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ANÁLISE GERENCIAL DE CUSTOS: UM
ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA
QUÍMICA NA REGIÃO DE JOINVILLE
Djonathan Luiz de Oliveira
Tallyta Correa Feitosa
Antonio Cezar Bornia
Enzo Morosini Frazzon
A competitividade empresarial tem obrigado os gestores a otimizarem
todos os processos nas empresas. O custeio dos produtos é um
processo importante e uma importante ferramenta, que pode ser vital
para o sucesso ou fracasso de uma instituição. Neste artigo, o objetivo
do trabalho é estabelecer um método de custeio em uma empresa
química na região de Joinville-SC. Por meio de um estudo de caso,
aplicou-se o custeio baseado em atividades, gerando informações mais
confiáveis sobre os custos dos produtos. Concluiu-se que custeio
baseado em atividades é um método de custeio adequado para este tipo
de empresa.
Palavras-chave: Análise de Custos, Método ABC, Competitividade
Empresarial
XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil”
Maceió, Alagoas, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2018.
1. Introdução
A crescente competitividade das empresas tem tornado essencial que os gestores busquem a
otimização de seus processos (OLIVEIRA et al., 2017). Em empresas industriais, onde o
principal objetivo é a produção de bens de consumo, torna-se um desafio aos gerentes a
melhor utilização das ferramentas disponíveis para manter a empresa competitiva sem
prejudicar a qualidade do produto.
O aumento da variabilidade de produtos gerou um mercado consumidor mais exigente, com
uma necessidade de novas competências a serem desenvolvidas pelas empresas, tais como
empatia, coordenação, efetividade, comunicação e flexibilidade. Surgem, então, novos
critérios e novas formas gerir uma empresa, visto que a forma tradicional não é suficiente para
suprir as exigências do mercado atual (SOUZA; CAUCHICK-MIGUEL, 2017).
Os métodos de quantificar os custos de uma produção são inúmeros, mas não são todas as
empresas que buscam compreender e utilizá-los. Isso se torna uma fraqueza, uma vez que um
produto potencialmente rentável pode parecer que esteja gerando prejuízos para a empresa e
vice-versa(FILHO; TAVEIRA; PENHA, 2017). Faz-se, então, necessária a preocupação dos
gestores em melhor administrar os custos das empresas, buscando distribuir os montantes com
a forma que melhor se aplica à realidade da sua empresa (CORRÊA et al., 2017).
Este trabalho tem por objetivo estabelecer um método de custeio em uma empresa química
na região de Joinville-SC, buscando gerar informações sobre os custos dos produtos
produzidos. Para isso, ele está estruturado da seguinte forma: na seção 2, é mostrada uma
revisão da literatura acerca dos principais métodos de custeio; a seção3 apresenta a
metodologia utilizada; na seção4, é apresentada a empresa, seus processos e todos os custos
envolvidos e informações necessárias para a realização do custeio dos produtos. Por fim, na
seção 5, é realizada a distribuição dos custos aos produtos, encerrando-se com as concussões
finais na seção 6.
2. Revisão da literatura
Neste capítulo será apresentada a literatura relevante referente aos sistemas de custeio. A
Figura 1 apresenta o número de publicações ao longo dos anos envolvendo a administração de
custos.
Figura 1- Publicações ao longo dos anos (Fonte: os autores)
É notório o crescimento exponencial de publicações sobre o tema, o que ressalta que a
academia como um todo tem voltado muito as atenções para como determinar um bom
controle de custos em empresas. A Figura 2 traz as palavras-chave com maior número de
ocorrências nesses artigos.
Figura 2- Palavras-chave populares (Fonte: os autores)
Pode-se perceber a grande participação do método “activity-based costing” (Método ABC) no
número de publicações, o que indica a grande utilização deste método para o gerenciamento
de custos. Além desta, aparecem (em tradução) “gestão estratégica de custos”, “estratégia” e
“tomada de decisão”, o que ressaltam que os estudos envolvendo a gestão dos custos tem
enfoque estratégico, possivelmente voltado para a competitividade entre empresas.
2.1 Sistema de custeio
Um sistema de custeio é composto por Métodos e Princípios (BORNIA, 2010; KRAEMER,
1995):
Sistema de Custeio {PrincíposMétodos
Por princípios de custeio, entende-se formas de alocar o custo de produção de um
determinado produto ou serviços, englobando tanto os custos variáveis quanto os custos fixos.
São exemplos destes: Custeio por Absorção Integral, Custeio Variável, Custeio por Absorção
Ideal (BEBER et al., 2004; BORNIA, 2010; MOTTA, 2000).
Os princípios de custeio têm primordialmente um foco voltado para um cliente específico,
onde busca-se apresentar o estado dos processos produtivos, voltado tanto para investidores
interessados, quanto para a gerência em busca de melhorias (CORRÊA et al., 2017; FILHO;
TAVEIRA; PENHA, 2017; MOTTA, 2000).
Os métodos de custeio são utilizados para, entre outras informações, determinar o valor dos
objetos de custeio, reduzir custos, melhorar processos, eliminar desperdícios e decidir o que
deve ser produzido e o que deve ser terceirizado (ABBAS; GONÇALVES; LEONCINE,
2012).
O método mais utilizado (conforme foi mostrado na seção anterior) é o método por atividades
(ABC). Este, e outros métodos serão melhor explicados nas subseções seguintes.
2.2 Método ABC
Motta (2000) explica que o método ABC foi desenvolvido para o gerenciamento dos custos
fragmentando a organização em atividades. Sobre isso o autor afirma que:
“As atividades, nesta abordagem, representam o elemento principal da
empresa, pois são as atividades que descrevem o que a empresa faz e mostra
como o tempo é gasto e quais são os resultados dos processos. ”
A adoção do método ABC não se restringe apenas ao processo produtivo em si, podendo
aparecer em diferentes setores de uma empresa (HOFMANN; BOSSHARD, 2017). Este
método se baseia na distribuição do custo dos produtos produzidos através das atividades
realizadas apara produzi-lo. A Figura 3 apresenta esta definição.
Figura 3- Método ABC.
Fonte: adaptado de (BORNIA, 2010 e HOFMANN; BOSSHARD, 2017)
De forma simplificada, Bornia (2010) e Bendlin, Gomes e Vichinheski (2017) citam as
seguintes etapas para a realização do método ABC:
Mapeamento das atividades;
Distribuição dos custos às atividades;
Distribuição das atividades indiretas até as diretas;
Distribuição dos custos aos produtos.
A fase inicial consiste na coleta de informações. Nesta, deve-se ter conhecimento dos
processos existentes na empresa e também todos os custos envolvidos com a produção. As
atividades existentes em todos os processos devem ser mapeadas e reconhecidas. Após esse
reconhecimento, os custos totais da empresa devem ser distribuídos às atividades de acordo
com parâmetros determinados (BORNIA, 2010; KRAEMER, 1995; SHULIANG; JING,
2016).
Após a distribuição primária, os custos referentes às atividades indiretas (aquelas que não
agregam valor diretamente ao produto final) devem ser alocadas às atividades diretas. Após
essa etapa, faz-se a distribuição final, na qual os custos das atividades diretas são direcionados
aos produtos (de acordo com direcionadores de custos) (BORNIA, 2010; KRAEMER, 1995;
MOTTA, 2000; SHULIANG; JING, 2016).
2.3 Outros métodos
2.3.1 Método dos Centros de Custos
De forma geral, o método consiste na divisão da empresa em centro de custos diretos e
indiretos e no rateio dos custos e despesas desta a estes centros que podem ser setores, áreas,
atividades etc (KRAEMER, 1995). Segundo Bornia (2010), sua aplicação pode ser dividida
cinco etapas:
Separação dos custos em itens.
Divisão da empresa em centros de custos.
Identificação dos custos com os centros (distribuição primária).
Distribuição dos custos dos centros indiretos até os diretos (distribuição secundária)
Distribuição dos custos dos centros diretos aos produtos (distribuição final).
Assim, através do método do centro de custos, torna-se possível monitorar os custos de cada
setor e, a partir disto, determinar o custo de cada produto com mais precisão e gerando
informações mais complexas (KRAEMER, 1995).
2.3.2Método das Unidades de Esforço de Produção (UEP)
No método da UEP, o esforço de produção despendido para a realização de um produto é a
base para determinação do seu custo, isso indica que a matéria prima é considerada
separadamente. Este método é a solução para sistemas que possuem produtos com
variabilidade no processo de fabricação, de forma que não possam ser apenas considerados e
somados igualmente no momento da determinação do custo (BATTINI et al., 2017). Assim,
por meio do método da unidade de esforço de produção, é possível estabelecer um
equivalente entre os produtos que possuem certas diferenças de fabricação de modo que o
valor do custo seja proporcional. Este equivalente é estabelecido ao realizar uma relação entre
esforços despendidos aos produtos e definindo uma unidade de medida, a UEP
(VICHINHESKI et al., 2017).
Segundo Bornia (2010), o método possui alguns conceitos principais, sendo eles:
Esforço de produção: trabalho de transformação (UEP).
Posto operativo: operações de transformação.
Potencial produtivo: capacidade de gerar esforço de produção (UEP/h).
Foto-índice: custo de funcionamento do posto operativo, em $/h.
Foto-custo: custo do produto base, considerando os foto-índices dos postos operativos.
Equivalente do produto: esforço, em UEP, para fabricar o produto.
3. Metodologia
O presente artigo se apresenta como um estudo de caso, por utilizar dados de uma empresa
real e buscar melhorar o seu método de custeio. Todos os dados coletados foram cedidos
pelos sócios e colaboradores da empresa e foi tomado o cuidado de se modificarem os valores
referentes aos custos da empresa de forma proporcional, com o intuito de manter o sigilo dos
dados. O método de custeio estabelecido foi o ABC e foi seguido o procedimento sugerido
por Bornia (2010), chegando-se nas etapas a seguir:
Figura 4 - Etapas seguidas para aplicação do método de custeio na empresa
Fonte: os autores.
4. Descrição da Empresa
A Empresa X iniciou suas atividades em outro ramo de atividade, isto ocorreu na cidade de
Jaraguá do Sul. Em 2003 foi transferida para Joinville, onde se iniciou no ramo
de cosméticos e higiene, na época produzindo álcool gel e umectante para os dedos (molha
dedo). Em 2010, foi novamente transferida, desta vez para Araquari, onde continua suas
atividades.
Os produtos produzidos pela empresa são:
Álcool Gel: um único modelo de 13,5 kg;
Álcool Sólido: em três modelos:
Tipo 1 - Pote de 7,5 kg;
Tipo 2 - Pote de 900 g;
Tipo 3 - Pastilhas.
Molha dedo: único modelo, caixa com 10 unidades.
As atividades envolvidas, bem como o tempo necessário para a produção de cada produto,
estão exemplificadas nas imagens abaixo.
A Figura 5 apresenta as atividades para a produção de 24 baldes de Álcool Gel (13,5 kg).
Figura 5- Produção de Álcool Gel
Fonte: os autores.
A Figura 6 apresenta as atividades para a produção de 5 Baldes de Álcool Sólido Tipo 1.
Coleta de Dados
Definição das Atividades
Custeio das Atividades
Distribuição de Custos
entre Atividades
Distribuição Atividade -
Produto
Distribuição de Custos de
MP
Definição dos Custos Totais
Figura 6- Produção de Álcool Sólido Tipo 1
Fonte: os autores.
A Figura 7 apresenta as atividades para a produção de 40 Baldes de Álcool Sólido Tipo 2.
Figura 7- Produção de Álcool Sólido Tipo 2
Fonte: os autores.
A Figura 8 apresenta as atividades para a produção de 180 Potes de Álcool Sólido Tipo 3.
Figura 8- Produção de Álcool Sólido Tipo 3
Fonte: os autores.
A Figura 9 apresenta as atividades para a produção de 500 unidades de molha-dedo.
Figura 9- Produção de Molha Dedo
Fonte: os autores.
Ressalta-se que existem 2 tipos de atividades "Cozinhar" e "Embalar"; isso se dá pois, para a
produção do molha-dedos, são utilizados equipamentos diferentes e um espaço separado do
utilizado para os outros produtos, apesar das atividades de rotulagem e encaixotamento serem
executadas no mesmo ambiente.
A Tabela 1 apresenta os gastos do mês de outubro da empresa.
Tabela 1- Custos referentes ao mês de outubro
Foco Custos
Salários R$ 6.268,66
Aluguel R$ 1.750,00
Energia R$ 208,96
Outras Despesas R$ 287,31
4.1 Matéria-prima
As matérias-primas necessárias para a produção dos produtos, bem como as quantidades e
preços de compra, são mostrados na Tabela 2.
Tabela 2- Preços de Compra de Matéria-Prima
Produto Quantidade de compra
Preço
Álcool 10 litros R$ 12,07
Base 1 litro R$ 10,00
AETP 2 litros R$ 16,79
Neutralizante 1,5 kg R$ 33,34
Espessante 1,5 kg R$ 105,00
Pó Solidificante 250 kg R$ 20,00
Propilenoglicol 2 litros R$ 70,00
Aromatizante 100 ml R$ 15,00
O consumo das matérias-primas para a produção dos produtos é apresentado na Tabela 3 a
seguir.
Tabela 3- Consumo de Matérias-primas
Produto Molha-Dedo Álcool Sólido Álcool Gel
Álcool 20ml 56 l 304 l
Base - 400 ml -
AETP - 1,95 kg -
Neutralizante - - 1,4 kg
Espessante - - 1,3 kg
Pó Solidificante 200 g - -
Propilenoglicol 1,5 l - -
Aromatizante 20ml - -
Deve-se notar que, apesar de haver 3 modelos do Álcool Sólido, há uma coluna apenas na
Tabela 3. Isso se deve ao fato de a tabela representar o consumo de produção para:
Molha-Dedo - 500 unidades;
Álcool Sólido - as mesmas quantidades de matéria primas produzem:
Tipo 1 - 5 baldes;
Tipo 2 - 40 baldes;
Tipo 3 - 180 potes.
Álcool Gel - 24 baldes.
Os preços das embalagens (baldes e potes), rótulos e caixas estão contidos na Tabela 4
abaixo:
Tabela 4- Outros custos de MP
Produto Embalagem Rótulo Caixa
Álcool Sólido T1 R$ 6,10 R$ 0,35 -
Álcool Sólido T2 R$ 1,10 R$ 0,60 -
Álcool Sólido T3 R$ 0,65 R$ 0,11 R$ 0,20
Álcool Gel R$ 6,50 R$ 0,35 -
Molha Dedo R$ 0,50 R$ 0,10 R$ 0,05
Os custos com água (matéria-prima para todos os produtos) foram considerados irrisórios e
alocados juntamente ao custo “Outras Despesas”.
4.2 Produção do mês
A produção no mês é mostrada na Tabela 5.
Tabela 5- Produção de outubro/2017
Álcool Sólido Tipo 1 205 Baldes
Álcool Sólido Tipo 2 204 Baldes
Álcool Sólido Tipo 3 9432 Potes
Álcool Gel 30 Baldes
Molha-Dedo 500 Unidades
A produção destas quantidades gerou o consumo de matérias-primas apresentado na Tabela 6.
Tabela 6- MP consumida em outubro/2017
Produto Total Utilizado
Álcool 3063 l
Base 20253 ml
AETP 98735 kg
Neutralizante 1,05 kg
Espessante 0,975 kg
Pó Solidificante 200 g
Propilenoglicol 1,5 kg
Aromatizante 20 ml
4.3 Depreciação
As depreciações estimadas são para as máquinas presentes nas atividades da Administração
(computadores), Cozinhar 1 (reator), Cozinhar 2 (fogão) e Misturar (mixer). As depreciações
estimadas estão contidas na Tabela 7.
Tabela 7- Depreciação
Administrar Cozinhar 1 Cozinhar 2 Misturar
Depreciação R$ 31,25 R$ 150,00 R$ 2,50 R$ 41,67
4.4 Horas Trabalhadas
Na Tabela 8, são apresentados os tempos (em horas) de produção de cada produto para as
quantidades:
Molha-Dedo - 500 unidades;
Álcool Sólido - as mesmas quantidades de matéria primas produzem:
Tipo 1 - 5 baldes;
Tipo 2 - 40 baldes;
Tipo 3 - 180 potes.
Álcool Gel - 24 baldes.
Tabela 8- Tempo de produção
Produto Álcool Gel Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Molha Dedo Total
Cozinhar 1 - 0,42 0,42 0,42 - 1,25
Cozinhar 2 - - - - 0,5 0,5
Misturar 2,5 - - - - 2,5
Entubar - - - 0,08 - 0,08
Cortar - - - 0,5 - 0,5
Embalar 1 0,25 0,05 0,17 1 - 1,47
Embalar 2 - - - - 0,5 0,5
Rotular 0,17 0,05 0,35 1 0,67 2,23
Encaixotar - - - 0,42 0,5 0,92
4.5 Outros dados
Na Tabela 9, são apresentados outros dados referentes à empresa e suas atividades. Por
consumirem a maior parte da energia (e serem os únicos processos que utilizam equipamentos
elétricos), decidiu-se dividir o valor de energia elétrica entre as atividades Administrar,
Cozinhar 1 e Misturar. A área foi calculada de acordo com o espaço do galpão necessário para
a realização de cada ação. As outras despesas foram alocadas todas à administração, por não
envolverem as atividades restantes.
Tabela 9- Outros Dados
Atividade Potência (%) Área (m²) Outras Despesas
Administrar 20 15 130,6
Cozinhar 1 35 12 -
Cozinhar 2 - 1 -
Misturar 45 6 -
Entubar - 2 -
Cortar - 18 -
Embalar 1 - 18 -
Embalar 2 - 5 -
Rotular - 10 -
Encaixotar - 8 -
Além disso, foi constatado que o valor do transporte das mercadorias corresponde a,
aproximadamente, 15% dos custos da empresa. Com isso, para este trabalho, foi considerado
um custo do transporte equivalente a 15% do custo unitário dos produtos.
4.6 Método de custeio atual
A empresa não conta com um método de custeio específico. O custo dos produtos permanece
considerado o mesmo há aproximadamente seis anos, não havendo atualizações e os gestores
não conseguiram explicar o método de determinação dos mesmos. A tabela abaixo apresenta
os custos estimados pelos gestores.
Tabela 10 - Custos atuais dos produtos
Produto Custo Atual
T1 R$ 25,50
T2 R$ 9,50
T3 R$ 2,25
Gel R$ 23,00
Molha Dedo R$ 2,50
5. Proposta de método de custeio
5.1 Custeio das atividades
O método ideal para o custeio dos produtos é o ABC. Com base nos dados apresentados na
seção 4, foi realizado o rateio dos custos das atividades, presentes na Tabela 11
Tabela 11- Custos das atividades
Atividade Salário Energia Aluguel Depreciação Outras Despesas
Custo Atividades
Administrar R$ 283,92 R$ 41,79 R$ 276,32 R$ 31,25 R$ 130,60 R$ 763,87
Cozinhar 1 R$ 1.165,26 R$ 73,13 R$ 221,05 R$ 150,00 - R$ 1.609,44
Cozinhar 2 R$ 14,20 - R$ 18,42 R$ 2,50 - R$ 35,12
Misturar R$ 88,73 R$ 94,03 R$ 110,53 R$ 41,67 - R$ 334,95
Entubar R$ 123,98 - R$ 36,84 - - R$ 160,82
Cortar R$ 743,87 - R$ 331,58 - - R$ 1.075,45
Embalar 1 R$ 1.578,95 - R$ 331,58 - - R$ 1.910,53
Embalar 2 R$ 14,20 - R$ 92,11 - - R$ 106,30
Rotular R$ 1.621,47 - R$ 184,21 - - R$ 1.805,68
Encaixotar R$ 634,09 - R$ 147,37 - - R$ 781,46
Com o custo total das atividades, fez-se a segunda divisão, alocando as atividades indiretas ao
custo das atividades diretas. Essa divisão foi feita baseada nas horas trabalhadas em casa
atividade. O resultado desta segunda alocação é apresentado na Tabela 12.
Tabela 12- Custos das atividades diretas
Cozinhar 1 R$ 1.758,17 Entubar R$ 176,64 Embalar 2 R$ 108,11
Cozinhar 2 R$ 36,93 Cortar R$ 1.170,40 Rotular R$ 2.012,64
Misturar R$ 346,27 Embalar 1 R$ 2.112,06 Encaixotar R$ 862,39
Tendo os custos das atividades diretas, foi feita a distribuição destes custos aos produtos de
acordo com o tempo de utilização de cada atividade. A Tabela 13 apresenta esta distribuição.
Tabela 13- Distribuição dos custos das atividades aos produtos.
Atividade T1 T2 T3 Álcool Gel Molha Dedo
Cozinhar 1 R$ 731,83 R$ 91,03 R$ 935,31 - -
Cozinhar 2 - - - - R$ 36,93
Misturar - - - R$ 346,27 -
Entubar - - R$ 176,64 - -
Cortar - - R$ 1.170,40 - -
Embalar 1 R$ 77,86 R$ 32,28 R$ 1.990,06 R$ 11,87 -
Embalar 2 - - - - R$ 108,11
Rotular R$ 72,25 R$ 62,91 R$ 1.846,65 R$ 7,34 R$ 23,49
Encaixotar - - R$ 843,08 - R$ 19,31
Como resultado das distribuições, chegou-se ao custo total da produção dos produtos.
Dividindo o custo total de cada produto pela quantidade produzida, obtiveram-se os custos
unitários dos produtos de acordo com suas atividades. Os custos unitários gerados pelo ABC
estão presentes na Tabela 14.
Tabela 14- Custos unitários pelo método ABC
Produto Custo Total Custo Unitário
T1 R$ 881,93 R$ 4,30
T2 R$ 186,22 R$ 0,91
T3 R$ 6.962,15 R$ 0,74
Álcool Gel R$ 365,48 R$ 12,18
Molha Dedo R$ 187,84 R$ 0,38
5.2 Custeio das matérias-primas
Para o cálculo dos custos de matéria-prima, foram considerados os consumos totais (tabela 6),
os quais foram identificados com os produtos de acordo com os rendimentos apresentados na
tabela 3 e as quantidades produzidas (tabela 5). Os custos totais para cada matéria-prima de
acordo com a sua utilização para a produção total estão presentes na Tabela 15.
Tabela 15- Custos gerais de matéria-prima
T1
Total consumido Custo
Álcool (l) 2.296,00 R$ 2.770,78
Base (ml) 16.400,00 R$ 164,00
AETP (g) 79.950,00 R$ 671,18
T2
Total consumido Custo
Álcool (l) 476,00 R$ 574,43
Base (ml) 3400,00 R$ 34,00
AETP (g) 16575,00 R$ 139,15
T3
Total consumido Custo
Álcool (l) 63,47 R$ 76,59
Base (ml) 453,33 R$ 4,53
AETP (g) 2210,00 R$ 18,55
Gel
Total consumido Custo
Álcool (l) 228,00 R$ 275,15
Neutralizante (l) 1,05 R$ 23,34
Espessante (kg) 0,98 R$ 68,25
Molha Dedo
Total consumido Custo
Álcool (ml) 0,04 R$ 0,05
Pó Solidificante (g) 200,00 R$ 16,00
Propilenoglicol (l) 1,50 R$ 52,50
Aromatizante (ml) 20,00 R$ 3,00
Por fim, somando-se todos os custos das matérias-primas por produto tem-se o custo total de
matéria-prima de cada produto. Dividindo-se pela produção, tem-se o custo unitário de
matéria-prima para cada produto. Este custo unitário foi somado aos custos de embalagem,
rótulo e caixas (já apresentados unitariamente). Os custos unitários finais de matéria-prima
estão presentes na Tabela 16.
Tabela 16 - Custos unitários de matéria-prima
Produto Total Unitário Outros Custos Unitário de Matéria-prima
T1 R$ 3.605,96 R$ 17,59 R$ 6,45 R$ 24,04
T2 R$ 747,58 R$ 3,66 R$ 1,70 R$ 5,36
T3 R$ 99,68 R$ 0,01 R$ 0,96 R$ 0,97
Álcool Gel R$ 366,73 R$ 12,22 R$ 6,85 R$ 19,07
Molha Dedo R$ 71,55 R$ 0,14 R$ 0,65 R$ 0,79
5.3 Custos finais
Para o cálculo dos custos finais totais, foram somados os custos obtidos através das atividades
e os custos de matérias-primas. Deste custo, ainda foram somados os 15% referentes ao valor
de transporte. Com isso, foram determinados os custos de cada produto, presentes na Tabela
17.
Tabela 17- Custos Finais
Produto Custo ABC Custo MP Total Transportes Custo Final
T1 R$ 4,30 R$ 24,04 R$ 28,34 R$ 4,25 R$ 32,59
T2 R$ 0,91 R$ 5,36 R$ 6,28 R$ 0,94 R$ 7,22
T3 R$ 0,74 R$ 0,97 R$ 1,71 R$ 0,26 R$ 1,97
Gel R$ 12,18 R$ 19,07 R$ 31,26 R$ 4,69 R$ 35,95
Molha Dedo R$ 0,38 R$ 0,79 R$ 1,17 R$ 0,18 R$ 1,34
6. Conclusão
O método aplicado para o custeio dos produtos, apesar de complexo e demandar muito tempo
para ser realizado, apresentou resultados de boa qualidade. Os custos alcançados fazem uma
boa divisão dos custos, preocupando-se em distribuir de acordo com o consumo de cada
atividade (de mão de obra, aluguel, energia, entre outros) e não somente com uma distribuição
simplista e pouco precisa por proporcionalidade de demanda.
Percebe-se que os custos utilizados atualmente estão abaixo dos custos estimados pelo método
ABC, fato que pode gerar prejuízo à empresa. Com os resultados alcançados, os gestores têm
um sistema de custeio melhor e mais eficiente.
Como proposta de trabalhos futuros, sugere-se aplicar: o mesmo método para empresa de
outros setores. Além disso, sugere-se que outros métodos sejam aplicados para o mesmo caso,
buscando comparar a diferença de resultados.
Referências
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