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1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA APOSTILA FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA MINAS GERAIS 2012

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA

APOSTILA

FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA

MINAS GERAIS – 2012

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O ENSINO RELIGIOSO COMO ÁREA DE

CONHECIMENTO

O Ensino Religioso é uma das dez áreas de conhecimento definidas pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais aprovadas em 1998 pelo Conselho Nacional de Educação. A

Diretriz nº. 04 afirma que:

“IV - Em todas as escolas deverá ser garantida a igualdade de acesso para alunos a uma

Base Nacional Comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ação

pedagógica na diversidade nacional, a Base Nacional Comum e sua Parte Diversificada

deverão integrar-se em torno do paradigma curricular, que vise estabelecer a relação entre

a Educação Fundamental e:

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A) Vida Cidadã através da articulação entre vários dos seus aspectos como: a Saúde,

a Sexualidade, a Vida Familiar e Social, o Meio Ambiente, o Trabalho, a Ciência e a

Tecnologia, a Cultura as Linguagens;

B) as Áreas de Conhecimento: Língua Portuguesa, Língua Materna (para populações

indígenas e migrantes), Matemática, Ciências, Geografia, História, Língua Estrangeira,

Educação Artística, Educação Física e Educação Religiosa (na forma do art. 33 da LDB)

[Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental/ CNE]”.

As áreas do conhecimento são marcos estruturados de leitura e interpretação da

realidade, essenciais para garantir a possibilidade de participação do cidadão na

sociedade de forma autônoma. Cada uma das dez áreas contribuem para que os

estudantes compreendam a sociedade em que vivem e possam interferir no espaço e na

história que ocupam; pois uma das preocupações da Educação Básica é a formação do

cidadão e que os estudos que as crianças e adolescente realizam contribuam para os

estudos e o trabalho que exercerão posteriormente. Ou seja, é uma relação do presente,

uma re-leitura do passado e uma construção do futuro.

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LEGISLAÇÃO QUE DEFINE O ENSINO

RELIGIOSO COMO ÁREA DE

CONHECIMENTO

As Diretrizes Nacionais para o Ensino Fundamental no Brasil, após a sanção da

LDBN, ou seja, da Lei nº 9394/96, são instituídas através da Resolução nº 2 de 7 de abril

de 1998, pela Câmara de Educação Básica (CEB) do Conselho Nacional de Educação

(CNE). Essas Diretrizes incluem o ensino religioso no conjunto das dez áreas de

conhecimento que integram o currículo escolar do ensino fundamental, cf. art. 3º, item IV,

alínea “a”.

O art. 2º da referida Resolução define o que são Diretrizes Curriculares Nacionais, a

saber: “Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de definições doutrinárias sobre

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princípios, fundamentos e procedimento da educação básica expressas pela Câmara de

Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão as escolas

brasileiras dos sistemas de ensino na organização, articulação, desenvolvimento e

avaliação de suas propostas pedagógicas”.

O art. 3º estabelece como “Diretrizes” o que deve ser colocado em prática

diretamente pelas Escolas, incluindo: a definição dos marcos norteadores de suas ações

pedagógicas, entre os quais, os princípios éticos, os princípios dos Direitos e Deveres, os

princípios estéticos, a forma de definir suas propostas pedagógicas, o que devem

considerar como aprendizagens e suas múltiplas relações, seus níveis de abrangência e

natureza. É no item IV que estabelece uma base nacional comum, para se garantir a

unidade na diversidade nacional. Esta é complementada pela parte diversificada,

integrando-se ao “paradigma curricular” para estabelecer a relação entre educação

fundamental, incluindo a vida cidadã, com seus vários aspectos, e as áreas de

conhecimento.

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As áreas de conhecimento, segundo a Resolução 02/98, estão agrupadas em:

Língua Portuguesa, Língua Materna para populações indígenas e migrantes, Matemática,

Ciências, Geografia, História, Língua Estrangeira, Educação Artística, Educação Física,

Educação Religiosa, na forma do art. 33 da Lei 9394/96, de 20 de dezembro de 1996,

alterado pela Lei nº 9475 de 22 de julho de 1997.

A referida Resolução nº 02/98 é precedida do Parecer nº 04, aprovado em 29 de

janeiro de 1998, estabelecendo as normas a serem observadas pelos sistemas de ensino

sobre os aspectos considerados fundamentais na implantação das Diretrizes Curriculares

para o Ensino Fundamental. A disciplina Ensino Religioso não perdeu a sua configuração

primeira como tal, mas foi absorvida e ampliada, em sua natureza e em toda extensão,

pela Educação Religiosa enquanto área de conhecimento, nos termos da citada

Resolução, após o pronunciamento do Parecer 04/98 sobre a matéria em pauta.

OBJETIVO DO ENSINO RELIGIOSO

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Promover a compreensão da Religiosidade e a identificação do Fenômeno Religioso

em suas diferentes manifestações, linguagens e paisagens religiosas presentes nas

culturas e nas sociedades.

Eixos e conteúdos do Ensino Religioso

O Ensino Religioso na sua articulação destaca alguns aspectos fundamentais para a

sua concretização, tais como: as contribuições das áreas afins, como a antropologia,

psicologia, pedagogia, sociologia, ciências da religião e teologias; a busca permanente do

sentido da vida; a superação da fragmentação das experiências e da realidade; o

pluralismo religioso; a compreensão do campo simbólico; e a necessidade de evitar o

proselitismo. Tendo presente a riqueza e a complexidade do campo religioso, o Fórum

Nacional Permanente do Ensino Religioso, para a efetivação desta área do conhecimento,

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definiu cinco eixos e os respectivos conteúdos: Culturas e Tradições Religiosas, Escrituras

Sagradas e/ou Tradições Orais, Teologias, Ritos e Ethos.

CULTURAS E TRADIÇÕES RELIGIOSAS

É o estudo do fenômeno religioso à luz da razão humana, analisando questões

como: função e valores da tradição religiosa, relação entre tradição religiosa e ética,

teodicéia, tradição religiosa natural e revelada, existência e destino do ser humano nas

diferentes culturas. Esse estudo reúne o conjunto de conhecimentos ligados ao fenômeno

religioso, em um número reduzido de princípios que lhe servem de fundamento e lhe

delimitam o âmbito da compreensão. Assim, não se separa das ciências que se ocupam

com o mesmo objeto como: filosofia da tradição religiosa, história e tradição religiosa,

sociologia e tradição religiosa, psicologia e tradição religiosa, nem delimita, de maneira

absoluta e definitiva, um critério epistemológico unívoco.

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Conteúdos estabelecidos a partir de:

Filosofia da tradição religiosa: a idéia do Transcendente, na visão tradicional e atual;

História e tradição religiosa: a evolução da estrutura religiosa nas organizações humanas

no decorrer dos tempos;

Sociologia e tradição religiosa: a função política das ideologias religiosas;

Psicologia e tradição religiosa: as determinações da tradição religiosa na construção

mental do inconsciente pessoal e coletivo.

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ESCRITURAS SAGRADAS E/OU

TRADIÇÕES ORAIS

São os textos que transmitem, conforme a fé dos seguidores, uma mensagem do

Transcendente, onde pela revelação, cada forma de afirmar o Transcendente faz conhecer

aos seres humanos seus mistérios e sua vontade, dando origem às tradições. E estão

ligados ao ensino, à pregação, à exortação e aos estudos eruditos.

Contém a elaboração dos mistérios e da vontade manifesta do Transcendente com

objetivo de buscar orientações para a vida concreta neste mundo. Essa elaboração se dá

num processo de tempo-história, num determinado contexto cultural, como fruto próprio da

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caminhada religiosa de um povo, observando e respeitando a experiência religiosa de seus

ancestrais, exigindo a posteriori uma interpretação e uma exegese. Nas tradições

religiosas que não possuem o texto sagrado escrito, a transmissão é feita na tradição oral.

Conteúdos estabelecidos a partir de:

Revelação: a autoridade do discurso religioso fundamentada na experiência mística do

emissor que a transmite como verdade do Transcendente para o povo;

História das narrativas sagradas: o conhecimento dos acontecimentos religiosos que

originaram os mitos e segredos e a formação dos textos;

Contexto cultural: a descrição do contexto sociopolítico-religioso determinante na

redação final dos textos sagrados;

Exegese: a análise e hermenêutica atualizada dos textos sagrados.

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TEOLOGIAS

É o conjunto de afirmações e conhecimentos elaborados pela religião e repassados

para os fiéis sobre o Transcendente, de um modo organizado ou sistematizado.

Como o Transcendente é a entidade ordenadora e o senhor absoluta de todas as

coisas, expressa-se esse estudo nas verdades de fé. E a participação na natureza do

Transcendente é entendida como graça e glorificação, respectivamente no tempo e na

infinidade. Para alcançar essa infinidade o ser humano necessita passar pela realidade

última da existência do ser, interpretada como ressurreição, reencarnação, ancestralidade,

havendo espaço para a negação da vida além morte.

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Conteúdos estabelecidos a partir de:

Divindades: a descrição das representações do Transcendente nas tradições religiosas;

Verdades de fé: o conjunto de mitos, crenças e doutrinas que orientam a vida do fiel em

cada tradição religiosa;

Vida além morte: as possíveis respostas norteadoras do sentido da vida: a ressurreição,

a reencarnação, a ancestralidade e o nada.

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RITOS

É a série de práticas celebrativas das tradições religiosas formando um conjunto de:

a) Rituais que podem ser agrupados em três categorias principais:

os propiciatórios que se constituem principalmente de orações, sacrifícios e purificações;

os divinatórios que visam conhecer os desígnios do Transcendente em relação aos

acontecimentos futuros;

os de mistérios que compreendem as várias cerimônias relacionadas com certas

práticas limitadas a um número restrito de fiéis, embora também haja uma forma externa

acessível a todo o povo;

b) Símbolos que são sinais indicativos que atingem a fantasia do ser, levando-o à

compreensão de alguma coisa;

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c) Espiritualidades que alimentam a vida dos adeptos através de ensinamentos, técnicas

e tradições, a partir de experiências religiosas e que permitem ao crente uma relação

imediata com o Transcendente.

Conteúdos estabelecidos a partir de:

Rituais: a descrição de práticas religiosas significantes, elaboradas pelos diferentes

grupos religiosos;

Símbolos: a identificação dos símbolos mais importantes de cada tradição religiosa,

comparando seu(s) significado(s);

Espiritualidades: o estudo dos métodos utilizados pelas diferentes tradições religiosas no

relacionamento com o Transcendente, consigo mesmo, com os outros e o mundo.

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ETHOS

É a forma interior da moral humana em que se realiza o próprio sentido do ser. É

formado na percepção interior dos valores, de que nasce o dever como expressão da

consciência e como resposta do próprio "eu" pessoal. O valor moral tem ligação com um

processo dinâmico da intimidade do ser humano e, para atingi-lo, não basta deter-se à

superfície das ações humanas.

Essa moral está iluminada pela ética, cujas funções, por sua vez, são muitas,

salientando-se a crítica e utópica. A função crítica, pelo discurso ético, detecta,

desmascara e pondera as realizações inautênticas da realidade humana. A função utópica

projeta e configura o ideal normativo das realizações humanas.

Essa dupla função concretiza-se na busca de "fins" e de "significados", na

necessidade de utopias globais e no valor inalienável do ser humano e de todos os seres,

onde ele não é sujeito nem valor fundamental da moral numa consideração fechada de si

mesmo.

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Conteúdos estabelecidos a partir de:

Alteridade: as orientações para o relacionamento com o outro, permeado por valores;

Valores: o conhecimento do conjunto de normas de cada tradição religiosa apresentado

para os fiéis no contexto da respectiva cultura;

Limites: a fundamentação dos limites éticos propostos pelas várias tradições religiosas.

Baseando-se no pressuposto de que o Ensino Religioso é um conhecimento

humano e, enquanto tal, deve estar disponível à sociabilização, os conteúdos do Ensino

Religioso, não servem ao proselitismo, mas proporcionam o conhecimento dos elementos

básicos que compõem o fenômeno religioso. Com esses pressupostos, o tratamento

didático dos conteúdos realiza-se em nível de análise e conhecimento, na pluralidade

cultural da sala de aula, salvaguardando-se assim a liberdade da expressão religiosa do

educando.

O tratamento didático subsidia o conhecimento. Assim, o Ensino Religioso pelos

eixos de conteúdos – Culturas e Tradições Religiosas, Escrituras Sagradas e/ou Tradições

Orais, Teologias, Ritos e Ethos – vai sensibilizando para o mistério, capacitando para a

leitura da linguagem mítico-simbólica e diagnosticando a passagem do psicossocial para a

metafísica/ Transcendente. O tratamento didático dos conteúdos do Ensino Religioso

prevê, ainda, como nas outras disciplinas, a organização social das atividades,

organização do espaço e do tempo; seleção e critérios de uso de materiais e recursos.

Os eixos e conteúdos do Ensino Religioso foram elaborados a partir da concepção

de que a atuação do ser humano não se limita às relações com o meio ambiente e as

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relações sociais, mas sim, está sempre em busca de algo que transcende estas

realidades. Os eixos e conteúdos do Ensino Religioso em muito podem contribuir para que

o ser humano inacabado, inquieto e aberto ao Transcendente, siga na busca e encontre o

sentido para a vida e seja feliz.

COMPETÊNCIAS E APRENDIZAGENS

Competência é a capacidade de expressão, de compreensão de fenômenos, de

resolução de problemas, de construção de argumentos para viabilizar uma interação

comunicativa, de articulação entre o individual e o coletivo, por meio da elaboração de

propostas de intervenção na realidade (MACHADO, 2000).

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Habilidades são modalidades estruturais da inteligência; decorrem das

competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do “saber fazer”.

Há diferentes níveis de habilidades:

Básico: se refere ao conhecimento dos conteúdos. São ações que possibilitam a

apreensão das características e propriedades permanentes dos objetos comparáveis, ou

seja, propiciam a construção de conceitos. São realizadas, principalmente, pelas seguintes

atividades: identificar, indicar, localizar, descrever, discriminar, apontar, constatar, nomear,

ler, observar, perceber, posicionar, reconhecer, representar e suas correlatas.

Operacional: se refere à aplicação dos conteúdos apreendidos. São ações que

pressupõem o estabelecimento de relações entre os objetos. Essas competências atingem

o nível da compreensão e a explicação; mais que o saber fazer, supõem alguma tomada

de consciência dos instrumentos e procedimentos utilizados, possibilitando sua aplicação a

outros contextos. São realizadas, principalmente, pelas seguintes atividades: associar,

classificar, comparar, conservar, compreender, compor, decompor, diferenciar,

estabelecer, estimar, incluir, interpretar, justificar, medir, modificar, ordenar, organizar,

quantificar, relacionar, representar, transformar e suas correlatas.

Global: os conteúdos se relacionam entre si para a interpretação da realidade. São

ações e operações mais complexas, que envolvem a aplicação de conhecimentos a

situações diferentes e a resolução de problemas inéditos. São realizadas, principalmente,

pelas seguintes atividades: analisar, antecipar, avaliar, aplicar, abstrair, construir, criticar,

concluir, supor, deduzir, explicar, generalizar, inferir, julgar, prognosticar, resolver,

solucionar e suas correlatas.

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Competências e habilidades referentes ao

Ensino Religioso Competência

Aprendizagem fundamental

Investigação e compreensão

Compreensão dos elementos que

constituem a identidade religiosa das

diversas culturas

Compreensão e interpretação da

história religiosa

Compreender o desenvolvimento das

Tradições Religiosas na sociedade

através do processo de ocupação de

espaços físicos e as relações da vida

humana, em seus desdobramentos

políticos, culturais, econômicos e

humanos

Ético-valorativa

Respeito à diversidade religiosa

Expressão da espiritualidade

Criação das relações com o

Transcendente

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Alteridade

Representação e comunicação

Releitura e interpretação do fenômeno

religioso

Decodificação dos símbolos religiosos

Ressignificação do fato religioso nas

culturas

Entender o significado e diferença

entre o discurso religioso e os demais, a

fim de estabelecer uma comunicação

eficaz e eficiente nos diferentes

ambientes e culturas

Contextualização sociocultural-religiosa

Compreensão da produção e do papel

histórico das instituições religiosas,

associando-as às práticas dos diferentes

grupos e atores

Tradução dos conhecimentos

religiosos em condutas e atitudes de

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indagação, análise, problematização e

protagonismo diante d contextos

pessoais e coletivos.

O QUE SÃO TEXTOS SAGRADOS

Os povos fazem religião, cada um à sua maneira. Este jeito de fazer religião acaba

sendo registrado, guardado e transmitido para as pessoas que virão no futuro, através de

livros, histórias contadas, músicas, danças, poesias, pinturas, desenhos, esculturas.

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Imagine se você se tornasse repentinamente um santo, as pessoas de sua religião

iriam querer contar sobre você para todos os outros, para seus filhos e netos. Gostariam

de passar para outras gerações o seu exemplo de vida e ensinamentos. Deste modo

alguém poderia escrever em um livro a sua história, seus pensamentos, e este livro seria a

memória viva do que você foi. Poderiam fazer peças de teatro, músicas cujas letras

transmitissem seus ensinamentos. Nos templos, ou lugares sagrados poderiam pintar a

sua experiência. Todas estas formas estariam buscando transmitir às pessoas a sua

mensagem.

Bem, vamos cair na real... você não é um personagem religioso importante, pelo

menos por enquanto. Mas, já pode compreender o que é um texto sagrado e qual a sua

função. As pessoas são diferentes e as religiões também. Sendo assim, cada religião tem

os seus próprios textos sagrados.

As diversas tribos indígenas, que não utilizavam a escrita, tinham a sua religião

valorizada e transmitida para as futuras gerações por meio das histórias que eram

contadas. Estes povos não só narravam seus textos sagrados, como os desenhavam,

dançavam, teatralizavam, etc. Com esta forma eles conseguiram preservar suas tradições

religiosas. Do mesmo modo, os povos africanos, trazidos à força para o trabalho escravo,

assim o fizeram. Esses homens e mulheres negros buscaram manter viva a sua religião

através da arte de seus costumes e de sua forma própria de cultuar.

Vamos conhecer agora alguns textos sagrados escritos:

A religião chamada Hinduísmo, a qual surgiu na Índia, país localizado no Oriente,

possui muitos livros sagrados, muitos mesmo, chamados Vedas. Vedas significa

“conhecimento” em sânscrito, uma das línguas dos indianos.

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Os adeptos da religião chamada Islamismo, a qual originou-se na Arábia, seguem

os preceitos contidos no livro sagrado Corão. Este livro, conforme o Islamismo é uma

forma de louvar o Deus Único, chamado Alá. Por isso, certas vezes este livro é

denominado de Alcorão. Este “Al” colocado no ínicio, é uma forma de prestar homenagem

a Alá.

Para o Judaísmo, religião que surgiu no Oriente Médio, um dos textos sagrados é

chamado de Torá. Torá significa “a Lei” para os judeus. Para os cristãos, o livro sagrado é

a Bíblia. Nela estão contidos os principais ensinamentos para seus seguidores. O

Cristianismo também surgiu no Oriente Médio. Atualmente essas religiões têm seus

representantes nos mais diferentes pontos do planeta.

Cada tradição religiosa tem os seus próprios textos sagrados, os quais são

considerados como fruto de inspiração divina.

ALGUNS ENSINAMENTOS ÉTICOS

NOS TEXTOS SAGRADOS

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O ensinamento religioso na maioria das vezes, é transmitido para as pessoas por

meio dos textos, estes textos muitas vezes são escritos e formam os livros sagrados.

Outras vezes, ele é contado verbalmente: são as histórias sagradas de transmissão oral.

As idéias sagradas podem ser também pintadas, como por exemplo, as pinturas

encontradas nas paredes das igrejas, templos, vitrais, etc.

Existem muitas religiões no mundo, todas elas com ensinamentos éticos que

orientam os seus seguidores quanto às formas de se viver em comunidade e em sintonia

com o Transcendente.

Vamos ver agora alguns destes ensinamentos:

_ Uma mensagem hinduísta: “Não faças aos outros aquilo que, se a você fosse feito,

causar-lhe-ia dor.”

_ Uma mensagem budista: “De cinco maneiras um verdadeiro líder deve tratar os seus

amigos e dependentes: com generosidade, cortesia, benevolência, dando o que deles

espera receber e sendo fiel à sua própria palavra.

_ Uma mensagem judaica: “Não faça ao seu semelhante aquilo que para você é doloroso.”

_ Uma mensagem taoísta: “Considera o lucro do seu vizinho como seu próprio e o prejuízo

dele como se também fosse seu.”

_ Uma mensagem cristã: “Tudo quanto quer que os outros façam para você faça-o também

para eles.”

_ Uma mensagem muçulmana: “Ninguém pode ser um fiel até que ame o seu irmão como

a si mesmo.”

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PARA VOCÊ SER MELHOR INFORMADO

O Hinduísmo - surgiu aproximadamente há 4000 anos antes de Cristo na Índia.

Preocupa-se muito com o aprimoramento espiritual das pessoas. Seus adeptos acreditam

que o Hinduísmo não teve começo, é o Caminho Eterno para a evolução espiritual dos

seres.

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O Budismo – seu surgimento também se deu na Índia com a experiência de Sidarta

Gautama, o Buda (560 a C.) e tem como preocupação principal a compaixão por todos os

seres. Compaixão significa sentir piedade quando alguém sofre algum tipo de mal e fazer o

possível para ajudar. A palavra Buda significa, iluminado, desperto ou auto-realizado.

O Judaísmo surgiu no Oriente Médio (1800 a C.). Abraão é considerado pelos

judeus como o primeiro dos patriarcas, a quem o Deus único se revelou. Moisés é o

grande profeta e legislador a quem Deus entregou a Torá. O Judaísmo tem como ponto

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chave a justiça, isto significa viver de forma justa não prejudicando seus companheiros e

praticando a caridade.

O Taoísmo é uma antiga religião que começou na China. Seus seguidores buscam

compreender a vida de forma bastante profunda, percebendo qual é a essência de todas

as coisas.

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O Confucionismo é também uma das importantes religiões da China, Confúcio (551-

479 a C.) foi um famoso mestre e filósofo, organizou esta religião baseado na ética social.

O Confucionismo a qual chegou a ser uma religião oficial na China antiga.

O Xintoísmo é a antiga religião nacional do Japão, existe desde o tempos mais

remotos da história deste país. O culto aos espíritos naturais e aos antepassados é o

principal fundamento para o Xintoísmo. A cerimônia e o ritual desta religião contribuiu para

a organização política e estabilidade nacional do Japão.

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O Cristianismo – surgiu a mais de 2000 mil anos no Oriente Médio assim como o

Judaísmo. Sofreu forte influência do pensamento judaico, se organizou e se diferenciou

deste após os ensinamentos de Jesus Cristo. Para os cristãos o amor fraterno é o principal

fundamento de vida. O Cristianismo como outras religiões, separou-se em diversos grupos

ou igrejas. Essas separações se devem a vários fatores históricos, mas principalmente, à

diferentes maneiras de interpretar os ensinamentos de Jesus e dos seus Apóstolos.

O Islamismo - organizado por Maomé (630 d. C.) também surgiu no Oriente Médio.

O ponto principal desta religião é a crença e a submissão a um único Deus, Alá.

A Fé Bahá’í - é uma religião de caráter universal. É a mais recente das grandes

religiões do mundo. Fundada por Baha’u’llah (1817-1892), surgiu na Pérsia, hoje Irã. Prega

à unicidade de Deus, de todas as religiões e culturas, um dos seus pontos chaves é a

cooperação mútua para a construção da paz no mundo. A palavra bahá’í significa luz. Luz

no sentido de conhecimento.

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BIBLIOGRAFIA

BOWKER, John. Para entender as religiões. São Paulo, Ática, 1997.

CELANO, Sandra. Corpo e mente na educação - Uma Saída de Emergência. Petrópolis,

Vozes, 1999.

FINE, Dorren. O que sabemos sobre o judaísmo. São Paulo, Callis, 1998.

GANERI, Anita. O que sabemos sobre o budismo. São Paulo, Callis, 1999. (Ver comentário

sobre o volume: O que sabemos sobre o Judaísmo?).

_____O que sabemos sobre o hinduísmo. São Paulo, Callis, 1998. (Ver comentário sobre o

volume: O que sabemos sobre o Judaísmo?).

GHAI, O P. Unidade na diversidade – Coleção herança espiritual. Petrópolis – Vozes,

1990.

HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry; GAARDER, Justein. O livro das religiões. São Paulo,

CIA das Letras, 2000.

MARCHON, Benoit e KIEFFER, Jean-François. As grandes religiões do mundo. São Paulo,

Paulinas, 1995.

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ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1- São atos repetitivos, que rememoram o acontecimento inicial da história sagrada

de determinada cultura. Estamos nos referindo aos?

a) Dogmas

b) Rituais

c) Gestos

d) Todas as respostas estão erradas.

2- São verdades irrefutáveis que são mantidas pela fé. Por exemplo: a

transformação do vinho e do pão em sangue e corpo de Cristo. Este conjunto de

símbolos sagrados, que inclui o pensamento religioso, somado aos locais e

rituais sagrados formará um sistema religioso, ou uma religião. Estas são

características do (a):

a) Dogmas

b) Rituais

c) Gestos

d) Todas as respostas estão erradas.

3- Para um importante Sociológico a sociedade civil só terá condições de alcançar

a liberdade, ou a “emancipação humana” quando tiver condições de participar

efetivamente das decisões políticas do Estado, e, por conseguinte alcançar a

verdadeira democracia. Este é:

a) Weber

b) Marx

c) Durhkeim

d) Todas as alternativas estão erradas.

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4- Todo o nosso pensamento e nossa ação foram aprendidos e continuam

constantemente sendo construídos no decorrer de nossa vida. Muito do que

fazemos foi pensado e estabelecido por pessoas que nem existem mais. Desde

o momento de nosso nascimento até a nossa morte estamos sempre atendendo

às várias expectativas dos vários grupos que participamos. Por isso, existem as

instituições sociais, estas são representadas por:

a) Família

b) Religião

c) Escola

d) Todas as alternativas estão corretas

5- Um objeto sagrado, um símbolo do grupo, venerado nas cerimônias ritualísticas.

Pode ser uma planta, um animal, ou objeto, que por possuir, em sua origem, um

significado especial para o grupo, adquire o caráter de sagrado. Este recebe o

nome de:

a) Totem

b) Símbolo sagrado

c) Terço

d) Todas as respostas estão erradas.

6- A religião é uma forma de alimento às nossas esperanças, como uma força que

nos impulsiona em direção à construção daquilo que consideramos justo, ético e

ideal. Sobre esta marque a alternativa CORRETA:

a) Na religião temos a crença de que em última instância, algo ou alguém irá nos

socorrer, que não estamos abandonados à própria sorte, pode nos dar a força

necessária para prosseguirmos em nossa aventura pela vida.

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b) A religião não nos ensina a conviver com nossos conflitos interiores e

aceitarmos o que é inevitável.

c) Através da religião nos apegamos a algo imaginário, que sabemos que não

existe.

d) Na religião percebemos que tudo que acreditamos não existe.

7- Os sociólogos afirmam que a primeira instituição social a que pertencemos é a:

a) Escola;

b) Família;

c) Igreja;

d) Comunidade.

8- A família é uma das instituições sociais a que pertencemos. Os laços de

parentesco são estabelecidos a partir da consanguinidade ou do casamento. Na

nossa sociedade em que vivemos não é permitido o casamento entre irmãos ou

tios, pois este ato é chamado de:

a) Incesto;

b) Casamento ilegal;

c) Imoralidade;

d) Preconceito.

9- O Ensino Religioso é uma das dez áreas de conhecimento definidas pelas

Diretrizes Curriculares Nacionais aprovadas em:

a) 1996

b) 1997

c) 1998

d) 2000

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10- A Diretriz nº. 04 afirma que:

a) Em todas as escolas deverá ser garantida a igualdade de acesso para alunos a

uma Base Nacional Comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da

ação pedagógica na diversidade nacional, a Base Nacional Comum e sua Parte

Diversificada deverão integrar-se em torno do paradigma curricular, que vise

estabelecer a relação entre a Educação Fundamental.

b) A Educação religiosa deve priorizar o ensino sobre a religião católica.

c) A disciplina de ensino religioso deve possuir umas cargas horárias de 2 horas

aulas semanais.

d) Todas as respostas estão corretas.