Ano 4 | N° 18 | Especial de Natal | Dezembro...

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Especial de Natal - Dezembro/2010 1 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Diagramado no BrOffice Draw Revista Artigos | Dicas | Entrevista | e muito mais... Ecossistema em Software Livre: Uma análise da conjuntura atual dos projetos F/OSS Natal solidário: Atividades que compartilham alegrias e esperança de um mundo melhor Entrevista: Norbert Thiebaud, desenvolvedor do LibreOffice Ano 4 | N° 18 | Especial de Natal | Dezembro 2010 Polêmica: WikiLeaks, a internet como um espaço político poderoso nas mãos da sociedade civil organizada Retrospectiva 2010: As melhores notícias do ano da Revista BrOffice.org

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Especial de Natal - Dezembro/20101| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Diagramado no BrOffice Draw

Revista

Artigos | Dicas | Entrevista | e muito mais...

Ecossistema em Software Livre:Uma análise da conjuntura atual dosprojetos F/OSS

Natal solidário:Atividades que compartilham alegrias eesperança de um mundo melhor

Entrevista:Norbert Thiebaud, desenvolvedor do LibreOffice

Ano 4 | N° 18 | Especial de Natal | Dezembro 2010

Polêmica:WikiLeaks, a internet como um espaço político poderoso nas mãos dasociedade civil organizada

Retrospectiva 2010:As melhores notícias do ano da Revista BrOffice.org

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Dezembro | 20102| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

índice |

| entrevista

Norbert Thiébaud 15

| artigo

Amadurecimento do ecossistema emsoftware livre

05

| reportagem

Natal solidário 19

| cultura

Poesia: Seu Papai Noel 23

Dica de filme: Seven pounds - Sete vidas 24

| escritório aberto

Calendário 2011 25

| retrospectiva 2010

Retrospectiva 2010 32

| dicas

Cuidados com os tipos de dados no Calc 26

Formatação de teses e monografiasconforme ABNT

27

2010 na retrospectiva de um ativistado software livre

13

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Especial de Natal - Dezembro/20103| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

| editorial

sado com o objetivo de não repetir os erros e melhorar os acertos

numa evolução contínua.

A Revista BrOffice.org, nesse ano que está indo, evoluiu muito em

vários aspectos, a começar pela quantidade de edições lançadas;

foram nove edições. Melhoramos na qualidade editorial, nas artes

gráficas, na pontualidade e responsabilidade dos colaboradores.

Por tudo isso acreditamos que em 2011 vamos fazer uma Revista

ainda melhor, pensando em você que é nosso leitor e maior

incentivador.

Apesar do tom de despedida acima, ainda temos essa edição para

ler e apreciar. Tempo de festas de Natal e réveillon a matéria de

capa não poderia ser outra. Destacamos algumas ações que

chamamos de Natal Solidário. São atitudes que, às vezes, podem

ser consideradas piegas, ou fora de moda, mas que, na verdade,

levam alegria e esperança de um mundo melhor no futuro para

crianças e famílias pobres e necessitadas.

Na última edição da Revista, em 2010, iniciamos uma série de

entrevistas com desenvolvedores do LibreOffice. O primeiro

entrevistado é Norbert Thiébaud que nos conta um pouco sobre sua

vida como hacker e também como conheceu a The Document

Foundation e o LibreOffice.

A recente polêmica do WikiLeaks, o portal que resolveu publicar

documentos secretos de países como os Estados Unidos, Irã e até

mesmo do Brasil, é parte da reflexão de Wilkens Lenon que faz uma

retrospectiva do ano comentando algumas notícias que foram

destaque em 2010.

Os projetos FLOSS (Free and Open Source Software) precisam

garantir sua sobrevivência. Claudio F. Filho trata desse tema

fazendo uma análise aprofundada da conjuntura atual de alguns

projetos dentro daquilo que ele chama de Ecossistema em Software

Livre.

Para encerrar, em nome de todos os colaboradores da Revista

BrOffice.org saúdo os leitores que estiveram conosco esse ano e

espero que continuem a nos prestigiar em 2011.

Boa leitura, boas festas e até a próxima edição.

Luiz Oliveira

FF

Colaboradores desta edição Redação:Cárlisson GaldinoCláudio FilhoLuiz OliveiraPedro CiríacoRui Ogawa – Tradução e adaptação

Dicas:Nilson Almeida de AraújoOlivier Hallot

Diagramação:Duilio DiasEliane DomingosRenata Marques

Revisão:Luiz OliveiraMaria Aparecida ColtroRenata MarquesRicardo PontesRogerio Luz CoelhoVera Cavalcante

Capa:Duilio Neto

Edição:Luiz Oliveira [email protected]

Revisora responsável:Vera Lúcia Cavalcante [email protected]

Jornalista responsável:Luiz Oliveira – Mtb.31064

Coordenador Geral BrOffice.org:Claudio F. Filho | [email protected]

Coordenadora Revista BrOffice.org:Eliane Domingos de [email protected]

Escreva para a Revista BrOffice.org:[email protected]

Edições anteriores: www.broffice.org/revista

O conteúdo assinado e as imagens que o integram são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores, não representando necessariamente a opinião da revista BrOffice.org e de seus responsáveis. Todos os direitos sobre as imagens são reservados a seus respectivos proprietários.

O que é o BrOfficeÉ o produto, ferramenta de escritório multiplataforma, livre, em bom português, desenvolvido sob os termos da licença LGPL, composto por editor de texto, planilha de cálculo, apresentação, desenho vetorial, matemático e banco de da-dos, mantido pela comunidade e OSCIP, que trabalha para a difusão do SL/CA no País.

DesenvolvimentoEsta revista foi elaborada no BrOffice, editor de texto, planilha eletrônica, apresentação e, diagramação. A reprodução do material contido nesta revista é permitida desde que se incluam os créditos aos autores e a frase: “Reproduzido da Revista BrOffice.org – www.broffice.org/revista em local visível.

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inalmente chegamos no fim de uma jornada, começo de

outra. É assim que deve ser. Mas ao final de uma

jornada, seres pragmáticos que somos, avaliamos o

que foi feito, planejamos o futuro com um olhar no pas-

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Especial de Natal - Dezembro/20104| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

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Conhecendo os colaboradores

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Especial de Natal - Dezembro/20105| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Por Claudio F. Filho

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empre teremos pessoas interessadas em manter os

projetos F/OSS existindo, em maior ou menor número,

independente do envolvimento dos governos, empresas e

usuários. Mas… teremos um desenvolvimento ativo,

necessário e merecido, com independência financeira e

estrutural, para projetos como o LibreOffice? Mozilla?

PostgreSQL? Entre outros? Como pode e para onde

evoluir o ecossistema do software livre? O software livre

foi a forma original do software, isto é, quando os

primeiros computadores chegaram ao meio acadêmico

os softwares eram desenvolvidos por equipes inteiras,

sem restrições de acesso aos códigos fontes, sendo

compartilhados entre pessoas de diversas partes do

mundo. Foi somente na década de 80 que surgiu a ideia

do que conhecemos como software privado[1], pago e

restritivo. Linus Torvald[2], em 91, iniciou seu projeto

acadêmico chamado Linux[3], que contou, e ainda conta,

com milhares de colaborações evoluindo este sistema

operacional baseado no Minix[4], que hoje é considerado

O Começo do software livre

Amadurecimento do Amadurecimento do ecossistema em software ecossistema em software livrelivre

artigo |

um dos mais sofisticados, seguros e confiáveis. O Linux é

o primeiro exemplo de sucesso no trabalho voluntário e

colaborativo em software livre.

S S

Foi somente na Foi somente na década de 80 que década de 80 que

surgiu a ideia do que surgiu a ideia do que conhecemos como conhecemos como

software privado, pago software privado, pago e restritivo.e restritivo.

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Especial de Natal - Dezembro/20106| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Além do Linux, em 2000, surgiu um outro projeto

chamado OpenOffice.org, baseado em parte do produto

chamado StarOffice, que a antiga Sun Microsystem, hoje

incorporada pela Oracle, liberou como software livre. Este

projeto cresceu e teve ramificações para todo o mundo,

inclusive para o Brasil, amadurecendo para o que hoje

conhecemos como BrOffice.org.

O BrOffice.org começou sua trajetória em 2002,

conhecido como OpenOffice.org.br, quando foi oficializado

através da assinatura do Protocolo de Intenções entre a

Comunidade e a Celepar, Empresa de Informática do

Estado do Paraná, nas pessoas do líder da comunidade,

Claudio F. Filho, e o presidente da Celepar, Marcos

Mazoni. Neste Protocolo foi definida a cessão de

infraestrutura para o projeto acontecer. De lá para cá, a

comunidade se organizou, criou uma associação, e os

trabalhos evoluíram, fazendo o Brasil se tornar o maior

caso de sucesso na adoção do OpenOffice.org no mundo.

Atualmente, devido à cisão ocorrida na comunidade

OpenOffice.org por causa das políticas pouco claras da

Oracle, a comunidade BrOffice.org optou[5] por seguir

sua evolução na derivação para o novo projeto chamado

LibreOffice, mantido pela The Document Foundation[6].

Quando surge um produto, o mesmo precisa ser

divulgado, ganhar adeptos no seu uso e futuros

defensores para o seu uso, resultando em um mercado

consumidor, que irá comprar este produto, se

considerarmos o modelo tradicional de software.

Além deste fluxo, que é o fluxo principal, existe um fluxo

periférico de serviços como capacitação, suporte e

consultoria, que é o mercado de serviços. Ainda agregado

a ele, pode surgir uma segmentação dos usuários da

solução formando uma espécie de comunidade.

Geralmente, esta comunidade, se forma para troca de

experiências no uso da ferramenta. Assim, o gráfico

começa a ficar mais interessante.

No entanto, o software livre começou com um formato

amorfo em relação ao software tradicional, pois tinha

usuários, que, por sua vez, criaram comunidades que se

empenharam na promoção do novo produto, formando

um mercado, que, até então, não tinha uma infraestrutura

para atender as demandas de serviços. As grandes

empresas, vendo o potencial do software livre (lá fora

também conhecido como “código aberto”), começaram a

investir no seu desenvolvimento, garantindo maiores

rentabilidades aos seus negócios, aproveitando o

desenvolvimento colaborativo para fomentar os seus

mercados. Desta forma, tal qual o modelo do software

privativo, passamos a ter um ecossistema básico e

buscamos a evolução do modelo. Através desse modelo,

o desenvolvimento está calçado nos investimentos que as

empresas de TIC, que apostam no desenvolvimento

desses projetos, estão dispostas a fazer. E, quando se

fala de empresas, estamos falando da iniciativa privada e

um de seus objetivos principais, que é o lucro. O

investimento em melhorias passa pelo processo de

decisão empresarial, muitas vezes dependendo de

consultas aos acionistas, sobre o aporte (ou não) em

projetos como esses.

artigo |

O ecossistema de um software

Produto

UsuárioMercado

Figura 1: Ecossistema básico

Amadurecimento do ecossistema em software livre |

Por Claudio F. Filho

Produto

UsuárioMercado

Comunidade

Serviços

Figura 2: Ecossistema evoluído

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Especial de Natal - Dezembro/20107| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

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Temos vários exemplos sobre este funcionamento, como

foi o caso da Oracle contribuindo com código no Linux

para melhorar o suporte aos seus produtos sobre este

sistema operacional, ou o MySQL, OpenOffice.org, Red

Hat Linux, Ubuntu ou mesmo o Java, que boa parte do

seu desenvolvimento depende de uma das grandes

empresas de TIC mundial. Mas, se não for do interesse

da empresa? Como fica o desenvolvimento do produto?

Não precisamos ir longe para ver como impacta os

interesses dos investidores nos projetos de código aberto.

No caso do PostgreSQL, a Sun Microsystem mantinha

fazendas de servidores para a comunidade, até que a

Oracle desativou silenciosamente[7] este serviço. Ou o

caso da reestruturação do núcleo office da Oracle em

Hamburgo, a antiga unidade da Sun Microsystem que

dava suporte ao OpenOffice.org. Mas os problemas não

ficam somente na esfera Oracle/Sun Microsystem. Temos

problemas também em outros projetos como o Mandriva

Linux, cuja mantenedora abriu falência[8] a alguns

meses, ou a Novell que está sendo fatiada[9], ou a

Canonical, que tem desenvolvido um excelente trabalho

de abertura de mercado para os desktops em linux, mas

restringe o compartilhamento ao universo do Ubuntu. Isto

é, se você é de qualquer outra distribuição, ou mesmo

sistema operacional, é possível que não encontre os

mesmos recursos, pois, uma parte foi publicada, e o

conjunto completo só se encontra dentro dessa

distribuição.

Todos estes exemplos apontam que o modelo ainda está

falho, pois, se não houver interesse comercial em manter

um projeto em sua etapa de aporte no desenvolvimento,

o produto enfraquece, tornando-o não competitivo,

perdendo usuários, diminuindo comunidade e matando o

mercado, “justificando” a redução no investimento em

desenvolvimento. Neste cenário, os clientes, de uma

determinada tecnologia, ficam a mercê das oscilações da

iniciativa privada.

Quando o software livre (re)apareceu, foi uma grande

quebra de paradigma, pois o “fornecedor” não era uma

empresa e sim uma comunidade. Vendo uma

possibilidade de negócio muito grande, as empresas

tiveram que se adaptar a este novo elemento – a

comunidade – além de um produto que não estava

integralmente sob seu domínio, mas sim, com o

gerenciamento distribuído entre muitas pessoas, que

atingiam suas posições através do mérito de seu trabalho,

na denominada meritocracia.

O modelo até agora não mostrou uma saída adequada,

de sustentabilidade, visto que ainda está atrelada aos

interesses do setor privado.

Na convenção anual da Gartner[10] deste ano (2010),

uma das tendências apontadas no evento foi o

crescimento acelerado do código aberto (e muito do

software livre) para os próximos anos[11], confirmado por

Moacyr Gomes, representante da Gartner Latin America,

durante a palestra “Reiniciando Open Source Software - É

tempo de começar de novo!”, na Latinoware 2010[12],

apontando para 50% das aplicações em 2016 baseados

em código aberto.

artigo |

Produto

Usuário

Mercado Comunidade

Desenvolv.

Figura 3: Ecossistema básico do SL/CA

Rede de interesses

Vendo uma possibilidade Vendo uma possibilidade de negócio muito grande, de negócio muito grande, as empresas tiveram que as empresas tiveram que

se adaptar a este novo se adaptar a este novo elemento – a comunidade.elemento – a comunidade.

”Modelos de negócio para o código aberto

Amadurecimento do ecossistema em software livre |

Por Claudio F. Filho

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Especial de Natal - Dezembro/20108| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

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Dentro deste processo, os projetos precisam achar

formas sustentáveis para manter seus desenvolvimentos,

muito além do que tem sido feito até aqui. Dentre os

modelos reconhecidos como “sustentáveis” foram

apontados os modelos híbrido e fundação. Vejamos cada

um deles com mais detalhe.

Modelo híbrido de desenvolvimento

Este modelo é baseado no conceito de se criar um núcleo

(core) desenvolvido colaborativamente, com as principais

funções disponíveis para qualquer usuário baixar e usar,

e, partes especializadas, desenvolvidas e vendidas

separadamente. Existe uma infinidade de aplicações que

trabalham com este conceito, geralmente, oferecendo as

versões “community” e “enterprise”, como é o caso do

Sistema de Gerenciamento de Documentos (DMS –

Document Management System) Alfresco[13] ou o

sistema de Inteligência de Negócio (BI – Business

Intelligence) Pentaho[14]. Nestes sistemas, é possível

baixar o pacote comunitário e usar as principais

funcionalidades das ferramentas e, para uma demanda

mais específica, contratar uma subscrição que dá direito

ao uso dos serviços adicionais e suporte.

Além deste caso, também existem outros exemplos de

modelo híbrido de negócio, onde o produto se baseia

diretamente no produto da comunidade e se vende um

produto diferenciado, com mais recursos e suporte, como

é o caso do Red Hat Enterprise Linux, que é a distribuição

Linux com vários produtos não livres da empresa Red

Hat[15]. Ou ainda, a da Enterprise DB[16], que é um

empacotamento do SGBD PostgreSQL com vários outros

recursos, muitos, também projetos de software livre ou

código aberto, junto com suporte.

Em ambas as variantes, as empresas contam com o

apoio de voluntários para a evolução do núcleo do

produto, que é compartilhado com licenças próprias, e

uma parte focada em venda de serviços, inclusive de

desenvolvimento de funcionalidades que se tornam parte

da sustentabilidade do negócio, e não necessariamente

do projeto base.

Modelo de fundação

Diferente do modelo acima, a forma de fundação é

baseada na criação de uma pessoa jurídica que possa

capitanear o desenvolvimento de seus produtos a partir

da captação de recursos de entes diversos, como

sociedade, governo e/ou iniciativa privada. Alguns

exemplos são as fundações Apache e Mozilla.

Na Fundação Apache, existe um programa de patrocínio e

o reconhecimento dos créditos[17]. A partir dos fundos

arrecadados, e com um alinhamento dos patrocinadores,

é feito o desenvolvimento dos produtos mantidos pela

Fundação. Já, a Fundação Mozilla se diferencia por ter

feito ramificações[18], na forma de subsidiárias, para

áreas de fundação, corporação, entre outros. De qualquer

forma, estas instituições estão focadas exclusivamente na

manutenção dos produtos, levando em conta apenas um

ecossistema básico, como demonstrado na Figura 3.

Modelo de associação para países em desenvolvimento

Porque um terceiro modelo, já que foi citado apenas dois

anteriormente? Porque estes modelos são baseados em

economia e mentalidade de países em desenvolvimento.

No eixo América do Norte e Europa a ideia de

desenvolvimento de software é focada exclusivamente em

empresas. Não é questionado questões como custos e

evasão de divisas, desenvolvimento socioeconômico, e

promoção social. Num país como o Brasil, em que o custo

de software é praticamente proibitivo, inclusive

favorecendo a pirataria, é necessário repensar o modelo,

e é isto que se tem pensado e amadurecido muito dentro

da Associação BrOffice.org.

Agora, uma dúvida que pode surgir é: porque uma

associação e não uma fundação? Podemos usar a

explicação dada[19] pela Associação Drupal, na Bélgica,

que tem a legislação similar à do Brasil e muitos outros

países. De tradução livre:

artigo |

Num país como o Brasil, em Num país como o Brasil, em que o custo de software é que o custo de software é praticamente proibitivo, praticamente proibitivo, inclusive favorecendo a inclusive favorecendo a pirataria, é necessário pirataria, é necessário

repensar o modelo, e é isto repensar o modelo, e é isto que se tem pensado e que se tem pensado e

amadurecido muito, dentro amadurecido muito, dentro da Associação BrOffice.org.da Associação BrOffice.org.

Amadurecimento do ecossistema em software livre |

Por Claudio F. Filho

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Especial de Natal - Dezembro/20109| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

A esta definição, e alinhando com a legislação brasileira,

acrescento que a fundação tem seus fundos provenientes

de pessoas jurídicas, enquanto que a associação é

baseada em pessoas físicas. No caso da Associação do

BrOffice.org, temos pessoas que são membros ativos das

comunidades do BrOffice, PostgreSQL e Debian.

Dentro do modelo de associação, temos que pensar um

ecossistema muito mais complexo que o do software livre

básico, pois a partir destes produtos temos uma série de

valores agregados que podem fazer a diferença para o

país. Na Figura 4, podemos ver o aumento significativo da

complexidade do ecossistema.

Agora que temos uma visão mais ampla de ecossistemas

livres, vamos expandir ainda mais as considerações.

Muito tem se dito a respeito de benefícios no uso do

software livre, mas geralmente relacionados a questões

técnicas que, por si, já justifica olhar com cuidado o uso

destas tecnologias em detrimento às tradicionais soluções

privativas.

No entanto, os outros benefícios estão relacionados a

economia proporcionada ao país, a cadeia de consumo e

seu impacto socioeconômico na sociedade, e geração de

emprego e renda através de micro e pequenas empresas

(MPEs) de TI. Cada um destes pontos requer uma

atenção específica, dadas a seguir.

Economia gerada

São várias as frentes que devem ser abordadas. Para

começar, a questão da economia gerada nas entidades

devido a substituição de ferramentas de escritório

privativas para o BrOffice, por exemplo, aonde deixam de

gastar com licenciamento de software anual ou

atualizações. Temos que avaliar dois pontos culturais

neste tipo de economia:

artigo |

Figura 4: Ecossistema para países em desenvolvimento

Reanalisando o ecossistema do software livre para o país

Amadurecimento do ecossistema em software livre |

Por Claudio F. Filho

“Segundo a legislação belga, as diferenças mais importantes entre uma associação e uma

fundação são:

a) A Associação é constituída por vários indivíduos, que concordaram com os objetivos da

Associação após a votação e discussão, ao passo que a Fundação pode ser incorporada por

uma pessoa (ou um pequeno número de pessoas),

b) quando incorporados, os fundadores devem trazer no patrimônio inicial (fundos) em uma

fundação. Este não é o caso de uma associação.

c) Uma associação tem membros. A Fundação não pode ter membros, apenas um Conselho de

Administração. Este último fato é importante, pois os membros da Associação Drupal formam a

Assembleia Geral, que elege o Conselho de Administração.

Em outras palavras, uma associação permite um modo de funcionamento muito mais

democrático do que uma Fundação. Além deste fato, a lei belga prevê uma série de outras regras

que fazem uma associação mais democrática do que uma Fundação. Uma associação, portanto,

reflete o modo como uma comunidade real (ou online) das pessoas trabalha para uma extensão

muito maior do que uma Fundação.”

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Especial de Natal - Dezembro/201010| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

1) Falta de conhecimentos nas ferramentas de

escritório: um dos problemas generalizados notados no

processo de migração está na constatação do

conhecimento mínimo do uso das ferramentas. Os

usuários institucionais sabem usar muito pouco os

recursos da ferramenta de forma que, quando mudam

sua ferramenta de escritório, reclamam que a outra

ferramenta não é adequada.

Fazendo uma analogia com automóveis, é como se

trocássemos o carro que o usuário dirige e ele se

sentisse incomodado com isto. Isto acontece porque ele

pensa que ele sabe usar APENAS a ferramenta que

aprendeu inicialmente e que se trocarmos, ele terá

muitas dificuldades. Uma vez que demonstramos que a

ferramenta de texto, por exemplo, precisa ter negrito,

alinhamento e outros recursos de texto, e que existem

muitos fornecedores deste tipo de produto no mercado,

como o próprio BrOffice, ele se sente mais confortável e

passa a usar de maneira mais produtiva.

2) Pouca atenção da administração sobre TCO: o custo

total de propriedade[20] (TCO – Total Cost of

Ownership) são todos os custos relacionados a TIC,

como licenças, treinamentos, equipamentos, entre

outros. Os gastos feitos em licenças são considerados

custos, enquanto que os gastos feitos em treinamento

de funcionários, consultoria ou desenvolvimento entram

como investimentos. São centros de custos diferentes.

Isto tem efeitos diretos na economia e produtividade da

empresa.

Outra análise ainda sob o aspecto

econômico é a balança de serviços

brasileira. É similar a balança

comercial, onde avaliamos o que

exportamos e importamos. No caso

de software é avaliado da balança de

artigo |

~ R$ 3 Bi/anoPor papéis?!?!~ R$ 3 Bi/ano

Por papéis?!?!

serviços. Fazendo uma análise rápida, considerando que

o Brasil tem em torno de 15 milhões de usuários usando

BrOffice, que metade destes estivessem legalizados e

resolveram migrar, e conseguissem uma cópia de

ferramenta proprietária a R$ 500,00 por máquina, já

estaríamos falando de mais de três milhões/ano, apenas

pagando licenças, que poderiam ser utilizados para

outras coisas, como investimento em novos funcionários,

tecnologia e inovação na iniciativa privada, ou

infraestrutura, saúde e educação no caso do governo.

Cadeia de consumo e seus impactos socioeconômicos

Veja a Figura 5. É possível ver uma avaliação dos custos

de licenciamento versus empregados. Se o administrador

desta empresa tivesse optado por comprar o software,

com o valor apenas da ferramenta de escritório poderia

manter cinco funcionários no ano, e que estes

funcionários, na maioria das vezes, são pais de família, e

que sua renda gera renda em seus bairros e assim por

diante. E para completar, todo o processo gera impostos

para municípios, estados e a União, e é com estes

impostos que o governo investe em infraestrutura, saúde,

educação e tantos outros pontos importantes para

beneficiar A SOCIEDADE!

Bairro

Impostos●Federal●Estadual●Municipal

Benefício paraa SOCIEDADE!

IndustriaI50 desktops x R$ 1500,00 / licença = R$ 75000,00 / ano;1 empregado = R$ 600,00 bruto/CLT/mês = R$ 1.200,00 / mês / compania = R$ 14.400,00 / ano; ~ 5 empregados / ano

● Posto de Gasolina ● Farmácia● Mercado local(comida, roupas, etc.)

Figura 5: Cadeia de consumo e impacto socioeconômico

Amadurecimento do ecossistema em software livre |

Por Claudio F. Filho

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Geração de emprego e renda para MPEs

Já vimos nos pontos acima que temos uma economia

significativa com o software livre e que esta economia

pode ter impactos socioeconomicos, e ainda pode gerar

mais. Uma das questões relacionadas com a contratação

de serviços de TI passa por um mercado extremamente

acirrado de grandes empresas multinacionais. O software

livre permite o surgimento e proliferação de micro e

pequenas empresas para atender um nicho crescente de

serviços como treinamentos, consultoria e

desenvolvimento.

Como o conhecimento é compartilhado nas comunidades,

é possível que empreendedores, sejam estudantes

universitários, profissionais autônomos ou mesmo

hobbistas possam estudar estas tecnologias e entrar para

o mercado nacional de serviços, gerando renda e

empregos.

Um caso muito interessante para exemplificar o poder

deste ponto foi contado por Érico Ferreira, apoiador do

software livre e gerente da Unidade de Desenvolvimento

de Software Livre, da Dataprev. Ele contou que no FISL

de 2010, quando estava na área de estandes e feira, viu

um rapaz se aproximar e perguntar se havia algum em-

pregado da empresa. Ele comentou que era da empresa

e o rapaz imediatamente pediu para transmitir o grande

agradecimento dele e do sócio pelo Cacic, projeto feito

pela Dataprev. Continuando a conversa, comentou que o

rapaz (e o sócio) são do interior de SP. Estavam desem-

pregados, resolveram estudar o Cacic a partir do portal do

Software Público, e passaram a vender serviços de insta-

lação do produto. O resumo da história é que atualmente

estão ganhando muito bem, contratando funcionários e

ajudando no desenvolvimento do projeto.

Este é um exemplo de quão significativo pode ser o

software livre para o Brasil.

artigo |

O software livre permite o surgimento e proliferação de micro e pequenas empresas para atender um nicho crescente de

serviços como treinamentos, consultoria e desenvolvimento.“

Figura 6: Ecossistema do Software livre para países em desenvolvimento

Produto

Mercado Comunidade

UsuárioDesenvol_vimento

Empreen_dedorismo

Volunta_riado

SociedadeGoverno

Amadurecimento do ecossistema em software livre |

Por Claudio F. Filho

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Especial de Natal - Dezembro/201012| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Arq

uivo

pes

soal

Agora, voltemos a ver o nosso ecossistema na Figura 6.

Observe que praticamente todos os pontos contém várias

entradas ou saídas, mas apenas um ponto tem uma

entrada e saída, que é o produto. Se houver algum

problema com O PRODUTO, todo o ecossistema pode

morrer.

Até aqui foi possível ver um amadurecimento do modelo e

apresentar um novo modelo que vem sendo pensado no

Brasil. A comunidade BrOffice.org, buscando entender

todo este modelo, vem trabalhando na sua organização,

criando em 2006 a Associação BrOffice.org – Projeto

Brasil, uma ONG para ser o apoio jurídico da

comunidade, e que tem evoluído para ser a ONG de

apoio de vários outros projetos estratégicos para a

continuidade do software livre no país.

Precisamos buscar meios efetivos para garantir o

desenvolvimento dos projetos, seja código para o produto,

seja ações da comunidade, para que todo o ecossistema

se mantenha. Para o caso do país e nossas

peculiaridades, é fundamental permitir um modelo além

do técnico, passando pelo social, econômico e cultural,

fazendo a diferença.

Por parte das comunidades, elas estão trabalhando

ferrenhamente para se organizar como sociedade, tanto

para a interação com seus usuários como para o

mercado. Por outro lado, existe uma interação de várias

destas comunidades pela Associação BrOffice.org na

criação de um Centro de Excelência em Software Livre,

para garantir a nacionalização de competências no

desenvolvimento dessas tecnologias, participação do país

na governança desses projetos, e redução da

dependência estrangeira.

Agora, é colocar em marcha.

artigo |

O futuro

Referências[1] Ver quadro sobre Software Privado vs Proprietário[2] http://pt.wikipedia.org/wiki/Linus_Torvalds[3] http://www.linux.org/[4] http://pt.wikipedia.org/wiki/Minix[5] http://www.broffice.org/the_document_foundation[6] http://www.documentfoundation.org/[7] http://br-linux.org/2010/oracle-silenciosamente-desativa-servidores-de-teste-do-postgresql-para-solaris/[8] http://br-linux.org/2010/mandriva-estaria-procurando-um-comprador-para-a-empresa/[9] http://br-linux.org/2010/fatiando-ny-post-diz-que-novell-sera-vendida-em-2-partes/[10] http://www.gartner.com/[11] http://www.itbusinessedge.com/cm/blogs/bentley/gartner-open-source-in-80-percent-of-software-by-2012/?cs=14606[12] http://latinoware.org/node/242[13] http://www.alfresco.com/[14] http://www.pentaho.com/[15] http://www.redhat.com[16] http://www.enterprisedb.com/[17] http://www.apache.org/foundation/thanks.html[18] http://www.mozilla.org/about/organizations.html[19] http://association.drupal.org/about/faq[20] http://pt.wikipedia.org/wiki/Total_cost_of_ownership

Amadurecimento do ecossistema em software livre |

Por Claudio F. Filho

Software Privado versus Software ProprietárioSoftware Privado versus Software Proprietário

No Brasil, e provavelmente em boa parte do mundo, o termo empregado para definir aqueles softwares que são pagos e que devem

ser usados como são (“as is”) de “software proprietário”. Assim, vamos revisar alguns termos antes de discutir estes aqui.

No universo “proprietário”, temos nomes como “shareware” ou “trial” que são uma designação para softwares gratuitos para

avaliação, “freeware” para programas gratuitos para o uso e, junto com os “sharewares”, sem possibilidades de modificação ou

divulgação de qualquer informação relacionada a falhas ou problemas relacionados ao produto. Por outro lado, temos o “open

source” referenciando-se ao software livre e/ou código aberto.

Para todos estes “tipos” de software temos um proprietário, que pode ser uma empresa, no caso de freeware e shareware, ou um

conjunto de desenvolvedores, que são pessoas físicas, no caso do software livre.

E daí pode-se perguntar “O BrOffice é proprietário”? A resposta é Sim! São centenas de desenvolvedores ajudando a desenvolver

este belíssimo software. E então se poderia contra-argumentar: “Mas ele não é livre”? E novamente a resposta é Sim! É possível

usar o BrOffice para usar em casa, no trabalho ou faculdade, além de estudar seus fontes, modificá-lo e distribuí-lo, com ou sem as

modificações. Assim, temos uma licença de software que não nos priva de todas estas ações, em contraposto a um software que

nos priva de todos estes direitos.

Desta forma, o correto uso do termo para os programas vendidos são “software privado”, isto é, aquele que nos priva de usar para

qualquer fim, estudar, distribuir ou modificar, ou seja, não é um software livre.

Ps: Obrigado ao amigo Roberto Brenlla, da Galícia/Espanha, sobre esta aula.

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Especial de Natal - Dezembro/201013| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Por Wilkens Lenon Silva de Andrade

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No Brasil tivemos discursos inflamados contra o

WikiLeaks, um deles, foi o do autor do Projeto de Lei nº

84/99 – Eduardo Azeredo. Tal projeto foi rechaçado pelas

Comunidades de Software Livre e internautas engajados

e, recentemente, após ter sido barrado no Senado

Federal, estão tentando ressuscitá-lo na Câmara dos

Deputados. Estamos atentos e mobilizados! As nossas

lutas servirão para alimentar ainda mais os nossos

sonhos. A Internet livre produziu fatos impressionantes

durante esse belo ano de 2010.

A explosão da blogosfera e das redes sociais em

2010, servem para nos desafiar à participação na

construção do espírito do nosso tempo. Vivemos um

momento único, em que as práticas recombinantes na

rede produzem e modificam as estruturas sociais do

nosso modo de vida contemporâneo, fazendo emergir da

vida em rede, novas formas de cultura. Na verdade, surge

em nosso cotidiano uma verdadeira diversidade cultural

feita de afetividades, sentimentos e pensamentos que

extrapolam as limitações do espaço e do tempo.

2010 na retrospectiva de um

ativista do software livre

artigo |

Go

ogle

O ano de 2010 será um ano que entrará para a história

digital da humanidade porque mostrou como a Internet

pode tornar-se um espaço político poderoso nas mãos da

sociedade civil organizada. A natureza livre da Internet

desnudou a hipocrisia do império quando o fantástico

Julian Assange do WikiLeaks mostrou ao mundo como

funcionam as maracutaias diplomáticas das nações mais

poderosas da terra e dos seus satélites na periferia do

sistema. A cultura hacker mais uma vez foi a vanguarda

das liberdades fundamentais na rede, especialmente

quando foi necessário afirmar a liberdade de expressão e

de opinião e o direito à comunicação no mundo

globalizado.

Esse acontecimento fez aumentar ainda mais os ataques

à neutralidade da rede, cujo perigo está no controle do

tráfego das informações pelas empresas de Telecom a

partir das tentativas de estabelecer filtros de dados na

camada física da rede sob o controle dessas empresas.

Isso feito à revelia dos usuários, ou seja, na prática da

censura pura e simples.

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Especial de Natal - Dezembro/201014| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

A blogosfera inaugurou formas novas e mais

democráticas de participação popular na esfera pública.

As pessoas cada vez mais, se comportam como precisa

ser o coletivo humano: uma sociedade de Interagentes.

Não simples leitores ou, receptores passivos de

informação, mas autores e autoras, atuantes e produtivos,

vivenciando o tempo da coautoria e das remixagens

possíveis nos espaços digitais.

Em 2010 a velha mídia se viu, em vários momentos,

numa saia justa e, algumas vezes, completamente

desacreditada por conta da transparência radical do

modus comunicante da rede e de seus autores. Foi por

isso que bolinhas de papel continuaram sendo apenas

bolinhas de papel em vez de “Tijolos”, e “Rolos de fita

crepe”, objetos fictícios da mídia acostumada a

transformar em verdade o impacto da imagem.

Vimos a lei complementar nº 135 – da Ficha Limpa – ser

aprovada por unanimidade pelo Congresso Nacional

brasileiro, não por vontade dos políticos, mas por conta

da sociedade civil mobilizada através das petições onlines

já tão populares na rede. Aliás, a rede tem dessas ações

coletivas de mobilizações inacreditáveis. Bem, já dizia o

professor Sérgio Amadeu da Silveira durante o curso

“Cidadania e redes digitais”, ao ministrar uma das aulas

(todas foram onlines e em tempo real) para os seus

alunos da P2PU – Peer To Peer University: “A Internet

inaugurou a comunicação interativa, multidirecional e

transnacional. Seus usuários não são receptores ou

simplesmente emissores, são interagentes.” Em seguida,

ele arrematava falando com uma síntese fantástica, o que

seria a base da neutralidade da rede e o resultado desse

arranjo cibernético para a vida dos usuários: “a arquitetura

da rede distribuída, de troca livre e anônima de pacotes

digitais garantiu o seu enorme sucesso.” Todas essas

conquistas são, inicialmente, conquistas das

Comunidades de Software Livre. Muitas foram as lutas e

desafios, mas também vieram as boas realizações.

Neste ano que se finda, surgiram novas oportunidades

para as Comunidades de Software Livre. Comunidades

que são o protótipo inicial da sociedade da informação,

como já dizia Manoel Castells, o grande pensador da era

da informação. Enquanto o modelo proprietário de

conteúdos digitais luta contra os fluxos de conhecimento,

restringindo as participações coletivas pela imposição dos

seus modelos de mercado, nossas comunidades se

colocam na vanguarda da colaboração dos conteúdos e

das práticas recombinantes na rede. A Comunidade

BrOffice, por exemplo, logrou uma grande vitória em

função do surgimento da TDF – The Document

Foundation (Fundação do Documento) que teve, para a

alegria de todos nós, o Brasil como um dos países

signatários dessa grande aliança pelo desenvolvimento

colaborativo do LibreOffice através da OSCIP

BrOffice.org. O LibreOffice é a nova suíte de escritório

que passou a ser desenvolvida, colaborativamente, após

o rompimento da comunidade de usuários com a

ORACLE, atual detentora da marca OpenOffice.org,

adquirida da Sun Microsystems.

Enfim foi um ano e tanto para o Brasil e para os

brasileiros. Não perderia a oportunidade de enaltecer

nossa jovem democracia que nos possibilitou a maior das

vitórias em 2010: a eleição da primeira flor do palácio –

Dilma Rousseff, presidente do Brasil. É a força da mulher

no comando do florão da América. É a esperança de um

Brasil ainda melhor, mais humano, mais fraterno e mais

livre sob todos os aspectos da vida em sociedade.

Que venha 2011 com seus desafios e comprometimentos.

Não estaremos sozinhos. Somos uma grande

Comunidade humana unidos pelos nós da rede. Laços

carregados de desejos, sentimentos, pensamentos

humanos grávidos de realizações!

Viva o Software Livre! Viva a Liberdade! Viva 2010! Que

venha 2011!

artigo |2010 na retrospectiva de um ativista do Software Livre

Por Wilkens Lenon Silva de Andrade

Wilkens Lenon Silva de Andrade é Graduado em Licenciatura em Computação, Mestrando em Educação Tecnológica

na UFPE e Técnico de Informática do Ministério Público da PB. Também é usuário e ativista do Software Livre e

colaborador da Revista BrOffice.org.

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Especial de Natal - Dezembro/201015| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Tradução e adaptação: Rui OgawaG

oo

gle

entrevista |

Esta é a pr imeira de uma sér ie de entrevistas

com desenvolvedores. Nossa esperança é que

elas possam encorajar a compreensão da

crescente comunidade que t rabalha para

melhorar o LibreOff ice, incentivar interações

entre as pessoas, e mostrar que é realmente

possível se envolver e contr ibuir com o código.

Ev identemente, as opiniões expressas aqui são

os pontos de vista não editados dos próprios

entrevistados, e não da The Document

Foundat ion, mas espero que com o tempo elas

mostrem um lado út i l da comunidade.

Somos gratos ao nosso pr imeiro entrevistado

que, mesmo sendo um superstar, é também

uma pessoa bastante recatada - não é um

usuário de rede soc ial nem um blogueiro, e

respeitamos isso. A esperança é que nós

possamos conhecê- lo melhor pessoalmente nas

vár ias conferências do LibreOff ice futuramente.

Ele também parece ser demasiado modesto -

tem fei to um trabalho notável, como por

exemplo, ter f inalmente removido a bibl ioteca

VOS (obsoleta por uma década) do LibreOff ice,

e ao fazer isso encontrado e corr igido diversos

problemas de segmentação. Então, sem mais

f i ru las:

Norbert ThiébaudNorbert Thiébaud

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Especial de Natal - Dezembro/201016| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Programar tem a ver com pessoas: então por favor,

nos fale sobre você:

Eu sou Norbert Thiébaud (shm_get no IRC). Sou francês,

mas moro em Dallas, Texas (EUA).

Qual foi o seu primeiro programa?

Ah, isso foi há algum tempo atrás... mais ou menos no

outono de 1983. Eu não me lembro do que se tratava,

mas eu sei que foi em Basic AppleSoft, e era em papel

pois eu ainda não possuía uma máquina para executá-lo.

Eu ficava rondando a loja de eletrônicos da vizinhança

para experimentar com o modelo em exposição.

O que você faz quando não está hackeando no

LibreOffice?

Eu trabalho para um ISV (Independent Software Vendor).

Nós escrevemos as ferramentas no campo Change Data

Capture: Capturamos logs de banco de dados (IMS, DB2,

Oracle ...), movendo-os, transformando-os e aplicando-os

a algum outro banco de dados), principalmente em

Mainframe e Unix.

Quando você, normalmente, se dedica ao projeto?

Normalmente, tarde da noite e nos finais de semana.

Qual é o seu editor de textos preferido? E por quê?

Emacs, porque eu tenho 10 dedos - assim Ctrl+Shift+Alt+

% não é assustador para mim - mas meu cérebro é de

certa forma contrário à noção de "edição versus modo de

comando" que está no cerne do Vi. (e todo programador

que se preze sabe que estas são as únicas duas opções

sãs).

Como você ficou sabendo sobre o LibreOffice?

Eu dei de cara com um comunicado à imprensa

anunciando a criação da The Document Foundation,

lendo alguns agregadores de notícias sobre Linux. Minha

primeira submissão de patch para a lista de discussão foi

em 28 de setembro de 2010, as 18:06:49. Isso foi umas

poucas horas após o comunicado de imprensa

anunciando a criação da The Document Foundation para

o público.

Por quê você se envolveu?

Bem, a resposta curta é: Porque eu fui bem convidado.

A versão mais longa é a seguinte:

A The Document Foundation apresentou-se com o

objetivo de ser uma organização meritocrática e aberta; e

isso foi música para meus ouvidos.

O site convidou e incentivou novos voluntários para se

apresentar, e eliminou um dos meus maiores

aborrecimentos: a Atribuição de Direitos Autorais. Eu

tenho uma desconfiança salutar de organizações que

dizem apoiar o Código Aberto, mas demandam uma

atribuição de direitos autorais, que - a história tem

demonstrado amplamente - não tem qualquer utilidade

prática a não ser permitir que essas organizações

possam tomar a propriedade do código em algum

momento. Quando essa organização, além disso, é uma

empresa, então a conclusão é inevitável - é apenas uma

questão de tempo.

Quando nós falamos de iniciativas sem fins lucrativos

dedicadas ao software livre, o risco é menor, mas mais

uma vez, há outras maneiras: Uma fundação pode ser

concedida temporariamente à administração de

proprietários de direitos autorais (em seus termos). Isso

iria cumprir a meta de tornar essa fundação relevante e

representativa, preservando sua capacidade de rescindir,

caso as coisas derem errado.

Me interessa serem levados em conta esses princípios na

fundação do projeto, e além disso a página dos

desenvolvedores anunciava um monte de tarefas, das

mais fáceis ao “enganadoramente não tão fácil”, que

novos colaboradores poderiam enfrentar. Isso foi muito,

muito útil. Ser interessado em ajudar é uma coisa ...

descobrir como começar e o que fazer é outra,

principalmente com um projeto tão grande e complexo.

Norbert Thiébaud | Tradução e adaptação: Rui Ogawa

entrevista |

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Especial de Natal - Dezembro/201017| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Então, depois de me meter em alguns desses "hacks

fáceis" e postar meus primeiros patches, eu encontrei

uma comunidade muito acolhedora, onde os

desenvolvedores sêniors multiplicaram seus esforços

para ajudar novatos como eu a se tornar produtivos. Eu

estava realmente esperando muito mais obstáculos. Não

que seja sempre assim, mas ao invés de rejeitar

antecipadamente um patch, enviando-o de volta para os

recém-chegados para a correção quando ela não é

perfeita, o grupo inteiro estava trabalhando duro para

aparar as arestas e corrigir estes patches para torná-los

aceitáveis ... dando feedback ao longo do caminho sobre

como fazê-lo melhor da próxima vez....

Por incrível que pareça, eu percebi, até mesmo com

alguma surpresa, que esse comportamento é contagioso

e que não incentiva as pessoas a serem desleixadas. Ao

contrário, acho que é uma forte motivação para ser

melhor da próxima vez... porque você não quer

sobrecarregar o cara que vai rever o seu patch sabendo

que ele iria perder tempo arrumando sua bagunça, caso

você não acerte.

Eu entrei atraído pelos princípios gerais de orientação que

foram estabelecidos pela The Document Foundation, e

fiquei por causa do ambiente de trabalho gratificante e

agradável dos desenvolvedores.

Qual foi a sua primeira contribuição para o

LibreOffice?

Um pequeno patch que removia umas 5 ou 6 linhas de

código morto ... só para molhar o bico e aprender o fluxo

de trabalho.

Qual você acha que foi sua mais importante

contribuição ao LibreOffice até agora?

Eu faço mais o trabalho de limpeza e retaguarda. Coisas

que os usuários finais nunca vão ver ou conhecer.

Envolver-se em um código base de uma década de idade,

com milhões de linhas, é até mesmo um pouco

assustador. Eu acho que essas tarefas de limpeza são um

caminho para me familiarizar com o código e com o

processo de criação. Essas tarefas tendem a conduzir

para todos os trechos do código, mesmo aquele que você

nem tinha ideia que existia... E há uma abundância de

cantos obscuros e arcanos em um projeto tão vasto. Eu

só fucei a superfície ainda ... Com o tempo, espero

construir um mapa mental global do projeto, quem sabe,

até o ponto onde eu possa ser pau para toda obra,

sabendo o suficiente para dar uma mão em qualquer

trecho do código onde for necessário.

Norbert Thiébaud | Tradução e adaptação: Rui Ogawa

entrevista |

A The Document A The Document

Foundation Foundation

apresentou-se com o apresentou-se com o

objetivo de ser uma objetivo de ser uma

organização organização

meritocrática e aberta; meritocrática e aberta;

e isso foi música para e isso foi música para

meus ouvidos.meus ouvidos.

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Qual é a sua visão para o futuro e/ou o que você

mais gostaria de ver melhorado?

Eu acredito, fervorosamente, que uma boa casa não é

feita apenas de uma boa decoração e um mobiliário

confortável. É também um bom sistema hidráulico, boa

fiação e bases sólidas. E um software é como se fosse

uma casa que começa como um quarto e termina, às

vezes, como um enorme edifício de 50 andares... e isso

significa que você tem que trabalhar constantemente para

manter o encanamento, a fiação, e as fundações em

ordem, em consonância com o resto do edifício.

Esses problemas, normalmente, não são considerados

problemas "sexy" para se resolver - alguns especialistas

alertam ainda sobre as mudanças nessas áreas, como

sendo perigoso, caro e mesmo inútil, adicionando o que

eles chamam de "débitos técnicos" ao projeto - e na

maioria das vezes, essas partes só recebem alguma

visibilidade tarde demais: quando elas falham, ou estão

desatualizadas e/ou sem manutenção, que o projeto se

arrasta a ponto de parar por causa de seu próprio peso.

Ironicamente, a própria definição de "débito técnico" é

NÃO FAZER todas essas tarefas, incluindo o "hack fácil"

como racionalizar os tipos usados no código, ou continuar

usando meia dúzia de classes para fazer de certa forma a

mesma coisa, ou deixar os avisos acumularem aos

milhares... E até certificar-se que mais pessoas possam

ler os comentários no código, traduzi-lo do alemão para o

inglês. É como quitar alguns débitos técnicos. Assim, com

o fluxo de sangue novo no projeto - muitos de nós

trabalhando nestes chamados hacks fáceis - o resultado é

de fato um reembolso de parte desse débito técnico

acumulado ao longo das últimas décadas.

Acho que a maior confusão sobre esse assunto resulta da

concepção equivocada de que o LibreOffice deveria ser

considerado como um descendente do OOo. Mas um dos

motivos principais da existência do LibreOffice, na minha

opinião, é que o OOo está falhando no seu trabalho de

ascendente ao recusar - não por motivos de ordem

técnica - integrar os trabalhos descendentes, gerando

assim, ele próprio um débito técnico.

Eu acredito que o LibreOffice irá estabelecer-se como o

ascendente de escolha, melhorando o produto

internamente, inovando e selecionando as contribuições

descendentes ou "paralelas" quando estas fizerem

sentido técnico. Bloquear todos os esforços para quitar o

débito técnico do código base existente apenas para

selecionar as alterações de descendência/ascendência

não faria sentido para mim.

A organização interna do código não é a única tarefa

importante nos bastidores. Há também todas as

infraestruturas de apoio, do Tinderbox aos testes de

regressão automatizados, da auto documentação a um

ambiente sadio de controle de código-fonte, do

desempenho de regressão à cobertura do código... tudo

isso é um bocado de trabalho e não é visível para o

usuário final, ou pelo consultor especialista, a não ser

pelo fato que, quando elas são bem feitas, os

desenvolvedores podem rapidamente buscar uma

funcionalidade de uma forma muito mais confiável.

Acontece que eu gosto de trabalhar nesses tipos de

problemas, e eu pretendo fazer isso.

Fonte:

http://blog.documentfoundation.org/2010/11/25/developer-

interview-norbert-thiebaud/

Norbert Thiébaud | Tradução e adaptação: Rui Ogawa

entrevista |

… … uma boa casa não é uma boa casa não é

feita apenas de uma feita apenas de uma

boa decoração e um boa decoração e um

mobiliário confortável.mobiliário confortável.

(...) E um software é (...) E um software é

como se fosse uma como se fosse uma

casa...casa...

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Especial de Natal - Dezembro/201019| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Por Luiz Oliveira

ossas atividades diárias tomam conta da nossa vida e nunca temos oportunidade para pensar sobre a relação que há

entre nós e o mundo, entre nós e as pessoas que nos cercam ou nas pessoas que estão distantes, mas que sofrem toda

sorte de agruras. O movimento Software Livre tem o seu lado, digamos, social. Há quem afirme com todas as letras que são

uma coisa só, ou seja, não há software livre senão como um movimento social, de uma rede formada para disseminar

valores fundamentais que impõem uma ruptura no modelo atual vigente, inicialmente, na tecnologia da informação, depois

na economia, educação, saúde, política, em toda sociedade enfim, buscando a inclusão total e irrestrita, sem cair na

armadilha de tornar-se um movimento político partidário.

Como diria Lenine em sua canção “O mundo vai girando cada vez mais veloz, a gente espera do mundo, e o mundo espera

de nós, um pouco mais de paciência...”(Paciência, Lenine). Paciência aqui pode ter o significado de parar um pouco, descer

da roda gigante, distanciar-se, sair da confusão, voar bem alto e olhar como uma águia para ter o discernimento necessário

para escolher o alvo após uma avaliação global, holística. O Natal é tempo propício para isso.

O movimento Software livre sobrevive de ações e atividades. Eventos dessa natureza pipocam de norte a sul do Brasil e do

mundo e a característica marcante de todos eles é a preocupação com o bem estar das pessoas, das famílias. Vejam, por

exemplo, o Encontro Nacional BrOffice.org. Desde as primeiras edições arrecada alimentos, incentiva a doação de sangue

e, mais recentemente, estimula estudantes universitários a desenvolver código-fonte e apresentar soluções para bugs

conhecidos com uma nova visão: desenvolver para compartilhar, aprimorando ainda mais o software para uso coletivo e

livre.

A seguir algumas ações solidárias idealizadas por pessoas e grupos com o objetivo de compartilhar alegrias, alimentos,

conhecimento, brinquedos e, principalmente, esperança de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno.

reportagem |

NN

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Especial de Natal - Dezembro/201020| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Poema de natal

Élcio Dias Leite

O mundo está próximo do Natal

Momento saudável para as pessoas

As crianças estão juntas com Deus nas ruas

Comemora-se o nascimento de Jesus Cristo

No Natal as pessoas sentem amor pela vida

Preocupam-se com as crianças

Pensam na paz e no amor...

Pessoas boas são anjos da vida

As pessoas sonham com um natal feliz

Pois o Natal é importante para as pessoas.

Precisamos preservar o espírito natalino

Encher o coração de todos no mundo com paz e amor.

Natal é a noite do nascimento de Jesus e é para ele

que celebramos essa festa!

Natal solidário | Por Luiz Oliveira

reportagem |

Qual o seu nome e se era possível a divulgação das

mensagens, escritas por ele, na Internet.

Atualmente, o blog recebe colaboração dos pacientes

Angelita Mauricio Germano, Giseli Martins, Irineu da

Costa, José Roberto Bueno, Josená Francisco de Souza,

Katia Capdevilla, Manoelito Ferreira, Maria de Fatima de

Oliveira, Rodrigo Araújo da Silva, Rosangela Barbosa,

Wellington Lima Santos e Wilson Pereira Louback.

As Casas André Luiz dedicam-se ao atendimento

exclusivo à pessoa com deficiência mental, leve,

moderada, grave e profunda, com ou sem deficiência

física associada. Todos os pacientes internados exigem

cuidados contínuos, por toda a vida. A Unidade de Longa

Permanência tem capacidade para atender 600

pacientes; 80% deles são casos graves, e mais de 50%

são acamados e/ou cadeirantes.

Blog Nossos Poetas

O clima de Natal faz com que as pessoas sejam

incentivadas a escreverem poesias, pensamentos, cartas

aos amigos e parentes. Leiam essa poesia simples e

singela, por exemplo:

O autor dessa poesia não fala, não escreve, não anda.

Ele tem 48 anos e é paciente das Casas André Luiz

desde que tinha sete anos e faz parte de um projeto da

instituição que pretende dar voz aos pacientes através de

um blog[1]. Élcio consegue manifestar seus pensamentos

utilizando o Sistema Bliss de comunicação alternativa que

nada mais é do que um sistema simbólico gráfico visual.

O suporte físico para a disposição dos símbolos variam

desde suportes que empregam baixa tecnologia

(pranchas de comunicação, pastas, cardápios, álbum de

fotos, etc. ) até aparelhos eletrônicos de alta tecnologia

(softwares, microcomputadores, sintetizadores de voz,

pranchas eletrônicas, etc). No caso do Élcio, ele utiliza

uma prancha com vários símbolos e através do apontar,

de expressões faciais e corporais demonstra o que quer

escrever. Dessa forma são estruturados seus diálogos e

elaboradas suas poesias.

Segundo o gerente de informática das Casas André Luiz,

Victor Aniceto, o blog nasceu após um diálogo com um

dos pacientes que lhe fez duas perguntas.

Natal livre – Tecnologia para todos

Natal livre 2008 -Da esquerda para a direita: Sérgio Luiz, Alec Nascimento, Lucas Filho, Elan Lopes e Carlos Junior

Flickr

Um dos idealizadores do evento Natal Livre é Lucas Filho,

um colaborador do Grupo de Usuários BrOffice.org do

estado do Ceará. Lucas Filho é formado em marketing,

consultor de informática da empresa OpenCe Tecnologias

e Serviços. Já na quarta edição, o Natal Livre é um

evento diferente, pois alia o espírito de natal através da

arrecadação de alimentos e brinquedos para instituições

carentes com uma grade de palestras sobre temas

variados focados em tecnologias livres. Nesse ano o tema

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Especial de Natal - Dezembro/201021| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Natal solidário | Por Luiz Oliveira

reportagem |

Segundo Xavier, a entrega dos brinquedos no dia de

Natal foi uma mistura de emoção, e de sentimento de

dever cumprido apesar do tumulto gerado pela demanda,

muito acima das expectativas.

Em 2004, com a intenção de dobrar a quantidade de

brinquedos, Xavier tratou de procurar mais pessoas entre

colegas de trabalho, da Universidade, parentes e amigos.

Após toda a mobilização, houve um aumento significativo

no número de brinquedos, mas ainda não foi possível

dobrar em relação ao primeiro ano. Para evitar o tumulto

do primeiro ano, foram distribuídos cartões de controle na

entrega dos brinquedos.

central do evento foi o pacote para escritório BrOffice.

“Com isto, alinhamos o tema ao evento, fazendo com que

a maioria das palestras sejam voltadas ao tema

escolhido”, afirma Lucas Filho.

A grade de programação do Natal Livre trouxe em 2010 a

palestra sobre o editor de textos BrOffice Writer

ministrada por Lucas Filho. Outra palestra ministrada por

Daniel Henrique da Costa foi sobre o Blender 3D, um

programa de animações, objetos 3D e filmes. A grade

também contempla um “Papo Livre” que tem como

finalidade permitir que os usuários e participantes do

evento falem sobre suas experiências com softwares

livres, sobre desejos, dicas, estudo de casos,

agradecimentos e sobre o Natal.

Ação Xavier e Parceiros

A Ação Xavier e Parceiros é uma iniciativa do colaborador

do Grupo de Usuários BrOffice do Pará, Raimundo das

Graças Lima Xavier. Raimundo Xavier nasceu na Cidade

de Irituia-PA, com cinco anos foi para Santa Barbára-PA e

hoje vive em Marituba-PA. Em Santa Barbará-PA apesar

da falta de um brinquedo, um prato de comida, uma roupa

e moradia conseguiu estudar e trilhar uma carreira bem

sucedida. Estudou em escolas públicas e tem a formação

de Técnico em Eletrônica, Técnico em Manutenção de

Aeronaves, Tecnólogo em Processamento de Dados,

Analista de Sistemas e Analista de Desenvolvimento do

Serviço Federal de Processamento de Dados, SERPRO.

A ação Xavier e Parceiros foi idealizada em dezembro de

2002, após reflexão sobre como contribuir para a

felicidade das pessoas sem condições financeiras para

presentear os filhos com brinquedos e muitas vezes, sem

condições sequer para alimentar-se adequadamente,

sobretudo no Natal. Entretanto, a realização do primeiro

evento só foi possível em 2003, quando Raimundo Xavier

comprou e pagou do próprio bolso 50 brinquedos, dividos

igualmente entre meninos e meninas.

Ação Xavier e Parceiros

Xavier e os brinquedos

Ação Xavier e Parceiros – cartão de controle

No Natal de 2005 e 2006 os parceiros aumentaram e,

consequentemente, mais crianças puderam ser

agraciadas. Foram distribuídos 164 e 206 brinquedos,

respectivamente.

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Especial de Natal - Dezembro/201022| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Natal solidário | Por Luiz Oliveira

reportagem |

A partir de 2008, começa uma nova fase na Ação Xavier e

Parceiros. Além de brinquedos e roscas de natal, o

desafio passou a ser a busca de cestas de alimentos.

Como sempre, a sociedade atendeu prontamente e, em

2009, foram mais de 500 brinquedos doados, 11 cestas

básicas e 80 roscas obrigando a organização a alugar um

veículo para levar as doações.

A ação xavier e parceiros realizou levantamento de tudo

que já fez na comunidade de Santa Barbára,

especificamente em Pau D´Arco, no estado do Pará. O

levantamento fica disponível na internet, no blog oficial do

Ação Xavier e Parceiros. Os números demonstram uma

evolução surpreendente nos primeiros sete anos de

trabalho, tornando-se um incentivo ainda maior para a

organização do evento.

Na opinião de Raimundo Xavier, a distribuição de

alimentos e brinquedos não é capaz de tirar as famílias do

"ciclo de baixa renda". Para ele, é necessário “acreditar

na EDUCAÇÂO pessoal e na de seus filhos, pois só a

educação pode tirá-los dessa situação”, conclui.

Referencias:

http://www.casasandreluiz.org.br/blog/

http://www.casasandreluiz.org.br/

http://natallivre2010.blogspot.com/

http://acaoxaviereparceiros.blogspot.com/

A cada ano as colaborações foram aumentando. Na 4ª

edição, em 2007, 246 brinquedos foram arrecadados e

distribuídos, mas a novidade da edição foi a distribuição

de 50 roscas natalinas. Também foi em 2007 que a

arrecadação de brinquedos ganhou um aliado de peso. O

Serpro disponibilizou um espaço para a realização do 1º

Café Solidário, cujo objetivo era arrecadar brinquedos e

alimentos dos funcionários da empresa em uma manhã

do mês de dezembro antes do dia do Natal.

Mesa posta do 1º Café da Manhã Solidário

1º Café da Manhã Solidário

Organizadores do Café da Manhã Solidário

O momento da entrega dos presentes e

alimentos, com certeza, é um momento de

grande emoção tanto para quem está à

frente do projeto quanto para quem está

sendo contemplado

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Especial de Natal - Dezembro/201023| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Arq

uiv

o p

ess

oa

l

cultura |

Seu Papai NoelQue nesse NatalNinguém passe fomeNinguém passe malPra que a alegriaPossa ser total

Que os homens que têmO mundo na mãoSe esqueçam que existeAquele botãoCapaz de fazerSó destruição

Que nesse natalMinha mãe e meu paiEstejam comigoQue não briguem maisPelo menos hojeQue exista paz

Que os homens na ruaNão vejam o sinalCom crimes e crimesE achem normalQue pensem nos outrosSejam menos maus

Seu Papai NoelNão quero brinquedoSe eu não puderBulir, meter o dedoVer como é por dentroVer cada segredo

Eu quero aprenderComo é esse mundoPra quando eu crescerDepois dos estudosTorná-lo melhorPoder mudar tudo

Se quem tem poderNa palma da mãoNão quer melhorarA situaçãoEu poder fazerCom minha geração

Pra que ter presenteSem ser pra nós dois?Que brinque sozinhoNum vidro, sem nós?!Eu quero quebrar!E ajeitar depois!

Seu Papai NoelNão quero brinquedoSe eu não puderCopiar ligeiroPara os meus amigosPara o mundo inteiro

Eu quero poderCom amigos e amigasCompartilhar tudoMomentos, cantigasLivros e brinquedosPor toda essa vida

Porque, meu velhinhoSeu Papai NoelTudo que há de bomNunca foi "só meu"Quem não compartilhaNão irá pro céu

Seu Papai NoelNão quero presenteDê pra quem precisaPois tem tanta genteCom fome, com frioSem casa e carente

Pra quê um brinquedoSe tem tanta genteQue nem tem comidaNem casa decenteSó têm uns aos outrosE a dor permanente?

Seu Papai NoelPeço um compromissoDê pra todo mundoSó o que for precisoNão vai faltar nadaÉ só ter juízo

Devolva o autoramaDos fíos de papaiNa loja e o dinheiroPegue e vá atrásDo que tanta gentePrecisa bem mais

Que nesse NatalPense em nós primeiro,Pobres e o Natal,Peço em derradeiro,Que se for assimDure o ano inteiro

Por: Cárlison Galdino

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Especial de Natal - Dezembro/201024| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Arq

uiv

o p

ess

oa

l

cultura |

Sete vidas Sete vidas (Seven Pounds)(Seven Pounds)

Imagine se você pudesse voltar no tempo e com isso

alterar o rumo da sua história? Não estamos falando de

nenhum filme de ficção como 'De Volta para o Futuro' ou

'Em Algum Lugar do Passado'. Aliás, quem gosta de

romance com final feliz não deve assistir Sete Vidas

(Seven Pounds). É um filme dramático, extremamente

dramático. O filme tenta refletir um pouco sobre a vida, a

morte e a linha tênue que as separam e as unem. O

protagonista, Tim Thomas (Will Smith), sabe da

impossibilidade de voltar no tempo para curar suas feridas

e as perdas irreparáveis que insistem em atormentá-lo.

A saída encontrada por Tim é inusitada. Abandona sua

vida profissional de sucesso como engenheiro de

aeronaves, envolve alguns amigos de infância e o próprio

irmão e se passa por um agente do Departamento do

Tesouro dos Estados Unidos, no intuito de localizar as

pessoas que serão alvo de sua cuidadosa e premeditada

redenção. Sua busca tem o objetivo de salvar sete vidas.

O critério adotado é que essas pessoas sejam dignas do

presente que pretende oferecer a elas. Tudo vai bem até

Tim se envolver com uma paciente com coração fraco e

que precisa fazer com urgência um transplante para

continuar a viver. O preconceito é rechaçado no filme. Há

latinos, brancos, negros, ricos e pobres, crianças e

adultos, todos com uma carência em comum que dinheiro

nenhum pode comprar.

“Em sete dias Deus criou o mundo. E em sete segundos eu destruí o meu” Tim Thomas.

Dica de filme | Por Luiz Oliveira

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Especial de Natal - Dezembro/201025| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Por Pedro Ciríaco

Download: Calendário

Contribua para o Escritório Aberto enviando seus modelos para [email protected]

Antes de enviar, observe as instruções para adição da licença no seu modelo em http://www.broffice.org/escritorio_aberto/adicionando_licenca_a_um_arquivo

Maiores informações em http://www.broffice.org/escritorio_aberto

Ao

Viv

o B

r

O Projeto Escritório Aberto tem como objetivo fornecer modelos de arquivos para o BrOffice totalmente

gratuitos, prontos para usar e excelentes para o aprendizado. Assim, futuros usuários contarão com

aplicações práticas para demonstração dos diversos usos do BrOffice por meio de exemplos utilizáveis.

Tratam-se de arquivos de uso diário, enviados por colaboradores e que servem perfeitamente às nossas

necessidades, todos licenciados pela GPL.

2010, ano de muitos acontecimentos

na comunidade BrOffice.org, tanto

que ganhamos uma edição especial

com uma retrospectiva! Agora é

tempo de pensar em projetos,

reorganizar nossas ideias, colocar

novas metas no calendário de

2011...Pensando nisso, a seção EA

traz dois modelos de calendários para

você personalizar à sua maneira.

Download: Calendário Magnético

E é lembrando também do réveillon, onde muitos iniciam

uma nova dieta, que sugerimos a você uma planilha de

monitoramento de peso:

Download: Monitoramento

escritório aberto |

Calendário2011

A todos um Feliz Natal e um Ano de 2011 de muito

sucesso!

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Especial de Natal - Dezembro/201026| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Por Olivier Hallot

Já sabemos que o BrOffice Calc e o Excel tem

muitas similaridades e algumas diferenças.

Uma das diferenças que aparece com certa

frequência é a interpretação das informações sobre

os dados, o que chamamos de Tipo de dado.

Ao ler dados de tabelas de banco de dados e de

arquivos de texto, o BrOffice “assume” a natureza

da informação a partir de uma análise dos dados.

Se ele entende que a informação tem aspecto de

uma data, ele exibe os dados no formato de data.

Caso seja um texto com aspecto de um número, ele

exibe a informação como se fosse um número. Se

ele perceber que a informação não se assemelha a

um número ou a uma data, ele assume que se trata

de um texto.

Estas opções de interpretar os dados de uma tabela

de banco de dados estão disponíveis na tela que

aparece quando abrimos um arquivo do tipo Texto

ou CSV (Comma Separated Values, valores

separados por vírgulas). Ali, será possível modificar

o comportamento do BrOffice Calc para acomodar

variações no formato dos números.

Cada coluna da janela de dados que aparece tem

um cabeçalho que pode ser modificado. Em Padrão,

teremos uma interpretação de números, datas e

texto convencionais.

Temos depois 3 tipos de datas, variando a posição

dos dias, meses e anos do texto. Em inglês

Americano, temos a possibilidade de lermos

números na grafia inglesa onde a vírgula serve para

separar os milhares e o ponto serve para separar as

decimais. Também podemos ocultar uma coluna

caso queiramos omiti-la na leitura.

Como identificar que temos um texto no meio de

uma soma ou de algum cálculo algébrico?

Dica: o Calc possui um recurso visual para ajudar

na identificação da natureza (tipo) dos dados. Trata-

se do Realce de valor, disponível em Menu Exibir –

Realce de Valor.

Com o Realce de Valor ativado, os números são

marcados de AZUL, os textos de PRETO e as

fórmulas calculadas de VERDE.

Atente para este detalhe quando for utilizar SOMA,

PROCV, Filtros, etc...nos dados lidos de uma tabela

de banco de dados ou arquivo texto, e CSV.

Cuidados com Cuidados com os tipos de os tipos de dados no Calcdados no Calc

dica |

Google

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Especial de Natal - Dezembro/201027| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Por Nilson Almeida de Araújo

A ESTRUTURA DOS TRABALHOS ACADÊMICOS A ESTRUTURA DOS TRABALHOS ACADÊMICOS

DIVIDE-SE EM:DIVIDE-SE EM:

Elementos pré-textuais,

Elementos textuais

Elementos ós-textuais.

ELEMENTOS PRÉ- TEXTUAISELEMENTOS PRÉ- TEXTUAIS

Os elementos pré-textuais constituem a parte introdutória

do trabalho.

São considerados elementos PRÉ-TEXTUAIS:

capa (obrigatório);

lombada (opcional);

folha de rosto (obrigatório);

errata (opcional);

folha de aprovação (obrigatório);

dedicatória(s) (opcional);

agradecimento(s) (opcional);

epígrafe (opcional);

resumo;

abstract;

lista de ilustrações (opcional);

lista de tabelas (opcional);

lista de abreviaturas e siglas (opcional);

lista de símbolos (opcional);

lista de anexos e apêndices;

sumário (obrigatório).

ELEMENTOS TEXTUAISELEMENTOS TEXTUAIS

Os elementos textuais constituem a parte do trabalho

onde é exposta à matéria.

São considerados elementos TEXTUAIS:

a) introdução;

b) desenvolvimento;

c) conclusão.

dica |

Formatação de teses e Formatação de teses e monografias conforme ABNTmonografias conforme ABNT

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Especial de Natal - Dezembro/201028| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Formatação de teses e monografias conforme ABNT

Por Nilson Almeida de Araújo

ELEMENTOS PÓS-TEXTUAISELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

São os elementos que complementam o trabalho. Após a

Conclusão, as demais seções do trabalho não são mais

numeradas, porém a paginação segue aparecendo até o

final.

São considerados elementos PÓS-TEXTUAIS:

a) referências (obrigatório);

b) glossário (opcional);

c) apêndice(s) (opcional);

d) anexo(s) (opcional);

e) índice(s) (opcional).

Paginação: as páginas devem ser numeradas no canto

superior direito. Os números das páginas devem ser

todos em algarismos arábicos (1, 2, 3, etc.), iniciando-se a

numeração a partir da parte textual (na Introdução).

Opcionalmente, poderá ser paginado o pré-texto em

algarismos romanos (i, ii, iii, etc.).

Numeração: A capa não é contada e nem numerada. A

folha de rosto é contada (pg. I), mas não numerada. Daí

em diante, os elementos pré-textuais são numerados em

romano (II, III, IV, etc.) no meio do rodapé. O restante do

documento recebe numeração cardinal a partir da

Introdução (pg.1) do lado direito do cabeçalho.

Outras: As referências devem estar em ordem alfabética e

numeradas.

INICIANDO O TRABALHO:INICIANDO O TRABALHO:

A CAPA não recebe cabeçalho nem rodapé.

A FOLHA DE ROSTO não recebe cabeçalho nem rodapé,

mas é contada como página "i" sem receber numeração.

ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS recebem somente rodapé

e numeração em algarismo romano (começando em ii).

ELEMENTOS TEXTUAIS recebem só cabeçalho e a

numeração em algarismos arábicos começando de 1 até

o final do texto.

PREPARANDO AS PÁGINAS E FORMATOSPREPARANDO AS PÁGINAS E FORMATOS:

PASSO-A-PASSO:

1) Abra um novo arquivo e salve com o nome de TESE.

2) Precisamos criar quatro tipos de páginas como estilo.

Tipo Capa: sem cabeçalho e sem rodapé

Clique F11 e selecione o Botão > Estilo de páginas.

Com botão direito em um espaço em branco da janela,

clique em NOVO... Na aba Organizador > Nome digite

Capa. Na aba Página, selecione Margem: esquerda (3

cm), direita (2 cm), superior (3 cm), inferior (2 cm). Clique

Ok.

dica |

FORMATAÇÃO BÁSICAFORMATAÇÃO BÁSICA

Papel: A4 na cor branca. À exceção da ficha

catalográfica, todo trabalho deve ficar na frente das folhas

para a impressão.

Margens: esquerda 3,0 cm; direita 2,0 cm; superior 3,0

cm; inferior 2,0 cm. As citações devem ter margem de 2,0

cm a esquerda.

Fonte: Use Arial ou Time New Roman com tamanho 12.

Somente as ilustrações podem ser diferentes de preto.

Espaçamento: O parágrafo deve ser justificado e com

espaçamento 1,5. O texto deve ter espaçamento 1,5.

Obs.: As referências, as legendas, a ficha cartográfica, as

notas de rodapé, as citações longas, o objetivo e o nome

da Instituição, os resumos devem ser digitados em

tamanho 10 e espaçamento simples. Deve-se manter um

recuo de 4 cm da margem esquerda para as citações de

mais de três linhas,

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Especial de Natal - Dezembro/201029| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Formatação de teses e monografias conforme ABNT

Por Nilson Almeida de Araújo

Tipo Folha de RostoTipo Folha de Rosto:

Sem cabeçalho e sem rodapé. A página será contada,

mas não numerada.

Clique F11 e selecione o Botão > Estilo de páginas.

Com botão direito em um espaço em branco da janela,

clique em NOVO... Na aba Organizador > Nome digite

Folha de Rosto. Na aba Página, selecione Margem:

esquerda (3 cm), direita (2 cm), superior (3 cm), inferior (2

cm). Na aba Rodapé, marque Ativar rodapé. Clique Ok.

dica |

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Especial de Natal - Dezembro/201030| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Formatação de teses e monografias conforme ABNT

Por Nilson Almeida de Araújo

3) No arquivo TESE clique em F11 e selecione Botão >

Estilo de páginas. Dê um duplo clique sobre o tipo criado

"Capa". Para facilitar a identificação, escreva a palavra

Capa em fonte grande. A página receberá essa

formatação.

4) Insira o cursor após a palavra Capa e clique no menu

Inserir > Quebra Manual > Quebra de Página > escolha

Folha de Rosto > OK. Será inserida uma nova página

com essa formatação. Para facilitar a identificação,

escreva "Folha de Rosto" em fonte grande.

dica |

Organizador Organizador Elemento Pré-textuaElemento Pré-textual:

Sem cabeçalho, com rodapé numerado em romano

minúsculo centralizado.

Clique F11 e selecione o Botão > Estilo de páginas. Com

botão direito em um espaço em branco da janela, clique

em NOVO... Na aba Organizador > Nome digite Elemento

Pré-textual. Na aba Página, selecione Margem: esquerda

(3 cm), direita (2 cm), superior (3 cm), inferior (2 cm). Na

aba Rodapé, marque Ativar rodapé. Clique Ok.

Elemento TextualElemento Textual:

Com rodapé, com cabeçalho numerado com números

arábicos à direita

Clique F11 e selecione Botão > Estilo de páginas. Com

botão direito sobre Padrão > Modificar... Na aba Página,

selecione Margem: esquerda (3 cm), direita (2 cm),

superior (3 cm), inferior (2 cm). Na aba Cabeçalho,

marque Ativar cabeçalho. Clique Ok.

5) Insira o cursor após a palavra "Folha de Rosto" e clique

no menu Inserir > Quebra Manual > Quebra de Página

> Estilo > Elemento Pré-textual > OK. Será inserida

uma nova página com essa formatação. Para facilitar a

identificação, escreva a palavra "Errata" em fonte grande.

Coloque o cursor após a palavra e faça outras quebras de

páginas com os títulos a que se destinam. Podemos usar

a combinação CTRL + Enter para realizar as quebras de

páginas.

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Especial de Natal - Dezembro/201031| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

Formatação de teses e monografias conforme ABNT

Por Nilson Almeida de Araújo

7) Ao final dos elementos pré-textos, coloque o cursor

após a última palavra e clique no menu Inserir > Quebra

Manual > Quebra de Página > Estilho Elemento

Textual > OK.

dica |

6) Com o cursor no rodapé da página Errata, clique no

botão Centralizador da Barra de Formatação. Clique no

menu Inserir > Campos > Outros e escolha Página >

Página Anterior > Formato Romano (i,ii,iii) > Inserir >

Fechar. Será inserido a numeração romana minúscula.

8) Para facilitar a identificação dessa primeira página tipo

Elemento Textual, escreva a palavra "Introdução" em

fonte grande. Em seguida, com o cursor no cabeçalho

desta página, clique no botão Alinhar a Direita da barra

de formatação. Clique no menu Inserir > Campos >

Outros > Tipo > Página > Número de Páginas >

Arábico (123) > Deslocamento: se estamos, por

exemplo, na página 6, então digite -5. Assim,

retrocederemos cinco páginas e a Introdução receberá a

página 1. Coloque o cursor após a última palavra da

página e insira quebras de páginas o quanto forem

necessárias com CTRL + ENTER.

OBSERVAÇÃOOBSERVAÇÃO:A formatação acima está considerando que todo trabalho será impresso apenas nas folhas de frente, sem uso do verso (o que ocorre em teses finais de capa dura). No entanto, para apresentação à banca, as instituições costumam solicitar que o trabalho seja impresso - frente e verso, evitando assim o consumo exagerado de papel. Isso vale apenas para o trabalho propriamente dito, pois os elementos pré-textuais e pós-textuais devem manter o verso em branco. Então, para a banca, após o trabalho pronto, divida a impressão em duas fases: primeiro imprima os elementos textuais e pós-textuais; depois, imprima os elementos textuais. A configuração de impressão dependerá do tipo de impressora de que se dispõe.

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Especial de Natal - Dezembro/201032| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista

retrospectiva 2010 |Por Luiz Oliveira

Muitas coisas aconteceram nesse ano de 2010. Ainda

bem que podemos falar com toda franqueza que a

maioria das notícias do ano foram boas para a

comunidade e para a Revista BrOffice.org. Um dos

maiores destaques foi sem dúvida o surgimento da The

Document Foundation que vai continuar o

desenvolvimento do OpenOffice.org com o nome de

LibreOffice. A participação da BrOffice como uma das

instituições que dá suporte à TDF é o resultado do

amadurecimento e da seriedade da comunidade

brasileira.

A BrOffice.org tem um representante brasileiro no Comitê

Gestor e que responde pela TDF aqui no Brasil. Olivier

Hallot, líder de tradução para português do Brasil e Diretor

voluntário da BrOffice.org participou ativamente do

processo inicial de organização da TDF.

A seguir, as notícias que foram destaque nas oito edições

da Revista BrOffice.org desse ano:

Nova versão do Verificador Ortográfico traz

reconhecimento de termos compostos hifenizados,

desenvolvido pela equipe do Hunspell, responsável pelo

aplicativo gerenciador do Corretor Ortográfico do

OpenOffice.org em todo o mundo.

IV Encontro Nacional BrOffice.org: Uma ampla matéria

revelando os bastidores do maior evento da comunidade

BrOffice.org. Estratégias de migração; desenvolvimento

através do contato com o código do BrOffice; o “olhar” do

mercado e uma novidade interessante - o Hack Lab,

foram as principais características do EnBrO realizado em

abril, em mais de 20 estados brasileiros.

90 mil máquinas: Processo de instalação do BrOffice no

parque de máquinas da Petrobras. O público atingido foi

de cerca de 100 mil pessoas devidamente treinadas em

BrOffice.

Entrevista com Olivier Hallot ao assumir representação

no Conselho Internacional OpenOffice.org.

Participação da BrOffice.org no IV Encontro de

Software Livre da Paraíba e no Flisol em várias cidades

brasileiras.

Um artigo de Gustavo Pacheco revela o novo projeto

Professor Digital do estado do Rio Grande do Sul, após

mobilização da comunidade.

Entrevista com Rubens Queiroz de Almeida, um dos

colaboradores mais antigos da Revista BrOffice.org, além

de ser um evangelizador de Software Livre reconhecido

por várias comunidades no Brasil e no mundo pelo seu

trabalho incansável.

SpeechOO, uma extensão capaz de digitar textos por

comando de voz.

Aniversário de 10 anos do projeto OpenOffice.org e

preparativos para a Conferência Anual, em Budapeste.

Nessa edição a matéria de capa foi BrOffice em

Concursos Públicos. A repercussão foi imediata pois

vários concursos passaram a exigir conhecimento em

BrOffice.

A edição 15 marcou a chegada da The Document

Foundation e o LibreOffice. Uma entrevista com Olivier

Hallot revelou os bastidores do lançamento da Fundação.

Também foi publicado o Manifesto da Próxima Década.

Sobre a comunidade brasileira, um histórico de dois

importantes projetos, o Verificador Ortográfico e o

Corretor Gramatical. Para encerrar os destaques, uma

abordagem técnica da Conferência Anual do

OpenOffice.org feita por Gustavo Pacheco.

Matéria de capa traz tudo sobre a migração do Fundo

de Pensão Serpros para Ubuntu Linux e BrOffice e o

programa de treinamento dos funcionários com apoio e

suporte técnico da OSCIP BrOffice.org.

*Um importante relato sobre o uso do BrOffice no

desenvolvimento de um sistema de controle de processos

do TJDFT e a participação da BrOffice.org na VII

Conferência Latino Americana de Software Livre.

Na mais recente edição o lançamento do CoGrOO

Comunidade, uma ferramenta colaborativa para usuários

do Corretor Gramatical do BrOffice bem como a nova

versão do corretor integrada ao novo portal.

Cases de migração e treinamento em BrOffice na

Petros e na UFRJ.

Universidade Livre: apoio da BrOffice.org ao evento

cujo objetivo é promover o uso e desenvolvimento de

software livre nas universidades

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Dezembro | 201033| Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista