que esses dados são úteis para prevenção e
remediação de acidentes semelhantes. Embora muitos estudos tenham avançando
no intuito de prevenir desastres ambientais oriundos do vazamento do petróleo,
ainda são escassos trabalhos na área de monitoramento das consequências do óleo
no ecossistema, principalmente para regiões que não sofreram grandes
derramamentos. Por exemplo, estudos apontam que para vazamentos maiores que
160.000 litros de óleo em plataformas e oleodutos offshore (no mar) nos Estados
Unidos, entre 1964-1999, a porcentagem de ocorrência é de 0,1% comparando com
todos os acidentes que ocorreram, porém, derramamentos dessa natureza resultam
em 77% de todo volume de óleo derramado. Além disso, vazamentos offshore
menores que 160 litros representam 92% dos ocorridos (CHERYL, 2000). Isso
evidencia quão importante é estudar os acidentes ambientais envolvendo petróleo
tanto de grandes proporções como de menor escala, de modo que estes têm menos
visibilidade comparados com grandes derramamentos, mas ainda assim
representam grande parcela em volume de óleo derramado. Acidentes envolvendo derramamento de óleo têm gerado grande
preocupação das autoridades, pois suas consequências ambientais, sociais e
econômicas podem ser devastadoras. Um dos maiores derramamentos de óleo on
shore (em terra) nos Estados Unidos ocorreu em Michigan, em 25 de julho de 2010,
quando um oleoduto da empresa Enbridge Energy Partners rompeu, derramando
aproximadamente 4 milhões de litros de óleo pesado que atingiram o rio Kalamazoo
(NTSB, 2012). Um dos fatores determinantes para entender acidentes evolvendo
petróleo, é o tipo de óleo. O tipo de óleo característico desse acidente é o Betume
diluído (Dilbit), óleo pesado, originalmente extraído no Canadá e misturado com
diluentes que reduzem a viscosidade e facilitam seu transporte pelos oleodutos
(TAYLOR, 2013). Esse tipo de óleo tem um comportamento ímpar quando
derramado, em comparação com outros. Estudos mostram que o gradiente de
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evaporação do diluente é alto no que se refere às primeiras horas de exposição ao
ar livre: o diluente evapora, aumentando a viscosidade do óleo que por vezes
precipita em aglomerados semelhantes a bolas de vôlei, depositados no fundo do
rio, as quais tendem a se espalhar e penetrar no solo, contaminando-o (BROOKS,
2014). Mais de 3 milhões de dólares foram investidos na recuperação e limpeza ao
longo de 60 quilômetros do rio Kalamazoo, eliminando grande parte da mancha
negra e o mal cheiro que fizeram mais de 150 famílias serem deslocadas (NTSB,
2012). Levando em consideração que a degradação térmica e química de HPAs no
solo é lenta e cara (BROWN, 2011), podemos concluir que é de fundamental
importância monitorar os compostos orgânicos depositados às margens do rio, para
averiguar se houve mudanças na composição do solo, por exemplo; biodegradação
do óleo, e constatar o nível de hidrocarbonetos proveniente do petróleo ainda
presentes.
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2 OBJETIVO
2.1 OBJETIVO GERAL
Este trabalho visa analisar o teor de hidrocarbonetos na composição química no solo das margens do Rio Kalamazoo, em postos estratégicos ao longo de 57 km.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Comparar os resultados obtidos com os dados coletados 5 anos antes,
logo após o vazamento.
• Projetar como se deu o aterramento e degradação dos compostos ao
longo do corpo da amostra (30 cm).
• Correlacionar compostos semelhantes entre as amostras afetadas pelo
óleo e as não afetadas.
• Identificar componentes composicionais característicos do óleo em
questão.
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3 ASPECTOS TEÓRICOS E REVISÃO DA LITERATURA
Nesta seção serão apresentados conceitos que irão nortear o estudo e o
monitoramento de desastres ambientais relacionados ao petróleo. Serão abordados
assuntos que darão uma noção acerca dos impactos causados por derramamento de óleo, tipo de óleo e técnicas de remediação.
3.1 DERRAMAMENTOS DE ÓLEO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Segundo Kemsley (2015, p.10) “não importa quanto de óleo foi derramado,
você não vai conseguir limpar tudo”. Kemsley notou que a média de recuperação de
óleo em derramamentos marítimos é de 20%. Isso revela que mesmo com toda
tecnologia e conhecimento atuais ainda não é possível retirar todo o óleo derramado
no meio ambiente. Uma das melhores maneiras de se entender quão agressivo um
derramamento de óleo pode ser e como prevenir futuros derramamentos é olhar
para o passado e aprender com os erros. Entretanto, esta pode ser uma tarefa difícil
uma vez que cada acidente envolvendo petróleo sofre influência de fatores
ecológicos, geológicos, sociais e temporais diferentes.
A Figura 1 exemplifica um esquema dos impactos que derrames de óleo
podem trazer a curto e longo prazo e os efeitos que trazem para ao meio ambiente e
a sociedade.
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Figura 1 – Esquema de impactos causados por vazamento de óleo.
Fonte: CHANG et al, 2014.
De acordo com a Figura 1, existem níveis de importância referente aos danos
causados pelo vazamento do óleo, são eles: o acidente, impacto no ecossistema e
impacto na sociedade.
3.1.1 O acidente Embora cada acidente seja único, existem formas de identificar quão severo
um desastre ambiental pode ser, dentre elas: o vazamento de óleo propriamente
dito, as medidas tomadas após o desastre, as condições ambientais em que ele
ocorreu, o ecossistema, sociedade e economia (CHANG et al, 2014). Quando um
acidente envolvendo óleo ocorre um dos principais fatores a ser analisado é o tipo
de óleo derramado, a quantidade de óleo liberada e a localidade onde aconteceu o
desastre, para assim, ser traçado um plano de limpeza.
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3.1.1.1 Classificação das Frações do Óleo
Óleos derivados do petróleo podem variar de produtos que ocorrem
naturalmente como, condensados, óleo cru e betume até produtos de processo de
refino, por exemplo, combustível de aviação, gasolina e óleos lubrificantes.
Seja petróleo natural ou processado, todas essas frações têm propriedades
químicas e físicas diferentes. Para isso, estudiosos desenvolveram uma
classificação para dividir em 5 grupos diferentes tipos de óleo, como apresentado na
Tabela 1.
Tabela 1 – Grupos do óleo e exemplos.
Grupo Densidade API Exemplo Grupo 1 Menor que 0.8 >45.2 Gasolina,
Querosene Grupo 2 0.8-0.85 45.2-34.8 Gás de petróleo,
óleo leve Grupo 3 0.85-0.95 34.8-17.3 Óleo médio a
pesado; Dilbit Grupo 4 Maior que 0.95 e
menor que 1 <17.3 a ≥10 Óleo pesado.
Grupo 5 Maior que 1 >10 Oriemulsão Fonte: Adaptado. TAYLOR, 2013.
Grupo 1 tende a se dissipar completamente por evaporação após algumas
horas. Grupos 2 e 3 perdem 40% de volume por evaporação, mas, por causa de sua
tendência de formar emulsões viscosas, terão um aumento no volume inicial bem
como o limite natural de dispersão, particularmente em casos do Grupo 3. Grupo 4
são óleos muito resistentes a volatilização devido a sua alta viscosidade. Grupo 5 vem classificar os óleos que tem densidade maior que a água (TAYLOR, 2013).
3.1.1.2 Métodos de limpeza
Medidas rápidas de contensão e tratamento do óleo requerem tecnologias
eficientes e efetivas. Das técnicas mais comuns que são utilizadas para limpar o
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óleo derramado em ambientes aquáticos são: dispersantes químicos aplicados para
quebrar o óleo em moléculas menores; combustão do óleo; a mancha preta pode ser
mecanicamente removida; o óleo pode ser removido da costa marítima por jatos
fortes de água quente; e também pode ser retirado por escumadeiras e absorção.
Um dos métodos mais utilizados é o uso de dispersantes. Dispersantes são
uma mistura de tensoativos, compostos orgânicos anfifílicos, em solução. Em outras
palavras, os tensoativos tem ambas as partes, hidrofóbica (atraída pelo óleo) e
hidrofílica (atraída pela água). Quando aplicado no óleo, o agente tensoativo
reorganiza a superfície óleo/água onde a parte apolar interage com o óleo e a parte
polar interage com a água, diminuindo a tensão superficial entre óleo/água
rompendo o óleo em gotículas. A fim de alcançar uma boa dispersão, o tamanho das
gotas de óleo devem estar entre 1 µm à 70 µm, caracterizando uma boa dispersão
valores menores que 45 µm (ITOPF, 2014). Como resultado, microrganismos
podem degradar partículas menores de óleo por um processo chamado
Biorremediação. O processo de Biorremediação está demostrado na Figura 2.
Figura 2 – Processo químico de biorremediação.
Fonte: ITOPF, 2014.
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3.1.2 Impacto no ecossistema
O segundo nível de importância está relacionado com os danos sofridos pelo
meio ambiente e como repará-los. Cada ecossistema é complexo e contém uma
grande variedade de espécies que interagem diferentemente com o óleo derramado.
Embora cada ecossistema seja único, estudos apontam um grupo de variáveis que
são determinantes no comportamento do óleo. Por exemplo, a composição química
e a quantidade de óleo que cada organismo foi exposto é um fator crucial para
indicar como a fauna e a flora irão reagir ao desastre.
Algumas peculiaridades biológicas fazem certas espécies serem mais
suscetíveis a interagir com óleo do que outras. Na maioria das vezes o óleo ficará
flutuando na superfície da água, desse modo diminuindo o contato com as espécies
que vivem na zona subtidal (fundo do mar). Por outro lado, mamíferos e pássaros,
que regularmente passam pela superfície da água para respirar ou se alimentar são
mais vulneráveis ao contato com o óleo (CHANG et al, 2014). Basicamente,
espécies vão reagir diferentemente em um episodio de contato com o óleo por causa
de suas características morfológicas e fisiológicas, que são determinadas por suas
diferenças genéticas. Sendo assim, predições de como espécies locais vão
responder a desastres ambientais envolvendo petróleo podem ser adquiridas por
estudos de acidentes anteriores no qual foram afetadas espécies semelhantes.
3.1.3 Impacto na sociedade O terceiro nível de importância referente aos desastres ambientais
envolvendo petróleo é o dano causado na sociedade, incluindo assuntos
relacionados a impactos na saúde do individuo, no bem-estar da comunidade e a
economia. Para exemplificar os efeitos causado por derreamentos de petróleo
Kemsley (2015) selecionou dois dos maiores derramamentos de petróleo nos
Estados Unidos para tirar valiosas lições. Durante 86 dias em abril de 2010, o
Deepwater Horizon (DWH) explodiu liberando mais de 4.9 milhões de galões de óleo
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no mar do Golfo do México, matando 11 trabalhadores. O óleo proveniente de DWH
atingiu cerca de 6 mil km da costa no estado de Louisiana e mais de mil km2
quadrados da costa foram atingidos, prejudicando a população e destruindo a vida
marinha. Foram utilizados mais de 40.000 colaboradores na operação de limpeza e
apenas 17% do óleo foi recuperado. O dano ao meio ambiente foi tão severo que
eles não puderam estimar quantos animais foram mortos. Semelhantemente, o
Exxon Valdez, segundo maior derramamento em território norte-americano, afetou
centenas de espécies marinhas derramando cerca de 260.000 galões de óleo.
Foram necessários aproximadamente 12.000 trabalhadores e aplicado mais de $3.8
bilhões de dólares na limpeza. Tudo isso evidencia como derramamentos podem
afetar o meio ambiente, a saúde humana e a economia.
Além do mais, a cada aumento de 1% no volume de óleo derramado é
estimado um aumento de $0.718 milhões de dólares gastos na recuperação do meio
ambiente (CHANG et al, 2014). A literatura cita também a relação do óleo na saúde
do ser humano. Em temos de saúde física, o direto ou indireto contato com o óleo,
por exemplo; inalação de vapores ou ingestão de frutos do mar contaminado, podem
causar tontura e náuseas, favorecer o desenvolvimento de certos tipos de câncer e
problemas no sistema neurológico central (CHANG et al, 2014).
3.2 KALAMAZOO, MICHIGAN, 25 JULHO DE 2010
Um dos maiores derramamentos de óleo em terra nos Estados Unidos
ocorreu em Michigan, em 25 de julho de 2010, quando um oleoduto da empresa
Enbridge Energy Partners rompeu, derramando aproximadamente 4 milhões de litros
de óleo pesado que atingiram o rio Kalamazoo (NTSB, 2012). O oleoduto do
acidente em questão origina-se em Edmonton, Alberta, Canadá e termina em
Sarnia, Ontario, Canadá como mostra Figura 3.
Com uma extensão de cerca 3 milhões de km em território americano onde
encontram-se oleodutos de vários diâmetros, conhecida como Lakehead System, é
controlada por uma central em Edmonton, Canadá. O vazamento ocorreu no
seguimento dessa rede que cruza o estado de Michigan, Line 6B, que possui
aproximadamente 470 mil km, originando-se em Griffith e terminando em Sarnia. A
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provável causa do rompimento da tubulação foi corrosão, onde resultou em fissuras
de fadiga que cresceram e se uniram ocasionando uma abertura no revestimento de
fita de polietileno que se abriu, produzindo liberação do óleo em substância (NTSB,
2012).
Figura 3 – Sistema de transporte de óleo da empresa Enbridge Partners.
Fonte: NTSB, 2012.
A Figura 4 mostra a fratura na tubulação Line 6B que mede 2 m de
comprimento e 13,5 cm de largura.
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Figura 4 – Ruptura na tubulação do segmento Line 6B.
Fonte: NTSB, 2012.
O óleo foi liberado sem ser detectado o vazamento por 17 horas. O
vazamento e sua detecção tardia ocorreram por causa de uma série de erros da
companhia Enbridge Partners:
• Deficiência no monitoramento da manutenção dos oleodutos que
detectaram ponto de corrosão, mas não os trataram em tempo hábil de evitar o
vazamento.
• Treinamento inadequado dos profissionais, que não conseguiram
detectar o vazamento por 17 horas.
• Politicas de conscientização e educação insuficientes, no que se refere
ao perigo de possíveis vazamentos, contribuindo para que se passasse 14 horas
sem uma notificação de emergência nas centrais de atendimento.
Mais de 3 milhões de dólares foram investidos na recuperação e limpeza ao
longo de 60 quilômetros do rio Kalamazoo, eliminando grande parte da mancha
negra e o mal cheiro que fizeram mais de 150 famílias serem deslocadas (NTSB,
2012).
Um fato peculiar desse acidente foi o tipo de óleo derramado. Betume diluído
(Dilbit) pertence a um grupo de óleo pesado, extraído em solo canadense, misturado
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com diluentes que diminuem a viscosidade e facilitam seu transporte pelas
tubulações (TAYLOR, 2013).
3.2.1 Betume Diluído (Dilbit)
Dilbit tem um comportamento ímpar quando derramado, em comparação com
outros. Estudos mostram que o gradiente de evaporação do diluente é alto no que
se refere às primeiras horas de exposição ao ar livre: o diluente evapora,
aumentando a viscosidade do óleo que por vezes precipita em aglomerados
semelhantes a bolas de vôlei, depositados no fundo do rio, as quais tendem a se
espalhar e penetrar no solo, contaminando-o (BROOKS, 2014).
A Tabela 2 exibe uma comparação entre as propriedades físicas do Dilbit e
outros óleos.
Tabela 2 – Comparação das propriedades físicas dos diversos tipos de óleos.
Tipos de Óleo
Propriedade Unidade Gasolina Diesel Óleo leve Dilbit Óleo
Pesado
Emulsão
de óleo cru
Densidade kg/m3 à 15 ºC 720 840 780-880 824-941 880-1000 950-1000
Gravidade API 65 35 30-50 18-39 10-30 10-15
Viscosidade mPas à
15 ºC 0.5 2 5-50
277,0 –
265.263
50-
50.000
20.000-
100.000
Ponto de
Inflamação 15 ºC -35 45 -30 - 30 -35 - 58 -30 - 60 >80
Solubilidade
na água ppm 200 40 10- 50 - 5-30 -
Ponto de
Fluidez ºC - -35- -1 -40 - 30 -30 - 15 -40 - 30 -
Tensão
Interfacial
mN/m à 15 ºC 27 27 10 - 30 27 - 150 15- 30 -
Fonte: Adaptado. TAYLOR, 2013.
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Algumas dessas propriedades como: densidade, volatilidade, viscosidade e
ponto de fluidez influenciam no comportamento do óleo uma vez derramado. Além
disso, quando o óleo entra em contato com o solo, ele tenderá a se espalhar,
evaporar e penetrar o substrato. Os fatores que determinam quão penetrável esse
óleo pode ser são: a temperatura ambiente, o tamanho dos grãos de areia, teor de
água presente no solo, matéria orgânica presente como vegetação raízes e neve
(TAYLOR, 2013). A penetrabilidade do óleo é uma função da viscosidade.
Além disso, o óleo derramado é absorvido pela matéria orgânica presente no
solo e passa por vários processos como representados na Figura 5.
Figura 5 – Esquema de alterações do hidrocarboneto no solo.
Fonte: Autor.
Os hidrocarbonetos que têm mais afinidade com a matéria orgânica no solo
serão os que sofrerão menos com esses processos. Entretanto, quanto mais volátil
ou solúvel o hidrocarboneto é, mais suscetível a mudanças por volatilização,
biodegradação, lixiviação e reações químicas ele será. O conjunto desses processos
resultará no que chamamos de intemperismo, processo que ocasiona a
desintegração e decomposição do óleo, acompanhado da variação na composição
química e migração do óleo para outros compartimentos ambientais (SADLER e
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24
CONNEL, 2013). Hidrocarbonetos oriundos do petróleo agem como contaminantes,
porém muitas vezes eles não são regulamentados como resíduos perigosos.
3.3 INDICADORES DA PRESENÇA DE HIDROCARBONETOS DO
PETRÓLEO
Todo tipo de petróleo seja ele, óleo cru, produtos da refinaria, petróleo natural,
betume contém uma variedade de compostos orgânicos em sua composição.
Embora, exista varias propriedades físico-químicas semelhantes que
possibilitam agrupa-los como visto na Tabela 1, também existe diferenças individuais
na composição de certos constituintes do óleo os diferenciam entre si, chamados
biomarcadores.
Biomarcadores funcionam como uma poderosa ferramenta forense que pode
ser usada para diferenciar tipos de óleo, correlacionar óleo oriundos da mesma
fonte, para acompanhar o processo de degradação do óleo depois de derramado no
meio ambiente, para investigar as condições geológicas em que foi formado, e para
caracterizar diferentes produtos de refinarias. Por exemplo, os hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos (HPAs) é um dos grupos mais predominantes no petróleo e
geralmente utilizados como biomarcadores por terem alto peso molecular e serem
menos suscetíveis a degradação (HOSTETTLER, 2013).
3.3.1 Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs)
Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são, por definição,
compostos contendo 2 ou mais anéis benzênicos condensados (COSTA, 2011).
HPAs geralmente estão presentes no meio ambiente como um resultado da
combustão de combustíveis fosseis, combustão de matéria orgânica ou oriundos de
processos de exploração ou produção de petróleo (ENVIRONMENT AGENCY,
2003). HPAs são geralmente encontrados em sedimentos, solos e água, podendo
estar solúveis ou absorvidos na matéria. Um grande número de HPAs são descritos
por serem carcinogênicos. Dos mais de 100 diferentes HPAs conhecidos, apenas 16
deles foram considerados prioritários pela USEPA (United State Enviromental
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25
Protection Agency) para monitoramento e destes 7 são classificados pela IARC
(International Agency for Research on Cancer) como cancerígenos para animais e
potencialmente cancerígenos para seres humanos. A Figura 6 apresenta a estrutura
dos 16 HPAs sugeridos pela USEPA para monitoramento (MOURA, 2009).
Figura 6 – Estrutura molecular dos 16 HPAs considerados como prioritários pela USEPA.
Fonte: MOURA, 2009.
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26
4 METODOLOGIA EXPERIMENTAL
O procedimento para análise dos compostos orgânicos no solo das margens
do Rio Kalamazoo divide-se em 4 partes: amostragem, análise do teor total de
hidrocarbonetos do petróleo, extração de HPAs por diclorometano e análise por CG-
EM.
4.1 EQUIPAMENTOS E REAGENTES
Os equipamentos utilizados para a análise de hidrocarbonetos no solo
do Rio Kalamazoo, foram:
• Forno com controle de temperatura;
• Balança de precisão;
• Kit para coleta de amostra; pistão mecânico de 30cm.
• O sistema de análise de hidrocarbonetos PetroFLAG fundamentado no
método USEPA SW-846 9074;
• Cromatógrafo de modelo HP 6890 Series;
• Detector de massa HP 5973
• Coluna Agilent 19091J-433
Os reagentes utilizados para a realização dos ensaios foram:
• HCl 36.5-38.0%
• Diclorometano – CH2Cl2
4.2 AMOSTRAGEM
Foram coletadas amostras de solo com profundidade de 30 cm utilizando um
pistão mecânico de coleta mostrado na Figura 7, divididas em dois recipientes
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27
contendo 15cm cada. Dessa forma, foi possível analisar o gradiente de penetração do óleo no solo.
Figura 7 – Pistão mecânico de coleta de amostras.
Fonte: Autor.
As amostras foram coletadas em pontos estratégicos, ou seja, na mesma
localização onde foram realizados os experimentos 5 anos antes, sendo utilizadas
para contrapor e averiguar o que mudou na composição química do solo nesse
período. Todas as amostras foram coletadas a aproximadamente 5 metros da
margem do rio, por meio de todo um aparato, evitando assim sua contaminação,
posteriormente foram mantidas em um recipiente de vidro estéril e armazenadas no
refrigerador. Também foram coletadas amostras acima da localidade onde ocorreu o
acidente, amostras que não tiveram contato com o óleo proveniente do
derramamento, para, assim, confronta-las com os ensaios de solo que foram
afetados pelo óleo. Realizamos a coleta de 12 amostras oriundas de 6 diferentes locais, ao longo de 57 quilômetros.
A amostragem constitui 12 elementos de coleta sendo provenientes de 6
diferentes locais ao longo de 57 km do local do vazamento nas margens do Rio
Kalamazoo. A Figura 8 expõe a distribuição dos pontos de coleta realizados em
2015 em relação à distância do local de vazamento.
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28
Figura 8 – Mapeamento dos pontos de coleta.
Fonte: Autor
Foi priorizado a coleta em locais onde ocorreram maior acumulação de óleo e
próximos ao acidente. O ensaio 1 não se encontra no mapeamento porque foi
realizado cerca de 8 km acima do local onde a tubulação rompeu. A Tabela 3 refere-se à descrição das amostras realizadas durante a coleta.
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29
Tabela 3 - Detalhamento de amostras coletadas ao longo das margens do Rio Kalamazoo.
Distância do vazamento em
milhas
Distância do Vazamento
(Km)
Nº da amostra Nome Profundidade (cm)
ACIMA ACIMA 1A Marshall Public Work 0-15
ACIMA ACIMA 1B Marshall Public Work 15-30
3 5 2A Saylor Landing 0-15
3 5 2B Saylor Landing 15-30
6 9,5 3A Olds Farm Spring 0-15
6 9,5 3B Olds Farm Spring 15-30
6,5 10,5 4A Olds Farm Dampool 0-15
6,5 10,5 4B Olds Farm Dampool 15-30
9,5 15 5A Historic Bridge Park
0-15
9,5 15 5B Historic Bridge Park
15-30
35,5 57 6A Galesburg 35th St. 0-15
35,5 57 6B Galesburg 35th St. 15-30
Fonte: Autor
4.3 ANLÁLISE DE HIDROCARBONETOS TOTAIS DO PETRÓLEO (TPH)
Primeiramente, realizamos a análise de hidrocarbonetos totais de petróleo, no
inglês Total Petroleum Hydrocarbon (TPH), método analítico bastante utilizado para
medir o teor de hidrocarbonetos no solo e o seu estado de degradação. A análise é
fundamentada no método USEPA SW-846 9074 e trata-se de uma ferramenta
analítica baseada na espectroscopia de infravermelho, onde um microprocessador
utiliza uma solução de calibração e converte a leitura óptica, identificando e
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30
quantificando o teor de hidrocarbonetos com o limite de detecção de partes por
milhão (ppm). Esse método requer 10 g de amostra de solo afim de realizar o
procedimento em 3 etapas: extração, filtração e análise. O sistema utilizado trata-se
de um equipamento portátil, como visto na Figura 9. O sistema PetroFlag utiliza Metanol tornando-se assim mais ecologicamente viável. (DEXSIL, 1997).
Figura 9 – Sistema de análise de hidrocarboneto PetroFLAG.
Fonte: Autor.
4.4 EXTRAÇÃO DE HPAS POR DICLOROMETANO.
Posteriormente, foi feito a extração de compostos orgânicos por
Diclorometano. Este método é valido quando realizado em amostras de solo seco.
Para isso seguimos o procedimento que está representado na Figura 10.
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31
Figura 10 – Fluxograma da preparação de amostras.
Fonte: Autor
Desse modo, serão extraídos majoritariamente os hidrocarbonetos aromáticos
policíclicos (HPAs), grupo de compostos orgânicos aromáticos proeminentes do petróleo, supostamente presentes nas 12 amostras.
4.5 ANÁLISE DE HPAS POR CG-EM
HPAs exibem espectros de massa relativamente simples, favorecendo assim
a análise de CG-EM. Soluções padrão de HPAs foram determinadas por
cromatografia em fase gasosa com detecção por espectrometria de massa antes de
as amostras de solo serem analisadas, de modo a atribuir os tempos de retenção
para os HPAs específicos, para calcular os fatores de resposta, e para a construção
de curvas de calibração. Foram usadas 12 diferentes soluções padrão de HPAs,
como mostra a Tabela 4.
•Coletadedados•10gde amostra
desolo
Fornoà60°C
•PerdadeH2O(%)
• Adiçãodosolvente.
10mldeH2Oe1mldeHCl •Fornoà60°C
•PerdadeCO3(%)
ExtraçãocomDiclorometano
•AnálisedeGC-MS
Tratamentosdedados
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32
Tabela 4 – Nome, fórmula molecular, massa molar dos 12 HPAs padrões de calibração.
HPAs Fórmula Molecular Massa Molar
Acenafteno C12H10 154
Antraceno C13H10 178
Fluoranteno C16H10 202
Pireno C16H10 202
Benzo(a)antraceno C18H12 228
Benzo(a)pireno C20H12 252
Benzo(b)fluoranteno C20H12 252
Fenantreno C14H10 276
Fluoreno C13H10 166
Criseno C18H12 228
Indeno(1,2,3-cd)pireno C22H14 278
Benzo(g,h,i)perileno C22H12 276
Fonte: Autor
Construindo uma curva de calibração para cada um dos HPAs mencionados
na Tabela 3 foi possível atribuir as concentrações inerentes aos hidrocarbonetos nas
amostras de solo pela área do pico dado nos cromatogramas.
Os parâmetros de análise utilizados encontram-se citados na Tabela 5.
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33
Tabela 5 – Características usadas no cromatógrafo.
Temperatura do injetor 250 °C Gradiente de temperatura 40°C (2 min) até 320°C a 10°C/min
Gás de arraste Hélio
Fluxo do gás de arraste 1 mL/min
Injetor Split 100/1 – 1 μL
Coluna AGILENT 19091J-433. 30m x 250μm
x 0,25μm.
Detector Espectrômetro de massa
Temperatura do detector 300°C
Fonte: Autor
Os dados foram tratados e os picos integralizados pelo software para que
pudessem ser posteriormente utilizados.
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34
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo serão discutidos os resultados referentes as análises de teor
total de hidrocarbonetos e CG-EM a fim de prover um perfil orgânico dos componentes presentes nas amostras de solo do Rio Kalamazoo.
5.1 TEOR TOTAL DE HIDROCABONETOS DO PETRÓLEO
(PETROFLAG)
A Tabela 6 fornece os resultados alcançados pelo sistema PetroFLAG em
2015, e os resultados obtidos em 2011. Os resultados referentes as análises de 2011 foram retirados de relatório pessoal cedido por Barcelona (2011).
Tabela 6 – Teor Total de Hidrocarbonetos referentes às coletas de 2015 e 2011.
Amostras Teor de Hidrocarbonetos, 2015. (ppm)
Teor de Hidrocarbonetos, 2011. (ppm)
1A 165 -
1B 2497 -
2A 368 -
2B 375 -
3A 1097 1338
3B 558 2233
4A 695 344
4B 705 1508
5A 12 166
5B 354 113
6A 389 115
6B 160 370
Branco 0 0
Fonte: Autor
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35
No que diz respeito a Tabela 6, no ano de 2011 não consta os valores
referentes as amostras 1 e 2. Isso se dá porque a amostra 1 foi coletada para
podermos comparar valores de áreas não afetadas pelo óleo do derramamento em
estudo, já a amostra 2 não foi realizado coleta com distância respectiva no ano de
2011. Nota-se também que um dos maiores valores de concentração de
hidrocarbonetos foi a amostra 1B. Isto não era esperado uma vez que esta amostra
foi coletada numa área não afetada pelo óleo, porém valores altos de
hidrocarbonetos podem ser encontrados próximo à raízes de plantas dado que
algumas plantas tem alto poder de síntese de hidrocarbonetos (SADLER e
CONNEL, 2003). Todavia, uma das amostras que teve maior teor de
hidrocarbonetos presente foi 3A, de tal forma que corrobora com a Figura 1 já que
essa foi uma das áreas mais atingidas pelo óleo. Percebe-se também uma tendência
na diminuição da concentração de hidrocarbonetos em função da distância de
origem do acidente, visto que um dos menores valores foi encontrado na amostra 6B.
Figura 11- Comparação entre a concentração de hidrocarbonetos de 2015 e 2011.
Fonte: Autor
A Figura 11 relaciona as concentrações de hidrocarbonetos presentes no solo
comparando os valores de 2011 (em laranja) e 2015 (em azul).
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
1A 1B 2A 2B 3A 3B 4A 4B 5A 5B 6A 6B
2015 2011
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36
Os resultados mostram uma média geral de 12,1% de redução na
concentração de hidrocarbonetos totais do petróleo e um valor máximo de redução
93,2%, amostra 5A das amostras coletadas em 2011, ensaio 5A, comparando com
as amostras coletadas em 2015. Esses resultados apontam uma significativa
redução de compostos poluentes no solo analisado, o que permite inferir que tal
redução é consequência das ações de remediação aplicadas pelo governo e pela empresa Enbridge Energy.
Porém, ao analisar cuidadosamente cada elemento a fim de entender como
se dá a distribuição e decomposição dos compostos orgânicos ao longo de todo o
corpo da amostra é perceptível que o óleo derramado passa por vários processos de
degradação de acordo com o a matéria orgânica presente no solo, ou seja, cada
ensaio apresentará uma diferença no processo de alteração dos hidrocarbonetos.
Por exemplo, no experimento 3 mostra uma redução de 8% no item 3A, de 0 à 15
cm, e redução de 75% no item 3B, de 15 à 30cm. Isso indica que nesse trecho
obteve-se um índice de remediação consideravelmente bom. Já no ensaio 4,
apresenta um aumento na concentração de compostos orgânicos na faixa de 0 à 15
cm de 51%. Esse fato pode ser explicado por diversos fatores, entre os quais a
composição do solo, a qual demonstra ter elementos favoráveis à biodegradação
(pH, temperatura, pressão, etc.), que agiram nos compostos mais pesados,
degradando-os, fazendo com que eles ficassem mais leves e se elevassem, ficando
retidos na fase 4A. Por outro lado, a perda de 53% na amostra 4B pode ser
explicada pela evaporação dos compostos mais leves. Esta aparenta ser uma
hipótese plausível uma vez que os índices de perda e ganho das duas fases são
semelhantes. Outro caso característico é o da amostra 5, onde o fragmento 5A teve
perda de 93% e o fragmento 5B, ganho de 68%. Conclui-se que devido
intemperismo do óleo das frações leves da fase 5A, estas podem ter volatilizado,
deixando compostos mais pesados que de acordo com o tipo de solo presente
podem ter causado o abaixamento e o soterramento dos compostos orgânicos que
por ventura foram absorvidos pelo solo, explicando assim, o aumento da
concentração de HPAs no fragmento 5B.
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37
5.2 EXTRAÇÃO DE HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS
POLICÍCLICOS (HPAs) POR DICLOROMETANO.
Os resultados a seguir estão relacionados aos ensaios de extração de
compostos orgânicos por diclorometano. A Tabela 7 informa os dados referentes ao
preparo das amostras.
Tabela 7 – Procedimento de tratamento das amostras.
Ensaios Perda de H2O (%)
Perda de CO3
(%)
1A 9,5 7,6
1B 11,1 11,1
2A 6,9 5,9
2B 6,9 8,0
3A 9,0 13,8
3B 8,4 11,0
4A 8,8 12,1
4B 7,2 11,3
5A 4,2 20,2
5B 2,8 19,2
6A 6,3 14,7
6B 6,1 17,7
Fonte: Autor
Pré-tratamentos para procedimentos analíticos quase sempre envolvem a
remoção de interferentes e água. Nota-se na Tabela 7 que o teor de água e CO3 são
consistentes em todas as amostras, demostrando uma boa precisão. Por exemplo,
os ensaios 2A e 2B apresentam valores iguais de perda de água, o que faz sentido
levando em consideração que se originam do mesmo tipo de solo, mas com
profundidades diferentes. Além disso, um dos ensaios com maior teor de H2O foi a
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38
amostra 1B, que também apresentou maior teor de hidrocarbonetos dada na Tabela
6. Amostra qual não foi atingida pelo derramamento em questão. Sendo assim,
podemos inferir que o alto teor de hidrocarbonetos se dá pelo fato da água causar
um processo chamado lixiviação onde se resulta na degradação de hidrocarbonetos
no solo sintetizados pela vegetação presente, ocasionando assim, o resultado anômalo (SADLER e CONNEL, 2003).
Um dos interferentes na detecção de compostos orgânicos é a presença de
carbonatos no solo. Esses minerais inorgânicos podem produzir CO2 ocasionando
um falso elevado teor de material orgânico. Para isso HCl é adicionado fazendo com que os carbonatos se convertam à CO3 (g), sendo liberados.
5.3 ANÁLISE DE HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS POLICÍCLICOS
(HPAs) POR CG-EM.
A Figura 12 exibe os cromatogramas referentes a análise do branco (a) e dos componentes de calibração 10 ppm (b).
Figura 12 – Cromatogramas da análise do branco e da amostra 4A.
(a) 5 . 0 0 1 0 . 0 0 1 5 . 0 0 2 0 . 0 0 2 5 . 0 0 3 0 . 0 0 3 5 . 0 0 4 0 . 0 0 4 5 . 0 0 5 0 . 0 0 5 5 . 0 0 6 0 . 0 0 6 5 . 0 0 7 0 . 0 0
5 0 0 0 0 0
1 0 0 0 0 0 0
1 5 0 0 0 0 0
2 0 0 0 0 0 0
2 5 0 0 0 0 0
3 0 0 0 0 0 0
3 5 0 0 0 0 0
4 0 0 0 0 0 0
4 5 0 0 0 0 0
T im e - - >
A b u n d a n c e
T I C : K Z O O 0 . D \ d a t a . m s
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39
(b)
Fonte: Autor
A Figura 12A pela análise do Branco é evidenciado um cromatograma livre de
interferentes com apenas um pico em 3.45 min referente ao solvente Diclorometano
utilizado na extração. Na Figura 12B encontramos picos bem definidos o que caracteriza boa resolução.
Para cada amostra foi realizada a análise de CG-EM. Os picos foram
integralizados obtendo a área e detectados pelo espectrômetro de massa onde se
identificou os compostos com mais de 90% de precisão de acordo com os padrões
previamente cadastrados no software, assim traçando a curva de calibração para os HPAs listados na Tabela 3.
5 . 0 0 1 0 . 0 0 1 5 . 0 0 2 0 . 0 0 2 5 . 0 0 3 0 . 0 0 3 5 . 0 0 4 0 . 0 0 4 5 . 0 00
1 0 0 0 0 0
2 0 0 0 0 0
3 0 0 0 0 0
4 0 0 0 0 0
5 0 0 0 0 0
6 0 0 0 0 0
7 0 0 0 0 0
8 0 0 0 0 0
9 0 0 0 0 0
1 0 0 0 0 0 0
1 1 0 0 0 0 0
1 2 0 0 0 0 0
1 3 0 0 0 0 0
1 4 0 0 0 0 0
1 5 0 0 0 0 0
1 6 0 0 0 0 0
1 7 0 0 0 0 0
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40
Figura 13 – Curva de Calibração para o Acenafteno.
Fonte: Autor
Como exemplo da curva de calibração dos HPAs temos o Acenafteno,
expresso na Figura 13.
O mesmo foi realizado para os outros 12 padrões de calibração citados na
tabela na Tabela 3. Resultando em boa linearidade, com R2>0.99. Assim, a
concentração de HPAs pode ser encontrada de acordo com a área do pico em questão.
A Figura 14 mostra o cromatograma referente a análise da amostra 3A, distante 6 milhas do local do acidente.
y=1E+06x- 856088R²=0,99908
0,0E+0
2,0E+7
4,0E+7
6,0E+7
8,0E+7
1,0E+8
1,2E+8
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Áreadopico
Concentração (PPM)
Acenafteno
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41
Figura 14 - Cromatograma da amostra 3A.
Apresenta os 12 HPAs da curva de calibração. (1) Acenafteno; (2) Antraceno; (3) Fluoranteno; (4) Pireno; (5) Benzo(a)antraceno; (6) Benzo(a)pireno; (7) Benzo(b)fluoranteno; (8)
Benzo(g,h,i)perileno; (9) Indeno(1,2,3-cd)pireno; (10) Fenantreno; (11) Fluoreno; (12) Criseno;
Fonte: Autor
Percebe-se na Figura 14, uma presença incisiva de Hidrocarbonetos na
amostra, com uma considerável variedade de HPAs incluindo os 12 utilizados como
padrões de referência.
Figura 15 – Gráfico da concentração de HPAs presente nas amostras.
A barra azul representa concentração na faixa de 0-15 cm e a barra laranja representa a concentração na faixa de 15-30 cm. Fonte: Autor
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42
A Figura 15 mostra a variação na concentração de HPAs referente as
amostras coletadas ao longo da margem do Rio Kalamazoo.
Como descrito na Figura 15 e representado na Figura 14, a amostra 3 teve a
maior concentração de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos entre as 6 amostras.
Tal resultado pode ser esperado uma vez que, como apresentado na Figura 10, a
região da amostra 3A foi uma das regiões que teve o maior acúmulo de óleo,
ocasionando assim, uma maior contaminação do solo. Seguido pelas amostras 4 e
6, onde também apresentam regiões de depósito de óleo. A amostra 6 teve uma
faixa de concentração maior que a amostra 5, mesmo coletada 57 km distante do
local do acidente.
A Figura 16 mostra a concentração média dos 12 HPAs padrões levando em
consideração a camada superior e inferior em todas as amostras.
Figura 16 – Gráfico da concentração média dos 12 de HPAs.
A barra azul representa concentração na faixa de 0-15 cm e a barra laranja representa a concentração na faixa de 15-30 cm. Fonte: Autor
De acordo com a Figura 16, temos que os compostos mais recorrentes nas
amostras analisadas são Criseno e Pireno. Estes HPAs são os grupos aromáticos
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43
mais proeminentes no petróleo (HOSTETTLER, 2013), assinalando que o solo
analisado contém hidrocarbonetos oriundos de um derrame de óleo. Os compostos
em questão, Criseno e Pireno, não foram encontrados na amostra 1, o que nos leva
a inferir que o teor de hidrocarboneto no solo nas margens do Rio Kalamazoo
origina-se do betume diluído vazado do oleoduto da empresa Enbridge Partners em
2010. Também foi detectado a presença de compostos benzênicos, como
Benzo(a)antraceno, Benzo(a)pireno, Benzo(b)fluoranteno e Benzo(g,h,i)perileno
evidenciando biodegradação de hidrocarbonetos do petróleo provenientes de
derramamentos (HOSTETTLER, 2013). Observa-se também que a camada mais
superficial das amostras (0-15 cm), representada pela barra azul, mostra maiores
níveis de concentração de hidrocarbonetos.
A Figura 17 mostra a concentração total de HPAs em relação a distância, em
milhas, do local de vazamento.
Figura 17 – Gráfico da concentração média de HPAs pela distância do local de vazamento.
Fonte: Autor
A Figura 17 evidencia que a amostra 3, correspondente à distância de 6
milhas distante do vazamento e que está presente numa área de acumulação de
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44
óleo, tem a maior concentração de HPAs de todas as amostras o que corrobora com
a análise de hidrocarbonetos totais do petróleo, PetroFLAG, apresentados na Figura
11. Por outro lado, que a faixa mais próxima da superfície (0-15 cm) apresenta maior
concentração de hidrocarbonetos.
É percebido que na Figura 11, a amostra 1B demostra concentração anômala
de hidrocarbonetos o que não era esperado uma vez que tal amostra foi coletada
numa área não atingida pelo óleo derramado. Mas como é possível observar na
Figura 6, amostra 1 apresenta baixa concentração de HPAs, validando assim a
hipótese de que os valores detectados na amostra 1 pelo sistema PetroFLAG não
pertencem a frações de petróleo, mas, muito provavelmente, originam-se das raízes
de plantas dado que algumas plantas têm alto poder de síntese de hidrocarbonetos
(SADLER e CONNEL, 2003).
Compostos como Fluoranteno, Octadecametil-ciclononasiloxano Pireno,
Benzo(a)pireno, Benzo(e)pireno, Benzo(g,h,i)perileno e Indeno(1,2,3-cd)pireno
apresentam-se como compostos comuns encontrados entre todas as amostras,
exceto pela amostra 1 que não teve contato com o óleo vazado. Isso indica que a
contaminação presente nas margens do rio Kalamazoo origina-se do teor de
hidrocarbonetos depositados pelo derrame de Dilbit em 2010 pela empresa Enbridge
Energy.
Encontrou-se também uma relação entre os compostos presentes nas
amostras de solo de 2015 como as análises feitas em 2011 nos aglomerados
depositados no fundo do Rio Kalamazoo. Compostos como Pireno, Fluoranteno,
Tricosano e Hexacosano mostram-se presentes nas duas análises. Isto reforça a
premissa de que os hidrocarbonetos encontrados nas análises advêm do acidente
em questão e que uma concentração significativa do mesmo se encontra depositada
no solo das margens do Rio Kalamazoo.
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6 CONCLUSÕES
Nesse capitulo serão apresentadas todas as conclusões deferidas a partir das análises e resultados obtidos.
Através da análise teor total de hidrocarbonetos do petróleo podemos inferir
que cada solo tem um tempo de retenção de óleo diferente e sua composição irá
influenciar como se dará a degradação e infiltração do óleo. Tendo em vista que
quando analisamos os resultados em virtude da profundidade, notamos uma
diferença composicional que varia com relação ao solo presente. Foi constatada
uma redução média de 12.1% na concentração de hidrocarbonetos totais do
petróleo, após 5 anos do acidente. Notou-se uma concentração mais acentuada de
hidrocarbonetos no solo nas áreas onde houve um maior acúmulo de óleo e uma
concentração elevada de material orgânico na amostra 1B, local que não teve
contato com o óleo derramado pela empresa Enbridge Energy. Tal resultado
anômalo pode ser justificado haja vista que certas espécies de plantas podem
produzir e liberar hidrocarbonetos através de suas raízes. Essa hipótese parece
plausível de tal forma que nos resultados obtidos pela análise de CG-EM, os
hidrocarbonetos encontrados no ensaio 1 não corroboram com os detectados nas
amostras contaminadas com o óleo em questão.
No que se refere a análise de HPAs por CG-MS, a maioria das amostras
apresenta presença significativa de hidrocarbonetos originados do petróleo, em
especial, Criseno e Pireno que indicam uma degradação do petróleo após
vazamento. Além disso, constatou-se que a faixa mais superficial, de 0 á 15cm,
apresenta maiores níveis de material orgânico proveniente do petróleo. Este fato
pode estar associado com a Biodegradação do óleo, já que a medida que o óleo é
soterrado, faixas mais leves do óleo são liberadas ficando retidas na camada mais
superficial passíveis a volatilização.
De maneira geral, podemos concluir que é de extrema importância a
implementação do monitoramento a longo prazo de ecossistemas afetados por
derramamentos de óleo. Pois, apesar de todos os esforços requeridos na limpeza
após o derrame de óleo no Rio Kalamazoo, muito ainda tem que ser feito no âmbito
de recuperar o solo dessa área, uma vez que o solo permanece contaminado por
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componentes majoritariamente cancerígenos podendo prejudicar diretamente o
ecossistema e a população da região.
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