Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

44
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011 D EUS ,C RISTO E C ARIDADE R$ 7,00 ISSN 1413 - 1749

Transcript of Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Page 1: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011DEUS , CR I S TO E CAR I D ADE

R$ 7,00

ISSN 1

413

- 1

749

Page 2: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011
Page 3: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 129 / Setembro, 2011 / N o 2.190

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO NOLETO

BEZERRA, GERALDO CAMPETTI SOBRINHO,MARTA ANTUNES DE OLIVEIRA DE MOURA E

SADY GUILHERME SCHMIDT

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E

SARAÍ AYRES TORRES

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:SGAN 603 – Conjunto F – L2 Norte 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

SumárioExpediente

Editorial

Viver – Um direito de todos

Entrevista: Arnaldo Rocha

Livros pioneiros obtidos de gravações de psicofonias

Presença de Chico Xavier

Nos domínios da sombra – Irmão X

Esflorando o Evangelho

Pensa um pouco – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Seara do Esperanto a serviço do Espiritismo – Três organizações:

um só objetivo – Affonso Soares

Trova/Trobo – Casimiro Cunha

Conselho Federativo Nacional

Reunião da Comissão Regional Norte

Seara Espírita

O Livro dos Médiuns – Inconvenientes e perigos da

mediunidade

A mulher na concepção espírita – Christiano Torchi

Pequena nota sobre o direito a viver (Capa) –

Eros Roberto Grau

Pensamento e obsessão – Clara Lila Gonzalez de Araújo

Olho por olho, dente por dente – A. Merci Spada Borges

Onde estiver Jesus – Maria Dolores

Em dia com o Espiritismo – O pensamento –

Marta Antunes Moura

Ao lado da verdade – Richard Simonetti

Indagações a nós mesmos – André Luiz

Instituições de ensino espíritas –

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Encontro Nacional da Área da Mediunidade e

Centenário da Sede Histórica da FEB

O homem de bem – Jorge Leite de Oliveira

Diário de uma flor despetalada – Mário Frigéri

5

8

14

18

22

24

25

28

29

32

34

35

37

4

11

16

21

30

31

38

42

PARA O BRASILAssinatura anual R$ 52,00Assinatura digital anual R$ 24,00Número avulso R$ 7,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 50,00

Assinatura de Reformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mmail: [email protected]

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:41 Page 3

Page 4: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Editorial

uando o ser humano já começava a apresentar condições para conhecer osprincípios elementares da justiça, a Providência Divina enviou, através damediunidade de Moisés, a primeira revelação das Leis de Deus, os Dez

Mandamentos. Destes, o quinto mandamento observa objetivamente:“Não matarás”. Direto, claro, inquestionável, não suscita dúvidas e não abre exceções.

O Evangelho de Jesus, destacando a magnitude da Lei de Amor, ratifica esse man-damento e lhe amplia a compreensão, assim como a Doutrina Espírita quandoobserva: “Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem? R.: “O de viver.Por isso ninguém tem o direito de atentar contra a vida de seu semelhante, nem defazer o que quer que possa comprometer a sua existência corpórea”. (O Livro dosEspíritos, Ed. FEB, q. 880.)

Para as Leis Divinas, portanto, o ser humano tem o pleno direito de viver e odever de preservar sua vida, não havendo nenhuma restrição a esse direito decor-rente das deficiências físicas, mentais, morais ou sociais que apresente.

Os Espíritos superiores, desde a metade do século XIX, esclarecem que a uniãoda alma ao corpo, na reencarnação, começa na concepção (Op. cit., q. 344), e a ciên-cia dos homens, por sua vez, evoluindo nas suas pesquisas, já reconhece que o serhumano começa a existir no momento da concepção. Com esta convicção, as leishumanas, também evoluindo nos seus conceitos e aproximando-se cada vez maisdas Leis Divinas, já asseguram ao ser humano, em muitos países, o direito à vida emtodas as fases da sua existência, desde a concepção.

Observa-se assim que, da concepção ao velho, em qualquer fase, o ser humanotem direito a viver seja qual for a condição física, mental, moral ou social em que seapresente.

A reencarnação é o eixo fundamental para o Espírito enriquecer-se de experiênciassublimes na sua senda evolutiva. E essas experiências adquiridas, principalmente asmais marcantes e dolorosas, são indispensáveis na conquista dos valores espirituaisque promovem a construção e o aprimoramento de sua personalidade, realizada emtotal respeito às leis de Liberdade e de Progresso que emanam de Deus.

Proteger e dignificar a vida do ser humano em qualquer fase de sua existência(concepção, zigoto, embrião, feto, recém-nascido, criança, jovem, adulto ou idoso)e em qualquer condição na qual se apresente (com ou sem deficiências ou mazelasde toda ordem) é, portanto, compromisso de todos os que já compreendem a bele-za da vida e a grandiosidade da Criação, seja material ou espiritual.

4 Reformador • Setembro 2011332222

QUm direito de todos

Viver

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:41 Page 4

Page 5: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

capítulo XVIII de O Livrodos Médiuns analisa deforma objetiva três níveis

de influência que podem resultarem inconvenientes e peri-gos à prática mediúnica.Da análise realizada porAllan Kardec destacamos,em seguida, algumas con-siderações:

Influência do exercí-cio da mediunidadesobre a saúde

A rigor, o exercício me-diúnico não produz qual-quer dano à saúde. Aocontrário, a experiênciademonstra que uma reu-nião mediúnica séria, rea-lizada em clima harmônico,produz bem-estar físico epsíquico aos seus partici-pantes. Dessa forma, a prá-tica mediúnica, em si, só éconsiderada indício de patologiapara pessoas que desconhecem osprincípios doutrinários da comu-nicação dos Espíritos. Admitimos,

contudo, que certas alterações físi-cas ocorridas durante o transe me-diúnico – dilatação pupilar, fixa-ção do olhar, respiração e voz alte-

radas, rigidez da postura corporal,certo grau de alheamento da rea-lidade etc. – podem causar algumtipo de inquietação aos circuns-

tantes. Como o transe é um estadode alteração da consciência, taismanifestações tendem a desapare-cer ou são minimizadas à medida

que o médium adquiremaior controle sobre asua mediunidade.

Na verdade, lembraKardec, os inconvenientese perigos relacionados àsaúde nada têm a ver coma faculdade mediúnica, emsi: “[...] depende do estadofísico e moral do médium.Há pessoas que devemevitar qualquer causa desuperexcitação e o exercí-cio da mediunidade é umadelas”.1 É por isso que todamanifestação mediúnicatraz o “colorido” da perso-nalidade do médium. Daíencontrarmos medianeirosque sempre se mantêmcalmos durante a manifes-tação de Espíritos grave-

mente enfermos ou de obsessores,enquanto outros revelam agitação,mesmo com Espíritos portadoresde menor sofrimento.

5Setembro 2011 • Reformador 332233

O

O Livrodos Médiuns

Inconvenientes e perigos da mediunidade

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:41 Page 5

Page 6: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Sabemos que os excessos dequalquer natureza não coadu-nam com uma vida saudável. Omesmo critério se aplica à práticamediúnica:

O exercício muito prolongado

de qualquer faculdade provoca

fatiga. A mediunidade está no

mesmo caso, principalmente a

que se aplica aos efeitos físicos.

Ela necessariamente ocasiona

um dispêndio de fluido, que traz

a fadiga, mas que se repara pelo

repouso.2

Assim, em condições usuais desaúde e idade, a participação emum grupo mediúnico que se reúnesemanalmente é suficiente e nãoproduz exaustão. Contudo, pon-dera Kardec:

Há casos em que é prudente,

necessário mesmo, a abstenção,

ou, pelo menos, o exercício mo-

derado; vai depender do estado

físico e moral do médium.

Aliás, o médium o sente geral-

mente e, quando isso acontece,

deve abster-se.3

Influência do exercícioda mediunidade sobre océrebro

Durante muito tempo acredi-tou-se que a mediunidade pro-duzia patologias mentais, algu-mas graves, então denominadasloucuras. Era argumento muitoutilizado pelos detratores do Espi-ritismo e por pessoas desinfor-madas que, no mínimo, viam os

espíritas como pessoas excêntri-cas. Hoje, as coisas melhoraram,pois, com o progresso da Medi-cina, sabe-se que a maioria dasanomalias do psiquismo não secaracterizam, efetivamente, comodoenças. Neste sentido, a Psiquia-tria e a Psicologia preferem utili-zar as expressões transtornos oudistúrbios psíquicos, visto que hápoucos quadros clínicos enqua-drados como verdadeira enfermi-dade mental, no sentido tradicio-nal do termo. Distúrbio e trans-torno, ao contrário, referem-se acomportamentos diferentes, des-viantes, incomuns. Logo, a facul-dade mediúnica e, consequente-mente, a prática mediúnica nãolesam o cérebro. Alguns processosde subjugação podem até ser assimqualificados, mas não a sua ge-neralidade. Vemos, então, que amediunidade tal como é prati-cada nas casas espíritas bemorientadas não produz pertur-bação mental, “desde que nãohaja predisposição para isso, emvirtude de fraqueza cerebral. Amediunidade não produzirá aloucura, se esta já não existir emestado rudimentar”.4

De qualquer forma, pessoasque possuem transtornos mentaisdiagnosticados pelo médico, ouque apresentam evidente quadrode obsessão espiritual, não devemexercer atividades mediúnicas.Até porque é comum que taisconfrades utilizem medicamentosindutores do sono, que dificultama concentração etc. Daí Kardecaconselhar: “[...] se o seu princí-pio já existe [o transtorno men-

tal], o que facilmente se reconhe-ce pelo estado moral da pessoa, obom senso nos diz que devemosser cautelosos, sob todos os pon-tos de vista, pois qualquer abalopode ser prejudicial”.4

Por outro lado, é preciso agircom cautela perante médiuns que,mesmo não apresentando evi-dente desarmonia mental, veicu-lam comunicações mediúnicasestranhas:

6 Reformador • Setembro 2011332244

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:41 Page 6

Page 7: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Devem ser afastadas do exercí-

cio da mediunidade, por todos

os meios possíveis, as pessoas

que apresentem sintomas, ain-

da que mínimos, de excentri-

cidade nas ideias, ou de enfra-

quecimento das faculdades men-

tais, porquanto, nessas pessoas,

há predisposição evidente para

a loucura, que pode manifes-

tar-se por efeito de qualquer

superexcitação. [...]5

Influência do exercício damediunidade sobre ascrianças

Importa destacar que não háqualquer justificativa para aparticipação de crianças na reu-nião mediúnica, ainda que estasapresentem mediunidade osten-siva e harmônica. As crianças en-contram-se em processo de ama-durecimento físico, psíquico,psicológico e espiritual. Logo, nãopossuem o necessário discerni-mento para participar de reuniõesmediúnicas, como ensinam es-tas orientações de O Livro dos Médiuns:

Será inconveniente desenvol-

ver-se a mediunidade nas

crianças?

Certamente. E sustento mesmo

que seria muito perigoso,visto que

esses organismos débeis e deli-

cados sofreriam fortes abalos e

as imaginações infantis exces-

siva superexcitação. Assim, os

pais prudentes devem afastá-

-las dessas ideias ou, pelo me-

nos, só lhes falar do assunto do

ponto de vista das consequên-

cias morais.6

Entretanto, há crianças que são

médiuns naturalmente, quer de

efeitos físicos, quer de escrita e de

visões. Esses casos apresentam

o mesmo inconveniente?

Não. Quando a faculdade se ma-

nifesta espontaneamente numa

criança, é que está na sua natu-

reza e porque a sua constituição

se presta a isso. O mesmo não

acontece, quando é provocada e

superexcitada.[...]7

Reflitamos, porém, que umacoisa é o surgimento natural eespontâneo da mediunidade nacriança. O Espírito reencarnadofoi preparado para tal condição.Outra, bem distinta, é a criançaser estimulada a desenvolver asua faculdade e até participar dereuniões mediúnicas. Kardec apre-senta este argumento:

A prática do Espiritismo [...] re-

quer muito tato para que sejam

desfeitas as tramas dos Espíri-

tos enganadores. Se até homens

maduros são iludidos por eles,

mais expostos ainda se acham a

infância e a juventude, em vir-

tude da própria inexperiência

da idade. Sabe-se, além disso, que

o recolhimento é uma condi-

ção sem a qual não se pode lidar

com Espíritos sérios. As evoca-

ções feitas levianamente e por

gracejo constituem verdadeira

profanação, que facilita o acesso

aos Espíritos zombeteiros ou

malfazejos. [...]8

Referências1KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 18, it. 221,

q. 4.2______. ______. Q. 2.3______. ______. Q. 3.4______. ______. Q. 5, p. 334-335.5______. ______. It. 222, p. 337.6______. ______. It. 221, q. 6, p. 335.7______. ______. Q. 7, p. 335.8______. ______. It. 222, p. 336.

7Setembro 2011 • Reformador 332255

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:42 Page 7

Page 8: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

8 Reformador • Setembro 2011332266

or que, historicamente, amulher vem sendo discri-minada em relação ao ho-

mem, como se fosse mera coadju-vante deste, um ser inferior, ou me-nos inteligente?

Algumas metáforas bíblicas, en-tre elas a da criação da mulher apartir da costela do homem, pa-recem reforçar esse preconceitoabsurdo. Não vai longe o tempoem que a Igreja – liderada até ospresentes dias pelo clã masculi-no – colocou em deliberação numConcílio se a mulher tinha ou não alma, pelo fato de que Deus nãolhe soprou nas narinas o fôlegoda vida, como teria feito com ohomem.1

Em suas raízes etimológicas, apalavra “homem” designa a espé-cie humana (mulher ou homem),mas que, talvez por falta de outrotermo específico mais adequado,vem sendo utilizada também pararepresentar o gênero masculino, oque leva a algumas confusões deinterpretação, pois, dependendo

do contexto, ora expressa umacoisa, ora outra.

O Espiritismo, em harmoniacom as leis da Natureza, projetaluz sobre essa tormentosa ques-tão, esvaziando de uma vez por to-das a chamada “guerra dos sexos”,pois revela que o ser humano éum Espírito encarnado, que ora ha-bita um corpo masculino, ora umcorpo feminino.

Essa descoberta nos remete auma outra interpretação mais coe-rente da metáfora bíblica: Deuscriou o Espírito simples e ignoran-te que, ao encarnar, toma a formade mulher ou de homem, confor-me as circunstâncias e as necessi-dades, os quais, no corpo corres-pondente à sua sexualidade, assu-mem funções diferentes em com-plementaridade, para que se pro-cesse o desenvolvimento antropo-lógico, que permite a evolução in-telecto-moral da Humanidade,sem que com isso percam a igual-dade essencial de filhos de Deus.

Assim, tanto Eva quanto Adão,emblemas dos sexos, têm a mes-ma origem, pois representam a

espécie humana, saídos, simboli-camente, um do outro: o osso dacostela sugere a igualdade entreambos, visto que pertence a umaparte do corpo ao lado, nem infe-rior nem superior, que protege ocoração, símbolo da vida e dosentimento.

O movimento feminista teve seuauge e em alguns momentos per-deu seu foco, quando foi ao duelo,como se homem e mulher fossemcópias um do outro e que tivessemde fazer coisas exatamente iguais.

Passados esses momentos ini-ciais de reação quase mórbida àopressão masculina, a mulher, en-trando no mercado de trabalho econquistando direitos básicoscomo o de votar e de ser votada,de ascender nas carreiras profis-sionais, sem renunciar à vocaçãoque o papel feminino lhe outorga,começou a descobrir que a suaforça estava exatamente onde sepensava ser mais frágil:

O papel da mulher é imenso na

vida dos povos. Irmã, esposa ou

mãe, é a grande consoladora e a

PCH R I S T I A N O TO RC H I

A mulher naconcepção espírita

1GÊNESIS, 2:7.

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:42 Page 8

Page 9: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

carinhosa conselheira. Pelo fi-

lho é seu o porvir e prepara o

homem futuro. Por isso, as so-

ciedades que a deprimem, de-

primem-se a si mesmas. A mu-

lher respeitada, honrada, de en-

tendimento esclarecido, é que

faz a família forte e a sociedade

grande, moral, unida!2

Os pesquisadores da “Medicinade Gênero”, ramo que nasceu emmeados da década de 90, desco-briram, surpresos, que as diferen-ças fisiológicas entre homens emulheres vão muito além da apa-rência dos órgãos reprodutores. Sópara exemplificar, o cérebro doshomens é, em média, 15% maior e

10% mais pesado, mas, no cérebrodas mulheres, as conexões entreos neurônios são mais numerosas.

Nos últimos 20 anos, as investi-gações científicas revelaram que“homens e mulheres pensam,agem e sentem de modo comple-tamente distinto. Eles e elas en-xergam, fazem a digestão, sentemcheiros, respiram e transpiram deforma diferente. O coração delesbate de um jeito e o delas de ou-tro. O pulmão, o sistema imuno-lógico, a audição, o paladar, a pe-le...”,3 diferenças que recomendamcondutas específicas para cadaum, tanto na prevenção como notratamento de diversos males.

Essas diferenças físicas que in-fluenciam o comportamento psi-cológico da mulher são indíciosde que há um planejamento supe-rior, a respaldar o amor feminino,considerado “uma das forças maisrespeitáveis na Criação divina”.4

Kardec, consolidando os ensi-namentos de Jesus, resgatou o va-lor da mulher sob a luz da revela-ção espírita, alertando que o prin-cípio da igualdade entre ela e eleestá assentado nas leis da Nature-za, igualdade essa que é de essên-cia espiritual e não de naturezaexterna, tendo em vista o papelsocial que cada um é chamado adesempenhar no processo evolu-tivo da Humanidade:

9Setembro 2011 • Reformador 332277

2DENIS, Léon. O problema do ser, do des-tino e da dor. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB,2010. P. 2, cap. 13, p. 245.

3PASTORE, Karina; NEIVA, Paula. A me-diunidade revela a mulher de verdade. In:Revista VEJA, São Paulo, Ed. Abril, n. 1.998,mar. 2007, p. 79.

4XAVIER, Francisco C. Ação e reação. PeloEspírito André Luiz. 28. ed. 4. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2011. Cap. 12, p. 213.

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:42 Page 9

Page 10: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Os Espíritos encarnam como

homens ou como mulheres,

porque não têm sexo. Como

devem progredir em tudo, cada

sexo, como cada posição social,

lhes oferece provações, deveres

especiais e novas oportunida-

des de adquirirem experiência.

Aquele que fosse sempre ho-

mem só saberia o que sabem os

homens.5

Portanto, a desigualdade queexiste entre homem e mulher éde funções e não de direitos. Aprópria legislação brasileira reco-nhece essa distinção de funções,quando, por exemplo, leva emconta a organização física dostrabalhadores de sexos diferen-tes, estabelecendo o limite de pe-so que a mulher deve suportar,em relação ao homem, bem comoquando estabelece idade distintapara aposentadoria, em razão dosexo, isso sem falar no períodode licença-maternidade, por mo-tivos óbvios.

A maternidade é uma das mis-sões sublimes concedida à mu-lher, a qual tem grande poder nopapel de educadora, pois gera emseu próprio seio e sustenta a in-fância dos homens do amanhã.Todavia, muitas vezes por falta deautoconhecimento, esse poderainda é utilizado de forma precá-ria, ou algumas vezes empregadoindevidamente.

O fato de se despontar na vidaprofissional, nos estudos, na ciên-cia ou em qualquer ramo do sa-ber, decorrência natural da liber-dade e da dignidade a que tam-bém faz jus, não significa que amulher deva descurar de seu“apostolado de guardiã do insti-tuto da família e da sua elevadatarefa na condução das almas tra-zidas ao renascimento físico”.6

É claro que a emancipaçãoacarreta-lhe maiores responsabili-dades, submetendo-a a estafantesjornadas de trabalho, em detri-mento dos filhos, fazendo-se in-dispensável conciliar, com bomsenso, suas atividades profissionaiscom o papel de mãe, pelo que me-rece o apoio não só de leis que aamparem em suas necessidadesespecíficas, mas também do con-sorte, no sentido de dividirem res-ponsabilidades comuns ao casal.

Enfim, perante as leis de Deus,não se justifica que o homemostente privilégios ou falsa superio-ridade em relação à mulher, comoainda acontece na atualidade. Deusoutorgou a ambos a inteligência e afaculdade de progredir: “A emanci-pação da mulher acompanha o pro-gresso da civilização; sua escraviza-ção marcha para a barbárie”.7

Ao que parece, a discriminaçãoda mulher repousa principalmen-te na visão reducionista da vida.

O desconhecimento das leis espi-rituais, especialmente da reencar-nação, favorece os abusos cometi-dos pelo homem, que se prevale-ce de sua força física e do exercícioda razão sem o tempero do senti-mento e do amor. Não raro, essaconduta contribui para arrojar aparceira indefesa nos vícios dacorrupção moral, entre eles a sen-sualidade exacerbada e a práticado sexo sem responsabilidade, quemuitas vezes descamba para onefando crime do aborto.

O escritor e poeta francêsVictor Hugo (1802-1885) gravouem letras indeléveis um belo poe-ma, que enaltece, em perfeito equi-líbrio, os parceiros de evolução,no qual inicia dizendo que o ho-mem é a mais elevada das criaturas,enquanto a mulher é o mais subli-me dos ideais, e encerra afirmandoque ele está colocado onde terminaa terra e ela onde começa o céu.

A ciência médica, por meio dealguns setores da comunidadecientífica, bafejada pelos ensinosespíritas, começa a dar seus pri-meiros passos, no sentido de in-vestigar também os ascendentesespirituais que ditam a marcha damulher para a realização plenade sua missão na Terra: a de me-diadora da vida, função maior doque aquela conferida ao homem,pois “é ela quem lhe dá as primei-ras noções da vida”.8 Ampará-lanessa sublime missão é um devere também uma missão dos Espíri-tos temporariamente encarnadosno sexo masculino.

10 Reformador • Setembro 2011332288

6VIEIRA, Waldo. Conduta espírita. PeloEspírito André Luiz. 31. ed. 4. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2011. Cap. 1, p. 17.

7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Riode Janeiro: FEB, 2010. Q. 822a. 8Idem, ibidem. Q. 821.

5KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Riode Janeiro: FEB, 2010. Comentário deKardec à q. 202.

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:42 Page 10

Page 11: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Reformador: Como foram os epi-sódios prévios ao Grupo Meimei?Arnaldo: Após a desencarnação deMeimei, em 1946, conheci ChicoXavier e o Grupo Dalva de Assis(em Belo Horizonte), dirigido pelomeu irmão Geraldo Rocha, ondeaté 1948 atuei como médiumpsicofônico. Certo dia, Jofre Lelis(colega militar e colaborador deJuscelino Kubitschek) dirigia a reu-nião e manifestou-se um Espíritomuito prepotente. Tentaram “dou-triná-lo” – o que não é aceitável–, porque se deve dialogar comos Espíritos sem qualquer ideiade doutrinação. Passei a dialogarcom o Espírito e relatei a modifi-cação de minha vida e a aprendi-zagem com Meimei, a quem ocomunicante passa a ver. Em se-guida, a médium Eni Fasanelodesigna-me como responsável

pelos diálogos. Ao visitar ChicoXavier, este confirmou minha novaincumbência e transmitiu-me asorientações iniciais de Emmanuel:nunca discutir com a entidadecomunicante e nem falar que elajá “morreu”. Chico começou acomparecer a essas reuniões dasquartas-feiras, em Belo Horizonte,entre 1949 e 1951, quando nãoocorria a reunião no lar de Dr.Rômulo Joviano, em função deviagens deste. Passei a verificarque Chico era assediado por Espí-ritos necessitados e que era im-prescindível uma reunião mediú-nica para atendê-los. Chico Xaviersempre comentava sobre a difi-culdade, desde a desen-carnação de seuirmão José,de partici-par de reu-

nião mediúnica. Chico ainda pros-seguiu com um grupo de con-fiança, organizado por José, mascerto dia ocorreu a conhecida

AR NA L D O RO C H AEntrevista

Livros pioneirosobtidos de gravações

de psicofoniasArnaldo Rocha, cofundador com Chico Xavier do Grupo Meimei

(Pedro Leopoldo, MG) e organizador dos livros Instruções Psicofônicase Vozes do Grande Além, comenta as obras pioneiramente obtidas por

gravações de psicofonias. É dirigente de reuniões na União Espírita Mineira

11Setembro 2011 • Reformador 332299

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:42 Page 11

Page 12: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

“surra do Evangelho” e então omédium suspendeu a reunião.

Reformador: E como surgiu o GrupoMeimei?Arnaldo: Semanalmente partici-pava das reuniões citadas e tam-bém do Centro Espírita Luiz Gon-zaga, em Pedro Leopoldo. Em 1952,passamos então a funcionar nestacidade, dando início ao GrupoMeimei, com médiuns expe-rientes da localidade, como Lu-cília, irmã de Chico, e amigos deBelo Horizonte, completandoaté oito médiuns. O Grupo Mei-mei foi fundado em 31 de julhode 1952, mas somente veio a tersede própria no ano de 1954. Nasede do “Luiz Gonzaga” nãoocorriam transes psicofônicosde Chico Xavier, apenas as psi-cografias. Aprendi muito com oChico, durante seus transes me-diúnicos. Após o término das reu-niões, sempre conversávamossobre as mesmas, estendendo oencontro para a casa de seus ir-mãos André ou Cidália, casadacom Chiquinho Carvalho. Chicosempre recomendava para não seestimular a vaidade e o orgulhodos médiuns.

Reformador: Quando e como sur-giram as gravações das reuniões?Arnaldo: No início de 1954, Car-los Torres Pastorino visitou PedroLeopoldo e se interessou em co-nhecer o Grupo Meimei. Ao cons-tatar a riqueza das reuniões – poistodos conheciam Chico Xaviercomo médium de “Espíritos deluz”, mas desconheciam que ele

atuava como qualquer outro mé-dium –, doou um gravador, à épo-ca um equipamento ainda raro.Pastorino ensinou-me como utili-zar o aparelho e passamos a gra-var as reuniões a partir do dia 11de março de 1954. Transcrevemosas psicofonias e as mostramos aPastorino numa outra visita sua.Como precisei ir ao Rio, em fun-ção de trabalho, levei algumas fi-tas gravadas e transcrições – paramostrá-las ao presidente da FEB,Dr. Wantuil de Freitas. Ele aten-deu-me com muita atenção e re-comendou que passasse tudo parao papel, porque – àquela época –,duplicar e comercializar grava-ções seria muito oneroso e compouquíssimo número de pessoascom disponibilidade para ouvi--las. Sugeriu que preparássemosum livro. Elaborei o primeiro: Ins-truções Psicofônicas. A transcriçãoinicialmente foi feita por mim edepois o marido de Lucília, o Pa-checo (apelido de Waldemar Ba-tista da Silva), passou a colaborar.Emmanuel fez as revisões dos tex-tos. Organizamos o livro e Chicorecomendou que aparecêssemoscomo coautores, mas não concor-damos, definindo que escrevería-mos apenas a apresentação (“Ex-plicação necessária”). Fizemos osregistros, a doação dos direitos àFEB, e levamos o texto ao seu pre-sidente. Dr. Wantuil de Freitasconsiderou-o uma preciosidade eo livro foi publicado pela FEB, em1956. Ocorreram até críticas dealguns, pois adotei o termo psico-fonia e não incorporação. Chicorecomendou que nos calássemos.

Reformador: Surgiram outroslivros?Arnaldo: Organizamos depoisVozes do Grande Além, lançado em1957. Houve até um diálogo inte-ressante entre mim e o médiumpara chegarmos a um ponto co-mum com relação ao título. Logodepois que Chico se mudou paraUberaba entreguei a ele parte dosoriginais para um eventual novolivro, obtido das gravações das psi-cofonias. A cada visita, lembráva-mos a Chico e este sempre respon-dia: “É mesmo, precisamos publi-cá-lo...”. Depois mudei-me paraBrasília, passei a visitá-lo espora-dicamente, o tempo passou, e oterceiro livro não foi publicado.

Reformador: Como era Chico comomédium psicofônico?Arnaldo: Chico, como médiumpsicofônico, mudava totalmente otom de voz, distinguindo-se per-feitamente os tons masculino efeminino. Situações de transfigura-ção eu constatei muitas vezes emmanifestações através dele, prin-cipalmente quando os comuni-cantes eram Espíritos femininos.Numa das reuniões do GrupoMeimei, o Espírito José CândidoXavier manifestou-se informan-do que nos mantivéssemos empreces, porque naquela noite con-taríamos com a participação deTeresa d’Ávila, não numa presen-ça direta: ela nos dirigiria a men-sagem emitida de altas esferasespirituais e utilizando interme-diações (Instruções psicofônicas,cap. 32). Em seguida, sentimos oaroma de perfume de rosa – efei-

12 Reformador • Setembro 2011333300

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:42 Page 12

Page 13: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

to raro no Grupo Meimei –, erecebemos suas orientações. Du-rante a manifestação, percebemosa transfiguração do médiumChico Xavier. Há muitos outrosfatos impressionantes, como di-versas manifestações de Pedro deAlcântara, considerado santo pelaIgreja (Op. cit., cap. 11, nota derodapé), e que, segundo Chico,foi um dos personagens do ro-mance Ave Cristo!. Aliás, verifi-quei transfiguração também coma médium Eni Fasanelo, em 1946,quando, pela primeira vez, ma-nifestou-se Meimei, e se dirigiu amim. Ouvi aquela vozmeiga e calma, utilizan-do maneirismos e pro-nunciando palavras queapenas eu conhecia co-mo seu marido. Quan-do olhei para a médiumverifiquei que seu ros-to estava diferente, re-juvenescido, pois Mei-mei desencarnou jovem.

Reformador: Chico par-ticipava de muitas reu-niões semanais?Arnaldo: Em Pedro Leo-poldo, Chico já participava dereuniões no “Luiz Gonzaga” às se-gundas e sextas-feiras, às quartas--feiras comparecia nas reuniões nolar do Dr. Rômulo Joviano, na Fa-zenda Modelo, e às quintas-feirasno Grupo Meimei. Emmanuel re-comendou que Chico iniciasse umaoutra reunião no Grupo Meimei.Surgiu assim a reunião mediúnicados sábados. Foi no Luiz Gonzagaque se realizaram as reuniões de

materialização, quando Peixoti-nho visitou o Chico.

Reformador: Há alguma orienta-ção espiritual que gostaria de destacar?Arnaldo: Certa feita, divergi demeu irmão Geraldo Rocha, noatendimento de uma médium noGrupo Meimei, porque eu enten-dia que embora estivéssemosidentificando uma manifestaçãoanímica, o atendimento com umdiálogo calmo e fraterno deveriaocorrer da mesma forma. Nas se-

manas seguintes, o orientadorEmmanuel discorreu de formamuito esclarecedora, na mensagemque foi intitulada “Trio Essencial”(Instruções Psicofônicas, cap. 59).Vale a pena refletir sempre sobreeste texto. De outra feita, um Espí-rito prepotente e autoritário se ma-nifestou e afirmou que não queriaque sua voz fosse registrada noaparelho. Ao final da reunião, para

surpresa minha, verifiquei quehouve algum problema e realmentea mensagem não foi gravada. Dia-loguei com a mesma entidade espi-ritual, várias vezes, durante uns novemeses, ocorrendo muitas informa-ções interessantes e ela acabou setransformando num grande ami-go nosso – o Cerinto (identificadocomo C.T. em Instruções Psicofô-nicas, cap. 37) – e que conduziumuitos Espíritos para o atendi-mento em nossa reunião. Em Vozesdo Grande Além, está incluída a“Prece de Cerinto”.

Reformador: O queteria a dizer ao leitorsobre os dois livroscitados e sobre os 150anos de O Livro dosMédiuns?Arnaldo: Os dois li-vros focalizados devemser estudados no Mo-vimento Espírita, e atépara valorizar as reu-niões mediúnicas, poisa maioria das pessoasconhecem Chico ape-

nas como médium psicó-grafo. Tive contatos com muitaspessoas que me reconhecem pelofato de tê-los organizado e me re-latam sobre a utilização em pales-tras dos casos registrados nos li-vros. No ano da comemoraçãodos 150 anos de O Livro dos Mé-diuns, aconselho a leitura e o estu-do deste livro e também de O Céue o Inferno, que contém relatos demanifestações espirituais, pois en-tendo que ambos ainda são gran-des desconhecidos dos espíritas.

13Setembro 2011 • Reformador 333311

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:43 Page 13

Page 14: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

14 Reformador • Setembro 2011333322

nventei uma história paracelebrar a Vida. Ana, filha defamília muito rica, apaixo-

na-se por um homem sem bensmateriais, Antonio. Casa-se comseparação de bens. Ana engra-vida de um anencéfalo e o casaldecide tê-lo. Ana morre de parto,o filho sobrevive alguns minutos,herda a fortuna de Ana. Antonioherda todos os bens do filho quesobreviveu alguns minutos alémdo tempo de vida de Ana. Nenhu-ma palavra será suficiente paranegar a existência jurídica dofilho que só foi por alguns ins-tantes além de Ana.

A história que inventei é válidano contexto do meu discurso jurí-dico. Não sou pároco, não tenhoafirmação de espiritualidade anestas linhas postular. Aqui anotoapenas o que me cabe como arte-são da compreensão das leis.

Palavras bem arranjadas nãobastam para ocultar, em quantosfazem praça do aborto de anen-céfalos, inexorável desprezo pelavida de quem poderia escaparcom resquícios de existência – eproduzindo consequências jurí-

dicas marcantes – do ventre queo abrigou. Matar ou deixar mor-rer o pequeno ser que foi paridonão é diferente da interrupçãoda sua gestação. Mata-se durantea gestação, atualmente, com re-cursos tecnológicos aprimorados,bisturis eletrônicos dos quais osfetos procuram desesperada-mente escapar no interior de úte-ros que os recusam. Mais “digna”seria a crueldade da sua execuçãoimediatamente após o parto, mes-mo porque deixaria de existir ris-co para as mães. Um breve homi-cídio e tudo acabado.

Vou contudo diretamente aodireito, nosso direito positivo. NoBrasil o nascituro não apenas éprotegido pela ordem jurídica,sua dignidade humana preexis-tindo ao fato do nascimento, masé também titular de direitos ad-quiridos. Transcrevo a lei, artigo2o do Código Civil:

A personalidade civil da pessoa

começa do nascimento com

vida; mas a lei põe a salvo,

desde a concepção, os direitos

do nascituro.

No intervalo entre a concepçãoe o nascimento – dizia Pontes deMiranda – “os direitos, que seconstituíram, têm sujeito, apenasnão se sabe qual seja”.

Não há, pois, espaço para dis-tinções, como assinalou o mi-nistro aposentado do STF, JoséNéri da Silveira, em parecer sobre o tema:

Em nosso ordenamento jurí-

dico, não se concebe distinção

também entre seres humanos

em desenvolvimento na fase in-

trauterina, ainda que se com-

provem anomalias ou malfor-

mações do feto; todos enquanto

se desenvolvem no útero ma-

terno são protegidos, em sua

vida e dignidade humana, pela

Constituição e leis.

Trata-se de seres humanos quepodem receber doações [art. 542do Código Civil], figurar em dispo-sições testamentárias [art.1.799do Código Civil] e mesmo ser ado-tados [art. 1.621 do Código Civil].

É inconcebível, como afirmouTeixeira de Freitas ainda no

IERO S RO B E RTO GR AU

Pequena nota sobreo direito a viver

Capa

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:43 Page 14

Page 15: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

século XIX, um de nossos maisrenomados civilistas, que haja en-te com suscetibilidade de adqui-rir direitos sem que haja pessoa.E, digo eu mesmo agora, neleinspirado, que se a doação feitaao nascituro valerá desde queaceita pelo seu representante le-gal – tal como afirma o artigo542 do Código Civil – é forçosoconcluir que os nascituros jáexistem e são pessoas, pois “o na-da não se representa”.

Queiram ou não os que fazempraça do aborto de anencéfalos,o fato é que a frustração da suaexistência fora do útero materno,por ato do homem, é inadmissí-vel [mais do que inadmissível,criminosa] no quadro do direitopositivo brasileiro. É certo que,salvo os casos em que há, com-provadamente, morte intrauteri-na, o feto é um ser vivo.

Tanto é assim que nenhum,entre a hierarquia dos juízes denossa terra, nenhum deles em tesenegaria aplicação do disposto noartigo 123 do Código Penal,1 quetipifica o crime de infanticídio, àmulher que matasse, sob a in-fluência do estado puerperal, opróprio filho anencéfalo, duran-te o parto ou logo após, sujeitan-do-a a pena de detenção, de doisa seis anos. Note-se bem que aotexto do tipo penal acrescenteiunicamente o vocábuloanencéfalo!

Ora, se o filho anencéfalomorto pela mãe sob a influênciado estado puerperal é ser vivo,por que não o seria o feto anen-céfalo que – repito – pode rece-ber doações, figurar em dispo-sições testamentárias e mesmoser adotado?

Que lógica é esta que tomacomo ser, que considera ser al-guém – e não res – o anencéfalovítima de infanticídio, mas atri-bui ao feto que lhe correspondeo caráter de coisa ou algo assim?

De mais a mais, a certeza dodiagnóstico médico da anence-falia não é absoluta, de modo quea prevenção do erro, mesmo cul-poso, não será sempre possível. Oque dizer, então, do erro doloso?A quantas não chegaria, então, emseu dinamismo – se admitido o

aborto – o “moinho satânico”de que falava Karl Polanyi?2

A mim causa espanto a ideia deque se esteja a postular abortos, ecom tanto de ênfase, sem interes-se econômico determinado. O queme permite cogitar da eventuali-dade de, embora se aludindo àdefesa de apregoados direitos damulher, estar-se a pretender a mi-gração, da prática do aborto, douniverso da ilicitude penal, para ocampo da exploração da atividadeeconômica. Em termos diretos eincisivos, para o mercado.

Escrevi esta pequena nota paragritar, tão alto quanto possa, o di-reito de viver.

1“Matar, sob a influência do estadopuerperal, o próprio filho, durante oparto ou logo após: Pena – detenção dedois a seis anos.”

2A grande transformação: as origens danossa época. Tradução portuguesa de FannyWrobel. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

15Setembro 2011 • Reformador 333333

Capa

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:43 Page 15

Page 16: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

m compacta assembleia do reino das sombras,um poderoso soberano das trevas, diante demilhares de falangistas da miséria e da igno-

rância, explicava o motivo da grande reunião.O Espiritismo com Jesus, aclarando a mente

humana, prejudicava os planos infernais.Em toda parte da Terra, as criaturas começavam a

raciocinar menos superficialmente! Indagavam, comsegurança, quanto aos enigmas do sofrimento e damorte e aprendiam, sem maior dificuldade, as liçõesda Justiça Divina. Compreendiam, sem cadeias dog-máticas, os ensinamentos do Evangelho. Oravam comfervor. Meditavam na reencarnação e passavam a in-terpretar com mais inteligência os deveres que lhescabiam no planeta. Muita gente entregava-se aos li-vros nobres, à caridade e à compaixão, iluminando apaisagem social do mundo e, por isso, todas as ativi-dades da sombra surgiam ameaçadas...

Que fazer para conjurar o perigo?E pediu para que os seus assessores apresentassem

sugestões.Depois de alguns momentos de expectativa, er-

gueu-se o comandante das legiões da incredulidade efalou:

– Procuremos veicular a crença de que Deus nãoexiste e de que as criaturas viventes estão entregues aforças cruéis e fatais da Natureza...

O maioral das trevas, porém, objetou, desen-cantado:

– O argumento não serve. Quanto mais avançanos trilhos da inteligência, mais reconhece o homema paternidade de Deus, sendo atraído inelutavelmen-te para a fé ardente e pura.

Levantou-se, no entanto, o orientador das legiõesda vaidade e opinou:

– Espalharemos a notícia de que Jesus nada temque ver com o Espiritismo, que as manifestações dosdesencarnados se resumem num caso fisiológico pa-ra as conclusões da Ciência, e, desnorteando os pro-fitentes da Renovadora Doutrina, faremos com quegozem a vida no mundo, como melhor lhes pareça,sem qualquer obrigação para com o Evangelho e,assim, serão colhidos no túmulo, com as mesmaslacunas morais que trouxeram do berço...

O rei das sombras anuiu, complacente:– Sim, essa ilusão já foi muito importante, contudo,

há milhares de pessoas despertando para a verdade, nacerteza de que as portas do sepulcro não se abririampara os vivos da Terra, sem a intervenção de Jesus.

Nesse ponto, o diretor das falanges da discórdiapôs-se de pé e conclamou:

– Sabemos que a força dos espíritas nasce das reu-niões em que se congregam para a oração e para oaprendizado da vida espiritual, e nas quais tomamcontato com os Mensageiros da Luz... Assim sendo,assopraremos a cizânia entre os seguidores dessabandeira transformadora, exagerando-lhes a noçãoda dignidade própria. Separá-los-emos uns dos ou-tros com o invisível bastão da maledicência. Chama-remos em nosso auxílio os polemistas, os discutido-res, os carregadores de lixo social, os fiscais do próxi-mo e os examinadores de consciências alheias paraque os seus templos se povoem de feridas e mágoasincuráveis e, assim, os irmãos em Cristo saberãodetestar-se uns aos outros, com sorrisos nos lábios,inutilizando-se para as obras do bem.

16 Reformador • Setembro 2011333344

E

Presença de Chico Xavier

Nos domíniosda sombra

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:43 Page 16

Page 17: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

O chefe satânico, todavia, considerou:– Isso é medida louvável, contudo necessitamos de

providência de efeito mais profundo, porque sempreaparece um dia em que as brigas e os desacordos ter-minam com os remédios da humildade e com o so-corro da oração.

A essa altura, ergueu-se o condutor das falangesda desordem e ponderou:

– Se o problema é de reuniões, conseguiremos li-quidá-lo em três tempos. Buscaremos sugerir aos mem-bros dessas instituições que o lugar dos conclaves émuito longe e que não lhes convém afrontar as sur-presas desagradáveis da via pública. Faremos que ohorário das reuniões coincida com o lançamento defilmes especiais ou com festividades domésticas dedata fixa. Improvisaremos tentações determinadas pa-ra os companheiros que possuam maiores deveres eresponsabilidades junto às assembleias, a fim de queos iniciantes não venham a perseverar no trabalho daprópria elevação. Organizaremos dificuldades paraas conduções e atrairemos visitas afetuosas que che-guem no momento exato da saída para os cultos es-píritas-cristãos. Tumultuaremos o ambiente nos lares,escondendo chapéus e bolsas, carteiras e chaves paraque os crentes se tomem de mau humor, desistindodo serviço espiritual e desacreditando a própria fé.

O soberano das trevas mostrou larga satisfação nosemblante e ajuntou:

– Sim, isso é precioso trabalho de rotina que nãopodemos menosprezar. Entretanto, carecemos de re-curso diferente...

O responsável pelas falanges da dúvida ergueu-see disse:

– As reuniões referidas são sempre mais valiosascom o auxílio de médiuns competentes. Buscaremosdesalentá-los e dispersá-los, penetrando a onda men-tal em que se comunicam com os benfeitores celestes,fazendo-lhes crer que a palavra do Além resulta deum engano deles próprios, obrigando-os a se senti-rem mentirosos, palhaços, embusteiros e mistificado-res, sem qualquer confiança em si mesmos, para queas assembleias se vejam incapazes e desmoralizadas...

O mentor do recinto aprovou a alegação, masconsiderou:

– Indiscutivelmente, o combate aos médiuns nãopode esmorecer, entretanto, precisamos de providên-cia mais viva, mais penetrante...

Foi então que o orientador das falanges da pregui-ça se levantou, tomou a palavra, e falou respeitoso:

– Ilustre chefe, creio que a melhor medida será re-cordar ao pensamento de todos os membros das agre-miações espíritas que Deus existe, que Jesus é o Guiada Humanidade, que a alma é imortal, que a justiçadivina é indefectível, que a reencarnação é uma ver-dade inconteste e que a oração é uma escada solar,reunindo a Terra ao Céu...

O soberano das sombras, porém, entre o espantoe a ira, cortou-lhe a palavra, exclamando:

– Aonde pretende chegar com semelhantes afirmações?

O comandante dos exércitos preguiçosos acres-centou, sem perturbar-se:

– Sim, diremos que o Espiritismo com Jesus, pe-dindo às almas encarnadas para que se regenerem,buscando o conhecimento superior e servindo à ca-ridade, é, de fato, o roteiro da luz, mas que há tempobastante para a redenção, que ninguém precisa inco-modar-se, que as realizações edificantes não efetua-das numa existência podem ser atendidas em outras,que tudo deve permanecer agora como está no ínti-mo de cada criatura na carne para vermos como fica-rão depois da morte, que a liberalidade do Senhor éincomensurável e que todos os serviços e reformas daconsciência, marcados para hoje, podem ser transfe-ridos para amanhã... Desse modo, tanto vale viveremno Espiritismo como fora dele, com fé ou sem fé, por-que o salário de inutilidade será sempre o mesmo...

O rei das sombras sorriu, feliz, e concordou:– Oh! até que enfim descobrimos a solução!...De todos os lados ouviam-se risonhas excla-

mações:– Bravo! Muito bem! Muito bem!O argumento do astucioso condutor das falanges

da inércia havia vencido.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Contos e apólogos. 13. ed. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 40.

17Setembro 2011 • Reformador 333355

Pelo Espírito Irmão X

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:43 Page 17

Page 18: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

s estudos sobre a obsessãosão extremamente com-plexos pela diversidade

de manifestações e origens. Tan-tas são as modalidades, as espé-cies de influências espirituais no-civas com que nos deparamosque, certamente, necessitamos deconhecimentos mais profundospara melhor examiná-las, sobre-tudo quando se pretende esmiu-çar experiências narradas por au-tores espíritas, encarnados e de-sencarnados, enriquecidas de en-tendimentos sobre fatos obsessi-vos com que se defrontaram naprática do Espiritismo. Essas aná-lises ensejam ricas possibilidadesde aprendizado ao demonstrarque o pensamento permanece nabase de todas as manifestaçõesmentais contribuindo, muitas ve-zes, para o surgimento dos casosde obsessão a que somos arrasta-dos e que podem se transformarem armadilhas perigosas, testan-do a nossa capacidade de defesa evigilância morais.

Allan Kardec apresenta carac-terísticas diversas da obsessão e adistingue de acordo com o “graudo constrangimento e da nature-za dos efeitos que produz”, va-riando entre “a obsessão simples, afascinação e a subjugação”.1 Aoavaliar a gravidade da situação,alerta para os perigos que as pes-soas correm ao se deixarem atin-gir por esse jugo maléfico:

Chama-se obsessão à ação per-

sistente que um Espírito mau

exerce sobre um indivíduo.

Apresenta caracteres muito di-

ferentes, que vão desde a sim-

ples influência moral, sem

perceptíveis sinais exteriores,

até a perturbação completa do

organismo e das faculdades

mentais. [...]2

O poder mental, como forçacriadora e renovadora, nem sem-pre nos nivela com a faixa de pen-samentos elevados, mas ajusta-nosàs criaturas que permanecem no

mesmo nível evolutivo. Procura-mos as inteligências que se afini-zam conosco no mesmo diapasão.Nossa forma de ser, nosso espírito,na alegria e na dor, se harmonizacom todos os Espíritos que se nosagregam ao modo de sentir. Espe-cialmente os que são atraídos domundo invisível:

[...] Eles povoam o espaço;

temo-los incessantemente em

torno de nós, ao nosso lado,

vendo-nos, observando-nos

[...], seguindo-nos, ou evitan-

do-nos, conforme os atraímos

ou repelimos. [...]3

Geralmente, não estamos pre-parados para enfrentar as lutasprovacionais a serem superadas,muitas delas agravadas pelos erroscometidos em reencarnações ante-riores e que nos prendem a desa-fetos do passado, no estágio de evo-lução em que ainda nos detemos.Descontroladas emoções nos atin-gem e passamos a refletir ideias

O

“Andai enquanto tendes a luz, para que a treva não vos retenha;quem anda na treva não sabe para onde vai.” (João, 12:35.)

CL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

Pensamentoe obsessão

18 Reformador • Setembro 2011333366

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:43 Page 18

Page 19: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

inferiores, surgidas de intençõesmenos nobres, tais como: vingan-ça, mágoa, ressentimento, revolta,ciúme, inveja, ódio e paixões avil-tantes, que se instalam em nossamente, consentindo que senti-mentos destruidores nos desarvo-rem o coração. As conquistas ob-tidas de ideais superiores, fruto doesforço vagaroso para alcançá-las,“sofrem desabamento e desinte-gração, porque o desequilíbrio e aviolência nos fazem tremer e cairnas vibrações do egoísmo absolutoque havíamos relegado à reta-guarda da evolução”.4 São as “bre-chas” que abrimos sem que tenha-mos a necessária disciplina paraque as sombras não nos domi-nem. Tais imperfeições se conver-tem em “influenciações espirituaissutis que levam a pessoa visada aprocedimentos dos quais se arre-penderá, provavelmente, quandoconseguir refletir com algumequilíbrio”.5 A esse respeito, inte-ressante observação é feita peloEspírito André Luiz, em uma desuas luminosas obras:

É assim que somos, por vezes,

loucos temporários, grandes

obsidiados de alguns minutos,

alienados mentais em marcadas

circunstâncias de lugar ou de

tempo, ou, ainda, doentes do

raciocínio em crises periódicas,

médiuns lastimáveis da desar-

monia, pela nossa permanên-

cia longa em reflexos condi-

cionados viciosos, adquirindo

compromissos de grave teor

nos atos menos felizes que pra-

ticamos, semi-inconsciente-

mente, sugestionados uns pe-

los outros, porquanto, perante

a Lei, a nossa vontade é res-

ponsável em todos os nossos

problemas de sintonia.6

É pela vontade que norteamosos pensamentos ao tomar decisõessobre a execução de determinadasações. Sem ela, o raciocínio não seresguarda, oscilando entre as vá-rias maneiras que motivam o ho-mem, para o bem ou para o mal.Nossos feitos devem ser resultan-tes de reflexões, e o encadeamento

harmônico dos pensamentos,conforme palavras do eminentefilósofo espírita Léon Denis (1846--1927), requer fiscalização, porque,“se nossos atos são bons e nossospensamentos maus, apenas haveráuma falsa aparência do bem [...],cujas influências, mais cedo oumais tarde, derramar-se-ão fatal-mente sobre nossa vida”.7 Pensar,pois, em desacordo com o que sefaz é uma incoerência.

A preponderância da mente ob-sessiva, sintonizada com as ondasmentais emitidas pelo obsidiado,poderá restringir a sua liberdadede raciocinar e de agir livrementecerceando, por algum tempo, a in-dependência de refletir com equi-líbrio – quando a obsessão dege-nera em subjugação, o obsidiado,em muitos casos, perde a vontadee o livre-arbítrio –, fazendo-o fu-gir da realidade e sujeitando-o aviver uma encarnação dolorosa edesanimadora, sem livrar-se doscontratempos e distúrbios espiri-tuais, caso não ocorra a devida re-novação moral. Sobre o proble-

19Setembro 2011 • Reformador 333377

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:43 Page 19

Page 20: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

ma, esclarece o Espírito AdolfoBezerra de Menezes (PEREIRAapud , 2011):

[...] Acrescentaremos que a

responsabilidade permanecerá

com o próprio obsidiado, visto

que [...] nenhum homem ou

mulher será jamais influencia-

do ou obsidiado por entidades

dessa categoria, se a estas não

oferecer campo mental propí-

cio à penetração do mal, pois a

obsessão, de qualquer nature-

za, nada mais é que duas for-

ças simpáticas que se chocam

e se conjugam numa permuta

de afinidades.8

Em suma, não há obsessãounilateral e a permuta entre ob-sessor–obsidiado se nutrirá se-gundo o tipo de emoção e condutainfeliz a que se afeiçoam.

Referindo-se ao exercício me-diúnico, o insigne Codificadorconclui que a obsessão “é um dosmaiores escolhos da mediunidadee também um dos mais frequentes.[...] porquanto, além dos inconve-nientes pessoais que acarreta, éum obstáculo absoluto à bondadee à veracidade das comunicações”.9

É indispensável imprimir inaudi-tos esforços para combatê-la, ten-do em vista que:

[...] A obsessão, de qualquer

grau, sendo sempre efeito de

um constrangimento e este não

podendo jamais ser exercido

por um bom Espírito, segue-se

que toda comunicação dada

por um médium obsidiado é de

origem suspeita e nenhuma

confiança merece.9

Kardec chama a atenção para ofato de que certos médiuns podemser enganados por Espíritos men-tirosos, principalmente no começoda tarefa, quando ainda não pos-suem a indispensável experiência.Isso, entretanto, não significa estarobsidiado, já que “a obsessão con-siste na tenacidade de um Espírito,do qual não consegue desembara-çar-se a pessoa sobre quem eleatua”.10 Portanto, as boas condi-ções morais do médium são fun-damentais e imprescindíveis aoexercício seguro da mediunidade,sobretudo em relação às conside-rações ditadas pelo Mentor espiri-tual Erasto, ao comentar a signifi-cância das afinidades existentesentre os dois planos:

[...] os Espíritos atraem Espíri-

tos que lhes são similares e [...]

raramente os Espíritos das plêia-

des elevadas se comunicam por

aparelhos maus condutores,

quando têm à mão bons apare-

lhos mediúnicos, bons médiuns,

numa palavra.

Os médiuns levianos e pouco

sérios atraem, pois, Espíritos da

mesma natureza [...].11

Urge, assim, que saibamos de-senvolver ingentes empenhos naaquisição de renúncias e reformaspessoais, para o engrandecimentoda prática da mediunidade, susten-tados por fé inquebrantável, per-manecendo em condições vibrató-rias satisfatórias, mentais e físicas,

não apenas nos momentos emque tenhamos de utilizar as facul-dades mediúnicas no intercâmbiocom o invisível, mas ao nos apro-ximarmos do Criador pela precesincera e disposição íntima, per-manente, de preservar pensamen-tos e obras, ajustando-os às reali-dades ensinadas por Jesus.

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.

Trad. Guillon Ribeiro. 80. ed. 1. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 23, it. 237.2______. A gênese. Trad. Guillon Ribeiro.

52. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2010. Cap. 14, it. 45.3______. O livro dos médiuns. Trad.

Guillon Ribeiro. 80. ed. 1. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2009. Cap. 21, it. 232,

p. 306.4XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo Es-

pírito Emmanuel. 36. ed. 4. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2011. Cap. 114, p. 292.5SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/de-

sobsessão. 2. ed. 4. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2010. Cap. 4, p. 36.6XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.

Mecanismos da mediunidade. 2. reimp.

ed. esp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap.

16, p. 118.7DENIS, Léon. O problema do ser, do des-

tino e da dor. 3. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2010. P. 3, cap. 24, p. 498.8PEREIRA, Yvonne do Amaral. Recorda-

ções da mediunidade. 4. ed. 3. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2011. Cap. “O complexo

obsessão”, p. 229.9KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.

Trad. Guillon Ribeiro. 80. ed. 1. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 23, it. 242.10______. ______. It. 238, p. 318.11______. ______. Cap. 20, it. 230,

p. 302.

20 Reformador • Setembro 2011333388

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:43 Page 20

Page 21: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

21Setembro 2011 • Reformador 333399

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas testificam de mim.”– JESUS. (JOÃO, 10:25.)

Pensa umpouco

Fonte: XAVIER, Francisco C. Pão nosso. ed. esp. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 2.

vulgar a preocupação do homem comum, relativamente às tradições fami-

liares e aos institutos terrestres a que se prende, nominalmente, exaltan-

do-se nos títulos convencionais que lhe identificam a personalidade.

Entretanto, na vida verdadeira, criatura alguma é conhecida por semelhantes

processos. Cada Espírito traz consigo a história viva dos próprios feitos e somente

as obras efetuadas dão a conhecer o valor ou o demérito de cada um.

Com o enunciado, não desejamos afirmar que a palavra esteja desprovida de suas

vantagens indiscutíveis; todavia, é necessário compreender-se que o verbo é

também profundo potencial recebido da Infinita Bondade, como recurso divino,

tornando-se indispensável saber o que estamos realizando com esse dom do Senhor

Eterno.

A afirmativa de Jesus, nesse particular, reveste-se de imperecível beleza.

Que diríamos de um Salvador que estatuísse regras para a Humanidade, sem

partilhar-lhe as dificuldades e impedimentos?

O Cristo iniciou a missão divina entre homens do campo, viveu entre doutores

irritados e pecadores rebeldes, uniu-se a doentes e aflitos, comeu o duro pão dos

pescadores humildes e terminou a tarefa santa entre dois ladrões.

Que mais desejas? Se aguardas vida fácil e situações de evidência no mundo,

lembra-te do Mestre e pensa um pouco.

É

reformador setembro 2011 - a.qxp 29/8/2011 11:44 Page 21

Page 22: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

22 Reformador • Setembro 2011334400

provérbio Olho por olho,dente por dente é tão anti-go quanto a Humanida-

de; adotado por Moisés, expressaa lei de Talião que consiste na pu-nição equivalente à gravidade daofensa ou do crime.

A vingança, inspirada no olhopor olho, dente por dente é “o maisinfalível instrumento de perdi-ção”.1 Está enraizada em todas ascamadas sociais, entre crianças,jovens, adultos. Contamina lares,escolas, estados, instituições. Geraguerras, terrorismo, perseguições,bullying, e diversos outros crimes.O ser humano não quer levardesaforo para casa. É lamentável!Nem todos serão apanhados pelas

leis humanas; mas, ninguém selivrará da justiça divina.

No entanto, olho por olho,dente por dente foi sempre malinterpretado pela Humanidade.Não é uma lei para ser aplicadapelos homens. Trata-se de lei di-vina conhecida como lei de causae efeito que tem por objetivo aeducação moral do Espírito aolongo das reencarnações. Ela mo-nitora as ações boas ou máscometidas pelo homem no pre-sente, para o acerto de contas nofuturo. Portanto, é instrumentode justiça e de educação e nãouma imposição aleatória. Quan-do o sofrimento se instala, certa-mente é chegado o momento doacerto de contas para reabilita-ção do Espírito.

Os sofrimentos humanos apre-sentam-se sob dois aspectos: pro-vação e expiação. Segundo o Espí-rito Emmanuel,

A provação é a luta que ensina ao

discípulo rebelde e preguiçoso a

estrada do trabalho e da edifica-

ção espiritual. A expiação é a pe-

na imposta ao malfeitor que co-

mete um crime.2 (Grifo nosso.)

Vingança gera violência num ci-clo interminável de ódio, destrui-ção e morte. Somente as leis divinastêm meios para extirpar as raízesdo ódio e da vingança. Eis por queKardec afirma que “a dor é uma bên-ção que Deus envia a seus eleitos”.3

Somente a reencarnação e a leide causa e efeito podem explicar aorigem das aflições que atormen-tam o homem.

O

“Ouvistes o que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digoque não resistais ao mal; mas, se alguém te ferir na tua face direita, oferece-lhe

também a outra; e ao que quiser demandar-te em juízo, e tirar-te o vestido, larga-lhe também a capa; e se alguém te obrigar a ir carregando mil passos, vai com ele ainda mais outros dois mil. Dá a quem te pedir e não te desvies

daquele que te pede emprestado.” (Mateus, 5:38-42.)

A. ME RC I SPA DA B O RG E S

dente por dente

1KARDEC, Allan. A vingança. In: Revistaespírita: jornal de estudos psicológicos,ano 5, p. 349, ago. 1862. Trad. EvandroNoleto Bezerra. 13. ed. 2. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2009.

2XAVIER, Francisco C. O consolador. PeloEspírito Emmanuel. 28. ed. 3. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2010. Q. 246.

3KARDEC, Allan. O evangelho segundo oespiritismo. 4. ed. esp. 3. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2010. Cap. 9, it. 7.

Olho por olho,

Page 23: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

A história da Humanidadeestá manchada de crueldades evinganças: guerras, inquisição,escravidão, terrorismo...

O Espírito, sendo cidadão domundo, pode renascer em qual-quer lugar do Planeta, mas sem-pre carregará consigo as tendên-cias que compõem a própria his-tória. Portanto, não fugirá de suasvítimas e muito menos dos instin-tos vingativos. Só a educação mo-ral evangélica sincera tem poderde apagar as tendências inferiores,liberando, assim, a sua trajetóriaascendente.

“A gênese de todas as religiõesda Humanidade tem sua origemno [...] coração augusto e miseri-cordioso”4 de Jesus. As lições do

seu Evangelho são conhecidas portodos os recantos do planeta. Comnomes diferentes, mas com os mes-mos ensinamentos. Todos os po-vos foram visitados pelos mensa-geiros de Jesus.

Muitos deles cumpriram tãobem a sua missão que foram con-fundidos com o próprio Cristo.Nos livros sagrados dos diferentespovos estão gravadas as suas li-ções de amor e de perdão. (Ver ACaminho da Luz, cap. IX.)

Ninguém pode alegar ignorância.No entanto, em estado de ex-

trema emoção, o homem se desli-ga dos planos superiores e se en-trega às emoções asselvajadas queainda vicejam no Espírito milenar.

Espíritos diversos, de naciona-lidades diferentes, geralmente se

reúnem em resgates coletivos porpossuírem débitos semelhantes.Todavia, como a lei de causa eefeito explica tantos massacres co-letivos oriundos da violência hu-mana? Na realidade ninguém reen-carna com o objetivo de ferir oumatar quem quer que seja. E quan-do isso acontece, é porque o indí-viduo, contrariando as leis da Vi-da, se disponibiliza como instru-mento da própria Lei.

As vítimas não poderiam qui-tar seus débitos de outra forma?Sim! Poderiam, sem que houvessea necessidade de mãos humanas.Não se tem visto através da mídiaa quantidade enorme de resgatescoletivos e individuais sem que ohomem tenha tomado parte? En-chentes, terremotos, tsunamis,

23Setembro 2011 • Reformador 334411

4XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.Pelo Espírito Emmanuel. 37. ed. 3. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 9, it.A gênese das crenças religiosas, p. 99.

Page 24: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

acidentes, furacões e outros tan-tos fenômenos? A própria Nature-za, acionada pela lei de causa eefeito, se encarrega de cobrar aodevedor o retorno ao caminho dobem. Na mesma pauta, sensibilizaas criaturas à pratica do amor e dacaridade. Ao mesmo tempo emque promove a evolução coletiva ea transformação do Globo. Porisso, afirma Jesus: “O escândalo énecessário, mas ai de quem o pro-voca”. (Mateus, 18:7.)

Num artigo em que explica adiferença entre provas e expia-ções, Kardec conclui: “Numa pa-lavra: a expiação cobre o passado;a prova abre o futuro”.5 Portanto, alei de causa e efeito, em ação, nãopode ser vista como um perío-do de sofrimento e dor e sim pe-ríodo de redenção oportunidadede reerguimento.

Os responsáveis por qualquertipo de violência contra a vidaatraem para si vinganças e cobran-ças que se estenderão por séculosafora. Assim, encarnados e desen-carnados desencadeiam terríveisobsessões, enceguecidos pelo de-sejo de fazer justiça com as pró-prias mãos.

Habituados ao olho por olho edente por dente, qual seria a reaçãodos Espíritos que se sentem ar-rancados da convivência familiar,injustamente assassinados? Comoagem fora do corpo?

Certamente, muitos deles, en-carnados uns desencarnados ou-tros, prosseguem com a alma tor-turada pelo instinto de vingança.Sem dúvida esse sentimento ali-menta a onda crescente de violên-cia que assola o mundo.

É possível viver em paz numaTerra harmoniosa e feliz?

Sim, é possível, para tanto é pre-ciso deixar de ouvir o olho por olho,dente por dente, e se dedicar a ouvirJesus: “Ouviste o que foi dito: [...]Eu, porém, vos digo, não resistaisao mal; mas, se alguém te ferir natua face direita, oferece-lhe tam-bém a outra”. (Mateus, 5:38-39.)

É importante refletir muito bemantes de tomar qualquer decisãovingativa, por menor que seja, pa-ra que não sobrevenha mais tarde o arrependimento. Ninguém tem odireito de fazer justiça com as pró-prias mãos. As leis divinas sãoiguais para todos; justas e precisas,ninguém conseguirá fraudá-las.

Somente o perdão tem poderpara interromper a trajetória domal. O perdão, consagrado noalto da Cruz, florescerá no cora-ção daqueles que seguem Jesus.Não foi em vão que Ele doou aprópria vida em benefício daHumanidade.

24 Reformador • Setembro 2011334422

Onde estiver Jesus

Fonte: XAVIER, Francisco C. Antologia da espiritualidade. 6. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2011. Cap. 8.

Maria Dolores

Onde estiver Jesus, alma querida e boa –Ilusão, erro, falha apareçam embora,Inda mesmo se o mal, em torno, desarvora –,Esclarece, ilumina, ampara, aperfeiçoa.

Onde estiver Jesus, nada se diz à toa;O engano pede luz onde a verdade mora;A caridade reina; a esperança, hora a hora,Alteia-se mais bela; o trabalho abençoa.

Onde estiver Jesus, humilhado ou sozinho,Nas desfigurações e aleives do caminho,Inflama-te de amor – sol ardente e fecundo!...

Onde estiver Jesus... Eis que Jesus te espera A bondade, o perdão, a paz e a fé sincera Para a glória da vida e redenção do mundo!

5KARDEC, Allan. Questões e problemas.In: Revista espírita: jornal de estudos psi-cológicos, ano 6, p. 367, set. 1863. Trad.Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. 2. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2009.

Page 25: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Filosofia apresenta quatrointerpretações para o ter-mo pensamento que se in-

ter-relacionam e se complemen-tam: “1a qualquer atividade men-tal ou espiritual [do Espírito]; 2a

atividade do intelecto ou da razão,em oposição aos sentidos e à von-tade; 3a atividade discursiva; 4a ati-vidade intuitiva”.1

O primeiro conceito, introdu-zido por Renée Descartes (1596--1650), considera o pensamentoatributo do Espírito, consoante es-tas suas palavras: “Com a palavra‘pensar’ entendo tudo o que acon-tece em nós, de modo que o per-cebamos imediatamente [...]; porisso não só entender, querer e ima-ginar, mas também sentir é o mes-mo que pensar”.1 O Espiritismo,por sua vez, ensina: “Quando opensamento está em alguma par-te, a alma também aí está, pois é aalma quem pensa. O pensamentoé um atributo”.2

No segundo conceito, o pensa-mento traz o significado de razãoou intelecto. É a capacidade deaprender, raciocinar e julgar, muito

evidente no ser humano. Platão(428/427-348/347 a. C.) defendiaessa ideia, distinguindo-a da sensi-bilidade e das ações ou práticas hu-manas.1 Allan Kardec explica que

a inteligência é uma faculdade

especial, peculiar a algumas clas-

ses de seres orgânicos e que lhes

dá, com o pensamento, a vonta-

de de agir, a consciência de sua

existência e de sua individuali-

dade, bem como os meios de

estabelecerem relações com o

mundo exterior e de proverem

às suas necessidades.3

O pensamento é aceito comoatividade discursiva (terceiro con-ceito filosófico) para a maioriados filósofos, por se tratar do ins-trumento de aprendizado utiliza-do pelas ciências propedêuticas1

(básicas) – aritmética, ciências bio-lógicas e sociais, gramática e mú-sica. Platão denominou dianoia1 aessa modalidade de pensamento,caracterizando-a como um tipoparticular de conhecimento, rela-cionado aos assuntos matemáti-

cos e técnicos. A atividade discur-siva representa, então, resultado,processo ou capacidade operantedo pensamento, contrária à apreen-são imediata, denominada noesis4

(habilidade de sentir, perceber ousaber algo imediatamente, sem ne-nhuma ou pouca interferência darazão). O pensamento discursivoé priorizado pela educação tradi-cional, que enfatiza processos deanálise, síntese, confronto, coor-denação, seleção, transformaçãoetc. Daí Immanuel Kant (1724--1804) declarar: “Pensar é interli-gar representações numa cons-ciência”.5 Outro ponto importan-te é que o “pensamento discursivojamais se identifica ou se relacio-na com o objeto, apenas versa so-bre ele, caracterizando-o”.5 “A ati-vidade discursiva é usualmentedenominada pensamento formale lógico”.5

Para o Espiritismo, o conheci-mento abrange aprendizado inte-lectual e moral, progressos adqui-ridos pelo Espírito em suas inú-meras experiências reencarnató-rias e nos seus estágios no plano

A

Em dia com o Espiritismo

MA RTA AN T U N E S MO U R A

O pensamento

25Setembro 2011 • Reformador 334433

Page 26: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

espiritual. O aprendizado obtidoanteriormente se revela nas ten-dências, aptidões e ideias inatas:

O progresso completo consti-

tui o objetivo, mas os povos,

como os indivíduos, só o atin-

gem gradualmente. Enquanto o

senso moral não se houver

desenvolvido neles, pode mesmo

acontecer que se sirvam da in-

teligência para a prática do mal.

O moral e a inteligência são

duas forças que só se equilibram

com o passar do tempo.6

O quarto conceito filosóficocaracteriza o pensamento comointuição. Quer isto dizer que para

desenvolver a ca-pacidade intuiti-va o indivíduo de-

ve, necessariamen-te, interagir com o objeto, senti--lo, perceber a sua essência. Seria,no dizer de Platão, “a visão diretado inteligível”.5 O pensamento in-tuitivo, acatado por alguns filóso-fos de renome – os gregos Platãoe Aristóteles (384-322 a. C.), eos alemães Johann Fichte (1762--1814), Friedrich Schelling (1775--1854) e Georg W. Friedrich He-gel (1770-1831) –, é de naturezaespiritual, uma espécie de auto-consciência.5 Extrapola a análiseobjetiva e cognitiva de dados, fa-tos e comportamentos ao perce-ber aspectos subjetivos, geralmen-te invisíveis ou indiferentes ao ob-servador comum.

Embora a intuição apresentediferentes significados para o Es-piritismo (tipo de mediunidade,lembrança de vidas passadas oudo planejamento reencarnatório,sugestões transmitidas pelos Es-píritos), o sentido filosófico aqui

apresentado assemelha-se ao dediscernimento espiritual, ensina-do pela Doutrina: “Deus deixa ànossa consciência a escolha do ca-minho que devemos seguir e a li-berdade de ceder a uma ou outradas influências contrárias que seexercem sobre nós”.7

Ante tais considerações, AndréLuiz sintetiza:

O pensamento é a nossa capaci-

dade criativa em ação. Em qual-

quer tempo, é muito importan-

te não nos esquecermos disso. A

ideia forma a condição; a con-

dição produz o efeito; o efeito

cria o destino. A sua vida será

sempre o que você esteja men-

talizando constantemente. Em

razão disso, qualquer mudança

real em seus caminhos, virá

unicamente da mudança de seus

pensamentos. [...]8

Todavia, inseridos no mundodas formas, nem sempre percebe-mos que o pensamento é consti-tuído de elementos materiais, nãocaptados diretamente pelos cincosentidos corporais (visão, audição,tato, paladar e olfato):

Como alicerce vivo de todas as

realizações nos planos físico

e extrafísico, encontramos o

pensamento por agente es-

sencial. Entretanto, ele ainda é

matéria, a matéria mental, em

que as leis de formação das

cargas magnéticas ou dos sis-

temas atômicos prevalecem

sob novo sentido [...], que trans-

cendem o sistema periódico

26 Reformador • Setembro 2011334444

Page 27: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

dos elementos químicos, conhe-

cidos no mundo.9

O pensamento se propaga pormeio de ondas, as ondas mentais,da mesma forma que outras ma-nifestações ondulatórias da Natu-reza, produtoras de diversos efei-tos: ondas luminosas, caloríferas,sonoras, elétricas, magnéticas etc.Entretanto, todas as ondas, inclu-sive as do pensamento, são consti-tuídas de partículas materiais ele-mentares: elétrons, prótons e nêu-trons. A diferença entre elas estárelacionada ao tipo de oscilação(comprimento da onda) e à fre-quência (periodicidade no tem-po), que são específicas para cadavibração ondulatória.

E o homem, colocado nas faixas

desse imenso domínio, em que

a matéria quanto mais estudada

mais se revela qual feixe de for-

ças em temporária associação,

somente assinala as ondas que

se lhe afinam com o modo de ser.

Temo-lo, dessa maneira, por

viajante do Cosmo, respirando

num vastíssimo império de on-

das que se comportam como

massa ou vice-versa, condicio-

nado, nas suas percepções, à es-

cala do progresso que já alcan-

çou, progresso esse que se mos-

tra sempre acrescentado pelo

patrimônio de experiência em

que se gradua, no campo men-

tal que lhe é característico, em

cujas dimensões revela o que a

vida já lhe deu, ou tempo de

evolução, e aquilo que ele pró-

prio já deu à vida, ou tempo de

esforço pessoal na construção

do destino.[...]10

Ajustado aos mecanismos dalei de causa e efeito, o Espírito vê--se mergulhado em vastíssimo ocea-no de vibrações, onde influencia eé influenciado. Percebe que

A [sua] mente é manancial vivo

de energias criadoras.

O pensamento é substância,

coisa mensurável.

Encarnados e desencarnados

povoam o planeta, na condição

de habitantes dum imenso pa-

lácio de vários andares, em po-

sições diversas, produzindo pen-

samentos múltiplos que se com-

binam, que se repelem ou que

se neutralizam.

Correspondem-se as ideias, se-

gundo o tipo em que se expres-

sam, projetando raios de força

que alimentam ou deprimem,

sublimam ou arruínam, integram

ou desintegram, arrojados su-

tilmente do campo das causas

para a região dos efeitos.11

Assim, na sua incessante buscapela felicidade, aprende a educaro pensamento, associando-o àscorrentes mentais do bem e doamor presentes no Universo. Vi-giando as emissões mentais e oteor das ideias, fala e age comequilíbrio, como bem asseveraEmmanuel:

O sentimento inspira. O pensa-

mento plasma. A palavra orien-

ta. O ato realiza. Figuremos a

ideia como sendo a fonte nasci-

da no manancial do coração,

traçando a si mesma o curso

que lhe é próprio. O pensamen-

to vibra, desse modo, no alicer-

ce de todas as formas e de todas

as experiências da vida.12

Referências1ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filo-

sofia. Trad. Alfredo Bossi e Ivone Castilho

Benedetti. 4. ed. São Paulo: Martins Fon-

tes, 2003. p. 751.2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Q. 89a.3______. ______. Comentário de Kardec à

q. 71.4DIANOIA. Disponível em: <http://pt.wiki

pedia.org/wiki/Dian%C3%B3ia>.5ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filo-

sofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castilho

Benedetti. 4. ed. São Paulo: Martins Fon-

tes, 2003. p. 752.6KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Q. 780b.7______. ______. Comentário de Kardec à

q. 466.8XAVIER, Francisco C. Respostas da vida.

Pelo Espírito André Luiz. 29. ed. São Pau-

lo: IDEAL, 2007. Cap. 23, p. 82-83.9XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Me-

canismos da mediunidade. Pelo Espírito

André Luiz. 26. ed. 4. reimp. Rio de Janei-

ro: FEB, 2010. Cap. 4, it. Corpúsculos men-

tais, p. 49.10______. ______. Cap. 1, it. Homem e

ondas, p. 25.11XAVIER, Francisco C. Roteiro. Pelo Espí-

rito Emmanuel. 13. ed. 1. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2010. Cap. 25, p. 108.12______. Assim vencerás. Pelo Espírito

Emmanuel. 7. ed. São Paulo: IDEAL, 1997.

Cap. 33, p. 90-91.

27Setembro 2011 • Reformador 334455

Page 28: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

28 Reformador • Setembro 2011334466

Ao ladoda verdade

onvidado a participar deuma reunião mediúnica, oconfrade ouviu do dirigen-

te alguns esclarecimentos:– Ligamos o aparelho de ar con-

dicionado e orientamos para queos celulares sejam desligados.

Providências acertadas conside-rou, intimamente, o visitante.

Calor excessivo incomoda. Suorescorrendo, concentração fugindo.

Celular zoando em plena reu-nião mediúnica não é algo que serecomende aos médiuns em tran-se, ainda que possa despertar dor-minhocos contumazes, que fe-cham os olhos para fixar a atençãoe acabam nos braços de Morfeu.

Surpreendente foi a explicaçãodo dirigente:

– O ar condicionado favorece amanipulação de fluidos pelos men-tores e o telefone ligado, ainda quenão recebendo chamada, emite umavibração magnética que interferenas comunicações.

Imaginação fértil, sem dúvida,mas pouco racional.

A levar-se em consideração talorientação, o ideal seria a práticamediúnica em recônditas regiõespolares – muito gelo, nenhumcelular.

A ignorância passiva, de quempouco sabe e nem se preocupa emsaber, atrapalha a prática mediú-nica, formando dirigentes sem di-reção e médiuns sem disciplina.

Pior é a ignorância ativa, dequem pretende saber muito, semsaber nada e que, a pretexto demelhorar o intercâmbio com oAlém, apenas o complica.

Geralmente orientações dessanatureza partem de supostos guias,sempre reverenciados como se-nhores da verdade, simplesmenteporque estão do outro lado, semque seus descuidados discípuloscompreendam que o importanteé estar ao lado da verdade, semfantasias, sem invencionices.

Descuido imperdoável dos es-píritas que cultivam o intercâm-bio é ignorar O Livro dos Mé-diuns, que Kardec deu-se ao tra-balho de escrever como obra bá-sica, indispensável ao exercíciomediúnico.

Nem é preciso um estudoaprofundado. Basta observar asorientações contidas no capítuloXXIX, que trata dos grupos me-diúnicos.

No item 341, algumas funda-mentais:

Perfeita comunhão de vistas e desentimentos.

CRI C H A R D SI M O N E T T I

Page 29: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

A reunião forma o que Kardecdenomina ser coletivo, como se fos-se um organismo vivo, onde cadaparticipante é membro ativo e deimportância fundamental ao êxitodo intercâmbio. Indispensável porisso, que todos estejam identificadosem propósitos elevados, evitandoconverter a reunião em consultóriodo Além ou em rotineira distração.

Seja tudo feito para a edificação.(I Coríntios, 14:26.)

Cordialidade recíproca entre to-dos os membros. (Item 341.)

Antipatias gratuitas, espírito crí-tico, ressentimentos, mágoas, entreos participantes, turvam o ambien-te, dificultam o intercâmbio, com-prometem a eficiência do serviço.

O meu mandamento é este: quevos ameis uns aos outros, assim co-mo eu vos amei. (João, 15:12.)

Ausência de todo sentimento con-trário à verdadeira caridade cristã.(Item 341.)

Espíritos obsessores, domina-dos por propósitos de vingança,ou perturbadores que pretendamcomprometer a eficiência do servi-ço, só podem ser ajudados ou neu-tralizados se o grupo cultivar per-manente empenho por compreen-der suas necessidades e carências,com pensamento elevado e a abs-tenção de sentimentos negativos.

Espíritos desta casta não podemser afastados a não ser com oraçãoe jejum. (Marcos, 9:29.)

Nunca será demais enfatizar aimportância do intercâmbio com oAlém, bênção que distingue a Dou-trina Espírita, oferecendo-nos umavisão das realidades espirituais.

Nesse contato encontramos con-solo para os males do mundo eestímulo para superar nossas ma-zelas e imperfeições, rumo a glo-rioso porvir.

Não obstante, é preciso consi-derar que a metodologia não po-de ser à moda da casa, como ocor-re em muitos centros espíritas.

Imperioso que seja à moda deKardec, independente da existên-cia de celulares ou ar condiciona-do, que favorecem a vida na Terra,mas nada significam em relaçãoao contato com o Além.

29Setembro 2011 • Reformador 334477

ue seremos na casa de nossa fé, em companhia daqueles que

comungam conosco o mesmo ideal e a mesma esperança?

Uma fonte cristalina ou um charco pestilento?

Um sorriso que ampara ou um soluço que desanima?

Uma abelha laboriosa ou um verme roedor?

Um raio de luz ou uma nuvem de preocupações?

Um ramo de flores ou um galho de espinhos?

Um manancial de bênçãos ou um poço de águas estagnadas?

Um amigo que compreende e perdoa ou um inquisidor que

condena e destrói?

Um auxiliar devotado ou um expectador inoperante?

Um companheiro que estimula as particularidades elogiáveis do

serviço ou um censor contumaz que somente repara imperfeições

e defeitos?

Um pessimista inveterado ou um irmão da alegria?

Um cooperador sincero e abnegado ou um doente espiritual,

entrevado no catre dos preconceitos humanos, que deva ser trans-

portado em alheios ombros, à feição de problema insolúvel?

Indaguemos de nós mesmos, quanto à nossa atitude na comu-

nidade a que nos ajustamos, e roguemos ao Senhor para que o vaso

de nossa alma possa refletir-lhe a Divina Luz.

Indagações anós mesmos

Fonte: XAVIER, Francisco C. Correio fraterno. Diversos Espíritos. 6. ed.

1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 23.

André Luiz

Q

Page 30: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

criação da Associação Brasileira de Esperan-tistas-Espíritas (ABEE) deu ensejo a reaçõesinteressantes. Uma delas merece destaque:

por que uma nova organização de esperantistas-es-píritas, se já temos, por exemplo, a Sociedade Lorenze o Departamento de Esperanto da Federação Espí-rita Brasileira? Chegou-se mesmo a ver essa iniciati-va como um fator de divisão, de enfraquecimentodos trabalhos em torno do esperanto nos círculos es-píritas, com a justificativa de que seriam comuns,idênticos, os objetivos de cada uma.

Com efeito, todas trabalham para cumprir, pelomenos, duas finalidades comuns:

• difundir o esperanto entre espíritas e não-espí-ritas;

• difundir o Espiritismo nos círculos esperantis-tas do Brasil e do Exterior.

Entretanto, há algumas especificidades em cadauma que evidenciam uma clara diferenciação entresuas finalidades e que, portanto, justificam sua exis-tência, sem qualquer prejuízo para os serviços doesperanto em favor da Doutrina Espírita, seja noâmbito nacional, seja no âmbito internacional.

Nesse sentido, apresentaremos primeiramente umresumido quadro histórico dessas organizações para,em seguida, destacar a referida diferenciação.

A Federação Espírita Brasileira (FEB) adotou o es-peranto como item do seu programa a partir de 1909.

O sucesso de um Congresso Brasileiro de Espe-ranto realizado em São Paulo (SP) já havia desper-tado o interesse da Casa de Ismael, mas o motivoprincipal de sua decisão foi um documento, assi-nado por um esperantista-espírita francês, CamileChaigneau, com a exortação a que os espíritas ado-tassem o esperanto pelo fato de que, por sua forçade comunicação, ele muito auxiliaria na difusãomundial do Espiritismo, ao mesmo tempo em quea adesão do Movimento Espírita seria fator de for-talecimento para o novo idioma.

Em 1937, Ismael Gomes Braga, com o sustentomaterial e espiritual da FEB, dava início a uma con-cretização mais ampla das exortações contidas na-quele documento de 1909. Os frutos dessa feliz ini-ciativa são por demais conhecidos nos círculos espe-rantistas de nosso País, espíritas e não-espíritas.

Ismael recebe a preciosa colaboração de outroseminentes coidealistas, como Francisco ValdomiroLorenz, Porto Carreiro Neto, Délio Pereira de Souza,entre tantos outros. Pouco a pouco, cresce, de formaquantitativa e qualificativa, a atividade da FEB emfavor do esperanto, para a divulgação do Espiritismo,chegando mesmo a ultrapassar os limites do Movi-mento Espírita.

No início tudo se circunscrevia à atuação deIsmael Gomes Braga. Logo surgem outros devotadoscolaboradores, mas todas as atividades permane-ciam direcionadas para o cumprimento do progra-ma da FEB que não é propriamente uma organiza-ção esperantista.

A

A FEB e o Esperanto

a serviço do EspiritismoTrês organizações: um só objetivo

AF F O N S O SOA R E S

Seara do Esperanto

30 Reformador • Setembro 2011334488

Page 31: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Com o passar do tempo, sempre mais e mais semostrava a necessidade de se fundar uma nova orga-nização que, servindo exclusivamente aos objetivosespecíficos do movimento dos esperantistas-espíri-tas, pudesse aliviar a Casa de Ismael dos encargossempre crescentes nesse campo de ação.

Essa organização – a Sociedade Editora Espírita F.V. Lorenz – surge em 1975, graças à iniciativa dos la-boriosos esperantistas-espíritas Délio Pereira de Souza,Nelson Pereira de Souza, Nelson Affonso e de um ex--diretor da FEB, igualmente esperantista-espírita,Getúlio Soares de Araújo, tendo por objetivo distri-buir livros espíritas em esperanto a seus membros nomundo inteiro, além de editar obras do gênero.

A Societo Lorenz, como é carinhosamente chamada,cumpre até hoje o seu fecundo programa. Cresce, sefortalece, ganha prestígio no Brasil e além de suasfronteiras e – o que é mais importante – sempre traba-lha em perfeita harmonia com a FEB. De sua fundaçãonão resultou qualquer espécie de conflito, a unidadedo movimento não sofreu qualquer abalo e a colabora-ção entre ambas torna-se cada vez mais estreita. Agem,por assim dizer, de mãos dadas, e a generosa comuni-dade dos esperantistas-espíritas, em sua generalidade,pertence a ambas, tendo cada uma plena consciênciado papel que desempenham na seara comum.

Mas algo ainda faltava em nossos círculos: umacoordenação nacional das atividades através e em favordo esperanto que se realizasse sob diretrizes bem defi-nidas, em harmonia com o Movimento Espírita orga-nizado. Uma associação que pudesse, de forma porassim dizer oficial, representar-se no seio desse Movi-mento que, como sabemos, é orientado pela FEB eseu Conselho Federativo Nacional (CFN).

Um só caminho se delineava para a consecuçãodesse projeto: a fundação de uma organização que sealinhasse entre as organizações do mesmo gênero,integrantes do CFN, na condição de Entidades Espe-cializadas.

Com o beneplácito do Alto, é fundada, em 7 desetembro de 2008, a Associação Brasileira de Espe-rantistas-Espíritas (ABEE), cujo estatuto, além de lheprescrever as atividades comuns a que nos referimosno início, define-lhe o objetivo de coordenar as ações

do movimento dos esperantistas-espíritas no Brasil.Com esse caráter, a ABEE forma fileira entre as asso-ciações espíritas de artistas, juristas, médicos, divul-gadores, magistrados, militares e o Instituto de Cul-tura Espírita do Brasil.

Servem, portanto, as três organizações, sem quais-quer conflitos entre si, ao objetivo comum de divulgaro Espiritismo e o esperanto, estando plenamente jus-tificada a existência de cada uma pela especifidadede seus respectivos campos de ação.

Lembremo-nos sempre de que de nossa força de-pende a nossa união. E por essa união muito contri-buiremos para o sucesso das ações do ConselhoEspírita Internacional (CEI) que, desde sua criação,possui um Setor de Esperanto cuja existência semostrará cada vez mais nitidamente necessária pelofato de que o problema linguístico já esboça seus pri-meiros assédios a essa tão importante organizaçãointernacional de que fazem parte movimentos espí-ritas de mais de 30 países.

31Setembro 2011 • Reformador 334499

Trova

Trobo

Meu amigo, se procurasA glória da redenção,Acende a luz do EvangelhoNo templo do coração

Frato mia, por konkeroDe la ela/eta gloro,Briligu l’EvangelionEn la templo de la koro.

Fonte: Do livro Gotas de luz, ditado pelo Espírito Casimi-ro Cunha a Chico Xavier.1 (El la libro Lumgutoj, diktita dela Spirito Casimiro Cunha al Chico Xavier.)

1Legu: Kazimiro Kunja kaj 8iko 8avjer’.

Entendamos

Ni komprenu

Page 32: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

32 Reformador • Setembro 2011335500

om frequência, surgemquestionamentos sobre aexistência de instituições

de ensino espíritas, a relação de-las com o Movimento Espírita, e,se existiria prévia consulta e atéaprovação por Entidades Federa-tivas Espíritas Estaduais. O assuntorealmente merece algumas consi-derações à luz das bases do traba-lho federativo espírita e da legis-lação educacional vigente.

Na história do Movimento Es-pírita brasileiro, há fatos significa-tivos, como escolas fundadas porAnália Franco, em São Paulo, epor Eurípedes Barsanulfo, em Sa-cramento (MG), entre o final doséculo XIX e início do século XX.1

Há vários líderes espíritas, comoLeopoldo Machado, que fundouescola em Nova Iguaçu (RJ), em1930, e apresentou a tese “O Es-piritismo é Obra de Educação”,no 1o Congresso de JornalistasEspíritas, em 1939.2 Preocupaçõescom as pressões governamentais ereligiosas geraram movimentos,como a Coligação Pró-Estado Lei-go, contando com a atuação delideranças espíritas como ArturLins de Vasconcellos Lopes e Cair-bar Schutel.3

Na atualidade, vivemos numcontexto legal, social e econômicobem diferente dos momentos ex-perimentados pelos pioneiros eidealistas citados.

A fundamentação para asações de união e de unificaçãodo Movimento Espírita brasilei-ro está definida no Pacto Áureo,assinado em 1949,4 o qual foiconcretizado com o ConselhoFederativo Nacional da FEB, emfuncionamento desde o ano de1950, e integrado pelas EntidadesFederativas Espíritas Estaduais.4 Asrecomendações dos documentosde trabalho e as ações imple-mentadas pelo CFN e pelas Enti-dades Federativas Estaduais vi-sam oferecer apoio aos centrosespíritas e contribuir com o aper-feiçoamento deles e do Movi-mento Espírita em geral.4,5 As ins-tituições de ensino têm espe-cificidades bem distintas dos cen-tros espíritas.

Em nosso país, surgiu um novocenário com a promulgação daConstituição Brasileira, em 1988.Esta oferece um novo arcabouçojurídico e amplia a existência deórgãos específicos, com represen-tatividade da sociedade, como os

Conselhos de Educação, em níveisfederal, estadual e municipal.

As instituições de ensino sãoregidas pela Lei de Diretrizes eBases da Educação Nacional (Leino 9.394, de 20/12/1996).6 Cabeaos Conselhos de Educação Mu-nicipais, Estaduais e o Nacional,a definição de requisitos para aautorização e para a avaliação deinstituições de ensino e para ofer-ta de seus cursos. Com a legisla-ção citada e outras complemen-tares, definidas pelo ConselhoNacional de Educação e promul-gadas pelo Ministro da Educação,há parâmetros nacionais para o ensino fundamental e médio ediretrizes nacionais para o ensinosuperior.7

Oportuna a lembrança de que,embora tenham característicasbem distintas, algumas instituiçõesassistenciais espíritas podem teratividades nas áreas da educação eda saúde, e, neste caso, devem obe-decer a normas específicas ema-nadas dos Conselhos Nacional eEstaduais de Assistência Social,além de, conforme o caso, esta-rem sujeitas a registros e acompa-nhamentos por diferentes áreas degovernos municipais e estaduais.

CAN TO N I O CE S A R PE R R I D E CA RVA L H O

Instituições deensino espíritas

Page 33: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Em face das considerações ini-ciais, como contribuição para acompreensão do contexto em quevivemos, podemos analisar a exis-tência de instituições de ensinoque possam apresentar o título deespírita.

Na trajetória de proposta ecriação de uma eventual institui-ção de ensino espírita – fundada eadministrada por espíritas –, nãohá envolvimento de órgãos deunificação do Movimento Espíri-ta. Não é alçada, nem o papel des-tes órgãos, examinar ou dar pare-cer sobre instituições de ensino. E,sendo uma instituição de ensinoprivada, ela deverá atender aos di-tames da legislação educacionaldo país e tramitar, se for ensinofundamental, em nível de Muni-cípio ou Estado e, se for ensinosuperior, em nível de Ministérioda Educação.

Mesmo sendo instituição depropriedade e/ou administradapor espíritas e tendo o título espí-rita em seu nome, deverá haver orespeito à legislação do País, queassegura a laicidade do ensino.Muitas pessoas imaginam que apalavra espírita apareceria no di-ploma. Isto não pode ocorrer, poiso diploma somente terá valor legalse for emitido por instituição deensino credenciada pelo Minis-tério da Educação e registrado naforma prevista pela legislação, e, aadjetivação espírita somente apa-recerá, se for o caso, no nome dainstituição. No diploma do cursoconcluído aparecerá tão somente,por exemplo: Bacharel em Filoso-fia, Bacharel em Teologia etc.

Feitos esses esclarecimentos,torna-se oportuna a contínua re-flexão sobre a necessidade de que,independentemente de adjetiva-ções, o profissional da educação, oadministrador, e qualquer cidadãoque seja espírita, deve se esforçarem pautar seu comportamentopela vivência dos postulados espí-ritas, concretizando exemplos dehomem de bem: “Espírita deve sero nome de teu nome”.8

A educação é um processoabrangente e continuado e, paraEmmanuel,

A melhor escola ainda é o lar,

onde a criatura deve receber as

bases do sentimento e do caráter.

Os estabelecimentos de ensino,

propriamente do mundo, podem

instruir, mas só o instituto da

família pode educar. É por essa

razão que a universidade pode-

rá fazer o cidadão, mas somente

o lar pode edificar o homem.9

Também Emmanuel – em livrohomônimo –, desde 1938 oferecediretrizes para um plano pedagó-gico com ações voltadas à educa-ção o qual continua extremamentepertinente aos dias atuais.10 Nasatividades do Movimento Espíri-ta, nos ambientes educacionais for-mais, e na convivência rotineirada vida, deve ficar bem claro onorteamento da Espiritualidade:“A educação da alma é a alma daeducação”.11

Referências:1CARVALHO, Antonio Cesar Perri de. Espi-

ritismo e modernidade. Visão de socie-

dade, família, centro e movimento espíri-

tas. São Paulo: Edições USE, 1996. Cap.

2, it. 1.2, p. 20-33.2RAMOS, Clóvis. Leopoldo Machado: ideias

e ideais. Rio de Janeiro: Edições CELD,

1995. p. 11-16.3MACHADO, Leopoldo. Uma grande

vida: estudo biográfico de Cairbar

Schutel. Matão: Ed. O Clarim. p. 106-

-109.4CARVALHO, Antonio Cesar Perri de (Or-

ganizado). Orientação aos órgãos de uni-

ficação. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 2,

it. 1 e 2, p. 13; cap. 8, it. 1.5EQUIPE DA SECRETARIA-GERAL DO CFN

(Organizado). Orientação ao centro espí-

rita. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Apresen-

tação, p. 13-17.6LEI no 9.394, de 20 de dezembro de

1996. Disponível em: <http://www.planal

to.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>.

Acesso em: 21/5/2011.7CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO.

Parecer CNE/CSE 583/201. Orientação

para as diretrizes curriculares dos cur-

sos de graduação. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/index.php?

option=com_content&view=article&id=

13243%3Aparecer-ces-2001>. Acesso em:

21/5/2011.8XAVIER, Francisco C. Religião dos espíri-

tos. Pelo Espírito Emmanuel. 21. ed.

2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap.

Doutrina espírita, p. 312.9______. O consolador. Pelo Espírito Em-

manuel. 28. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2010. Q. 110.10CARVALHO, Célia Maria Rey de. A atuali-

dade de Emmanuel: aspectos de seu pla-

no pedagógico. In: Reformador, ano 129,

n. 2.182, p. 29-31, jan. 2011.11VIEIRA, Waldo. Conduta espírita. Pelo

Espírito André Luiz. Rio de Janeiro: FEB,

2010. Cap. 42, p. 142.

33Setembro 2011 • Reformador 335511

Page 34: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

A Sede Histórica da FEB, loca-lizada no Rio de Janeiro, sediounos dias 23 e 24 de julho o En-contro Nacional da Área da Me-diunidade das Comissões Regio-nais do Conselho Federativo Na-cional da FEB e a comemoraçãodos 100 anos de inauguração doprédio histórico. Os eventos se in-serem nas comemorações do Ses-quicentenário de O Livro dos Mé-diuns, cuja proposta foi aprovadana Reunião Ordinária do Con-selho Federativo Nacional, de no-vembro de 2010, e a realizaçãona Sede Histórica da FEB (Av.Passos, 30 – Centro do Rio) tevecomo objetivo iniciar a comemo-ração referente aos 100 anos docitado prédio. Houve abertura deuma exposição com material his-tórico sobre a antiga Sede e a dis-tribuição de um opúsculo sobre asduas efemérides, elaborado porMarta Antunes de Moura. A Mesade abertura foi integrada pelopresidente da FEB, Nestor JoãoMasotti, que fez a saudação inicial;pelo secretário-geral do CFN, An-tonio Cesar Perri de Carvalho, queapresentou as equipes de todo oPaís e visitantes; pela coordenado-ra da Área da Mediunidade, Marta

Antunes de Moura, que fez a pales-tra sobre as duas efemérides; e pelorepresentante do Conselho Espíri-ta do Estado do Rio de Janeiro(CEERJ), Humberto Portugal Karl.Após intervalo para o lanche e vi-sita à exposição, ocorreu a pales-tra de Divaldo Pereira Franco so-bre o tema “150 Anos de O Livrodos Médiuns e os Pioneiros do Es-piritismo no Brasil”. No segundodia, Divaldo proferiu palestra so-bre o tema “A prática mediúnica”e foi entrevistado sobre o mesmotema. Em seguida, concedeu autó-grafos, principalmente em seuslivros psicográficos, recentementereeditados pela FEB. Num ambien-te cordial e fraterno, houve parti-cipação de representantes das 27Entidades Federativas Espíritas

Estaduais, diretores e colaborado-res da FEB – sediados em Brasíliae no Rio de Janeiro – e visitantesoriundos do Chile, Suíça e França,totalizando 386 inscrições que fo-ram limitadas à capacidade doauditório. Ao final, todos entoa-ram a “Canção da Alegria Cristã”.O evento foi transmitido ao vivopela TVCEI (www.tvcei.com), ten-do havido pontos de acesso dasvárias partes do Brasil e de 24 paí-ses. Na tarde e noite do sábado, dia23, o CEERJ promoveu palestrassobre o Sesquicentenário de O Li-vro dos Médiuns em 19 instituiçõesda cidade do Rio de Janeiro, apro-veitando a presença de expositoresque participavam do Encontro.

Informações: <www.febnet.org.br>.

34 Reformador • Setembro 2011335522

Encontro Nacional da Áreada Mediunidade e Centenário

da Sede Histórica da FEB

Divaldo P. Franco, falando ao público. À Mesa, da esq. para a dir.: AntonioCesar Perri de Carvalho, Nestor João Masotti, Marta Antunes de Moura

e Humberto Portugal Karl

Page 35: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

35Setembro 2011 • Reformador 335533

egundo Allan Kardec, naquestão 918 de O Livro dosEspíritos (LE) e no capítulo

XVII, item 3, de O Evangelho se-gundo o Espiritismo (ESE) “o ver-dadeiro homem de bem é o quecumpre a lei de justiça, de amor ede caridade, na sua maior pureza”.

Se desejarmos sintetizar essa belamensagem de Allan Kardec sobreo homem de bem, basta-nos refle-tir acerca do conteúdo desse pri-meiro parágrafo. Tudo o mais quevem a seguir decorre do que elecontém. Podemos mesmo afirmarque já a primeira frase traz a normamáxima da vida do homem de bem:o cumprimento da lei de justiça,de amor e de caridade.

Já lemos e ouvimos muitas vezesa recomendação de que o segredoda felicidade é contribuir para afelicidade alheia, mas infelizmenteainda trazemos enraizado em nossoíntimo o desejo de que nos façamfelizes. Exemplos: 1) o casal de na-morados espera, um do outro, que ofaça feliz e ambos esquecem que afelicidade consiste em dar cada qualo melhor de si em prol da felicidadealheia; 2) a família, a começar pelomarido e a mulher: quantas vezes,os segredos mais íntimos do casal

acabam tornando-se conhecidosde muita gente?

Quantos lares são desfeitos emvirtude da falta de fidelidade, juradaantes e no momento festivo dasnúpcias? E os maus exemplos quesão presenciados pelos filhos, desdebem pequeninos? Vícios, conversasdesrespeitosas sobre a vida alheia,discussões e até mesmo agressõessão entraves à boa educação, quedeve começar no lar.

Como se pode constatar, o cum-primento dessa lei em “sua maiorpureza”não é fácil. Mas quando umúnico Espírito se ilumina, arrastaconsigo uma multidão desejosade seguir-lhe os passos.

A outra parte do parágrafo inicialsobre o “homem de bem” refere-sea “interrogar a consciência”, ato dosmais louváveis, pois é nela que estáimpressa a Lei de Deus. (LE, ques-tão 621.) Na questão 919, desselivro, que trata sobre “o meio prá-tico mais eficaz que tem o homemde se melhorar nesta vida e de re-sistir à atração do mal”, somosrecomendados a seguir o conse-lho socrático do conhecimento denós mesmos.

Em resposta à nova indagação deKardec (LE, questão 919a) sobre

como conseguir esse conhecimento,Santo Agostinho propõe-lhe fazer,ao final de cada dia, um exame deconsciência. Se não faltara a algumdever, se ninguém lhe guardaramágoa. “[...] Perguntai ainda mais:Se aprouvesse a Deus chamar-meneste momento, teria que temer oolhar de alguém, ao entrar de novono mundo dos Espíritos, onde nadapode ser ocultado?”

Em seguida, recomenda: “Exa-minai o que pudestes ter obradocontra Deus, depois contra ovosso próximo e, finalmente, con-tra vós mesmos. As respostas vosdarão, ou o descanso para a vossaconsciência, ou a indicação de ummal que precise ser curado”.

Continuando, afirma Kardec queo homem de bem “deposita fé emDeus, na sua bondade, na sua justi-ça e na sua sabedoria. Sabe que sema sua permissão nada acontece e selhe submete à vontade em todas ascoisas”. (ESE, cap. XVII, item 3.)

Um filósofo chegou à seguinteconclusão: “Se Deus não existe,tudo nos é permitido”. Esse é ogrande engano de muita gente. Sema certeza da existência de Deus,muitas pessoas se autodestroem.O Espiritismo, afirma Santo Agos-

SJO RG E LE I T E D E OL I V E I R A

O homemde bem

Page 36: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

tinho, em sua mensagem sobre oautoconhecimento (LE, q. 919a),foi-nos enviado justamente para,não só por meio dos fenômenos,como das instruções dos Espíritoselevados, nos dar a certeza da vidafutura e nos assegurar a existênciade Deus como nosso Pai, e de Jesuscomo nosso guia.

O homem de bem “tem fé nofuturo, razão por que coloca os bensespirituais acima dos bens tempo-rais”. (ESE, cap. XVII, item 3.) Essehomem “sabe que todas as vicissi-tudes da vida, todas as dores, todasas decepções são provas ou expia-ções e as aceita sem murmurar”.(Op. cit.) Sem o conhecimentoda reencarnação, que o Espiritis-mo nos trouxe, seria difícil aceitar“sem murmurar” todas as aparentesinjustiças da matéria. Ele nos pro-porciona a “fé inabalável”.

O homem de bem,“possuído dosentimento de caridade e de amorao próximo, faz o bem pelo bem,sem esperar paga alguma; retribuio mal com o bem, toma a defesa

do fraco contra o forte, e sacrificasempre seus interesses à justiça”.(Op. cit.) Essa é que é a verdadeiracaridade, a que nos impulsionapara o bem, movidos pelo amor aopróximo, e que nos dá a certeza deque “viver bem é viver para o bem”.

Vive para o bem quem

Encontra satisfação nos benefí-

cios que espalha, nos serviços

que presta, no fazer ditosos os

outros, nas lágrimas que enxu-

ga, nas consolações que prodi-

galiza aos aflitos. Seu primeiro

impulso é para pensar nos ou-

tros, antes de pensar em si, é pa-

ra cuidar dos interesses dos ou-

tros, antes do seu próprio inte-

resse. O egoísta, ao contrário,

calcula os proventos e as perdas

decorrentes de toda ação gene-

rosa. (Op. cit.)

Os Espíritos nos afirmam que odesinteresse é a maior demonstra-ção de nossa elevação moral bemcomo “a sublimidade da virtude.

[...] A mais meritória[virtude] é a que assen-ta na mais desinteressa-da caridade”. (LE, ques-tão 893.)

“O homem de bem ébom, humano e bene-volente para com todos,sem distinção de raças,nem de crenças, porqueem todos os homens vêirmãos seus”. (ESE, cap.XVII, item 3.) Esse é oque, independentementeda religiosidade ou nãodo próximo, atenta para

o convite de Jesus: “Um novomandamento vos dou. Que vosameis uns aos outros tanto quan-to eu vos amei”. (João, 13: 34.)

“Respeita nos outros todas asconvicções sinceras e não lançaanátema aos que como ele nãopensam”. (ESE, cap. XVII, item 3.)Esse respeito decorre da certezamesma de que todos somos irmãosem Deus, avultando a vontade deser bom e o respeito pelo próximocomo mais importantes do que acrença.

Em todas as circunstâncias, toma

por guia a caridade, tendo como

certo que aquele que prejudica

a outrem com palavras malévolas,

que fere com o seu orgulho e o

seu desprezo a suscetibilidade de

alguém, que não recua à ideia

de causar um sofrimento, uma

contrariedade, ainda que ligeira,

quando a pode evitar, falta ao

dever de amar o próximo e não

merece a clemência do Senhor.

(Op. cit.)

36 Reformador • Setembro 2011335544

Page 37: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Aqui recordamos a máxima es-crita por Kardec (Op. cit., cap. XV,item 10) e confirmada pelo após-tolo Paulo, na mensagem finaldesse capítulo: “Fora da caridadenão há salvação”.

“Finalmente, o homem de bemrespeita todos os direitos que aosseus semelhantes dão as leis da Natu-reza, como quer que sejam respei-tados os seus”. (Op. cit., cap. XVII,item 3.) O limite dos nossos direi-tos, dizem-nos os Espíritos supe-riores, termina exatamente ondeameaçamos os do nosso próximo.

“Não ficam assim enumeradastodas as qualidades que distinguemo homem de bem; mas, aquele quese esforce por possuir as que aca-bamos de mencionar, no caminhose acha que a todas as demais con-duz”. (Op. cit.)

Por essas palavras finais, perce-bemos que ser homem de bem éum caminho longo a percorrer. Masnão devemos desanimar jamais,pois o mesmo caminho que per-corre o bem também o faz a felici-dade. Repetindo Allan Kardec,concluímos:

[...] Reconhece-se o verdadeiro espí-

rita pela sua transformação moral

e pelos esforços que emprega para

domar suas inclinações más. (Op.

cit., cap. XVII, item 4.)

Referências:KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129. ed.

1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

______. O livro dos espíritos. Trad. Guillon

Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2010.

37Setembro 2011 • Reformador 335555

Diário de uma flor despetalada

Mário Frigéri

5 de outubroHoje eu estou tão contente!Começou minha vidinha!Sou pequenina semente,E também sou menininha...

19 de outubroEu já cresci um pouquinho.Mamãe sabe? Ainda não...Mas eu estou bem pertinhoDe seu meigo coração.

25 de outubroJá se desenha a boquinha...Vou sorrir muito amanhã!A primeira palavrinhaQue vou dizer é... mamã.

31 de outubroSou pura como a açucena,Mas já tenho uma vaidade:Embora assim tão pequena,Já sou gente de verdade!

3 de novembroSinto o coração batendoE dando leves saltinhos...Também já estão crescendoAs perninhas e os bracinhos!

7 de novembroMeu coração vai pararUm dia... eu não sei quando.Mas pra que me preocupar?Eu só estou começando!

16 de novembroVou crescendo cada diaUm pouquinho... sempre mais,E toda a minha alegriaÉ logo abraçar meus pais.

19 de novembroMeus dedinhos são tão finosE transparentes, meu Deus!Mesmo assim tão pequeninosEu os adoro: são meus!

24 de novembroMamãe ouviu, com receio,Do doutor, pela manhã,Que já me traz no seu seio...Você está bem, mamã?

8 de dezembroJá quase vejo! Isso vaiExcitando este “bebê”:Como será meu papai?Mamãe, como é você?

15 de dezembroMeus olhos... são cor do céu,Meus cabelos... cor de ouro.Já tenho n’alma um troféu:Meus papais são meu tesouro!

19 de dezembroLogo, mamãe, quero estarAbraçada ao seu colinho;Também mal posso esperarPra lhe fazer um carinho!

24 de dezembroEu sinto o seu coraçãoBatendo juntinho ao meu.Pode haver na CriaçãoAlguém mais feliz que eu?

25 de dezembroSocorro! Estou morrendo!...O meu coração parou!Ó meu Deus... não compreendo...A minha mãe... me M-A-T-O-U!...

Art. 2o: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com

vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

(Novo Código Civil Brasileiro, 2002.)

Fonte de consulta: Versificação, com leves adaptações da página de H. Schwab,publicada em Seleções do Reader’s Digest, de fevereiro de 1966, sob o título “UmDiário Inacabado”. Epígrafe: grifo nosso.

Page 38: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Seminários e palestra pública

No evento da Região Norte, por ter havido maisdias disponíveis, ocorreu um seminário, na tarde dodia 23, sobre “Estudo e Difusão de O Livro dos Mé-diuns”, por Marta Antunes de Moura, coordenadorada Área de Atividade Mediúnica das ComissõesRegionais do CFN da FEB. E, por solicitação da Fe-derativa anfitriã, no dia 26, desenvolveu-se seminá-rio destinado aos dirigentes espíritas do Acre e acom-panhado por vários integrantes das Federativas visi-tantes: “A Administração da Casa Espírita e o Com-promisso e Responsabilidade do Trabalhador Espíri-ta”, por Antonio Cesar Perri de Carvalho e RobertoFuina Versiani, respectivamente, responsável e mem-bro da equipe da secretaria-geral do CFN. Na noitedo dia 24, ocorreu palestra pública sobre os “150 Anosde O Livro dos Médiuns”, por Sandra Farias de Moraes(Amazonas), na sede da Federação Espírita do Acre.

Sessão de Abertura

Na manhã do dia 24, o evento foi aberto pelo se-cretário-geral do CFN, Antonio Cesar Perri de Car-valho, contando com saudações do presidente daFEB, Nestor João Masotti, do presidente da Federa-ção Espírita do Acre, Marconi Gomes de Oliveira, edo secretário da Comissão Regional Norte, ManuelFelipe Menezes da Silva Júnior. Houve a apresenta-ção das equipes das Coordenações das Áreas das Co-missões Regionais do CFN, feita pelo secretário-ge-ral do CFN, e das Entidades Federativas Estaduais:Marconi Gomes de Oliveira (Federação Espírita doAcre), Manuel Felipe Menezes da Silva Júnior (Fede-ração Espírita do Estado do Amapá), Rita de CássiaCastro de Jesus (Federação Espírita Amazonense),Najda Maria de Oliveira Santos (União Espírita Pa-raense), Herculis Romano (Federação Espírita de Ron-dônia) e Francisca Vera Moreira Israel (Federação

Conselho Federativo Nacional

Reunião da ComissãoRegional Norte

A Reunião da Comissão Regional Norte desenvolveu-se nos dias 23 a 26 de junho, nas dependências da Usina de Arte João Donato e na Federação Espírita do Acre,

em Rio Branco

38 Reformador • Setembro 2011335566

Sessão de Abertura: Saudação do presidente da Federação Espírita do Acre, Marconi Gomes de Oliveira

Page 39: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

39Setembro 2011 • Reformador 335577

Espírita Roraimense). O secretário-geral do CFN pas-sou a palavra ao presidente da FEB que relatou o iní-cio das reuniões das Comissões Regionais e a evo-lução das mesmas nesses 25 anos. Em seguida, ti-veram início as reuniões setoriais.

Reunião dos Dirigentes

A Reunião foi coordenada por Antonio CesarPerri de Carvalho, com atuação de Manuel Felipe,secretário da Comissão Regional Norte, e participa-ção do presidente da FEB. Foram aprovadas as Atasdas reuniões anteriores (2009 e 2010). Houve apre-ciação positiva da experiência da Reunião Conjuntadas Comissões Regionais, realizada em 2010, comalgumas sugestões de melhora. Na apreciação do te-ma da Reunião: “A participação na sociedade – Dire-triz 7 do ‘Plano de Trabalho para o Movimento Espí-rita Brasileiro (2007-2012)’”, ocorreram importantesrelatos tais como: Amapá – participação em deba-tes, no meio universitário, no evento do dia da Cons-ciência Negra na Universidade Estadual do Amapá, aFederação tem assento no Conselho Municipal deAssistência Social, Campanhas Família, Vida e Paz,com execução do Projeto “Semeamar” (palestras so-bre suicídio, aborto e abuso de drogas em escolas daCapital e do Interior), Caminhada pela Paz e Defesada Vida; Pará – a Federativa participa do ConselhoInter-religioso, tem parceria com o curso de Ciênciadas Religiões da Universidade Federal do Pará;Amazonas – participa do Comitê Inter-religioso,promovido pela Secretaria de Estado de Justiça doAmazonas, e também do Comitê Brasil Sem Abortodo Estado do Amazonas; Roraima – realização da“Gincana do Bem”, Sarau de Arte Espírita, onde os

jovens de todas as casas organizam um evento artís-tico, distribuição de mensagens nos cemitérios porocasião do Dia de Finados; Acre – participação noInstituto Fé e Política do Acre, atuaram no 1o Semi-nário Estadual Inter-religioso para educadores, e par-ticipam da preparação da 1a Conferência Estadual daDiversidade Religiosa, participação na campanha AcreSolidário, e no projeto “Divulgando Imortalidade eConsolando Corações”, no Dia de Finados, atuação,com palestras, no Instituto de Reeducação para ado-lescentes. No item das Campanhas Família, Vida ePaz e Mobilização “Brasil Sem Aborto” surgiram in-formações sobre várias ações, algumas já relatadasno item anterior. O secretário-geral do CFN infor-mou sobre os preparativos para a 4a Marcha Nacio-nal em Defesa da Vida – Brasil Sem Aborto, progra-mada para o dia 31 de agosto, em Brasília; e tambémsobre o nascente Movimento “Brasil sem Pobreza”,do qual a FEB tem participado. No item Informações,Propostas e Sugestões, as Federativas fizeram relatossobre ações gerais. Houve apresentação sobre Espe-ranto pelo diretor da FEB, Affonso Soares. RobertoVersiani, membro da equipe da secretaria-geral do CFN, fez um resumo sobre a implementação do“Plano de Trabalho” em outras regiões do País. Ocoordenador da Reunião informou sobre o Cursoa Distância “Gestão de Centros Espíritas” que vem sen-do oferecido pelo Portal da FEB (www.febnet.org.br), comentou sobre as videoaulas da série “Orien-tando”, disponibilizadas pela TVCEI (www.tvcei.com) e prestou informações sobre ações do Conse-lho Espírita Internacional. A presidente da União Es-pírita Paraense apresentou o Projeto em andamento“Prossigo para o Alvo”. Ao final, foi aprovado porunanimidade o tema para a próxima Reunião da

Aspecto parcial do público

Page 40: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Comissão Regional Norte: “Vivência da máxima ‘Fo-ra da caridade não há salvação’ destacando as dire-trizes do ‘Plano de Trabalho’ e as ações nas áreas dasComissões Regionais e nos Centros Espíritas”, queserá realizada na cidade de Belém (PA), de 7 a 10 dejunho de 2012.

Reuniões Setoriais

Simultaneamente, com a participação de traba-lhadores de todos os Estados da Região, realizaram--se as Reuniões das seis Áreas que integram as Comissões Regionais do CFN.

Sessão Plenária sobre as Áreas

Na tarde do sábado, houve duas reuniões plená-rias. Na primeira ocorreram as apresentações so-bre as reuniões dos dirigentes e das Áreas, a seguirsintetizadas:

Reunião da Área do Atendimento Espiritual no Cen-tro Espírita – coordenada por Maria Euny HerreraMasotti. Assunto da Reunião: “As ações da Área doAtendimento Espiritual na Casa Espírita e o ‘Planode Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro(2007-2012)’”; tema para a próxima Reunião: “A má-xima ‘fora da caridade não há salvação’ e IrradiaçãoMental, no Atendimento Espiritual na Casa Espírita”.

Reunião da Área da Atividade Mediúnica – coorde-nada por Marta Antunes de Oliveira de Moura. As-sunto da Reunião: “Correlacionar à prática mediúni-ca as sete Diretrizes definidas no ‘Plano de Trabalho

para o Movimento Espírita Brasileiro (2007-2012)’”;tema para a próxima Reunião: “Seminário sobre otema ‘fora da caridade não há salvação’ no contexto:a) O diálogo com os desencarnados; b) O relaciona-mento interpessoal dos integrantes do grupo mediú-nico; c) Do grupo mediúnico com os demais traba-lhadores da Casa Espírita; d) Com a sociedade, fican-do a cargo das Federativas elaborarem enquete sobrea leitura de O Livro dos Médiuns entre os trabalhado-res, para ser respondido até maio de 2012”.

Reunião da Área da Infância e Juventude – coorde-nada por Miriam Masotti Dusi, com assessoria deCirne Ferreira. Assunto da Reunião: “Apresentaçãode um plano de ação e dos resultados, com base nosproblemas detectados pelo Censo da Juventude ouna constatação da realidade de cada Estado”; temapara a próxima Reunião: “Infância, juventude efamília”.

Reunião da Área da Comunicação Social Espírita –coordenada pela assessora Ivana Leal S. Raisky. As-sunto da Reunião: “Avaliação e novas estratégias da

Área do Atendimento Espiritual no Centro Espírita

Área da Atividade Mediúnica

40 Reformador • Setembro 2011335588

Área da Infância e Juventude

Page 41: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

Comunicação Social Espírita em relação à Diretriz eação do ‘Plano de Trabalho para o Movimento Espí-rita Brasileiro (2007-2012)’”; tema para a próximaReunião: “Desafios da Comunicação Social Espírita:1) a utilização das novas tecnologias; 2) mídias alter-nativas; 3) técnicas para envolvimento do Movimen-to Espírita nas atividades da Comunicação Social Es-pírita”; 4) conclusões sobre o “Plano de Trabalho” ea área da Comunicação Social Espírita”.

Reunião da Área do Estudo Sistematizado da Dou-trina Espírita – coordenada por Sônia ArrudaFonseca. Assunto da Reunião: “O ESDE e o ‘Plano deTrabalho para o Movimento Espírita Brasileiro(2007-2012)’ – Diretrizes números 2 e 6”; tema paraa próxima Reunião: “Avaliação do ‘Plano de Traba-lho’ e ‘Fora da caridade não há salvação’”.

Reunião da Área do Serviço de Assistência e Promo-ção Social Espírita – coordenada por José Carlos daSilva Silveira, com assessoria de Maria de LourdesPereira de Oliveira. Assunto da Reunião: “O SAPSE e

o ‘Plano de Trabalho para o Movimento EspíritaBrasileiro (2007-2012)’”; tema para a próxima Reu-nião: “Plano de Trabalho para o Movimento EspíritaBrasileiro: a) sensibilização de trabalhadores para aorganização e a estruturação do SAPSE no CentroEspírita e b) capacitação de trabalhadores para oSAPSE com base no Manual de Apoio”.

Sessão Plenária sobre temas do CFN

Em seguida, houve sessão plenária sobre os temaspropostos pela Reunião Ordinária do CFN, de 2010:“Educação” e “Juventude”. A Mesa foi constituída pe-lo presidente da FEB, pelo secretário da ComissãoRegional Norte e pelo secretário-geral do CFN daFEB, com a coordenação deste último, o qual sereferiu às mesmas questões apresentadas nas demaisReuniões das Comissões Regionais e colheu as opi-niões dos participantes sobre os dois temas.

Encerramento da Reunião

Os presidentes das Entidades Federativas Esta-duais, o secretário-geral do CFN, o secretário da Co-missão Regional Norte e o presidente da FEB fizeramas saudações de despedida e houve a apresentação defilme de divulgação dos princípios da Doutrina Espí-rita, produzido pela Federação Espírita de Rondônia.Num ambiente fraterno e emotivo o encerramentoocorreu com a participação de coral das crianças doCentro Espírita Allan Kardec e entoação por todosda “Canção da Alegria Cristã”, de Leopoldo Machadoe Oly de Castro, e “Te Ofereço Paz”, de Válter Pini.

Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita

Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Área da Comunicação Social Espírita

41Setembro 2011 • Reformador 335599

Page 42: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011

42 Reformador • Setembro 2011336600

Maranhão: Encontro Espírita da RegiãoTocantina

O 25o Encontro Espírita da Região Tocantina foirealizado de 26 a 28 de agosto no Estado do Mara-nhão. Com apoio da Federação Espírita do Maranhão,teve como tema central “A Mediunidade na Cons-trução de um Mundo Melhor” e contou com a par-ticipação dos conferencistas Marlene Nobre, WagnerGomes da Paixão e Rogério Coelho. Informações:<www.femar.org.br>.

Mafra (SC): Encontro Macrorregional daMediunidade

O Encontro Macrorregional da Área da Mediunida-de ocorreu em Mafra, no dia 6 de agosto, promovidopela Federação Espírita Catarinense. Teve como temaprincipal “O Centro Espírita e a Desobsessão – Vi-são Sistemática do Processo Desobsessivo”, coorde-nado por Sandra Della Pola, e foi realizado em doismódulos, na sede do Centro Espírita Allan Kardec.Informações: <www.fec.org.br>.

São Paulo: Eventos sobre Mediunidade eVida

A União das Sociedades Espíritas do Estado de SãoPaulo realizou, no dia 21 de agosto, o Encontro Esta-dual de Mediunidade, em sua sede em São Paulo,com o tema central “O Centro Espírita e a Educa-ção Mediúnica”. Durante os dias 2, 9, 16, 23 e 30 deagosto, ocorreu em Santana (capital paulista) o 2o

Seminário Projeto “Parceiros pela Vida – Juntos poruma vida plena sem drogas”, o qual foi organizadopelo Centro Espírita Nosso Lar, Casas André Luiz e aONG Intervir. Informações: <www.amebrasil.org.br>;<www.usesp.org.br>.

Recife (PE): Esperanto na Casa EspíritaA Federação Espírita Pernambucana ofereceu emsuas dependências, nos dias 2 e 3 de julho, o 1o En-contro Estadual – O Esperanto na Casa Espírita, comexposições de Affonso Soares, diretor da FEB. Infor-mações: <www.federacaoespiritape.org>.

Rondônia: Curso para Formação deEvangelizadores

A Federação Espírita de Rondônia, junto com oDepartamento de Infância e Juventude (DIJ), reali-zou nos dias 30 e 31 de julho o Curso Básico paraFormação de Evangelizadores de Infância e Juven-tude. O evento se desenvolveu no Centro EspíritaBezerra de Menezes, em Porto Velho. Informações:<www.fer.org.br>.

Espírito Santo: Encontro de EvangelizadoresEspíritas

Nos dias 23 e 24 de julho ocorreu o 19o Encontro deEvangelizadores Espíritas do Espírito Santo, realiza-do no Grupo de Fraternidade Espírita Jerônymo Ri-beiro. Sob o tema “Saberes Necessários à Evangeliza-ção”, o evento contou com atuação de Sandra MariaBorba Pereira e apoio da Federação Espírita do Es-tado do Espírito Santo. Informações: <www.feees.org.br>.

Rio de Janeiro: Conte a sua históriaO Grupo Arte no Movimento Espírita realizou,nos dias 27 e 28 de agosto, o AME-Conte a suahistória, no Centro Espírita Humildade e Amor(Rio) com apoio do Conselho Espírita do Estadodo Rio de Janeiro. Contou com a presença doGrupo de Teatro Espírita Humberto Cavalcante,do Grupo de Dança Crisálida, de Allan Filho, deAriovaldo Filho, e do Grupo Arte Nascente, en-tre outros artistas. Informações: <www.amearteespirita.com>.

Piauí: Jornada Médico-EspíritaDe 19 a 21 de agosto ocorreu a 5a Jornada Médico--Espírita, promovida pela Associação Médico-Es-pírita do Piauí. O tema central foi “As Leis Moraise a Saúde”, com a presença de André Luiz Peixi-nho, Kátia Marabuco, Irvênia Prada, entre outros.A Jornada desenvolveu-se no auditório do Rio Po-ty Hotel. Informações: <http://amepiaui.blogspot.com>.

Seara Espírita

Page 43: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011
Page 44: Ano 129 • Nº 2.190 • Setembro 2011