Anóxia e hipóxia

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Emergência neonatais: Prematuridade, Anóxia e hipóxia Profª Ana Carolina Dias Vila

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Emergência neonatais:Prematuridade, Anóxia e hipóxia

Profª Ana Carolina Dias Vila

Identificando o RN de risco:

Condições maternas: Idade: < 16 e > 35 anosFatores sociais: tabagismo, uso de álcool e drogas, desnutriçãoHistória clínica: diabetes, hipertensão, doença cardíaca, renal crônica, distúrbios de tireóide, anemia,...

História obstétrica: aborto, história prévia de anomalia, icterícia, sangramento, rotura prematura de membrana, febre, infecção.Condições fetais: prematuridade, anomalia, RCIU, gestação múltipla.Condições de nascimento, tipo de parto: ajustes imediatos- respiração, circulação

Maiores causas de morte:

Prematuridade extremaHipóxiaAnóxiaAspiração meconialSofrimento fetalSepsePneumonia

Fatores antenatais de risco à reanimação:

PIG-GIGIdade maternaSangramento na gestaçãoInfecção maternaDiabetesDHEGDrogasAnomalias congênitasDoença maternaPrematuridade extremaPós-maturidade,...

Fatores de risco à reanimação, relacionados ao parto:

Trabalho de parto prolongadoDPPPlacenta préviaBradicardia fetalAnestesia geralLíquido meconialGrande Sangramento intra-parto

Prematuridade

RN pré-termo: > 22 semanas a 36 semanas e 6 dias de IGTodo RN prematuro é imaturo; imaturidade de órgãos e sistemasGrande chance de óbito em sala de parto; sequelas irreversíveis

Importância: corticóide anteparto X surfactante pulmonar

São considerados de alto risco para asfixia:

Imaturidade pulmonarBaixa imunidadeBaixo peso ao nascerPele fina, o que favorece a perca de calorRisco de infecçõesImaturidade do sistema neurológico

Necessitam de cuidados imediatos, UTI neonatal, incubadora aquecida, cuidados de equipe especializada.

Anóxia

1 milhão das mortes neonatais por ano; 40% dos nascido vivos, apresentam anóxia ao nascer.A anóxia constitui um dos mais graves problemas que podem acometer o feto e o recém-nascido. É um dos fatores limitantes da sobrevivência e um dos maiores responsáveis por lesões do cérebro em desenvolvimento. É uma das causas mais comuns de Paralisia Cerebral.

DEFINIÇÃO

A anóxia é a designação mais freqüente para a redução abaixo dos níveis fisiológicos da quantidade de oxigênio presente nos tecidos orgânicos. É uma situação mórbida que pode ser produzida por várias causas.

A anóxia pode ser definida como sendo privação total de oxigenação no cérebro, podendo ter nome de sofrimento anóxico;

A hipóxia pode ser definida como sendo a diminuição do aporte de oxigênio.

Portanto, o termo anóxia é o estado em que as trocas gasosas se encontram comprometidas.

INCIDÊNCIA

A mortalidade por anóxia perinatal continua ser a mais elevada, mesmo nos centros mais avançados. A anóxia é apontada como responsável por:

53% dos casos de óbito fetais e 40% dos óbitos neonatais.

ETIOLOGIA

Conhecer fatores de risco que podem favorecer a anóxia fetal ou neonatal é de grande importância na antecipação e prevenção de seus agravos, principalmente para o Sistema Nervoso Central (SNC).

Causas pré-natais:

· Maternas: condições circulatórias, metabólicas, neurológicas, manobras obstétricas, partos cirúrgicos, parto prolongado, medicamentos (analgésicos, anestésicos);

· Placentárias: pós-maturidade (senilidade), enfartes, hemorragias, placenta prévia, deslocamento prematuro, compressão do cordão;

· Fetais: malformações congênitas, pós-maturidade.

Causas pós-natais:

· Respiratórias: pulmonares (imaturidade, malformações, obstrução por aspiração amniótica, hemorragias intra-alveolares),pneumotórax, derrames pleurais, hérnia diafragmática;

A hipóxia ocorre freqüentemente durante o parto por fatores como: compressão do cordão umbilical, separação prematura da placenta e contrações uterinas excessivas.

Pneumotórax

Hérnia diafragnática

.CARACTERÍSTICAS

sofrimento fetal presença de mecônio no líquido amniótico taquicardia persistentemente acima de 160 bpm bradicardia persistentemente abaixo de 120 bpm

Geralmente os bebês apresentam-se apáticos, hipotônicos e ficam em qualquer posição na qual forem colocados; o reflexo de moro pode estar ausente ou incompleto e outros reflexos neonatais, inclusive o de preensão palmar e plantar, o de marcha, o de sucção e o de colocação estarão diminuídos ou ausentes.

Reflexo de moro

Reflexo de marcha

Preensão palmar

Reflexo de sucção

QUADRO CLÍNICO

Primeiras 12 horas de vida: coma, respiração irregular, respostas pupilares à luz, hipotonia generalizada e convulsões presentes em cerca de 50% dos RN.

Nas próximas 24 horas de vida: convulsões mais freqüentes e graves, crises de apnéia, tremores em 35 a 50%, hipotonia mais acentuada.

DIAGNÓSTICO

A presença de líquido amniótico esverdeado, ausência de movimentos fetais e a alteração da freqüência cardíaca fetal são os mais utilizados.

A contagem do Boletim de Apgar mostra a relação significativa entre os valores do primeiro e do quinto minutos e a morbidade e mortalidade neonatais.

· Nota de 0 a 3: Anóxia Grave (RN severamente deprimido);

· Nota de 4 a 7: Anóxia moderada a leve;

· Nota de 8 a 10: RN em boas condições de vitalidade.

Escala de Ápgar

0 1 2

Freqüência cardíaca Ausente Menos 100 Acima 100

Esforço respiratório Ausente Irregular superficial Choro forte

Tônus muscular Atonia Ligeira flexão extremidades

Movimentos ativos

Irritabilidade reflexa Ausente Careta Espirro, tosse

Cor da pele Cianose Palidez Cianose extremidades Rósea

CASO CLÍNICO

RN, sexo feminino, nasceu de parto normal, Chorou ao nascer, T: 36,5 graus, reflexos presentes, rosada.

Cianose de extremidades devido temperatura. Ápgar: 8, 9. Para onde encaminhá-la? Pq?

CASO CLÍNICO

RN, sexo masculino, nasceu de cesareana. Nasceu cianótico, aspirou mecônio, não chorou, hipoativo,

sonolento. Ápgar: 5,6. Para onde encaminhá-lo? Pq?

PROGNÓSTICO

Seqüelas neurológicas;convulsões persistentes;

hipotonia persistente.

PREVENÇÃO

A prevenção da anóxia neonatal cabe à assistência pré-natal, que deve visar a profilaxia da prematuridade, o pronto tratamento das complicações da gestação, bem como das doenças maternas, ter cuidado com risco potencial dos analgésicos e anestésicos. A atenuação dos efeitos depende da assistência obstétrica e sobretudo do pediatra e da enfermagem especializada.

TRATAMENTO

aquecimento, aspiração, oxigenação, massagem cardíaca externa, correção da acidose e da hipoglicemia.

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Oxigenação adequada

Cateter de O2Hood, capacete de O2, tenda úmida, HaloCPAP nasalEntubação

Aquecimento

A manutenção da temperatura corporal é importante porque a hipotermia aumenta o consumo de O2 e dos gastos energéticos.

A reanimação deve ser feita com a preocupação de evitar o resfriamento do recém-nascido.

Berço aquecido

PARÂMETROS NORMAIS

T:36 a 36,5ºCFR:45 a55rpmFC:120 a 130bpmPA: 80x40mmHg

RN com idade gestacional < 29 semanas ou peso < 1.500g, recomenda-se o uso de saco plástico transparente de polietileno de 30x50cm.

Aspiração

A aspiração é uma providência urgente que visa a desobstrução das vias aéreas superiores, o que deve ser feito de maneira rápida, não traumática, eficaz e asséptica. Deve-se colocar o recém-nascido em posição que favoreça a drenagem das secreções. Em seguida, realiza-se a aspiração das secreções usando material rigorosamente esterilizado e técnica asséptica. A secreção deve ser analisada quanto à cor (clara, meconial, sanguinolenta) para providências terapêuticas futuras.

Boca- narina

Massagem Cardíaca Externa

Deve ser acompanhada de ventilação pulmonar. Indicada quando FC <60bpm

Correção da Acidose e da Hipoglicemia

Manutenção da glicemia -40 mg-dl Teste de glicemia Hidratação Acesso venoso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BURNS,Y. R. MACDONALD,J. Fisioterapia e Crescimento na Infância. 1ª ed. Santos: Santos Editora Ltda, 1999.

COSTA VAZ, A. F. Problemas Neurológicos do Recém Nascido. 1ª ed. São Paulo: Savier, 1985.

DIAMENT, A. CYPEL, S. Neurologia Infântil. 3ªed. Rio de Janeiro: Atheneu, 1998.