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Sociabilidade, reciprocidade e solidariedade reforçam relações interpessoais de
aproximação e aprendizado características de eventos religiosos e culturais na sede
do município de Baião, Pará 1
Clélio Palheta Ferreira
Mestre em Ciências Sociais – Antropologia
CPFPAP – Escritório Residencial
O artigo proposto dá continuidade à pesquisa etnográfica em realização, através de
observação participante, na sede do município de Baião, região nordeste do Pará,
procurando analisar a importância das formas de sociabilidade e reciprocidade a partir
de manifestações religiosas e da cultura popular, em eventos festivos, destacando suas
produções e organizações e os laços de solidariedade, fidelidade e gratidão que se
estabelecem entre indivíduos participantes, residentes ou não no local de estudo. Nesse
ambiente, as redes de relações entre os agentes ocorrem em formas de sociabilidade
festiva, em espaços públicos e privados, desenvolvendo-se experiências de ações
culturais e de transmissão de saberes. O foco do estudo centra-se nas relações de
sociabilidade, reciprocidade e solidariedade que interferem na vivência dos envolvidos,
tendo em vista seus interesses em transformarem experiências que começam nos laços
individuais e abarcam os interesses coletivos na cidade pesquisada, especialmente
aqueles voltados para a valorização do seu patrimônio cultural, turístico e religioso,
considerando a importância dos eventos festivos, culturais e religiosos pesquisados.
Palavras chaves: Sociabilidade; Reciprocidade; Cultura; Turismo.
ABSTRACT
The proposed article continues the ethnographic research on achievement, through
participant observation, at the seat of the municipality of Baiao, Northeast region of
Pará, seeking to analyse the importance of forms of sociability and reciprocity from
religious and popular culture manifestations, in festive events, highlighting their
productions and organizations and the bonds of solidarity, loyalty and gratitude that are
established between individuals, resident or non-participants in the study site. In this
environment, networks of relationships among agents occur in forms of sociability, in
private and public spaces, developing experiences of cultural actions and transmission
of knowledge. The focus of the study focuses on the relationships of sociability,
reciprocity and solidarity that interfere in the experience of those involved, in view of
its interests in transforming experiences that begin in individual bonds and cover the
collective interests on city search, especially those aimed at the enhancement of your
cultural heritage, tourist and religious, considering the importance of the festive events,
cultural and religious respondents.
Keywords: Sociability; Reciprocity; Culture; Tourism.
1 Trabalho apresentado no III Encontro de Antropologia Visual da América Amazônica, realizado entre os
dias 19 e 21 de setembro de 2018, em Belém/PA.
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Em trabalho apresentado no II Encontro de Antropologia Visual da América
Amazônica, realizado em 2016, apresentei os resultados iniciais de uma etnografia
oriunda de observação participante, na área de antropologia urbana, desenvolvida na
sede municipal de Baião, desde meu primeiro contato com esse local em 2015. Àquela
altura, chamava à percepção as “formas de sociabilidade local”, características de
manifestações lúdicas, religiosas e culturais em que o município como um todo
apresenta características bastante interessantes, destacando-se a sociabilidade festiva
como forma de ação em espaços públicos e privados tal como esse conceito se
desenvolve através de troca, consumo e circulação de bens simbólicos2.
Considerando o período decorrente até a presente data, confirma-se a observação
de que as práticas da sociabilidade festiva permitem a aproximação dos indivíduos que
interagem nos processos de participação, reforçando seus laços de solidariedade,
reciprocidade, fidelidade e gratidão, daí porque os eventos religiosos e culturais
estudados assumem grande importância para a análise antropológica na sede municipal
de Baião. As relações entre amigos, parentes, vizinhos e seguidores ou fiéis religiosos,
por exemplo, acabam por reforçarem as relações de identidade dos participantes com
seus locais de origem, moradia e até de proximidades que, em última análise, acabam
por reforçarem suas experiências de vida.
Com a continuação da pesquisa iniciada anteriormente foi possível confirmar
também que as relações dos participantes nos processos de interação constatados na
investigação das manifestações religiosas e culturais na sede baionense proporcionam a
ampliação dos capitais culturais e simbólicos das pessoas envolvidas e se pautam em
trocas de informações nas ações que incluem crianças, adolescentes e adultos, que se
apresentam como sujeitos ativos na recepção e transmissão de saberes ligados à
religiosidade e aos aspectos característicos das manifestações da cultura popular
constatadas no município. Nesse sentido o município de Baião como um todo e
especificamente sua sede municipal apresentam uma série de atividades que provocam a
interpretação da sociabilidade que os eventos estudados acarretam, constatando-se
nestes, especialmente os religiosos uma ênfase significativa envolvendo a reciprocidade,
a fidelidade e gratidão, como sugerem as imagens a serem apresentadas a seguir.
2 Ver PALHETA FERREIRA, Clélio. “A festa continua companheiro!” – Em Baião, Pará, sociabilidade e
reciprocidade caracterizam relações de aproximação e aprendizado inseridas em eventos festivos culturais
e religiosos. Anais do II Encontro de Antropologia Visual da América Amazônica. Outubro de 2016.
Publicado na Revista Eletrônica Visagem, nº 2.
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Dados gerais da pesquisa
No artigo apresentado no II EAVAAM3 estão detalhados alguns dados
importantes sobre a origem e localização do município de Baião que completará 239
anos de fundação no próximo dia 30 de outubro de 2018. Porém, é importante repetir
aqui os dados de sua localização na mesorregião do Baixo Tocantins, rio que banha e dá
nome à região, e na microrregião de Cametá, podendo ser acessado pelas rodovias PA-
151, BR-422 e pelo rio Tocantins. A distância da capital paraense por via terrestre situa-
se em torno de 270 quilômetros e pode ser feita, através de balsas via porto Arapari, em
Barcarena, ou pela rodovia conhecida como Alça Viária. O acesso às regiões Sul e
Sudeste do estado do Pará pode ser feito pela rodovia PA-151 até o município de Breu
Branco ou pela rodovia Transcametá (BR-422) via município de Tucuruí, no Pará.
Importante também ressaltar que se trata de um município paraense com maior
número de remanescentes quilombolas, refletindo-se isto em várias comunidades que
ainda mantêm atividades ligadas às manifestações culturais de seus antecedentes, sendo
marcantes os traços afros descendentes em seus habitantes, da mesma forma que se
constata as influências étnicas indígenas e brancas.
Além da sede municipal, Baião é composto por diversas vilas e comunidades,
como, São Francisco, Maracanã, Calados, Cardoso, Joana Peres, Ituquara, Umarizal,
Igarapé Preto, Araquembau, dentre outras. Entre seus eventos culturais e religiosos mais
significativos, destacam-se alguns que serão tratados mais adiante, como: Círio de Santo
Antônio de Pádua, Padroeiro do município; Círio de São Raimundo Nonato, co-
Padroeiro do município; apresentação do Pássaro Japiim, que voltou a se apresentar em
dezembro de 2017 com grande afluência de público, portanto, bastante significativos em
termos de participação popular na sede municipal. Outros eventos importantes que, por
minhas limitações de saúde não pude acompanhar para incluir neste artigo são: o Círio
de Nossa Senhora de Nazaré, que ocorre no mesmo dia em que acontece o Círio de
Nazaré em Belém, capital do estado do Pará; a Noite dos Católicos; e a apresentação do
Auto do Círio, que faz parte das atividades culturais da festividade de Santo Antônio de
Pádua. Estes dois últimos fizeram para do artigo apresentado no II EAVAAM, estando
disponíveis suas imagens naquele documento.
3 Ver PALHETA FERREIRA, Clélio. “A festa continua companheiro...”, trabalho op. Cit., apresentado
no II EAVAAM, Belém, Outubro de 2016. Publicado na Revista Visagem nº 2.
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Para uma apresentação dos resultados desta pesquisa e considerando as
limitações de saúde referidas, neste artigo são apresentados a seguir registros imagéticos
de alguns desses eventos que sugerem uma análise no âmbito da antropologia visual,
conforme os objetivos do III EAVAAM, bem como a aplicação dos conceitos referidos
na proposta deste artigo.
Festividade de Santo Antônio de Pádua
Em 2017 a festividade do padroeiro do município teve início como em todos os
anos no dia 31 de maio com a Romaria ou Círio fluvial saindo da localidade de Igarapé
Preto onde ficou sob a responsabilidade da Comunidade Católica de Nossa Senhora
Aparecida, sendo a imagem de Santo Antônio transportada de balsa até o trapiche
municipal na sede de Baião, tendo à frente o Pároco do município, Padre Vicente de
Paula Xavier Pereira e chegando à matriz localizada na Praça de Santo Antônio,
acompanhada de um contingente significativo de fiéis seguidores que prestam suas
homenagens, iniciando-se a festividade na sede municipal.
Fotos 1 e 2 – Registros da chegada do Círio Fluvial de Santo Antônio de Pádua – 31/05/2017
Foto 3 – Reverências dos fiéis ao Santo Padroeiro – 31/05/2017
Em 2018, o início da festividade de Santo Antônio de Pádua, com o Círio
Fluvial, foi realizado no dia 27 de maio, domingo, pelo fato do dia 31 de maio, data em
que sempre inicia essa festividade coincidir com o dia consagrado a Corpus Christi.
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Essa procissão foi acompanhada desde o momento de sua chegada ao trapiche da sede
municipal até sua entrada na matriz. Nota-se um acompanhamento interessante e
significativo pelo número de fiéis que sobem a rampa do trapiche municipal até a matriz
de Santo Antônio, tendo à frente o Pároco do município seus ajudantes de celebração e
sua equipe de trabalho na organização dos eventos ligados à Paróquia. Dentre estes,
destaca-se a presença da Guarda de Santo Antônio de Pádua, que transporta o andor e
contribui significativamente para a sequência do evento. Trata-se de uma ação
importante na medida em que requer um esforço muito grande, representando o
sacrifício dos fiéis dedicado ao santo padroeiro de Baião.
Foto 4 – Subida da rampa do Trapiche Municipal da Sede do Município de Baião – 27/05/2018
Foto 5 – Condução do andor de Santo Antônio de Pádua – Círio Fluvial – 27/05/2018
A banda de música Rabelo e Nogueira no acompanhamento da procissão
executa, dentre outras músicas, o hino de Santo Antônio no decorrer do trajeto que, este
ano partiu da localidade de Cardoso, pertencente ao município de Baião, situada à
margem do rio Tocantins. O início do Círio Fluvial em 2018 ficou assim sob a
responsabilidade da Comunidade Católica de Nossa Senhora das Graças, um dos setores
de abrangência da Paróquia de Santo Antônio de Pádua, sendo recebido no trapiche
municipal, prolongando-se até a matriz, localizada na sede do município.
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Foto 6 – Chegada do Círio Fluvial de Santo Antônio de Pádua à Matriz – 27/05/2018
Foto 7 – Chegada Círio de Santo Antônio de Pádua e reza final da Guarda do Santo – 27/05/2018
Momento significativo e emocionante ocorre quando a Guarda de Santo Antônio
de Pádua chega ao interior da matriz e reza o Pai Nosso, consolidando um ato de missão
cumprida.
Após isso, o Pároco agradece a participação de todos, dá os avisos necessários à
sequência da festividade e abençoa os fiéis finalizando a romaria fluvial.
Foto 8 – Benção final do Círio Fluvial de Santo Antônio pelo Pároco do município – 27/05/2018
Depois da benção final do Círio Fluvial 2018, os fiéis registram seus momentos
de devoção, respeito, fidelidade e gratidão ao Santo Padroeiro posando diante de sua
imagem, como é o caso de um guarda de Santo Antônio que fez questão de trazer uma
criança para prestar sua reverência, como demonstram as imagens a seguir,
representando o respeito devotado pelos fiéis durante todo o evento.
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Fotos 9 e 10 – Reverências do Guarda do Santo e criança - respeito ao Padroeiro – 27/05/2018
A festividade continua na parte da tarde com a Moto Romaria de Santo Antônio
que saiu da matriz até a Comunidade Católica de São Francisco de onde sai o Círio
terrestre do padroeiro em retorno à matriz no dia 01 de junho, data que marca o início da
trezena que se estende até o dia 13 de junho consagrado ao Santo.
Em 2017, como em todos os anos, homenagens e reverências ao Padroeiro do
município foram realizadas através da moto romaria que trasladou a imagem até a
Comunidade Católica de Nossa Senhora do Carmo, no bairro do Limão, onde ocorreu o
início da romaria do Círio Terrestre.
Foto 11 – Traslado da imagem de Santo Antônio – Moto Romaria – 31/05/2017
Durante a noite foi feita uma vigília que culminou na alvorada que ocorre ao
amanhecer na praça da matriz, uma tradição nas festas no município, tendo como
destaque a presença de uma banda de música e foguetório que desperta a cidade,
chmando-a para a participação no Círio terrestre.
Foto 12 – Alvorada ao amanhecer na Praça da Matriz – 31/05/2017
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No decorrer do período da festividade são desenvolvidas várias atividades de
adoração e celebrações com missa diária na matriz e atividades culturais componentes
da programação geral sendo envolvidos os diversos setores componentes da paróquia,
que conta com uma equipe numerosa de pessoas que se responsabiliza pelo bom
andamento dos trabalhos.
A preparação da festividade é toda feita com cuidados especiais contando com
uma estrutrura de apoio no Salão Paroquial e a participação de significativo número de
fiéis e devotos do santo padoreiro.
A “Cozinha Sorriso”, por exemplo, encarrega-se da preparação da comida que
será oferecida aos frequentadores e participantes da festividade a preços razoáveis para
ajudar na cobertura dos custos básicos da festividade.
Fotos 13 e 14 – Voluntárias paraticipantes da Cozinha Sorriso – 31/05/2017
Além dessa, outras atividades envolvem a sociabilidade, a reciprocidade, a
solidariedade e a transmissão de saberes que estão sempre presentes nas diversas ações
que ocorrem no decorrer de todo o processo de interação presente na festividade como
um todo, incluem-se as atividades religiosas e culturais componentes da programação
que ocorre no período e nas preparações que a antecedem.
Algumas imagens registram a devoção dos fiéis na chegada do Círio terrestre de
Santo Antônio de Pádua na matriz no dia 01 de junho de 2018. Mostram a grande
afluência das pessoas no evento e a demonstração da força social que representa para a
população baionense. Percebe-se nessas demonstrações especialmente a reciprocidade,
na medida em que os fiéis devotos estão ali presentes para pedir e agradecer pela
intercessão do santo em suas vidas. Tais aspectos, foram captados no decorrer das
atividades finais do Círio em que o Padre Vicente de Paula Xavier Pereira agradece a
todos pela participação na procissão e pede a proteção de Santo Antônio para esses
participantes e toda a população baionense.
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Fotos 15 e 16 – Chegada do Círio de Santo Antônio à Matriz e Agradecimentos do Pároco – 01/06/2018
Fotos 17 a 20 – Devoção dos fiéis ao Santo Padroeiro – 01/06/2018
Festividade de São Raimundo Nonato
A Festividade de São Raimundo Nonato, co-Padroeiro do município, é muito
importante, pois, é considerado o santo protetor dos partos, parturientes e parteiras, e se
realiza todo ano no período de 22 de agosto, iniciando-se com a procissão do Círio de
São Raimundo e se estendendo até o dia 31 do mês, dia consagrado ao santo no
calendário. Compreende uma afluência de fiéis e seguidores bastante significativa e
interessante para os objetivos desta pesquisa, por enfatizar também momentos de
sociabilidade, reciprocidade, solidariedade, fidelidade e gratidão que esses seguidores
dedicam à intercessão de São Raimundo em suas vidas de forma próxima às ações
dedicadas ao Padroeiro Santo Antônio de Pádua.
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Trata-se de um evento com algumas particularidades bem interessantes como o
fato de ter sido iniciada a partir de uma promessa feita pela devota do santo, Dona
Teonila de Brito Lemos (sic), matriarca de uma família tradicional de Baião, e ter
continuado a partir dos esforços de sua filha, Professora Lucimar Lemos (foto abaixo,
juntamente com sua filha, Ivete Lemos), que, atualmente, com 90 anos de idade, ainda
participa das atividades ligadas à festividade, juntamente com sua família.
Evidentemente, em conjunto com as atividades da Paróquia de Santo Antônio de Pádua,
comandada pelo Padre Vicente de Paula Xavier Pereira, seu Pároco, e pelo Padre
Olegário Melo dos Prazeres, Vigário.
Foto 21 - Professora Lucimar Lemos e sua filha Ivete Lemos – 22/08/2018
Foto 22 - Padre Olegário Melo dos Prazeres – Vigário da Paróquia de Santo Antônio de Pádua
(Acompanhamento do Círio de São Raimundo com Ivete Lemos) – 22/08/2018
Foto 23 – Benção final do Círio de São Raimundo pelo Padre Vicente de Paula Xavier Pereira –
22/08/2018
Outra particularidade importante da procissão do Círio de São Raimundo é o
fato de seu andor ser carregado por mulheres, de acordo com a devoção do santo
protetor dos partos, parturientes e parteiras, além da grande maioria dos fiéis presentes
na benção final da procissão, já no interior da matriz, ser composta de mulheres, como
está demonstrado nas fotos abaixo. Afirma-se assim a assertiva de reciprocidade,
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solidariedade, fidelidade e gratidão presentes nos eventos religiosos dos mais
significativos registrados na sede do município de Baião.
Fotos 24 a 27 – Condução do andor no Círio de São Raimundo; recepção da benção final
pelos devotos (as) – 22/08/2018
As festividades de Santo Antônio de Pádua e de São Raimundo Nonato
encerram-se mais ou menos com os mesmos formatos, com a alvoradas no último dia de
cada uma, na Praça da Matriz, e com as Missas Solenes Finais, geralmente às 08:00
horas. Seguem-se nesses dias atos de congraçamento e sociabilidade festiva no Salão
Paroquial com grandes afluências de pessoas, realizações de bingos e vendas de
comidas aos frequentadores, cujos resultados financeiros ajudam a cobrir os gastos com
essas festividades.
Pássaro Japiim
O Pássaro Japiim tem sua história reconhecida no contexto da cultura popular no
município. Trata-se de um cordão de pássaro que estava praticamente inativo até
dezembro de 2017 quando voltou a se apresentar nas ruas da sede municipal.
No decorrer da pesquisa etnográfica para este artigo entrevistei dois ex-
componentes significativos do Pássaro Japiim desde o início de suas apresentações
pelas ruas da sede de Baião.
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O senhor Raimundo Pinto da Silva - Mestre Mico, 86 anos, é reconhecido como
um proponente da cultura popular e uma referência fundamental para falar sobre a
história do Japiim. Começou nossa conversa sobre a forma como surgiu a idéia de
criação do pássaro: “o Japiim começou quando nós que estávamos trabalhando na mata,
na hora da recreação - nós éramos cinco -, [citou, Mestre Zico, Banguela, Miguel e
compadre Adão]. Nessa hora, veio um japiim e sentou numa árvore, aí o Zico que é meu
parente, disse assim: vumbora por o cordão do japiim? [...] Aí alguém respondeu pra ele
vumbora, mas aqui só o Mico pra resolver isso. [...] Aí eu falei vamos procurar o Antero
Pinto, nosso parente, que tocava flauta, e era bom de flauta mesmo, [...] Aí quando
saímos do trabalho, depois da janta, fomos procurar o Antero Pinto na casa dele e
falamos que nós queríamos botar o cordão do japiim e já havia uma música que o
Antero começou a dedilhar no violão”.
Certo dia, após o almoço, em sua casa, ele conversou com sua mulher - dona
Maria Brígida da Silva, já falecida, com quem foi casado durante 59 anos e tiveram 11
filhos -, sobre a idéia de botar o pássaro e ela perguntou sobre o quê precisava para que
isso acontecesse, pois, segundo Mestre Mico, “ela costurava muito bem e podia fazer
em suas máquinas roupas, chapéus, etc., e era uma pessoa que gostava de carimbó,
samba, boi, pássaros, pavão, tudo”. Então, juntou-se a ele e àqueles seus companheiros
que haviam participado da idéia de formar o Cordão do Japiim o Antero Lopes, já
falecido, um excelente músico, reconhecido no município por essa competência, que
perguntou ao mestre Mico pelas músicas que já existiam e este cantarolou uma música
para ele: “abre alas, abre alas, que nós queremos passar, é o mimoso Japiim que saiu pra
passear (bis)”. O Antero gostou e topou botar o cordão pedindo para avisar quem
quisesse participar. Então o cordão foi formado com cerca de 50 pessoas, entre solteiros
e casados.
O outro interlocutor contatado foi o senhor Manoel Soares, conhecido como
Banguela, 69 anos, citado pelo mestre Mico como um participante ativo das
brincadeiras de cultura popular, em sua juventude, e que, além de participar como
brincante, ainda contribuia bastante com ajudas financeiras na medida em que sendo um
comerciante bem sucedido podia contribuir com numerário para pagamentos de licenças
exigidas para as apresentações das brincadeiras populares, como o próprio pássaro,
apresentações de boi, etc. Manoel reconhece a importância de várias pessoas que se
dedicavam à cultura popular no município, como Dário Tavares, Haroldo Brito, Dona
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Clívia, também conhecida como Dona Bica, além da competência de Antero Pinto
nesses folguedos como músico e compositor que fazia as músicas, desde a partitura,
tocava, ensinava e cantava, samba, frevo, marcha de carnaval, “muito competente, fazia
tudo! Um fenômeno que tocava vários tipos de instrumentos”.
Em ambas as entrevistas, muito ricas em termos de informações sobre a cultura
popular de Baião percebi a participação ativa das famílias e vizinhanças, através de
envolvimentos nos processos de organização das brincadeiras que existiam naquela
época e uma lamentação pela falta de incentivos a essa cultura de raiz que vem, no
decorrer do tempo, perdendo terreno para a invasão maciça da indústria cultural tal
como se repete em vários municípios paraenses, espaço esse importante para se afirmar
nos próprios municípios e manter a identidade cultural de cada um deles. Afirma
Manoel, “eu brinquei com isso e acredito que falta alguém que possa mexer com isso
para que seja valorizado através de um investimento que incentive a retomada desse tipo
de coisa. Isso, por exemplo, acabou e ninguém sabe que fim levou”. E mais adiante,
referiu ao Cordão do Japiim de antigamente, que, com tudo pronto, “eu te garanto que
era meia população de Baião que estava esperando para assistir a exibição do pássaro
para se exibir na praça, era muita gente, para você entrar no colégio. Depois da chegada
do cordão era um absurdo, era muita gente, vinha gente de toda parte”.
Mestre Mico, em sua entrevista citou vários nomes de pessoas que se dedicavam
ou ainda se dedicam à cultura popular no município, além dos que já foram citados:
“finado Manelito, Graciano, Pedro Lemos, Zé Piano, Manuel Lobo, seus filhos Zeca e
Rosiela”. E foi lembrada também a participação de Dona Diquinha, Dona Liduína, da
professora Joana D’Arc Medeiros e do historiador Dilamilton Paiva Junior, que
ajudaram na apresentação de 2017 e demonstraram interesse em participar de novas
apresentações do Japiim. Foi citada também a ajuda do Padre Vicente de Paula que
cedeu o Salão Paroquial para os ensaios da apresentação de 2017.
E assim, para alegria de todos, no segundo semestre de 2017, depois de uma
longa inatividade e contando com a ajuda de várias pessoas que amam a cultura popular,
o Pássaro Japiim retornou às suas atividades na sede municipal de Baião, partindo de
ensaios no Salão Paroquial, com Mestre Mico reunindo um significativo contingente de
adultos, crianças e adolescentes para participar desse retorno extremamente importante
para a cultura local.
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As imagens a seguir registraram esse momento:
Fotos 28 a 31 – Ensaios do Pássaro Japiim – Participação do Mestre Mico – 27/10/2017
No dia 10 de dezembro de 2017, o Pássaro Japiim retornou às ruas da sede
municipal de Baião, com uma apresentação bastante rica, com belas indumentárias,
contando para isso com a colaboração de seus brincantes e familiares que contribuíram
significativamente para que esse evento da cultura popular baionense acontecesse.
Todos os brincantes e seus colaboradores merecem um agradecimento especial por essa
participação, o que demonstra um ambiente de sociabilidade festiva muito interessante
digno de exposição no âmbito da antropologia visual de Baião e da América
Amazônica. Nesse sentido, destacam-se os esforços do Mestre Mico e sua equipe de
montagem do Pássaro Japiim para que fosse concretizada essa apresentação.
Fotos 32 e 33 – Estandarte do Pássaro Japiim e Bandeira de Baião – Mestre Mico e brincantes –
10/12/2017
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Fotos 34 e 35 – Brincantes do Pássaro Japiim – 20/12/2017
As imagens acima mostram a riqueza da indumentária do pássaro e o
compromisso com o seu retorno às ruas de Baião, registrando-se o seu estandarte e a
bandeira do município. As imagens abaixo registram o conjunto de componentes que
participaram desse momento significativo para a cultura local e a exibição do Japiim em
frente a Igreja Matriz localizada na praça principal da sede municipal de Baião.
Foto 36 – Conjunto de brincantes do Pássaro Japiim, antes da apresentação nas ruas – 10/12/2017
Foto 37 – Apresentação do Pássaro Japiim na Praça da Matriz em Baião – 10/12/2017
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Finalmente, na apresentação do Pássaro Japiim, cabe destacar a indicação de
uma identidade muito forte com a cultura popular e com a população baionense,
enfatizando-se a necessidade do tão reclamado incentivo que esse tipo de manifestação
merece para a sua continuidade.
Considerações finais:
O material acima exposto acerca de uma etnografia realizada na sede do
município de Baião sugere caminhos para uma interpretação antropológica dos eventos
culturais festivos e lúdico-religiosos, especialmente no que tange às aplicações dos
conceitos de sociabilidade e reciprocidade, considerando o ambiente relacional entre
indivíduos e suas respectivas comunidades. Especificamente, sugere a análise das
relações entre os conceitos de sociabilidade como forma “lúdica” de sociação em
Simmel (1983) e reciprocidade em Mauss (2003) quando se observa que as várias
manifestações culturais festivas aqui relatadas envolve a participação de moradores do
local de estudo e ainda o envolvimento de parentes, vizinhos, conhecidos e amigos,
oriundos de locais situados nos vários bairros que compõem a cidade pesquisada e até
participantes vindos de outros locais, do interior do município ou até de outros
municípios.
Por outro lado, observa-se um local onde moradores e visitantes conversam e
trocam informações em interação, diariamente, uns com os outros, especialmente em
dias de eventos festivos. Incluem-se aí relações de bem ou até conflituosas entre os
participantes das manifestações.
Em todos os eventos considerados foi notada a existência de redes de
sociabilidade inseridas nas manifestações e a ampliação de relações de interação que
elas proporcionam aos participantes dos eventos aqui tratados. Nesse sentido, percebe-
se que a sociabilidade tal como constatada no ambiente festivo estudado envolve formas
lúdicas de sociação e permite o estabelecimento de vínculos de reciprocidade, fidelidade
e gratidão, ao enfatizarem comprometimentos que, além dos aspectos relacionais,
sociais ou religiosos, compreendem traços de ludicidade e solidariedade que reforçam
os envolvimentos nessas manifestações culturais e religiosas.
Nos eventos registrados foram constatadas várias formas de participação nas
festas realizadas, onde se confirma a importância que estas assumem nos
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relacionamentos entre os indivíduos e suas comunidades. Por exemplo, nos eventos
religiosos ou ligados de alguma forma à Paróquia de Santo Antônio de Pádua os
moradores são convidados a participarem, especialmente quando assumem as formas de
procissões ou eventos festivos em geral. Importante ressaltar que todos os convidados
são muito bem recebidos o que caracterizam relações de convivência bastante
agradável.
Em todos os eventos registrados são utilizados espaços públicos e privados, e,
podem envolver inclusive as residências dos participantes nos atos de preparação para
que tais eventos aconteçam. Os aspectos religiosos, culturais e festivos demonstram a
importância das festas como reforço das relações de interação, vizinhança e amizade
entre os envolvidos e ampliam seus horizontes de cidadania, sendo isto uma
característica marcante da comunidade baionense de modo geral. Cabe notar que os
participantes desses processos de interação têm oportunidades de estabelecerem e
ampliarem suas relações pessoais com “outros” indivíduos, consolidando-se, através de
laços relacionais de sociabilidade e comprometimentos, suas identidades com a cidade
onde residem. Constatam-se então relações lúdicas, afetivas, religiosas e associativas
que interferem nas ações que se estabelecem a partir delas.
De modo geral, enfatiza-se um ambiente de colaboração entre pessoas que
ajudam na realização das festas, através de coletas ou da realização de pequenos eventos
para a obtenção de recursos necessários à compra de materiais nelas utilizados. Esse
senso de colaboração se caracteriza por essa ajuda e pela divisão de atividades com os
vizinhos, parentes e amigos, pois os trabalhos como um todo envolvem uma série de
atividades. Considere-se aqui um ambiente de sociabilidade festiva, solidariedade e
reciprocidade que promove a aproximação das pessoas o que lhes permite uma
convivência bastante agradável, embora não totalmente isenta de conflitos.
Tais relações, entre fiéis devotos, moradores, amigos, parentes e vizinhos, abrem
perspectivas de redes de sociabilidade, reforçam suas identidades e suas relações
cidadãs, especialmente em seus locais de residência. Esses fatos abrem aos participantes
dos processos aqui referidos as possibilidades de troca ou reciprocidade (MAUSS,
2003) e ampliam suas redes de sociabilidade (SIMMEL, 1983), destacando-se a
sociabilidade festiva (RODRIGUES, 2008; e COSTA, 2009), onde se destacam também
os laços de fidelidade e gratidão (SIMMEL, 2004).
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É notório que esse conjunto de relações se pauta em interesses de ampliação do
capital social, e, consequentemente, do capital cultural e simbólico dos envolvidos, pois,
incluem trocas de informações, através de ações culturais que assumem importância
especial por incluírem crianças e adolescentes além de adultos, residentes ou não no
local, sujeitos ativos que participam dos processos de recepção e transmissão de saberes
tradicionais ligados à cultura lúdico religiosa, tão significativa no ambiente festivo que
envolve como característica, a rua, o bairro e a cidade (BOURDIEU, 2010).
Interessante no contexto em análise os caminhos sugeridos por Simmel (1983)
quando define a sociabilidade como a “forma lúdica de sociação”. Segundo ele, a
“sociação” se configura como um processo composto de vários microprocessos em um
contexto micro de relações entre indivíduos interessados em permanecerem e ampliarem
relações desse tipo. A sociabilidade se caracteriza por formas de interação, onde os
envolvidos demonstram “gostar de estar juntos”, identificam-se, interferem e marcam
suas presenças nos eventos que, ao se multiplicarem, compõem um todo estruturado
maior de relações ocorridas em seus locais de pertencimento.
Assim, ocorrem formas de interação ou sociabilidade que implicam em
mudanças nas trajetórias de vida de cada indivíduo, sendo de extrema importância a
solidariedade e o respeito mútuo nas relações com os “outros”.
É relevante considerar a importância da afetividade nos processos de interação
registrados, especialmente, ao perceber as construções associativas e dissociativas daí
decorrentes. Além disso, estas proposições relacionam-se com os conceitos simmelianos
de “fidelidade”, “gratidão” e “reciprocidade”, necessariamente presentes nas redes de
sociabilidade, em constantes processos de mudança nas manifestações aqui tratadas.
Refere-se isto a locais, como a sede municipal de Baião, onde eventos culturais
convivem com os religiosos, sendo estes últimos bastante respeitados pelos primeiros e
que, por isso mesmo, podem ser reciprocamente respeitados por estes. Por outro lado,
percebe-se que as relações ligadas às festas não se limitam apenas a seus aspectos
lúdicos, mas implicam em formas de ações individuais e coletivas, principalmente
quando envolvem os participantes com várias características: fiéis seguidores religiosos,
parentes, vizinhos e amigos em práticas de ações culturais que lhes ocasionam
transformações em suas vidas.
19
Enfatizam-se, desse modo, os destaques dados por Mauss (2003) no “ensaio
sobre a dádiva” quando ele busca o entendimento da constituição da vida social através
de relações de trocas e reciprocidades em processos constantes de dádivas e
retribuições, onde os atos de “dar” e de “retribuir” correspondem a obrigações que
interferem nas instituições componentes do todo social. No contexto social estudado, a
“dádiva” se caracteriza pelo caráter obrigatório de “dar e receber” em trocas que se
estabelecem entre indivíduos ou grupos sociais. Esse caráter pode incluir presentes, mas
também se configura em formas de visitas, festas, comunhões, esmolas, heranças,
tributos, inúmeras “prestações” que podem ser “totais” ou até “agonísticas”. Conforme
Mauss: “as trocas e os contratos se fazem sob a forma de presentes, em teoria,
voluntários, na verdade, obrigatoriamente dados e retribuídos” (MAUSS, 2003, p. 187).
A análise de qualquer espaço de relações sociais, segundo Mauss, deve
considerar a existência de “um enorme conjunto de fatos” que na verdade são “fatos
muito complexos”, onde, “tudo se mistura, tudo o que constitui a vida propriamente
social”. Trata-se aqui de sua grande contribuição à interpretação sociológica quando ele
encontra o fio condutor de sua análise dos “fenômenos sociais totais” na interpretação
da sociedade por exprimirem, ao mesmo tempo, instituições “religiosas, jurídicas e
morais” (idem, p. 187).
Essa proposta de interpretação mostra-se de forma clara nas manifestações
culturais e nas relações religiosas identificadas pela etnografia na sede municipal de
Baião, especialmente quando o autor destaca que as trocas não se referem apenas a
“bens, riquezas ou produtos [...] entre os indivíduos”, mesmo porque “não são
indivíduos, são coletividades que se obrigam mutuamente, trocam e contratam”, pois se
trata de relações entre “pessoas morais [...] que se enfrentam e se opõem” de diversas
formas. Além disso, como essas trocas e reciprocidades não compreendem apenas bens
materiais, mas são “antes de tudo amabilidades [...], ritos [...], danças, festas, feiras
[...]”, delas resulta um vínculo bem mais geral e permanente (idem, p. 190-191). Trata-
se na verdade de “sistemas sociais inteiros” que ele descreveu e analisou com muita
propriedade e que sugerem um entendimento de modo mais claro do meu objeto de
estudo centrado nas relações de sociabilidade, reciprocidade, fidelidade e gratidão na
cidade de Baião, especialmente quando a atenção se pauta na análise dos eventos
religiosos aqui referidos.
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Enfim, as contribuições de Mauss sobre os conceitos de troca e reciprocidade
assumem grande importância teórica para a interpretação antropológica da realidade
social em estudo, uma vez que suas propostas permitem o diálogo com os conceitos de
capital social, cultural e simbólico propostos por Bourdieu (2010) e de sociabilidade,
reciprocidade, fidelidade e gratidão propostos por Simmel (1983 e 2004), além das
diversas relações e interrelações que sugerem até uma ampliação do horizonte desta
pesquisa.
Referências
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