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Ano XXI - n° 36 - Setembro 2007

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índiceOs primeiros Irmãos Maristas bem-aventurados.

Ir. AMEstaún

página 2

Carta a meus Irmãos.

Ir. Seán Sammon

página 5

Procurando compreender a História.

Feliciano Montero García

página 10

Mártir é aquele que não salva a sua vidaa qualquer preço.

Juan María Laboa Gallego

página 18

A presença marista na Espanhanas vésperas da guerra civil.

Ir. Juan Moral Barrio

página 23

IR. BERNARDO

Diocese de Girona

página 25

Ano XXI - n° 36 - Setembro 2007

Diretor:Ir. AMEstaún

Comissão de Publicações:Irmãos Emili Turú, AMEstaún, OnorinoRota e Luiz Da Rosa.

Coordenação dos tradutores:Ir. Carlos Martín Hinojar

Tradutores:Espanhol:Ir. Carlos Martín Hinojar

Francês:Ir. Giovanni BigottoIr. Louis RichardIr. Jean RoussonIr. Fabricio Galiana

Inglês:Ir. Ross Murrin

Português:Ir. Manoel SoaresP. Eduardo CampagnaniIr. Aloisio Kuhn

Fotografia:AMEstaún, Arquivos daVicepostuladuría da Espanhaem Santa María de Bellpuigde Les Avellanes,José Sedano Gutiérrez

Diagrama e fotolitos:TIPOCROM, s.r.l.Via A. Meucci 28, 00012 Guidonia,Roma (Italia)

Redação e Administração:Piazzale Marcellino Champagnat, 2C.P. 10250 - 00144 ROMATel. (39) 06 54 51 71Fax (39) 06 54 517 217E-mail: [email protected]: www.champagnat.org

Edita:Instituto dos Irmãos MaristasCasa geral - Roma

Imprime:C.S.C. GRAFICA, s.r.l.Via A. Meucci 28, 00012 Guidonia,Roma (Italia)

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IR. LAURENTINO

Diocese de Burgos

página 33

IR. VIRGILIO

Diocese de Pamplona

página 39

DIOCESE DE BURGOS

Alberto María, Fortunato Andrés, Frumencio, Gabriel Eduardo,Gil Felipe, Isaías María, José Federico, Licarión, Lino Fernando,Porfirio, Salvio, Santiago María, Santos, Vivencio página 45

DIOCESE DE CARTAGENA

Juan de Mata página 61

DIOCESE DE GIRONA

Anselmo, Carlos Rafael, Epifanio, Laureano Carlos página 65

DIOCESE DE LLEIDA

Leónides, Victor Conrado, Victorino José página 73

DIOCESE DE PALENCIA

Ángel Andrés, Miguel Ireneo página 79

DIOCESE DE PAMPLONA

Baudilio, Felipe José, Félix León, Ismael, Leopoldo José,Ramón Alberto, Santiago, Teódulo página 83

DIOCESE DE SAN SEBASTIÁN

Vito José página 93

DIOCESE DE SOLSONA

Dionisio Martín página 97

DIOCESE DE TERRASA

Bernabé página 101

DIOCESE DE ZARAGOZA

José Carmelo, Martiniano página 105

DIOCESE DE URGELL

Hermógenes, Vulfrano página 109

DIOCESE DE VIC

Antolín, Gaudencio, Jaime Ramón, Juan Crisóstomo, Prisciliano página 113

História do processo de beatificação página 120

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OsprimeirosIrmãos Maristasbem-aventurados

E D I T O R I A L Ir. AMEstaún

A beatificação de umgrupo de Irmãos Ma-ristas, pela primeira

vez, desde a fundação, abreum capítulo solene, nas pági-nas da história de nosso In-stituto. A história dessa notí-cia, iniciada com o fuzilamen-to desses servos de Deus, e

coroada com a celebração dabeatificação, em Roma, temsido longa e complicada. Oamadurecimento dessa notí-cia, hoje proclamada aos qua-tro ventos, levou mais de se-tenta anos. O desenvolvimen-to dos numerosos passos, se-guido por dois longos “pro-

cessos”, pode-se entrevercom a leitura de uma abun-dante documentação, elabo-rada sob a orientação dosespecialistas da Congregaçãopara as Causas dos Santos. Oavanço dos trabalhos foimarcado com os decretos ofi-ciais. O Ir. Bernardo, de umalado, seguiu caminho pró-prio; os Irmãos Laurentino,Virgílio e seus 44 compa-nheiros maristas, por outro la-do, foram arrolados em umasó causa, porque martiriza-dos em uma mesma noite.Hoje, concluídos esses doisprocessos, os protagonistassão reconhecidos oficialmen-te como mártires, como cris-tãos mortos pela sua fé. Estanotícia, enunciada na epígra-fe acima, permanecerá parasempre, na história dos Ir-mãozinhos de Maria.

A carta do IrmãoSeán Sammon,Superior Geral

O Irmão Seán Sammon, Super-ior Geral, em carta de 6 de jun-ho de 2007, parabenizou essas

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Setembro de 2007 3

testemunhas do Evangelho, emnome de todos os maristas e es-tendeu essa felicitação a todoo Instituto, pelo novo sinal devida que o Senhor suscitou en-tre nós. Na citada carta, o IrmãoSeán fez constar o nome dos 47Irmãos, cujo testemunho foi re-conhecido oficialmente pelaIgreja, e observa que “eles seconverteram em semente de vi-da nova, não apenas para nos-so Instituto e sua missão, maspara a Igreja universal”.Por essa razão, o lema “Semen-tes de vida” converteu-se emuma proposta motivadora pararetomar o caminho espiritual,vivido por todo o Instituto, atéa beatificação, e para os novositinerários do Espírito que seespelharem nesse aconteci-mento.

Mártires por sua féem Jesus Cristo

A morte desses Irmãos, hojereconhecidos pela Igreja comomártires por sua fé em JesusCristo, ocorreu em circunstân-cias complexas, fazendo histó-ria, quando esta atravessavaáguas revoltas e agitadas.O Irmão Juan Moral descreveas circunstâncias em que atua-vam os Irmãos Maristas, naEspanha, quando ocorreram osacontecimentos que envolve-ram nossos irmãos com a en-trega de suas vidas.Os fatos foram interpretadoscom chaves de leitura muitovariados, em livros, revistas eoutros meios de comunicaçãode massa.Nessa tarefa nos acompanha

Feliciano Montero, com sua re-flexão “procurando compreendera história”, enquanto Juan Ma-ría Laboa, por sua vez, nos ofe-rece uma visão do que signifi-ca, hoje, ser um mártir.

Um por umos Irmãosprotagonistas

Em seguida, nestas páginas, sãoapresentados, um por um, os ir-mãos protagonistas dessa festade beatificação, com uma brevenotícia biográfica, os lugares emque nasceram para a vida e paraa fé, suas raízes familiares, seuspassos iniciais na vida marista, asdatas de seus compromissos de-terminantes, os lugares de seuapostolado e o final trágico desuas vidas, diante dos fuzis edas metralhadoras do ódio queencurtaram suas existências.Acompanha-nos, nesta nomina-ta, o testemunho escrito de al-guns companheiros de cami-nhada que sobreviveram aos acon-tecimentos, e especialmente o dequantos escreveram alguma obrasobre os fatos ocorridos, naque-les dias de luto. Irmanam-se asvozes do episcopado de Girona e

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de Palencia, em torno da vida do Irmão Bernardo que ponteia esse gru-po. A voz pastoral do arcebispo de Barcelona ressoa desde a cidade

em que morreram Laurentino, Virgílio e seus 44 companheirosmártires, e onde se realizou todo o processo canônico

diocesano, prévio ao processo romano, que seconclui com a proclamação do martírio.

Suas vidas foramfecundas para Deus,para a Igrejae para o Instituto

FMS Mensagem quis recolher o testemunhomartirológico de nossos irmãos paraidentificar, de forma simples, a pessoa de

cada um deles, como filho da Igreja, teste-munha da fé e seguidor fiel do carisma e da

missão marista. Os 47 mártires pertencem a 14dioceses diferentes do país. Na paróquia de pe-

quenos povoados, nas famílias e nas comunidadescristãs transmitiram-lhes a fé em Jesus Cristo, através

do batismo, e incluíram-nos na lista dos crentes. A profis-são religiosa, emitida com maturidade, confirmou fortemente sua op-ção por Jesus Cristo. O derramamento de seu sangue selou, definiti-vamente, a opção que germinara a partir do batismo. Este testemunhode fidelidade foi encarnado por um numeroso grupo de Irmãos jovensque ofertaram sua vida como terra apenas lavrada para a sementeira.Partilham a honra dos altares com um expressivo grupo de contem-porâneos, pertencentes a outras ordens ou congregações religiosas,cujas vidas foram estraçalhadas pelo mesmo vendaval. É outro sinaleclesial de comunhão, na mesma fé. Hoje, os proclamamos felizes, bem-aventurados para sempre, porque suas vidas foram fecundas para Deus,para a Igreja e para o Instituto. O coro dos mártires Vos louva, Sen-hor; a suas vozes unimos as nossas, na fidelidade de cada dia.

4 • FMS Mensagem 36

Ir. AMEstaúneditorial

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Septiembre 2006 5

Esses nossos Irmãos sãotambém os primeiros a se-rem beatificados. Suas cau-sas serão reunidas, numamesma cerimônia, com asde outras 451 pessoas quederam sua vida pelo Evan-gelho. No grupo há bispos,vários sacerdotes e semina-ristas diocesanos, leigos, jo-

vens, casados, homens e mulheres, além de outros religiosos e religio-sas.1 Este é um momento importante da história de nosso Instituto, emque nos é dada a oportunidade de nos unirmos à Igreja universal, pa-ra agradecermos o dom dos mártires, particularmente desses, que par-tilham nossa opção de vida. O compromisso público de viver plena e ra-dicalmente o Evangelho de Jesus levou esses homens, ora beatificados,até a experiência da cruz. Perseverando até o fim, converteram-se emsementes de vida, não apenas para o Instituto e sua missão, mas tam-bém para a Igreja universal.

6 de junho de 2007

Queridos Irmãos e pes-soas amigas que com-

partilham o carisma de S.Marcel ino Champagnat:Com grande alegria lhesanunciamos que, no dia 28de outubro de 2007, emRoma, celebraremos a beati-ficação de 47 Irmãos nos-sos, vítimas das perseguiçõesreligiosas, ocorridas naEspanha, nos anos 30. A Igre-ja manifesta seu reconheci-mento a esses homens, márti-res e testemunhas heróicasda Boa-Nova de Jesus.

Setembro de 2007 5

Cartaa meusIrmãos

Superior geralIr. Seán Sammon

1 O grupo citado, além dos nossos Ir-mãos, é formado de 98 agostinianos, 62dominicanos, 59 salesianos, 58 Irmãosde La Salle, 31 carmelitas descalços, 29franciscanos, 23 adoradoras, 16 carme-litas, 9 irmãs dominicanas, 9 trinitários,4 missionárias carmelitas, 4 missioná-rios dos Sagrados Corações, 4 marianis-tas, 3 filhas do Coração de Maria, 2franciscanas da Misericórdia, 1 religiosada Ordem de S. Domingos, 1 carmelitada Caridade, 1 Trinitária enclausurada,1 carmelita da Apresentação.

No dia de 28 de outubro de 2007 em Roma beatificação de 47 irmãos

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Nossos Irmãosmártires, sementes de vida

Nossos predecessores na fé, cu-nharam a frase: “O sangue dosmártires é semente de novoscristãos” (Tertuliano, Apol. 50,13). São palavras que expressam

a convicção, amplamente com-partilhada, de que a vida e amorte dos que perseveram, fiéisao Evangelho, são uma fontede riqueza para todos. Inspira-dos nessa mesma convicção, aequipe de Irmãos que está pre-parando a beatificação de nos-sos mártires, lembra que esses

homens foram “sementes de vi-da”, não apenas para o Institu-to, mas para a Igreja inteira. O lema “Sementes de vida”,acompanhar-nos-á, nesse per-íodo que vai até a beatificaçãode nossos 47 mártires. Anexa-mos aqui seus nomes, com da-ta e lugar de nascimento:

Superior geralIr. Seán Sammon

6 • FMS Mensagem 36

BERNARDO: Plácido Fábrega Juliá, 1889, Camallera (Girona).

LAURENTINO: Mariano Alonso Fuente, 1881, Castrecías (Burgos).

VIRGILIO: Trifón Lacunza Unzu, 1891, Ciriza (Navarra).

ALBERTO MARÍA: Néstor Vivar Valdivielso, 1910, Estépar (Burgos).

ÁNGEL ANDRÉS: Lucio Izquierdo López, 1899, Dueñas (Palencia).

ANSELMO: Aniceto Falgueras Casellas, 1879, Salt (Girona).

ANTOLÍN: Antonio Roig Alibau, 1891, Igualada (Barcelona).

BAUDILIO: Pedro Ciordia Hernández, 1888, Cárcar (Navarra).

BERNABÉ: Casimiro Riba Pi, 1877, Rubí (Barcelona).

CARLOS RAFAEL: Carlos Brengaret Pujol, 1917, Sant Jordi Desvalls (Girona).

DIONISIO MARTÍN: José Cesari Mercadal, 1903, Puig-Reig (Barcelona).

EPIFANIO: Fernando Suñer Estrach, 1874, Taialà (Girona).

FELIPE JOSÉ: Fermín Latienda Azpilicueta, 1891, Iruñuela (Navarra).

FÉLIX LEÓN: Félix Ayúcar Eraso, 1911, Estella (Navarra).

FORTUNATO ANDRÉS: Fortunato Ruiz Peña, 1898, La Piedra (Burgos).

FRUMENCIO: Julio García Galarza, 1909, Medina de Pomar (Burgos).

GABRlEL EDUARDO: Segismundo Hidalgo Martínez, 1913, Tobes y Rahedo (Burgos).

GAUDENCIO: Juan Tubau Perelló, 1894, Igualada (Barcelona).

GIL FELIPE: Felipe Ruiz Peña, 1907, Cilleruelo de Bezana (Burgos).

HERMÓGENES: Antonio Badía Andalé, 1908, Bellcaire (Lleida).

ISAÍAS MARÍA: Victoriano Martínez Martín, 1899, Villalbilla de Villadiego (Burgos).

ISMAEL: Nicolás Ran Goñi, 1909, Cirauqui (Navarra).

JAIME RAMÓN: Jaime Morella Bruguera, 1898, Sant Pere d’Osor (Girona).

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Muitos sinais de vidaem nosso Instituto

Esta beatificação ocorre numano em que se manifestammuitos sinais de vida, em nos-so Instituto. A Assembléia daMissão, a celebrar-se em Men-

des, Brasil, em setembro próxi-mo, oferecer-nos-á os frutosdo trabalho de muitas mãos.Pouco depois, começará o Anode espiritualidade, quando po-deremos dispor do documentode espiritualidade apostólicamarista, recentemente elabo-

Carta a meus irmãos

Setembro de 2007 7

JOSÉ CARMELO: Gregorio Faci Molins, 1908, La Codoñera (Teruel).

JOSÉ FEDERICO: Nicolás Pereda Revuelta, 1916, Villanueva la Blanca (Burgos).

JUAN CRISÓSTOMO: Juan Pelfort Planell, 1913, Igualada (Barcelona).

JUAN DE MATA: Jesús Menchón Franco, 1898, Murcia (Murcia).

LAUREANO CARLOS: Pedro Sitges Puig, 1889, Parlavà (Girona).

LEÓNIDES: Jerónimo Messegué Ribera, 1884, Castelló de Farfanya (Lleida).

LEOPOLDO JOSÉ: Florentino Redondo Insausti, 1885, Cárcar (Navarra).

LICARIÓN: Ángel Roba Osorno, 1895, Sasamón (Burgos).

LINO FERNANDO: Víctor Gutiérrez Gómez, 1899, Villegas (Burgos).

MARTINIANO: Isidro Serrano Fabón, 1901, Cañada de Verich (Teruel).

MIGUEL IRENEO: Leocadio Rodríguez Nieto, 1899, Calahorra de Boedo (Palencia).

PORFIRIO: Leoncio Pérez Gómez, 1899, Masa (Burgos).

PRISCILIANO: José Mir Pons, 1889, Igualada (Barcelona).

RAMÓN ALBERTO: Feliciano Ayúcar Eraso, 1914, Estella (Navarra).

SALVIO: Victoriano Gómez Gutiérrez, 1884, Villamorón (Burgos).

SANTIAGO: Serafín Zugaldía Lacruz, 1894, Echálaz (Navarra).

SANTIAGO MARÍA: Santiago Saiz Martínez, 1912, Castañares (Burgos).

SANTOS: Santos Escudero Miguel, 1907, Medinilla de la Dehesa (Burgos).

TEÓDULO: Lucio Zudaire Aramendía, 1890, Echávarri (Navarra).

VÍCTOR CONRADO: José Ambrós Dejuán, 1898, Tragó de Noguera (Lleida).

VICTORINO JOSÉ: José Blanch Roca, 1908, Torregrossa (Lleida).

VITO JOSÉ: José Miguel Elola Arruti, 1893, Régil (Guipúzcoa).

VIVENCIO: Juan Núñez Casado, 1908, Covarrubias (Burgos).

VULFRANO: Ramón Mill Arán, 1909, Castellserà (Lleida).

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rado, junto com as atividadese reflexões que, durante dozemeses, nos ajudarão a centrarsempre mais apaixonadamentenossas vidas em Jesus. A rede do laicato marista, emconstante expansão, a aber-tura de novas comunidades,no sul da Ásia, dentro do pro-grama da missão ad gentes,são exemplos, entre outros,que testemunham da vitalida-de da herança que nos deixa-ram nossos Irmãos mártires daEspanha.A Igreja definiu-os como “már-tires da educação cristã da ju-ventude”. Apesar da persegui-ção, fizeram tudo o que pude-ram, para serem fiéis às crian-ças e aos jovens que haviam si-

do confiados a seus cuidados.Faremos bem em considerá-loscomo modelos da missão ma-

rista, em sua melhor expressão.Em breve, receberão uma pu-blicação que trará o testemu-nho de vida de cada um dessesIrmãos mártires.

As palvras de João Paulo II

Convidamo-los a ler essas pági-nas, tendo em mente as palvrasde João Paulo II, em sua exor-tação Ecclesia in Europa: “...Que-ro com os padres sinodais apre-sentar, novamente, a todos, pa-ra que nunca seja esquecido, ogrande sinal de esperança cons-tituído por tantas testemunhasda fé cristã que viveram, no úl-timo século, tanto no Orientequanto no Ocidente. Souberamassumir o Evangelho em situa-ções de hostilidade e persegui-

Superior geralIr. Seán Sammon

8 • FMS Mensagem 36

Igreja do mosterio de “Les Avellanes”.

Sepulcro dos mártires.

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ção, freqüentemente até a pro-va suprema do sangue.Estas testemunhas, particular-mente as que enfrentaram a pro-va do martírio, são um sinal elo-qüente e grandioso, que somoschamados a contemplar e a imi-tar. Atestam-nos a vitalidade daIgreja; apresentam-se como luzpara a Igreja e a humanidade,porque, nas trevas, fizeram bri-lhar a luz de Cristo.Mais radicalmente ainda, elasdizem-nos que o martírio é en-carnação suprema do Evangelhoda esperança. De fato, os márti-res anunciam este Evangelho etestemunham-no com a sua vi-da até à efusão do sangue,porque, certos de não poderemviver sem Cristo, estão prontosa morrer por Ele, na convicção deque Jesus é o Senhor e o Salva-dor do homem e que este, porconseguinte, só n’Ele encontra averdadeira plenitude da vida”.

Celebremos as vidas desses mártiressurpreendente testemunho da Boa-Nova

Celebremos, portanto, seja comnossa presença em Roma ou emnossos lugares de origem, as vi-das desses mártires e demos gra-ças a Deus por seu surpreenden-te testemunho da Boa-Nova. Aci-ma de tudo, honremo-los de ma-neira especial, imitando suasvirtudes e o seu zelo apostólico.Demos graças ao Senhor, com

Marcelino e com todos os Ir-mãos que nos precederam, navida marista, pelo dom destasbeatificações. Do jeito de Maria,reconheçamos que Deus olhou

para nós e nos abençoou; reze-mos para que em nosso trabalhose manifeste sempre sua obra.

Com afeição

Carta a meus irmãos

Irmão Seán D. Sammon, FMS

Superior Geral

Irmão Emili Turú, FMS

Representante do Conselhopara a beatificação de nossos

mártires de Espanha

Capela dos mártires.

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Procurando compreender a história

Ir. AMEstaún

Os mártires maristas do verão de 1936 em Barcelona

F eliciano Montero García é catedrático de His-tória Contemporânea, na Universidade de Al-

calá de Henares, e conhece bem, portanto, ocontexto social e histórico no qual ocorreu o as-sassinato de nossos irmãos. Publicou, entre outroslivros, «O movimento católico na Espanha», «Fran-quismo e memória popular», «A Ação Católicaespanhola e o franquismo: auge e crise da Ação Ca-tólica especialmente nos anos 60», e colaborou emimportantes obras coletivas a propósito da histó-ria da Espanha. Além disso, conhece bem o Insti-tuto marista, pois foi aluno do colégio marista deSalamanca desde o curso primário até o pré-uni-versitário, e seu irmão Agustín é irmão marista daProvíncia Compostela.Ele nos recebe gentilmente nas instalações daConferência marista, em Madri, onde nos explicao contexto histórico no qual ocorreram as mor-tes dos mártires maristas, no verão de 1936.

E N T R E V I S T A FELICIANO MONTERO GARCÍA

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Septiembre 2006 11Setembro de 2007 11

á foi decidida pelaIgreja a beatificação

de um grupo de irmãosmaristas assassinados no início da guerra civilespanhola de 1936 a 1939.Como era o estado da opinião pública naquelesmomentos, na Espanha?

Houve um tempo, no final do re-gime de Francisco Franco (gover-nante da Espanha de abril de 1939a novembro de 1975, que assumiuo poder em conseqüência de umgolpe de Estado contra o governoda Segunda República, ocorridoem 18 de julho de 1936, e que mo-tivou a guerra civil, que se esten-deu entre os anos de 1936 e1939), em que a reivindicação dosmártires e da guerra civil, comouma «cruzada», parecia que tinhapassado à história dentro de cer-ta compreensão e consideraçãoda guerra civil como um erro mons-truoso, onde todos os protago-nistas, de um lado ou de outro,tinham tido alguma responsabili-dade. Depois deste reconhecimento ge-ral das próprias culpas e res-ponsabilidades, o que havia eraum compromisso de reconciliaçãoe uma intenção de superar a fasede acerto de contas e de revan-ches.Nesse contexto, os inúmeros pro-cessos de beatificação dos márti-res da guerra ficaram paralisados,a serviço desse objetivo reconci-liador, que era a principal via deum processo pacífico de transiçãopara a democracia, no qual a Igrejateria um papel essencial. Por seulado, os herdeiros dos vencidosrenunciariam a reivindicar-lhes amemória.Passado o tempo, consolidada a

J

transição, a Igreja, em meadosdos anos 1980, coincidindo como 50º aniversário da guerra civil,reiniciou ou deu um novo impul-so aos processos de beatificaçãodos seus mártires. Ao mesmo tem-po, na época, começavam a sur-gir em setores não católicos, crí-ticas abertas à Igreja, sobre suaimplicação e colaboração nas re-pressões do franquismo, e por is-so se solicitava a ela que, noespírito do jubileu de 2000, tam-bém pedisse perdão. Mais recentemente a investiga-ção dos historiadores e algumasiniciativas de cidadania, como aAssociação para a recuperação damemória histórica, estão reivin-dicando fortemente as outras ví-timas, mártires de outras causas,anônimos, desaparecidos, sepul-tados em fossas comuns, víti-mas da repressão dos vencedoresdurante a guerra e nos primeirosanos do pós-guerra.Em resumo, parece ter voltado,com toda a sua virulência, naopinião pública espanhola, umclima de confrontação em rela-ção às violências cometidas poruns e pelos outros, durante aguerra civil, como se tratasse de

um novo acerto de contas. Mes-mo considerando o risco queeste confronto mediático pos-sa significar para a consolida-ção da convivência civil, estapode ser também a ocasião pa-ra curar definitivamente as fe-ridas latentes, que talvez te-nham sido silenciadas por cau-sa do medo de reproduzir oconflito.

m todo caso, é neste clima de

confrontação, com o riscode um acerto de contas ou de esclarecimento da «verdade» completa de tudo o que aconteceu,que devemos situar arecordação e a homenagemaos nossos mártiresmaristas. Como fazê-lo, sem contribuir a exacerbar o confronto político?

Seguramente fazendo um exercíciode compreensão histórica dosacontecimentos, de forma com-plementar à leitura cristã. Contex-tualizando o ocorrido dentro deuma leitura política, social e men-

E

Sinais de anticlericalismo exacerbado.

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Ir. AMEstaúnentrevista a Feliciano Montero García

12 • FMS Mensagem 36

tal de seu tempo. Procurandoresponder às perguntas sobre a na-tureza e as razões da uma violên-cia anticlerical e anti-religiosa, queseguramente vinha de longe, fi-cou incubando lentamente e semanifestou de maneira sur-preendente e descontrolada, inex-plicável e irracional, in-compreensível, até hoje, para oshistoriadores e para os herdeirosideológicos ou políticos daquelesviolentos. O surpreendente, comofoi assinalado pelo antropólogoManuel Delgado, é a incapacidadede historiadores e políticos para en-tender e assumir essa violênciaanticlerical e anti-religiosa queprovocou o acontecimento dos már-tires, no verão de 1936.

omo se forma na Espanha

a corrente do anticlericalismo?

Para começar, o anticlericalismo naEspanha vinha de longe, tinha-semanifestado ciclicamente através

e da convivência social harmônica.Na Espanha da «restauração cano-vista» (sistema político promovi-do por Cánovas del Castillo, duranteo período 1876-1923), as referên-cias legais, isto é, a Constituiçãoe o concordato com a Santa Sé,protegiam um regime com carac-terísticas confessionais e de uni-dade católica, deixando pouca mar-gem à livre expressão e propagan-da dos liberais e dos agnósticos. No entanto, pouco a pouco, suasiniciativas culturais e pedagógicasforam ganhando terreno e in-fluência real, ainda que não conse-guissem modificar as referências le-gais para dar uma mínima tole-rância aos católicos.Paralelamente, o catolicismoconsolidava sua hegemonia e suainfluência social e ideológica atra-vés da crescente implantação denovas congregações religiosas,muitas delas como os Maristas,vindas da França no final do sécu-lo 19 e princípio do século 20.Eram congregações masculinas efemininas, dedicadas principal-mente ao ensino e à assistência so-cial, e que foram precisamente oprincipal alvo das denúncias dosanticlericais desde o início do sé-culo 20.

do assassinato dos frades em 1835,mas tinha sido alimentado espe-cialmente desde o início do sécu-lo 20, seguindo o exemplo de ou-tros países, especialmente a Fran-ça da Terceira República.O anticlericalismo, com suas múl-tiplas manifestações e caracterís-ticas, já antes da Segunda Repú-blica espanhola era a expressãode uma luta defensiva e ofensivacontra seu antagonista, o «cleri-calismo», ou seja, de acordo coma percepção dos anticlericais, eracontra o peso social, político eprincipalmente ideológico do cle-ro diocesano e religioso, nas ins-tituições sociais e especialmenteeducacionais. Era uma influênciaque se considerava perniciosa, umobstáculo para a modernização e oprogresso. O que os anticlericais reivindi-cam como legítima secularizaçãode um Estado autônomo, os cle-ricais denunciam como um peri-goso processo de descristianiza-ção, que era ao mesmo tempoentendido como uma perda fun-damental da identidade nacional

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Setiembre 2006 13Setembro de 2007 13

Uma campanha sistemática, para-lela aos projetos para regular ascongregações, procurou despres-tigiar o trabalho delas e responsa-bilizá-las por todos os «males» danação. A regeneração da Espanha,sua modernização, dependia daredução da presença das congre-gações religiosas na educação.

educação é um tema dediscussão e de

confronto entre os clericaise os anticlericais espanhóis.Realmente a regeneração daEspanha dependia daredução da presença daIgreja no campo daeducação?

Esta tese da retórica anticlerical,reiterada e assumida especial-mente durante o tempo da Se-gunda República, não correspon-dia à realidade social. Melhor di-zendo, segundo estudos recentes(Maitane Ostolaza), se os colé-gios das congregações tinham seexpandido tanto nas primeiras dé-cadas do século 20, não era ape-nas pela proteção legal (políti-ca), mas porque também respon-diam de maneira eficaz à deman-da social. O que elas ofereciam nocampo educacional se ajustavamelhor às novas necessidades so-ciais do que a fraca e escassa es-cola pública.Mas, é certo que a contribuição daescola católica à «modernização»econômica e social, de um país emvias de industrialização, não im-pedia que seus conteúdos doutri-nais («o liberalismo é pecado»)fossem considerados perniciosospelos liberais, pelos homens da

m meio a uma intensaebulição social e

política, culmina nesta épocana Espanha um processo queincluía medidassecularizadoras da educação.Como os maristas foramafetados pelas leis sobre a educação, promulgadasdurante este período?

A lei das congregações, de 1933,foi o auge de uma série de medi-

das secularizadoras e, de acordocom os artigos da Constituição,ela afetava diretamente a vida ea atividade docente das congre-gações, como os maristas. Ela asobrigava a secularizar seus colé-gios, colocando-os nas mãos deassociações leigas se quisessemcontinuar exercendo suas ativi-dades. Mas, uma vez aprovadaesta lei, a mudança política mo-tivada pelo triunfo eleitoral dospartidos de direita, aliviou a si-tuação. As leis anticlericais nãoforam derrogadas, pois para issodeveriam ser revisados previa-mente os correspondentes artigosda Constituição, mas sua aplica-ção foi contida ou suavizada. Em efeito, durante o biênio 1933-1935 governou de forma instáveluma coalizão de republicanos ra-dicais (moderados, apesar do no-me) e católicos da CEDA (Confe-deração espanhola das direitasautônomas). A CEDA era o partido majoritárioda coalizão, mas não tinha maio-ria suficiente para governar so-zinho, e, além disso, sua orien-tação republicana era considera-da duvidosa para os republica-nos de esquerda e para os socia-listas. Por isso, diante da chegada de vá-rios ministros da CEDA ao gover-no, a esquerda operária convocouuma greve geral revolucionária(em outubro de 1934) que, ain-da que tenha fracassado, menosnas Astúrias, provocou manifes-tações de violência anticlerical. Amorte do Irmão Bernardo, emBarruelo, foi uma expressão des-sa violência, que antecipava asque se reproduziriam em julho eagosto de 1936.

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Instituição Livre de Ensino, os ma-çons e livre pensadores, os repu-blicanos, os socialistas e anar-quistas. Isto quer dizer que nasprimeiras décadas do século 20não parou de crescer o confrontoe com um descrédito recíprocoentre clericais e anticlericais. Nãoimporta muito se seus argumentosforam reais ou míticos, o certo éque eram eficazes na configuraçãodos dois blocos, das duas culturasantagônicas e identidades coleti-vas, chamadas a se excluírem e ase eliminarem reciprocamente.

Logotipo e marca comercial FTD, obra do desenhista Joaquín Renart.

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á, pois, um passo daagressividade legal,

do anticlericalismo «legal»,à violência anticlerical?

Durante a Segunda República játinham acontecido alguns episódiosviolentos, especialmente o incêndiodos conventos em 11 de maio de1931, a menos de um mês da pro-clamação da República, e durante arevolução de outubro de 1934. Mas,a violência anticlerical, a persegui-ção religiosa propriamente dita, oassassinato sistemático e indiscri-minado de padres, religiosos e lei-gos militantes de organizações ca-tólicas, a queima e profanação de lu-gares de culto, a violação e a zom-baria dos sacramentos, dos ritos ecerimônias, não se produziram atéo verão de 1936. E isto sob a formade iniciativas populares, de comitêsrevolucionários e de milícias locais,que dentre seus objetivos revolu-cionários tinham como prioridade aeliminação física da Igreja e deseus ministros, por considerá-los osprincipais obstáculos para as mu-danças sociais. Os inúmeros testemunhos recolhidospelos historiadores, mais especial-mente na obra clássica de AntonioMontero, que continua sendo fun-damental, confirmam a natureza ra-dical e indiscriminada dessa vio-lência, que não distingue entre o pa-dre «bom», ou «social», e o menosvirtuoso, entre o mais religioso e omais empenhado politicamente...Certamente existem tantas varian-tes quantas situações locais e so-ciais. Houve republicanos que pro-curaram mediar e evitar com maiorou menor êxito as execuções, oupessoas que esconderam ou deramoutro tipo de cobertura.

Todos os historiadores, de um ladoou de outro, reconhecem a magni-tude da violência anticlerical, acei-tando-se ainda como válidos osnúmeros que nos oferece o livro deAntonio Montero, isto é, 13 bis-pos, 4.184 sacerdotes diocesanos,2.365 religiosos e 283 religiosas,em um total de 6.832 vítimas. As-sim como também reconhecem asrazões fundamentalmente religio-sas, mais que políticas, dessa per-seguição. Embora nem todos este-jam de acordo com essa distinção,a verdade é que era muito difícil na-quele momento separar a razão re-ligiosa da razão política.

sto quer dizer que aguerra civil e sua

conseqüente explosão deviolência anticlerical eraminevitáveis?

Não necessariamente. A violêncianas ruas era muito importante,mas foi o golpe militar falido queprovocou a resistência popular, ea violência revolucionária, sob aforma de um grande «acerto decontas». A violência anticlerical se pro-longou durante toda a guerra,mas foi especialmente intensanos meses de julho a setembro de1936, o chamado «verão san-grento», tempo em que os pode-res locais e os comitês revolucio-

nários controlaram diretamentea situação, por cima e à margemdas instituições republicanas. Isto é o que ficou acertado, paraquitar ou reduzir a responsabilidadedas autoridades republicanas naviolência anticlerical dos primeirosmeses, salientando, pelo contrário,as iniciativas de mediação e decobertura que as autoridadestinham tido diante dos comitêsrevolucionários. De fato, isto foi oque ocorreu com o grupo de irmãosmaristas de Barcelona, que foramsalvos «in extremis» pela autori-dade do Generalitat (governo daCatalunha) no dia seguinte do as-sassinato do primeiro grupo.

uais poderiam ter sidoas razões da violência

e do anticlericalismopopular na Espanha duranteesse período turbulento?

Como já disse no início, ainda ho-je não se entendem bem as razõesdessa violência anticlerical, defobia pelo sacro e anti-religiosados primeiros meses da guerracivil. As autoridades republicanasprocuraram imediatamente contere se manter à distância dessasações, lavando suas mãos de to-da responsabilidade, atribuindo-as a agentes incontrolados. Ape-sar disso, não se pode negar umcerto grau de cumplicidade com

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Ir. AMEstaún

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entrevista a Feliciano Montero García

Cadáveres do Convento das Salesas

(Barcelona), hoje Colégio dosIrmãos Maristas,

expostos na portada igreja pelos

revolucionários.

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Setembro de 2007 15

essas iniciativas. Mas, principal-mente, a questão está em expli-car a possível conexão, incluídaa involuntária, entre a violênciaverbal e a propaganda acumula-da desde o início do século, espe-cialmente nos anos 1930, e a vio-lência popular.Alguns autores, a partir da pers-pectiva antropológica, sugeremrazões muito profundas e antigas,que têm a ver com a ausência dareforma protestante. Outros, apartir do estudo das culturas e dasidentidades políticas, buscam raí-zes mais próximas, ligadas às lu-tas pela secularização do Estadoe da sociedade, que ocorreramem todos os países católicos la-tinos, como França, Itália e Por-tugal. Em todo caso, parece cla-ro que na violência do verão de1936 se conjugaram diversos ele-mentos ou fatores de origem e na-tureza diversas, velhos precon-ceitos ou imagens sobre os «ví-cios» do clero e acertos de contasmais recentes, relacionados como controle da educação popular eas lutas sindicais.

ode-se atribuir a violência popular

anticlerical a uma razãodefensiva, diante doalinhamento da Igreja, sua colaboração com o golpe militar e, em alguns casos, a suaparticipação material na luta, armazenandoarmamento ou utilizando os edifícios religiosos como fortalezas?

As denúncias desse tipo não pu-deram ser demonstradas. Por ou-tro lado, a explosão da violênciae a perseguição anticlerical foramanteriores ou simultâneas aosprimeiros acontecimentos daguerra, quando ainda não se po-dia saber com muita clareza oque estava acontecendo. Isto não quer dizer que o assas-sínio dos clérigos tinha sido pre-viamente planificado, que fosseum objetivo revolucionário prio-ritário ou que fosse condição pré-via para a realização de outrosobjetivos.

Esta era uma convicção ampla-mente alimentada na reflexão ena propaganda da imprensa e nasescolas operárias.

ual era a perspectivada Igreja católica

espanhola em relação aos debates sobre a escola e a educação popular?

Umas das expressões mais clarasdo confronto clericalismo-anti-clericalismo, ou catolicismo-lai-cismo, é a luta pela escola, querdizer, pelo controle dos conteú-dos educativos e do conjunto dosistema educacional.A partir da perspectiva católica,em nome da liberdade de ensino,se pretendia já nos congressos ca-tólicos nacionais no início do sé-culo 20 (Burgos em 1899 e San-tiago em 1902) a possibilidade decriação de centros docentes emface ao que chamam de «mono-pólio docente do Estado», e jun-to a isso, a defesa das congrega-ções religiosas diante dos proje-tos para regular e controlar suasatividades. Recorda-se que em1910, o governo presidido porCanalejas aprovou a chamada «leido cadeado», que impedia o es-tabelecimento, na Espanha, denovas ordens religiosas sem aautorização expressa do Conselhode ministros. A pressão anticlerical parece ce-der entre 1912 e 1931 e, em umclima de proteção à ditadura dePrimo de Rivera, a escola católi-ca, em suas diversas expressões,não deixa de crescer. Um quadroda evolução das escolas, das co-munidades e das vocações maris-

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Colégio marista de Sants (Barcelona) incendiado pelos revolucionários.

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tas na Província Espanha, entre1919 e 1931, expressa bem essecrescimento. O número de colégios e escolastinha passado de 60 a 69, o de ir-mãos de 587 a 813 e o de alunosde 13.023 a 20.246.A boa saúde da escola católicanão podia então deixar de susci-tar a preocupação de seus anta-gonistas. Neste, como em outrostemas relativos à «seculariza-ção», a proclamação da SegundaRepública era a ocasião para le-var a termo, de forma radical, osobjetivos secularizadores. Foi assim que se refletiu no arti-go 26 da Constituição de 1931, ede uma maneira mais determi-nante na Lei das congregações re-ligiosas, de junho de 1933. Segundo o artigo 30 da Lei dascongregações, as ordens e ascongregações religiosas não po-deriam se dedicar ao exercício doensino, e a Inspeção do Estadocuidaria para que as ordens e ascongregações religiosas não pu-dessem criar ou manter colégiosde ensino privados, nem direta-mente, nem se valendo de pes-soas leigas por interposição.

E o artigo 31 dava prazos concre-tos e imediatos para a entrada emvigor dessas determinações.

ual foi a reação dos Irmãos Maristas

diante das leissecularizadoras que os impediam de exercer o ensino, de criar escolas ou de manter colégios de ensino privados?

As congregações tomaram conhe-cimento da nova situação e trata-ram de se adaptar e de se defen-der, decidindo medidas oportu-nas. A principal delas foi a de se-cularizar sua presença pública, apartir do traje leigo ao invés do há-bito, obtendo títulos de docênciaoficiais, mas principalmente trans-formando a titularidade jurídica enominal dos colégios em «mútuosescolares» e transformando juri-dicamente as propriedades em no-vas sociedades que depositavam ocapital no exterior. O livro do Ir.Teodoro Barriuso sobre o Ir. Lau-rentino explica muito bem estatransformação obrigada.

As vicissitudes da República foramaumentando os temores e asesperanças pela sobrevivência. Opanorama hostil percebido desdeo início (a queima dos conventosem 11 de maio de 1931 afetou al-guns colégios), se manteve ecresceu até junho de 1933. Aaplicação da Lei das congregaçõestornaria dificilmente sustentá-veis os colégios e as comunida-des, mesmo que tivessem a apa-rência secularizada. Mas, o triunfodo partido católico, a CEDA, naseleições de novembro de 1933,despertou as expectativas de umamudança. Ainda que não tenha ti-do mudança na lei, o novo climade governo permitiu a sobrevi-vência dos colégios católicos. Aexpectativa mudou de novo radi-calmente com o triunfo eleitoralda Frente Popular, em fevereiro de1936. Os governos da Frente Po-pular retomariam os objetivos eprogramas reformistas em todosos terrenos, inclusive no da se-cularização e no da escola.Além disso, a pressão das basesrevolucionárias extravasava a pró-pria legalidade, como por exem-plo, a iniciativa municipal deconfiscar o colégio marista deOrihuela.Havia um choque entre a posiçãodo governo, em defesa da legali-dade, da aplicação da Constitui-ção e da Lei das congregações,com a pressão revolucionária po-pular que, lembrando o que tinhaocorrido em outubro de 1934,poderia estourar com toda a suavirulência, assim como realmen-te aconteceu. A partir do estouro da guerra jánão cabiam nem negociações nemadaptações, mas se impunha a

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Ir. AMEstaúnentrevista a Feliciano Montero García

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Escola marista de Torelló.

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eliminação física das pessoas,dos centros e seus meios de co-municação. A editora Edelvivesfoi um dos primeiros objetivos aserem destruídos.

inalmente, a partir do ponto de vista

do historiador e do homemde fé, existem algumaslições que a Igreja, e maisconcretamente os IrmãosMaristas, podemos aprendercom o ocorrido nesse verão de 1936?

Como historiador e como ho-mem de fé, na linha do pensa-mento do concílio Vaticano II eno espírito que presidiu a pro-posta que fez o papa João Pau-lo II, na ocasião da celebraçãodo jubileu, convidando a Igreja,os cristãos e os católicos a umarevisão autocrítica da própriahistória, eu convidaria os Ir-mãos Maristas a fazerem um es-forço para verem o passado demaneira compreensiva, mas ao

mesmo tempo de uma maneiraautocrítica. Apesar de que atualmente pare-cem se reproduzir os conflitosentre os partidários que lutaramde um ou do outro lado, eu pen-so que felizmente o real contex-to social espanhol, neste mo-mento, não tem nada a ver como contexto dos anos 1930. Nes-se sentido, não deveríamos te-

mer. Mas, em todo caso, se de-veria procurar evitar alimentar asraízes que levaram a desencadeareste conflito, insistindo mais naabertura ao diálogo com os ou-tros a partir do ponto de vistaideológico e social, além detransformar as plataformas, quepodem ser potencialmente deconflito, em plataformas de com-preensão e de diálogo.

BREVE CRONOLOGiA DA HISTÓRIA DA ESPANHA (1868-1939)

1868 – Revolução contra Isabel II [exilada na França em 30 de setembro]1870 – Eleição de Amadeu I de Savóia como rei1872 – Terceira guerra carlista (1872-1876)1873 – Abdicação de Amadeu II1873 – Proclamação da Primeira República1874 – Restauração da monarquia dos Bourbon, com Alfonso XII [filho de Isabel II]1876 – Nova Constituição e uma «Lei municipal»1885 – Regência de Maria Cristina1893 – Atentados anarquistas (bomba no colégio de Barcelona)1897 – Assassinato de Cánovas (primeiro ministro) pelos anarquistas1898 – Guerra contra os Estados Unidos1898 – Perda das últimas colônias imperialistas. Tratado de Paris.1902 – Maioridade de Alfonso XIII1909 – Começo da guerra do Marrocos1909 – Greve geral em Barcelona [A SEMANA TRÁGICA]1911 – Greves gerais protestando contra a guerra do Marrocos1912 – Assassinato de Canalejas (primeiro ministro)1917 – Greve geral revolucionária na Espanha1921 – As tropas espanholas lutando no Marrocos sofrem o desastre de Anual1923 – Golpe de Estado de Miguel Primo de Rivera1927 – Pacificação no Marrocos1931 – 12 de Abril se declara a Segunda República1931 – Incendiados conventos em Madri1932 – Falido o golpe militar do general Sanjurjo1932 – Autonomia da Catalunha1932 – Agitação anarquista na Catalunha1932 – Dissolve-se a Companhia de Jesus1933 – Revolução anarquista em Casas Viejas (vilarejo da Andaluzia)1934 – Forma-se o governo da CEDA (Confederação espanhola das direitas autônomas)1934 – Movimentos revolucionários na Catalunha e nas Astúrias1936 – A Frente Popular ganha as eleições1936 – Sublevação do general Francisco Franco em 18 de julho:

começa a GUERRA CIVIL1939 – Fim da guerra civil em 1º de abril1939 – Governo do general Franco (1939-1975)

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Mártir é aqueleque não salva a sua vida

Ir. AMEstaún

a qualquer preço

Juan Maria Laboa Gallego (Pasajes de San Juan,Guipúzcoa, 1939), é sacerdote diocesano, in-

cardinado na diocese de Madri, licenciado em filo-sofia e teologia e doutor em história da Igreja, pe-la Universidade Gregoriana, de Roma, onde lecio-nou durante 12 anos. Foi professor durante 15anos na Faculdade de Ciências Políticas da Univer-sidade Complutense, de Madri, professor ordinárioda Universidade de Comillas durante 35 anos e pro-fessor convidado em diversas universidades européiase americanas. Fundador e diretor da revista «Vin-te Séculos de História da Igreja». Dentre seus livros,pode-se destacar «A longa caminhada da Igreja»(1985), «Atlas histórico do cristianismo» (2000),«História da Igreja. Idade contemporânea» (2002),«Atlas histórico do monaquismo» (2003), além desua colaboração na obra «Igreja e intolerâncias: Aguerra civil», onde escreveu o capítulo «Motivos daperseguição». Tivemos um diálogo com o Pe. JuanMaria, na sede da Conferência Marista, em Madri.

E N T R E V I S T A JUAN MARÍA LABOA GALLEGO

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celebração da beatificação

dos irmãos Bernardo,assassinado em Barruelo de Santillán (Valencia), em 1934, Laurentino, Virgílioe outros 44 companheiros,assassinados em Barcelona,trazem à memória osinúmeros episódios deviolência que marcaram ahistória do século 20. Existealguma explicação para aviolência institucionalizada no século 20?

O século 20 foi um século espe-cialmente traumático, por sua vio-lência institucionalizada e por seusassassinatos em massa, indiscri-minados, ou por seus assassinatosseletivos. Recordemos os mais deum milhão de mortos armênios, osinumeráveis mortos da ditaduracomunista na URSS e o terror sta-linista, as duas guerras mundiais eo extermínio dos judeus, os 30 mil-hões de mortos nas carestias chi-nesas de 1958 e de 1962, as vio-lências dos regimes autoritários naAmérica latina e as guerras na Áfri-ca, a morte de um terço da popu-

lação chinesa, os assassinatos naIugoslávia e em Ruanda. Todos ti-nham uma explicação, mas estaexplicação era sempre inaceitável.

violência que se viveuna Espanha desde

a Segunda República teve, dentre seus destacadosprotagonistas, os anticlericais.O anticlericalismo encontrasua justificativa nos erros da Igreja?

Desde que apareceram os escritosde alguns pensadores e desde aRevolução Francesa, há um anti-clericalismo furibundo que marcouboa parte da política e da culturados países europeus de origem la-tina e que, muitas vezes, se mis-turou com o desenvolvimento dosmovimentos sociais que acompanha-ram o processo de industrializa-ção. Não é sensato justificar in-discriminadamente este anticleri-calismo com os possíveis pecadoscometidos pela Igreja que, no en-tanto, os cometeu realmente. Oanticlericalismo histórico ultra-

passou, em todos os sentidos, es-tas aparentes causas.

uais teriam sido as motivações dos atos

anti-religiosos na Espanha republicana?

No século 20, o cristianismo atra-vessou uma noite «muito longa emuito escura». A perseguição anti-religiosa não foi uma questão polí-tica casual de um país ou de algunspolíticos, mas uma componentepermanente nos países liberais e, demaneira especial, em toda a políti-ca soviética nas suas diversas ver-sões. Todos os cristãos foram consi-derados inimigos, por aqueles queestavam da parte de diversos regi-mes comunistas. Motivações an-tropológicas, ideológicas e simbó-licas nutriram e estiveram por trásdestas perseguições. Para os que in-tegravam esses grupos, os clérigose as comunidades religiosas deve-riam desaparecer, para dar lugar auma sociedade nova, sem a «alie-nação religiosa». Além das motiva-ções histórico-políticas, que po-

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Incêndio de igrejas e de conventos em Barcelona durante a «Semana trágica», vistoa partir de Montjuic.

Neninos madrilenhos durante umainstrução militar.

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dem ser discutidas, existiu umamotivação anti-religiosa específicae identificadora. Isto é, um dogmamais ou menos consciente, maisou menos expresso, em quaisquerdos casos operativos, e que consis-tia em dizer que a religião deveriaser erradicada da sociedade. NaEspanha temos o exemplo de Ale-jandro Lerroux, alguém que, du-rante um período, teve muita in-fluência em alguns ambientes eque era expoente de um agressivoe radical anticlericalismo. «Não hánada de sagrado na terra. O povo éescravo da Igreja e esta deve serdestruída», foi o seu dogma, mui-tas vezes repetido. O êxito obtidopor quem pensava assim, nas As-túrias, mostrou o clima anticlericalexistente, tanto no campo social,como no político e no cultural. Nãoresta dúvida que as perseguições de1934 e de 1936 se inscrevem nogrande capítulo da luta contra a I-greja. Atacaram uma Igreja, cujapresença desejavam erradicar.

s irmãos maristas quemorreram assassinados,

primeiro Bernardo, emBarruelo, depois Laurentino,Virgílio e outros 44companheiros, em Barcelona,pode-se dizer que sãomártires, porque morrerampor causa da fé?

Muitos destes mártires não morre-ram diretamente por causa de suafé, mas pelas atividades que tinhamassumido em conseqüência de suafé, pela coerência de vida queconservaram e manifestaram emseu apostolado. Suas vidas eramgeralmente simples, escondidas e

passavam despercebidas, mas em simesmas ela se constituíam a lem-brança de uma opção. Isto explicao fato de que foram assassinados,com igual ferocidade, tanto as pes-soas pobres e desconhecidas comoos famosos predicadores, tanto osbeneméritos lutadores a favor dajustiça social como os monges car-tuchos. Para alguns, à semelhançadaquilo que sucedia na Rússia, os re-ligiosos foram vistos como umaameaça que colocava obstáculosdiante do objetivo que tinham, queera o de conseguir o domínio ideo-lógico do país. Nos mártires se com-binam, com freqüência, integrida-de interior e fragilidade, no senti-do de insegurança interior. A Igre-ja nunca aprovou a busca do mar-tírio e a heroicidade não exige umavalentia ostensiva. Pode-se serconseqüente e exemplar mesmo seo caminho até a guilhotina for per-corrido com temor e angústia. Cha-ma a atenção o fato de que não en-contramos casos em que os ideaisforam abandonados, apesar de nãoserem poucas as vezes que lhes foioferecida a possibilidade de se sal-varem se aceitassem de se casar, pa-ra romper o voto de castidade. A i-números sacerdotes e religiosos, e

também a alguns bispos, foi-lhesdada a oportunidade de escapar damorte, mas quase todos decidirampermanecer com o povo que lheshavia sido confiado.

uitos dos mortoslutaram por uma causa

humana justa, ou por valoresnem sempre compreendidospela ideologia dominante. O martírio é um confronto de idéias?

No conceito de martírio entram asexpressões de solidariedade e im-plicam em uma causa humana, nadefesa de alguns valores, tais co-mo a justiça, o amor e a solida-riedade, que nem sempre são en-tendidos da mesma maneira pelasideologias dominantes no mo-mento. É sugestivo e esclarecedoro fato que se imponha o martíriocomo uma tentativa de eliminaro cristianismo, enquanto reservade fé e de interpretação da hu-manidade, um conceito, aliás,que obviamente não é partilhadopor aqueles que perseguem. Estesmartírios também deveriam serintegrados às diversas lutas do sé-

20 • FMS Mensagem 36

Ir. AMEstaúnentrevista a Juan María Laboa Gallego

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culo 20 em defesa dos direitos hu-manos e da liberdade.

s mártires não sãovítimas de uma

história feita por outros,vítimas das inconseqüênciase dos pecados da Igreja?

É verdade que todos nós somoscúmplices do mal existente no mun-do e, neste sentido, o martírio po-deria ser interpretado como o jul-gamento de uma Igreja. Assim, sepoderia considerar que os mártiressão freqüentemente vítimas da his-tória, de uma história que foi feitapor outros, através de suas decisõese por suas palavras. Este é um temabelíssimo, mas que se esfacela se oenfrentamos com complexos, commasoquismo ou malabarismos. Efe-tivamente, apesar de todas as ten-tativas de racionalizar, não existejustificativa para os crimes cometi-dos contra pessoas que, na grandemaioria dos casos, não apenas nãoeram culpados de alguma falta, masnem mesmo tinham se envolvido emalguma atividade política.

s cristãos aprenderam a perdoar com Jesus.

«Perdoai-lhes porque nãosabem o que fazem», disse na cruz. Muitos dos assassinospertenciam a gruposincontrolados. Eram ignorantes?Não sabiam o que faziam? A quem se deve oferecer o perdão?

É verdade que muitos martírios fo-ram feitos por pessoas sem qual-quer controle, mas o que não se

pode esquecer é que houve umaprolongada e controlada campa-nha de publicidade negativa, de mi-tos e propaganda escandalosa, queacusavam os religiosos de toda sor-te de culpas e falsos crimes. O ca-ráter absurdo de uma publicidadeprolongada e de muitas acusaçõesmaliciosas, feitas em momentosdramáticos, não impediu que al-gumas pessoas acreditassem nelas.O ódio demonstrado em muitos as-sassinatos pode-se explicar so-mente por uma grande falta de cul-tura ou por um bombardeamento depropaganda negativa. Os folhetosanticlericais pré-revolucionários eos que circulavam durante a Revo-lução Francesa, e que tiveram uma

enorme interferência sobre aquelesacontecimentos, nos permitem ex-plicar o que sucedeu ao longo dosséculos 19 e 20.

radicionalmente a Igrejachama de «mártir»

aquele que morre pela fé. Nãoé uma ousadia e um martírioviver a fé em meio a um mundoem franca oposição, comdesprezo ou marginalizaçãoda fé? Qual é hoje, para aIgreja, o sentido de mártir?

«Mártir é também quem pereceem sua luta ativa para que se afir-mem as exigências de suas convic-ções cristãs», escreveu Rahner,convicções que contrapõem comalgumas das ideologias dominan-tes na época contemporânea. Omartírio da época contemporâneaampliou suas motivações e suas ca-racterísticas, e naturalmente nãopode ser compreendido sem os ex-poentes iluministas ou culturais doséculo 19, ou sem a propagandaanarquista ou socialista. Ao longo do século encontramosuma interminável lista de sacerdo-tes, religiosos e religiosas assassi-nados por causa de sua defesa dosmais pobres, dos marginalizados eabandonados. São os mártires da ca-ridade, aqueles que se mantiveramem uma vida coerente com sua vo-cação, ou são os mártires da injus-tiça de uma situação, que uma vezinstalada não pode suportar quesejam impostos limites à sua im-punidade. São ainda os mártirespor causa de sua fidelidade a umaIgreja que conserva alguns valorescontraditórios para aqueles que do-minam um país ou uma região, em

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um determinado momento.Mártir é aquele que não salva a suaprópria vida a qualquer custo. É al-guém que crê e espera, que anun-cia o Evangelho e ama a Igreja,que prossegue seu trabalho e seutestemunho, inclusive correndo peri-go de vida, porque ele se sobrepõeao temor. Trata-se de pessoas querealmente crêem e que não renun-ciam a crer e a viver sua fé, inclu-sive em circunstâncias de incom-preensão e de rechaço. Muitos te-

riam salvado a própria vida se ti-vessem renunciado à sua fé ou aotrabalho nos campos educativos oucaritativos da Igreja. O modo comoviviam a sua fé e sua vocação cris-tã, ou como trabalhavam genero-samente para o bem comum, ajudaa compreender sua aceitação domartírio. Não porque o buscassem,mas porque ele era coerente comsua forma habitual de vida. Elesforam perseverantes em sua voca-ção até a morte.

partir deste seu pontode vista, de que

maneira as beatificaçõesdos nossos irmãos poderiamse transformar em estímulopara os maristas de todo omundo?

Em nossos dias, a mentalidadedominante em um mundo de co-modidades e aburguesado, queabsorve aqueles que crêem, seinquieta com a últimas conse-qüências às quais pode levar a fi-delidade ao amor, a uma doutri-na e a alguns ideais. Estamosacostumados ao café sem cafeí-na, ao doce sem açúcar, à cerve-ja sem álcool, etc. O martírio nosintroduz de imediato no âmbitoda coerência pessoal, no dasconseqüências do amor e da ge-nerosidade, nos das exigênciasda própria vocação. O martírionos repropõe de maneira nua ecrua o mistério da cruz, e não hácruz nem martírio sem amor. Pa-ra qualquer um de nós, o ofereci-mento da própria vida se consti-tui uma sacudida e uma interpe-lação.

22 • FMS Mensagem 36

Ir. AMEstaúnentrevista a Juan María Laboa Gallego

A

O Coliseo de Roma expoente dos mártires da Cristandade.

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Setembro de 2007 23

Presençamaristana Espanhanas vésperas da guerra civil

1936-1939

Ir. Juan Moral Barrio

Para verificar algumas caracte-rísticas da presença dos IrmãosMaristas no campo educacio-nal, e em todas as dimensõesda geografia espanhola no mo-mento em que foram martiriza-

dos os irmãos, podemos analisar os dados estatísticos referentes aos anosde 1934-1935. Se observarmos os lugares onde eles trabalham, podemosnotar que, salvo exceções, na maioria deles se trata principalmente de vilarejos, que não são propriamente as principais localidades de suasrespectivas províncias. É o caso de Alcoy, Badalona,Cabezón de la Sal, Barruelo de Santullán, Centellas,La Garriga, Manzanares, Palafrugell, Algemesí, Ca-net, Mataró, Sabadell, Torrelaguna, Villanueva de lasMinas, Arceniega, Carrejo, Igualada, Orbó...

O tipo de atividade educacionalVerificando mais detalhadamente as estatísticasdos anos que antecederam imediatamente a guerra,pode-se deduzir que havia um processo de cresci-mento ininterrupto nos quatro níveis do ensinooferecidos pelos irmãos, que são os cursos Primá-rios, o Comercial, o Secundário e o Industrial. Osavanços mais consistentes e efetivos podem ser ve-rificados nos níveis mais populares e elementares,isto é, os cursos Primário e Comercial. Há certamente um ligeiro retrocesso durante osanos da República, fato que possivelmente nãodeve ser atribuído à iniciativa dos pais que esco-lhiam as escolas de seus filhos, privilegiando maisum tipo de escola do que outro, mas esse recuo se

No ano de 1936, na Espan-ha, não existia além de

uma província marista, que es-tava prestes a celebrar os 50anos da chegada dos primeirosirmãos a Girona, em 1886.

Informações estatísticas sobre as matrículas escolares

das escolas maristas da Espanha em 1934,

publicado em Stella Maris de fevereiro de 1935.

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deve mais à desorganização existente na época,devida aos acontecimentos que criavam um am-biente de insegurança.Nesse período há um nítido e significativo predo-mínio dos cursos populares, não apenas com re-ferência à região onde as escolas se localizam,mas, se examinarmos com particular atenção ca-da uma das situações, como é o caso de Barcelo-na, as cinco escolinhas se situam em bairros quetêm uma efetiva necessidade da escolarizaçãobásica. Estas escolas eram mantidas por peque-nas comunidades, formadas por três ou quatro ir-mãos, com exceção a de Sants, onde havia 11 ir-mãos para atender mais de 500 alunos. Em 23dessas escolas, o número de alunos não ia alémde 300. Os vilarejos e os bairros com uma signifi-cativa presença de operários eram os mais socor-ridos. As transferências e a evolução das escoli-nhas se faziam segundo o ritmo das necessidadese das dificuldades que surgiam do desenvolvi-mento do trabalho educativo e apostólico. A criação dos chamados cursos noturnos, que

eram autênticos cursos de alfabetização, de cultura e de recuperação,deu-se com o intuito de oferecer um complemento natural da escola esegundo as necessidades dos bairros.

Um modo apostólico de educarHá um modo de proceder que se repete quase exatamente em cada cidadeonde os irmãos se estabelecem, como algo que herdaram dos mais velhos,daqueles que os precederam e por quem tinham sido enviados. Talvez essacaracterística venha mesmo diretamente do fundador, Marcelino Cham-pagnat. «Vocês devem estar de acordo com as autoridades eclesiásticas ecivis, cada vez que estabelecerem qualquer atividade em uma cidade.» Aescola não é totalmente gratuita, mas se pede aos pais que colaborem se-gundo suas diferentes possibilidades. Na circunscrição da grande escolasão criadas várias escolas pequenas, para que sejam atendidos aquelesque podem menos, os mais necessitados. Em Barcelona, por exemplo, asescolas pequenas se multiplicaram, abrindo-se mais de cinco delas, que semantinham sob o patrocínio do colégio que estava na rua Lauria, antes docomeço da guerra. Quando os quatro primeiros maristas são enviados àEspanha, eles recebem a bênção do Superior, que lhes diz: «Vocês vão es-tudar o castelhano, para depois ficarem à disposição da Providência divi-na… Sejam religiosos, abnegados e piedosos. Vocês deverão servir de mo-delo a muitos outros que virão depois». Este encargo interior, que carregatodo aquele que parte em missão, foi sem dúvida transmitido às geraçõesde maristas que sucederam estes primeiros enviados.

24 • FMS Mensagem 36

Ir. Juan Moral Barriopresença marista na Espanha

Os dados estatísticos incluemas matrículas escolaresrelativas ao ano de 1934 do distrito chileno e peruano,dependente da província.

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Setembro de 2007 • 25

BernardoIrmão

Plácido Fàbrega Julià, 1889-1934Camallera (Girona)

Aquele que confessa que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus.

1 Jo 4,15

GironaDiocesede

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A revolução em BarrueloA revolta, em Barruelo, que se estendeu pela região mineira da pro-víncia de Palencia, temos que incluí-la no contexto da chamada re-volução das Astúrias, no mês de outubro de 1934. A localidade de Bar-ruelo tinha as minas de carvão mais importantes da região.A organização socialista contribuiu para reavivar o fermento revolu-cionário em toda a região das minas, especialmente nas de Barruelo.Durante o verão de 1934, os rumores de um possível levante se fize-ram insistentes e, com a acumulação de armas e a fabricação caseirade bombas e coquetéis Molotov, na sede socialista, estavam dispos-tos e preparados para a luta.O jornal El Socialista, de 4 de outubro, deu o sinal: “Nunca um passoatrás. Todos....Avante!” e os socialistas de Barruelo esperavam ordens.Foi feito o chamado à greve geral e a adesão foi total. Em 5 de outu-bro, a cidade estava preparada e disposta para a revolta. O primeiroataque foi contra dois guardas civis que se refugiaram na prefeitura.Esta foi imediatamente colocada em chamas. Houve outros ataques edesfiles ao canto da Internacional. Em 6 de outubro, a revolta conti-nuou. O quartel da guarda civil e a igreja paroquial foram incendiados.

A escola dos Irmãos, que se en-contrava ao lado da igreja pa-roquial, foi um dos primeirosalvos, pelas 4h da madrugada,quando lançaram contra elabombas Molotov. Não conse-guiram prender os Irmãos quehaviam fugido, por indicaçãodo diretor, mas prenderam a es-te, o Ir. Bernardo, que foi as-sassinado. (Positio del H. Ber-nardo, págs. 24-27.)

Ser um mártir não se improvisaEm Bernardo batia um coraçãode apóstolo. Em todos os luga-res por onde ele passou, as ini-ciativas se multiplicavam: co-rais, associação de ex-alunos,grupos de ação católica, movi-mentos de jovens apóstolos en-

26 • FMS Mensagem 36

Diocese de GironaIrmão Bernardo

Missa celebrada em Barruelo pela ocasião

do translado dos restos mortais do Irmão Bernardo

à Igreja paroquial.

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Setembro de 2007 • 27

tre os alunos, portas abertas à cultura, entroni-zação de imagens do Sagrado Coração, vigílias deoração, círculos de estudo, conferências culturaise religiosas, classes para educação de adultos, bol-sas de estudo, biblioteca itinerante, grupos de tea-tro, atividades folclóricas, visitas às famílias dostrabalhadores de mina, visitas a enfermos, trabalhovocacional, acompanhamento de Irmãos jovens,sem deixar o trabalho normal de Diretor e de pro-fessor no colégio.Nove horas de aula diárias, escrevia a um ex-alu-no seu, horas que me parecem minutos, porque meencontro feliz entre as crianças e me parece pou-co tudo que faço por elas.

Tudo o que aqui descrevemos amadurecia com umaintensa vida de intimidade com o Senhor e com aBoa Mãe. Bom, sem esquecer a “mortificação” e atéo cilício. Dizia: Que bem posso fazer aos alunos senão sou o primeiro a viver o que digo para elas?

A mãe com os dois filhos maristas.

v Em uma página, toda uma vida1889. 18 de fevereiro, o Irmão Bernardo Fàbrega Julià nasce em Camallera, perto de Girona. No

batismo, recebe o nome de Plácido Juan, José.

1901. Em 9 de março, entra no Juvenato, onde um de seus irmãos o havia precedido.

1905. Em 8 de setembro faz os primeiros votos. Em 1910 emite os votos perpétuos.Percorre todas as etapas que os Irmãos naquela época conheciam nas comunidades maris-tas: cozinheiro da comunidade, estudos, professor do primário, depois no ensino secundá-rio, vice-diretor da escola, superior da comunidade e diretor do colégio.

1910. Ensina no colégio de Igualada e em 1916, se encontra entre os fundadores do Colégio SãoJosé, de Barcelona.

1925. É nomeado diretor da escola das minas de carvão de Vallejo de Orbó. Com certeza, seuapostolado se centrou na formação dos filhos dos mineiros. Ele chega a amar apaixonada-mente esse povo trabalhador, pobre e mentalizado pelas idéias do marxismo. Conscienteda pobreza dessas famílias, deseja criar para seus filhos oportunidades para um futuromelhor.

1931. Os superiores lhe pedem para assumir a direção da escola de Barruelo de Santullán, sem-pre na região das minas.

1934. Em 6 de outubro, às 4h da manhã, é assassinado. Seu corpo foi objeto de insultos, mutila-do, arrastado pelos pés até a horta dos Irmãos e abandonado durante 24 horas.Seus restos repousam agora, na igreja paroquial de Barruelo de Santullán.

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TestemunhosSe o Irmão Bernardo chegou a ser um educador eficaz da fé de seus jo-vens alunos, isso não se deveu somente a suas aulas de catequese se

não, sobretudo, à sua experiência de Deus.Foi um professor extraordinário, de fortevontade, de caráter enérgico, sério e pro-fundo em tudo o que empreendia: poroutra parte, se mostrava respeitoso, afá-vel, delicado em suas formas de trato emuito caridoso… Sua sinceridade e reti-dão eram notáveis.Um Irmão jovem foi enviado à comunidadedo Irmão Bernardo. O Provincial só lhe deuesse conselho: Trata de ir sempre comBernardo… Depois de alguns dias o Irmãocompreendeu: “Era como se me tivesse di-to: aconselho-te a ser piedoso, mortifi-cado, com muito zelo apostólico, em umapalavra, que sejas santo. Porém, tudo is-so te recomendo em uma só vez, ao dizer-te que vivas muito perto do bom IrmãoBernardo. Com efeito, será para ti ummodelo de piedade e um exemplo de ab-negação e de regularidade; um exemplo dezelo apostólico e uma luz de santidade.Uma cópia e um resumo de todas as vir-tudes religiosas e maristas. Encontrarásnele um guia, um amigo, um pai e um ir-mão.”

Jardim da escola dos irmãos.

A cruz indica o lugar onde por 24 horas

ficou o corpo do Irmão Bernardo.

Diocese de GironaIrmão Bernardo

Quando considero os santos, de perto, são as coisas pequenas as

que me revelam a luz que brilha em suas almas e queilumina meu coração. Sinto-me prisioneiro, entredois polos: sua atividade desbordante e o sentidoprofundo de sua pobreza. Vivem os esforçosespirituais com a mesma fragilidade que sentimos nós,ante as dificuldades da vida. A santidade deles é umasantidade do dia-a-dia, feita de pequenos gestos: um copo de vinho acrescido à comida dos pobres;curar os feridos de guerra com o mesmo afeto, sem perguntar de que lado são.E desde 1931, a lenta ascensão até o martírio, eles que não tinham outra política senão Cristo.Ensinam-me que a santidade tece sua presença, na trama diária da vida; que o Senhor se compraz na humildade de todos os dias, e é aí que semeia a força para afrontar o martírio.

Ir. Giovanni Bigotto, Postulador geral

28 • FMS Mensagem 36

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Setembro de 2007 • 29

Uma vida oferecida

B arruelo, um antigo vilarejo na região das mi-nas, ao norte da província de Palencia, é hoje

uma pequena cidade habitada principalmente poraposentados.É um vilarejo que vive de recordações. Dentre elas, po-de-se destacar de maneira especial a lembrança dosirmãos maristas. Eles marcaram um período da histó-ria dessa cidadezinha. Os filhos dos que trabalhavamnas minas, que foram educados por eles, hoje ocupamalguns dos postos mais relevantes, espalhados por to-da a Espanha.Dentre todos os irmãos que trabalharam ali, se so-bressai especialmente o Irmão Bernardo. Primeiroem Vallejo de Orbó, depois em Barruelo, a sua foi umavida inteiramente dedicada à educação de alguns jo-vens que, se não tivessem a sua ajuda, não teriam al-ternativa na vida do que extrair o carvão das obscu-ras entranhas da terra.Ele morreu mártir. Mas, o martírio do Irmão Bernardonão aconteceu em um simples dia 6 de outubro. Pa-ra os filhos destes vilarejos, o seu martírio aconteceutodos os dias, porque ser mártir é imolar-se a cada mi-nuto, oferecendo a própria vida a serviço dos outros.São poucos os estudantes que tiveram a felicidade deconhecê-lo pessoalmente. Mas, todos nós o conhe-cemos, porque aqueles que o conheceram nos falarame ainda falam sobre ele, diariamente, contando-nos de-talhes de sua vida.Nas reuniões informais, nas conversas,nos encontros com aqueles que vêm defora, o Irmão Bernardo se torna sempreum assunto de interesse: como vai oprocesso de beatificação, o que se es-queceu de dizer sobre ele e a importân-cia que isso pode ter, pois ele já é consi-derado um santo, etc.

E por que não contarmos os detalhes? Como pároco, pos-so constatar muitos deles na vida quotidiana dos ha-bitantes desses vilarejos. Basta destacar alguns deles.– Desde que seus restos foram transladados para a

paróquia de São Tomás e colocados na parte fron-tal daquela que se chamava a «nave do batismo»,não passou um só dia sem que tivessem trazidoflores naturais para ornar o seu nicho. Hoje ela jáse chama a «capela do Irmão Bernardo».

– No afresco da cúpula da paróquia, obra de Jorgedel Nozal, artista filho de um minerador e ex-aluno marista, e que realizou este trabalho ape-sar da contrariedade do bispo, se destaca entrenuvens a estrela do Irmão Bernardo, que do lu-gar de seu martírio sobe sorridente até o céu.

– É comum ver os paroquianos, tanto os que parti-cipam diariamente da missa, como os que vêm àigreja somente aos domingos, que frequentemen-te passam pela capela do Irmão Bernardo antesde ocupar um lugar na igreja para a Eucaristia.

Como pároco e como aluno marista, como continuo meconsiderando, acho que conheço muitos detalhes davida do Irmão Bernardo. Por isso, me junto às pessoasdos vilarejos de Barruelo e de Vallejo para garantir queo seu martírio não seja coisa de apenas um dia, masde toda uma vida. Para nós, antes mesmo de sua beati-ficação, já o consideramos um santo.

Ángel Pérez Torices,pároco de Barruelo e Vallejo

Sacerdotes e autoridades em redor da urna

que contém os restos mortais do Beato Irmão Bernardo.

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30 • FMS Mensagem 36

Diocese de GironaIrmão Bernardo

Los cuatro irmãos martires en Bugobe: Miguel Ángel, Julio, Fernando y Servando.

La Provincia de Españafue generosa con las misiones. Envió más de 20 irmãos a México, una docena a

Perú y Chile, diez a Colombia, y otros diez a Argentina. Continuará siendo una Provincia misionera después de la persecución enviando irmãos a Ve-nezuela, Cuba, Ecuador, Paraguay, Uruguay y Bolivia. Y esa sana tradición se mantiene en el presente con envíos de irmãos a Hungría, Rumania, Ar-gelia, Costa de Marfil, Congo... Los cuatro irmãos mártires en Bugobe: Servando, Miguel Ángel, Fernando y Julio están en línea directa con los ir-mãos que murieron asesinados del 1934 al 1936 y los pioneros de la “missio ad gentes”.

IRMÃO BERNARDOAPÓSTOLO E MÁRTIR

José Ignacio Munilla, Bispo de Palencia

E u dou graças a Deus por tantostestemunhos, belos e heróicos,

como os que estou descobrindo desdeque, no dia 10 de setembro do anopassado, recebi a consagração episcopalna catedral de Palencia. Naquelaoportunidade, não se tratou de umvalenciano, mas de um filho deCamallera (Girona) que ficou ligado parasempre à nossa diocese castelhana, emvirtude da universalidade católica, quenos faz plenamente disponíveis para oReino de Deus. A Providência quis que esta beatificaçãodo Irmão Bernardo se realizasse em ummomento convulso da história daEspanha. A divisão e as disputas no seioda sociedade espanhola são muitoevidentes. O testemunho do IrmãoBernardo nos ensina a superar osbloqueios e as fraturas sociais, servindoo homem, que tem nome e sobrenome, àmargem de suas etiquetas políticas. Esteé o caminho: a pessoa concreta.O principal sinal que autentica omartírio é este: morrer perdoando. Nãobasta conhecer as palavras pronunciadaspelo Irmão Bernardo, quando caiu ferido

mortalmente, para nos darmos conta que a sua vida e morte seguem aspegadas de Jesus: «Perdão, meu Deus!Eu os perdôo, Senhor! Minha mãe,Virgem Santíssima, perdoe-lhes!».A aplicação prática que devemos tirardisso tudo é bastante evidente. Paramorrer perdoando é necessário viverperdoando. Nosso mundo necessita,principalmente, de misericórdia. Por isso, pedimos ao Irmão Bernardoque nos alcance esta graça, de olhar o mundo com olhos de misericórdia.A diocese de Palencia se prepara commuita disposição para a beatificação dos498 Servos de Deus, vítimas daperseguição religiosa, que se realizaráno dia 28 de outubro, em Roma. Dentro da família marista, mais doisvalencianos acompanharam o IrmãoBernardo: o Irmão Ángel Andrés, naturalde Dueñas, e o Irmão Miguel Ireneo,natural de Leocadio em Calahorra de Boedo. Peregrinaremos a Roma para renovar e rejuvenescer a nossa fé. Não em vão, como dizia Tertuliano, pois «o sangue dos mártires é semente de novos cristãos».

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Setembro de 2007 • 31

ncia de Españaerosa con las misiones. Envió más de 20 irmãos a México, una docena auna Provincia misionera después de la persecución enviando irmãos a Ve-se mantiene en el presente con envíos de irmãos a Hungría, Rumania, Ar-vando, Miguel Ángel, Fernando y Julio están en línea directa con los ir- ad gentes”.

UMA MORTE MARTIRIALQUE ENOBRECE

A IGREJA DE GIRONAE A DE PALENCIA

Carles Soler i PerdigóBispo de Girona

É motivo de alegria que um filho daIgreja de Deus que peregrina em

Girona, Plàcid Fàbrega y Julià,conhecido como o Irmão Bernardo,nascido e batizado na paróquia de SanBartolomé de Camallera, no municípiode Sal, seja beatificado. Isto é, elevadoà honra dos altares e proposto comoexemplo e intercessor para todos nós.O Irmão Bernardo demonstrou seugrande amor às crianças e aos jovensem diferentes situações, durante 19anos, com entrega total e abnegaçãoapostólica. Ele é mais conhecido erecordado logicamente em Vallejo deOrbó e Barruelo, território de mineraçãode carvão, onde harmonizou suadedicação educativa como professor ediretor da escola com um bom trabalho

na catequese e no apostolado juvenil.Era sempre atento às necessidades das crianças e dos jovens.A Igreja de Girona, a paróquia deCamallera, sentem-se santamenteorgulhosas, porque a fé na qual foiiniciado e educado Plàcid Fàbrega y Julià, que viveu ali em sua juventude,entre o final do século 19 e o início do século 20, foi a mesma que o levou dali para que continuasse a testemunhá-la generosamente, onde a obediência religiosa àcongregação dos maristas o destinava.Com a distinção de sua morte martirialele enobrece a nossa Igreja e a de Palencia, unindo com laçosfraternos a paróquia de Camallera e a de Barruelo.

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BARRIUSO MARTÍNEZ,Teodoro,Hermano Laurentino,marista (1881-1936)mártir de la escuela católica,Vicepostuladuria de Espanha, Madrid, 2003.

ANDREUCCI, Gabriele, Barcinonem.Beatificacionis seuDeclarationis MartyriiServorum Dei Laurentini,Virgilii, et XLIV SociorumPositio super Martyrio,Roma, 1996.

CORREDERA GUTIÉRREZ,Eduardo, Páginas dehistoria marista. España1936-1939, Barcelona, 1977.

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MARTÍNEZ CALVO,Inocencio, Unacomunidad de mártires,hermanos maristas;convento de Santa Maria de Bellpuig de las Avellanas,Zaragoza, 1967.

MORAL BARRIO, Juan J., HermanoBernardo, marista, mártir entre los mineros,Zaragoza, 1993.

MORAL BARRIO, Juan J., Vidasentregadas; Martirologiomarista de España, 1909-1939, Zaragoza, 1997.

SANTAMARÍA, Mariano;MORAL BARRIO, Juan J.;ARBEZ, Juan Carlos,Cien años en la escuela,Zaragoza, 1987.

32 • FMS Mensagem 36

Os beatos Laurentino e Bernardo nos vitrais da Casa Marista

de Miraflores (Burgos).

Pequenabibliografia

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Setembro de 2007 • 33

LaurentinoIrmão

BurgosDiocesede

Pois fomos todos batizados num só Espíritopara ser um só corpo. 1 Cor 12,13a

Mariano Alonso Fuente, 1881-1936Castrecías (Burgos)

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34 • FMS Mensagem 36

Mariano nasceu no dia 21 de novembro de1881, em Castrecías, (Burgos) no seio deuma família de lavradores.Em 1897, inicia o noviciado. Em 1899, co-meça o apostolado em Cartagena. No iní-cio, lhe custa bastante manter a disci-plina. Porém, logo consegue se fazerrespeitar: seu caráter franco e equânime,a bondade e a ciência lhe ganham os co-rações, a ponto de, quarenta anos maistarde, seus alunos recordarem com admi-ração suas grandes qualidades de educa-dor. Em 1905, é nomeado diretor do colégio deCartagena. O Ir. Berilo, Assistente geral,quando visita essa comunidade, encontra nela tal união e dedicaçãoaos alunos que, admirado, recompensa os Irmãos com uma excursãoa Orán (Argélia).Aos 31 anos, assume a direção do colégio de Burgos, um dos mais im-portantes da Espanha. Seu sucesso é total. Ele tem a ocasião de for-

mar um grande número de Irmãos jovens econsegue uma grande estabilidade em sua co-munidade. O Ir. Floriberto, Provincial, ao apre-sentá-lo a seus Irmãos lhes diz: Trago-lhescomo diretor um Irmão muito devoto do SagradoCoração.O Ir. Eoldo, Visitador, solicita seus serviços co-mo adjunto, pois a Província da Espanha é mui-to grande, com 800 Irmãos e mais de 60 casas.Porém, o Ir. Eoldo é enviado ao México e o Ir.Laurentino se encontra sozinho em sua funçãode Visitador.Em 1928, o Ir. Laurentino é chamado para di-rigir a Província da Espanha. Em Canet de Mar,no Santuário da Virgem, renova sua consagra-ção que, ali mesmo, havia feito 31 anos antes,e põe nas mãos de Maria o trabalho que lhe éconfiado.A Espanha entra em um período turbulento etrágico e os irmãos têm necessidade de serguiados por uma pessoa prudente e firme. Emmeio da tormenta, o Ir. Laurentino transmiteaos Irmãos coragem e audácia para resistir eainda para funda novas escolas: Sevilla, Cór-doba, Huelva... que continuam sendo, hoje, co-légios florescentes. Ele também sabe criar en-tre os Irmãos um clima de intensa espiritua-

Diocese de BurgosIrmão Laurentino

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lidade, que dinamiza o apóstolo e prepara o már-tir. Durante o tempo de tormenta, o nível espiri-tual e apostólico das comunidades chega a um ní-vel extraordinário.A hora do martírio estava próxima. Em 18 de ju-lho de 1936, o exército da África inicia o levan-te nacional. No dia 19, inicia a revolução em Bar-celona e, pela tarde, centenas de igrejas e conven-tos são incendiados.Qual era o estado de ânimo do Ir. Laurentino? Nodia 3 de outubro de 1936, ele envia o Ir. Ataná-sio a Múrcia para socorrer os Irmãos que estão nocárcere. Pede-lhe para levar consigo o SantíssimoSacramento e lhe dá essa mensagem: Diga aos Ir-mãos que, desde o início dessa sangrenta revolu-ção, não vivo senão para eles, que me recordo de-

les continuamente e não deixo de recomendá-losà proteção da Santíssima Virgem.O Irmão Laurentino recebeu propostas e facili-dades para ir para a Itália. Ele sempre preferiu fi-car com seus Irmãos dispersados e atacados. Eleconseguiu fazer com que 117 jovens Irmãos emformação passassem para a França. No entanto,ele e 106 outros Irmãos caem na armadilha pre-parada pelas F.A.I (Forças Anarquistas Insurgen-tes). No dia 7 de outubro de 1936, em Barcelo-na, eles foram presos no navio Cabo Santo Agos-tinho, que deveria levá-los para a França, segun-do o acordo com as F.A.I.Durante a noite seguinte, 46 Irmãos, entre osquais os Irmãos Laurentino e Virgílio, foram fu-zilados nos cemitérios de Barcelona.

Cripta da Igreja da Rua São Elias, de Barcelona, onde esteve o quartel geral da FAI convertida em “checa” (lugar de tortura).

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UM OLHAR ATRAVÉS DA ALMA

Esses trechos nos permitem conhecer um pouco mais da alma do Ir-mão Laurentino: Durante esses dias, cheios de problemas, durante

os quais todos ou quase todos vivemos horas e dias de profunda in-quietação... tenho pensado constan-temente nas pessoas e nas obras da nos-sa Província que tanto amamos; desejoestar quase que continuamente emcomunicação com os Irmãos, parti-cularmente aqueles que sofreram porcausa dessa desordem. Como gosta-ria de poder consolá-los, encorajá-los, ouvi-los e manifestar minha afei-ção religiosa que, nesses dias de luto,tenho sentido como jamais senti, nomeu coração de pai. Nesses momen-tos críticos, que nossa atitude não se-ja semelhante à daqueles que se en-tregam a lamentações estéreis... Seja-mos religiosos em nossas ações, pala-vras e sentimentos, particularmentenesses momentos em que o Senhor de-seja nos fazer sentir um pouco o pe-so da sua Cruz adorável... Rezemos,pois, com fervor, continuemos nossotrabalho de maneira intensa e metódica,entreguemo-nos a Deus e às nossasocupações, sem reserva. Vivemos umtempo precioso; agora nos sentiremosverdadeiramente discípulos de Cris-to. Mil vezes felizes se o Senhor nosjulgar dignos de sofrer por Ele.

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Diocese de BurgosIrmão Laurentino

Posso resumir a vida do IrmãoLaurentino inspirando-me na frase de

são Marcelino reproduzida na recente circular do Ir.Seán, aquela mesma que citei no título e que elecolocou em prática durante toda a sua vida e em suamorte. O Irmão Laurentino, há 100 anos, bebendonas fontes que nos chegaram de L’Hermitage, resumiudesta maneira a doutrina de Marcelino a respeito dosignificado de tornar Jesus Cristo conhecido: «Ocatecismo deve ocupar o lugar de honra noprograma de nossos cursos, a lição de doutrinadeverá ser a mais bem preparada e explicada peloprofessor, aquela que nossos alunos ouvem com maisgosto e interesse». Mas, não terminou assim a sualição. Pois, durante a revolução comunista libertáriana Espanha, ele soube dar a sua vida por seus irmãos,ainda que tivesse a oportunidade de salvá-la. De fato,em meio à brutal perseguição que já havia matado maisde 100 irmãos, no dia 8 de outubro de 1936, oIrmão Laurentino foi assassinado em companhia deoutros 45 maristas. Em uma recente biografia sua,resumo sua vida nestas palavras: Irmão Laurentino,marista, mártir da escola católica.

Ir. Teodoro Barriuso Martínezal

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Agora!No início do ano de 1933, o Irmão Laurentino, Pro-vincial, enviou votos aos seus Irmãos, um tanto sur-preendentes:

Vocês que, todos os dias, dizem a Deus que oamam com todo o seu coração, com toda a sua al-ma, com todo o seu ser, agora é o momento de de-monstrar isso. Sim, é agora que aqueles que per-severam no seu amor serão zombados, abandona-dos, caluniados, privados dos seus legítimos direitosde cidadão, insultados e feitos alvo de uma per-seguição satânica.

É agora o momento de mostrar até onde vai a fi-delidade que vocês têm jurado ao Senhor. É ago-ra o momento de provar que seus desejos de sa-crifício não são ilusórios e fantasiosos. Aqueles quehoje mostram fraqueza e abandonam a boa cau-sa, talvez, um dia se achassem invencíveis..

Virá o tempo em que veremos os valentes - aque-les que tudo podem Naquele que os fortifica e queé nossa Vida e nossa Força - aqueles que, por na-da neste mundo, perdem a paz, mas que, protegi-dos pela fortaleza de Deus, dão a impressão de quesua alma se torna mais forte, diante das dificul-dades e das angústias do momento. Eles não re-cuam, diante dos maiores sacrifícios – ainda quereconheçam espontaneamente sua fragilidade – co-mo não recuou diante dos tiranos e perseguidoresa plêiade de mártires, de confessores e de homensapaixonados por Jesus Cristo.

É agora o tempo de se alegrar e se rejubilar, comonos disse Jesus e como fizeram os apóstolos,quando chegou o momento de sofrer penas e per-seguição por causa do nome do divino Mestre. No entanto, não somos nós os perseguidos, mas éJesus que é perseguido em cada um dos seus fiéisservidores. Cada um de nós sofre por si só, mas elesofre em todos os seus membros.

Façam, pois, calar dentro de vocês as queixas e la-mentações, vocês que seguem o Redentor; vocêsque não chegaram ainda às dores do Calvário,

nem ao despojamento do Salvador. Ele se cala, re-za, sofre e redime. Rezem, fortifiquem-se, traba-lhem, cooperem com Ele, na salvação das almas.Vocês querem uma preparação melhor para celebraro 19º centenário do drama sangrento do Calvário? É agora o tempo de fazer a reparação de maneiramais eficaz, por si mesmo e pelos outros, do des-prezo dado a Deus. É agora o tempo de fazer vio-lência ao céu com preces fervorosas e contínuas emfavor da vontade de Deus e da Igreja; em favor daspessoas e das obras que nos são tão caras e quenos são particularmente confiadas.

Sim, é agora o tempo de rezar, e rezar bem, comonos exige nosso estado de religiosos. Agora, ago-ra, sem esperar nem depois, nem amanhã. Agora éa hora para merecer esse tempo de provação queé um tempo de graça e de bênçãos... Que esta se-ja a nossa divisa para o ano de 1933.

Irmão Laurentino, Stella Maris, janeiro de 1933, nº 138, p. 5

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ADMIRAÇÃO E GRATIDÃO

Ao relembrar os acontecimentos vividos com os irmãos dacomunidade marista de Avellanes, há 71 anos, no verão e outono

de 1936, dois sentimentos afloram com intensidade em mim: de ADMIRAÇÃO ede GRATIDÃO.O passar dos anos não amortizou aquelas recordações. Pelo contrário. Ao melembrar das atitudes dos superiores responsáveis pela então província daEspanha, do Irmão Laurentino, que era o provincial, e de seu Conselho, dos superiores da casa de Avellanas, dos irmãos formadores dos escolásticos, dos noviços, dos postulantes e dos juvenistas, admiro sua integridade aoenfrentar situações inéditas. Eles jogavam com a própria vida e as de mais de200 pessoas que estavam sob o seu encargo. Tenho admiração também pelo senso de responsabilidade que demonstraram quando não desapareceram de um cenárioperigoso no qual se encontravam. Alguns deles poderiam tê-lo feito com relativafacilidade, mas continuaram seguindo conosco, até que estivéssemos colocadosnas famílias dos vilarejos vizinhos a Avellanes.Quando parecia que o projeto dos superiores, de proporcionar a saída de todos nós da chamada «zona vermelha», ia ter êxito, somente uma centena de nós, os mais jovens, pudemos chegar à fronteira da França. Nunca esquecereio olhar com o qual me despedi do grupo de irmãos mais velhos que tinham ficadoprisioneiros, diante da incerteza de tudo o que poderia acontecer. Também não esquecerei o que pensei naquele momento: «meus companheiros e eu vamos para a liberdade, a vida, a segurança... mas pagando um preço muitocaro, o sangue e a vida de meus irmãos que ficam do outro lado da fronteira».Nunca esqueci a GRATIDÃO que sinto pela congregação marista e pelos irmãosque ela formou com uma qualidade humana e sobrenatural tão extraordinárias.À memória deles dedico estas duas flores da lembrança: ADMIRAÇÃO e GRATIDÃO.

Ir. Javier García Terradillos

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VirgílioIrmão

Trifón Nicasio Lacunza Unzu, 1891-1936Ciriza (Navarra)

Vede que manifestação de amor nos deu o Pai: sermos chamados filhos de Deus.E nós o somos!

1 Jo 3,1

PamplonaDiocesede

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Uma família de lavradores Trifón nasceu no dia 3 de julho de 1891 emCiriza, Navarra, numa família de lavradoresque cultivavam as férteis terras do vale deEchauri, irrigado pelas águas do rio Arga.Em 17 de março de 1903, seu irmão mais velho,Ir. Sixto leva-o para o juvenato de Vic.Quatro anos mais tarde, emite os primeirosvotos. Em 15 de agosto de 1912, consagra-se ao Senhor, definitivamente, mediante aprofissão perpetua.Brilhante nos estudos, ele obtém o diploma de professor em 1908, e odiploma superior em Filosofia e Letras, o bacharelado em 1920 e, enfim,a licença em filosofia com história e geografia, em 1923.

Em outubro de 1908, ele é enviado pa-ra o colégio de Burgos, onde perma-necerá ininterruptamente, até 1935.Em 1925, é nomeado diretor desseColégio, que conta com 638 alunos.Mesmo durante os anos difíceis daperseguição, o número de alunos nãodeixa de aumentar. Entre janeiro ejunho de 1936, está em Murcia, sub-stituindo o diretor do Colégio. Era in-tenção dos superiores prepará-lo parasubstituir o Ir. Laurentino.Quando começa a guerra civil, o IrmãoVirgílio se encontra em Barcelona, emuma das escolas. Ele escapa dos anar-quistas jogando-se pela janela.O Irmão Laurentino lhe pede para en-carregar-se da saída dos jovens Ir-mãos, em direção à França. Em 2 de ou-tubro de 1936, ele se encontra, em LesAvellanes (Lleida), com Ordaz, um doschefes da F.A.I. No dia 4 de outubro,os jovens Irmãos passam a fronteira.Os outros Irmãos, no entanto, sãopresos, conduzidos a Barcelona, colo-cados no navio Cabo Santo Agostinho,depois na prisão, ou “checa” SantoElias. Na noite de 8 de outubro de1936, 46 dentre os que estavam como Ir. Provincial e o próprio Ir. Virgílioforam assassinados na solidão e no si-lêncio de um cemitério.

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Igreja de Ciriza.

Diocese de PamplonaIrmão Virgílio

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PersonalidadeOs numerosos testemunhos sobre apessoa do Irmão Virgílio iluminam suarica personalidade. Sua autoridade so-bre os alunos era absoluta, mas, aomesmo tempo, era amável. Ele inspiravaconfiança, encantava os alunos porsua eloqüência. Em comunidade, eletinha “a devoção do trabalho”, essa ap-tidão ao serviço, sendo sempre o pri-meiro a chegar ao local de trabalho.Quando os superiores o nomeiam di-retor de Burgos, começou a chorar,porque dizia que era o mais estouva-do dessa numerosa comunidade. Ele fa-lava da Virgem Maria de uma maneiraque denotava um autêntico lirismo. AMãe do Senhor o atraía e, voltando osolhos suplicantes e confiantes paraela, dizia: Faz com que jamais me fal-te teu socorro e que, agora e sempre, teuamor me encante, ilumine e cative; mefascine, seduza o coração e embeleze;me surpreenda, extasie e me conduzapara as alturas. Ele era amigo da ale-gria e do bom humor: Era um com-panheiro junto do qual encontrávamoscoragem, esquecíamos as dificuldadesdo dia, renovávamos as energias parao dia seguinte. Nos momentos de re-creação, ele era um brincalhão que nosfazia rir e, assim, acabar com as ten-sões. Um coirmão que o conheceu,durante o segundo noviciado, lembra-se dele assim: De relacionamento agra-dável, alegre nas conversações, entu-siasta para o trabalho, empreendedorem todas as iniciativas. Durante nossospasseios, recreações, excursões, ele ma-nifestava espírito de família e simpatia.Sua alegria sadia e seu bom humorencantavam todo mundo, e fazia rir,mesmo os mais sérios. Trabalhador in-cansável, assíduo e simples na realiza-ção dos seus trabalhos... Sua simplici-dade e seu caráter sociável lhe angaria-vam a afeição e a admiração de todos.

A Espanha marista, em 1936, estava dividida emtrês Províncias:

1. A Província marista de Anzuola, cuja limitação ter-ritorial era aproximadamente o que constitui o paísbasco de hoje. Essa província foi fundada pela Pro-víncia marista francesa de Lacabane.2. A Província marista de León, que se estendia pe-lo oeste da Espanha (León, Galicia), foi fundada pe-la Província marista francesa de Aubenas.3. A Província marista da Espanha foi fundada em1886, pela Província marista francesa de Saint-Paul-Trois-Châteaux. Era a mais numerosa; em 1930,contava com cerca de 800 irmãos. Sua demarcaçãogeográfica compreendia as províncias de Aragón, Ca-taluña, as duas Castillas, Navarra e todo o sul daEspanha. A maior parte dos mártires da perseguiçãoreligiosa de 1936-39 pertenciam a esta Província.

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Diocese de PamplonaIrmão Virgílio

Operador de cinemaEle havia se tornado um especialista como“operador de cinema”. Desde 1918, duranteos longos domingos de inverno, quando nãoera possível sair, ele realizava projeções defilmes para os alunos, seguidas de debatessobre os valores artísticos e morais. Insis-tia junto aos Superiores para que o colégiofosse equipado dos melhores instrumentos

para fil-mes sono-rizados. Elejustificava assim as sessões de cinema:É um meio excelente para preservar ascrianças e os jovens, e para fazer o apos-tolado. Em 1932, são aplicadas as leis de per-seguição contra o ensino católico. Dian-te da ameaça iminente, o Irmão Virgí-lio criou a sociedade civil, A Cultura, epor contrato, passa a essa sociedade, ocolégio dos Irmãos, que assume um no-vo nome: Liceu Zorilla. Os professores sãoleigos e maristas secularizados, sem ba-tina e não sendo mais chamados pelo

nome de Irmão. Da mes-ma maneira foram colo-cados em segurança omuseu, a biblioteca e omobiliário. Em setem-bro de 1933, os Irmãosmaristas não existemmais em Burgos, comoprofessores. O IrmãoLaurentino acha essa in-iciativa genial e propõe-na a todas as escolasmaristas, com essas pa-lavras: Acalmar-se, re-sistir e salvar, se possível,

todas as nossas obras.Além do martírio, encontramos no IrmãoVirgílio a qualidade de um santo sim-pático e próximo de nós.

Saúdo com grande alegria abeatificação de 47 irmãos mártires.

Recordando-me deles, descubro profundos aspectos de uma família, pois são irmãos de todas as idades querealizavam a própria missão em ambientes simples, muitos deles em escolas populares. Na lista dos 175 irmãos que foram mortos há um provincial,conselheiros, superiores de comunidade e formadores,verdadeiros pastores que não abandonaram seusirmãos. Celebrar a fidelidade de nossos mártires suscitaem mim uma preocupação. Não duvido que sejammártires do fanatismo e da intransigênciaideológica e religiosa, mas a morte deles merecorda uma dolorosa guerra civil. Uma guerrana qual houve muitas vítimas inocentes, queforam também vítimas da falta de sentido e damanipulação política. Que bonita oportunidadetemos para transmitir uma mensagem defraternidade e dar um grão de areia paraconstruir a reconciliação em uma sociedade naqual, infelizmente, ainda sangram as feridas deum lamentável período da nossa história.Consta que de vários de nossos irmãos houve o perdãoexplícito àqueles que os assassinavam. Esta é a nossaoportunidade de manifestar o nosso respeito a todas asvítimas e de promover a tolerância na diversidade,acreditando no diálogo e na reconciliação.

Ir. Benito Arbués, ex Superior geral

Imagem de Maria venerada em Ciriza.

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Los cuatro irmãos martires en Bugobe: Miguel Ángel, Julio, Fernando y Servando.

La Provincia de España fue generosa con las misiones. En-vió más de 20 irmãos a México, una docena a Perú y Chi-

le, diez a Colombia, y otros diez a Argentina. Continuarásiendo una Provincia misionera después de la persecución en-viando irmãos a Venezuela, Cuba, Ecuador, Paraguay, Uru-guay y Bolivia. Y esa sana tradición se mantiene en el presentecon envíos de irmãos a Hungría, Rumania, Argelia, Costa deMarfil, Congo... Los cuatro irmãos mártires en Bugobe: Ser-vando, Miguel Ángel, Fernando y Julio están en línea directacon los irmãos que murieron asesinados del 1934 al 1936 ylos pioneros de la “missio ad gentes”.

“A QUESTÃO OUDAZ”

O barco “Cabo San Agustín”ou a traição perfeita

T udo começa em Les Avellanes(Lérida), casa central de

formação dos postulantes, dosnoviços e dos escolásticos; eramcerca de 200 pessoas. Depois que acasa foi requisitada para sertransformada em hospital, osjovens em formação tiveram queser dispersos pelos vilarejos egranjas dos arredores. Eles forammuito bem acolhidos pelas pessoas,mas essa situação não poderiadurar por muito tempo.O Conselho provincial decide deentrar em contato diretamente comos responsáveis da FAI, AurélioFernández Sánchez e Antonio OrdazLázaro. Longas e difíceis conversas,mas finalmente um acordo pareciahaver sido estabelecido: pagar100.000 francos franceses e toda acomunidade de Les Avellanespoderia passar para a Françaatravés do estreito de Puigcerdá.Depois dar ainda 100.000 francosfranceses para que os outrosIrmãos da Província pudessem, porbarco, chegar à França. O Irmão

Adjuteur, francês, foi encarregadode buscar e entregar essesmontantes.No dia 5 de outubro de 1936, acomunidade de Les Avellanes chegaa Puigcerdá. Mas apenas aos jovensem formação é permitida apassagem da fronteira, num totalde 114, acompanhados do Ir. MoïseFélix, que era francês, e dois outrosjovens Irmãos. Todos os formadoresforam enviados de volta. Assim aFAI não mantém a integridade docompromisso. Mas entre os irmãosse considerava um sucesso o fatode que os jovens em formação,através da França, tenham podidoalcançar a parte da Espanha ondenão existia perseguição.A segunda parte do contrato previaque os Irmãos se reuniriam nobarco “Cabo Santo Agostinho”, nodia 7 de outubro de 1936, às 21horas, para serem transferidos paraum barco francês e conduzidos àMarselha. A senha era: “QuestãoOrdaz”. Assim, 107 Irmãos sereuniram no barco.

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La Provincia de España fue generosa con las misiones.Envió más de 20 irmãos a México, una docena a Perú y

Chile, diez a Colombia, y otros diez a Argentina. Conti-nuará siendo una Provincia misionera después de la perse-cución enviando irmãos a Venezuela, Cuba, Ecuador, Para-guay, Uruguay y Bolivia. Y esa sana tradición se mantieneen el presente con envíos de irmãos a Hungría, Rumania,Argelia, Costa de Marfil, Congo... Los cuatro irmãos már-tires en Bugobe: Servando, Miguel Ángel, Fernando y Julioestán en línea directa con los irmãos que murieron asesina-dos del 1934 al 1936 y los pioneros de la “missio ad gen-tes”.

Quando o Ir. Adjuteur quis entregaros 100.00 francos pelos Irmãos,Antonio Ordaz Lázaro lhe dissesecamente: “A CNT e a FAI não sevendem nem se deixam comprar!” OIr. Adjuteur, de forte caráter, lherespondeu: “É verdade, mas elasroubam, saqueiam e matam!” Tendodespojado o Irmão de tudo o queele tinha, Ordaz o jogou na prisão.Sobre o barco as horas passam enenhum sinal do barco francês. Aidéia de traição começou a seformar como suspeita, depois comoangústia, finalmente como certeza.Aurélio Fernández Sánchez,presidente da FAI, se gloria dacassa abundante e pede aosmilicianos para não errarem “esses pequenos coelhos”.Os Irmãos, tendo sido aprisionados,foram divididos em três grupos de

50, 44 e 13, segundo a capacidadedas celas. No grupo dos 44 seencontravam os superiores e osIrmãos de valor da Província. Foiesse grupo e mais dois outrosIrmãos que foram conduzidos, nanoite de 8 de outubro de 1936, aoscemitérios de Barcelona, Montacadae Les Corts, onde foram fuzilados.Essa traição não tinha necessidadede nenhum tribunal, de nenhumjulgamento. Os Irmãos forammortos por serem religiosos,homens da Igreja, testemunhas deCristo e dos seus valores. Para osanarquistas isso era suficiente, poisqueriam instaurar um mundo ateu.Os restos mortais de um grandenúmero desses Irmãos repousam nacapela de Les Avellanes, um lugarde peregrinação marista entre osmais amados e freqüentados.

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Alberto MaríaFortunato AndrésFrumencioGabriel EduardoGil FelipeIsaías MaríaJosé FedericoLicariónLino FernandoPorfirioSalvioSantiago maríaSantosVivencio

Diocese de

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Estes são os que vêm da grande tribulação: lavaram suas vestes e alvejaram-nas no sangue do Cordeiro.

Ap 7, 14

Como são superabundantes os sofrimentosde Cristo, em nós, assim, por meio Dele,

é transbordante nossa consolação. Liturgia das horas.

Antífona de Vésperas do comum dos mártires

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cese

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Dio

cese

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Irmão

Nestor viu a luz primeira, em Es-tépar (Burgos), em 4 de marçode 1910. Seus pais eram agricul-

tores que trabalhavam nas terras planasdessa comarca. Aos dez anos ingressano seminário marista de Vic (Barcelo-na). Em 23 de agosto de 1931, faz suaprofissão perpétua. Terminados os anos de formação é desti-nado aos cargos de prefeito e roupeiro dopostulado, em Les Avellanes (Lleida). Eraadmirável na ordem e disciplina com queorganizava as coisas e as pessoas. Os

postulantes o amavam de verdade. Seu ca-ráter alegre, numa habitual simpatia quedeixava transparecer a pureza de uma al-ma contente e satisfeita, no divino ser-viço, era proverbial. À sua jovialidade einalterável simpatia unia um interesseconstante por tudo quanto se relacionavacom as pessoas da sua secção.

Mais tarde foi destinado ao co-légio de Valldemía (Mataró),onde apesar da sua juventude conquis-tou a simpatia, até mesmo dos estranhos.Todos confiavam nele e lhe pediam conse-lho, em muitas ocasiões.Quando começou a revolução, em julho de1936, ele se encontrava em visita de fa-mília. Com a tormenta que se aproxima-va, seus pais não acreditavam que ele es-tivesse seguro na Catalunha. Porém, o Ir-mão respondia: Não posso ficar; meu lu-gar é lá. Mesmo que não voltemos a ver-nos, seja lá o que Deus quiser. Ele me aju-dará! Se me matarem, não chorem; sereifeliz se puder derramar meu sangue por Je-sus Cristo. E se despediu para sempre deseus pais e irmãos.

Alberto MariaIrmão

Néstor Vivar Valdivielso, 1910-1936Estépar (Burgos)

Igreja onde foi batizado Néstor.

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Dio

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F ortunato nasceu em 2 de feverei-ro de 1898, em La Piedra (Bur-gos).É filho de uma família de la-

vradores. Aos treze anos se encaminhaà vida marista, ingressando no juvena-to de Artziniega (Álava). Emite os pri-meiros votos em 8 de setembro de1914. E faz a profissão perpétua, em 28de setembro de 1920. Desenvolve sua carreira docente em Art-ziniega (Álava), Cabezón de la Sal (San-tander),Vallejo de Orbó (Valencia), Zaragoza, LesAvellanes (Lleida).

Era paciente, bondoso, pres-tativo e muito hábil para amecânica. Nenhuma máquina o desa-nimava. Não sossegava até colocar emfuncionamento qualquer motor avariado.Quando os milicianos se apoderaram domosteiro de Santa Maria de Bellpuig, deles Avellanes (Lleida), quiseram protegê-lo ao saber de seus conhecimentos, sobremotores e eletricidade. Preparava, alémdisso, saborosas comidas para os ocu-pantes, e se dedicava a todo tipo de tra-balhos.Bastava ver um necessitado para se co-mover. Não tolerava que alguém fosseembora, sem algum tipo de socorro esempre acrescentava um copo de vinho àcomida dos pobres e pedia roupa aossuperiores, quando via pessoas necessi-tadas.

Por causa de todos os grandes serviços querealizava, os milicianos, que ocupavam oconvento, não lhe queriam fazer mal, eaconselhavam-no de ir para onde quises-se. Ele partiu para Os de Balaguer (Llei-da). Todos o conheciam nesse povoado.Parece que as coisas não lhe iam mal, pois,quando foi levado à prisão de Santo Elias,era o único que tinha um bom aspecto fí-sico. Foi fuzilado com os outros 45 Irmãos,em Barcelona, na noite de 8 de outubrode 1936.

Fortunato AndrésIrmão

Fortunato Ruiz Peña, 1898-1936La Piedra (Burgos)

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Irmão

Fortunato Ruiz Peña, 1898-1936La Piedra (Burgos)

Fortunato Andrés

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48 • FMS Mensagem 36

J úlio nasceu em no ano 1909, emterras de Medina de Pomar (Bur-gos). Em 24 de dezembro de

1921, dirige-se para o juvenato de Art-ziniega (Álava). Em 1926, emite os pri-meiros votos. E faz a profissão perpé-tua em 1932, no dia 15 de agosto, fes-ta da Assunção de Maria.Seus campos de apostolado serão suces-sivamente Artziniega (Álava), Vic (Bar-celona), Sants (Barcelona), Valencia, Al-cazarquivir (Morocco). Quando começa arevolução, estava em Sants (Barcelona).

Em companhia do Ir. Alber-to Ayúcar abandonou a casade Sants e se hospedou à Rua Novade São Francisco, e, pouco depois, à Rua

Tallers, onde se encontraram com osIrmãos Santiago Maria Sáiz e Félix LeónAyúcar. Ali ficaram tranqüilos os quatro,até 20 de setembro, dia em que foramdetidos e encarcerados.O mesmo comitê vermelho que os haviadetido levou-os, escoltados, para o bar-co no dia 7 de outubro, depois para aprisão de Santo Elias, e dali para Mont-cada, onde foram assassinados.O único motivo pelo qual mataram o Ir.Frumêncio foi sua condição de religio-so. Não houve razões políticas nem vin-ganças pessoaisou outras ra-zões.

FrumêncioIrmão

Julio García Galarza, 1909-1936Medina de Pomar (Burgos)

Igreja onde recebeu as águas batismais.

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Fortunato Andrés

S egismundo nasce em 28 de abrilde 1913, em Tobes y Rahedo(Burgos). Era filho de pais la-

vradores. Em 1924, ingressa no juve-nato de Artziniega (Alava). No dia 8de setembro de 1929, emite os pri-meiros votos.Seus campos de apostolado foram: o ju-venato de Villafranca de Navarra, 1930;Zaragoza, 1933; Les Avellanes (Lleida),1935. Em julho de 1936, os milicianosocupam o convento de Les Avellanes. OIrmão Gabriel Eduardo se reúne com omestre de noviços, o Ir. Felipe José, edecidem esconder-se definitivamente,diante dos perigos que correm por seremreligiosos. No dia 4 de outubro de 1936,o Ir. Virgílio foi buscá-lo para passar àFrança, por Puigcerdá. Foi detido nafronteira.

No dia 7 de outubro, chega aobarco Santo Agostinho, emBarcelona, e no dia seguinte éfuzilado junto com os outros 45 Irmãosmaristas no cemitério de Montcada (Bar-celona). Seus restos descansam na igre-ja do mosteiro de Santa Maria de Bellpuig,em les Avellanes (Lleida).No Juvenato de Artziniega (Álava) ganhoua estima de seus professores e compan-heiros pela bondade de caráter, docilida-de e aplicação aos estudos. O Ir. diretortinha-lhe especial estima por seu pro-gresso em todos os aspectos.

Gabriel EduardoIrmão

Segismundo Hidalgo Martínez, 1913-1936Tobes y Rahedo (Burgos)

Tobes y Rahedo(Burgos).

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F elipe nasce em 23 de março de1907, em Cilleruelo de Bezana(Burgos), numa família que vivia

da agricultura e criação de gado. Suapreparação para a vida marista come-çou em 1923, no juvenato de Artzinie-ga (Álava). Oito (8) de setembro, dataem que se celebrava a festa litúrgica daNatividade de Maria, é o dia escolhidopara terminar o noviciado com os pri-meiros votos, emitidos no ano de 1926,em Les Avellanes (Lleida). Em 15 deagosto de 1932, faz a profissão perpé-tua.Exerceu seu apostolado e docência em Art-ziniega, 1928; Jaén, 1931; Lleida, 1933.Encontrava-se nesta cidade, no início domovimento revolucionário. Primeiro, foipara o colégio Montserrat, como enfer-meiro, quando o centro foi transformadoem hospital de sangue e os Irmãos, em en-fermeiros. De-

pois, chegou a Bar-celona e se uniu aosque estavam nobarco Santo Agos-tinho. Foi assassi-nado no dia 8 deoutubro de 1936,no cemitério deMontcada. Seus res-tos descansam na igreja do mosteiro de lesAvellanes (Lleida).

A simplicidade do Ir. GilFelipe era extraordinária,o que lhe ganhava a estima de todos.Causam admiração os depoimentosque alguns companheiros de infânciafazem dele. Deus quis premiar com apalma do martírio aquele que soubeservi-lo sem reservas.

Gil FelipeIrmão

Felipe Ruiz Peña, 1907-1936Cilleruelo de Bezana (Burgos)

Igreja onde foi batizado Felipe e a casa paterna.

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V ictoriano nasce no dia 1º demarço de 1899, em Villalbilla deVilladiego (Burgos),onde seus

pais cultivavam as terras excelentes pa-ra o trigo e de suave vinho “churrillo”.Sua vida marista começa com seu in-gresso no juvenato de Vic (Barcelona),no ano de 1912. Fazos primeiros votos,em 1915 e em 1920,compromete-se parasempre.Desempenha seu apos-tolado com os jovens

em Lleida, 1917; Madrid (Cisne), 1924;Málaga, 1927; Lleida (Montserrat), 1928;Mataró (Valldemía), 1929; e finalmenteBarcelona (San José Oriol). Encontrava-se nessa comunidade quando os Irmãostiveram que se dispersar, a partir de 18de junho de 1936.

Era um homem decidido, lutadore de caráter sincero e aberto.Poucas mudanças e pouca mobilidade emseu currículo docente. Esta é uma ob-servação importante para a época emque as necessidades e outros motivos

obrigavam a muitas mudanças, sobretudopara os Irmãos jovens.No dia 18 de julho de 1936, o Ir. Isaíasse encontrava na comunidade de San Jo-sé Oriol. Depois da queima dos registros domici-liários, efetuados por homens armados,

não pensou mais efoi refugiar-se naresidência provin-cial. Também ha-via iniciado pro-cedimentos paramudar-se para Madri. Porém, antes departir, recebeu o convite para unir-se aogrupo que ia à Franca, por mar, e embar-cou com os demais no Cabo San Agustín. Dali foi enviado para a prisão SantoElias, e na seleção para o “corredor” damorte, entrou no número dos 46 Ir-mãos maristas escolhidos para serem fu-zilados.

Isaías MaríaIrmão

Victoriano Martínez Martín, 1899-1936Villalbilla de Villadiego (Burgos)

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N icolàs nasce em terras de cas-telhanas de Vil lanueva laBlanca (Burgos), em 20 de fe-

vereiro de 1916.Ingressa no juvenato de Artziniega (Ála-va), em 1927, e emite seus primeiros vo-tos em 8 de setembro de 1932.Suas comunidades são: Barcelona (SanJosé Oriol) 1933; Canet de Mar (Barce-lona), 1934; e, em novembro de 1935,é enviado a Torelló (Barcelona). Nessacasa e comunidade surpreende-o o inícioda revolta, em 18 de julho de 1936.

A fé e a piedade vividas em seular serão reproduzidas e vivi-das pelo Ir. José Federico. Pou-co a pouco, foi crescendo nele a atraçãopela vida religiosa. Fui testemunha, dis-se um Irmão da sua comunidade, do en-tusiasmo com que falava de seus pri-meiros anos de religioso, e do desejo

que sentia em consagrar-se a uma vida deperfeição.O anzol daquela astuta cilada de uma saí-da fácil para a França, através do barcotraiçoeiro, o seduziu totalmente, e tam-bém caiu na armadilha. A pensão onde elese encontrava era segura e tranqüila,mas ele a deixou para ir ao barco, e aí en-controu o desassossego, a inquietude, efinalmente a morte, quando ainda esta-va tão cheio de juventude e de sonhos.Ele tinha apenas 20 anos e 7 meses.Seus restos mortais foram levados à igrejado mosteiro de Santa Maria de Bellpuig deLes Avellanes.

José FedericoIrmão

Nicolás Pereda Revuelta, 1916-1936Villanueva la Blanca (Burgos)

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Casa natal.

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Ángel nasce em Sasamón (Bur-gos), em 27 de janeiro de1895. Seu pai ganhava a vida

como pastor, cuidando rebanhos deovelhas e sua mãe atendia a casa. Em1907, Ángel dirigiu-se para o juvena-to de Artziniega (Álava), onde iniciasua preparação para ser marista. Emi-te os primeiros votos em 1911 e, em15 de agosto de 1916, faz a profissãoperpétua. Seus campos de apostolado foram: Bar-celona, Artziniega (Álava), Pamplona,Logroño, Girona, Toledo, Zaragoza, Va-lencia, Lleida, Alicante e Burgos.

Era de caráter franco e ex-pansivo, que mantinha ao seuredor a alegria e o otimismo. As pessoas se sentiam bem ao seu lado,e também os alunos o apreciavam porquesabia ganhar a simpatia deles. Sua ati-vidade, seu amor ao tra-balho e a disciplina erampouco comuns, e mesmoque esses valores nãoagradem facilmente nosalunos, ele conseguia ex-celente resultado comexemplos práticos, queos entusiasmavam.Quando o colégio-inter-nato, onde residia o Ir-mão Licarión, foi requisitado para hospi-tal, ele ali permaneceu para prestar ser-

viço como enfermeiro, socorrendo ossoldados feridos. De Llerida, onde resi-dia, quando começou a perseguição re-ligiosa, se transferiu para Barcelona. Eali se envolveu na aventura do barco Ca-bo Santo Agostinho com o fim trágicoque já conhecemos.Seus restos mortais descansam na igre-ja do Mosteiro de Nossa Senhora de Bell-puing de les Avellanes (Lleida).Era muito ativo e eficaz no seu trabalhode educador e catequista: em que peseseu caráter enérgico, era um religioso dó-cil e exemplar. (Cf. Positio, p. 124 § 373).

LicariónIrmão

Ángel Roba Osorno, 1895-1936Sasamón (Burgos)

Conjunto arquitetônico de Sasamón.

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O povoado castelhano de foi o lu-gar onde Víctor veio à luz, em1899. Era filho de uma família

simples que atendia a banca de jornais etabacos da localidade. Em 1913 ingressa

no seminário de Artziniega (Álava) paracomeçar sua formação marista. Em 8 desetembro de 1916, emite os primeirosvotos e, em 25 de agosto de 1925, faz aprofissão perpétua.

Sua maneira de ser e seu com-portamento na relação com osdemais lhe deram a fama deser um homem pacífico. Ao seu re-dor, não apenas não havia problemas,como também se tinha a segurança de quetudo funcionaria bem. Obedecia com talfacilidade que os companheiros costu-mavam dizer: É uma obediência natural. O Ir. Lino passou quase toda a sua vida re-ligiosa em Les Avellanes (Lleida), salvouma breve estada em Torrelaguna (Ma-drid), um ano; em Manzanares (Ciudad

Real), um ano es-colar, e em Bar-ruelo (Palencia),outro ano escolar.Em Les Avellanesdesempenhou afunção comple-mentar de enfer-meiro.No dia 7 de outu-bro de 1936 se dirigiu para o barco “Ca-bo Santo Agostinho”, e foi assassinado,na noite do dia 8 de outubro, junto comoutros 45 Irmãos maristas, no cemitériode Montcada, para onde haviam sido le-vados, desde a prisão “checa” de S. Elias.Homem muito dócil e serviçal, de carátertímido, em conseqüência de uma menin-gite. (Cf. Positio, p.56 § 172 – Irmão Eu-sebio José).

Lino FernandoIrmão

Víctor Gutiérrez Gómez, 1899-1936Villegas (Burgos)

Igreja de Villegas(Burgos).

Casa natal.

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Fortunato Andrés

Em 6 de julho de 1899, nasceLeoncio, no povoado de Masa(Burgos), numa família dedica-

da ao cultivo do campo. O semináriomarista de Artziniega (Álava) acolhe-o na idade de treze anos. Em 1916,faz sua primeira profissão religiosa eem 6 de agosto de 1925, emite os vo-tos perpétuos.Realiza seu apostolado em Alcoy (Ali-cante), Pamplona, Murcia, Mataró (Bar-celona) e Barcelona. Encontrava-se emSan José de Oriol (Barcelona), quando arevolução teve início, e da qual foi ví-tima em 8 de outubro de 1936, junta-mente com outros 45 Irmãos Maristas, nocemitério de Montcada (Barcelona).

Ele adquiriu a fama de ser umhomem exigente consigo mesmo,mortificado e rigoroso nas dietas. Teveataques de febre amarela, porém, difi-cilmente se sujeitava ao leito. Se assim

era durante as enfer-midades, mais exigenteera na vida diária. Nãotolerava esquisitices ecomodidades, mas su-portava com facilidadea austeridade e o rigor.Homem alegre, serviçal,competente em suas au-las que preparava comantecedência, além deser extremamente caridoso. (Cfr. Positio,pág. 131 § 389. Jesús Lamata Martínez)

PorfirioIrmão

Leoncio Pérez Gómez, 1899-1936Masa (Burgos)

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Casa onde nasceu.

Certificadode crisma de Leôncio.

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Em 8 de novembro de 1884, nasceVictoriano, em Villamorón (Bur-gos). É filho de família simples

da região agrícola castelhana. Ingressana casa de formação marista de Burgos,em 1896. Em 1902, emite o voto de

obediência. Entrega-se ao Senhor defi-nitivamente, mediante sua profissãoperpétua, em 28 de agosto de 1907.Depois de sua formação, foi designado pa-ra as seguintes comunidades: Alella (Bar-celona), Santo André de Palomar (Barce-lona) Pamplona, Artziniega (Alava), e

Les Avellanes (Lleida), onde o sur-preende a perseguição de 1936. Em 3 deoutubro, depois das peripécias em es-conderijos, nos arredores do mosteiro, oIr. Sálvio respondeu ao chamado dossuperiores para tentar passar para aFrança. Desejo não realizado pela trai-ção da organização da FAI. No dia 7 deoutubro é detido com 107 Irmãos Ma-ristas no barco “Santo Agostinho” pelospatrulheiros da FAI e conduzidos à “che-ca” Santo Elias. Dali são retirados 46 ma-ristas, entre eles o Irmão Sálvio, e le-vados ao cemitério de Montcada (Bar-celona), e Les Corts (Barcelona). Foramassassinados, na noite do dia 8 de ou-tubro.

Os testemunhos são unânimesem ressaltar sua humildade,sua simplicidade nas palavras e no afeto.Seu sorriso habitual demonstrava umaserenidade constante, na relação comDeus e com os homens. Este sorriso nãoo abandonou nem mesmo quando, atingi-do por hemiplegia, teve que ficar pros-trado na cama. Os jovens tinham nele umexemplo de virtude.Dizia abertamente: Desejo obter a graça domartírio, ou pelo menos sua compensação:poder morrer mártir de amor, como Teresado Menino Jesus.Seus restos mortais descansam na igrejado mosteiro de Nossa Senhora de Bellpuigde les Avellanes (Lleida).

SálvioIrmão

Victoriano Gómez Gutiérrez, 1884-1936Villamorón (Burgos)

Igreja de Villamorón

(Burgos).

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S antiago nasce em Castañares(Burgos ), em 1912, em uma fa-mília de trabalhadores. Em

1925, vai ao juvenato marista de Vic(Barcelona) e se consagra a Deus, no In-stituto dos Irmãos Maristas com os pri-meiros votos, em 1930. O Irmão Santiago Maria começou seuapostolado em Lleida, 1931, de dondepassou para Barcelona em 1933. A per-seguição de 1936 o surpreendeu no colé-gio de San José Oriol (Barcelona). A co-munidade foi obrigada a desalojar o edi-fício. Os Irmãos tiveram que buscar es-conderijo nas casas de amigos, familiaresou pensões. Seguiu o destino dos 46 Irmãos, assassi-nados no cemitério de Montcada (Barce-lona), na noite de 8 de outubro de 1936,sem julgamento e sem poder declarar suainocência.A vida foi cortada ainda em flor sem mo-tivo e pelo simples fato de ser religioso,não por motivospolíticos.

As testemunhas afirmam: o Ir.Santiago Sáiz era um excelen-te educador: cumpria bem seus de-veres e prometia muito como apóstolo dajuventude.A comunidade de San José de Oriol, queera composta por 17 Irmãos, foi uma dasmais castigadas, naqueles dias infaustos.O Ir. Santiago Maria era o seu membromais jovem.Seus restos mortais descansam na igre-ja do mosteiro de Nossa Senhora de Bell-puig de les Avellanes (Lleida).Era um professor zeloso e dedicado à suamissão. Ensinava com zelo o catecismo aseus discípulos e era notória sua devoçãoà Santíssima Virgem e à Eucaristia. Era decaráter alegre e prestativo para com alu-nos e professores. (Cf. Positio, pág. 8 § 24)

Santiago MariaIrmão

Santiago Sáiz Martínez, 1912-1936Castañares (Burgos)

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S antos nasce em 30 de outubro de1907 em Medinilla (Burgos).Seus pais eram cam-

poneses. Em 1919, se dirigepara o juvenato de Artzinie-ga (Álava),onde começa suaformação á vida religiosamarista. Emite os primeirosvotos em Les Avellanes (Llei-da) em 1924. Em 15 de agos-to de 1929, faz a profissãoperpétua.Sua primeira comunidade foi ocolégio-externato, da rua Clave, de Llei-da, onde permanece por cinco anos. De-pois foi destinado para o colégio-inter-nato de Montserrat da mesma cidade.Neste colégio, o surpreende a revoluçãode 1936.Faz parte do grupo de 46 Irmãos maris-tas assassinados na noite de 8 de outu-bro de 1936, por sua condição de reli-giosos depois dos fatos protagonizadospela FAI, no navio Cabo Santo Agostinhoe a “checa”(prisão) Santo Elias.

Seus restos mortais descansam desde 15de agosto de 1967, na igreja do mosteirode Nossa Senhora de Bellpuig de les Avel-lanes (Lleida).

Durante a sua curta vida apos-tólica foi admirado por suavirtude e suas qualidades como

bom educador. Os testemun-hos falam da sua simplicidade e pie-dade: Era um professor muito com-petente com as crianças às quais sededicava por inteiro; era exemplar nocumprimento de seus deveres e umbom religioso.

SantosIrmão

Santos Escudero Miguel, 1907-1936Medinilla (Burgos)

O Irmão Santos e sua comunidade.

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E m 10 de janeiro de 1908, nasceJuan, na localidade de Covarru-bias (Burgos). Seu pai ganhava

a vida como sapateiro e sua mãe aten-dia a casa. As datas que marcam suacaminhada para a vida marista são: aentrada no juvenato de Artziniega(Álava) em 1920, os primeiros votosemitidos, em setembro de 1924 e aprofissão perpétua feita, em 15 deagosto de 1930. Exerceu seu apostolado e docência noscolégios que os Irmãos maristas dirigemem Sabadell (Barcelona), Badalona (Bar-celona), Igualada (Barcelona), Zaragoza,Barcelona (Sants), Barcelona (Lauria),Larache (Morocco), Logroño, Girona (LaMercè). Nesta comunidade de La Mercè,esteve no ano escolar de 1935-1936.

Os irmãos receberam o convi-te dos superiores para partirpara a França. O Ir. Vivencio saiude Girona com este propósito. Junto como Irmão Vicente Palmada subiram ao bar-co Cabo San Agustín, onde chegaramcom a seguinte senha: “Assunto Ordaz”.Aí foram traídos e presos 107 Irmãos. Fo-ram levados logo para a cadeia de SantoElias. No dia 8 de outubro,durante a noi-te, retiraram um grupo de 46, ente osquais o Ir. Vivêncio, para conduzi-losaos cemitérios de Montcada e les Corts,onde foram assassinados.Sua estada em Larache (Marrocos) deveu-

se ao trabalho social que compensava aobrigação do serviço militar. Os religio-sos podiam oferecer sua colaboração,durante algum tempo, na qualidade demissionários, em alguns países aceitospelo governo, para dispensar do serviçoobrigatório.As cartas que sua mãe lhe enviava - e es-crevia pessoalmente – eu as pude ler,quando estávamos ambos em Larache

(Marrocos,) mostravam que era uma san-ta e de grande influência sobre ele. Sem-pre manifestou com admiração que deviaa ela sua vocação e sua vida espiritual. OIr. Vivencio tinha um caráter um tanto im-petuoso, e com empenho procurava do-minar-se. Era um bom religioso. (Cfr. Po-sitio, pág, 43 § 145. Ir. Pedro RuedaContreras).

VivêncioIrmão

Juan Núñez Casado, 1908-1936Covarrubias (Burgos)

Covarrubias (Burgos).

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A Província marista daEspanha tinha sua casa

de formação em Les Avellanes(Lleida). Em julho de 1936,eram mais de 200 pessoas di-vididas em várias secções. Essa casa abrigava o semináriomenor, o postulado, o noviciado e o escolasticado, etapaesta em que se estudava teologia e pedagogia. Na mesma casaencontrava-se também a enfermaria provincial.Ao ser ocupada pelos revolucionários, transformaram-na em psi-quiátrico e hospital de guerra. Em conseqüência da requisição da

casa, os irmãos e os jovens estudantes fo-ram forçados a abandoná-la e a procu-rar abrigo nos povoados vizinhos ou nasmontanhas mais próximas. Dez irmãosdessa comunidade integram o grupo dos46 fuzilados.Hoje, esta casa de formação foi trans-formada num centro de espiritualidademarista chamado “Mosteiro de Les Avel-lanes”, para onde se dirigem famílias,professores e leigos para aprofundar, emclima de silêncio e de recolhimento, suavida cristã e sua atividade profissional.Na igreja local, repousam os restosmortais desses 46 mártires.

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Car

tage

na

Diocese de

Setembro de 2007 • 61

Nele ele nos escolheu, antes da fundaçãodo mundo, para sermos santos

e irrepreensíveis diante dele no amor. Ef 1, 4

Outrora éreis treva, mas agora sois luz no Senhor: andai como filhos da luz, pois o fruto da luz consiste em toda bondadee justiça e verdade. Procurai discernir o que é agradável ao Senhor.

Ef 5, 8-10

Juan De Mata

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62 • FMS Mensagem 36

J esus era natural de Puente Tocinos(Murcia). Nasceu em 15 de junhode 1898. Seu pai era moageiro e

sua mãe cuidava da casa. Em fevereirode 1926, ingressa no postulado de lesAvellanes (Lleida). No ano seguinteemite os primeiros votos. Em 15 deagosto de 1932, consagra-se a Deus de-finitivamente pela profissão perpétua.Ao começar a guerra civil, prestava seusserviços como ajudante da enfermaria deLes Avellanes. Em 7 de outubro dessemesmo ano se dirigiu ao barco Cabo San-to Agostinho e dali o levaram para a pri-são Santo Elias. Foi assassinadona noite do dia seguinte, 8 deoutubro, com outros 45 Ir-mãos.O Ir. Juan de Mata é umcaso extraordinário deadaptação e flexibili-dade. Já havia feito27 anos quando to-mou a decisão de en-trar para o noviciadode les Avellanes(Lleida). Muito pou-cos acreditavam que,apesar da boa vonta-de e das mais belasdisposições, ele pudes-se se adaptar à vida rígi-da do noviciado. A disci-plina rigorosa e as práticasexigentes não o dobraram. A

tudo se adaptou e em tudo se sentia fe-liz. Conhecia a vida dos Irmãos e estavaacostumado ao serviço.

Suas testemunhas falam de umjovem reservado em palavras,porém de rosto expressivo quemanifestava profundos sentimentos. Aalegria da vida religiosa e da sua vocaçãoera uma marca visível. Uma testemunhaafirma que lhe era impossível conter as lá-grimas, quando lia o testamento espiritualdo Padre Marcelino Champagnat.

Demonstrou grande abnegação naenfermaria de Les Avellanes

(Lleida). Era hábil na solu-ção dos problemas casei-ros e estava semprepróximo dos enfermos,como se as afliçõesdeles fossem suas.

Juan De MataIrmão

Jesús Menchón Franco, 1898-1936Puente Tocinos (Murcia)

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Setembro de 2007 • 63

ME JULGASTE DIGNO

“Senhor Deus, todo poderoso, Pai de Teu amado e benditoservo Jesus Cristo, por Ele Te conhecemos, Deus dos anjos, das potestades, de toda criação e de todo o povo dos justosque vivem em Tua presença.Bendigo-Te porque me julgaste digno,neste dia e nesta hora, de participar do número dos mártires, no cálice de Teu Cristo, para a ressurreição da vidaeterna, em alma e corpo, na incorruptibilidadedo Espírito Santo.Possa eu, hoje, ser recebido com eles, em Tua presença, como sacrifício generoso e grato, como Tu, Deus verdadeiro e veraz, de antemão o preparaste, o anunciaste e cumpriste.

Por isso e acima de todas as coisas, bendigo-Te, glorifico-Te, por Jesus Cristo -Sumo Sacerdote eterno e celestial, Teu servo amado - pelo qual damos glória a Ti, com Ele e o Espírito Santo, agora e nos séculos futuros. Amém”

(Martírio de Policarpo 14, 1-3).

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64 • FMS Mensagem 36

Idade dos irmãos

CARLOS RAFAEL 19 anos e 3 meses

JOSÉ FEDERICO 20 anos e 8 meses

RAMÓN ALBERTO 22 anos e 9 meses

JUAN CRISÓSTOMO 23 anos e 5 meses

GABRIEL EDUARDO 23 anos e 6 meses

SANTIAGO MARÍA 23 anos e 10 meses

FÉLIX LEÓN 24 anos e 10 meses

ALBERTO MARÍA 26 anos e 7 meses

ISMAEL 26 anos e 10 meses

DIONISIO MARTÍN 33 anos e 9 meses

MARTINIANO 35 anos e 2 meses

LINO FERNANDO 36 anos e 10 meses

MIGUEL IRENEO 36 anos e 10 meses

PORFIRIO 37 anos e 3 meses

ISAÍAS MARÍA 37 anos e 7 meses

ÁNGEL ANDRÉS 37 anos e 7 meses

JAIME RAMÓN 37 anos e 11 meses

JUAN DE MATA 38 anos e 4 meses

VÍCTOR CONRADO 38 anos e 7 meses

FORTUNATO ANDRÉS 38 anos e 8 meses

SANTIAGO 40 anos e 6 meses

LICARIÓN 41 anos e 9 meses

GAUDENCIO 42 anos e 7 meses

VITO JOSÉ 43 anos e 7 meses

VIRGILIO 45 anos e 3 meses

FELIPE JOSÉ 45 anos e 3 meses

ANTOLÍN 45 anos e 8 meses

BERNARDO 45 anos e 8 meses

TEÓDULO 46 anos e 6 meses

LAUREANO CARLOS 47 anos e 5 meses

PRISCILIANO 47 anos e 8 meses

BAUDILIO 48 anos e 5 meses

LEOPOLDO JOSÉ 51 anos e 7 meses

SALVIO 51 anos e 11 meses

LEÓNIDES 52 anos e 9 meses

LAURENTINO 54 anos e 10 meses

ANSELMO 57 anos e 5 meses

BERNABÉ 59 anos e 1 mes

EPIFANIO 62 anos e 7 meses

FRUMENCIO 27 anos e 4 meses

VULFRANO 27 anos e 7 meses

HERMÓGENES 28 anos e 6 meses

JOSÉ CARMELO 28 anos e 7 meses

VICTORINO JOSÉ 28 anos e 8 meses

VIVENCIO 28 anos e 9 meses

SANTOS 29 anos

GIL FELIPE 29 anos e 7 meses

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Anselmo

Carlos Rafael

Epifanio

Laureano Carlos

Diocese de

Gir

ona

Setembro de 2007 • 65

Aquele que nos fortalece convoscoem Cristo e nos dá a unção, é Deus, o qual nos marcou com um selo e colocou em nossoscorações o penhor do Espírito.

2 Cor 1, 21 e 22

Antes, na medida em que participais dos sofrimentos de Cristo, alegrai-vos,

para que também na revelação da sua glória possais ter

uma alegria transbordante.1 Pe 4, 13

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66 • FMS Mensagem 36

Gir

ona

A niceto nasce em Salt (Girona),em 16 de abril de 1879. Sua fa-mília administrava uma pada-

ria, na localidade. No dia 24 de julho de1893, ele ingressa no seminário maristade Canet de Mar. Emite o voto de obe-diência, em 1895. E em 15 de agostode 1900, faz a profissão perpétua.

Era piedoso, mortificado e auste-ro. Quando havia sobra de sobremesa, norefeitório, ele a recolhia para distribuir, emsuas caminhadas ou entre as crianças po-bres que catequisava. Isso acontecia noporto, entre os ciganos de Barceloneta, eem São José de la Montaña.No juvenato, em Vic (Barcelona), ele exer-ceu a função de ecônomo. A comunidadenão tinha grandes meios, mas assumiu es-sa função com tanto zelo que nunca fal-tou o necessário a alguém.

Nos primeiros dias da revolu-ção, isto é, de 19 a 30 de julho,ele se manteve com muita sere-nidade e tomou medidas prudentes pa-ra fazer frente à situação, da melhor ma-neira possível. Atendeu, sem descanso, osmembros da casa de Vic (Barcelona), ju-venistas e Irmãos escondidos e distri-buídos nas casas rústicas de Pla de Vic.No dia 30 de julho, quando os milicianosse apoderaram do juvenato, transforman-do-o em prisão, o Ir. Anselmo foi para Bar-celona. Resignado, esperava os aconteci-mentos, quando no início de outubro de1936, teve notícias do possível embarquepara a França, via Marselha. Apresentou-se e no dia 7 no navio Cabo San Agustín.Integrou o grupo dos 46 da prisão deSanto Elias: assassinados por serem reli-giosos.O Ir. Anselmo foi co-fundador da primei-ra casa marista no México, em Guadalaja-ra. Trabalhou no México de 1899 a 1909.

AnselmoIrmão

Aniceto Falgueras Casellas, 1879-1936Salt (Girona)

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Setembro de 2007 • 67

Gir

ona

Fortunato Andrés

C arlos nasce em Sant Jordi Des-valls (Girona) em 11 de julhode 1917, no seio de uma família

de agricultores. Aos onze anos, ingressano juvenato de Vic (Barcelona) e em 2de julho de 1934 pronuncia os primeirosvotos. Concluídos os estudos de forma-ção, foi enviado pelos superiores para ocolégio de Mataró (Barcelona).

Foi a vítima mais jovem do grupomarista de Montcada. Um ver-dadeiro anjo levado ao céu pelaVirgem. Durante o ano em que exerceuseu apostolado entre as crianças, foi mo-delo admirável de candura e simplicidade.Gostava de sua nobre vocação de reli-gioso e educador. Seu otimismo e sã ale-gria eram proverbiais e contagiavam a

todos. Não tinha dificuldades com ninguém e se sentia felicíssimo em seuministério.

Dele escreveu o Ir. Doroteo, seudiretor: Era excelente profes-sor e, além disso, uma almapiedosa e regular. Quando inicioua guerra civil saiu de Mataró e foi para seupovoado natal. Quando soube que se pro-jetava passar para a França de barco, despe-diu-se da família e se dirigiu para o porto,em 7 de outubro de 1936. Encarcerado naprisão Santo Elias, ao saber que os gruposque saiam não voltavam, porque eram mor-tos, calculando que iria ter a mesma sorte,disse sorridente ao seu vizinho: Assim mor-reremos mártires e iremos para o céu. Quefelicidade! Estava na mente de todos os que

morriam que era por Cris-to que morriam. Parti-lhastes o sofrimento dospresos e vos deixastes ex-poliar, com alegria, de vos-sos bens, certos de quepossuiríeis uma fortunamelhor e mais durável.(Hb 10, 34-35).

Carlos RafaelIrmão

Carlos Brengaret Pujol, 1917-1936Sant Jordi Desvalls (Girona)

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Antigo convento das Clarissas de Santa Maria de Jerusalém,situado na Rua São Elias, de Barcelona, também conhecido, na literatura depois da guerra, como a “checa” de São Elias.

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68 • FMS Mensagem 36

Em 26 de março de 1874, nasceFernando, em Taialà (Girona).Seus pais eram trabalhadores do

campo. Em 21 de setembro de 1888, in-gressa no juvenato de Saint-Paul-Trois-Châteaux (França), dois anos depois dachegada dos Irmãos maristas à Espa-nha. Emite o voto de obediência em1890. E em 19 de setembro de 1895,professa os votos perpétuos.

O Irmão Epifanio deixou umaprofunda marca na Província ma-rista da Espanha. Foi aluno do pri-meiro colégio fundado em nosso país e pe-diu ao Ir. Hilario, então diretor, para en-trar na congregação marista, a qual hon-rou com seus méritos e virtudes. Foi umexcelente educador, de tal maneira queganhava a confiança dos alunos rapida-mente. Atuou como diretor em Lloret (Bar-

celona), Malgrat(Barcelona), Igualada(Barcelona), Logro-ño, Manresa (Barce-lona) e Lleida. Maistarde, assumiu a di-reção do colégio darua Lauria, 38 (Bar-celona).

Nessa cidade osurpreendeu aguerra civil. En-quanto começa-vam as revoltas,na cidade, a co-munidade sedispersou embusca de algu-ma hospedagemapropriada. Odiretor, preocupado com a casa, teve anefasta idéia de voltar ao colégio paratentar salvar alguns objetos. Foi entãoque o encontraram e o colocaram na pri-são. É liberado e busca alojamento, depensão em pensão, até que cai nova-mente nas mãos dos esbirros, que o en-viam para a prisão, pela segunda vez. Foi um dos que desconfiavam, desde oinício, da boa fé dos seguidores de Au-relio Fernández, porém se conformoufinalmente com o desejo dos superiorese embarcou, no dia 7 de outubro del936. Da cadeia (“checa”) de Santo Eliaslevaram-no ao cemitério Les Corts, emSarrià, e ali foi assassinado. Era conse-lheiro provincial. Seus restos foram transladados para LesAvellanes (Lleida).

EpifanioIrmão

Fernando Suñer Estrach, 1874-1936Taialà (Girona)

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Setembro de 2007 • 69

Fortunato Andrés

P edro nasceu em Parlavà, povoa-do de Girona, em 4 de maio de1889. Em 1904 ingressa no ju-

venato-postulado de San Andrés de Pa-lomar. Emite os primeiros votos em1906 e se consagra definitivamente aDeus com a profissão perpétua, em 20de fevereiro de 1911, em Lleida.

Era um excelente professorque sabia ganhar a confiançados alunos. Seus Irmãos, de diver-sas comunidades educativas dão teste-munho dessa repercussão. Em Toledo, Ba-dalona (Barcelona), Sabadell (Barcelona)e Igualada (Barcelona), lugares ondeprincipalmente desempenhou seu tra-balho apostólico, guardaram uma agra-dável recordação de sua atividade do-cente. Afirma uma testemunha: Foi pa-ra mim um homem de uma grande sim-plicidade, com as características própriasde nossos Irmãos: afabilidade, modéstia,disponibilidade para qualquer e em qual-quer ocasião; incapaz de ter adversários,em razão da sua bondade e sinceridadede coração. Durante o ano escolar de 1935-36 se en-contrava na comunidade de Igualadacom outros oito Irmãos. A Generalitat,governo da Catalunha, decretou a ex-propriação de todos os edifícios que ti-vessem caráter religioso. O Comitê, quesempre havia defendido os Irmãos, atémesmo colocando um carro à sua dispo-

sição para retirarem do colégio os ob-jetos que quisessem, já não pôde fazernada.Vários irmãos da comunidade se reunirampara hospedarem-se numa pensão da lo-calidade. Aí permaneceram até chegar aproposta-convite dos superiores paraseguirem, conforme o acordo com os di-rigentes da FAI, para a França. O Ir.Laureano Carlos partiu imediatamente eentrou no barco Cabo San Agustín. Caiuassassinado, no dia 8 de outubro de1936. Seu cadáver foi reconhecido emMontcada. Seus restos mortais descan-sam agora na igreja de Santa Maria deBellpuig de les Avellanes (Lleida).

Laureano CarlosIrmão

Pedro Sitjes Puig, 1889-1936Parlavà (Girona)

Setembro de 2007 • 69

S. Andrés de Palomar(Barcelona).

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70 • FMS Mensagem 36

Los cuatro irmãos martires en Bugobe: Miguel Ángel, Julio, Fernando y Servando.

La Provincia de España fue generosa con las misiones. Envió más de 20 irmãos a México, una docena a Perú y Chile, diez aColombia, y otros diez a Argentina. Continuará siendo una Provincia misionera después de la persecución enviando irmãos a

Venezuela, Cuba, Ecuador, Paraguay, Uruguay y Bolivia. Y esa sana tradición se mantiene en el presente con envíos de irmãos a Hungría, Rumania, Argelia, Costa de Marfil,Congo... Los cuatro irmãos mártires en Bugobe: Servando, Miguel Ángel, Fernando y Julio están en línea directa con los irmãos que murieron asesinados del 1934 al 1936 ylos pioneros de la “missio ad gentes”.

S eparamos alguns parágrafos dacircular do Irmão Diógenes, do

dia 25 de dezembro de 1936,escritos na Casa Geral de Grugliasco(Itália), e podemos ver com quesentimentos, os Irmãos da CasaGeral, viveram os acontecimentos daEspanha onde nossos IrmãosMártires foram protagonistas. Ver otexto completo em Circulares, TomoXVII (1933-1937), p. 527-598.

“Na Secretaria reunimos comcuidado, à medida que iamchegando, as informaçõesconcernentes aos Irmãos e Obras daEspanha”. (...)

“Conheceis muito bem qual é acruel situação pela qual passa aEspanha desde o final do mês dejulho. As cartas que enviastes aCasa Mãe, dirigidas ao IrmãoSuperior Geral ou aos IrmãosAssistentes Gerais, nos mostram ossentimentos e o interesse fraterno

para com os Irmãos perseguidos eas orações feitas pedindo queDeus os ajude”.Este é, com efeito, meus queridosIrmãos, o acontecimento maisdolorido que o Instituto tempassado desde a sua fundação.Jamais uma perseguição haviadeixado entre nós tantas vitimase arruinado tantas obras. A católica terra da Espanha,tinha sido para nós, o sabeismuito bem, um campo de açãoexcelente. Em um temporelativamente curto, nasceram asmais diversas obras, as mais vivase as mais apostólicas cresceram ese estenderam a outros paisescomo a Republica Argentina,Chile, Peru e outras regiões de língua espanhola.

“Em verdade, há vários anostínhamos serias inquietudes. Aação da franco maçonaria sesentia pelas leis aprovadas.” (....)

A SORTE DOS IRMÃOSDA ESPANHA VIVIDA DESDEA ADMINISTRAÇÃO GERALEM GRUGLIASCO

Alguns parágrafos da circular do irmão Diógenes

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Setembro de 2007 • 71

Los cuatro irmãos martires en Bugobe: Miguel Ángel,

“As leis escolaresafetaram seriamentenossas escolas. OsIrmãos, guiados poruma dose de boavontade, adaptaram-se a situação e asescolas estavamcheias de alunos. Nofinal do mês dejulho, o país sedividiu pela metadedando origem doiscampos hostis”. (...)

“Em todos oslugares os Irmãos

foram expulsos de sua casa, àsvezes com brutalidade. Um grandenumero deles foram presos,conduzidos à prisão e guardadoscomo reféns. Muitos por desgraçaestão ainda aí e não é possíveldizer exatamente quantos, porém écerto que são mais que duzentos nodia de hoje (3 de dezembro)”. (...)

“Uma vez que os Irmãosestrangeiros saíram da Espanha nãosabemos quase nada dascomunidades situadas na zona deperigo, a não ser que nossos Irmãosestão em perigo de morteconstante.

Irmãos Hipólito, Michaélis, Diógenes,Laurentino e Eusébio, em Avellanes (1930).

ue generosa con las misiones. Envió más de 20 irmãos a México, una docena a Perú y Chile, diez a Argentina. Continuará siendo una Provincia misionera después de la persecución enviando irmãos aón se mantiene en el presente con envíos de irmãos a Hungría, Rumania, Argelia, Costa de Marfil,ernando y Julio están en línea directa con los irmãos que murieron asesinados del 1934 al 1936 y

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72 • FMS Mensagem 36

Los cuatro irmãos martires en Bugobe: Miguel Ángel, Julio, Fernando y Servando.

La Provincia de España fue generosa con las misiones. Envió más de 20 ir-mãos a México, una docena a Perú y Chile, diez a Colombia, y otros diez a

Argentina. Continuará siendo una Provincia misionera después de la persecu-ción enviando irmãos a Venezuela, Cuba, Ecuador, Paraguay, Uruguay y Boli-via. Y esa sana tradición se mantiene en el presente con envíos de irmãos aHungría, Rumania, Argelia, Costa de Marfil, Congo... Los cuatro irmãos már-tires en Bugobe: Servando, Miguel Ángel, Fernando y Julio están en línea di-recta con los irmãos que murieron asesinados del 1934 al 1936 y los pione-ros de la “missio ad gentes”.

crianças. Deus a pediu de uma sóvez por todas e eles a ofereceram,como os mártires de todos ostempos, com submissão e a oraçãoem seus lábios”. (...)

Aqui na Casa Mãe e na imensamaioria de nossas casas Provinciais,celebrou-se uma missa solene pelos numerosos mortos, privadosdas orações de sua comunidade.Esperando para poder decidir sobreo que fazer no final destes tristesacontecimentos e ainda que paramuitos a morte tivesse todas ascaracterísticas do martírio,recomendo-os em suas oraçõesfraternais.

“O Irmão Michaélis, Assistente Geralpôde chegar até Burgos, graças abenevolência das autoridadesmilitares. Ali se ocupa dos Irmãosprivados de seu Irmão Provincialpreso em Barcelona”. (...)

Paro por aqui, meus queridosIrmãos; temos mais notícias e

Ninguém sabe onde estão, enenhum deles pode escrever ou daruma direção que o comprometeria.Por outra parte, é impossível chegaronde estão. As tentativas querealizamos desde a Itália, França ouInglaterra de diversas formasterminaram sendo perigosas paraaqueles que queriam ajudar e nãoconseguiram o êxito esperado. Aúnica ajuda para socorrer nossos co-Irmãos é a oração, já que oshomens são incapazes”.

“Este é o balanço lamentável destesquatro meses de guerra religiosa,por que é a religião que sepersegue. É por causa de sua fé,porque são religiosos que os nossosIrmãos sofrem, motivo pelo qualforam expulsos, roubados,encarcerados e fuzilados. Semduvida para eles é um consolo nomeio de sua desgraça saber quesofrem por Deus e esta será a suaglória nos céus”. (...)

“Para nós é dolorido, porém aomesmo tempo um reconfortanteconsolo, saber que nossos Irmãosforam massacrados, deram a suavida por Deus. Entregaram-na gota agota, no seu dia-a-dia, no meio das

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Leónides

Víctor Conrado

Victorino José

Diocese de

Llei

da

Setembro de 2007 • 73

Por sua misericórdiafomos lavados pelo poder regenerador e renovador do EspíritoSanto, que ele ricamentederramou sobre nós.

Tt 3, 5

Fui crucificado junto com Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo quevive em mim. Minha vida presente na carne,

eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim.

Gl 2, 20

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74 • FMS Mensagem 36

J erônimo nasce em Castelló de Far-fanya (Lleida), em 27 de janeirode 1884, no seio de uma família

campesina. Aos quatorze anos foi aoseminário marista de Vic (Barcelona),onde começa seu postulado, em agostode 1898. Dois anos depois, emite o vo-to de obediência. Consagra-se a Deusdefinitivamente, em 27 de agosto de1905.Os alunos mais adiantados recordam seuvalor e mérito como professor. Era ummestre que explicava de maneira concisae metódica, e com exatidão. O Ir. Leôni-das mudou muitas vezes de comunidadeeducativa e percorreu um amplo territórioda Província marista, desde Girona atéCartagena; desde Madrid até Pamplona eMataró.

Suas convicções como reli-gioso eram fortemente ar-raigadas e profundas. Guardamosesta confissão de sua própria boca: devo

minha vocação à minha santa mãe, que se-guramente passou a metade de sua vida naigreja do povoado, de joelhos diante doSantíssimo Sacramento, ou rezando o ro-sário diante da Virgem. Atribuía tambémà sua mãe a piedade, que o acompanha-va e ajudava em todas as necessidades.Quando as autoridades republicanas re-quisitaram o colégio de Mataró (Vallde-mía), os Irmãos tiveram que procurar re-fúgios. O Ir. Leónidas se alojou na casa deuma tia sua que vivia em Barcelona. Eletambém entrou no barco onde foi preso eencarcerado. Na noite de 8 de outubro de1936, o “corredor” da morte, como diziam

os milicianos, acabou com sua vida. Seusrestos mortais descansam na igreja domosteiro Santa Maria de Bellpuig, de LesAvellanes.

LeônidesIrmão

Jerônimo Messegué Ribera, 1884-1936Castelló de Farfanya (Lleida)

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Setembro de 2007 • 75

Fortunato AndrésIrmão

Llei

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cese

de

José Ambrós Dejuan, 1898-1936Tragó de Noguera (Lleida)

vez mais freqüentes. Para não compro-meter a família Tresserras, os Irmãos, nomês de agosto, decidem esconder-se empensões de Barcelona.O início de outubro, diante do convitedos superiores para viajar para a França,o Irmão Victor Conrado se dirige ao bar-co Cabo Santo Agostinho onde 107 Ir-mãos Maristas são traídos e presos pelaFAI e conduzidos para a “checa” SantoElias. Escolhem 46, entre os quais o Ir.Víctor Conrado, na noite de 8 de outu-bro. Uns são levados para o cemitério deMontcaba e outros para o de Les Cortspara serem mortos.

J osé é natural de Tragó de Nogue-ra (Lleida). Nasceu em 26 de mar-ço de 1898. Em 1913, ingressa na

casa de formação marista de Vic (Bar-celona). Emite seus primeiros votos,em Les Avellanes (Lleida), em 1915.Faz a profissão perpétua, em 28 de se-tembro de 1920.Seus campos de apostolado foram: Cul-lera (Valencia) Les Avellanes (Lleida),Torelló (Barcelona) Centelles (Barcelona)Canet de Mar (Barcelona). Ele se encon-trava em La Garriga (Barcelona) quandoteve início a guerra civil de 1936.

O terremoto revolucionáriofazia sentir-ser em todas aspopulações dos arredores deBarcelona. Em 20 de julho ama-nheceu aparentemente tranqüilo, porém,às 11 da manhã ardia já a igreja paro-quial de La Garriga (Barcelona), e ime-diatamente começaram as prisões e osassassinatos.Os Irmãos foram avisados por um amigodo colégio. Saíram de casa correndo pa-

ra refugiar-se na gran-ja da família do Ir. Vic-tor Luis Tresserras, on-de foram acolhidoscom todo carinho.Desfrutavam de rela-tiva paz, porém, assindicâncias por partedo Comitê eram cada

Víctor Conrado

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76 • FMS Mensagem 36

IrmãoD

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sede

J osé nasce, em 23 de fevereiro de1908, em Torregrossa (Lleida), on-de seus pais se dedicavam ao cul-

tivo da terra. Na idade de onze anos,ingressa no seminário marista de Vic(Barcelona). Em 1924, emite os primei-ros votos em Les Avellanes (Lleida) efaz profissão perpétua, em 15 de agos-to de 1929.O Ir. Victorino José desempenhou seutrabalho apostólico em uma série de co-légios da província marista da Espanhatais como: Mataró (Barcelona), Sabadell(Barcelona), Alcoy (Alicante), Alicante, Gi-rona, Barcelona (Sants) e desde 1935 no-vamente Mataró (Barcelona).

Sempre foi um homem de modossimples, trabalhando sem du-biedade. Sua odisséia pessoal é dignadas atas dos mártires do cristianismo.

Dirigiu-se ao barco“Cabo Santo Agos-tinho” no dia 7 deoutubro de 1936.Ali se encontram107 Irmãos que fo-ram traídos econduzidos à pri-são Santo Elias.Um grupo de 46 foiretirado na noitedo dia 8 de outu-bro e conduzidoaos cemitérios de

Montcada (Barcelona) e Les Corts (Bar-celona). O Irmão Victorino José recebeuos tiros com seus companheiros e caiu porterra. Porém, o Irmão continuou com vi-da. Depois que os assassinos abandonaram olugar, ele se recuperou e se arrastou co-mo pôde, até uma casa nas proximidadesque era de boa família, mas que estava sobameaça: Aqui você está em perigo – lhedisse a dona da casa – e neste momentoandam procurando meu marido, que éferroviário, para matá-lo. E lhe indicou o caminho para chegar à Bar-celona. E no caminho, dirigiu-se a outracasa, mas esta, em lugar de indicar-lhe ocaminho para chegar à cidade, o delatouao comitê revolucionário. Foi novamentedetido e o fuzilaram no cemitério deMontcada.Era um homem muito estudioso e inteli-gente, humilde e constante no serviço dosdemais... muito devoto da Virgem e intré-pido na defesa de sua fé. (Cfr. Positio, pág. 242 § 770)

José Blanch Roca, 1908-1936Torregrossa (Lleida)

Victorino JoséLl

eida

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CONFESSORES

SÃO MARCELINOCHAMPAGNAT (1789 – 1840)

Canonizado por João Paulo II,no dia 18 de abril de 1999.

VENERÁVEL IRMÃOFRANCISCO (1808-1881)

Francês. Sucessor de São Marcelino e primeiroSuperior geral do Instituto. No dia 4 de julho de 1968,recebia da Igreja o título de “venerável” pelo qualreconhecia a heroicidade de suas virtudes. A faseseguinte do processo se conclui com a beatificação.

VENERÁVEL IRMÃO ALFANO (1873-1943)

Italiano. O Papa reconheceu a heroicidade de suas virtudes,em 22 de janeiro de 1991. O título de “venerável”

proclama que viveu as virtudes da fé, esperança e caridade de maneira heróica. A fase seguinte do processo se conclui com a beatificação.

SERVO DE DEUS IRMÃO BASÍLIO (1924-1996)

Mexicano. Superior geral do Instituto durante 18 anos.Sua causa de beatificação foi introduzida em Guadalajara(México) e se desenvolve com rapidez.

MÁRTIRES

SERVO DE DEUS IRMÃOLICARIÃO(1870-1909)

Irmão de origem suíça.Trabalhava em Barcelona ondefoi assassinado em 1909,durante a chamada “semanatrágica”. Foi introduzida sua causa de beatificação, em Roma.

SERVOS DE DEUS IRMÃOCRISANTO (1897-1936) E 68COMPANHEIROS

Espanhóis. Positio: A exposição que recolhe toda a documentação deste grupo,já foi entregue à Sagrada

Congregação pela causa dos Santos, em 07 de dezembro de 2001.

SERVOS DE DEUS IRMÃO EUSÉBIO (1878-1936) E 58COMPANHEIROS

Espanhóis. Foi iniciado o processo romano.

SERVO DE DEUS IRMÃO HENRI VERGÈS (1930-1994)

Francês. Assassinado em Argel, no dia 8 de maio de 1994. Sua causa foi unida a de outros 18 mártires da Argélia.

As causas maristas de santidade na atualidade

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78 • FMS Mensagem 36

No navio de nome “Cabo San Agustín”, tomado à compa-nhia proprietária, foram concentrados 107 irmãos, na

noite de 7 de outubro de 1936, com o objetivo – segundoacordo prévio entre a FAI eos representantes maristas –de passá-los, na manhã dodia 8 de outubro, a um na-vio francês, ‘L’Enfa’ que de-veria transportá-los a Mar-selha. Os 107 Irmãos, traí-dos, foram transferidos aoquartel da FAI (FederaçãoAnárquica Ibérica), instala-do no antigo convento dasClarissas de Santa Maria deJerusalém, da rua de SantoElias, de Barcelona, tambémconhecido, na literaturaposterior à guerra, como a“cheka (prisão) San Elías”;46 foram fuzilados. Esse nú-mero nos dá uma idéia daproporção entre os irmãosassassinados e aprisionados.Se morreram 172, os quepassaram pela cadeia, os queforam enviados para camposde trabalho forçado e às ve-zes também sofreram tortura(a checa era uma prisão on-de se torturava) foram uns300 ou mais. Trezentos querdizer uma terça parte dos800 irmãos que havia, en-tão, na Espanha.

Minha família paterna é originária damesma comarca da Catalunha, onde

nasceram os mártires Irmão Vulfrano e IrmãoHermógenes. Na casa de meus avós se recordava comfreqüência estes mártires, não apenas porque eram davizinhança, mas também por motivos de parentesco, jáque eram primos de segundo grau, e ainda porqueminha avó tinha sido professora em Bellcaire d´Urgell,vilarejo natal do Irmão Hermógenes. Lembro-me quetodas as tardes, rezando o terço em família, no finalcostumávamos dizer uma longa série de orações einvocações próprias do lugar e das devoçõesfamiliares. Nunca faltava a invocação a estes doisirmãos, que na época já chamávamos de Servos deDeus. Minha avó falava muito da bondade e da santavida religiosa do Irmão Hermógenes. Quando nametade do ano de 1960 ingressei no noviciado de LesAvellanes, minha avó chegou até mim e disse que «osirmãos Hermógenes e Vulfrano tiveram muita fé emorreram por Deus». Era para que eu aprendesse alição!Lembro-me também que na sala de jantar de casa,ao lado de uma imagem do Sagrado Coração, haviaum quadro com a fotografia do Irmão Hermógenes.Deduzo que fosse o recorte de algum daqueles folhetos«Flores de martírio e santidade», que durante aquelesanos eram editados pelos postuladores da causa.

Ir. Ramón Benseny, Bogotá (Colômbia)

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Diocese de

Pale

ncia

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Todos vós que fostes batizadosem Cristo, vos vestistes de Cristo.

Gal 3, 27

Estes são os que vêmda grande tribulação:

lavaram suas vestes e alvejaram-nas

no sangue do Cordeiro.Ap 7, 14

Ángel Andrés

Miguel Ireneo

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Pale

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Nasceu em Dueñas (Palencia),em 4 de março de 1899. Seupai ganhava a vida trabalhando

como carpinteiro e sua mãe era costu-reira. Ángel foi ao juvenato marista deArtziniega (Álava) aos treze anos. Em12 de abril de 1914, começa seu novi-ciado. Consagrou-se definitivamenteao Senhor, com os votos perpétuos,em 28 de setembro de 1920.

Graduado na Faculdade deFilosofia e Letras, estilista,poeta, foi homem dedicadoaos estudos, sem diminuir a pieda-de e o espírito religioso. Escreveu mui-tos artigos, que foram publicados na re-vista Stella Maris. Além disso, foi um dos mais ativos co-laboradores da Editora FTD. Também co-laborou nas Festividades do ano litúrgi-co e O Santo de cada dia. Ao Ir. Ángel An-

drés se deve a edição escolar de El Qui-jote, enriquecida com notas, comentáriose temas de aplicação e composição.Além desses trabalhos, era professor.Exerceu essa função em Burgos, Logro-ño e principalmente em Madrid. Todos osdomingos, à frente de um grupo de jo-vens, ele visitava e dava assistência aospobres. Passou o último ano passou emMadri. Terminado o curso foi para Barcelonapara dedicar seu tempo de férias à Edi-tora Luis Vives. Em meio ao perigo se es-queceu de si mesmo e da própria segu-rança, e só pensou em ajudar seus ir-mãos. Essa solicitude não passou desper-cebida dos dirigentes da FAI e especial-mente de Ordaz. Quando no dia 8 de ou-tubro, fizeram descer os irmãos do bar-co para conduzi-los à prisão, os IrmãosAngel Andrés e Virgilio Lacunza foram co-locados num carro e desapareceram. Elefaz parte do grupo de 46 Irmãos Maris-tas da “checa” Santo Elias que foram fu-zilados.

Conosco, Senhor, permanece,segue, amante, regendo tua grei;símbolo augusto que nunca feneceé na Cruz que ditas a tua Lei.

Ángel AndrésIrmão

Lucio Izquierdo López, 1899-1936Dueñas (Palencia)

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Fortunato Andrés

E m 9 de dezembro de 1899 nas-ce Leocadio, em Calahorra deBoedo (Palencia), em uma fa-

mília de lavradores. Sua vida maristacomeça no juvenato de Carrión de losCondes (Palencia), em 1912. Quatroanos mais tarde, emite os primeirosvotos, e faz a profissão perpétua, em28 de setembro de 1921.Miguel Ireneo e seus companheiros deturma foram ao México para continuarsua formação, no término do noviciado,mas o país atravessava momento delicadoe, após um período aí, voltaram para aEspanha. Exerceu seu trabalho apostólico em Pam-plona, 1917; Pontós (Girona), 1920; denovo Pamplona, 1921; e Barcelona,1933.

Era muito inteligente, supe-rava facilmente seus compa-nheiros e coetâneos. Suas capaci-dades intelectuais tiveram um reflexo norendimento escolar e em sua preparaçãoacadêmica, onde não encontrava difi-culdade em nenhuma disciplina. Comoprofessor, preparava as aulas com es-mero, e as dava com extraordinária com-petência. Os Irmãos de sua comunidadeapreciavam especialmente seu espíritode fé, sua piedade e a serenidade comque contemplava, em tudo, a Providên-cia divina.

Sua vida foi a melhor preparação para omartírio. Na noite do dia 8 de outubro de1936, é conduzido com os outros 45 Ir-mãos ao cemitério de Montcada, onde fo-ram assassinados. Seus restos mortais descansam na igrejado mosteiro de Nossa Senhora de Bellpuigde les Avellanes (Lleida).

No ano de 1928, o servo de Deus era pro-fessor do primeiro ano do pré-vestitular(bachillerato). Com todos, ele tinha umcaráter afável e pronto pra servir; ama-va seu trabalho, era fiel aos seus deve-res religiosos; dava provas de uma fésólida e um amor visceral por sua voca-ção. (Cfr. Positio, pág. 109 § 321. IrmãoJulio Domeque Alguacil).

Miguel IreneoIrmão

Leocadio Rodríguez Nieto, 1899-1936Calahorra de Boedo (Palencia)

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A julgar pelas estatísticas, os anos de 1930-1939foram uma dura provação para a província da

Espanha que passou de 800 irmãos a pouco mais de400. Cento e setenta edois (172) irmãos foramassassinados por serem reli-giosos, outros morreramnas frentes de batalha e asnovas admissões foram es-cassas. Nesse período, umamédia de 29 irmãos, porano, abandonaram a insti-tuição. Esses dados mani-festam que os irmãos márti-res souberam ser genero-sos, nos momentos mais di-fíceis da prova.

No grupo dos 46 márti-res, 17 eram da faixa

dos 20 aos 30 anos: márti-res jovens, com uma vida re-ligiosa curta e simples, massouberam dar a v ida aoSenhor com a generosidadeprópria da juventude.

O conhecimento que eu tenho dosnovos beatos vem através do

testemunho que eles mesmos deram, mas isso não ésuficiente. A vida deles é uma resposta de amor aoSenhor, que os havia escolhido para serem apóstolosdos jovens, especialmente os mais abandonados. Pensoespecialmente no Irmão Bernardo, em seu trabalhojunto aos filhos dos que trabalhavam nas minas deBarruelo. Um Champagnat das Astúrias, cuja vida éluz. «Aos santos basta ser, pois sua existência é umapelo» (Bergson). O Irmão Laurentino, o bom pastor,e seus companheiros, manifestam a caridade pastoraldos filhos de são Marcelino pelas crianças, umacaridade que vai até o oferecimento da própria vida. A Providência quis que eu conhecesse Émile Aragou, o Irmão Luis. Homem de grande coragem já durante a1ª Guerra, de 1914-1918, expôs a sua própria vidapara salvar as dos jovens irmãos e noviços, em 1936.A malícia e a cupidez dos homens naquele momentohistórico não permitiram a ele de completar aoperação «cabo santo Agostinho», que deveria salvarda morte muitos irmãos, pelos quais ele já havia pago o resgate exigido pelos seus carrascos. Pertencer a um Instituto mariano, que deu à Igreja tantostestemunhos, mártires, só pode nos estimular o desejode seguir pelo mesmo caminho deles.

Ir. Alain Delorme

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BaudilioFelipe JoséFélix LeónRamón AlbertoLeopoldo JoséIsmaelSantiagoTeódulo Pa

mplo

na

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Vós, filhinhos, sois de Deus e vós os vencestes. Porque o que estáem vós é maior do queaquele que está no mundo.

1 Jo 4, 4

Quanto ao vencedor, farei dele uma coluna no

templo do meu Deus, e daí nunca mais sairá.

Ap 3, 12

Diocese de

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Pamp

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E m 19 de maio de 1888 nasce Pe-dro, em Cárcar (Navarra), numafamília de lavradores. Aos treze

anos, ingressa no juvenato de San An-drés de Palomar para iniciar sua forma-ção como marista. Emite os primeirosvotos em 2 de fevereiro de 1905, e nodia 30 de agosto de 1910, faz a profis-são perpétua.

O Ir. Baudilio era fiel e exatona correção dos trabalhos realizados, emindicar o bom e o deficiente. Quantas ho-ras dedicadas por dia à correção de cader-nos e deveres! Porém, tudo era compensadopelo entusiasmoque sabia despertarem seus alunos.Em 1917, o Ir. Bau-

dilio fez os exercícios do segundo noviciadoem Grugliasco (Itália). Durante esses diasfez uma sinopse da teologia ascética: deimediato seus companheiros de comuni-dade observaram que a doutrina e o espí-rito ali contidos impregnavam sua vidainterior e todos os seus atos. Nomeado di-retor do colégio de Canet de Mar (Barce-lona), e depois de Sants (Barcelona), am-bas as obras conheceram dias de glória eprosperidade sob sua prudente e firme di-reção: grande número de alunos, bomespírito e emulação reinavam entre osprofessores, assim como entre os alunos.Em 1933 foi preciso cumprir a ordem atra-vés da qual desapareciam as congrega-ções docentes. O colégio de Valldemia(Mataró) foi adquirido, em conformidadecom as novas leis, - pela “ImobiliáriaMundial S.A.”- uma firma de coberturas,cuja sede estava em Lyon (França), a qualo alugou a um grupo de professores titu-lados, que não eram senão os mesmos Ir-mãos Maristas vestidos à paisana. Baudi-lio foi nomeado gerente e representante daempresa titular. Seu tato e prudência aju-daram a contornar as dificuldades do mo-mento.Quando, em fins de setembro de 1936, sefalou de um acordo com a FAI, o Ir. Bau-dillo continuou cético. Mas embarcou comos demais e, no navio, ocupou o mesmo ca-marote que o Ir. Provincial, e seguiu osuperior no mesmo trágico destino: foramassassinados na noite do dia 8 de outubrode 1936.

BaudílioIrmão

Pedro Ciordia Hernández, 1888-1936Cárcar (Navarra)

Igreja de Cárcar.

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Em 7 de julho de 1891, nasce umrebento varonil, filho de Críspuloe Francisca, em Iruñela, localida-

de de Navarra. Considerada a data denascimento, coincidente com as festaspopulares festas patronais de Pamplo-na, recebeu o nome de Firmino. No dia8 de setembro de 1903, ingressa no ju-venato de Vic (Barcelona) para começarsua vida marista. Emite os primeiros vo-tos em 1907. E em15 de agosto de1913, faz a profissão perpétua.No Ir. Felipe José – escreve um compa-nheiro – vi personificadas as virtudes doeducador religioso: piedade, dignidade,competência. Amigo da prática socrática,encaminhava seu aluno de maneira inte-ligente para que, de pergunta em pergun-ta, ele mesmo descobrisseas fórmulas e conclusõesadequadas.Em fevereiro de 1936,chegava à Les Avellanes (Lleida),com a função de mestre interinodos noviços. Era uma situação de-licada e difícil. Os noviços se sen-tiam órfãos, pois gostavam muito do Ir.Luis de Gonzaga, que acabava de partir pa-ra o segundo noviciado.

A piedade, a prudência e aalegria do Ir. Felipe José contribuírampara trazer imediata serenidade aos es-píritos. Graduado pela Universidade deZaragoza, era competente e simples em

suas orientações, proporcionando a cadaum a ciência e os conselhos mais opor-tunos.Com o início da guerra civil, o Ir. Felipe Jo-sé se dirigiu a Vilanova de La Sal (Lleida)com todos os Irmãos formadores e alunos.Em Vilanova logo surgiram os comentáriossobre seu desvelo e abnegação por seusalunos. Grande foi sua dor quando, por or-dem do comitê vermelho, tiveram queespalhar-se pela comarca. Em semelhan-te situação, a presença do Ir. Felipe Joséera comprometedora. Juntamente comoutros irmãos ele se escondeu em grutasdos arredores. Mas diante dos desconfor-

tos da situação veio-lhe uma paralisiaque lhe dificultava muito os movimentos.Ele foi uma das vítimas da prisão “che-ca”de Santo Elias.Um condiscípulo testemunhou: Caráterfranco, aberto e humorista. Recordo suaexemplaridade, sua piedade simples, in-tensa, persistente.

Fortunato AndrésFelipe JoséIrmão

Fermín Latienda Azpilicueta, 1891-1936Iruñela (Navarra)

Casa natal.

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F élix nasce em 4 de dezembro de1911 em Estella (Navarra), numlar de trabalhadores do qual saí-

ram dois filhos para serem maristas emártires, juntos. Seu pai era chefe dearrumadores de estrada. A mãe morreuquando os filhos eram pequenos. Acom-panhou seu irmão menor, Feliciano, aojuvenato de Villafranca de Navarra em1924.Em 8 de setembro de 1929, pronunciou osprimeiros votos. Era, por tanto, professotemporal quando começou a revolução. Foidocente em Igualada, Mataró, Barcelona.

Durante os anos de formaçãose destacou por sua piedade eseu silêncio. Terminados os estudosdo escolasticado, foi destinado a dar seusprimeiros passos como professor em Igua-lada.Iniciado o levantamento nacional, en-controu uma maneira de esconder-se, du-rante os primeiros dias, numa pensão,onde ser refugiara seu irmão. Foi preso pe-los milicianos, ele com mais dois outrosmaristas. Em seguida, foram levados pa-ra o canódromo do Guinardó, em Barce-lona, onde já se encontrava outro grupode Irmãos, entre eles o bom Ir. Epitáfio.Mais tarde, se reuniram com os demais noCabo San Agustín. Ali ele teve a estranhasurpresa de ver dois milicianos que vestiamos trajes roubados dele e a seu irmão.O Ir. Félix Leon ficou depois recluso na pri-são de Santo Elias, de onde saiu para sersacrificado com os demais na noite de 8de outubro de 1936.Um irmão companheiro disse: Ele não en-trou em pânico pelo que poderia lhe acon-tecer, uma vez que para ele a morte na-quelas circunstâncias lhe permitiria ganharo que mais desejava: o martírio.

Félix LeónIrmão

Félix Ayúcar Eraso, 1911-1936Estella (Navarra)

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Estella. San Pedro de la Rúa.

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F eliciano nasce em Estella (Na-varra) em 24 de janeiro de1914. Em 1924 entrou no semi-

nário marista de Villafranca de Navar-ra, junto com seu irmão Félix, trêsanos mais velho do que ele. Nessamesma casa vai emitir os primeirosvotos, em 1930.Os superiores o destinam sucessivamen-te a Vic, Torellò (Barcelona), Vilafrancadel Penedès (Barcelona), Girona, colégioexternato de La Mercè.O Irmão Ramón Alberto se encontrava nacomunidade de Sants (Barcelona), quan-do teve início a perseguição. Em conse-qüência de uma investigação realizada,no dia 20 de setembro de 1936, na pen-são onde estava alojado, foi detido jun-

to com seu irmão, o Ir. Santiago Maria,e o Ir. Frumencio. Logo depois ficaramem liberdade, mas ao tomarem conheci-mento do convite dos superiores, diri-giram-se ao barco Cabo San Agustín, nodia 7 de outubro. Depois de passar pelaprisão Santo Elias foram assassinados, nanoite do dia 8 de outubro de 1936.

Era um dos mais jovens dogrupo. Tinha apenas 22 anos.Sua primeira missão foi a de formador,no seminário de Vic. Suas qualidades evirtudes faziam com que os superioresdepositassem nele essa confiança e queriamenviá-lo para uma casa de formação.Era um jovem simples, serviçal, modesto,desses que, parece, não podem fazer nadade mal. Era trabalhador e aplicado nasaulas. (Cfr. Positio, pág. 134 § 400).

Fortunato AndrésRamón AlbertoIrmão

Feliciano Ayúcar Eraso, 1914-1936Estella (Navarra)

A cidade de Estella situa-se àsmargens do rio Ega.

A cidade de Estella intimamentevinculada ao Caminho de Santiago.

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F lorentino nasce em Cárcar (Na-varra) em 14 de março 1885,numa família humilde. Seu pai

era arrumador de estradas e sua mãecuidava dos serviços domésticos. Em1898, ingressa no juvenato de Canetde Mar (Barcelona). Quatro anos de-pois, emite o voto de obediência. Emsetembro de 1903, parte para a Améri-ca (Argentina-Luján), onde permanece12 anos. Faz a profissão perpétua, em15 de agosto de 1907. Em sua estadana Argentina trabalha em Mar del Pla-ta, Caseros e Luján.Em 1915 volta para a Europa e fica naItália até 1920: Grugliasco, Ventimiglia,Mondovi. Depois o encontramos em Ma-taró (Valldemía). Ali permanece 16 anosseguidos como roupeiro ou enfermeiro,até o dia do início da guerra civil.No dia 07 de outubro de 1936 se dirige

ao barco Ca-bo San Agus-tín, e é as-sassinado nodia seguinteà noite, emMontcada.

Silencioso, foi servidor doSenhor e de todos quantos ne-cessitassem de sua ajuda. Os testemunhos sobre a vida do Ir. Leopoldosão abundantes em duas direções fun-damentais: sua vida interior e sua atitudede serviço e observância da Regra. Guardava o silêncio previsto na Regra, deforma rigorosa. Isso, ao invés de con-vertê-lo em desagradável e estranho,em suas maneiras e em sua relação comos demais, tornava-o simpático e atraen-te. Um sorriso franco e contínuo enchiaseu rosto e sua pessoa de encanto, e otornava agradável em seu trato e servi-ço. Os alunos chamavam-no “o santo”.Escrevia em carta à sua irmã: Leonor, voudar-lhe um conselho: deve gastar maistempo em dar graças a Deus NossoSenhor pelos benefícios sem conta quetem recebido, do que em pedir novos fa-vores e graças; e isso é a coisa que maisagrada a Deus. Além disso, é sabido que a melhor maneira de pedir é agradecer,mesmo entre os homens.

Leopoldo JoséIrmão

Florentino Redondo Insausti, 1885-1936Cárcar (Navarra)

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Fortunato AndrésIrmão

O povoado de Cirauqui (Pamplo-na) é o lugar onde nasceu Ni-colás, em 6 de dezembro de

1909, em família simples e de profun-das convicções religiosas. Sua forma-ção para a vida marista começou nojuvenato de Artziniega (Álava) em1920. Seis anos depois, pronunciavaseus primeiros votos. Em 23 de agostode 1931, consagrava-se de forma defi-nitiva ao Senhor com a profissão per-pétua.Trabalha como docente e catequista emBurgos, 1927; Villafranca de Navarra,

1929; Burgos, internato, 1930; Jaén,1931; Logroño, 1932; Artziniega, 1934;Lleida Montserrat, 1936.

Quando começaram os diasviolentos da guerra civil, ser-viu como enfermeiro, no pró-prio colégio, como outros Irmãos, aotransformar-se o colégio em hospital deguerra, para os feridos do front de Hues-ca. Teve que fugir daí porque os milicia-nos o prenderiam. No dia 7 de outubro eletambém se entrou no barco Cabo SantoAgostinho. Foi assassinado no dia se-guinte, oito de outubro, com o Ir. Lau-rentino, provincial, Virgílio, visitador, e ou-tros 43 Irmãos maristas, por serem reli-giosos.

Em seu trabalho como pro-fessor nos colégios de Bur-gos e Logroño, ele soubeganhar a afeição e o amordos seus alunos e dos seuspais. Por causa da sua saú-de delicada, passou al-guns anos na enfermariade Les Avellanes (Lleida).Durante a convalescençafoi construindo uma gran-de confiança em Deus euma disponibilidade maioràs suas decisões e a seuquerer.

IsmaelNicolás Ran Goñi, 1909-1936Cirauqui (Navarra)

Casa natal.

Igreja onde Nicolás recebeu o batismo.

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Irmão

S erafín nasce em 16 de abril de1894 no senhorio de Echálaz,Valle de Egüés (Navarra). Sei

pai era professor de escola e sua mãedesempenhava os trabalhos de donade casa. Com quinze anos foi ao juve-nato de de Vic (Barcelona), de dondepassa para o seminário internacionalde Grugliasco (Itália). Emitiu os pri-meiros votos em 1914. Em 27 de se-tembro de 1919, fez a profissão per-pétua.O Ir. Santiago começa seu apostolado emPamplona no ano de 1915, e em segui-da passa por Carrión dos Condes (Palen-cia), Vic (Barcelona), Les Avellanes (Llei-da), Villafranca de Navarra, Girona, Bar-celona. Ele se encontrava na comunida-de de Les Avellanes, quando começa aperseguição de 1936. Julho, agosto e se-tembro andou se escondendo por luga-res inóspitos. Faz parte do grupo de 46Irmãos Maristas assassi-nados na noite de 8 deoutubro de 1936, no ce-mitério de Montcada, porserem religiosos.

SantiagoSerafín Zugaldía Lacruz, 1894-1936Echálaz (Navarra)

Era um homem de vasta cultu-ra literária e artístico-musical.Trabalhou na edição de livros. Em seu re-pertório musical se mostra conhecedorda liturgia, entusiasta animador da par-ticipação fervorosa nas celebrações, através do canto religioso.Publicou artigos nos quais manifesta nãosomente o gosto e o saber litúrgico, co-mo também seu fervor eucarístico.Em 1933, ano da Redenção, escrevia es-tas poéticas palavras: Salve, ó Cruz! És to-da minha, sou todo teu, e presos com osdulcíssimos laços da mútua e constante di-leção, serás minha união perpétua.Uma testemunha escreveu: Era simples, la-borioso e excelente organista que traba-lhava na igreja do Mosteiro de Les Avella-nes onde permaneceu muito tempo. Comomúsico foi compositor e publicou váriasobras litúrgicas. (Cfr. Positio, pág. 8 § 23.Irmão Jaime Gregori Corsa)

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Setembro de 2007 • 91

Dio

cese

de

Fortunato AndrésIrmão

L ucio nasceu em 23de abril de 1890,em Echávarri (Na-

varra). Seu pais cultiva-vam terras banhada pelorio Ega. O rapaz foi ao ju-venato marista de SanAndrés de Palomar quan-do tinha doze anos. Em24 de fevereiro de 1907,pronunciou seus primei-ros votos. E em 15 deagosto de 1912, se consagrou definiti-vamente através da profissão perpétua.Realizou seu trabalho apostólico em Ca-bezón de la Sal (Santander), Valencia, Ma-taró (Barcelona) e Les Avellanes (Lleida).Era diretor do escolasticado de les Avel-lanes (Lleida), quando teve início a per-seguição de 1936. O mosteiro de LesAvellanes foi ocupado pelos revolucioná-rios e os formandos se refugiaram em fa-mílias das populações vizinhas e os Ir-mãos tiveram que esconder-se nas proxi-midades. Teódulo colaborou com o Ir. Virgilio pa-ra passar os jovens formandos para aFrança através do posto fronteiriço dePuigcerdá, em 3 de outubro de 1936.Poucos dias depois, se dirige ao barco Ca-bo Santo Agostinho, onde 107 Irmãos Ma-ristas estão detidos pelas patrulhas re-volucionárias. Na noite do dia 8 de ou-tubro, 46 deles são levados aos cemité-rios de Montcada (Barcelona) e Les Corts(Barcelona), onde são fuzilados.

O Ir. Teódolo era uma pessoarelevante em quem os superio-res haviam colocado grandesesperanças.Contrariamente à prática habitual, ele ha-via recebido a autorização de ir à Ale-manha para aperfeiçoar seus conheci-mentos de filologia. Desempenhou bri-lhantemente o cargo de diretor do colégiode Valencia. Foi bom educador.Foi encarregado do escolasticado de LesAvellanes (Lleida) onde se formavam 50 jo-vens maristas. O Ir. Teódolo era homemmuito ponderado e de reto juízo crítico.Gozava de grande prestígio e admiraçãoentre os irmãos.

TeóduloLucio Zudaire Aramendía, 1890-1936Echávarri (Navarra)

Foto de família.

Casa natal.

Pamp

lona

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92 • FMS Mensagem 36

Os Irmãos maristas dirigiam dois colégios na cidade deLleida: o de Montserrat, um internato, e o da rua An-

selmo Clavé, externato. O internato de Montserrat foi ocu-pado pelos milicianos e converteram-no em hospital de guer-ra. Nas primeiras semanas, os irmãos do colégio puderampermanecer e trabalhar como enfermeiros, no entanto, tão

logo souberam que eramreligiosos, dispensaram seusserviços. Cinco irmãos des-sa comunidade são do gru-po dos 46 assassinados, emMontcada, na noite de 8de outubro de 1936.

Pelos métodos emprega-dos pelas patrulhas

anarquistas - tais como o“paseillo”, o fator noite, oslugares mais ermos e semtestemunhas - podemosconsiderar esses irmãos co-mo “mártires do silêncio”,uma vez que não dispomosde testemunhas que nosdescrevam seus últimos mo-mentos vividos como cris-tãos e religiosos. Muitosmártires simplesmente desa-pareceram. Somente Deusrecolheu seu testemunho.

O Ir. Cláudio Alberti é o autor dolivro “Il tempo è presto trascorso.

Laurentino e 45 compagni, fratelli maristi vittimedella persecuzione religiosa in Spagna”, 1936,Fratelli Maristi, Roma.Escrevi a biografia do Irmão Laurentino e seus 45 companheiros – o título é um verso de uma poesia de Novalis – solicitado e quaseforçado pelo Ir. Gabriele Andreucci. Um trabalho que recusei em um primeiro momento,mas que no final estou contente de tê-lo feito,porque conheci 47 homens que, sem saber e semquerer, souberam responder à história, sendoconseqüentes com suas pesadas exigências. Diria mesmo, pesadíssimas.Eram 47 «anormais homens normais», como diria Chesterton, que viveram o quotidiano,mas que aceitaram morrer pelos ideais nos quaisacreditavam. Sem fazer poses heróicas, foram heróis.

H. Claudio Alberti

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Vito José

Setembro de 2007 • 93

San

Seba

stiá

n

Tua graça vale mais do que a vida,mais lábios cantarão teu louvor.

Liturgia das horas. Antífona das Laudes do comum dos mártires.

Ao vencedor darei do maná escondido, e lhe darei também uma pedrinha

branca, uma pedrinha na qual está escrito um nome novo,

que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.

Ap 2, 17

Diocese de

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94 • FMS Mensagem 36

Dio

cese

de

J osé Miguel nasce em Régil (Gui-púzcoa) em 5 de março de 1893,no casario familiar situado na la-

deiras do monte Ernio. Em 1907, in-gressa no seminário marista de Vic(Barcelona). Emite os primeiros votos,em Manresa (Barcelona), em 21 de se-tembro de 1909. E se consagra a Deus,definitivamente, através da profissãoperpétua, em 15 de agosto de 1914.Trabalha como docente e catequista, emSanta Coloma de Querat (Tarragona), Mal-grat de Mar (Barcelona), Badalona (Bar-celona), Torrelaguna (Madrid), Melilla(Marocco), Barcelona. Em agosto de 1919os superiores o enviam a Les Avellanes

(Lleida), onde permanece dezesseis anoscomo encarregado da enfermaria. Aqui seencontrava, atendendo os enfermos, quan-do teve início a guerra civil.O Ir. Vito José era um enfermeiro qualifi-cado, motivo pelo qual foi nomeadoresponsável da enfermaria da casa de LesAvellanes (Lleida).

Porém, sobretudo, é sua ama-bilidade, manifestada em pala-vras e no serviço dedicado, quefaz com que ganhe o afeto e a ami-zade de todos os que se recuperavam na en-fermaria. Seus conhecimentos médicos ul-trapassaram os muros do convento e, comfreqüência, as famílias o chamavam paraatender os enfermos da comarca.Ao ser requisitada para o serviço da Re-pública, os Irmãos enfermos foram leva-dos da casa de Les Avellanes para o dispen-sário de Balaguer. Sabendo os milicianosdos bons serviços do Ir. Vito, o convida-ram para ficar com eles, porém ele lhes dis-se com toda firmeza: Irei com meus doen-tes a Balaguer. E se Deus nos pedir a vida,devemos saber entregá-la. No dispensárioestavam todos admirados da delicadezacom que tratava os pacientes da institui-ção; atendia a todos com igual atenção eafeto, não lhe importando de que lado es-tivessem.Seus restos mortais descansam na igrejade Nossa Senhora de Bellpuig, de les Avel-lanes (Lleida).

Vito JoséIrmão

José Miguel Elola Arruti, 1893-1936Régil (Guipuzcoa)

San

Seba

stian

Felicitações enviadas

pelos irmãos doentes.

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Setembro de 2007 • 95

OU PLANO DE SALVAÇÃO PARA AQUELES QUE AMAVA

“Deus, por causa de sua magnanimidade,criou o homem, no começo dos tempos.Escolheu também os patriarcas comvistas à sua salvação. Formou, deantemão, um povo para ensinar aos quenão sabiam como chegar a Deus. Preparava os profetaspara acostumar o homem, sobre a terra, a trazer consigoseu Espírito e a viver em comunhão com Deus. Ele, que não necessitava de nada, oferecia sua comunhãoaos que Dele necessitassem. Construía, como um arquiteto, um edifício ou plano de salvação paraaqueles que amava. Aos que não O viam, oferecia-se Ele mesmo como guia, no Egito.Aos inconformados, no deserto, dava uma lei plenamenteadaptada. Aos que entravam numa terra magníficagarantia uma herança apropriada. Por fim, para os quevoltavam ao Pai, imolava o novilho mais cevado eregalava-lhes a melhor vestimenta. Assim, de muitos modos, ia preparando o gênero humanopara a acolhida da salvação”

(Ireneu de Lyon, Contra os hereges IV, 14,2).

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96 • FMS Mensagem 36

O s imitadores de Cristo imitam-no, em verdade, comtodas as suas forças; pois, os que se revestiram de

Cristo configuram-se à imagem de Cristo, em todas assuas obras, na vida, naconduta, nos propósitos,nas palavras, nos atos, napaciência, na fortaleza, naprudência, na justiça, nalonganimidade, na tole-rância às injúrias, na pie-dade, na santidade, nacontinência, na fé, naesperança e na caridadeperfeita para com Deus.Portanto, nenhum dosque professam a virginda-de, seja homem ou sejamulher, poderá salvar-se anão ser que se faça em tu-do semelhante a Cristo eaos que são de Cristo”

(Pseudo-Clemente, I Carta7: BAC 45, 968).

São Marcelino Champagnat tinhaisto muito claro: «Sim, atrevo-me a

garantir, e só de pensar nisso me dá um consolo euma alegria indizíveis: chegaremos a ter “mártires”em nosso Instituto. Irmãos que serão sacrificadospelas pessoas, as mesmas a quem irão instruir, e quedarão a sua vida por Jesus Cristo». Nossoprotomártir marista foi o Irmão Jacinto, assassinadopelos indígenas da Oceania, em 1847, apenas seteanos depois da morte do santo fundador. Um totalde 200 irmãos já derramou o seu sangue, em todosos continentes. Hoje nós vivemos intensamente oconsolo e a alegria indizíveis de são Marcelino pelabeatificação de nada menos que 47 Irmãozinhos deMaria, como ele gostava de chamá-los. Estes são osprimeiros, porque outros deverão segui-los semtardar, tendo sido companheiros e incentivadoresno trabalho apostólico e no derramamento dosangue. «A ti, Senhor, os louvores do gloriosoexército dos mártires», cantamos no hino Te, Deum, laudamus. E o santo fundador nos presenteououtra pérola: Fazer-se irmão marista écomprometer-se em fazer-se santo. Tal exigência seestende a todos os professores leigos que aceitamtrabalhar nos colégios maristas.

H. Salvio (Jesús Ma Martínez Gómez)

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Dionisio Martín

Diocese de

Solso

na

Setembro de 2007 • 97

Minha força e meu canto é Iahweh, ele foi a minhasalvação!

Sl 117, 16

Mortos por Cristo, os mártires vivem para sempre.

Liturgia das horas. Antífona das primeiras Vésperas do comum dos mártires.

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98 • FMS Mensagem 36

Dio

cese

de

Em 16 de janeiro de 1903 nasceJosé, em Puig-reig (Barcelona).Seus pais trabalhavam numa fá-

brica de tecidos de algodão. Dionísiotoma o caminho da vida religiosa maris-ta, aos treze anos. Emite os primeirosvotos, em 1919. E em 15 de agosto de1924, faz a profissão perpétua.Exerce sua carreira docente em Les Avel-lanes (Lleida), 1919; Lleida, 1921; Madrid,1924; Larache, 1925; Valencia (Almeda),1928; Vic, 1929; Pamplona, 1932; Zara-goza, 1934; Les Avellanes (Lleida), 1935-36 (no noviciado).

Excelente professor, ele in-spirava a seus alunos o amor aotrabalho e ao estudo. Dava aulasde modo muito brilhante, o que lhe pro-porcionava as felicitações dos tribunais deexame. Cheio de piedade e zelo, conseguia

que seus discípulosparticipassem da co-munhão freqüente-

mente ou diária. Amante da vida oculta edo estudo, solicitou dos superiores um em-prego na casa do Noviciado de les Avella-nes (Lleida). Dele disse uma testemunha:Era bondoso, muito zeloso, com uma gran-de preocupação por seus discípulos, dando-lhes exemplos de piedade e de virtudeshumanas.A Folha Dominical de Barcelona, do dia 13de agosto de 1939, traz uma fotografia doIr. Dionísio Martín com o hábito religio-so marista, e o menciona como uma dasvítimas sacrificadas pelo chefe asturianoda FAI, Aurélio Fernández, da prisão San-to Elias, no dia 8 de outubro de 1936. Seus restos foram reconhecidos no cemi-tério de Montcada. Sua mãe e seu irmãoestiveram presentes a esse momento.

Dionísio MartínIrmão

José Cesari Mercadal, 1903-1936Puig-Reig (Barcelona)

Solso

na

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Setembro de 2007 • 99

Los cuatro irmãos martires en Bugobe: Miguel Ángel, Julio, Fernando y Servando.

La Provincia de España fue generosa con las misiones. En-vió más de 20 irmãos a México, una docena a Perú y Chi-

le, diez a Colombia, y otros diez a Argentina. Continuarásiendo una Provincia misionera después de la persecución en-viando irmãos a Venezuela, Cuba, Ecuador, Paraguay, Uru-guay y Bolivia. Y esa sana tradición se mantiene en elpresente con envíos de irmãos a Hungría, Rumania,Argelia, Costa de Marfil, Congo... Los cuatro ir-mãos mártires en Bugobe: Servando, Miguel Ángel,Fernando y Julio están en línea directa con los ir-mãos que murieron asesinados del 1934 al 1936 ylos pioneros de la “missio ad gentes”.

TRANSMITINDO O PERDÃO

Ir. Mariano Santamaría

L endo as memórias dos irmãosmaristas sobreviventes do «Cabo

Santo Agostinho», o barco ancoradoe retido no porto de Barcelona,sempre me chamou à atenção asreferências que eram feitas nelas aAurélio Fernández, um dos chefes daFederação anarquista ibérica (FAI).Foi ele quem interveio de maneirafundamental nas negociações que oInstituto dos irmãos maristasmanteve com esta organizaçãoanarquista, para que pudessem passarà França os estudantes e os irmãosque se encontravam na zonarepublicana.Os irmãos são muito restritos emsuas informações. Diante do juizdelegado, no processo em que foiinstruída a causa dos 46 Servos deDeus, são poucos os testemunhos queoferecem algum detalhe a mais sobreeste assunto. Nem mesmo oshistoriadores maristas, quedescreveram o ambiente anarquistaque se respirava em Barcelona em1936, trazem muitos dados sobre ele.Meu interesse em conhecer melhor

quem era o talAurélioFernández melevou ainvestigar avida e os feitos deste famosoanarquista. Fiquei sabendo em queescola tinha se formado, conheciseus deslocamentos durante os anosda República e da guerra civil esoube que, no final, ele tinha seexilado no México. Também pudeobter a informação de que residiumuito tempo na cidade mexicana dePuebla.Em uma oportunidade que me foioferecida pelo então provincial daCatalunha, Ir. Emili Turú, de viajar aoMéxico, aproveitei de minhapermanência em Guadalajara e naCidade do México para fazer algumasentrevistas com alguns exiladosespanhóis residentes nestas duascidades. Alguns deles tinhamconhecido Aurélio Fernández, masnenhum deles soube me dizer qualera o seu paradeiro.Então me dirigi à embaixada

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100 • FMS Mensagem 36

Los cuatro irmãos martires en Bugobe: Miguel Ángel, Julio, Fernando y Servando.

espanhola na Cidade do México eexpus ao funcionário as razões deminha visita. Ele telefonou ao cônsulespanhol de Puebla e, com surpresa,resultou que Aurélio Fernández eraseu velho conhecido. O cônsul mecomunicou que já tinha morrido, masque Violeta, sua companheira, aindaestava viva. Ele me deu o seuendereço e o número de telefone, ecom esses dados entrei em contatocom ela. Muito amavelmente medisse que me receberia com prazerem sua casa.Um ex-aluno mexicano meacompanhou a Puebla. Por volta das10 horas da manhã fomos recebidospela senhora Violeta. A princípio,com receio e cautela. Mas quandolhe expus os motivos de minha visitae lhe disse que tinha vindo deBarcelona, cidade que lhe falavaintimamente, porque tinha vivido aligrande parte de sua vida, tornou-semuito mais fácil a ambos paracomeçar uma conversa mais franca.Ela me contou a vida dos anarquistasem Barcelona, suas peripécias e sualuta pela classe operária, asrepresálias contra os fascistas, ospadres e os frades, etc. Foi umaentrevista longa e emocionante. Suasrecordações traziam em minhamemória tudo aquilo que eu tinhalido sobre os irmãos, vítimas do ódioque aquelas pessoas curtiam em seuscorações contra a Igreja e contratudo aquilo que fosse relacionado aela. Pensava nos irmãos Laurentino,

Virgilio, Andrés, Atanásio, Epifanio etantos outros. Em seu amor fraternoe em sua inocência, nas inúmerasrecordações que vinham dos escritosdos maristas sobreviventes, quandoeram transportados de ônibus paraSan Elias. Lembrava dos silêncios nassalas de concentração, suas orações,seu perdão aos que os haviam traído,que também nós queremos perdoar eperdoamos. Eu ia tomando nota,procurando transmitir todas aquelaslembranças que se acumularam namemória, como teriam feito aquelesbons irmãos.Toda a nossa conversa transcorreuem um clima de grande cordialidade.Quando terminamos de falar,convidei a senhora Violeta para quepartilhasse conosco a refeição emum restaurante, mas ela se desculpoualegando que estava gripada, o queera fácil de confirmar. Sem pretender magoá-la, lheentreguei um presente que tinhacomprado, esperando que fosse umademonstração do perdão cristãodaqueles 107 irmãos que tinham sidotraídos por Aurélio Fernández. Eespecialmente dos 46 que foramassassinados no cemitério deMontcada, em Barcelona, na noite de8 de outubro de 1936. Com estemesmo propósito, quis lhe dar umbeijo no rosto, símbolo daqueleperdão de todos os irmãos maristasque tinham sido traídos por AurélioFernández, o companheiro dasenhora Violeta.

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Bernabé

Terr

assa

Setembro de 2007 • 101

Partilhastes os sofrimentos dos presos e vos deixastesdespojar com alegria de vossos bens, conscientes de que possuís uma riquezamelhor e mais duradoura.

Hb 10, 34-35

A Jesus que nos ama

e nos libertou de nossos pecados

por meio de seu sangue,

e fez de nos um reino,sacerdotes para Deus,

seu Pai, - a Jesus a gloria e o poder

para sempre. AmemAp 1, 6

Diocese de

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102 • FMS Mensagem 36

Dio

cese

de

R ubí (Barcelona) é o lugar denascimento de Casimiro, em 14de setembro de 1877. O pai

ganhava a vida como carpinteiro. Casi-miro iniciou a vida marista, em Canet deMar, em 1893. Entregou-se ao Senhor,definitivamente, mediante os votos per-pétuos, no dia 17 de setembro de 1899.Iniciou seu apostolado em Girona, sob adireção do Ir. Hilario. Foram duas almasque se compenetraram para sempre. Seuêxito no ensino foi completo, tanto em Gi-rona, como mais tarde em Lleida e Barce-lona (Escolas da Conceição). Cativava osalunos e sua autoridade moral era grande.Em 1903, o Ir. Bernabé funda o colégio deLa Garriga (Barcelona). Ali, como em todos outros lugares, ganhoua simpatia das famílias e autoridades,contentes com a educação que seus filhosrecebiam e orgulhosas de disporem desemelhante centro docente.

Mais tarde, será sucessivamente diretordos colégios de Girona, Igualada e Ba-dalona.

Suas qualidades de diretorbrilharam especialmente nessa últi-ma localidade. Quando a guerra civil teveinício, em 19 de julho de 1936, ele setransferiu a Rubí, para a casa de um dosseus irmãos. Lá ele estava em segurança,porque seu irmão era conhecido como daesquerda. Quando lhe falaram da viagemprojetada por barco a Marselha, ele acei-ta participar. Assassinaram o Irmão Barnabé não por ra-zões políticas nem vinganças pessoais,mas, simplesmente, por ser religioso marista.Seus restos mortais foram reconhecidos,no cemitério de Montcada e descansamagora no mosteiro de Santa María de Bell-puig de les Avellanes (Lleida).

BernabéIrmão

Casimiro Riba Pi, 1877-1936Rubí (Barcelona)

Terr

assa

O Irmão Barnabé, sentado, ao centro,

rodeado de sua comunidade.

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Los cuatro irmãos martires en Bugobe: Miguel Ángel, Julio, Fernando y Servando.

La Provincia de España fue generosa con las misiones. En-vió más de 20 irmãos a México, una docena a Perú y Chi-

le, diez a Colombia, y otros diez a Argentina. Continuarásiendo una Provincia misionera después de la persecución en-viando irmãos a Venezuela, Cuba, Ecuador, Paraguay, Uru-guay y Bolivia. Y esa sana tradición se mantiene en el presentecon envíos de irmãos a Hungría, Rumania, Argelia, Costa deMarfil, Congo... Los cuatro irmãos mártires en Bugobe: Ser-vando, Miguel Ángel, Fernando y Julio están en línea directacon los irmãos que murieron asesinados del 1934 al 1936 ylos pioneros de la “missio ad gentes”.

UM POSTULADORA SERVIÇO DAS CAUSASDOS SANTOS MARISTAS

O Instituto conseguiu, em menos deuma década, três grandes feitos

com relação à causa dos santos, graçasao esforço de muitas pessoas: a primeirafoi a canonização de MarcelinoChampagnat; agora, a beatificação dosIrmãos Bernardo, Laurentino, Virgílio equarenta e quatro companheirosmártires.

Sem dúvida alguma, o Irmão GabrieleAndreucci foi pessoa-chave e um dosgrandes protagonistas dos trabalhosfeitos para alcançar esses resultados.A convicção sobre a santidade deMarcelino Champagnat, sua persistênciae seus bons ofícios foram decisivos paraque Marcelino Champagnat chegasse àglória dos altares, no dia 18 de abril de1999. Também foi fruto de suahabilidade o feliz resultado nas

negociações para colocar uma estátuade São Marcelino, na Basílica de São Pedro.Graças a seus esforços foi possívelapresentar, à Santa Sé, as duas “Positio super martyrio”, relatórioscompletos e bem documentados, commilhares de páginas cada um, sobre avida e o martírio do beato IrmãoBernardo e sobre a dos beatos IrmãosLaurentino, Virgílio e 44 companheiros mártires.

O irmão Gabriele Andreucci,

nasceu em San LorenzoNuovo, Viterbo, Itália,no dia 1° de setembrode 1933. Pertence àProvíncia Mediterrâneae foi nomeadoPostulador junto àCongregação para asCausas dos Santos, em

1990, substituindo o Irmão AgustínCarazo. No final do ano 2001,substituiu-o, nas funções de Postuladorjunto à Congregação para as Causas dosSantos, o Irmão Giovanni Bigotto, daProvíncia de Madagascar.

D. Gregório Modrego assina a conclusão do processo diocesanoda causa de canonização do Irmão Laurentino,Virgilio e os 44 companheirosem Barcelona.

Pessoas presentes à conclusão do processo diocesano da causa de canonização do Irmão Laurentino, Virgilio e seus 44 companheiros

na capela do Colégio Marista da Rua Vallespir 160 (Barcelona).

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104 • FMS Mensagem 36

ESTA VIVA PRESENÇA

Embora eu fosse muito jovem naquela época, eu posso aindame lembrar dos homens deixando a Austrália para ir à

Espanha e tomar parte da guerra civil. Quando era pequeno eu não podiaimaginar que em 2007 estaria homenageando alguns mártires desta guerra!Nós agradecemos pelo heroísmo destes irmãos, por sua fidelidade ecoragem em circunstâncias tão terríveis, e é natural que nos perguntemossobre o que tudo isso pode significar para nós nos dias de hoje.A conferência do Ir. Jeff Crowe, que nos contou sobre a história denossos mais recentes mártires, em Bugobe, consegue ainda mexer muitocomigo, cada vez que reflito sobre ela. Eu considero que o heroísmo destesirmãos e de nossos mártires na Espanha é um poderoso apelo à nossafidelidade e a viver o heroísmo em nossas próprias vidas. Um desseshomens, Miguel Angel Ilsa, escreveu há alguns anos para um outro irmãojustamente depois de ter feito um retiro, e são suas palavras que eu gostariade lhes oferecer, como um extrato de sua reflexão.«Cristo ressuscitou e vive em você e em mim, e prometeu edificar o amorem nós e para nós, e eu sou testemunha daquilo que ele está realizandoprogressivamente e de maneira certa! Eu gostaria de gritar a todos estarealidade plena de felicidade, pois assim vocês também poderiam gritarforte comigo. Poderiam compartilhar comigo esta viva e ativa presença doCristo em nós.Fico doente só em pensar que posso progressivamente destruir estapresença em minha vida, esta ação através da qual Deus trabalha dentro demim, hoje. Fico horrorizado em pensar que posso me desinteressar destapresença e deixar de me empenhar para torná-la concreta».Diante disto, devemos responder «AMEM, ALELUIA».

Ir. Charles Howard

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José CarmeloMartiniano

Setembro de 2007 • 105

Zara

goza

Já não sois estrangeiros e adventícios, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus. Estais edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas,do qual é Cristo Jesus a pedra angular.. Ef 2, 19 e 20

Mostra-te fiel até à morte, e eu te darei a coroa da vida.

Ap 2, 10

Diocese de

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106 • FMS Mensagem 36

Omenino Gregório veio ao mun-do, em La Codoñera (Teruel),em 2 de março de 1908. Seus

pais trabalham como diaristas, naque-las terras duras e secas. Ingressa no se-minário marista de Vic (Barcelona), em1919. Quatro anos depois, emite os pri-meiros votos. Em 15 de agosto de1929, faz a profissão perpétua.Trabalhou em Cartagena, 1925; Alicante1929; Valencia, 1929; Girona, 1931; Ma-taró (Valldemía), 1933; Sabadell, 1935.

José Carmelo era uma alma deDeus. Era possuidor de uma esmeradaformação cristã, tesouro herdado de seuspais. Distinguia-se por sua inocência ecaráter simples, era delicado no trato,amável, piedoso e cumpridor dos deve-res. O Ir. José Carmelo era calado, sim-

ples sem presunção, buscando maiseclipsar-se e viver no silêncio.Gostava muito de tocar violino. Tocaresse instrumento constituía sua distraçãofavorita, seu passa tempo ideal, aindaque, naquele tempo, não se pudesseaspirar a maior aperfeiçoamento técnico.Ele se encontra em Sabadell, no dia 18de julho de 1936, quando na cidade co-meçou a revolução. O colégio ardeu emchamas pelos quatro lados. Os nove ir-mãos tiveram que fugir. Cada um teve suaodisséia. O diretor, Ir. Fausto, e o Ir. Jo-sé Carmelo foram martirizados, em datasdiferentes. Do barco Cabo San Agustín,onde o Ir. José Carmelo se encontrava,foi levado para a prisão Santo Elias, deonde ele saiu apenas para ser fuziladocom os outros 45 Irmãos maristas.Seus restos mortais descansam na igre-ja do mosteiro de Santa Maria de Bell-puig, de les Avellanes (Lleida).

José CarmeloIrmão

Gregorio Faci Molins, 1908-1936La Codoñera (Teruel)

Zara

goza

Dio

cese

de

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Setembro de 2007 • 107

Fortunato Andrés

I sidro nasce, em La Cañada de Ve-rich (Teruel) em 5 de agosto de1901). Seu pai era marceneiro e

sua mãe, administradora do lar. Ingres-sa na casa de formação marista de Vic(Barcelona) aso quatorze anos. Faz osprimeiros votos em de 1918, e professapara sempre, em 15 de agosto de 1923.Os superiores o destinam a Barcelona, Gi-rona, Lleida, Cartagena (Murcia), Valen-cia. Ele se encontrava no colégio dessa ci-dade, quando começou a revolução e per-seguição. Faz parte do grupo de 46 Irmãosassassinados, em 8 de outubro de 1936,em Montcada.Depois de se formar como experiente pro-fessor em diferentes centros, e aos pou-cos, entrou nas “Escolas Paroquiais daConceição” de Barcelona, onde permane-ceu o maior período dasua vida docente.

Sentia-se bem nessas escolasparoquiais, pela simplicidadedas crianças do bairro, às quaissentia-se muito próximo e pelo ambien-te em que acreditava poder viver melhoro carisma de São Marcelino. Nesse am-biente, o Ir. Martiniano viveu sua vocação

com prazer e alegria.Nós o víamos feliz e satisfeito,contente em seu trabalho deprofessor. Era um verdadeiro filho da família, com as caracte-rísticas dos bons filhos de SãoMarcelino Champagnat. Nas“Escolas Paroquiais da Conceição”,de Barcelona, o Irmão Gastón eo Irmão Martiniano eram comopai e filho. (Cfr. Positio, pág.321 § 948. Irmão Mateo Pous-se Pelofi)

MartinianoIrmão

Isidro Serrano Fabón, 1901-1936Cañada de Verich (Teruel)

Pia batismal onde recebeu a fé.

Casa natal. Zara

goza

Dio

cese

de

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108 • FMS Mensagem 36

Acomunidade ‘São José Oriol’, da cidade de Barcelona,contava, em 1936, com 17 irmãos. O colégio mantido

por essa comunidade já sofrera os efeitos da perseguição, desdeo começo da revolução, 19 de julho: ocupação dos edifícios e,em consequência, obrigação de abandoná-los. Quatro irmãos

dessa comunidade fo-ram assassinados, nanoite de 8 de outubrode 1936, e outros fo-ram-no, em datas dis-tintas.

E sses irmãos márti-res levavam a vida

oculta e simples do ir-mão marista, tão sim-ples e prosaica como anossa, que às vezes nãoreflete a não ser a hu-milde fidelidade, nascoisas ordinárias: oencontro cotidianocom as crianças e osjovens para fazer-lhesconhecer Jesus Cristoe transmitir-lhes o sa-ber e a prudência,com o objetivo de edu-cá-los como honradoscidadãos e cristãosconvictos. Uma vidamodesta mas sublime.

Escrevi o livro “Uma comunidad de mártires”porque sentia uma grande admiração e

devoção pelos irmãos mártires, como os chamávamos, cujashistórias de vida eu ia lendo ou ouvindo. Ficava fascinadopelo Irmão Crisanto, diretor do juniorado, «Mártir peloseu rebanho», por seu amor pelos seminaristas. Os chamadosmártires do frontal, Aquilino e seus companheiros, exerciamuma grande atração e cativavam, principalmente quando viana parede as marcas deixadas pelas balas disparadas nomomento do fuzilamento destes irmãos. O Irmão Laurentino eseus 45 companheiros prisioneiros em San Elias,transformado em quartel e prisão, vítimas da máxima traiçãoe engano. Relendo estes relatos me emociono, fico admiradoe sinto-me muito pequeno diante de semelhante estaturaespiritual, de um heroísmo tão singular e silencioso. Tambémme sinto feliz e orgulhoso de meus irmãos que chegaram àheroicidade. As beatificações são motivo de muita alegria.Um canto de gratidão e um compromisso de permanecermosunidos no amor profundo à congregação. Eu fui testemunhada exumação canônica de seus restos, de sua colocação nasurnas-relicário e de sua deposição no melhor mausoléu quepoderiam receber, que é a igreja gótica do mosteiro deAvellanes. Senti a devoção dos humildes dos vilarejosvizinhos por seus maristas e ouvi suas orações de intercessão.

Ir. Inocencio Martínez Calvo, autor de “Una Comunidad de mártires”

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Hermógenes

Vulfrano

Diocese de

Urg

ell

Setembro de 2007 • 109

Quem não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, o que nasceu do Espírito é espírito.

Jo 3, 5 e 6

Cristo sofreu por vós,

deixando-vos um exemplo,

a fim de que sigaisos seus passos.

1 Pe 2, 21

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110 • FMS Mensagem 36

Dio

cese

de

Urg

ell

A ntonio nasce em 13 de abrilde 1908 em Bellcaire de Ur-gell (Lleida). Sua família se

dedicava ao cultivo de cereais e forra-gens, na região de terras planas de sualocalidade. Em 1921, vemos o jovemAntônio, no juvenato de Vic (Barcelo-na), dando seus primeiros passos paravida marista. No dia 8 de setembro de1925, faz a primeira profissão. E emiteos votos perpétuos em 15 de agostode 1930. Seus campos de apostolado e de docên-cia foram La Garriga (Barcelona) 1926;Badalona (Barcelona), 1927; Vic (Barce-lona), 1929; Palafrugell (Girona), 1931;Sabadell, 1932; Alcazarquivir (Morocco),1933; e finalmente Torelló. Saiu de Torellódurante a revolução. Refugiou-se na Bar-celoneta, bairro de Barcelona. Depoismudou para o Distrito de Sants, semprena casa de seus familiares. No dia 7 deoutubro de 1936, diri-giu-se ao barco CaboSanto Agostinho. Foiassassinado com os ou-tros 45 Irmãos no cemi-tério de Montcada. Seusrestos mortais descan-sam na igreja monástica

de Santa Maria de Bellpuig, de les Avel-lanes (Lleida).Ao mudar de casa, num de seus primei-ros anos de apostolado, disse a um Irmão:Parece-me que não deixo nada aqui. O ou-tro lhe respondeu: Não acredite, deixa vo-cê, a recordação da sua regularidade,bom caráter, sensatez e obediência. Suamemória perdurará entre professores ealunos.

Era, com efeito, um desses ir-mãos que valem seu peso emouro, porque sempre respon-dem ao que a obediência lhesconfia. A única razão do assassinatode um Irmão tão jovem foi sua condiçãode religioso.

HermógenesIrmão

Antonio Badía Andalé, 1908-1936Bellcaire (Lleida)

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O Ir. Vulfrano se distinguiupor uma perfeita docilidade,sempre disposto a cumprir tu-do que viesse de seus superiores.Demonstrou isso através de numerosasfunções que teve que aceitar durante asua curta vida de religioso. Em todos oslugares ele desenvolveu com zelo suamissão de educar cristãmente as crian-ças, colocando todo seu esforço em mos-trar-lhes o caminho do saber. Sua clas-se se sobressaía das demais pela disci-plina e trabalho.Vulfrano formava parte do grupo de 46Irmãos maristas assassinados, na noitede 8 de outubro de 1936.Lembro-me do meu tio pelo bem que nosqueria, sobretudo aos sobrinhos e emespecial aos pequenos, e éramos felizescom nosso tio religioso. Em razão da per-seguição religiosa nossa mãe nos diziaque não disséssemos que o tio estava emcasa, para que ele não fosse preso, e eledizia que não se importava se os revolu-cionários viessem e que Deus fosse ben-dito. (Cfr. Positio, pág. 153 § 469. Sra.Teresa Farres Mill, sobrinha do IrmãoVulfrano).

Dio

cese

de

Urg

ell

R amón nasce, em Castellserà(Lleida) em 3 de março de1909. Era filho de pais lavrado-

res. Aos onze anos, ingressa no seminá-rio marista de Vic (Barcelona). Faz aprimeira profissão em 1925 e se consa-gra definitivamente ao Senhor com osvotos perpétuos, em 15 de agosto del930.O Ir. Vulfrano começa seu apostolado emCentelles (Barcelona) e continua depoisem Vic (Barcelona),Igualada (Barcelona),Sabadell (Barcelona),Mataró (Barcelona),Girona, Alcazarquivir(Morocco). O começoda guerra civil, emjulho 1936, o sur-preendeu em Girona.

VulfranoRamón Mill Aran, 1909-1936Castellserà (Lleida)

Setembro de 2007 • 111

Irmão

Ramón Mill Aran, 1909-1936Castellserà (Lleida)

Vulfrano

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112 • FMS Mensagem 36

A Província da Espanha foi generosa com as missões. En-viou mais de 20 irmãos ao México, uma dúzia ao Peru e

Chile, dez à Colômbia e ou-tros dez à Argentina. Conti-nuará sendo uma Provínciamissionária, depois da perse-guição, enviando irmãos à Ve-nezuela, Cuba, Equador, Pa-raguai, Uruguai e Bolívia. Eessa sadia tradição mantém-se,atualmente, com o envio deirmãos à Hungria, Romênia,Argélia, Costa do Marfim,Congo...

Quando terminava a persegui-ção, com o martírio do santobispo Pedro, Antônio voltounovamente a seu mosteiro e alitestemunhava, diariamente, pe-rante a própria consciência ecombatia as batalhas da fé. Efe-tivamente, praticava novamentea ascese com uma intensidadeainda maior...

Atanásio, Vida de S. Antônio (47)

O irmão marista Eduardo Corredera é historiador e publicou Páginas

de historia marista. España 1936-1939, Casulleras,Barcelona 1977. Gostaríamos de fazer – antes oudepois de sua leitura – algumas observações que oajudem a melhor situar o conteúdo das páginas queseguem. Serão poucas notas e muito breves, mas quejulgamos necessárias para sua adequada interpretação.Vejamos: A primeira será uma advertência a respeito da proto-história destas Páginas de história marista.Precisei reunir inúmeros escritos, dados, recordações,etc., tantos quantos pude conseguir sobre os nossosirmãos e as casas, relativos aos anos 1936-1939.Quando pensei ter terminado este trabalho de pesquisae de armazenamento de dados, disse a mim mesmo:«Tendo conhecido muitos deles e achando que osoutros também eram dignos de um afeto semelhante, por colaborarem na mesma missão e na mesma tarefa,estes bons irmãos merecem um pouco do meu esforço à margem do trabalho quotidiano dedicadoexclusivamente à história profana. Devo fazer algumacoisa para que eles não morram duplamente, isto é, eles e seu exemplo heróico». E comecei o trabalho por minha conta e risco, com paciência e entusiasmo,pesquisando todo o tempo. Assim nasceu este livro.

Ir. Eduardo Corredera

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Antolín

Gaudencio

Jaime Ramón

Juan Crisóstomo

Prisciliano

Diocese de

Vic

Setembro de 2007 • 113

Nele também vós, tendo ouvido a Palavra da verdade – o evangelho da vossa salvação – e nela tendo crido, fostes selados

pelo Espírito da promessa, o Espírito Santo, que é o penhor

da vossa herança, para a redenção do povo que ele adquiriu

para o seu louvor e glória.Ef 1, 13

Venho logo! Segura com firmeza o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.Ap 3, 11

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114 • FMS Mensagem 36

Em Igualada (Barcelona), veio àluz Antonio, em 6 de fevereiro de1891. Com a idade de treze anos

vai ao juvenato de Vic, para iniciar-se àvida marista. Emite os primeiros votosem 8 de setembro de 1907. Consagra-sea Deus com a profissão perpétua, em 15de agosto de 1912.

Os superiores confiaram-lhe otrabalho de sacristão e auxi-liar de alfaiate. Ele se sentia fe-liz com esses dois empregos hu-mildes e mantinha tudo orga-nizado e pronto. Aos trinta anos jánão tinha nenhum fio de cabelo preto.Corria a versão de que sua cabeleira ha-

via se tornado completamente branca,em razão do grande susto que teve na Se-mana Trágica, em 1909, quando, paraimpedir as profanações impetradas por umgrupo revoltoso, ele ficou escondido vá-rias horas, no confessionário com o ci-bório das hóstias consagradas. O fatoaconteceu em Santo André de Palomar(Barcelona).Quando a guerra começou, e da qual se-ria uma das vítimas, depois de um mês deencarceramento em Girona, foi-lhe conce-dida a liberdade condicional, e pôdetransferir-se para Igualada, sua terra na-tal. Convidado para a França, aceitou aoferta e subiu a bordo do navio Cabo SanAgustín, em 7 de outubro. Ele foi mortono dia 8 de outubro de 1936, por suacondição de religioso. Seu cadáver foi re-conhecido no cemitério de Montcada.

AntolínIrmão

Antonio Roig Alibau, 1891-1936Igualada (Barcelona)

Dio

cese

deVi

c

Translado dos restos mortais do Irmão Antolín e de outros irmãos a Les Avellanes, em sua passagem por Igualada.

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Setembro de 2007 • 115

Fortunato Andrés

J uan é filho da cidade de Igualada(Barcelona), onde nasceu em 10de março de 1894. Seu pai era

carteiro e a mãe cuidava das tarefas dacasa. Ingressa na casa de formação deVic (Barcelona) em 1907. Três anosmais tarde, emite os primeiros votos. Eem 11 de agosto de 1915, faz a profis-são perpétua.Seus campos de apostolado foram Lleida,1911; Zaragoza, 1919; Alicante, 1920;Barcelona, 1923; Murcia, 1926; Alicante,1930; Valencia, 1931; Girona, 1934; Va-lencia, 1935. Durante os dias da revolu-ção se refugiou em sua família, em Igua-lada (Barcelona).

Do Ir. Gaudêncio podemosassegurar que foi sempre umreligioso autêntico, destacan-do-se, de maneira especial,por sua caridade e piedadesinceras. Nunca foi visto faltar à ora-ção na comunidade. Mesmo que tivessemuito que fazer, jamais se negou pres-tar um serviço a um Irmão. Um com-panheiro de comunidade costumava fa-zer-lhe com freqüência este pedido: Faça-me um resumo do que existe de

importante nesta lição. E ele o fazia semquestionar.Relacionava-se maravilhosamente comtodos os Irmãos com os quais lhe tocou vi-ver: Tranqüilidade e bons alimentos - eraseu lema. Porém, dizia isso em catalão,ganhando em força e eufonia. Um dos diretores que teve era de gênio áspero, oque às vezes alterava a boa harmonia dacomunidade. Entretanto, o Ir. Gaudencio,que era virtuoso, jamais teve dificuldadecom ele.Refugiado em sua casa familiar de Igua-lada (Barcelona), logo que se inteirou doprojeto de partir para a França, deixou osseus e foi à Barcelona, para embarcar abordo do Cabo San Agustín; tornou-seuma vítima a mais da prisão Santo Elias,caindo assassinado em Montcada, em 8 deoutubro de 1938.

GaudêncioIrmão

Juan Tubau Perelló, 1894-1936Igualada (Barcelona)

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116 • FMS Mensagem 36

Jaime RamónIrmão

Jaime Morella Bruguera, 1898-1936Sant Pere d’Osor (Girona)

J aime nasce em Sant Pere de Osor(Girona), em 1898, em uma famí-lia de agricultores. Aos quatorze

anos se encaminha para o juvenato deVic (Barcelona) para começar sua for-mação marista. Emite os primeiros vo-tos em 1915 e se consagra definitiva-mente ao Senhor, em 28 de setembrode 1920.Seus campos de apostolado foram: Saba-dell, 1916; Barcelona, 1919; Valencia,1920; Barcelona (Lauria 38u), 1924; Bar-celona (San José Oriol), 1925; Sabadell(Barcelona), 1930; Barcelona (San Ole-gário), 1934; e finalmente vai para a Edi-tora FTD.O Irmão Jaime Ramón se encontrava naEditora, no mesmo em que a queimaram,em 19 de julho de 1936. Conseguiu refu-giar-se na casa de um familiar, na Praça deTetuán.

Um dia foi reconhecido comoreligioso, acusado, detido e en-carcerado. Foi visto na prisão SantoElias, numa condição lamentável, devidoaos maus tratos recebidos. Foi retirado dacadeia, na noite do dia 8 de outubro de1936 e assassinado com seu Provincial, oIr. Laurentino.Seus restos mortais descansam na igrejado convento Santa Maria de Bellpuig de lesAvellanes (Lleida).O Ir. Jaime Ramón se distinguiu por suadedicação ao ensino. Por seu caráter o en-

sino lhe era penoso e sofria no desem-penho desse trabalho. Levantava a vozcom freqüência, porém fazia-o como pro-va do interesse enorme, com que se en-tregava aos seus alunos. Queria ensinar,que aprendessem muito, que progredissemsempre. Tudo lhe parecia pouco, inclusi-

ve o desgaste das próprias energias, dian-te do resultado que julgava necessário pa-ra o futuro dos jovens que lhe haviamconfiado.A vida na sala de aula foi-lhe difícil demaise solicitou outra ocupação mais calma. Re-cebeu-a, em consideração de sua labo-riosidade.

Dio

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deVi

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J uan veio ao mundo em Òdena-Espelt (Barcelona), em 21 demaio de 1913. Seus pais trabalha-

vam na indústria típica da comarca, umcurtume, ou seja, o tratamento das pe-les. Aos dezesseis anos entrou no pos-tulado de les Avellanes (Lleida). Pro-nunciou os primeiros votos, em 8 desetembro de 1930.Talvez a piedade dos pais ou aquela dosIrmãos do colégio de Igualada o tenhamformado, uma vez que Juan, que ingres-sara diretamente na casa do noviciado,não estranhava nada e se adaptava per-feitamente a todas as exigências do ho-rário, do estudo e do trabalho.

Impregnado da piedade e doamor ao trabalho das casasde formação, ainda muito re-centes em sua vida, seguirá ocaminho do martírio. Tinha ape-nas 23 anos e 5 meses. Não tinha feitoainda os votos perpétuos.Só havia recebido dois envios de obe-diência: Badalona (Barcelona) e Mataró(Barcelona). Seu trabalho na turma dospequenos se fez notar pelo apreço quelhe manifestavam as crianças e a admi-ração dos pais de família. Sua entrega àtarefa educativa foi notória.Quando o colégio de Valldemia foi re-quisitado para servir de hospital, o Ir.Juan Crisóstomo e refugiou-se no po-voado natal de Òdena (Barcelona), per-

to de Igualada, na casa de sua família.Porém, ao final preferiu seguir corajo-samente o convite dos superiores e des-locou-se para Barcelona. Partilhou dodestino de seu Irmão Provincial, o Ir.Laurentino, e de seus 44 outros IrmãosMaristas, que foramfuzilados na noitede 8 de outubro de1936, no cemitériode Montcada.Seus restos descan-sam na igreja domosteiro de SantaMaría de Bellpuig deles Avellanes (Llei-da).

Dio

cese

deVi

cVilarejo natal.

Setembro de 2007 • 117

Fortunato AndrésJuan CrisóstomoIrmão

Juan Pelfort Planell, 1913-1936Òdena-Espelt (Barcelona)

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118 • FMS Mensagem 36

PriscilianoIrmão

José Mir Pons, 1889-1936Igualada (Barcelona)

José nasce em Igualada (Barcelo-na) em 1° de fevereiro de 1889.Sua família dedicava-se à agricul-

tura. Ingressa diretamente na casa donoviciado de Santo André de Palomar,em 1904. Dois anos mais tarde faz aprimeira profissão temporária. E em 20de agosto de 1911, pronuncia os votosperpétuos.Seu apostolado escolar o realiza em Man-resa, Mataró, Sabadell, Azpeitia, Badalo-na, Valencia, Toledo, Lleida, Alicante,Murcia, Cartagena, Lucena (Córdoba), Bar-celona. Quando teve início a guerra civil ele se en-contrava no colégio de San José de Oriol.Os patrulheiros expulsaram a comunidadee os Irmãos tiveram que buscar abrigo nas

casas de amigos, familiares e em pensões.Foi assassinado por ser religioso, na noi-te do dia 8 de outubro de 1936, com ou-tros 45 Irmãos Maristas.

Procedente de uma família demúsicos, o Ir. Prisciliano eraum grande pianista. Fez seus cur-sos no conservatório de Madri com plenoêxito, e praticava essa arte como um vir-tuose perfeccionista.Era um homem bondoso no trato e amávelcom todos, especialmente conosco, seus fa-miliares, e nos atraía por suas virtudes. Elo-qüente no falar, exortava-nos para quenos comportássemos bem com nossos pais,avós e amigos. Muitas vezes o ouvi dizer

que era muito feliz em seuestado religioso ao qualhavia sido chamado porDeus. Era organista, toca-va durante as solenidadesna paróquia de São JoséOriol. Durante o períododas revoltas, não quis ficarna casa de seus pais nemda avó, em Igualada, commedo de que sua presençacausasse problemas. (Cfr.Positio, pág. 191 § 600)

Dio

cese

deVi

c Igualada hoy.

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Setembro de 2007 • 119

Los cuatro irmãosmartires en Bugobe:

La Provincia de España fue generosa con las misiones. En-vió más de 20 irmãos a México, una docena a Perú y Chi-

le, diez a Colombia, y otros diez a Argentina. Continuarásiendo una Provincia misionera después de la persecución en-viando irmãos a Venezuela, Cuba, Ecuador, Paraguay, Uru-guay y Bolivia. Y esa sana tradición se mantiene en el presentecon envíos de irmãos a Hungría, Rumania, Argelia, Costa deMarfil, Congo... Los cuatro irmãos mártires en Bugobe: Ser-vando, Miguel Ángel, Fernando y Julio están en línea directacon los irmãos que murieron asesinados del 1934 al 1936 ylos pioneros de la “missio ad gentes”.

A DIOCESE DE BARCELONAE OS MÁRTIRES MARISTAS

Lluis Martínez SistachArcebispo metropolita de Barcelona

C omo arcebispo de Barcelona etambém, se me é permitido dizê-

lo, como ex-aluno dos irmãos maristasdo colégio Imaculada, de Barcelona, narua Valencia, estou diretamente unido aeste momento espiritual forte que oInstituto marista está vivendo.

Diante desta beatificação, lembrei-medo que diz o Catecismo da IgrejaCatólica a respeito do martírio: «O martírio é o supremo testemunho da verdade da fé e designa umtestemunho que vai até a morte. O mártir dá testemunho do Cristo,morto e ressuscitado, a quem estáunido pela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina cristã.Suporta a morte com um ato decoragem» (nº. 2473).

Estes religiosos maristas eram religiososdedicados ao ensino, à catequese, à formação cristã. Provavelmente nemtodos eram santos. Cada um deles erauma pessoa humana, como nós, com suas peculiaridades pessoais. Mas souberam dar o testemunhosupremo de amor a Deus, unindo suaimolação à de Jesus Cristo e de suamãe, Santa Maria, ao pé da cruz nomonte Calvário.

Tenho a confiança de que todos elesintercedem junto a Deus pela nossadiocese e para todos nós.

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A Congregação para as Causasdos Santos é uma organizaçãoda Igreja Católica que garanteque os processos judiciais quese realizam para demonstrar asantidade ou o martírio dos cris-tãos católicos sejam feitos téc-nicamente, com rigor e precisão.

QUEM SE RESPONSABILIZAPOR UMA ‘CAUSA’?Uma “causa” é iniciada a pedidode alguém (tecnicamente é cha-mado “Órgão promotor” ou“autor”), pertencente ao povo deDeus, que considera que umapessoa tem “fama” de mártir oude santo. Pode ser uma diocese,uma congregação religiosa, umaparóquia ou uma associação. A“causa” se instrui, com a autori-zação do bispo, na diocese emque morreu o servo de Deus. O

bispo constitui um tribunal com-posto por um juiz delegado, umpromotor de justiça e um notário.O órgão promotor nomeia umpostulador responsável peloacompanhamento da “causa” emseu nome.

QUAIS SÃO OS TRÂMITES DE UMA “CAUSA”?Todas as causas têm um duploprocesso jurídico, o primeiro, nadiocese que o instrui e o segun-do, em Roma.

1. INVESTIGAÇÃO JURÍDICADIOCESANA

A primeira fase da “causa” é ainvestigação jurídica diocesana,assim chamada porque se rea-liza numa dioces; consta deduas etapas: a documental e atestemunhal.

1.1. Etapa documentalUma Comissão de historiadoresreúne todos os documentospossíveis e os escritos do már-tir, redige a Ata das sessõesrealizadas e entrega a docu-mentação com um relatório dotrabalho realizado.

1.2. Etapa testemunhalUma Comissão delegada pelobispo convoca as testemunhas erecolhe os testemunhos daspessoas que conheceram o servode Deus, transcreve-os e apre-senta-os, ante o tribunal. O processo jurídico diocesano seconclui selando as Atas e entre-gando-as à Congregação para asCausas dos santos, em Roma.

2. INVESTIGAÇÃO JURÍDICAROMANA

A Congregação para as Causasdos santos examina se o proce-dimento foi correto, com respei-to às normas, na investigação ju-rídica diocesana. Em caso positi-vo, outorga o Decreto de valida-de da investigação..

2.1. PositioOs responsáveis pela “causa” eo Postulador elaboram a “Posi-tio” ou seja a Exposição demotivos e documentos, sob adireção de um Relator daCongregação para as Causasdos santos (à semelhança do

O QUE É UMA ‘CAUSA”DOS SANTOS?

Apalavra “causa” tem diversas acep-ções. Usada dentro da expressão

“causa dos santos” ou “causa dos márti-res”, é um termo técnico, empregado pe-los juristas, aludindo ao processo que serealiza, ante um tribunal, para demons-trar a santidade ou o martírio de umapessoa ou de um grupo de pessoas. Otribunal deve concluir ditando uma sen-tença que confirme ou negue a santidadeou o martírio da ou das pessoas submeti-das a um julgmento.

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HISTÓRIA DO PROCESSO DE BEATIFICAÇÃO DAS CAUSASDO IRMÃO BERNARDO E DOS IRMÃOS

LAURENTINO, VIRGÍLIO E 44 COMPANHEIROS

MARTIRIOMORTE

BERNARDO

6 de outubro 1934

BURGOS1945-1948

16 de março 1990

16 de abril 1993Ir. Andreucci

24 de fevereiro 1996Ir. Andreucci

18 de novembro 200318 de maio 2004

22 de junho 2004João Paulo II

28 de outubro 2007Bento XVI

28 de outubro 2007Bento XVI

18 de dezembro 2006Bento XVI

28 de janeiro 200520 de junho 2006

6 de julho 1990

BARCELONA1963-1969

LAURENTINO, VIRGILIO e 44 Companheiros8 de outubro 1936

PROCESSO DIOCESANO

Constituição do tribunalDepoimento das testemunhas

DECRETO DE MARTÍRIO

BEATIFICAÇÃO

RELATIOTeólogos

Cardeais e Bispos

POSITIOPostulador

PROCESSO ROMANODecreto de validade

Catedrático examinador de umatese doutoral, em Universida-de). Compreende a biografiadocumentada do mártir, o Su-mário das declarações das tes-temunhas, a parte documentalrecolhida pela Comissão deHistoridores e a chamada In-formação (Informatio), que éalgo como a tese ou defesa da“causa”. A “Positio” se entregana Congregação para as Causasdos Santos.

2.2. RelatioO primeiro a estudar a “Positio”é o “Congresso de Consultores eTeólogos” que emitem um docu-mento conjunto sobre a exis-tência de martírio ou heroicida-de de virtudes, em cada um doscasos, assim como o entende aIgreja católica. Em seguida, éestudado pelos Cardeais e Bi-spos, membros da Congregaçãopara as Causas dos Santos.Reunidos em “Congregação Or-

dinária”, analisam se houveprocedimento correto, ao longodo processo. Em caso afirmati-vo, propõem ao Papa o Decretode martírio ou de heroicidadede virtudes do Servo de Deus.Se o Papa o considera oportuno,manda promulgar o Decreto demartírio ao cardeal Prefeito daCongregação para as Causas dosSantos. Promulgado o Decreto,pode-se proceder à Beatificaçãodo mártir.

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Tampouco nos contentaremossuperficiais ou irresponsáveis expondo vossos pôsteresem uma romaria Ou lamentando-os num teatro.Assumiremos vossas vidas e vossas mortes Assumindo vossas causas.Estas causas tão divinas e tão humanasque dividemem fatos históricos e em caridade eficaz a causa maior do Reino.

(Pe Casaldáliga)