APLICAÇÃO DE JOGOS ADAPTADOS PARA O … · leitura e escrita de alunos com deficiÊncia fÍsica...

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pedagogia Maria Aparecida Donizeti Marques APLICAÇÃO DE JOGOS ADAPTADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA: alunos com deficiência física LINS SP 2013

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pedagogia

Maria Aparecida Donizeti Marques

APLICAÇÃO DE JOGOS ADAPTADOS PARA O

DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA:

alunos com deficiência física

LINS – SP

2013

MARIA APARECIDA DONIZETI MARQUES

APLICAÇÃO DE JOGOS ADAPTADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA

LEITURA E ESCRITA: de alunos com deficiência física

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Pedagogia, sob a orientação da Profª Drª Fabiana Sayuri Sameshima e orientação técnica da Prof.ª Esp. Érica Cristiane dos Santos Campaner.

LINS - SP 2013

Marques, Maria Aparecida Donizeti

M319a Aplicação de Jogos Adaptados para o Desenvolvimento de Leitura

e Escrita: alunos com deficiência física / Maria Aparecida Donizeti

Marques,- - Lins 2013.

52p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Pedagogia, 2013.

Orientadores: Dra. Fabiana Sayuri Sameshima: Érica Cristiane dos Santos Campaner

1. Jogos Adaptados. 2. Leitura e Escrita. 3. Deficiência Física.

CDU 37

MARIA APARECIDA DONIZETI MARQUES

APLICAÇÃO DE JOGOS ADAPTADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA

LEITURA E ESCRITA DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para

obtenção do título de Licenciada em Pedagogia.

Aprovada em: _____/______/_____

Banca Examinadora:

Profª Orientadora: Dra. Fabiana Sayuri Sameshima___________________________

Titulação: Doutora em Educação pela Faculdade de Filosofia e Ciências- UNESP -

Marilia- SP___________________________________________________________

Assinatura: _________________________________

1º Professor (a): ______________________________________________________

Titulação: ___________________________________________________________

___________________________________________________________________

Assinatura: _________________________________

2º Professor (a): ______________________________________________________

Titulação: ___________________________________________________________

___________________________________________________________________

Assinatura: _________________________________

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, primeiramente a Deus pela força maravilhosa que nos

concede a cada amanhecer. Pela esperança de que tudo é possível ao crer; e nas

horas mais difíceis de nossas vidas tínhamos a certeza viva que Ele é o nosso

pastor, e nada nos faltará. Certeza essa que mora em nossos corações e que me

encorajou para a finalização dessa etapa.

A todos os meus familiares, meu esposo Jair Marques, meus filhos Aretha

Marques, Jair Marques Filho, e Diego Miller Marques, minha mãe Maria Ap. Lima

dos Santos, minhas irmãs, Arlete, Rosilda e as minhas Sobrinhas Evelyn Cristina e

Emelyn Fernanda, minhas noras, especialmente meu neto Marco Antônio Marques

hoje com seis anos a quem deixei de dar a devida atenção durante esses três anos,

amo a todos. Muito obrigado por tudo, Deus os abençoe!

Família, gratidão eterna!

AGRADECIMENTOS

À professora Fabiana Sayuri Sameshima, minha orientadora, que

compartilhou comigo sua sabedoria e dedicação incansável até em altas

madrugadas, para que esse trabalho fosse realizado.

À todos os meus professores e coordenadores cada um com seu valor em

especial.

Aos meus colegas da 1ª turma PARFOR de 2010 a 2013, que com garra,

esforço, e muitas pedras no caminho vencemos toda elas.

A minha amiga de sala Silvia Partos Faustino que deu a maior força,

dedicação em todos os momentos de tristezas quando eu chegava ao meu limite

pensando em desistir de tudo, ali estava ela me apoiando e dizendo você não vai

desistir nunca, nós vamos chegar até o fim.

Agradeço também a Elvira por dar sempre aquela força, pois os nossos

trabalhos de conclusão com temas iguais, porém procedimentos diferentes. Quando

chegava desanimada com vontade de jogar tudo para o alto e trancar a matrícula ela

e a Silvia sempre me dizendo você não vai parar agora já estamos no final e nós

vamos conseguir. Se DEUS quiser!

Agradeço especialmente a minha sobrinha Evelyn Cristina que me ajudou

muito e ficou nervosa comigo durante as digitações, dizendo calma tia vai devagar

que vai dar tudo certo e sempre dando a maior força.

RESUMO

Toda criança tem direito a ser alfabetizada independente de sua deficiência (intelectual, física, visual, auditiva, múltipla) e frequentar uma escola de ensino regular, e jogos adaptados é um recurso a mais para esse aprendizado. O objetivo deste trabalho consistiu em verificar a aplicação de jogos adaptados e recursos pedagógicos, para o desenvolvimento de leitura e escrita de um aluno com deficiência física com diagnóstico de paralisia cerebral, inserido no ensino fundamental. Para utilizar os recursos ajustados para as diferentes situações e dificuldades do aluno, foi necessário elaborar procedimentos metodológicos para a identificação das necessidades e habilidades físicas, cognitivas, sensoriais, perceptivas, e de linguagem oral e escrita do aluno com deficiência. Participaram deste trabalho um aluno gênero masculino com 13 anos de idade e sua professora da sala de recurso, de 59 anos de idade atuante na educação especial. A coleta de dados ocorreu em um Núcleo de Apoio Integrado de Atendimento Educacional Especializado em uma cidade do interior de São Paulo. O período de coleta de dados foi de outubro de 2012 a março de 2013. Para a coleta de dados foram utilizados dois instrumentos de pesquisa, sendo o caderno de registro que foi utilizado durante o processo de intervenção, em que foram anotadas as informações relevantes, de forma a facilitar a análise dos dados coletados. O segundo instrumento foram as filmagens durante a aplicação e realização dos jogos pedagógicos adaptados. As filmagens foram transcritas na íntegra e selecionadas as unidades significativas para a análise do estudo. Após análise das informações obtidas por meio do registro contínuo, das observações e da transcrição das filmagens, foi possível estabelecer categorias de análise, sendo: recursos utilizados durante as atividades escolares, estratégias utilizadas pela professora, desempenho do aluno nas atividades, descrição do aspecto motor e interação do aluno com a professora. Os resultados apontaram que os recursos adaptados devem atender as características individuais de cada aluno, e que os professores poderão seguir esta proposta, mas adequando os recursos as suas estratégias.

Palavras-chave: Jogos adaptados. Deficiência física. Leitura e Escrita

ABSTRACT

Every child has the right to be literate regardless of their disability (intellectual, physical, visual, auditory, multiple) and attend a regular school, and adapted games is another resource for this learning. The objective of this work is to verify the application of adapted games and teaching resources for developing reading and writing skills of a student with disabilities with cerebral palsy, inserted in elementary school. To use the resources adjusted for different situations and difficulties of the student, it was necessary to develop methodological procedures for the identification of skills needs and physical, cognitive, sensory, perceptual, and oral and written language of students with disabilities. This study analyzes a student male with 13 years old and his teacher's resource room, 59-year-old active in special education. Data collection occurred in a Core Integrated Support Service Educational Specialist in a town in the interior of São Paulo. The data collection period was from October 2012 to March 2013. For data collection we used two survey instruments, and the Notebook registry that was used during the intervention process, in which were recorded the relevant information in order to facilitate data analysis. The second instrument were filming during the application and realization of educational games adapted. The recordings were transcribed and selected units meaningful to the analysis of the study. After analyzing the information obtained through the continuous recording of the observations and the transcript of the footage, it was possible to establish analytical categories, being: the resources used during school activities, the strategies used by the teacher, the student's performance in activities, description of the motor aspect, student interaction with the teacher. That resources are tailored to meet the individual characteristics of each student, and those teachers can follow this proposal, but adapting their resources strategies. Keywords: Games adapted. Physical disabilities. Reading and writing

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Comandos combinados....................................................................... 17

Figura 2: Comunicação alternativa para reconhecimento de letras..................... 18

Figura 3: Modelo de agenda de atividades diárias............................................... 19

Figura 4: Modelo de agenda de comunicação alternativa para rotina ................ 19

Figura 5: Livro de atividades de consciência fonológica ..................................... 34

Figura 6: Primeira página do livro bola............................................................... 34

Figura 7: Segunda página do livro ...................................................................... 35

Figura 8: Terceira página do livro ........................................................................ 35

Figura 9: Quarta página do livro .......................................................................... 36

Figura 10: Jogo do alfabeto................................................................................. 37

Figura 11: Jogo do alfabeto – categoria escolhida (programa de tv)................ 38

Figura 12: Jogo do alfabeto – categoria escolhida diversificadas....................... 38

Figura 13: Jogo do alfabeto com letras sorteadas .............................................. 38

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Etapas de coleta de dados..................................................................... 40

Quadro 2: Etapas da coleta de dados .................................................................... 40

Quadro 3: Quadro de categorias ............................................................................. 41

Quadro 3: Quadro de categorias ............................................................................. 42

Quadro 4: Legenda da transcrição da entrevista ................................................... 44

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEE – Atendimento Educacional Especializado

EMEF – Escola Municipal de Educação Fundamental

ECNP – Encefalopatia Crônica Não Progressiva

MEC – Ministério da Educação e Cultura

PC – Paralisia Cerebral

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10

CAPÍTULO I - DEFICIÊNCIA FÍSICA: DEFINIÇÃO E TIPOLOGIA ......................... 13

1 DEFINIÇÃO ..................................................................................................... 13

1.1 Encefalopatia Crônica Não Progressiva e Tecnologia Assistiva ............. 15

CAPÍTULO II - JOGOS ADAPTADOS PARA A ALFABETIZAÇÃO DE ALUNO

COM DEFICIENCIA FÍSICA ..................................................................................... 21

2 ALFABETIZAÇÃO .......................................................................................... 21

2.1 O jogo e sua importância ............................................................................. 22

2.2 Adaptação de jogos para o processo de alfabetização ............................ 23

2.3 A criança e a aprendizagem com jogos ..................................................... 26

2.4 O professor como mediador ....................................................................... 28

CAPÍTULO III - A PESQUISA ................................................................................... 30

3 ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES ................................................................... 30

3.1 Procedimentos Iniciais .............................................................................. 30

3.2 Descrição do participante .......................................................................... 31

3.3 Local de observação e pesquisa .............................................................. 32

3.4 Período de realização da pesquisa ........................................................... 32

3.5 Materiais utilizados na pesquisa ............................................................... 32

3.6 Instrumentos de pesquisa ......................................................................... 33

3.7 Procedimento de coleta de dados ............................................................ 39

3.8 Formas de análise ...................................................................................... 41

CAPÍTULO IV - RESULTADOS ................................................................................ 44

4 ACOMPANHAMENTOS E RESULTADOS.....................................................44

PROPOSTA DE INTERVENÇÂO..............................................................................50

CONCLUSÃO............................................................................................................51

REFERÊNCIAS.........................................................................................................53

APÊNDICES..............................................................................................................59

10

INTRODUÇÃO

A alfabetização tem sido alvo de muitas discussões no mundo atual,

apesar do reconhecimento desse direito cidadão e das medidas que vêm

sendo tomadas para garanti-lo, ainda existem elevados índices de evasão

escolar, dificultando-lhes o seu processo de a aprendizagem. Acredita-se que a

alfabetização possa ser construída por meio de atividades que permitam aos

alunos comparar e reformular suas hipóteses desenvolver habilidades e

interação social.

Ao utilizar os jogos no processo de alfabetização das crianças é possível

alcançar inúmeras ações que possibilitam uma aprendizagem eficaz, como

denota a pesquisa apontada por Queiroz (2003), o jogo pode ser extremamente

interessante como instrumento pedagógico, pois incentiva a interação e

desperta o interesse pelo tema estudado, além de fomentar o prazer e a

curiosidade. A utilização de jogos e textos variados podem se tornar excelentes

recursos para facilitar a participação, integração e comunicação dos alunos que

terão meios para compreender e expressar-te bem.

Ao constatar a utilização do lúdico, verifica-se que o jogo não esteve

presente somente como mais uma atividade pedagógica a ser incluída no

planejamento escolar, mas como uma ação que mobilizou os profissionais,

principalmente pelos resultados positivos alcançados e também por saberem

que o lúdico é um recurso de extrema importância para o desenvolvimento da

criança.

As limitações físicas, cognitivas, linguísticas e perceptivas do indivíduo

com deficiência tendem a se tornarem uma barreira para o aprendizado da

leitura e escrita. Desenvolver e disponibilizar recursos de acessibilidade, a

chamada Tecnologia Assistiva, seria uma maneira concreta de neutralizar as

barreiras causadas pela deficiência e possibilitar a inserção desse indivíduo

nos ambientes ricos para a aprendizagem, proporcionados por sua cultura.

(BRASIL, 1999)

Aluno que está em sala regular deve ser visto como „igual‟, portanto, na

medida em que suas „diferenças‟, cada vez mais, são situadas e se

assemelham com as diferenças intrínsecas existentes entre todos os seres

11

humanos. Esse indivíduo poderá, então, dar passos maiores em direção a

eliminação das discriminações, como consequência do respeito conquistado

com a convivência, aumentando sua autoestima, porque passa a poder

explicitar melhor seu potencial e seus pensamentos (Galvão Filho; Damasceno,

2001). No capítulo l, será abordada a deficiência física, sua definição e

tipologia.

Os recursos tecnológicos são uma ferramenta utilizada por diferentes

profissionais e possibilita, o uso de equipamentos, dispositivos, materiais,

objetos, produtos, a modificação do ambiente e mudanças nos procedimentos

de execução das tarefas de umas atividades, ampliando a participação do

aluno nas tarefas propostas em sala de aula. Desse modo, a adaptação de

recursos ou atividades pedagógicas facilitaria o desenvolvimento da leitura e

escrita de alunos com deficiência física, inseridos no ensino regular serão

abordados no capítulo II.

O processo de alfabetização da criança no campo escolar ainda merece

algumas reflexões. A alfabetização tem sido alvo de muitas discussões no

mundo atual, principalmente quando se fala em inclusão. Apesar do

reconhecimento desse direito, garantido por lei, de permanência dessas

crianças, em sala de aula regular, há um grande número de evasão escolar,

talvez por falta de recursos apropriados para estas crianças com déficit de

aprendizagem, falta de professores qualificados, além da necessidade de

orientação e apoio aos pais dos menores.

No capítulo III, será realizada a análise das observações e resultados,

bem como a apresentação do recurso adaptado, dentro deste contexto, um

olhar especial é salientado para a adaptação de recursos e atividades

pedagógicos adequados às necessidades motoras, cognitivas, perceptivas,

sensoriais e linguísticas de alunos com deficiência, incluídos nas escolas

regulares de ensino. Estudos na área pontuaram que as inserções desses

recursos facilitam o processo de ensino e aprendizagem, além de ser um

instrumento que propicia o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita,

além de possibilitar o uso de diferentes estratégias de ensino para o professor.

(ARAÚJO; MANZINI, 2001; ROCHA, 2010)

E no lV capítulo será abordada a pesquisa de campo, com os resultados

12

obtidos através das atividades aplicadas.

Ao constatar a utilização do lúdico, verifica-se que o jogo não esteve

presente somente como mais uma atividade pedagógica a ser incluída no

planejamento escolar, mas como uma ação que mobilizou os profissionais,

principalmente pelos resultados positivos alcançados e também por saberem

que o lúdico é um recurso de extrema importância para o desenvolvimento da

criança.

Finalizando com a proposta de intervenção e conclusão.

13

CAPÍTULO I

DEFICIÊNCIA FÍSICA: DEFINIÇÃO E TIPOLOGIA

1 DEFINIÇÃO

É possível definir a deficiência física como "diferentes condições motoras

que acometem as pessoas comprometendo a mobilidade, a coordenação

motora geral e da fala, em consequência de lesões neurológicas,

neuromusculares, ortopédicas, ou más formações congênitas ou adquiridas."

(BRASIL, 2004)

Em 2001, o decreto nº 3.956 define deficiência como: "uma restrição

física, intelectual ou sensorial de natureza permanente ou transitória, que limita

a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária,

causada ou agravada pelo ambiente econômico e social.” (BRASIL, 1999)

O Decreto n° 5.296, de 2 de dezembro de 2004, definiu deficiência física

como: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo

humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se

sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia,

tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação

ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade

congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não

produzam dificuldades para o desempenho de funções. (BRASIL, 1999)

De acordo com o Decreto n.º 3.298, de 20 de dezembro de 1999, (Brasil,

1999) a deficiência física pode ser dividida em:

a) temporária: quando tratada, permite que o indivíduo volte às suas

condições Anteriores;

b) recuperável: quando permite melhora diante do tratamento, ou

suplência por outras áreas não atingidas;

c) definitiva: quando apesar do tratamento, o indivíduo não

apresenta possibilidade de cura, substituição ou suplência;

d) compensável: é a que permite melhora por substituição de

14

órgãos. Por exemplo, a amputação compensável pelo uso de uma

prótese.

Dentre os tipos de deficiência física, a Encefalopatia Crônica Não

Progressiva (ECNP), mais usualmente conhecida por paralisia cerebral (PC) é

uma lesão de uma ou mais partes do cérebro, provocado muitas vezes pela

falta de oxigenação das células cerebrais.

Segundo Rocha (2010),é possível identificar a deficiência física como o

comprometimento do aparelho locomotor que compreende o sistema

Osteoarticulador, o sistema muscular e o sistema nervoso.

As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas,

isoladamente ou em conjunto podem produzir grandes limitações físicas de

grau e gravidade variáveis segundo os segmentos corporais afetados e o tipo

de lesão ocorrida. (BRASIL, 2006)

Souza (2005) definiu a paralisia cerebral como:

Um grupo de desordens do movimento e da postura, causando limitação da atividade, que são devidas a alterações não progressivas que ocorrem no cérebro fetal ou infantil. As desordens motoras de paralisia cerebral frequentemente estão acompanhadas por alterações sensoriais, na cognição comunicação, percepção, comportamento e/ou crises convulsivas (SOUZA, 2005, p.51)

Acontece durante a gestação, no momento do parto ou após o

nascimento, ainda no processo de amadurecimento do cérebro da criança. É

importante saber que a pessoa que possui inteligência normal (a não ser que a

lesão tenha afetado áreas do cérebro responsáveis pelo pensamento e pela

memória).

Se a visão ou a audição forem prejudicadas, a pessoa poderá ter

dificuldades para entender as informações como são transmitidas; se os

músculos da fala forem atingidos, haverá dificuldade para comunicar seus

pensamentos ou necessidades. Quando tais fatos são observados, o indivíduo

com paralisia cerebral pode ser erroneamente classificado como deficiente

mental ou não inteligente.

Por outro lado a participação de crianças com alterações significativas

no processo de desenvolvimento e aprendizagem é essencial para valorizar o

15

brincar como forma particular de expressão, pensamento, interação e

comunicação infantil, é a socialização das crianças por meio de sua

participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem

discriminação de espécie alguma. (BRASIL, 2003)

1.1 Encefalopatia Crônica Não Progressiva e Tecnologia Assistiva

A paralisia cerebral em sua essência não é considerada uma doença,

mas sim uma lesão cerebral que ocorre antes, durante ou dentro dos primeiros

dias após nascimento, segundo Guersh (apud GERALIS, 2007, p.15):

Paralisia cerebral é uma expressão abrangente para diversos distúrbios que afetam a capacidade infantil para se mover e manter a postura e o equilíbrio. Esses distúrbios são causados por uma lesão cerebral [.]. Essa lesão não prejudica os músculos nem os nervos que os conectam a medula espinhal – apenas a capacidade do cérebro de controlar esses músculos. Dependendo de sua localização e gravidade, a lesão cerebral que causa os distúrbios de movimento de uma criança também pode causar outros problemas que incluem deficiência mental, convulsões, distúrbios de linguagem, transtornos de aprendizagem e problemas de visão e de audição.

A maioria das crianças que apresentam um quadro de paralisia cerebral,

não é capaz de manipular ou segurar objetos para utilização em suas tarefas

corriqueiras. Assim existe uma necessidade de adaptar recursos para a vida

das pessoas, desde recursos para atividade de vida diária como comer, se

lavar, se vestir, andar, até mesmo para atividades acadêmicas, como ler,

escrever e brincar. Essas diferentes formas de adaptação são denominadas de

Tecnologia assistiva.

Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (CAT, 2007,p.1)

A adaptação para mediar o processo de aprendizagem, é de

fundamental importância para que ocorram interações e interlocuções em

situações de desenvolvimento do saber formal, pois na maioria dos casos, os

16

alunos com PC apresentam dificuldade na linguagem oral e escrita.

A inclusão caminha para a busca de discernimento em compreender

como esse aluno pensa, para que se consiga elaborar significados para sua

constituição do saber, oportunizando a escolaridade formal por meio da

acessibilidade, com a eliminação de barreiras arquitetônicas e sociais,

conseguindo assim a participação efetiva dessas crianças no convívio escolar.

Em relação ao acesso e permanência de alunos com deficiência física

às escolas, o usa da comunicação suplementar e alternativa e as adaptações

de acesso ao computador são citadas por Manzini (2006, p.123):

É imprescindível a adoção de recursos de comunicação alternativo-aumentativa, para alunos com paralisia cerebral e que apresentam dificuldades funcionais de fala e escrita. A comunicação alternativo-aumentativa contempla os recursos e estratégias que complementam ou trazem alternativas para a fala de difícil compreensão ou inexistente (pranchas de comunicação e vocalizadores portáteis)

A comunicação suplementar e alternativa é uma área que tem por

objetivo substituir e/ou desenvolver habilidades de comunicação de maneira

permanente ou temporária. Engloba, por extensão, todas as técnicas, métodos

e procedimentos cuja finalidade é permitir o acesso comunicativo alternativo

para pessoas que não possam realizá-las da forma natural, devido a algum

impedimento físico, mental ou neurológico.(THIERS, 1995; ALMIRALL, 2001;

VON TETZCNHER, 2000; MANZINI, 2001; DRAGER et al., 2003) apud

ROCHA (2010).

A comunicação alternativa inclui o uso de gestos manuais, expressões

faciais e corporais, símbolos gráficos, como fotografias, desenhos, figuras e

alfabeto, assim como computadores, vocalizadores de voz digitalizada ou

sintetizada, como meios de efetuar a comunicação face a face de indivíduos

incapazes de usar a linguagem oral (GLENNEN, 1997; NUNES, 2003)apud

Rocha(2008). Esses sistemas podem ser utilizados de forma isolada, ou então

combinados, como demonstra a figura 1.

17

Figura 1- Comandos combinados

Fonte: usinadainclusão.com.br, 2012

A literatura a respeito da Comunicação Suplementar e Alternativa (CSA)

tem apontado para uma série de sistemas de representação que permitem a

comunicação de pessoas com deficiência sem linguagem falada. O primeiro

sistema criado foi o de símbolos Bliss (HEHNER, 1980), como comunicação

complementar para indivíduos com paralisia cerebral, sem linguagem falada e

em idade escolar. Posteriormente, outros sistemas de símbolos gráficos, como

Pictogram-Ideogram Communication-PIC (MAHARAJ, 1980), Rebus (CLARK,

1984), Picture Communication Symbols-PCS (JOHNSON, 1992) e Picture

Exchange Communication System-PECS (FROST; BONDY, 1996), foram

desenvolvidos para dar suporte comunicativo para indivíduos que não usavam

a fala como expressão da linguagem.(ROCHA, 2008)

A comunicação deve se considerada alternativa quando o aluno não

apresenta outra forma de comunicação e, que não a fala, e considerada

ampliada quando o aluno possui alguma comunicação, mas essa não é

suficiente para as suas trocas sociais.

A comunicação alternativa oportuniza ao aluno, participar das aulas

indicando ao professor o que aprendeu, externando suas dúvidas e anseios,

debatendo assuntos pertinentes de seu interesse e construindo seu

conhecimento.

Pelosi (2003), Nunes (2004) e Manzini (2006), explicam que o termo

Comunicação Alternativa não pode ser confundido como um recurso que irá

substituir a fala, mas uma comunicação de suporte, um apoio suplementar à

18

fala, como uma contribuição para o aluno ser compreendido.

Para que a comunicação alternativa seja eficaz se faz necessário a

iniciação do trabalho fazendo uma análise das condições do aluno e dos

objetivos a serem atingidos.

É importantíssimo fazer um levantamento das habilidades já existentes e

do potencial do aluno, uma vez que o recurso alternativo de comunicação dará

possibilidade ao professor para trabalhar aspectos da compreensão e

expressão da linguagem do aluno, por meio de diferentes materiais, como

figuras, desenhos, pranchas, tabletes, softwares e computadores, como ilustra

a figura 2.

Figura 2- comunicação alternativa para reconhecimento de letras

Fonte: usinadainclusão.com. br, 2012.

Para a utilização da comunicação alternativa devem ser utilizados

diversos recursos e materiais que possam dar suporte, facilitar ou viabilizar o

processo de comunicação da criança com os indivíduos do seu meio social.

Um dos materiais a serem utilizados pelo aluno, como forma de facilitar a

comunicação com os professores, colegas e familiares, são as pastas ou

agendas de comunicação alternativa, como ilustram as figuras 3 e 4.

19

Figura 3- Modelo de agenda de atividades diárias

Fonte: espacoaee, 2012.

Figura 4 – Modelo de agenda de comunicação alternativa para rotina

Fonte: Alternativa Inclusiva, 2012.

Esse é um processo onde a família e o professor tem relativa

importância para o sucesso da implantação e uso da comunicação alternativa,

que não deverá ser tão somente um instrumento a ser trabalhado em terapias

ou na sala de aula. A família deve ser coadjuvante nesse processo, uma vez

que auxiliará na utilização desses materiais em suas atividades corriqueiras,

20

tendo em vista que “a participação efetiva da família no ambiente escolar, é de

suma importância para prestar suporte à execução das atividades de

aprendizagem e de socialização aos alunos severamente comprometidos.“

(BRASIL, 2006)

É claro e notório que durante o processo de atendimento dos alunos que

necessitam da comunicação alternativa, família e escola devem caminhar

juntos e estarem em constante comunicação para efetivamente conseguirem

resultados significativos na vida da criança.

Esse é um processo onde a família e o professor tem relativa

importância para o sucesso da implantação e uso da comunicação alternativa,

que não deverá ser tão somente um instrumento a ser trabalhado em terapias

ou na sala de aula.

21

CAPÍTULO II

JOGOS ADAPTADOS PARA A ALFABETIZAÇÃO DE ALUNO COM

DEFICIENCIA FÍSICA

2 ALFABETIZAÇÃO

A alfabetização de alunos com necessidades especiais especialmente

em alunos com deficiência física e cerebral passa ser um grande desafio.

O aluno com qualquer tipo de deficiência e especialmente a deficiência

física e cerebral precisa se sentir acolhido, percebendo que a sua educação

formal não é um obstáculo, mas sim etapas a serem vencidas por todos os

envolvidos no processo educativo.

As leis brasileiras contemplam esse tipo de trabalho no atendimento de

crianças com limitações, especialmente a Constituição da República Federativa

do Brasil no inciso IV, do artigo 208, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional e particularmente no artigo 59, inciso I,(Brasil, 1996) e nas Diretrizes

Nacionais para Educação Especial na Educação Básica (Resolução número

2/2001), Brasil,(2001):

[...] consideram-se ajudas técnicas os elementos que permitem compensar uma ou mais limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa com deficiência, com o objetivo de permitir lhe superar as barreiras da comunicação e da mobilidade.

Os jogos adaptados auxiliam e ajudam no trabalho já que proporciona a

aluno e professores instrumentos de valor inesgotável que por sua vez está

contemplada no Parecer CNE/CEB número 17/2001:

[...] Todos os alunos, em determinado momento de sua vida escolar podem apresentar necessidades educacionais especiais, e seus professores em geral conhecem diferentes estratégias para dar respostas a elas. No entanto, existem necessidades educacionais que requerem, da escola, uma série de recursos e apoios de caráter mais especializados que proporcionem aos alunos meios para acesso ao currículo.(BRASIL,2001, p.79)

22

As crianças com deficiência física necessitam de pessoas que se

preocupam com o seu atendimento integral bem como de um espaço que

assegurem os trabalhos adequados e fundamentais para o desenvolvimento de

suas potencialidades e habilidades.

2.1 O jogo e sua importância

O processo de alfabetização da criança no campo escolar ainda merece

algumas reflexões. A alfabetização tem sido alvo de muitas discussões no

mundo atual, principalmente quando se fala em inclusão. Apesar do

reconhecimento desse direito, garantido por lei, de permanência dessas

crianças, em sala aula regular, há um grande numero de evasão escolar, talvez

por falta de recursos apropriados para estas crianças com dificuldades de

aprendizagem, necessidade de professores qualificados e falta de orientação e

apoio aos pais dos menores.

Uma possibilidade pode ser o uso de atividades lúdicas como um meio

de superação das dificuldades de aprendizagem que possam vir ao fracasso

escolar. Diante disso, percebe-se que o jogo constitui-se numa atividade

primária do ser humano. É principalmente na criança que se manifesta de

maneira espontânea, aliviando a tensão interior e permite a educação do

comportamento. Sendo assim, verifica-se que o jogo auxilia no

desenvolvimento físico, mental, emocional e social do sujeito.

Para atender esta demanda a escola deve promover mudanças de modo

que consiga possibilitar a todos sem exceção um ensino de qualidade que

respeite as diferenças e especificidades do ser humano, ou seja, na

perspectiva da inclusão não é o aluno que se adapta ao ensino e sim a escola

que deve promover meios para que este aluno acesse ao conhecimento

independente de suas necessidades físicas, mentais, psicológicas e sociais.

O autor ressalta que:

O jogo é um fenômeno antropológico que se deve considerar no estudo do se humano. É uma constante em todas as civilizações, esteve sempre unido a cultura dos povos, a sua história, ao mágico, ao sagrado, ao amor, a arte, a língua, a literatura, aos costumes, a guerra. O jogo serviu

23

de vínculo entre povos, e é um facilitador da comunicação entre os seres humanos. (MURCIA, 2005, p.9)

O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e

intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os mais

remotos tempos. Jogando, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a

socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um cidadão

capaz de enfrentar desafios. (CAMPOS, 2005, p.30)

Na parte educacional o jogo promove a aprendizagem, seja formal ou

informal dentro e fora da escola nas mais diversas formas, auxiliando assim no

processo de ensino e aprendizagem, no desenvolvimento psicomotor, no

desenvolvimento de habilidades do pensamento, o da imaginação,

interpretação, tomada de decisão, criatividade, levantamento de hipóteses, na

obtenção e organização de dados e na aplicação dos fatos e dos princípios das

novas situações que acontece quando jogamos, e quando obedecemos a

regras, e vivenciamos conflitos numa competição.

A criança precisa brincar ter prazer e alegria para crescer, precisa do

jogo como forma de equilíbrio entre ela e o mundo e através do lúdico a criança

desenvolve.

A criança desfrutara plenamente do jogo e das diversões, que deverão estar orientadas para finalidades perseguidas pela educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o cumprimento desse direito. (ONU,2013, p.1)

As atividades planejadas pela equipe escolar devem ser atrativas e

significativas para a criança que necessita se adaptar ao conhecimento.

2.2 Adaptação de jogos para o processo de alfabetização

A política de inclusão daqueles que têm necessidades educativas

especiais parece abrir um espaço maior para os alunos que estavam excluídos

do contexto escolar. A Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), diz que

toda criança tem direito a educação fundamental e deve ser dada a

oportunidade de atingir e manter o nível de aprendizagem. Alega que, aqueles

com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular,

e acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de

24

satisfazer a tais necessidades.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9394/96

(Brasil, 1996) e o Plano Nacional de Educação (Brasil, 2000), buscam

consolidar esses compromissos e apontam diretrizes à educação de alunos

com necessidades educativas especiais.

A LDB 9394/96, Artigo 59, Inciso I, preconiza e cita a questão da adaptação curricular da escola. „Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades educativas especiais, currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica para atender às suas necessidades‟.(BRASIL, 1996, p.81)

E que no momento em que o professor planejar um trabalho com jogos

adaptados, ele deve incluir todos os componentes inerentes que estiverem

sendo desenvolvidos em consonância com o perfil lúdico. Neste sentido, é

necessário selecionar os métodos de ensino que melhor se enquadra para uma

melhor atividade, buscando novos procedimentos pedagógicos, facilitando o

aprendizado.

Um dos métodos mais eficientes na motivação dos alunos são os jogos

adaptados que, quando trabalhados de forma correta com os conteúdos

ministrados, contribuem para melhoria da aprendizagem, tornando assim o

aprendizado mais dinâmico, na qual os alunos conseguem resolver problemas,

encontrando diversas soluções e desenvolvendo seu raciocínio por meio de

estímulos e desafios. (GUERRA, 1996; GARGANTA et al, 1996; GARGANTA,

2002)

Ao utilizar os jogos no processo de alfabetização das crianças é possível

alcançar inúmeras ações que possibilitam uma aprendizagem eficaz, como na

pesquisa apontada por Queiroz (2003), o jogo pode ser extremamente

interessante como instrumento pedagógico, pois incentiva a interação e

desperta o interesse pelo tema estudado, além de fomentar o prazer e a

curiosidade.

Os jogos auxiliam e muito na educação integral do indivíduo,

oportunizando a criança investigar e problematizar as práticas, presentes no

seu cotidiano. É fundamental tomar consciência de que o jogo fornece

informações a respeito da criança, suas emoções, a forma de interagir com os

colegas, seu desempenho físico-motor, seu estágio de desenvolvimento, seu

25

nível linguístico, e sua formação moral. Divertindo-se, a criança aprende a se

relacionar com os colegas e descobrir o mundo em sua volta.

A utilização de jogos e textos variados podem se tornar excelentes

recursos para facilitar a participação, integração e comunicação dos alunos que

terão meios para compreender e expressar-se bem, mobiliza os profissionais

pelos resultados positivos alcançados e também por saberem que o lúdico é

um recurso de extrema importância para o desenvolvimento da criança.

Desde os tempos remotos o homem cria instrumentos que facilitam o

seu cotidiano. A confecção de instrumentos para garantir a sua sobrevivência e

proteção a partir de recursos naturais sinalizam que a tecnologia assistiva está

presente desde a antiguidade facilitando o ensino aprendizagem.

Outra dificuldade que as limitações trazem consigo são os preconceitos

a que a pessoa com deficiência está sujeita. Desenvolver recursos de

Tecnologia Assistiva também pode significar combater esses preconceitos,

pois, no momento em que lhe são dadas as condições para interagir e

aprender, explicitando o seu pensamento, o indivíduo com deficiência mais

facilmente será percebido e tratado como um „diferente-igual‟..., ou seja,

„diferente‟ por sua condição de pessoa com deficiência, mas ao mesmo tempo

„igual‟ por interagir, relacionar-se e competir em meio com recursos mais

poderosos, proporcionados pelas adaptações de acessibilidade de que dispõe.

É visto como „igual‟, portanto, na medida em que suas „diferenças‟, cada

vez mais, são situadas e se assemelham com as diferenças intrínsecas

existentes entre todos os seres humanos. Esse indivíduo poderá, então, dar

passos maiores em direção a eliminação das discriminações, como

consequência do respeito conquistado com a convivência, aumentando sua

autoestima, porque passa a poder explicitar melhor seu potencial e seus

pensamentos.(GALVÃO FILHO; DAMASCENO, 2001)

A Tecnologia Assistiva, no contexto escolar, tem sido utilizada, para criar

ambientes mais propícios à aprendizagem, para isto seus serviços, recursos e

estratégias possibilitam aos alunos ampliar suas habilidades e desenvolver um

sentimento de controle sobre o processo de aprendizagem. (CONNERS;

JOHNSON, 2001; DELIBERATO; 2009a, 2009b)apud ROCHA; DELIBERATO,

(2009)

26

Segundo (Rocha; 2010) a literatura descreveu que a primeira etapa para

a implementação da Tecnologia Assistiva na escola deve permitir entender a

situação que envolve o aluno a fim de ampliar a sua participação no processo

de ensino e aprendizagem.

Ainda segundo a autora e colaboradores, a Tecnologia Assistiva no

contexto escolar vem sendo considerada como recurso estratégico e

direcionada que proporciona a adaptação de atividades, a modificação do

ambiente físico ou ainda a compensação de habilidades de desempenho para

execução de uma tarefa. (ROCHA; DELIBERATO, 2008)

Outro aspecto importante discutido na área de Tecnologia Assistiva é a

adaptação do ambiente frente á diversidade de habilidades e necessidades do

aluno com deficiência. Apesar de reconhecer que crianças com deficiência

apresentam necessidades individuais, é fundamental que os ambientes que

elas circulem estejam equipados por ferramentas que deem suporte ás suas

diversidades.

2.3 A criança e a aprendizagem com jogos

Segundo a teoria Piaget, a construção do conhecimento, se dá

principalmente, nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os

objetos, as crianças, desde pequenas estruturam seu espaço, seu tempo,

desenvolvem a noção de casualidade chegando à representação e, finalmente

a lógica.

O jogo para Piaget se dá num período paralelo ao da imitação, porém,

enquanto nesta há uma predominância da acomodação, no jogo, a

característica essencial é a assimilação.

Se o ato de inteligência culmina num equilíbrio entre assimilação e acomodação, enquanto a imitação prolonga última por si mesma, poder-se-á dizer, inversamente, que o jogo é essencialmente assimilar, ou assimilação predominando sobre a acomodação. (PIAGET, 1978, p.115)

A importância do jogo, focalizando o momento em que a criança, ao

relacionar-se com o mundo dos adultos, percebe as coisas de forma estranha,

27

pela falta de compreensão da realidade que a cerca, por exemplo, regras,

atitudes e conceitos que lhe são determinados (hora de dormir, comer, tomar

banho, não mexer em certos objetos etc.). Por isso ela procura satisfazer suas

necessidades afetivas e intelectuais, assimilando o real a sua própria vontade,

resultando dai um equilíbrio pessoal do mundo físico e social promovido pelos

mais velhos. (PIAGET, 1978, p.123)

Dessa forma ele percebeu que o jogo adota regras ou adapta cada vez

mais a imaginação simbólica aos dados da realidade na forma de construções

ainda espontâneas, mas imitando o real.

De acordo com Piaget (1978), ao demonstrar estreita relação entre o

jogo e os mecanismos envolvidos na construção da inteligência, destaca a

influência afetiva do jogo espontâneo como instrumento incentivador e

motivador no processo de aprendizagem, já que este dá a criança uma razão

própria que faz exercer de maneira significativa sua inteligência e sua

necessidade de investigação.

O brincar se torna importante no desenvolvimento da criança de maneira

que as brincadeiras e jogos que vão surgindo gradativamente na vida da

criança desde os mais funcionais até os de regras. São elementos elaborados

que proporcionarão experiências, possibilitando a conquista e a formação da

sua identidade. Os brinquedos e as brincadeiras são fontes inesgotáveis de

interação lúdica e afetiva. Para uma aprendizagem eficaz é preciso que o aluno

construa o conhecimento, assimile os conteúdos. E o jogo é um excelente

recurso para facilitar a aprendizagem.

[...] o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo”. (CARVALHO, 1992, p.28)

As ações do jogo devem ser criadas e recriadas, para que sejam sempre

uma nova descoberta e se transformem em um novo jogo, e numa nova forma

de jogar. Quando a criança brinca, sem saber fornece várias informações a seu

respeito, no entanto, o brincar pode ser útil para estimular seu desenvolvimento

integral, no ambiente familiar, quanto no ambiente escolar.

28

O brinquedo é parte da vida social da criança e está presente na

educação infantil, podendo ser utilizado como um recurso que educa,

desenvolve e ensina de forma prazerosa! O brinquedo educativo se concretiza

no quebrar, destinado a ensinar formas de cores, nos brinquedos de tabuleiro

que exigem a compreensão do número e das operações matemáticas,

brinquedos de encaixe, onde podem trabalhar noções de sequência, tamanho e

da forma e a leitura e escrita (KISHIMOTO, 2000)

A escola deve propor um arranjo pedagógico com diferentes dinâmicas e

estratégias de ensino com objetivo de complementar, adaptar e suplementar o

currículo quando necessário. O ambiente escolar, a sala de aula e as

estratégias de ensino é que devem ser modificadas para que o aluno possa se

desenvolver e aprender.

2.4 O professor como mediador

Para compreender a importância do lúdico na prática pedagógica faz-se

necessário entender a escola como um espaço cultural, democrático e

universal de ensinar, com a sua principal função de socializar os

conhecimentos.

Ele deve acompanhar o desenvolvimento dos alunos, incentivando sua

participação na aula, favorecendo a construção coletiva do acontecimento sem

negligenciar a atenção individualizada, buscando conhecer as necessidades e

potencialidades de cada aluno, a partir de uma ação pedagógica eficaz, torna

possível a aprendizagem desses educandos.

A inclusão de alunos com necessidades especiais no sistema público de

ensino integra uma reorganização educacional, acarretando uma revisão de

antigas concepções, com intuito de possibilitar o desenvolvimento cognitivo,

cultural e social desses alunos respeitando as suas diferenças atendendo as

suas necessidades.

O atendimento especializado é aquele realizado por professores

capacitados em escolas regulares, em espaços específicos as crianças

especiais. O mesmo deve ocorrer no turno oposto ao que eles frequentam a

sala comum, sendo esses atendidos em grupos ou individualmente.

Tem como objetivo adaptar recursos pedagógicos e de acessibilidades,

29

os quais contribuem na participação dos alunos nas atividades, desde que

sejam atendidas nas suas necessidades específicas. O ensino desenvolvido

nesse ambiente diferencia-se dos desenvolvidos nas classes comuns, as quais

não são substitutivos à escolarização, procura complementar o

desenvolvimento autônomo dos alunos com vista a autonomia dentro e fora da

escola. (BRASIL, 2007)

Os recursos tecnológicos são uma ferramenta utilizada por diferentes

profissionais e possibilita, o uso de equipamentos, dispositivos, materiais,

objetos, produtos, a modificação do ambiente e mudanças nos procedimentos

de execução das tarefas de umas atividades, ampliando a participação do

aluno nas tarefas propostas em sala de aula. Desse modo, a adaptação de

recursos ou atividades pedagógicas facilitaria o desenvolvimento da leitura e

escrita de alunos com deficiência física, inseridos no ensino regular.

30

CAPÍTULO III

A PESQUISA

3 ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES

Com a realização de uma sondagem e entrevista com a professora da

sala foi possível abordar e identificar todas as dificuldades apresentadas pelo

aluno.

Posteriormente foi aplicado um programa de intervenção, com recursos

adaptados as suas dificuldades, para um melhor desenvolvimento da

aprendizagem da leitura e da escrita.

Dentro deste contexto, um olhar especial é salientado para a adaptação

de recursos e atividades pedagógicos adequados às necessidades motoras,

cognitivas, perceptivas, sensoriais e linguísticas de alunos com deficiência,

incluídos nas escolas regulares de ensino. Estudos na área pontuaram que as

inserções desses recursos facilitam o processo de ensino e aprendizagem,

além de ser um instrumento que propicia o desenvolvimento de habilidades de

leitura e escrita, além de possibilitar o uso de diferentes estratégias de ensino

para o professor. (ARAÚJO; MANZINI, 2001; ROCHA, 2010)

3.1 Procedimentos Iniciais

Após a seleção do aluno a ser observado, foi solicitado junto à escola a

ser trabalhada a autorização para a pesquisa.

Posteriormente foi solicitada a presença dos pais dos pais do aluno a fim

de esclarecer sobre o estudo e os objetivos da pesquisa, assim preencher o

termo de consentimento.

Pesquisadores da área alertam que ao iniciar o processo de tecnologia

assistiva é necessário conhecer o usuário destes recursos, sua história, suas

necessidades e desejos, bem como identificar quais são as necessidades reais

considerando todo o seu contexto social e as possíveis barreiras que limitem a

31

sua independência (SORO-CAMATS, 2003; PARETTE; BROTHERSON, 2004),

com isso a conversa inicial com os pais foi de fundamental importância no

conhecimento, inicio e desenvolvimento do trabalho.

3.2 Descrição do participante

A partir dos critérios de inclusão estabelecidos foi selecionado um aluno

de 13 anos de idade, do sexo masculino com deficiência física matriculado na

classe regular da rede municipal no interior de São Paulo. O aluno frequenta o

5ª ano e realiza acompanhamento com fonoaudióloga, psicóloga, terapeuta

ocupacional, fisioterapeuta, e ortopedista, além de fazer musicoterapia desde

aos nove anos de idade.

Sobre sua historia pregressa, segundo informação obtida por meio dos

familiares e do prontuário, nasceu com nove meses completo parto normal, e

que ao nascer à criança apresentou anóxia (falta de oxigenação no parto),com

nove meses sentou e engatinhou, foi percebido com um ano de idade que a

criança não conseguia andar e nem falar .

Em 2011 fez cirurgia nas pernas para auxiliar na correção de postura e

movimentos, fez uso de andador e uso de órtese nas duas pernas (Órtese é

um apoio ou dispositivo externo aplicado ao corpo para modificar os aspectos

funcionais ou estruturais do sistema neuromusculoesquelético para obtenção

de alguma vantagem mecânica ou ortopédica. Refere-se aos aparelhos ou

dispositivos ortopédicos de uso provisório ou não, destinados a alinhar,

prevenir ou corrigir deformidades ou melhorar a função das partes móveis

do corpo).

O aluno apresenta laudo médico de ECNP (encefalopatia crônica não

progressiva) e epilepsia com tetraparesia espatica, disfasia, é um PC do tipo

atetóide com movimentos rápidos ou lentos que aumentam com a excitação,

com pobre controle postural, apresenta hipotemia ou espasticidade faz

tratamento com fisioterapia e antiepilépticos.

A hipótese diagnóstica fonoaudiologia é atraso no desenvolvimento da

linguagem, com alterações nos órgãos fonoarticulatórios e alterações nas

funções neurovegetativas.

32

De acordo com dados de avaliação do terapeuta ocupacional, existe a

dificuldade de preensão, não mantém a concentração, apresenta dificuldade na

fala, mas reconhece as cores primarias (verde e vermelha).

3.3 Local de observação e pesquisa

A coleta ocorreu no AEE de uma cidade no interior do Estado de São

Paulo, com o objetivo principal aprimorar e garantir o processo de inclusão

escolar dos alunos com deficiência e/ou necessidades educacionais especiais

matriculados no município oferecendo atendimento educacional especializado,

suporte e apoio às unidades escolares e às famílias.

O núcleo oferece atendimento nas áreas de Pedagogia (sala de

recurso), fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia,

musicoterapia e atividades físicas, para alunos com deficiência física,

intelectual, visual, auditiva, múltipla, autismo e altas habilidades.

Também foram feitas observações na sala de recurso da EMEF, local

onde acontece o atendimento do AEE do aluno.

3.4 Período de realização da pesquisa

As atividades vinculadas à coleta de dados ocorreram no período de

outubro a março de 2013.

3.5 Materiais utilizados na pesquisa

Foram utilizados os seguintes materiais para a coleta de dados:

Gravador digital;

Filmadora e fita de vídeo;

Computador;

Caderno para anotações;

Software Boardmaker;

Materiais e jogos pedagógicos.

33

3.6 Instrumentos de pesquisa

Os instrumentos de pesquisa foram entrevista semiestruturada, o

caderno de registro e as filmagens.

A entrevista foi utilizada, pois é um método que oferece eficácia para

obter dados relevantes e significativos, bem como a possibilidade de submeter

os dados a mensuração e análise (MANZINI, 2006), assim a entrevista com os

professores foi importante para que se vislumbrasse o cotidiano da criança,

seus avanços, retrocessos, problemas.

Para a realização da coleta de dados, foram utilizados dois recursos

pedagógicos adaptados às necessidades do aluno, que foram confeccionados

em parceria com a professora especialista em Educação especial responsável

pelo atendimento educacional especializado do aluno, juntamente com uma

graduanda do curso de pedagogia. As confecções destes materiais fizeram

parte de uma pesquisa desenvolvida pela aluna de pedagogia, na qual se

trabalhou etapas o desenvolvimento de recursos, sem contemplar para tanto

sua avaliação. Dessa forma, os recursos foram cedidos para que pudessem

neste trabalho, serem avaliados.

Para a confecção dos recursos, a pesquisadora adotou o fluxograma

baseado na proposta de Manzini e Santos (2002),subdivididos em sete

procedimentos, descritos a seguir:

1 entender a situação,

2 gerar ideias,

3 escolher a alternativa,

4 representar a ideia,

5 construir o objeto,

6 avaliar o uso,

7 acompanhar o uso do objeto

A seguir será realizada a descrição dos recursos pedagógicos

adaptados utilizados na coleta de dados:

3.6.1 Recurso 1: Livro para atividades de consciência fonológica

O material foi confeccionado com auxilio do software Boardmaker. As

34

imagens e escritas foram impressas em papel A4, plastificadas e

encadernadas, como demonstra a figura 5.

Figura 5: Livro de atividades de consciência fonológica

Fonte: Pacheco; Sameshima, 2012a

Foram utilizados 2(dois) livros, sendo que cada livro apresenta quatro

páginas, contendo atividades diferenciadas. Para a coleta de dados, foram

contemplados 2 (dois) livros, sendo a temática de: (tapete, bola).

Na primeira atividade, são ilustradas uma figura e seu respectivo nome.

O aluno deverá encontrar dentre outras palavras, aquela que represente a

figura correspondente, como ilustra a figura 6 e colar a palavra escrita no local

indicado.

Figura 6: Primeira página do livro da bola

Fonte: Fonte: Pacheco; Sameshima, 2012a

35

Na segunda página do livro, o aluno deverá montar a palavra

selecionada, utilizando apenas as vogais que faltam. Nesta atividade, as

consoantes estão impressas na página, com espaços para completar apenas

com as vogais que fazem parte da palavra. Isso pode ser observado na figura 7

a seguir:

Figura 7: Segunda página do livro

Fonte: Fonte: Pacheco; Sameshima, 2012a

Na terceira página do livro, o aluno deverá montar a palavra

selecionada, utilizando apenas as consoantes que faltam. Nesta atividade as

vogais estão impressas na página, com espaços apenas para colocar as

consoantes que fazem parte da palavra. Isso pode ser observado na figura 8 a

seguir.

Figura 8: Terceira página do livro

Fonte: Pacheco; Sameshima, 2012a

36

Para finalizar a atividade, as letras serão trabalhadas uma a uma para a

formação da palavra, focando desta forma a sonoridade da letra, bem como a

correspondência fonema-grafema para a escrita de palavras como demonstra a

figura 9:

Figura 9: Quarta página do livro

Fonte: Pacheco; Sameshima, 2012a

A adaptação de recursos para crianças com deficiência física no

ambiente escolar é uma possibilidade para que questões como o manuseio e

aprendizagem possam andar juntas. A adaptação de um determinado recurso

escolar, como um brinquedo ou um jogo permite não só que a criança com

deficiência física o utilize, mas todo um grupo, em um mesmo espaço e tempo

(MANZINI, 2006), desta forma o segundo recurso pedagógico a ser utilizado foi

um jogo de tabuleiro semântico, denominado de Jogo do alfabeto.

3.6.2 Recurso 2: Jogo do alfabeto

O jogo foi confeccionado por meio dos seguintes materiais:

- Caixa de papelão forrada com e.v.a azul;

- imagens e palavras plastificadas;

- Um Alfabeto móvel em e.v.a grande e um alfabeto pequeno colorido;

- Uma roleta de baixo custo feita com tampa plástica e 8 tampinhas de

detergente coloridas.

As categorias de imagens contempladas no jogo foram: alimentos,

37

animais, peças de vestuário, jogos e brincadeiras, bebidas, programas de TV,

esporte, meios de transporte, instrumentos musicais, como demonstra a figura

10.

Figura10: Jogo do alfabeto

Fonte: Pacheco; Sameshima, 2012b

Nesse jogo o aluno deveria escolher uma das categorias, rolar a roleta e

dizer palavras referentes a categoria estabelecida, que começassem com a

letra selecionada pela roleta.

Para auxiliar o aluno, foram dispostas sobre a mesa, figuras

correspondentes a todas as categorias, contemplando todas as letras do

alfabeto, caso ele não consiga se lembrar das palavras.

A seguir, as fotos que ilustram o apoio das figuras, para a seleção de

palavras que começassem com a letra N, na categoria programas de TV.

38

Figura 11: categoria programas de TV

Fonte: Pacheco; Sameshima, 2012b

Figura 12: Imagens de apoio para a categoria selecionada

Fonte: Pacheco; Sameshima, 2012b

Figura 13: Identificando a palavra de acordo com a letra sorteada

Fonte: Pacheco; Sameshima, 2012b

39

Os recursos e estratégias da tecnologia assistiva pode proporcionar

oportunidades às crianças com deficiência física de explorar, aprender e

interagir com o ambiente. Os recursos da tecnologia assistiva confeccionados

para crianças com deficiência física na escola devem ser equipamentos

funcionais, mas, sobretudo o professor deve utilizar de estratégias que devem

facilitar o seu uso e a interação com os colegas e a faceta lúdica do

comportamento infantil. (PELOSI, 2003)

O uso das Tecnologias Assistiva deve ser um instrumento facilitador no

processo de aquisição do conhecimento, já que permite à criança com

deficiência física a ampliação de suas habilidades, assim abrange as relações

que a criança estabelece no ambiente escolar e familiar, seja com os

professores, monitores, amigos ou a família. Necessita-se contribuir para a

exploração do seu potencial.

3.7 Procedimento de coleta de dados

Foi realizada uma entrevista com a professora da sala, na qual foram

abordadas todas as dificuldades apresentadas pelo aluno. Posteriormente se

realizou uma sondagem das habilidades e dificuldades do aluno por meio de

observações do aluno no seu ambiente escolar.

Um programa de intervenção, com recursos adaptados as suas

dificuldades, para um melhor desenvolvimento da aprendizagem da leitura e da

escrita foi desenvolvido. Foi possível verificar que o jogo constitui-se numa

atividade primária do ser humano, se manifesta de maneira espontânea,

aliviando a tensão interior e permite à educação do comportamento, o jogo

auxilia no desenvolvimento físico, mental, emocional e social do sujeito.

Ao utilizar os jogos no processo de alfabetização das crianças é possível

alcançar inúmeras ações que possibilitam uma aprendizagem eficaz, como

denota a pesquisa apontada por Queiroz (2003),o jogo pode ser extremamente

interessante como instrumento pedagógico, pois incentiva a interação e

desperta o interesse pelo tema estudado, além de fomentar o prazer e a

curiosidade.

A etapa da coleta de dados contou com três procedimentos sucessivos

40

tendo instrumentos específicos em cada uma delas. O Quadro 1 descreve os

procedimentos dessa etapa bem como os instrumentos utilizados.

Quadro 1: Etapas da coleta de dados

Procedimentos para coleta de dados Instrumento de coleta de dados

Entrevistas com os professores Roteiro de entrevista semi

estruturado Registro de identificação da rotina

escolar pelo professor

Observação do aluno Registro contínuo

Aplicação dos jogos Filmagem

Fonte: Elaborado pela autora, 2013

Foram realizados três encontros ao longo de um mês para observação

do aluno em sala de aula, os encontros ocorreram uma vez por semana

durante o período escolar. As observações tiveram como objetivo conhecer a

realidade vivenciada pelo participante do estudo no contexto escolar. A

pesquisadora pode verificar as dificuldades e habilidade do participante, sendo

que esse processo facilitou a identificação da necessidade dos recursos e

serviços da tecnologia assistiva.

Com a finalidade de descrever os procedimentos realizados com o

participante no decorrer da pesquisa, o Quadro 2 permite visualizar a

sequência estabelecida:

Quadro 2: Coleta de dados

PROCEDIMENTOS ENCONTROS INSTRUMENTOS E

FORMAS DE REGISTRO

1° encontro Entrevista com a professora Roteiro de entrevista

Gravação (47 minutos)

2º, 3º, 4ºencontro Observação do aluno em

ambiente escolar Registro das observações

5º encontro Aplicação do livro de

consciência fonológica Filmagens (1h20min)

6º encontro Aplicação do jogo do alfabeto Filmagens (50min)

Fonte: Elaborado pela autora, 2013

41

3.8 Formas de análise

Através dos registros contínuos e observações feitas em sala de aula,

todos esses procedimentos foram filmados para maior clareza nas analise do

estudo, por se tratar de uma pesquisa volumosa foi utilizado o método de

analise de Bardin (2004) que possibilitou em categorias para separar os dados

observáveis.

Este tipo de análise é: “[…] um conjunto de técnicas de análise das

comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de

descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que

permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de

reprodução/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”. (BARDIN, 2004

p. 37)

Após a análise das informações obtidas por meio do registro contínuo,

das observações e da transcrição das filmagens, foi possível estabelecer

categorias de análise, sendo: os recursos utilizados durante as atividades

escolares, as estratégias utilizadas pela professora, o desempenho do aluno

nas atividades, a descrição do aspecto motor, a interação do aluno com a

professora. Para melhor visualização das categorias, o quadro 3 identifica os

exemplares de fala de cada categoria estabelecida.

Quadro 3: Quadro de categorias (continua)

Categorias Exemplares de fala

Recursos utilizados

P: Vou começar pela letra b(+) porque é o material de maior

interesse dele é a bola (fala da pedagoga)

Iiih‟(+) eh agora D que nós vamos fazer agora „Olha aqui, que

letra é essa‟(+)

D: /.../.(fala do D)

P: Responde D. (fala da pedagoga) (...) o L de L „ É o nome

do pai. (responde a pedagoga)

42

(conclusão)

Estratégias utilizadas pela

professora

P: Espera ai! (+) D é assim (+) preste atenção olhe nos meus

olhos ESTE jogo tem regras (+) tá.

P: Segure o jogo com a outra mão, faça com que a outra mão

te auxilie no jogo. (fala da pedagoga);

P: Erga sua cabeça, você sabe que ela não irá cair. (fala da

pedagoga);

Desempenho do aluno

P: ((A pedagoga apresenta o recurso adaptado para

alfabetização ao aluno, na última página do recurso a

pedagoga percebe que está faltando uma letra e diz))

D: ... iiih(+) e agora, o que nós vamos fazer aqui? Que letra

está faltando aqui‟... ((voltando por várias vezes para página

anterior do recurso)).

D:aponta com o dedo e retira a letra correta que está faltando

e coloca na lacuna.

P:D que letra é essa aqui?

D:responde (+) que( )

P: Que (+)...olha de novo (+)olha de novo, a figura é PATO

que você vai por aqui, se você por o T olha como fica(+)oh oh

vamos supor que você coloca a letra T oh fica TAPO „ tapo é

o nome desse aqui... ((e aponta para a figura do pato)) (+) e

qual que põe aqui.

D: coloca a letra P

P: Ahã agora sim a gente lê PATO

Descrição do aspecto

motor

P: Aponta pergunta do que letra é essa aqui D?

D: com dificuldades de preensão, retira a letra errada para

trocar pela correta.

Interação do aluno

com a professora

D: Sorri quando realiza a atividade corretamente.

D: Sorri quando a professora lhe dá os parabéns

P: que letra esta procurando D?

D: (...) ihhhhhhhhhhh.

P: respondeu certo é o i.

P: que é que esta escrita aqui D?

D: responde ( +) Dehhhh.

P: responde: Ah! Menino sabido.

Está escrito D seu nome.

Fonte: Elaborado pela autora, 2013

43

Por meio do quadro de análise foi possível estabelecer critérios para as

categorias identificadas nesta pesquisa.

A pesquisadora procurou identificar quais recursos eram utilizados no

contexto escolar e quais eram os recursos preferidos da criança.

O recurso adequado as especificidades com paginas e letras grandes

que facilitam o manuseio e atividades relacionadas ao gosto e o interesse do

aluno. Nesse caso pra a alfabetização começa-se pelo centro de interesse do

aluno.

A professora enfatiza a dificuldade da criança no manuseio do recurso e

estimulando a criança a utilizar as duas mãos facilitando o manuseio dessa

atividade.

É possível notar que a criança com deficiência física muitas vezes

apresenta interesse em realizar as atividades propostas, porém devido as sua

incapacidade motora, comunicativa e perceptiva, não consegue faze-las de

forma independente.

Na aplicação do recurso adaptado o primeiro momento não causou

muito satisfação, distraído, sem concentração, mesmo sendo o objeto de

interesse do aluno. A pedagoga sentada frente ao aluno e o recurso adaptado

no centro da mesa com dificuldades posicionamento corporal braços sempre

flexionado segurando cabeça, devido à paralisia cerebral do tipo espastica

dificuldade em manipular diferentes materiais necessitando de ajuda, fala com

dificuldades, sons incompreensíveis.

Os materiais escolares, os brinquedos e os materiais pedagógicos, são

recursos convencionais utilizados na escola pelo aluno no contexto escolar.

E também os recursos adaptados adequados para as especificidades do

aluno com deficiência a fim de ampliar o seu desempenho motor, perceptivo,

comunicativo e pedagógico.

É importante ressaltar que o uso do recurso não garante o sucesso

escolar da criança com deficiência física, o bom desempenho do aluno está

diretamente relacionado com os serviços da tecnologia assistiva e as

estratégias utilizadas pelo professor para mediar o uso do recurso, assim as

intervenções devem ser instrumentos de verificação de erros e acertos.

44

CAPÍTULO IV

RESULTADOS

4 ACOMPANHAMENTOS E RESULTADOS

Antes de iniciar este capítulo, é necessário fazer uma ressalva, sobre as

estratégias utilizadas pela pesquisadora, no uso das transcrições das filmagens

utilizadas no estudo.

Para facilitar a compreensão dos conteúdos, foram utilizadas normas

propostas por Marcuschi (1986), relativas a padronização de transcrição. A

seguir, serão apresentadas as normas utilizadas pela pesquisadora.

Quadro 4: Legenda da transcrição da entrevista

Símbolos Significados

[[ Para falas simultâneas

[ Para sobreposição de vozes

[ ] Para sobreposição localizada

(+) ou (2.5) Para Pausas

( ) Para dúvidas e suposições

/ Para truncamentos bruscos

MAIÚSCULA Para ênfase ou acento forte

: :: Para alongamento de vogal

(( )) Para comentário da analista

- - - - - Para silabação

“ aspas duplas Para sinais de entonação: subidas rápidas correspondem ao ponto de interrogação

„ aspas simples Para sinais de entonação: subidas leves,

, aspas simples abaixo da linha Para sinais de entonação: descidas leves ou bruscas

Reduplicação da letra ou sílaba Para repetições

Reprodução de sons Para hesitação ou sinais de atenção

... ou /.../ Para indicação de transcrição parcial ou de eliminação

P: Professora

D: Nome do aluno

Fonte: Elaborado pela autora, 2013

45

O professor tem como meta desenvolver um planejamento que

contemple o currículo estabelecido pela escola e atender a todos os alunos.

Um fator facilitador para o trabalho é que a professora da classe possua

um professor auxiliar para esse aluno, denominado Professor Tutor.

O professor tem autonomia para organizar sua rotina com objetivos,

recursos, estratégias de forma a atingir o resultado esperado pelo

planejamento, com auxílio do Coordenador pedagógico.

Foi observado que em sala de aula o professor prepara as atividades,

mas quem aplica essas atividades é o professor tutor. O professor da sala

acaba por ficar com o aluno, somente quando o tutor precisa se ausentar ou

quando do intervalo do tutor.

As observações feitas durante o atendimento da pedagoga do Núcleo de

Apoio Integrado ao Atendimento Educacional Especializado identificaram que

os recursos oferecidos às crianças com paralisia cerebral podem ser

fundamentais não só para as questões da aprendizagem escolar, mas também

para o seu desenvolvimento global.

O aluno com paralisia cerebral apresenta diversas alterações;

sensoriais, perceptuais, motoras, linguagem e cognitivas. O material utilizado

para estas particularidades deve possuir características especificas que

possibilite atrair a atenção do aluno facilitando assim o aprendizado.

O recurso adequado às especificidades dos alunos com paralisia

cerebral é fundamental para sua participação efetiva na atividade proposta,

sendo de responsabilidade da escola oferecer ao aluno com necessidades

educacionais especiais os recursos adequados. (BRASIL, 2006)

Durante a observação foi possível identificar a intenção da pedagoga em

oferecer estratégias que pudessem permitir ao aluno a participação efetiva nas

atividades propostas.

A professora enfatiza a dificuldade da criança no manuseio do recurso e

a necessidade de receber ajuda durante as atividades, mas também estimula a

criança a utilizar as duas mãos no decorrer da atividade, lembrando-o que deve

segurar o jogo. O desempenho motor foi amplamente observado pelo

procedimento das filmagens, como descreve os exemplos a seguir:

46

Exemplo 1:

Segure o jogo com a outra mão, faça com que a outra mão te

auxilie no jogo. ((fala da pedagoga))

Exemplo 2:

Erga sua cabeça, você sabe que ela não irá cair.((falada

pedagoga)).

Esses exemplos contemplam a categoria “estratégias utilizadas pela

professora”. Esses apontamentos realizados pela professora auxiliaram o aluno

na realização adequada dos jogos pedagógicos propostos.

Braccialli; Manzini; Reganhan (2004), consideram o brincar uma das

atividades fundamentais para o desenvolvimento e a educação da criança.

Brincando, a criança tem oportunidade de exercitar suas funções psicossociais,

experimentar desafios, investigar e conhecer o mundo de maneira natural e

espontânea, assim foi confeccionado dois jogos para que fosse possível

verificar se a adaptação de recursos ou atividades facilitaria o desenvolvimento

da leitura e escrita do aluno com deficiência física, inseridos no ensino regular,

ampliando a participação do aluno nas tarefas propostas em sala de aula.

Foram dadas condições para que o aluno pudesse interagir e aprender,

explicitando o seu pensamento, por meio dos jogos.

O jogo do alfabeto gerou muito satisfação pela novidade. Apresentou

imagens do cotidiano da criança como Programa do Gugu, Carrossel, Jogos e

objetos musicais que são utilizados nas aulas de musicoterapia. Foi bem aceito

e o aluno só teve dificuldade em manusear a roleta, como demonstra os

exemplos a seguir:

Exemplo 3:

((Ao deixar de utilizar as duas mãos ,como solicitação

não conseguiu fazer com que a roleta girasse ,

tentou varias vezes até conseguir))

Foi observado também, que ao empurrar a roleta de lado, para colocar

as fichas na mesa, fez uso da mão esquerda semifechada com dificuldade de

47

preensão.

O jogo era composto por figuras em tamanho grande, que facilitaram o

manuseio das mesmas, agilizando o processo de realização, como ilustra o

exemplo 4:

Exemplo 4:

No jogo do alfabeto o aluno manuseou as fichas

corretamente, formando seu nome, pois já conhecia as

letras.

Com as fichas da categoria “instrumentos musicais” acertou os

instrumentos que começavam com a letra P e B, respectivamente das palavras

piano e bateria, sendo que estes instrumentos são do cotidiano do aluno que

frequenta musicoterapia.

Os exemplos 3 e 4 contemplaram a categoria descrição do aspecto

motor. Esses dados apontam para a necessidade do recurso ser adequado não

somente as necessidades linguísticas e escolares dos alunos com deficiência,

mas também a preocupação e adequação motoras.

Para melhor utilização desta atividade, o jogo foi confeccionado em um

tabuleiro de um plano inclinado, que facilitou o campo visual para a

identificação dos componentes do jogo e sua manipulação. As categorias foram

dispostas no tabuleiro que ficou sobre a mesa, posicionado na frente do aluno.

Aluno participou do jogo, interagiu com a professora. Durante a atividade

foi solicitada a contagem das fichas, efetuou as operações matemáticas

corretamente, apontando com o dedo cada ficha utilizada durante o jogo. Este

exemplo sinaliza a categoria interação do aluno com a professora, como

demonstra o exemplo 5:

Exemplo 5

P: conte quantos pontos você fez?

D: responde ( ) apontando com o dedo cada ficha.

P: Que meio de transporte é esse D?

D: responde (+) ahh(+) ahah (+) ãooo.

48

O livro de consciência fonológica, no primeiro momento não causou

muito satisfação, já que aluno esperava que neste dia fosse para aula de

musicoterapia. O aluno estava com pouca concentração, assim os resultados

não foram satisfatórios, já que a criança colou letras erroneamente, e

balbuciava querendo, tocar bateria e fazia os gestos, já que é o instrumento

que ele mais gosta. Isso pode ser verificado no exemplo 6:

Exemplo 6:

D: emitiu Acaah quando se referiu a palavra sapato.

D: emitiu gueeh e fez gesto de colocar o anel do dedo

D: emitiu ahahaahaaaão quando se referiu ao meio de

transporte avião.

D: emitiu nahã com movimentos de braços como se

estivesse tocando bateria .

Já no segundo dia de intervenção, o aluno escolheu o livro e as imagens

a serem trabalhadas, dessa forma foi selecionado o livro da Bola, enfatizando

em gostar de jogar bola.

A criança reconheceu as letras da palavra, citando L de Lancaster (nome

do pai da criança).

Foi necessário lembrar sempre ao aluno que deveria utilizar as duas

mãos, uma para segurar o livro, outra para colar as palavras e letras, pois o

aluno se dispersou com facilidade.

De acordo com a professora do AEE o recurso estava adequado, e de

fácil manuseio.

Quanto ao desempenho do aluno, ele conseguiu compreender todos os

comandos solicitados. Identificou e relacionou as imagens as suas finalidades.

A utilização de jogos e textos variados mostrou ser excelente recurso

para facilitar a participação, integração e comunicação dos alunos e como

meios para compreender e se expressar.

O brinquedo faz parte da vida social da criança e também está presente

na educação infantil, podendo ser utilizado como um recurso que educa,

desenvolve e ensina de forma prazerosa! O brinquedo educativo se concretiza

na quebra, destinado a ensinar formas de cores, nos brinquedos de tabuleiro

49

que exigem a compreensão do número e das operações matemáticas, nos

brinquedos de encaixe, onde se podem trabalhar noções de sequência, de

tamanho e de forma e leitura e escrita. (KISHIMOTO, 2000)

Os jogos utilizados nas intervenções não estiveram presentes somente

como mais uma atividade pedagógica a ser incluída no planejamento escolar,

mas como uma ação que mobilizou os profissionais, principalmente pelos

resultados positivos alcançados e também por saberem que o lúdico é um

recurso de extrema importância para o desenvolvimento da criança.

50

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

O objetivo deste trabalho não se encerra na apresentação desses

recursos, mas serve como ponto de partida para otimizar a eficiência

cooperativa entre educando e professor no processo de ensino-aprendizagem,

ao valorizar a diversidade como agente de transformação de consciência

social, viabilizando o exercício da cidadania na construção de uma sociedade

inclusiva.

Cada necessidade dos alunos atendidos é única e, portanto, cada caso

deve ser estudado com muita atenção. A experimentação deve ser muito

utilizada, pois permite observar como a ajuda técnica desenvolvida está

contemplando as necessidades percebidas.

No Brasil, o Documento Atendimento Educacional Especializado –

Deficiência Física, publicada pelo MEC em 2007 (BRASIL, 2007), tem por

objetivo oferecer orientações a fim de facilitar o acesso à tecnologia assistiva

no cotidiano escolar de alunos com deficiência física.

Um aspecto importante a ser considerado é a formação dos professores

de crianças com deficiência em relação ao uso da tecnologia assistiva. Assim

um dos pontos primordiais é essa formação.

A escola inclusiva deve propor um arranjo pedagógico com diferentes

dinâmicas e estratégias de ensino com objetivo de complementar, adaptar e

suplementar o currículo quando necessário. O ambiente escolar, a sala de aula

e as estratégias de ensino é que devem ser modificadas para que o aluno

possa se desenvolver e aprender.

A confecção de recurso adaptado tem como objetivo primordial propiciar

aos professores uma visão mais ampla de como desenvolver sua prática

pedagógica no atendimento de seus alunos.

A inclusão esses recursos facilita o processo de ensino e aprendizagem,

além de ser um instrumento que propicia o desenvolvimento de habilidades de

leitura e escrita.

51

CONCLUSÃO

Foi possível perceber através dessa pesquisa que a tecnologia assistiva

é capaz de oferecer serviços, recursos, estratégias para atender as

especificidades dos alunos com deficiência física promovendo mudanças no

contexto de atendimento dessas crianças, além de oferecer aos profissionais

educacionais mecanismos que auxiliam no desenvolvimento e assim tornar

este ambiente de fato inclusivo.

A eliminação de barreiras através do uso da tecnologia assistiva no

contexto escolar desloca as limitações para o ambiente e contribui para a

acessibilidade do aluno com deficiência.

É importante pensar que a inclusão do aluno com deficiência física e o

fornecimento de recursos de tecnologia assistiva não são garantias para que o

processo de aprendizagem ocorra de forma plena. Assim este estudo se

propôs a refletir sobre quais as tarefas e procedimentos necessários para

executar a atividade de confeccionar recursos de tecnologia. Para isto foi

necessário identificar as características do aluno com paralisia cerebral, o

planejamento do professor e o ambiente escolar. O uso do recurso de

tecnologia assistiva na escola deve contemplar o planejamento do professor e

favorecer as habilidades do aluno para que ele participe das atividades

propostas neste planejamento.

É importante ressaltar que a participação do aluno em todas as

atividades do contexto escolar é fundamental ao processo de aprendizagem, e

é direito da criança ter acesso a recursos que favoreçam essa participação.

Este trabalho mostrou a necessidade de procedimentos para definir de

fato quais são as necessidades individuais de cada aluno com paralisia

cerebral e assim indicar os recursos de tecnologia assistiva e confeccioná-los.

É fundamental ressaltar que não é finalidade esgotar neste estudo todas

as considerações possíveis sobre a tecnologia assistiva na Educação Infantil.

Como já citado anteriormente é necessário avaliar o uso dos recursos e

acompanhar a sua utilização no contexto escolar.

Este trabalho deve levar os profissionais da educação a repensar sua

pratica pedagógica e a implementação desses recursos como estratégias de

52

atendimento na escola.

Para que o recurso seja aplicado com êxito ao aluno com deficiência na

escola, é fundamental a capacitação dos professores e demais profissionais da

escola, a fim de possibilitar estratégias e oportunidades para o aluno utilizá-lo.

Somente esse conjunto de ações pode garantir a acessibilidade do aluno com

deficiência física em todos os espaços e atividades escolares.

É necessário e urgente o envolvimento de todos os profissionais da

escola, dos demais alunos, das famílias e também de redes de apoio formadas

por profissionais de diversos setores, como os profissionais da saúde. Desta

forma é possível direcionar ações a fim de construir um trabalho colaborativo

para que os alunos das escolas regulares sejam atendidos e de fato

participantes de uma escola de qualidade.

53

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59

APÊNDICES

60

Apêndice A- Termo de consentimento livre e esclarecido para os

participantes

Estamos realizando uma pesquisa para Trabalho de Conclusão do Curso de

Pedagogia oferecido pelo UNISALESIANO – Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium/Lins, intitulada: _________________________________________________

__________________________________________________________ e gostaria

que participasse da mesma. O objetivo desta é analisar o uso de recursos da

Tecnologia Assistiva utilizados como instrumento facilitador do ensino aprendizagem

como aluno do ensino fundamental com deficiência física no contexto do Atendimento

Educacional Especializado – AEE. Durante a realização da pesquisa serão realizadas

atividades e serão inseridos materiais adaptados para facilitar a exploração do aluno

com deficiência física e serão utilizados os recursos de filmagens e fotografias. As

imagens e vídeos obtidos durante esta pesquisa serão devidamente registrados e

utilizados para fins científicos como, Trabalho de Conclusão de Curso, revista e

congressos.

Eu, _________________________________________________________________

Portador (a) do RG __________________ responsável pelo participante___________

______________________________________ autorizo a participar da pesquisa

intitulada:_____________________________________________________________

_____________________________________________________________________

Declaro ter recebido as devidas explicações sobre a referida pesquisa e declaro

ainda estar ciente de que a participação é voluntaria e que fui devidamente esclarecida

quanto aos objetivos e procedimento desta pesquisa.

Certos de poder contar com sua autorização, colocamo-nos à disposição para

esclarecimentos, através do telefone (14) _________________, __________________

discente do Curso de Pedagogia do Unisalesiano Lins ou Prof. Dra. Fabiana Sayuri

Sameshima, orientadora responsável pela pesquisa e Docente do Unisalesiano Lins.

Autorizo,

Data ____/____/____

_______________________ _________________________

(Nome do responsável) (Nome do aluno)