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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR CTTMAR CURSO DE OCEANOGRAFIA APLICAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO SWAT PARA A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ITAJAÍ-AÇU (SC, BRASIL). MARINA GARCIA PACHECO Itajaí 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR – CTTMAR

CURSO DE OCEANOGRAFIA

APLICAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO SWAT PARA A BACIA HIDROGRÁFICA

DO RIO ITAJAÍ-AÇU (SC, BRASIL).

MARINA GARCIA PACHECO

Itajaí

2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR – CTTMAR

CURSO DE OCEANOGRAFIA

APLICAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO SWAT PARA A BACIA HIDROGRÁFICA

DO RIO ITAJAÍ-AÇU (SC, BRASIL).

MARINA GARCIA PACHECO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito

parcial para obtenção do grau de

Oceanógrafo.

Orientador: João Thadeu de

Menezes

Itajaí

2011

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Zoraide e

Leonardo, pelo carinho, apoio e

compreensão que tornaram

possível a realização de mais uma

etapa da minha vida. Amo vocês.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu irmão, Felipe, pela amizade e pelos incentivos.

À minha avó, Maria Amélia, pelo carinho e pela incansável preocupação comigo.

Ao Professor João Thadeu, pela orientação, amizade e sugestão do tema do presente

trabalho.

Ao Jimmy e à Paula, pelas inúmeras ajudas com o modelo SWAT.

Aos colegas do Laboratório de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto, pelas ajudas,

incentivos e experiências compartilhadas.

Aos colegas de turma pela amizade e convivência no decorrer desses cinco anos.

À CIRAM/EPAGRI, pela disponibilização de dados climáticos.

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ............................................................................................................................... i

AGRADECIMENTOS ..................................................................................................................... ii

LISTA DE TABELAS ....................................................................................................................... v

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................................... vi

LISTA DE SÍMBOLOS .................................................................................................................. vii

RESUMO ................................................................................................................................... viii

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1

2 OBJETIVOS................................................................................................................................ 2

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................... 2

2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................ 2

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................................... 3

3.1 Bacias Hidrográficas .......................................................................................................... 3

3.2 Ciclo Hidrológico ............................................................................................................... 3

3.3 Erosão................................................................................................................................ 4

3.4 Hidrologia e Hidrossedimentologia .................................................................................. 7

3.5 Modelagem Hidrológica .................................................................................................... 8

3.6 O modelo SWAT .............................................................................................................. 10

3.6.1 Ciclo Hidrológico ....................................................................................................... 11

3.6.2 Escoamento Superficial ............................................................................................ 12

3.6.3 Evapotranspiração .................................................................................................... 13

3.7 Geoprocessamento e SIG ................................................................................................ 14

4 METODOLOGIA ...................................................................................................................... 15

4.1 Área de Estudo .................................................................................................................... 15

4.1.1 Clima ......................................................................................................................... 16

4.1.2 Hidrografia ................................................................................................................ 16

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4.2 Processo de Funcionamento do modelo SWAT .............................................................. 19

4.3 Dados de entrada para a delimitação e caracterização da bacia hidrográfica no modelo

SWAT ..................................................................................................................................... 20

4.3.1 Modelo Numérico de Terreno.................................................................................. 20

4.3.2 Classificação de uso e ocupação do solo .................................................................. 21

4.3.3 Classificação do tipo de solo .................................................................................... 21

4.3.4 Hidrografia ................................................................................................................ 22

4.3.5 Estações Fluviométricas ........................................................................................... 22

4.3.6 Estações Climatológicas ........................................................................................... 23

4.3.7 Estações Pluviométricas ........................................................................................... 24

4.4 Calibração do Modelo SWAT .......................................................................................... 26

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................... 28

5.1 Modelo Numérico de Terreno ........................................................................................ 28

5.2 Sub-bacias e Cursos de Água .......................................................................................... 29

5.3 Classificação do Tipo de Solo .......................................................................................... 31

5.4 Classificação de Uso e Ocupação do Solo ....................................................................... 32

5.5 Simulação do Modelo SWAT ........................................................................................... 33

5.5.1 Análise de Sensibilidade e Calibração ...................................................................... 33

5.6 Vazão e Produção de Sedimentos .................................................................................. 39

5.6.1 Avaliação Espacial .................................................................................................... 39

5.6.2 Avaliação Temporal .................................................................................................. 43

6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 46

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 48

8. ANEXOS ................................................................................................................................. 53

8.1 Anexo A ........................................................................................................................... 53

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Estações fluviométricas localizadas na bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu. ........... 23

Tabela 2: Estações climatológicas localizadas na bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu. ........... 23

Tabela 3: Estações pluviométricas localizadas na bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu. .......... 25

Tabela 4: Sub-bacias geradas pelo SWAT com suas respectivas áreas e elevações médias. ... 30

Tabela 5: Tipos de solo para a bacia do rio Itajaí-Açu e suas áreas correspondentes. ............ 31

Tabela 6: Tipos de uso e ocupação do solo para a bacia do rio Itajaí-Açu e suas áreas

correspondentes. ...................................................................................................................... 32

Tabela 7: Parâmetros modificados na calibração e sua descrição. .......................................... 34

Tabela 8: Valores originais e ajustados dos parâmetros modificados na calibração. .............. 35

Tabela 9: Valores de COE e R² obtidos com a calibração. ........................................................ 35

Tabela 10: Dados de cada tipo de solo inseridos manualmente no modelo. .......................... 53

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Componentes do ciclo hidrológico. Modificado de Neitsch et al., 2002. ................... 4

Figura 2: Área de estudo: bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu. ................................................ 15

Figura 3: Principais cursos de água da bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu. ............................ 17

Figura 4: Divisão da bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu em Alto Vale, Médio Vale e Baixo

Vale. .......................................................................................................................................... 18

Figura 5: Processo de funcionamento do modelo SWAT.(Machado, 2002). ........................... 19

Figura 6: Localização geográfica das estações climatológicas, fluviométricas e pluviométricas

na área de estudo. .................................................................................................................... 26

Figura 7: Modelo numérico de terreno obtido para a bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu. .... 28

Figura 8: Sub-bacias e malha hidrográfica geradas pelo modelo SWAT e outlets inseridos

manualmente. .......................................................................................................................... 29

Figura 9: Classificação do tipo de solo para a bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu. ................. 32

Figura 10: Classificação de uso e ocupação do solo para a bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu.

.................................................................................................................................................. 33

Figura 11: Ranking dos parâmetros obtido com a análise de sensibilidade do modelo SWAT.

.................................................................................................................................................. 34

Figura 12: Valores de vazão observados, simulados sem ajuste e simulados ajustados para a

sub-bacia 4. ............................................................................................................................... 36

Figura 13: Valor de R² encontrado para a sub-bacia 4. ............................................................ 36

Figura 14: Valores de vazão observados, simulados sem ajuste e simulados ajustados para a

sub-bacia 26. ............................................................................................................................. 37

Figura 15: Valor de R² encontrado para a sub-bacia 26. .......................................................... 37

Figura 16: Distribuição espacial da média diária de vazão por sub-bacia (m³/s). .................... 39

Figura 17: Distribuição espacial da média diária de produção de sedimentos por sub-bacia

(ton/ha). .................................................................................................................................... 41

Figura 18: Distribuição espacial da média diária de precipitação por sub-bacia (mm). .......... 42

Figura 19: Médias diárias por mês de precipitação, vazão e produção de sedimentos para os

11 anos de simulação. .............................................................................................................. 43

Figura 20: Médias diárias por ano de precipitação, vazão e produção de sedimentos para os

11 anos de simulação. .............................................................................................................. 44

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LISTA DE SÍMBOLOS

Sol_Awc: Capacidade de água disponível no solo.

Canmx: Armazenamento máximo de água no dossel vegetativo (mm H2O).

Esco: Fator de compensação da evaporação do solo.

Blai: Índice de potencial máximo de área foliar da planta.

Gwqmn: Profundidade de água subterrânea requerida para que o retorno do fluxo

ocorra (mm H2O).

Revapmn: Profundidade da água limite no aqüífero raso para ocorrer o retorno do fluxo

(mm).

Sol_Z: Profundidade de cada horizonte do solo (mm).

Alpha_Bf: Fator do fluxo de base, ou constante de recessão. Define-se como a taxa na

qual a água subterrânea retorna ao rio (dias).

Sol_K: Condutividade hidráulica saturada (mm/h).

Slope: Declividade média (m/m).

Cn2: Valor da curva número inicial do Soil Conservation Service (SCS).

Gw_Revap: Coeficiente de re-evaporação da água subterrânea.

Epco: Fator de compensação de retirada das plantas.

Ch_K2: Condutividade hidráulica efetiva em aluviões do canal principal (mm/h).

Sol_Alb: Albedo do solo.

Biomix: Eficiência de mistura biológica.

Gw_Delay: Tempo de retardo para recarga do aqüífero (dias).

Surlag: Tempo de retardo do escoamento superficial.

Ch_N2: Valor de "n"para o canal principal (mm/h).

Slsubbsn: Comprimento da declividade média (m).

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RESUMO

Modelos hidrológicos são importantes ferramentas para avaliar o impacto que diferentes práticas de agricultura e de uso e ocupação do solo causam na erosão do solo e sua influência na vazão dos rios em função das condições climáticas do local. O presente trabalho teve como objetivo aplicar o modelo hidrológico SWAT (Soil and Water Assessment Tool) para a bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu (SC, Brasil), para o período de 1995 a 2005, e testar a eficiência do modelo para a área de estudo. Foi realizado um levantamento de dados climáticos diários tais como precipitação, temperatura máxima e mínima, velocidade média de vento, umidade relativa do ar e de dados geocartográficos, como uso e ocupação do solo, tipo de solo e modelo numérico de terreno, que serviram para caracterização e delimitação da área da bacia hidrográfica. Com os resultados obtidos com a simulação inicial do modelo SWAT observou-se que os valores de vazão simulados não estavam de acordo com os dados medidos, portanto foi realizada a calibração para as sub-bacias 4 e 26. Após o ajuste dos parâmetros, foi utilizado o valor de COE (Coeficiente de Eficiência de Nasch-Sutcliffe) para testar a eficiência da simulação, sendo obtido o valor de 0,53 para a sub-bacia 4, e o valor de -0,92 para a sub-bacia 26, valores insuficientes para se considerar a simulação realizada pelo modelo satisfatória para ambas sub-bacias, visto que o valor de COE deve ser de no mínimo 0,7; portanto optou-se em considerar os valores de vazão e produção de sedimentos para cada sub-bacia apenas de forma qualitativa e não de forma quantitativa. Para a avaliação espacial observou-se que as maiores contribuições sedimentares encontradas para a área da bacia hidrográfica estiveram principalmente relacionadas com o tipo de solo encontrado para as sub-bacias correspondentes, pois são solos que apresentam um alto índice erosivo. Já na avaliação temporal, os meses que apresentaram as maiores vazões e produção de sedimentos foram os meses compreendidos entre outubro e fevereiro devido às fortes chuvas características dessa época do ano. Para as médias diárias por ano, 1997 e 1998 tiveram os maiores valores de vazão e produção de sedimentos para todo o período estudado e está relacionado com o evento de El Niño que ocorreu neste período e aumentou significantemente os valores de precipitação para o sul do Brasil.

Palavras-Chave: Modelos Hidrológicos. SWAT. Dados Climáticos. Bacia Hidrográfica.

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1 INTRODUÇÃO

O intenso desenvolvimento urbano e a degradação de áreas florestais para práticas de

agricultura em áreas de bacias hidrográficas afetam substancialmente o escoamento

superficial no solo acarretando na erosão de expressivas cargas sedimentares que serão

destinadas ao exutório.

A erosão do solo pode causar diversos problemas ambientais e sociais tais como

assoreamento de rios com consequentes inundações, turbidez da água, diminuindo assim

sua qualidade para abastecimento público, redução da capacidade de reservatórios, entre

outros.

A gestão integrada dos recursos hídricos, os riscos de degradação dos solos, dos leitos dos

rios e dos ecossistemas fluviais e estuarinos, ou de contaminação dos sedimentos por

produtos químicos, levaram a dar maior atenção aos problemas que podem decorrer das

alterações dos ciclos hidrossedimentológicos naturais (TUCCI, 1993).

Devido à complexidade dos eventos que ocorrem numa bacia hidrográfica, a modelagem se

torna de extrema importância para a simulação dos ciclos hidrológico e sedimentar que

ocorrem na mesma. A dinâmica da natureza e a interação com os processos hidráulicos e

hidrológicos que governam as condições de fluxo em bacias hidrográficas necessitam a

utilização de modelos hidrológicos que permitam a interação desses processos para

melhores simulações (GUL & ROSBJERG, 2010).

O modelo hidrológico SWAT é um modelo matemático que permite integrar e simular os

diversos eventos climáticos e processos físicos que ocorrem em bacias hidrográficas, tais

como evaporação, infiltração, escoamento superficial, entre outros, possibilitando que o

modelador observe os diferentes comportamentos da bacia hidrográfica em relação à vazão

e produção de sedimentos sob diferentes condições de gestão.

A aplicação de modelos hidrológicos é muito utilizada em associação com interfaces de SIG

(Sistema de Informação Geográfica), devido às facilidades que estas interfaces apresentam

para a compilação de dados espacialmente localizados por toda a extensão da área de

estudo e pela facilidade de inserção dos diferentes requisitos de entrada exigidos pelos

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modelos, tais como mapas de tipo de solo, uso e ocupação do solo, e ainda possibilitam uma

melhor visualização e interpretação dos resultados obtidos com as simulações.

Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo testar a aplicabilidade do modelo

SWAT para a bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu integrando os diversos processos que

ocorrem na mesma.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Aplicar o modelo hidrológico SWAT para a bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu.

2.2 Objetivos Específicos

Realizar o levantamento de dados climáticos disponíveis para a área da bacia

hidrográfica para o período estudado;

Executar a calibração do modelo a partir de dados de vazão disponíveis para a área

de estudo;

Avaliar espacialmente a produção de água e sedimentos para a bacia hidrográfica do

rio Itajaí-Açu para o período de simulação;

Avaliar temporalmente a produção de água e sedimentos para a bacia hidrográfica

do rio Itajaí-Açu para o período de simulação.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Bacias Hidrográficas

A bacia hidrográfica pode ser definida como uma unidade física, caracterizada como uma

área de terra drenada por um determinado curso d’água e limitada, perifericamente, pelo

chamado divisor de águas (MACHADO, 2002).

Segundo Santos (2000 apud SANTOS & RIZZI, 2010), a bacia hidrográfica é a melhor unidade

territorial de investigação, pesquisa e planejamento, devido à possibilidade de observação

de fenômenos naturais ou antrópicos que refletem seus resultados diretamente em

determinado limite observável da paisagem.

Guerra et al.(1999) definem a bacia hidrográfica como sendo a unidade ideal de análise da

superfície terrestre, na qual é possível reconhecer e estudar as inter-relações existentes

entre os diversos elementos da paisagem e os processos que atuam na sua esculturação,

sendo dessa forma a melhor unidade de planejamento de uso de terras, levando vantagens

em relação a outras unidades delimitadas segundo outros critérios, como climáticos ou

políticos, por exemplo.

De acordo com Garcez & Alvarez (1988) também pode-se conceituar bacia hidrográfica como

sendo uma área definida e fechada topograficamente num ponto do curso de água, de

forma que toda a vazão afluente possa ser medida ou descarregada através desse ponto; e

ainda pode se considerar sinônimo de bacia hidrográfica os seguintes termos: bacia de

captação, bacia imbrífera, bacia coletora, bacia de drenagem superficial, bacia hidrológica,

bacia de contribuição.

3.2 Ciclo Hidrológico

O ciclo hidrológico (Figura 1) é o fenômeno global de circulação fechada da água entre a

superfície terrestre e a atmosfera (TUCCI, 1997). Os fatores que impulsionam o ciclo

hidrológico são a energia térmica solar, a força dos ventos, que transportam vapor d’água

para os continentes, a força da gravidade responsável pelos fenômenos da precipitação, da

infiltração e deslocamento das massas de água. Os principais componentes do ciclo

hidrológico são a precipitação, a evaporação, a transpiração das plantas, a percolação,

infiltração e a drenagem (TUNDISI, 2003).

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Figura 1: Componentes do ciclo hidrológico. Modificado de Neitsch et al., 2002.

Entende-se por precipitação a água proveniente do vapor de água da atmosfera depositada

na superfície terrestre de qualquer forma, como chuva, granizo, orvalho, neblina, neve ou

geada (PINTO et al., 1976).

Evaporação é o conjunto dos fenômenos de natureza física que transformam em vapor a

água da superfície do solo, a dos cursos de água, lagos reservatórios de acumulação e mares.

A água que atinge o solo segue diversos caminhos. Como o solo é um meio poroso, há

infiltração de toda precipitação que chega ao solo, enquanto a superfície do solo não se

satura. A partir do momento da saturação superficial, à medida que o solo vai sendo

saturado a maiores profundidades, a infiltração decresce até uma taxa residual, com o

excesso não infiltrado da precipitação gerando escoamento superficial (TUCCI, 1997).

3.3 Erosão

A erosão é o fenômeno da desagregação e remoção das partículas do solo, sendo que esta

pode ocorrer devido aos agentes ativos, principalmente a água e o vento, e passivos, os

quais se destacam a topografia, o tipo de solo e a cobertura vegetal, ou ainda ter seu

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processo acelerado devido às ações humanas de práticas de uso do solo (LIMA, 2003; LOPES,

2008).

A erosão ocorre em três etapas, sendo a primeira a desagregação, posteriormente, o

transporte e, finalmente, a sedimentação das partículas (LOPES, 2008).

Já Galeti (1972), ainda descreve as etapas acima citadas da seguinte maneira:

1ª Fase: Desagregação

A desagregação constitui-se numa fase de choque, de impacto, de batida contra a superfície

do solo. A natureza do solo (textura, estrutura, cultivo, etc.) e a cobertura (quantidade e

tipo) influem na intensidade da desagregação. Esta fase é tão importante, que é

considerada, por alguns especialistas, como um tipo de erosão.

2ª Fase: Transporte

Depois de soltas, as partículas minerais e orgânicas são transportadas. É preciso considerar,

no transporte, o tamanho das partículas, a força do agente, a topografia do terreno e a

presença ou ausência de obstáculos (vegetação, pedras, etc.)

3ª Fase: Deposição

A deposição é a parada do material e consequentemente o fim do transporte. Isto se verifica

quando o agente perde a sua força, diminuindo sua velocidade ou volume; ou porque

encontra um obstáculo que o faça mudar de direção ou que se coloque à frente do material

transportado retardando o seu movimento ou mesmo forçando a sua parada.

De acordo com Lima (2003); Guerra et al. (1999), os elementos de maior influência no

processo erosivo são as chuvas, e o consequente escoamento superficial, o relevo, cobertura

vegetal/uso do solo e a natureza do solo.

Chuva: é um elemento climático que exerce a principal influência na erosão hídrica

do solo, principalmente através de sua intensidade, volume e frequência,

características estas que são fundamentais no que se refere ao impacto das gotas da

chuva no solo e em relação ao volume e velocidade da enxurrada.

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A erosão do solo responde tanto à quantidade total de chuva e às diferenças na

intensidade da chuva, no entanto, a variável dominante é a intensidade e energia da

precipitação, ao invés apenas da quantidade de precipitação (NEARING et al., 2005)

O escoamento superficial, como complemento da ação erosiva das chuvas, exerce as

ações de remoção, transporte e deposição das partículas do solo. O volume de

escoamento, que determina o poder erosivo, depende da quantidade de chuva

precipitada, da capacidade de infiltração do solo e da capacidade de retenção do

fluxo d’água na superfície do solo (DUNE & LEOPOLD, 1978 apud LIMA, 2003).

Relevo: O relevo representa significativa importância na erosão hídrica devido a sua

característica de potencializar o processo de erosão, pelo fato de exercer influência

sobre o volume e a velocidade da enxurrada.

Cobertura vegetal e uso do solo: A cobertura vegetal natural ou alterada pelo homem

constitui-se em agente protetor do solo contra a erosão e varia conforme o tipo de

cobertura e, principalmente, sua densidade.

Bertoni & Lombardi Neto (1993) afirmam que o efeito que a vegetação exerce na

proteção do solo, pode ser das seguintes formas: a) proteção direta contra o impacto

das gotas de chuva; b) dispersão da água, interceptando-a e evaporando-a antes que

atinja o solo; c) decomposição das raízes das plantas que, formando pequenos canais

no solo, aumentam a infiltração da água; d) melhoramento da estrutura do solo pela

adição de matéria orgânica, aumentando assim sua capacidade de retenção de água;

e) diminuição da velocidade de escoamento da enxurrada pelo aumento do atrito na

superfície.

Natureza do solo: As características físicas, químicas, mineralógicas e biológicas dos

solos lhes proporcionam comportamentos diferentes diante dos agentes erosivos.

Esse comportamento é traduzido pela suscetibilidade do solo à erosão, que indica a

sua maior ou menor resistência a esse fenômeno.

Segundo Guerra et al. (1999), a erosão do solo deve-se às suas propriedades físicas,

principalmente textura, estrutura, permeabilidade e densidade, e às suas propriedades

químicas, biológicas e mineralógicas, propriedades estas que serão descritas a seguir.

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A textura e a estrutura das partículas do solo influem na capacidade de infiltração e de

absorção da água da chuva, interferindo no potencial de enxurradas, e em relação à maior

ou menor coesão entre as partículas. Já a permeabilidade determina a maior ou menor

capacidade de infiltração das águas de chuva, estando diretamente relacionada com a

porosidade do solo.

A densidade do solo, relação entre a sua massa total e volume, é inversamente proporcional

à porosidade e permeabilidade. Por efeito de compactação do solo, observa-se um aumento

de densidade, como resultado da diminuição dos macroporos e, em função disso, o solo

torna-se mais erodível.

As propriedades químicas, biológicas e mineralógicas do solo influem no estado de

agregação entre as partículas, aumentando ou diminuindo a resistência do solo à erosão.

Já segundo Tucci (2004); Lino (2009), a ação conjunta desses fatores (chuva, relevo, natureza

do solo e cobertura vegetal e uso do solo) que irão ocasionar a erosão pode resultar também

em diversos problemas referentes aos ambientes aquáticos, tais como:

Perdas de produção agrícola decorrentes do reconhecimento de áreas agricultadas

por sedimentos estéreis e do encharcamento das mesmas, resultantes da obstrução

de drenos naturais;

Assoreamento de reservatórios, com prejuízos para o abastecimento público e

industrial, a recreação e outros usos;

Manutenção de sistemas de irrigação e de drenagem;

Dragagem de vias navegáveis e portos;

Tratamento de água para uso industrial e doméstico, devido ao aumento da turbidez

destas águas;

Remoção de sedimentos das zonas atingidas pelas inundações.

3.4 Hidrologia e Hidrossedimentologia

A hidrologia leva em conta todos os parâmetros que entram no fenômeno do ciclo da água

dentro do meio ambiente terrestre, os quais são divididos basicamente em três categorias:

parâmetros climáticos (precipitação, evapotranspiração e parâmetros secundários ligados

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aos primeiros, tais como radiações solares, temperaturas, umidade do ar, vento, etc.),

parâmetros do escoamento (descargas líquida e sólida e parâmetros secundários ligados aos

primeiros como nível da água, características da rede de drenagem, área da bacia delimitada

pela rede de drenagem, velocidade, qualidade da água e dos sedimentos transportados,

reservatórios naturais e artificiais, etc.), e parâmetros característicos do meio receptor

(geologia, topografia, solos, vegetação, urbanização, etc.) (TUCCI, 1993).

Ainda segundo o mesmo autor, em seu movimento rumo à saída de uma bacia hidrográfica,

a água por esta interceptada flui sobre (ou dentro) as rochas e os solos que formam ou

revestem as vertentes e as calhas da rede de drenagem. Os obstáculos que então encontra

determinam os caminhos que ela vai seguir e a velocidade com que se deslocará, e dissipam

boa parte de energia de que está provida, ao propiciar que partículas sólidas sejam

removidas e transportadas vertente ou rio abaixo, pelo fluxo líquido.

3.5 Modelagem Hidrológica

A modelagem é aplicada devido à complexidade dos processos naturais (LOPES, 2008).

Grandes áreas de desenvolvimento e gestão de recursos hídricos requerem uma

compreensão dos processos hidrológicos básicos e de simulações da capacidade das bacias

hidrográficas (ARNOLD & FOHRER, 2005).

Segundo Kobiyama & Manfroi (1999), os fenômenos naturais são complexos, por isso é

necessária uma abordagem básica para compreendê-los fisicamente e de forma genérica,

com a utilização de leis empíricas e de hipóteses, o que requer a aplicação da modelagem.

Qualquer modelo é uma aproximação à realidade, por isso para que ele tenha um resultado

satisfatório é preciso aquisição de dados do fenômeno, que são obtidos com o

monitoramento.

Um modelo hidrológico pode ser definido como uma representação matemática do fluxo de

água e seus constituintes sobre alguma parte da superfície e/ou subsuperfície terrestre

(RENNÓ & SOARES, 2000). Modelos hidrológicos têm sido desenvolvidos a partir da

necessidade de entender melhor o comportamento dos fenômenos hidrológicos que

ocorrem na bacia hidrográfica, facilitando dessa forma, uma análise quantitativa e

qualitativa dos processos do ciclo hidrológico, tais como, precipitação, evaporação,

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9

interceptação, infiltração, produção de sedimentos, escoamento superficial e subterrâneo

(SANTOS, 2009).

A bacia hidrográfica é o objeto de estudo da maioria dos modelos hidrológicos, reunindo as

superfícies que captam e despejam água sobre um ou mais canais de escoamento que

desembocam numa única saída (RENNÓ & SOARES, 2000).

Assim como é possível distinguir os principais fenômenos que compõem o ciclo hidrológico

(interceptação, evaporação, infiltração, etc), é também possível identificar os processos que

regem os deslocamentos das partículas sólidas, cujo conjunto constitui o ciclo

hidrossedimentológico. Esses processos são desagregação, extração ou erosão, transporte,

decantação (ou sedimentação), depósito e consolidação (TUCCI,1993).

A simulação hidrológica é limitada pela heterogeneidade física da bacia e dos processos

envolvidos, o que tem propiciado o desenvolvimento de um grande número de modelos que

se diferenciam em função dos dados utilizados, discretização, das prioridades da

representação dos processos e dos objetivos a serem alcançados (CHRISTOFOLETTI, 1999

apud LINO, 2009).

A modelagem hidrológica permite verificar a consistência das informações disponíveis

(dados observados), que são em geral muito curtas, obtidas a partir das observações

hidrológicas nas bacias hidrográficas, e com base nesses dados, os modelos hidrológicos

podem ser calibrados, permitindo, por exemplo, a geração de séries sintéticas e a utilização

dos modelos como ferramenta de obtenção de dados em bacias não monitoradas (SANTOS,

2009)

Segundo Kobiyama & Manfroi (1999) a simulação é o processo de execução do modelo.

Nesta execução, a calibração do modelo é indispensável. Pela natureza da simulação, quanto

mais sofisticado o modelo, mais calibrações são necessárias. A calibração do modelo é

sempre feita com dados obtidos pelo monitoramento.

Calibração de modelos em escala de bacias hidrográficas é uma tarefa desafiadora por causa

das incertezas possíveis que possam existir na forma de simplificação de processos, os

processos não contabilizados pelo modelo e ainda processos na bacia que são

desconhecidos para o modelador (ABBASPOUR et al., 2007).

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3.6 O modelo SWAT

O modelo Soil and Water Assessement Tool (SWAT) foi desenvolvido por Jeff Arnold do

Serviço de Pesquisas Agrícolas (Agricultural Research Service - ARS) do Departamento de

Agricultura dos Estados Unidos (USDA - United States Department of Agriculture).

The Soil and Water Assessmento Tool (SWAT), é um modelo de domínio público e de fonte

aberta e integrada que permite aos usuários inferir modificações para aplicações sob

medida, e tem sido amplamente utilizado nos últimos anos para uma série de recursos

hídricos e estudos de modelagem de poluição em bacias de tamanhos diferentes (GUL &

ROSBJERG, 2010).

SWAT é um modelo computacionalmente eficiente e capaz de realizar contínuas simulações

em escalas de longos períodos de tempo (ARNOLD & FOHRER, 2005; GASSMAN et al., 2007)

O objetivo do desenvolvimento do modelo foi poder prever o impacto da gestão sobre a

água, produção de sedimentos e produtos químicos agrícolas em grandes bacias não

monitoradas. Para satisfazer o objetivo, o modelo (a) não requer calibração, visto que a

calibração não é possível em bacias não monitoradas; (b) utiliza insumos disponíveis para

grandes áreas; (c) é computacionalmente eficiente para operar em grandes bacias em um

tempo razoável e (d) é de tempo contínuo e capaz de simular longos períodos, sendo

possível a observação dos efeitos das mudanças de gestão (ARNOLD et al., 1998).

O modelo foi desenvolvido para simular processos que envolvem uso e classificação do solo,

chuvas e vazão com um elevado nível de detalhamento espacial, permitindo que a bacia

hidrográfica seja dividida em sub-bacias que posteriormente serão divididas em função de

diversas combinações entre características de uso da terra e solo, que serão então chamadas

de unidades de resposta hidrológicas (HRU). O processo de simulação inclui os principais

componentes referentes à hidrologia, clima, erosão, temperatura de solo, crescimento da

vegetação e práticas de agricultura (JIE et al., 2010).

A subdivisão da bacia permite que o modelo identifique diferenças de evapotranspiração

para diferentes práticas de agricultura e solos. O escoamento é previsto separadamente

para cada HRU e posteriormente somado para obter o escoamento total da bacia. Isso

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aumenta a precisão e dá uma descrição física muito melhor do balanço hídrico para a bacia

(NEITSCH et al., 2005).

Os dados de entrada no modelo consistem em dados meteorológicos diários tais como

temperatura máxima e mínima, velocidade do vento, umidade relativa, evapotranspiração,

precipitação e radiação solar. Na ocasião de não existirem alguns desses dados medidos,

pode-se solicitar que o modelo simule os mesmos através do gerador climático WGEN

pertencente ao modelo.

Ainda se faz necessária a entrada de dados geocartográficos como um modelo numérico de

terreno, classificação de uso e ocupação do solo e tipo de solo para a área de estudo.

3.6.1 Ciclo Hidrológico

O ciclo hidrológico simulado pelo SWAT é baseado na equação do balanço hídrico:

Onde:

SWt: é o conteúdo final de água no solo (mm H2O);

SW0: é o conteúdo inicial de água no solo no dia i (mm H2O);

t: é o tempo (dias);

Rday: é a precipitação total no dia i (mm H2O);

Qsurf: é o escoamento superficial total no dia i (mm H20);

Ea: é a evapotranspiração total no dia i (mm H2O);

Wseep: é a quantidade de água que entra solo e é armazenada no dia i (mm H2O);

Qqw: é a quantidade de fluxo de retorno no dia i (mm H2O)

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3.6.2 Escoamento Superficial

Escoamento superficial ocorre sempre que a taxa de incidência de água à superfície do solo

excede a taxa de infiltração. Quando a água inicialmente incide em um solo seco, a taxa de

incidência e as taxas de infiltração podem ser semelhantes. No entanto, a taxa de infiltração

diminuirá à medida que o solo se torna mais úmido. Quando a taxa de incidência é maior do

que a taxa de infiltração, as depressões da superfície começam a preencher e, se a taxa de

incidência continuar a ser superior à taxa de infiltração de uma vez, quando todas as

depressões da superfície tiverem sido preenchidas, o escoamento superficial começará

(NEITSCH et al., 2005).

A equação de escoamento superficial Método SCS de Curva de Número é um modelo

empírico que entrou em uso comum na década de 1950. Foi o produto de mais de 20 anos

de estudos envolvendo relações chuva-vazão de pequenas bacias hidrográficas rurais em

todos os EUA. O modelo foi desenvolvido para fornecer uma base consistente para estimar a

quantidade de escoamento sob diferentes condições de uso da terra e tipos de solo.

A equação de escoamento do Método SCS de Curva de Número é (SCS, 1972):

Onde:

Qsurf: é o escoamento superficial total (mm H2O)

Rday: é a precipitação total diária (mm H2O)

Ia: é a abstração inicial que inclui armazenamento de superfície, interceptação e infiltração

antes do escoamento superficial (mm H20)

S: é o parâmetro de retenção, o qual é calculado de acordo com a equação:

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Onde CN é a curva de número para o dia, a qual é uma função da permeabilidade do solo,

uso do solo e condições antecedentes de água no solo. Os valores para CN estão

compreendidos entre 0 e 100, sendo 0 para uma bacia com permeabilidade infinita e 100

para uma bacia totalmente impermeável.

A abstração inicial é, geralmente, aproximadamente 0,2S, portanto a equação inicial se

torna:

E o escoamento inicial irá acontecer somente quando Rday > Ia.

3.6.3 Evapotranspiração

Evapotranspiração é um termo coletivo que inclui todos os processos pelos quais a água na

superfície da Terra é convertida em vapor d'água. Ele inclui a evaporação do dossel da

planta, transpiração, sublimação e evaporação pelo solo (NEITSCH et al., 2005).

3.6.4 Erosão

A erosão e a produção de sedimentos são estimadas para cada HRU através da Equação

Universal da Perda de Solo Modificada (MUSLE) descrita inicialmente por Williams em 1975.

Enquanto a USLE, equação anteriormente utilizada para cálculo de produção de sedimentos,

utiliza precipitação como um indicador de energia erosiva, a MUSLE usa a quantidade de

escoamento para simular a erosão e a produção de sedimentos. A substituição resultou em

uma série de benefícios, tais como um aumento na precisão da previsão do modelo e as

estimativas de produção de sedimentos para eventos únicos de tempestades podem ser

calculadas (NEITSCH et al., 2005).

O SWAT simula a produção de sedimentos utilizando a Equação Universal da Perda de Solo

Modificada (MUSLE, Modified Universal Soil Loss Equation):

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Onde:

Sed: é a produção de sedimentos por dia (toneladas métricas);

Qsurf: é o escoamento superficial total (mm H2O/ha);

qpeak: é taxa do escoamento de pico (m³/s);

areahru: é a área da HRU (ha);

KUSLE: é o fator USLE de erodibilidade do solo (0.013 toneladas métricas m² hr/(m3

toneladas métricas cm));

CUSLE: é o fator USLE de cobertura e gestão;

PUSLE: é o fator USLE de práticas conservacionistas;

LSUSLE: é o fator USLE de declividade;

CFRG: é o fator de fragmentos grossos.

Fórmulas para cada uma dessas variáveis descritas acima podem ser encontradas no manual

do modelo SWAT.

3.7 Geoprocessamento e SIG

Modelos de simulação são ferramentas úteis para análise dos processos de bacias

hidrográficas e suas interações, e para o desenvolvimento e avaliação de cenários de gestão

de bacias hidrográficas. Implementação destes modelos, no entanto, muitas vezes exige a

integração de sistemas de informação geográfica (SIG), sensoriamento remoto, e vários

bancos de dados para o desenvolvimento dos parâmetros de entrada do modelo e para a

análise e visualização dos resultados da simulação (HE, 2001).

De acordo com Gassman et al., (2007), o processo de configuração do SWAT para bacias

hidrográficas foi muito facilitado pelo desenvolvimento de interfaces baseadas em SIG, que

fornecem um meio simples de traduzir digitalmente dados de usos da terra, topografia e de

solo para entradas exigidas pelo modelo.

O sistema SWAT ArcView desenvolvido por DiLuzio et al., (1998), consiste em três

componentes principais: (1) pré-processamento gerando parâmetros topográficos para as

sub-bacias e parâmetros de entrada do modelo, (2) edição de dados de entrada e execução

da simulação; e (3) pós-processamento de visualização gráfica e tabular dos resultados

(ARNOLD & FOHRER, 2005).

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4 METODOLOGIA

4.1 Área de Estudo

O Estado de Santa Catarina está situado nas regiões hidrográficas do Paraná, Uruguai e do

Atlântico Sul. É constituído por dois sistemas de drenagem: a Vertente do Interior, que

abrange todos os cursos de água que têm suas nascentes localizadas a oeste da Serra Geral e

que integram as regiões hidrográficas do Uruguai e do Paraná, e a Vertente Atlântica que

abrange todas as bacias hidrográficas dos rios que nascem a leste da Serra Geral e tem sua

foz no oceano Atlântico, incluindo a bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu (Figura 2).

Figura 2: Área de estudo: bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu.

A bacia do rio Itajaí-Açu está entre as outras duas maiores bacias da VA (Vertente Atlântica):

a bacia do rio Itapocu ao norte, com 2.930 km², e a bacia do rio Tijucas ao sul, com 2.420 km²

(SCHETTINI, 2002). Esta bacia é uma das mais expressivas do Estado, tanto nos aspectos de

hidrografia quanto nos aspectos socioeconômicos, e possui uma área de drenagem de

aproximadamente 15.000 km², sendo composta por sete sub-bacias: Itajaí do Norte,

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Benedito, Luiz Alves, Itajaí-Açu, Itajaí-Mirim, Itajaí do Sul e Itajaí do Oeste e por 47

municípios (SANTA CATARINA, 1997).

4.1.1 Clima

O clima da bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu é mesotérmico úmido, grupo climático Cfa

subtropical úmido, com distribuição quase uniforme das chuvas por todos os meses, devido

à superposição de três regimes pluviométricos que se confrontam na região sul do Brasil

(COMITE DO ITAJAÍ, 2005):

(a) o tropical, com máximas no verão, provenientes das continuidades tropicais;

(b) o de frente polar de percurso oceânico, apresentando máximas no outono; e

(c) o da frente polar de percurso continental, provocando as chuvas de inverno e de

primavera.

A região possui uma temperatura média anual de 20,1° C (Blumenau) e 18,4°C (Ituporanga),

temperatura média máxima de 27,2°C (Blumenau), temperatura média mínima de 15,8°C

(Blumenau) e temperatura máxima absoluta no verão de 43°C (Blumenau) (FURB, 2011).

Do total de chuvas no ano, 15% é de chuvas fracas (0,1 a 1,0 mm); 55% é de chuvas

consideradas como regulares (1,0 a 10 mm) e 30% é de chuvas fortes (acima de 10mm). As

chuvas mais intensas ocorrem, geralmente, durante a época chuvosa (verão/primavera) e as

mais fracas, normalmente no inverno. Os grandes aguaceiros não chegam a atingir 200 mm

por dia (Blumenau, 183 mm) durante o verão, já no inverno, estes declinam até 50 mm em

24 horas (SANTA CATARINA, 1999).

4.1.2 Hidrografia

Os rios da bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu apresentam um perfil longitudinal bastante

irregular no curso superior, onde a topografia é acidentada. No curso inferior, os rios

formam meandros, apresentando perfis longitudinais de baixas declividades, caracterizando-

se como rios de planície.

O maior curso d'água desta bacia é o rio Itajaí-Açu, suprido por 54 rios e ribeirões, sendo os

principais formadores os rios Itajaí do Oeste e Itajaí do Sul como ilustrado na Figura 3. Estes

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rios se encontram em Rio do Sul, onde, juntos, passam a se chamar rio Itajaí-Açu. Os

principais tributários são o rio Itajaí do Norte, que desemboca no rio Itajaí-Açu no município

de Ibirama, o rio Benedito e o rio Itajaí-Mirim, que desemboca em Itajaí. O rio Itajaí-Açu

percorre cerca de 200 km desde suas nascentes até a foz no Oceano Atlântico, localizada

entre as cidades de Itajaí e Navegantes (COMITÊ DO ITAJAÍ, 2005).

Figura 3: Principais cursos de água da bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu.

4.1.3 Geomorfologia

As altitudes na bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu variam de 0 (zero) a aproximadamente

1500 metros, sendo esta dividida em função de suas características físicas e morfológicas em

3 regiões: Alto Vale, Médio Vale e Baixo Vale (Figura 4).

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Figura 4: Divisão da bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu em Alto Vale, Médio Vale e Baixo Vale.

O Alto Vale inicia nas nascentes dos rios Itajaí do Sul e Itajaí do Oeste, até Salto dos Pilões, a

montante da foz do rio Itajaí do Norte. Com 26 km de extensão, neste trecho, o rio Itajaí

apresenta pequena declividade e curso sinuoso (FURB, 2011). Estas características

geomorfológicas devem-se por esta região situar-se no Domínio Geomorfológico Cobertura

Sedimentar Gondwânica que está inserido na Bacia do Paraná (COMITÊ DO ITAJAÍ, 2010).

A região do Médio Vale inicia em Salto dos Pilões, o rio Itajaí-Açu percorre, neste trecho, 83

km até o Salto Weissbach, nas proximidades de Blumenau. Os 12 km iniciais apresentam

forte declividade, que posteriormente vai diminuindo gradativamente; em toda a sua

extensão apresenta-se sinuoso (FURB, 2011). Nesta região o desgaste do rio é menor, pois as

rochas sedimentares existentes já foram erodidas, aflorando nas suas margens as rochas

metamórficas do Complexo Granulítico de Santa Catarina e também as rochas efusivas do

Grupo Itajaí.

No Baixo Vale do Itajaí, onde ocorre o alargamento da planície sedimentar, as cotas

altimétricas muitas vezes são inferiores a 100 metros e o escoamento é menor, sendo que o

rio transporta apenas material mais selecionado de granulação mais fina, principalmente

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areia, silte e argila, iniciando o processo de deposição e surgindo as várzeas e as planícies de

aluvião (COMITÊ DO ITAJAÍ, 2010).

4.2 Processo de Funcionamento do modelo SWAT

O procedimento para a simulação no modelo SWAT, ilustrado na Figura 5, está basicamente

divididos em dois processos: inicialmente a delimitação da bacia hidrográfica, a partir de um

modelo numérico de terreno, e posteriormente a entrada de dados que caracterizem esta

bacia, como dados climáticos, características do solo e de uso e ocupação do solo. Estes

dados são tratados e inseridos no modelo através da utilização de um SIG.

Figura 5: Processo de funcionamento do modelo SWAT. Fonte: Machado, 2002.

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4.3 Dados de entrada para a delimitação e caracterização da bacia hidrográfica no modelo

SWAT

4.3.1 Modelo Numérico de Terreno

Como a topografia é o principal fator determinante nos processos de transporte de

materiais, os modelos que tratam da distribuição espacial da água na bacia hidrográfica

requerem dados baseados nas características topográficas desta bacia tais como, limites das

bacias e sub-bacias, inclinação do terreno, comprimento de rampa, forma do declive,

aspecto, canais de drenagem e conexões entre áreas que definirão como a água se move

através da paisagem. Estes atributos topográficos podem ser computados a partir de um

Modelo Numérico de Terreno (MNT) usando-se uma variedade de técnicas. A estrutura ideal

para um MNT depende do objetivo do uso do dado e de como este pode se relacionar com a

estrutura de um modelo (MOORE et al., 1993).

Inicialmente, para a delimitação da bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu no modelo SWAT,

deve-se inserir um modelo numérico de terreno, o qual será o princípio para que, através

das altitudes contidas nesse modelo, sejam determinados os caminhos dos cursos de água

que se destinarão ao exutório como destino final.

Como arquivos de entrada podem ser inseridos diversos Modelos Numéricos de Terreno e

Modelos Digitais de Elevação disponibilizados por diferentes missões, tais como os arquivos

da missão SRTM (The Shuttle Radar Topography Mission) e ASTER (Advanced Spaceborn

Thermal Emission and Reflection Radiometer), ambos da NASA. Porém, para a área de

estudo deste trabalho ocorreram falhas na utilização destes modelos no momento em que a

bacia hidrográfica era delimitada pelo SWAT, portanto verificou-se a necessidade de uma

diferente metodologia para criação de um Modelo Numérico de Terreno.

A metodologia então adotada para a geração de um MNT foi a união das curvas de níveis de

31 cartas digitais, disponibilizadas online pela EPAGRI/CIRAM (Centro de Informações de

Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina / Empresa de Pesquisa

Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) através da Mapoteca Topográfica Digital

de Santa Catarina, referentes aos municípios da área da bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu.

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Após ter sido realizada a união e algumas correções nestas cartas, foi realizada uma

interpolação TIN (Triangular Irregular Network) no software ArcGIS® e gerado então um

arquivo de imagem (raster) para que pudesse ser introduzido e corretamente lido pelo

modelo.

4.3.2 Classificação de uso e ocupação do solo

Para a realização da classificação de uso e ocupação do solo foram obtidas quatro imagens

do satélite LANDSAT-5 TM, obtidas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)

disponibilizadas online através do site do DGI (Direção e Geração de Imagens), duas delas

referentes à Órbita/Ponto 220/78 e 220/79 de 04 de fevereiro de 2010, e as outras duas

referentes à Órbita/Ponto 221/79 e 221/78 de 16 de abril de 2010.

Após a obtenção das imagens estas foram inseridas no software ArcGIS® 9.2 para

georreferenciamento, nesta etapa deve-se atentar que é recomendado que o erro obtido

com este processo, o EQM (Erro Quadrático Médio), seja inferior a resolução do pixel da

imagem, que no caso era de 30 metros.

Posteriormente, foi realizada a criação de um mosaico das imagens obtidas que englobasse

toda a área da bacia hidrográfica e então realizada a metodologia de Classificação

Supervisionada, que consiste na criação de polígonos que caracterizem cada classe de uso e

ocupação do solo e então criadas assinaturas para estas classes.

Foram ainda realizados procedimentos posteriores para que esta classificação representasse

melhor a área de estudo e eliminasse possíveis falhas de caracterização. Áreas que possuíam

a presença de nuvens também foram reclassificadas pela classe de uso e ocupação de solo

predominante abaixo das mesmas.

4.3.3 Classificação do tipo de solo

O mapa de solo para a área de estudo foi obtido a partir do mapa de solo de Santa Catarina

referente ao projeto de “Levantamento e Reconhecimento dos Solos do Estado de Santa

Catarina” disponibilizado pela EMBRAPA.

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Após ser inserido no ArcGIS® e recortado para caracterizar apenas a área de estudo, os solos

pertencentes à bacia foram reclassificados para que restassem apenas os solos com maior

representatividade na região.

O modelo SWAT possui em seu banco de dados apenas informações referentes aos solos dos

Estados Unidos, portanto foi necessário que os dados dos solos pertencentes à área de

estudo fossem inseridos manualmente no modelo. As características para cada classe de

solo tais como as características de cada camada de cada classe de solo, foram obtidas de

Baldissera (2005) e estão apresentadas na Tabela 10 (Anexo A).

4.3.4 Hidrografia

A malha hidrográfica utilizada durante todo o processo da modelagem é automaticamente

delimitada pelo modelo SWAT a partir do MNT inserido, por isso a necessidade que este não

apresente falhas para a área de estudo.

O modelo reconhece as áreas de maiores e menores altitudes e, a partir disso, determina o

percurso dos cursos de água, gerando assim uma malha hidrográfica para toda a bacia.

Procedimentos de ajuste desta malha, bem como a determinação do exutório e demais

outlets, podem ser manejados pelo executor para uma melhor representação da área em

questão.

4.3.5 Estações Fluviométricas

Foi realizado um levantamento das estações fluviométricas (Tabela 1, Figura 6) monitoradas

pela ANA (Agência Nacional de Águas) disponibilizadas online através do endereço eletrônico

http://hidroweb.ana.gov.br/, que continham dados para o período de 1995 a 2005 e que se

localizavam por toda extensão da bacia hidrográfica.

Estas estações foram então introduzidas no modelo com suas respectivas localizações para

que estes locais fossem determinados como outlets de cada subbacia gerada pelo modelo,

podendo-se assim realizar a comparação de dados de vazão medidos e simulados para

posterior calibração da simulação inicial.

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Tabela 1: Estações fluviométricas localizadas na bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu.

Código Estação

(ANA) Município

Coordenadas UTM Altitude

XPR (E) YPR (N)

83029900 Taió 586.184,35 7.008.784,97 0

83050000 Taió 599.669,70 7.000.634,00 360

83069900 Trombudo Central 618.825,48 6.979.361,97 0

83105000 Alfredo Wagner 661.121,04 6.937.526,15 454

83250000 Ituporanga 637.214,86 6.969.707,55 370

83300200 Rio do Sul 634.916,19 6.989.935,86 350

83440000 Ibirama 646.869,28 7.007.865,50 151

83520000 Indaial 669.396,26 7.018.899,12 72

83660000 Benedito Novo 662.617,30 7.036.044,00 90

83675000 Rio dos Cedros 671.694,93 7.040.966,37 80

83677000 Timbó 671.235,20 7.031.771,68 0

83690000 Indaial 674.913,07 7.024.875,67 60

83892990 Vidal Ramos 664.798,92 6.976.603,56 0

83892998 Botuverá 689.164,83 6.990.855,33 0

83900000 Brusque 706.431,50 7.000.707,50 35

4.3.6 Estações Climatológicas

Como dados climáticos de entrada no modelo são necessários dados diários de temperatura

máxima e mínima, velocidade média de vento, evapotranspiração, umidade relativa,

radiação solar e precipitação.

Os dados referentes a todos esses parâmetros foram cedidos pela EPAGRI/CIRAM e foram

obtidos através das estações listadas na Tabela 2 e ilustradas na Figura 6, localizadas nos

municípios de Indaial, Itajaí e Ituporanga para os anos de 1995 a 2005. Para a variável

radiação solar optou-se pela simulação automática disponível no modelo devido a inúmeros

intervalos sem dados para este o período.

Tabela 2: Estações climatológicas localizadas na bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu.

Código Estação Município

Coordenadas (m)

(Epagri/Ciram) XPR YPR

167 Indaial 669.863,000 7.018.390,000

183 Itajaí 733.840,000 7.022.490,000

191 Ituporanga 642.943,000 6.957.120,000

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24

Para os dias em que os valores destes dados medidos eram inexistentes, estes foram

substituídos pelo valor de -99 para que o modelo realizasse uma simulação apenas destes

valores e em função dos valores dos dias anteriores e dos dias seguintes.

A partir destes dados ajustados foram calculados os valores necessários para entrada no

gerador climático acoplado ao modelo, tais parâmetros são:

TMPMX: Média da temperatura máxima diária do mês (°C)

TMPMN: Média da temperatura mínima diária do mês (°C)

TMPSTDMX: Desvio padrão da temperatura máxima diária do mês (°C)

TMPSTDMN: Desvio padrão da temperatura mínima diária do mês (°C)

PCPMM: Média da precipitação total mensal (mm)

PCPSTD: Desvio padrão para precipitação diária no mês (mm)

PR_W1: Probabilidade de um dia úmido seguir um dia seco no mês

PR_W2: Probabilidade de um dia úmido seguir um dia úmido no mês

PCPD: Número médio de dias de precipitação no mês

WNDAV: Média da velocidade do vento diária no mês (m/s)

Os parâmetros PCPMM, PCPSTD, PR_W1, PR_W2, PCPD, referente aos dados de

precipitação, foram calculados com o auxílio do programa pcpSTAT desenvolvido por Liersch

(2003).

4.3.7 Estações Pluviométricas

O levantamento dos dados pluviométricos disponibilizados pela ANA resultou nas estações

listadas na Tabela 3 e ilustradas na Figura 6, pois foram as estações que possuíam uma maior

quantidade de dados diários de chuva no período de 1995 a 2005, necessários para entrada

no modelo.

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25

Tabela 3: Estações pluviométricas localizadas na bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu.

Código Estação (ANA) Município Coordenadas (m) Elevação

(m) XPR YPR

2648019 Piçarras 729.016,011 7.038.937,736 10

2649001 Indaial 669.863,193 7.018.393,644 72

2649002 Pomerode 681.906,282 7.041.417,196 46

2649005 Indaial 671.634,235 7.022.644,146 60

2649007 Blumenau 691.469,911 7.021.935,729 12

2649008 Rio dos Cedros 671.988,444 7.041.062,987 80

2649009 Blumenau 691.115,703 7.014.851,559 40

2649010 Blumenau 690.761,494 7.034.333,026 65

2649017 Benedito Novo 651.090,143 7.043.542,447 250

2649058 Vitor Meireles 617.440,336 7.046.021,906 450

2650014 Rio do Campo 585.074,535 7.019.367,717 600

2650022 Papanduva 601.146,748 7.073.295,960 1000

2650023 Papanduva 584.853,154 7.047.792,949 800

2749001 Ibirama 647.193,849 7.007.058,972 151

2749002 Ituporanga 637.630,220 6.969.512,871 370

2749005 Ibirama 639.755,471 7.009.538,431 252

2749006 Pouso Redondo 604.334,621 6.985.098,045 353

2749007 Alfredo Wagner 659.591,147 6.931.966,771 550

2749013 Trombudo Central 621.690,838 6.981.201,752 350

2749016 Apiuna 660.299,564 7.008.121,597 200

2749017 Ituporanga 642.943,347 6.957.115,574 370

2749037 Alfredo Wagner 661.007,981 6.937.279,898 454

2749039 Rio do Sul 635.150,760 6.990.411,173 350

2749045 Botuvera 688.990,452 6.990.765,381 0

2749046 Vidal Ramos 665.258,482 6.975.888,624 0

2750014 Taió 595.479,409 7.002.454,261 370

2750021 Taió 572.445,857 6.998.557,968 900

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26

Figura 6: Localização geográfica das estações climatológicas, fluviométricas e pluviométricas na área de

estudo.

4.4 Calibração do Modelo SWAT

Para avaliar o desempenho do modelo devem ser realizadas análises estatísticas para

comparar dados observados com dados simulados. Estas análises são de extrema

importância, pois é uma forma de verificar a eficiência da simulação.

Um dos critérios estatísticos mais utilizados para avaliar o desempenho do modelo SWAT é o

COE – Coeficiente de Eficiência de Nash e Sutcliffe, o qual é dado pela seguinte equação:

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27

Onde:

Em: é o evento observado;

Es: é o evento simulado;

Ē: é a média do evento observado no período de simulação;

n: é o número de eventos.

O valor calculado para este coeficiente pode variar de infinito negativo a 1, sendo 1 o valor

que indica um ajuste perfeito da simulação.

Outro critério que também foi utilizado para análise estatística dos resultados neste trabalho

foi o coeficiente de correlação R², que indica o grau de correlação entre os dados observados

e os dados simulados, e varia de 0 (zero) a 1, sendo que o valor de 1 indica a mais forte

correlação entre os valores.

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28

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Modelo Numérico de Terreno

O modelo numérico de terreno gerado para a bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu (Figura 7)

teve suas altitudes variando de 0 (zero) a 1740 metros, sendo as regiões mais baixas nas

proximidades da foz do rio Itajaí-Açu e em toda a região do baixo vale do Itajaí, e as maiores

altitudes encontradas no médio e alto vale do Itajaí.

Observa-se que, apesar da elevada altitude máxima encontrada para a área de estudo, a

bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu encontra-se, em sua maioria, em área de altitudes que

variam de 0 (zero) a aproximadamente 800 metros.

Figura 7: Modelo numérico de terreno obtido para a bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu.

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29

5.2 Sub-bacias e Cursos de Água

A divisão da bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu realizada pelo SWAT resultou em 38 sub-

bacias apresentadas na Tabela 4, com suas respectivas áreas e elevações médias.

Os outlets, ou seja, os pontos que definem o final de cada sub-bacia foram determinados a

partir dos pontos fluviométricos inseridos manualmente no modelo, para que fosse possível

realizar a comparação dos dados medidos e simulados para pontos de uma mesma

localização. As localizações de cada sub-bacia, bem como os outlets e a malha hidrográfica

determinada pelo SWAT estão ilustrados na Figura 8.

Figura 8: Sub-bacias e malha hidrográfica geradas pelo modelo SWAT e outlets inseridos

manualmente.

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30

Tabela 4: Sub-bacias geradas pelo SWAT com suas respectivas áreas e elevações médias.

Sub-bacia Elevação (m) Área (km²)

1 700 1387

2 823,14 499

3 620 349

4 655,45 714

5 80 58

6 113,8 11

7 598,3 98

8 60 93

9 65,83 26

10 40 1167

11 20 8

12 360,27 188

13 60 259

14 556,94 468

15 479,31 331

16 395,18 912

17 260 433

18 401,84 295

19 240 21

20 308,9 160

21 429,95 438

22 40 431

23 433,07 20

24 460 374

25 550 439

26 166 432

27 740 436

28 446,47 9

29 438,63 112

30 340 14

31 412,02 384

32 441,71 279

33 565,84 473

34 840 283

35 603,29 330

36 424,33 242

37 444,7 1319

38 867,2 426

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31

5.3 Classificação do Tipo de Solo

Depois de realizada a reclassificação do tipo de solo para a área de estudo, obteve-se sete

classes de solo para toda a área da bacia hidrográfica (Figura 9).

Na Tabela 5 observa-se a área correspondente a cada tipo de solo e nota-se uma

predominância do solo Cambissolo para a área de estudo, que correspondeu a 46,63% de

toda a bacia hidrográfica, seguido da classe de solos Litólicos, com 25,15%, e da classe

Podzólico Vermelho Amarelo, com 20,63% e dos demais solos com menor

representatividade para a região.

Tabela 5: Tipos de solo para a bacia do rio Itajaí-Açu e suas áreas correspondentes.

Tipo de Solo Área (km²) Área (%)

Areias Quartzosas Marinhas (AQ) 49,75 0,3252

Solos Aluviais (AE) 11,66 0,0762

Cambissolo (C) 7.134,03 46,6344

Glei Pouco Húmico (HGP) 1.001,41 6,5461

Podzólico Vermelho Amarelo (PV) 3.157,32 20,6391

Solos Litólicos (R) 3.847,43 25,1502

Cursos de Água 96,16 0,6285

Total 15.297,76 100

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32

Figura 9: Classificação do tipo de solo para a bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu.

5.4 Classificação de Uso e Ocupação do Solo

A bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu foi classificada por cinco classes de uso e ocupação do

solo, sendo que a classe predominante encontrada para a área de estudo foi a classe de

floresta, com aproximadamente 63% da área de toda a bacia hidrográfica, seguida da classe

de agricultura com 27,05% de cobertura, como descrito na Tabela 6 e ilustrado na Figura 10.

Tabela 6: Tipos de uso e ocupação do solo para a bacia do rio Itajaí-Açu e suas áreas correspondentes.

Uso e Ocupação do Solo Área (km²) Área (%)

Urbanização 828,98 5,41

Cursos de água 60,6 0,39

Floresta 9620,42 62,88

Agricutura 4139,1 27,05

Solo Exposto 648,61 4,23

Total 15297,76 100

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33

Figura 10: Classificação de uso e ocupação do solo para a bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu.

5.5 Simulação do Modelo SWAT

5.5.1 Análise de Sensibilidade e Calibração

Previamente ao ajuste dos parâmetros do modelo para a calibração, foi realizada a análise

de sensibilidade das variáveis, a qual determina quais parâmetros que mais influenciaram na

simulação inicial e que podem ser utilizados como ponto de partida para a calibração do

modelo. O ranking de influência destas variáveis está ilustrado na Figura 11.

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34

Figura 11: Ranking dos parâmetros obtido com a análise de sensibilidade do modelo SWAT.

A calibração foi realizada com o ajuste dos parâmetros descritos na Tabela 7, que foram

escolhidos em função de parâmetros que tiveram uma influência significativa na simulação

inicial e que estão relacionados com o fluxo, visto que as séries utilizadas para calibração do

modelo foram séries de vazão.

Tabela 7: Parâmetros modificados na calibração e sua descrição.

Parâmetro Descrição

Canmx Armazenamento máximo de água no dossel vegetativo (mm/H2O)

Alpha_bf Fator do fluxo de base, ou constante de recessão. Define-se como a

taxa na qual a água subterrânea retorna ao rio (dias)

Sol_Awc Capacidade de água disponível (mmH2O/solo)

CN2 Valor da Curva Número inicial do Soil Conservation Service (SCS)

Lat_Time Tempo de retorno do fluxo lateral (dias)

Na Tabela 8 a seguir estão ilustrados os valores iniciais para cada parâmetro e os seus

valores ajustados, que foram modificados de acordo com sugestões contidas no manual do

modelo SWAT com o intuito de adequar os valores de vazão simulada para que ficassem

0 5 10 15 20 25

Sol_Awc Canmx

Esco Blai

Gwqmn Revapmn

Sol_Z Alpha_Bf

Sol_K Slope

Cn2 Gw_Revap

Epco Ch_K2

Sol_Alb Biomix

Gw_Delay Surlag Ch_N2

Slsubbsn

Influência (%)

Par

âmet

ro

Ranking dos Parâmetros

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35

mais próximos dos valores medidos, neste caso, visando diminuir os valores de vazão líquida

simulados.

Após a modificação de cada parâmetro eram comparadas as vazões medidas e simuladas

para a sub-bacia, com a intenção de avaliar a influência do parâmetro individualmente. Com

isto era realizado o cálculo do COE (Coeficiente de Eficiência de Nash e Sutcliffe) para testar a

eficiência da calibração e analisar a melhora do coeficiente a cada simulação com cada

parâmetro ajustado, com o intuito de se obter um valor superior a 0,7 para se considerar a

calibração satisfatória.

Tabela 8: Valores originais e ajustados dos parâmetros modificados na calibração.

Parâmetros Valor

COE (Sub-bacia 4) COE (Sub-bacia 26) Original Ajustado

Inicial (sem ajuste) - - -2,95852771 -8,946987209

Canmx 0 100 -0,10546 -3,43014

Alpha_bf 0,048 0 0,189035 -1,35604

Sol_Awc 0,15 1 0,395627 -1,3615

CN2 60 35 0,460604 -1,06543

Lat_Time 0 11 0,534724 -0,92787

Foram realizadas as calibrações apenas para as sub-bacias 4 e 26 para o ano de 2002 pois

eram as únicas sub-bacias e o único período que se tinham dados de vazão observados

suficientes.

A seguir (Tabela 9), estão descritos os valores de COE e do coeficiente de correlação linear

(R²) encontrado para as sub-bacias após o final da calibração.

Tabela 9: Valores de COE e R² obtidos com a calibração.

COE Inicial COE Ajustado R²

Sub-bacia 4 -2,95852771 0,534724 0,7471

Sub-bacia 26 -8,946987209 -0,92787 0,3592

Nas Figura 12 e Figura 14 a seguir são apresentados os valores plotados de vazão observada,

simulada ajustada e sem ajuste, e os gráficos (Figura 13 e Figura 15) utilizados para a

obtenção dos valores de coeficiente de correlação linear (R²) encontrados para cada sub-

bacia.

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36

Figura 12: Valores de vazão observados, simulados sem ajuste e simulados ajustados para a sub-bacia 4.

Figura 13: Valor de R² encontrado para a sub-bacia 4.

1

2

3

4

5

6

7

8

0

10

20

30

40

50

60

Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

Vaz

ão (

m³/

s)

Datas (Ano de 2002)

Vazão Observada x Simulada (Sub-bacia 4)

Precipitação Vazão Observada

Vazão Simulada sem Ajuste Vazão Simulada Ajustada

y = 0,6647x + 4,3882 R² = 0,7471

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35

Vaz

ão O

bse

rvad

a (m

³/s)

Vazão Simulada (m³/s)

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37

Figura 14: Valores de vazão observados, simulados sem ajuste e simulados ajustados para a sub-bacia 26.

Figura 15: Valor de R² encontrado para a sub-bacia 26.

Para a sub-bacia 4, apesar de o COE não atingir um valor satisfatório, considerado por

diversos autores (Gul & rosbjerg, 2010, Moriasi et al., 2007) como sendo maior que 0,7,

nota-se uma melhora significativa no valor encontrado após a calibração, de -2,95852771

para 0,534724, fato que também pode ser observado graficamente para a sub-bacia, onde,

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

6,5

7

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Pre

cip

itaç

ão (

mm

/dia

)

Vaz

ão (

m³/

s)

Data (Ano de 2002)

Vazão Observada x Simulada (Sub-bacia 26)

Precipitação Vazão Observada Vazão Simulada sem Ajuste Vazão Simulada Ajustada

y = 0,3647x + 16,356 R² = 0,3592

5

10

15

20

25

30

35

40

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Vaz

ão O

bse

rvad

a (m

³/s)

Vazão Simulada (m³/s)

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38

anteriormente à calibração, praticamente todos os valores de vazão foram superestimados,

e após a calibração estes estiveram bem mais próximos dos valores observados. O valor de

R² para vazão simulada ajustada e para vazão observada foi de 0,7471, indicando uma

correlação média entre elas.

Já para a sub-bacia 26 os valores de COE e R² estiveram bem abaixo dos valores satisfatórios,

sendo que o COE atingiu um valor máximo de -0,92787 e o R² de 0,3592, representando uma

fraca correlação entre as vazões simulada ajustada e observada. Ainda assim, apesar de os

valores não atingirem níveis satisfatórios a calibração representou uma melhora significativa

do COE e graficamente também nota-se uma proximidade bem maior entra os valores

observados e simulados ajustados.

Para ambas as sub-bacias nas quais foram feitas a calibração notou-se uma forte tendência

em o modelo superestimar os valores de vazão nos meses com as maiores médias diárias de

precipitação, já para os meses com as menores médias de precipitação, a vazão simulada

sem ajuste esteve muito próxima da vazão observada.

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39

5.6 Vazão e Produção de Sedimentos

5.6.1 Avaliação Espacial

Observando-se o mapa com a distribuição espacial da vazão para a área de estudo (Figura

16), nota-se que os maiores valores de média diária de vazão foram encontrados para as

sub-bacias do baixo vale do Itajaí. O fato de que as maiores vazões foram encontradas nesta

região está diretamente relacionada com o acúmulo de água de toda bacia hidrográfica, ou

seja, a precipitação incidente nas áreas mais elevadas da bacia hidrográfica é parcialmente

escoada para as sub-bacias seguintes, que se localizam em seu exutório, tornando assim a

vazão acumulativa até o exutório final no estuário do rio Itajaí-Açu.

Figura 16: Distribuição espacial da média diária de vazão por sub-bacia (m³/s).

Nesta região encontram-se também grandes áreas onde há ocorrência de solo Glei pouco

húmico, que, segundo Coutinho (2005), são solos mal ou muito mal drenados com presença

de lençol freático alto, estando assim encharcados prejudicando a infiltração de água no solo

e favorecendo o escoamento superficial e o consequente aumento da vazão.

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40

Esta situação pode se agravar ainda mais quando a cobertura do solo que se encontram

nestas áreas é a urbanização, como a que foi encontrada para algumas regiões destas

mesmas sub-bacias, pois é considerada como uma cobertura de permeabilidade mínima que

favorece o escoamento da água incidente.

Apesar de que neste estudo os valores obtidos com a modelagem não serão considerados de

forma quantitativa devido à calibração não satisfatória, os valores de vazão encontrados

neste trabalho estão próximos de valores encontrados na literatura.

Schettini (2002) encontrou para o posto fluviométrico de Indaial, o qual ele cita que é a

estação fluviométrica mais próxima da desembocadura, que não sofre influência da maré,

uma média diária de vazão de 228 ± 282 m³/s. Esta estação corresponde ao outlet da sub-

bacia 13 para este trabalho, onde se obteve uma média diária de vazão entre 77,66 e 212,67

m³/s, portanto, considerando esta alta variabilidade através do coeficiente de variação

encontrado pelo autor, os valores encontrados com a simulação deste trabalho estão de

acordo com os valores medidos, ainda assim o autor atenta para o fato de que esta alta

variabilidade encontrada é devido ao fato de que o regime hidrológico do rio Itajaí-Açu é

consideravelmente variável ao longo do tempo tanto em termos sazonais quanto em termos

inter-anuais ou até mesmo em décadas.

As sub-bacias que apresentaram uma maior contribuição de sedimentos foram as sub-bacias

15 e 17, seguidas das sub-bacias 33,12 e 19 (Figura 17).

Acredita-se que a grande produção de sedimentos apresentada pelas sub-bacias 15 e 17

esteja principalmente relacionada com o tipo de solo da região, visto que estas sub-bacias

encontram-se em áreas com predominância de solo Podzólico, que segundo Machado (2002)

são solos que apresentam erosão com intensidade de moderada a forte dependendo do

relevo e da cobertura do solo, que neste caso predominam áreas de agricultura e solo

exposto, favorecendo ainda mais o processo erosivo.

As demais sub-bacias, que também apresentaram altas contribuições sedimentares situam-

se em áreas com predominância de solos Litólicos, também considerado por diversos

autores (COUTINHO, 2005; BELLINAZZI JR. apud MACHADO, 2002) como solos susceptíveis à

erosão devido a sua pequena espessura e textura argilosa.

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41

Figura 17: Distribuição espacial da média diária de produção de sedimentos por sub-bacia (ton/ha).

Não se observou um padrão de relação entre as áreas com as maiores médias de

precipitação (Figura 18) e as áreas com maiores médias de produção de sedimentos, isto se

deve ao fato de que o modelo leva em consideração não apenas o volume de chuvas, mas

também a sua intensidade e recorrência, quando há dias chuvosos seguidos de dias

chuvosos ou dias chuvosos seguidos de dias não chuvosos, pois irá influenciar diretamente

na condição de saturação do solo e assim influenciar na infiltração e escoamento superficial

e conseqüentemente no desprendimento de partículas de solo.

As maiores médias de precipitação foram encontradas para as sub-bacias que se encontram

nas maiores altitudes da bacia hidrográfica, estando de acordo com Monteiro (2001), o qual

afirma que nas áreas mais próximas às encostas de montanhas, do lado barlavento, as

precipitações são mais abundantes, pois a elevação do ar úmido e quente favorece a

formação de nuvens cumuliformes, resultando no aumento do volume de precipitação local.

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42

Figura 18: Distribuição espacial da média diária de precipitação por sub-bacia (mm).

Porém, como se pode observar no mapa, foram encontrados altos valores de chuva para as

sub-bacias 10 e 12 que não se encontram em altas atitudes, mas sim no litoral. Essas médias

devem ter sido principalmente influenciadas pelas chuvas convectivas, que ocorrem

principalmente nos meses de calor, entre dezembro e março, e segundo Lugon Jr. &

Rodrigues (2008) estão associadas com fortes movimentos ascensionais locais. O

aquecimento intenso e rápido de porções da superfície terrestre pode gerar uma

estratificação instável, com o ar menos denso sob o mais denso, que pode ser quebrada pela

brusca ascensão dessa camada de ar, eventualmente gerando precipitação. Geralmente são

de grande intensidade e curta duração.

Ainda assim, vale ressaltar que os valores de média de precipitação para toda a bacia

tiveram uma baixa variação, de 3,94 a 5,14 mm/dia por sub-bacia, não representando

grandes variações de chuva para toda a bacia hidrográfica.

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43

5.6.2 Avaliação Temporal

Na Figura 19 estão representados os valores das médias diárias por mês de precipitação,

vazão e produção de sedimentos para os 11 anos de simulação.

Em relação à produção de sedimentos, obteve-se para todos os meses a média diária

variando de 0 a 0,003 ton/ha, com exceção da média encontrada para o mês de Janeiro,

porém, acredita-se que esta média foi superestimada para o mês de Janeiro do primeiro ano

de simulação (1995) visto que todas as outras médias de produção de sedimentos, em

condições semelhantes de precipitação e vazão, foram bem inferiores

Desta forma, optou-se em excluir o valor encontrado para Janeiro de 1995 para a confecção

dos gráficos visando uma melhor representação para análise temporal.

Figura 19: Médias diárias por mês de precipitação, vazão e produção de sedimentos para os 11 anos de simulação.

Pode-se aferir uma hipótese em relação ao modelo ter superestimado a produção de

sedimentos para o primeiro mês de simulação, que é o fato de que o modelo pode levar um

período no início da simulação para aquecer/estabilizar, pois no instante inicial o sistema

0

0,0005

0,001

0,0015

0,002

0,0025

0,003

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Mês

Pro

du

ção

de

Se

dim

en

tos

(to

n/h

a)

Vaz

ão (

m³/

s)

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

Médias Diárias por Mês (para os 11 anos de simulação)

Precipitação Vazão Produção de Sedimentos

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44

não é ainda totalmente reconhecido pelo modelo (UZEIKA, 2009; NETO, 2011; NETO et al.,

2011), podendo gerar resultados que não condizem com a realidade para este período inicial

da simulação.

Observou-se um padrão para os meses que apresentaram as maiores médias diárias de

precipitação, vazão e produção de sedimentos, que foram os meses compreendidos entre

outubro e fevereiro, provavelmente a relação entre esses fatores deve-se aos aguaceiros

ocorridos nos meses de calor que aumentam significantemente as médias de precipitação

resultando em um aumento da vazão e, devido à sua intensidade, facilitam o

desprendimento das partículas do solo.

A seguir, na Figura 20, estão representados os valores das médias diárias por ano de

precipitação, vazão e produção de sedimentos para os 11 anos de simulação.

Figura 20: Médias diárias por ano de precipitação, vazão e produção de sedimentos para os 11 anos de simulação.

Observa-se na Figura 20 que as maiores vazões e as maiores precipitações foram

encontradas para os anos de 1997 e 1998, fato que pode ser explicado pelo evento de El

Niño (ENSO – El Niño Oscilação Sul) que ocorreu neste período. De acordo com Pezzi (1998),

0

0,0002

0,0004

0,0006

0,0008

0,001

0,0012

0,0014

0,0016

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Ano

Pro

du

ção

de

Se

dim

en

tos

(to

n/h

a)

Vaz

ão (

m³/

s)

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

Médias Diárias por Ano (para os 11 anos de simulação)

Precipitação Vazão Produção de Sedimentos

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45

em Outubro, Novembro e Dezembro de 1997 ocorreram grandes anomalias positivas de

precipitação para a região Sul do Brasil e, segundo Wolter & Timlin (1998) foi considerado o

‘EL Niño do século’ devido a sua intensidade.

Já em relação à média diária de produção de sedimentos por ano não se observou um

padrão relacionado com as maiores vazões nem com as maiores precipitações, apenas

verificou-se que os anos que ocorreram as maiores contribuições sedimentares foram os

anos de 1997, 2000, e 2001, em função disso reforça-se ainda mais a hipótese de que os

valores de produção de sedimentos estão relacionados principalmente com o tipo de solo e

cobertura do solo de cada região.

Apesar de o ano de 1995 ter apresentado a maior contribuição sedimentar para todo o

período simulado, esta média não foi considerada e representada graficamente tendo em

vista o motivo anteriormente citado em relação ao aquecimento/estabilização do modelo,

deduzindo-se que o modelo superestimou os valores de produção de sedimentos para o

primeiro mês de simulação do primeiro ano.

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46

6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do estudo realizado para a bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu acredita-se que a

perda de solo, apesar de estar diretamente relacionada com a incidência de água na

superfície do solo para iniciar o processo erosivo, está principalmente relacionada com o

tipo de solo de cada região, neste caso os solos que apresentaram as maiores perdas foram

as classes Podzólico e Litólico, que estiveram de acordo com a literatura que indica um

elevado potencial erosivo para estas classes.

Já em relação à vazão, as sub-bacias localizadas no baixo estuário do rio Itajaí-Açu

apresentaram as maiores vazões, visto que as águas que incidem da precipitação nas regiões

mais elevadas da bacia hidrográfica escoam para as sub-bacias seguintes, acumulando água

até o exutório final.

Em relação à avaliação temporal, os meses que apresentaram as maiores médias de

precipitação, vazão e produção de sedimentos estão compreendidos entre outubro e

fevereiro, e devem estar relacionadas com as fortes chuvas que ocorrem neste período do

ano. Já para as médias anuais os anos de 1997/98 tiveram os maiores valores de

precipitação e vazão para todo o período, o que coincidiu com os anos que tiveram forte

influência do evento de El Niño que ocorreu na região sul do Brasil e elevou

significantemente as médias de precipitação.

Este estudo foi de extrema importância para a caracterização em escala temporal e espacial

da bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu, visto que além da realização de um levantamento

histórico de dados climáticos para a área de estudo foi possível observar as regiões e os

períodos que mais contribuem com a produção de água e sedimentos de forma qualitativa

em função dos diferentes cenários encontrados na região, com diversas combinações de

declividade, uso e ocupação de solo e ainda tipo de solo.

Para estudos de manejo de bacias hidrográficas, seja para estimativa de produção de água,

sedimentos ou ainda para observação de diferentes comportamentos em mudanças de

gestão, é de fundamental importância o monitoramento preciso e contínuo dos dados

ambientais em toda a extensão da bacia, pois para grandes áreas como a utilizada neste

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47

estudo, tiveram que ser considerados valores de estações climatológicas muito distantes de

algumas áreas e que os dados não condizem com os eventos que ocorrem nas mesmas.

Além da falta de estações em operação, para as estações operantes observaram-se enormes

períodos onde não foi obtido nenhum tipo de dado, não sendo possível a obtenção de séries

temporais suficientes para, por exemplo, executar a validação do modelo para um período

diferente do utilizado para a calibração, o que é fundamental.

Em relação a simulações realizadas com o modelo SWAT deve-se atentar para o fato de que,

quando se trata de uma bacia hidrográfica com exutório na região costeira e ainda

caracterizada por um estuário, como no caso deste trabalho, este modelo não considera a

influência da maré nem forçantes hidrodinâmicas do local, portanto, principalmente para os

valores encontrados com a simulação para a região do baixo vale do Itajaí, o modelo não é

eficiente para caracterizar a região, mesmo levando em consideração informações precisas

de elevação, visto que já foi registrada influência da maré no estuário até a cidade de

Blumenau, que fica aproximadamente a 60 quilômetros da foz do rio Itajaí-Açu.

Porém, espera-se que para futuros estudos seja possível a obtenção de série de dados que

caracterizem melhor espacialmente a área de estudo, assim como maiores série de dados

para que seja possível realizar, além da calibração, também a validação do modelo,

podendo-se assim considerar os resultados obtidos também de forma quantitativa.

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53

8. ANEXOS

8.1 Anexo A

Tabela 10: Dados de cada tipo de solo inseridos manualmente no modelo.

CLASSE AE AQ HGP R PV C

NLAYERS 4.00 4.01 4.02 2.00 3.00 5.00

HYDGRP B B B B B B

SOL_ZMX 1400.00 1500.00 1300.00 800.00 1300.00 1100.00

ANION_EXCL 0.33 0.37 0.39 0.40 0.32 0.47

SOL_Z1 130.00 180.00 80.00 50.00 200.00 300.00

SOL_BD1 1.60 1.70 1.40 1.60 1.70 1.60

SOL_AWC1 1.40 0.00 1.00 0.15 0.40 0.15

SOL_K1 32.50 90.00 12.50 12.50 90.00 12.50

SOL_CBN1 1.70 0.50 2.80 0.40 1.30 1.40

CLAY1 13.70 7.20 25.40 17.20 11.70 36.30

SILT1 56.70 14.90 71.50 29.40 18.10 18.00

SAND1 29.60 77.90 2.10 53.40 70.20 93.40

ROCK1 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

SOL_ALB1 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15

USLE_K1 0.15 0.14 0.31 0.17 0.14 0.05

SOL_EC1 1.00 1.00 0.00 0.00 0.00 0.00

SOL_Z2 530.00 340.00 450.00 300.00 550.00 500.00

SOL_BD2 1.60 1.60 1.50 1.60 1.70 1.40

SOL_AWC2 1.20 0.10 0.10 0.15 0.40 0.18

SOL_K2 12.50 90.00 5.00 12.50 90.00 12.50

SOL_CBN2 0.50 0.40 0.70 0.60 0.60 0.60

CLAY2 13.30 10.80 37.80 24.70 18.80 34.00

SILT2 45.00 8.60 56.30 25.50 17.20 35.70

SAND2 40.70 80.60 5.90 49.70 54.00 30.30

ROCK2 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

SOL_ALB2 0.16 0.16 0.16 0.15 0.15 0.15

USLE_K2 0.18 0.12 0.30 0.16 0.15 0.16

SOL_EC2 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

SOL_Z3 960.00 670.00 750.00 300.00 1300.00 800.00

SOL_BD3 1.50 1.60 1.60 1.60 1.70 1.40

SOL_AWC3 1.40 0.20 0.70 0.15 0.70 0.18

SOL_K3 12.50 90.00 40.00 12.50 12.50 12.50

SOL_CBN3 1.30 0.30 0.30 0.60 0.30 0.40

CLAY3 23.00 10.30 25.60 24.70 20.80 28.40

SILT3 68.10 15.60 62.40 25.60 18.30 37.70

SAND3 8.90 74.10 12.00 49.70 60.90 33.90

ROCK3 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

SOL_ALB3 0.16 0.16 0.16 0.15 0.15 0.00

USLE_K3 0.27 0.15 0.26 0.16 0.16 0.17

SOL_EC3 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

SOL_Z4 1400.00 1500.00 1300.00 800.00 0.00 1100.00

SOL_BD4 1.50 1.60 1.70 1.30 0.00 1.80

SOL_AWC4 1.40 0.20 0.50 0.16 0.00 0.18

SOL_K4 12.50 90.00 12.50 12.50 0.00 40.00

SOL_CBN4 0.60 0.20 0.30 0.76 0.00 0.40

CLAY4 27.70 13.20 21.50 32.00 0.00 26.80

SILT4 67.40 15.20 57.30 35.00 0.00 43.70

SAND4 14.95 71.60 21.20 33.00 0.00 29.50

ROCK4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

SOL_ALB4 0.15 0.15 0.16 0.15 0.00 0.15

USLE_K4 0.25 0.15 0.21 0.16 0.00 0.18

SOL_EC4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

SOL_Z5 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 1170.00

SOL_BD5 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 1.40

SOL_AWC5 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.18

SOL_K5 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 12.50

SOL_CBN5 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.30

CLAY5 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 27.00

SILT5 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 39.30

SAND5 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 33.70