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1 ANÁLISE DOS NÍVEIS DE EVIDENCIAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS A+ DO GLOBAL REPORTING INITIATIVE (GRI) NO ANO DE 2007 Lorene Alexandre Prates Universidade Estadual de Montes Claros Geraldo Alemandro Leite e Filho Universidade Federal de Lavras Resumo As novas relações societárias do mundo contemporâneo têm causado grandes impactos na sociedade. Nos últimos anos, os principais agentes precursores dessas relações, governos e empresas, têm alterado sua visão de negócios para uma postura mais consciente, promovendo através da responsabilidade social o que denominamos desenvolvimento sustentável. Para evidenciar toda essa preocupação, vem sendo aperfeiçoada uma ferramenta contábil - os relatórios de sustentabilidade - que tem demonstrado grande eficácia na publicação de informações sócio-ambientais. Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo, analisar o nível de evidenciação das informações sócio-ambientais dos relatórios de sustentabilidade no ano de 2007 das empresas consideradas com nível de aplicação A+ pelo Global Reporting Initiative – Natura, Petrobras, Bunge, Banco Real, Bradesco e Itaú. Para chegar a evidenciação das informações, foram utilizadas técnicas de análise de conteúdo qualitativas e quantitativas. Quanto ao nível de evidenciação das informações, as análises foram feitas a partir da aplicação de testes estatísticos de correlação e testes de médias não-paramétricos. Os resultados mostraram que os níveis de evidenciação são estatisticamente diferentes entre as empresas da amostra. Concluiu-se ainda que as empresas selecionadas não atenderam prontamente ao nível de evidenciação proposto pelas Diretrizes GRI. Palavras-chave: sustentabilidade, evidenciação de informações, Global Reporting Initiative.

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ANÁLISE DOS NÍVEIS DE EVIDENCIAÇÃO DOS RELATÓRIOS D E

SUSTENTABILIDADE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS A+ DO GLO BAL

REPORTING INITIATIVE (GRI) NO ANO DE 2007

Lorene Alexandre Prates Universidade Estadual de Montes Claros

Geraldo Alemandro Leite e Filho Universidade Federal de Lavras

Resumo

As novas relações societárias do mundo contemporâneo têm causado

grandes impactos na sociedade. Nos últimos anos, os principais agentes

precursores dessas relações, governos e empresas, têm alterado sua visão de

negócios para uma postura mais consciente, promovendo através da

responsabilidade social o que denominamos desenvolvimento sustentável. Para

evidenciar toda essa preocupação, vem sendo aperfeiçoada uma ferramenta

contábil - os relatórios de sustentabilidade - que tem demonstrado grande eficácia na

publicação de informações sócio-ambientais. Neste contexto, esta pesquisa teve

como objetivo, analisar o nível de evidenciação das informações sócio-ambientais

dos relatórios de sustentabilidade no ano de 2007 das empresas consideradas com

nível de aplicação A+ pelo Global Reporting Initiative – Natura, Petrobras, Bunge,

Banco Real, Bradesco e Itaú. Para chegar a evidenciação das informações, foram

utilizadas técnicas de análise de conteúdo qualitativas e quantitativas. Quanto ao

nível de evidenciação das informações, as análises foram feitas a partir da aplicação

de testes estatísticos de correlação e testes de médias não-paramétricos. Os

resultados mostraram que os níveis de evidenciação são estatisticamente diferentes

entre as empresas da amostra. Concluiu-se ainda que as empresas selecionadas

não atenderam prontamente ao nível de evidenciação proposto pelas Diretrizes GRI.

Palavras-chave: sustentabilidade, evidenciação de informações, Global Reporting Initiative.

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Abstract

The new social relations of the contemporary world have caused great impacts on

society. In recent years, the main precursors of these relations agents, governments

and enterprises have changed their business vision for a more conscious, promoting

social responsibility through what we term, sustainable development. To demonstrate

all this concern, is being perfected an accounting tool - the sustainability reports - that

has demonstrated great effectiveness in the publication of socio-environmental

information. In this context, this research aimed to examine the level of disclosure of

information of social and environmental sustainability reports in 2007 of the

companies concerned with application level A + by the Global Reporting Initiative -

Natura, Petrobras, Bunge, Banco Real, Bradesco and Itaú. To get the disclosure of

information, techniques were used content analysis of qualitative and quantitative.

The level of disclosure of information, the analysis was made from the application of

statistical tests of correlation and tests of the non-parametric. The results showed

that the levels of disclosure are statistically different between the sample. It was

concluded that the selected companies did not respond promptly to the level of

disclosure proposed by the GRI.

Keywords: sustainability, information disclosure, Global Reporting Initiative

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1. Introdução

As novas relações societárias do mundo contemporâneo - a globalização, os

avanços tecnológicos, as mudanças políticas, o crescimento econômico acelerado, e

o rápido processamento das informações, têm causado grandes impactos negativos

na sociedade, como: a poluição da atmosfera e dos lençóis d’água, degradação do

meio ambiente, como também desemprego, corrupção, discriminação e

desigualdades sociais. Consequentemente, a sociedade vem exercendo fortes

pressões sobre os principais agentes precursores dessas novas relações - governo

e empresas - para que alterem sua visão de negócios para uma postura mais

consciente, promovendo através da responsabilidade social o que denominamos

hoje, desenvolvimento sustentável.

Ceccato (2008) explica que, desenvolvimento sustentável é desenvolver em

harmonia com as limitações ecológicas do planeta, ou seja, sem destruir o ambiente,

para que as gerações futuras tenham a chance de existir e viver bem, de acordo

com as suas necessidades (melhoria da qualidade de vida e das condições de

sobrevivência).

Como corrobora Santana et al (2006), as grandes empresas têm assumido

posturas mais responsáveis, consolidando o conceito de Responsabilidade Social

Empresarial (RSE), que tem exigido das empresas uma atuação foco e

consequentemente a prestação de contas nas esferas ambiental e social.

A ideia principal por trás da responsabilidade social empresarial, segundo

César e Silva Júnior (2008), é que, as organizações e a sociedade são sistemas

interdependentes e não distintos, já que se estabelece uma relação de interação, em

que as organizações em busca do retorno financeiro positivo retiram do ambiente

insumos diversos, estes insumos são transformados por meio de processos

produtivos e gerenciais em produtos e serviços vendáveis, que retornam para o

ambiente para atender as expectativas mais amplas da sociedade.

De acordo com a ACE (Articulação Nacional para a Cidadania Empresarial,

2008) “o comportamento socialmente responsável tornou-se um diferencial

competitivo que traz inúmeros benefícios, não apenas à empresa, como a

diminuição do risco do negócio, mas também à sociedade como um todo”. Assim, a

RSE tornou-se também, uma estratégia de negócio para as empresas, uma vez que

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o mercado está cada vez mais acirrado e competitivo e os investidores estão cada

vez mais conscientes, exigindo das empresas uma postura social impecável.

Para evidenciar toda essa preocupação das empresas em informar aos seus

stakeholders que ações têm feito para amenizar os problemas globais, vem sendo

aperfeiçoada uma ferramenta contábil - os relatórios de sustentabilidade - que tem

demonstrado grande eficácia na publicação de informações sócio-ambientais. De

acordo com Ligteringen, presidente mundial da Global Reporting Initiative (GRI), o

relatório de sustentabilidade aparece como a melhor forma de saber o que está

sendo feito pelas companhias nas áreas social, ambiental e econômica. Estes por

sua vez compõem o tripé da sustentabilidade (triple bottom line), permitindo

identificar, mensurar e divulgar as ações que estão sendo desenvolvidas pelas

organizações. (INSTITUTO ETHOS, 2008)

Essa nova postura social também vem sendo adotada pelas organizações

brasileiras. Como informa o Guia Exame de Sustentabilidade 2007, da Revista

Exame (2008), no Brasil, cerca de trezentas empresas publicam relatórios de

sustentabilidade. De acordo com o Instituto Ethos (2008), desde 2007, setenta e

cinco destas empresas passaram a utilizar as normas da Global Reporting Initiative

(GRI) para publicação de relatórios de sustentabilidade, normas estas que também

são utilizadas por grandes empresas em todo o mundo.

A GRI (Global Reporting Initiative), ainda de acordo com o Instituto Ethos

(2008), é uma organização não-governamental internacional, que desenvolve

diretrizes globais para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, que

atualmente são utilizadas por cerca de mil e quinhentas instituições no mercado

mundial. O uso deste padrão permite uma comparabilidade entre companhias de

todo o mundo, possibilitando que as organizações tenham um instrumento que

facilita a implantação de um processo de melhoria contínua do desempenho rumo ao

desenvolvimento sustentável.

Como tem se consolidado no Brasil a utilização do modelo internacional de

publicação das informações sócio-ambientais, esse trabalho se propôs a analisar o

nível dessas informações publicadas nos relatórios de sustentabilidade divulgados

pelas grandes companhias brasileiras, com ênfase na publicação de relatórios que

seguem o padrão GRI.

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Diante do exposto, o objetivo geral deste trabalho foi identificar qual o nível de

evidenciação das informações sócio-ambientais dos relatórios de sustentabilidade no

ano de 2007 das empresas brasileiras consideradas com nível de aplicação A+ pelo

Global Reporting Initiative.

2. Justificativa

A pressão exercida pelas várias esferas da sociedade sobre as grandes

companhias impõe aos stakeholders cobrarem das empresas informações sobre as

suas responsabilidades a cerca dos aspectos ambientais e sociais causados pelas

suas atividades.

Segundo Assaf Neto (2007), há de se considerar a tendência crescente dos

investidores em agregar à imagem da empresa a responsabilidade social como foco

das decisões coorporativas. As empresas estão adotando cada vez mais as

melhores práticas sociais visando atender a seus valores éticos, e

consequentemente usufruir das vantagens financeiras.

Segundo Soares (2006), para as empresas se credenciarem como

competitivas e serem bem aceitas pela sociedade, precisam prestar aos seus

públicos informações transparentes e confiáveis sobre as suas operações. Neste

contexto, ações que envolvam, acionistas, ética, compromisso sócio-ambiental e

governança corporativa são fundamentais. Para o autor, somente com a adoção das

melhores práticas de governança corporativa e os comprometimentos nas esferas

social, cultural e ambiental é que uma empresa pode se perpetuar.

Atendendo a essa necessidade, as empresas têm demonstrado publicamente,

através dos relatórios de sustentabilidade, o que elas tem feito para reduzir os

impactos causados à sociedade. Nos últimos anos, o padrão GRI (Global Reporting

Initiative) de publicação de relatórios de sustentabilidade vem sendo adotado por

grandes empresas em todo o mundo, que buscam dar maior clareza e evidenciação

à sua responsabilidade sócio-ambiental, como também atender as novas exigências

do mercado.

Com foco na padronização de publicação das informações sustentáveis, as

empresas brasileiras também vêm se adequando a essas exigências mundiais

utilizando relatórios de sustentabilidade feitos de acordo com a GRI, que oferece às

grandes companhias mundiais a possibilidade de publicarem seus relatórios de

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sustentabilidade em um padrão global. Essa publicação oferece grandes benefícios

gerenciais para as empresas, visto que a GRI é apreciada pelos grandes

investidores e considerada ferramenta indispensável para as empresas que

negociam seus títulos no mercado mundial. Segundo Nossa (2002), a padronização

destas informações proposta pela GRI apresenta um grande avanço, pois permite

aos investidores e stakeholders observarem as posturas adotadas pelas empresas e

quais são os impactos causados pelas suas atividades e o que elas têm feito para

amenizar os impactos já existentes, como também para estabelecer a

comparabilidade dos relatórios com seus concorrentes.

Consequentemente, diante das atuais mudanças no quadro nacional de

evidenciação de informações acerca das práticas sustentáveis das empresas

brasileiras, julga-se necessária a análise do nível de evidenciação das informações

prestadas nos relatórios de sustentabilidade, e também a avaliação do nível de

eficácia dessas informações, para saber se as empresas estão atendendo às

exigências de evidenciação nos relatórios e cumprindo o seu papel na publicação de

informações relevantes para a sociedade.

3. Referencial Teórico

3.1. Pesquisas anteriores sobre evidenciação

Existem vários estudos, ao longo dos últimos anos, que vêm buscando

analisar o desempenho social correlacionado ao desempenho econômico-financeiro

de empresas. A seguir, listam-se alguns dos principais estudos e seus resultados

nesta temática:

Preston e O’Bannon (1997) analisaram a relação entre indicadores de

desempenho social e financeiro de 67 empresas americanas de 1982 a 1992. Os

indicadores sociais foram retirados dos dados da revista Fortune e os indicadores

financeiros analisados foram: ROA, ROE e ROI. Os resultados indicaram uma forte e

positiva relação entre o desempenho social e financeiro das grandes corporações

americanas. Concluíram que tanto o desempenho financeiro influencia o

desempenho social como o contrário, além de existir uma relação sinérgica entre

eles.

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Roque e Cortez (2006) pesquisaram a relação entre a divulgação de

informação ambiental e o desempenho financeiro de 35 empresas portuguesas não

financeiras entre 2000 e 2004. Entretanto, os resultados sugeriram que as empresas

que não divulgaram informações ambientais tiveram o melhor desempenho

financeiro.

Kitahara (2007) pesquisou a existência de relações significativas entre o

desempenho financeiro de empresas e o seu nível de investimento em ações de

responsabilidade social no período de 2000 a 2004. O autor coletou informações de

897 Balanços Sociais publicados por 298 empresas brasileiras de diversos portes e

segmentos e buscou relação com indicadores de desempenho financeiro das

mesmas. Como principal resultado, verificou que há relação entre os indicadores

financeiros e indicadores de RSE, tanto para empresas que operam com resultado

positivo ou negativo. Contudo esta foi influenciada pelo ramo de atividade, porte da

empresa e ano de publicação do Balanço Social.

Outras pesquisas, assim como a deste trabalho, vêm analisar o desempenho

social das empresas, porém voltadas para as análises de evidenciação das

informações sociais e seus reflexos para a sociedade. As informações analisadas

nestes estudos partem dos relatórios sociais que as empresas publicam para a

sociedade com informações relevantes à cerca de seus esforços para diminuir os

impactos negativos de suas atividades. Listam-se:

Nossa (2002), com base nos relatórios ambientais e anuais de quarenta e

duas empresas do setor de papel e celulose em nível mundial - dentre elas oito

empresas brasileiras, investigou qual era o nível de evidenciação das informações

ambientais apresentados por essas empresas.

Também identificou e analisou as diferenças de evidenciação ambiental

decorrente da localização e tamanho da empresa, bem como comparou a

evidenciação de informações ambientais entre as empresas brasileiras e as

empresas dos outros países. Dentre os relatórios analisados doze foram orientados

pelas diretrizes GRI.

Como conclusão da pesquisa, Nossa identificou que os relatórios ambientais

específicos apresentam um nível baixo de evidenciação de informações, ou seja,

apenas 32% das informações foram evidenciadas com nível quantitativo, expressa

em números de natureza financeira. Outra conclusão foi a de que as empresas

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localizadas em países diferentes apresentam também níveis de evidenciação de

informações extremamente divergentes, e que nas empresas brasileiras de papel e

celulose analisadas, o nível de evidenciação ambiental é menor do que em outros

países. Também concluiu que, quanto maior o tamanho das empresas mais

detalhada é a evidenciação das informações.

Gasparino e Ribeiro (2005) compararam os relatórios de sustentabilidade do

ano de 2004, de 06 empresas - 03 norte-americanas e 03 brasileiras, do setor de

papel e celulose, para identificar as diferenças comportamentais e de evidenciação

em relação às questões ambientais, entre os países. O modelo GRI foi adotado

como parâmetro para as avaliações visto que suas diretrizes foram usadas pela

maioria das empresas da amostra.

A análise foi realizada utilizando-se técnicas de análise de conteúdo, e

comparando os itens do relatório sobre os aspectos qualitativos e quantitativos. O

alvo da pesquisa era o discernimento do grau de evidenciação ambiental, entretanto

as autoras concluíram que, em termos gerais, apesar de a contabilidade ambiental

estar bastante desenvolvida sob o ponto de vista teórico, as empresas ainda não a

praticam de acordo.

Os relatórios analisados evidenciam que as diretrizes da GRI são as mais

utilizadas, contudo, muitas falhas ainda podem ser verificadas quanto à extensão e

qualidade do atendimento às recomendações da norma.

As demonstrações das empresas americanas estão próximas à estrutura

recomendada, mas ainda não atingiram a forma ideal. As brasileiras, além de não

terem as regras da GRI como direcionadoras, prestaram menos informações sobre

sua interação com o meio ambiente, ressaltando o destaque dado à empresa

Aracruz, que foi a única do grupo que submeteu seu relatório social aos auditores

externos.

Assim, apesar da pesquisa ter sido limitada a apenas seis empresas, de dois

únicos países, pode-se afirmar que ainda há muito a melhorar, principalmente em

relação à combinação de suas informações apresentadas no relatório de

sustentabilidade com as informações financeiras.

Na mesma abordagem, Ribeiro e Bellen (2007) fizeram uma comparação do

nível de evidenciação ambiental entre três tipos de relatórios empresariais: relatório

anual (RA), o formulário 20F (20F), e o relatório sócio-ambiental (RSA), para

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identificar quais os tipos de informações ambientais que apresentaram maior

evidenciação, em que nível cada relatório as evidencia e qual empresa apresenta o

maior nível de evidenciação ambiental.

A amostra selecionada foi de 28 empresas brasileiras que negociam papéis

nos mercados: brasileiro e americano. A classificação escolhida para os dados foi

adaptada dos trabalhos de Clarkson et. al (2007) e Wiseman (1982), com ênfase nos

preceitos do Global Reporting Initiative (GRI), e para medir o nível de evidenciação

dos relatórios, foi montada uma escala baseada na quantidade de desvio padrão do

item em relação à média de sua aparição no relatório.

No decorrer da pesquisa, foi verificado que algumas das empresas

pesquisadas seguem as orientações da Global Reporting Initiative. Com base nas

análises, os autores concluíram que o conteúdo mais completo de informações

sobre o meio ambiente, são os relatórios sócio-ambientais. As informações mais

evidenciadas refletem predominantemente a conduta ambiental das empresas

analisadas e propriamente o seu desempenho ambiental.

A empresa que se destaca é a Petrobras, que apresenta a maior média de

informações evidenciadas na amostra. O relatório com melhor nível de evidenciação

foi o RSA da Votorantim Celulose e Papel S/A com um total de 70% das informações

pré-estabelecidas na classificação.

3.2. Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade

Há pouco tempo as nações despertaram para a importância de se fazer uma

correção nos padrões de produção e consumo vigentes. Objetivando, a partir do

esforço comum, evitar ou retardar o esgotamento dos recursos naturais do planeta.

Essa prática recebe a denominação de “desenvolvimento sustentável”. (MATIAS,

2007).

Ainda, segundo Matias, (2007, p. 248),

Os termos Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade surgiram no ano de 1987 através da publicação patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e da World Commission on Enviroment and Development (WCED) Our commom future, apresentando visão do respeito ao futuro planeta. Segundo a WCED (1987) a ideia de sustentabilidade vem sendo representada pela elevação de expectativas em relação os desempenhos social, ambiental e tem sido definida como a habilidade para satisfazer às necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações para satisfazerem suas necessidades.

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A tese ambientalista da sustentabilidade foi convertida como ponto central dos

debates mundiais no relatório “Nosso Futuro Comum” ou “Relatório Brundtland”.

Esse relatório resultou da pesquisa realizada entre 1983 e 1987 sobre a situação de

degradação ambiental e econômica do planeta. Nos termos do Relatório a

sustentabilidade se acopla a um novo padrão de crescimento econômico que deve

ser garantido. Nesse sentido, “desenvolvimento sustentável” seria uma correção,

uma retomada do crescimento, alterando a qualidade do desenvolvimento, a fim de

torná-lo menos intensivo de matérias-primas e mais equitativo para todos.

Desenvolvimento Sustentável é, portanto, definido como um processo de mudança

no qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do

desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão de acordo com as

necessidades atuais e futuras. (HERCULANO, 1992).

3.3. Responsabilidade Social Empresarial (RSE)

Almeida (2005, p. 6-7) define responsabilidade social e empresarial como:

[...] O compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atitudes que afetem positivamente, de modo amplo, ou alguma comunidade, de modo específico, agindo positivamente e coerentemente no que tange seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela. A organização, neste sentido, assume obrigação de caráter moral, além das estabelecidas por lei, mesmo que não diretamente vinculadas as suas atividades, mas que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável dos povos.

RSE, ou sustentabilidade corporativa de acordo com A Fundação Brasileira

para o Desenvolvimento Sustentável - FDBS (2008), significa criação de valor aos

acionistas no longo prazo levando em conta as necessidades e preocupações de

todos os seus públicos de interesse – clientes, empregados, comunidades,

governos, parceiros e fornecedores.

No mesmo sentindo o Instituto Ethos (2008) define RSE como:

[...] Forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.

No Brasil, como informa o Guia Exame de Sustentabilidade da Revista Exame

(2008), cerca de trezentas empresas publicam relatórios de sustentabilidade. De

acordo com o Balanço Social (2008), essa ideia começou a ser discutida na década

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de setenta, contudo, apenas nos anos 80 surgiram os primeiros balanços sociais de

empresas, e somente a partir da década de 90 as corporações de diferentes setores

passaram a publicar balanço social anualmente.

Matias (2007) informa que a tendência em focar a responsabilidade social das

empresas começou em 1999, quando a Bolsa de Valores de Nova York apresentou

o Down Jones Sustainability Index (DJSI). Em seguida veio o FTSE4good, de

Londres; o Socially Responsible Index (SRI) de Johanesburgo e o Índice de

Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BOVESPA, em 2005. Todos esses índices

apresentam como objetivo comum servir como guias para o investidor saber quais

as empresas que não apenas geram lucro, mas também estão à frente das demais

em responsabilidade social e ambiental.

Tinoco (2001, p. 99) explica que:

A preservação do meio ambiente converteu-se em um dos fatores de maior influência da década de 90, com grande rapidez de mercado. Assim, as empresas começam a apresentar soluções para alcançar o desenvolvimento sustentável e ao mesmo tempo aumentar a lucratividade dos seus negócios.

Como relata Kroetz (2000, p. 67):

Ocorre que as “novas” exigências do mercado, influenciado pela globalização, por um público mais consciente e por investidores mais exigentes e preparados, tem feito com que as organizações publiquem suas demonstrações com maior transparência e qualidade, evidenciando aspectos qualitativos do patrimônio e, ao mesmo tempo, sua preocupação com o bem-estar social e ambiental.

“A economia é a instituição dominante na sociedade moderna. O crescimento

econômico sustentado é o caminho para o progresso da humanidade. Uma empresa

que não pratica sustentabilidade não sobrevive no mundo dos negócios”. (NETO E

FRÓES, 2001, p. 52).

Tinoco (2001, p. 114) ressalta qual deve ser a postura das organizações

frente aos problemas sociais e ambientais,

As entidades devem satisfazer adequadamente as demandas de seus clientes e de seus parceiros nos negócios e atividades e especialmente divulgar e dar transparência aos agentes sociais e a toda à sociedade de sua inserção no contexto das relações econômicas, financeiras, sociais, ambientais e de responsabilidade pública.

Para melhor definir os públicos de interesse ligados às empresas, Proto &

Supino apud Nossa (2002) apresentam os stakeholders como usuários ligados às

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empresas com necessidades de informações sobre os aspectos que as englobam,

tais como: aspectos sociais, econômicos e ambientais. A tabela a seguir exemplifica

melhor a relação dos stakeholders com as empresas:

Tabela 1: Diferentes stakeholders e sua necessidade de informação

Stakeholders Interesses primários Ferramentas de comunicação

Fornecedores e Clientes Qualidade, preço, segurança e

responsabilidade dos produtos.

Marketing, rótulos dos produtos, linha

direta, correspondências para os

clientes e grandes fornecedores.

Financiadores

Resultados contábeis,

relatórios de todas as

obrigações e limitações das

obrigações futuras.

Relatórios ambientais, informes

contábeis anuais, boletins informativos,

informações da imprensa.

Empregados Políticas ambientais, metas e

resultados.

Relatório ambiental, relatório social,

informes contábeis anuais, notícias do

conselho, boletins informativos internos.

Comunidades

Limitação da poluição,

gerenciamento de resíduos

com responsabilidade, atenção

com a preocupação da

vizinhança.

Relatório ambiental, visitas à fábrica,

boletins informativos, departamento de

informações, boletins de imprensa,

grupos de diagnóstico ad hoc.

Autoridades

Atividades ambientalmente

responsáveis, avaliação de

custos e benefícios de ações

ambientais.

Relatórios ambientais, certificações

EMAS/ISO, negociações.

Organizações

Ambientais

Aperfeiçoamento do

desempenho ambiental,

interesse em cooperação para

questões de melhorias.

Relatórios ambientais, visitas, relatórios

contábeis anuais, negociações, boletins

informativos e informações da

imprensa.

Fonte: Proto & Supino apud Nossa (2002, p. 65).

A urgência e a magnitude de se mensurar riscos e ameaças para a

sustentabilidade coletiva, assim como as crescentes escolhas e oportunidades farão

com que a transparência das organizações na divulgação dos seus impactos na

sustentabilidade global seja um componente fundamental nas relações com as

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partes interessadas, nas decisões sobre o investimento e nas restantes relações de

mercado. Para apoiar esta expectativa, é necessária uma estrutura de conceitos

partilhada globalmente, uma linguagem consistente e uma métrica largamente

compreendida, a fim de comunicar de forma clara e transparente, questões relativas

à sustentabilidade. (GRI, 2008)

Neto e Froes (2004, p. 183) definem que, “a empresa socialmente

responsável e sustentável é aquela que atua nas três dimensões: proteção

ambiental, apoio e fomento ao desenvolvimento econômico local, regional e global, e

estímulo e garantia da equidade social”. Complementa ainda, que uma empresa que

não pratica a sustentabilidade não sobrevive no atual mundo dos negócios.

No ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial BOVESPA, 2008) é exposto

que as empresas sustentáveis baseiam-se em 3 pilares: aspectos ambientais,

sociais e econômico-financeiros, ou seja, no conceito do triple bottom line (TBL).

O triple bottom line (TBL) como explica a Revista Amanhã (2008), é um

modelo de gestão empresarial que visa a conciliar as três necessidades básicas da

sustentabilidade: a viabilidade econômica, a consciência ambiental e a

responsabilidade social. Trata-se do tripé conceitual que sustenta todas as práticas

de desenvolvimento sustentável. Com ele, a organização passa a trabalhar com um

enfoque de crescimento sistêmico, reconhecendo que a sociedade depende da

economia, que por sua vez depende do ecossistema global que depende da

sociedade.

Ainda como informa a Revista Amanhã (2008), o presidente executivo do

Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS),

Fernando Almeida, explica que este é um conceito "em construção", não só no Brasil

como no mundo. Isso explica, em parte, porque o termo ainda carece de uma

tradução. Na maioria das vezes, este é utilizado em inglês. Mas alguns especialistas

já se referem ao Triple Bottom Line como "tripolaridade". O conceito foi desenvolvido

pela consultoria inglesa SustainAbility, que desejava mapear os indicadores

necessários para determinar se uma empresa é ou não sustentável.

Nos dias atuais várias empresas nacionais e mundiais publicam relatórios de

sustentabilidade. Entretanto, não há uma lei geral que parametrize a elaboração e a

publicação desses relatórios, mas para melhor atender aos usuários, é importante

que a publicação dos relatórios sociais seja feita de forma padronizada, pois assim

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podem-se traçar comparações entre várias empresas de diversas localidades e as

variações ocorridas de um período para o outro. (SILVA e PERES, 2005)

3.4. Global Reporting Initiative (GRI)

A Global Reporting Initiative - GRI é uma organização não governamental

internacional com sede em Amsterdã, na Holanda, cuja missão é:

[...] desenvolver e disseminar globalmente diretrizes para a elaboração de

relatórios de sustentabilidade utilizados voluntariamente por empresas de

todo o mundo que desejam dar informação sobre os aspectos econômicos,

ambientais e sociais de suas atividade, produtos e serviços. (GRI, 2008)

De acordo com o Instituto Ethos, (2008) a GRI é o único modelo aceito

mundialmente. Desde seu início, em 1997, a GRI tem focado suas atividades no

desenvolvimento de padrão de relatórios que aborde os aspectos relacionados à

sustentabilidade econômica, social e ambiental das organizações e que sejam

rotineiros e passíveis de comparação como os relatórios financeiros.

A rede GRI confirma essa visão ao desenvolver e melhorar continuamente

sua Estrutura de Relatórios de Sustentabilidade, além de criar competência para sua

utilização, cujo componente essencial são as Diretrizes para Elaboração de

Relatórios de Sustentabilidade publicada em 2002. Ainda, de acordo com o Instituto,

a GRI nasceu como iniciativa da Coalition for Environmentally Responsible

Economies (CERES), uma ONG americana composta por organizações ambientais,

de trabalhadores, religiosos, por profissionais de investimentos socialmente

responsáveis e por investidores institucionais, em parceria com o Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Para assegurar alto grau de qualidade técnica, credibilidade e relevância, a

Estrutura de Relatórios de Sustentabilidade da GRI é desenvolvida e continuamente

melhorada por meio de um intenso engajamento multi stakeholder que envolve

organizações relatoras e especialistas que, juntos, desenvolvem e revisam o

conteúdo da Estrutura de Relatórios. (GRI, 2008).

Observando a necessidade de se produzir um relatório através de diretrizes

consistentes, Nossa (2002, p. 25) defende que:

Muitos relatórios ambientais se tornam inúteis devido à diversidade de indicadores de desempenho ambiental. A falta de certas características qualitativas dominantes nos relatórios financeiros leva aos relatórios

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ambientais a ausência de credibilidade aos olhos de grupos externos de stakeholders.

As questões e as informações presentes nos relatórios GRI são selecionadas,

compiladas e comunicadas de uma forma consistente, e apresentadas de forma a

permitir às partes interessadas o recurso ao relatório para analisar mudanças no

desempenho da organização, ao longo do tempo, assim como análises relativas a

outras organizações (GRI, 2008). A comparabilidade é a base para a avaliação do

desempenho. As partes interessadas que utilizam o relatório devem conseguir

comparar as informações sobre o desempenho econômico, ambiental e social com

os anteriores desempenhos e objetivos da organização, e, na medida do possível,

com o desempenho de outras organizações (GRI, 2008). Dando ênfase a questão

da padronização de informações e a importância da comparabilidade do relatório,

Almeida (2005, p. 152) diz que:

Um dos mais consistentes esforços para consolidar diversas iniciativas e chegar a um consenso quanto à normatização das informações ambientais é o GRI (Global Reporting Initiative). Trata-se de um esforço internacional, iniciado em 1997 pela CERES (Coalition for Environmentally Responsible Economies), pelo programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e por diversos stakeholders, para desenvolver e institucionalizar diretrizes e padrões para os relatórios de desempenho ambiental, econômico e social das companhias.

3.4.1. A GRI no Brasil

Cerca de mil e quinhentas organizações em mais de sessenta países

declararam usar a Estrutura de Relatórios de Sustentabilidade da GRI. No Brasil,

onde se estima que cerca de trezentas empresas publiquem balanços sócio-

ambientais, setenta e cinco aderiram a GRI até o ano de 2007. (GRI, 2008)

A versão em português das Diretrizes para Elaboração de Relatórios de

Sustentabilidade da GRI foi lançada em 2004, num esforço comum de diferentes

agentes envolvidos com o uso das diretrizes do GRI, com apoio do Instituto Ethos de

Responsabilidade Social. (ETHOS, 2008).

O Brasil mereceu sempre uma atenção especial da GRI. Várias organizações

do país foram envolvidas na revisão e na divulgação das normas. Hoje, tanto o

conselho de stakeholders quanto o conselho executivo do GRI contam com a

participação brasileira. (ETHOS, 2008)

A primeira empresa no Brasil a aplicar de forma integral as diretrizes do GRI

foi a Natura, no seu relatório de sustentabilidade em 2003. Hoje cerca de 70

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16

empresas já estão utilizando as normas GRI, sendo muitas delas modelos de

publicação. (ETHOS, 2008)

3.5. Diretrizes GRI para elaboração de relatórios d e sustentabilidade

Publicadas no ano de 2002 as diretrizes da Global Reporting Initiative definem

que elaborar relatórios de sustentabilidade consiste na prática de medir, divulgar e

prestar contas, às várias partes interessadas, sobre o desempenho das

organizações, visando atingir o objetivo do desenvolvimento sustentável. (GRI, 2008)

Os relatórios de sustentabilidade baseados na estrutura definida pela GRI

divulgam resultados e também conseqüências, que ocorreram durante o período

relatado, no contexto dos compromissos, da estratégia e da abordagem de gestão

adotados pela organização. Elas consistem em princípios que definem o conteúdo

do relatório e que asseguram a qualidade da informação relatada. Incluem um

conjunto de informações-padrão, compostas por indicadores de desempenho e

outros tópicos a divulgar, bem como, orientações em questões técnicas e

específicas relativamente à elaboração dos relatórios.

Os relatórios baseados nas Diretrizes identificam informações relevantes e

indispensáveis para a maioria das organizações e úteis para as partes interessadas.

A sua estrutura é, portanto, dividida em três áreas que se comunicam através de

informações-padrão:

• Perfil: informações que estabelecem o contexto geral para a compreensão do

desempenho da organização, tais como a sua estratégia, perfil e governança.

• Abordagem de Gestão: informações que indicam a forma como uma organização

aborda um determinado conjunto de aspectos, clarificando o contexto para a

compreensão do desempenho numa área específica.

• Indicadores de Desempenho: produzem informações comparáveis sobre o

desempenho econômico, ambiental e social da organização.

3.5.1. Indicadores de Desempenho

A seção relativa aos indicadores de desempenho de sustentabilidade é

constituída por três categorias principais: econômica, ambiental e social. Os

indicadores sociais, por sua vez, se subdividem em: práticas laborais e trabalho

condigno; direitos humanos; sociedade; e responsabilidade pelo produto.

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17

3.5.1.1 Indicadores de Desempenho Econômico

A dimensão econômica da sustentabilidade refere-se aos impactos da

organização sobre as condições econômicas das suas partes interessadas e sobre

os sistemas econômicos a nível local, nacional e global. Esses indicadores ilustram:

• O fluxo de capital entre as diferentes partes interessadas;

• Os principais impactos econômicos da organização sobre toda a sociedade.

O desempenho financeiro é fundamental para compreender uma organização

e a sua própria sustentabilidade. No entanto, esta informação é habitualmente

disponibilizada nas demonstrações financeiras. A informação que raramente surge

nos relatórios, apesar de ser freqüentemente desejada pelos seus utilizadores, é a

contribuição da organização para a sustentabilidade de um sistema econômico

alargado.

Os indicadores de Desempenho Econômico são apresentados por 9

indicadores estruturados para apresentar informações sobre:

• Desempenho econômico da organização: Apresentam o valor econômico direto

gerado e distribuído, os riscos de oportunidade, planos de benefícios oferecidos aos

funcionários, e disponibiliza informações a cerca do apoio significativo recebido do

governo, quando houver.

• Presença no mercado: Retrata as políticas e práticas que abranjam os

fornecedores e comunidades impactadas pelas atividades da empresa,

procedimentos para contratação local e proporção dos cargos de gestão, como

também relação entre o salário mais baixo e o salário mínimo pagos aos

empregados.

• Impactos econômicos indiretos: Dispõe sobre o desenvolvimento dos impactos

em infra-estrutura em gênero ou pro bono, como também a descrição dos impactos

significativos econômicos provocados e sua extensão.

3.5.1.2. Indicadores de Desempenho Ambiental

A dimensão ambiental da sustentabilidade refere-se aos impactes da

organização nos sistemas naturais vivos e não-vivos, incluindo ecossistemas, solos,

ar e água. Os indicadores ambientais abrangem o desempenho relacionado com os

consumos (por ex., matérias-primas, energia, água) e com a produção (por ex.,

emissões, efluentes, resíduos). Estes indicadores englobam ainda o desempenho

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relacionado com a biodiversidade, com a conformidade ambiental e com outras

informações relevantes, tais como despesas com o meio ambiente e os impactos de

produtos e serviços. São apresentados por 30 indicadores apresentados de seguinte

forma:

• Materiais: Materiais utilizados por peso e volume

• Energia: Consumo direto e indireto de energia descriminado por fonte, estratégias

para economizar energia e preservar as fontes, utilização de fontes de energia

renováveis, e iniciativas para reduzir o consumo e economizar energia.

• Água: Consumo total de água, direto e indireto, descriminado por fonte, recursos

hídricos significativamente afetados, porcentagem e volume de água reciclada ou

reutilizada.

• Biodiversidade: Descriminação de áreas e terrenos protegidos, abrangidos pelas

atividades da empresa, impactos significativos sobre áreas protegidas, habitats

protegidos ou recuperados, gestão dos impactos na biodiversidade.

• Emissões, efluentes e resíduos: Emissão de gazes que ocasionam o efeito estufa

e destroem a camada de ozônio, iniciativas para reduzir tais efeitos; tratamento dos

resíduos, número de derrames significativos, dimensão de habitats, recursos

hídricos afetados pela descarga de água e escoamento.

• Produto e serviço: Iniciativas para mitigar os impactos ambientais provocados

pelos produtos e serviços.

• Transporte: Impactos ambientais significativos, resultantes do transporte de

produtos e outros bens ou matérias-primas utilizados nas operações da organização.

• Conformidade: Multas e sanções decorrentes de irregularidades.

3.5.1.3. Indicadores de Desempenho Social

A dimensão social da sustentabilidade refere-se aos impactos da organização

nos sistemas sociais em que opera.

Os indicadores de desempenho social da GRI identificam aspectos de

desempenho fundamentais no que se refere às práticas laborais e trabalho

condigno; à direitos humanos, à sociedade e à responsabilidade pelo produto.

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3.5.1.3.1 Práticas laborais e trabalho condigno

Os aspectos específicos que surgem na categoria “Práticas Trabalhistas”

baseiam-se em normas universais e reconhecidas internacionalmente, como por

exemplo:

• Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas

e respectivos Protocolos;

• Convenção das Nações Unidas: Pacto Internacional sobre Direitos Civis e

Políticos;

• Convenção das Nações Unidas: Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos,

Sociais e Culturais;

• Declaração da OIT (Organização Internacional do Trabalho) relativa aos

Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho de 1998 (em particular as oito

principais convenções da OIT);

• Declaração e Programa de Ação de Viena.

Os indicadores de Práticas Trabalhistas são apresentados por 14 indicadores

estruturados da seguinte forma:

• Emprego: Discrimina a mão-de-obra total utilizada pela empresa, como também o

número total de trabalhadores e respectiva taxa de rotatividade, e benefícios aos

funcionários.

• Relação entre funcionários e administração: Percentagem de funcionários

abrangidos por acordos coletivos, e prazos para a notificação de mudanças de

gestão entre outros.

• Segurança e Saúde no trabalho: Percentagem de funcionários representados por

comissões de segurança e saúde, taxas de lesões, doenças profissionais,

programas de aconselhamentos e prevenção para os trabalhadores, famílias e

comunidades, tópicos de segurança e saúde abrangidos por sindicatos.

• Formação e educação: Média de horas de formação oferecidas aos funcionários,

programas para a gestão de competência e funcionários que recebem análise de

desempenho dentro da organização.

• Diversidade e igualdade de oportunidades: Discriminação e gênero dos trabalhos

por mulheres e homens, como também, composição dos órgãos sociais da empresa

compostos por categoria de acordos.

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20

3.5.1.3.2. Direitos Humanos

Os indicadores de desempenho relativos aos direitos humanos requerem que

as organizações incluam nos seus relatórios a importância dada aos impactos dos

Direitos Humanos, através dos investimentos e das práticas de seleção de

fornecedores/empresas contratadas. Adicionalmente, estes indicadores de

desempenho incluem ainda a formação dos funcionários e do pessoal de segurança

em direitos humanos, abrangendo também a não-discriminação, a liberdade de

associação, o trabalho infantil, o trabalho forçado e escravo, e os direitos dos

indígenas.

Os indicadores de Direitos Humanos são apresentados por 09 indicadores

estruturados da seguinte forma:

• Práticas de investimento e de aquisições: Percentagem e número total de

contratos de investimento significativos que incluam cláusulas referentes aos direitos

humanos, fornecedores e empresas contratadas submetidas a avaliação relativa aos

direitos humanos, funcionários e operações que receberam treinamento e orientação

quanto aos procedimentos relativos aos aspectos dos direitos humanos.

• Não-discriminação: Número total de discriminação registrada.

• Liberdade de associação e acordo de negociação coletiva: casos em que exista

risco significativo de impedimento ao livre exercício da liberdade de associação.

Trabalho infantil: Casos em que exista um risco significativo de ocorrência de

trabalho infantil, e medidas que contribuíram para a sua eliminação.

• Trabalho forçado e escravo: Casos em que exista um risco significativo de

ocorrência de trabalho forçado ou escravo, e medidas que contribuam para a sua

eliminação.

• Praticas de segurança: Percentagem do pessoal de segurança submetido a

formação nas políticas ou procedimentos da organização, relativos aos direitos

humanos.

• Direitos dos povos indígenas: Número total de incidentes que envolvam a violação

dos direitos dos povos indígenas e ações tomadas.

3.5.1.3.3. Sociedade

Os indicadores de desempenho relativos à sociedade centram-se nos

impactos que as organizações têm nas comunidades em que operam e na

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divulgação da forma como os riscos, resultantes de suas interações com outras

instituições sociais são geridos e mediados. Procuram-se, em particular, informações

sobre os riscos associados ao suborno e corrupção, à influência indevida na

elaboração de políticas públicas e nas práticas de monopólio.

Os indicadores de Sociedade são apresentados por 08 indicadores

estruturados da seguinte forma:

• Comunidade: Natureza de quaisquer programas para avaliar os impactos das

operações nas comunidades.

• Corrupção: Percentagem e número total de unidades de negócio alvo de análises

de risco à corrupção, percentagem de trabalhadores que tenham efetuado formação

política e práticas anti-corrupção e medidas tomadas em resposta a casos de

corrupção.

• Políticas públicas: Posição da empresa quanto a políticas públicas e participações

na elaboração de políticas públicas, valor total das contribuições financeiras ou em

espécie a partidos públicos e afins.

• Concorrência desleal: Número total de ações judiciais por concorrência desleal,

antitruste e práticas de monopólio, bem como seus resultados.

• Conformidade: Multas e sanções significantes por não comprimento das leis e

regulamentos ambientais.

3.5.1.3.4 Responsabilidade pelo Produto

Os indicadores de desempenho referentes à responsabilidade pelo produto

abordam os aspectos dos produtos e dos serviços da organização relatora que

afetam diretamente os clientes: saúde e segurança, informações e rotulagem,

marketing e privacidade. Estes aspectos são tratados, principalmente, através da

divulgação dos regulamentos internos e o nível de cumprimento dos mesmos.

Os indicadores de Responsabilidade pelo produto são apresentados por 09

indicadores estruturados da seguinte forma:

• Saúde e segurança do cliente: Os ciclos de vida dos produtos e serviços em que

os impactos de segurança e saúde são avaliados, e número total de incidentes

resultantes da não-conformidade aos impactos na saúde e segurança.

• Rotulagem dos produtos e serviços: Informações exigidas dos produtos e serviços

por regulamentos, incidentes decorrentes da não-conformidade com procedimentos

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para correta rotulagem dos produtos e serviços, procedimentos e resultados de

pesquisas relacionados a satisfação dos clientes.

• Comunicação de marketing: Programas de observação às leis de marketing

incluindo publicidade, promoção e patrocínio.

• Privacidade do cliente: Número total de reclamações registradas relativas à

violação da privacidade de clientes.

• Conformidade: Multas significativas pelo descumprimento de leis e regulamentos

relativos ao fornecimento e utilização de produtos e serviços.

4. Abordagem Metodológica

Para atender aos objetivos propostos nesta pesquisa, foi utilizada a

metodologia empírico-analítica que aborda a relação causal entre as variáveis, em

que a validação da prova científica é buscada através de testes dos instrumentos,

graus de significância e sistematização das definições operacionais.

Para a coleta dos dados foram utilizados os procedimentos de: pesquisa

bibliográfica e documental por meio da metodologia de análise de conteúdo. Os

documentos analisados foram os relatórios de sustentabilidade das seis empresas

brasileiras, classificadas como A + conforme as diretrizes GRI no ano de 2007.

O critério de escolha das empresas que compõe a amostra foi embasado na

listagem GRI 2008 Reporters, divulgada na home page da GRI, em sua última

atualização em outubro do ano de 2008. O universo da pesquisa foi composto por 40

empresas brasileiras que utilizaram as diretrizes GRI para construir seus relatórios

de sustentabilidade de 2007. Como o objetivo de pesquisa foi avaliar o nível de

evidenciação de informações contidas nesses relatórios, foram utilizadas como

critério de seleção para amostra as empresas que se apresentaram com nível de

aplicação A+. As empresas analisadas foram: Banco Real, Banco Bradesco, Banco

Itaú, Bunge, Natura e Petrobras.

Foram analisados nos relatórios de sustentabilidade das empresas, tanto os

aspectos qualitativos quanto quantitativos das informações presentes nos mesmos.

As informações contidas nos relatórios se subdividem em: informações sobre o perfil

da empresa, informações sobre sua forma de gestão e os indicadores de

desempenho. Os indicadores são apresentados da seguinte forma: indicadores de

desempenho econômico (EC), desempenho ambiental (EN), desempenho social

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(LA), de direitos humanos (HR), sociedade (SO) e de responsabilidade pelo produto

(PR).

A composição dos indicadores de desempenho da GRI é estruturada a partir

de indicadores essenciais e indicadores complementares. Os indicadores essenciais

foram desenvolvidos através de processos da GRI que envolvem as várias partes

interessadas, com o objetivo de identificar os indicadores com aplicação

generalizada e que se presumem relevantes para a maioria das organizações. As

organizações devem elaborar os seus relatórios com base nos indicadores

essenciais, a não ser que sejam considerados não relevantes de acordo com os

princípios da GRI para a elaboração de relatórios.

Os indicadores complementares representam práticas emergentes ou

questões que podem ser relevantes para algumas organizações, mas não para

outras. Sempre que existirem versões finais dos suplementos setoriais, os

indicadores devem ser tratados como indicadores essenciais. (DIRETRIZES G3 GRI,

p. 7, 2002). Na tabela a seguir está demonstrada a quantidade de indicadores

essenciais e complementares que são abrangidos nas diretrizes GRI para relatórios

de sustentabilidade:

Tabela 2: Quantidade de Indicadores Essenciais e Complementares

Indicadores EC EN LA HR SO PR

Essenciais 7 17 9 6 6 4

Complementares 2 13 5 3 2 5

Total 9 30 14 9 8 9

Fonte: (DIRETRIZES G3 GRI, p. 27-37, 2002)

De acordo com a conceituação dada por Nossa (2002, p. 179), evidenciação

pode ser definida como a maneira pela qual a informação é apresentada nos

relatórios. Para medir o nível de evidenciação das informações dos relatórios de

sustentabilidade, a técnica utilizada foi a análise de conteúdo que Bardin (1977, p.

42), define como:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores - quantitativos ou não - que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

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Os níveis de evidenciação utilizados para este estudo, foram embasados nas

pesquisas de Gray et al. (1995) apud Nossa e Carvalho (2003), de Hackston e Milne,

(1996) apud Nossa e Carvalho (2003), de Salamone e Galluccio (2001) apud Nossa

e Carvalho (2003). Assim, os níveis de evidenciação são demonstrados na tabela

abaixo:

Tabela 3: Níveis de Evidenciação das Informações

Nível Tipo Conceito

0 Ausência de informação Quando a informação não foi apresentada para

aquela categoria,

1 Informação declarativa Apresentam informações de cunho somente

descritivo

2 Informação quantitativa não

monetária

Apresentam informações quantitativas que são

expressas em números de natureza não-

financeira

3 Informação quantitativa monetária

Apresentam informações quantitativas

expressadas em números de natureza

financeira

Fonte: (Adaptado de Nossa, 2002, p. 179).

A construção da análise partiu dos dados obtidos através do julgamento das

informações dos relatórios de sustentabilidade feitos conforme as diretrizes GRI. A

estrutura da GRI descreve os conteúdos gerais e específicos por setor, com a

finalidade de divulgar os resultados e também as conseqüências que ocorreram

durante o período relatado, no contexto dos compromissos e estratégia adotados

pela organização nos aspectos econômicos, ambientais e sociais.

A apresentação dos dados foi feita de acordo com a estrutura proposta pela

GRI, que é composta normalmente por 3 partes: Perfil da Organização; Abordagem

de Gestão e Indicadores de Desempenho. A seção relativa aos indicadores de

desempenho de sustentabilidade é constituída por três categorias: econômica,

ambiental e social. Os indicadores de sustentabilidade social subdividem-se nas

seguintes categorias: práticas laborais, direitos humanos, sociedade e

responsabilidade pelo produto. A estrutura pode ser observada na tabela abaixo:

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Tabela 4: Estrutura Resumida do Conteúdo do Relatório segundo a GRI

Conteúdo dos relatórios GRI

Perfil da empresa

Abordagens da Gestão

Indicadores de Desempenho QNT.

(EC) Desempenho Econômico 9

(EN) Desempenho Ambiental 30

(LA) Praticas Laborais e Trabalho Condigno 14

(HR) Direitos Humanos 9

(SO) Sociedade 8

(PR) Responsabilidade Pelo Produto 9

Fonte: (DIRETRIZES G3 GRI, p. 27-37, 2002)

Para traçar um parâmetro de comparações entre os relatórios foi estabelecido

um modelo padrão de evidenciação das informações a fim de definir qual seria a

quantidade ideal de informações para um relatório de sustentabilidade no modelo

GRI. Esse padrão foi estabelecido de acordo com o nível de exigências de

informação pedida pelo próprio indicador GRI, ou seja, para cada indicador GRI

observa-se se o nível de informação ideal seria: de tipo 1 (declarativa), tipo 2

(quantitativa não monetária) ou tipo 3 (quantitativa monetária). O modelo ideal

abrange os 83 indicadores totais, e irá ser comparado com os resultados

apresentados por cada empresa. Para o modelo ideal foram encontrados os

seguintes valores:

Tabela 5: Modelo Ideal de Evidenciação de Informaçõ es

% das informações Tipo de informação

7% Declarativas, ou tipo 1.

71% Quantitativas não monetárias, ou tipo 2.

22% Quantitativas monetárias, ou tipo 3.

Fonte: Dados da pesquisa (2008)

Observa-se que para o modelo ideal não foram aceitas inconsistências nos

indicadores, ou seja, todos os indicadores obtiveram algum julgamento de nível 1,2

ou 3.

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5. Resultados das Análises:

5.1. A evidenciação das informações

Para fazer a composição dos resultados foram utilizados três tipos de

análises. A primeira análise feita foi a evidenciação das informações contidas nos

relatórios das seis empresas analisadas, pelo tipo de evidenciação. Essa análise

utilizou como base os 83 indicadores presentes no modelo GRI apresentados por

cada empresa, e julgados de acordo com o tipo de evidenciação já mostrado na

metodologia.

Os dados apresentados nas tabelas abaixo se referem, em cada item, ao

somatório do número de indicadores julgados por tipo de evidenciação em cada

empresa. O objetivo desta tabela é mostrar quantitativamente a evidenciação das

informações pelas empresas, por tipo, como também traçar uma primeira

comparação entre a evidenciação das empresas e o modelo ideal.

Tabela 6: Quantidade de Evidenciação por tipo de informação e empresa

Tipo Modelo Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú

1 6 11 21 24 6 15 7

2 59 47 38 30 23 32 32

3 18 10 18 10 21 14 11

0 0 15 6 19 33 22 33

Total 83 68 77 64 50 61 50

Fonte: Dados da pesquisa (2008)

Dados apresentados sob forma de porcentagem:

Tabela 7: Quantidade % de Evidenciação por tipo de informação e empresa

Tipo Modelo Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú

1 7% 13% 25% 29% 7% 18% 8%

2 71% 57% 46% 36% 28% 39% 39%

3 22% 12% 22% 12% 25% 17% 13%

Total 100% 82% 93% 77% 60% 73% 60%

Fonte: Dados da pesquisa (2008)

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De acordo com os dados mostrados acima observa-se que a empresa Natura,

apresenta do total dos 83 indicadores analisados 68 indicadores, ou 82%. O tipo

mais expressivo de evidenciação presente em seu relatório é o de nível 2

(informações quantitativas não monetárias), presente em 57% dos indicadores.

Consecutivamente a evidenciação tipo 1 (informações somente qualitativas),

presente em 13% dos indicadores, e finalmente o tipo 3 (informações qualitativas

monetárias), presente em 12%. A empresa não apresentou 18% dos indicadores.

A empresa Petrobras, apresenta 77 indicadores ao total, ou 93%. O tipo de

evidenciação mais presente é o de nível 2, com 46%. Em seguida a evidenciação de

nível 1, com 25% e com 22% a evidenciação de nível 3. Das empresas analisadas é

a que mais apresenta informações para todos os indicadores, somente, 7% não

foram apresentados.

A Bunge apresenta do total dos 83 indicadores, 64 indicadores, ou 77%. O

tipo de evidenciação mais apresentado no seu relatório foi o de tipo 2, com 36% do

total. Consecutivamente, a evidenciação de nível 1 com 29%, e a evidenciação de

nível 3 com 12%. A empresa não apresentou 23% dos indicadores pedidos.

O Banco Real apresenta do total dos 83 indicadores analisados 50

indicadores, ou 60%. O tipo mais expressivo de evidenciação presente em seu

relatório é o de nível 2 (informações quantitativas não monetárias), presente em 28%

dos indicadores. Consecutivamente a evidenciação tipo 3 (informações qualitativas

monetárias), presente em 25% dos indicadores, e finalmente o tipo 1 (informações

somente qualitativas), presente em 7%. A empresa não apresentou 40% dos

indicadores.

O Bradesco apresenta 61 indicadores ao total, ou 73%. O tipo de

evidenciação mais presente é o de nível 2, com 39%. Em seguida a evidenciação de

nível 1, com 18% e com 17% a evidenciação de nível 3. Para todos os indicadores,

27% não foram apresentados.

E por último o Banco Itaú apresenta do total dos 83 indicadores, 50

indicadores, ou 60%. O tipo de evidenciação mais apresentado no seu relatório foi o

de tipo 2, com 39% do total. Consecutivamente, a evidenciação de nível 3 com 13%,

e a evidenciação de nível 2 com 8%. A empresa não apresentou 40% dos

indicadores pedidos.

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28

Como já explicado na metodologia, as diretrizes GRI apresentam uma

subdivisão dos indicadores, entre indicadores essenciais e indicadores

complementares. Os indicadores essenciais têm o objetivo de identificar os

indicadores com aplicação generalizada e que se presumem relevantes para a

maioria das organizações. Os indicadores complementares representam práticas

emergentes ou questões que podem ser relevantes para algumas organizações,

mas não para outras. Por essa questão concluímos ser relevante analisar

separadamente a postura das empresas somente para os indicadores essenciais,

com a finalidade de mostrar a quantidade informações evidenciadas pelas

empresas. Os resultados obtidos estão nas tabelas abaixo:

Tabela 8: Quantidade de Evidenciação dos Indicadore s Essenciais por Tipo

Tipo Modelo Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú

1 5 6 14 16 6 10 6

2 33 31 24 24 19 22 21

3 11 6 11 3 13 7 6

0 0 6 0 6 11 10 16

Total 49 43 49 43 38 39 33

Fonte: Dados da pesquisa (2008)

Dados apresentados sob forma de porcentagem:

Tabela 9: Quantidade de Evidenciação dos Indicadore s Essenciais por Tipo em %

Tipo Modelo Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú

1 10% 12% 29% 33% 12% 20% 12%

2 67% 63% 49% 49% 39% 45% 43%

3 22% 12% 22% 6% 27% 14% 12%

Total 100% 88% 100% 88% 78% 80% 67%

Fonte: Dados da pesquisa (2008)

Ao total as diretrizes GRI estabelecem 49 indicadores essenciais. Observa-se

de acordo com as tabelas que a Petrobras é a única das empresas que apresenta

100% dos indicadores essenciais. O menor nível de evidenciação foi dado pelo

Banco Itaú com 67% do total. Observando os resultados apresentados pelas tabelas

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29

Correlations

1,000 ,301** ,491** ,283** ,330** ,230* ,377**

, ,006 ,000 ,009 ,002 ,037 ,000

83 83 83 83 83 83 83

,301** 1,000 ,448** ,176 ,413** ,101 ,295**

,006 , ,000 ,111 ,000 ,363 ,007

83 83 83 83 83 83 83

,491** ,448** 1,000 ,254* ,395** ,352** ,316**

,000 ,000 , ,020 ,000 ,001 ,004

83 83 83 83 83 83 83

,283** ,176 ,254* 1,000 ,270* ,191 ,429**

,009 ,111 ,020 , ,013 ,084 ,000

83 83 83 83 83 83 83

,330** ,413** ,395** ,270* 1,000 ,268* ,559**

,002 ,000 ,000 ,013 , ,014 ,000

83 83 83 83 83 83 83

,230* ,101 ,352** ,191 ,268* 1,000 ,364**

,037 ,363 ,001 ,084 ,014 , ,001

83 83 83 83 83 83 83

,377** ,295** ,316** ,429** ,559** ,364** 1,000

,000 ,007 ,004 ,000 ,000 ,001 ,

83 83 83 83 83 83 83

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

MODELO

NATURA

PETROBRA

BUNGE

BCOREAL

BRADESCO

ITAU

Spearman's rhoMODELO NATURA PETROBRA BUNGE BCOREAL BRADESCO ITAU

Correlation is significant at the .01 level (2-tailed).**.

Correlation is significant at the .05 level (2-tailed).*.

pode-se perceber que o nível de evidenciação das empresas no aspecto

“evidenciação das informações” se difere do que deveria ser o ideal a ser divulgado.

A Petrobras, dentre todas as empresas da amostra é a empresa com melhores

resultados, ou seja, é a empresa que mais se aproxima do ideal a ser divulgado.

Respectivamente Natura e Bunge apresentam resultados semelhantes, seguidas do

Banco Bradesco, Banco Real e Banco Itaú.

5.2. Nível de evidenciação das informações comparad as ao modelo ideal

Para a segunda análise foi utilizado o Teste de Correlação Não-Paramétrico

de Spearman’s que, de acordo com Freund e Simon (2000), tecnicamente, visa

medir o grau de associação entre variáveis aleatórias. Portanto, procurou-se

observar com o teste a correlação entre o nível de evidenciação das informações

estabelecidas no modelo ideal e o nível de evidenciação encontrado nos relatórios

de todas as empresas.

Abaixo, apresenta-se o resultado da matriz de correlação, obtida no SPSS®:

Figura 01: Matriz de Correlação

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30

De acordo com o teste, a correlação entre o modelo ideal e as empresas seria

perfeita se o resultado da correlação obtivesse valores mais próximos de 1,00. Como

pode ser observado na primeira coluna nomeada “Modelo”, têm-se o relatório

modelo e observa-se que o nível de significância entre Modelo x Modelo é perfeito,

pois são iguais. Nas outras linhas vão sendo apresentadas todas as empresas,

comparadas ao modelo.

A primeira análise se dá entre a Natura e o modelo ideal. A Natura apresenta

o quarto melhor nível de evidenciação de informações, o nível de correlação entre

eles é de rs=0,301 consideravelmente baixo já que o ideal deveria estar próximo de

1,00. Reafirmando o resultado obtido com as análises da evidenciação apresentado

no capitulo anterior, a Petrobras apresenta melhor coeficiente de correlação com

modelo ideal, rs=0,491, sendo o melhor nível de evidenciação entre as empresas

analisadas. A Bunge apresenta um coeficiente de correlação de rs=0,283, sendo o

quinto relatório em nível de evidenciação comparado o modelo ideal. O relatório do

Banco Real é o terceiro, apresenta o coeficiente de correlação de rs=0,330. O

Bradesco apresenta o nível mais baixo de evidenciação comparado ao modelo ideal,

apresenta um coeficiente de rs=0,230.

Dando seqüência as análises, para comparar o nível de evidenciação das

empresas da amostra utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis: Teste K para Amostras

Independentes, que de acordo com Stevenson (2001) este teste é utilizado para

verificar se três ou mais amostram não relacionadas (independentes) são

provenientes de populações com médias iguais. Para as análises foram utilizados os

83 indicadores como observações, apresentados por cada uma das empresas. As

análises foram feitas de 3 maneiras: entre as empresas que transformam e

comercializam produtos (setor de manufatura); entre os bancos (setor de prestação

de serviço); e entre todas as empresas. Para realização do teste, foram assumidas

as seguintes hipóteses estatísticas: H0 = se a média de evidenciação é igual para

todas as empresas analisadas, ou; H1 = se a media de evidenciação é diferente.

Para testar os dados foi assumido um nível de significância de até 0,05. A

tabela a seguir, apresenta os resultados do referido teste, obtido no programa

SPSS®:

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31

Tabela 10: Resultados do teste K-W

Empresas Variáveis Asymp. Sig. Resultados Conclusão

Manufatura 3 83 0,01 Rejeita Ho Nível de evidenciação diferente

Bancos 3 83 0,50 Aceita Ho Nível de evidenciação igual

Todas 6 83 0,02 Rejeita Ho Nível de evidenciação diferente

Fonte: Dados da pesquisa (2008)

Na primeira análise entre as empresas de manufatura (Natura, Petrobras e

Bunge) o resultado sugeriu a rejeição de H0 denotando que a evidenciação das

informações contidas nos relatórios de sustentabilidade de cada uma das empresas

é diferente. A análise feita entre os bancos sugeriu a aceitação de H0 supondo que a

evidenciação entre as empresas está dentro da mesma média, ou seja, pelo total de

observações as empresas apresentam um mesmo nível de evidenciação das

informações. Já na análise comparativa de todas as empresas, os resultados

apresentados sugeriram a rejeição de H0 supondo que a evidenciação das

informações contidas nos relatórios de sustentabilidade de cada uma das empresas

é diferente, explicado principalmente pelas empresas pertencerem a setores de

atividades diferentes, como na primeira análise comparativa.

6. Conclusão

Supõe-se a importância de se evidenciar quaisquer esforços que sejam feitos

em prol do bem comum, principalmente quando se fala da utilização moderada dos

recursos naturais para a preservação do meio ambiente. Alem disso viver em

sociedade implica em ser responsável com suas atitudes para que seja possível

viver em harmonia e com qualidade de vida.

Várias empresas, como fora explicado no decorrer desta pesquisa, têm se

conscientizado do seu importante papel na sociedade e tem buscado agir de acordo

com as propostas para um desenvolvimento sustentável, aliando a geração de valor

para seus acionistas e stakeholders sem agredir o meio ambiente e a sociedade em

que vivemos.

Com o argumento de que a geração de informações sustentáveis é um

assunto importante a ser discutido, e que a evidenciação dessas informações é

necessária para assegurar um nível de qualidade dos relatórios, essa pesquisa se

propôs a fazer análises acerca do comportamento de grandes empresas do cenário

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32

brasileiro de negócios para saber o comprometimento das mesmas com o meio

ambiente e com a sociedade, priorizando descobrir o nível de evidenciação dessas

informações.

Para o cumprimento dos objetivos propostos pela pesquisa, realizou-se

inicialmente uma revisão de literatura visando reunir os aspectos ligados à pesquisa,

determinando também o patamar de estudos a cerca do assunto. Reunimos todos os

aspectos ligados a sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, bem como

informações sobre a publicação atual de relatórios de sustentabilidade, focando os

relatórios publicados de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Global

Reporting Initiative – GRI.

A pesquisa foi feita analisando os relatórios de sustentabilidade das empresas

com nível de evidenciação A+, publicadas pela GRI no ano de 2008: Natura

Cosméticos, Petrobras, Bunge, Banco Real, Banco Bradesco e Banco Itaú. As

análises partiram da evidenciação das informações apresentadas nos relatórios

pelas empresas, dando ênfase aos indicadores de desempenho econômicos,

ambientais e sociais. Foi utilizado como base para análises técnicas de análise de

conteúdo qualitativas e quantitativas tendo como unidade de análise os 83

indicadores GRI, como também foram utilizados para analisar os dados, testes não-

paramétricos para medir o grau de evidenciação das informações das empresas

comparadas ao um modelo ideal de evidenciação e entre as mesmas.

Respondendo ao objetivo geral deste trabalho que foi identificar qual o nível

de evidenciação das informações sócio-ambientais dos relatórios de sustentabilidade

no ano de 2007 das empresas consideradas com nível de aplicação A+ pelo Global

Reporting Initiative, com base nos dados obtidos pela pesquisa podemos concluir

que:

As empresas selecionadas não atenderam prontamente ao nível de

evidenciação proposto pelas Diretrizes GRI. É perceptível que em vários aspectos

analisados as empresas não atenderam as recomendações da norma. Entretanto é

importante ressaltar que não foi intenção dessa pesquisa avaliar se a empresa está

agindo da melhor forma com relação às suas responsabilidades sócio-ambientais.

Mesmo porque em todos os relatórios analisados foi incontestável o grau de

comprometimento e a preocupação das empresas em demonstrarem a realidade de

suas atividades e o seu compromisso com a responsabilidade sócio-ambiental.

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33

Quanto à apresentação dos relatórios, recentemente foi sugerido pela GRI

que as empresas apresentassem um Sumário Remissivo dos Indicadores GRI e sua

devida localização no relatório já que a quantidade de indicadores é alta e os temas

abrangidos são bastante extensos. Todas as empresas analisadas possuem o

sumário em seus relatórios, contudo a subjetividade na forma de apresentação do

relatório dificulta a localização da informação.

Foi percebido também que a falta da obrigatoriedade e parametrização para a

publicação de informações sustentáveis ainda apresenta um problema no quesito

comparabilidade. Apesar dos relatórios abrangerem quase toda a totalidade dos

aspectos pedidos pelas diretrizes GRI, a falta de parametrização, desde a forma de

apresentação do relatório até as exigências de evidenciação do conteúdo, atrapalha

os usuários a encontrarem as informações de que precisam.

Ainda nesse sentido as informações dispostas pelas empresas muitas vezes

não atenderam ao nível de evidenciação sugerido pela norma, como exemplo, a

maioria dos indicadores deveriam ser apresentados sob a forma quantitativa

evidenciados em porcentagem, ou ainda sob a forma quantitativa monetária, o que

não ocorreu. Essas diferenças podem ser percebidas nos dados da análise de

evidenciação das informações contidas nos relatórios.

Quanto ao nível de evidenciação das informações, foram obtidos os

resultados a partir da aplicação de um teste estatístico que mediu o grau de

evidenciação entre o relatório de sustentabilidade das empresas comparado ao nível

de evidenciação ideal. Os resultados mostraram que nenhuma das empresas

atendeu ao nível ideal. O mais próximo do nível ideal foi o relatório apresentado pela

empresa Petrobras com um grau de aproximadamente 49% do ideal proposto pela

norma GRI.

Foi analisado também se havia diferenças entre o nível de evidenciação das

empresas. Constatou-se que entre os bancos, Real Bradesco e Itaú, o nível de

evidenciação foi considerado o mesmo. Já entre a Natura, Petrobras e Bunge o nível

de evidenciação foi diferente.

Sabe-se que há muitas variáveis que impactam a forma de apresentação dos

dados por uma empresa: a atividade, o tamanho, o setor de atuação, o volume de

negócios, quantidade de serviços prestados ou de produtos produzidos entre outros.

Entretanto as diretrizes GRI são aplicáveis a empresas de vários tamanhos,

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34

exatamente por possuir uma gama de informações que podem ser abordadas por

todo o tipo de empresas.

Apesar de a amostra ser pequena, composta por seis empresas, é importante

lembrar que essas são consideradas A+, nível mais alto de evidenciação. Portanto

essa pesquisa mostra que ainda há melhorias a serem feitas pelas organizações

para que se alcancem uma excelência na publicação de informações sustentáveis. É

importante salientar que essa melhoria vem sendo percebida ao longo dos anos

através dos resultados de pesquisas anteriores que, como esta, intencionaram

mostrar à sociedade aspectos relevantes acerca do mundo em que vivemos através

da utilização de ferramentas de análises para a obtenção e interpretação de dados e

fatos.

Por fim, diante da importância do tema, sugere-se que pesquisas futuras

possam vir a complementar este estudo. Pesquisas com amostras maiores,

contendo uma quantidade maior de empresas que publicam de acordo com os

padrões GRI, que compreendam um período maior de tempo, ou ainda estudos

comparativos entre as publicações de empresas brasileiras e empresas de outros

países.

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38

APÊNDICE A:

Evidenciação do conteúdo dos relatórios GRI

CONTEÚDO DO RELATÓRIO Ideal Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itau

Perfil 3 3 3 3 3 3 3

Forma de gestão 3 3 3 3 3 3 3

Indicadores de desempenho 3 3 3 3 3 3 3

Sumario índice remissivo GRI 2 1 2 2 2 2 2

INDICADORES DE DESEMPENHO

01. Indicadores de Desempenho Econômico

Aspecto: desempenho econômico

Ec1 3 3 3 3 3 3 3

Ec2 3 2 2 3 3 1 2

Ec3 3 3 2 2 3 3 3

Ec4 3 3 3 ñ apresenta 3 ñ apresenta ñ apresenta

Aspecto: presença no mercado

Ec5 3 2 3 3 3 3 3

Ec6 3 3 3 2 3 ñ apresenta 2

Ec7 2 2 2 2 1 1 ñ apresenta

Aspecto: impactos econômicos indiretos

Ec8 3 2 3 3 3 2 3

Ec9 3 3 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

02. Indicadores de Desempenho Ambiental

Aspecto: materiais

En1 2 2 1 2 2 ñ apresenta 2

En2 2 2 1 2 2 2 2

Aspecto: energia

En3 2 2 2 2 2 2 2

En4 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

En5 2 ñ apresenta

2 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta

En6 2 2 3 1 2 2 ñ apresenta

En7 2 ñ apresenta

2 ñ apresenta ñ apresenta 2 ñ apresenta

Aspecto: água

En8 2 2 2 2 2 1 2

En9 2 1 1 1 ñ apresenta 1 ñ apresenta

En10 2 2 1 2 ñ apresenta 1 2

Aspecto: biodiversidade

En11 2 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

En12 2 2 2 2 ñ apresenta 3 ñ apresenta

En13 2 2 3 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta

En14 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta 3 ñ apresenta

En15 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

Aspecto: emissões, efluentes e resíduos.

En16 2 2 2 2 2 2 2

En17 2 2 1 ñ apresenta 2 2 2

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39

En18 2 2 2 2 ñ apresenta 2 2

En19 2 ñ apresenta

1 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta

En20 2 ñ apresenta

2 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta

En21 2 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta 2

En22 2 2 2 2 3 2 2

En23 2 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

En24 2 2 1 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

En25 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

Aspecto: produtos e serviços

En26 2 2 3 1 3 2 3

En27 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta 2 ñ apresenta

Aspecto: conformidade

En28 3 ñ apresenta

3 2 ñ apresenta 3 ñ apresenta

Aspecto: transporte

En29 2 2 2 ñ apresenta 2 1 2

Aspecto: geral

En30 3 2 3 3 ñ apresenta ñ apresenta 3

03. Indicadores de Desempenho Social

03.01. Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente

Aspecto: emprego

La1 2 2 2 2 2 2 2

La2 2 2 2 2 2 2 2

La3 2 2 2 1 3 ñ apresenta 2

Aspecto: relações entre os trabalhadores e a governança

La4 2 1 2 2 2 2 2

La5 2 1 2 1 1 ñ apresenta 1

Aspecto: saúde e segurança no trabalho

La6 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta 2 2

La7 3 2 2 2 2 2 2

La8 1 1 1 1 2 1 1

La9 1 1 1 1 ñ apresenta 2 2

Aspecto: treinamento e educação

La10 2 2 2 2 2 2 2

La11 2 2 2 1 3 ñ apresenta 2

La12 2 1 1 1 ñ apresenta 2 2

Aspecto: diversidade e igualdade de oportunidades

La13 2 1 2 2 2 2 2

La14 3 3 2 2 2 2 2

03.02. Direitos Humanos

Aspecto: práticas de investimento e de processos de compra

Hr1 2 2 1 1 2 ñ apresenta ñ apresenta

Hr2 2 2 2 1 2 3 2

Hr3 2 2 2 ñ apresenta 3 3 ñ apresenta

Aspecto: não discriminação

Hr4 2 2 2 ñ apresenta 1 2 ñ apresenta

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40

Aspecto: liberdade de associação e negociação coletiva

Hr5 2 2 1 1 1 2 ñ apresenta

Aspecto: trabalho infantil

Hr6 2 2 3 1 2 1 ñ apresenta

Aspecto: trabalho forçado ou análogo ao escravo

Hr7 2 2 1 1 3 1 ñ apresenta

Aspecto: práticas de segurança

Hr8 2 1 1 1 ñ apresenta 1 2

Aspecto: direitos indígenas

Hr9 2 ñ apresenta

1 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

03.03. Sociedade

Aspecto: comunidade

So1 1 3 1 1 3 2 2

Aspecto: corrupção

So2 2 2 1 1 2 2 2

So3 2 ñ apresenta

1 1 2 1 2

So4 1 2 3 1 1 2 ñ apresenta

Aspecto: políticas públicas

So5 1 1 1 1 1 ñ apresenta 1

So6 3 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta 1 1

Aspecto: concorrência desleal

So7 2 ñ apresenta

ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

Aspecto: conformidade

So8 3 ñ apresenta

3 ñ apresenta 3 3 3

03.04. Responsabilidade pelo Produto

Aspecto: saúde e segurança do cliente

Pr1 2 2 3 1 3 1 1

Pr2 2 ñ apresenta ñ apresenta 3 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

Aspecto: rotulagem de produtos e serviços

Pr3 2 2 1 1 ñ apresenta 1 1

Pr4 2 ñ apresenta

ñ apresenta 3 3 ñ apresenta ñ apresenta

Pr5 2 2 2 2 2 2 2

Aspecto: comunicações de marketing

Pr6 1 1 1 2 ñ apresenta 1 1

Pr7 2 ñ apresenta ñ apresenta 1 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

Aspecto: conformidade

Pr8 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta 3 ñ apresenta

Aspecto: compliance

Pr9 3 ñ apresenta

3 1 3 3 3

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41

APÊNDICE B:

Matriz de resultados - Evidenciação das Informações

MATRIZ DE RESULTADOS

Nível Ideal Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú

1 6 11 21 24 6 15 7

2 59 47 38 30 23 32 32

3 18 10 18 10 21 14 11

ñ apresenta 0 15 6 19 33 22 33

Indi. totais 83 83 83 83 83 83 83

Indi. Apresent. 83 68 77 64 50 61 50

Qtd. indi. % 100% 82% 93% 77% 60% 73% 60%

MATRIZ DE RESULTADOS EM %

Nível Ideal Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú

1 7% 13% 25% 29% 7% 18% 8%

2 71% 57% 46% 36% 28% 39% 39%

3 22% 12% 22% 12% 25% 17% 13%

TOTAL 100% 82% 93% 77% 60% 73% 60%

APÊNDICE C: Estrutura dos Indicadores Essenciais

INDICADORES DE DESEMPENHO Ideal Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú

01. Indicadores de desempenho Econômico

Aspecto: desempenho econômico

Ec1 3 3 3 3 3 3 3

Ec2 3 2 2 3 3 1 2

Ec3 3 3 2 2 3 3 3

Ec4 3 3 3 ñ apresenta 3 ñ apresenta ñ apresenta

Aspecto: presença no mercado

Ec6 3 3 3 2 3 ñ apresenta 2

Ec7 2 2 2 2 1 1 ñ apresenta

Aspecto: impactos econômicos indiretos

Ec8 3 2 3 3 3 2 3

02. Indicadores de Desempenho Ambiental

Aspecto: materiais

En1 2 2 1 2 2 ñ apresenta 2

En2 2 2 1 2 2 2 2

Aspecto: energia

En3 2 2 2 2 2 2 2

En4 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

Aspecto: água

En8 2 2 2 2 2 1 2

Aspecto: biodiversidade

En11 2 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

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En12 2 2 2 2 ñ apresenta 3 ñ apresenta

Aspecto: emissões, efluentes e resíduos:

En16 2 2 2 2 2 2 2

En17 2 2 1 ñ apresenta 2 2 2

En19 2 ñ apresenta

1 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta

En20 2 ñ apresenta

2 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta

En21 2 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta 2

En22 2 2 2 2 3 2 2

En23 2 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta

Aspecto: produtos e serviços

En26 2 2 3 1 3 2 3

En27 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta 2 ñ apresenta

Aspecto: conformidade

En28 3 ñ apresenta

3 2 ñ apresenta 3 ñ apresenta

Aspecto: transporte

03. Desempenho Social

03.01. Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente

Aspecto: emprego

La1 2 2 2 2 2 2 2

La2 2 2 2 2 2 2 2

Aspecto: relações entre os trabalhadores e a governança

La4 2 1 2 2 2 2 2

La5 2 1 2 1 1 ñ apresenta 1

Aspecto: saúde e segurança no trabalho

La7 3 2 2 2 2 2 2

La8 1 1 1 1 2 1 1

Aspecto: treinamento e educação

La10 2 2 2 2 2 2 2

Aspecto: diversidade e igualdade de oportunidades

La13 2 1 2 2 2 2 2

La14 3 3 2 2 2 2 2

03.02. Direitos Humanos

Aspecto: práticas de investimento e de processos de compra

Hr1 2 2 1 1 2 ñ apresenta ñ apresenta

Hr2 2 2 2 1 2 3 2

Aspecto: não discriminação

Hr4 2 2 2 ñ apresenta 1 2 ñ apresenta

Aspecto: liberdade de associação e negociação coletiva

Hr5 2 2 1 1 1 2 ñ apresenta

Aspecto: trabalho infantil

Hr6 2 2 3 1 2 1 ñ apresenta

Aspecto: trabalho forçado ou análogo ao escravo

Hr7 2 2 1 1 3 1 ñ apresenta

Aspecto: práticas de segurança

03.03. Sociedade

Page 43: ANÁLISE DOS NÍVEIS DE EVIDENCIAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE … · 2011-02-08 · desempenho social e financeiro de 67 empresas americanas de 1982 a 1992. Os indicadores sociais foram

43

Aspecto: comunidade

So1 1 3 1 1 3 2 2

Aspecto: corrupção

So2 2 2 1 1 2 2 2

So3 2 ñ apresenta

1 1 2 1 2

So4 1 2 3 1 1 2 ñ apresenta

Aspecto: políticas públicas

So5 1 1 1 1 1 ñ apresenta 1

Aspecto: conformidade

So8 3 ñ apresenta 3 ñ apresenta 3 3 3

03.04. Responsabilidade pelo produto

Aspecto: saúde e segurança do cliente

Pr1 2 2 3 1 3 1 1

Aspecto: rotulagem de produtos e serviços

Pr3 2 2 1 1 ñ apresenta 1 1

Aspecto: comunicações de marketing

Pr6 1 1 1 2 ñ apresenta 1 1

Aspect: compliance

Pr9 3 ñ apresenta

3 1 3 3 3

APENDICE D: Matriz de resultados – Indicadores essenciais

MATRIZ DE RESULTADOS

Nível Ideal Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú

1 5 6 14 16 6 10 6

2 33 31 24 24 19 22 21

3 11 6 11 3 13 7 6

ñ apresenta 0 6 0 6 11 10 16

Indi. totais 49 49 49 49 49 49 49

Indi. Apresent. 49 43 49 43 38 39 33

Qtd. indi. % 100% 88% 100% 88% 78% 80% 67%

MATRIZ DE RESULTADOS EM %

Nível Ideal Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú

1 10% 12% 29% 33% 12% 20% 12%

2 67% 63% 49% 49% 39% 45% 43%

3 22% 12% 22% 6% 27% 14% 12%

TOTAL 100% 88% 100% 88% 78% 80% 67%

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ANEXO A: Listagem das Empresas que relataram conforme GRI no ano de 2008.

Fonte: (GRI, 2008)

Name Organization Report Title Publication Year Guidelines Application

Level Status Country Region Sector

ABN AMRO REAL Sustainability Report 2006-2007 2008 G3 A+ GRI-checked Brazil Latin America Financial Services

AES Electropaulo 2007 Sustainability Report 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Energy utilities

AES Tietê SA 2007 Sustainability Report 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Energy utilities

Ampla Relatório Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 A GRI-checked Brazil Latin America Energy

Anglo American Brasil RELATÓRIO PARA A SOCIEDADE 2008 G3 B+ GRI-checked Brazil Latin America Mining

Aracruz Celulose SA Relatorio Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 Undeclared Brazil Latin America Forest and Paper Products

Banco Bradesco 2007 Sustainability Report 2008 G3 A+ Third-party-checked Brazil Latin America Financial Services

Banco do Brasil 2007 Sustainability Report 2008 G3 B Third-party-checked Brazil Latin America Financial Services

Banco Itau Holding Sustainability Report 2007 2008 G3 A+ GRI-checked Brazil Latin America Financial Services

Bunge Partnership for Sustainability 2008 G3 A+ Third-party-checked Brazil Latin America Food and Beverage Products

Caixa Economico Federal 2007 Social Report 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Financial Services

Celulose Irani S.A. Relatório de Sustentabilidade 2007 2008 G3 B+ Third-party-checked Brazil Latin America Forest and Paper products

CEMIG s Sustainability Report 2007 2008 G3 B Self-declared Brazil Latin America Mining

Coelba Relatorio de sustentabilidade 2007 2008 G3 B Self-declared Brazil Latin America Energy

Coelce Relatório Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 A GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities

Copagaz Relatorio Socioambiental 2006 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Energy Utilities

Copel Annual Management and Sustainability Report 2007 2008 G3 A GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities

CPFL Energia 2008 Anual Report 2008 G3 A Self-declared Brazil Latin America Energy

Dedini 2007 Relatorio de Sustenibilidade 2008 G3 C Third-party-checked Brazil Latin America Equipment

Duratex Relatório Annual 2007 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Consumer Durables

Eletropaulo 2008 Sustainability Report 2008 G3 Undeclared Brazil Latin America Energy Utilities

Endesa Brasil Relatório Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 B GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities

Endesa Cachoeira Relatório Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 C GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities

Endesa CIEN Relatório Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 C GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities

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Endesa Fortaleza Relatório Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 C GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities

Energias do Brasil RELATÓRIO ANUAL 2007 2008 G3 B+ GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities

Eternit S. A. Relatório Anual 2007 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Construction Materials

Galvão Engenharia S/A 2007 Galvao Annual Report 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Construction

Grupo Estado Relatorio de Responsabilidade Corporativa 2007

2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Media

Holcim Brazil 2007 Relatorio de Sustenibilidade e Responsabilidade Social

2008 G3 B Third-party-checked Brazil Latin America Construction Materials

Itaipu Binacional Sustainability Report 2007 2008 G3 B+ Self-declared Brazil Latin America Energy

Light S.A. Relatório de Sustentabilidade 2007 2008 G3 B Self-declared Brazil Latin America Energy Utilities

Medley 2007 Relatório de Sustenibilidade e Responsabilidade Social

2008 G3 B+ Third-party-checked Brazil Latin America Health Care Products

Natura Cosméticos Relatório anual 2007 2008 G3 A+ GRI-checked Brazil Latin America Household and Personal Products

Petrobras Social and Environmental Report 2007 2008 G3 A+ GRI-checked Brazil Latin America Energy

Tractebel Energia Relatório Anual de Sustentabilidade 2008 G3 C GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities

Unilever Brazil 2007 Sustainability Report 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Conglomerates

Usina São Manoel Relatório de Sustentabilidade 2007 2008 G3 B GRI-checked Brazil Latin America Energy

Vale Relatório de Sustentabilidade 2007 2008 G3 B+ GRI-checked Brazil Latin America Mining

Wal-mart Brazil Relatorio de Sustentabilidade 2008 2008 G3 C GRI-checked Brazil Latin America Retailers

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