Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro...

16
Vem quente que estaremos fervendo 2020 Parece que tudo está errado, muito errado e perdemos até casa que nos abrigava, porque entre o abrigo e o salário de uma compa- nheira houve que garantir o salário. Alguma esperança que nos ali- mentou, mesmo que pequena, leve, descontínua, correu da raia e nos deixou sozinhos, olhando pro nada. Caros leitores, colaboradores e ouvintes Certa vez uma mão levou seu filho até Gandhi e lhe pediu: - Por favor mestre, fale para meu filho parar de comer doces, ele o respeita e de certo o ouvirá. Gandhi então lhe pediu que trouxesse seu filho na próxima semana e, assim, na semana seguinte ela o levou até ele. Logo que che- gou, Gandhi lhe disse: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar O “maior desmatador do Brasil” possui 120 madeireiras na região Norte do Brasil Preso pela PF na Operação Deforest, Chaules Volban Pozzebon coleciona acusações de cri- mes ambientais num dos estados mais desmatados do País. Extorsões, ameaças e lavagem de dinheiro são apenas alguns dos crimes listados na denúncia oferecida pelo Ministério Público (MP) a partir da Operação Deforest, da Polícia Federal (PF), contra o empresário Chaules Volban Pozzebon, preso preventivamente no mês passado. Chaules é acusado de liderar uma organização criminosa na região de Cujubim, em Rondônia. Segundo a investigação, ele é proprietário de 120 madeireiras espalhadas pela região Norte – que estão em seu nome ou de laranjas – e, por isso, tem sido chamado por seus denunciantes de “o maior desmatador do Brasil”. Elizeu Berçacola Alves conhece bem a ficha criminal de Chaules, que possui delitos que datam de quinze anos atrás. No início de novembro, o bafo úmido de 34 °C do aeroporto de Porto Ve- lho serviu de ponto de encontro para que Elizeu, ex-chefe da Secretaria de Estado do Desen- volvimento Ambiental (Sedam) no município de Machadinho d’Oeste (RO), contasse à Agência Pública o que sabe sobre o que chama de “organização criminosa de Chaules”. O madeireiro foi formalmente denunciado pelo Ministério Público de Rondônia (MPRO) por cri- mes contra a vida, como ameaças de morte contra pequenos agricultores, realizadas por polici- ais militares contratados por ele. Segundo testemunhas ouvidas pelo MPRO, policiais aponta- vam armas dizendo que, se não saíssem de lá andando, sairiam “carregados”. Elizeu duvida que a prisão de Chaules dure muito tempo. O ambientalista relembra a impunida- de do crime organizado das madeireiras de Rondônia após as operações Caiporas e Arco de Fogo, desencadeadas em 2009 pelo Ibama e pela PF. As operações buscavam fazer a desin- trusão de madeireiros invasores nas regiões do rio Machado e da Resex Rio Preto-Jacundá. “Naquele período, as instituições já tinham elementos suficientes para dar uma pisada no freio naquela organização criminosa. Mas Chaules se protegeu naquele período, e outros empresá- rios e políticos também. E todos eles estão ligados. O poder econômico cria elementos para que se condene somente terceiros”, opina. Fonte: cartacapital.com.br O Sentimento de culpa. Quem já não sentiu? A Lusofonia na voz de Castro Alves Doutrina Monroe, o funda- mento do golpismo na América Latina Vem chegando a época que todo mundo fica bonzinho... Racismo ocupa o topo das denúncias na web Todos merecem um Natal de paz As grandes mentes de esquerda do século XX Empresa brasilei- ra lança kit de análise genética + NESTA EDIÇÃO CULTURAonline BRASIL Palestras e boa música - Cultura - Educação - Meio Ambiente - Cidadania Baixe o aplicativo Google Play no site www.culturaonlinebr.org

Transcript of Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro...

Page 1: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

Vem quente que estaremos fervendo 2020

Parece que tudo está errado, muito errado e perdemos até casa que nos abrigava, porque entre o abrigo e o salário de uma compa-nheira houve que garantir o salário. Alguma esperança que nos ali-mentou, mesmo que pequena, leve, descontínua, correu da raia e nos deixou sozinhos, olhando pro nada.

Caros leitores, colaboradores e ouvintes Certa vez uma mão levou seu filho até Gandhi e lhe pediu: - Por favor mestre, fale para meu filho parar de comer doces, ele o respeita e de certo o ouvirá. Gandhi então lhe pediu que trouxesse seu filho na próxima semana e, assim, na semana seguinte ela o levou até ele. Logo que che-gou, Gandhi lhe disse:

Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

O “maior desmatador do Brasil” possui 120 madeireiras na região Norte do Brasil

Preso pela PF na Operação Deforest, Chaules Volban Pozzebon coleciona acusações de cri-mes ambientais num dos estados mais desmatados do País.

Extorsões, ameaças e lavagem de dinheiro são apenas alguns dos crimes listados na denúncia oferecida pelo Ministério Público (MP) a partir da Operação Deforest, da Polícia Federal (PF), contra o empresário Chaules Volban Pozzebon, preso preventivamente no mês passado.

Chaules é acusado de liderar uma organização criminosa na região de Cujubim, em Rondônia. Segundo a investigação, ele é proprietário de 120 madeireiras espalhadas pela região Norte – que estão em seu nome ou de laranjas – e, por isso, tem sido chamado por seus denunciantes de “o maior desmatador do Brasil”.

Elizeu Berçacola Alves conhece bem a ficha criminal de Chaules, que possui delitos que datam de quinze anos atrás. No início de novembro, o bafo úmido de 34 °C do aeroporto de Porto Ve-lho serviu de ponto de encontro para que Elizeu, ex-chefe da Secretaria de Estado do Desen-volvimento Ambiental (Sedam) no município de Machadinho d’Oeste (RO), contasse à Agência Pública o que sabe sobre o que chama de “organização criminosa de Chaules”.

O madeireiro foi formalmente denunciado pelo Ministério Público de Rondônia (MPRO) por cri-mes contra a vida, como ameaças de morte contra pequenos agricultores, realizadas por polici-ais militares contratados por ele. Segundo testemunhas ouvidas pelo MPRO, policiais aponta-vam armas dizendo que, se não saíssem de lá andando, sairiam “carregados”.

Elizeu duvida que a prisão de Chaules dure muito tempo. O ambientalista relembra a impunida-de do crime organizado das madeireiras de Rondônia após as operações Caiporas e Arco de Fogo, desencadeadas em 2009 pelo Ibama e pela PF. As operações buscavam fazer a desin-trusão de madeireiros invasores nas regiões do rio Machado e da Resex Rio Preto-Jacundá.

“Naquele período, as instituições já tinham elementos suficientes para dar uma pisada no freio naquela organização criminosa. Mas Chaules se protegeu naquele período, e outros empresá-rios e políticos também. E todos eles estão ligados. O poder econômico cria elementos para que se condene somente terceiros”, opina.

Fonte: cartacapital.com.br

O Sentimento de culpa. Quem já não

sentiu?

A Lusofonia na voz de Castro Alves

Doutrina Monroe, o funda-mento do golpismo na

América Latina

Vem chegando a época que todo mundo fica

bonzinho...

Racismo ocupa o topo das denúncias na web

Todos merecem um

Natal de paz

As grandes mentes de esquerda do

século XX

Empresa brasilei-ra lança kit de

análise genética

+ NESTA EDIÇÃO

CULTURAonline BRASIL

Palestras e boa música

- Cultura

- Educação

- Meio Ambiente

- Cidadania

Baixe o aplicativo Google Play no site

www.culturaonlinebr.org

Page 2: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

Vem quente que estaremos fervendo 2020

Parece que tudo está errado, muito errado e perdemos até casa que nos abrigava, por-que entre o abrigo e o salário de uma companheira houve que garantir o salário. Algu-ma esperança que nos alimentou, mesmo que pequena, leve, descontínua, correu da raia e nos deixou sozinhos, olhando pro nada. Os tempos fugiram do relógio, dispara-dos por uma realidade insólita, despropositada, uma caricatura vil da verdade. Houve que resistir, e de tanto resistir, vencer.

Assim foram 2017, 2018 e 2019 para a Gazeta Valeparaibana e radio CULTURAonline BRASIL, anos duros, inquietantes, e mesmo assim ficamos com a mesma foto coletiva que nos desenha há mais de 12 anos. Só duas companheiras se foram, só um compa-nheiro veio, mas também logo se foi, Mas o importante é que o grosso da equipe se manteve coesa nestes 12 anos de luta.

E neste ano de 2019 mais uma radio e um projeto se juntou a nós a Rádio Internacio-nal Lusófona, voz da Lusofonia no mundo. Neste projeto temos também direto da Gali-za o pessoal do programa “Grandes Vozes de Nosso Mundo” direto da Galiza.

Permanecemos unidos e amarrados ao teclado, atrás do telefone celular, da câmera, embrenhados nas redes, aos gritos, com os punhos fechados, abrindo as mãos para acariciar, estendendo os braços entre corpos apertados e ilusões quebradas. E quando o limite nos apertava explodimos em risos intermináveis porque passamos por cima do fracasso uma e outra vez.

Informamos, dizemos, insistimos, explicamos, crescemos, porque quando vem a tesou-ra de podar hão de nascer mais talos e mais flores. Por isso se estava difícil manter a Gazeta e a Radio, de teimosos agregávamos mais um dia de edição, e mais outro até onde foi possível. Porque quando aperta o discurso ultraneoliberal há que responder com um programa que fale dos Crimes Neoliberais. Porque quando aperta o cerco do fascismo respondemos com cultura e educação. E viver o dia-a-dia nessa constante retrospectiva autocrítica que aponta para algum futuro, porque a luta é contínua, antiga e presente, e caminha com o horizonte. Teve que ser assim, entre janelas que se fe-charam e portas que se abriram. A fotografia da linha de chegada de 2019 agregou mi-lhões de acessos, com centenas de dúvidas, com um punhado de certezas irrenunciá-veis.

Gratos, por nos acompanhar a cada dia, por nos ler, nos ouvir, nos apoiar, por regar de fidelidade e carinho cada passo, ousado ou cauteloso, cada sorriso e cada lágrima.

Está por começar o 13º ano da Gazeta Valeparaibana, e o 11º da Rádio CULTURAonli-ne BRASIL. Virão mais programas, mais projetos, mais argumentos, menos dúvidas, novas certezas e com toda a certeza, podem estar certos, mais luta.

Chegarão com 2020 novas e novos companheiros para vasculhar A Outra Educação com mais força. Vamos defendê-la com mais determinação Do Direito Humano a uma Educação Pública de Qualidade para todos jamais desistiremos. E jamais também va-mos abrir mão de sonhar juntos, de sonhar livres e conscientes.

Que venha 2020 e vocês sabem o desafio que isso significa.

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 2

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download na web

Diretor, Editor e Jornalista responsável Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

Colaboradores Fixos:

Mariene Hildebrando Genha Auga Filipe de Sousa João Paulo E. Barros Marcelo Goulart Loryel Rocha Callendar (datas) + Colaboradores e Fontes nesta edição: Urda Alice Klueger Roberto Ravagnani Jordi Othon Angelo Berenice Bento Raphael Silva Fagundes Felipe Quintas Jiddu Krishnamurti Reuters

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de inteira responsa-bilidade dos colaboradores que assinam as

matérias, podendo seus conteúdos não corresponderem à opinião deste Jornal.

Colaboraram nesta edição

ALGUMAS DATAS COMEMORATIVAS Todas as Datas?

Visite nossa biblioteca no site

BRINQUE COM A SUA PIPA, MAS NÃO SE TORNE UM CRIMINOSO!

02 - Dia Nacional das Relações Públicas 02 - Dia Nacional do Samba 02 - Dia da Astronomia 03 - Dia Internacional Pessoa com Deficiência 04 - Dia do Orientador Profissional 08 - Dia da Família 08 - Dia da Justiça 10 - Dia da Declaração Univ Direitos Humanos 10 - Dia Universal do Palhaço 14 - Dia Nacional do Ministério Público 15 - Dia Nacional da Economia Solidária 22 - Início do Verão - Solstício de Verão 23 - Dia do Vizinho 25 - Natal

Que venha 2020 - Juntos sim e mais fortes!

Page 3: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 3

Caros leitores, colaboradores e ouvintes

Certa vez uma mão levou seu filho até Gandhi e lhe pediu:

- Por favor mestre, fale para meu filho parar de comer doces, ele o respeita e de certo o ouvirá.

Gandhi então lhe pediu que trouxesse seu filho na próxima semana e, assim, na semana seguinte ela o levou até

ele. Logo que chegou, Gandhi lhe disse:

- Esta semana ainda não, volte na próxima semana.

Então, novamente na semana seguinte, lá estavam Mãe e Filho e, desta vez, o meni-no ouviu:

- Seria interessante se você pensasse em diminuir a quantidade de doces que come.

O garoto, de acordo, respondeu:

- O Senhor tem razão. Vou pensar no que me diz e diminuirei os doces que como.

No entanto, a mulher intrigada perguntou a Gandhi:

- Por que o Senhor não lhe disse isso logo na primeira vez que viemos aqui?

E Gandhi lhe disse:

- Eu sempre adorei doces, não achei justo pedir ao menino algo que um homem co-mo eu não consegue fazer. Na primeira semana, eu não consegui e, assim, não me senti preparado para conversar com seu filho. Somente quando consegui controlar a quantidade dos doces que comia é que me senti forte para falar com ele.

Caros leitores, colaboradores e ouvintes o líder sabe que tem de ter coerência entre suas palavras e suas ações. sabe que a força de seu caráter vai se espalhar por to-dos os da equipe. Ele aceita a responsabilidade de ser exigido por sua equipe e, as-sim, procura evoluir sempre, afim de estar à altura de todos e, receber o respeito que deve merecer.

Claro amigos ninguém é perfeito. Cada um de nós tem as suas limitações. As pesso-as vão saber aceitá-las se nos dispusermos a ser humildes de as aceitar também.

Não precisamos saber tudo, mas devemos estar dispostos a aprender se realmente quisermos o respeito dos outros.

Lembremo-nos também que todos nós podemos realizar nossos sonhos, desde que ajudemos também a maior parte das pessoas a realizar os delas.

Sabe aquela parábola da boa sementeira?

Está chegando o natal e espero realmente que a vossa sementeira durante todo o ano de 2016 tenha sido cultivada com carinho e sabedoria, pois assim os frutos a co-lher para vós e para os seus serão profícuos e saudáveis.

Que neste novo ano que se aproxima novas e profícuas sementeiras sejam planta-das.

Um maravilhoso Natal a todos os leitores (as) colaboradores (as) ouvintes, bem co-mo um Feliz e Próspero Ano Novo.

Em 2020 se O Pai nos der essa chance, estaremos por aqui de novo cumprindo a nossa missão e bem juntinhos por um Brasil melhor para TODOS!

Abraço-vos!

Filipe de Sousa

Esta é uma cele-bração cristã, mas que com o passar do tempo foi dis-seminada para fora do âmbito re-ligioso.

Atualmente, o Natal é feriado em quase todos os países do mundo. Independente da religião, pra-ticamente todas as pessoas celebram esta festi-vidade a sua maneira.

As festividades do Natal, no Brasil, começam na véspera, dia 24 de dezembro, quando a família se reúne para a ceia e trocam presentes e men-sagens de afeto.

Origem do Natal

No século III d.C, a Igreja queria converter os povos pagãos para o Império Romano, para que eles passassem a comemorar o nascimento de Jesus.

Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade romana dedicada ao "nascimento do deus sol", que comemorava o solstício de inverno.

As antigas comemorações de Natal costumavam durar até 12 dias, pois este foi o tempo que os três reis Magos levaram para encontrar o Meni-no Jesus, o que é comemorado no dia 6 de ja-neiro, data conhecida como o Dia de Reis.

Para saber sobre esse assunto mais profunda-mente, leia: Natal: a origem que você ainda não conhece.

Símbolos do Natal

Existem uma série de símbolos natalinos que são usados para decorar as casas e ruas. Os mais populares são a árvore enfeitada, o presé-pio (para simbolizar o nascimento de Jesus), as velas e os sinos.

Outra figura muito importante é o Papai Noel, personagem que foi inspirado num bispo chama-do Nicolau, nascido na Turquia, e que costuma-va ajudar as pessoas pobres. Nicolau deixava saquinhos com moedas próximas às chaminés das casas.

Após várias pessoas relatarem milagres atribuí-dos a ele, Nicolau foi canonizado pela Igreja Ca-tólica.

Fonte: Callendar

25 - Natal

Também conhecido como o Dia Mundial das Pessoas com Deficiência, esta data tem o objetivo de informar a população sobre todos os assuntos relacionados a deficiên-cia, seja ela física ou mental.

Além disso, busca também conscientizar as pessoas sobre a importância de inserir as pessoas com deficiência em diferentes aspectos da vida social, como a política, a econômica e a cultural.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas, aproximadamente 10% da população mundial tem alguma deficiência.

A principal ideia desta data é refletir (e pôr em prática) os melhores métodos para ga-rantir uma boa qualidade de vida e dignidade para todas as pessoas que sofrem com algum tipo de deficiência.

03 - Dia Internacional da Pessoa portadora de Deficiência Física

Page 4: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

O Sentimento de culpa

Quem já não sentiu? Quem nunca se culpou por algo? Quem nunca disse algo e depois se arrependeu? Quem nunca deixou de fazer

algo que tinha que fazer e se sentiu culpado por isso? Quem nuca tomou uma atitude equivocada? Todo mundo! Todos em algum mo-mento da vida já se sentiram culpados por algo, mesmo até sem ter culpa realmente.

Quem sabe começamos pensando que ninguém é perfeito, que to-do mundo erra, e às vezes magoamos as pessoas que mais ama-mos mesmo sem querer. Assumir o que fizemos, reconhecer, dizer, ok! Errei! Mas vamos pedir desculpas, começar de novo. É uma ati-tude que nem sempre conseguimos tomar. Compreender que algo que fizemos ou deixamos de fazer magoou alguém, ou causou al-gum transtorno, algo aconteceu por conta de uma atitude nossa, ou prejudicamos a nós mesmos, e sentimos culpa. Tudo isso nos faz perceber que somos imperfeitos, e com certeza isso abala o nosso ego. Percebemos então que não temos o controle de tudo.

Os autores Paulo Sergio Rosa Guedes e Julio Cesar Walz no li-vro “O Sentimento de Culpa,” escrito pelos psicanalistas, a culpa é não aceitar os defeitos e erros. "A pessoa não quer ir à academia, se sente mal por isso, mas é a culpa que a coloca como importante e perfeita demais para não poder deixar de ter vontade de fazer e-xercícios naquele dia", exemplifica Walz. "Este sentimento de gran-deza nem faz a pessoa ir à academia, nem ficar em casa sossega-da, ela fica sofrendo remorso", explica.

Quando nos sentimos culpados por algo, nos sentimos mal, nos arrependemos e nos questionamos, por que fiz tal coisa? Às vezes junto com a culpa vem a vergonha e o remorso, e esses sentimen-tos tem o poder de nos fazer repensar sobre nossas atitudes, e muitas vezes conseguimos mudar comportamentos que repetimos sem nos dar conta disso. Esse sentimento de culpa nos ajuda a a-prender e pode nos levar a um comportamento futuro mais saudá-vel, talvez a gente consiga não repetir mais esse comportamento, afinal se sentir culpado por algo, nos trás um desconforto grande. O fato é que a culpa pode ser importante para o nosso crescimento quando aprendemos com ela, mas pode ser muito destrutiva tam-

bém.

Quando algo aflitivo e angustiante nos acontece, quando algo a-pavorante ou algo que nos deixa constrangido , quando algum me-do ou algum engano é cometido, isso passa a se repetir em nossas mentes e faz com que a gente experimente esse sofrimento de no-vo. Se nesses sentimentos existir o agravante da culpa, isso fará com que a gente tente agir de outra forma no futuro, para que essa dor não se repita. Não podemos ficar presos ao que passou. A vida segue, e agente tem que seguir junto. Difícil ? Pode ser, mas de-pende só da gente não deixar que as experiências passadas preju-diquem o nosso presente.

Existe a culpa produtiva que é aquela que nos faz crescer, nos transforma, muda nosso comportamento, e a Improdutiva que não gera nenhuma transformação, podendo nos levar a depressão. Te-nho que entender que posso lidar com a culpa, pedir perdão a quem magoei e mesmo que o outro não me perdoe, eu me sentirei em paz comigo. O que nos cura de tudo é o amor. Por isso quando agimos com amor e empatia nos sentimos melhor, conseguimos nos perdoar.

Muitas vezes a vergonha vem junto com a culpa. Sentimentos dife-rentes. A vergonha nos leva a pensar que não somos bons, que algo está errado com a gente, e isso dói bastante. A vergonha nos leva a ter medo. Medo de ser julgado, ser criticado, de sermos ridi-cularizados e até humilhados. Na verdade todos esses sentimentos são uma espécie de freio para a gente. Fazem parte do nosso sis-tema de valores, que pode ir mudando durante a vida. Vamos nos renovando, revendo nossos conceitos, crenças e ideias, ressignifi-cando experiências. Somos seres complicados. .

Às vezes nos perdemos de nós mesmos, na nossa ânsia em querer agradar os outros, acabamos nos boicotando, tomando atitudes que não condizem com o que pensamos. E aí vem a culpa. Gosta-mos mas fingimos que não gostamos. Pensamos uma coisa e dize-mos outra. Queremos algo, mas nossas ações parecem dizer o contrário. Nos culpamos e culpamos os outros. Não vamos ser tão severos com nós mesmos, não vamos ser tão críticos. Vamos ser gentis e amorosos e nos aceitar com nossas imperfeições. Parar de nos encher de culpa e lembrar que somos apenas seres huma-nos, tentando aprender, tentando ser melhor, reconhecer nossas limitações sem nos maltratarmos tanto.

Mariene Hidebrando

Email: [email protected]

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 4

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Vem chegando o natal Vem chegando a época que todo mun-do fica bonzinho, caridoso, emotivo com as causas sociais.

Aquela criança que esta na rua desde sempre e a vemos quase todos os dias no nosso corre-corre e não damos a-tenção, nesta época é motivo de pesar vê-la ali naquela situação e imediata-

mente nos vem a mente o que poderíamos fazer e assim cria-se mais um movimento pelas crianças de rua, ou pelos cachorros a-bandonados que não terão um ossinho no natal ou pelos velhinhos nos asilos que não receberão visitas.

O que seria destas pessoas se não fosse o natal?

Quem criou tudo isso, você chame como quiser, pensou em tudo mesmo, pois muito se cria nesta época de maior sensibilidade e muito se acaba antes do carnaval, mas muitos trabalhos perduram e realmente se tornam ajudas efetivas durante todo o ano, que de-veria ser o normal, pois elas ficam nas ruas o ano todo, passam fo-me o ano todo, precisam de roupa o ano todo, de atenção o ano todo.

São 365 dias por ano de oportunidades para cuidar do nosso próxi-mo ou do meio ambiente, mas muitos precisam de um natal para lembrá-los.

O saudoso Betinho, com tive a honra de trabalhar, criou o natal sem fome, este que vos escreve sem a pretensão de ser lembrado como tal, na minha doce imaginação, vou criar o ano sem fome. Que tal?

Um ano inteiro para todos se preocuparem com esta questão, sem o envolvimento governamental que já vimos que não tem capacida-de de gerir um negócio sem ter a maldição da corrupção por perto rondando e assombrando tudo o que faz.

Pode levar na brincadeira, mas a preocupação é séria e necessária de ser levada a cabo, o trabalho voluntário pode, quando bem ori-entado, eu diria sem medo de errar, acabar com esta situação.

Acabar com a fome, sem distribuição de dinheiro, mas de condi-ções, sem dar esmolas mas dignidade e educação (não a formal), sem duvidas que o trabalho voluntario é um grande resolvedor de problemas quando pensado o ano todo. Vamos pensar nisso jun-tos?

Roberto Ravagnani

Page 5: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 5

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Fogos de artifício: Os olhos do menino.

Aquilo era tão fascinante que eu nem tinha coragem de espiar os fogos de artifício que cobriam a praça como se fosse noite de ano novo. Mal e mal dei uma espiadinha com o rabo dos olhos, só para ter certeza de que não me enganava, bobagem minha, pois não precisava me certificar de nada, era só olhar para o deslumbramento daqueles olhos de menino que espiavam para a maravilha!

Decerto um dia, nos longos anos da infância de pouca comida, ele tinha sonhado com coisas magníficas, como naquele ano em que só houve parco milho na mesa da sua casi-nha de adobe, de manhã, de tarde e de noite. Que teria sido magnífico então? Talvez sonhasse com um pouco de leite, ou de manteiga, quem sabe com um pedacinho de carne… talvez sonhasse com tais maravilhas não só para sua mesa de menino que tinha muita fome – talvez pensasse que tais maravilhas poderiam acontecer a todos os meni-nos das terras do seu campo, do seu cerro, quiçá de toda a sua província… Era muito pequeno e faminto o seu mundo, então, para que pudesse imaginar que talvez pudesse haver carne, e leite, e batatas nas mesas de todo o país…

Eu penso que ele não tinha, ainda, o entendimento do que era país…

Por fora, aquele menino cresceu em tamanho e sabedoria, e se agarrou a todas as opor-tunidades de aprender e de se alimentar, e criou dentro de si um coração enorme que passou a pensar em termos de país, e de sonhar em termos de país, e de se maravilhar com as possibilidades de fazer muitas coisas por cada pessoa, por cada mesa, por cada coisa do seu país, até que chegou um dia em que o país entendeu que aquele homem adulto poderia ser mesmo o mago de que precisava e, corajosamente, elevou-o autorida-de máxima, e ele foi sagrado em Tiauanaco como o Grande Chefe, e depois tomou pos-se do seu cargo também na Plaza de Armas, como tantos antes dele o tinham feito, no tempo em que sua gente era sacrificada por fome e maus-tratos até a morte nas minas de prata de Potosi, aos milhões, aos muitos milhões…

Aquele homem empunhou seu cetro ferreamente, e lutou contra todas as forcas que não aceitavam que um índio que um dia que passara tanta fome na infância, ou mesmo não o aceitavam simplesmente porque era um índio, pois por mais de três séculos tinham dito ao invasor que índio sequer tinha alma – como entender um índio no poder agora, man-dando no país inteiro? Pois aquele índio segurou seu cetro com tal força, sabedoria e ha-bilidade que ninguém diria que um dia fora um menino que comera cascas de laranja jo-gadas pela janela de um ônibus que passava como se fosse uma iguaria preciosa, tama-nha a sua fome, que muito mais gente se somou a gente que um dia já o elegera para presidente do país, e a sua segunda vitoria nacional foi estrondosa!

Eu estava lá, por horas e horas em pé naquela Plaza de Armas que se chama Murillo, espremida dentro de uma imensa multidão que o esperava, por tantas horas que os meus pés formigavam de dormência, mas enfim ele veio com o seu séquito, e era inegavelmen-te o séquito de um rei, e como um rei ele falou uma fala de concórdia e de bem para o seu país e a sua gente, e eu achei que era mesmo um rei adulto, como aqueles velhos reis das historias infantis – mas então começaram os fogos de artifício, e ele fitou a bele-za deles explodindo no céu, e então foi que pude ver, dentro dele, através dos seus olhos de adulto, os seus olhos de menino, e um menino inteiro que havia dentro dele, um meni-no maravilhado com a beleza daqueles fogos, e tanto o homem de fora quanto o menino de dentro sorriam de tanta beleza e encantamento, e pensei, por um momento, como al-guém podia não entender que ele era o mago e o príncipe que era! Mas pensei só um pouquinho, pois a mim também os fogos me encantavam – só que não me virei para vê-los. Bastava-me olhá-los refletidos nos olhos daquele menino que estava por dentro do Príncipe, e se os fogos eram lindos, a maravilha dos olhos do menino o eram muito mais!

Os minutos se emendavam e o homem que tinha o menino por dentro sorria e luzia os olhares de criança e de adulto, a ponto de eu já não saber quem ele era, se o adulto ou a criança – só sabia que aquilo era uma das coisas mais bonitas que eu já tinha presenci-ado na minha vida!

Então, como que para me aclarar, o menino fez o que só meninos fazem quando vivem maravilhas: enquanto os fogos de artifício iam para o final, com naturalidade ele bocejou como os meninos bocejam quando está na hora de ir dormir, e então meu encanto au-mentou, pois me certifiquei que o menino de um dia sobrevivera dentro do Príncipe e es-tava ali, atento, para depois de um soninho de nada, acordar refeito e sonhar com a sua gente todos os sonhos que ela merecia. Um dia talvez seus sonhos tivessem sido o de algumas batatas e de um pedacinho de carne – agora seus sonhos são enormes, de uma dignidade que esta transformando todo um país e o amor- próprio do seu povo.

Evo Mago, Evo menino, como valeu a pena vir até aqui te ver!

Cochabamba/Bolivia, 09 de dezembro de 2009.

Urda Alice Klueger

A data serve para homenagear e lembrar a importância da presença da "instituição" fa-miliar na vida de uma pessoa, ajudando na formação da educação, cultura, da moral e da ética comum a todos.

Família não é apenas mamãe e papai, mas também todos aqueles que cuidam e prote-gem. Uma família pode ser formada apenas pelos avós/avôs, mãe solteira, pai solteiro, mamãe e mamãe ou papai e papai. O que importa é quem cuida e educa o ser humano e não apenas quem "põe no mundo", como se diz popularmente.

O Dia Internacional da Família é celebrado anualmente em 15 de maio.

Homenagem para o Dia da Família

Mamãe e mamãe, papai e papai, vovó e vo-vô… Todos os tipos de famílias são legíti-mos, afinal de contas a família é quem aco-lhe e ama! Parabéns a todas as famílias do Brasil!

A família é um dos bens mais preciosos, pois estão presentes não apenas nos mo-mentos de felicidade, mas também nos tem-pos difíceis. Diga a sua família o quanto ela é especial para você! Feliz Dia da Família para todas as famílias!

Origem do Dia Nacional da Família

O Decreto de Lei nº 52.748, de 24 de outu-bro de 1963, intitula 8 de dezembro como sendo o Dia Nacional da Família. A data foi escolhida por coincidir com o Dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição.

Por este motivo, a data era considerada um feriado religioso antigamente, porém, hoje em dia é facultativo.

No Brasil, também se comemora o Dia da Família na Escola, em 24 de abril, instituído pelo Ministério da Educação (MEC).

08 - Dia da Família

Os palhaços são artistas que têm como único objeti-vo divertir e despertar um sorriso nas pessoas, sejam crianças ou adultos.

Esta data foi criada para homenagear esses profissionais, que ficaram populares através de suas participações em circos. Afinal de contas, um circo sem palhaço não é nada divertido! O Brasil é terra de diversos palhaços memo-ráveis, como o Bozo, o Carequinha, o Pi-mentinha, o Picolino, entre outros. No mundo, um dos nomes mais expressivos foi o de Charlie Chaplin, conhecido como Carlitos, um dos artistas mais importantes da época do cinema mudo. Origem do Dia do Palhaço No Brasil, o Dia do Palhaço começou a ser comemorado a partir de 1981, por uma inici-ativa do Abracadabra Eventos, em São Pau-lo.

10 - Dia Universal do Palhaço

Page 6: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 6

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Doutrina Monroe, o fundamento do

golpismo na América Latina

É impossível compreender a história da A-mérica Latina e dos países latino-

americanos individualmente sem considerar sua posição periférica e satelitizada em relação aos Estados Unidos da América (EUA). A Doutrina Monroe, formulada em 1823 pelo presidente estaduniden-se James Monroe, é até hoje a pedra de toque do relacionamento EUA–América Latina, conforme admitido, em abril desse ano, pelo então assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton (br.sputniknews.com/americas/2019041813704110-john-bolton-eua-doutrina-monroe-sancoes).

Surgida como reação aos interesses europeus na América hispâni-ca, a doutrina pode ser resumida no lema “A América para os ame-ricanos”. Isto é: os EUA, na luta pela sua emergência geopolítica contra as potências europeias, estendiam seu raio de influência e-conômico-militar ao resto do continente, e determinaram, por juízo próprio, o direito de intervirem nos países alheios.

Fundamental acentuar que a Grã-Bretanha, desde o início, respal-dou a Doutrina Monroe, segunda afirma o professor da American University Harold E. Davis, em seu livro History of Latin America (1968). Isso confirma a convergência de interesses entre o Império britânico ascendente e sua ex-colônia estadunidense. Convergên-cia essa que favorecerá à Grã-Bretanha impor sua hegemonia no mundo até a 1ª Guerra Mundial e, depois, a transferência dessa hegemonia para os EUA, consolidada com os Acordos de Bretton Woods em 1944 e a vitória atômica desse país ao final da 2ª Guer-ra Mundial, tendo o Japão como vítima.

Assim, pode-se entender a constante desestabilização coordenada desde os EUA e suas embaixadas, em conluio com as oligarquias (antinacionais), para derrubar governos nacionalistas e consolidar governantes lesivos aos interesses do próprio país, frequentemente autoritários.

A permanência e a continuidade do golpismo como prática política das oligarquias latino-americanas vincula-se diretamente à perma-nência e à continuidade da Doutrina Monroe, claramente reforçada após a elevação dos EUA a superpotência hegemônica entre os países capitalistas após a 2ª Guerra Mundial.

E por que o golpismo interessa aos EUA e às oligarquias apátridas latino-americanas? Porque só assim podem manter regimes indife-rentes à sua legitimidade social e aos destinos das populações, vol-tados única e exclusivamente para abastecer o setor produtivo es-tadunidense, e de seus aliados, dos recursos naturais indispensá-veis ao seu desenvolvimento. O controle territorial e cultural dos países conquistados é fundamental para a reprodução do “capitalismo real”.

A Doutrina Monroe assemelha-se, assim, à geopolítica de Friedrich Ratzel, para quem era inevitável e desejável que os “Estados supe-riores” lançassem-se à conquista do solo alheio para a ampliação

do seu próprio “espaço vital”. Contudo, se para Ratzel a anexação imperialista era direta, a Doutrina Monroe promove uma anexação indireta, mantendo a independência formal das suas colônias (à ex-ceção de Porto Rico), mas não menos efetiva, haja vista a eficácia dos EUA em influenciarem as movimentações internas das oligar-quias latino-americanas e controlarem os destinos desses países.

O único país que conseguiu escapar duradouramente da Doutrina Monroe foi Cuba. Hoje, a Venezuela, país com a maior reserva mundial de petróleo e a segunda maior de ouro, também se coloca fora do raio de conquista dos EUA, embora de forma menos siste-mática. A aliança militar com Cuba e Rússia, em um momento em que a Rússia volta a ser protagonista no tabuleiro internacional e envida esforços para a integração eurasiática com a China na bus-ca pela “reorientalização” do centro mundial de poder, coloca a Ve-nezuela no centro das preocupações dos EUA.

Daí a importância, para o Império do norte, de ter um aliado canino como Bolsonaro no governo do Brasil. A imensidão física e a cen-tralidade econômica do Brasil na América do Sul são a aposta dos EUA para reanexar a Venezuela e, de quebra, tentar fazer o mes-mo com Cuba, aliada de primeira hora do bolivarianismo venezue-lano e que, pelos seus renomados serviços de inteligência, contri-bui fortemente para a estabilidade do governo de Maduro.

O endividamento da Venezuela com o FMI no primeiro dia de go-verno e a privatização de praticamente todas as empresas estatais do país foram publicamente colocadas pelo golpista Guaidó como objetivos, para benefício exclusivo dos EUA e da banca

O golpe na Bolívia que destituiu Evo Morales faz parte do plano maior de reanexar a Venezuela e, de quebra, enfraquecer o Grupo de Puebla, alternativo ao pró-EUA Clube de Lima, e afastar Rússia e China, também parceiras estratégicas do Governo Evo, da Améri-ca Latina.

Visa, também, impedir os investimentos em infraestrutura e tecno-logia (como o carro elétrico boliviano, em parceria com a China, e tecnologia nuclear, em parceria com a Rússia) conduzidos por Evo e que tinham por objetivo fazer da Bolívia o “coração energético” da América do Sul, possibilitando a integração física e o desenvolvi-mento do heartland sul-americano.

Os golpistas não titubearão em desfazer a principal herança institu-cional de Evo, a Constituição de 2009, que estabelece o controle estatal sobre todos os hidrocarbonetos, a prioridade do capital na-cional em relação ao estrangeiro e o direito do Estado de produzir qualquer bem ou serviço, além de proibir bases estrangeiras em território boliviano. Tudo em nome da modernidade neoliberal, ex-pressão ideológica contemporânea do imperialismo da Doutrina Monroe.

Portanto, no contexto da América Latina, construir a soberania na-cional e o Estado nacionalista significa desafiar a Doutrina Monroe, os EUA e os grupos oligárquicos nativos vinculados aos interesses externos. Sem a superação desse terrível quadro, a história latino-americana está condenada a ser a eterna repetição de golpes e sabotagens contra governos nacionalistas e populares que eventu-almente surjam.

Felipe Quintas

Em menos de uma década, quatro golpes na América Latina

Foi-se o tempo que os Golpes de Estado chegavam a bordo de tan-ques de guerra.

Agora são chamados de “golpes brancos”, e são elaborados com um tripé básico: grande imprensa, judiciário e oposição bem articu-lada.

Em 2009 o presidente eleito democraticamente Manuel Zelaya foi

deposto em Honduras, apenas três anos depois, em 2012, Fernan-do Lugo sofria um julgamento político e deixava a presidência do Paraguai.

Quatro anos mais tarde o alvo é o Brasil com o golpe contra a Pre-sidente Dilma Rousseff.

Agora dez dias atrás foi contra Evo Morais na Bolívia.

Interessante frisar que agora os EUA estão usando os Evangélicos Fundamentalistas como cavalos de troia.

Page 7: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

Pequena Maria

Maria é uma garotinha de apenas cinco aninhos que embora tivesse pais carinhosos e presentes em sua vida, se sentia muito entristecida.

Tinha muitos brinquedos, um espaço bom em sua casa para brincar, ouvia muitas histórias que a mamãe contava e as mú-sicas que seu pai tocava na viola.

Aos fins de semana ia ao clube brincar com seus apetrechos que boiavam na piscina e, mesmo assim, a menina parecia nunca estar feliz.

Seus pais eram inconformados com aquela criança que tinha de tudo e estava sempre tão triste e se perguntavam: “Qual seria o problema? – Onde estariam errando? – A quem recorrer”?

Entre tantas observações e tentativas de ver a filha mais animada e sem su-cesso, recorreram a um terapeuta que com experiência e métodos conseguiu “arrancar” dela o lhe faltava.

Seus pais em conversas que ela ouvira, soube que jamais teriam mais filhos, pois sua mãe tivera um sério problema que a impedia de engravidar novamente e, satisfeitos por terem Maria, optaram pela não adoção de outra criança e, dessa forma, a pequena menina entristecera-se pela mãe e mais ainda pela certeza de jamais ter outra companhia para compartilhar suas brincadeiras em sua vidinha e isso a tornara solitária, triste e incapaz de manifestar esse desejo aos pais.

Ao tomar conhecimento da aflição da garotinha foram aconselhados a tentar dar a menina um animalzinho de estimação, pois geralmente, são ótimos para preencher espaços afetivos. Assim, satisfeitos com a recomendação foram a um pet shop.

Decidiram de imediato levar um cachorrinho que demonstrou alegria ao vê-los abanando o rabinho e pulando em direção a eles. Logo pensaram: “impossível não ficar alegre com aquele bichinho”.

Ao chegar em casa Maria estava como sempre triste pelos cantos, mas, ao o-lhar para o colo de seus pais viu aquele lindo cãozinho e deu um sorriso de la-dinho! Seus pais o colocaram no chão.

O cachorrinho foi correndo ao encontro da menina que logo estava dando gar-galhadas e recebendo muitas lambidas no rostinho.

Depois desse dia nunca mais viram essa criança triste, mas uma convivência feliz dos dois, um estava sempre junto do outro com muita alegria e brincadei-ras tornando Maria bem feliz!

Crianças que convivem com animais são mais, afetivas, aprendem a dividir es-paços, compreendem melhor os acontecimentos e sensibilizam-se com situa-ções...

Não deixe de ter filhos, se puder tê-los, mas os animais também podem ter um bom lugar em sua casa e no coração!

Genha Auga jornalista MTB: 15.320

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 7

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

CAMINHADA

Tainá Dias – 14 anos

COMEÇAMOS A CAMINHAR

SEM VER ONDE VAMOS CHEGAR,

ÀS VEZES COM SOL,

ÀS VEZES COM VENTO

E ISSO AJUDA NO AMADURECIMENTO.

A CADA PASSO QUE DAMOS

TOMAMOS CONSCIÊNCIA

DO PESO QUE CARREGAMOS.

PRESENÇA, FIRMEZA NOS PASSOS,

SILÊNCIO PARA ESCUTAR OS PÁSSAROS,

ENFIM,

PASSAMOS POR CADA OBSTÁCULO.

E ASSIM, CHEGAMOS

AONDE MAIS DESEJAMOS.

O Brasil é conhe-cido internacional-mente pelo sam-ba, um estilo mu-sical e de dança típico do país. O Carnaval é a festi-vidade onde o

samba seria popularizado virando o ritmo oficial da festa.

O samba é apreciado pelos brasileiros em todo territó-rio nacional, porém, tradicionalmente, o ritmo tornou-se “marca registrada” do Rio de Janeiro e da Bahia.

Origem do Dia do Samba

O Dia Nacional do Samba não é uma data comemora-tiva oficial e foi aprovado como lei estadual do Estado da Guanabara (atual município do Rio de Janeiro), através da Lei n° 554, de 27 julho de 1964.

Na Bahia, também havia um projeto de lei, de 1963, que pretendia instituir o Dia do Samba. Já consideran-do a sua aprovação, o projeto declara que as come-morações da data nesse ano homenageariam Ary Barroso, compositor brasileiro, autor de "Aquarela do Brasil", entre outras canções.

É possivelmente por esse motivo que se passou a di-vulgar a ideia de que a data seria uma homenagem ao sambista.

Assim, embora o Dia Nacional do Samba não seja ofi-cial, a sua comemoração é conhecida nacionalmente.

Vale lembrar que existem variações do samba com outros estilos músicas. Entre eles, o que se destaca é o Samba Rock, o Samba enredo, o Samba pagode, o Samba carnavalesco, o Samba de gafieira e etc.

A celebração da data foi escolhida para hon-rar o dia em que a Assembleia Geral das Na-ções Unidas proclamou, a 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Esta declaração foi assinada por 58 estados e teve como objetivo promover a paz e a preservação da humanidade após os confli-

tos da 2ª Guerra Mundial que vitimaram milhões de pessoas.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem enumera os direitos humanos básicos que devem assistir a todos os cidadãos.

Este dia é um dos pontos altos na agenda das Nações Unidas, decorrendo vá-rias iniciativas a nível mundial de promoção e defesa dos direitos do homem.

O dia 10 de dezembro é também marcado pelo entrega do Prémio Nobel da Paz.

02 - Dia Nacional do Samba

10 - Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos

Page 8: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 8

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Qual a causa da Guerra, Seja religiosa, Política ou Econômica?

A guerra é uma manifestação exterior do nosso estado interior, uma ampliação das nossas a-ções. Ela é a mais espetacular, mais sanguino-lenta, mais devastadora, mas é o resultado cole-tivo das nossas ações individuais.

Você e eu somos responsáveis pela guerra. É óbvio que ela não pode ser sustada por você nem por mim, porque já está acontecendo; há interesses consideráveis, e todos já estão empe-

nhados em defendê-los.

Mas você e eu, vendo a casa arder, podemos entender a causa do incêndio, nos afastar e construir outra casa, com materiais diferen-tes, não-inflamáveis. Isso é tudo o que podemos fazer: ver o que determina a guerra e, se estivermos interessados em acabar com ela, começar a transformação em nós mesmos.

Há alguns anos fui procurado por uma senhora americana. Ela con-tou que perdeu um filho na Itália e desejava salvar o outro filho, de dezesseis anos. Sugeri que, para salvar o filho, ela deixasse de ser americana: deixasse de ser ambiciosa, de acumular riqueza, de de-sejar poder. Que se tornasse moralmente simples, não só em rela-ção a roupas, a coisas exteriores, mas simples nos pensamentos e sentimentos, simples nas relações. Ela respondeu: “O senhor está pedindo o impossível. Isso eu não posso fazer. As circunstâncias são muito poderosas, eu não posso alterá-las.”

As circunstâncias podem ser controladas, porque nós criamos as circunstâncias. A sociedade é produto das relações, suas e minhas, conjuntamente.

Se mudarmos as relações, a sociedade mudará.

Se contarmos só com a legislação para transformar a sociedade (enquanto no íntimo continuamos corruptos, ambicionando poder, posição, autoridade), causaremos destruição no mundo exterior, por mais caprichosa e cientificamente que ele tenha sido construí-do. O interior sempre supera o exterior.

O que causa a guerra – seja religiosa, política ou econômica?

Sem dúvida, é a crença;

A crença no nacionalismo, numa ideologia, num dogma. Se, em vez de crença, houvesse boa vontade, amor e consideração, não haveria guerra. Mas nós nos alimentamos de crenças e dogmas; nós fomentamos o descontentamento.

É claro que a causa da guerra é o desejo de poder, prestígio, di-nheiro. É também a doença chamada nacionalismo (o culto de uma bandeira) e a doença da religião organizada (o culto de um dog-ma).

Tudo isso produz uma sociedade fadada à destruição.

Portanto, tudo depende de você, não dos estadistas. Tudo depen-de de você e de mim, mas parece que não percebemos isso.

Se chegássemos a nos sentir verdadeiramente responsáveis por nossas ações, com que rapidez acabaríamos com todas as guer-ras! Mas somos indiferentes.

Fazemos três refeições por dia, temos nossos empregos, nossos depósitos no banco, e dizemos: “Pelo amor de Deus, não venha me perturbar, deixe-me em paz!” Quanto mais alto estamos, mais que-remos segurança e tranquilidade, mais queremos que as coisas fi-quem como estão.

Mas as coisas não podem ser mantidas como estão, porque não há nada para manter. Tudo está se desintegrando. E não queremos encarar isso.

Para termos paz, temos que ser pacíficos

Nós podemos falar sobre paz, fazer conferências, sentar para dis-cutir; interiormente, porém, somos impulsionados pela ambição. Fa-zemos intrigas, somos nacionalistas, escravos de dogmas pelos quais estamos dispostos a nos destruir uns aos outros.

Como esses homens – você e eu – podem ter paz? Para termos paz, temos que ser pacíficos. Viver pacificamente significa não criar antagonismo. A paz não é um ideal. Um ideal é simplesmente uma fuga, uma maneira de evitar aquilo que é.

Para ter paz devemos amar, devemos começar a viver. Não uma vida ideal, mas viver as coisas como são, agindo sobre elas, trans-formando-as. Enquanto cada um procurar segurança psicológica, a segurança física de que necessitamos (alimento, roupa, moradia) será destruída.

Para pôr fim a todas as guerras é necessária uma revolução no in-divíduo, em você e em mim. Sem essa revolução interior, a revolu-ção econômica não terá significação, porque a fome é resultado de um desajuste de condições econômicas produzido por estados psi-cológicos: inveja, ambição, ganância.

Revolução Psicológica

Para acabar com o sofrimento, a fome e a guerra é necessária uma revolução psicológica, mas poucos têm disposição para isso. Esta-mos dispostos a conversar sobre paz, planejar leis, criar entidades, mas não estamos realmente dispostos a obter a paz, porque não queremos renunciar ao poder, às propriedades, às nossas vidas estúpidas.

Contar com os outros é inútil. Nenhum líder trará paz, nenhum go-verno, nenhum exército. O que trará a paz é uma transformação interior, que levará à ação exterior. E transformação interior não significa isolamento, retraimento da ação. Pelo contrário; só pode haver ação correta quando há um pensar correto, quando há auto-conhecimento. Sem autoconhecimento não há paz.

Para acabar com a guerra exterior, temos que acabar com a guerra dentro de nós.

Alguns de vocês vão balançar a cabeça e dizer: “É isso mesmo” – e depois vão sair para fazer exatamente a mesma coisa que vêm fa-zendo há dez ou vinte anos.

Seu assentimento é apenas verbal, sem sentido; as misérias do mundo não acabam por causa de um assentimento ocasional. Elas só vão acabar se você compreender a sua responsabilidade, se não deixar a tarefa para outra pessoa. Se você reconhecer a ne-cessidade de uma ação imediata, então terá que se transformar. A paz só virá quando você for pacífico.

Jiddu Krishnamurti

Principais conflitos mundiais

do Século XXI

*Coreia do Sul e do Norte. Início: 1950. Após conflito que envolveu EUA e China, foi assinado um cessar-fogo, mas não um acor-do de paz. ...

*Índia e Paquistão. Início: 1948. ...

*Síria. Início: 2011. ...

*Iêmen. Início: 2015. ...

*Sudão do Sul. Início: 2011. ...

*Iraque. Início: 2003. ...

*Afeganistão. Início: 2001. ...

*Líbia. Início: 2014.

*Disputa territorial:

*Rússia e Ucrânia

*Turquia e Curdos

*Israel e Palestina

Sectárias e Separatistas:

*Al-Shababe

*Boko Aram

Fonte: Global Conflit Tracker, do Conselho de Relações Internacionais dos EUA

Page 9: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

Luta sem luto?

Reflexões sobre melancolia, poder e política.

E agora, José?

A festa acabou,

a luz apagou,

o povo sumiu,

a noite esfriou,

e agora, José?

e agora, você?

você que é sem nome, que zomba dos ou-tros, você que faz versos, que ama, protes-ta?

e agora, José?

(…)

(José, Carlos Drummond de Andrade)

Iniciei este texto com um trecho do clássico poema de Carlos Drummond de Andrade, porém sem a pretensão de fazer nenhuma análise detalhada dele, mas sim, com o in-tuito de olhar para José, que perdeu tudo – ou quase tudo –, como uma provocação li-terária para se refletir sobre perdas e sobre as possíveis (inter)conexões entre melanco-lia[1], apatia, poder e mobilização. E agora, José? Para onde?

Vladmir Safatle (2017) afirma que o poder age em nós por meio da melancolia, seja nos sujeitando a alguém, seja nos paralisan-do. A melancolia, nesse sentido, garante que os cidadãos e as cidadãs se vejam sem perspectivas em relação à política, perma-necendo resignados e paralisados diante dela; a melancolia também tolhe a criativida-de da imaginação política e se constitui por meio do desencantamento e da negação do campo político. “Mas, a quem interessa a paralisia?”, perguntou Safatle.

Étienne de La Boétie (2006), em seu “Discurso da servidão voluntária” (Le dis-cours de la servitude volontaire), já se ques-tionava sobre essa força que paralisava mi-lhões de pessoas e que as colocava volun-tariamente em uma situação de submissão a um só, sob o jugo da servidão. Aqui vale a-pontar um trecho de seu ensaio: “Para que os homens, enquanto neles restar vestígios de humanidade, se deixem sujeitar é preciso uma dessas coisas: ou que eles sejam obri-gados, ou que eles sejam abusados […]. Não se poderia imaginar até que ponto um povo tão submisso pela trapaça de um trai-dor se rebaixa, e em um tão profundo es-quecimento de todos os seus direitos, que é quase impossível de revelar sua apatia para conquistar seus direitos, servindo tão bem e tão voluntariamente, que se diria que eles não perderam somente sua liberdade, mas também sua própria servidão, para ficarem dormentes na mais embrutecedora escravi-dão […]. Assim, os homens que nascem sob o jugo, alimentados e educados na servidão sem olhar mais adiante, contentam-se em viver da forma como nasceram e não pen-

sam que têm outros direitos, nem outros bens que não aqueles que eles encontraram quando nasceram […]” (LA BOÉTIE, 2006, p. 22-23, tradução nossa).

Essa força, para La Boétie, poderia, inicial-mente, ser imposta por um processo violen-to, mas, depois, seria naturalizada e repro-duzida, sem a necessidade de nenhuma co-ação, de modo que a obediência se tornaria voluntária. Em De la Boétie[2] – assim como em Safatle -, podemos concluir que é por meio da melancolia que se garante a sujei-ção dos cidadãos e cidadãs ao poder esta-tal, que, por sua vez, opera reificando as pessoas e tornando-as apáticas, resignadas, desengajadas politicamente, em duas pala-vras: servas voluntárias. A melancolia, nes-se sentido, pode ser um instrumento muito eficaz não só para distanciar os cidadãos e as cidadãs dos espaços institucionais de to-mada de decisão (poderes Legislativo, Exe-cutivo e Judiciário), mas também para afastá-los das preocupações com as estruturas sociais de reprodução de desigualdades que repercutem e afetam sua vida com o(s) ou-tro(s).

Nesse sentido, há uma característica da me-lancolia que me parece bastante pertinente para a compreensão das relações entre a-patia, militância e política: a ambivalência, que, segundo Judith Butler (2017), resulta da obsessão por objetos perdidos e da difi-culdade de lidar com perdas; nela, o Eu é tanto objeto de amor quanto objeto de ódio. O sujeito se autodegrada, se autoculpabili-za, se autopune, se autoinflige, e não aciona nenhum juízo de censura quanto a isso, ou seja, publiciza e faz soar “seu” fracasso, “suas” fragilidades e “sua” derrota para quem quiser ouvir. Há um patente sentimen-to de revolta exteriorizado pelo Eu contra si mesmo.

A melancolia é, portanto, uma “rebelião que foi derrubada, esmagada” (BUTLER, 2017, p. 198). O melancólico transfere e canaliza para si toda a revolta[3] que tem contra algo ou alguém, o que lhe causa um sentimento ambíguo, ambivalente, por meio do qual ele se autoacusa e se autoviolenta, quando, na verdade, o destinatário da fúria e do ódio do Eu seria o objeto perdido. As fragilidades, a derrota e o fracasso esbravejados pelo Eu representam as fragilidades, a derrota e o fracasso daquilo que não se teve ou daquilo que se queria ter tido ou vivido, como um ideal político, um direito, um amor, ou a o-portunidade de ter se revoltado, de ter fala-do, de ter chorado, de ter gritado quando poderia tê-lo feito.

Douglas Crimp (2005), por sua vez, se de-bruça sobre as reações diante da perda, mais exatamente, o autor problematiza a (im)possível relação entre militância e luto[4]. Para ele, a militância negligencia a pul-são de morte, ou seja, oculta as dores, as angústias, os medos, as fraquezas, a ira e a tristeza dos atores dos movimentos sociais diante de suas perdas, de modo que são re-conhecidos como objeto de enfrentamento apenas os problemas sociais para os quais

são direcionadas a crítica e a atuação políti-ca desses movimentos, esquecendo que tais problemas afetam cada sujeito individu-almente.

Aqui constatamos uma contradição: os mo-vimentos sociais – que se insurgem contra a paralisia dos poderes públicos, contra a ine-xistência de políticas públicas e contra a a-patia da sociedade diante das desigualda-des e dos problemas sociais – também ne-gam, em alguma medida, o luto (bem como os conflitos pessoais e as fraquezas) dos atores sociais que os sustentam e que lhes dão voz, acarretando o esquecimento do eu (com e minúsculo) diante do nós, e do indiví-duo diante do coletivo; isto é, combate-se a “melancolia política” (leia-se, aqui, como de-sengajamento social e negação da política), mas se reforça, de algum modo, a melanco-lia nos próprios atores que compõem e dão vida aos movimentos sociais. Esta cena re-trata o extremo oposto da ideologia moderna individualista, aquela em que o indivíduo “supera” o coletivo, em que a autonomia “vence” a solidariedade – mas, que, na reali-dade, produz indivíduos sufocados pela me-lancolia, em razão da inexistência de víncu-los de pertencimento e de solidariedade.

Seja na prevalência do eu sobre o nós, seja na prevalência do nós sobre o eu, o resulta-do da negação das perdas pode gerar um sentimento de melancolia individual e social, em que não se consegue definir o que se perdeu, seja porque se negou, seja porque não se teve a oportunidade de ter vivido/tido aquilo, e, assim, toda a tristeza, a angústia, a ira e o ressentimento que foram sufocados ou negados concretizam-se, na verdade, no doloroso e ambivalente processo melancóli-co de articulação entre amor e ódio realiza-do pelo Eu, que atua na tentativa de lidar com perdas e frustrações.

Por essa razão, Crimp (2005) busca proble-matizar e desmontar as lógicas binárias e reducionistas, tanto as que associam o si-lêncio à morte quanto as que opõem e apar-tam luto e militância, e sugere que a militân-cia contemple o luto dos sujeitos dos movi-mentos sociais, a fim de fortalecer, aprimo-rar e humanizar a luta por direitos. Nessa esteira, se vivido, o luto talvez possa se transformar em luta; se negado, talvez se transforme em apatia, em inação, em violên-cia contra si mesmo e em dor.

Por fim, considero que o desafio sobre o qual precisamos refletir seja justamente o de como administrar – e não negar – a dor e o sofrimento diante das perdas e dos traumas (sociais[5] e individuais) e como, ao invés de transformá-los em melancolia e em paralisia (social e/ou individual), torná-los instrumento de engajamento político, de mobilização e de intervenção popular nos espaços públi-cos e na arena político-institucional, a fim de que se (re) construa um novo ideal, uma no-va utopia, um novo caminho e – quiçá- uma [nova] democracia.

E agora, José? Para onde?

Jordi Othon Angelo

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 9

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Page 10: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 10

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Empresa brasileira lança kit de análise

genética e prevê alcançar 1 milhão de

testes em 5 anos

A empresa brasileira Mendelics prevê realizar 1 milhão de análises genéticas de ancestralidade nos próximos cinco anos no país com seu recém lançado teste meuDNA, que segundo ela permi-te detectar a origem genética de até oito gera-ções anteriores do interessado.

O teste, que em parte é realizado pelo próprio paciente após comprar o kit da empresa pela in-ternet, envolve o processamento e análise da parte do genoma que contém a maioria dos ge-nes humanos por meio de inteligência artificial e indica a origem genética do dono da amostra. A companhia afirma que o sistema detecta quais das 88 ancestralidades presentes na plataforma fazem parte de sua história.

O paciente que adquire o teste recebe em sua casa o kit para realizar a coleta por meio de um cotonete que insere na parte interna da boche-cha. O material depois é enviado de volta à em-presa para processamento e análise dos dados.

“Ao receber a amostra, nosso time de cientistas lê e traduz o que está escrito neste código. Em até seis semanas, a pessoa recebe um relatório detalhado mostrando sua origem genética, com-parada com populações ao redor de todo o mun-do”, afirmou Cesário Martins, executivo respon-sável pelo projeto.

Fundada em 2012, a Mendelics afirma ser o pri-meiro laboratório do Brasil especializado em di-agnósticos genéticos para doenças raras e cân-cer através da técnica de Sequenciamento de Nova Geração (NGS), que permite o sequencia-mento do DNA em larga escala. A empresa pos-sui capacidade para analisar 10 mil amostras por mês e já realizou mais de 70 mil testes de se-quenciamento de DNA em seu laboratório São Paulo.

Para o futuro, a Mendelics pretende acrescentar novas funcionalidades ao teste doméstico, forne-cendo uma análise que inclua a detecção da pre-disposição para doenças, a indicação de medica-mentos mais adequados conforme o mapa gené-tico do paciente e a identificação de mutações genéticas. As novas funcionalidades deverão ser adicionadas ao longo dos próximos meses, se-gundo a empresa.

O presidente-executivo da empresa, David Sc-hlesinger, afirmou que a Mendelics está amplian-do a parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS), com projetos na região de São Paulo, co-mo o chamado Teste da Bochechinha, em que é feita uma análise genética em recém-nascidos aumentando o número de possíveis doenças que podem ser detectadas previamente.

Questionada sobre a segurança dos dados dos usuários dos serviços da companhia, a Mende-lics afirmou que segue a Lei Geral de Proteção de Dados e que as informações são criptografa-das e não são compartilhadas sem autorização prévia dos clientes.

Fonte: Reuters

Democracia sem povo

Uma democracia sem povo é uma falsidade, dessa forma, o poder é centralizado e exerci-do sem dar bons frutos soci-ais; todos se tornam vítimas e

afastados das decisões políticas.

Um governo sem legitimidade não tem compromisso com os problemas da nação e a população acaba se isentando dos erros que considera não ter cometido e, por não assumir os atos de quem não os, não se engajada em nenhum projeto que con-sidera não lhe dizer respeito.

Um poder exercido dessa maneira e com participantes arremessados a uma falsa ideologia não é mais do que uma “brincadeira” que desmoraliza a todos.

Manifestação popular é uma demonstração de vigor democrática, não com caráter festivo ou esportivo e sim, principalmente, pelo desempenho do homem público que deve ser aquém do necessário para dar conforto e segurança a todos, independente de quem lhe deu voto ou não.

O calor das manifestações tem um sentido preciso: indica que sua paciência chegou ao limite da tolerância, mesmo que o número de pessoas seja pequeno e não repre-sentativo, o importante é manifestar-se sempre, pois a falta de participação gera a imposição por falta de interesse nas atividades políticas e, os movimentos de desa-grado, mesmo com erros e excessos são compreensíveis quando o desempenho dos “atores” políticos está abaixo da crítica e assim não devem receber aplausos e sim ouvir vozes.

Nossa política está diante de um triste “espetáculo” de uma sucessão inaceitável; de um lado, o colapso do governo e seu partido confirmando que estão irremediavel-mente perdidos todos que os renegam, não demonstram nenhum interesse em rea-firmações de princípios e sem orientação clara e objetiva. Assim é nossa atual con-juntura.

A corrupção desenfreada, a destruição da classe média, a inércia social embora com a insatisfação de todos, tornou nosso quadro nacional melancólico.

Não há partidos, há torcidas em favor de um ou de outro, não há programas ou dire-trizes, vive-se o dia a dia respirando no final do dia porque, ainda, nada aconteceu.

Nas cidades grandes impera a insegurança de não saber se haverá volta para casa, impunidade dos crimes aumentando a cada dia, o descaso com o cidadão, com a dona de casa, com os jovens e crianças: todos são vítimas desse assalto governa-mental.

Especula-se o mercado financeiro, fortunas surgem da noite para o dia, a comunica-ção de massa está dominada pelas patrulhas que desinformam, promovem o lazer, incitam à desordem, dedicam longos programas aos criminosos e não mostram aos brasileiros que é preciso trabalhar para vencer, que a ordem é necessária para ter garantia de vida, educação para se chegar às urnas...

A degradação é geral, com traços “rasputinianos”, com deboches aos brasileiros que privados de estímulos são encaminhados aos tóxicos, crimes e subversão.

Mesmo no marasmo geral, desânimo coletivo, degradação mental, colapso partidá-rio e político, faz-se necessário marchar para frente por ideais dignos manifestando desagrado, demonstrando intolerância ao avesso dos anseios brasileiros pelos quais estamos passando.

Que o viver ao acaso não vença e não nos torne um povo sem democracia.

Seria um triste fim...

Genha Auga Jornalista MTB: 15.320

DEMOCRACIA Democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do sufrágio universal. Ela abrange as condições sociais, econômicas e culturais que permitem o exercício livre e igual da autodeterminação política. Ele só é alcan-çável em sua totalidade em sociedades cujos individuo tenham bem desenvolvido o senso critico. Isso lhe permitirá uma boa escolha dos políticos em quem vot para o representar nas casas do poder.

Page 11: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 11

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Língua portuguesa: por que existem tantas formas de escrever “por quê”?

Como saber utilizar corretamente o "porque", o "porquê", o "por que" e o "por quê" quando fala português? Aprenda os mistérios da Língua Portuguesa.

A língua portuguesa é um idioma belíssimo e muito rico. No entan-to, por vezes nem os próprios portugueses (ou brasileiros, angola-nos, timorenses…) conseguem perceber e falar corretamente o nosso idioma. Um dos casos mais flagrantes do português é a pos-sibilidade de utilizar tantas formas variadas da expressão “por quê”.

Dependendo do contexto e da situação em causa, a versão correc-ta pode ser “porque”, “porquê”, “por que” ou “por que”. Confuso? Não vale a pena! Nos explicamos o por quê!

Na maioria dos idiomas, é fácil diferenciar: em inglês, pergunta-se com why e responde-se com because, enquanto os franceses con-trapõem um pourquois com parce que. Mas, como os portugueses teimaram em usar o mesmo termo para as duas funções, os lin-guistas e estudiosos da gramática portuguesa precisaram de recor-rer à imaginação para colocar regras bem definidas.

No latim clássico, havia duas palavras: “quare” para perguntar e “quia” para responder. Mas em português prevaleceu a expressão do latim vulgar, “pro quid”, que passou a exercer dupla jornada em perguntas e respostas. “Para diferenciar, alguém teve a ideia de escrever um junto e o outro separado”.

Os registos mais antigos dessa distinção são do século 13, mas em 1500 Pero Vaz de Caminha ainda se atrapalhava na “Carta do Des-cobrimento do Brasil”.

Para complicar, em 1931 surgiram mais duas regras: o “que” ga-nhou circunflexo quando é tónico (antes de pontuação) e o “porque” substantivo virou “porquê”. No dia a dia, porém, simplifica-mos tudo radicalmente: do bilhete à internet, só existe um “pq”. Mas para que não restem mais dúvidas sobre a forma correcta de utili-zar as quatro versões, repare na explicação que se segue e nos exemplos para cada uma delas.

Por que (separado, sem acento): é usado para fazer perguntas, e aparece no início, ou no meio da frase, mas nunca no fim. Pode ser ainda usado em frases sem o sinal de interrogação, mas que te-nham o mesmo sentido de pergunta.

Exemplos:

“Por que você acordou tão tarde hoje?”

“Por que desistiu de participar do concurso?”

“O professor perguntou-se por que faltei a tantas aulas.”

“Toda a família quer saber por que razão o casamento foi cancela-do.”

Porque (junto, sem acento): é usado para responder a perguntas.

Exemplos:

“Acordei tarde porque na outra noite estive a ver um filme muito longo.”

“Desisti do concurso porque fiquei com medo de não ser aprovado.”

“Respondi ao professor que faltei porque estava doente.”

“O casamento foi cancelado porque tivemos uma discussão muito séria.”

Por quê (separado, com acento): é usado para fazer perguntas. Só aparece no fim da frase.

Exemplos:

“Você não foi às aulas por quê?”

“Você não vai sair com seus amigos? Por quê?

“Você e seu namorado discutiram por quê?

“Você pensava que hoje era feriado por quê?

Porquê (junto, com acento): neste caso, a palavra “porquê” é um substantivo, e pode substituir as palavras “motivo” e “razão”.

Exemplos:

“Quero saber o porquê (motivo/razão) de toda essa gritaria.”

“Conta-me o porquê (motivo/razão) de estar a chorar tanto.”

“Qual o porquê (motivo/razão) de tanta confusão?”

“Qual o porquê (motivo/razão) do cancelamento do casamento?”

Esperamos que finalmente tenha ficado esclarecido porque, depois desta explicação tão detalhada, seria difícil não perceber o porquê! Afinal de contas, por que motivos não iria perceber as várias for-mas de dizer “por quê“?

Da redação

Ser & Ter Poderia ser o nome de uma loja, de um site, de um blog de qualida-de de vida, mas não é, até onde eu saiba, este na verdade é o grande dilema de nós seres humanos, falíveis que somos, todos os dias.

Muitos tem pregado o SER na contramão do mercado e do sistema em que vivemos que para qualquer lado que olhemos tem algo nos impulsionando para TER isso ou aquilo, até mesmo coisas inúteis que não farão a menor diferença em nossas vidas, mas a intenção é que tenhamos e agora a moda é se você tiver algo terá uma ex-periência.

Na maioria das vezes que compramos algo nossa experiência é de pagar e levar para casa em alguns momentos já passou o prazer e muitas destas coisas ficaram de lado ou serão parcialmente utiliza-das. Quem aqui já utilizou tudo o que as novas TV’s oferecem de opções que elas trazem incorporadas?

Este é um exemplo entre tantos outros que poderíamos citar, mas experiências mesmo vamos ter quando decidimos SER. Mas SER o que?

É um conceito estranho para muitos, mas o voluntariado creio ser uma das grandes ferramentas de experimentar este tal SER, pois nele sim você terá uma experiência, será única, especial e inesque-cível experiência (desculpe a repetição), pois ali você não terá o poder do dinheiro, do cargo, do grau de instrução, ali será você co-mo um ser humano se dedicando há uma causa, e assim acho que chegamos a explicação do tal SER, quando somente se “é” o que se “é” de verdade, sem mascaras, sem intermediações, por isso que se diz que neste momento estou somente sendo eu.

Esta ferramenta pouco explorada pode ser uma bomba para o mer-cado, isso certamente não os impõe medo, visto que até então, al-guns até ajudam na divulgação e impulsionamento da causa, mas imagina um mundo com muito mais pessoas desapegando das compras por impulso... Hum.

Mas isso pode demorar algumas gerações para acontecer, temos que nos concentrar em fazer uso desta ferramenta para que cada vez mais pessoas se apropriem dela e façam de sua existência u-ma experiência vivida e não comprada.

Roberto Ravagnani

Page 12: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 12

Racismo ocupa o topo das denúncias

na web

Havia o tempo em que os negros eram livres. Então surgiu a escravidão. Depois veio a liber-dade. Mas aí brotou o preconceito. Surgiu, as-sim, um tempo em que discriminar as pessoas por causa da cor da pele era socialmente a-ceito e, aos olhos da Justiça, apenas uma contravenção penal. Para tentar pôr um fim a isso, há exatos 30 anos, surgiu a Lei de nº 7.716, que define os crimes de racismo.

Assinada em 5 de janeiro de 1989, pelo então presidente da República, José Sarney, a lei passou a ser conhecida pelo nome de seu au-tor, o ex-deputado Caó. Carlos Alberto Caó de Oliveira era jornalista, advogado e militante do movimento negro. Nascido em Salvador, mu-dou-se para o Rio de Janeiro, estado pelo qual, em 1982, elegeu-se deputado federal. Como constituinte, Caó regulamentou o trecho da Constituição Federal que torna o racismo inafiançável e imprescritível. Depois, lutou pa-ra mudar a Lei Afonso Arinos, de 1951, que tratava a discriminação racial como contraven-ção. Morreu em fevereiro de 2018, aos 76 a-nos.

Racismo é crime e qualquer tipo de preconcei-to baseado na ideia da existência de superiori-dade de raça, manifestações de ódio, aversão e discriminação que difundem segregação, coação, agressão, intimidação, difamação ou exposição de pessoa ou grupo está qualifica-da por Lei, passível de punição como violação dos Direitos Humanos.

Discriminação refere-se ao ato de fazer uma distinção. O racismo é um caso particular de discriminação em que o indivíduo, pelas ca-racterísticas físicas que determinam sua raça, pode sofrer tratamentos diferentes que interfe-rem em suas oportunidades sociais e econô-micas, ou o colocam como alvo de segrega-ção. Qualquer pensamento ou atitude de se-paração por raça é classificado como racismo.

É importante diferenciar raça de etnia. A raça de uma pessoa é expressa pelas característi-cas visíveis, ou seja, físicas, tais como tonali-dade de pele, formação do crânio e do rosto, e tipo de cabelo. Na etnia, além das característi-cas físicas, são considerados outros aspectos como cultura, nacionalidade, afiliação tribal, religião, língua e tradições, que entram em ou-tras classificações quando alvo de discrimina-ção, mas são tratados igualmente perante a Lei. Ou seja, como crime: (Art. 1º) Serão puni-dos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Racismo é crime! Dez palavras e expressões que precisamos parar de falar:

Mulata

A palavra se refere à mula, um animal originado do cruzamento de burro com égua. Na época da escravidão, muitas escravas eram abusadas pelos patrões e acabavam engravidando. Os filhos eram chamados de mulatos por serem o resultado do cruza-mento de um homem branco com uma mulher negra. Hoje, as pessoas utilizam esse termo para se referir às pessoas pardas, mas a palavra deve ser imediatamente retira-da do vocabulário.

Denegrir

Sempre que alguém utiliza essa palavra é para dizer que está sendo difamado ou in-justiçado por outra pessoa. Mas segundo o dicionário Aurélio, a definição de “denegrir” é “tornar negro, escurecer”. Então, utilizar a palavra denegrir de forma pejorativa é ex-tremamente racista.

Lista negra

Essa expressão é sempre utilizada de forma negativa. Uma pessoa estar em uma “lista negra” significa que ela está sendo perseguida ou que não poderá mais adentrar em certos ambientes. A palavra negra é colocado nessa afirmação de uma forma pejo-rativa e, mais uma vez, racista.

Mercado negro

Mercado negro segue a mesma ideia da lista negra. A palavra “negro” é utilizada de forma pejorativa para se referir a algo proibido, ilegal, perigoso e ruim.

‘Não sou tuas negas’

Essa é uma expressão extremamente racista. Isso porque quando se tratava do com-portamento para com as mulheres negras escravizadas, assédios e estupros eram re-correntes. A frase deixa explícita que com as negras pode tudo e com as demais não se pode fazer o mesmo, e nesse “tudo” está incluso estuprar, assediar, maltratar, etc.

Da cor do pecado

Essa expressão geralmente é utilizada como forma de elogio. Existe até música sobre a história de amor com um homem da cor do pecado. Mas essa expressão está longe de ser um elogio. Antigamente, ser negro era considerado pecado. Os poderosos da época junto com integrantes da Igreja Católica justificavam a escravidão como um castigo divino. Então, dizer que alguém é “da cor do pecado” é associado a algo nega-tivo.

Criado-mudo

O nome do móvel que geralmente é colocado na cabeceira da cama vem de um dos papéis desempenhados pela criadagem dentro de uma casa: o de segurar as coisas para seus senhores. Como o empregado não poderia fazer barulho para atrapalhar os moradores, ele era considerado mudo.

Doméstica

Domésticas eram as mulheres negras que trabalhavam dentro da casa das famílias brancas e eram consideradas domesticadas. Isso porque os negros eram vistos como animais e por isso precisavam ser domesticados através da tortura.

Inveja branca

Na contramão de todas as expressões e palavras anteriores, “inveja branca” significa uma inveja que não faz mal, que é do bem. Ou seja, associando à cor branca a coisa é boa, legal e não machuca.

Amanhã é dia de branco

E para encerrar, essa expressão que é a mais esdrúxula de todas. Dia de branco é utilizado para se referir a dia de trabalho, responsabilidade e compromissos. Como se só gente branca trabalhasse duro. Isso porque antigamente o trabalho dos escravos não era considerado trabalho e essa ideia perpetua até hoje.

Da redação

A Constituição Federal de 1988 determina, no Art. 3, inciso XLI, que "Constituem obje-tivos fundamentais da República Federativa do Brasil: promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discrimi-nação”; e no Art. 5º, inciso XLI, que “a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais".

Page 13: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

As grandes mentes de esquerda do século XX

Podemos não concordar com o socialis-mo, mas o “fato científico” é que muita gente que contribuiu para a evolução da mente humana era socialista. Sartre, filó-sofo francês de extrema influência, dizia: “Se os comunistas têm razão, então eu

sou um louco solitário em vida. Se eles estão errados, então não há esperanças para o mundo.

O presidente Jair Bolsonaro busca deixar claro seu ódio contra a esquerda e o comunismo, contudo é obrigado a se conformar diari-amente com o fato de que habita uma casa projetada por um comu-nista. Outrora os militares tiveram que fazer o mesmo. Oscar Nie-meyer está vivo em seus monumentos!

Quando se fala mal da esquerda, vale a pena lembrar que se está depredando por tabela as principais mentes que mudaram a histó-ria da humanidade em termos culturais e científicos.

Estamos falando de um Albert Einstein que dizia: “Estou convenci-do de que existe apenas um caminho para eliminar esses graves males, e esse é o estabelecimento de uma economia socialista, a-companhada por um sistema educacional orientado para objetivos sociais”.

Uma vez perguntaram ao astrofísico Carl Sagan se ele era socialis-ta. Ele respondeu: “Eu não tenho certeza o que seria um socialista, mas eu acredito que o governo tem a responsabilidade de cuidar das pessoas”. Muitos acham que o socialismo é a extinção da pro-priedade privada. Isso não é verdade. Marx e Engels diziam que a propriedade privada já havia sido extinta para 9/10 da população. O que defendem é que esse modelo que concentra a propriedade (capitalista) deve ser extinto.

Continuando com Sagan: “Eu não estou falando de caridade, mas de tornar as pessoas auto-suficientes, capazes de se cuidar”. É jus-tamente disto que se trata o socialismo, o governo precisa conter a concentração, distribuir as riquezas para que as pessoas possam ser capazes de se cuidar sozinhas.

Sagan fala dos milhões gastos em programas bélicos que poderiam ser usados “para educar, para ajudar, para trazer às pessoas uma sensação de auto-confiança”. O mesmo pensava Albert Einstein. “A produção é realizada com a finalidade do lucro, não com a do uso”. “O lucro como motivação, em conjunto com a concorrência entre os capitalistas, é responsável por uma instabilidade na acumulação e utilização do capital, a qual leva a crises cada vez mais graves”.

Em seguida, em seu artigo intitulado “Por que socialismo”, o físico teórico conclui: “Essa deformação dos indivíduos, eu a considero o pior dos males do capitalismo. Nosso sistema educacional inteiro sofre desse mal. Uma atitude competitiva exagerada é inculcada no estudante, que, como preparação para sua futura carreira, é treina-do para idolatrar um sucesso aquisitivo”.

A distribuição da riqueza produzida pelas máquinas e pelos traba-lhadores, de acordo com o físico teórico Stephen Hawking, é algo lógico e ideal, similar ao que pensava Marx. Vamos deixar que o físico fale: “Se as máquinas produzirem tudo o que precisamos, o resultado vai depender de como as coisas serão distribuídas. To-dos podem usufruir de uma vida de luxo e prazer se a riqueza pro-duzida pelas máquinas for compartilhada, ou a maioria das pesso-as podem acabar miseravelmente pobres, caso a pressão dos pro-prietários das máquinas contra a distribuição da riqueza obtiver êxi-to. Até agora, a tendência parece seguir na segunda opção, com a tecnologia conduzindo a uma desigualdade cada vez maior”.

Esse raciocínio já havia sido desnvolvido por Marx em O Capital: “as contradições e os antagonismos inseparáveis da aplicação ca-pitalista da maquinaria não existem, simplesmente porque não de-

correm da maquinaria, mas da sua aplicação capitalista. A maqui-naria, como instrumento que é, encurta o tempo de trabalho; facilita o trabalho; é uma vitória do homem sobre as forças naturais; au-menta as riquezas dos que realmente produzem; mas, com sua a-plicação capitalista, gera resultados opostos: prolonga o tempo de trabalho, aumenta sua intensidade, escraviza o homem por meio das forças naturais, pauperiza os verdadeiros produtores”.

Os alunos de Robert Oppenheim diziam que ele leu O Capital de Marx inteiro em uma viagem de trem. Pode ser boato, mas é fato que o presidente Dwight Eisenhower o afastou de suas atividades em 1954 por mostrar-se simpático ao comunismo. Oppenheim con-tribuiu para a construção da bomba atômica porque foi convencido de que os nazistas poderiam produzi-la primeiro. Mais tarde arre-pendeu-se da sua invenção devido ao uso sanguinário da mesma nas mãos do Exército norte-americano.

Marie Curie, grande cientista do século XX, com dois prêmios No-bel, contribuiu para o movimento feminista, o que não a define co-mo uma comunista, mas certamente como uma mulher de esquer-da. Até hoje inspira mulheres em várias partes do mundo.

Mas e nas artes? Temos nada mais nada menos que Pablo Picas-so. “O meu compromisso com o Partido Comunista é a consequên-cia lógica da minha vida, do meu trabalho. Entrei no partido sem hesitação, porque, basicamente, eu estava sempre com eles para sempre”.

Além disso, temos no campo das artes Frida Kahlo: “…estoy más y más convencida de que el único camino para llegar a ser un hom-bre, quiero decir un ser humano y no un animal, es ser comunista”.

É preciso lembrar que “a esquerda” é um campo constituído por um leque variado de opções, um mundo de ideias diversificadas. A es-querda pode ser liberal ou stalinista. Pode haver esquerda na Ve-nezuela, mas também há na Dinamarca, em Portugal. Existe Cuba que é uma ilha e a China que, certamente, será a maior economia do mundo.

Mas vamos voltar aos personagens que marcaram época. Temos Martin Luther King Jr, o pastor evangélico que lutou pelos direitos civis dos negros tipo de reivindicação que aqui se tornou moda cha-mar de coitadismo. Dizia que “a luta central nos EUA é a luta de classes” e também que “o capitalismo chegou ao fim de sua utilida-de histórica. Chegou a hora de os grupos privilegiados deixarem um pouco seus milhões”. Mas para se tornar um ícone norte-americano foi preciso arrancar os elementos socialistas relaciona-dos ao pastor ativista. É a seleção da memória.

No campo da literatura são tantos que seria preciso centenas de livros para falar do assunto. Mas vamos falar de José Saramago, ganhador do Nobel de Literatura: “A nossa escolha não tem por que ser feita entre socialismos que foram pervertidos e capitalismos perversos de origem, mas entre a humanidade que o socialismo pode ser e a inumanidade que o capitalismo sempre foi”

E quem não sabe quem foi Gabriel García Marquez? “Quero que o mundo seja socialista e creio que cedo ou tarde será”.

E para inserirmos o Brasil nessa história erudita, escolhemos lem-brar de Ariano Suassuna: “A meu ver enquanto houver miserável, um homem com fome, o sonho socialista continua”.

Teríamos que falar aqui de Van Gogh, Oscar Wilde, John Ford, Glauber Rocha, Malcom X, Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Dias Gomes, Pablo Neruda e de Paulo Freire que aqui é execrado por um discurso ignorante que mal sabe o que é educação, mas que lá fora, em países capitalistas desenvolvidos, é visto como um dos maiores pedagogos da história. Isso sem falar da vastidão de pensadores que representam as mais diversas faces da esquerda mundial.

CONTINUA NA ÚLTIMA PÁGINA

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 13

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Page 14: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

A data homenageia o profissional de Relações Públicas, responsá-vel pela gestão da comunicação de uma organização, assessoria de imprensa, organização de eventos, promoção da marca de uma empresa, entre outros. As relações públicas são um dos principais responsáveis pela repu-tação de uma empresa. Origem do Dia Nacional das Relações Públicas O Dia Nacional das Relações Públicas surgiu no Brasil a partir da Lei nº 7.197, de 14 de junho 1984, que determinou o dia 2 de de-zembro como data oficial para a comemoração. O dia 2 de dezembro foi escolhido como Dia Nacional das Rela-ções Públicas por ser a data de nascimento do engenheiro alagoa-no Eduardo Pinheiro Lobo (2 de dezembro de 1876 - 15 de feverei-ro de 1933), que se tornou o patrono das Relações Públicas no Brasil. Eduardo Lobo foi o responsável pela direção do primeiro Departa-mento de Relações Públicas, criado no nosso país em 30 de janei-ro de 1914.

A data homenageia a ciência que explora, observa e estuda o uni-verso e tudo que existe nele: planetas, estrelas, satélites naturais, galáxias e etc. A astronomia é uma das ciências mais antigas que existem no mundo, responsável pela descoberta da origem, movimentação, composição e demais comportamentos dos corpos celestes que estão espalhados por todo o universo. Os astrônomos - estudiosos e cientistas que estudam a ciência da astronomia - olham para o céu em busca de respostas para as grandes e pequenas questões sobre o que existe além da imensi-dão do "manto azul" do firmamento terrestre. Origem do Dia da Astronomia O Dia da Astronomia no Brasil surgiu em homenagem à data de nascimento do imperador Pedro de Alcântara, Dom Pedro II (2 de dezembro), que era considerado um astrônomo amador e o patrono da astronomia brasileira. O Observatório Nacional A Sociedade Brasileira de Astronomia, fundada em 1947, foi quem escolheu a data de 2 de dezembro como Dia Nacional da Astrono-mia.

Esta data visa homenagear o profissional que se dedica a auxiliar os alunos durante o processo de aprendizagem. A sua principal função é ajudar os jovens a encontrarem a sua vocação profissio-nal, através de métodos psicológicos e pedagógicos. Normalmente, os orientadores profissionais atuam nas escolas, su-bordinados à direção ou supervisão pedagógica da instituição, dan-do aconselhamento aos alunos e preparando ações que auxiliem os jovens a escolher o melhor caminho profissional para os seus futuros. Por norma, os orientadores profissionais são formados em pedago-gia. Em alguns casos, também podem atuam nos chamados Cen-tros de Orientação Profissional, localizados nas agências de em-pregos em todo o país. De acordo com a lei, esta profissão é reconhecida sob o nome de Orientador Educacional, através da lei nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968, e regulamentada pelo decreto nº 72.846/73.

A data tem o objetivo de homenagear o Poder Judiciário brasileiro e todos os profissionais responsáveis em fazer com que a justiça seja cumprida com imparcialidade. O Poder Judiciário é um dos três principais poderes da República no Brasil. Assim como o Legislativo e o Executivo, o Judiciário é essencial para o funcionamento da sociedade de uma nação,

julgando a aplicação das leis e garantindo que sejam cumpridas. O Poder Judiciário está divido entre os seguintes órgãos: Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribu-nais Regionais Federais e juízes federais, Tribunais e Juízes do Trabalho, Tribunais e Juízes Eleitorais, Tribunais e Juízes Militares e Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal. Origem do Dia da Justiça O Dia da Justiça foi estabelecido através do artigo 5º do Decreto de Lei nº 1.408, de 9 de agosto de 1951. A data é considerada feriado em todo o território nacional, ou seja, no Dia da Justiça todos os fóruns e ofícios de Justiça não funcionam. Mesmo sendo oficializado apenas em 1951, o Dia da Justiça é ce-lebrado desde 1940 em referência a imagem da Imaculada Concei-ção.

A data tem o objetivo de incentivar a defesa do trabalho associado e voluntário, a partir do desenvolvimento sustentável, respeito à vi-da e com justiça social. O principal intuito do Movimento de Economia Solidária do Brasil é fomentar a criação de políticas públicas nacionais de economia so-lidária. Muitas empresas brasileiras já trabalham com os princípios da eco-nomia solidária, ou seja, utilizam técnicas e modelos de produção que garantem o bem-estar dos seus funcionários, a preservação do meio ambiente e a organização autogestionária da empresa. Origem do Dia Nacional da Economia Solidária O Dia Nacional da Economia Solidária foi criado em homenagem ao ambientalista Chico Mendes, que nasceu em 15 de dezembro de 1944. Chico Mendes ficou conhecido pela luta em defesa dos seringueiros da Bacia Amazônica, através da conscientização das empresas em preservar a floresta nativa. O ativismo ecológico de Chico Mentes ganhou dimensões interna-cionais. O Movimento de Economia Solidária do Brasil decidiu que o dia 15 de dezembro deveria ser dedicado à nobre causa que re-presentou a vida de Chico Mendes: o Dia Nacional da Economia Solidária.

A data homenageia a preciosa relação de "amor e ódio" entre os "companheiros de porta"; os companheiros que compartilham a mesma rua ou o mesmo prédio. Nas grandes metrópoles o sentido "clássico" de vinhança foi perdi-do, devido ao medo e a insegurança que ronda nas cidades gran-des. Muitas famílias ou indivíduos, quando se mudam, passam vá-rios meses ou anos até conhecer e começar a manter algum tipo de relação com o seu vizinho. Porém, nas cidades pequenas ou bairros do subúrbio, por exemplo, as relações com a vizinhança são normalmente mais comuns. Os vizinhos acabam fazendo parte do dia-a-dia do indivíduo.

O verão é a estação que sucede a primavera e antecede o outono. No Hemisfério Sul, onde está localizado o Brasil, esta estação é caracterizada por apresentar dias mais longos que as noites, clima quente e chuvas constantes, em decorrência da rápida evaporação

das águas pelo calor do Sol. Solstício de verão 2019 O começo do verão é marcado pelo evento astronômico denominado Sols-tício de Verão, ou seja, é o período em que o hemisfério Sul está inclinado cer-ca de 23,5º na direção do Sol. Em 2019, o solstício de Verão será à

01h19, em 22 de dezembro, no Brasil.

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 14

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

+ ALGUMAS DATAS COMEMORATIVAS

02 - Dia Nacional das Relações Públicas

VISITE NOSSO SITE - Lá verá todas as datas comemorativas

02 - Dia da Astronomia

15 - Dia Nacional da Economia Solidária

04 - Dia do Orientador Profissional

23 - Dia do Vizinho

22 - Início do Verão - Solstício de Verão

08 - Dia da Justiça

Page 15: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

Dezembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 15

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

A Lusofonia na voz de Castro Alves Em 7 de novembro de 1831, foi promulgada a Lei Feijó, cuja contextualização estava ligada às relações diplomáticas entre o Império brasileiro e a Grã-Bretanha, articuladas anos antes. Em suma, eram tempos de industrialização inglesa, do qual o trabalho escravo − base da economia à época – não atendia mais aos interesses do mercado mundial, assen-tado já no trabalho livre (assalariado).

A promulgação da lei considerava livres a partir de então todos os escravos vindos de fora do império, sob pena aos importadores de africanos escravizados a execução do artigo 179 do Código Criminal, assim como a aplicação de multa de 200 mil réis por cada um dos escravos importados, além do pagamento das despesas da deportação para qualquer parte da África, o mais breve possível.

Vulgarmente conhecida como a lei “para inglês ver”, a supracitada lei foi sucedida pelas leis Eusébio de Queirós (1850), Nabuco de Ara-újo (1854), Ventre Livre (1871), Sexagenários (1885) e, por fim, Áurea (1888).

Sob este contexto histórico, viveu a personagem central deste artigo: Antônio Francisco de Castro Alves (1847-1871), patrono da cadei-ra nº 7, da Academia Brasileira de Letras (ABL). Segundo a ABL, Castro Alves foi um poeta lírico, caracterizado pelo vigor da paixão di-ante de circunstancias ligadas ao amor, como desejo, frêmito, encantamento da alma e do corpo ao superar o negaceio de Casimiro de Abreu, a esquivança de Álvares de Azevedo, e o desespero acuado de Junqueira Freire.

A produção de Castro Alves foi marcada pela eloquência, sobretudo, em questões políticas e sociais, com ênfase na escravidão, o que lhe valeu a o apelido de “Cantor dos escravos”. Em semelhança a outros autores da terceira fase do romantismo brasileiro, Alves preo-cupava com a liberdade dos negros, negada por um Estado escravocrata. Nesse sentido, ainda que um século depois, Cecéu – apelido familiar – retomara, de certa maneira, o papel que Gregório de Matos havia exercido antes de ser exilado para Angola.

Cléria Botelho da Costa, em artigo intitulado Justiça e Abolicionismo na poesia de Castro Alves, descreve que o poeta baiano, ao com-partilhar o projeto literário romântico nacionalista, rompeu cânones ao cantar o escravo. Para a autora, “sua produção literária assume a denúncia”, ao criticar a Corte Imperial por manter a escravidão.

Reconhecido como expoente da literatura lusófona, Castro Alves é autor de “Vozes, D’África”, “Os Escravos” e “Navio Negreiro”; este último transcrito aqui de forma parcial em referência ao 20 de novembro, data que celebra o dia da consciência negra.

IV Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noi-te, Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às te-tas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais ... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais... Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri! No entanto o capitão manda a mano-bra, E após fitando o céu que se desdobra, Tão puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros: "Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!..." E ri-se a orquestra irônica, estridente. . . E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais... Qual um sonho dantesco as sombras voam!...

Gritos, ais, maldições, preces ressoam! E ri-se Satanás!... V Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! Quem são estes desgraçados Que não encontram em vós Mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz? Quem são? Se a estrela se cala, Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz, Perante a noite confusa... Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!... São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão. . . São mulheres desgraçadas, Como Agar o foi também. Que sedentas, alquebradas, De longe... bem longe vêm... Trazendo com tíbios passos, Filhos e algemas nos braços, N'alma — lágrimas e fel... Como Agar sofrendo tanto,

Que nem o leite de pranto Têm que dar para Ismael. Lá nas areias infindas, Das palmeiras no país, Nasceram crianças lindas, Viveram moças gentis... Passa um dia a caravana, Quando a virgem na cabana Cisma da noite nos véus ... Adeus, ó choça do monte, Adeus, palmeiras da fonte!... Adeus, amores... adeus!... Depois, o areal extenso... Depois, o oceano de pó. Depois no horizonte imenso Desertos... desertos só... E a fome, o cansaço, a sede... Ai! quanto infeliz que cede, E cai p'ra não mais s'erguer!... Vaga um lugar na cadeia, Mas o chacal sobre a areia Acha um corpo que roer. Ontem a Serra Leoa, A guerra, a caça ao leão, O sono dormido à toa Sob as tendas d'amplidão! Hoje... o porão negro, fundo, Infecto, apertado, imundo, Tendo a peste por jaguar... E o sono sempre cortado Pelo arranco de um finado, E o baque de um corpo ao mar... Ontem plena liberdade, A vontade por poder... Hoje... cúm'lo de maldade, Nem são livres p'ra morrer. . Prende-os a mesma corrente — Férrea, lúgubre serpente — Nas roscas da escravidão. E assim zombando da morte, Dança a lúgubre coorte Ao som do açoute... Irrisão!...

Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus, Se eu deliro... ou se é verdade Tanto horror perante os céus?!... Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas Do teu manto este borrão? Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! ... VI Existe um povo que a bandeira empres-ta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandei-ra é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!... Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho que Colombo abriu nas vagas, Como um íris no pélago profundo! Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Andrada! arranca esse pendão dos a-res! Colombo! fecha a porta dos teus ma-res!

O Navio Negreiro de Castro Alves Texto parcial proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo Permitido o uso apenas

para fins educacionais. Texto-base digitalizado por: Jornal da Poesia - http://www.e-net.com.br/seges/poesia.html

Assim, conforme a ABL, a dialética da poesia de Castro Alves implica menos a visão do escravo como realidade presente do que como episódio de um drama mais amplo e abstrato: o do próprio destino humano, presa dos desajustamentos da História. O fato é que o poe-ta dos escravos, deste modo, trataria para sempre o negro para além de heróis, mas, simplesmente, como seres integralmente huma-nos.

Marcelo Goulart

Page 16: Ano XII - Edição 145 - dezembro de 2019 Distribuição Gratuita · Assim, o dia 25 de dezembro foi escolhido para que a data do nascimento de Jesus coincidisse com a festividade

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Todos merecem um Natal de paz e uma casa para se abrigarem.

Entenda porque o Esta-do de Israel demole fre-quentemente as casas de palestinos.

As recentes demolições de casas de famílias pa-lestinas tiveram certo destaque nos noticiários nacionais e internacio-nais nas últimas sema-nas. Em poucas horas, mais de 100 casas e prédios foram destruídos

pelo Exército de Israel, na região de Sur Bahir.

O que as recentes demolições explicitam, mais uma vez, é a falência total dos Acordos de Oslo, uma vez que aconteceram em área palestina. Assim, não faz muito sentido falar em “romper acordos com Israel”. Quais acordos? O que é legal, moral quando discutimos as ações do Estado de Israel? O aprisionamento dos/as palestinos/as em Gaza (a maior prisão a céu aberto do mundo), as demolições, as prisões dos/as pal-stinos/as, os assassinatos contínuos de palestinos/as são algumas das políticas de controle absoluto que o Estado de Israel implementam sobre a vida dos/as palestinos/as.

Edwar Said (no livro A questão palestina) chamou ao conjunto destas políticas de con-trole e de despossessão contínuas do povo palestino de “colonialismo do detalhe”. Es-tou de acordo com ele porque as políticas coloniais têm como característica invadir to-dos os poros da vida do povo colonizado (tanto subjetiva quanto objetivamente). Para nomear o detalhamento destas políticas prefiro, no entanto, nomeá-la de microfísica do poder colonial, inspirando-me no conceito de microfísica do poder de Michel Foucault (Microfísica do Poder, 1982. Ed. Graal).

As demolições fazem parte desta microfísica do colonialismo israelense. No entanto, a forma como a imprensa nacional e internacional repercutiram as últimas demolições sugerem que são ações excepcionais do Estado de Israel. Não são. Há anos os/as pa-lestinos/as residentes, principalmente, em Jerusalém Oriental, veem suas casas sendo demolidas. O projeto estratégico colonial do sionismo é o mesmo desde 1948: expul-sar o povo palestino de suas terras.

Em dezembro 2016, durante minha segunda viagem à Palestina, assisti (impotente e com minhas vísceras em ebulição) ao drama de famílias desesperadas que tiveram suas casas transformas em escombros. Abaixo transcrevo o texto testemunhal escrito naquele contexto dramático. E se o recupero agora é apenas para lembrar que as de-molições dos últimos dias, não são excepcionalidades, fazem parte do projeto continu-ado de limpeza étnica israelense.

Este texto teve vários inícios. Um dos esboços contava como a estratégia política do Estado de Israel para seguir apropriando-se das terras dos/as palestinos/as se susten-ta em um conjunto de técnicas operada por uma burocracia eficiente e por um dos e-xércitos mais poderosos do mundo. Entre estas políticas destaca-se: a construção dos muros, a restrição para se conseguir a autorização para a construção, o controle pelo exército da mobilidade dos/as palestinos/as em suas próprias terras, as prisões de cri-anças e adultos palestinos sem uma acusação formal, construção de assentamentos em terras palestinas. No entanto, tudo que escrevi ficou sem sentido, sem alma, de-pois que conheci a família do senhor Asma Shuikhe.

Ali, entre ferro, concreto e outros escombros estavam a materialização, na esfera mi-cro, da política tentacular do Estado de Israel. Com sua voz cansada e pausada, con-tou que às três da manhã, centenas de soldados da Forças de Defesa de Israel (IDF – Israel Defense Forces) fecharam a rua e, em pouco tempo, os 35 metros (uma expan-são da casa original) foi destruída. A reforma tinha como objetivo dar mais conforto à sua família de 13 membros.

Berenice Bento

Dezembro de 2019 ÚLTIMA PÁGINA

As grandes mentes de esquerda do século XX

(continuação)

Negar a esquerda é negar a importância do seu legado cultural e científico que contribuiu para as maiores descobertas naturais e inven-ções humanas da história. E nenhuma virada da extrema direita vai ser capaz de fazer es-quecer as descobertas de Einstein, as ações de Martin Luther King Jr ou os mais belos poe-mas de Neruda.

Podemos até não concordar com o socialismo, mas o “fato científico” é que muita gente que contribuiu para a evolução da mente humana era socialista. Sartre, filósofo francês de extre-ma influência, dizia: “Se os comunistas têm ra-zão, então eu sou um louco solitário em vida. Se eles estão errados, então não há esperan-ças para o mundo”. Podemos discordar do so-cialismo, mas ele é a única ferramenta capaz de combater as atrocidades promovidas pelo capital. É uma questão lógica para os físicos e uma questão de esperança para a arte e para a filosofia.

De acordo com a tese do psiquiatra norte-americano, Lyle H. Rossiter, ser de esquerda é uma doença mental. Mas como Sêneca dizia, “se me apetece rir de um louco, não preciso de ir procurar muito longe; rio de mim mesmo”. Talvez Einstein, Luther King Jr, e outros rissem como Sêneca. Mas se estas mentes são lou-cas, prefiro ser louco a são como Alexandre Frota, Olavo de Carvalho e Danilo Gentili.

Aliás, a incapacidade de compreender tais pensadores faz surgir um Olavo de Carvalho que cria um discurso de fácil compreensão, mas embusteiro. A maior ignorância que o guru de Bolsonaro dissemina é a ideia de que a es-querda se resume à questão ideológica, oblite-rando a grande contribuição de seus membros para a ciência, para os direitos civis e para as artes de um modo geral. Einstein, Luther King Jr., Frida Kahlo foram fundamentais para o de-senvolvimento humano e tecnológico da huma-nidade, e seria uma imprudência intelectual desprezar esse fato.

E se o governo quer desvalorizar os cursos de filosofia e de sociologia porque estes possuem uma grande influência de esquerda, será ne-cessário acabar com o curso de física, ou com os que precisam da física para operar (o que nos remete ao campo tecnológico), já que E-instein, Sagan e Hawking, as maiores mentes do século XX na área, eram coniventes com o pensar socialista.

Raphael Silva Fagundes é doutor em História Política pela UERJ e professor da rede munici-pal do Rio de Janeiro e de Itaguaí.