Apostila

106
Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar Equações Diferenciais Lineares Prof. Ms. Hallyson Gustavo G. de M. Lima Pombal - PB

Transcript of Apostila

Page 1: Apostila

Universidade Federal de Campina Grande

Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar

Equações Diferenciais Lineares

Prof. Ms. Hallyson Gustavo G. de M. Lima

Pombal - PB

Page 2: Apostila

Conteúdo

1 Introdução 31.1 Definições Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 Equações Diferenciais de Primeira Ordem 52.1 Equações Diferenciais Lineares de Primeira Ordem . . . . . . . . . . . . . . 52.2 Problema de Valor Inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72.3 Equações Diferenciais Não-Lineares de Primeira Ordem . . . . . . . . . . . . 8

2.3.1 Equação de Bernoulli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82.3.2 Equação de Ricatti . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102.3.3 Equações Exatas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122.3.4 Fator Integrante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162.3.5 Equação Separavél . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192.3.6 Equação Redutível à forma Separável . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2.4 Teorema de Existência e Unicidade e o Método das Iterações Sucessivas dePicard . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232.4.1 O Teorema de Existência e Unicidade: Caso Linear . . . . . . . . . . 252.4.2 O Método das Aproximações Sucessivas ou Método de Iteração de

Picard . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272.4.3 O Teorema de Existência e Unicidade: Caso Não-linear . . . . . . . . 28

2.5 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 322.5.1 Crescimento e Decrescimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 322.5.2 Epidemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332.5.3 Trajetórias Ortogonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 342.5.4 Problemas de Temperatura e a Lei de Resfriamento e Aquecimento

de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 362.5.5 Misturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 372.5.6 Circuitos Elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 382.5.7 Problemas de Crescimento e Declínio . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

Page 3: Apostila

2

2.5.8 Datação por Carbono 14 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 392.5.9 Investimentos Financeiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 392.5.10 Equações Autônomas e Dinâmica Populacional . . . . . . . . . . . . 392.5.11 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3 Equações Diferenciais de Segunda Ordem 493.1 Equações Diferenciais Lineares de Segunda Ordem . . . . . . . . . . . . . . 493.2 Equações de Segunda Ordem com Coeficiente Constantes . . . . . . . . . . 52

3.2.1 Raizes Reais e Distintas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 533.2.2 Raizes Complexas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 543.2.3 Método de Redução de Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 563.2.4 Raizes Repetida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

3.3 Equações Diferenciais de Segunda Ordem Não - Homogêneas . . . . . . . . 603.4 Oscilações Mecânicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

3.4.1 Oscilação Livre Não-Amortecidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 683.4.2 Oscilação Livre Amortecidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

4 Equações Diferenciais de Ordem Superior 744.1 Equações Diferenciais de Ordem Superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 744.2 Equação de Euler-Cauchy Homogêneas de ordem três . . . . . . . . . . . . . 82

5 Sistemas de Equações Lineares de Primeira Ordem 845.1 Sistema de Equações Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 845.2 Independência Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 855.3 Autovalores e Autovetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 865.4 Sistemas de Equações Diferenciais Lineares de Primeira Ordem . . . . . . . 87

5.4.1 Sistemas Homogêneos com coeficientes constantes . . . . . . . . . . 885.4.2 Sistemas Hermitianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 925.4.3 Autovalores Complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 955.4.4 Autovalores Repetidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98

5.5 Sistemas de Equações Diferenciais Não-Homogêneos . . . . . . . . . . . . . 103

Page 4: Apostila

Capítulo 1

Introdução

1.1 Definições Preliminares

Definição 1.1 (Equações Diferenciais) Uma Equação Diferencial é uma equação que envolveuma função (incognita) e ao menos uma das suas derivadas.

Exemplo 1 Se y = f(x) ou y = f(t) é a função de uma única variável independente então asequações abaixo são exemplos de Equações Diferenciais Ordinárias (EDO).

(a)d2y

dx2− 5

dy

dx+ 6y = 0

(b) y′′′

+ 3y′′

+ 3y′+ y = 0

(c)dy

dt+

2y

t= t2

Exemplo 2 Se w = f(x, y, z) é a função da variável tempo t e das variáveis x, y e z então temoscomo exemplos de equações diferenciais parciais (EDP).

(a)(

∂2w

∂x2+

∂2w

∂y2+

∂2w

∂z2

)= 0

(b) C(

∂2w

∂x2+

∂2w

∂y2+

∂2w

∂z2

)=

∂w

∂t

Definição 1.2 (Ordem) A ordem de uma equação é a ordem da derivada de maior grau queaparece na equação.

Observação 1.3 Uma equação diferencial de ordem n é uma expressão da forma

F (x, y, y′, y′′, . . . , yn) = 0 (1.1)

Page 5: Apostila

4

Definição 1.4 (Solução) Uma função y = ϕ(x) é a solução da equação 1.1 se y ∈ Cn e alémdisso F (x, ϕ(x), ϕ′(x), ϕ′′(x), . . . , ϕn(x)) = 0.

Exemplo 3 A equaçãod2y

dx2− 5

dy

dx+ 6y = 0 tem como uma solução a expressão y = e2x.

De fato. Observe que, y′ = 2e2x e y′′ = 4e2x. Daí,

d2y

dx2− 5

dy

dx+ 6y = 0 =⇒ 4e2x − 5 · 2e2x + 6e2x = 0 =⇒ 10e2x − 10e2x = 0 =⇒ 0 = 0.

Exemplo 4 Verifique se y = e3x também é solução ded2y

dx2− 5

dy

dx+ 6y = 0.

Observação 1.5 Na verdade toda solução da equação anterior é da forma y = c1e2x + c2e

3x

Definição 1.6 (Equação Linear) Uma equação diferencial de ordem n, da forma

F (x, y, y′, y′′, . . . , yn) = 0

é dita linear se a mesma é mesma é função linear da variavéis y, y′, y′′, . . . , yn.

Observação 1.7 A forma geral de uma EDL de ordem n é

a0(x)yn + a1(x)yn−1 + . . . + an(x)y = g(x), onde, (a0(x) 6= 0)

Exemplo 5 (a) A equação cos(x)y′′ + 7y′ + (x2 + 1)y = ln x é linear.

Defina L[x] = cos(x)y′′ + 7y′ + (x2 + 1)y. Assim,

• L[y1 + y2] = cos(x)(y1 + y2)′′ + 7(y1 + y2)′ + (x2 + 1)(y1 + y2) =

= cos(x)(y′′1 + y′′2) + 7(y′1 + y′2) + (x2 + 1)(y1 + y2) =

= cos(x)y′′1 + cos(x)y′′2 + 7y′1 + 7y′2 + (x2 + 1)y1 + (x2 + 1)y2 =

= (cos(x)y′′1 + 7y′1 + (x2 + 1)y1) + (cos(x)y′′2 + 7y′2 + (x2 + 1)y2) = L[y1] + L[y2]

• L[ky] = cos(x)(ky)′′ + 7(ky)′ + (x2 + 1)(ky) = cos(x)(ky′′) + 7(ky′) + (x2 + 1)(ky) =

= k(cos(x)y′′) + k7y′ + k(x2 + 1)y = k[cos(x)y′′ + 7y′ + (x2 + 1)y] = kL[y]

(b) A equação d2y

dx2− 5

dy

dx+ 6y = 0 é linear.

(c) A equação y′′′ + y′ + 2y2 = 0 não é linear

(d) A equação y · y′′ = sen(x) não é linear.

Page 6: Apostila

Capítulo 2

Equações Diferenciais de PrimeiraOrdem

2.1 Equações Diferenciais Lineares de Primeira Ordem

Definição 2.1 A forma geral de uma Equação Diferencial Ordinária Linear de Primeira Ordem é

y′ + p(x)y = q(x) (2.1)

onde p e q, são funções contínuas em um intervalo aberto I.

Observação 2.2 Quando q(x) = 0 para todo x ∈ I a equação é dita Equação Homogênea.

Método de Resolução"O lado esquerdo da equação 2.1 é a derivada do produto envolvendo y".

Suponha que exista u(x) tal que,

u(x)y′ + u(x)p(x)y = u(x)q(x) (2.2)

e além dissou(x)y′ + u(x)p(x)y =

d

dx(u(x)y) (2.3)

De 2.3, sendo y 6= 0 e u(x) 6= 0, temos que

u(x)y′ + u(x)p(x)y = u(x)y′ + u′(x)y ⇒ u(x)p(x) = u′(x)

logou′(x)

u(x)= p(x).

Page 7: Apostila

6

Note que,d

dx(ln u(x)) =

u′(x)

u(x),

dai,d

dx(ln u(x)) = p(x) ⇒ ln u(x) =

∫p(x) dx + C, onde C = 0

portanto,u(x) = e

Rp(x) dx (2.4)

Encontrando a solução de y

De 2.2 e 2.3 obtemos,d

dx(u(x)y) = u(x)q(x)

e finalmente obtemos

u(x)y =∫

u(x)q(x) dx + C ⇒ y =

∫u(x)q(x) dx + C

u(x)(2.5)

ou ainda,y = e−

Rp(x) dx

[∫e

Rp(x) dxq(x)dx + C

](2.6)

• As expressões (2.5) e (2.6) são chamadas de solução geral de (2.1).

• u(x) é fator integrante.

Exemplo 6 Resolva a equação

ty′ + 2y = sen(t), com t > 0.

Determine como se comporta a solução y(t) quando t →∞

Solução: Temos que

ty′ + 2y = sen(t) =⇒ y′ +2y

t=

sen(t)

t

Neste caso p(t) =2

t, então

u(t) = eR

2t

dt = e2 ln t = eln t2 = t2

Assim o fator integrante é u(t) = t2. Deste modo temos,

y′ +2y

t=

sen(t)

t=⇒ t2y′ + 2ty = tsen(t)

Page 8: Apostila

7

isto é

d

dt(t2y) = tsen(t) =⇒ t2y =

∫tsen(t) dt + C =⇒ t2y = sen(t)− tcos(t) + C.

Logo,

y(t) =sen(t)− tcos(t) + C

t2

Observe que y(t) → 0 quando t →∞.

Exercício 1: Resolva as equações abaixo e determine como as soluções se comportamquando t → +∞.

a) y′ + 3y = t + e−2t e) y′ − 2y = 3et i) ty′ − y = t2e−t

b) y′ − 2y = t2e2t f) y′ + 2ty = 2te−t2 j) y′ + y = 5cos(2t)

c) y′ + y = te−t + 1 g) (1 + t2)y′ + 4ty = (1 + t2)−2 k) 2y′ + y = 3t2

d) y′ +1

ty = 3cos(2t), t>0 h) 2y′ + y = 3t

2.2 Problema de Valor Inicial

Definição 2.3 Uma equação diferencial

dy

dx= f(x, y),

juntamente com a condição inicial y(x0) = y0, constituem o que chamamos de Problema deValor Inicial (PVI), a qual geralmente é denotada por

dy

dx= f(x, y),

y(x0) = y0.(2.7)

Exemplo 7 Resolva o seguinte PVIty′ + 2y = sen(t), se t > 0,

y(π

2

)= 1.

Solução: Já vimos no exemplo 1 que

y(t) =sen(t)− tcos(t) + C

t2

Page 9: Apostila

8

. Queremos agora que, y(π

2

)= 1, isto é,

1 = y(π

2

)=

sen(π

2

)−(π

2

)cos(π

2

)+ C(π

2

)2 .

Segue que, C =

(π2

4

)− 1.

Logo a solução do PVI é

y(t) =

sen(t)− tcos(t) +

(π2

4

)− 1

t2.

Teorema FundamentalSe as funções p(x) e q(x) são contínuas em um intervalo aberto I = (α, β) contendo

o ponto x = x0 então existe uma única função y = φ(x) que satisfaz a equação,

y′ + p(x)y = q(x), ∀x ∈ I

e a condição inicial y(x0) = y0.

2.3 Equações Diferenciais Não-Lineares de Primeira Ordem

Aqui estudaremos métodos de resolução da equação diferencial

y0 = f(x, y),

onde f é uma função não linear em relação a y.

2.3.1 Equação de Bernoulli

Definição 2.4 Uma equação diferencial, não linear, da forma,

y′ + p(x)y = q(x)yn (2.8)

é chamada de Equação de Bernoulli (EB)

Note que se n = 0 ou n = 1 a equação de Bernoulli torna-se linear n = 0, y′ + p(x)y = q(x),

n = 1, y′ + (p(x)− q(x))y = 0.

Page 10: Apostila

9

Método de ResoluçãoConsidere n 6= 0 ou n 6= 1. Deste modo, vamos procurar uma solução y = y(x)

diferente de zero (y 6= 0). Assim, seja

w = y1−n (2.9)

daí,

w′ =dw

dx= (1− n)y−ny′. (2.10)

Multipliquemos então (2.8) por (1− n)y−n. Deste modo temos,

(1− n)y−ny′ + (1− n)y−np(x)y = (1− n)y−nq(x)yn ⇒

(1− n)y−ny′ + (1− n)y1−np(x) = (1− n)q(x) (2.11)

Aplicando (2.9) e (2.10) em (2.11) obtemos

w′ + (1− n)p(x)w = (1− n)q(x) (2.12)

a qual é uma EDL de 1o ordem em w, a qual sabemos resolver.

Pela relação em (2.9) encontramos a solução da Equação de Bernoulli.

Exemplo 8 Resolva a equação diferencial

y′ + 2x−1y = x6y3, com x > 0.

Solução: Temos uma EB com n = 3. Assim seja w = y−2, daí, w′ = −2yy−3. Segue entãoque,

y′ + 2x−1y = x6y3 ⇒ (−2y−3)y′ + (−2y−3)2x−1y = (−2y−3)x6y3 ⇒

−2y−3y′ − 4x−1y−2 = −2x6

ou seja,

−2y−3y′ − 4x−1y−2 = −2x6 ⇒ w′ −(

4

x

)w = −2x6

onde w′ −(

4

x

)w = −2x6 é uma EDL de 1o ordem.

• Fator Integrante

Page 11: Apostila

10

(∗) u(x) = eR −4

xdx = e−4 ln x = 1

x4 ;

(∗) w(x) =

∫ (1

x4

)(−2x6) dx + C(

1

x4

) ⇒ w(x) =−2x7

3+ Cx4

Portanto, a solução da EB em estudo é dado por

y(t) = ±

1

−2x7

3+ Cx4

12

Exercício 2: Resolva as equações de Bernoulli abaixo:

a) y′ +y

x= xy2, com x > 0 c) xy′ − y = x3y4, com x > 0

b) t2y′ + 2ty − y3 = 0, com t > 0

2.3.2 Equação de Ricatti

Definição 2.5 A equação de Ricatti (ER) é uma equação diferencial da forma

dy

dx= q1(x) + q2(x)y + q3(x)y2 (2.13)

onde q1(x), q2(x) e q3(x) são funções definidas em um intervalo I.

Método de ResoluçãoSuponha que y1(x) é uma solução da equação (ER). Considere,

y = y1 +1

v(x), v(x) 6= 0∀x.

Temos então quedy

dx=

dy1

dx− v′(x)

[v(x)]2

Substituindody

dxe y em (ER) encontramos,

Page 12: Apostila

11

dy1

dx− v′(x)

[v(x)]2=

dy1

dx− 1

[v(x)]2v′(x) =

dy1

dx− 1

[v(x)]2dv

dx=⇒

dy1

dx− 1

[v(x)]2dv

dx= q1(x) + q2(x)

[y1 +

1

v(x)

]+ q3(x)

[y1 +

1

v(x)

]2

=⇒

dy1

dx− 1

[v(x)]2dv

dx= q1(x) + q2(x)y1 +

q2(x)

v(x)+ q3(x)y2

1 +2q3(x)y1

v(x)+

q3(x)

[v(x)]2=⇒

dy1

dx− 1

[v(x)]2dv

dx= q1(x) + q2(x)y1 + q3(x)y2

1 +q2(x)

v(x)+

2q3(x)y1

v(x)+

q3(x)

[v(x)]2=⇒

Sendo y1 solução de (ER), segue que

− 1

[v(x)]2dv

dx=

q2(x)

v(x)+

2q3(x)y1

v(x)+

q3(x)

[v(x)]2=⇒−dv

dx= q2(x)v(x) + 2q3(x)y1v(x) + q3(x) =⇒

dv

dx+ [q2(x) + 2q3(x)y1]v(x) + q3(x) = 0 (2.14)

Logo, obtemos em (2.14) uma (EDL) de 1a ordem em v.Portanto, a solução de uma (ER) é dada pela relação

y = y1 +1

v(x)

Exemplo 9 Determine a solução das seguintes equações de Ricatti

(a) y′ = 1 + x2 − 2xy + y2, onde y1(x) = x

(b)dy

dx− [2cos2(x)− sen2(x) + y2]

2cos(x)= 0, onde y1(x) = sen(x)

Solução:

a) Neste caso temos,

q1(x) = 1 + x2, q2(x) = −2x, e q3(x) = 1.

Daí,

dy

dx= −(−2x + 2 · 1 · x)v(x)− 1 =⇒ dy

dx= −1 =⇒ dv = −dx =⇒ v = −x + c.

Logo,

y = x +1

c− x

Page 13: Apostila

12

b) Temos que,

dy

dx− [2cos2(x)− sen2(x) + y2]

2cos(x)= 0 =⇒ dy

dx=

[2cos2(x)− sen2(x) + y2]

2cos(x)=⇒

dy

dx=

[cos(x)− sen2(x)

2cos(x)

]+

y2

2cos(x)

Assim,

q1(x) = cos(x)− sen2(x)

2cos(x), q2(x) = 0, e q3(x) =

1

2cos(x)

Daí,

dv

dx= −

(0 + 2 · 1

2cos(x)· sen(x)

)v(x)− 1

2cos(x)=⇒ dv

dx+

(sen(x)

cos(x)

)v(x) =

1

2cos(x)

Deste modo, obtemos uma (EDL) de 1a ordem em v, a qual tem solução,

v(x) = −sen(x)

2+ ccos(x)

Logo

y = sen(x) +

1

−sen(x)

2+ c · cos(x)

Exercício 3: Determine a solução da seguinte equação de Ricatti,

dy

dx= e2x + (1 + 2ex)y + y2, onde y1(x) = −ex

2.3.3 Equações Exatas

Antes de tratamos a definição de Equações Exatas vamos trabalhar com um pequenoexemplo, do que será importante neste tópico.

Observação 2.6 Seja w = f(u, v) onde u = g(x) = x e v = h(x) = y com u = φ(x). Note que

w = f(u, v) = f(x, y) = f(x, φ(x))

Assim,

dw

dx=

∂w

∂u· ∂u

∂x+

∂w

∂v· ∂v

∂x=

∂w

∂u· du

dx+

∂w

∂v· dv

dx=⇒ dw

dx=

∂w

∂u+

∂w

∂v· y′

Page 14: Apostila

13

Exemplo 10 Vamos resolver a equação abaixo

2x + y2 + 2xyy′ = 0, (∗)

Solução: Note que temos(2x + y2)dx + (2xy)dy = 0, (∗)

Além disso a função, w = f(x, y) = x2 + xy2 verifica,

∂w

∂x= 2x + y2 e

∂w

∂y= 2xy

Logo a equação (*) pode ser escirta como,

∂w

∂u+

∂w

∂v· y′ = 0 =⇒ dw

dx= 0 =⇒ w = c

ou seja,x2 + xy2 = c

Definição 2.7 Uma equação diferenciável da forma

M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0

é denominada exata se existe uma função f = f(x, y) tal que

∂f(x, y)

∂x= M(x, y) e

∂f(x, y)

∂y= N(x, y)

Neste caso a solução é dada implicitamente pela função f(x, y) = c

Teorema (Importante): Se as funções M(x, y), N(x, y), My(x, y) e Nx(x, y), forem con-tínuas em um retângulo R, então a equação,

M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0

é exata se, e somente se,∂M

∂y=

∂N

∂x

Exemplo 11 Resolva a equação

eydx + (xey + 2y)dy = 0

Page 15: Apostila

14

Solução: Temos uma equação da forma

M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0

onde M(x, y) = ey e N(x, y) = (xey + 2y).Além disso,

∂M

∂y= ey =

∂N

∂x

Logo a equação eydx + (xey + 2y)dy = 0 é exata. Deste modo existe uma função f(x, y) talque,

∂f

∂x= ey e

∂f

∂y= (xey + 2y)

Encontrando a função f(x, y).Temos que,

∂f

∂x= ey =⇒ f(x, y) =

∫ey dx = xey + h(y) + D, com D constante

Para obter a solução implícita na forma f(x, y) = C, obtemos,

∂f

∂y= xey + h′(y)

que comparando

xey + h′(y) = xey + 2y =⇒ h′(y) = 2y =⇒ h(y) = y2

Portanto, concluimos que

xey + y2 = f(x, y) =⇒ xey + y2 = C

Passos para resolver os problemas• Verifique se a equação é exata• Derive com relação a x

• Integrar com respeito a y

• Calcular o h′(x) (comparando)• Depois substituir h(x) em f(x, y)

Exemplo 12 (yexycos2x− 2exysen2x + 2x)dx + (xexycos2x− 3)dy = 0

Temos que,

Page 16: Apostila

15

• M(x, y) = yexycos2x− 2exysen2x + 2x =⇒

=⇒ ∂M

∂y(x, y) = exycos2x + xyexycos2x− 2xexysen2x + 2x.

• N(x, y) = xexycos2x− 3 =⇒ ∂N

∂x(x, y) = exycos2x + xyexycos2x− 2xexysen2x.

Como∂M

∂y=

∂N

∂x, então a equação é exata. Logo existe f(x, y) tal que,

(a)∂f

∂x= yexycos2x− 2exysen2x + 2x;

(b)∂f

∂y= xexycos2x− 3.

Vamos então calcular f(x, y). Por (b) temos que

f(x, y) =

∫(xexycos2x− 3) dy = xcos2x

(1

x

)exy − 3y + g(x) = exycos2x− 3y + g(x)

Derivando com relação a x,∂f

∂x= yexycos2x− 2exysen2x + g′(x)

Comparando com relação a∂f

∂x, obtemos que

g′(x) = 2x =⇒∫

g′(x) dx =

∫2x dx =⇒ g(x) = x2.

Portanto,f(x, y) = exycos2x− 3y + x2 =⇒ exycos2x− 3y + x2 = c

Exemplo 13 Equação que não é exata

ydx + (x2y − x)dy = 0

Neste caso faremos a verificação ou teste.

• M(x, y) = y =⇒ ∂M

∂y(x, y) = 1.

• N(x, y) = (x2y − x) =⇒ ∂N

∂x(x, y) = 2xy − 1.

Assim,∂M

∂y(x, y) 6= ∂N

∂x(x, y), ou seja, a equação não é exata.

Façamos então o seguinte, multipliquemos a equação ydx + (x2y − x)dy = 0 pelo

fator1

x2. Daí, temos

ydx + (x2y − x)dy = 0 =⇒ y

x2dx + (y − 1

x)dy = 0

Agora,

Page 17: Apostila

16

• M(x, y) =y

x2=⇒ ∂M

∂y(x, y) =

1

x2.

• N(x, y) = y − 1

x=⇒ ∂N

∂x(x, y) =

1

x2.

Assim,∂M

∂y(x, y) =

∂N

∂x(x, y).

Portanto, nosso objetivo agora é, dada uma equação não exata,

M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0

determinar o fator, denotado por µ(x, y), que multiplicado em ambos os lados da equaçãoacima,

µ(x, y)[M(x, y)dx + N(x, y)dy] = µ(x, y) · 0 =⇒ µ(x, y)M(x, y)dx + µ(x, y)N(x, y)dy = 0,

obtenhamos em uma equação exata.

2.3.4 Fator Integrante

Se a equaçãoM(x, y)dx + N(x, y)dy = 0

comdx

dx= 1 e

dy

dx= y′, ou seja,

M(x, y) + N(x, y)y′ = 0

não é exata, encontraremos uma função µ(x, y) tal que a equação

µ(x, y)[M(x, y) + N(x, y)y′] = 0

se torne exata.A função µ(x, y) é chamada de fator integrante.

Exercício: Mostre que se y = φ(x) é solução de M(x, y) + N(x, y)y′ = 0, então ele tambémé solução de µ(x, y)[M(x, y) + N(x, y)y′] = 0.

Determinando o fator integrante µ(x, y)

Seja,µ(x, y)M(x, y)dx + µ(x, y)N(x, y)dy = 0,

a qual, para ser exata é necessário,

∂(µM)

∂y=

∂(µN)

∂x,

Page 18: Apostila

17

ou seja,(µM)y = (µN)x,

Observação 2.8 A equação (µM)y = (µN)x, é uma equação diferencial parcial.

Assim temos,µyM + µMy = µxN + µNx

Suponha agora que µ(x, y) = µ(x), ou seja, que µ dependa somente de x. Então,

µMy =dµ

dxN + µNx, (µy = 0) =⇒ dµ

dx=

µ(My −Nx)

N

Segue que,dµ

µ=

(My −Nx

N

)dx =⇒ ln µ =

∫ (My −Nx

N

)dx

Portanto,

µ(x) = e

∫ (My −Nx

N

)dx

(2.15)

Observação 2.9 (a) Se considerarmos µ(x, y) = µ(y), obtemos então,

µ(y) = e

∫ (Nx −My

M

)dy

(2.16)

(b) Se a equação é exata, então temos e0 = 1, como sendo o fator integrante.

Exemplo 14 Determine a solução das equações abaixo:

a) ydx + (x2y − x)dy = 0 b) (3x2y + 2xy + y3)dx + (x2 + y2)dy = 0

Solução:

a) Sendo a equação ydx + (x2y − x)dy = 0, observe que,

• M(x, y) = y =⇒ My = 1

• N(x, y) = (x2y − x) =⇒ Nx = 2xy − 1

Logo a equação não é exata. Deste modo vamos calcular o fator integrante µ. Assim,(My −Nx

N

)=

(1− (2xy − 1)

x2y − x

)=

(2− 2xy

x2y − x

)=

(−2(xy − 1)

x(xy − 1)

).

Então,

µ(x) = e

∫−2

xdx

= e−2 ln x =⇒ µ(x) =1

x2

Page 19: Apostila

18

Daí, o fator integrante é µ(x) =1

x2.

Vamos agora determinar a solução. Sabendo agora que a equação,

y

x2dx +

(x2y − x)

x2dy = 0 =⇒ y

x2dx +

(y − 1

x

)dy = 0

é exata. Deste modo, observe que,

• M(x, y) =y

x2=⇒ My =

1

x2

• N(x, y) =

(y − 1

x

)=⇒ Nx =

1

x2

Assim, existe uma função f(x, y) tal que,

fx(x, y) =y

x2e = fy(x, y) =

(y − 1

x

)Então,

f(x, y) =

∫ ( y

x2

)dx =⇒ −y

x+ h(y).

Logo, derivando f(x, y) com relação a y, e comparando a expressão com há dada, temos,

y − 1

x= fy(x, y) = −1

x+ h′(y) =⇒ h′(y) = y =⇒ h(y) =

y2

2.

Portanto,

f(x, y) =y2

2− y

x=⇒ y2

2− y

x= C

b) Sendo a equação (3x2y + 2xy + y3)dx + (x2 + y2)dy = 0, observe que,

• M(x, y) = 3x2y + 2xy + y3 =⇒ My = 3x2 + 2x + 3y2

• N(x, y) = x2 + y2 =⇒ Nx = 2x

Logo a equação não é exata. Deste modo vamos calcular o fator integrante µ. Assim,(My −Nx

N

)=

(3x2 + 2x + 3y2 − 2x

x2 + y2

)=

(3x2 + 3y2

x2 + y2

)=

(3(x2 + y2)

x2 + y2

)= 3.

Então,

µ(x) = e

∫3 dx

= e3x

Daí, o fator integrante é µ(x) = e3x.

Page 20: Apostila

19

Vamos agora determinar a solução. Sabendo agora que a equação,

e3x(3x2y + 2xy + y3)dx + e3x(x2 + y2)dy = 0

é exata. Deste modo, observe que,

• M(x, y) = e3x(3x2y + 2xy + y3) =⇒ My = e3x(3x2 + 2x + 3y2)

• N(x, y) = e3x(x2 + y2) =⇒ Nx = 3e3x(x2 + y2) + 2xe3x

Assim, existe uma função f(x, y) tal que,

fx(x, y) = e3x(3x2y + 2xy + y3) e = fy(x, y) = e3x(x2 + y2)

Então,

f(x, y) =

∫e3x(x2 + y2) dy =⇒ f(x, y) = e3x

(x2y +

y3

3

)+ g(x).

Logo, derivando f(x, y) com relação a x, e comparando a expressão com há dada, temos,

e3x(3x2y+2xy+y3) = fx(x, y) = 3x2ye3x+y3e3x+2xye3x+g′(x) =⇒ g′(x) = 0 =⇒ g(x) = D.

Portanto,

f(x, y) = e3x

(x2y +

y3

3

)=⇒ e3x

(x2y +

y3

3

)= C

2.3.5 Equação Separavél

Definição 2.10 Uma equação diferenciável é separável se pode ser escrita na forma

dy

dx=

f(x)

g(y)ou g(y)dy = f(x)dx (2.17)

Exemplo 15 Determine a solução da seguinte equação,dy

dx=

(1 + 2y2)cosx

y

y(0) = 1

Solução:

Observe que,

dy

dx=

(1 + 2y2)cosx

y=⇒

(y

1 + 2y2

)dy = cosxdx =⇒

∫ (y

1 + 2y2

)=

∫cosxdx =⇒

(1

4

)ln |1 + 2y2| = senx + C

Page 21: Apostila

20

Da condição inicial obtemos(1

4

)ln |1 + 2[y(0)]2| = sen(0) + C =⇒

(1

4

)ln |1| = 0 + C =⇒ C = 0.

Portanto,

ln |1 + 2y2| = 4senx =⇒ y = ±√

e4senx − 1

2

2.3.6 Equação Redutível à forma Separável

Equação Homogênea

Definição 2.11 (Função Homogênea) Uma função f(x, y) é homogênea de grau n se

f(tx, ty) = tnf(x, y), com t ∈ R

Exemplo 16 f(x, y) = x2 + xy

Observe que,

f(tx, ty) = (tx)2 + (txty) = t2x2 + t2xy = t2(x2 + xy) = t2f(x, y)

Logo f(x, y) é homogênea de grau 2.

Exemplo 17 f(x, y) = sen(y

x

)Observe que,

f(tx, ty) = sen

(ty

tx

)= sen

(y

x

)Logo f(x, y) é homogênea de grau 0.

(Equação Homogênea 1)

Definição 2.12 A equação diferenciável

M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0 (2.18)

é homogênea se as funções M e N são homogêneas de mesmo grau n.

A equação (2.18) pode ser escrita da forma,

dy

dx= f(x, y), com f(x, y) =

−M(x, y)

N(x, y)(2.19)

Page 22: Apostila

21

Observe que f(x, y) é homogênea de grau zero. De fato,

f(tx, ty) =−M(tx, ty)

N(tx, ty)=−tnM(x, y)

tnN(x, y)=−M(x, y)

N(x, y)= f(x, y)

Importante: Se f(x, y) é homogênea de grau zero, f(x, y) = f(tx, ty), com t ∈ R.

Para t =1

x, temos, f(x, y) = f

(1,

y

x

)= F

(y

x

)(Equação Homogênea 2)

Definição 2.13 A equação diferenciável

dy

dx= f(x, y) (2.20)

é homogênea se a função depende unicamente da razãoy

x

(ou

x

y

).

Método de ResoluçãoSe a equação (2.20) é homogênea então,

dy

dx= F

(ou

y

x

)(∗)

Seja v =y

xentão y = vx. Daí,

dy

dx= x

dv

dx+ v

De (∗), obtemos

xdv

dx+ v = F (v) ⇐⇒ dv

dx=

F (v)− v

x⇐⇒ dx

x=

dv

F (v)− v

Observação 2.14 Resolvida a equação separável, a solução da equação homogênea é dada porv =

y

x

Exemplo 18 a) Resolva a equação

y′ =x + y

x

Solução: Observe que,

y′ =x + y

x= 1 +

y

x.

Sendo v =y

x=⇒ y = vx, então,

y′ = xdv

dx+ v.

Page 23: Apostila

22

Deste modo temos que,

y′ =x + y

x=⇒ x

dv

dx+ v = 1 + v =⇒ dv

dx=

1

x⇐⇒ dx

x= dv

Logo,v = ln|x|+ C,

Portanto,y = xln|x|+ Cx.

b) Resolva a equaçãody

dx=

y2 + 2xy

x2

Solução: Sendo v =y

x=⇒ y = vx, temos que,

y2 + 2xy

x2=

x2v2 + 2x(xv)

x2=

x2(v2 + 2v)

x2= v2 + 2v = F (v)

Daí,

dy

dx=

y2 + 2xy

x2=⇒ x

dv

dx+ v = v2 + 2v =⇒ dv

dx=

v2 + v

x=⇒ dv

v2 + v=

dx

x.

Deste modo obtemos,∫dx

x=

∫dv

v2 + v=⇒

∫dx

x=

∫dv

v− dv

v + 1=⇒ ln |x|+ C = ln |v| − ln |v + 1| =⇒ .

=⇒ ln | v

v + 1| = ln |x|+ C =⇒ ln

∣∣∣∣ v

v + 1

∣∣∣∣ = ln |x|+ ln |k| =⇒

=⇒ ln

∣∣∣∣ v

v + 1

∣∣∣∣ = ln |kx| =⇒ v

v + 1= kx =⇒ kx(v + 1) = v.

Logo,v = kx(v + 1) =⇒ y

x= kx

(y

x+ 1)

=⇒ y = kyx + kx2

Portanto,

y =kx2

1− kx

c) Resolva a equação

y′ =y + xsen

(y

x

)x

Page 24: Apostila

23

Solução: Observe que,

y′ =y + xsen

(y

x

)x

=⇒ y′ =y

x+ sen

(y

x

)Sendo v =

y

x=⇒ y = vx, temos que,

y′ =y

x+ sen

(y

x

)=⇒ y′ = v + sen(v)

Daí,

xdv

dx+ v = v + sen(v) =⇒ dv

dx=

sen(v)

x=⇒ dv

sen(v)=

dx

x.

Deste modo obtemos,∫dx

x=

∫dv

sen(v)=⇒ ln |x|+ C =

∫cossecv dv =⇒ ln |x|+ C = ln |cossecv − cotgv| =⇒ .

=⇒ ln |kx| = ln |cossecv − cotgv| =⇒ ln

∣∣∣∣ kx

cossecv − cotgv

∣∣∣∣ = 0 =⇒∣∣∣∣ kx

cossecv − cotgv

∣∣∣∣ = 1

Logo,

kx = cossecv − cotgv =⇒ kx = cossec(y

x

)− cotg

(y

x

)

2.4 Teorema de Existência e Unicidade e o Método das Iter-ações Sucessivas de Picard

Até aqui buscamos determinar métodos de resolução de equações diferenciais deprimeira ordem. Agora estamos interessados em saber se dado o problema de valor inicial

dy

dx= f(x, y),

y(x0) = y0,(2.21)

este problema possui solução e se esta solução é única, caso exista. Isto porque o problemade valor inicial (2.21), às vezes, pode não ter solução e, em alguns casos, possui mais deuma solução. De fato, vejamos os exemplos abaixo.

Exemplo 19 Mostre que o problema de valor inicialdy

dx= y

13 ,

y(0) = 0, ∀ t ≥ 0,(2.22)

possui infinitas soluções.

Page 25: Apostila

24

Prova. Notemos que a equação diferencial acima é separavél. Portanto, separando asvariáveis e integrando, obtemos

y(t) =[23(t + c)

]3/2

, ∀ t ≥ 0.

Usando a condição inicial y(0) = 0, segue que c = 0. Logo,

y(t) =[23t]3/2

, ∀ t ≥ 0.

Por outro lado, a função

y2(t) = −(2

3t)3/2

, ∀ t ≥ 0.

também é solução do problema (2.22). Além disso, uma outra função que também ésolução de (2.22) é a função

y3(t) = 0, ∀ t ≥ 0.

Em geral, para qualquer t0 > 0, a família de funções

y = ϕ(t) =

0, se 0 ≤ t ≤ t0,

±[23t(t− t0)

]3/2

, se t ≥ t0,

são contínuas, diferenciáveis (em particular, em t = t0) e soluções do problema (2.22).

Exemplo 20 Mostre que o problema de valor inicialdy

dx=√

y,

y(0) = 0.(2.23)

possui mais de uma solução.

Prova. É fácil ver que as funções

y1(x) =x2

4, para x ≥ 0, e y2(x) = 0.

são soluções do problema de valor inicial (2.23).Para que o problema (2.21) tenha única solução será necessário colocarmos algumas hipóte-ses sobre a função f . Vamos analisar os casos em que a equação diferencial dada em (2.21)seja linear e o caso em que é não-linear.

Page 26: Apostila

25

2.4.1 O Teorema de Existência e Unicidade: Caso Linear

Vejamos inicialmente o caso em que a equação diferencial dada em (2.21) é linear.

Teorema 2.4.1 Se as funções p e g são contínuas num intervalo aberto I, α < t < β contendo oponto t = t0, então existe uma única y = ϕ(t) solução do problema de valor inicial{

y′ + p(t)y = g(t),

y(t0) = y0,(2.24)

para cada t ∈ I , onde y0 é um valor inicial arbitrário prescrito.

Prova.Existência:Multiplicando a equação diferencial por um fator integrante µ(t), obtemos

µ(t)y′ + p(t)µ(t)y = µ(t)g(t). (2.25)

A expressão à esquerda de (2.25) é a derivada do produto µ(t)y, desde que µ(t) verifique

d

dtµ(t) = µ(t)p(t). (2.26)

Logo, se existe µ(t) satisfazendo (2.26), então segue de (2.25) que

d

dt

[µ(t)y(t)

]= µ(t)g(t),

ou seja

µ(t)y(t) =

∫ t

µ(s)g(s)ds + C, (2.27)

onde C é uma constante arbitrária.Podemos determinar o fator integrante µ(t) a partir da equação (2.26). De fato,

suponhamos inicialmente que µ(t) > 0. Então de (2.26) segue que µ(t) = eR t p(s)ds+C .

Podemos escolher C = 0 de tal modo que

µ(t) = eR t p(s)ds. (2.28)

Notemos que µ(t) é realmente positivo.A Eq. (2.28) determina µ(t) a menos de um fator multiplicativo que depende do

limite de integração. Se escolhermos esse limite inferior como sendo t0, então

µ(t) = eR t

t0p(s)ds

. (2.29)

Note que µ(t0) = 1. Neste caso, a solução é dada por

y(t) =1

µ(t)

[ ∫ t

t0

µ(s)g(s)ds + C]. (2.30)

Page 27: Apostila

26

Por outro lado, usando a condição inicial y(t0) = y0, tem-se C = y0, pois µ(t0) = 1. Entãoa solução torna-se

y(t) =1

µ(t)

[ ∫ t

t0

µ(s)g(s)ds + y0

], (2.31)

onde µ(t) é dado em (2.29).Sendo p contínua em α < t < β, então µ está definida neste intervalo e é uma função

diferenciável e não-nula. Como µ e g são contínuas, a função µg é integrável e a Eq. (2.27)segue da Eq. (2.26). Além disso, a integral de µg é diferenciável, de modo que y dadopela (2.27) existe e é diferenciável no intervalo α < t < β. Substituindo a fórmula paray dada pela Eq. (2.27) ou Eq.(2.31) na (2.24) pode ser facilmente verificada no intervaloα < t < β. A condição inicial é também facilmente verificada.Unicidade:A unicidade segue diretamente de (2.31).

Exemplo 21 Determine o intervalo no qual o problema de valor inicial y′ +2

ty = 4t,

y(1) = 2,(2.32)

tenha solução única e determine esta solução.

Prova. Neste caso, temos g(t) = 4t é contínua para todo t, enquanto que p(t) =2

contínua para todo t 6= 0, isto é, para t < 0 ou para t > 0. Como a condição inicial y(1) = 2

vale apenas para t > 0, então interessa apenas o intervalo ]0, +∞). Logo o problema (2.36)ten solução única no intervalo 0 < t < +∞.

Para determinar a solução de (2.36), notemos primeiro que o fator integrante é

µ(t) = eR t 2/sds = e2ln(t) = t2.

Portanto, a solução de (2.36) é

y(t) =1

t2

(∫ t

4s3ds + C)

=1

t2

(t4 + C

)= t2 +

C

t2.

Usando a condição inicial y(1) = 2, segue que C = 1. Logo

y(t) = t2 +1

t2, ∀ t > 0.

Exemplo 22 Determine o intervalo no qual o problema de valor inicial y′ +2

ty = 4t,

y(−1) = 2,(2.33)

tenha solução única e determine esta solução.

Page 28: Apostila

27

Prova. Neste caso, o problema terá solução no intervalo t < 0. Isto porque o intervalo

que contém a condição inicial é o intervalo t < 0 no qual p(t) =2

té contínua.

De modo análogo ao exemplo anterior, encontramos a solução

y(t) = t2 +1

t2, ∀ t < 0.

2.4.2 O Método das Aproximações Sucessivas ou Método de Iteraçãode Picard

No caso da função f(x, y) dada no problema de valor inicial (2.21), a demonstração doteorema de existência e unicidade foi relativamente simples por que foi possível determi-nar uma fórmula que daria a solução. Já no caso em que f(x, y) não é linear, não existeuma fórmula que dê a solução do problema de valor inicial (2.21). Portanto, o teorema deexistência e unicidade neste caso é bem mais difícil.

Uma saída é colocar o problema de valor inicial (2.21) em uma forma mais conve-niente. Se supusermos, temporariamente, que existe uma função y = ϕ(t) que satisfazo problema (2.21), então f(t, ϕ(t)) é uma função contínua que só depende de t. Logo,podemos integrar y′ = f(t, y) do ponto inicial t0 até um valor arbitrário t, obtendo

ϕ(t) = y0 +

∫ t

t0

f [s, ϕ(s)]ds. (2.34)

Note que usamos a condição inicial y(t0) = y0 e, também, s para denotar a variável deintegração. A Eq.(2.34) é chamada de equação integral. A equação integral não é umafórmula para a solução do problema (2.21), mas fornece outra relação que é satisfeitapor qualquer solução deste problema. Reciprocamente, se existe y = ϕ(t) contínua sat-isfazendo (2.34), então ela também satisfaz (2.21). Para ver isto, basta notar que o inte-grando que aparece na Eq.(2.34), sendo contínuo, implica que ϕ′(t) = f(t, ϕ(t)), devidoao Teorema Fundamental do Cálculo. E também, que y(t0) = y0. Portanto, o problemade valor inicial (2.21) e a equação integral (2.34) são equivalentes. Logo, a solução deum é também solução do outro. É mais conveniente mostrar que existe única solução daequação integral (2.34) em algum intervalo. A mesma conclusão será válida, então, parao problema de valor inicial (2.21).

Um método usado para mostrar que a equação integral (2.34) possui uma únicasolução é conhecido como método das aproximações sucessivas ou método de iteraçãode Picard. O método funciona da seguinte forma:Primeiro, escolhemos uma função inicial ϕ0, arbitrária ou que aproxima, de alguma forma,a solução do problema de valor inicial (2.21). A escolha mais simples é ϕ0(t) = y0, que,pelo menos, satisfaz a condição inicial em (2.21), embora, presupôe-se que não satisfaça

Page 29: Apostila

28

a equação diferencial y′ = f(t, y). A segunda escolha ϕ1 é obtida substituindo-se y(t) naintegral em (2.34) por ϕ0(t), ou seja,

ϕ1(t) = y0 +

∫ t

t0

f [s, ϕ0(s)]ds.

De modo análogo, escolhemos ϕ2 dada por

ϕ2(t) = y0 +

∫ t

t0

f [s, ϕ1(s)]ds.

Em geral, definimos a função ϕn, pondo

ϕn(t) = y0 +

∫ t

t0

f [s, ϕn−1(s)]ds.

Desse modo, geramos a sequência de funções {ϕn}n∈N. Cada elemento da sequência sat-isfaz a condição inicial, mas em geral, nenhum deles satisfaz a equação deferencial. Noentanto, se em algum estágio, por exemplo, para n = k, encontramos ϕk(t) = ϕk−1(t), en-tão ϕk é uma solução da equação integral (2.34), consequentemente, do problema de valorinicial (2.21) e a sequência para neste ponto. Isso normalmente não acontece e é necessárioconsiderar toda a sequência infinita. Por último, usando as hipóteses do Teorema 2.4.2,obtemos que a função

ϕ(t) = limn→∞

ϕn(t)

é a solução única da equação integral (2.34) e, consequentemente, do problema de valorinicial (2.21).

2.4.3 O Teorema de Existência e Unicidade: Caso Não-linear

Vejamos agora o caso em que a equação diferencial dada em (2.21) é não-linear. Nestecaso temos um teorema mais geral que é dado a seguir:

Teorema 2.4.2 Suponhamos que a função f(x, y) e sua derivada∂f

∂ysão contínuas no retângulo

R = {(x, y) ∈ R2|α < x < β, δ < y < γ}

contendo o ponto (x0, y0). Então o problema de valor inicialdy

dx= f(x, y),

y(x0) = y0.(2.35)

possui uma única solução num intervalo contendo x0.

Page 30: Apostila

29

Observações:Se no Teorema 2.4.2 colocarmos hipóteses mais fracas, por exemplo, que apenas f sejacontínua em R, então não temos garantido a unicidade. De fato, vimos no exemplo 19que o problema de valor inicial (2.22) possui infinitas soluções, mas isto não contradiz o

Teorema 2.4.2, pois no problema (2.22) tem-se que∂f

∂y=

y−2/3

3que não existe em t = 0, o

que implica que não é contínua neste ponto. Neste caso, pode-se ter existência, mas nãoa unicidade.

Prova do Teorema 2.4.2:Existência:Defina a sequência de funções yn(t) por

y0(t) = y0 e yn(t) = y0 +

∫ t

t0

f(s, yn−1(s))ds, para n = 1, 2, 3, ...

Como f(t, y) é contínua no retângulo R, então existe uma constante positiva b tal que

|f(t, y)| ≤ b, ∀(t, y) ∈ R.

Assim,|y1(t)− y0| ≤ b|t− t0|, para α < t < β.

Como∂f

∂yé contínua no retângulo R, existe uma constante positiva a tal que

|f(t, y)− f(t, z)| ≤ a|y − z|, para α < t < β e δ < y, z < γ.

Assim,

|y2(t)− y1(t)| ≤∫ t

t0

|f(s, y1(s))− f(s, y0(s))|ds ≤ a

∫ t

t0

|y1(s)− y0(s)|ds

≤ ab

∫ t

t0

|s− t0|ds = ab|t− t0|2

2.

e

|y3(t)− y2(t)| ≤∫ t

t0

|f(s, y2(s))− f(s, y1(s))|ds ≤ a

∫ t

t0

|y2(s)− y1(s)|ds

≤ a2b

∫ t

t0

|s− t0|2

2ds = a2b

|t− t0|3

6.

Por indução, supomos que

|yn−1(t)− yn−2(t)| ≤ an−2b|t− t0|n−1

(n− 1)!

Page 31: Apostila

30

Então

|yn(t)− yn−1(t)| ≤∫ t

t0

|f(s, yn−1(s))− f(s, yn−2(s))|ds ≤ a

∫ t

t0

|yn−1(s)− yn−2(s)|ds

≤ an−1b

∫ t

t0

|s− t0|n−1

(n− 1)!ds = an−1b

|t− t0|n

n!.

Estas desigualdads são válidas para α ≤ α′ < t < β′ ≤ β em que α′ e β′ são tais queδ < yn(t) < γ sempre que α′ < t < β′. (porque existem α′ e β′?). Segue da últimadesigualdade que

∞∑n=1

|yn(t)− yn−1(t)| ≤ b∞∑

n=1

an−1(β − α)n

n!

que é convergente. Como

yn(t) = y0 +n∑

k=1

(yk(t)− yk−1(t)),

então yn(t) é convergente. Sejay(t) = lim

n→∞yn(t).

Como

|ym(t)− yn(t)| ≤m∑

k=n+1

|yk(t)− yk−1(t)| ≤ bm∑

k=n+1

ak−1(β − α)k

k!,

então passando ao limite quando m tende ao infinito obtemos que

|y(t)− yn(t)| ≤ b∞∑

k=n+1

ak−1(β − α)k

k!. (2.36)

Logo dado um ε > 0, para n suficientemente grande, |y(t) − yn(t)| <ε

3, para α′ < t < β′.

Assim, y(t) é contínua, pois dado um ε > 0, para s suficientemente próximo de t, temosque |yn(t)− yn(s)| < ε

3e para n suficientemente

|y(t)− yn(t)| < ε

3, e |y(s)− yn(s)| < ε

3,

o que implica que

|y(t)− y(s)| ≤ |y(t)− yn(t)|+ |yn(t)− yn(s)|+ |yn(s)− y(s)| < ε.

Além disso, para α′ < t < β′ temos que

limn→∞

∫ t

t0

f(s, yn(s))ds =

∫ t

t0

f(s, limn→∞

yn(s))ds =

∫ t

t0

f(s, y(s))ds,

Page 32: Apostila

31

pois, por (2.36), temos∣∣∣ ∫ t

t0

f(s, yn(s))ds−∫ t

t0

f(s, y(s))ds∣∣∣ ≤ ∫ t

t0

|f(s, yn(s))− f(s, y(s))|ds

≤ a

∫ t

t0

|yn(s)− y(s)|ds ≤ ab(t− t0)∞∑

k=n+1

ak−1(β − α)k

k!,

que tende a zero quando n tende ao infinito. Portanto,

y(t) = limn→∞

yn(t) = y0 + limn→∞

∫ t

t0

f(s, yn−1(s))ds

= y0 +

∫ t

t0

f(s, limn→∞

yn−1(s))ds = y0 +

∫ t

t0

f(s, y(s))ds. (2.37)

Derivando em relação a t esta equação vemos que y(t) é solução do problema de valorinicial.Unicidade:Vamos supor que y(t) e z(t) sejam soluções do problema de valor inicial. Seja

u(t) =

∫ t

t0

|y(s)− z(s)|ds.

Como

y(t) =

∫ t

t0

y′(s)ds =

∫ t

t0

f(s, y(s))ds e z(t) =

∫ t

t0

z′(s)ds =

∫ t

t0

f(s, z(s))ds,

então

u′(t) = |y(t)−z(t)| ≤∫ t

t0

|y′(s)−z′(s)|ds =

∫ t

t0

|f(s, y(s))−f(s, z(s))|ds ≤ a

∫ t

t0

|y(s)−z(s)|ds.

Ou seja,u′(t) ≤ au(t).

Subtraindo-se au(t) e multiplicando-se por e−at, obtemos

d

dt(e−atu(t)) ≤ 0, com u(x0) = 0.

Isto implica que e−atu(t) = 0, pois u(t) ≥ 0. Segue então que u(t) = 0, para todo t. Logo,y(t) = z(t), para todo t.

Page 33: Apostila

32

2.5 Aplicações

2.5.1 Crescimento e Decrescimento

A equação diferencialdy

dt= ky

com as condições iniciaisy(t0) = y0

ocorre em muitas teorias envolvendo crescimento e decrescimento.

Exemplo 23 O einsteinio 235 decai à taxa proporcional à quantidade de nuclideos presentes. De-terminar a meia-vida T se o material perder um terço de sua massa em 11, 7 dias.

Solução:

Queremos determinar a meia-vida t do material(

t0 =?; Q(t0) =Q0

2

).

Deste modo sendo a equação diferencial

dQ

dt= −kQ, k > 0,

vamos separar as variáveis,dQ

Q= −kdt

Daí,ln |Q| = −kt + C0 =⇒ Q(t) = e−kt+C0 =⇒ Q(t) = Ce−kt.

Vamos supor que a quantidade inicial é Q(0) = Q0. Então obtemos, C = Q0. Deonde segue que,

Q(t) = Q0e−kt.

Lembrando que após 11, 7 dias a quantidade presente é de2Q0

3, ou seja,

Q(11, 7) =2Q0

3,

Assim,

2Q0

3= Q0e

−11,7k =⇒ 2

3= e−11,7k =⇒ −11, 7k = ln

(2

3

)=⇒ k =

−1

11, 7·ln(

2

3

)=⇒ k = −0, 0346

Assim,Q(t) = Q0e

−0,0346t.

Page 34: Apostila

33

Observe que Q(t) −→ 0, quando t −→∞.Vamos agora determinar o tempo para que a substância decaia a metade da quan-

tidade inicial, ou seja, vamos determinar t0 de modo que Q(t0) =Q0

2. Nesta condições

temos,

Q0

2= Q0e

−0,0346t0 =⇒ 1

2= e−0,0346t =⇒ −0, 0346t0 = ln

(1

2

)=⇒ t0 =

−1

−0, 0346·ln(

1

2

)=⇒

t0 = 20 dias

2.5.2 Epidemia

Exemplo 24 Em uma cidade vamos dividir a população em duas partes;

• x: Indivíduos sadíos, mas que podem ser infectados.

• y: Indivíduos infectados.

Determine o número de dias para que toda a cidade seja infectada, sendo,

dy

dt= kxy

Solução:

Temos que x + y = 1, então x = 1− y. Deste modo a equação torna-se,

dy

dt= k(1− y)y =⇒ dy

y(1− y)= kdt =⇒

∫dy

y(1− y)=

∫kdt =⇒

=⇒∫

dy

y+

∫dy

1− y=

∫kdt =⇒ ln |y| − ln |1− y| = kt + C0 =⇒ ln

∣∣∣∣ y

1− y

∣∣∣∣ = kt + C0 =⇒

y

1− y= Cekt (∗)1

Assim,y

1− y= Cekt =⇒ y = Cekt − Cekty =⇒ (1 + Cekt)y = Cekt.

Logo,

y(t) =Cekt

(1 + Cekt)

Considerando que a quantidade inicial de infectados seja dada por,

y(0) = y0

Page 35: Apostila

34

E aplicando esta a expressão (∗)1 , obtemos,

C =y0

1− y0

.

Daí,

y(t) =

y0

1− y0

ekt(1 +

y0

1− y0

ekt

) (∗)2

Multiplicando (∗)2 por(

e−kt

e−kt

), obtemos,

y(t) =

y0

1− y0(e−kt +

y0

1− y0

) ou y(t) =y0

y0 + e−kt(1− y0)

Observe que, y(t) −→ 1 quando t −→∞

2.5.3 Trajetórias Ortogonais

Uma família de curvas é definida, em geral, por uma equação da forma

F (x, y, c) = 0,

onde x é a variável independente e y é a variável dependente, para cada c ∈ IR fixo. Porexemplo, a família de curvas

y = cx2, c > 0,

está representada pela função F (x, y, c) = y − cx2, F (x, y, c) = 0, que corresponde a umafamília de parábolas com vértice na origem de coordenadas e distância focal descrita emtermos de c. Já a família de curvas

x2 + (y − c)2 = c2,

está representada pela função F (x, y, c) = x2 + (y − c)2 − c2, F (x, y, c) = 0, que consistenum conjunto de círculos com centro (0, c) e raio c.

Dada uma família de curvas é possível determinar a equação diferencial que geraesta família de curvas. vejamos alguns exemplos:

Exemplo 25 Encontre a equação diferencial que tem como solução a família de curvas y = cx3.

Page 36: Apostila

35

Solução: Derivando a família de curvas em relação a x, obtemos

y′ = 3cx2.

A equação acima já é uma equação diferencial, mas possui como solução um conjuntoque contém estritamente a família de curvas y = cx3. Para evitar isto, eliminamos c queé dado por c = y/x3, obtendo y′ = 3

y

x, que é a equação diferencial que gera a família de

curvas y = cx3.

Definição 2.15 Duas curvas são ortogonais num ponto P0 se as retas tangentes as curvas noponto P0 são ortogonais.

Sabemos que duas retas y = m0x + b0 e y = m1x + b1 são ortogonais se o produto de suasinclinações é −1, isto é, m0.m1 = −1. Na equação diferencial

y′ = f(x, y),

o valor da função f(x, y) nos dá o valor das inclinações das retas tangentes a curva y =

y(x) solução da equação. Portanto, para determinar a família de curvas ortogonais a y

basta resolver a equação

y′ = − 1

f(x, y).

Exemplo 26 Encontre a família de curvas ortogonais à família de curvas dada por y = cex.

Solução: Primeiro vamos determinar a equação diferencial que tem como solução a famíliade curvas acima. Derivando em relação a y, obtemos y′ = cex. Notando que c = ye−x,segue que a equação diferencial que gera a família de exponenciais é dada por

y′ = y.

Logo, para encontrar a família de curvas ortogonais à família de exponenciais, devemosresolver a equação diferencial

y′ = −1

y.

Esta equação possui solução dada por

y2 = −2x + C.

Portanto, a família de parábolas y2 = −2x + C. é ortogonal à família de exponenciaisy = cex.

Page 37: Apostila

36

2.5.4 Problemas de Temperatura e a Lei de Resfriamento e Aquecimentode Newton

O problema consiste em determinar uma função θ que define a temperatura de um corpoem cada instante de tempo. Para isto, usaremos um princípio físico conhecido como a Leide Esfriamento ou Aquecimento de Newton. Vejamos esta lei.

Lei de Esfriamento e Aquecimento de Newton: A taxa de variação da temperatura dasuperfície de um objeto é proporcional a diferença de temperatura do objeto com atemperatura do meio ambiente.

Se θ(t) é a temperatura de um objeto no instante de tempo t e T é a temperatura do meioambiente, então a Lei de Esfriamento e Aquecimento de Newton nos diz que

dt= −k(θ − T ), (2.38)

onde k > 0 é a constante de proporcionalidade que depende do material de que é feito oobjeto.Observações:

(a) O sinal negativo que aparece no segundo membro da Eq. (2.38) é devido ao fatode que o calor sempre flui da parte quente para a parte fria. Isto é, se o objeto temtemperatura maior que o meio ambiente, θ − T > 0 e a temperatura θ diminui atéchegar ao ponto de equilíbrio térmico, isto é, a temperatura é uma função decres-

cente em relação ao tempo t. Com isso,dθ

dt< 0 e o sinal negativo é necessário.

Analogamente, se θ − T < 0, então a temperatura θ deve aumentar, tornando assim

uma função crescente em relação ao tempo t. Com isso,dθ

dt> 0 e o sinal negativo

novamente é necessário.

(b) A Eq. (2.38) é uma equação diferencial de primeira ordem que pode ser resolvidautilizando o método de variáveis separáveis. É fácil ver que a solução é dada por

θ(t) = T + Ce−kt. (2.39)

Exemplo 27 Suponha que uma xícara de chá está a uma temperatura inicial de 95◦C e um minutodepois a temperatura baixou para 70◦C num quarto onde a temperatura é de 25◦C. Determine afunção que representa a temperatura em cada instante de tempo e o tempo que demorará a xícarade chá para atingir a temperatura de 30◦C.

Solução: Das condições do problema sabemos que o chá está inicialmente a temperaturade 95◦C, isto é, θ(0) = 95◦C. A temperatura do quarto é de 25◦C, isto é, T = 25◦C. E um

Page 38: Apostila

37

minuto depois a temperatura baixou para 70◦C, então, θ(1) = 70◦C. Neste caso a funçãoque define θ em função de t é dada por

θ(t) = 25 + Ce−kt.

Usando que θ(0) = 95◦C, encontramos C = 70◦C. Portanto, teremos

θ(t) = 25 + 70e−kt.

Usando que θ(1) = 70◦C, teremos

70 = 25 + 70e−k ⇒ e−k =45

70=

9

14⇒ k = ln(14/9).

Logo, a função que define θ em função de t é dada por

θ(t) = 25 + 70e− ln(14/9)t.

Vamos agora determinar um tempo t0 no qual a xícara atingirá 30◦C. Temos

30 = 25 + 70e− ln(14/9)t0 ⇒ e− ln(14/9)t0 =5

70=

1

14⇒ t0 =

ln(14)

ln(14/9)' 5, 97.

Logo, a xícara atingirá 30◦C depois de aproximadamente 6 minutos.

2.5.5 Misturas

Exemplo 28 Num tanque há 100 litros de salmoura contendo 30 gramas de sal em solução. Água(sem sal) entra no tanque à razão de 6 litros por minuto e a mistura se escoa à razão de 4 litros porminuto, conservando-se a concentração uniforme por agitação. Vamos determinar qual a concen-tração no tanque ao fim de 50 minutos, sabendo que o problema é modelado da forma,

dQ

dt= −4

Q

100 + 2tQ(0) = 30

Solução: Observe que,

dQ

dt= −4

Q

100 + 2t=⇒ dQ

dt+ 4

Q

100 + 2t= 0.

A qual é uma equação diferencial linear. Deste modo, fazendo equações separaveis temos,

dQ

dt+ 4

Q

100 + 2t= 0 =⇒ dQ

Q= −4

dt

100 + 2t=⇒

∫dQ

Q=

∫−4dt

100 + 2t=⇒

Page 39: Apostila

38

ln |Q| = −2 ln 100 + 2t + C0 =⇒ ln |Q| = ln (100 + 2t)−2 + C0 =⇒ Q = C(100 + 2t)−2

Então, a quantidade de sal é dada por,

Q(t) =C

(100 + 2t)2

Sendo Q(0) = 30, então,

Q(0) =C

(100 + 2 · 0)2=⇒ 30 =

C

(100)2=⇒ C = 30 · 104 = 3 · 105

Assim,

Q(t) =3 · 105

(100 + 2t)2.

Sabendo que, a concentração c(t) é o quociente da quantidade de sal pelo volume que éigual a V (t) = 100 + 2t, ou seja,

c(t) =Q(t)

V (t)=⇒ c(t) =

3 · 105

(100 + 2t)2

(100 + 2t)=⇒ c(t) =

3 · 105

(100 + 2t)3

Logo, quando t = 50, obtemos

c(50) =3 · 105

(100 + 2 · 50)3=

3 · 105

(200)3=

3 · 105

8 · 106= 0, 0375 gramas/litros

2.5.6 Circuitos Elétricos

Um circuito RC é um circuito que tem um resistor de resistência R, um capacitor decapacitância C e um gerador que gera uma diferença de potencial V (t) ligados em série.Pela segunda lei de Kirchhoff,

RI +Q

C= V (t), (2.40)

onde I(t) =dQ

dte Q(t) é a carga no capacitor. Assim, a equação (2.40) pode ser escrita

comodQ

dt+

1

RCQ =

1

RV (t), (2.41)

A Equação(2.41) é linear de primeira ordem cuja solução é dada por

Q(t) = e−

1

RCt( 1

R

∫ t

e

1

RCsV (s)ds + C

). (2.42)

Exemplo 29 Em um circuito RC uma bateria gera uma diferença de potencial de 10 volts en-quanto a resistência é de 103 ohms e a capacitância é de 10−4 farads. Encontre a carga Q(t) nocapacitor em cada instante t, se Q(0) = 0.

Page 40: Apostila

39

2.5.7 Problemas de Crescimento e Declínio

2.5.8 Datação por Carbono 14

2.5.9 Investimentos Financeiros

2.5.10 Equações Autônomas e Dinâmica Populacional

Uma classe importante de equações de primeira ordem consiste naquelas nas quais avariável independente não aparece explicitamente. Tais equações são ditas autônomas etem a forma

dY

dT= f(y). (2.43)

Discutimos essas equações no contexto de crescimento ou declínio populacional de umaespécie dada, um assunto, importante em campos que vão da medicina à ecologia, pas-sando pela economia global.

A Equação(2.43) é separável e pode ser resolvida facilmente. Nosso objetivo aqui éobter informações qualitativas sobre a equação diferencial. Os conceitos de estabilidadee instabilidade de soluções destas equações tem grande importância nesse contexto.

Crescimento Exponencial

Se y = ϕ(t) é a quantidade de uma população dada no instante t, a hipótese maissimples sobre a variação da população é que a taxa de variação de y é proporcional aovalor atual de y, isto é,

dy

dt= ky, (2.44)

onde a constante de proporcionalidade k é chamada taxa de declínio se k < 0 e taxa decrescimento se k > 0. Vamos supor aqui que k > 0, ou seja, que a população está semprecrescendo.

Resolvendo a Equação (2.44) sujeita a condição inicial

y(t0) = y0, (2.45)

obtemosy(t) = y0e

kt. (2.46)

Logo o modelo matemático que consiste no problema de valor inicial (2.44)-(2.45) comk > 0, prevê que a população crescerá exponencialmente sempre para diversos valoresde y0. Sob condições ideais, observou-se que a Equação (2.46) é razoavelmente precisapara muitas populações, pelo menos, por um período limitado de tempo. No entanto,é claro que tais condições ideais não podem perdurar indefinidamente, alguma hora aslimitações sobre o espaço, o suprimento de comida ou outros recursos reduzirá a taxa decrescimento e acabará inibindo o crescimento exponencial.

Page 41: Apostila

40

Exemplo 30 A taxa de crescimento da população de uma cidade é proporcional ao número dehabitantes. Se a população em 1950 era de 50.000 e em 1980 era de 75.000, qual a populaçãoesperada em 2010?

Solução: Seja p(t) a função que representa a população em cada instante de tempo t. Neste

caso, p(0) = 50.000 e p(t) = 50.000ekt. Como p(30) = 75.000, segue que k =ln(3/2)

30. Logo

p(t) = 50.000eln(3/2)

30t.

Em 2010, t = 60, logo p(60) = 112.500 é a população em 2010.

Crescimento Limitado

Suponhamos agora que uma quantidade cresça segundo uma taxa proporcional àdiferença entre um número A > 0 fixo e seu tamanho. Se y = ϕ(t) é a quantidade presenteem cada instante de tempo t, então

d

dy= k(A− y), (2.47)

onde k > 0 é a constante de proporcionalidade e y < A, para todo t ≥ 0. A Equação (2.47)é separável e tem solução

y(t) = A−Be−kt, (2.48)

onde A, B e k são constantes positivas.

Observação: Notemos que limt→+∞

y(t) = A, isto é, y = A é assíntota horizontal para o

gráfico de y = ϕ(t). O gráfico da função y(t) = A − Be−kt é denominado curva deaprendizagem. O nome é apropriado quando y(t) representa a competência segundoa qual uma pessoa realiza uma tarefa. Ao iniciar uma atividade, a competência de umindivíduo aumenta rapidamente e depois mais vagarosamente, já que uma experiênciaadicional tem pouco efeito na habilidade de realizar a tarefa.

Exemplo 31 Um operário recém-contratado realiza uma tarefa com mais eficiência a cada dia quepassa. Se y unidades forem produzidas por dia, após t dias no trabalho, então

dy

dt= k(80− y),

onde k > 0 e y < 80, para todo t ≥ 0. O empregado produz 20 unidades no promeiro dia detrabalho e 50 unidades por dia após 10 dias de trabalho.a) Quantas unidades por dia ele estará produzindo após 30 dias de trabalho?b) Mostre que após 60 dias ele estará produzindo apenas 1 unidade a menos do que seu potencialcompleto.

Page 42: Apostila

41

Solução: Resolvendo a equação diferencial encontramos

y(t) = 80−Be−kt.

Sendo y(0) = 20, tem-se que B = 60. Por outro lado, sendo y(10) = 50, tem-se que

k =ln 2

10. Desta forma, teremos

y(t) = 80− 60e−ln 2

10t.

a) y(30) = 72, 5.b) y(60) = 79, 0625.O empregado estará produzindo 79 unidades por dia que é uma unidade a menos dopotencial máximo que é 80. De fato,

limt→+∞

y(t) = limt→+∞

(80− 60e− ln 2

10t) = 80.

Crescimento LogísticoConsidere agora a Equação (2.43) na forma

d

dy= f(y)y. (2.49)

Note que estamos substituindo k na Equação (2.44) pela função h(y). Queremos escolherh(y) de modo que h(y) ' k > 0 quando y for pequeno, h(y) decresça quando y crescere h(y) < 0 quando y for suficientemente grande. A função mais simples que tem essaspropriedades é h(y) = r−ay, onde a é, também, uma constante positiva. Logo escrevemos(2.49) na forma

d

dy= (r − ay)y. (2.50)

A Equação (2.50) é conhecida como a equação de Verhuest ou equação logística. Muitasvezes é conveniente escrever a Equação (2.50) na forma equivalente

d

dy= r(1− y

K)y, (2.51)

onde K =r

a. A constante r é chamada taxa de crescimento intrínseco, isto é, a taxa de

cescimento na ausência de qualquer fator limitador.

Observações:

Page 43: Apostila

42

(a) Na busca de soluções para a Equação (2.51), primeiro procuramos soluções do tipomais simples possível, isto é, funções constantes. Para tais soluções, y′ = 0. Logoqualquer solução constante da Equação (2.51) deve satisfazer

r(1− y

K)y = 0.

Logo, as soluções constantes são y = ϕ1(t) = 0 e y = ϕ2(t) = K. Essas soluções sãochamadas de soluções de equilíbrio da Equação (2.51). O nome é devido ao fatoque não há variação no valor de y quando t cresce. De modo análogo, as soluções deequilíbrio da equação autônoma mais geral (2.43) são determinadas fazendo f(y) =

0. Os zeros de f(y) tmabém são chamados de pontos críticos.

(b) Para visualisar outras soluções da Equação (2.51) e esboçar seus gráficos, vamosprimeiro desenhar o gráfico de f(y) em função de y. No caso da Equação (2.51),f(y) = r(1 − y

K)y, de modo que o gráfico é uma parábola com vértice no ponto

(K/2, rK/4) e cujos pontos críticos são (0, 0) e (K, 0) que são os pontos de intersecção

com os eixos dos y. Se 0 < y < K, entãody

dt> 0, isto é, y é crescente em t nesse

intervalo. Se y > K, entãody

dt< 0 e, neste caso, y é uma função decrescente de t

nesse intervalo.

(c) O eixo dos y é muitas vezes chamado de reta de fase e é representado por umareta vertical. Os pontos em y = 0 e y = K são os pontos críticos ou soluções deequilíbrio. Quando y está próximo de 0 ou de K, então o coeficiente angular f(y)

fica próximo de zero, de modo que as curvas soluções são quase horizontais. Elasse tornam mais inclinadas quando o valor de y se afasta de 0 ou de K.

(d) Para esboçar os gráficos das soluções da Eq (2.51) no plano ty, começamos com assoluções de equilíbrio y = 0 e y = K. Depois desenhamos outras curvas crescentesquando 0 < y < K e decrescente quando y > K e que se aproximam de uma curvahorizontal quando y se aproxima de um dos valores 0 ou K. Devido ao teorema deexistência e unicidade, apenas uma solução pode conter um ponto dado no planoty. Assim, embora outras soluções possam ser assintóticas à solução de equilíbrioquando t → +∞, elas não podem interseptá-las em um instante finito.

(e) Derivando a Equação (2.43) em relação a t, obtemos

d2y

dt2=

d

dt(f(y)) = f ′(y).y′ = f ′(y).f(y).

Logo, o gráfico de y é convexo quando y′′ > 0, isto é, quando f ′ e f tem o mesmosinal. Analogamente, o gráfico de y é côncavo quando y′′ < 0, isto é, quando f ′ e f

tem sinais contrários. Os pontos de inflexão ocorre quando f ′(y) = 0. No caso da

Page 44: Apostila

43

Equação (2.51), as soluções são convexas para 0 < y <K

2, onde f é positiva e cres-

cente, de modo que ambas as funções f e f ′ são positivas. As soluções também sãoconvexas para y > K, onde f é negativa e decrescente e f e f ′ são ambas negativas.

ParaK

2< y < K, as soluções são côncavas, já que f é positiva e decrescente, de

modo que f é positiva e f ′ é negativa. Existe um ponto de inflexão sempre que ográfico de y em função de t cruza a reta y = K/2.

(f) Finalmente, note que K é uma cota superior que é aproximada, mas nunca atingida,para populações crescentes começando abaixo desse valor. É natural se referir a K

como sendo o nível de saturação ou a capacidade ambiental de sustentação, paraa espécie dada.

(g) As soluções da equação não-linear (2.51) são surprendentemente diferentes das daequação linear, pelo menos para valores grandes de t. Independentemente do valorde K, isto é, não interessa quão grande seja a parcela não-linear da Equação (2.51),as soluções tendem a um valor finito quando t → ∞, enquanto que as soluções doproblema linear cresce exponencialmente sem limite quando t →∞. Assim, mesmouma minúscula parcela não-linear na equaçaõ diferencial tem um efeito decisivo nasolução para valores grandes de t.

(h) Em muitas situações é suficiente ter informações qualitativas sobre a solução y =

ϕ(t) da Equação (2.51). Essa informação foi obtida a partir do gráfico de f(y) emfunção de y e sem resolver a equação. Mas se quisermos ter uma descrição maisdetalhada sobre o crescimento logístico, por exemplo, se quisermos saber o valor dapopulação em algum instante particular, então precisamos resolver a Equação (2.51)sujeita a condição inicial

y(0) = y0. (2.52)

Para isto, consideremos y 6= 0 e y 6= K. Separando as variáveis, temos

1

(1− y/K)ydy = rdt.

Integrando, obtemos que

ln |y| − ln |1− y/K| = rt + c, (2.53)

onde c é uma constante arbitrária a ser determinada pela condição inicial (2.52). Se0 < y0 < K, então teremos também 0 < y < K e escrevemos (2.55) na forma

y

1− y/K= Cert,

onde C = ec. Usando a condiçaõ inicial segue que C =y0

1− y0/K. Logo a solução é

dada pory

1− y/K=

y0

1− y0/Kert,

Page 45: Apostila

44

implicitamente. Resolvendo para y, encontramos

y =y0K

y0 + (K − y0)e−rt. (2.54)

Se y0 > K, então a abordagem da Equação (2.55) é um pouco diferente mas asolução é também dada por (2.56). Notemos que a Equação (2.56) também con-tém as soluções de equilíbrio y = ϕ1(t) = 0 e y = ϕ2(t) = K, correspondente ascondições iniciais y0 = 0 e y0 = K, respectivamente.

(i) Se y0 = 0 tem-se da Equação (2.56) que y(t) = K para todo t ≥ 0. Se y0 > 0, então

limt→∞

f(t) =y0K

y0

= K.

Portanto a solução tende à solução de equilíbrio y = ϕ2(t) = K assintoticamentequando t → ∞. Neste caso, dizemos que a solução constante ϕ2(t) = K é umasolução assintoticamente estável da Equação (2.51), ou que o ponto y = K é umponto de equilíbrio, ou crítico, assintoticamente estável. Após um longo tempo,a população fica próxima ao nível de saturação K, independente do tamanho ini-cial da população, desde que seja positivo. Outras soluções tendem à solução deequilíbrio mais rapidamente quando r aumenta. Por outro lado, a situação para asolução de equilíbrio y = ϕ1(t) = 0 é bem diferente. Mesmo soluções que começambem próximas de zero crescem quando t cresce e, como vimos, tendem a K quandot → ∞. Dizemos que ϕ1(t) = 0 é uma solução de equilíbrio instável ou que y = 0

é um ponto de equilíbrio, ou crítico, instável. Isso significa que a única maneirade garantir que a solução permaneça nula é certificar-se de que seu valor inicial éexatamente iqual a zero.

Concluimos que y = K é um ponto de equilíbrio, ou crítico, assintoticamente es-tável. Isto quer dizer que após um longo tempo, a população fica próxima ao nível desaturação K independente do tamanho da população inicial, desde que seja positivo.Outras soluções tendem a solução de equilíbrio mais rapidamente quando r aumenta.

Um Limiar CríticoConsidere agora a Equação (2.43) na forma

d

dy= −r(1− y

T)y, (2.55)

com Y (0) = y0, obtemos um crescimento para a solução y(t) com um limiar crítico T , ondeabaixo do limiar crítico T não existe crescimento e acima desse limiar a solução cresceindefinidamente. Isto significa que uma determinada população que se encontra abaixodo limiar crítico tende a se desaparecer, enquanto que um população que se encontraacima desse limiar, tende a crescer indefinidamente sem limitação.

Page 46: Apostila

45

As populações de algumas espécies exibem o fenômeno de limiar. Se está presenteuma quantidade muito pequena, a espécie não se propaga com sucesso e a populaçãotorna-se extinta. No entanto, se for possível juntar uma população maior do que o limiarcrítico, então ocorre um crescimento ainda maior. Como é claro que uma população nãopode se tornar ilimitadamente, a Equação (2.55) deve ser modificada, finalmente, para selevar isso em consideração.

Crescimento Logístico com um LimiarO modelo de limiar (2.55) precisa ser modificado de modo que não ocorra o crescimentoilimitado quando a solução está acima do limiar T . A maneira mais simples de fazer isso éintroduzir um outro fator que tem o efeito de tornar dy/dt negativo quando y for grande.Assim, consideramos

d

dy= −r(1− y

T)(1− y

K)y, (2.56)

onde r > 0 e 0 < T < K. Estudando a equação do problema (2.56) sobre a condição inicialY (0) = y0, obtemos que se y começa abaixo do limiar T , então y decresce até chegar àextinção. Por outro lado, se y começa acima do limiar T , então y acaba se aproximandoda capacidade de sustentação K.

Um modelo desse tipo geral descreve, aparentemente, a população de pombos sel-vagens que existia nos Estados Unidos em números imensos até o final do século XIX. Foimuito caçado para comida e por esporte e, em consequência, seus números estavam dras-ticamente reduzidos na década de 1880. Infelismente, esses pombos selvagens só podiamse reproduzir com sucesso quando presentes em grandes concentrações, correspondendoa um limiar relativamente grande T . Embora ainda existisse um número relativamentegrande de pássaros individuais ao final da década de 1880, não havia um número sufi-ciente concentrado em nenhum lugar que permitisse reprodução com suceso e a popu-lação diminuiu rapidamente até a extinção. O último sobrevivente morreu em 1914. Odeclínio desenfreado na população de pombos selvagens de números imensos até a ex-tinção em pouco mais de três décadas foi um dos primeiros fatores na preocupação sobreconservação naquele país.

Page 47: Apostila

46

2.5.11 Exercícios

1. Encontre as famílias de curvas ortogonais ás seguintes famílias de curvas:

a) y = x + C b) y2 + (x− C)2 = 1 c)y2

2+

x2

2= C2.

2. Suponha que uma xícara de chá está a uma temperatura inicial de 90◦C e um min-uto depois a temperatura baixou para 70◦C num quarto onde a temperatura é de 30◦C.Determine: a) a função que representa a temperatura em cada instante de tempo; b) atemperatura da xícara após 5 minutos.3. Um filé de salmão, inicialmente a 50oF é cozido num forno com uma temperaturaconstante de 400◦F . Após 10 minutos a temperatura do filé é medida em 150◦F . Con-siderando que o peixe é fino e macio, suponhamos numa primeira aproximação que suatemperatura é uniforme. Quanto tempo levará até que o salmão seja considerado mal pas-

sado, digamos, a 200◦F ? Resposta: θ(t) = 400−350e−

1

10ln(5/7)t

e t0 = −10 ln(4/7)

ln(5/7)' 16, 5

minutos.4. Em um circuito RC uma bateria gera uma diferença de potencial de 10 volts enquantoque a resistência é de 200 ohms e a capacitância é de 10−4 farads. Encontre a carga Q(t)

no capacitor em cada instante t, se Q(0) = 0. Encontre também a corrente I(t) em cadainstante t. Resposta: Q(t) = 10−3(1− e−50t) Coulombs e I(t) = 5.10−2e−50t Amperes.5. Foram encontrados restos mortais numa certa região. Verificou-se no laboratório quea porcentagem relativa de isótopos de carbono 14 encontrados eram de 0,12% da quan-tidade original. Calcule o tempo de antiguidade destes restos mortais. Resposta: t0 =

54.233, 87 anos.6. Foram encontrados restos mortais numa certa região. Verificou-se no laboratório que aporcentagem relativa de isótopos de carbono 14 encontrados eram de 0,1% da quantidadeinicial. Calcule o tempo de antiguidade destes restos mortais. Resposta: t0 = 55.707, 70

anos.7. Numa certa cultura de bactérias, a taxa de crescimento das bactérias é proporcional àpopulação presente em cada instante. Se existirem 1000 bactérias inicialmente e a quan-tidade dobra em 12 minutos, quanto tempo levará até que haja 1.000.000 de bactérias?Resposta: t0 = 119, 6 minutos (y(t) = 1000e0,0577583t).8. A taxa de crescimento da população de uma cidade é proporcional ao número de habi-tantes em cada instante. Se a população em 1950 era de 50.000 habitantes e em 1980era 75.000, qual a população esperada em 2010? Resposta: 112.500 habitantes (y(t) =

50.000eln 3/2

30t).

9. A taxa de decaimento do rádio é proporcional a quantidade existente em cada in-stante. Se houver 60 mg de rádio agora, determine a quantidade de rádio daqui a 100anos, sabendo que a meia vida do rádio é de 1650 anos? Resposta: 57, 6 mg de rádio(y(t) = 60e−0,0004101t).

Page 48: Apostila

47

10. A taxa de crescimento de certa cidade é proporcional à população existente. Se apopulação aumenta de 40.000 para 60.000 em 40 anos, quando a população será de 80.000?Resposta: 68, 4 anos depois (y(t) = 40.000e

ln 3/240

t).11. Produtos químicos em um açude. Considere um açude contendo inicialmente 10milhões de galões (cerca de 45 milhões de litros) de água fresca. O açude recebe umfluxo indesejável de produtos químicos a uma taxa de 5 milhões de galões por ano ea mistura sai do açude a uma mesma taxa. A concentração γ(t) de produtos químicosna água que está entrando varia periodicamente com o tempo de acordo com a f´rmulaγ(t) = 2 + sen(2t)g/gal. Construa um modelo matemático desse processo de fluxo e de-termine a quantidade de produtos químicos no açude em qualquer instante.12. Misturas. Num instante t = 0 um tanque contém Q0 lb de sal dissolvidos em 100gal(cerca de 455l). Suponha que água contendo 1/4lb (cerca de 113g) de sal por galão estáentrando no tanque a uma taxa de r galões por minuto e que o líquido, bem misturado,está saindo do tanque à mesma taxa. Escreva o problema de valor inicial que descreve ofluxo. Encontre a quantidade de sal Q(t) no tanque em qualquer instante t e ache, tam-bém, a quantidade limite QL presente após um período muito longo de tempo. Se r = 3 eQ0 = 2QL, encontre o instante T após o qual o nível de sal está dentro de uma faixa a 2%

de QL. Encontre, também, a taxa de fluxo necessária para que o valor de T não exceda 45minutos.

12. Ratos do Campo e Corujas. Considere uma população de ratos do campo quehabitam uma certa área rural. Vamos supor que, na ausência de predadores, a populaçãode ratos cresce a uma taxa proporcional à população atual. Essa hipótese não é umalei física muito bem estabelecida , mas é uma hipótese inicial usual em um estudo decrescimento populacional. Se denotarmos o tempo por t e a população de ratos por p(t),então a hipótese sobre o crescimento populacional pode ser expressa pela equação

dp

dt= rp, (2.57)

onde o fator de proporcionalidade r é chamado de taxa constante ou taxa de crescimento.Agora vamos aumentar o problema supondo que diversas corujas moram na mesma viz-inhança e que elas matam os ratos. Assim, o modelo que descreve essa nova situação édado pela equação

dp

dt= rp− k, (2.58)

onde k é a taxa predatória. As taxas de crescimento r e predatória k devem ser dadas naequação para um mesmo tempo t. Para este problema, pede-se determinar a solução dasequações (2.57) e (2.58) e verificar a diferença entre cada situação determinando o com-portamento de cada solução. Supondo que o tempo seja medido em meses, que a taxa r

tenha o valor de 0, 5 por mês e que as corujas matam 15 ratos do campo por dia, deter-mine como deve ser a Equação (2.58) e sua solução geral. Determine o instante em que a

Page 49: Apostila

48

população é extinta se a população inicial é de 850 ratos. E qual seria a população inicialse a população é extinta em um ano?

Page 50: Apostila

Capítulo 3

Equações Diferenciais de SegundaOrdem

3.1 Equações Diferenciais Lineares de Segunda Ordem

Definição 3.1 A forma geral de uma Equação Diferencial de Segunda Ordem é

F (x, y, y′, y′′) = 0 (3.1)

Definição 3.2 A forma geral de uma Equação Diferencial Ordinária Linear de Segunda Ordem é

y′′ + p(x)y′ + q(x)y = g(x) (3.2)

onde p, q e g, são funções contínuas em um intervalo aberto I.

Definição 3.3 Uma equação diferencial

F (x, y, y′, y′′) = 0,

juntamente com a condição inicial y(x0) = y0 e y′(x0) = y0, constituem um Problema de ValorInicial (PVI), a qual geralmente é denotada por

y′′ = f(x, y, y′),

y(x0) = y0,

y′(x0) = y0.

(3.3)

Page 51: Apostila

50

Teorema 3.4 (Existência e Unicidade)

Seja o seguinte PVI, y′′ = f(x, y, y′),

y(x0) = y0,

y′(x0) = y0.

(3.4)

com x0 ∈ I . Então existe uma unica solução y = φ(x) do PVI para todo x ∈ I

Exemplo 32 Encontre a única solução do do problema,y′′ + p(x)y′ + q(x)y = g(x),

y(x0) = 0, com x0 ∈ I

y′(x0) = 0.

Solução: A única solução do PVI é y(x) = 0

Teorema 3.5 (Princípio da Superposição)

Se y1 e y2 são soluções da equação homogênea,

y′′ + p(x)y′ + q(x)y = 0 (3.5)

então,y = C1y1 + C2y2

onde C1 e C2 são constantes arbitrárias, também é solução de (3.5)

Prova. Sendo y1 e y2 soluções de (3.5) então,

y′′1 + p(x)y′1 + q(x)y1 = 0 e y′′2 + p(x)y′2 + q(x)y2 = 0

Logo, sendo y = C1y1 + C2y2, e aplicando em (3.5), obtemos,

(C1y1 + C2y2)′′ + p(x)(C1y1 + C2y2)

′ + q(x)(C1y1 + C2y2) = 0 =⇒

=⇒ (C1y′′1 + C2y

′′2) + p(x)(C1y

′1 + C2y

′2) + q(x)(C1y1 + C2y2) = 0 =⇒

=⇒ (C1y′′1 + p(x)C1y

′1 + q(x)C1y1) + (C2y

′′2 + p(x)C2y

′2 + q(x)C2y2) = 0 =⇒

=⇒ C1(y′′1 + p(x)y′1 + q(x)y1) + C2(y

′′2 + p(x)y′2 + q(x)y2) = 0 =⇒ C1 · 0 + C2 · 0 = 0.

Portanto, y = C1y1 + C2y2 é solução de (3.5).

Pergunta:Podemos escolher constantes C1 e C2, tal que a solução y = C1y1 + C2y2 satisfaça as

condições iniciais de (3.3)

Page 52: Apostila

51

Resposta:Suponha que sim. Logo,

y(x0) = y0 e y′(x0) = y0,

isto é,C1y1(x0) + C2y2(x0) = y0 e C1y

′1(x0) + C2y

′2(x0) = y0.

Assim, temos que,{C1y1 + C2y2 = y0

C1y′1 + C2y

′2 = y0

=⇒{

C1y1y′2 + C2y2y

′2 = y0y

′2

−C1y′1y2 − C2y

′2y2 = −y0y2

=⇒ C1(y1y′2 − y′1y2) = y0y

′2 − y0y2

Daí,

C1 =y0y

′2 − y0y2

y1y′2 − y′1y2

.

De forma analoga obtemos,

C2 =y0y1 − y′1y0

y1y′2 − y′1y2

.

Em forma de determinante,

C1 =

y0 y2

y0 y′2

y1 y2

y′1 y′2

e C2 =

y0 y′1y0 y1

y1 y2

y′1 y′2

Conclusão:Podemos escolher as constantes C1 e C2 desde que,

w[y1, y2] =

∣∣∣∣ y1 y2

y′1 y′2

∣∣∣∣ 6= 0

Definição 3.6 O determinante da matriz,

w[y1, y2] =

∣∣∣∣∣ y1 y2

y′1 y′2

∣∣∣∣∣é chamado de Determinante Wronskiano das soluções y1 e y2.

Teorema 3.7 (Conjunto Fundamental de Soluções)Se y1 e y2 são soluções de (3.5)

y′′ + p(x)y′ + q(x)y = 0

e se existe x0 ∈ I tal que w[y1, y2] 6= 0, então

y = C1y1 + C2y2

é a solução de (3.5)

Page 53: Apostila

52

Prova. Seja φ(x) uma solução qualquer de (3.5) tal que{φ(x0) = y0

φ′(x0) = y0

Considere o seguinte (PVI)y′′ + p(x)y′ + q(x)y = 0

φ(x0) = y0 (∗)φ′(x0) = y0

Note que φ é solução de (∗). Por outro lado,

w[y1, y2] 6= 0

Logo vai existir uma constante C1 e C2 tal que y = C1y1 + C2y2 é solução de (∗).O teorema de Existencia e Unicidade garante que φ = y, ou seja, φ = C1y1 + C2y2

3.2 Equações de Segunda Ordem com Coeficiente Constantes

Considere a equaçãoay′′ + by′ + cy = 0 (3.6)

com a, b e c constantes.

Exemplo 33 Considere a seguinte equação diferencial

y′′ − y = 0

.Observe que y1(x) = ex e y2(x) = e−x são soluções da equação diferencial. Além disso,

w[y1, y2] =

∣∣∣∣∣ ex e−x

ex −e−x

∣∣∣∣∣ = −1− 1 6= 0

Logo a solução da equação diferencial será

y = C1ex + C2e

−x

Vamos procurar soluções para (3.6) da forma y = erx. Deste modo, temos que,

y′ = rerx e y′′ = r2erx

Substituindo y, y′ e y′′ em (3.6) obtemos,

ar2erx + brerx + cerx = 0

Page 54: Apostila

53

Daí,(ar2 + br + c)erx = 0

que é verdade desde que,ar2 + br + c = 0 (3.7)

A equação (3.7) é chamada de Equação Característica Associada a (3.6).

ConclusãoA função y = erx é solução da (3.6) se, e somente se, r é raiz da equação característica.

Caso 1: raizes reais e distintas (∆ > 0, r1 6= r2).

Caso 2: raizes complexas conjugadas (∆ < 0, r = p± iq).

Caso 3: raizes repetidas (∆ = 0, r1 = r2).

3.2.1 Raizes Reais e Distintas

Seja r1 6= r2, onde, y1 = er1x e y2 = er2x, são soluções de (3.6). Além disso,

w[y1, y2] =

∣∣∣∣∣∣er1x er2x

r1er1x r2e

r2x

∣∣∣∣∣∣ = r2e(r1+r2)x − r1e

(r1+r2)x = (r2 − r1)e(r1+r2)x 6= 0

Segue então que a solução geral dada será dada por,

y = C1er1x + C2e

r2x

Exemplo 34 Resolva o seguinte PVI,y′′ + 5y′ + 6y = 0

y(0) = 2

y′(0) = 3

Solução: Observe que a equação y′′ + 5y′ + 6y = 0 é uma equação diferencial. Assim, aequação característica associada a ela é,

r2 + 5r + 6 = 0, com ∆ = 1, r1 = −2 e r2 = −3

Daí a solução geral é,y = C1e

−2x + C2e−3x

Derivando temos,y′ = −2C1e

−2x − 3C2e−3x

Page 55: Apostila

54

Utilizando as condições iniciais y(0) = 2 e y′(0) = 3 temos que,{C1 + C2 = 2

−2C1 − 3C2 = 3

Logo C1 = 9 e C2 = −7. Portanto a solução do PVI é,

y = 9e−2x − 7e−3x

3.2.2 Raizes Complexas

Seja ar2 + br + c = 0 e suponha que ∆ = b2 − 4ac < 0. Assim sendo i =√−1 temos,

∆ = b2 − 4ac =⇒ ∆ = −(4ac− b2) =⇒ ∆ = i2(4ac− b2),

neste caso,

r1 =−b + i

√4ac− b2

2ae r2 =

−b− i√

4ac− b2

2a

ou seja, as raizes são da forma:r = p± iq

com p, q ∈ IR e q 6= 0.Portanto as soluções correspondentes são,

y1 = e(p+iq)x e y2 = e(p−iq)x

As quais são soluções complexas. As soluções reais são obtidas com o auxilio da Identi-dade de Euller

e±θi = cosθ ± isenθ

Note que,

e(p+iq)x = epx · eiqx = epx · (cos(qx) + isen(qx)) = y1(x)

e(p−iq)x = epx · e−iqx = epx · (cos(qx)− isen(qx)) = y2(x)

onde,

y1 =y1 + y2

2= epxcos(qx) e y2 =

y1 − y2

2i= epxsen(qx)

que são soluções reais da equação (3.6). Além disso,

w[y1, y2] =

∣∣∣∣∣∣epxcos(qx) epxsen(qx)

pepxcos(qx)− qepxsen(qx) pepxsen(qx) + qepxcos(qx)

∣∣∣∣∣∣ =

pe2pxcos(qx)sen(qx) + qe2pxcos2(qx)− pe2pxcos(qx)sen(qx) + qe2pxsen2(qx) =

Page 56: Apostila

55

= qe2px[cos2(qx) + sen2(qx)] = qe2px 6= 0

pois q 6= 0.Consequentemente a solução geral será dada por

y = epx[C1cos(qx) + C2epxsen(qx)]

onde r = p± qi, são as raizes complexas da equação característica.

Exemplo 35 Determine a solução geral da equação

y′′ + y′ + y = 0

Solução:

Sendo a equação característica temos que,

r2 + r + 1 = 0, onde ∆ = −3

Logo,

r1 =−1 + i

√3

2onde

−1 +−i√

3

2Portanto,

y = e−x2

[C1cos

(√3x

2

)+ C2sen

(√3x

2

)]Exemplo 36 Determine a solução geral do PVI

y′′ + y = 0

y(π

3

)= 2

y′(π

3

)= −4

Solução:

Sendo a equação característica temos que,

r2 + 1 = 0 =⇒ r2 = −1 =⇒ r = ±i

Então,y = C1cos(x) + C2sen(x)

Sendo y(π

3

)= 2 e y′

3

)= −4, e y′ = −C1sen(x) + C2cos(x) temos que,

C1cos

3

)+ C2sen

3

)= 2

−C1sen(π

3

)+ C2cos

3

)= −4

=⇒

C1

2+

C2

√3

2= 2

−C1

√3

2+

C2

2= −4

=⇒

Page 57: Apostila

56

=⇒

3C1 + C2 = 4√

3

−√

3C1 + C2 = −8=⇒ C1 = 1 + 2

√3 e C2 =

√3− 2

Portanto a solução geral é,

y = (1 + 2√

3)cos(x) + (√

3− 2)sen(x)

Exercício:

1) Resolva os PVI’s abaixo:

a)

y′′ + 4y = 0

y(0) = 0

y′(0) = 1

b)

y′′ + y′ − 12y = 0

y(2) = 2

y′(2) = 0

2) Encontre α de modo que a solução do PVI,y′′ − y′ − y = 0

y(0) = α

y′(0) = 2

decai para zero quando t →∞

3) Encontre a equação diferencial cuja solução geral seja,

y = C1e2t + C2e

−3t

3.2.3 Método de Redução de Ordem

Suponha que conhecemos uma solução y1 da equação,

y′′ + p(x)y′ + q(x)y = 0.

Vamos procurar uma segunda solução da forma

y2(x) = v(x) · y1(x)

com v(x) não constante.

Por definição temos:

y′2 = v′y1 + vy′1 e y′′2 = v′′y1 + v′y′1 + v′y′1 + vy′′1 = v′′y1 + 2v′y′1 + vy′′1

Page 58: Apostila

57

Assim, substituindo y2, y′2 e y′′2 na equação diferencial obtemos,

y′′2 + p(x)y′2 + q(x)y2 = 0 =⇒ [v′′y1 +2v′y′1 + vy′′1 ] + p(x)[v′y1 + vy′1] + q(x)[v(x)y1(x)] = 0 =⇒

=⇒ v′′y1 + [2y′1 + p(x)y1]v′ + [y′′1 + p(x)y′1 + q(x)y1(x)]v(x) = 0

Sendo y1 a solução da equação então y′′1 + p(x)y′1 + q(x)y1(x) = 0. Daí,

v′′y1 + [2y′1 + p(x)y1]v′ = 0 =⇒ v′′ +

[2y′1y1

+ p(x)y1

y1

]v′ = 0 =⇒ v′′ +

[2y′1y1

+ p(x)

]v′ = 0.

Faça u(x) = v′(x), para obtemos,

u′ +

[2y′1y1

+ p(x)

]u = 0

a qual é uma EDL de 1o ordem em u, cuja solução é dada por,

u(x) = ce−

∫ (2y′1y1

+ p(x)

)dx

Tome C = 1, então,

u(x) = e−

∫ (2y′1y1

)dx· e

∫p(x) dx

=⇒ e−

∫p(x) dx

· e−2 ln |y1|

ou seja,

u(x) =e−

∫p(x) dx

y21

A segunda solução é,

y2 = v(x)y1, com v(x) =

∫u(x) dx,

onde u(x) foi encontrado antes.Além disso,

w[y1, y2] =

∣∣∣∣ y1 vy1

y′1 v′y1 + vy′1

∣∣∣∣ = v′y21 6= 0,

pois v(x) 6= constante.Logo,

y = C1y1 + C2v(x)y1

Conclusão

As funções y1 e y2 = vy1 constituem um conjunto fundamental de soluções.

Page 59: Apostila

58

Exemplo 37 Verificar que y1(x) = x é uma solução da equação

(1− x2)y′′ − 2xy′ + 2y = 0, −1 < x < 1

e achar uma segunda solução que possa compor com a primeira, um conjunto fundamental desoluções.

Solução:Sendo −1 < x < 1 então a equação torna-se,

y′′ − 2x

(1− x2)y′ +

2

(1− x2)y = 0

A segunda solução é dada por

y2 = v(x)y1 = xv(x) = x

∫u(x) dx

onde,

u(x) =e−

∫p(x) dx

y21

=⇒ u(x) =e−

∫2x

(1− x2)dx

x2=

e− ln |1−x2|

x2=

1

1− x2

x2=

1

x2(1− x2)

assim,

u(x) =1

x2+

1

1− x2=

1

x2+

1

2

(1

1 + x

)+

1

2

(1

1− x

)Sendo, v(x) =

∫u(x) dx, então,

v(x) =

∫ [1

x2+

1

2

(1

1 + x

)+

1

2

(1

1− x

)]dx =

∫1

x2dx+

1

2

∫1

1 + xdx+

1

2

∫1

1− xdx =

= −1

x+

ln |1 + x|2

− ln |1− x|2

= −1

x+

1

2ln

[|1 + x||1− x|

]Portanto,

y2 = −1 +x

2ln

∣∣∣∣1 + x

1− x

∣∣∣∣Exercício: Encontre a solução geral para esta equação.

3.2.4 Raizes Repetida

Vamos determinar a solução geral da equação

ay′′ + by′ + cy = 0

Page 60: Apostila

59

quando as raizes da equação característica

ar2 + br + c = 0

forem igauis r1 = r2 =−b

2a.

Uma solução da equação geral y′′ +b

ay′ +

c

ay = 0 é

y1 = e−b2a

x

Usando o método da Redução de Ordem vamos obter y2 = ve−b2a

x. Assim, temosque,

u(x) =e−

Rba

dx[e−b2a

x]2 =

e−ba

x

e−ba

x=⇒ u(x) = 1.

Segue que,

v(x) =

∫u(x) dx =

∫1 dx =⇒ v(x) = x.

Logo,y2(x) = xe

−b2a

x

Desta forma a solução geral é dada por, y = C1e−b2a

x + C2xe−b2a

x, ou seja

y = (C1 + C2x)e−b2a

x

Exemplo 38 Determine a solução geral da seguinte equação,

y′′ + 4y′ + 4y = 0

Solução:

Sendo a equação,y′′ + 4y′ + 4y = 0,

temos seguinte equação característica,

r2 + 4r + 4 = 0,

da qual obtemos, r1 = r2 =−b

2a=−4

2= −2. Logo a solução geral é,

y = (C1 + C2x)e−2x

Page 61: Apostila

60

3.3 Equações Diferenciais de Segunda Ordem Não - Ho-mogêneas

Considere a equaçãoy′′ + p(x)y′ + q(x)y = g(x) (3.8)

onde p, q e g são funções contínuas num intervalo aberto α < x < β

Teorema 3.8 (Importante)Se yp é solução particular da equação (3.8), então a solução geral de (3.8) é dada por:

y = yp + C1y1 + C2y2

onde y1 e y2 constitue um Conjunto de Fundamental de Soluções para equações homogêneascorrespondentes.

Prova. Seja y uma solução qualquer de (3.8). Temos,

y′′ + p(x)y′ + q(x)y = g(x) e y′′p + p(x)y′p + q(x)yp = g(x)

daí,(y − yp)

′′ + p(x)(y − yp)′ + q(x)(y − yp) = 0

isto é, y − yp é uma solução da equação homogênea correspondente. Portanto,

y − yp = C1y1 + C2y2 ⇐⇒ y = yp + C1y1 + C2y2

Exemplo 39 Determine a solução geral da equação

y′′ + y = t

Solução: Observe que a função yp = t é uma solução da equação. Temos então a seguinteequação homogênea,

y′′ + y = 0

Assim, a equação diferencial característica é da forma,

r2 + 1 = 0 com r = ±i

Logo a equação diferencial homogênea associada é

yH = C1cost + C2sent

Portanto,y = t + C1cost + C2sent

Page 62: Apostila

61

Método da Variação dos Parâmetros

Sejam y1 e y2 duas soluções linearmente independentes (L.I.), ou seja, não são mul-tiplas entre si, da equação homogênea.

y′′ + p(x)y′ + q(x)y = 0

Suponha que temos uma solução particular da equação (3.8), na forma,

y = u1y1 + u2y2

Por derivação,

y′ = u1y′1 + u′1y1 + u2y

′2 + u′2y2 =⇒ y′ = u1y

′1 + u2y

′2 + u′1y1 + u′2y2.

vamos admitir que,u′1y1 + u′2y2 = 0 (•)1

então,y′ = u1y

′1 + u2y

′2 (∗)1

derivando mais uma vez obtemos,

y′′ = u1y′′1 + u′1y

′1 + u2y

′′2 + u′2y

′2 (∗)2

Assim, substituindo (∗)1 e (∗)2 na equação (3.8) obtemos,

y′′ + p(x)y′ + q(x)y = 0 =⇒

(u1y′′1 + u′1y

′1 + u2y

′′2 + u′2y

′2) + p(x)(u1y

′1 + u2y

′2) + q(x)(u1y1 + u2y2) = g(x),

ou seja,

u1(y′′1 + p(x)y′1 + q(x)y1) + u2(y

′′2 + p(x)y′2 + q(x)y2) + u′1y

′1 + u′2y

′2 = g(x),

sabendo que,y′′1 + p(x)y′1 + q(x)y1 = 0 e y′′2 + p(x)y′2 + q(x)y2 = 0

temos,u′1y

′1 + u′2y

′2 = g(x) (•)2

Por (•)1 e (•)2 formamos o seguinte sistema, u1y′1 + u2y

′2 = 0

u′1y′1 + u′2y

′2 = g(x)

Page 63: Apostila

62

Observe que det[coef ] = w[y1, y2] 6= 0. da regra de Cramer temos,

u′1 =−y2g(x)

w[y1, y2]e u′2 =

y1g(x)

w[y1, y2]

Finalmente,

u1 = −∫

y2g(x)

w[y1, y2]dx e u2 =

∫y1g(x)

w[y1, y2]dx

Exemplo 40 Resolva a seguinte equação

y′′ − 4y′ + 4y = (x + 1)e2x

Solução: Sendo y′′ − 4y′ + 4y = 0 a equação homogênea correspondente, então temos aseguinte equação característica associada,

r2 − 4r + 4 = 0

da qual temos,

∆ = 16− 16 = 0 e r =4

2= 2

daí a solução geral desta é,y = C1e

2x + C2xe2x

Neste caso,y1 = e2x e y2 = xe2x

Utilizando a idéia do Wronskiano temos,

w = [y1, y2] =

∣∣∣∣ e2x xe2x

2e2x e2x + 2xe2x

∣∣∣∣ = e4x

Logo,

u1 = −∫

xe2x(x + 1)e2x

e4xdx =

∫x(x + 1) dx = −

(x3

3+

x2

2

)

u2 =

∫e2x(x + 1)e2x

e4xdx =

∫(x + 1) dx =

(x2

2+ x

)Sabendo que, yp = u1y1 + u2y2, então,

yp = −e2x

(x3

3+

x2

2

)+ xe2x

(x2

2+ x

)=⇒ yp = e2x

(x3

6+

x2

2

)

Page 64: Apostila

63

Portanto, a solução geral é

y =

(x3

6+

x2

2

)e2x + (C1 + C2x)e2x

EXEMPLOS

Problema de Valor Inicial

Exemplo 41 Encontre a solução do PVI2y′′ − 3y′ + y = 0

y(0) = 2

y′(0) =1

2

em seguida determine o valor de máximo (caso exista) da solução e também o ponto no qual asolução é nula.

Solução:

Vamos determinar inicialmente a solução geral da equação

2y′′ − 3y′ + y = 0

Observe que temos a seguinte equação característica associada a equação,

2r2 − 3r + 1 = 0

da qual obtemos,

∆ = 1 > 0 r1 = 1 r2 =1

2

Logo, a solução geral da equação é,

y = C1ex + C2e

x2

Das condições iniciais obtemos,C1 + C2 = 2

C1 +C2

2=

1

2

Page 65: Apostila

64

onde C1 = −1 e C2 = 3.

Portanto a solução geral é do PVI é

y = −ex + 3ex2

Vamos agora determinar, se existir, um valor de máximo para a solução.

Um ponto x0 é um ponto de máximo quando,

y′(x0) = 0 e y′′(x0) < 0.

Então derivando a solução da equação temos,

y = −ex + 3ex2 =⇒ y′ = −ex +

3

2e

x2 =⇒ −ex +

3

2e

x2 = 0 =⇒ e

x2 e

x2 − 3

2e

x2 = 0 =⇒

=⇒ ex2

(e

x2 − 3

2

)= 0 =⇒ e

x2 − 3

2= 0 =⇒ e

x2 =

3

2

devemos então ter,

ex2 =

3

2=⇒ x

2= ln

(3

2

)=⇒ x = ln

(9

4

)Derivando y′, obtemos,

y′′ = −ex +3

4e

x2 =⇒ y′′

(ln

(9

4

))= −eln( 9

4) +3

4e

12·ln( 9

4) = −9

4+

3

4· 3

2= −9

8< 0

Logo, x = ln

(9

4

)é um ponto de máximo.

Por último, vamos determinar o ponto onde a solução é nula. Assim, vamos deter-minar o valor de x onde y(x) = 0. Logo,

y = −ex + 3ex2 =⇒ ex − 3e

x2 = 0 =⇒ e

x2 e

x2 − 3e

x2 = 0 =⇒ e

x2

(e

x2 − 3

)= 0 =⇒ e

x2 − 3 = 0.

Logo, ex2 = 3. Portanto, x = ln 9.

Redução de Ordem

Exemplo 42 Determine a solução da equação,

(x− 1)y′′ − xy′ + y = 0, onde, x > 1 e y1(x) = ex

Solução:Observe que,

(x− 1)y′′ − xy′ + y = 0 =⇒ y′′ − x

x− 1y′ +

1

x− 1y = 0

Page 66: Apostila

65

Sabendo que y1(x) = ex, vamos determinar y2(x), o qual é da forma,

y2(x) = v(x) · y1(x), mboxcom v(x) 6= 0

onde,

v(x) =

∫u(x) dx u(x) =

e−R

p(x) dx

y21

Assim queremos y2 da forma y2 = v(x)ex. Então, vamos determinar v. Daí, temos que,

u(x) =e−

Rp(x) dx

y21

=e−

∫x

x− 1dx

e2x=

e−

∫ (1− 1

x− 1dx

)e2x

=ex+ln (x−1)

e2x=

ex(x− 1)

e2x=⇒

=⇒ u(x) = e−x(x− 1)

Deste modo,

v(x) =

∫u(x) dx =

∫e−x(x− 1) dx =⇒ v(x) = −xe−x

Logo,y2 = v(x)ex = (−xe−x)ex =⇒ y2 = −x

Portanto, a solução geral é,y = C1e

x − C2x

Método da Variação de Parâmetros

Exemplo 43 Determine a solução da equação

y′′ + 9y = 3sec23t, t ∈(0,

π

8

)Solução:

Observe que temos a seguinte equação homogênea associada

y′′ + 9y = 0

Daí a equação característica associada a ela é,

r2 + 9 = 0

da qual obtemos,∆ = −36 < 0 e r = ±3i

Logo a solução desta éyH = C1cos3t + C2sen3t

Page 67: Apostila

66

Vamos agora determinar a solução particular yp = u1y1 + u2y2. Assim sendo,

y1 = cos3t e y2 = sen3t

e o Wronskiano dado por,

w[y1, y2] =

∣∣∣∣∣∣cos3t sen3t

−3sen3t 3cos3t

∣∣∣∣∣∣ = 3

Então,

u1 = −∫

y2g(x)

w[y1, y2]dx = −

∫3sen3t sec23t

3dx = −sec3t

u2 =

∫y1g(x)

w[y1, y2]dx =

∫3cos3t sec23t

3dx = ln |sec3t + tg3t|

Logo,yp = −sec3tcos3t + ln |sec3t + tg3t|sen3t

Portanto, a solução geral éy = yH + yp =⇒

y = C1cos3t + C2sen3t− sec3tcos3t + ln |sec3t + tg3t|sen3t

3.4 Oscilações Mecânicas

Nos estudaremos neste capítulo o movimento de uma massa pressa a uma mola.Para isso vamos utilizar o Sistema Massa-Mola, o qual podemos ter uma ideia pelo grá-fico abaixo.

Figura 3.1: Sistema Massa-Mola

Page 68: Apostila

67

Nesse sentido dividiremos, inicialmente, em etapas o nosso estudo do sistema massa-mola. Deste modo,Etapa A

Mola de comprimento l sem peso.

Etapa BCorpo de massa m preso a mola de comprimento l causando um deslocamento L no

sentido positivo.

Figura 3.2: Repouso Figura 3.3: Deslocado

Nesta etapa duas forças atuam no corpo.

(i) Força Gravitacional (Fg)Fg = mg,

onde, m é a massa do corpo e g é a força gravitacional

(ii) Força da Mola (Fm)

Lei de Hooke: A força exercida por uma mola é proporcional ao seu deslocamento

Fm = −kL,

onde, k é a constante de elastícidade.Quando o corpo está em equilibrio a força resultante sobre o corpo é nula, ou seja,

mg − kL = 0

Etapa CForça externa aplicada ao corpo de massa m, causando um deslocamento de y no

sentido positivo.

Segunda Lei de NewtonA segunda lei de Newton afirma que,

Page 69: Apostila

68

Força = massa × aceleração

Se o deslocamento no instante t é dada por y(t), então da segunda Lei de Newton,obtemos,

my′′ = f(t) (3.9)

onde f(t) é força resultante sobre o corpo no instante t. Nesse sentido observe que, as

forças são:

1) Fg = mg

2) Fm = −k(L + y)

3) F (t) =Força externa aplicada a massa4) Força de Amortecimento ou Força resistiva (Fa)

A Força de Amortecimento ou Força resistiva é proporcional a velocidade do objetoe atua no sentido oposto ao deslocamento. Daí temos que,

Fa = constante × velocidade

ou seja,Fa = −cy′(t)

Reescrevendo (3.9) temos,

my′′ = Fg + Fm + F + Fa =⇒ my′′ = mg − k(L + y) + F (t)− cy′(t)

=⇒ my′′ = mg − kL︸ ︷︷ ︸0

−ky + F (t)− cy′(t) =⇒

my′′ + cy′ + ky = F (t) (3.10)

onde as constantes m, c e k são positivas.A equação (3.10) é chamada de Equação do Movimento da Massa.Estabelecemos as seguintes condições iniciais,

(C.I.)

{y(0) = y0, posição inicialy′(0) = y′0, velocidade inicial

A equação (3.10) com as condições iniciais constituem um PVI no qual tem umaúnica solução.

3.4.1 Oscilação Livre Não-Amortecidas

Como o movimento não é amortecido temos que c = 0 e a força externa F (t) = 0.A equação nesta nesta situação de massa é,

my′′ + ky = 0 ou y′′ +k

my = 0

Page 70: Apostila

69

cuja característica é,

r2 +k

m= 0

daí,

r = ±√− k

m=⇒ r = ±i

√k

m

Logo a solução geral é,

y(t) = C1 cos

(√k

mt

)+ C2 sen

(√k

mt

)

Considere ω20 = k

m. Daí temos,

y(t) = C1 cos (ω0t) + C2 sen (ω0t) (I)

ou ainda,y(t) = R cos (ω0t− δ) (II)

onde, R =√

C21 + C2

2 e δ = arc tg

(C2

C1

)ObservaçãoToda solução da forma (I) pode ser escrita na forma (II) e a reciproca também é

verdadeira. De fato,

R cos (ω0t− δ) = Rcosω0tcosδ −Rsenω0tsenδ

onde,

Figura 3.4: triânguloretangulo

a =√

C21 + C2

2 = R, b = C2, c = C1 e d = ω, daí

cosδ =C1

R=⇒ C1 = Rcosδ

e

senδ =C2

R=⇒ C2 = Rsenδ

Portanto,R cos (ω0t− δ) = C1cosω0t− C2senω0t

Comentários:

Page 71: Apostila

70

(a) O movimento de massa é periódico e o seu período é,

t =2π

ω0

= 2π(m

k

)1/2

(b) T aumenta quando m aumenta, ou seja, "os corpos com mais massa, oscilam maislentamente".

(c) T diminui quando k aumenta, ou seja, "Molas rígidas, provocam oscilações maisrápidas".

(d) A amplitude não diminui com o tempo por causa da ausência de amortecimento.

(e) δ ângulo de faces do movimento.

3.4.2 Oscilação Livre Amortecidas

Esta situação é caracterizada pela ausência da força externa (f(t) = 0) e a constantede resistividade c é não nula.

Neste caso temos,my′′ + cy′ + ky = 0

Da qual a equação característica é,

mr2 + cr + k = 0

onde c, m e k são constantes positivas. Deste modo, as raizes são:

r =−c±

√c2 − 4mk

2m

Portanto existem três situações:

1o Caso c2 > 4mkEntão a equação característica terá duas raizes reais distintas r1 e r2 e a solução é

dada por,y(t) = C1e

r1t + C2er2t

Observação:c2 − 4mk < c2 =⇒

√c2 − 4mk < c

Conclusão: r1 < 0 e r2 < 0.Portanto,

y(t) −→ 0, quando t −→∞

Page 72: Apostila

71

2o Caso c2 = 4mkNeste caso,

r1 = r2 =−c

2m

e a posição é dada pory = (C1 + C2t)e

−(ct)/2m

Portanto,y(t) −→ 0, quando t −→∞

3o Caso c2 < 4mkNeste caso, temos duas raizes complexas conjugadas. Daí,

y(t) = e−(ct)/2m (C1cosβt + C2senβt)

onde,

β =(4mk − c2)1/2

2m

ou ainda,y(t) = R e−(ct)/2mcos(ω0t− δ)

Exemplo 44 Um corpo com massa de 100 g estica em 5 cm uma mola. Se o corpo é impulsionadoa partir do equilíbrio com uma velocidade para baixo de 10 cm/s e se não houver resitência do ar,determine a posição em qualquer instante t. Em que instante o corpo retorna pela 1o vez, a suaposição de equilíbrio?

Solução:

Observe que,

m = 100 g; g = 9, 8 m/s2 = 980cm/s2; L = 5 cm; k =mg

L=

100 · 980

5= 19.600g · cm/s2

c = 0; F (t) = 0; y(0) = 0; y′(0) = 10 cm/s

Sabendo que a equação de movimento de massa é,

my′′ + cy′ + ky = F (t) =⇒ 100y′′ + 19.600y = 0.

Temos a seguinte equação característica associada,

100r2 + 19.600 = 0 =⇒ r2 + 196 = 0,

da qual obtemos,r = ±i

√196 =⇒ r = ±i

√14.

Page 73: Apostila

72

Deste modo a solução geral é,

y(t) = C1cos(14t) + C2sen(14t)

Derivando y(t) obtemos,

y′(t) = −14 C1sen(14t) + 14 C2cos(14t)

Das condições iniciais, y(0) = 0 e y′(0) = 10 cm/s, obtemos,

C1 = 0 e C2 =5

7

Portanto a solução é,

y(t) =5

7sen(14t)

Logo, o momento em que o corpo volta pela primeira vez é dado pela expressão,

5

7sen(14t) = 0 =⇒ sen(14t) = 0 =⇒ 14t = π =⇒ t =

π

14

Exemplo 45 Um corpo com massa de 20 g estica em 5 cm uma mola. Suponha que o corpo estejaligado a um amortecedor viscoso, com constante de amortecimento 400 dyn · s/cm. Se o corpo forpuxado 2 cm além de sua posição de equilíbrio e depois for solto, ache a sua posição em qualquerinstante t.

Solução:

Observe que,m = 20 g; g = 9, 8 m/s2 = 980cm/s2; L = 5 cm;

k =mg

L=

20 · 980

5= 3.920g · cm/s2; c = 400 dyn · s/cm; F (t) = 0

y(0) = 2 cm; y′(0) = 0 cm/s

Sabendo que a equação de movimento de massa é,

my′′ + cy′ + ky = F (t) =⇒ 20y′′ + 400y′ + 3.920y = 0.

Temos a seguinte equação característica associada,

20r2 + 400y′ + 3.920y = 0 =⇒ r2 + 20r + 196 = 0,

da qual obtemos,r = −10± 4

√6 i.

Deste modo a solução geral é,

y(t) = e−10t[C1cos(4√

6 t) + C2sen(4√

6 t)]

Page 74: Apostila

73

Derivando y(t) obtemos,

y′(t) = −10 e−10t[C1cos(4√

6 t)+C2sen(4√

6 t)]+e−10t[−4√

6 C1sen(4√

6 t)+4√

6C2cos(4√

6 t)]

Das condições iniciais, y(0) = 2 e y′(0) = 0, obtemos,

C1 = 2 e C2 =5√6

Portanto a solução é,

y(t) = e−10t

[2 cos(4

√6 t) +

5√6

sen(4√

6 t)

]

Page 75: Apostila

Capítulo 4

Equações Diferenciais de OrdemSuperior

4.1 Equações Diferenciais de Ordem Superior

Definição 4.1 Uma Equação Diferencial Linear de Ordem n é uma equação da forma,

F (x, y, y′, y′′, . . . , y(n)) = 0 (4.1)

ou ela pode ser descrita da forma,

A0(x)dny

dxn+ A1(x)

dn−1y

dxn−1+ . . . + An−1(x)

dy

dx+ Any = G(x) (4.2)

onde Ai(x), i = 1, . . . , n são funções contínuas num intervalo aberto (α, β)

É comum reescrever a equação (4.2). Devemos ter A0(x) 6= 0, para todo x. Destemodo temos,

dny

dxn+

(A1(x)

A0(x)

)dn−1y

dxn−1+ . . . +

(An−1(x)

A0(x)

)dy

dx+

(An(x)

A0(x)

)y =

G(x)

A0(x)=⇒

dny

dxn+ a1(x)

dn−1y

dxn−1+ . . . + an−1(x)

dy

dx+ an(x)y = g(x),

ou simplismente,

y(n) + a1(x)y(n− 1) + . . . + an−1(x)y′ + an(x)y = g(x). (4.3)

Page 76: Apostila

75

A equação (4.3) munido da seguintes condições iniciais,y(x0) = y0

y′(x0) = y′0...

y(n−1)(x0) = y(n−1)0

(4.4)

constitue um Problema de Valor Inicial.Observação: A teoria para equações de ordem n é analogo a teoria desenvolvida

para EDL’s de 2o Ordem.

Teorema 4.2 (Existência e Unicidade)O problema de valor inicial formado pela equação (4.3) e as condições (4.4) tem uma única

solução no intervalo (α, β)

Observação: Na equação quando a solução S(x) ≡ 0 então a identidade é nula.

Uma equação diferencial de ordem n da forma,

y(n) + a1(x)y(n−1) + . . . + an−1(x)y′ + an(x)y = 0, (4.5)

é chamada de equação homogênea (EDLOnH). Deste modo se y1, y2, . . ., yn são soluçõesda (EDLOnH), então,

y = C1y1 + C2y2 + . . . + Cnyn

é também solução.

Determinante Wronskiano

W [y1, y2, . . . , yn] =

∣∣∣∣∣∣∣∣∣y1 y2 . . . yn

y′1 y′2 . . . y′n...

... . . . ...y

(n−1)1 y

(n−1)2 . . . y

(n−1)n

∣∣∣∣∣∣∣∣∣Teorema 4.3 (Solução Geral)

Se y1, y2, . . ., yn são soluções da equação homogênea e se W [y1, y2, . . . , yn] 6= 0, então todasolução da equação homogênea é da forma,

y = C1y1 + C2y2 + . . . + Cnyn

Page 77: Apostila

76

Equação Homogênea com coeficientes constantes

Seja a equação homogênea,

a0y(n) + a1y

(n−1) + . . . + an−1y′ + any = 0,

onde cada ai, com i = 0, 1, 2, . . . , n é um número real constante.Suponha que y = erx seja solução da equação homogênea de coeficientes constantes.

Daí, sendo,

y = erx, y′ = rerx, y′′ = r2erx, . . . , y(n−1) = rn−1erx e y(n) = rnerx,

temos que,a0y

(n) + a1y(n−1) + . . . + an−1y

′ + any = 0 =⇒

=⇒ a0rnerx + a1r

n−1erx + . . . + an−1rerx + ane

rx = 0 =⇒

=⇒ erx(a0r

n + a1rn−1 + . . . + an−1r + an

)= 0.

Equação Característica

Seja a equação de polinômio característica dada por,

a0rn + a1r

n−1 + . . . + an−1r + an

Note que y = erx é uma solução da equação de coeficientes constantes desde que r

seja raiz do polinômio característico, ou seja,

a0rn + a1r

n−1 + . . . + an−1r + an = 0.

Um polinômio de grau n tem raizes da forma r1, r2, . . ., rn−1, rn.

1o Caso (Raizes reais e distintas)

Se o polinômio assim possui n raizes distintas então a solução geral pe da forma,

y = C1er1x + C2e

r2x + . . . + Cn−1ern−1x + Cne

rnx

2o Caso (Raizes complexas conjugadas)

Para cada raiz complexa r = p± iq (sempre ocorrem em par) obtemos duas soluçõesreais,

y1 = epxcos(qx) e y2 = epxsen(qx)

Page 78: Apostila

77

3o Caso (Raizes repetidas)

Se r1 = r2 = . . . = rn−1 = rn = r entã a solução geral é dada por

y =(C1 + C2x + . . . + Cnx

n−1)erx

Exemplo 46 Determine a solução da equação diferencial abaixo.

y(4) − y = 0

Solução:Sendo a equação diferencial dada por,

y(4) − y = 0

temos o seguinte polinômio característico associado,

r4 − 1 = 0 =⇒ (r2 − 1)(r2 + 1) = 0

da qual obtemos,

r2 − 1 = 0 =⇒ r = ±1 e r2 + 1 = 0 =⇒ r = ±i.

Logo, a solução geral é,

y = C1ex + C2e

−x + C3cosx + C4senx

Exemplo 47 Determine a solução da equação diferencial abaixo.

d5y

dt5− 3

d4y

dt4+ 3

d3y

dt3− d2y

dt2= 0

Solução:Sendo a equação diferencial dada por,

d5y

dt5− 3

d4y

dt4+ 3

d3y

dt3− d2y

dt2= 0

temos o seguinte polinômio característico associado,

r5 − 3r4 + 3r3 − r2 = 0 =⇒ r2(r3 − 3r2 + 3r − 1) = 0 =⇒ r2(r − 1)3 = 0.

da qual obtemos,

r2 = 0 =⇒ r1 = r2 = 0 e (r − 1)3 = 0 =⇒ r3 = r4 = r5 = 1.

Logo, a solução geral é,

y = C1 + C2t + C3t2et + C4t

3et + C5t4et

Page 79: Apostila

78

Exemplo 48 Determine a solução da equação diferencial abaixo.

y′′′ − 2y′′ − y′ + 2y = 0

Solução:Sendo a equação diferencial dada por,

y′′′ − 2y′′ − y′ + 2y = 0

temos o seguinte polinômio característico associado,

r3 − 2r2 − r + 2 = 0 =⇒ (r − 1)(r2 − r − 2) = 0 =⇒ r2(r − 1)3 = 0.

da qual obtemos,

r − 1 = 0 =⇒ r1 = 1 e r2 − r − 2 = 0 =⇒ r2 = 2 e r3 = −1.

Logo, a solução geral é,

y = C1ex + C2e

2x + C3e−x

Método da Variação de Parâmetros

Considere a seguinte equação,

y(n) + p1(x)y(n−1) + . . . + pn−1(x)y′ + pn(x)y = g(x), (4.6)

Se y1, y2, . . ., yn−1 e yn são soluções linearmente independentes (L.I.), ( ou seja,W [y1, y2, . . . , yn−1, yn] 6= 0) da equação homogênea,

y(n) + p1(x)y(n−1) + . . . + pn−1(x)y′ + pn(x)y = 0, (4.7)

então sua solução geral é,

yH = C1y1 + C2y2 + . . . + Cnyn

Se Y 1 e Y 2 são soluções da equação não-homogênea (4.6), então Y 1 − Y 2 é soluçãoda equação homogênea (4.7).

Daí, para Y 1 = y e Y 2 = yP , segue que,

y − yp = C1y1 + C2y2 + . . . + Cnyn =⇒ y = yH + yp.

Vamos supor que a solução particular é dada por,

y = u1y1 + u2y2 + . . . + unyn.

Page 80: Apostila

79

Deste modo é possível se mostrar que,

uj =

∫g(x)wj

w(x)dx, com j = 1, 2, . . . , n onde w(x) = W [y1, y2, . . . , yn−1, yn]

e wj é o determinante obtido do Wronskiano pela troca da j−ésima coluna pela coluna(0, 0, . . . , 1).

Por exemplo considere n = 3.

y′′′ + p1(t)y′′ + p2(t)y

′ + p3(t)y = g(t)

Suponha que,yp = u1y1 + u2y2 + u3y3

Derivando obtemos,

y′p = (u′1y1 + u′2y2 + u′3y3) + (u1y′1 + u2y

′2 + u3y

′3)

Tome, u′1y1 + u′2y2 + u′3y3 = 0 . Daí, y′p = u1y′1 + u2y

′2 + u3y

′3.

Derivando mais uma vez, obtemos,

y′′p = (u′1y′1 + u′2y

′2 + u′3y

′3) + (u1y

′′1 + u2y

′′2 + u3y

′′3)

Tome, u′1y′1 + u′2y

′2 + u′3y

′3 = 0 . Daí, y′′p = u1y

′′1 + u2y

′′2 + u3y

′′3 .

Derivando novamente, obtemos,

y′′′p = (u′1y′′1 + u′2y

′′2 + u′3y

′′3) + (u1y

′′′1 + u2y

′′′2 + u3y

′′′3 )

Substituindo os valores de yp , y′p , y′′p e y′′′p na equação obtemos,

y′′′p + p1(t)y′′p + p2(t)y

′p + p3(t)yp = g(t) =⇒

=⇒ [(u′1y′′1 + u′2y

′′2 + u′3y

′′3) + (u1y

′′′1 + u2y

′′′2 + u3y

′′′3 )] + p1(t)[u1y

′′1 + u2y

′′2 + u3y

′′3 ]+

+p2(t)[u1y′1 + u2y

′2 + u3y

′3] + p3(t)[u1y1 + u2y2 + u3y3] = g(t) =⇒

=⇒ [y′′′1 + p1(t)y′′1 + p2(t)y

′1 + p3(t)y1]u1 + [y′′′2 + p1(t)y

′′2 + p2(t)y

′2 + p3(t)y2]u2+

+[y′′′3 + p1(t)y′′3 + p2(t)y

′3]u3 + (u′1y

′′1 + u′2y

′′2 + u′3y

′′3) = g(t) =⇒

=⇒ u′1y′′1 + u′2y

′′2 + u′3y

′′3 = g(t)

Page 81: Apostila

80

Formamos então o seguinte sistema,u′1y1 + u′2y2 + u′3y3 = 0

u′1y′1 + u′2y

′2 + u′3y

′3 = 0

u′1y′′1 + u′2y

′′2 + u′3y

′′3 = g(t)

Note que,Det[coef ] = W [y1, y2, y3] 6= 0

Logo pela Regra de Cramer,

u′1 =

∣∣∣∣∣∣0 y2 y3

0 y′2 y′3g(t) y′′2 y′′3

∣∣∣∣∣∣W [y1, y2, y3]

=⇒ u′1 =

g(t)

∣∣∣∣∣∣0 y2 y3

0 y′2 y′31 y′′2 y′′3

∣∣∣∣∣∣W [y1, y2, y3]

=⇒ u1 =

∫g(t)W1 dx

W [y1, y2, y3]

u′2 =

∣∣∣∣∣∣y1 0 y3

y′1 0 y′3y′′1 g(t) y′′3

∣∣∣∣∣∣W [y1, y2, y3]

=⇒ u′2 =

g(t)

∣∣∣∣∣∣y1 0 y3

y′1 0 y′3y′′1 1 y′′3

∣∣∣∣∣∣W [y1, y2, y3]

=⇒ u2 =

∫g(t)W2 dx

W [y1, y2, y3]

u′3 =

∣∣∣∣∣∣y1 y2 0

y′1 y′2 0

y′′1 y′′2 g(t)

∣∣∣∣∣∣W [y1, y2, y3]

=⇒ u′3 =

g(t)

∣∣∣∣∣∣y1 y2 0

y′1 y′2 0

y′′1 y′′2 1

∣∣∣∣∣∣W [y1, y2, y3]

=⇒ u3 =

∫g(t)W3 dx

W [y1, y2, y3]

Exemplo 49 Resolva o seguinte problema de valor inicialy′′′ + y′ = sect

y(0) = 2

y′(0) = 1

y′′(0) = −2

Solução:Iremos inicialmente determinar a solução homogênea da equação diferencial. Daí

esta é dada por,y′′′ + y′ = 0

Page 82: Apostila

81

Temos então a seguinte equação característica associada

r3 + r = 0

da qual obtemosr(r2 + 1) = 0 =⇒ r1 = 0, r2 = −i e r3 = i

Daí,yH = C1 + C2cost + C3sent

ondey1 = 1, y2 = cost e y3 = sent

Assim, calculando o Wronskiano temos,

W [y1, y2, y3] =

∣∣∣∣∣∣∣1 cost sent

0 −sent cost0 −cost −sent

∣∣∣∣∣∣∣ = 1

W1 =

∣∣∣∣∣∣∣0 cost sent

0 −sent cost1 −cost −sent

∣∣∣∣∣∣∣ = 1 W2 =

∣∣∣∣∣∣∣0 0 sent

0 0 cost1 1 −sent

∣∣∣∣∣∣∣ = −cost W3 =

∣∣∣∣∣∣∣0 cost 00 −sent 01 −cost 1

∣∣∣∣∣∣∣ = −sent

Deste modo,

u1 =

∫g(t)W1 dx

W [y1, y2, y3]=⇒ u1 =

∫sect dt = ln(sect + tgt)

u2 =

∫g(t)W2 dx

W [y1, y2, y3]=⇒ u2 =

∫sect(−cost) dt =⇒ u2 =

∫−1 dt = −t

u3 =

∫g(t)W3 dx

W [y1, y2, y3]=⇒ u3 =

∫sect(−sent) dt =⇒ u3 =

∫−tgt dt = ln(cost)

Segue então que,

yp = ln(sect + tgt)− tcost + ln(cost) sent

Logo,

y(t) = yH + yp = C1 + C2cost + C3sent + ln(sect + tgt)− tcost + ln(cost) sent

Page 83: Apostila

82

Utilizando as condições iniciais temos,

y(t) = C1 + C2cost + C3sent + ln(sect + tgt)− tcost + ln(cost) sent =⇒ y(0) = 2 =⇒ C1 + C2 = 2.

y′(t) = −C2sent + C3cost + sect− cost + tsent + cost ln(cost)− sent tgt =⇒ y′(0) = 1 =⇒ C3 = 1.

y′′(t) = −C2cost−C3sent + sect tgt + sent + sent + tcost− sent ln(cost)− cost tgt− cost tgt− sent sec2t =⇒

=⇒ y′′(0) = −2 =⇒ C2 = 2.

Daí, C1 = 0.

Portanto, a solução geral é,

y(t) = 2cost + sent + ln(sect + tgt)− tcost + ln(cost) sent

4.2 Equação de Euler-Cauchy Homogêneas de ordem três

Definição 4.4 Uma equação de Euler-Cauchy de ordem 3 é uma equação da forma:

x3y′′′ + ax2y′′ + bxy′ + cy = 0, (4.8)

onde a, b e c são constantes.

Definição 4.5 Uma função y(x) = xm é solução da equação de Euler-Cauchy se, e somente se, m

for raiz da equação auxiliar m3 + (a− 3)m2 + (2− a + b)m + c = 0.

Prova. Considere y(x) = xm uma solução da equação (4.8). Observe que,

y′ = mxm−1, y′′ = m(m−1)xm−2 e y′′′ = m(m−1)(m−2)xm−3

Substituindo os valores na equação (4.8), obtemos,

x3y′′′ + ax2y′′ + bxy′ + cy = 0 =⇒

x3m(m− 1)(m− 2)xm−3 + ax2m(m− 1)xm−2 + bxmxm−1 + cxm = 0 =⇒

=⇒ (m3 − 3m2 + 2m)xm + a(m2 −m)xm + bmxm + cxm = 0 =⇒

=⇒ (m3 − 3m2 + 2m + am2 − am + bm + c)xm = 0 =⇒

=⇒ m3 + (a− 3)m2 + (2− a + b)m + c = 0

Exemplo 50 Use o exercício anterior para resolver a seguinte equação

x3y′′′ + x2y′′ − 2xy′ + 2y = 2x4, com x > 0

Page 84: Apostila

83

Solução:

Sabendo quey = yH + yp

então vamos determinar yH e yp

• Determinando yH

Considerando a equação diferencial homogênea,

x3y′′′ + x2y′′ − 2xy′ + 2y = 0

onde a = 1, b = −2 e c = 2, temos a seguinte equação auxiliar

m3 − 2m2 −m + 2 = 0

obtemos as seguintes raizes

m1 = −1, m2 = 1 e m3 = 2

Logo as soluções são

y1 = x−1, y2 = x e y3 = x2

Além disso,

W [y1, y2, y3] =

∣∣∣∣∣∣x−1 x x2

−x−2 1 2x

2x−3 0 2

∣∣∣∣∣∣ = 6x−1 6= 0, pois x > 0

W1 =

∣∣∣∣∣∣0 x x2

0 1 2x

1 0 2

∣∣∣∣∣∣ = x2 W2 =

∣∣∣∣∣∣x−1 0 x2

−x−2 0 2x

2x−3 1 2

∣∣∣∣∣∣ = −3 W3 =

∣∣∣∣∣∣x−1 x 0

−x−2 1 0

2x−3 0 1

∣∣∣∣∣∣ = 2x−1

então,

u1 =

∫2x4 · x2 dx

6x−1=

∫x7 dx

3=

x8

24, u2 =

∫2x4 · (−3) dx

6x−1=

∫−x5 dx =

−x6

6

e

u3 =

∫2x4 · 2x−1 dx

6x−1=

∫2x4 dx

3=

2x5

15

Logo, a solução é,

y = yH + yp = C1x−1 + C2x + C3x

2 + x2 · x−1 + (−3) · x + 2x−1 · x2 = C1x−1 + C2x + C3x

2

Page 85: Apostila

Capítulo 5

Sistemas de Equações Lineares dePrimeira Ordem

5.1 Sistema de Equações Lineares

Definição 5.1 Um sistema de m equações e n varíaveis é um conjunto da forma,

a11x1 + a12x2 + . . . + a1nxn = b1

a21x1 + a22x2 + . . . + a2nxn = b2

......

......

...am1x1 + am2x2 + . . . + amnxn = bm

(5.1)

Observe que podemos colocar o sistema (5.1) na forma,a11 a12 . . . a1n

a21 a22 . . . a2n

...... . . . ...

am1 am2 . . . amn

·

x1

x2

...xn

=

b1

b2

...bm

ou seja A ·X = B, onde

A =

a11 a12 . . . a1n

a21 a22 . . . a2n

...... . . . ...

am1 am2 . . . amn

, a qual é denominada Matriz dos Coeficientes

Page 86: Apostila

85

X =

x1

x2

...xn

, a qual é a Matriz das Incognitas

B =

b1

b2

...bm

, a qual é a Matriz dos Termos Independentes

Quando a matriz B é a matriz nula, ou seja, B =

0...0

o sistema (5.1) é homogêneo.

Se det(A) 6= 0 então a matriz A admite inversa A−1. Então segue,

A−1(A ·X) = A−1B =⇒ (A−1A) ·X = A−1B =⇒ Imn ·X = A−1B =⇒ X = A−1B,

ou seja, se det(A) 6= 0 o sistema tem uma única solução se o sistema é homogêneo, entãoa única solução é a solução nula.

Se det(A) = 0 o sistema não tem solução ou a solução não é única.

5.2 Independência Linear

Um conjunto de vetores X = { ~X1, ~X2, . . . , ~Xn} é linearmente independente (LI) se,

c1~X1 + c2

~X2 + . . . + cn~Xn = 0, (5.2)

então,c1 = c2 = . . . = cn = 0. Caso contrário o conjunto é dito linearmente dependente(LD).

Considere,~X1 = (x11, x21, . . . , xm1)

~X2 = (x12, x22, . . . , xm2)

......

~Xn = (x1n, x2n, . . . , xmn)

Page 87: Apostila

86

Reescrevendo (5.2), temos,

c1(x11, x21, . . . , xm1) + c2(x12, x22, . . . , xm2) + . . . + cn(x1n, x2n, . . . , xmn) = 0

De onde obtemos,

c1x11 + c2x12 + . . . + cnx1n = 0

c1x21 + c2x22 + . . . + cnx2n = 0

......

......

...c1xm1 + c2xm2 + . . . + cnxmn = 0

isto é, x11 x12 . . . x1n

x21 x22 . . . x2n

...... . . . ...

xm1 xm2 . . . xmn

·

c1

c2

...cn

=

0

0

...0

=⇒ X · C = 0m×1

.Deste modo, se det(X) 6= 0 então a única solução é c1 = c2 = . . . = cn = 0, caso

contrário, se det(X) = 0 então existe uma única solução não-nula, neste caso x é L.D.

5.3 Autovalores e Autovetores

Um único λ ∈ C é um autovalor da matriz A se a matriz A satisfaz a equação,

AX = λX, onde X =

x1

x2

...xn

6= 0

Dizemos que A é um autovetor associado ao autovalor λ.Assim temos,

AX − λX = 0 =⇒ (A− λImn)X = 0

que tem soluções não nulas se, e somente se, det(A− λImn) = 0

Conclusão

Os autovalores de A são os valores de λ para os quais det(A− λImn) = 0

Observação 5.2 A equação det(A − λImn) = 0 é um polinômio de grau n em λ logo existem n

autovalores λ1, λ2, . . . , λn alguns dos quais podem ser repetidos.

Page 88: Apostila

87

Observação 5.3 Autovetores associados a autovalores distintos são L.I..

Observação 5.4 Um autovalor de multiplicidade m pode ter q autovalores L.I., associados com1 ≤ q ≤ m

Observação 5.5 Qualquer múltiplo de autovetor é ainda um autovetor.

5.4 Sistemas de Equações Diferenciais Lineares de PrimeiraOrdem

Dizemos que um sistema é de equações diferenciais lineares de primeira ordem seeste é descrito da forma,

x′1 = P11(t)x1 + P12(t)x2 + . . . + P1n(t)xn + g1(t)

x′2 = P21(t)x1 + P22(t)x2 + . . . + P2n(t)xn + g2(t)...

...... . . . ...

...x′n = Pn1(t)x1 + Pn2(t)x2 + . . . + Pnn(t)xn + gn(t)

(5.3)

ou na forma matricialX ′ = P (t)X + G(t),

onde X ′, X , P (t) e G(t) são matrizes.Quando,

G(t) =

g1(t)

...

g2(t)

=

0

...

0

o sistema é chamado de homogêneo e temos, X ′ = P (t)X

Definição 5.6 (Solução)

Um vetor ~Xk é uma solução de (5.3) se os seus componentes satisfazem ao sistema.Notação: ~X1, ~X2, . . ., ~Xn onde,

~Xk =

x1k

...

xnk

Page 89: Apostila

88

Teorema 5.7 (Solução Geral)

Se ~X1, ~X2, . . ., ~Xn são soluções linearmente independentes do sistema (5.3), então suasolução geral é da forma,

~X = C1~X1 + C2

~X2 + . . . + Cn~Xn

onde cada ~Xi, é uma matriz e Ci é uma constante, com 1 ≤ i ≤ n.

Exemplo 51 Dado o sistema, {x′1 = x1 + x2

x′2 = 4x1 + x2

temos que,x1 = C1e

3t + C2e−t e x2 = 2C1e

3t − 2C2e−t

os quais satisfazem as condições do sistema.Portanto, a solução geral é,

X = C1

(1

2

)e3t + C2

(1

−2

)e−t

Definição 5.8 (Determinante Wronskiano)Sejam ~X1, ~X2, . . ., ~Xn soluções do sistema de n equações. Então o determinante Wronskiano

é

W [ ~X1, ~X2, . . . , ~Xn] =

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

x11 x12 . . . x1n

x21 x22 . . . x2n

...... . . . ...

xn1 xn2 . . . xnn

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣Sendo W [ ~X1, ~X2, . . . , ~Xn] 6= 0, logo a solução é direta, onde ~X1, ~X2, . . ., ~Xn são soluções L.I.

5.4.1 Sistemas Homogêneos com coeficientes constantes

Considere o sistema,X ′ = AX (5.4)

onde A é uma matriz de ordem n, com cada aij uma constante, ou seja,

A = (aij)n×n

Observemos o caso em que n = 1. Assim o sistema torna-se

x′ = ax ⇐⇒ dx

dt= ax

Page 90: Apostila

89

daí,

dx

dt= ax =⇒ dx

x= adt =⇒

∫dx

x=

∫adt =⇒ ln |x| = at + C =⇒ |x| = C1e

at

Suponha que X = ξert, onde ξ é uma matriz de autovetores, é solução do sistema(5.4). Então,

X ′ = AX =⇒ rξert = Aξert =⇒ rξ = Aξ

daí,(A− rI)ξ = 0 (5.5)

na qual temos duas possibilidades,

ξ = 0m×1 ou det(A− rI) = 0.

Mas ξ = 0m×n é a solução obvia, a qual não é interessante. Logo devemos ter,

det(A− rI) = 0 (5.6)

Exemplo 52 Determine um conjunto solução para o sistema,

X ′ =

1 1

4 1

X

Solução:

Vamos procurar uma solução na forma,

X = ξert

Por substituição no sistema obtemos

(A−rI)ξ = 0 =⇒

1 1

4 1

− r

1 0

0 1

· x1

x2

=

0

0

=⇒

1− r 1

4 1− r

· x1

x2

=

0

0

o qual é um sistema algébrico. Queremos que,

det

(1− r 1

4 1− r

)= 0 =⇒ (1− r)2 − 4 = 0 =⇒ r2 − 2r − 3 = 0

Assim as raizes são, r1 = 3 e r2 = −1.Determinando o autovetor associado a r1 = 3. Assim,(

−2 1

4 −2

(x1

x2

)=

(0

0

)=⇒

{−2x1 + x2 = 0

4x1 − 2x2 = 0

Page 91: Apostila

90

Daí, x2 = 2x1. Assim,

ξ1 =

(x1

x2

)=

(x1

2x1

)= x1

(1

2

)

Deste modo, o autovalor associado ao autovetor r1 = 3 é ξ1 =

(1

2

)Então a solução associada é,

X1(t) =

(1

2

)e3t

Determinando o autovetor associado a r2 = −1. Assim,(2 1

4 2

(x1

x2

)=

(0

0

)=⇒

{2x1 + x2 = 0

4x1 + 2x2 = 0

Daí, x2 = −2x1. Assim,

ξ2 =

(x1

x2

)=

(x1

−2x1

)= x1

(1

−2

)

Deste modo, o autovalor associado ao autovetor r2 = −1 é ξ2 =

(1

−2

)Então a solução associada é,

X2(t) =

(1

−2

)e−t

Calculando o determinante Wronskiano, temos,

W [x1, x2] =

∣∣∣∣∣ e3t e−t

2e3t −2e−t

∣∣∣∣∣ = −4e2t 6= 0

Portanto a solução geral é,

x(t) = C1

(1

2

)e3t + C2

(1

−2

)e−t

Exemplo 53 Determine a solução do seguinte problema de valor inicial, x′1 = 5x1 − x2

x′2 = 3x1 + x2

com x1(0) = 2 e x2(0) = −1

Page 92: Apostila

91

Solução:

Reescrevndo o problema na forma matricial temos,(x′1

x′2

)=

(5 −1

3 1

(x1

x2

)

Para soluções da forma X(t) = ξert temos o sistema equivalente (A − rI)ξ = 0.Assim calculando det(A− rI) temos(

5− r −1

3 1− r

)= r2 − 6r + 8

do qual obtemos r1 = 2 e r2 = 4.Determinando o autovetor associado a r1 = 2. Assim,(

3 −1

3 −1

(x1

x2

)=

(0

0

)=⇒

{3x1 − x2 = 0

3x1 − x2 = 0

Daí, x2 = 3x1. Assim,

ξ1 =

(x1

x2

)=

(x1

3x1

)= x1

(1

3

)Deste modo,

X1(t) =

(1

3

)e2t

Determinando o autovetor associado a r2 = 4. Assim,(1 −1

3 −3

(x1

x2

)=

(0

0

)=⇒

{x1 − x2 = 0

3x1 − 3x2 = 0

Daí, x1 = x2. Assim,

ξ2 =

(x1

x2

)=

(x1

x1

)= x1

(1

1

)Deste modo,

X2(t) =

(1

1

)e4t

Portanto a solução é,

X(t) = C1

(1

3

)e2t + C2

(1

1

)e4t

Page 93: Apostila

92

Utilizando as condições iniciais temos,

X(0) = C1

(1

3

)e0 + C2

(1

3

)e0 =⇒

(2

−1

)= C1

(1

3

)+ C2

(1

1

)=⇒

=⇒

{C1 + C2 = 2

3C1 + C2 = −1=⇒ C1 = −3

2e C2 =

7

2

Portanto a solução geral é,

X(t) = −3

2

(1

3

)e2t +

7

2

(1

1

)e4t

5.4.2 Sistemas Hermitianos

Matriz Hermitiana

Uma matriz A = (aij)m×n é Hermitiana se ela for uma matriz quadrada onde aij =

aji, ou seja, a matriz conjugada é igual a matriz transposta, A = At

Exemplo 54

Se A =

1 i

−i 1

, então At =

1 −i

i 1

e A =

1 −i

i 1

, ou seja, A = At

Exemplo 55

B =

3 −2 4

−2 0 2

4 2 3

, daí B = Bt

Sistemas Hermitianos

O sistemaX ′ = AX

é hermitiano se a matriz dos coeficientes A for hermitiano.

Page 94: Apostila

93

Importante

Para uma matriz Hermitiana vale o seguinte:

(a) Todos os autovalores são números reais

(b) Sempre obtemos n autovetores L.I., mesmo que alguns autovalores sejam repetidos,ou seja, se temos n autovalores r1, r2, . . . , rn obtemos n autovetores ξ1, ξ2, . . . , ξn

As soluções em um sistema hermitiano são dadas por,

x1(t) = ξ1er1t, x2(t) = ξ2e

r2t, . . . , xn(t) = ξnernt

Observe que,

W [x1, x2, . . . , xn] =

ξ11er1t ξ12e

r2t . . . ξ1nernt

ξ21er1t ξ22e

r2t . . . ξ2nernt

......

. . ....

ξn1er1t ξn2e

r2t . . . ξnnernt

= er1t·er2t·. . .·ernt =

ξ11 ξ12 . . . ξ1n

ξ21 ξ22 . . . ξ2n

......

. . ....

ξn1 ξn2 . . . ξnn

=

= er1t+r2t+...+rnt|∆| 6= 0

No caso, a solução geral é,

X(t) = C1ξ1er1t + C2ξ2e

r2t + . . . + Cnξnernt

Exemplo 56 Determine uma solução para a expressão,

X ′ =

−3√

2√

2 −2

X

Solução:

Vamos procurar uma solução na forma,

X = ξert

Por substituição no sistema obtemos

(A− rI)ξ = 0 =⇒

−3√

2√

2 −2

− r

1 0

0 1

·

x1

x2

=

0

0

=⇒

=⇒

−3− r√

2√

2 −2− r

·

x1

x2

=

0

0

Page 95: Apostila

94

o qual é um sistema algébrico. Queremos que,

det

(−3− r

√2

√2 −2− r

)= 0 =⇒ (−3− r)(−2− r)− 2 = 0 =⇒ r2 + 5r + 4 = 0

Assim as raizes são, r1 = −1 e r2 = −4.Determinando o autovetor associado a r1 = −1. Assim,(

−2√

2√

2 −1

(x1

x2

)=

(0

0

)=⇒

{−2x1 +

√2x2 = 0

√2x1 − x2 = 0

Daí, x2 =√

2x1. Assim,

ξ1 =

(x1

x2

)=

(x1√

2x1

)= x1

(1√

2

)

Deste modo, o autovalor associado ao autovetor r1 = −1 é ξ1 =

(1√

2

)Então a solução associada é,

x1(t) =

(1√

2

)e−t

Determinando o autovetor associado a r2 = −4. Assim,(1

√2

√2 2

(x1

x2

)=

(0

0

)=⇒

{x1 +

√2x2 = 0

√2x1 + 2x2 = 0

Daí, x1 = −√

2x2. Assim,

ξ2 =

(x1

x2

)=

(−√

2x1

x2

)= x1

(−√

2

1

)

Deste modo, o autovalor associado ao autovetor r2 = −4 é ξ2 =

(−√

2

1

)Então a solução associada é,

x2(t) =

(−√

2

1

)e−4t

Calculando o determinante Wronskiano, temos,

W [x1, x2] =

∣∣∣∣∣ e−t −√

2e−4t

√2e−t e−4t

∣∣∣∣∣ = 3e−5t 6= 0

Page 96: Apostila

95

Portanto a solução geral é,

x(t) = C1

(1√

2

)e−t + C2

(−√

2

1

)e−4t

5.4.3 Autovalores Complexos

Considere ainda o sistema,X ′ = AX

onde a matriz dos coeficientes A é real. Se procurarmos soluções da forma X = ξert,onde ξ é uma matriz de autovetores asssociada ao autovalores r1, r2, . . ., rn, os quais sãoraizes da equação,

det(A− rI) = 0

e que os autovetores associados satisfazem daí,

(A− rI)ξ = 0

Neste sentido, autovalores complexos aparecem em pares conjugados. Por exemplo,se r1 = p + iq é um autovalor de A então r2 = p− iq também é. Alem disso os autovetoresassociados ξ1 e ξ2 também são complexos conjugados. Vejamos, Prova. Suponha que r1

e ξ1 satisfazem,(A− r1I)ξ1 = 0

Calculando a equação complexa conjugada dessa e observando que A e I são reais, obte-mos,

(A− r1I)ξ1 = 0

onde r1 e ξ1 são complexos conjugados de r1 e ξ1, respectivamente. Em outras palavras,r2 = r1 é um autovalor e ξ2 = ξ1 é um autovetor associado.

Determinamos assim duas soluções,

X1(t) = ξ1e(p+iq)t e X2(t) = ξ2e

(p−iq)t onde X1(t) = X2(t).

Nosso objetivo agora é determinar soluções reais. Assim, seja ξ1 = a + ib, onde a e b

são reais. Então,

X1(t) = (a + ib)e(p+iq)t = (a + ib)ept[cos(qt) + isen(qt)].

daí,X1(t) = ept[acos(qt)− bsen(qt)] + iept[asen(qt) + bcos(qt)].

se escrevermos X1(t) = U(t) + iV (t), então temos,

U(t) = ept[acos(qt)− bsen(qt)]

Page 97: Apostila

96

V (t) = ept[asen(qt) + bcos(qt)]

Afirmação

U(t) e V (t) são soluções reais do sistema.

Prova. Seja X ′ = AX , então temos

X ′1 = AX1

ou seja,U ′(t) + iV ′(t) = A(U(t) + iV (t))

daí,U ′(t) = AU(t) e V ′(t) = AV (t)

Logo, U(t) e V (t) são soluções reais do sistema.

Exemplo 57 Encontre um conjunto fundamental de soluções reais do sistema,

X ′ =

1 0 0

2 1 −2

3 2 1

X

Solução:

Antes de determinarmos a solução observemos que o sistema é,

X ′ =

1 0 0

2 1 −2

3 2 1

X =⇒

x′1

x′2

x′3

=

1 0 0

2 1 −2

3 2 1

·

x1

x2

x3

=⇒

x′1 = x1

x′2 = 2x1 + x2 − 2x3

x′3 = 3x1 + 2x2 + x3

Assim, para determinar um conjunto fundamental de soluções do sistema, pre-cisamos determinar inicialmente os autovalores associados ao sistema, ou seja, os valoresde r para os quais, det(A− rI) = 0. Assim,

det(A− rI) = 0 =⇒

∣∣∣∣∣∣∣∣1− r 0 0

2 1− r −2

3 2 1− r

∣∣∣∣∣∣∣∣ = (1− r)3 − 4(1− r) = (1− r)(r2 − 2r + 5) = 0

Page 98: Apostila

97

de onde obtemos os seguintes autovalores,

r1 = 1, r2 = 1 + 2i e r3 = 1− 2i

Determinando o autovetor associado a r1 = 1. Assim,0 0 0

2 0 −2

3 2 0

·

x1

x2

x3

=

0

0

0

=⇒

{2x1 − 2x3 = 0

3x1 + 2x2 = 0

Daí, x3 = x1 e x2 = −3

2x1. Assim,

ξ1 =

x1

x2

x3

=

2

−3

2

Assim,

X1(t) =

2

−3

2

et

Determinando o autovetor associado a r2 = 1 + 2i. Assim,−2i 0 0

2 −2i −2

3 2 −2i

·

x1

x2

x3

=

0

0

0

=⇒

−2ix1 = 0

2x1 − 2ix2 − 2x3 = 0

3x1 + 2x2 − 2ix3 = 0

Daí, x1 = 0 e x2 = ix3. Assim,

ξ1 =

x1

x2

x3

=

0

i

1

Assim,

X2(t) =

0

i

1

e(1+2i)t =

0

i

1

et(cos(2t)+isen(2t)) =

0

−sen(2t)

cos(2t)

et+i

0

−cos(2t)

sen(2t)

et = U(t)+iV (t)

Portanto a solução geral é,

X(t) = C1X1(t) + C2U(t) + C3V (t) =⇒

Page 99: Apostila

98

X(t) = C1

2

−3

2

et + C2

0

−sen(2t)

cos(2t)

et + C3

0

−cos(2t)

sen(2t)

et

5.4.4 Autovalores Repetidos

Considere ainda o sistema,X ′ = AX

Suponha que r = ρ seja um autovalor de multiplicidade k da matriz A. Nesta situ-ação há duas possibilidades a ser considerada.

Caso 1

Existem k autovetores L.I. ξ1, ξ2, . . ., ξk associados ao autovalor r = ρ. Neste caso,

X1(t) = ξ1eρt, X2(t) = ξ2e

ρt, . . . , Xk(t) = ξkeρt

são k soluções linearmente independentes do sistema.

Exemplo 58 Encontre um conjunto fundamental de soluções reais do sistema,

X ′ =

0 1 1

1 0 1

1 1 0

X

Solução:Antes de determinarmos a solução observemos que o sistema é,

X ′ =

0 1 1

1 0 1

1 1 0

X =⇒

x′1

x′2

x′3

=

0 1 1

1 0 1

1 1 0

·

x1

x2

x3

=⇒

x′1 = x2 + x3

x′2 = x1 + x3

x′3 = x1 + x2

Assim, para determinar um conjunto fundamental de soluções do sistema, pre-cisamos determinar inicialmente os autovalores associados ao sistema, ou seja, os valores

Page 100: Apostila

99

de r para os quais, det(A− rI) = 0. Assim,

det(A− rI) = 0 =⇒

∣∣∣∣∣∣∣∣−r 1 1

1 −r 1

1 1 −r

∣∣∣∣∣∣∣∣ = −r3 + 3r + 2 = 0

de onde obtemos os seguintes autovalores,

r1 = 2, e r2 = −1 = r3

Determinando o autovetor associado a r1 = 2. Assim,−2 1 1

1 −2 1

1 1 −2

·

x1

x2

x3

=

0

0

0

=⇒

−2x1 + x2 + x3 = 0

x1 − 2x2 + x3 = 0

x1 + x2 − 2x3 = 0

Daí, x1 = x2 = x3. Assim,

ξ1 =

x1

x2

x3

=

1

1

1

Assim,

X1(t) =

1

1

1

e2t

Determinando o autovetor associado a r = r2 = r3 = −1. Assim,1 1 1

1 1 1

1 1 1

·

x1

x2

x3

=

0

0

0

=⇒

x1 + x2 + x3 = 0

x1 + x2 + x3 = 0

x1 + x2 + x3 = 0

Daí, x3 = −x2 − x1. Assim, escolhendo,

• x1 = 1 e x2 = 0 temos x3 = −1, daí,

ξ3 =

1

0

−1

e escolhendo,

Page 101: Apostila

100

• x1 = 0 e x2 = −1 temos x3 = −1, daí,

ξ3 =

0

1

−1

Portanto a solução geral é,

X(t) = C1

1

1

1

e2t + C2

1

0

−1

e−t + C3

0

1

−1

e−t

Caso 2

Existem um número menor que k autovetores L.I.. Assim vamos estudar os casosde autovalores de multiplicidade 2 e 3.

Suponha que r = rho seja um autovalor de multiplicidade 2(3) e que há um só au-tovetor associado L.I..

Primeira Solução

X1(t) = ξ1eρt onde ξ1 satisfaz a equação (A− ρI)ξ1 = 0.

Segunda Solução

X2(t) = ξ1teρt + ξ2e

ρt onde ξ2 satisfaz a equação (A− ρI)ξ2 = ξ1.

Primeira Solução

X3(t) = ξ1t2

2eρt + ξ2te

ρt + ξ3eρt onde ξ3 obedece a equação (A− ρI)ξ3 = ξ2.

Exemplo 59 Encontre um conjunto fundamental de soluções reais do sistema,

X ′ =

1 1 1

2 1 −1

0 −1 1

X

Solução:

Page 102: Apostila

101

Antes de determinarmos a solução observemos que o sistema é,

X ′ =

1 1 1

2 1 −1

0 −1 1

X =⇒

x′1

x′2

x′3

=

1 1 1

2 1 −1

0 −1 1

·

x1

x2

x3

=⇒

x′1 = x1 + x2 + x3

x′2 = 2x1 + x2 − x3

x′3 = −x2 + x3

Assim, para determinar um conjunto fundamental de soluções do sistema, pre-cisamos determinar inicialmente os autovalores associados ao sistema, ou seja, os valoresde r para os quais, det(A− rI) = 0. Assim,

det(A− rI) = 0 =⇒

∣∣∣∣∣∣∣∣1− r 1 1

2 1− r −1

0 −1 1− r

∣∣∣∣∣∣∣∣ = (1− r)3 − 3(1− r)− 2 = 0

de onde obtemos os seguintes autovalores,

r1 = −1, e r2 = 2 = r3

Determinando o autovetor associado a r1 = 2. Assim,2 1 1

2 2 −1

0 −1 2

·

x1

x2

x3

=

0

0

0

=⇒

2x1 + x2 + x3 = 0

2x1 + 2x2 − x3 = 0

−x2 + 2x3 = 0

Daí, x2 = 2x3 e x3 = −2

3x1. Assim,

ξ1 =

x1

x2

x3

=

3

−4

−2

Assim,

X1(t) =

3

−4

−2

e−t

Page 103: Apostila

102

Determinando o autovetor associado a r = r2 = r3 = 2. Assim,−1 1 1

2 −1 −1

0 −1 −1

·

x1

x2

x3

=

0

0

0

=⇒

−x1 + x2 + x3 = 0

2x1 − x2 − x3 = 0

−x2 − x3 = 0

Daí, x1 = 0 e x3 = −x2. Assim,

ξ2 =

x1

x2

x3

=

0

1

−1

Assim,

X2(t) =

0

1

−1

e2t

Agora, X3 = ξ2te2t + ξ3e

2t, onde (A− 2I)ξ3 = ξ2. Assim,−1 1 1

2 −1 −1

0 −1 −1

·

x1

x2

x3

=

0

1

−1

=⇒

−x1 + x2 + x3 = 0

2x1 − x2 − x3 = 1

−x2 − x3 = −1

Daí, x1 = 1 e x2 = 1− x3. Assim,

ξ3 =

x1

x2

x3

=

1

0

−1

Assim,

X3(t) =

0

1

−1

te2t +

1

0

1

e2t

Portanto a solução geral é,

X(t) = C1X1(t) + C2X2(t) + C3X3(t)

X(t) = C1

3

−4

−2

e−t + C2

0

1

−1

e2t + C3

0

1

−1

te2t +

1

0

1

e2t

Page 104: Apostila

103

5.5 Sistemas de Equações Diferenciais Não-Homogêneos

A parti de agora trabalharemos com sistemas de equações diferenciais lineares deprimeira ordem, o qual é descrito da forma,

x′1 = P11(t)x1 + P12(t)x2 + . . . + P1n(t)xn + g1(t)

x′2 = P21(t)x1 + P22(t)x2 + . . . + P2n(t)xn + g2(t)...

...... . . . ...

...x′n = Pn1(t)x1 + Pn2(t)x2 + . . . + Pnn(t)xn + gn(t)

(5.7)

ou na forma matricialX ′ = P (t)X + G(t), (5.8)

onde X ′, X , P (t) e G(t) são matrizes.Quando,

G(t) =

g1(t)

...

g2(t)

6=

0

...

0

o sistema é assim descrito é chamado de não-homogêneo.

Para resolver problemas desse tipo vamos utilizar o conceito de variação de parâmet-ros.

Método da Variação de Parâmetros

Considere o sistema (5.8). Se ~X1(t), ~X2(t), . . ., ~Xn−1(t) e ~Xn(t) são soluções linear-mente independentes (L.I.), ( ou seja, W [ ~X1(t), ~X2(t), . . . , ~Xn(t)] 6= 0) da equação ho-mogênea,

X ′ = P (t)X, (5.9)

então sua solução geral é,

XH = C1~X1(t) + C2

~X2(t) + . . . + Cn~Xn(t)

Se X1(t) e X2(t) são soluções da equação não-homogênea (5.8), então X1(t)−X2(t)

é solução da equação homogênea (5.9).Daí, para X1(t) = X(t) e X2 = XP (t), segue que,

X(t)−Xp(t) = C1~X1(t) + C2

~X2(t) + . . . + Cn~Xn(t) =⇒ X = XH + Xp.

Vamos supor que a solução particular é dada por,

Xp(t) = u1~X1(t) + u2

~X2(t) + . . . + un~Xn(t).

Page 105: Apostila

104

Deste modo substituindo Xp(t) em (5.8) obtemos,

X ′p = P (t)Xp + G(t) =⇒

=⇒ (u1~X1(t) + u2

~X2(t) + . . . + un~Xn(t))′ = P (t)(u1

~X1(t) + u2~X2(t) + . . . + un

~Xn(t)) + G(t) =⇒

=⇒ u′1 ~X1(t)+u1~X ′

1(t)+. . .+u′n ~Xn(t)+un~X ′

n(t) = P (t)u1~X1(t)+P (t)u2

~X2(t)+. . .+P (t)un~Xn(t)+G(t) =⇒

=⇒ (u′1 ~X1(t)+. . .+u′n ~Xn(t))+(u1~X ′

1(t)+. . .+un~X ′

n(t)) = u1P (t) ~X1(t)+u2P (t) ~X2(t)+. . .+unP (t) ~Xn(t)+G(t).

Sabendo que, X ′1 = P (t)X1, . . ., X ′

n = P (t)Xn, obtemos então,

u′1 ~X1(t) + . . . + u′n ~Xn(t) = G(t)

Exemplo 60 Determine um conjunto solução para o sistema,

X ′ =

−2 1

1 −2

X +

2e−t

3t

Solução:

Vamos inicialmente calcular as soluções do sistema homogêneo, ou seja,

X ′ = AX

Por substituição no sistema (A− rI)~ξ = 0 obtemos,((−2 1

1 −2

)− r

(1 0

0 1

))·(

x1

x2

)=

(0

0

)=⇒

(−2− r 1

1 −2− r

)·(

x1

x2

)=

(0

0

)Calculando det(A− rI) = 0, temos,∣∣∣∣∣ −2− r 1

1 −2− r

∣∣∣∣∣ = 0 =⇒ (−2− r)2 − 1 = 0 =⇒ r2 + 4r + 3 = 0

De onde obtemos os seguintes autovalores, r1 = −3 e r2 = −1.

Substituindo o autovalor r1 = −3 na equação (A− rI)~ξ1 = 0, temos,(1 1

1 1

(x1

x2

)=

(0

0

)=⇒

{x1 + x2 = 0

x1 + x2 = 0

Assim, x2 = −x1. Deste modo, o autovalor associado ao autovetor r1 = 3 é ξ1 =

(1

−1

)Então a solução associada é,

X1(t) =

(1

−1

)e−3t

Page 106: Apostila

105

Substituindo o autovalor r1 = −1 na equação (A− rI)~ξ1 = 0, temos,(−1 1

1 −1

(x1

x2

)=

(0

0

)=⇒

{−x1 + x2 = 0

x1 − x2 = 0

Assim, x2 = x1. Deste modo, o autovalor associado ao autovetor r2 = −1 é ξ2 =

(1

1

)Então a solução associada é,

X2(t) =

(1

1

)e−t

Calculando o determinante Wronskiano, temos,

W [X1, X2] =

∣∣∣∣∣ e−3t e−t

−e−3t e−t

∣∣∣∣∣ = 2e−4t 6= 0

Vamos agora calcular a solução particular. Segue então que,

u′1~X1(t) + u′2

~X2(t) = G(t) =⇒

=⇒ u′1

(1

−1

)e−3t + u′2

(1

1

)e−t =

(2e−t

3t

)=⇒

(u′1e

−3t + u′2e−t

−u′1e−3t + u′2e

−t

)=

(2e−t

3t

)De onde obtemos o seguinte sistema,{

u′1e−3t + u′2e

−t = 2e−t

−u′1e−3t + u′2e

−t = 3t

então,

u′1 = e2t − 3

2te3t e u′2 = 1 +

3

2tet

Assim,

u1 =1

2e2t − 1

2te3t +

1

6e3t e u2 = t +

3

2tet − 3

2et