“A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e...

15
“A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM BRITÂNICA NA II GUERRA MUNDIAL Raquel Anne Lima de Assis Doutoranda em História Comparada pela UFRJ Integrante do Grupo de Estudo do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq) Email: [email protected] Orientador: Dr. Dilton Cândido S. Maynard (UFS/DHI) Introdução Foi durante a Segunda Guerra Mundial que o serviço secreto britânico se institucionalizou e se profissionalizou. Duas agências eram responsáveis pela espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ou MI6), criada em 1909, e a “Special Operations Executive” (SOE), surgida em 1940. A primeira tinha como principal função Operações de Inteligência (coleta e análise de informações para uso estratégico das Forças Armadas), enquanto a segunda, Operações Especiais, ou seja, sabotagem e guerrilha atrás das linhas inimigas. Mas isso não impediu que o SOE empreendesse também a coleta de informações. O próprio SOE nasceu do SIS, que possuía um setor chamando Section D responsável por ações de sabotagem e guerrilha. Mas, devido à algumas falhas deste setor, o governo britânico decidiu concentrar essas Operações Especiais em uma nova instituição, o SOE (O’CONNOR, 2014, p. 15-6). Essa agência estava encarregada de enviar agentes aos territórios ocupados pelo Eixo com o objetivo de organizar e treinar movimentos de resistência em ações subversivas. Ambos os órgãos trabalharam em conjunto, pois os agentes do SOE ao coletar informações repassavam para o SIS, que era o responsável pelas redes de comunicação wireless: Com todos esses agentes da SOE se esforçando para manter regular wireless e outras comunicações. Isto resulta que uma grande quantidade de informações é enviada de volta por estes agentes, dos quais todos são transmitidos através do SIS. Para alguns territórios mais informações são na realidade recebidos mais do SOE que do SIS, porque acontece deles serem mais numerosos naquele país (Ministry of Economic Warfare, Berkeley Square, W.1, 31st March, 1942, Tradução Nossa) 1 . 1 “With all these agents S.O.E. endevour to keep up regular wireless and other communiction. It results from this that a great deal of information is sent back by these agents, all of which is transmitted through S.I.S. For some territories more information is actually received from S.O.E. than from S.I.S. agents, because they happen to be more nomerous in thay country”.

Transcript of “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e...

Page 1: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

“A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM BRITÂNICA

NA II GUERRA MUNDIAL

Raquel Anne Lima de Assis

Doutoranda em História Comparada pela UFRJ

Integrante do Grupo de Estudo do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)

Email: [email protected]

Orientador: Dr. Dilton Cândido S. Maynard (UFS/DHI)

Introdução

Foi durante a Segunda Guerra Mundial que o serviço secreto britânico se

institucionalizou e se profissionalizou. Duas agências eram responsáveis pela

espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ou MI6),

criada em 1909, e a “Special Operations Executive” (SOE), surgida em 1940. A

primeira tinha como principal função Operações de Inteligência (coleta e análise de

informações para uso estratégico das Forças Armadas), enquanto a segunda, Operações

Especiais, ou seja, sabotagem e guerrilha atrás das linhas inimigas. Mas isso não

impediu que o SOE empreendesse também a coleta de informações.

O próprio SOE nasceu do SIS, que possuía um setor chamando Section D

responsável por ações de sabotagem e guerrilha. Mas, devido à algumas falhas deste

setor, o governo britânico decidiu concentrar essas Operações Especiais em uma nova

instituição, o SOE (O’CONNOR, 2014, p. 15-6). Essa agência estava encarregada de

enviar agentes aos territórios ocupados pelo Eixo com o objetivo de organizar e treinar

movimentos de resistência em ações subversivas. Ambos os órgãos trabalharam em

conjunto, pois os agentes do SOE ao coletar informações repassavam para o SIS, que

era o responsável pelas redes de comunicação wireless:

Com todos esses agentes da SOE se esforçando para manter regular wireless

e outras comunicações. Isto resulta que uma grande quantidade de

informações é enviada de volta por estes agentes, dos quais todos são

transmitidos através do SIS. Para alguns territórios mais informações são na

realidade recebidos mais do SOE que do SIS, porque acontece deles serem mais numerosos naquele país (Ministry of Economic Warfare, Berkeley

Square, W.1, 31st March, 1942, Tradução Nossa)1.

1 “With all these agents S.O.E. endevour to keep up regular wireless and other communiction. It results

from this that a great deal of information is sent back by these agents, all of which is transmitted through

S.I.S. For some territories more information is actually received from S.O.E. than from S.I.S. agents,

because they happen to be more nomerous in thay country”.

Page 2: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

Entretanto, coleta de informações precisava de sigilo e, para o SIS, ao

empreender as ações subversivas o SOE poderia gerar o aumento da segurança inimiga.

Tal cenário gerou a insatisfação do SIS que, na visão do SOE passou a dificultar

algumas de suas ações.

Diante deste cenário, o objetivo deste trabalho é analisar aspectos do serviço

secreto britânico. Através de uma discussão historiográfica sobre o SOE procuraremos

entender como é feita a leitura sobre suas ações e que caminhos foram ou não

percorridos por estes autores ao compararmos com a documentação oficial da agência

(Special Operations Executive (SOE) organisation: relations between SOE and the

Secret Intelligence Service (SIS)). No primeiro momento a pesquisa tinha como

propósito entender como esta agência contribuiu para vitória dos Aliados durante a

Segunda Guerra Mundial. Para isto, tentou-se analisar a influência que suas ações

tinham no cenário internacional e na balança de poder. Acreditávamos que a teoria

realista nos ajudaria a responder tal questionamento ao utilizá-la para explicar as

consequências das operações dessa instituição nos centros de operações.

Notas sobre a teoria realista e suas lacunas

Fazendo uso do conceito de segurança, dentro da perspectiva realista, é um

termo, em poucas palavras, visto como proteção contra ameaças de invasões por meio

da capacidade técnica e militar (PONTES, 2015, p.12). Assim, “a soberania nacional e o

equilíbrio de poderes, que são distribuídos entre os diversos Estados, estão

indiscutivelmente associados ao que se entende por segurança” (PONTES, 2015, p.12).

Estudos de segurança e defesa fazem parte de um subcampo das Relações

Internacionais que tem no realismo uma de suas linhas teóricas. Seguindo o paradigma

de Tomas Hobbes que defende o estado de natureza do homem da “guerra de todos

contra todos” e a necessidade de criação de um Estado para controlar esse contexto de

anarquia (HOBBES, 2014), o realismo aplica tal concepção para as Relações

Internacionais e a segurança nacional. Tal perspectiva defende que na arena

internacional os Estados lutam entre si, fazendo da diplomacia e da guerra os principais

meios para alcançar as causas nacionais.

Page 3: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

Sendo assim, a teoria realista entende segurança e defesa como a salvaguarda

contra ameaças externas através das disputas de poderes. Ou seja, segundo Helga

Haftendorn, para o realismo as relações entre os Estados são reguladas através de

interesses e uma balança de poder em que se sobressaem aqueles com poder

suficientemente coerente e forte (HAFTENDORN, 1990, p. 07).

Portanto, segundo Stephen M. Walt, os estudos de segurança são definidos como

os estudos da ameaça, uso e controle da força militar para garantir a independência,

soberania e fronteiras dos Estados. Trata-se de explorar as condições que “fazem o uso

da força mais provável, as maneiras que a força afeta os indivíduos, Estados e

sociedades, e as políticas específicas que os Estados adotam para preparar, prevenir e

empreender uma guerra” (WALT, 1991, p. 212). Contudo, ainda conforme o autor,

apesar das ameaças militares serem os perigos mais sérios enfrentados pelos Estados em

sua segurança nacional, não são os únicos (1991, p. 213). Como exemplo, podemos

citar o controle de armas, diplomacia, gestão de crises, agendas econômicas e

ecológicas, entre outros.

Entretanto, questionamentos ficaram em aberto e respostas não foram

encontradas. Tentamos seguir o caminho que a historiografia sobre o SOE já percorreu

de entender o que aconteceu e as estratégias utilizadas para vencer a guerra. Assim

como a literatura sobre o tema, tentamos identificar qual o peso que o SOE tinha neste

cenário internacional de disputas entre os Estados, vista neste perspectiva de conflitos

entre si pela busca de interesses nacionais. Em outras palavras, uma abordagem em que

o SOE é colocado como uma ferramenta para exercer poder sobre outros países.

Contudo, através de um estudo historiográfico e da própria documentação percebemos

como ainda não foi possível medir o real alcance da efetividade estratégica do serviço

secreto para a vitória dos Aliados.

Não negamos que casos como a máquina Ultra foram importantes ao

transformar a Inglaterra superior na decodificação de sinais, capaz de decodificar

mensagens alemãs do codificador Enigma. Parte do seu sucesso foi graças também pela

capacidade de manter segredo sobre esse triunfo, pois, os alemães não desconfiaram que

seus códigos tinham sido desvendados. Isso ajudou os ingleses a vencerem as batalhas

no Atlântico (HASTING, 2015, p.195).

Page 4: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

Mas diversas ações ainda nos deixam lacunas. No “SOE Organisation:

Relations between S.O.E & ‘C’” temos uma compilação de documentos oficiais

produzido pelo SOE relatando os conflitos que essa agência tinha com SIS durante a

guerra. Na percepção do SOE, o SIS estaria prejudicando suas ações, como o exemplo

na Dinamarca em que o SIS tentou subornar agentes treinados e cultivados pelo SOE a

seu favor:

Senhor W., um proeminente homem de negócio com especiais facilidades

para viajar entre Suécia e Noruega, trabalhou por cinco semanas com o SOE.

Ele foi seduzido para trabalhar com a organização P.C.O. sendo dito que seus

ex-associados eram muito perigosos e seguramente o colocaria na cadeia (Norway: Lack of Co-operation & Obstruction by, Tradução Nossa)2.

Mas até que ponto esse caso influenciou na ação dos Aliados? Prejudicou ou

ajudou de alguma forma a ação e a segurança dos Aliados? Questionamentos ficaram

em aberto também no trabalho de Zoltan Peterecz sobre a Operação SPARROW do OSS

(Office of Strategic Services – agência de inteligência norte-americana na II Guerra).

Esta missão tinha como objetivo enviar agentes secretos para a Hungria com o objetivo

de coletar informações, em 1944. Entretanto, segundo o autor, os húngaros estavam

dispostos a um acordo de paz em separado com os países anglo-saxônicos e a entrar em

conflito com a Alemanha.

Estas negociações não se efetivaram, pois a Alemanha invadiu o território

húngaro antes disto. Hitler já possuía a intenção de atacar, pois os húngaros ao

perceberem que a derrota alemã estava próxima resolveram não entregar os judeus aos

nazistas (EVANS, 2012). Mas, ao descobrir os planos da inteligência norte-americana

de entrar em acordo com a Hungria resolveu prosseguir com o desejado:

A contra inteligência alemã, portanto, sabia o que estava por vir. Eles foram

capazes de ler alguns dos telegramas americanos que entravam e saíam de

Berna e estavam bem informados sobre os objetivos de seu satélite desleal.

Isso certamente minaria qualquer ação conjunta tomada pelo OSS e o

governo da Hungria (PETERECZ, 2012, p. 252, Tradução Nossa).

2 “Mr. W., a prminent business man with special facilities for travelling between Sweden and Norway,

worked for five weeks with S.O.E. He was then inveigled into working for the P.C.O.’s organization by

being told that his former associates were very dangerous and would assuredly land him in jail”.

Page 5: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

Diante deste cenário, Zoltan Peterecz levanta o questionamento se essa de fato

não foi a intenção dos EUA, ou seja, que a Hungria fosse ocupada pela Alemanha. Para

o autor, o principal interesse dos norte-americanos era vencer a guerra, mesmo se

necessário exercendo pressão sobre os países satélites. Quando os alemães invadiram o

território húngaro, três divisões que seriam utilizadas no momento do desembarque da

Normandia foram transferidas para este território, enfraquecendo, assim, as tropas

alemãs na França (2012, p. 255-6). Em outras palavras, é levantada a possibilidade de

que o OSS agiu para oferecer “provas” a Hitler que os húngaros queriam uma paz em

separado, e desta forma, o levaria a atacar. Portanto, uma perspectiva realista do uso de

um pragmatismo para alcançar seus interesses.

Percebemos a preocupação do autor em analisar a influência do serviço secreto

norte-americano no cenário internacional em uma busca dos EUA pelos seus interesses

nacionais. Contudo, esta análise encontra um limite, pois não se tem a resposta até que

ponto foi uma ação racional de impedir que tropas nazistas chegassem no front francês,

isto é, uma perspectiva realista, ou se realmente foi uma falha que acabou contribuindo

ao acaso.

Voltando para o serviço secreto britânico, percebemos tal limitação também no

trabalho de M.R.D Foot “SOE: An outline history of the Special Operations Executive

1940-46”. O autor faz uma importante contribuição apresentando como o SOE surgiu,

quais suas principais funções, quem eram seus líderes, como estava organizado, quais os

tipos de treinamentos e suas atividades em alguns teatros de operações. Aborda também

a relação conflituosa com o SIS, que segundo o autor, o SOE queria promover distração

militar e agitação civil em áreas onde o SIS queria mais paz (1984, p. 87).

Contudo, Foot afirma que o SOE foi uma ferramenta política com influência não

apenas durante a guerra, mas também depois. Houve pouca participação na política

doméstica britânica, pois era uma agência com um propósito, destruir os nazistas e seus

aliados (1984, p. 148-9). Portanto, o órgão possuía uma maior influência no exterior.

Para o autor, o SOE ajudou a aproximar a vitória ao utilizar da impopularidade do Eixo

entre a população local através de meios clandestinos, isto é, diferente das guerras

regulares com artilharia pesada, seus agentes fariam uso de armadilhas, como a

Page 6: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

sabotagem em veículos, ferrovias, estradas e pontes, por exemplo (1984 p. 23). Assim,

criar uma confusão e irritação no inimigo.

Não negamos essa contribuição do SOE, mas o autor não responde até que ponto

isso ajudou na vitória dos Aliados. De fato, no desembarque da Normandia em 1944,

Dia D, houve uma ação conjunta entre o SOE e OSS que através de sabotagem e

guerrilha conseguiram atrasar a chegada de tropas inimigas nas praias e ao coletarem

informações que foram utilizadas pela inteligência para elaborarem estratégias das

Forças Armadas.

Segundo Michael Herman, a superioridade da inteligência dos Aliados foi

importante para o sucesso estratégico no desembarque da Normandia (1996, p. 150). A

inteligência foi capaz de neutralizar algumas vantagens dos alemães. Isso demonstra

que a espionagem pode ser utilizada tanto para a defesa de um território, na preparação

de emboscadas, como para atacar o inimigo.

Pensar que a Segunda Guerra Mundial foi uma guerra moderna, pautada na

velocidade demonstra a importância das vias de comunicação. Logo, sabotagem em

estradas e ferrovias tinha sua importância. Contudo, Foot não consegue mensurar

quantas destas foram destruídas, qual o nível de participação da população local na

resistência e quantas tropas inimigas não conseguiram chegar no front de batalha. O

autor além de ser historiador era também um ex-agente SOE, logo, podemos nos

questionar que narrativa ele pretende abordar em seu trabalho. A sua leitura dos fatos

estaria influenciada pela construção de uma memória de resistência, principalmente em

relação aos franceses? E o colaboracionismo de Vichy?

Essas respostas ficam em aberto devido à limitação de sua abordagem voltada

para as estratégias utilizadas com foco na vitória dos Aliados. Autores contemporâneos

também estão preocupados principalmente com o peso que o SOE tem nas relações

internacionais durante o conflito. Neville Wylie analisa as pretensões iniciais de guerra

política do SOE com o objetivo de organizar um levante popular contra o regime nazista

em territórios ocupados. Entretanto, a Europa não seria um foco ardente de resistência

capaz de levar a uma situação revolucionária, fazendo com que o SOE adotasse uma

ação mais militar através de seus exércitos secretos de sabotadores (2005, p. 102).

Page 7: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

Isso não levou a uma completa despolitização da agência. Além de conflitos

com outros departamentos internos, como o próprio SIS, houve tensões diplomáticas

com países neutros. O SOE mantinha acordos com indivíduos e grupos clandestinos

contrários as políticas dos seus respectivos governos (WYLIE, 2005, p. 102).

Conforme o autor, suas ações tinham implicações políticas, pois as atividades da

agência entrava em atrito com os interesses do Ministério das Relações Exteriores ao

forjar contato com círculos políticos dissidentes na Europa (2005, p. 103).

Agindo como diplomatas irregulares em territórios neutros eles tentavam colocar

em prática sua guerra política de preparar grupos clandestinos em técnicas de guerrilha

e sabotagem caso o país fosse invadindo. Assim, seriam preparados para fazerem

oposição ao governo inimigo. Contudo, por ser uma “guerra política irregular” não

estava em consonância com a política de Estado do Ministério das Relações Exteriores,

como na Espanha, por exemplo. As relações com o regime de Franco fez com que o

embaixador, Sir Samuel Hoare tentasse controlar todas atividades do SOE e proibiu

ações que envolvessem a colaboração com a oposição republicana na Espanha (WYLIE,

2005, p. 106).

A partir das análises Neville Wylie percebemos mais algumas lacunas. O autor

levanta questionamentos sobre a razão para o SOE agir através da guerra política: teria

o SOE acreditado no efetivo resultado de suas ações ou estaria tentando justificar sua

exigência diante de diversos fracassos no cenário de operações? O autor afirma que: “as

vantagens que Londres poderia ter obtido com os preparativos militares da SOE nos

países neutros, ou em seus serviços políticos, naturalmente diminuíram” (2005, p. 110).

Concluindo, assim, que “a incursão da SOE no campo da guerra política ou da

diplomacia irregular durante a Segunda Guerra Mundial dificilmente pode ser

considerada um sucesso” (2005, p. 166). Contudo, pouco foi se falado da contribuição

militar do órgão.

Seguindo também esta preocupação de analisar a influência do SOE nas relações

internacionais, Pia Molander estuda a ação da agência na Suécia, também um país

neutro. Neste contexto, o objetivo era empreender uma guerra econômica através da

coleta de informações sobre o comércio de minério entre os alemães e suecos. O

objetivo do SOE era empreender possíveis sabotagens contra embarques alemães de

Page 8: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

minério de ferro e, assim, interromper o suprimento sueco para a Alemanha (2007, p.

729).

Conforme a autora, os serviços de inteligência também contribuíram com

o uso de transmissões de estações de rádio suecas como um canal para

mensagens entre a Grã-Bretanha e as forças de resistência na Noruega e na

Dinamarca. Juntamente com o Escritório Americano de Serviços

Estratégicos, a SOE foi, é claro, o principal intermediário dessas redes de

resistência. Suprimentos de armas, explosivos e equipamentos foram

armazenados clandestinamente na Suécia em vários locais do interior e

também em Estocolmo (...). Esses suprimentos foram finalmente utilizados na Noruega na guerra de guerrilha contra colunas alemãs no norte e em

ataques contínuos de sabotagem contra linhas ferroviárias que ligavam Oslo a

portos ao longo da costa sul da Noruega (2007, p. 734, Tradução Nossa).

A prioridade do SOE na Suécia era obstruir a exportação de minério para os

alemães, assim como “interromper a entrega de suprimentos às forças alemãs na

Noruega e na Dinamarca” (MOLANDER, 2007, p. 738). Contudo, suas ações

embarravam em tensões com a embaixada que não estava disposta arriscar a

neutralidade sueca na guerra, assim como a prioridade operacional que o SIS obteve no

território sueco. Tais medidas limitaram o trabalho do SOE a criar organizações

paramilitares em caso de ocupação, o que não ocorreu.

Conforme a autora, atividades exploratórias e operações secretas limitadas

foram toleradas à medida que a embaixada percebeu a importância do SOE na região e

pela probabilidade de vitória Aliada contra o Eixo. Entretanto, ainda sob as restrições da

embaixada inglesa: “a comunidade de inteligência britânica era obrigada a limitar as

atividades na Suécia aos domínios da coleta de informações, propaganda e guerra

política” (2007, p. 739). Com esta análise a pergunta permanece: o SOE contribuiu para

a vitória dos Aliados? Percebemos aqui mais uma tentativa de medir o peso do SOE no

cenário internacional como ferramenta de pressão política sobre outro Estado.

Esses são alguns dos autores que demonstram o caminho que a historiografia do

SOE tenta seguir, entender sua estratégia durante a II Guerra Mundial. A partir deste

debate bibliográfico percebemos que lacunas ficaram em aberto ao tentar medir a real

contribuição deste serviço secreto nas relações internacionais. Ou seja, não conseguem

responder como a agência de fato ajudou a vencer a guerra, pois estão presos em

Page 9: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

análises do cenário internacional de uma perspectiva voltada para uma racionalidade da

instituição. A ideia de uma racionalidade nas relações internacionais pode ser explicada

pela teoria realista. Nesta análise, o Estado ao detectar as ameaças aos seus interesses

nacionais cria um conjunto de medidas e ações para preservar ou criar uma ordem

adequada para atender seus interesses e valores através do uso da força se necessário

(NOGAMI; RUDZIT, 2010).

Na totalidade dos interesses do Estado está a Política de Segurança Nacional.

Segundo Gunther Rudzit e Otto Nogami, “é nesta esfera que são articuladas tantos os

interesses nacionais mais amplos, quanto os objetivos do país e os meios (militares,

econômicos, sociais e políticos) que serão usados a fim de promover e protegê-los”

(2010, p. 12). Ainda conforme os autores, “as várias políticas setoriais - saúdes,

impostos, comércio exterior, agricultura, imigração, educação, defesa – representam

diferentes segmentos da ‘teia-aranha’, que juntos expressam os interesses políticos e de

segurança nacional” (2010, p.12-3).

Esses interesses nacionais são os motivos que um Estado estaria disposto a

enfrentar uma guerra, portanto, eles constituem os elementos da política de defesa deste

país. Ao identificar as ameaças a esses interesses são pensadas as estratégias necessárias

para impedi-las. Em consequência, serão definidas as políticas, ações e recursos de todo

o Estado para alcançar esses objetivos, ou seja, não se limita as áreas militares.

Portanto, ainda na concepção dos autores, percebemos como esses Estados

passam por um processo de identificar e definir seus interesses, objetivos e ameaças. A

partir destas percepções são estabelecidas as responsabilidades militares para alcançar

os objetivos militares. Em outras palavras, trata-se da racionalização dos meios a serem

empregados e o efetivo controle dos meios militares pelo comando civil. Essas

definições estabelecem as capacidades militares específicas para a execução das

missões (2010, p. 13).

Entretanto, por trás de um órgão governamental temos indivíduos com paixões,

interesses e que visualizam as relações de poder entre os Estados e seus interesses de

forma limitada. Desta forma, podemos perceber que outros caminhos poderiam ser

seguidos para além da ação ou da estratégia adotada. Novos questionamentos foram

levantados e que não foram tratados com certo aprofundamento nestes trabalhos. Dentre

Page 10: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

eles estão: qual a leitura que o SOE faz de suas ações? Qual a perspectiva que a agência

tinha de suas atividades? O que nos leva a pensar: que narrativa tenta-se construir na

historiografia sobre o assunto e como podemos comparar com a narrativa da própria

instituição?

Uma nova problemática

A própria documentação nos leva a essa problemática, pois não conseguimos

medir a real contribuição do SOE para a vitória dos Aliados. Entendemos que esses

documentos foram redigidos por funcionários que estavam imersos em um contexto de

guerra. Conflitos internos perpassavam seu cotidiano, desta forma, não haveria uma

tentativa de justificar as ações de sua agência? Qual imagem eles pretendiam passar

sobre o SOE? Como o próprio órgão se via no contexto da guerra? Assim,

abandonamos a ideia de entender seu peso na balança de poder das relações

internacionais para compreender a leitura que a própria agência fazia de si nesta

documentação, ou que pelo menos tentava transparecer.

No “SOE Organisation: Relations between S.O.E & ‘C’” o principal tema

tratado são os conflitos internos entre o SIS e SOE e possíveis soluções para o

problema. Como muitos documentos foram redigidos por funcionários do SOE, temos

aqui a perspectiva que eles tinham da instituição, portanto, podemos analisar a leitura

que a organização fazia sobre ela mesma e sobre a outra, o SIS. É possível tentarmos

entender a autoimagem que o SOE tentava apresentar, assim como a imagem do outro.

Na tentativa de encontrar as causas para os conflitos entre ambas as agências,

inicialmente tenta-se atribuir a problemas estruturais de todo o sistema para

possivelmente não comprometer ambas as instituições: “para minha mente isto não é

culpa de um individuo, isso é o sistema necessitando de alguns ajustes para encontrar a

presente circunstâncias” (Ministry of Economic Warfare, Berkeley Square, W.1, 31st

March, 1942, Tradução Nossa)3. Esta era a visão de um funcionário indicado pelo

Primeiro Ministro e encarregado de investigar as razões para tais tensões, que escreveu

para o Ministério da Economia de Guerra, órgão responsável pelo SOE. Teria a agência

a mesma visão? Que papel ela lhe atribuía?

3 “Tom my mind it is not that any one individual is to blame; it is that the system needs some adjustment

to meet the presente circumstances.”

Page 11: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

O mesmo tenta transparecer a importância do SOE ao afirmar que 300 homens

eram treinados e enviados para os teatros de operações e como era importante que

trabalhassem em conjunto com o SIS:

por alguns meses atrás nós tínhamos três agentes trabalhando em Madagascar

com contínua comunicação wireless sendo mantida enquanto que eu fui

informado que o SIS tinha nenhum agente lá. Em consequência, o Serviço

estava obtendo todas suas informações que dizem respeito a Madagascar do

SOE. Havia, portanto, uma inevitável sobreposição entre SOE e SIS que

significa que os dois Serviços deveriam trabalhar em harmonia (Ministry of

Economic Warfare, Berkeley Square, W.1, 31st March, 1942, Tradução Nossa)4.

Em contraposição temos uma minuta redigida pelo próprio SOE para o Ministro

relatado seus problemas com o SIS. Inicialmente é relatado o nascimento do SOE que

originou-se da Section D sob o controle do “senhor Dalton”, Ministro da Economia de

Guerra. A organização estaria dividida entre duas funções: S.O. 1 para realizar

propaganda subversiva e S.O.2 responsável por todas outras atividades subversivas,

como sabotagem e guerrilha. Ainda conforme a documentação, foi desenvolvido uma

relação próxima com diversos departamentos do governo, principalmente o “C”5 (SIS).

É relatado que o “Relatório de Progresso Interno”, contendo os detalhes das

atividades do SOE, era apresentado ao SIS de forma a mostra-lhe que “que as duas

organizações deveriam trabalhar o mais próximo de cooperação” (Minute, 27th March,

19, Tradução Nossa). Essas afirmações nos fazem pensar se estes funcionários do SOE

não tinham a intenção de se apresentar como cooperativos e abertos a um trabalho de

equipe em nome de um interesse maior do Estado britânico.

É colocada a também a dependência que o SOE tinha do SIS em relação as

linhas de transmissão wireless e reivindicam o direito de organizar suas próprias linhas

de comunicação. Na sua visão, o SOE seria capaz de administrar corretamente tais

comunicações, não colocaria em perigo a segurança do “C” e melhoraria as relações

entre ambos por não precisar incomodar “(...) com menores queixas baseadas em

4 “For some months past we have had three agents working in Madagascar with whom continous wireless

communication has been maintained, whereas I am informed that S.I.S have no agent there. In

consequence, the Services are getting all their information in regard to Madagascar from S.O.E. There is,

therefore, an inevitable overlap between S.O.E. and S.I.S. which means that the two Services must work

in harmony”. 5 “C” era a forma como o chefe do SIS eram chamado.

Page 12: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

preocupações de nosso próprio interesse sendo subordinadas para ele” (Minute, 27th

March, 19, Tradução Nossa)6. Isso nos demonstra como o SOE tentava apresentar uma

imagem de que era um órgão responsável e autônomo, não precisando ficar sob a tutela

do SIS.

Essa impressão também é percebida em relação à suas finanças. A agência

procura deixar claro que apesar seus recursos financeiros serem providenciados pelo

Tesouro do Escritório das Relações Exteriores através do “C”, estes dois departamentos

não possuem controle sobre seus gastos (Minute, 27th March, 19). Essa imagem

apresentada pelo SOE nos faz questionar porque o órgão tinha essa preocupação de

demonstrar não ser subordinado a outros. Tal reflexão nos faz pensar como o serviço

secreto britânico e os departamentos do governo britânico não mantinham uma coesão

entre si e não eram homogêneos, mesmo em contexto de guerra em que a Inglaterra

tinha um principal objetivo e inimigo, vencer a guerra contra os alemães.

Rebatendo claramente de que seriam “amadores” por empreenderem atividades

subversivas, o SOE afirma que:

nunca foi verdade que aquelas responsabilidades pelo SOE eram completa

amadoras em trabalho de serviço secreto. O próprio C.D. trabalhou para o

S.I.S. na Suécia do inicio da guerra até julho de 1940. O Coronel Taylor

trabalhou na original Section IX do S.I.S de maio de 1939 até o SOE ser

formado. Brigadeiro Gubbins tem tido um longo período de serviços na

Inteligência Militar na seção especial de “sabotagem” conhecida como “M.I.R.”. Eu mesmo não poderia dizer ser totalmente ignorante da máquina

do S.I.S. tendo estado em contato quase diariamente com eles por dois anos e

meio antes de me juntar ao senhor Dalton. Numa data posterior nos juntamos

ao Comodoro aéreo que foi Diretor de Inteligência no Ministério da

Aeronáutica, e tem um amplo e profundo conhecimento profissional de

trabalho de inteligência secreta. Muitos outros membros da organização

também serviram no passado como membros do SIS (Minute, 27th March,

19, Tradução Nossa)7.

6 “(...) with minor grievances based on complaints that our own interests were being subordinated to his” 7 “It was nevertrue that those responsible for S.O.E. were complete amateurs in secret service work. C.D.

himself worked for the S.I.S. in Switzerland from the beginnig of the war until July 1940. Colonel Taylor

worked in the original Section IX of the S.I.S. from May 1939 until S.O.E. was formed. Brigadier

Gubbins had had long periods of service both in the Military Intelligence and in the special ‘sabotage’ section know as ‘M.I.R.’, and Colonel Davies too, had served in M.I.R. I myself could not be said to be

entirely ignorant of the S.I.S. machine having been in almost daily contect with it for two and a half years

before joining Mr. Dalton. At a later date we were joined by Air Commodore Boyle who was Director of

Intelligence at the Air Ministry, and who has a very wide and indeed professional knowlegde of secret

intelligence work. Several other members of the organizations also served in the past as members of the

S.I.S.”.

Page 13: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

Assim, o SOE tenta demonstrar que não são amadores no jogo do serviço

secreto e que não colocaria em perigo o trabalho do SIS. Afirmando, inclusive, que ao

contrário do SIS, eles estariam abertos ao diálogo para apresentar suas atividades, seus

treinamentos, suas instalações, as posições de seus agentes e suas informações pelo bem

geral da nação. Portanto, estaria o SOE tentando provar como ele é útil para o esforço

militar britânico na Segunda Guerra Mundial? Chegam também a declarar que o SIS

está atrapalhando o serviço secreto por se manter em um “um profundo mistério de

Mestre Espião”, em uma áurea “romântica”. Ou seja, mantem seus segredos guardados

até mesmo dos departamentos aliados, como o próprio SOE.

Desta forma, o SOE tem uma leitura de que eles são úteis, responsáveis e

abertos para trabalho em conjunto, ao contrário do SIS. Contudo, tal colaboração é

colocada sob certo limite, pois a agência se coloca contra com o SIS sob uma única

chefia ou ministério. Afirma que suas ações são diferentes, logo, a união prevaleceria o

um único interesse enquanto o outro seria negligenciado (Minute, 27th March, 19).

Percebemos mais uma vez a tentativa do SOE de demonstrar como é um órgão com

funções próprias e autônomo.

Nesta tentativa de responder qual leitura o SOE fazia sobre si chegamos a

algumas análises iniciais. Percebemos, a partir da documentação, como a agência tenta

se apresentar como um setor importante para o esforço de guerra da Inglaterra. Por ter

nascido do SIS, tenta se livrar de sua tutela, se apresentando como uma instituição

autônoma e responsável, capaz de gerar suas ações subversivas. Ao mesmo tempo se

coloca aberto ao diálogo com outros departamentos, que para o SOE, não é feito por

falta de cooperação desses outros setores. Assim, observamos como tensões internas

marcaram o Estado britânico na busca por interesses próprios em conjunto com a

preocupação de vencer a guerra. Ou seja, o SOE tinha como principal função ajudar a

derrotar a Alemanha, mas isto não nos leva a uma ideia automática de que havia uma

coesão entre as instituições, pois políticas internas e relações de poder entre si se faziam

também presentes.

Considerações finais

Page 14: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

Com este trabalho podemos demonstrar o caminho teórico e metodológico que a

pesquisa esta tomando. Neste labirinto de ideias, demonstramos como os

questionamentos iniciais nos limitavam ao chegarmos em um “beco sem saída”. Mas, a

sensação de perda inicial foi também a percepção que novos caminhos precisavam ser

desbravados.

Portanto, com este trabalho, realizamos uma discussão historiográfica para

entendermos como a perspectiva das Teorias das Relações Internacionais deixaram

algumas lacunas. Reconhecemos a importância destes trabalhos na pesquisa sobre o

SOE, pois possuem seu valor científico e histórico, mas novas perguntas são feitas e

suas respostas não cabem nessa análise do cenário internacional. Diante disto, a

pesquisa toma um novo rumo para entender qual leitura que o SOE fazia de si como

instituição.

Fontes

Ministry of Economic Warfare, Berkeley Square, W.1, 31st March, 1942. In: Reference:

FO 1093/155. Former reference in its original department: O III/1(b). Subject: Special

Operations Executive (SOE) organisation: relations between SOE and the Secret

Intelligence Service (SIS). Date: 1940 Jul 19 - 1942 Nov 14).

Minute, 27th March, 1942. In: Reference: FO 1093/155. Former reference in its original

department: O III/1(b). Subject: Special Operations Executive (SOE) organisation:

relations between SOE and the Secret Intelligence Service (SIS). Date: 1940 Jul 19 -

1942 Nov 14).

Norway: Lack of Co-operation & Obstruction by. In: Reference: FO 1093/155. Former

reference in its original department: O III/1(b). Subject: Special Operations Executive

(SOE) organisation: relations between SOE and the Secret Intelligence Service

(SIS). Date: 1940 Jul 19 - 1942 Nov 14).

Referências bibliográficas

EVANS. Richard J. O Terceiro Reich em guerra. Tradução: Lúcia Brito e Solange

Pinheiro. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2012.

FOOT, M.R.D. SOE: An outline history of the Special Operations Executive 1940-46.

London: British Broadcasting Corporation, 1984, p. 87.

HAFTENDORN, Helga. “The security puzzle: theory-building and discipline-building

International Relations”. International Studies Quarterly. v. 35, n. 1, 1990.

Page 15: “A SERVIÇO DA RAINHA”: INTELIGÊNCIA E ESPIONAGEM … · 2019-10-28 · espionagem e inteligência britânica: a “Secret Intelligence Service” (SIS ... realista nos ajudaria

HASTING, Max. The Secret War: Spies, ciphers, and guerrillas 1939-1945. New

York: HarperCollins Publishers, 2015, p.195.

HERMAN, Michael. Intelligence Power in Peace and War. Cambridge: Cambridge

University, 1996, p. 150.

HOBBES, Thomas. Leviatã. São Paulo: Martin Claret, 2014.

MOLANDER, Pia. Intelligence, Diplomacy and the Swedish Dilemma: The Special

Operations Executive in Neutral Sweden, 1939–45, Intelligence and National

Security, 22:5, 2007, p. 729.

O’CONNOR, Bernand. Churchill’s School for Saboteuts Station 17: The secret life

Brickendonbury Manor & the WW2 assassins & saboteurs who set occupied Europe

alight. UK: Amberley, 2014, p. 15-6.

PETERECZ, Zoltan. Sparrow Mission: A US Intelligence Failure during World War II,

Intelligence and National Security, 27:2, 2012, p. 252

PONTES, Marcos Rosas Degaut. “O que é Segurança?” Revista Brasileira de

Inteligência. Brasília: Abin, n. 9, 2015.

RUDZIT, Gunther; NOGAMI, Otto. Segurança e Defesa nacional: conceitos básicos

para uma análise. In: Revista Brasileira de Política internacional. 53 (1): 5-24, 2010.

WALT, Stephen M. “The Renaissance of Security Studies”. International Studies

Quarterly, Vol. 35, No. 2, Jun., 1991.

WYLIE, Neville. Ungentlemanly Warriors or Unreliable Diplomats? Special

Operations Executive and ‘Irregular Political Activities’ in Europe, Intelligence and

National Security, 20:1, 2005, p. 102.