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EMPRESAS Os casos de sucesso de um “Portugal Global” ECONOMIA As promessas de Santos Pereira avançaram? VEJA MAIS EM NEGOCIOS.PT Este suplemento é parte integrante do Jornal de Negócios nº 2531, de 1 de Julho de 2013, e não pode ser vendido separadamente n + negócios mais. edição especial “Portugal Global” leva a Guimarães sucessos nacionais Exportações e internacionalização estarão em debate terça-feira na quarta edição da conferência Pub

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E M PRE SASOs casos de sucessode um “Portugal Global”

E CO N O M I AAs promessas de SantosPereira avançaram?

VEJA MAIS EM NEGOCIOS.PTEste suplemento é parte integrante do Jornal de Negócios nº 2531,de 1 de Julho de 2013, e não pode ser vendido separadamente

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“Portugal Global” leva aGuimarães sucessos nacionaisExportações e internacionalização estarão emdebate terça-feira na quarta edição da conferência

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.II | Suplemento | Jornal de Negócios | Segunda-Feira, 1 de Julho de 2013

CON F ERÊN CI A

Portugal Globalleva casos de sucessoao berço da naçãoNa 4ª edição, iniciativa do Negócios chega a Guimarães econta a história de grupos como Efacec, Frulact e BA Vidro

MIGUEL [email protected]

Unidaspelavocaçãoexportadoraeseparadas pelos ramos de activida-deemqueoperam,empresascomoa Efacec, Frulact, BAVidro, Amo-rim & Irmãos e JM Gonçalves Ta-noariaserãoalgunsdoscasosdesu-cessoqueestaterça-feirasubirãoaopalcodoCentrodeArteseEspectá-culos de Guimarães. Não vão darmúsicaàplateia, mas contarão, emmais uma edição da conferência“PortugalGlobal”,ahistóriadoseusucesso.Edecomochegaramondechegaram.

Aconferência“PortugalGlobal”chegaàquartaedição e paratrás fi-camaspassagensporLisboa(ondecomeçou esta iniciativa, em 2010,repetindo-se em 2011) e Porto (em2012). Agora será a vez de Guima-rães acolher, durante uma manhã,um debate centrado nos “case stu-dies” de empresas e marcas portu-guesas de vocação exportadora,comumpapelrelevantenarecupe-ração daeconomianacional.

Aconferênciana“cidade-berço”contarácom oradores como o eco-nomista Jorge Braga de Macedo(antigo ministro das Finanças, noGoverno de Cavaco Silva de 1991 a1995) e Pedro Reis (presidente daAgênciaparao Investimento e Co-mércio Externo de Portugal), am-bos “repetentes” na iniciativa pro-movida pelo Negócios e pela CaixaGeraldeDepósitos(CGD).JoséPe-

droCabraldosSantos,administra-dor da CGD, é outro dos oradores.OspresidentesdaBAVidro(CarlosMoreira da Silva), Efacec (JoãoBento) e Frulact (João Miranda)também participam na iniciativa,assim como Sérgio Gonçalves, ad-ministrador da JM Gonçalves Ta-noaria, e Victor Ribeiro, adminis-tradordaAmorim& Irmãos.

No programaestáprevistaumaanálise das exportações em Portu-

gal por Jorge Braga de Macedo e aapresentaçãode“casestudies”querde empresas mais jovens, quer decompanhias com umaexperiênciadeinternacionalizaçãomaisconso-lidada.

Aosparticipantesserádadaaco-nhecer aexperiênciadaSysadvan-ce,empresadetecnologiaindustrialqueresultoudeum“spinoff”daFa-culdade de Engenharia da Univer-sidade do Porto. Empresas como aControlar, QTEC e JM GonçalvesTanoaria serão igualmente apre-sentadasnestaediçãodaconferên-cia“PortugalGlobal”.

Aoníveldos“casestudies”deex-portaçãoeinternacionalização,ole-que de actividades em análise seráamplo,abrangendoempresascomoaBAVidroeaEfacececompanhiasde sectores tão diversos como oagroalimentar (com a Frulact), ocorticeiro (Amorim & Irmãos) e otêxtil (Mundotêxtil), num debatecomamoderaçãododirectordoNe-gócios, Pedro Santos Guerreiro.

Nas três anteriores edições daconferência“Portugal Global”maisdeumacentenadeempresasparti-ciparam,formandoumaplateiadi-versificadadeempresáriosegesto-res, com representantes não só depequenas e médias empresas(PME) nacionais, mas também degrandes grupos e ainda de compa-nhias estrangeiras como a Alstom,AON,Barclays,Bosch,BNPParibas,Iberdrola,NokiaSiemens,entreou-tras.

Conferência “Portugal Global”

Igualmente presente na primeira edição da conferência“Portugal Global”, o grupo Sovena, que comercializaazeite e óleo, já em 2010 tinha invertido o peso domercado interno e externo. No espaço de uma década aSovena multiplicou a sua facturação por dez, deixando deser uma empresa com 90% do negócio em Portugal epassando a ter 80% do negócio fora de Portugal. Em2010 a Sovena já tinha três fábricas fora do país.

Sovena multiplicou facturaçãoe peso do mercado externo

“Neste momento a internacionalização é crítica”,declarava em Dezembro de 2010 António Portela,administrador da Bial, farmacêutica portuguesa queentão já tinha lançado o medicamento anti-epilépticoZebinix em mais de 10 países. “Para o grupo continuar ainvestir em investigação e desenvolvimento tem devender fora de Portugal”, declarou o administrador daBial, uma das empresas em destaque na edição de 2010.

Bial classifica como “crítica” anecessidade de internacionalizar

Nas edições realizadas em 2010, 2011e 2012, a iniciativa “Portugal Global”amplificou vários sucessos nacionais.Recorde alguns desses casos.

As empresas quedeixaram a sua marcana conferência

Pelas três ediçõesanterioresda conferênciapassaram maisde uma centenade empresas,desde PMEa companhiasmultinacionais.

Portugal virado para fora | Exportações voltam ao debate.

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.Jornal de Negócios | Segunda-Feira, 1 de Julho de 2013 | Suplemento | III

Crescimento das exportaçõesanima gestores mas provocadesconfiança nos economistas

A Fly London, uma das marcas portuguesas de calçadomais bem sucedidas no mercado externo, foi outra daspresenças em destaque na edição de 2010 da conferência“Portugal Global”. O presidente da Kyaia (detentora damarca), Fortunato Frederico, apresentou então asperspectivas de expansão da Fly London, com as vendas asubir 28% em 2010, mantendo-se a estimativa para o anoseguinte no crescimento de dois dígitos.

Fly London corre mundocom crescimento de dois dígitos

Ainda na edição de 2010, a conferência promovida peloNegócios destacou a Novabase, companhia que entãorevelava a vontade de explorar novos mercados, comoAngola e Emirados Árabes Unidos. A empresa, que jáentão facturava 30 milhões de euros anuais fora dePortugal, concretizou essa pretensão, abrindo escritóriosnesses mercados, vindo ainda a instalar-se emMoçambique.

Novabase em expansãopara Angola e Emirados

Da lista de empresas que apresentaram as suasexperiências na primeira conferência “Portugal Global”, aSIBS revelou como por vezes os negócios lá fora corremainda melhor que o previsto. Em 2010, o primeiro ano deactividades internacionais, a SIBS conseguiu mais de cincomilhões de euros de facturação lá fora, bem acima dos600 mil euros inicialmente estimados. A Roménia foi oprimeiro de mais de uma dezena de mercados externos.

SIBS conseguiu resultadosacima das previsões iniciais

As vendas ao exterior chegaram a crescer a dois dígitos, mashoje a expansão é menor... como antecipou Alberto Castro

Nos últimos anos Portugal conse-guiu crescimentos de dois dígitosdas suas exportações, um registocontraacorrentederesultadosne-gativos no plano macro-económi-co. Ao longo das várias edições daconferência“Portugal Global”estevem sendo um dos temas mais de-batidos. Mas se do ponto de vistados gestores o aumento das expor-tações é motivo de orgulho, algunseconomistasobservamcomcaute-la, ou mesmo desconfiança, aondaexportadorado País.

Em Dezembro de 2010, na pri-meiraediçãodaconferência,oeco-nomistaAugustoMateusexprimiadúvidas quanto à capacidade de asexportações viremaevitarumare-cessão em Portugal em 2011. “Nãoé possívelque as exportações com-pensem [a queda do consumo pri-vado e público e do investimento]sem o ajustamento da procura in-terna”, comentava o antigo minis-tro daEconomia.

Menoscéptico,oentãoministrodaEconomia,VieiradaSilva,prefe-riasublinhar que “houve umamu-dançaestruturaldas nossas expor-tações no sentido do aumento dopeso daintensidade tecnológica”.

Quase um ano depois, em Se-tembro de 2011, nasegundaediçãoda conferência “Portugal Global”,AugustoMateusrepetiriaotomdealerta. Arecessão, afirmou, “vaiserumpoucomaisforteesteano”,como economistaaesperar“um poucomais”queos2,2%previstosdeque-

dadoProdutoInternoBruto(PIB).“Agrandedúvidaé,sendo2012umano em que vamos ter também re-cessão, se estaserámais fracaouseirá aprofundar-se”, acrescentou. Eaprofundou-se.Em2012oPIB en-colheu 3,2%, naquelaque foi apiorrecessão desde 1975.

As exportações vêm sendo a tá-bua de salvação de boa parte dasempresasportuguesas.Masoritmode crescimento já está a abrandar.

DadosdoInstitutoNacionaldeEs-tatística(INE)mostramquenope-ríododeFevereiroaAbrildesteanoasexportaçõesportuguesasapenascresceram3,1%faceaoperíodoho-mólogo de 2012.

Em Abril de 2012, na terceiraconferência “Portugal Global”, oeconomistaAlberto Castro anteci-pava oabrandamento,notandoqueseria “difícil” Portugal continuar acrescer a dois dígitos nas exporta-ções. “Acho muito complicadomanter este ritmo, porque os nos-sosprincipaismercadosdedestinoestão a apresentar fragilidades”,apontava então Alberto Castro aoNegócios.“Doisterços,outrêsquar-tos, das exportações ainda conti-nuamaregistar-se forados merca-dos emergentes, sendo que estestambémtêmoseulimite.Diriaque‘so far, so good’, mas aconselhariaprudênciaemtermosdeperspecti-vas”, referiao economista.

Aprudência recomendada porAlbertoCastrocontrastava,contu-do,comamensagemdeoptimismodo presidente da AICEP - Agênciapara o Investimento e ComércioExternodePortugal.PedroReisno-tavaqueaexistênciadeváriosmer-cados extra-comunitários no “top10”dedestinosdasexportaçõesera“umsinalclaro paraacomunidadeinternacional de que a economiaportuguesatemcapacidadedeafir-mação”.Restasaberseocrescimen-todasexportações,agoranacasadeumdígito, se manterá. MP

Acho muitocomplicadomanter este ritmo[nas exportações],porque os nossosprincipaismercadosde destino estãoa apresentarfragilidades.ALBERTO CASTROEconomista, em Abril de 2012

Miguel Baltazar

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.IV | Suplemento | Jornal de Negócios | Segunda-Feira, 1 de Julho de 2013

Conferência “Portugal Global”

CU STOS DE CON TEXTO

Preocupaçõesdas empresaslonge de estarresolvidas

Energia, sistema judicial e formaçãosão alguns dos obstáculos a ultrapassar

Naprimeiraedição daconferência“Portugal Global”, em Dezembrode2010,oslíderesdeváriasempre-sas exportadoras deram conta dassuasmaiorespreocupações.Ou,deoutro modo, dos ingredientes cer-tosqueoPaísaindaprecisavadeen-contrar para competir lá fora. Jus-tiçarápida,energiabarataeforma-çãoforamtrêsdoselementosdare-ceitasugeridapelos empresários.

Nessa conferência, Rodolfo La-vrador,administradordaCaixaGe-ral de Depósitos (CGD), falou nosobstáculosdajustiça.Asoluçãoparaque as empresas se tornem maiscompetitivas passaria por sermos“mais inovadores, mais competiti-vos e atentos ao que os mercadosquerem”,sendoqueograndedesa-fio aresolver seriao da“celeridadedajustiça”.

Entretanto o Governo avançoucomumareformajudicial.Emboraalguns aspectos na celeridade daJustiçatenhammelhorado,umre-latório divulgado este mês pelaOr-ganizaçãoparaaCooperaçãoeDes-envolvimentoEconómico(OCDE)indicaquePortugaltemumdossis-temasmaislentosemprimeirains-tância,comumaduraçãomédiadosprocessos de 425 dias.

Masajustiçanãoéaúnicapreo-cupação dos empresários. Já em

2010 o líderdaFlyLondon, Fortu-nato Frederico, realçava a impor-tânciado custo daenergia. “As ma-térias-primas estão a subir de pre-ço, mas sobem para todos. Não es-tamos é em igualdade de circuns-tânciasnoquedizrespeitoaoscus-tos da energia”, declarou então oempresário. E esse é um tema quecontinua a preocupar o tecido in-dustrialportuguês.

De ano para ano vêm sendo re-petidas as queixas de algumas dasmaiores empresas que operam emPortugal, denunciando a facturaenergética como um custo de con-texto cadavez mais pesado. Atentaaisso,atroikatempressionadoato-mada de medidas para reduzir asrendasdosprodutoresdeelectrici-dade, mas os passos já dados peloGovernonão baixaramaindaafac-turade modo decisivo.

Aformaçãodamão-de-obrapor-tuguesa foi outro dos factores decompetitividade elencados pelosempresáriosnasanterioresediçõesdaconferência“PortugalGlobal”.Anecessidade de uma diplomaciaeconómica mais activa tambémchegouaserapontada. E esse é umtemaaqueoministrodosNegóciosEstrangeiros, Paulo Portas, temdado especial atenção nos últimosdois anos. MP

TSU: a odisseia da solução que

A cadeia de restaurantes H3, focada no conceito doshamburgueres “gourmet”, foi um dos destaques dasegunda edição do “Portugal Global”, em 2011. AntónioCunha Araújo, um dos sócios da empresa, lembrou entãoestar neste negócio “por amor à culinária” mas admitiuque, consolidada a experiência em Portugal, o foco tinhade estar na internacionalização. O primeiro passo foi oBrasil, onde a H3 já tem mais de uma dezena de unidades.

H3 semeou o “amor à culinária”para colher receitas lá fora

A Skysoft, que desenvolve soluções tecnológicas em áreascomo a aeronáutica, segurança ou defesa, iniciou em2010 a venda de produtos na China, apontando em 2011 amira ao Canadá e à Coreia. Na sua participação naconferência “Portugal Global”, em Dezembro de 2010, oadministrador José Neves sublinhou a vantagem dasempresas portuguesas face aos restantes “PIGS”: “OBrasil pode ser uma alavanca para Portugal”, afirmou.

Skysoft, a tecnológica à procurade oportunidades caídas do céu

Nas edições realizadas em 2010, 2011e 2012, a iniciativa “Portugal Global”amplificou vários sucessos nacionais.Recorde alguns desses casos.

As empresas quedeixaram a sua marcana conferência

Ataxasocialúnica(TSU) cobradaàs empresas foi vista pela troikacomoumdosfactoresqueretiramcompetitividadeàsempresaspor-tuguesas.OcortenaTSUfoianun-ciado em 2011, mas amedida, malrecebida por parte dos empresá-rios, nuncasaiudo papel.

Na conferência “Portugal Glo-bal” de Setembro de 2011, realiza-da meses depois da queda do Go-vernodeJoséSócratesedaascen-sãodePedro PassosCoelho,opre-sidente da Frezite, José ManuelFernandes, deu a voz ao cepticis-mojáentãoinstaladoentreosem-presários. AdescidadaTSU, afir-mava o líder da Frezite, “não vaidarmaisprodutividade”àempre-sa.TambémparaaH3,empresaderestauraçãofocadanoconceitodoshamburgueres “gourmet”, asolu-çãonãoestarianaTSU.“Parauma

empresaderetalhoapreocupaçãoé o aumento do IVA, declarava,nessa mesma conferência de Se-tembro de 2011, António CunhaAraújo, administrador da H3. EManuel Regalado, administradorda Portucel, reforçou a ideia. “Adescida da TSU não é material-mente importante, temos outrosproblemasmaisimportantes”,de-clarou o gestornasegundaediçãodaconferência“PortugalGlobal”.

AdescidadaTSU eraumame-didaprevistapelatroikanomemo-rando de entendimento paraaas-

Debate | Conferência “Portugal Global” tem juntado centenas de empresários e gestores ano após ano.

Governo quis reduzira taxa social única,mas as empresasmostraram que asolução não estaria aí

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.Jornal de Negócios | Segunda-Feira, 1 de Julho de 2013 | Suplemento | V

CGD quer alavancarexportações mas debate-secom custo da “portugalidade”

não chegou a sê-lo

A Frezite, empresa que fabrica ferramentas de corte, éum dos casos de sucesso do tecido industrial português.Fundada há mais de 30 anos, teve em 1981 a primeiraparticipação numa feira industrial. Mais recentemente,Polónia, México e África do Sul entraram no radar. “Nãotemos medo de passar a fronteira, porque temos aídesafios fantásticos”, disse o administrador José ManuelFernandes, na conferência “Portugal Global” de 2011.

Frezite, a industrial que não tevemedo de passar a fronteira

Espalhada por mais de 100 países, a Portucel é um dosmais internacionalizados grupos industriais portugueses.Mas na segunda edição da conferência “Portugal Global”o administrador Manuel Regalado preferiu sublinhar oambiente adverso vivido no mercado doméstico. “É commágoa que vemos que um país que precisa de investirmantém atitudes típicas de fidalgo rico e arruinado”,criticou, lamentando a falta de reflorestação no País.

Portucel: bem presente lá fora,mas preocupada cá dentro

Em Abril de 2012, na terceira edição da conferência“Portugal Global”, a empresária e “designer” Paula Sousacontou a história da Munna, a empresa que criou em2008 “com o objectivo da internacionalização”. Portugalabsorve apenas 5% da produção de mobiliário. A apostada empresa nortenha vê o “design” como “ferramenta degestão. Paula Sousa justificou o sucesso obtido pelaMunna com a “persistência da equipa”.

Munna exporta mobiliáriode “design” para a Europa

Há um ano várias empresas assumiram preferir financiar-sefora de Portugal, tendo acesso a custos mais baixos

O papel da Caixa Geral de Depósi-tos (CGD) como instrumento doEstado para financiar a expansãodas empresas portuguesas vem, ci-clicamente,sendodiscutido.Masseos gestores daCGD vão reafirman-do adisponibilidade do banco paraemprestar dinheiro às empresas, averdadeéquemuitasvezesobancoestatal acabapor ser preterido, emfavorde financiamentos locais nosmercados externos.

Há um ano, quando decorreu aterceiraconferência“Portugal Glo-bal”, estava bem presente nos me-diao“slogan”daCGD:“HámaisnaCaixadoquevocêimagina”.Agora,obancopúblicovoltouàesferame-diática com outra assinatura. “Háumbanco que estáaajudaro País adar a volta”. Mas há também, dopontodevistadosempresários,umponto que não tem voltaadar: se ofinanciamento fora de Portugal émais barato, porque hão-de finan-ciar-se cáas empresas?

Na conferência do ano passadoforamváriasasvozesdosectorpri-vadoquenãoesconderamasuapre-ferência pelo capital barato do es-trangeiro. O grupo A. Silva Matos,porexemplo,estavaem2012apre-pararuminvestimentode“unsmi-lhões”deeurosnoMagrebe,finan-ciadoem50%porcapitaisprópriose no restante por capitais de umbanco local. “Seria um erro crassoinvestirdinheiroeuropeunumpaísafricano,aindaporcimaastaxassão

melhores lá”, declaravaAdelino daSilvaMatos,presidentedogrupoin-dustrialportuguês.“Quantomenosdinheiro for de Portugal e das nos-sasempresas,melhor”,acrescenta-vao mesmo responsável.

“Não há restrição”, diz a Caixa Mas aCGD assegurava, háumano,que não restringia a concessão decrédito à internacionalização dasempresas portuguesas. O directorcentraldogabinetedecomércioex-terno da CGD, Luís Rego, indicou,

naconferência“PortugalGlobal”de2012, que entre duas propostas aCGD“privilegiaumprojectodeex-portação”. “Do ponto de vistadali-quideznãohárestriçãoparaasem-presas exportadoras e para as quese queiram internacionalizar”,apontouo mesmo responsável.

No primeiro trimestre de 2013,revelao relatório e contas daCGD,obancoestataldetinha,com30%,asegunda maior quota de mercadonavertentedecréditoàexportaçãodas linhas PME Crescimento.

Porém,paraempresasdemaiorporte, com capacidade para se fi-nanciar lá fora, o custo da “portu-galidade”-leia-se:taxasdejuroquereflectemoriscodaeconomiapor-tuguesa - pode ser evitado. “Dapouca dívida que temos, já poucareside em Portugal”, disse nacon-ferênciado ano passado VictorRi-beiro, administrador da Amorim& Irmãos, que estaterça-feiravol-taráaintegraropaineldeoradoresda conferência “Portugal Global”.Há um ano, assegurava o gestor, aAmorim & Irmãos conseguia cré-dito “mais barato” junto da bancaestrangeira, o que constitui “umfactor de competitividade”.

Será contra esta areia na engre-nagemqueaCGDterádelutarparaconseguir alavancar, com mais li-quidezefluidez,ainternacionaliza-çãodasempresasportuguesas.Umassunto que deverávoltarao deba-te no encontro em Guimarães. MP

sistênciafinanceiraaPortugal,as-sinado ainda antes das eleiçõesque ditaram a chegada da coliga-çãoPSD/CDSaoGoverno.Jácomo novo Executivo, o debate sobreaTSUintensificou-se,vindoapú-blico o objectivo de descer acon-tribuiçãodasempresasparaase-gurança social de 23,75% para18%. Essa medida seria imple-mentada em simultâneo com asubidadacontribuiçãodostraba-lhadores de 11% para18%.

Contudo,amedidanãochegouaterapoio suficiente dos empre-

sários. A posição avançada peloCEOdaSonae,PauloAzevedo,erade que essa solução seria “muitomá”paraasempresasnãoexpor-tadoras, já que provocaria umacontracção do consumo interno,por via da queda do rendimentodisponíveldas famílias.

Amedidatambémnãochegoua ser consensual dentro do pró-prio Governo, acabando por nãoavançar.Masaindaem2012omi-nistro da Economia admitia umpossível corte da TSU para em-presas que contratemjovens. MP

Seria um errocrasso investirdinheiro europeunum país africano,ainda por cimaas taxassão melhores lá.ADELINO DA SILVA MATOSPresidente da A. Silva Matos

Miguel Baltazar

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Conferência “Portugal Global”

G OVERN O

Ás 15 promessas deÁlvaro Santos Pereiraavançaram?Em 2011 o ministro da Economia levou à iniciativa PortugalGlobal um leque de medidas para pôr o País a crescer

A segunda edição da conferência“PortugalGlobal”,emSetembrode2011, ficou marcada por um lequeextenso de promessas do ministrodaEconomia,ÁlvaroSantosPerei-ra, que então apresentouumpaco-te de medidas a tomar no segundosemestredesseano.Emboraopra-zonãotenhasidocumprido,amaio-riadasideiasmanifestadaspelogo-vernante para pôr a economia acresceracabouporse cumprir.

Entre as 15 propostas de ÁlvaroSantos Pereiraque o Negócios des-tacoudaconferênciade 2011 cons-tavamprojectoscomoa reestrutu-ração das empresas públicas, demodoaatingirresultadosoperacio-nais positivos. Com efeito, logo noprimeiro semestre de 2012 as em-presas públicas de transportes al-cançariam um resultado operacio-nal positivo em 1,9 milhões de eu-ros, antecipando a meta previstaparao finaldesse ano.

Outro projecto do ministro daEconomiaeraareprogramação doQREN - Quadro de Referência Es-tratégico Nacional, simplificando-oeutilizando-opara“potencializaracompetitividade”.EmNovembrode 2012 Álvaro Santos PereiraanunciariaaautorizaçãodaComis-sãoEuropeiaparaessareprograma-ção do QREN.

Dalistade promessas do minis-tro da Economia faziam parte ain-da a alteração das regras de capitalderiscodoEstado,aactualizaçãodocódigo das insolvências e a criação

de uma nova lei da concorrência,medidasqueentretantojáforamto-madasepublicadas.Eomesmosu-cedeucomoprogramadeempreen-dedorismo e inovação igualmenteprometidoporÁlvaroSantosPerei-raem Setembro de 2011. Amoder-nização da legislação laboral e aaposta nas linhas ferroviárias demercadorias foram outras ideiasqueoministrodaEconomiaanun-ciounaconferência“Portugal Glo-bal” de 2011 e que, com maior oumenorceleridade,estãoaserimple-mentadas.

Contudo,dalistademissõesqueÁlvaro Santos Pereira então reve-lou, algumas aindanão foram con-cretizadas.Éocasodaapostanoen-sino profissional. “É essencial me-lhorar a formação profissional dosnossos trabalhadores e apostar noensinoprofissional”,declaravaSan-tos Pereira em Setembro de 2011,prometendo lançar programas es-pecíficos nesta área. Embora essanãotenhadeixadodeserumametado Governo, a legislação que traráuma “revolução” ao ensino profis-sionalestáaindaasertrabalhada.

Para trás fica ainda a promessado ministro da Economia de apos-tar numa nova marca para o País.“MaisPortugalvaitrabalharnãosóao nível dos cidadãos mas tambémao nível das empresas”, assegurouSantos Pereira em 2011. Mas atéhoje essa nova marca prometidapeloministrodaEconomianãosaiudagaveta. MP

A Idealbuy, criada em meados de 2011, foi outro dosdestaques na terceira edição da iniciativa “PortugalGlobal”. A empresa tem como missão “proporcionareficácia no processo de compras” dos seus clientes,sobretudo pequenas e médias empresas (PME). A essaárea de negócio juntou a da promoção de produtosnacionais pelos canais de distribuição entretanto criados.Escandinávia e África são alguns dos mercados operados.

Idealbuy ajuda PMEnos processos de compras

A AmbiPombal, empresa de gestão de resíduosindustriais, foi um dos casos de sucesso apresentados naterceira edição da conferência “Portugal Global”, em Abrildo ano passado. O administrador Adelino Mendes revelouentão o passo dado na internacionalização, com a comprade 80% de uma empresa em Marrocos, só com capitaispróprios. O processo de expansão, contudo, não deverálimitar-se a este mercado norte-africano.

AmbiPombal valorizaresíduos em Marrocos

Nas edições realizadas em 2010, 2011e 2012, a iniciativa “Portugal Global”amplificou vários sucessos nacionais.Recorde alguns desses casos.

As empresas quedeixaram a sua marcana conferência

Álvaro Santos Pereira | Ministro da Economia avançou com várias das medidas

O economista Jorge Bragade Macedo apelou nasegunda edição da

conferência “Portugal Global”, em2011, ao envolvimento directo doGoverno na internacionalizaçãodas empresas portuguesas. “Opapel do primeiro-ministro édecisivo e o Governo tem de estartodo envolvido”, alertou o antigoministro das Finanças de CavacoSilva. “Se isto for capitaneado porum único ministério, pelaEconomia ou pelos NegóciosEstrangeiros, por exemplo, o quese passa com a Educação, que tema formação, ou com a Justiça, quedomina os chamados custos decontexto? É que tradicionalmentequalquer intromissão naadministração pública era vistacomo uma ofensa. Se for oprimeiro-ministro já não é”,apontou Jorge Braga de Macedo.Esta terça-feira, em Guimarães, oeconomista terá oportunidade deavaliar se a sua recomendaçãoestá a ser seguida.

Braga de Macedodefende primeiro-ministro actuante

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.Jornal de Negócios | Segunda-Feira, 1 de Julho de 2013 | Suplemento | VII

Competitividade é possível,mesmo com austeridade,defende presidente da Aicep

A Inovretail foi uma das empresas mais jovens que seapresentaram à plateia da edição de 2012 da conferência“Portugal Global”. O objectivo desta “start-up” é“melhorar o ambiente de loja e criar experiências decompra mais atractivas para o consumidor”, segundoentão apontou o CEO da Inovretail, Marco Soares. Criadajá com a internacionalização no horizonte, a Inovretailrecebeu desde logo propostas do mercado brasileiro.

Inovretail arranca para melhoraro ambiente de retalho

Com uma facturação anual de dois milhões de euros, aArqui300 foi outra das empresas portuguesas emdestaque na terceira edição da iniciativa “PortugalGlobal”. A empresa dedica-se à produção de filmes eimagem 3D para os mercados imobiliário, turístico,institucional e publicitário, tendo clientes em 25 países daEuropa, África, América e Médio Oriente. O maior impulsolá fora veio em 2004, com a entrada no Bahrein.

Arqui300 faz filmese animações pelo mundo fora

A Necton é uma empresa algarvia de biotecnologiamarinha, que produz e comercializa sal marinho para 35países e microalgas para grandes multinacionais decosmética. Segundo o presidente, Vítor Verdelho Vieira, àexcepção de “uns quilos de algas” vendidos ao Oceanário,“99,9% vai para fora” do País, sobretudo França eEspanha. A empresa, que cresce 10% a 15% ao ano,esteve na conferência “Portugal Global” de 2012.

Necton quase só vendeno mercado internacional

Pedro Reis tem feito alertas sobre o que falta ao País, masa ênfase vai para o aproveitamento dos mercados externos

O presidente da AICEP - Agênciapara o Investimento e ComércioExterno de Portugal, Pedro Reis,“vestiu a camisola” e desde que as-sumiualiderançadesteorganismodeixou toda e qualquer marca depessimismo “fora de campo”. Háum ano, na terceira edição da con-ferência“PortugalGlobal”,afirma-va não só que “Portugal enfrenta ahoradaverdade de todaumagera-ção”, mas também que “austerida-denãoéincompatívelcomcompe-titividade”.

Na conferência de há um ano,Pedro Reis não passou ao lado dossacrifícios. “Durante o período deajustamentoeconómicoefinancei-ro, em que estamos a construir asbasesdeumnovomodeloeconómi-co mais produtivo e competitivopara o País, é previsível que sejampedidos sacrifícios dolorosos a to-dos como nação”, declarouo presi-dente da AICEP. Mas Pedro Reisacreditano rumo que estáaser se-guido,porque“semasreformasemcurso estaríamos a hipotecar o fu-turodePortugaleacondenaropre-sente das nossas empresas”.

“O caminho para sairmos destacrisepassapelainternacionalizaçãoepelaaberturadanossaeconomia”,realçouPedro Reis.

Emborao tom do presidente daAICEP sejamais o daconfiançadoqueodopessimismo,omesmores-ponsável não tem deixado de fazeralguns alertas ànavegação.

Jáesteano,numaconferênciana

UniversidadedoMinho,PedroReissublinhavaoquepodesermelhora-dodentrodeportasparaqueasem-presasnacionaispossamrevelar-secompetitivasnoexterior.“Aindahámuito a fazer, seja a nível do orde-namento do território, do ambien-tal,dalogísticaedasacessibilidades,dos custos de energiaou das direc-tivas europeias que têm que sertranspostas para Portugal. Tudoisto está a afectar e muito, infeliz-

mente, o trabalho das empresas”,reconhecia Pedro Reis. Mas no fi-naldecontasachaveparaolíderdaAICEP resume-se a uma mensa-gem curtae directa: “Ainternacio-nalização e a aposta na qualidadesãoosúnicosfactoresqueresistemaqualquercrise”.

E que marca tem o País? Hoje Portugal deixa nos mercadosfinanceiros internacionais umamarca menos negativa do que a deoutrospaísessobassistênciafinan-ceiradatroika.Masdopontodevis-taeconómico,qualéamarcadePor-tugalláfora?Otemaesteveemcimadamesalogonaprimeiraediçãodaconferência“Portugal Global”, em2010.Masodebatesobreseháalgoque distinga claramente os produ-tosportuguesesdosdemaisnãotemgerado conclusões consensuais.

Em Dezembro de 2010, PedroBidarra, então vice-presidente daBBDO, criticava a irregularidadedascampanhasparapromoverPor-tugalláfora.Em2007Pedro Bidar-ra e os seus colaboradores haviamcriadoacampanha“Europe’sWestCoast”.Sóoex-ministroManuelPi-nho, afirmou Pedro Bidarra, “per-cebeu que tínhamos de fazer algu-macoisa”.“Setenhoinconsistênciana mensagem, se cada um que faladePortugaldizcoisasdiferentes,senão houver uma ideia agregadora,ninguémouve”,lamentouem2010.Em dois anos e meio terá isso mu-dado? MP

O caminhopara sairmos destacrise passa pelainternacionalização e pela aberturada nossaeconomia.PEDRO REISPresidente da Aicep

anunciadas em 2011.

Miguel Baltazar

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