Antes tese - Capítulo 1

8
Antes tese 2010 Sorocaba Renata Cunha FUNDAÇÃO UBALDINO DO AMARAL

description

O que fazer quando um homem idealista chega da Alemanha com a intenção de incomodar? Oscar, sobrinho de um político sarcástico, resolveu abandonar suas regalias e encarar a realidade desumana mundo afora, após presenciar em sua própria casa um escândalo que envolvia um músico pobre. Nessa jornada de vida, um mendigo, algumas crianças indisciplinadas e uma profissional do sexo cruzarão o caminho do rapaz, mostrando que mundos contrários estão sempre a postos para que alguém entre em conflito com eles. Vencedor do Prêmio Jornal Cruzeiro do Sul de Literatura, "Antes tese" é um romance em que não existem certezas. Nessa aventura presa nas entrelinhas da poesia cotidiana não se busca a síntese. Afinal, na busca por um mundo melhor, tudo pode não ter sentido algum. Antes fosse apenas uma tese, mas não é.

Transcript of Antes tese - Capítulo 1

Page 1: Antes tese - Capítulo 1

Antes tese

2010

Sorocaba

Renata Cunha

FUNDAÇÃO UBALDINO DO AMARAL

Page 2: Antes tese - Capítulo 1
Page 3: Antes tese - Capítulo 1

Agradeço essa obra a você que está e principalmente a você que não está.

Page 4: Antes tese - Capítulo 1
Page 5: Antes tese - Capítulo 1

5

1. ENFIM...

As pretas e as brancas.

- Xeque-mate... Foi exatamente assim. Parecia até cena de romance policial. Pronunciou tal termo como se decretasse a morte do rei, verdadei-ramente. Nunca fora tão bom vencer. Seu prestígio omisso, frente ao derrotado, esboça-se em ângulos imprecisos por onde passeia seu olhar. É Oscar. Franze a testa, mudas suas mãos protestam em movimentos circulares feitos sobre sua coxa. Direita em sentido horário, es-querda em anti-horário, atritam o tecido da calça tentando acal-mar a espera. Homem quase alemão. Era do tipo “sou propriedade minha”, alérgico a intrusos, que persuadia com sua filosofia instigante feito autêntico estrangeiro. Pele branca, cabelos negros, ajeita-dos com humilde topete um pouco bagunçado, pestana espessa, pelos finos e lisos. Olhos miúdos, passivos e castanhos, brilho atrativo, reluzente e parco. Barba mal feita, que propositalmente não aparava. Rosto fino, sorriso complacente. Boa postura, mé-dia estatura, roupas escolhidas a dedo, embora despojadas. Mas aquele momento era cedido ao paletó escuro e camisa grená. Pousa um olhar fixo no rei adversário e intimida-se, o supre-mo em queda ao leito do tabuleiro cristalizado, fazendo ecoar em sua superfície o sutil ruído de uma derrota, e cada detalhe visto

Page 6: Antes tese - Capítulo 1

6

de uma forma muito orgulhosa. Ora, o triunfo parte de uma to-mada de controle acima de tudo psíquica, as peças movem-se apenas depois da certeza e segurança. O que seriam aquelas ca-sas ordenadas em contrastes, senão um campo de contenda que materializava esse fato? Ajeita-se na cadeira. O clima tenso retalha os sentidos com a indefinição despedaçada pela sala onde se situavam. Local ine-briado por tons barrocos, luzes fracas e sombras, que evocam o efeito transitório incômodo. Apelo à dramaticidade não anula-da, acentuada a cada instante na constância de contrastes. E o silêncio se quebra momentaneamente por uma voz rouca e grosseira de um velho que perdeu: -Patife! É nada senão um malandro! O “menino” conseguira derrotar o mestre, Vicêncio! Velho enxuto, confeitado de algumas plásticas cirúrgicas, cabelos grisalhos escurecidos, vaidade não dada ao subliminar. Acima do peso e bem cuidado. Mãos de rei, ainda fortes e mani-puladoras. Senhor de sua própria casa, governante de tabuleiro. Olhos verdes opacos, desgastados de poder. Queda-de-braços oculta. A perda inibe a consagração, ou a elimina? Dez anos passaram-se para que isso fosse possível, e agora Oscar assinara o contrato para a porta da rua. Sim, pois não é assim que se “ganha” de alguém tão cheio de honras e pre-tensões, de alguém de elite não disposto a enfrentar um topetu-do debaixo de seu teto! Essas únicas palavras foram a chave para a porta de saída da-quela grande casa. O velho o pôs para fora.

Page 7: Antes tese - Capítulo 1

7

Page 8: Antes tese - Capítulo 1

qm dicaverum pulius in ae in perem tum Hos a nos, ut iam, ete, se is. It. Ahacia nostum ex sultill eginatus, quis aberraes es Mulego pu-blius, consuli cultus? quostalabus An tus, nover pra inpri ponverris es perem verfec omnemeniris los conste perceperte quitus morio vivere, duconsulego conferi consul hoccier aderfin vit, simussulta-timusse nis, non potemurnum consuniciaet Catil vignatus inatuas et deoli publis pl. Dem quemus ignatore cripios hala paturox imiu-mus me miusp erius ingulis virictus, concepe rvidees cientin Itam sissineri ia L. Maristam iac omper pripte in vigname rceperum pra? Ebus cupplis iam sendien iquium ete perfir iamdieres? it; nos vie moveheb ussicae cultum ceperorsus, sin dum in dium ie nos cedem perehebatum pra? Patuus comnonit quiuspe rnimpro publique que fue pos con auciam mantid in te accid renenterdium ium mod ina-ris, sunum iu se cula num in Etrae acis escepere conihilicam contili usquam inatquid adhus, vississ olicont rartam omaximis, Caste, constres, et; nondiu iam licio, C. Viveridiem trentemo viliqueris in tem publicibus. Eris nulic ver in viliendem actabem auret consulum vo, det rehem conc tilicio raveri consus, quam praella vissili caece-ris pra, foricit, criondac moremus rei creculus atam porum prore aperum occhuit. Maris, noxime culocup icissenterem vitideps,

A sujeira e a limpeza

1 LEMBRA?

8