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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

    DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

    COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL

    MARCOS JOS SILVA DA CUNHA JNIOR

    ANLISE DOS RISCOS OCUPACIONAIS NO SETOR DE ARMAO DA

    CONSTRUO CIVIL: UM ESTUDO DE CASO EM FEIRA DE SANTANA-BA

    FEIRA DE SANTANA

    2012

  • ii

    MARCOS JOS SILVA DA CUNHA JNIOR

    ANLISE DOS RISCOS OCUPACIONAIS NO SETOR DE ARMAO DA

    CONSTRUO CIVIL: UM ESTUDO DE CASO EM FEIRA DE SANTANA-BA

    Trabalho de Concluso de Curso

    apresentado ao Departamento de

    Tecnologia da Universidade

    Estadual de Feira de Santana como

    requisito para obteno de ttulo de

    bacharel em Engenharia Civil.

    Orientadora: Prof Doutora Sarah Patrcia de Oliveira Rios

    FEIRA DE SANTANA

    2012

  • iii

    MARCOS JOS SILVA DA CUNHA JNIOR

    ANLISE DOS RISCOS OCUPACIONAIS NO SETOR DE ARMAO DA

    CONSTRUO CIVIL: UM ESTUDO DE CASO EM FEIRA DE SANTANA-BA

    Monografia submetida banca

    examinadora como parte dos

    requisitos necessrios para a

    obteno do grau de bacharel em

    Engenharia Civil.

    Feira de Santana, 16 de maro de 2012

    BANCA EXAMINADORA

    Prof Doutora Sarah Patrcia de Oliveira Rios

    Universidade Estadual de Feira de Santana

    Prof. Esp. Srgio Tranzillo Frana

    Universidade Estadual de Feira de Santana

    Eng. Esp. Paulo Roberto Peruna da Silva

    L. Marquezzo Construes e Empreendimentos LTDA

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a DEUS, que sempre iluminou meu caminho com suas

    luzes de amor e esperana, dando-me foras para acreditar que tudo daria certo, mesmo nos

    momentos difceis em que fraquejei. Obrigado SENHOR

    Aos meus pais, Marcos Cunha e Regina Clia, pelo amor dedicado e apoio nas

    horas difceis, em especial a minha amada me que sempre tem as palavras certas no

    momento certo e abdicou de realizaes pessoais para que eu pudesse chegar at aqui, sem

    voc eu com certeza no alcanaria essa conquista. Ao meu mano Netinho, o qual amo e

    me orgulho de ser irmo e que sempre esteve ao meu lado. Te amo.

    A minha querida v Nida, que faz de tudo pelo meu bem, sempre aconselhando

    sobre a vida e incentivando meus estudos. Aos meus tios Marcelo, Marconi e tia Helena

    pelo carinho e apoio. Um agradecimento especial para aqueles que deixaram saudades: v

    Eulivaldo, v Antonio, v Alvina, tia Nilza, tio Raimundo, tio Roque e tio Romrio. Nunca

    esquecerei de vocs.

    A minha futura esposa que amo, Ana Naara, pelo carinho, apoio, puxes de orelhas

    e ajuda nos momentos difceis, e aos seus pais por acolher-me bem nas minhas idas

    Valente.

    A turma 2006.2, em especial: a Petr, Tiago, Bruno, Walmer, Mailson, Tain e

    Norma, pelos momentos de estudo e diverso que passei com vocs, tornando mais fcil

    minha estadia longe de casa. Ao pessoal do Pensionato: Samuel, Leo, Ronaldo. Galera alto

    astral que sempre renova minhas energias.

    A L.Marquezzo, em especial a Paulo Peruna e Nelson Brito, por acreditarem no

    meu potencial e pela oportunidade de estagiar em uma empresa estruturada, onde tive a

    oportunidade de aprender e conhecer os desafios que encontrarei como engenheiro.

    A UEFS e seus professores, que ao compartilharem seus conhecimentos nos do

    oportunidade de traar um plano de vida com melhores oportunidades, e em especial a

    minha orientadora Prof. Sarah Rios pela pacincia e por buscar sempre orientar da melhor

    maneira possvel.

  • v

    Nosso rosto verdadeiro deve ter

    a serenidade de quem lutou e venceu, a

    sabedoria de quem lutou e perdeu e a f de

    quem ainda tem muitas histrias para

    viver e crescer.

    Roberto Shinyashiki

  • vi

    RESUMO

    CUNHA JR, M. J. S. Anlise dos riscos ocupacionais no setor de armao da

    construo civil: um estudo de caso em Feira de Santana-BA Feira de Santana, 2012.

    Trabalho de Concluso de Curso (Graduao em Engenharia Civil) Universidade

    Estadual de Feira de Santana.

    Em todos os ambientes de trabalho, seja qual for a profisso exercida, existem

    riscos ocupacionais ou profissionais que comprometem a segurana das pessoas,

    facilitando a ocorrncia de acidentes que podem causar leses aos envolvidos, alm de

    gerar prejuzos econmicos para as empresas e sociedade. Assim, o presente trabalho tem

    como objetivo principal fazer uma anlise dos riscos existentes no ambiente de trabalho

    dos armadores de ao, visando apontar os perigos existentes nesse setor e averiguar o grau

    de conhecimento que os armadores tm sobre os riscos que esto expostos. Para tanto, foi

    realizado um estudo de caso em uma obra de uma empresa do ramo de construo civil no

    municpio de Feira de Santana-BA. Desse modo foi feita uma avaliao que levou em

    conta os seguintes aspectos: anlise dos resultados do questionrio e observaes feitas em

    campo. A partir dos questionrios foi possvel perceber que a maioria dos armadores sabe

    apontar pelo menos um risco presente no setor e sentem-se seguros no desenvolvimento de

    suas funes, sendo que todos utilizam os equipamentos de proteo individual obrigatrio

    de acordo com a atividade exercida. De maneira geral, o canteiro de obra visitado

    encontrou-se com os procedimentos e requisitos em conformidade com o que exigido

    pela norma de segurana como: inexistncia de pontas verticais de vergalhes de ao

    desprotegidas; dobragem e o corte de vergalhes de ao feitos sobre bancadas apropriadas,

    estveis e afastadas da rea de circulao de trabalhadores. A pesquisa tambm apontou

    que no houve registros de acidentes de trabalho entre os armadores da obra, do perodo

    que vai do incio da construo do empreendimento, 12 de setembro, at 21 de dezembro

    de 2011, data em que foi concluda a pesquisa.

    PALAVRAS CHAVE: Segurana do trabalho; riscos ocupacionais; setor de armao,

    NR-18

  • vii

    ABSTRACT

    CUNHA JR, M. J. S. Analysis of occupational risks in the sector frame

    construction: a case study in Feira de Santana-BA. Feira de Santana, 2012. Completion

    of course work (graduate in Civil Engineering) - State University of Feira de Santana.

    In all workplaces, no matter what work is in process, there are professional or

    occupational hazards that endanger the peoples safety facilitating the occurrence of

    accidents that cause injuries to those involved, and generate economic losses to businesses

    and society. Thus, this study's main objective is to analyze the risks in the workplace of the

    steel benders, aiming to identify the hazards in this sector and verify how much aware the

    steel benders are about the risks that they are exposed. Therefore, we conducted a case

    study in a work of a branch company of construction in the city of Feira de Santana-BA.

    So it was made an evaluation that took into account the following aspects: analysis of

    survey results and observations made in the field. From the questionnaires it was revealed

    that most steel benders know at least one risk point in this sector and feel secure in the

    development of its functions, all of which use the personal protective equipment required

    according to the activity performed. In general, visited the construction site met with the

    procedures and requirements in accordance with what is required by safety standard such

    as: lack of vertical edges of unprotected steel bars, rebar cutting and bending steel was

    done on countertops made appropriately, stable and away from the transit areas. The

    survey also found that there were no reports of accidents at work among the owners of the

    work, the period from the beginning of construction of the project, September 12 until

    December 21, 2011, when the survey was completed.

    KEYWORDS: Work safety, occupational risks; sector frame, NR-18

  • viii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Efeito Domin (Heinrich, 1959, apud Almeida, 2006). ....................... 11

    Figura 2 Causas dos acidentes de trabalho em 2009 (Revista Tchne, 2009).... 12

    Figura 3 - Acidentes de trabalho no Brasil de 1990 a 2009 (DIESAT, 2009). ..... 13

    Figura 4 Composio dos custos de acidentes de trabalho (BARKOKEBAS JR,

    Bda et al, 2004). .................................................................................................. 14

    Figura 5 - Intensidade dos riscos ocupacionais (Freitas e Suett, 2006). ............... 19

    Figura 6 EPI usados no setor de armao (Maxipas, 2011). .............................. 22

    Figura 7 - Operador da policorte qualificados nos termos da NR - 18 (SEBRAE,

    s.d). ........................................................................................................................ 23

    Figura 8 Imagem de satlite da localizao do empreendimento (GOOGLE

    MAPS, 2012). ........................................................................................................ 27

    Figura 9 Faixa etria dos armadores. .................................................................. 29

    Figura 10 Estado civil dos armadores. ............................................................... 30

    Figura 11 - Nmero de filhos dos armadores. ....................................................... 30

    Figura 12 - Tempo de servio dos armadores. ...................................................... 31

    Figura 13 - Grau de escolaridade dos armadores. ................................................. 31

    Figura 14 - EPI utilizados pelos armadores........................................................... 32

    Figura 15 - Noo de existncia de riscos no setor de Armao. .......................... 33

    Figura 16 - Riscos apontados pelos armadores. .................................................... 34

    Figura 17 - Armadores expostos a riscos ergonmicos na montagem das telas das

    lajes. ....................................................................................................................... 35

    Figura 18 - Armadores expostos a riscos ergonmicos no transporte de vergalhes

    de ao. .................................................................................................................... 35

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  • ix

    Figura 19 - Armador exposto a risco ergonmico durante a dobra de barras de ao.

    ............................................................................................................................... 36

    Figura 20 - Armadores trabalhando prximo a locais com possveis animais

    peonhentos. .......................................................................................................... 36

    Figura 21 - Operador da policorte exposto a riscos fsicos, qumicos e de

    acidentes. ............................................................................................................... 37

    Figura 22 - ndice de acidentes entre os entrevistados. ......................................... 38

    Figura 23 - Relao entre causas e consequncias dos acidentes sofridos pelos

    entrevistados. ......................................................................................................... 38

    Figura 24 - Opinio sobre a sensao de segurana. ............................................. 39

    Figura 25 - Porcentagem de armadores que receberam treinamento em Segurana

    e Sade do Trabalho. ............................................................................................. 40

    Figura 26 - Horas de treinamento em Segurana e Sade do Trabalho. ............... 40

  • x

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Fatores que influenciam na ocorrncia de acidentes de trabalho

    (CHIAVENATO, 1999). ....................................................................................... 11

    Quadro 2 - Classificao dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo

    com sua natureza (BRASIL, 1994). ...................................................................... 17

    Quadro 3 - Avaliao do setor de armao segundo a NR-18. ............................. 42

  • xi

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    CIPA Comisso Interna de Preveno de Acidentes

    CLT Consolidao das Leis do Trabalho

    DIESAT Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de

    Sade e dos Ambientes de Trabalho

    EPI Equipamento de Proteo Individual

    ICC Indstria da Construo Civil

    INSS Instituto Nacional de Seguridade Social

    IOHA International Occupational Hygiene Association

    NR Norma Regulamentadora

    OMS Organizao Mundial da Sade

    OIT Organizao Internacional do Trabalho

    PCMAT Programa de Condies do Meio Ambiente de Trabalho

    PBQP-H Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do

    Habitat.

    PIB Produto Interno Bruto

    SESMT Servios Especializados em Engenharia de Segurana e

    Medicina do Trabalho

    SST Segurana e Sade no Trabalho

    http://www.ioha.net/

  • xii

    SUMRIO

    1. INTRODUO .......................................................................................................... 1

    1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................... 2

    1.1.2 Geral ......................................................................................................................... 2

    1.1.3 Especficos ................................................................................................................ 2

    1.2 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 3

    1.3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 4

    2. FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................. 5

    2.1 A EVOLUO HISTRICA DA SEGURANA E SADE DO TRABALHO NO

    MUNDO. .......................................................................................................................... 5

    2.2 SEGURANA E SADE DO TRABALHO NO BRASIL ...................................... 6

    2.3 DEFINIES USUAIS EM SEGURANA E SADE DO TRABALHO. ............. 7

    2.4 CAUSAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO ..................................................... 10

    2.5 CONSEQUNCIAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO.................................... 13

    2.6 RISCOS OCUPACIONAIS ..................................................................................... 15

    2.7 SETOR DE ARMAO .......................................................................................... 20

    3. ESTUDO DE CASO ................................................................................................. 25

    3.1 O QUESTIONRIO ................................................................................................ 25

    3.2 CARACTERIZAO DA EMPRESA ................................................................... 26

    3.3 CARACTERIZAO DA OBRA ........................................................................... 27

    3.4 O SETOR DE ARMAO DA OBRA ................................................................... 28

    3.5 ANLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 29

  • xiii

    3.5.1 Perfil dos Armadores .............................................................................................. 29

    3.5.2 Quanto ao Uso dos EPI. .......................................................................................... 32

    3.5.3 Quanto a Noo de Existncia de Riscos no Setor de Armao. ........................... 32

    3.5.4 Quanto ao Nmero de Acidentes de Trabalho Sofridos ......................................... 37

    3.5.5 Quanto a Sensao de Segurana ........................................................................... 39

    3.5.6 Quanto ao Treinamento Recebido .......................................................................... 40

    3.5.7 Entrevista com a Tcnica de Segurana ................................................................. 41

    3.5.8 Anlise do Setor de Armao Conforme A NR-18 ................................................ 42

    4. CONCLUSO ........................................................................................................... 44

    REFERNCIAS ........................................................................................................... 46

    ANEXO....................... ................................................................................................... 49

  • ii

    1. INTRODUO

    Desde o principio da humanidade, a construo civil existiu com o objetivo de

    atender s necessidades bsicas do homem, como se abrigar e proteger de animais ferozes

    e intempries naturais, sem preocupao com material e tcnica aprimorada em um

    primeiro momento, empregando materiais que encontravam na natureza como pedra,

    madeira e argila.

    Com o passar do tempo, as construes tornaram-se maiores e mais complexas,

    houve assim a necessidade da criao e emprego de novas tcnicas construtivas e tipos de

    materiais como os cermicos, o cimento, o concreto armado e o emprego do ao.

    Hoje o ao largamente usado na construo civil, podendo estar presente como

    parte das obras em vigas, pilares, lajes ou como material principal em estruturas metlicas.

    Assim houve a necessidade da criao de uma categoria responsvel pelo seu manuseio em

    todas as etapas da obra, sendo tal categoria formada pelos armadores. Segundo estudos

    realizado por Carvalho et al (1998), cerca de 7,49% da mo-de-obra empregada na

    construo civil composta por armadores, e estes sofrem em mdia 9,5% do total

    acidentes de trabalho que ocorrem nos canteiros de obra.

    J estudos de Costella et al (1998), realizados em obras no Rio Grande do Sul,

    mostraram que os armadores sofrem 2,6% do total de acidentes registrados, ocupando a

    quarta posio no ranking de acidentes em construes, ficando atrs dos serventes,

    pedreiros e carpinteiros.

    Os armadores, apesar de terem uma porcentagem baixa de acidentes quando

    comparados a outros profissionais, tambm esto expostos a vrios tipos de riscos

    profissionais, que podem ser divididos em riscos ambientais e operacionais. Consideram-se

    riscos ambientais os agentes fsicos, qumicos e biolgicos existentes nos ambientes de

    trabalho. J os riscos operacionais se dividem em riscos de acidentes e ergonmicos.

    Desses cinco subtipos de riscos apresentados, quatro esto presentes no setor de armao,

    no se enquadrando apenas os biolgicos, o que revela um elevado grau de risco no setor.

    Audio prejudicada por rudos de mquinas, leses por repetitividade de

    movimentos, cortes e ferimentos so alguns dos acidentes sofridos pelos armadores. Estes

  • 2

    acidentes, como a maioria na construo civil, so evitveis. Assim, de fundamental

    importncia investimentos em segurana e sade do trabalho (SST) com carter preventivo

    para reduzir ou at eliminar a ocorrncia desses fatos, que ocasionam prejuzos no apenas

    para as vtimas, mas tambm ao estado e empresa contratante.

    1.1 OBJETIVOS

    1.1.2 Geral

    O objetivo geral deste trabalho analisar os riscos das atividades desenvolvidas

    pelos trabalhadores do setor de armao da construo civil em um canteiro de obras no

    municpio Feira de Santana-BA.

    1.1.3 Especficos

    Avaliar o conhecimento que os armadores tm sobre os riscos em sua

    profisso por meio de entrevistas e questionrios;

    Conferir se o ambiente de trabalho dos armadores segue as recomendaes

    da NR-18 atravs de observaes no local;

    Verificar se os armadores utilizam os Equipamentos de Proteo Individual

    (EPI) obrigatrios para seu cargo mediante entrevistas com os envolvidos;

    Averiguar se a empresa toma medidas de proteo coletiva no setor de

    armao por intermdio de entrevistas com o responsvel pela segurana no canteiro de

    obra e observaes feitas no ambiente de trabalho.

  • 3

    1.2 JUSTIFICATIVA

    A Indstria da Construo Civil (ICC) um dos setores da economia que apresenta

    as piores condies de segurana, em nvel mundial. Tal situao no ocorre somente por

    falta de legislao ou equipamentos de segurana adequados, mas tambm pela falta de

    conscientizao que todos, trabalhadores, empresrios e profissionais da rea devem ter em

    relao preveno, de modo a evitar os acidentes e doenas ocupacionais.

    Dentro desse contexto, o armador que o responsvel pela montagem das

    armaduras de ao das obras tambm fica vulnervel a sofrer acidentes. Os riscos no setor

    de armao esto relacionados principalmente postura corporal na execuo das tarefas e

    utilizao da mquina de policorte no corte de vergalhes de ao, que produz rudos

    prejudiciais a audio, expe o profissional a leses corporais, alm de produzir poeira

    metlica que inalada causa danos aos pulmes.

    Apesar dos riscos, no ocorrem muitos acidentes registrados nesse setor. Porm,

    relevante conhecer os riscos presentes no ambiente de armao com o intuito de auxiliar na

    escolha e adoo de mtodos mais eficientes para a proteo da integridade fsica e mental

    da sade do trabalhador no exerccio de seu trabalho.

    Alm disso, so poucas as pesquisas voltadas para esse setor que tenham como

    objetivo a anlise dos riscos no mesmo, o que refora a importncia do desenvolvimento

    de trabalhos com esse foco.

    A escolha da obra para a realizao do estudo de caso nesse trabalho justificada

    pela facilidade de acesso e pelo prvio conhecimento sobre a realidade da obra por parte do

    pesquisador.

  • 4

    1.3 METODOLOGIA

    A princpio houve a elaborao da fundamentao terica, com intuito de fornecer

    bases tericas para a conduo do estudo de caso. Foram utilizados livros, dissertaes,

    sites especializados, artigos e pesquisas publicadas por rgos competentes. Os assuntos

    pesquisados dizem respeito segurana e sade do trabalho, riscos profissionais e

    informaes do setor de armao.

    Posteriormente houve a realizao de um estudo de caso no perodo de 14/12/2011

    21/12/2011 em um canteiro de obra vertical na cidade de Feira de Santana-BA, onde

    foram utilizados quatro tipos de dados: questionrios, entrevistas, observao in loco e

    registro fotogrfico, deixando o pesquisador em contato prximo ao fenmeno estudado.

    Foi aplicado um questionrio por armador, totalizando 31 questionrios. Com a

    tcnica de segurana da obra foram colhidas informaes atravs de entrevista, que teve

    durao aproximada de uma hora, onde pde ser avaliada a situao da segurana do

    trabalho no setor de armao da obra.

    As observaes foram feitas de modo a verificar as mesmas tarefas sendo

    executadas vrias vezes e podendo assim, analisar todas as etapas envolvidas no

    desempenho das atividades dirias e em todo o processo operacional. Por fim, foram feitos

    registros fotogrficos visando apontar os riscos para os armadores na execuo de suas

    atividades e avaliar seu ambiente de trabalho.

    Aps a realizao da pesquisa em campo, foi feita uma anlise interpretativa dos

    resultados, mostrando de maneira descritiva e/ou por meio de representaes grficas o

    perfil dos entrevistados, o conhecimento que eles possuem sobre os riscos em sua profisso

    e se obra se enquadra nos requisitos das normas apresentadas anteriormente.

  • 5

    2. FUNDAMENTAO TERICA

    2.1 A EVOLUO HISTRICA DA SEGURANA E SADE DO TRABALHO NO

    MUNDO.

    Existem indcios muito antigos de preocupaes sobre a vida dos trabalhadores e

    que podem ser encarados como indicativos para a histria da segurana do trabalho. Entre

    estes esto os trabalhos de Hipcrates (460-357 A.C.) e Plnio, o Velho (23-79 D.C.) que

    tratavam da ocorrncia de doenas pulmonares entre os mineiros (MOREIRA, 2003).

    Georg Bauer, no ano de 1556 publicou o livro "De Re Metallica", que trata de

    acidentes e doenas de trabalho ligadas minerao e fundio de ouro e prata. Nesta obra,

    Bauer trata mais especificamente da inalao de poeiras que causam a "asma dos

    mineiros", que de acordo com os sintomas deve ser tratada como silicose.

    Em 1700, na Itlia, Bernardino Ramazzini, publicou o livro De Morbis Artificium

    Diatriba, obra que descreve as doenas relacionadas cerca de cinqenta profisses. Por

    essa importante obra, Bernardino ficou conhecido como o Pai da Medicina do Trabalho

    (MOREIRA, 2003).

    Na poca da publicao deste livro, o nmero de doenas profissionais era baixo,

    decorrente da predominncia das atividades artess, que eram realizadas por um reduzido

    quadro de trabalhadores; com isso os casos de doenas profissionais eram pequenos, assim

    pouco interesse surgiu com relao aos problemas citados na obra de Ramazzini.

    No sculo XVIII surge na Inglaterra a Revoluo Industrial, um movimento onde

    houve a implantao de maquinrios na linha de produo das indstrias. As tarefas

    passaram a ser repetitivas e montonas, o que levou a um crescente nmero de acidentes.

    Alm disso, homens, mulheres e at mesmo crianas eram selecionados sem qualquer

    exame inicial quanto sade, desenvolvimento fsico ou qualquer outro fator humano.

    Nos postos de trabalhos a falta de ventilao gerava altas temperaturas, haviam

    rudos provocados por precrias mquinas, a iluminao era deficiente etc. Esses fatores

    contribuam para o elevado nmero de acidentes.

  • 6

    Em 1802, foi aprovada a lei de sade e moral dos aprendizes, primeira lei de

    proteo aos trabalhadores. Est lei estabeleceu limite de 12 horas de trabalho dirio,

    proibio do trabalho noturno e tornava obrigatria a ventilao nas fbricas. Essas

    medidas no surtiram efeito com relao reduo no nmero de acidentes de trabalho

    (BITENCOURT E QUELHAS, s.d).

    No ano de 1833, surgiu a Factory Act, a primeira legislao eficiente para a

    proteo do trabalhador. Est legislao proibia o trabalho noturno aos menores de dezoito

    anos, restringiu o horrio de trabalho para 12 horas dirias e 96 horas semanais,

    obrigatoriedade de escolas nas fbricas para os menores de 13 anos, a idade mnima de

    trabalho passou a ser 9 anos e tornou-se obrigatria a presena de mdicos nas fbricas

    (BITENCOURT E QUELHAS, s.d).

    J em 1897 criou-se a Inspetoria das Fbricas com o objetivo de realizar exames de

    sade peridicos no trabalhador, alm de estudar as doenas profissionais. Em 1919

    fundada em Genebra a Organizao Internacional do Trabalho (OIT), tendo como objetivo

    estudar, desenvolver, difundir e recomendar formas de relaes de trabalho.

    No ano de 1950 a Organizao Internacional do Trabalho (OIT) junto a

    Organizao Mundial da Sade (OMS), aprovaram uma resoluo que seria a primeira

    definio sobre as funes da medicina do trabalho. Em 1987 houve a criao da

    International Occupational Hygiene (IOHA), destinada ao desenvolvimento da higiene

    ocupacional.

    2.2 SEGURANA E SADE DO TRABALHO NO BRASIL

    O Brasil aderiu a OIT em 1919, mesmo ano de criao da primeira lei trabalhista do

    pas, lei esta que estabelecia prescries ao setor ferrovirio, j que nesse perodo a

    industrializao do pas era quase inexistente. Contudo, nove anos depois, o pas deixou a

    OIT.

    No governo de Getlio Vargas foi criado o Ministrio do Trabalho, Indstria e

    Comrcio, estabelecendo jornadas de trabalho e leis sobre higiene, o que levou a

  • 7

    elaborao da Consolidao das Leis Trabalhistas (CLT) em 1943 (MARTINS E SERRA,

    2003).

    No ano de 1967, houve a primeira importante mudana na CLT, com destaque para

    criao e implantao pelas empresas do Servio Especializado em Engenharia de

    Segurana e em Medicina do Trabalho (SESMT) e cinco anos depois a criao de normas

    especficas para a construo civil.

    No incio da dcada de 70, o Brasil era o detentor do ttulo de campeo mundial de

    acidentes; assim em 1977 foi criada a Lei n 6.514/77 que alterou o Captulo V, Ttulo II

    da CLT com o propsito de ampliar as exigncias preventivas em SST. J em 1978 o

    Ministrio do Trabalho e Emprego regulamenta os artigos contidos na CLT por meio da

    Portaria n 3.214/78, criando vinte e oito Normas Regulamentadoras - NR. Com a

    publicao da Portaria n 3214/78 se estabelece a concepo de sade ocupacional

    (MARTINS E SERRA, 2003).

    Dentre as Normas Regulamentadoras (NR) criadas em 1978, citadas no capitulo V,

    do ttulo II da CLT, est a NR-18, que versa sobre as condies e meio ambiente de

    trabalho na indstria da construo. A mesma vem sofrendo alteraes, de modo que em

    1995 houve a incluso do Programa de Condies e Meio Ambiente de Trabalho na

    Indstria da Construo (PCMAT).

    2.3 DEFINIES USUAIS EM SEGURANA E SADE DO TRABALHO.

    O ambiente de trabalho, independente da profisso exercida, composto por um

    conjunto de fatores relacionados que atua direta e/ou indiretamente na qualidade de vida

    das pessoas e nos resultados das atividades desenvolvidas. Quando um ou mais desses

    fatores escapam de controle, tornam o local de trabalho propcio para ocorrncia dos

    acidentes do trabalho.

    Logo, em nosso ambiente de trabalho necessitamos encontrar condies capazes de

    proporcionar o mximo de proteo e, ao mesmo tempo, satisfao no trabalho. Esta

    combinao resulta em acrscimo de produtividade e qualidade dos servios, reduo do

  • 8

    absentesmo, diminuio das doenas e acidentes do trabalho. A preveno de acidentes

    um programa de longo prazo com o objetivo de conscientizar os envolvidos no processo a

    proteger a sua prpria vida e a de seus companheiros.

    Nesse sentido surgiram a Higiene e Segurana do Trabalho que so atividades

    correlacionadas, sendo importantes na preveno de acidentes e garantia de condies

    pessoais e materiais de trabalho, capazes de manter certo nvel de sade dos empregados

    no ambiente laboral, podendo ser entendidas respectivamente como:

    a) Higiene do trabalho refere-se a um conjunto de normas e procedimentos

    que visa proteo da integridade fsica e mental do trabalhador, preservando-o dos riscos

    de sade inerentes s tarefas do cargo e ao ambiente fsico onde so executadas

    (CHIAVENATO, 1999, p.376).

    b) A segurana do trabalho o conjunto de medidas tcnicas, educacional,

    mdica e psicolgica utilizadas para prevenir acidentes, seja eliminando condies

    inseguras do ambiente, seja instrumentando ou convencendo as pessoas da utilizao de

    prticas preventivas (CHIAVENATO, 2004, p. 352).

    Assim a higiene do trabalho prope-se a identificar e controlar os riscos

    profissionais no local de trabalho que possam prejudicar a sade do trabalhador. J a

    segurana do trabalho prope combater os acidentes de trabalho, atravs da eliminao ou

    diminuio das condies inseguras do ambiente de trabalho.

    Um dos conceitos sobre acidente de trabalho pode ser encontrado no Art 19, Cap II,

    da Lei Federal n 8213/91, no qual:

    Acidente de trabalho o que ocorre no exerccio do trabalho a servio da

    empresa ou pelo exerccio do trabalho dos segurados referidos no inciso

    VII do artigo 11 desta lei, provocando leso corporal ou perturbao

    funcional que cause a morte ou perda ou ainda a reduo permanente ou

    temporria da capacidade para o trabalho (BRASIL - Lei Federal n

    8213, 1991).

  • 9

    Esta lei garante ao acidentado uma ajuda financeira enquanto estiver afastado do

    seu trabalho em virtude do acidente, ou de indenizao, se houver perda permanente de

    capacidade para o trabalho.

    Ainda pela Lei Federal n 8213/91 da legislao previdenciria considera-se como

    acidente do trabalho:

    a) Acidente de trajeto, aquele que ocorre durante o trajeto entre a

    residncia do trabalhador e o local de trabalho.

    b) Doena profissional, assim entendida, produzida ou desencadeada pelo

    exerccio do trabalho.

    c) Doena do trabalho, assim entendida, adquirida ou desencadeada em

    funo de condies especiais em que o trabalho realizado (BRASIL

    Lei Federal n 8213, 1991).

    Na esfera jurdica, Diniz (2007) define o acidente de trabalho como sendo um

    acontecimento lesivo, fruto do exerccio do trabalho que causa no empregado, direta ou

    indiretamente, leso corporal, perturbao funcional ou doena que leve a morte, perda

    total ou parcial, permanente ou temporria, da capacidade de execuo do trabalho.

    Leso corporal qualquer dano fsico, por exemplo, uma fratura, um machucado ou

    perda de um membro. Perturbao funcional entendida como prejuzo ao funcionamento

    de qualquer rgo ou sentido, como uma perturbao mental, ou prejuzo ao

    funcionamento do pulmo.

    Diniz (2007) ainda classifica o acidente de trabalho em tpico e atpico. O

    primeiro faz meno ao acidente de trabalho que acontece de maneira inesperada na prtica

    do trabalho, causando danos integridade fsica ou mental do trabalhador. A segunda

    classificao considera atpico, o acidente de trabalho proveniente de doenas sofridas pelo

    operrio, em razo de sua profisso.

    Alm do conceito legal de acidente de trabalho apresentado existe uma definio

    prevencionista, onde acidente do trabalho so todas as ocorrncias estranhas ao

    andamento normal do trabalho e no programadas, das quais podem resultar danos fsicos,

    funcionais ou a morte do trabalhador e danos materiais e econmicos empresa"

    (ZOCCHIO, 2002, p.59).

  • 10

    Podemos perceber que todas as conceituaes apresentadas esto ligadas a algum

    tipo de perda, leso, contudo podemos afirmar que a conceituao mais ampla que

    podemos notar a prevencionista, onde qualquer ocorrncia inesperada um fato

    determinante para ser considerado como acidente, pois a preveno ainda o maior trunfo

    da segurana para garantir um ambiente de trabalho seguro.

    Assim, a diferena fundamental entre a viso legal e a prevencionista que a

    primeira definio considera acidente de trabalho apenas se houver leso para o

    trabalhador no levando em conta os prejuzos produo e equipamentos da empresa.

    Outra diferena importante quanto aos conceitos de acidentes do trabalho, j

    definidos anteriormente, e incidentes, o qual pode ser entendido como ocorrncias que

    tiveram caractersticas e potencial para causar um dano, este por sua vez, no deixam

    sinais de leso em algum ou de prejuzo empresa (MENEZES, 2004, p. 31).

    2.4 CAUSAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO

    Diante das definies de acidentes e incidentes do trabalho surge o interesse de

    conhecer as causas provenientes dos mesmos. Existem vrias causas relacionadas ao

    acidente de trabalho, sendo que um grande nmero de autores divide-as em: condies

    inseguras, atos inseguros e eventos catastrficos.

    De acordo com Michel (2001) as condies inseguras so defeitos tcnicos

    presentes no meio de trabalho, que compromete a integridade fsica do trabalhador, a

    funcionalidade e segurana das instalaes e equipamentos; a falta de limpeza, iluminao

    deficiente e falta de dispositivos de segurana so alguns exemplos de condies inseguras.

    Os atos inseguros esto relacionados exclusivamente a conduta humana, decorrente do no

    cumprimento dos procedimentos de segurana durante a execuo de atividades; podemos

    citar como exemplo o manuseio incorreto de cargas, no uso de EPI e consumo de bebidas

    alcolicas durante o expediente. J os eventos catastrficos decorrem de fenmenos

    naturais como inundaes, tempestades etc.

  • 11

    Entre as medidas preventivas para evitar acidentes indicadas por Chiavenato (1999)

    esto: eliminar os atos inseguros por meio de exames mdicos adequados, treinamento,

    comunicao interna, eliminao das condies inseguras por meio do mapeamento de

    reas de risco, anlise profunda dos acidentes e apoio da alta administrao

    Heinrich, em 1959, embasado em seu estudo com aproximadamente cinco mil

    eventos, criou o primeiro modelo sobre causas dos acidentes. O autor notou que as leses

    eram conseqncias de acidentes que por sua vez eram resultados de ato ou condies

    inseguras decorrentes do comportamento humano (HEINRICH, 1959, apud ALMEIDA,

    2006). Essa seqencia interligada recebeu a denominao de Efeito Domin, mostrado

    na figura 1.

    Na figura 1, observa-se que necessrio que pelo menos um dos fatores dessa

    sequncia seja interrompido para o acidente ser evitado.

    Com relao personalidade observa-se que existem fatores que podem influenciar

    na ocorrncia de acidentes de trabalho. Chiavenato (1999) instituiu as caractersticas

    pessoais, predisposies e tendncias de comportamento, tipos de comportamento

    especfico e incidncia de comportamentos acidentais que compe as causas dos acidentes

    (Quadro 1).

    Quadro 1 - Fatores que influenciam na ocorrncia de acidentes de trabalho

    (CHIAVENATO, 1999).

    Caractersticas Predisposies Tipos de Incidncia de

    Figura 1 - Efeito Domin (Heinrich, 1959, apud Almeida, 2006).

    )

  • 12

    Pessoais e Tendncias de

    Comportamento

    Comportamentos

    Especficos

    Comportamentos

    Acidentais

    Personalidade

    Atividades e

    hbitos no

    desejveis

    Falta de ateno

    Probabilidade de

    comportamentos

    individuais

    geradores de

    acidente

    Inteligncia

    Falta de

    habilidades

    especficas

    Esquecimento

    Motivao Tendncia a

    assumir riscos Desconcentrao

    Habilidades

    sensoriais

    Dificuldade em

    obedecer a regras

    e procedimentos

    Habilidades

    motoras

    Desempenho

    inadequado

    Experincia Excessiva

    exposio a riscos

    Na figura 2 vemos que a falta de ateno dos acidentados liderou o ranking dos

    motivos de acidentes no ano de 2009 com 73,39% das causas, seguido da falta do uso de

    EPI (7,49%) e falta de proteo (7,22%) (REVISTA TCHNE, 2009).

    Analisando a figura 2, podemos notar que essa estatstica, considerando o

    argumento da falta de ateno dos acidentados, no ajuda na preveno de acidentes de

    trabalho no momento em que culpa os operrios pelos acidentes ocorridos, pois a falta de

    Figura 2 Causas dos acidentes de trabalho em 2009 (Revista Tchne, 2009).

  • 13

    ateno pode ser minimizada ou eliminada por meio de treinamentos, tecnologias e

    jornadas de trabalho adequadas, alm de fiscalizao enftica e eficiente.

    2.5 CONSEQUNCIAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO.

    De acordo com o anurio estatstico de acidentes de trabalho do Departamento

    Intersindical de Estudos e Pesquisas de Sade e dos Ambientes de Trabalho (DIESAT), em

    2009 foram registrados 723.452 acidentes de trabalho. A figura 3 mostra a quantidade de

    acidentes registrados no pas entre 1990-2009:

    Os acidentes de trabalho representam altos custos para as empresas, a sociedade e

    os prprios trabalhadores. Esses custos so difceis de serem calculados, pois alm de

    despesas financeiras decorrentes de benefcios pagos, perda de produtividade e danos aos

    bens materiais, existe ainda os inmeros fatores indiretos, como custos humanos que no

    podem ser mensurado financeiramente.

    De acordo com Vieira (2000, p. 31) o ambiente de trabalho tem sido causa de

    mortes, doenas e incapacidades para um nmero incalculvel de trabalhadores ao longo

    da histria da humanidade. Nesse mesmo contexto Zochio (2002) afirma que os acidentes

    de trabalho originam efeitos nem sempre perceptveis aos donos de empresas. De tal modo,

    o referido autor lista como conseqncias desses acidentes para as empresas e para os

    Figura 3 - Acidentes de trabalho no Brasil de 1990 a 2009 (DIESAT, 2009).

  • 14

    empregados os seguintes itens: agresses aos trabalhadores, danos materiais ao patrimnio,

    montante de prejuzos que acrescentam o custo operacional.

    Assim, os custos dos acidentes devem ser avaliados sob os aspectos humanos e

    econmicos. O custo humano se constitui em leso parcial ou total, temporria ou

    permanente, geradoras de incapacidades ou at mesmo bito, ou seja, so todos os danos

    fsicos ou mentais sofridos pelo trabalhador.

    O custo econmico est constitudo por todos os gastos e perdas que o acidente

    origina. Gastos que ocasionam a perda de horas de trabalho, tanto dos acidentados, como

    dos outros trabalhadores e da gerncia, a assistncia mdica, perda de materiais e

    equipamentos etc. Na figura 4 vemos a composio dos custos de acidente de trabalho.

    O custo econmico para a empresa subdivide-se em direto e indireto. Para

    Chiavenato (1999, p. 389) custo direto o total das despesas decorrentes das obrigaes

    para com os empregados expostos aos riscos inerentes ao exerccio do trabalho, como as

    despesas com assistncia mdica e hospitalar aos acidentados e respectivas indenizaes,

    sejam estas dirias ou por incapacidade permanente. J os custos indiretos, dizem respeito

    a todas as despesas de fabricao, despesas gerais, lucros cessantes e demais fatores cuja

    incidncia varia conforme o tipo de indstria.

    Ainda incluem nos custos indiretos gastos do primeiro tratamento mdico, despesas

    sociais, custos do tempo perdido pela vtima, perda por diminuio do rendimento

    profissional no retorno do acidentado ao trabalho. Este tipo de custo coberto pela

    empresa e no pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

    Figura 4 Composio dos custos de acidentes de trabalho (BARKOKEBAS JR, Bda et

    al, 2004).

  • 15

    Os custos com acidentes e doenas de trabalho chegam a R$ 50,8 bilhes ou 1,8%

    do Produto Interno Bruto (PIB) nacional; esse valor, referente a 2009, a soma do

    pagamento de benefcios do INSS em razo de acidentes e doenas do trabalho, das

    aposentadorias especiais decorrentes das condies ambientais do trabalho, alm dos

    custos indiretos com assistncia mdica, quebra de produo, entre outros (BRASIL,

    2011).

    Assim as empresas que buscam minimizar suas perdas e despesas, devem investir

    em segurana criando condies seguras a seus colaboradores, e com isso obter eficincia,

    eficcia e lucros. (CHIAVENATO, 1999, p.389).

    2.6 RISCOS OCUPACIONAIS

    Existem diversos riscos que afetam o trabalhador no desenvolvimento de suas

    atividades cotidianas. Alguns afetam grupos especficos de profissionais, outros no

    escolhem profisso, atingem trabalhadores de diferentes reas e nveis ocupacionais,

    muitas vezes de maneira sutil e praticamente imperceptvel. Esses ltimos so os mais

    perigosos, porque so os mais ignorados.

    Os riscos de acidentes esto presentes em todas as atividades humanas,

    comprometendo a segurana das pessoas e a produo das empresas. Esses riscos podem

    provocar acidentes com leses e/ou doenas do trabalho, que se igualam a acidentes de

    trabalho de acordo com a legislao previdenciria, alm de prejuzos econmicos para as

    empresas e sociedade.

    A definio do termo riscos pode ser encontrada na norma BSI-OHSAS-

    18001:1999 como combinao da probabilidade e das conseqncias de ocorrer um

    evento perigoso. Na mesma norma, perigo definido como fonte ou situao com

    potencial de provocar leses pessoais, problemas de sade, danos propriedade, ao

    ambiente de trabalho, ou uma combinao desses fatores.

    Os riscos profissionais podem ser entendidos como sendo os agentes existentes nos

    postos de trabalho, originrios de precrias condies, que atingem a segurana, a sade e

  • 16

    o bem-estar fsico e mental do trabalhador; esses podem ser relativos ao processo

    operacional (riscos operacionais) ou ao local de trabalho (riscos ambientais).

    A NR-9 considera riscos ambientais os agentes fsicos, qumicos e biolgicos

    existentes nos ambientes de trabalho que, em funo de sua natureza, concentrao ou

    intensidade e tempo de exposio, so capazes de causar danos sade do trabalhador

    (BRASIL, 1994).

    Os riscos operacionais so aqueles que esto relacionados ao desenvolvimento de

    qualquer atividade profissional pelo trabalhador. Esses riscos podem ser divididos em de

    acidentes e ergonmicos

    Encontramos no Anexo IV da Portaria N 25, de 29 de dezembro de 1994, os

    principais riscos ocupacionais ou profissionais agrupados e padronizados de acordo com

    suas cores correspondentes, como podem ser vistos no quadro 2:

  • 17

    Quadro 2 - Classificao dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com

    sua natureza (BRASIL, 1994).

    Grupo 1

    Verde

    Grupo 2

    Vermelho

    Grupo 3

    Marrom

    Grupo 4

    Amarelo

    Grupo 5

    Azul

    Riscos

    Fsicos

    Riscos

    Qumicos

    Riscos

    Biolgicos

    Riscos

    Ergonmicos

    Riscos de

    Acidentes

    Rudos Poeiras Vrus Esforo fsico

    intenso

    Arranjo fsico

    inadequado

    Vibraes Fumos Bactrias

    Levantamento e

    transporte

    manual de peso

    Mquinas e

    equipamentos

    sem proteo

    Radiaes

    ionizantes Nvoas Protozorios

    Exigncias de

    postura

    inadequada

    Iluminao

    inadequada

    Radiaes no

    ionizantes Neblinas Fungos

    Controle rgido

    de

    produtividade

    Eletricidade

    Frio Gases Parasitas

    Imposio de

    ritmos

    excessivos

    Probabilidade de

    incndio ou

    exploso

    Calor Vapores Bacilos Trabalho em

    turno e noturno

    Armazenamento

    inadequado

    Presses

    anormais

    Compostos ou

    produtos

    qumicos

    Jornadas de

    trabalho

    prolongadas

    Animais

    peonhentos

    Monotonia e

    repetitividade

    Outras situaes

    de risco que

    podero

    contribuir para

    ocorrncia de

    acidentes

    Outras

    situaes

    causadoras de

    stress fsico

    e/ou psquico

  • 18

    Os agentes fsicos so diversas formas de energia a que possam estar expostos os

    trabalhadores, tais como: rudo, vibrao, presses anormais, umidade, radiaes e

    temperaturas extremas.

    Os agentes qumicos so substncias que reagem quimicamente com o organismo

    humano, causando problemas de sade, como: gases, vapores, nvoas e aerodispersides

    (poeiras e fumos metlicos).

    Agentes biolgicos so microorganismos a exemplo dos vrus, bactrias, fungos e

    protozorio, aos quais ficam submetidos os trabalhadores durante a execuo de suas

    atividades dirias. Esses microorganismos invadem o organismo humano causando

    diversas doenas. Os profissionais mais expostos a esses agentes so os da rea de sade,

    os agropecurios, lixeiros, aougueiros, lavradores, funcionrios de estaes de esgoto etc.

    Michel (2001, p. 191, p. 190) define ergonomia como um conjunto de cincias e

    tecnologias que procura a adaptao confortvel e produtiva entre o ser humano e seu

    trabalho, procurando adequar as condies de trabalho s caractersticas do ser humano.

    Qualquer fator que possa intervir nas caractersticas psicofisiolgicas do trabalhador,

    ocasionando desconforto ou comprometendo sua sade se enquadram em riscos

    ergonmicos. Entre os agentes ergonmicos mais comuns esto: trabalho fsico pesado,

    posturas incorretas, posies incmodas, repetitividade, monotonia, ritmo excessivo de

    trabalho, trabalho noturno e jornada prolongada.

    Os riscos de acidente tm relao com o manuseio do material de trabalho do

    operrio, deficincia das condies fsicas (do ambiente fsico de trabalho), animais

    peonhentos presentes no local de trabalho e tecnologias imprprias, capazes de produzir

    situaes de perigo. Em algumas literaturas esses riscos so conhecidos como riscos

    mecnicos.

    A NR- 9 estabelece que o reconhecimento dos riscos ocorre por meio de

    verificaes iniciais, onde so listados os riscos presentes nos postos de trabalho. A

    avaliao feita por meio de mtodos especficos, analisando qualitativa e/ou

    quantitativamente os agentes danosos e para controlar os riscos, devero ser adotadas

    medidas necessrias para a eliminao, minimizao ou o controle dos mesmos.

  • 19

    Dessa forma, para se conseguir fazer a anlise dos riscos de um posto de trabalho,

    necessrio fazer uma busca, para encontrar as fontes de perigo, isto , os riscos inerentes

    gerados pelas fontes e estabelecer em cada uma, o que pode ocorrer de errado, com que

    freqncia pode acontecer, quais seriam os efeitos e as conseqncias.

    Com a finalidade de informar os trabalhadores sobre os riscos existentes nos setores

    da empresa prope-se a elaborao do mapa de risco que pode ser entendido como uma

    representao grfica de um conjunto de fatores presentes nos locais de trabalho, capazes

    de acarretar prejuzos sade dos trabalhadores" (BRASIL, 1992).

    Para elaborao do mapa de risco, o Ministrio do Trabalho e Emprego criou uma

    seqncia de passos encontrados na portaria n 25, de 29 de dezembro de 1994, ficando a

    cargo da Comisso Interna de Preveno a Acidentes (CIPA) a sua criao.

    A CIPA deve realizar a coleta de informaes dos ambientes de trabalho,

    identificando os riscos existentes no local e analisando as medidas preventivas existentes e

    sua eficcia, para uma posterior elaborao do mapa de riscos, sobre o layout da empresa,

    anotado dentro de crculos o nmero de trabalhadores expostos aos riscos (BRASIL, 1994).

    A intensidade dos riscos, de acordo com a percepo dos trabalhadores, deve ser

    representada por tamanhos proporcionalmente diferenciados de crculos (Figura 5). Depois

    de discutido e aprovado pela CIPA, o Mapa de Riscos, completo ou setorial, dever ser

    afixado em cada local analisado, de forma claramente visvel e de fcil acesso para os

    trabalhadores.

    Figura 5 - Intensidade dos riscos ocupacionais (Freitas e Suett, 2006).

  • 20

    2.7 SETOR DE ARMAO

    O ambiente de trabalho do armador regulamentado pela NR-18. A presente

    Norma, de acordo com seu subitem 18.1.1, tem por objetivo estabelecer diretrizes de

    ordem administrativa, de planejamento e de organizao, para a implementao de

    medidas de controle e sistemas preventivos de segurana nos processos, nas condies e no

    meio ambiente de trabalho na indstria da construo (BRASIL, 1995).

    Esta norma torna obrigatria a elaborao e execuo do Programa de Condies e

    Meio Ambiente do Trabalho na Indstria da Construo PCMAT nos postos de trabalho

    com nmero igual ou superior a vinte trabalhadores, sendo vedado o ingresso ou a

    permanncia de trabalhadores no canteiro de obras, sem que estejam assegurados pelas

    medidas previstas nesta NR e compatveis com a fase da obra (BRASIL, 1995).

    No item 18.8 da referida Norma, encontram-se os requisitos que regulamentam os

    aspectos relativos ao ambiente de trabalho dos armadores de modo a proporcionar

    segurana durante a execuo de suas atividades:

    18.8.1 A dobragem e o corte de vergalhes de ao em obra devem ser

    feitos sobre bancadas ou plataformas apropriadas e estveis, apoiadas

    sobre superfcies resistentes, niveladas e no escorregadias afastadas da

    rea de circulao de trabalhadores.

    18.8.2 As armaes de pilares, vigas e outras estruturas verticais devem

    ser apoiadas e escoradas para evitar tombamento e desmoronamento.

    18.8.3 A rea de trabalho onde est situada a bancada de armao deve

    ter cobertura resistente para proteo dos trabalhadores contra a queda de

    materiais e intempries.

    18.8.3.1 As lmpadas de iluminao da rea de trabalho da armao de

    ao devem estar protegidas contra impactos provenientes da projeo de

    partculas ou de vergalhes.

    18.8.4 obrigatria a colocao de pranchas de madeira firmemente

    apoiadas sobre as armaes nas frmas, para a circulao de operrios.

    18.8.5 proibida a existncia de pontas verticais de vergalhes de ao

    desprotegidas.

    18.8.6. Durante a descarga de vergalhes de ao, a rea deve ser isolada

    (BRASIL, 1995).

  • 21

    Diante do exposto, para cumprimento desta NR faz-se necessrio o trabalho

    conjunto e comprometido de todos os envolvidos, de forma direta ou indireta, que

    participem de todas as etapas da obra.

    Com o intuito de minimizar as leses geradas pelos acidentes necessrio o uso dos

    Equipamentos de Proteo Individual (EPI). O EPI definido segundo a norma

    regulamentadora seis, a NR-6, como todo dispositivo ou produto, de uso individual

    utilizado pelo trabalhador, destinado sua proteo de riscos suscetveis de ameaar a

    segurana e a sade no trabalho (BRASIL, 2001).

    De acordo com Sampaio (1998), os EPI destinados categoria dos armadores so:

    capacete, culos de segurana, calado de segurana, avental, mangote e luva de raspa.

    Alm desses, tambm so usados mscara respiratria, cinturo de segurana com trava-

    quedas, protetores faciais e auriculares. No anexo 1 da NR-6 encontramos a finalidade para

    cada EPI:

    Capacete (a) - proteo contra impactos de objetos sobre o crnio;

    culos de proteo (b) - proteo dos olhos contra impactos de partculas volantes;

    Calado de segurana (c) proteo contra impactos de quedas de objetos, agentes

    cortantes e escoriantes;

    Avental de raspa (d) proteo do tronco contra projeo de partculas volantes;

    Luva de raspa (e) - luva de segurana para proteo das mos contra agentes

    abrasivos e escoriantes, cortantes e perfurantes;

    Mangote de raspa (f) - Para proteo do brao do usurio contra agentes escoriantes,

    fascas, fagulhas, pequenas chamas e abrasivos em processos de solda e similares;

    Protetor facial (g) - Proteo da face contra impactos de partculas volantes;

    Protetor auditivo (h) - proteo contra nveis de presso sonora que possam

    prejudicar o sistema auditivo;

    Mscara respiratria (i) - proteo das vias respiratrias contra fumos metlicos;

  • 22

    Cinto de segurana (j) - para proteo do usurio contra riscos de queda em

    trabalhos em altura

    Na figua 6 so apresentadas algumas ilustraes dos EPI citados anteriormente:

    Podemos notar a existncia de diversos EPI ligados ao setor de armao. No

    entanto, nem todos eles so usados por todos os profissionais que compem essa categoria.

    O capacete, o calado de segurana e a luva de raspa so usados por todos os armadores

    independentes da atividade desenvolvida. O cinto de segurana utilizado apenas nos

    trabalhos que ocorrem em altura superior a dois metros do nvel do solo.

    J protetor facial, culos de proteo, avental e mangote de raspa, so usados em

    atividades que possa haver projeo de partculas. A mscara respiratria utilizada onde

    poeiras e fumos metlicos se encontrem presente, e o protetor auditivo em locais com

    excesso de rudos.

    O profissional que opera a serra policorte (mquina esta muito utilizada na

    construo civil para cortes de materiais ferrosos como barras de ao e ferro, perfis e

    tubos) tem por obrigao a utilizao de todos os EPI citados anteriormente, com exceo

    apenas do cinturo de segurana.

    A policorte deve ser instalada em local coberto, com bancada nivelada, coifa

    protetora no disco e nas partes mveis, s devendo ser operada por trabalhadores

    Figura 6 EPI usados no setor de armao (Maxipas, 2011).

  • 23

    qualificados e autorizados, devendo ser fixada nos locais de operao, a relao dos

    trabalhadores autorizados a utilizar a ferramenta (SESI 2008).

    Alm disso, a policorte deve possuir aterramento eltrico, dispositivo de bloqueio

    para impedir seu acionamento por pessoas no autorizadas e possuir um extintor de

    incndio prximo ao seu local de instalao. A figura 7 mostra o operador da policorte

    trabalhando em local seguro e usando os EPI que a atividade exige (SEBRAE, s.d).

    Dos cinco tipos de riscos ocupacionais existentes, quatro esto presentes no setor de

    armao, ficando ausente apenas o biolgico. A policorte, o transporte de vergalhes de

    ao e a montagem das armaduras so os principais agentes causadores dos riscos no setor

    (SESI, 2008).

    Os principais riscos fsicos presentes no setor de armao so os rudos excessivos

    gerados pela policorte que podem levar a reduo da capacidade auditiva do trabalhador

    causando surdez, stress, fadiga, irritao e diminuio de produtividade. A radiao

    ultravioleta do sol, a umidade, o calor e o frio so outros riscos fsicos presentes no setor.

    Os riscos qumicos so provenientes da aspirao de poeiras metlicas geradas pelo

    corte de ao, tendo como conseqncias doena pulmonar obstrutiva, febre de fumos

    metlicos e intoxicao especfica de acordo com o metal.

    Os riscos ergonmicos so provenientes de postura inadequada, esforo fsico

    intenso, repetitividade de movimentos, levantamento e transporte manual de carga e

    Figura 7 - Operador da policorte qualificados nos termos da NR - 18 (SEBRAE, s.d).

  • 24

    atividades executadas por perodos prolongados em uma determinada posio, geralmente

    em p ou agachado.

    Os riscos ergonmicos podem gerar srios danos sade do trabalhador tais como:

    cansao fsico, dores musculares, hipertenso arterial, alterao do sono, doenas nervosas,

    doenas do aparelho digestivo, irritao, ansiedade, problemas de coluna etc.

    Os riscos de acidentes so decorrentes da projeo de fragmentos que podem atingir

    os olhos, ferimentos causados pelo manuseio das ferragens e/ou disco da mquina de

    policorte, que podem causar cortes ou mutilaes de membros; alm desses existe o risco

    de quedas em altura.

  • 25

    3. ESTUDO DE CASO

    3.1 O QUESTIONRIO

    Para a pesquisa de campo, foi utilizado um questionrio (Anexo A) composto por

    treze perguntas. O mesmo foi aplicado na rea de vivncia dos armadores no perodo de

    14/12 a 21/12/2011, sendo sua aplicao autorizada pelo engenheiro residente do

    empreendimento.

    O questionrio foi aplicado com total imparcialidade, de modo a no inibir nem

    influenciar os trabalhadores em suas respostas, no sendo, contudo obrigatrio o seu

    preenchimento por parte dos envolvidos, porm os 31 funcionrios procurados para

    participar da pesquisa se dispuseram a respond-lo entendendo a sua finalidade acadmica.

    A aplicao do questionrio foi realizada de forma individual sendo que cada

    funcionrio era dispensado do seu posto de trabalho pelo tempo que fosse necessrio para

    respond-lo. O trabalhador ficava sentado enquanto o questionrio era lido pelo

    pesquisador, para evitar problemas de interpretao por parte dos trabalhadores.

    O questionrio foi dividido em grupos de perguntas para facilitar seu

    entendimento e o posterior tratamento dos dados colhidos. Os dados referem-se ao perfil

    dos entrevistados, uso de equipamentos de proteo, riscos no ambiente de trabalho e

    ocorrncia de acidentes de trabalho. As cinco primeiras questes buscam conhecer o perfil

    dos armadores por meio de perguntas como: faixa etria, estado civil, nmero de filhos,

    tempo de servio e grau de escolaridade.

    A pergunta de nmero seis tem como objetivo, avaliar o uso dos equipamentos de

    proteo individual por parte dos armadores e a pergunta de nmero sete tem a finalidade

    de avaliar o grau de conhecimento que os armadores tm sobre os riscos no

    desenvolvimento de suas atividades cotidianas.

    Os itens de oito a dez analisam a ocorrncia de acidentes e as leses por elas

    geradas. Por fim, as trs ltimas perguntas buscam saber se os armadores sentem-se

  • 26

    seguros no canteiro de obra e se receberam algum treinamento da empresa voltado

    segurana e sade do trabalho.

    3.2 CARACTERIZAO DA EMPRESA

    Chamada pelo nome fictcio de Beta, a construtora em estudo tem sua origem no

    municpio de Feria de Santana onde figura entre as lderes no mercado de construo civil

    local. Fundada em 1998, iniciou desenvolvendo projetos e construes de residncias nos

    mais diferentes bairros de Feira de Santana. Em 2000, com o crescimento e reestruturao

    da empresa passou tambm a construir condomnios residenciais.

    Em 2008 a empresa lanou seu primeiro empreendimento fora de sua cidade sede.

    Hoje atua em diversos municpios baianos como, So Gonalo dos Campos, Conceio do

    Coit, Ilhus, Santo Antnio de Jesus, Alagoinhas, Campo Formoso, Jacobina, alm do

    municpio de Nossa Senhora do Socorro em Sergipe.

    Exemplo de empresa familiar com gesto moderna, a empresa tem investido, com

    o objetivo de estruturar o grupo para uma expanso arrojada e consistente, aproveitando o

    excelente momento do mercado imobilirio. A empresa ranqueada Caixa Econmica

    Federal, parceira de arquitetos importantes do mercado e cliente dos principais

    fornecedores da construo civil.

    Hoje a Beta possui as seguintes certificaes: ISO 9001 e PBQP-H Programa

    Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Habitao e conta com cerca de 2500

    funcionrios, tendo como misso: Crescer, inovando e construindo com elevado padro de

    qualidade, melhorando continuamente os processos e ampliando a satisfao dos nossos

    clientes.

  • 27

    3.3 CARACTERIZAO DA OBRA

    O empreendimento em estudo um condomnio residencial vertical de classe

    mdia, implantado em terreno prprio da construtora cuja rea de 95.163,52 m, sendo

    situado na Rua Itoror, Bairro Rua Nova, Feira de Santana-BA. Na figura 08 possvel

    observar a localizao bem como os limites do empreendimento.

    O condomnio composto por 1.504 unidades habitacionais, distribudos em 94

    blocos com quatro pavimentos cada, sendo cada pavimento constitudo por quatro

    apartamentos, tendo prazo de execuo previsto para 48 meses, sendo dividido em seis

    etapas. O empreendimento em estudo financiado pela Caixa Econmica Federal atravs

    do plano Minha Casa Minha Vida.

    Os apartamentos tipo so constitudos por uma sala, dois quartos, um banheiro,

    uma circulao, cozinha e rea de servios. A rea privativa das unidades de 42,91 m

    com 36,40 m de rea til. Os pavimentos de cada bloco, um trreo e trs tipos, esto

    interligados por conjunto de escadarias e halls.

    O mtodo construtivo o tradicional com paredes em alvenaria estrutural de

    blocos cermicos e/ou cimento sendo esses fabricados na prpria obra, fundao tipo

    Figura 8 Imagem de satlite da localizao do empreendimento (GOOGLE MAPS, 2012).

  • 28

    radier, laje pr moldada, revestimento interno com gesso corrido e externo com massa

    nica, cobertura em telhas, revestimento e pisos cermicos.

    Esto previstos, espao para eventos, espao kids, piscinas, quadras esportivas,

    pista de cooper, ciclovias, praas, estacionamentos, guaritas e prtico de entrada. As obras

    de infraestrutura comportam: rede de gua, energia eltrica, esgoto, drenagem superficial e

    iluminao pblica.

    Atualmente a obra se encontra em fase de levante de alvenaria em onze blocos e

    terraplanagem em 23 plats, com previso de contratao no pico da obra de mais de 700

    funcionrios. No perodo do estudo a obra contava com 216 pessoas, sendo 22 pessoas na

    administrao, 58 pedreiros, 9 carpinteiros, 6 encanadores, 31 armadores, dois eletricistas,

    dois operadores de betoneira e 86 serventes divididos entre prticos e comuns.

    3.4 O SETOR DE ARMAO DA OBRA

    O setor de armao da obra se encontra dividido em dois pontos no

    empreendimento: um local composto por nove profissionais, que so responsveis

    exclusivamente pelo corte e montagem das telas de ao usadas nas lajes, sendo o servio

    orientado por um encarregado que segue as determinaes estabelecidas no projeto

    estrutural; a outra equipe, formada por vinte e dois armadores, sendo dezenove

    responsveis pela dobra dos vergalhes de ao, alm da montagem das armaduras que so

    utilizadas nas vigas, pilares, fundaes, escadas e grout, e dois pelo corte do ao utilizando

    a policorte. Esses servios so igualmente monitorados por um encarregado que segue as

    especificaes dos projetos.

  • 29

    3.5 ANLISE DOS RESULTADOS

    3.5.1 Perfil dos Armadores

    De acordo com a pesquisa realizada, a questo que trata sobre faixa etria mostra

    que 29% dos armadores possuem idade de 31 a 40 anos, seguida da faixa etria de 41 a 50

    anos, que corresponde a 23%. Os entrevistados com mais de 50 anos representam 19%, os

    que se encontram na faixa de 26 a 30 anos somam 16% enquanto que de 21 a 25 anos

    temos 13%.

    Esse resultado demonstra que h predominncia das faixas etrias acima dos 30

    anos, que representam 71% dos entrevistados; e que no existem operrios com idade de

    17 a 20 anos assumindo a funo de armador, como pode ser conferido na figura 9.

    Com relao ao estado civil, os dados mostram que 65% dos entrevistados so

    casados ou se encontram em relao estvel, 22% so solteiros, 13% esto divorciados, no

    havendo vivos, como aponta a figura 10.

    Figura 9 Faixa etria dos armadores.

  • 30

    Atravs da figura 11 nota-se que 26% dos armadores possuem dois filhos, 23%

    possuem mais de trs, 19% no possuem filhos, 16% possuem trs e os 16% restantes

    possuem um nico filho.

    Na questo relativa ao tempo de servio dos entrevistados como armadores, 32%

    tm de 5 a 10 anos de servio, o segundo maior percentual, 29%, est representado por

    operrios que trabalham na rea a mais de 20 anos, e 16 % tm de 10 a 20 anos de

    profisso (Figura 12). Esses nmeros mostram que a maioria dos entrevistados possui

    experincia na rea de armao, de modo que 77% destes atuam a mais de 5 anos no setor.

    Figura 10 Estado civil dos armadores.

    Figura 1 - Nmero de filhos dos armadores.

  • 31

    Em anlise da figura 13 foi possvel identificar que o grau de escolaridade dos

    armadores est distribudo da seguinte forma: 39% possuem nvel fundamental incompleto,

    32% nvel mdio incompleto, 16% nvel fundamental completo e 13% nvel mdio

    completo, no existindo analfabetos nem profissionais que estejam cursando o nvel

    superior ou tenham concludo o mesmo.

    Figura 2 - Tempo de servio dos armadores.

    Figura 13 - Grau de escolaridade dos armadores.

  • 32

    3.5.2 Quanto ao Uso dos EPI.

    A figura 14 revela que todos os entrevistados usam os equipamentos bsicos, que

    so o capacete, luva e calado de segurana.

    Foi notado tambm, que os responsveis pela policorte, alm de usarem os trs

    EPI bsicos citados anteriormente, utilizavam os EPI indispensveis para a realizao do

    manuseio da policorte, sendo estes: protetor auditivo, avental de raspa, culos de proteo,

    protetor facial e mscara respiratria.

    3.5.3 Quanto a Noo de Existncia de Riscos no Setor de Armao.

    Na questo 07, 64% dos armadores apontaram alguns riscos que julgam estar

    expostos no ambiente de trabalho, enquanto 36% julgaram no estar exposto a nenhum,

    como mostra a figura 15.

    Figura 14 - EPI utilizados pelos armadores.

  • 33

    Apesar de alguns entrevistados julgarem no estar expostos a algum risco no

    desempenho de suas funes (Figura 15), todos os entrevistados afirmaram usar os EPI

    necessrios para realizao dos seus trabalhos, como foi visto na figura 14. Tal contradio

    pode ser entendida pelo possvel fato de alguns entrevistados usarem os equipamentos de

    proteo apenas por ser exigncia da empresa e no por terem conscincia dos riscos aos

    quais esto expostos.

    A maioria dos operrios, que apontaram algum risco se equivocou ou no soube

    classific-lo de acordo com o anexo IV da NR-9, que dispe sobre os riscos ocupacionais

    em grupos, de acordo com sua natureza. Como exemplos aos equvocos identificados na

    pesquisa em relao a essa classificao, temos: postura inadequada classificada como

    riscos de acidentes ao invs de riscos ergonmicos e inalao de poeira metlica como

    riscos biolgicos ao invs de riscos qumicos.

    Entre os riscos citados, o que apareceu com maior freqncia foi corte, com 65%,

    seguido de aspirao de poeira metlica, 15%. Postura inadequada representou 10%,

    esforo repetitivo, 10%, queda em altura, 5%, e radiao solar, 5%, como ilustra a figura

    16.

    Figura 3 - Noo de existncia de riscos no setor de Armao.

  • 34

    As principais justificativas para o alto ndice dos riscos de corte, segundo

    informaes dos prprios entrevistados, foram a exposio de vergalhes sem proteo no

    canteiro de obra e o disco da policorte. Apesar desses riscos terem sido apontados pelos

    armadores, no perodo de realizao da pesquisa na obra, no foi notada a existncia de

    vergalhes expostos sem proteo.

    As figuras 17, 18 e 19 mostram os riscos ergonmicos. A primeira (Figura 17)

    mostra trabalhadores montando as telas das lajes; alm de apontar postura inadequada

    (risco ergonmico) na execuo das atividades, revela que os operrios esto expostos a

    radiao solar (risco fsico). A figura 18 mostra o transporte manual de carga sobre os

    ombros, e a ltima (Figura 19) onde o trabalhador utilizando a chave de dobra, vinca as

    inmeras barras de ao que so utilizadas nas estruturas de concreto armado do

    empreendimento, de modo que a atividade se repete durante vrias horas de trabalho.

    Figura 4 - Riscos apontados pelos armadores.

  • 35

    Figura 5 - Armadores expostos a riscos ergonmicos na montagem das

    telas das lajes.

    Figura 6 - Armadores expostos a riscos ergonmicos no transporte de

    vergalhes de ao.

  • 36

    Figura 197 - Armador exposto a risco ergonmico durante a dobra de barras de ao.

    A figura 20 revela risco de acidente que pode ser provocado pela proximidade dos

    operrios a locais que podem abrigar animais peonhentos tais como, aranha, cobra e

    insetos.

    Figura 80 - Armadores trabalhando prximo a locais com possveis animais peonhentos.

  • 37

    Outros riscos que podem ser percebidos so os de corte, projeo de fragmentos,

    aspirao de poeira metlica e altos nveis de rudo, que podem ocorrer durante o corte de

    vergalhes de ao, como pode ser visto na figura 21.

    Figura 91 - Operador da policorte exposto a riscos fsicos, qumicos e de acidentes.

    3.5.4 Quanto ao Nmero de Acidentes de Trabalho Sofridos

    O nmero de acidentes de trabalho sofridos mostrou-se baixo, como foi notado

    atravs do item oito do questionrio e exposto na figura 22. Esta revela que 94% dos

    operrios entendem que nunca sofreram qualquer tipo de acidente no trabalho e os outros

    6%, porcentagem que representa dois operrios, j sofreu algum tipo de acidente, tendo um

    deles sofrido acidente uma nica vez e o outro duas vezes. importante salientar que

    nenhum dos acidentes registrados na pesquisa ocorreram no canteiro de obras em estudo.

  • 38

    Figura 102 - ndice de acidentes entre os entrevistados.

    J a questo nove revela que os trs acidentes tiveram como causa, segundo os

    prprios entrevistados, condies inseguras no canteiro de obra. Dois destes acidentes, que

    geraram corte nos membros inferiores e superiores dos operrios decorreram de vergalhes

    expostos sem qualquer tipo de proteo. O terceiro acidente ocorreu devido queda de um

    pedao de madeirite na cabea do operrio, devido m fixao do material, provocando

    ferimento e dores na cabea durante dias no acidentado, como foi revelado atravs das

    respostas fornecidas na questo dez. Na figura 23 temos a relao de causas e

    conseqncia dos acidentes.

    Figura 113 - Relao entre causas e consequncias dos acidentes sofridos pelos

    entrevistados.

  • 39

    3.5.5 Quanto a Sensao de Segurana

    Perguntados se sentem segurana no desenvolvimento de suas atividades dirias

    (Questo 11), 94% dos entrevistados disseram que se sentem seguros e os 6% restantes

    responderam no se sentir seguros, como percebido na figura 24.

    Os profissionais que revelaram no sentirem segurana no ambiente de trabalho

    so os responsveis pela manipulao da serra policorte, isso devido ao risco de ferimentos

    que o disco da mquina pode ocasionar e o fato de que acidentes podem ocorrer a qualquer

    instante, de modo que ningum est isento de sofr-los, como revelaram os prprios

    entrevistados.

    Figura 124 - Opinio sobre a sensao de segurana.

    O item 12, que questionava sobre a segurana no manuseio das mquinas

    utilizadas, revelou uma contradio com o item 11, pois os mesmos que responderam no

    sentirem segurana no manuseio da policorte consideraram esta mquina segura devido a

    existncia de uma capa protetora na lmina, e um dispositivo de bloqueio de emergncia,

    alm de um extintor de incndio para eventuais incidentes.

  • 40

    3.5.6 Quanto ao Treinamento Recebido

    Atravs na figura 25 podemos perceber que 90,3% dos armadores disseram ter

    recebido algum tipo de treinamento em segurana e sade do trabalho, os outros 9,7%

    disseram no ter recebido qualquer tipo de treinamento da empresa. Com relao ao tempo

    dedicado a esses treinamentos, quase metade dos entrevistados disseram ter recebido cinco

    horas de treinamento. A figura 26 mostra a quantidade de horas de treinamento que cada

    funcionrio recebeu.

    Figura 135 - Porcentagem de armadores que receberam treinamento em Segurana e

    Sade do Trabalho.

    Figura 146 - Horas de treinamento em Segurana e Sade do Trabalho.

  • 41

    3.5.7 Entrevista com a Tcnica de Segurana

    Atravs de entrevista com a tcnica de segurana do trabalho da obra, que atua h

    quatro anos na rea de segurana, foram investigados alguns itens como: os riscos que ela

    julga existir no setor de armao, medidas de segurana coletiva e treinamento oferecido

    aos operrios.

    Os riscos citados pela tcnica foram os mesmos apontados pelos operrios, alm

    do risco biolgico, exemplificado por ela como bactrias e vrus, que segundo a mesma,

    no esto presentes no setor de armao, mas que podem ser encontrados nos banheiros do

    barraco.

    As medidas de segurana coletiva adotada pela tcnica no setor de armao so:

    treinamento especfico de acordo com a atividade desenvolvida, utilizao de protetor de

    ferragens, placas de sinalizao, fita de isolamento zebrada e extintor de incndio.

    O treinamento ministrado pela tcnica na admisso de todos os operrios,

    independente do setor que ir atuar, dura em mdia 4 horas, e nele se discute a

    obrigatoriedade e importncia do uso dos EPI, respeito s protees coletivas e sobre as

    posturas adequadas na realizao das atividades com intuito de evitar leses corporais.

    O protetor de ferragem utilizado para evitar que pontas de ao fiquem expostas.

    As placas sinalizao de segurana visam alertar o trabalhador quanto existncia

    de algum tipo de risco ou a obrigatoriedade dos EPI.

    A fita de isolamento utilizada para demarcar os ambientes de trabalho e isolar

    reas onde houver descarga de material.

    O extintor de incndio fica localizado na bancada da policorte, para o uso em

    eventuais incidentes.

  • 42

    3.5.8 Anlise do Setor de Armao Conforme A NR-18

    Para averiguar se o local onde os armadores desenvolvem seus trabalhos segue as

    recomendaes do item 18.8 da NR-18, que versa sobre as condies ambientais para a

    atividade de armao de ao, foi elaborada o quadro 3, que tem o objetivo de verificar se

    local de armao da obra em estudo est em conformidade ou no com as exigncias

    expostas na referida norma.

    Quadro 3 - Avaliao do setor de armao segundo a NR-18.

    Item 18.8 Armaes de Ao Conforme No

    Conforme

    18.8.1 A dobragem e o corte de vergalhes de ao em obra

    devem ser feitos sobre bancadas ou plataformas apropriadas e

    estveis, apoiadas sobre superfcies resistentes, niveladas e no

    escorregadias afastadas da rea de circulao de trabalhadores.

    X

    18.8.2 As armaes de pilares, vigas e outras estruturas verticais

    devem ser apoiadas e escoradas para evitar tombamento e

    desmoronamento. X

    18.8.3 A rea de trabalho onde est situada a bancada de

    armao deve ter cobertura resistente para proteo dos

    trabalhadores contra a queda de materiais e intempries. X

    18.8.3.1 As lmpadas de iluminao da rea de trabalho da

    armao de ao devem estar protegidas contra impactos

    provenientes da projeo de partculas ou de vergalhes. X

    18.8.4 obrigatria a colocao de pranchas de madeira

    firmemente apoiadas sobre as armaes nas frmas, para a

    circulao de operrios. X

    18.8.5 proibida a existncia de pontas verticais de vergalhes

    de ao desprotegidas. X

    18.8.6. Durante a descarga de vergalhes de ao, a rea deve ser

    isolada. X

    Dos sete subitens averiguados, o setor de armao da obra no atendeu apenas ao

    seguinte quesito:

  • 43

    Pranchas de madeiras para circulao de operrios durante a concretagem das

    fundaes dos prdios os operrios se deslocavam por cima da prpria armadura ou tbuas

    improvisadas, no havendo pranchas de madeira firmemente afixadas para a segura

    circulao dos operrios.

    A conformidade da obra com os subitens 18.8.5 e 18.8.6 refora a afirmao feita

    pela tcnica de segurana durante a entrevista no que diz respeito ao isolamento das reas

    durante a descarga de materiais e o uso de protetores de ferragens.

  • 44

    4. CONCLUSO

    A partir do estudo de caso realizado foi possvel traar a realidade do setor de

    armao da obra em estudo no que diz respeito a equipamentos de proteo, riscos

    ocupacionais, acidentes de trabalho e avaliao do cumprimento das normas tcnicas pela

    obra.

    Um dos resultados apontados pelo questionrio aplicado com os armadores revela

    que todos os entrevistados utilizam os equipamentos de proteo individual obrigatrio de

    acordo com a atividade exercida.

    importante ressaltar que o simples fornecimento dos EPI apenas visando cumprir

    exigncias legais, sem preocupao em fornec-los visando sua real finalidade e sem um

    eficiente treinamento em que se discuta a importncia do seu uso, tornar-se praticamente

    ineficaz o objetivo dos EPI, que a proteo dos operrios.

    Outra informao percebida por meio do questionrio atravs da questo 7, que

    trata sobre os riscos ambientais, que os operrios no sabem classificar os riscos de

    acordo com a norma regulamentadora, mas a maioria deles sabe apontar pelo menos um

    risco presente no setor.

    Tambm foi notado que quase 100% dos armadores sentem-se seguros no

    desenvolvimento de suas funes, exceto os operrios que trabalham com a policorte.

    Por meio de entrevista com a tcnica de segurana e observaes feitas em in

    loco foi verificado que os equipamentos de proteo coletiva e individual so

    disponibilizados e usados de forma correta. Alm disso, so oferecidos treinamentos

    adequados sobre segurana e sade do trabalho. Esses podem ser fatores que contriburam

    para a no ocorrncia de acidentes no setor de armao da obra desde o seu inicio, h

    pouco mais de trs meses.

    A partir do check list feito com base no item 18.8 da NR-18, foi notado que o

    canteiro de obra estudado encontrou-se com alguns requisitos que no estavam em

    conformidade com a norma de segurana. Apesar de cinco dos setes itens estarem em

    conformidade, a existncia de um nico item contrrio a norma j suficiente para a

  • 45

    ocorrncia de acidentes de trabalho, assim necessrio um esforo por parte do

    responsvel pela segurana da obra e tambm por parte da empresa em buscar atender

    todas as exigncias previstas nas NR.

    Enfim, esse trabalho traou de certa forma um panorama da realidade da obra com

    relao segurana do seu setor de armao e o conhecimento de seus armadores com

    relao aos riscos que esto expostos.

  • 46

    REFERNCIAS

    BARKOKBAS JR, Bda; VRAS, Juliana Claudino; CARDOSO, Martha Thereza

    Negreiros; CAVALCANTI, Giuliana Lins; LAGO, Eliane Maria Gorga. Diagnstico de

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