Aplicação Do Principio Das Ondas de Elliott à Bolsa Portuguesa

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    UNIVERSIDADE AUTNOMA DE LISBOA

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS ECONMICAS, EMPRESARIAIS E

    TECNOLGICAS

    DOUTORAMENTO EM ECONOMIA

    APLICAO DO PRINCPIO DAS ONDAS DE ELLIOTT

    BOLSA PORTUGUESA

    Tese para a obteno do grau de Doutor em Economia, especialidade deEconomia da Empresa

    Doutoranda: Sandra Cristina Antunes Ribeiro

    Orientador: Professor Doutor Renato Pereira

    Lisboa, Maio de 2014

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    RESUMO

    O objectivo principal da investigao a aplicao prtica da Teoria das Ondas de

    Elliott ao movimento do ndice bolsista portugus, o PSI20.

    O Principio da Onda de Elliott , na sua essncia, um sistema de regras derivadas

    empiricamente para interpretar a aco das principais medidas do mercado de valores. O

    Principio da Onda tem grande valor pois possui caractersticas muito atractivas das

    quais salientamos a sua generalidade e a exactido.

    Tal como conclumos na aplicao prtica feita ao PSI20, na Analise Tcnica em geral e

    na Teoria das Ondas de Elliott em particular nada tem que ser fiel a 100%, mas sim

    conseguir-se obter uma estatstica com esperana matemtica positiva.

    Com a aplicao emprica efectuada ao PSI20 salientamos o grau de fiabilidade que o

    mtodo de Elliott tem vindo a demonstrar quando aplicado aos grandes ndices, gerando

    cenrios de projeco baseados em padres de comportamento cclico repetitivo.

    Conseguimos, e para vrios momentos, identificar o padro de ondas de Elliott, bem

    como as fases da Teoria de Dow, assim como os retrocessos de Fibonacci. No entanto,

    de salientar, que estas situaes verificam-se, mas sem a robustez e a preciso que

    desejvamos, na medida em que alguns pormenores caracterizadores das Ondas no se

    verificam. Isto ocorre pois o mercado bolsista portugus um mercado pouco lquido,

    com poucos intervenientes e com o seu volume a registar uma tendncia negativa

    (situao que se acentuou desde que a sua Economia foi considerada lixo).

    Palavras-chave: Anlise Tcnica, Princpio das Ondas de Elliott, Teoria de Dow, PSI20

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    AGRADECIMENTOS

    Esta tese no estaria completa sem uma palavra de agradecimento aos diversos

    contributos de ordem pessoal, pois os de ordem tcnica e cientfica so referenciados no

    texto com a justa homenagem aos autores na Bibliografia.

    Em primeiro lugar, quero expressar o meu agradecimento ao Professor Doutor Renato

    Pereira no s pela orientao deste trabalho, mas tambm por todo o apoio, incentivo e

    constante disponibilidade ao longo do ltimo ano.

    Ao Professor Doutor Jos Antnio Figueiredo Almaa o meu profundo agradecimento

    pelas sugestes e pelo desafio do prprio tema da tese de doutoramento.

    Ao Professor Doutor lvaro Dias muito agradeo o seu incansvel apoio moral e o

    permanente incentivo que me foi transmitindo ao longo dos ltimos anos.

    Ao Professor Reginaldo de Almeida o meu muito obrigada por todo o incentivo e

    motivao que sempre que transmitiu ao longo dos anos e pelo constante acreditar no

    meu projeto.

    Ao analista tcnico Lus Correia Tavares muito agradeo a disponibilidade manifestada

    em me receber e disponibilizar o software de aplicao prtica de Anlise Tcnica, bem

    como todas as sugestes e comentrios realizados, que em muito contribuiram para

    aumentar a qualidade desta tese.

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    Ao Professor Doutor Amado da Silva o meu agradecimento por toda a confiana em

    mim depositada e amizade ento demonstradas.

    Uma palavra de agradecimento tambm para os meus alunos que de forma direta ou

    indireta sempre me incentivaram e motivaram para terminar esta tese.

    Aos grandes amigos uma palavra de muito obrigada por todo o apoio e incentivo dado,

    e as desculpas pela ausncia dos ultimos tempos. Um pedido de desculpas particular

    Susana pois tendo realizado um sonho conjunto de longa data, ao vir viver para Lisboa,

    teve de o fazer sem a minha companhia e sem o meu apoio que lhe eram merecidos.

    Finalmente, uma palavra para aqueles que aceitando a minha ausncia e distncia

    continuaram a dar-me todo o apoio, so eles o meu filho, os meus pais, o meu irmo e o

    meu marido.

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    NDICE

    Resumo 2

    Abstract .3

    Agradecimentos ... 4ndice ... 6

    ndice de figuras .. 9

    INTRODUO

    IJustificao do trabalho de investigao ...13

    IIObjectivos ........17IIIEstrutura da Tese ....18

    CAPTULO 1

    O MERCADO DE VALORES

    1.1.Constituio do mercado de valores mobilirios ...21

    1.2.A Bolsa ...27

    1.2.1. O que ? ......27

    1.2.2. Objectivos .. 29

    1.2.3. Caractersticas do mercado bolsista 30

    1.3.Elementos integrantes do Mercado de Valores ..31

    1.4.O mercado portugus ..32

    CAPTULO 2

    FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS

    2.1A eficincia no mercado de capitais

    2.1.1 Conceitos Introdutrios ..... 46

    2.1.2 Modelos de Equilbrio . . 49

    2.1.3

    Principais testes de mercados eficientes .52

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    2.2Anomalias de mercado 61

    2.3Valor intrnseco e valor fundamental ......65

    2.4Valor intrnseco e risco ... 72

    CAPTULO 3

    ANLISE TCNICA DOS MERCADOS

    3.1Conceitos Introdutrios . 79

    3.2Linhas de tendncia ................... 89

    3.2.1Princpios gerais e construo ... 89

    3.2.2Transaccionar com base nas linhas de tendncia 102

    3.3Nveis de Suporte e Resistncia .106

    3.4Canais 107

    3.5Volume ..110

    3.6Teoria de Dow .......111

    3.7As Ondas de Elliott na anlise tcnica .. 126

    CAPTULO 4

    A SEQUNCIA FIBONACCI COMO ANTECEDENTE DO PRINCPIO DAS

    ONDAS DE ELLIOTT

    4.1Conceitos Introdutrios 130

    4.2Matemtca Fibonacci e a Teoria das Ondas de Elliott . 135

    CAPTULO 5

    TEORIA DAS ONDAS DE ELLIOTT

    5.1Consideraes iniciais . 142

    5.2Princpios bsicos ... 145

    5.3Caractersticas das Ondas 1545.3.1Ondas de Impulso ......154

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    5.3.1.1Extenses.... 158

    5.3.1.2Quebra ... 160

    5.3.1.3Tringulos diagonais ..161

    5.3.1.3.1Terminao diagonal ...162

    5.3.1.3.2Diagonal de incio ...163

    5.3.2Ondas correctivas ..164

    5.3.2.1Ziguezague .167

    5.3.2.2Plana ...169

    5.3.2.3Tringulo ....171

    CAPTULO 6

    ANLISE DO MERCADO BOLSISTA PORTUGES ATRAVS DA TEORIA

    DE ELLIOTT

    6.1Aplicao Prtica . 176

    CAPTULO 7

    CONCLUSES .. 176

    CAPTULO 8

    CONSIDERAES FINAIS

    8.1Limitaes do estudo 203

    8.2Investigao futura ... 203

    BIBLIOGRAFIA ....... 204

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    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1: Linha de tendncia de subida (ou alta) 98

    Figura 2: Linha de tendncia de subida3 mnimos .....98

    Figura 3: Linha de tendncia de descida3 mximos ...99

    Figura 4: ngulos em linhas de tendncia de alta ....101

    Figura 5: ngulos em linhas de tendncia de baixa .....101

    Figura 6: Linha de tendncia de alta .....103

    Figura 7: Linha de tendncia de baixa ..104

    Figura 8: Tendncias de curto, mdio e longo prazo ....104

    Figura 9: Linhas de suporte e resistncia ..106

    Figura 10: Canal horizontal ,,107

    Figura 11: Canal ascendente .....107

    Figura 12: Canal descendente ..108

    Figura 13: Canal ascendente .....108

    Figura 14: Princpio da confirmao 113

    Figura 15: Tendncias primria, secundria e terceria .......115

    Figura 16: Tendncias primrias .....116

    Figura 17: Fases de um movimento de subida .119

    Figura 18: Fases de um movimento de baixa ...121

    Figura 19: Tendncia Secundria 122

    Figura 20: Tendncia terceria .123

    Figura 21: Teoria Dow no ndice Dow Jones Industrial ...125

    Figura 22: Sequncia Fibonacci un/un-1.132

    Figura 23: Sequncia Fibonacci un-1/Un.133

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    Figura 24: Formao da espiral do caracol ...134

    Figura 25: Nmero de Ouro de Fibonacci e o movimento bolsista...135

    Figura 26: Nmeros de Fibonacci na teoria de Elliot ...137

    Figura 27: Aplicao Fibonacci ao ndice S&P500...139

    Figura 28: Comportamento das cinco Ondas de Elliott ....146

    Figura 29: Ciclo completo das Ondas de Elliott ...147

    Figura 30: Ciclo Completo de Mercado ...148

    Figura 31: Ondas do Ciclo de Mercado Completo ...149

    Figura 32: Terminologia das Ondas .151

    Figura 33: Ciclos de Elliott ...152

    Figura 34: Exemplo Ciclo .....153

    Figura 35: Exemplo Super Ciclo ......153

    Figura 36: Ondas de impulso ....155

    Figura 37: Extenso da onda 5 de uma pauta de impulso ....159

    Figura 38: Extenso da terceira onda da extenso da terceira onda .....160

    Figura 39: Quebra num mercado altista ...161

    Figura 40: Quebra num mercado baixista .....161

    Figura 41: Terminao diagonal ...162

    Figura 42: Diagonal de incio ...163

    Figura 43: Ondas correctivas ....164

    Figura 44: Ziguezague ..167

    Figura 45: Ziguezague ..168

    Figura 46: Duplo Ziguezague ...168

    Figura 47: Correco plana ...169

    Figura 48: Correco plana ...169

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    Figura 49: Correco plana expandida .170

    Figura 50: Correco plana expandida .171

    Figura 51: Tringulo corrente....172

    Figura 52: Exemplo Ondas de Elliott no ndice Dow Jones Industrial.....173

    Figura 53: Evoluo diria do ndice PSI20..178

    Figura 54: Ondas de Elliott no PSI20180

    Figura 55: Teoria das Ondas de Elliott no PSI20 (dirio).....182

    Figura 56: Teoria das Ondas de Elliott no PSI20 (trimestral) ......184

    Figura 57: Volume ndice S&P500.......186

    Figura 58: Volume ndice PSI20...187

    Figura 59: Teoria de Dow no PSI20 .188

    Figura 60: Exemplo de retrocesso de Fibonacci no PSI20....190

    Figura 61: Exemplos de retrocessos de Fibonacci no PSI20 (subida)...191

    Figura 62: Exemplo de retrocesso de Fibonacci sem correco ......193

    Figura 63: Onda C PSI20 ..195

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    INTRODUO

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    IJUSTIFICAO DO TRABALHO DE INVESTIGAO

    Os mercados de capitais so actualmente um elemento insubstituvel e de crescente

    importncia em qualquer economia moderna e competitiva. Com efeito, estes mercados

    representam uma fonte alternativa de financiamento para os emitentes que desejam

    renovar e expandir as suas actividades; por outro lado, permitem conciliar os interesses

    desses emitentes, normalmente com elevadas necessidades de capitais de longo prazo,

    com os interesses dos pequenos aforradores, que desejam o mximo de retorno,

    segurana e liquidez.

    A crescente importncia dos mercados de capitais no contexto econmico mundial

    resulta de um conjunto de transformaes que ocorreram em particular na ltima

    dcada, e que tiveram origem na conjugao de vrios factores, tais como:

    Globalizao

    Aumento da desintermediao financeira

    Aumento da importncia dos investidores

    Internacionalizao dos emitentes

    Internacionalizao da actividade dos intermedirios financeiros

    Inovao

    O mercado de capitais portugus tem acompanhado estas transformaes, tendo

    evoludo significativamente ao longo da ltima dcada e meia. So inmeras as

    inovaes de natureza organizacional, tecnolgica e regulamentar que transformaram

    um mercado inspido e perifrico num mercado reconhecidamente desenvolvido.

    Qualquer deciso de investimento em aces tem que ter por base o estudo de trs

    variveis: a liquidez dos ttulos, o risco associado (especfico e de mercado) e a

    rendibilidade.

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    A anlise do comportamento dos ttulos em bolsa de valores, quanto a cotaes e

    quantidade transaccionada, d-nos uma ideia relativamente ao grau de liquidez das

    aces, factor a ter bastante ateno, dado que, em qualquer momento, pode surgir uma

    oportunidade de entrada e/ou sada de mercado.

    Contudo, a anlise de liquidez das aces deve ser complementada por uma anlise

    aprofundada da evoluo das suas cotaes. Esta anlise denominada por Anlise

    Tcnica e esta procura prever a evoluo futura dos preos utilizando, para isso,

    informaes passadas sobre os preos de mercado ou volumes dos activos

    transaccionados.

    A anlise tcnica, tambm conhecida por grafismo, consiste na identificao visual de

    padres geomtricos ou de tendncias, que permite aos investidores antecipar um

    movimento futuro dos preos. Segundo Boainain e Pereira [2009] esta anlise pressupe

    que so os agentes do mercado que determinam os preos dos activos. Neste seguimento, os

    analistas procuram entender como a maioria dos agentes se comporta diante de

    determinadas situaes. Murphy [1999] define anlise tcnica desta forma: Technical

    analysis is the study of market action, primarily through the use of charts, for the purpose of

    forecasting future price trends. The term market action includes the three principal

    sources of information available to the technician-price, volume, and open interest.

    Nas bolsas, tal como em todos os mercados, existem variaes ou oscilaes que se

    podem repetir ao longo do tempo de uma forma mais ou menos parecida.

    Nos anos trinta, Ralph Nelson Elliott verificou que as cotaes oscilavam de acordo

    com um comportamento parecido ao de ondas. Na sua opinio, estas ondas so

    repetitivas quanto sua forma, mas no necessariamente em relao ao tempo ou

    amplitude. Elliott refere oito destes movimentos, ou ondas, que se repetem com

    frequncia. Deu um nome, ilustrou e definiu cada uma destas oscilaes. De seguida

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    descobriu como estavam relacionadas entre si de modo a formarem verses mais

    extensas delas mesmas. Denominou este fenmeno como O Principio das Ondas.

    De salientar que este um tema que tem originado alguma discordncia sendo at alvo

    de algumas crticas no campo acadmico, principalmente aps a publicao de Fama e

    Blume [1966], na qual concluram que uma estratgia de investimento baseada na

    anlise tcnica no obteria melhores resultados que a estratgia buy and hold. Apesar

    deste confronto, diversos estatsticos e analistas financeiros continuaram, ao longo dos

    anos, a realizar testes e a desenvolver modelos estatsticos sobre os movimentos dos

    preos de mercado sendo assim, este tema, ainda hoje, considerado como objecto de

    estudo nos diversos mercados de capitais.

    Dada a importncia que este princpio tem na anlise do mercado de capitais propomos,

    nesta tese, analisar os seus princpios bsicos, as suas terorias subjacentes e aplic-la ao

    mercado bolsista portugus, atravs do seu ndice, o PSI20.

    Nas ltimas duas dcadas as publicaes feitas sobre o tema Anlise Tcnica tm

    vindo a aumentar, apesar de com resultados divergentes ao longo do tempo: depois de

    inicialmente ter vigorado a teoria das finanas que tem como um dos seus principais

    paradigmas a hiptese de eficincia dos mercados, surgiu nos ltimos anos diversos

    artigos e trabalhos de investigao que vieram discordar destes primeiros. Os resultados

    anunciados por estes apresentaram evidncias estatsticas significativas de poder de

    previso para movimentos futuros dos preos de mercado. No entanto, o facto de, para

    muitos dos ttulos analisados as estratgias de trading apresentarem poder de previso,

    isto no significa que seja possvel ao investidor obter rendibilidades superiores ao

    mercado.

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    A nvel internacional este um tema que sempre acompanhou os mercados de capitais e

    que tem originado diversas discusses entre os defensores da anlise tcnica por um

    lado e os acadmicos de outro, no existindo ainda concluses unnimes sobre o

    mesmo. No entanto, em Portugal so ainda poucos os estudos acadmicos que tm

    como foco a anlise tcnica, e ainda menos os que abordam o tema das Ondas de

    Elliott, sendo assim um objeto de estudo pouco desenvolvido no meio acadmico

    portugus.

    Partindo do pressuposto j comprovado em vasta literatutra que a Teoria das Ondas de

    Elloitt uma teoria de referncia na anlise dos mercados financeiros, este estudo

    baseia-se na anlise da sua aderncia ao mercado bolsista portugus e pretende analisar

    a possvel existncia da mesma.

    O nmero de publicaes sobre a Anlise Tcnica tem vindo a aumentar nas ltimas

    duas dcadas, mas especificamente sobre a Teoria das Ondas de Elliott ainda muito

    pouco foi publicado, queremos, assim, contribuir para o conhecimento desta Teoria no

    mundo acadmico.

    Na nossa opinio existem carncias de estudos que comprovem cientificamente a

    aplicabilidade e os benefcios da utilizao desta teoria, apesar de, como j referido, ser

    uma Teoria muito utilizada nos principais mercados bolsistas mundiais muito pouco

    utilizada em Portugal, esta situao a principal justificao para a escolha deste tema.

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    IIOJECTIVOS

    Todas as tcnicas de avaliao de ativos financeiros, matemticas ou grficas, possuem

    a premissa da hiptese da eficincia dos mercados. No entanto nem sempre se verifica a

    coerncia entre os movimentos reais e os esperados, o que nos leva a concluir que

    existem factores exgenos a influenciar e que partida no so mensurveis.

    No entanto, o facto de existirem padres grficos passados a reproduzir a mesma forma

    no presente origina a sinalizao de tendncias, o que leva contestao das possveis

    distores. A anlise tcnica (com fundamentao na teoria de Dow) uma das

    ferramentas utilizadas para as previses no mercado financeiro. No entanto, como

    veremos ao longo da presente tese, os factos demonstram que os modelos de previso

    tm falhado pelo facto de no apresentarem uma boa aderncia ao comportamento dos

    preos reais.

    Em Portugal, so ainda poucos os estudos acadmicos que tm como foco a anlise

    tcnica de uma forma geral e a Teoria das Ondas de Elliott em particular, sendo, por

    conseguinte, um objecto de estudo pouco desenvolvido no meio acadmico portugus.

    No entanto, a nvel internacional a situao bem diferente. Este um tema que sempre

    acompanhou os mercados de capitais, e que tem originado ao longo dos anos diversas

    discusses entre os defensores da anlise tcnica e o mundo acadmico, no havendo

    ainda concluses unnimes acerca do tema.Mas, apesar desta ferramenta ser muito utilizada na prtica, ao nvel acadmico de uma

    forma geral e principalmente ao nvel nacional existem poucos estudos que comprovem

    cientificamente a aplicabilidade da sua utilizao.

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    Assim, o objectivo principal da investigao a reviso literria da Teoria das Ondas de

    Elliott e de todas as teorias que lhe esto subjacentes e a sua aplicao prtica ao

    movimento do ndice bolsista portugus, o PSI20.

    Neste seguimento pretendemos responder s seguintes questes:

    Sendo a Teoria das Ondas de Elliott uma teoria com tanta relevncia nos

    mercados financeiros em geral e no campo da Anlise Tcnica em particular,

    porque no utilizada em Portugal?

    possvel identificar o padro das Ondas de Elliott ao mercado bolsista

    portugus, nomeadamente ao ndice PSI20?

    possvel utilizar a teoria das Ondas de Elliott para efetuar previses no

    mercado bolsista portugus?

    IIIESTRUTURA DA TESE

    A estrutura central deste trabalho baseia-se em 6 captulos.

    Na Introduo so apresentadas as bases do trabalho de investigao, a justificao do

    mesmo e os objetivos a serem alcanados com a presente tese, bem como a sua

    estrutura.

    No captulo 1 descrito o mercado de valores mobilirios e apresentada a sua

    constituio, sendo dada especial ateno ao mercado bolsista e, em particular, ao

    mercado portugus.

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    No captulo seguinte so apresentados tpicos relacionados com o funcionamento dos

    mercados, como o valor intrnseco e o valor fundamental, as anomalias de mercado e o

    valor intrnseco e risco.

    No captulo 3 abordado o tema da anlise tcnica de mercados, dada a sua forte

    relao com o tema em estudo. So analisadas, neste captulo, as linhas de tendncia e a

    Teoria de Dow e feita uma breve referncia s Ondas de Elliott e sua incluso no

    estudo da anlise tcnica.

    Dada a importncia que a matemtica de Fibonacci teve para a anlise tcnica em geral

    e para a teoria das Ondas de Elliott em particular, este tema exposto no captulo 4.

    A teoria da Ondas de Elliott exposta no captulo seguinte, no qual so enunciados os

    princpios bsicos da teoria e os antecedentes histricos e matemticos que lhe esto na

    base.

    No captulo 6 realizada a aplicao prtica da Teoria das Ondas de Elliott, e das suas

    teorias base, ao mercado bolsista portugus, nomeadamente aos movimentos do ndice

    PSI20.

    No captulo 7 enunciamos as principais concluses do nosso trabalho e de seguida

    apresentamos as limitaes e a investigao futura inerente ao presente trabalho.

    A ltima parte do trabalho apresenta a bibliografia que aparece citada ao longo do

    mesmo.

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    CAPTULO 1

    O MERCADO DE VALORES

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    1. 1- CONSTITUIO DO MERCADO DE VALORES MOBILIRIOS

    O termo mercado, no seu sentido mais amplo, tem sido genericamente utilizado para

    designar espaos, no necessariamente fsicos, de confluncia de uma oferta e de uma

    procura de um determinado bem ou servio. Nesta perspectiva o mercado de valores

    mobilirios todo o espao, no necessariamente fsico, de confluncia de uma oferta e

    de uma procura de valores mobilirios.

    Desta forma podemos concluir que, o mercado de valores mobilirios qualquer espao

    ou organizao em que se admite a negociao de valores mobilirios por um conjunto

    indeterminado de pessoas actuando por conta prpria ou atravs de um mandatrio.

    Este mercado representa um segmento do sistema financeiro e relaciona-se,

    principalmente, com instrumentos de mdio e longo prazo.

    O principal papel do Mercado de Capitais o de constituir um ponto de encontro entre

    investidores e aforradores, isto , movimenta os fluxos de fundos da economia

    canalizando os fundos dos agentes que tm poupana lquida positiva para os agentes

    que dela necessitam, pelo facto de serem geradores de poupana lquida negativa. Como

    consequncia desta sua funo a existncia do mercado permite evitar a no realizao

    de investimentos projectados causada por insuficincia de poupana ou por dificuldade

    de obteno de crdito bancrio apropriado.

    O funcionamento deste mercado obedece naturalmente a um conjunto de regras. No

    existe um local fsico que globalmente o envolva, mas sim uma Bolsa ou conjunto de

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    Bolsas que operam no domnio do segmento do mercado de capitais e que tm a sua

    organizao e gesto prprias.

    O mercado de valores tem como principais funes1:

    - Facilitar a transferncia de recursos

    - Converso de activos lquidos em investimento

    Ou seja, o sistema do mercado de valores mobilirios promover de forma mais

    eficiente a transferncia de fundos entre a poupana e o investimento.

    O mercado de valores mobilirios divide-se em:

    - Mercado primrio (ou de subscrio)

    - Mercado secundrio

    Segundo o Cdigo do Mercado de Valores Mobilirios o mercado primrio definido

    como o conjunto dos mercados de valores mobilirios atravs dos quais asentidades

    emitentes procedem emisso desses valores e sua distribuio pelos investidores.

    O mercado primrio funciona no momento em que a entidade emitente procede

    colocao dos valores mobilirios, recebendo a correspondente contrapartida monetria.

    , desta forma, constitudo pelos activos financeiros que iniciam a sua circulao no

    mercado atravs de emisses.

    1Segundo MOTA, Antnio e Tom, Jorge em Mercado de Ttulos

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    Desta forma, este mercado constitui uma base para a vitalidade da Economia, dado que

    este responde s necessidades das unidades econmicas que constituem o seu motor,

    necessidades essas que se manifestam, tambm, no longo prazo.

    Este mercado representa uma alternativa ao financiamento e aplicao de poupanas,

    assim tem algumas vantagens, entre outras:

    - financiamento a menor custo;

    - flexibilidade na gesto da estrutura de capitais;

    -

    binmio riscoretorno mais favorvel;

    - vasto leque de alternativas de aplicao de fundos.

    Segundo o Cdigo do Mercado de Valores Mobilirios os mercados primrios

    caracterizam-se por:

    a) a respectiva criao ser mera consequncia do aparecimento de uma

    emisso de valores mobilirios;

    b) a respectiva criao ser livre, sendo da competncia das entidades

    emitentes de valores mobilirios;

    c) tais mercados primrios no serem nem locais nem organizaes

    institudas para funcionar de forma regular;

    d)

    a realizao de negcios em tais mercados no pressupor a interveno

    de intermedirios financeiros para intermediar os negcios que neles se

    realizam.

    Segundo o Cdigo do Mercado de Valores Mobilirios o mercado secundrio definido

    como o conjunto dos mercados de valores mobilirios organizados para assegurar a

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    compra e venda desses valores mobilirios depois de distribudos aos investidores

    atravs do mercado primrio.

    O mercado secundrio um mercado para investimento e desinvestimento de valores

    mobilirios, previamente emitidos, onde so realizadas as operaes de compra e venda.

    Visa conferir liquidez aos ttulos emitidos e viabilizar a aplicao de poupanas a novos

    investidores, garantindo a viabilidade do mercado primrio.2Desta forma, o mercado

    secundrio constitudo pelos activos financeiros que j esto em circulao no

    mercado e que so objecto de transaces na Bolsa de Valores ou fora delas (balces

    bancrios e correctores) com o objectivo de assegurar a liquidez dos valores

    mobilirios.

    Os mercados secundrios so constitudos por:

    - Mercados de Bolsa (regulamentados e no regulamentados)

    - Outros mercados regulamentados (como por exemplo o MEOG e o MEDIP3)

    Sendo estes os mercados secundrios reconhecidos pelo Cdigo do Mercado de Valores

    Mobilirios significa que, contrariamente ao que acontece em termos de mercado

    primrio, h operaes de transmisso de valores mobilirios realizadas ao abrigo das

    disposies deste Cdigo que ocorrem necessariamente fora de qualquer mercado

    secundrio organizado. Tal o que sucede com todas as operaes que no so

    intermediadas, quer respeitem a valores admitidos negociao em mercados

    regulamentados ou no.

    2Definio segundo a BVLP, em Mercado a contado (Abril 2001)3O MEDIP o Mercado Especial de Dvida Pblica gerido pelo MTS Portugal

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    Segundo o Cdigo do Mercado de Valores Mobilirios os mercados secundrios

    caracterizam-se por:

    a) a respectiva criao pressupor a institucionalizao de uma organizao

    destinada a assegurar a transmisso de valores mobilirias j emitidos;

    b) a respectiva criao no ser livre, dependendo de autorizao

    administrativa a conceder atravs de Portaria dos Ministro das Finanas;

    c) se destinarem a funcionar de forma regular;

    d) a realizao de negcios em tais mercados pressupor necessariamente a

    interveno de intermedirios financeiros.

    A criao do segundo mercado tem por finalidade permitir o acesso dos ttulos emitidos

    Bolsa, principalmente no caso de pequenas e mdias empresas. Assim, deve ser

    estruturado de forma a reduzir as exigncias relativamente ao mercado de cotaes

    oficiais, quer em relao s condies de admisso cotao e permanncia no

    mercado, quer em relao informao a fornecer s entidades competentes e aos

    investidores em geral, sem, desta forma, prejudicar ou diminuir a qualidade e a

    exactido da informao a prestar.

    Nos tempos recentes tem vindo a afirmar-se um segmento da economia constitudo por

    empresas actuantes nos sectores de tecnologia de ponta, quer ao nvel dos processos

    produtivos quer ao nvel da comercializao.

    Este conjunto de negcios baseia-se, essencialmente, no desenvolvimento de novas

    ideias e tecnologias gerando expectativas de alto crescimento. No entanto, as avultadas

    necessidades de capitalizao no arranque, a par da necessria repartio de riscos entre

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    cedentes desse capital, bem como a necessidade de encontrar canais de financiamento

    alternativos e de valorizar os negcios a preos de mercado, foram factores que

    fomentaram a entrada de tais sociedades no mercado de capitais. Este segmento da

    economia vulgarmente designado por Nova Economia, apresenta caractersticas

    prprias, exigindo, assim, a existncia de mercados organizados, dotados, tambm eles,

    de caractersticas especficas.

    Desta forma foi sentida a necessidade de criao de um novo segmento de mercadoo

    Novo Mercadoespecialmente vocacionado para a negociao de valores mobilirios

    representativos do capital de entidades que possuam as caractersticas atrs

    mencionadas.

    De acordo com a estrutura de mercados estabelecida pelo Cdigo dos Valores

    Mobilirios, o mercado a contado est organizado da seguinte forma:

    Mercado a Contado

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    1.2A BOLSA

    1.2.1O que ?

    So mercados de bolsa os mercados regulamentados de forma a que as ofertas e a

    concretizao das operaes sejam centralizadas num s espao ou sistema de

    negociao. A Bolsa de Valores Mobilirios o lugar de encontro dos proprietrios de

    ttulos j emitidos e dos investidores que desejam adquirir esses mesmos ttulos4,onde

    os primeiros procuram liquidez ou mobilidade do seu capital e os segundos pretendem

    valores que lhes garantam uma aplicao que esperam que seja capaz de atingir os

    objectivos de performance que eles fixaram. Assim, e no seguinte do exposto

    anteriormente, para que exista eficcia no mercado secundrio necessria a existncia

    de bom funcionamento no mercado primrio.

    Nos termos do Cdigo dos Valores Mobilirios, nas bolsas onde se realizem operaes

    a contado, obrigatria a existncia de um Mercado de Cotaes Oficiais, a que se

    aplicam integralmente as disposies relativas admisso, ao prospecto e informao.

    O mercado bolsista um dos mercados de valores mobilirios.5

    Por definio a Bolsa uma entidade prestadora de um servio que, aliando a

    transparncia e segurana das operaes efectuadas, tem por objectivo proporcionar a

    transaco de valores mobilirios s contrapartes intervenientes (comprador e vendedor)

    apoiando assim o mecanismo de formao de preos e conferindo segurana ao

    processo de movimentao e de depsito dos valores.

    4

    Definio do Dicionrio da Bolsa e dos Mercados5No o nico a existir em Portugal, no ponto do mesmo captulo feita referncia aos outros tipos demercados de valores mobilirios.

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    Desta forma, as Bolsas de Valores so consideradas mercados estruturados e dotados de

    instrumentos jurdicos adequados que permitem que se efectuem transaces ou

    operaes de compra e venda de ttulos, com transparncia e segurana.

    Uma Bolsa de Valores tambm desenvolve estratgias de divulgao e promoo dos

    mercados, da formao dos agentes e o desenvolvimento de novos instrumentos

    financeiros, por forma a incrementar a liquidez dos valores transaccionados e a contnua

    sofisticao dos produtos, com vista a fazer face enorme diversidade de necessidades

    dos intervenientes nestes mercados.

    Segundo Mota e Tom [1991] os ttulos admissveis negociao na Bolsa de Valores

    so:

    - os fundos nacionais e estrangeiros e os valores mobilirios a eles equiparados;

    - as aces e obrigaes emitidas por sociedades e outras entidades nacionais ou

    estrangeiras;

    - os ttulos de participao;

    - as unidades de participao de fundos de investimentos fechados;

    - outros valores mobilirios a que, por disposio legal, sob proposta ou com

    audincia prvia da CMVM (Comisso do Mercado de Valores Mobilirios),

    seja atribuda a negociabilidade em Bolsa;

    - os direitos de contedo econmico destacveis dos ttulos referidos nas alneas

    anteriores, precedentes ou sobre eles constitudos, e que sejam susceptveis de

    negociao autnoma.

    Os protagonistas da Bolsa so especialistas na tcnica de operaes designados por

    correctores ou brokers e dealers pois os particulares e as empresas no aparecem

    isoladamente a dar ordens de compra e venda. Cabe aos operadores financeiros colocar

    as ordens que lhe foram transmitidas em Bolsa ou mesmo no Mercado no Bolsista.

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    1.2.2 - Objectivos

    Uma Bolsa de Valores assume-se como:

    - Um dos meios de financiamento de um nmero crescente de entidades,

    nomeadamente as empresas;

    - Uma rentvel alternativa de investimento para os agentes econmicos;

    - Um barmetroda economia em que se encontra integrada.

    As Bolsas de Valores tm fundamentalmente os seguintes objectivos ou funes:

    -

    a formao dos preos dos valores mobilirios no mercado;

    - a canalizao de poupana para o mercado primrio;

    - a avaliao dos valores mobilirios;

    - assegurar e proporcionar liquidez aos ttulos.

    Desta forma a Bolsa funciona como um mercado especializado onde se efectuamcompras e vendas de aces ou obrigaes e onde se fixa o preo pblico, denominado

    cotao.

    A oferta e procura de valores negociveis e instrumentos financeiros canalizam-se

    atravs de um mercado organizado que se chama bolsa e onde se formaliza um preo de

    equilbrio ou cotao de ttulos negociveis. A promoo desta liquidez e a

    possibilidade de efectuarem estas trocas de forma segura e transparente constitui o seu

    principal objectivo.

    De uma forma geral, uma bolsa tambm considerada como uma forma de promover o

    crescimento econmico de um pas, na medida em que para que tal acontea

    necessrio que existam fundos disponveis de forma a financiar a formao e reposio

    de capital.

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    1.2.3Caractersticas do mercado bolsista

    Os aspectos mais relevantes da bolsa face a outros mercados so os seguintes:

    1. No se encontram no lugar de contratao os bens ou valores que se

    contratam para poderem ser avaliados pelos potenciais compradores, como

    normal acontecer nos mercados dos produtos. Acresce, que os novos

    sistemas electrnicos de liquidao e compensao esto desprovidos de

    entidade fsica.

    2.

    um mercado permanente, onde s trabalham profissionais credenciados, os

    membros da bolsa, que recebem as ordens de compra e venda dos seus

    clientes.

    3. um mercado organizado, j que oferece o lugar e os meios que permitem

    ao conjunto de compradores e vendedores estarem em contacto de forma

    regular.

    4. A relao contratual bolsista realiza-se segundo o cumprimento da normativa

    especfica do mercado.

    5. A segurana um dos aspectos mais caractersticos, tanto no seu sentido

    jurdico como econmico. Existe regularidade nas operaes e nos valores

    objecto de contratao e uma garantia de liquidao dos contratos.

    6. A caracterstica fundamental reside na publicidade dos preos, o que permite

    uma maior transparncia do mercado e, por ltimo, a formao objectiva e

    imparcial das cotaes.

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    1.3ELEMENTOS INTEGRANTES DO MERCADO DE VALORES

    Os elementos que integram o mercado de valores podem ser distinguidos da seguinte

    forma:

    1. Elementos pessoais, pois em torno deles que se movimentam aqueles

    que procuram fundos e aqueles que os oferecem (pessoas fsicas ou

    jurdicas). Em conjunto com estes, esto aqueles que actuam como

    intermedirios no mercado e cuja actividade profissional o de

    estabelecer ligao entre a oferta e a procura de fundos.

    2. Elementos reais que so constitudos pelo activo objecto de transaco no

    mercado de valores e que no nosso pas se limita aos valores negociveis

    em mercados organizados.

    3. Elementos formais, que esto definidos pelas formas e modos como se

    realizam as transaces em mercados de valores, onde a CMVM

    desempenha um papel fundamental de regulamentao e superviso.

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    1.4O MERCADO PORTUGUS

    Nas ltimas temporadas o mercado bolsista portugus tem sofrido importantes e amplas

    mutaes, desde o prprio enquadramento legal, passando pela sua estrutura funcional e

    pelos sitemas de negociao, como tambm pela integrao numa plataforma

    internacional.

    A Bolsa de Valores portuguesa a Euronext Lisbon, que resultou da fuso entre a Bolsa

    de Valores de Lisboa e Porto (BVLP) e a Euronext NV. Actualmente a Euronext NV

    composta, alm da Euronext Lisbon, pela Euronext Asterdam, pela Euronext Brussels e

    pela Euronext Paris.

    A Euronext funciona hoje como o primeiro mercado de bolsa pan-europeu e um dos

    mercados bolsistas mundiais mais importantes.

    O incio desta grande transformao ocorreu em 2000. A 10 de Fevereiro de 2000 foi

    constituda a BVLP por via da transformao das anteriormente denominadas,Associao da Bolsa de Valores de Lisboa (ABVL) e Associao da Bolsa de Derivados

    do Porto (ABDP). Do referido processo de transformao resultou, no apenas a

    alterao de natureza jurdica das referidas associaes de bolsa, como tambm, a

    fuso entre a ABVL e a ABDP, constituindo-se uma nica entidade gestora, que

    reveste a natureza de Sociedade Annima.

    Tendo presente o contexto de mudana contnua e o Cdigo 2000 tambm neste ano

    celebrado o acordo de integrao na plataforma bolsista Europeia Euronext. Em 2001

    foi assinado o Memorandum of Understanding que levou, em 2002, adopo do

    nome de Euronext Lisboa e sua total integrao no ano seguinte.

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    A Euronext Lisbon tem como objectivo principal a gesto de bolsas, podendo ainda:

    - gerir outros mercados de valores mobilirios;

    - gerir sistemas de liquidao de valores mobilirios;

    - prestar outros servios como a emisso e a negociao de valores mobilirios

    que no constituem actividade de intermediao;

    - e prestar aos membros dos mercados por si geridos os servios que se revelem

    necessrios interveno desses membros em mercados geridos por entidade

    congnere de outro Estado com quem tenha celebrado acordo.

    Com o objectivo de codificar, simplificar, flexibilizar, modernizar e internacionalizar,

    entrou em vigor a 1 de Maro de 2000 um novo Cdigo de Valores Mobilirios (Cd.

    VM) que torna o enquadramento legal dos valores mobilirios menos disperso (do que o

    que existia anteriormente).

    De acordo com o actual Cdigo, a estrutura dos mercados de valores mobilirios

    permitidos em Portugal a seguinte:

    - Mercados de Bolsa;

    - Outros mercados regulamentados;

    - Mercados organizados de acordo com regras estabelecidas livremente pela

    respectiva entidade gestora, embora com respeito pelos critrios de

    transparncia.

    O Mercado de Valores Mobilirios em Portugal est dividido da seguinte forma:

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    Mercados regulamentados so os mercados de instrumentos financeiros constantes de

    uma lista oficial elaborada por cada Estado Membro, com funcionamento regular,

    cujas condies de funcionamento, de acesso ao mercado e de aceitao dos

    instrumentos financeiros neles negociveis hajam sido aprovadas por autoridades

    competentes e em que se encontre assegurada a divulgao de todas as transaces

    realizadas pelos intervenientes s autoridades de superviso e a prestao de informao

    pblica sobre as principais caractersticas de tais transaces6.

    6Segundo a Directiva 93/22/CEE (Directiva de Servios de Investimentos)

    Mercado de

    Valores Mobilirios

    Mercados

    Regulamentados

    MERCADOS DE BOLSA

    ContadoMercado de Cotaes Oficiais

    Segundo Mercado

    Novo Mercado

    Derivados

    Futuros

    Opes

    Outros

    MEOG

    MEDIP

    Mercados

    No

    Regulamentados

    Mercado

    sem Cotaes

    PEXMercado Estruturados

    Operaes Realizadas

    fora do

    MercadoRegulamentado

    Reps

    Emprstimo de

    Valores

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    Os mercados de Bolsa esto organizados em trs segmentos:

    - Mercado de Cotaes Oficiais

    - Novo Mercado

    - Segundo Mercado

    O Mercado de Cotaes Oficiais (MCO) o mais exigente em termos de requisitos de

    admisso e de poltica de divulgao de informao, pois est direccionado para os

    valores mobilirios mais lquidos.

    neste mercado que so admitidas as aces das maiores empresas portuguesas e

    outros valores, tais como: obrigaes do tesouro, dvida privada e warrants autnomos.

    No Mercado de Cotaes Oficiais podem ser admitidos os seguintes valores

    mobilirios:

    Os fundos pblicos nacionais e estrangeiros e os valores mobilirios aos

    mesmos equiparados;

    As aces ou obrigaes, incluindo obrigaes de caixa, emitidas por

    sociedades e outras entidades nacionais ou estrangeiras;

    Os ttulos de participao;

    As unidades de participao de fundos de investimento fechados;

    Os warrants autnomos;

    Outros valores mobilirios a que seja atribuda a negociabilidade por

    legislao prpria;

    Os direitos de contedo econmico destacveis dos valores referidos ou

    sobre eles constitudos e que sejam susceptveis de negociao autnoma

    (direitos de incorporao, direitos de subscrio, warrants).

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    As condies de admisso ao Mercado de Cotaes Oficiais so:

    Publicao regular dos relatrios de gesto e contas anuais respeitantes

    aos trs exerccios anteriores ao pedido de admisso;

    Desenvolvimento da actividade h pelo menos trs anos;

    Comprovao da situao econmica e financeira compatvel com a

    natureza dos valores mobilirios a emitir.

    O Novo Mercado est direccionado para as empresas ligadas s novas tecnologias ou

    ainda start-ups. Est especialmente vocacionado para a negociao de valores

    mobilirios representativos do capital de entidades que actuam em sectores

    tecnolgicos, de carcter inovador, com elevado potencial de crescimento e de entidades

    com necessidade de financiamento para o desenvolvimento de projectos, que operam

    em sectores tradicionais, mas com produtos, processos e servios inovadores que lhes

    permitam bases de crescimento significativos.

    As condies gerais de admisso definem que s podem ser admitidos negociao

    valores mobilirios cujo contedo e forma de representao sejam conformes ao direito

    que lhes aplicvel e, tenham sido emitidos de harmonia com a lei pessoal do emitente.

    O Segundo Mercado, foi criado em Janeiro de 1992, e compreende as empresas que no

    preenchem os requisitos para serem admitidas no Novo Mercado, nomeadamente as

    pequenas e mdias empresas. Estes requisitos prendem-se com diversos factores,

    nomeadamente: disperso de capital, capitalizao bolsista estimada, e no caso de

    obrigaes, o nmero de emisses. O segundo mercado destina-se s transaces de

    valores mobilirios em relao aos quais no se observem todas as condies exigidas

    para a admisso e permanncia no mercado de cotaes oficiais.

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    O Mercado de Derivados tem como objectivo principal a cobertura de risco tendo sido

    essa a razo fundamental do lanamento dos contratos de negociao a prazo. So

    negociados contratos Futuros e Opes.

    A realizao de transaces sobre produtos derivados est sujeita a um conjunto de

    regras e princpios, de entre os quais de salientar o da obrigatoriedade da

    intermediao nas transaces.

    Tal como acontece no mercado vista, tambm nos derivados a actuao directa est

    reservada aos membros da bolsa. So estes que efectuam as ordens de compra e venda.

    Ningum pode interferir directamente no mercado se no tiver a qualidade de membro.

    Torna-se, assim, imprescindvel a existncia de membros negociadores que induziro

    directamente no sistema as ofertas de compra ou de venda, e de membros liquidadores

    que asseguram o bom funcionamento das obrigaes no vencimento dos contratos (de

    opes ou futuros), bem como a gesto das posies em aberto.

    Existe, ainda, um grupo especial de membros que merece uma referncia particular, os

    marketmakers. Os marketmakersso membros do Mercado que se encontram legal

    e regularmente habilitados a desempenhar outro tipo de funes, designadas por funes

    de Fomento de Mercado. Estes membros comprometem-se a manter no sistema de

    negociao ofertas de compra e de venda, durante 80% do tempo de sesso da bolsa,

    visando dotar o mercado de um nvel mnimo de liquidez.

    Existem ainda outros mercados geridos pela Euronext Lisbon, so eles:

    - O MEOG, este um mercado especial para operaes por grosso (excluindo as

    Obrigaes do Tesouro) admitidas no Mercado de Cotaes Oficiais.

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    - O Mercado Sem Cotaes um mercado no regulamentado no qual os valores

    mobilirios podem ser admitidos por um perodo de tempo limitado ou

    ilimitado.

    O mercado de capitais tem registado uma crescente importncia no mbito do contexto

    econmico mundial, importncia essa que resulta de um conjunto de transformaes que

    tm ocorrido e que tiveram origem na conjugao de vrios factores que importa

    recordar, so eles:

    A globalizao como elemento transformador do mercado de capitais,

    pois expressa um aumento de importncia dos fluxos de capitais

    internacionais e na intensificao da concorrncia entre os participantes

    do mercado, o que contribuiu de forma inevitvel para o aumento da

    interdependncia dos mercados;

    O aumento da desintermediao financeira: recursos que eram

    intermediados pelos bancos, passaram agora a ser captados directamente

    junto dos aforradores, o que contribuiu para a crescente dinamizao dos

    mercados de capitais;

    O aumento da importncia dos investidores institucionais no mercado de

    capitais: induzindo a melhoria contnua dos mecanismos de negociao,

    compensao, liquidao e custdia, bem como melhoria dos

    mecanismos de governo das sociedades emitentes;

    Crescente internacionalizao dos emitentes, que viram alargar de forma

    substancial as suas alternativas de captao de poupanas, possibilitando-

    se o acesso, no apenas aos mercados internacionais de ttulos de dvida,

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    mas tambm a outros mercados, nomeadamente aos mercados

    accionistas;

    Internacionalizao da actividade dos intermedirios financeiros;

    Inovao, que atravs da criao de novos produtos e instrumentos

    financeiros muito tem contribudo para o crescimento dos valores

    transaccionados no mercado de capitais.

    O efeito da globalizao econmica e a velocidade cada vez maior na circulao de

    informao, associada a uma maior especializao no desenvolvimento e consumo de

    produtos financeiros, exigiram uma maior dinmica das bolsas de valores.

    As bolsas de valores passaram ento a concorrer entre si como forma de captar o maior

    nmero de agentes econmicos (empresas, particulares e institucionais) elaborando, por

    exemplo, melhores produtos financeiros (ex: produtos derivados) e concebendo os mais

    variados ndices de cotaes.

    A dcada de 90, na Europa, foi particularmente dinmica para os mercados financeiros.

    A evoluo da Unio Europeia e a introduo da moeda nica, que se traduz na

    eliminao do risco cambial, tornou ainda mais evidente que o conceito de mercado

    domstico estava ultrapassado, nomeadamente ao nvel da captao e aplicao de

    recursos. Num contexto de Unio Europeia seria de esperar, mais tarde ou mais cedo, a

    existncia de uma fuso dos mercados financeiros.

    Os mercados de capitais e, em particular, as bolsas europeias encontram-se enquadradas

    num ambiente concorrencial sem precedentes, em resultado da liberalizao

    internacional dos movimentos de capitais, da revoluo tecnolgica ao nvel das

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    comunidades e da realizao de operaes, e ainda da solidificao do processo de

    integrao europeia (consubstanciada na criao da moeda nica).

    As bolsas europeias tm enfrentado tambm a ameaa decorrente da maior liquidez do

    mercado norte americano. Quando existe livre circulao de capitais, os mercados

    mais lquidos atraem maiores fluxos financeiros, o que origina mais liquidez. Este ciclo

    ser tanto melhor quanto melhor posicionada estiver a praaonde actua, mas coloca

    srios constrangimentos ao crescimento das restantes praas.

    Os mercados de capitais tradicionais enfrentam ainda a concorrncia acrescida de novos

    espaos de negociao tais como os espaos de transaco baseados na Internet. A

    revoluo tecnolgica dos finais do sculo XX permitiu o surgimento de um conjunto

    de promotores de novos espaos de negociao de valores mobilirios com efeitos

    estratgicos no desenvolvimento da indstria. Estas novas plataformas provocaram

    alguma fragmentao do mercado e uma maior competio, para alm de sujeitarem as

    bolsas tradicionais e os intermedirios financeiros a elas ligadas a presses de preo

    outrora inimaginveis.

    Daqui resulta que os mercados de capitais europeus enfrentam hoje condies

    tecnolgicas de produo (traduzidas em custos mdios decrescentes) e horizontes de

    distribuio de produtos (onde o posicionamento ao nvel da distribuio de produtos seapresenta como factor crtico de sucesso) completamente distintos dos verificados

    anteriormente.

    Dada esta situao, o risco das bolsas de valores de menor dimenso desaparecerem ou,

    pelo menos, deixarem de ter algum papel relevante no financiamento da economia de

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    um pas aumentou fortemente. Algumas bolsas responderam a este novo cenrio

    adoptando vrias estratgias das quais se salienta:

    Desmutualizao das bolsas tradicionais dotando-as de

    flexibilidade para encarar as diferentes oportunidades estratgicas

    com que se deparam;

    Consolidao entre as diferentes bolsas, criando plataformas de

    maior dimenso e liquidez;

    Adopo de sistemas de negociao mais eficientes;

    Promoo de uma maior abertura ao acesso electrnico tanto para

    profissionais como para o pblico investidor.

    Neste contexto, a integrao da antiga BVLP na plataforma Euronext significa que os

    intermedirios financeiros membros das Bolsas de Paris, Amesterdo e Bruxelas

    poderam actuar directamente sobre as aces cotadas na Bolsa de Lisboa, do mesmomodo que os intermedirios financeiros portugueses passaram a poder executar

    directamente ordens naquelas outras bolsas. Tendo-se juntado mais tarde o mercado de

    derivados ingls Liffe.

    O que a Euronext traz verdadeiramente de novo um contexto alargado de

    oportunidades e de desafios, permitindo, desta forma, que o mercado portugus

    acompanhasse o desenvolvimento das bolsas internacionais. Permitindo, tambm, aos

    investidores e s empresas cotadas uma maior exposio internacional e permitindo a

    estes o acesso priveligiado a mercados dotados de elevada liquidez.

    A soluo institucional adoptada tem assegurado a existncia da bolsa nacional num

    contexto de globalizao e de elevada concorrncia internacional, conservando um

    mercado de capitais, entendido este no como uma mera plataforma de negociao que

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    cada vez mais virtual, mas antes como a existncia de uma oferta e de uma procura de

    meios financeiros e de intermedirios com interesses e com direco efectiva no nosso

    pas.

    Esta opo, ao proporcionar uma maior diversidade de escolhas de investimento,

    permite a locao mais eficiente dos investimentos, o incremento da competitividade,

    liquidez e dimenso dos negcios realizados, facilitando aos emitentes o acesso

    poupana externa ao mesmo tempo que contribui para o aumento da sua visibilidade,

    em particular daqueles que tm maior dimenso e liquidez. No entanto, incontornvel

    que as implicaes em termos do processo de harmonizao regulamentar e de

    integrao funcional afectam no s as entidades reguladoras mas todos os agentes que

    intervm nos mercados, exigindo um esforo global de adaptao significativo. Por

    outro lado, as pequenas transaces e os intervenientes de reduzida dimenso sentem

    maiores dificuldades em operar numa plataforma que est mais direccionada para

    operaes de maior escala. No entanto, estes investidores e empresas de pequena

    dimenso devero beneficiar do desenvolvimento de sistemas alternativos de

    negociao. A criao de um novo mercado no regulamentado, o PEX, especialmente

    dirigido s pequenas e mdias empresas, sintomtico dessa tendncia.

    Entrou tambm em funcionamento um outro Mercado No Regulamentado gerido pela

    Euronext Lisbon, denominado Mercado Estruturados, especialmente vocacionado para a

    admisso e negociao de valores mobilirios estruturados.

    Os valores mobilirios estruturados so valores mobilirios cuja valorizao deriva do

    comportamento de uma activo subjacente, podendo ser enquadrados na categoria de

    leveraged products ou investment products.

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    Leveraged productsso valores mobilirios estruturados com um comportamento mais

    que proporcional (positivo ou negativo) em relao ao activo subjacente ou outros

    valores mobilirios estruturados com condies especiais de vencimento, sendo

    qualificados como investment products todos os restantes valores mobilirios

    estruturados.

    O mercado de capitais portugus tem acompanhado as transformaes ocorridas, tendo

    evoludo significativamente ao longo da ltima dcada e meia. So muitas as inovaes

    de natureza organizacional, tecnolgica e regulamentar que transformaram o mercado

    portugus num mercado reconhecidamente desenvolvido.

    No entanto, apesar de se ter registado um forte desenvolvimento no mercado de capitais

    portugus nos ltimos anos, este apresenta-se como ainda como um dos menos maduros

    da Europa. O que significa, por um lado, pouca visibilidade e maior fragilidade, ainda

    que, por outro lado, possa tambm significar um maior potencial de crescimento a

    mdio e longo prazo.

    Desta forma, constatamos que apesar de todas as transformaes e inovaes registadas

    no mercado portugus, este regista ainda um atraso relativo e uma excessiva

    sensibilidade s conjunturas adversas. A principal razo para tais situaes prende-se

    com o reduzido peso dos investidores institucionais, ou seja, excessiva dependncia

    dos fluxos de investimento dos investidores particulares e dos investidores no

    residentes. Uns e outros so os primeiros a deixar de actuar em situaes de forte

    conjuntura negativa dos mercados abandonando o mercado e acelerando as redues

    de cotaes e dos volumes transaccionados e ambos so pouco cleres a regressar ao

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    mercado. Os investidores estrangeiros porque primeiro focalizam a sua ateno nos

    mercados de maior liquidez e os investidores particulares porquepor fora da averso

    ao riscoapenas actuam quando h perspectivas seguras de ciclos ascendentes.

    Os mercados de capitais e o sistema financeiro em geral esto em permanente mutao,

    colocando novos desafios no s s entidades reguladoras e supervisoras, mas tambm a

    todos os intervenientes no mercado de capitais. Identificar os principais factores e os

    grandes eixos de mudana que afectaro a evoluo futura do sistema financeiro , sem

    dvida, um primeiro passo para um desenvolvimento bem sucedido do mercado de

    capitais portugus.

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    CAPTULO 2

    FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS

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    2.1A EFICINCIA NO MERCADO DE CAPITAIS

    2.1.1Conceitos Introdutrios

    A hiptese da eficincia o suporte de toda a teoria quantitativa dos mercados

    financeiros e constitui o paradigma dominante da Teoria Financeira desde meados da

    dcada de 60.

    O amadurecimento do mercado de capitais portugus (j referido no captulo anterior),

    que se reflecte num conjunto de indicadores observveis como seja, por exemplo, o

    crescente nmero de empresas cotadas e o volume de transaces, justifica que se faa

    uma anlise de questes ligadas eficincia. Atendendo ao importante papel que o

    mercado de capitais desempenha no financiamento de uma economia, ao constituir um

    ponto de encontro entre agentes com necessidades de financiamento e agentes com

    poupana lquida positiva, matrias como a transparncia e a disseminao da

    informao aliadas eficincia constituram desde meados dos anos 60 uma constante

    na variada investigao, embora com nfases diferentes desde ento.

    A forma como so afectados os recursos disponveis o problema fundamental da

    economia. Pois, para satisfazermos as necessidades ilimitadas temos que saber qual a

    melhor forma de afectar cada um dos recursos que so limitados. Neste mbito tm sido

    desenvolvidos modelos que nos permitem decidir correctamente como utilizar uma

    unidade de recurso disponvel.

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    O mercado o conjunto composto pela oferta e procura dos diferentes recursos, e para

    cada um deles, a oferta e a procura chegaro a um preo de transaco.

    Este tipo de afectao s ocorre se tivermos perante a existncia de mercados perfeitos.

    As condies necessrias para que se possa dizer que estamos num mercado perfeito

    so7:

    1. Inexistncia de frico nos mercados: no existem custos de transaco

    nem impostos, os recursos movem-se livremente; podem-se

    comercializar todos os activos e estes so perfeitamente divisveis; no

    existe regulamentao que entrave o funcionamento do mercado.

    2. Os mercados so competitivos: existem substitutos de todos os bens e

    valores; h uma infinidade de compradores e vendedores que acedem aos

    mercados em igualdade de condies e nenhum capaz de influenciar os

    preos.

    3. Informao eficiente: a informao gratuita e chega simultaneamente a

    todos, existindo acordo sobre as possveis implicaes dessa mesma

    informao nos preos actuais e futuros dos bens e valores.

    Facilmente nos apercebemos que estas condies esto um pouco afastadas da

    realidade, nem mesmo no mercado de capitais se cumprem, apesar de ser o que se

    encontra mais prximo das condies apresentadas. por esta razo que se desenvolveu

    um conceito menos ambicioso denominado mercado eficiente.

    O estudo sobre a eficincia do mercado de capitais procura analisar de que forma a

    informao comunicada de forma oficial ao pblico incorporada no valor das

    aces, ou seja, de que forma os comunicados oficiais, realizados pelas empresas aos

    orgos reguladores, influenciam as cotaes das mesmas.

    7Copeland e Weston (1988, pgs 330-332); GmezBezares (1991, pg.96) e Haley e Schall (1979,pg.280)

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    Fama [1970] e posteriormente Torres [2002] contribuiram de forma notvel para o

    estabelecimento de um conjunto de condies suficientes de eficincia do mercado de

    capitais. Desta forma, num mercado onde:

    a) No h custos de transaco;

    b) Toda a informao est disponvel a todos os participantes sem qualquer

    custo; e

    c) Todos esto de acordo relativamente s implicaes que a informao

    corrente tem sobre o preo corrente e quanto s distribuies dos preos

    futuros de cada ttulo.

    O preo corrente de um ttulo fully refletstoda a informao disponvel. Naturalmente

    que esta no uma descrio adequada dos mercados existentes na realidade, por isso

    trata-se de uma condio suficiente e no necessria de eficincia. Por outro lado, a

    existncia de custos de transaco, a existncia de informao que no est disponvel a

    todos os investidores bem como a existncia de uma heterogeneidade de opinies sobre

    as implicaes que a informao dada tem sobre os preos, no significam desde logo

    que o mercado ineficiente. No entanto de realar que estas so fontes potenciais de

    ineficincia. Assim, medir os seus efeitos no processo de formao do preo ,

    obviamente, o maior objectivo do trabalho emprico nesta rea.

    Segundo Fama [1970] um mercado eficiente um mercado no qual os preos em

    qualquer momento reflectem totalmente a informao disponvel [in which prices

    always fully reflect available information], ou melhor, no qual os preos

    observados dos ttulos em qualquer momento se baseiam numa correcta avaliao de

    toda a informao disponvel nesse momento8[Fama (1976)].

    8

    Est implcito que o mercado de capitais eficiente se:a) No negligencia nenhuma informao relevante na determinao dos preos dos ttulos; eb) Os agentes intervenientes tm (actuam como se tivessem) expectativas racionais.

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    Neste seguimento considera que num mercado eficiente os preos das aces ajustam-se

    de forma imediata, ou seja, que toda a informao disponvel descontada no preo de

    mercado dos ttulos e que, em consequncia, no se poder obter uma rendibilidade

    extraordinria ou adicional unicamente utilizando esta informao, a no ser que

    sejamos suficientemente rpidos de forma a nos adiantarmos ao prprio mercado.

    Como consequncia da definio de eficincia conclui-se que nenhum investidor pode

    obter uma rentabilidade superior mdia do mercado e que no existem razes para se

    pensar que os preos esto sobre ou subavaliados e desta forma, nenhuma anlise de

    mercados, incluindo a anlise fundamental e a anlise tcnica, cujos temas abordaremos

    frente, no fariam sentido na medida em que no podem contribuir com nenhuma

    informao que j no venha descontada nos ttulos.

    De salientar que o estudo da eficincia dos mercados e a teoria do equilbrio dos

    mercados desenvolveram-se ao mesmo tempo e de forma paralela, essa a razo porque

    os estudos empricos aborda as duas reas fazendo com que exista uma relao cada vez

    mais estreita entre elas.

    Neste seguimento vamos abordar de seguida o tema do equilbrio de mercado.

    2.1.2Modelos de Equilbrio

    A preocupao da Teoria de Mercados Eficientes saber se os preos em qualquer

    momento no tempo reflectem totalmente a informao disponvel. A teoria s ter um

    contedo emprico se for especificado um Modelo de Equilbrio de Mercado, isto , se

    for apresentado um processo de formao do preo que explicite a natureza do

    equilbrio de mercado quando os preos reflectem totalmente a informao

    disponvel.

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    Dois dos modelos de equilbrio mais utilizados pelos principais testes do modelo de

    mercados eficientes so os designados por: modelo passeio aleatrio e modelo de

    mercado. Nos modelos de mercado so destacados os modelos de equilbrio geral como

    o modelo de avaliao de activos financeiros (CAPM) e o modelo de arbitragem (APT).

    De acordo com o contedo especfico do conjunto de informao relevante e disponvel

    existem testes designados forma fraca, forma semiforte e forma forte.

    O modelo passeio aleatrio e as hipteses em que assentam foram, desde as primeiras

    abordagens da Teoria de Mercados Eficientes, considerados como caracterizadores de

    um mercado eficiente no sentido explicitado. O que significa que os rendimentos

    constituem uma sucesso de valores aleatrios independentes e identicamente

    distribudos. Desta forma, o passado no pode ser significativamente utilizado para

    prever o futuro, ou seja as sries de rendimentos no tm memria.

    Existem tambm testes de eficincia de mercado baseados em coeficientes de

    autocorrelao, no entanto estes nem sempre tm sucesso pois tm origem num modelo

    de equilbrio de mercado em que o rendimento esperado de equilbrio de qualquer aco

    , por hiptese, constante ao longo do tempo. No caso de a hiptese estar

    incorrectamente especificada esses testes podem no ser os mais adequados.

    A maioria dos resultados so consistentes quer com rendimentos esperados de equilbrio

    constantes quer com rendimentos esperados de equilbrio que variam com o tempo mas

    no substancialmente.

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    Fama e French [1988]9defendem a presena de uma componente de mdia reversvel

    nos preos das aces, a qual responsvel pela existncia de significativa

    autocorrelao negativa para rendimentos de trs a cinco anos.

    medida que os testes de eficincia do mercado alargavam o conjunto de informao

    disponvel a outra informao disponvel ao pblico (anncios de incorporao de

    reservas, relatrios de resultados, novas emisses de aces, fuses, etc.) os modelos de

    equilbrio do mercado, em que se baseiam os testes, tornaram-se mais complexos.

    O modelo de mercado surgiu com o objectivo especfico de pr em prtica a Teoria

    da Carteira. Esta tinha dois problemas fundamentais sua prossecuo prtica:

    1) A simplificao da quantidade e do tipo dos dados de input necessrios

    realizao da Anlise da Carteira;

    2) A simplificao do procedimento computacional necessrio para calcular

    carteiras ptimas.

    Devido a estes problemas era necessrio um modelo que descrevesse e previsse a

    estrutura correlacional entre as aces.

    Observaes causais dos preos das aces revelaram que quando o mercado est em

    alta (medido por um qualquer ndice de aces) a maioria das aces tende a registar

    aumentos de preos e quando o mercado est em baixa ou em queda, a maioria das

    aces tende a registar diminuies dos preos.

    Esta concluso em relao ao comportamento dos rendimentos das aces derivou do

    facto de se suspeitar que uma das razes pela qual os rendimentos podem estar

    9 Modelo Revisto por COEN, Alain (2006)

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    correlacionados prende-se com uma resposta comum a variaes do mercado e uma

    medida til desta correlao pode ser obtida relacionando o rendimento de uma aco

    com o rendimento de um ndice de aces do mercado.

    2.1.3 - Principais testes do modelo de mercados eficientes

    A maior parte do trabalho emprico nesta rea tem subjacente a definio de eficincia

    de Fama [1976]. Grande parte precede mesmo essa definio, no entanto, outros

    modelos tm sucessivamente sido testados.

    A hiptese de mercados eficientes, que defende que os preos dos ttulos reflectem

    completamente toda a informao disponvel, exprime uma condio muito exigente.

    Desta forma distinguem-se trs nveis ou graus de eficincia:

    - Forma fraca

    - Forma semiforte

    - Forma forte

    Esta distino efectuada est relacionada com o contedo especfico do conjunto de

    informao relevante e disponvel no momento t. Desta forma temos:

    Eficincia forma fracase o conjunto de informao relevante e disponvel no

    momento t contem apenas informao histrica dos preos ou das taxas de

    rendimento dos activos. Em equilbrio os preos reflectem toda a informao

    contida na srie dos preos passados. Como consequncia, a anlise histrica

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    dos preos das aces no contm qualquer informao que possa ser utilizada

    para obter rendimentos acima do que poderia ser conseguido com a adopo de

    uma estratgia de investimentos buy-and-hold10e portanto a designada anlise

    tcnica11no tem qualquer valor;

    Eficincia forma semifortese o conjunto de informao relevante e disponvel

    no momento t inclui, conjuntamente srie dos preos, toda a informao

    publicada que relevante para a formao das expectativas sobre os valores

    futuros dos preos ou das taxas de rendimento dos activos. Resulta daqui que

    somente alguns agentes com informao por dentro ou confidencial (inside

    information) podem realizar um rendimento maior do que seria de esperar caso

    a estratgia buy-and-holdfosse levada a cabo;

    Eficincia forma forte quando os preos reflectem no s a informao

    disponvel ao pblico mas tambm toda a informao que pode ser adquirida

    atravs da anlise fundamental da empresa e/ou da economia. Deste ponto de

    vista nem a inside information pode ser utilizada para obter lucros anormais

    persistentemente. Por vezes diz-se que nestas condies o mercado

    perfeitamente eficiente: preos e valores so sempre iguais e flutuam

    aleatoriamente medida que nova informao vai chegando. Facilmente se

    aceita que esta forma de eficincia muito difcil de se verificar. O acesso

    monopolstico informao valiosa conduz rejeio da hiptese forma forte.

    10A estratgia buy-and-holdconsiste na seleco aleatria de ttulos a adquirir. O indivduo compra essesttulos e detm-nos durante um perodo de durao igual a uma estratgia de investimentos alternativasujeita a tese, reinvestindo os dividendos obtidos durante esse perodo.11Os analistas tcnicos estudam a srie dos preos passados e tentam encontrar ciclos. Segundo Brealey

    [1984] a competio na investigao tcnica tender a assegurar que os preos correntes reflictam toda ainformao includa na sequncia passada dos preos e que as variaes futuras dos preos no possamser previstas a partir dos preos passados.

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    Atravs desta classificao podemos deduzir que num mercado de valores eficiente no

    se podem obter benefcios extraordinrios com o mero uso da informao disponvel

    dado que esta j est contida no preo dos ttulos.

    Adicionalmente foram surgindo testes que visam analisar cada uma das formas de

    eficincia em particular.

    Nos ultimos tempos muitos estudos foram feitos sobre esta temtica. Hautsch, Hess e

    Muller [2008] testaram, terica e empiricamente, a forma como os intervenientes no

    mercado utilizam e processam a informao quando a sua preciso incerta. Defendem

    que na prtica, a preciso das notcias raramente compreendida pelo mercado,

    formando, assim, diferentes expectativas. Concluem que as flutuaes dependem

    essencialmente da precepao dos traders sobre a preciso das notcias.

    Laakkonen e Lanne [2010] defendem que na maior parte das vezes as ms notcias

    parecem ter um efeito maior nos bons perodos do que nos maus perodos do mercado,

    afirmando que o impacto de uma e de outras semelhante. Estudo semelhante foi

    efectuado por Pearce e Solakoglu [2007], atravs do qual constataram que os efeitos das

    notcias dependem da conjuntura econmica, apesar de no encontrarem diferenas no

    impacto criado pelas boas e pelas ms notcias.

    Testes forma fraca

    Os testes que antecederam o nascimento da teoria demonstram que, ao contrrio do que

    se pensava, algumas formas de utilizar a informao (habitualmente os preos passados)

    no conduziam a rendimentos superiores. Aps o aparecimento da teoria, passaram a ser

    designados testes do modelo passeio aleatrio12.

    12A literatura sobre o modelo passeio aleatrio considerava implicitamente que o conjunto de informaoapenas inclua a srie dos preos ou rendimentos passados.

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    O modelo passeio aleatrio uma verso mais complexa do modelo fair game e

    tambm da forma fraca da hiptese de mercados eficientes, pois assume que os

    rendimentos sucessivos so independentes e identicamente distribudos ao longo do

    tempo. Por conseguinte, se a hiptese do passeio aleatrio for verdadeira ento a forma

    fraca da hiptese de mercados eficientes tambm verdadeira. Vrios testes utilizando

    vrias tcnicas estatsticas e economtricas tm sido efectuados. No obstante,

    quaisquer que sejam as concluses convm lembrar que ningum pode provar que os

    rendimentos passados no podem ser utilizados para prever os rendimentos futuros dado

    que existe um nmero infinito de formas de utilizar a srie de preos passados para

    prever preos futuros13.

    Os testes da forma fraca mais utilizados so:

    1. Testes de distribuio de probabilidade

    A hiptese do modelo passeio aleatrio de distribuies idnticas significa que

    todas as variveis seguem a mesma distribuio de probabilidade. O facto de

    esta ser estvel provoca muitas vantagens nomeadamente em termos de previso.

    Por esta razo os testes do modelo passeio aleatrio so expressos em termos de

    rendimentos. De facto, quer a srie dos preos quer a srie das variaes dos

    preos da maior parte das aces tm um comportamento ascendente marcado

    que tem como consequncia distribuies instveis, ao contrrio do que acontece

    com os rendimentos.

    13FAMA [1976], cit.

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    2. Testes de independncia

    2.1.Coeficientes de autocorrelao

    Um dos testes mais simples e de adopo generalizada para avaliar a

    dependncia consiste na estimao dos coeficientes de correlao entre as

    variveis dos preos de uma aco em diferentes perodos de tempo.

    Dado que uma correcta anlise da existncia de autocorrelao de uma qualquer

    srie s possvel se esta ltima tiver uma varincia constante ao longo do

    perodo em estudo (isto se se verificar homoscedasticidade) frequente no se

    estudar a srie das variaes dos preos mas a srie dos rendimentos das aces.

    Um dos trabalhos mais conhecidos e mais citados o de Fama [1965] onde o

    principal resultado obtido o de que no existe autocorrelao significativa

    capaz de ser utilizada para a obteno de lucros anormais no futuro.

    2.2.Testes de run

    A ocorrncia de observaes extremas14influencia negativamente os coeficientes

    de correlao. Por isso outros testes foram implementados. Uma anlise

    alternativa que elimina esse inconveniente consiste em observar o sinal da

    variao do preo independentemente do valor da variao. Um aumento do

    preo ou uma variao positiva do preo anotado com o sinal + e uma

    diminuio do preo registada atravs de sinal -. Desta forma, se as variaes

    dos preos forem positivamente relacionadas ser mais provvel que um + seja

    seguido por um + e um seja seguido por um do que se verificar um sinal

    contrrio. Uma sequncia do mesmo sinal designa-se por run (corrida). Se

    14So os designados outliers

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    houver uma relao positiva entre as variaes dos preos devero registar-se

    bastante mais longas sequncias de + e dee menosruns do que os que seriam

    atribudos sorte. Se houver uma relao negativa entre as variaes dos preos

    devero ocorrer demasiadas pequenas sequncias ou demasiados runs.

    Um testerunefectua-se comparando o nmero de runs existente nos dados com

    o nmero que estaria presente numa amostra de nmeros aleatrios.

    2.3.Testes de filtro

    Mesmo na ausncia de relaes simples entre as variaes dos preos possvel

    e admissvel que relaes mais complexas existam e que permitam a realizao

    de rendimentos extraordinrios.

    A forma mais simples de testar a existncia de padres que traduzam essas

    relaes formular uma regra de transaco apropriada para um particular

    padro dos rendimentos e ver o que aconteceria se de facto se tivesse actuado

    com base nessa regra de transaco.

    A regra de filtro tenta isolar os movimentos de longo prazo mais significativos.

    As regras de filtro so uma estratgia temporal. Mostram aos investidores

    quando devem assumir uma posio longa e quando devem vender o ttulo. A

    alternativa comprar e deter o ttulo. Assim as regras de filtro so analisadas

    comparando-as com a estratgia buy-and-hold. Esta ltima tambm s ser

    relevante se o rendimento esperado for positivo, caso contrrio o melhor deter

    moeda.

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    Testes Forma semiforte

    Este tipo de testes tenta averiguar se os preos correntes dos ttulos reflectem

    completamente a informao pblica relacionada com a empresa considerada e se a

    velocidade do ajustamento do preo divulgao pblica suficientemente rpida de

    forma a eliminar a possibilidade de obter rendimentos anormais. Evidentemente que os

    mercados s sero eficientes na forma semiforte se a informao for transmitida ao

    pblico sem desfasamentos temporais, o que significa que a srie das variaes dos

    preos no regista tendncias, isto , o mercado eficiente forma fraca.

    Dado que existe uma grande variabilidade de informao pblica, cada teste tenta

    analisar o ajustamento dos preos a um acontecimento concreto despoletador de um

    determinado tipo ou subconjunto de informao.

    Grande parte do trabalho emprico analisa quer o efeito de uma incorporao de

    reservas nos preos dos ttulos ou simplesmente o efeito da sua divulgao quer o efeito

    da divulgao dos resultados.

    Metodologias alternativas bem como variantes do tipo de informao escolhida para

    testar tm sido uma constante dos mais recentes trabalhos.

    Testes forma forte

    Estes testes avaliam a eficincia do mercado de ttulos observando o comportamento

    dos preos dos ttulos face a toda a informao disponvel, independentemente do facto

    de esta ser pblica ou no.

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    Na prtica tm-se realizado dois tipos de testes:

    1. Testes que tm por objectivo ver se os rendimentos em excesso resultam

    directamente da existncia de informao confidencial. Dado que a informao no

    pblica de difcil identificao, estes testes estudam a performance do

    investimento de indivduos ou de grupos que podem ser considerados numa posio

    de deteno ou posse de informao confidencial. Para o efeito, todos os

    investidores que detm mais do que uma determinada percentagem dos ttulos

    existentes, que esto a um nvel de gesto suficientemente alto (por exemplo,

    directores) ou que tm (potencial) acesso a valiosa informao privada so

    considerados insiders.

    2. Testes que tentam analisar a performance de alguns dos mais importantes

    participantes do mercado. As orientaes fornecidas pelos analistas de ttulos so

    levadas em linhas de conta e analisadas.

    Outros testes de eficincia

    1. Testes de volatilidade

    Alguns trabalhos utilizam medidas de varincia ou volatilidade dos preos dos

    activos para contestar modelos simples de eficincia do mercado. Por exemplo

    Shiller [1981] desenvolve e explora intervalos de volatilidade para os preos dos

    activos em funo da varincia de elementos crticos do conjunto de informao,

    enquanto testes de eficincia de mercado.

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    As vantagens da utilizao destes testes relativamente aos testes de regresso em

    geral derivam da sua melhor capacidade de incorporar os caprichos do mercado

    ou desalinhamentos dos dados mas tambm devido sua simplicidade e robustez.

    2. Testes dos modelos de equilbrio do mercado

    Os testes de eficincia assumem muitas vezes a forma de testes dos modelos de

    avaliao de activos financeiros (ou modelos de equilbrio). A ambiguidade quanto

    causa de algumas anomalias (que veremos de seguida) e portanto de uma possvel

    ineficincia do mesmo justifica uma reviso desses testes.

    Essencialmente, estes testes analisam o modelo CAPM e modelo APT, utilizados na

    maior parte do trabalho emprico.

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    2.2ANOMALIAS DE MERCADO

    No incio da dcada de oitenta, quando a hiptese de eficincia estava perfeitamente

    assumida e todos os estudos apoiavam a existncia de racionalidade no mercado de

    capitais, surgiu uma linha de investigao que consistia em detectar padres previsveis

    de comportamento nas cotaes dos ttulos com base na existncia de regularidade

    numa srie de rentabilidades.

    Estas regularidades empricas foram consideradas como anomalias do comportamento

    racional do mercado de valores. Ou seja, apontavam para o facto de se seguirmos uma

    determinada estratgia de investimento podemos obter rendimentos extraordinrios.

    O conceito de anomalia foi introduzido no contexto das finanas por Ball [1978],

    conceito este que foi utilizado por Kuhn [1970] na sua obra The Structure of Scientific

    Revolutions. Este tema foi em 2009 desenvolvido por Chandra [2009] tendo esterealizado estudos empricos sobre o mercado de aces com o objetivo de encontrar a

    evidncia de uma das anomalias, o efeito calendrio para o ndice BSE Sensex, o

    principal indicador do mercado bolsista da ndia.

    No contexto financeiro designa-se por anomalia todos os comportamentos das

    rendibilidades que no so explicados previamente pela teoria financeira existente.

    No contexto da teoria dos mercados eficientes o termo anomalia refere-se s

    evidncias empricas que demonstram que possvel prever um comportamento

    sistemtico nas rentabilidades, e que aproveitando este conhecimento permitem adoptar

    estratgias de investimento, as quais possibilitam a obteno de uma rentabilidade

    maior do que a que se obteria sem o dito conhecimento.

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    A existncia de anomalias nos rendimentos questiona a existncia de eficincia nos

    mercados de capitais ao facilitar a previso da evoluo dos rendimentos esperados. Isto

    implica que o dito comportamento no aleatrio, ou que, pelo menos, no depende

    exclusivamente da nova informao que chega ao mercado. A existncia de anomalias

    implica, portanto, ineficincia informal.

    numerosa a quantidade de trabalhos empricos que suportam a hiptese de mercados

    eficientes nas suas trs vertentes. No entanto, desde h aproximadamente uma dcada

    que um crescendo de aparentes irregularidade tem sido registado. Estas tomam

    habitualmente a forma de uma relao significativa entre os rendimentos das aces e

    algumas variveis bem conhecidas como por exemplo a dimenso da empresa, o dia da

    semana, os dividendos, etc. No pondo em causa a forma como os preos respondem

    informao, estes resultados tm desafiado a explicao econmica racional e a viso da

    maior parte dos investigadores sobre o mercado de aces.

    De alguma forma a evidncia sintoma de incapacidade de pelo menos um dos dois

    factores:

    - Do modelo de equilbrio (ou modelo de avaliao de activos) particular;

    - Dos testes escolhidos para analisar as hipteses.

    Podemos dividir as principais anomalias em trs grandes grupos:

    Sazonalidade

    1. O efeito de fimdesemana

    Este efeito detecta um comportamento anormal no fim-de-semana,

    caracterizado pela subida na sexta feira e, sobretudo, uma descida na

    segundafeira.

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    French [1980] analisando o processo gerador dos rendimentos das aces

    para os Estados Unidos da Amrica chega concluso que o rendimento

    esperado no constante ao longo da semana verificando-se que o

    rendimento de segundafeira negativo e mais baixo do que o rendimento

    mdio de qualquer outro dia. Este resultado, posteriormente corroborado por

    outros estudos, tem sido explicado atravs do gnero de informao

    (normalmente desfavorvel) habitualmente difundida