Antes de aplicar em ação é preciso educação

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8 | invista | janeiro fevereiro | 2010 9 2010 | janeiro fevereiro | invista | sua corretora ||||||||||||||||||||||||||||||||| [ XP InvestImentos Corretora defende que, antes de apliCar em ação, é preCiso investir em eduCação por Tabata Pitol | retrato Eduardo Monteiro CoM o lEMa “aPrEnda a InvEsTIr na Bol- sa”, a corretora XP Investimentos completa nove anos de existência em 2010, com mais de 40 mil clientes ativos em seu cadastro. O segredo do sucesso, de acordo com o sócio-fundador do Grupo XP, Guilherme Benchimol, é o investi- mento em educação. “Antes da XP, as correto- ras não se preocupavam em ensinar seus clien- tes a investir. O mercado financeiro não chegava a cidades do interior, e muita gente achava que não tinha condições de investir em ações. Em poucos anos mudamos essa realidade. Atual- mente a XP tem o maior programa de educação financeira do país, está entre as dez maiores do Ranking Bovespa e é a corretora que mais cres- ce no Brasil.” O empresário não se intimida em admitir que o foco em educação foi uma estratégia do grupo para atrair clientes. “Quando começamos o nosso negócio, se você falava para um investidor pessoa física que a bolsa era um bom lugar para alocar o dinheiro, você era chamado de louco. As pessoas ficavam com muito medo do mercado de capitais. Também, pudera, o cenário econômico era ins- tável, não tínhamos uma moeda consolidada e, além do mais, os juros eram altos, o que fazia com que se conseguisse boa rentabilidade investindo em renda fixa. Percebemos que apenas ensinan- do às pessoas o que realmente significava investir em ações, quais eram os riscos reais e quais ren- tabilidades esse investimento poderia trazer é que conseguiríamos fazer com que o número de in- vestidores em renda variável crescesse”, explica. eDucaÇÃo Para ampliar o número de interessados que po- deriam participar dos cursos e palestras promo- vidos pela corretora – e que no princípio eram ministrados apenas para amigos e parentes –, em 2002 foi criada a XP Educação. “A falta de informação gerava medo nas pessoas, e elas se afastavam dos investimentos em ações. Quan- do começamos a fazer palestras, percebemos que todos saíam muito animados para investir na bolsa, e constatamos que, transferindo co- nhecimento, a gente estava conseguindo formar mercado, atraindo novos investidores”, comple- ta Gabriel Leal, sócio da XP Educação. A estratégia surtiu efeito. De acordo com os sócios, o número de clientes aumentou signi- ficativamente em um curto espaço de tempo. “160 mil pessoas já passaram pelos cursos e palestras promovidos pela nossa empresa. Ob- viamente nem todos viraram nossos clientes, porque grande parte do público que veio às pa- lestras gratuitas não tinha condições de investir. São pessoas das classes C e D que, embora ain- da não tenham uma renda que permita a alo- cação em renda variável, já estão interessadas em aprender mais sobre o mercado de capitais, para poder investir em ações quando o salário sobrar no final do mês”, conta Leal. Mas, se o foco em educação foi uma estratégia para atrair clientes quando poucas pessoas físi- cas conheciam a bolsa de valores, será que após o “boom” de 2007 a educação ainda é um atrati- vo? Gabriel Leal diz que sim. “Ainda é, e sempre será. Realmente, muitas pessoas entraram na bolsa nos últimos anos, mas esse número não passa de 600 mil. Isso é muito pouco. Represen- ta menos de 0,3% da população brasileira. Para se ter uma ideia, em países comparáveis ao Brasil, como a China, essa proporção é de 10%. Ainda há um grande potencial de crescimento para a renda variável, e eu acredito que esse crescimento só virá por meio da educação.” Guilherme Benchimol ainda explica: “Mes- mo que achássemos que não daria para atrair mais nenhum cliente, continuaríamos apostando em educação, porque só por meio dela o investidor conhece e valoriza nosso trabalho. Um investidor bem-educado, que entende o processo de investir em ações, compreende melhor os riscos e oportunida- des que esse mercado oferece – o que, para uma corretora, é muito mais saudável. As- sim o cliente fica ainda mais fiel”. Benchimol complementa: “Qualquer pessoa, antes de começar a dirigir, precisa tirar uma habili- tação. Essa habilitação faz com que ela se torne consciente dos riscos que corre, e de quais regras e leis deve seguir. No mercado de capitais é importante que seja assim tam- bém, que as pessoas estejam habilitadas a investir, antes de investir de fato. Elas preci- sam conhecer as regras, os riscos, as opor- tunidades e o funcionamento. Temos que lutar contra quem entra sem conhecimento, perde dinheiro e sai falando mal. Isso preju- dica o mercado de ações, que, sabidamente, é um bom investimento, principalmente se olharmos para o longo e o médio prazo”. *40% são estudantes, e 60%, não estudantes; *40% têm entre 25 e 35 anos – é a fatia mais significativa entre os alunos; *75% são homens, e 25%, mulheres. as classes a e B lideram a procura por cursos pagos; as C e d, pelas palestras gratuitas. na crise, a busca por cursos aumentou. Mais de 8 mil pessoas participaram dos eventos educativos que aconteceram em setembro e outubro de 2008. Gabriel leal, à esquerda e Guilherme Benchimol o curso mais procurado na xp educação é o aprenda a investir na bolsa”. em segundo lugar, aparece o 7 estratégias mais utilizadas na bolsa de valores”. entre as 160 mil pessoas que fizeram cursos na corretora:

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8 | invista | janeiro fevereiro | 2010 92010 | janeiro fevereiro | invista |

sua corretora |||||||||||||||||||||||||||||||||[

XP InvestImentosCorretora defende que, antes de apliCar em ação, é preCiso investir em eduCação

por Tabata Pitol | retrato Eduardo Monteiro

CoM o lEMa “aPrEnda a InvEsTIr na Bol-sa”, a corretora XP Investimentos completa nove anos de existência em 2010, com mais de 40 mil clientes ativos em seu cadastro. O segredo do sucesso, de acordo com o sócio-fundador do Grupo XP, Guilherme Benchimol, é o investi-mento em educação. “Antes da XP, as correto-ras não se preocupavam em ensinar seus clien-tes a investir. O mercado financeiro não chegava a cidades do interior, e muita gente achava que não tinha condições de investir em ações. Em poucos anos mudamos essa realidade. Atual-mente a XP tem o maior programa de educação financeira do país, está entre as dez maiores do Ranking Bovespa e é a corretora que mais cres-ce no Brasil.”

O empresário não se intimida em admitir que o foco em educação foi uma estratégia do grupo para atrair clientes. “Quando começamos o nosso negócio, se você falava para um investidor pessoa física que a bolsa era um bom lugar para alocar o dinheiro, você era chamado de louco. As pessoas ficavam com muito medo do mercado de capitais. Também, pudera, o cenário econômico era ins-tável, não tínhamos uma moeda consolidada e, além do mais, os juros eram altos, o que fazia com que se conseguisse boa rentabilidade investindo em renda fixa. Percebemos que apenas ensinan-do às pessoas o que realmente significava investir em ações, quais eram os riscos reais e quais ren-tabilidades esse investimento poderia trazer é que conseguiríamos fazer com que o número de in-vestidores em renda variável crescesse”, explica.

eDucaÇÃoPara ampliar o número de interessados que po-deriam participar dos cursos e palestras promo-vidos pela corretora – e que no princípio eram ministrados apenas para amigos e parentes –, em 2002 foi criada a XP Educação. “A falta de informação gerava medo nas pessoas, e elas se afastavam dos investimentos em ações. Quan-do começamos a fazer palestras, percebemos que todos saíam muito animados para investir na bolsa, e constatamos que, transferindo co-nhecimento, a gente estava conseguindo formar mercado, atraindo novos investidores”, comple-ta Gabriel Leal, sócio da XP Educação.

A estratégia surtiu efeito. De acordo com os sócios, o número de clientes aumentou signi-ficativamente em um curto espaço de tempo.

“160 mil pessoas já passaram pelos cursos e palestras promovidos pela nossa empresa. Ob-viamente nem todos viraram nossos clientes, porque grande parte do público que veio às pa-lestras gratuitas não tinha condições de investir. São pessoas das classes C e D que, embora ain-da não tenham uma renda que permita a alo-cação em renda variável, já estão interessadas em aprender mais sobre o mercado de capitais, para poder investir em ações quando o salário sobrar no final do mês”, conta Leal.

Mas, se o foco em educação foi uma estratégia para atrair clientes quando poucas pessoas físi-cas conheciam a bolsa de valores, será que após o “boom” de 2007 a educação ainda é um atrati-vo? Gabriel Leal diz que sim. “Ainda é, e sempre será. Realmente, muitas pessoas entraram na bolsa nos últimos anos, mas esse número não passa de 600 mil. Isso é muito pouco. Represen-ta menos de 0,3% da população brasileira. Para se ter uma ideia, em países comparáveis ao Brasil, como a China, essa proporção é de 10%. Ainda há um grande potencial de crescimento para a renda variável, e eu acredito que esse crescimento só virá por meio da educação.”

Guilherme Benchimol ainda explica: “Mes-mo que achássemos que não daria para atrair mais nenhum cliente, continuaríamos apostando em educação, porque só por meio dela o investidor conhece e valoriza nosso trabalho. Um investidor bem-educado, que entende o processo de investir em ações, compreende melhor os riscos e oportunida-des que esse mercado oferece – o que, para uma corretora, é muito mais saudável. As-sim o cliente fica ainda mais fiel”. Benchimol complementa: “Qualquer pessoa, antes de começar a dirigir, precisa tirar uma habili-tação. Essa habilitação faz com que ela se torne consciente dos riscos que corre, e de quais regras e leis deve seguir. No mercado de capitais é importante que seja assim tam-bém, que as pessoas estejam habilitadas a investir, antes de investir de fato. Elas preci-sam conhecer as regras, os riscos, as opor-tunidades e o funcionamento. Temos que lutar contra quem entra sem conhecimento, perde dinheiro e sai falando mal. Isso preju-dica o mercado de ações, que, sabidamente, é um bom investimento, principalmente se olharmos para o longo e o médio prazo”.

*40% são estudantes, e 60%, não estudantes;*40% têm entre 25 e 35 anos – é a fatia mais significativa entre os alunos;*75% são homens, e 25%, mulheres.as classes a e B lideram a procura por cursos pagos; as C e d, pelas palestras gratuitas. na crise, a busca por cursos aumentou. Mais de 8 mil pessoas participaram dos eventos educativos que aconteceram em setembro e outubro de 2008.

Gabriel leal, à esquerda e Guilherme Benchimol

o curso mais procurado na xp educação é o “aprenda a investir na bolsa”. em segundo lugar, aparece o “7 estratégias mais utilizadas na bolsa de valores”.entre as 160 mil pessoas que já fizeram cursos na corretora: