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Frente 1Ficha 1Caractersticas: Invertebrados e Vertebrados

Frente 2Evoluo A origem da vida

Frente 3Taxonomia A classificao dos seres vivos

Frente 4Sistema Crdio-Vascular

2Noes de Embriologia e Zoologia Evoluo A origem da vida

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28Vrus Uma partcula basicamente protica Sistema Crdio-Vascular II

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Ficha 2

4Porferos e Celenterados

16Evoluo Convergncia e Irradiao adaptativa

30Viroses Doenas causadas por vrus

40Hematologia O estudo do sangue

Ficha 4 Ficha 3

6Platelmintos e Nematelmintos Introduo Gentica

20Estudo do Reino Monera

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42Sistema Reprodutor Feminino

8Helmintases Parasitologia platelmntica Gentica Leis de Mendel

22Bacterioses Doenas causadas por bactrias

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44Sistema Reprodutor Masculino

Ficha 5

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Caractersticas: Invertebrados eOs reinOs da natureza

VERTEBRADOS

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n Deste os tempos de Aristteles os seres vivos eram agrupados em dois reinos: Vegetal e Animal. Com o desenvolvimento da Biologia, e principalmente em decorrncia dos estudos microscpicos, percebeu-se que apenas dois reinos no eram suficientes para englobar toda a diversidade da vida em nosso planeta. n O bilogo alemo Ernst Haeckel (1837 1919) props, em 1899, a criao de dois novos reinos, Protista e Monera, para incluir os organismos estruturalmente mais simples do que animais e vegetais. Em 1969 o bilogo R. H. Whittaker sugeriu que os fungos, tradicionalmente classificados no reino Vegetal, fossem separados em um reino parte, denominado Fungo ou Fungi.

Vrus n Os vrus no so includos em nenhum dos cinco reinos. No apresentam clulas, sendo constitudos por uma ou poucas molculas de cido nuclico, que pode ser DNA ou RNA, envoltas por molculas de protenas. Os vrus so parasitas intracelulares obrigatrios, que atacam clulas de animais, de plantas, de fungos ou de bactrias. Quando fora da clula hospedeira, os vrus so completamente inertes e no se reproduzem. No interior da clula apropriada, porm, um vrus pode originar centenas de novos vrus idnticos.vrus da varola vrus da herpes simples vrus da gripe vrus do tabaco

vrus da parolidite

Bacterfago

Adenovrus

Vrus do polioma

reinO MOnera n O reino Monera rene seres vivos unicelulares e procariontes: as bactrias e as cianobactrias, estas ltimas tambm chamadas cianofceas. reinO PrOtista n No reino Protista esto includos os protozorios, seres eucariontes, unicelulares e hetertrofos, e as algas, seres eucariontes, unicelulares ou multicelulares e auttrofos fotossintetizantes. n As algas multicelulares so includas nesse reino porque tm organizao simples, com pouca ou nenhuma diferenciao entre as clulas que formam seu corpo.

Pseudpodo

Clios Flagelo

Sarcodina (Ameba)

Ciliota (paramcio)

Flagellata (tripanossomo)

Sporozoa (greganina)

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BIOLOGIA

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reinO Fungi n O reino Fungi inclui seres eucariontes, unicelulares ou multicelulares, que se assemelham s algas na organizao e na reproduo, mas que diferem delas por serem hetertrofos. Em alguns sistemas de classificao os fungos so includos entre os protistas. A tendncia moderna, porm, classific-los em um reino separado. reinO VegetaL n O reino Vegetal rene as plantas, seres eucariontes, multicelulares e auttrofos fotossintetizantes. As plantas tm clulas diferenciadas, que formam tecidos corporais bem definidos. Musgos, samambaias, pinheiros e plantas frutferas so os principais grupos que compem o reino Vegetal.Clula

Hifa

Talo

Folha Caule

Miclio

Tecio vasculares Parnquima Tecido de revestimento

Raiz

reinO aniMaL n O reino Animal rene os animais, seres eucariontes, multicelulares e hetertrofos. Os animais apresentam clulas bem diferenciadas, que formam tecidos e rgos corporais bem distintos. Esse reino inclui desde animais simples, como as esponjas, at animais complexos, como os mamferos, grupo ao qual pertencemos. Invertebrados. n Representantes: Moscas,lagostas,abelhas,borboletas, etc...

Caractersticas principais n O grupo dos invertebrados inclui 97% de toda a espcie animal. n Uma caracterstica comum a todos os invertebrados a ausncia da espinha dorsal formao multicelular e ausncia de parede celular. com exceo das esponjas, possuem tecidos como resultado de sua organizao celular sua reproduo geralmente sexuada (gametas masculinos e femininos se combinam para formar um novo organismo) n De forma geral, podemos dizer que a grande maioria dos invertebrados capaz de se locomover. Contudo, as esponjas somente realizam esta tarefa quando elas ainda so bem jovens e pequenas. J as lagostas e os insetos so capazes de se movimentar durante toda sua existncia. Vertebrados. n Representantes: peixes, anfbios, rpteis, aves e mamferos. n So cerca de 50 mil espcies, formando o maior e mais complexo grupo dos cordados. A diversidade da forma e tamanho muito grande. n Habitat: todos os ambientes. n Os vertebrados apresentam-se como um grupo de cordados que desenvolveu mtodos mais ativos de obteno de alimento. Isso conseqncia da maioria das caractersticas www.portalimpacto.com.br

prprias desse grupo: substituio da notocorda pela coluna vertebral; aperfeioamento do sistema muscular segmentado e agrupamento dos tecidos nervosos e dos rgos sensitivos mais complexos na extremidade anterior do corpo. Com essas caractersticas, os vertebrados tornaram-se o maior e o mais importante grupo dentre os cordados. n Constituem um grupo bastante diversificado representado por sete classes distintas: Cyclostomata (lampreias e feiticeiras), Chondrichthyes (raias e tubares), Osteichthyes (peixes sseos), Amphibia (anfbios), Reptilia (rpteis), Aves (aves) e Mammalia (mamferos). n Essas classes podem ser agrupadas com base em determinadas caractersticas Caractersticas n Os vertebrados possuem um endoesqueleto sseo ou de cartilagem, o que lhes permite atingir um porte fsico maior. n O nome vertebrado vem em decorrncia da presena de uma coluna vertebral, que sustenta o corpo e protege a medula espinhal, alm de um crnio, que protege o encfalo. n A notocorda est presente na maioria dos vertebrados somente no embrio. n Presena dos anexos embrionrios que ajudam na sobrevivncia do embrio, so eles: - saco vitelnico: uma reserva nutritiva. - mnion: lquido que protege o embrio contra a desidratao. Est presente somente nos embries que se desenvolvem fora da gua. - alantide: armazena excretas e auxilia na respirao. - crion: bolsa que envolve os outros anexos. - Placenta: responsvel pela nutrio, respirao e produo de hormnios da gravidez. n Em relao temperatura corporal, os vertebrados podem ser classificados em distintas categorias. n Quanto fonte de calor: - Endotrmicos: a temperatura do corpo mantida por calor produzido pelo metabolismo interno do animal. Ex.: aves e mamferos. - Ecototrmicos: a temperatura do corpo depende de fontes externas de calor (energia solar). Ex.: peixes, anfbios e rpteis. Quanto a variao de temperatura: - Homeotrmicos: a temperatura do corpo mantida constante independentemente da temperatura do ambiente. Ex.: aves e mamferos. - Pecilotrmicos: a temperatura do corpo varia de acordo com a temperatura do ambiente. Ex.: peixes, anfbios e rpteis. n BIOLOGIA

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Noes de Embriologia eAQUISIES EVOLUTIVAS DOS ANIMAIS n Para o vestibular voc deve saber de algumas aquisies evolutivas que ocorrem nos animais. Estas aquisies vo originar vrias estruturas que so de fundamental importncia na hora de classificarmos os animais dentro dos filos. Eis as mais importantes. 1. Arquntero e Blastporo n Arquntero: Tambm chamado de intestino primitivo do embrio. Forma-se durante o processo de gstrula no desenvolvimento embrionrio. Neste caso parte do embrio dobra-se para o interior da blastocela; esta vai se reduzindo progressivamente e uma nova cavidade surge em seu lugar, o arquntero. O arquntero originar a cavidade digestiva no animal adulto. A abertura do arquntero para o meio externo, o blastporo, dependendo do grupo de animais origina a boca ou o nus. 2. Protostmios e Deuterostmios n Protostmios: So animais nos quais o blastporo vai originar a boca (do grego protos = primeiro, primitivo; stoma = boca). Ex: Platelmintos, nematelmintos, aneldeos, moluscos e artrpodes. n Deuterostmios: So animais nos quais o blastporo vai originar o nus (do grego deuteros = posterior). Ex: Equinodermos e Cordados. Boca

ZOOLOGIA

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Ectoderma

Endoderma

DIBLSTICO

Arquntero Blastoderma Mersoderma Ectoderma Endoderma

TRIBLSTICO

celoma Arquntero

Protostmios

4. Acelomados, pseudocelomados e celomados. n O aparecimento do terceiro folheto embrionrio (mesoderma) possibilitou aumentar a complexidade estrutural dos animais, originando novos rgos. Todavia, um corpo preenchido por tecido mesodrmico macio, como ocorre nos vermes platelmintos atuais, no se revelou muito vantajoso, pois todas as clulas tem de estar perto da cavidade digestiva para receber alimento e tambm perto do exterior para receber gs oxignio. n Com exceo dos platelmintos, todos os outros animais triblsticos desenvolveram cavidades corporais que garantiram a circulao de substncias nutritivas e gs oxignio entre as clulas. Assim, de acordo com a presena e o tipo de cavidade corporal, os animais foram divididos em acelomados, pseudocelomados e celomados. 4.1. Acelomados: Neles todos os espaos do corpo situados entre a camada externa (derivada do ectoderma), e a camada mais interna (derivada do endoderma), so preenchidos por tecidos derivados do mesoderma. Ex: Platelmintos. 4.2. Pseudocelomados: Apresentam a cavidade corporal apenas parcialmente revestida pelo mesoderma. Ex: Nematelmintos. 4.3. Celomados: Nos animais adultos o celoma formar a cavidade geral do corpo, situada entre a epiderme e o tubo digestrio e que aloja diversos rgos. O celoma totalmente revestido (internamente e externamente) pelo mesoderma. Ex: Aneldeos, moluscos, artrpodes, equinodermos e cordados.

Blastpo

nus Boca

Deuterostmios

Blastpo

nus

Esquema da origem da boca e do nus a partir do blastporo

3. Diblsticos e Triblsticos a) Diblsticos: So animais que apresentam dois folhetos germinativos ou embrionrios (ectoderma e endoderma). Ex: Celenterados. b) Triblsticos: So a animais que apresentam trs folhetos germinativos (ectoderma, mesoderma e endoderma). Ex: Dos platelmintos aos cordados.

Acelomado

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PSEUDOCELOMADOPseudoceloma

CELOMADOCeloma

5. Esquizocelomados e Enterocelomados. a) Esquizocelomados: So animais cujo celoma se forma a partir de fendas internas surgidas nas massas mesodrmicas do embrio. Ex: Moluscos e aneldeos. b) Enterocelomados: So animais cujo celoma se forma a partir de bolsas que brotam do teto do arquntero. Ex: Equinodermos e Cordados.

ESQUIZOCELOMADOEvaginao do arquntero

ENTEROCELOMADO

Teloblastos Pseudoceloma Pseudocelomados Acelomados

Segmentados Segmentados

Esquizocelomados Celomados

Enterocelomados

Simetrial Radial

Simetrial Bilateral

Celoma

ANCESTRAL PROTISTA

rvore filogentica que mostra as relaes evolutivas entre os principais filos animais. Blastporo

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PORFEROSe Celenterados1. Filo Porfera (Espongirios).n O filo Porfera constitudo por animais pluricelulares que apresentam poros na parede do corpo. Eles so predominantemente marinhos (minoria em gua doce), sendo encontrados desde o nvel das praias at uma profundidade de 6 mil metros. As suas clulas possuem um certo grau de independncia e no se organizam em tecidos. 1.1. Caractersticas gerais. n So animais ssseis; n O habitat preferencialmente marinho; n Elevada capacidade de regenerao (amebcitos); n Digesto exclusivamente intracelular; n Diblsticos; n Acelomados; n Protostmios; n Simetria Radial; n Por no apresentarem rgos, os porferos foram includos no Reino Parazoa, enquanto os outros animais esto includos no Eumetazoa; n No apresentando rgos, no haver a formao dos sistemas, logo estes animais so destitudos de sistemas. 1.2. Aspectos anatmicos e fisiolgicos dos porferos. n Sua forma lembra um vaso fixo a um substrato geralmente rochoso. Na extremidade superior apresenta um grande orifcio chamado sculo, que d acesso a uma grande cavidade central chamada trio ou espongiocele.ESQUEMA DO CORTE DE UMA ESPONJA EVIDENCIANO AS CLULAS

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das chamadas pinaccitos, que servem para proteo e revestimento de uma esponja. n Camada mdia (mesnquima ou mesoglia): constituda por um material gelatinoso que a mesoglia, onde se encontram as seguintes estruturas. n Amebcitos: so clulas responsveis pela distribuio do alimento e formao de outras clulas. n Espculas calrias ou silicosas: so estruturas que fazem a sustentao do corpo do animal. n Rede de esponjina ou fibra de esponjina: estrutura que ajuda na sustentao do animal. n Camada interna: constituda por clulas flageladas chamadas coancitos cuja funo a digesto intracelular. 1.3. Classificao n Os porferos so classificados de acordo com o trajeto de circulao da gua no interior da sua estrutura: a) scon: O tipo scon o mais simples. A parede fina e possui poros inalantes que se abrem diretamente na espongiocela. Esta revestida por coancitos. b) Scon: Nas esponjas do tipo scon, a parede do corpo formada por projees em forma de dedos. A gua penetra pelas camadas radiais, indo para a espongiocela. Os canais radiais so revestidos internamente por coancitos. c) Lucon: No tipo lucon, a parede do corpo mais espessa e percorrida por um complicado sistema de canais. H canais inalantes e exalantes e, entre eles, cmaras revestidas por coancitos. A gua penetra pelos canais inalantes, passa por cmaras vibrteis e vai espongiocela pelos canais exalantes. scon SconCoancito flagelados Poro Cmaras vibrteis

Luconsculo Poros

sculo pinaccitoCoancito flagelados

espculas

Poros

trio

porcito

coancito

flagelo fluxo da gua

amebcito partculas de alimento ncleo

Possui a parede do corpo dividido em trs camadas: n Camada externa (Epiderme): formada por clulas achata-

1.4. Reproduo das esponjas. 1.4.1. Reproduo assexuada: Pode ser de 3 tipos: a) Regenerao: Os porferos possuem grande poder de regenerar partes perdidas do corpo. Qualquer parte cortada de uma esponja tem a capacidade de se tornar uma nova esponja completa. b) Brotamento: Consiste na formao de um broto a partir da esponja-me. Os brotos podem se separar, constituindo novos animais. c) Gemulao: um processo realizado pelas espcies de gua doce e alguns marinhos. Consiste na produo de gmulas, um grupo de amebides que so envolvidos por uma membrana grossa e resistente.

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1.4.2. Reproduo Sexuada: n Quando a reproduo sexuada, observa-se que a maioria das esponjas hermafrodita (monicas), embora existam espcies com sexos separados (espcies diicas), no h gnadas para a formao de gametas, sendo estes originados pelos amebcitos. A fecundao (interna) e as primeiras fases do desenvolvimento embrionrio ocorrem no interior do organismo materno, de onde origina-se uma larva denominada anfiblstula, que sai pelo sculo e fixa-se ao substrato, originando uma nova esponja. Como h estgio larval entre o zigoto e o adulto, diz-se que as esponjas apresentam desenvolvimento indireto.

2. Filo Cnidaria ou Coelenterata (Cnidrios ou Celenterados)n Os cnidrios so animais invertebrados com organizao bastante simples, pouco superior dos porferos. So os primeiros animais da escala zoolgica a apresentar uma cavidade digestiva onde ocorre parte da digesto dos alimentos. So caracterizados por apresentar clulas urticantes, os cnidoblastos, responsveis por causar irritaes e queimaduras. Os representantes mais conhecidos so as guas-vivas, hidras e corais. 2.1. Caractersticas gerais. n So animais aquticos, de hbitat preferencialmente marinho; n So diblsticos; n So protostmios; n So acelomados; n Possuem simetria radial; n Possuem digesto intra e extracelular; n Existem formas livre-natantes chamadas medusas e formas ssseis chamadas plipos; 2.2. Organizao corporal dos cnidrios. n Os cnidrios apresentam duas formas morfolgicas: plipos e medusas. Os plipos so formas ssseis, fixa a um substrato e tm forma de um cilindro, com a poro superior apresentando tentculos que circundam a boca. As medusas tm forma de um guarda-chuva, com longos tentculos que rodeiam a boca situada na poro medial inferior. 2.3. Aspectos anatmicos e fisiolgicos dos cnidrios. n Os cnidrios so animais que apresentam apenas 2 folhetos embrionrios (diblsticos). O ectoderma d origem a epiderme, camada do corpo que reveste externamente o animal. O endoderme o folheto embrionrio que d origem a gastroderme, que faz o revestimento da cavidade digestiva, tambm chamada cavidade gastrovascular. Entre essas camadas existe a mesoglia, massa gelatinosa responsvel pela sustentao esqueltica do animal. n Na epiderme esto situados diversos tipos de clulas. So elas: a) Clulas epitlio-musculares: So responsveis por conferir movimento ao animal, bem como proporcionar o seu revestimento. b) Clulas interticiais: So clulas dotadas da capacidade de dar origem aos diversos tipos de clulas do animal. Participa ativamente do processo de regenerao. c) Clulas sensoriais: Tm a capacidade de perceber os estmulos externos e transmiti-los s clulas nervosas do animal. d) Clulas glandulares: Secretam muco que tem funo lubrificante. e) Cnidoblastos: So clulas dotadas de uma cpsula ovide, Cnidoblasto descarregado Cnidoblasto Tipos de cnidoblastos o nematocisto, que contm um lquido txico. Possui na regio voltada para o exterior um expanso em forma de dente, denominada cnidoclio, que ativado ao menor toque e que funciona como um gatilho. Os cnidoblastos localizam-se por toda a epiderme do cnidrio, sobretudo na regio dos tentculos e ao redor da boca.

n Os cnidrios so carnvoros e se alimentos de diversos tipos de animal: crustceos, peixes, larvas de insetos, etc. Essas presas so capturadas e levadas pelos tentculos boca, pelo qual so conduzidas at a cavidade gastrovascular. O sistema digestivo dito incompleto, pois tem boca, mas no tem nus. n Os cnidrios apresentam capacidade de responder a estmulos do meio. Isso se d graas a um sistema nervoso bastante simples, mas que est presente neste grupo pela primeira vez no reino animal. O sistema nervoso no centralizado, mas do tipo difuso com os neurnios formando uma rede. 2.4. Reproduo dos cnidrios. a) Assexuada: Ocorre por brotamento, que consiste na formao de um broto formado na parede do corpo do animal que se destaca dando origem a um novo indivduo. b) Sexuada: Os espermatozides e vulos so formados a partir das clulas intersticiais. Os espermatozides so liberados na gua e nadam procura do vulo que, dependendo da espcie, tambm liberado na gua ou pode permanecer aderido ao corpo da me. Do zigoto, forma-se um embrio que, ao desenvolver-se, origina formas adultas.

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PLATELMINTOSe Nematelmintos1. Filo Platyhelminthes (Platelmintos)n Este filo rene vermes que apresentam o corpo achatado no sentido dorso-ventral. So os primeiros animais da escala zoolgica a apresentar 3 folhetos embrionrios durante o seu desenvolvimento e simetria bilateral. 1.1. Caractersticas gerais. n So triblsticos; n So acelomados; n So protostmios; n Possuem simetria bilateral; n Podem ser de vida livre ou parasita. 1.2. Classificao e diversidade dos platelmintos. Existem aproximadamente 13 mil espcies de platelmintos divididas em 3 grupos: turbelrios, trematideos e cestideos. n Classe Turbellaria: Rene os platelmintos de vida livre. Os turbelrios tm como representante as planrias que podem ser aquticas ou terrestres. Apresentam grande capacidade regenerativa. n Classe Trematoda: Esta classe constituda por espcies parasitas. Alguns so ectoparasitas, outros so endoparasitas. Tem como representante o esquistossomo, causador da esquistossomose. n Classe Cestoda: Rene 2 mil espcies de vermes conhecidas como tnias ou solitrias. Possuem na regio da cabea ventosas que servem para aderir ao intestino do hospedeiro. O corpo constitudo por um conjunto de unidades denominadas progltides. A cada instante, novas progltides esto sendo produzidas. n As progltides localizadas prximo da cabea so chamadas progltides jovens e so imaturas. As localizadas na poro medial so chamadas adultas e j so maduras sexualmente. As progltides situadas mais distantes da cabea so chamadas progltides grvidas, pois esto ricas em ovos e so continuamente eliminadas junto com as fezes do hospedeiro.Classe Turbellaria (planria)Ocelo Face dorsal

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responsveis pela produo de muco. Na poro ventral, h clios que permitem o deslizamento do animal. Logo abaixo da epiderme existem clulas musculares dispostas no sentido circular, longitudinal e transversal. A ao desse conjunto de msculos permitem o animal movimentar-se nos diversos sentidos. b) Sistema digestivo: Presente do tipo incompleto, pois h somente uma abertura: o nus. O intestino altamente ramificado. c) Sistema excretor: Presente. As excretas so eliminadas por clulas especializadas denominadas clulas-flama ou solencitos. d) Sistema nervoso: Presente, do tipo centralizado. constitudo por dois gnglios cerebrais, localizados na regio anterior de onde partem dois cordes nervosos ventrais. e) Sistema respiratrio: Ausente. As trocas gasosas ocorrem por difuso.Tubo digestrio Faringe Boca

Esquema do sistema digestrio incompleto da planria

Clulas-flama Poros excretores Canal excretor

Classe Trematoda (esquistossomo)Ventosas Escolx

Classe Cestoda (tnia)Progltides maduras

Boca Faringe

Face ventral Poro genital

Cordes nervosos longitudinaisProgltides imaturas Progltides grvida

Nervos

1.3. Aspectos anatmicos e fisiolgicos dos platelmintos. Os aspectos referentes anatomia e fisiologia dos platelmintos sero descritos tendo como base a planria, representante de vida livre. a) Epiderme e sistema muscular: A planria possui o corpo recoberto por uma epiderme. Esta apresenta muitas glndulas,

1.4. Reproduo dos platelmintos. n Os platelmintos podem ser monicos, como no caso das planrias e das tnias ou diicos, como no caso dos esquistossomos. Nas planrias ocorre fecundao recproca; nas tnias, autofecundao e nos esquistossomos h fecundao cruzada.

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2. Filo Nemathelminthes (Nematelmintos ou nematdeos)n Os nematdeos (do grego nematos, filamento, e eidos, semelhante) so todos cilndricos e alongados. Com o corpo no segmentado e revestido de cutcula resistente e quitinosa, so animais de simetria bilateral, triblsticos, porm pseudocelomados, isto , a cavidade do corpo no totalmente revestida por folhetos mesodrmicos. Essa cavidade limitada, por um lado, por msculos (de origem mesodrmica), mas, por outro lado, ela limitada pela parede do tubo digestivo (de origem endodrmica). Logo, nestes animais, no existe um celoma verdadeiro, e sim um falso celoma ou pseudoceloma. Os nematelmintos so os nicos pseudocelomados na escala animal.Tubo digestivo Cavidade corporal (pseudoceloma)

2.2. Aspectos nematelmintos.

anatmicos

e

fisiolgicos

dos

a) Tegumento. n O corpo desses vermes coberto por uma cutcula protetora muito resistente, produzida pela epiderme, composta principalmente de colgeno. Essa cutcula protege contra as enzimas produzidas pelo sistema digestivo do organismo hospedeiro. A epiderme composta por uma camada de clulas simples. b) Sistema muscular. n A musculatura dos nematdeos composta por uma nica camada de clulas que se distribui longitudinalmente pelo corpo. Essa musculatura lisa responsvel pelos movimentos desses animais. Provocam flexes dorso ventrais. A movimentao tambm vai depender da elasticidade da cutcula e do esqueleto hidrosttico, lquido presente no pseudoceloma. c) Sistema digestivo.

Boca

Parede do corpo Ectoderme Mesoderme

n Os nematdeos so os primeiros animais a apresentarem sistema digestivo completo, ou seja, possuem boca e nus. A boca possui lbios ao redor. Esses lbios possuem papilas sensoriais, dentes ou placas cortantes. Os parasitas alimentamse de produtos pr-digeridos pelo hospedeiro, mas h tambm espcies fitfagas e carnvoras. d) Sistema circulatrio. n No possuem sistema circulatrio. A circulao de gases, nutrientes e substncias txicas feita pelo pseudoceloma. e) Sistema excretor.Pseudoceloma

Endoderme nus

n Possuem uma clula especializada, com um formato que lembra a letra H. Possuem dois canais longitudinais, que percorrem a lateral do corpo do verme, unidos por um canal transversal, que emite um ducto que elimina excretas pelo poro excretor. A principal excreta desses animais a amnia. f) Sistema Nervoso. n Possuem dois cordes nervosos que percorrem o corpo do animal, ventral ou longitudinalmente. Da faringe partem os cordes nervosos. O cordo nervoso dorsal responsvel pela funo motora, enquanto o ventral sensorial e motora, sendo considerada a mais importante. 2.3. Reproduo dos nematelmintos. n So animais diicos, em sua grande maioria, possuem sexos separados. Apresentam dimorfismo sexual, ou seja, a fmea diferente do macho. Normalmente os machos so menores e sua poro posterior afilada e curva, para facilitar a cpula. A fecundao cruzada e o desenvolvimento indireto.

2.1. Caractersticas gerais. n So triblsticos; n So pseudocelomados; n So protostmios; n Possuem simetria bilateral; n So os primeiros animais da escala zoolgica a possuir sistema digestivo completo; n Podem ser de vida livre ou parasita; n So diicos.

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HELMINTASES1. TENASE

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Parasitologia platelmntican A tenase uma doena causada pela fase adulta de um verme chamado tnia (taenia solium e taenia saginata) quando esta se aloja no intestino humano atravs da ingesto de derivados de porco e boi mal cozidos que contenham cistos do verme. Estes cistos formam a popular solitria que pode chegar a trs metros de comprimento dentro do organismo humano. Seu corpo formado por anis e estes podem armazenar at 80.000 ovos cada um. Os ovos liberados pelas fezes contaminam o solo e a gua que transmite aos animais e esses passam para o homem. A verminose por muitas vezes no se manifesta, porm pode apresentar alteraes do apetite, diarria, enjo, insnia, perda de peso, irritao, dor abdominal, fadiga e fraqueza. O tratamento consiste na ingesto de um anti-helmntico associado ou no a vermicidas. Para o tratamento caseiro utiliza-se at hoje o ch de sementes de abbora.

2. ESQUISTOSSOMOSE OU BARRIGA DGUA. n A esquistossomose uma doena (barriga dgua) muito comum no Brasil, causada pela infestao de vermes platelmintos trematdeos do gnero Schistosoma, parasitando as veias do fgado e intestino no ser humano. O ciclo de vida deste invertebrado passa por dois hospedeiros: um intermedirio e o outro definitivo. n Inicialmente o ovo contido nas fezes de uma pessoa contamina, depositado em ambientes aquticos, se transforma em uma larva aqutica ciliada denominada miracdio. Essa se instala temporariamente em um tipo especfico de caramujo planorbdeo (gnero Biomphalaria), modificando-se em uma larva chamada de cercria. n As cercrias penetram ativamente atravs da epiderme, quando as pessoas (principalmente os ribeirinhos) usufruem de cursos dgua contaminados. Aps a penetrao, as larvas atingem a corrente sangnea, por onde so transportadas at o intestino e fgado, fixando-se a por meio de ventosas, e reproduzindo-se sexuadamente. n Os principais sintomas desta verminose so: n Na fase aguda: coceiras, dermatites, febre, tosse, diarria, enjos, vmitos e emagrecimento. n Na fase crnica: diarria, aumento do fgado (hepatomegalia), aumento do bao (esplenomegalia), hemorragias, abdmen com aspecto dilatado. Dentre as medidas profilticas, destacam-se: n Evitar tomar banhos em locais desconhecidos, lagos e crregos de regies com histrico evidente, onde seja comprovado o grande nmero de casos da doena; n Promover o controle da populao de caramujos planorbdeos; n tratar os doentes e fornecer saneamento bsico, garantindo condies bsicas de higiene.Vermes adultos nas veias do fgado Fgado

Ovos eliminados na gua

Penetrao ativa das cercrias atravs da pele Ovo

Cercria

Miracdio

Ecloso do mirocdio e penetrao no caramujo Cercrias abandonam o caramujo Rdias Cercrias Desenvolvimento do miracdio no corpo do caramujo

Rdias

Esporocisto

Larva cercria que abandona o caramujo e penetra no homem. Ovos de esquistossomo eliminados junto com as fezes. Paciente com esquistossomose portador de intensa dilatao abdominal.

10 n BIOLOGIA

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3. ASCARIDASE n A ascaridase uma verminose provocada pelo verme Ascaris lumbricoides, conhecido como lombriga. A contaminao ocorre quando um indivduo ingere alimentos contaminados com ovos do verme. n Ao entrar no organismo, o ovo eclode e libera a larva no intestino delgado, passa pela mucosa at chegar ao intestino grosso aonde chega maturidade, com aproximadamente 40 cm. n Normalmente a ascaridase no apresenta sintomas, mas podem ocorrer dores abdominais, nuseas, vmitos, aumento dos sons intestinais, falta de apetite, palidez e emagrecimento. O diagnstico feito atravs do exame de fezes que, se contaminado, apresenta os ovos do verme. n O tratamento utiliza medicamentos especficos contra vermes. recomendvel a repetio do tratamento aps uma semana para matar larvas restantes.

4. ANCILOSTOMOSE OU ANCILOSTOMASE. n A ancilostomose, tambm conhecida como amarelo, provocada pelo Necator americanus e Ancylostoma duodenalis, espcies de vermes parasitas nematdes. As fmeas liberam ovos no intestino delgado, que so expulsos pelas fezes e eclodem entre cinco e dez dias, tornando-se larvas infectantes. n O nome popular amarelo deve-se a cor amarelada apresentada pela pessoa infectada, decorrente da anemia que o verme provoca no hospedeiro ao sugar seu sangue. n Na terra quente e mida, dos ovos saem larvas que procuram um hospedeiro humano. Uma vez fixada no intestino delgado, onde a larva atinge o estgio adulto, quando tem capacidade de liberar ovos, o verme passa a sugar o sangue da pessoa. Ao penetrar na pele, a larva ocasiona vermelhido, prurido, inchao, sensao de picada. Da pele, a larva entra na corrente sangunea, onde sofre transformaes at chegar ao intestino delgado. n Os primeiros sintomas da infeco so: palidez, desnimo, dificuldade de raciocnio, cansao e fraqueza, provenientes da falta de ferro (anemia) no organismo. Outros sintomas como dores musculares, abdominais e de cabea, hipertenso, tonturas; tambm poder ocorrer com o agravamento do quadro. A doena perigosa para as gestantes, pois pode afetar o desenvolvimento do feto. n A transmisso da ancilostomose ocorre por meio do contato direto com solo contaminado, como por exemplo, andar descalo na terra.Ciclo de vida do Ascaris lumbricoides, um nematelminto que realiza todo o seu ciclo em um nico hospedeiroCasca Embrio

Ingesto de gua ou alimentos contaminados por ovos de lombriga

Formas larvais de lombriga migram do pulmo e traqueia e so engolidos

Vermes adultos no instestino delgado Ecloso dos ovos e libertao das larvas no intestino delgado

Eliminao dos ovos de lombriga com as fezes

5. FILARIOSE OU ELEFANTASE. n A filariose, tambm conhecida por elefantase, uma doena causada por um verme nematdeo, Wuchereria bancrofti, que parasita os vasos linfticos do ser humano. O ciclo de vida desse invertebrado patognico ocorre com interveno de dois hospedeiros: inicialmente passando por um vetor (o mosquito hematfago do gnero Culex), que ao picar o homem introduz larvas infectantes na corrente sangnea. Essas larvas se desenvolvem em vermes adultos, com aproximadamente 10 centmetros de comprimento, migrando para o sistema linftico (os gnglios linfticos), onde habitam e se reproduzem. A proliferao pode obstruir os ductos do sistema linftico, retendo a linfa e provocando um edema. Os ovos depositados se transformam em microfilrias que se difundem para os vasos sangneos, dissipando para diversos rgos (msculos e cavidades serosas). n A transmisso ocorre quando um indivduo infectado picado pelo mosquito, sugando junto ao sangue as microfilrias, transmitidas a outras pessoas, reiniciando o ciclo. Os principais sintomas so inchao dos membros superiores e inferiores (braos e principalmente as pernas), podendo atingir a regio escrotal e as mamas. Entre as medidas de controle, destacam-se o combate ao mosquito vetor, utilizao de telas nas janelas e portas das residncias, uso de repelentes e tratamento dos indivduos infectados.

Acima, esquerda, mosquito Culex, transmissor da filariose. Demais fotos: deformaes em decorrncia de obstrues dos vasos linfticos

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EVOLUOA origem da vida

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uando o Homem comeou a se dar conta dos seres vivos que o rodeavam, tornou-se necessrio explicar o aparecimento destes, bem como o seu prprio aparecimento. Foi ento que surgiram algumas teorias cujo objetivo era explicar o surgimento e desenvolvimento das espcies vivas, conhea a seguir as principais teorias de origem da vida:

1. TEORIA DA GERAO ESPONTNEA n Os primeiros defensores conhecidos das ideias nesse sentido foram Anaximandro, seu pupilo Anaxmenes, e outros como Xenfanes, Parmnides, Empdocles, Demcrito, e Anaxgoras. Sustentavam de modo geral que a gerao espontnea ocorria, mas em verses variadas. n O defensor mais famoso dessa hiptese na antigidade foi Aristteles h mais de dois mil anos, e em sua verso, supunha a existncia de um princpio ativo dentro de certas pores da matria inanimada. Esse princpio ativo organizador, que seria responsvel, por exemplo, pelo desenvolvimento de um ovo no animal adulto, cada tipo de ovo tendo um princpio organizador diferente, de acordo com o tipo de ser vivo. Esse mesmo princpio organizador tambm tornaria possvel que seres vivos completamente formados eventualmente surgissem a partir da matria bruta. n A ideia era baseada em observaes - descuidadas, sem rigor cientfico atual - de alguns animais aparentemente surgirem de matria em putrefao, ignorando a pr-existncia de ovos ou mesmo de suas larvas. Isso antecedeu o desenvolvimento do mtodo cientfico tal como hoje, no havendo tanta preocupao em certificar-se de que as observaes realmente correspondessem ao que se supunha serem fatos, levando a falsas concluses. n Relatos de gerao espontnea so encontrados, por exemplo, na mitologia grega: aps o dilvio universal, o casal humano sobrevivente Deucalio e Pirra precisou da ajuda dos deuses para recriar a humanidade, mas os animais apareceram atravs da gerao espontnea. n Essas ideias sobre abiognese eram aceitas comumente at cerca de dois sculos atrs. Ainda no sculo XIII, havia a crena popular de que certas rvores costeiras originavam gansos; relatava-se que algumas rvores davam frutos similares a meles, no entanto contendo carneiros completamente formados em seu interior. No sculo XVI, Paracelso, descreveu diversas observaes acerca da gerao espontnea de diversos animais, como sapos, ratos, enguias e tartarugas, a partir de fontes como gua, ar, madeira podre, palha, entre outras. n Cientistas de todos os campos do saber acreditavam, por exemplo, que as moscas eram originadas da matria bruta do lixo. J no sculo XVII Em resposta s dvidas de Sir Thomas Browne sobre se camundongos podem nascer da putrefao, Alexander Ross respondeu: Ento pode ele (Sir Thomas Browne) duvidar se do queijo ou da madeira se originam vermes; ou se besouros e vespas das fezes das vacas; ou se borboletas, lagostas, gafanhotos, ostras, lesmas, enguias, e etc, so procriadas da matria putrefeita, que est apta a receber a forma de criatura para a qual ela por poder formativo transformada. Questionar isso questionar a razo, senso e experincia. Se ele duvida que v ao Egito, e l ele ir encontrar campos cheios de camundongos, prole da lama do Nilo, para a grande calamidade dos habitantes. n O mdico belga J. B. Van Helmont, que posteriormente foi responsvel por grandes experimentos sobre fisiologia vegetal, chegou a prescrever uma receita para a produo espontnea de camundongos em 21 dias. Segundo ele, bastava que se jogasse, num canto qualquer, uma camisa suja (o princpio ativo estaria no suor da camisa) e sementes de trigo para que dali a 21 dias fosse constatada a gerao espontnea. n Essas concluses errneas se devem a falta de metodologia apropriada, limitando variveis que pudessem trazer resultados falsos como por exemplo, impedir que ratos j formados tivessem acesso receita que supunha-se produzir ratos - aliada ao pressuposto de que a gerao espontnea era mesmo possvel.

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2. TEORIA DA BIOGNESE n Teoria baseada na origem de um ser vivo apenas oriundo de outro ser vivo. No sculo XVII, a teoria da biognese comeou a ganhar adeptos gerando o debate entre os cientistas acerca da origem da vida. A idia central da biognese, a de que um ser vivo s pode surgir de outro preexistente, entrou em conflito com a gerao espontnea provocando calorosas discusses entre os defensores de ambos os lados. Entre os defensores da biognese estavam os mdicos Francesco Redi, Louis Pasteur o pesquisador Lzaro Spalazani e a favor da gerao espontnea o naturalista John Needham. 2.1 Francesco Redi: Em meados do sculo XVII, o mdico e bilogo italiano Francesco Redi elaborou experincias que, na poca, abalaram profundamente a teoria da gerao espontnea. Na poca de Redi, uma das principais evidncias da abiognese era o aparecimento espontneo de vermes em carne podre. O cientista italiano, porm, estava convencido de que os tais vermes no surgiam espontaneamente da prpria carne. Sua hiptese era que eles surgissem de ovos colocados por moscas. Para provar sua hiptese, Redi colocou pedaos de carne no interior de frascos, deixando alguns abertos e fechando outros com uma tela. Observou que o material em decomposio atraa moscas, que entravam e saam ativamente dos frascos abertos. Depois de algum tempo, notou o surgimento de inmeros vermes deslocando-se sobre a carne e consumindo o alimento disponvel. Mas nos frascos fechados, onde as moscas no tinham acesso carne em decomposio, esses vermes no apareciam. A carne em putrefao no constitua, como supunham os defensores da gera2.3. Lzaro Spallanzani: Em 1770, o italiano Lazaro Spallanzani repetiu as experincias de Needhem. A diferena no seu procedimento foi a de ferver os lquidos durante uma hora, no se limitando a aquec-los; em seguida os tubos foram fechados hermeticamente. Lquidos assim tratados mantiveram-se estreis, isto , sem vida, indefinidamente. Desta forma, Spallanzani demonstrava que os resultados de Needham no comprovavam a gerao espontnea: pelo fato de aquecer por pouco tempo, Needham no hao espontnea, uma fonte de vida dotada de um princpio ativo organizador; a fonte de vida eram seres vivos (moscas) que j existiam. O papel da carne era somente constituir um meio adequado ao desenvolvimento das larvas, fornecendoIhes o alimento necessrio.

2.2. John Needhem: Um religioso chamado John Needham fez em 1745 um experimento cujos resultados pareciam comprovar as idias da abiognese. Vrios caldos nutritivos, como sucos de frutas e extrato de galinha, foram colocados em tubos de ensaio, aquecidos durante um certo tempo e em seguida selados. A inteno de Needham, ao aquecer, ora obviamente a de provocar a morte de organismos possivelmente existentes nos caldos; o fechamento dos frascos destinava-se a impedir a contaminao por micrbios externos. Apesar disso, os tubos de ensaio, passados alguns dias, estavam turvos e cheios de microorganismos, o que parecia demonstrar a verdade da gerao espontnea. via destrudo todos os micrbios existentes, dando-lhes a oportunidade de proliferar novamente. Needham, porm, responde s crticas de Spallanzani com um argumento aparentemente muito forte. O aquecimento excessivo, segundo Needham, havia destrudo o princpio ativo; sem princpio ativo, no Poderia ocorrer a gerao espontnea. interessante notar que o prprio Spallanzani no soube refutar esse argumento, ficando as idias da abiognese consolidadas.

2.4. Louis Pasteur: Foi na Segunda metade do sculo XIX que a abiognese sofreu seu golpe final. Louis Pasteur (1822-1895), grande cientista francs, preparou um caldo de carne, que excelente meio de cultura para micrbios, e submeteu-o a uma cuidadosa tcnica de esterilizao, com aquecimento e resfriamento. Hoje, essa tcnica conhecida como pasteurizao. Uma vez esterilizado, o caldo de carne era conservado no interior de um balo pescoo de cisne. Devido ao longo gargalo do balo de vidro, o ar penetrava no balo, mas as impurezas ficavam retidas na curva do gargalo. Nenhum microrganismo poderia chegar ao caldo de carne. Assim, a despeito de estar em contato com o ar, o caldo se mantinha estril, provando a inexistncia da gerao espontnea. Para eliminar o argumento de Needham, quebrou alguns pescoos de bales, verificando que imediatamente os lquidos ficavam infestados de organismos. Era o ano de 1864. A gerao espontnea estava completamente desacreditada.

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3. OUTRAS HIPTESES SOBRE A ORIGEM DA VIDA: n Com a aceitao da biognese, surgiu a seguinte questo: Se os organismos so gerados a partir de outros, corno se originou o primeiro organismo? H pelo menos trs hipteses propostas para responder pergunta sobre a origem dos seres vivos na Terra: 3.1. Criacionismo: Essa a mais antiga de todas as hipteses sobre a origem da vida e tem forte cunho religioso, sendo at hoje aceita por fiis de vrias religies. De acordo com esse pensamento a vida foi criada a partir de uma divindade. 3.2. Hiptese Cosmozoria ou Panspermia Csmica: Svante August Arrhenius (1859-1927), fsico sueco, foi o principal defensor da idia de panspermia csmica. Essa hiptese supe que a Terra teria sido contaminada, em tempos remotos, por microrganismos oriundos do espao, denominados cosmozorios. Transportados, por exemplo, por meteoros, esses microrganismos teriam atingido nosso planeta e, encontrando condies favorveis de sobrevivncia, proliferaram, constituindo a fonte de vida na Terra. 3.3. Hiptese Autotrfica: Alguns estudiosos sugeriram que os primeiros seres vivos j eram auto-suficientes, capazes de fabricar seu prprio alimento. 3.4. Hiptese Heterotrfica: A imensido de matria orgnica nos oceanos primitivos favoreceu os organismos que se alimentavam diretamente dela. O mecanismo mais elementar de obteno de energia por meio de substncias orgnicas a fermentao, que produz energia e gs carbnico (CO2). A fermentao feita por seres hetertrofos anaerbios, que no produzem seus alimentos e no utilizam oxignio. Por isso, acredita-se que os hetertrofos anaerbios foram os primeiros seres vivos da Terra. E essa a Hiptese Heterotrfica. 3.5. Teoria dos Coacervados: Em 1922, o bioqumico russo Alexander Ivanovich Oparin (1894-1980) props a teoria da origem precoce da vida na histria da Terra, ou melhor, a origem da vida por evoluo qumica. Ele admitiu que a atmosfera primitiva do planeta era muito diferente da atual: ela no continha oxignio, exatamente o inverso da atual. A atmosfera primitiva era formada por gases simples como gs hidrognio (H2) amia (NH3), metano (CH4) e vapor de gua (H2O). O vapor de gua liberado pelas erupes vulcnicas se acumulava nas regies altas e frias da atmosfera, onde retornava ao estado lquido e voltava ao solo sob forma de chuvas. Durante milhares de anos, as condies primitivas do planeta favoreceram o surgimento de violentas tempestades e de chuvas torrenciais que esfriaram as rochas quentes da crosta terrestre. Ao mesmo tempo, durante milhares de anos, os gases presentes na, atmosfera primitiva foram bombardeados pelos raios ultravioletas e por descargas eltricas, cuja energia, associada ao calor das erupes vulcnicas, propiciara a gerao de molculas orgnicas simples como hidrocarbonetos e aminocidos. Essas molculas simples foram arrastadas pelas chuvas para os mares e lagos, onde reagiram e formaram molculas complexas como as protenas e os cidos nuclicos, compostos essenciais ao incio da vida na Terra. Mais tarde o cientista John B. S. Haldane (1892-1964), baseado nas idias de Oparin, admitiu que as molculas de protenas acumuladas durante milhares de anos nos mares primitivos criaram as condies necessrias para a formao das primeiras clulas. As protenas teriam se associado s molculas de gua

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e formaram massas gelatinosas denominadas coacervados. Os coacervados no so seres vivos, mas uma primitiva organizao das substncias orgnicas em um sistema isolado do meio (protobionte). Apesar de isolados, eles podiam trocar substncias com o meio externo, havendo em seu interior possibilidade de ocorrerem inmeras reaes qumicas. No se sabe como a primeira clula surgiu, mas pode-se supor que, se possvel a formao de um sistema organizado como o dos coacervados, podem ter surgido sistemas equivalentes com algumas diferenas: envoltos por uma membrana especial e contendo em seu interior vrias molculas, entre elas os cidos nuclicos. Com a presena dos cidos nuclicos, essas formas teriam adquirido a capacidade de reproduo e regulao das reaes qumicas internas. Nesse momento, teriam surgido os primeiros seres vivos que, apesar de primitivos, eram capazes de se reproduzir originando seres semelhantes a eles.

4. ExPERIMENTO DE MILLER n Numa experincia pioneira, no incio dos anos 50, o cientista americano Stanley Miller recriou a provvel atmosfera primitiva. Misturou num recipiente hermeticamente fechado hidrognio (H2), vapor dgua (H2O), amnia (NH3) e metano (CH4). Fez passar atravs dessa mistura fortes descargas eltricas para simular os raios das tempestades ocorridas continuamente na poca e obteve ento aminocidos - tijolos bsicos das protenas.

5. ExPERIMENTO DE FOx: n sidney Fox (1912-1998) foi um pesquisador norte-americano. n Baseado na teoria de Oparin, que dizia que a gua da Terra primitiva continha vrios aminocidos e era levada pelas chuvas para a superfcie das rochas quentes, e esse calor provocava a unio dessas molculas, Fox realizou um experimento muito parecido em seu laboratrio. n Fox preparou uma soluo lquida contendo aminocidos e colocou essa soluo em uma superfcie seca e aquecida. Em seguida, adicionou gua salgada ao sistema, simulando a gua do mar que molhava as rochas. n Aps algum tempo, Fox analisou a soluo no microscpio e observou a formao de umas pequenas esferas. Essas pequenas esferas tinham a propriedade de aumentar seu tamanho e se dividirem em esferas menores. n Essas esferas eram formadas por protenas em seu interior, resultantes das ligaes entre os aminocidos. Ao redor dessas esferas havia pequenas bolsas, provavelmente formadas por molculas de gua. n Os coacervados so produzidos dessa forma e possuem essa mesma composio. As protenas se aglomeram e ao redor se forma uma pelcula composta por molculas de gua, transformando o coacervado em um sistema isolado. n Recentemente, cientistas utilizaram material orgnico proveniente de meteoritos em um experimento. O material orgnico foi dissolvido em gua e observaram a formao de coacervados.

Microesferas de Fox

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EVOLUOA origem da vidaEVOLUCIONISMO

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1. Fixismo: durante boa parte da histria, o pensamento predominan te da humanidade foi o fixismo, isto , o de que a vida existente nunca evoluiu, pois, da mesma forma que foi criada, permanece fixa at os dias de hoje. 2. Evolucionismo: tambm conhecida por teoria transformista, surgiu no sculo XIX se baseia na evoluo, ou seja, o processo atravs no qual ocorrem as mudanas ou transformaes nos seres vivos ao longo do tempo, dando origem a espcies novas. 3. Evidncias da Evoluo: h um grande nmero de evidncias acumuladas que mostra que a evoluo realmente ocorreu e continua ocorrendo. Essas evidncias so: a anatomia comparada; a embriologia comparada e os registros fsseis. 3.1 Anatomia comparada: ao analisar as diferentes espcies, podemos observar que estas apresentam estruturas semelhantes ou membros com a mesma funo. A observao destes caracteres veio apoiar as idias evolucionistas, pois este fato demonstra uma origem comum de diferentes espcies. As principais evidncias da anatomia comparada que auxiliam no estudo da evoluo so: a homologia; a analogia e os rgos vestigiais. a) Homologia: por homologia entende-se semelhana entre estruturas de diferentes organismos, devida unicamente a uma mesma origem embriolgica. As estruturas homlogas podem exercer ou no a mesma funo. A homologia entre estruturas de 2 organismos diferentes sugere que eles se originaram de um grupo ancestral comum.Ex: O brao do homem, a pata do cavalo, a asa do morcego e a nadadeira da baleia so estruturas homlogas entre si, pois todas tm a mesma origem embriolgica. Nesses casos, no h similaridade funcional. b) Analogia: A analogia refere-se semelhana morfolgica entre estruturas, em funo de adaptao execuo da mesma funo. As estruturas anlogas no refletem por si s qualquer grau de parentesco. Elas fornecem indcios da adaptao de estruturas de diferentes organismos a uma mesma varivel ecolgica. Ex: As asas dos insetos e das aves so estruturas diferentes quanto origem embriolgica, mas ambas esto adaptadas execuo de uma mesma funo: o vo. So, portanto, estruturas anlogas.

c) rgos Vestigiais: rrgos vestigiais so aqueles que, em alguns organismos, encontram-se com tamanho reduzido e geralmente sem funo, mas em outros organismos so maiores e exercem funo definitiva. A importncia evolutiva desses rgos vestigiais a indicao de uma ancestralidade comum. 3.2. Embriologia Comparada: o estudo comparado da embriologia de diversos vertebrados mostra a grande semelhana de padro de desenvolvimento inicial. medida que o embrio se desenvolve, surgem caractersticas individualizantes e as semelhanas diminuem. Essa semelhana tambm foi verificada no desenvolvimento embrionrio de todos animais metazorios. Nesse caso, entretanto, quando mais diferentes so os organismos, menor o perodo embrionrio comum entre eles. 3.3 Bioqumica Comparada: sabemos que todos os organismos com estrutura celular possuem como material gentico o DNA e que os genes so trechos dessas molculas de DNA transcritos em molculas de RNA que podem ser traduzidos em protenas. Portanto, o DNA, o RNA e as protenas so molculas

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presentes em todos os seres vivos desde que eles surgiram na Terra. Modificaes nessas molculas foram fundamentais no processo da evoluo e permitiram a grande diversificao dos seres vivos. Assim, comparando as seqncias de bases nitrogenadas do DNA ou do RNA, ou comparando as protenas de diferentes espcies de seres vivos, podemos estabelecer o grau de proximidade entre essas espcies. Isso significa que podemos estabelecer o grau de parentesco evolutivo entre elas. Quanto maior for a semelhana nas seqncias das bases nitrogenadas dos cidos nuclicos, ou quanto maior a semelhana entre as protenas dessas espcies, maior ser a proximidade evolutiva entre elas.

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TEORIAS EVOLUTIVAS n Vrias teorias surgiram para explicar a evoluo, destacando-se, entre elas, as teorias de Lamarck e de Darwin. Atualmente, foi formulada a Teoria sinttica da evoluo, tambm denominada Neodarwinismo, que incorpora os conceitos modernos da gentica, s idias essenciais de Darwin sobre seleo natural. 4.1 Lamarckismo: Jean-Baptiste de Monet, cavaleiro de Lamarck considerado o verdadeiro fundador do evolucionismo. Lamarck foi quem primeiro sugeriu uma teoria de evoluo fundamentada, que explicava o modo de alterao das espcies. Assim, ao contrrio dos seus contemporneos, que se limitavam a defender as idias evolucionistas, Lamarck desenvolveu um estudo acerca do modo como funciona a evoluo. A teoria resultante de tal estudo chama-se Lamarckismo. Lamarck estabeleceu trs leis para explicar a evoluo: A lei da busca da perfeio, A lei do uso e do desuso; a lei da herana dos caracteres adquiridos. Lei da busca da perfeio: variaes do meio ambiente levam o indivduo a sentir necessidade de se adaptar. Lei do uso ou desuso: O uso de determinadas partes do corpo do organismo faz com que estas se desenvolvam, e o desuso faz com que se atrofiem. Lei da transmisso das caractersticas adquiridas: alteraes provocadas em determinadas caractersticas do organismo, pelo uso e desuso, so transmitidas aos descendentes. germinativas, no sendo, dessa forma, hereditrias.camento Finalmente o contnuo esti origem as girafas do pescoo deu ou desuso atuais. Portanto, pelo uso o das caractersticas e pela transmiss o. adquiridas houve a evolu

As girafas ancestrais provav elmente tinham pescoos curtos. Par a alcanar a folhagem das rvores de que se alimentavam. tinham que esti car o pescoo.

Pelo fato de esticarem sempre o pescoo para atingir a folhagem das rvores, o pescoo alongou-se. Essa caracteristica adquirida era transmitida aos seus descententes.

4.2 Darwinismo: Charles Darwin e Alfred Wallace desenvolveram uma teoria evolutiva que a base da moderna teoria sinttica: a teoria da seleo natural. Segundo Darwin e Wallace, os organismos mais bem adaptados ao meio tm maiores chances de sobrevivncia do que os menos adaptados, deixando um nmero maior de descendentes. Os organismos mais bem adaptados so, portanto, selecionados para aquele ambiente. Os princpios bsicos das idias de Darwin podem ser resumidos no seguinte modo: Cada populao tem tendncia a crescer exponencialmente se verificarem condies timas no ambiente. Isto leva a uma superproduo de descendentes. Como o ambiente no comporta todos os descendentes, ocorrer uma luta pela sobrevivncia entre os indivduos da populao sobrevivendo apenas alguns, os mais aptos. Qualquer populao caracterizada pela existncia de grande variabilidade entre os indivduos que a ela pertencem. Os indivduos que apresentam caractersticas que lhes conferem vantagem competitiva num determinado ambiente so mantidas por seleo, ocorrendo assim uma sobrevivncia e reproduo diferenciais. Os que no apresentam vantagem so eliminados ou apresentam menor nmero de descendentes. A sobrevivncia e reproduo diferenciais conduzem a uma gradual alterao nas caractersticas da populao.

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As girafas ancestrais provavelmente apresentavam pescoos de comprimentos variveis. As varia es eram hereditrias.

A competio e a seleo natural levaram sobrevivncia dos descendentes de pescoos longos, uma vez que estes conseguiro alimentar-se melhor do que as girafas de pescoo curto.

s de enas as girafa Finalmente, ap m s sobrevivera scoos longo pe , pela seleo etio. Portanto comp u a evoluo. natural ocorre

4.3 Neodarwinismo: Verso atual da teoria da evoluo de Darwin, que incorpora os conhecimentos atuais da Gentica, reconhecendo ainda a seleo natural como o principal fator da evoluo. No sculo XX, a teoria darwinista foi sendo adaptada a partir de descobertas da Gentica. Essa nova teoria, chamada de Sinttica ou neodarwinista, a base da moderna Biologia. A explicao sobe a hereditariedade das caractersticas dos indivduos deve-se a Gregor Mendel (1822-1884), em 1865, mas sua divulgao s ocorre no sculo XX. Darwin desconhecia as pesquisas de Mendel. A sntese das duas teorias foi feita nos anos 30 e 40. Os pontos importantes so: MUTAES (gnicas e cromossmicas) e RECOMBINAES GENTICAS causam as VARIAES entre indivduos sobre as quais age a SELEO NATURAL. Alm disso, existem fatores que atuam sobre a variabilidade gentica j estabelecida: seleo natural, migrao e oscilao gentica.

Mutaes

Seleo natural

Variabilidade

Adaptao

Recombinao gnica

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EVOLUOCONVERGNCIA ADAPTATIVA:

Convergncia e Irradiao adaptativa

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n Na irradiao, espcies de uma mesma origem diferenciam-se de acordo com os ambientes em que vivem adquirindo caractersticas bastante diversas. J na convergncia adaptativa, ou evoluo convergente, os organismos de origens diferentes, que vivem no mesmo ambiente h muito tempo, sendo submetidos a presses de seleo semelhantes, acabem por se parecer. Aqui, a semelhana no sinal de parentesco; ela resulta da ao da seleo natural sobre espcies de origens diferentes. evidente que os animais aquticos que tenham a forma de seu corpo adaptada natao sero selecionados favoravelmente, no importando quais sejam seus ancestrais. A forma do corpo das baleias e dos tubares, por exemplo, bastante semelhante; afinal, ambos, so animais adaptados natao. A baleia, no entanto, um mamfero homeotermo e respira por pulmes, sendo evolutivamente bastante distanciada dos tubares, que so peixes cartilaginosos, respirando por brnquias e so heterotermos. n Algumas plantas de deserto do grupo das cactceas e das euforbiceas, apesar de sua origem diversa, desenvolveram estruturas semelhantes: caules carnosos, tecido armazenador de gua e espinhos protetores. A morfologia de suas flores, contudo, um testemunho claro de suas diferentes origens. IRRADIAO ADAPTATIVA: n Uma populao ou uma espcie que vive em certa rea tende a dispersar-se, ocupando o maior nmero de hbitats possvel. Como as condies ambientais so diferentes em cada habitat, a seleo natural faz com que esses grupos, ao longo do tempo, se diferenciem bastante um do outro, j que cada um deles se adapta a um ambiente diferente. Dessa maneira, uma nica espcie pode dar origem a uma grande variedade de espcies, cada qual adaptada a certo conjunto de condies de vida. A essa diversificao de formas, originadas de uma espcie nica, chamamos irradiao adaptativa. n Vejamos um exemplo de irradiao adaptativa. Nas ilhas Galpagos, visitadas por Darwin durante sua viagem, existem 14 espcies de pequenos pssaros, os tentilhes. Todas essas espcies so muito parecidas e provavelmente evoluram de ancestrais comuns; porm, cada uma delas possu um tipo de bico bem diferenciado, adaptado a certo tipo de alimento.

n Acredita-se que o grupo fundador tenha um dia chegado a uma das ilhas maiores, onde sobreviveu por certo tempo. De uma forma ou de outra, alguns indivduos do grupo devem ter migrado para outras ilhas, nas quais ficaram isolados por um tempo suficiente para que ocorresse especiao. Os tentilhes no voam muito bem; talvez essa tenha sido a razo do isolamento na ilha e da conseqente especiao. Em uma nica ilha, existem hoje varias espcies de tentilhes, mas, por terem uma grande especializao alimentar, a competio entre elas reduzida.

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ESPECIAO (A FORMAO DE NOVAS ESPCIES) Origem das espcies n Em Biologia, as espcies so os tipos de organismos existentes. Ningum tem muita dvida, por exemplo, em dizer que gatos e cachorros so organismos de tipos diferentes, e que, portanto constituem duas espcies. O critrio que se usa, aqui, basicamente a aparncia do organismo, suas caractersticas fsicas. Em outras palavras, sua morfologia. Todo sistema de classificao de Lineu era baseado essencialmente na morfologia, e esse continuou durante muito tempo a ser critrio fundamental na classificao biolgica. Ainda hoje os caracteres morfolgicos so muito usados para caracterizar uma espcie. n A utilizao do critrio morfolgico, no entanto, pode apresentar algumas dificuldades. Por exemplo, existem diversos grupos de aves quase idnticas em termos morfolgicos e que, por esse critrio, seriam classificados como seres da mesma espcie. Esses grupos, porm, esses organismos nunca se acasalaram na natureza. Isso por que, na poca da reproduo, os machos executam uma dana nupcial, com uma serie de movimentos que incluem passos e batimentos das asas, que tm o efeito de convidar a fmea o acasalamento. Ocorre que os machos de espcies diferentes tm uma dana ligeiramente diferente. As fmeas, capazes de perceber as pequenas diferenas no padro dos movimentos rejeitam todos os machos estranhos, acasalando-se exclusivamente com machos de sua prpria espcie. Nesse exemplo, as duas espcies, embora muito semelhantes morfologicamente, esto isoladas por uma diferena de comportamento na hora da reproduo. n A espcie uma populao, ou um grupo de populaes, cujos componentes tm a capacidade de se cruzar na natureza, produzindo descendentes frteis. Esses componentes, no entanto, no so capazes de se cruzar com os de outra espcie. Em outros termos, pode-se dizer que espcie biolgica um grupo de indivduos entre os quais pode ocorrer, na natureza, um fluxo de genes. Um trabalhador brasileiro que more na cidade de So Paulo tem pouca probabilidade de se cruzar com uma camponesa de uma aldeia na China. Caso fossem colocados em contato, no entanto, poderiam ter descendentes frteis, o que os caracteriza como seres da mesma espcie. Contrariamente, homens e gorilas, mesmo que vivam na mesma regio, continuam sendo de espcies diferentes, pois possvel haver cruzamento entre eles. Especiao n O conceito de espcie baseado na capacidade de cruzamento importante em evoluo, por que nos permite compreender a forma como surgem essas espcies novas. n Imagine, por exemplo, que ao longo da evoluo de uma espcie aparecesse algum mecanismo que impedisse, de forma definitiva, um livre fluxo de genes entre duas populaes: isso seria o suficiente para que ocorresse o fenmeno de especiao, ou seja, o surgimento de novas espcies. Est claro que o conceito de espcie baseado na reproduo tem limitaes. Imagine, por exemplo, um organismo cuja reproduo seja normalmente assexuada, como as bactrias e alguns protistas. Nesses casos, o conceito de espcie ter de depender de outros critrios, como as caractersticas morfolgicas e bioqumicas. Os mecanismos de especiao n Suponhamos a existncia, numa determinada regio, de uma populao mais ou menos homognea. No decorrer do tempo, o ambiente muda, e a seleo natural ajusta a nova populao s novas situaes, escolhendo os gentipos mais adaptados. Essa populao se modifica no decorrer do tempo como um todo, de forma homognea, j que ocorre a livre troca de genes entre os indivduos. bem possvel que algumas espcies tenham evoludo dessa maneira, uniformemente, modificando-se ao longo dos anos at se transformar em especies novas. Em outra situao, a partir de uma espcie ancestral podem s vezes surgi duas novas espcies. n Uma populao original, bastante homognea em termos genticos (A), se divide em dois grupos, separados por uma barreira geogrfica qualquer, como uma montanha ou um rio (B). Suponha que essa barreira, num certo instante se torne intransponvel para os indivduos desses dois grupos, que ficam, assim, isolados geograficamente e impedidos de se cruzar. Durante muito tempo, os dois grupos so submetidos a diferentes presses de seleo natural, j que eles vivem em ambientes diversos; assim, os genes selecionados numa das populaes no o sero. Mais ainda os genes novos que surgem numa populao no so transmitidos para a outra, j que as populaes no se encontram. Com o decorrer dos anos, a composio gnica desses dois grupos torna-se cada vez mais diferenciada, e os indivduos divergem do ponto de vista morfolgico, cada vez mais. Essas duas populaes passam a constituir o que chamamos de raas geogrficas (C) e, quando se diferenciam ainda mais, formam as subespcies. Se colocadas em contato, no entanto, o cruzamento entre indivduos de raas diferentes ainda ser possvel. n Imagine, porm, uma situao em que as subespcies tenham ficado isoladas geograficamente por um perodo muito longo, e sua diferenciao tenha se tornado to grande que os indivduos so agora incapazes de se cruzar, caso se encontrem. O que se estabeleceu foi o que chamamos de isolamento reprodutivo; trata-se agora de duas espcies diferentes (D), que a partir desse momento evoluiro separadamente. n Cada uma das espcies recm-formadas, por sua vez, pode sofrer um ciclo semelhante, fragmentar-se em raas geogrficas, subespcies, e finalmente originar espcies novas.Populao A Isolamento geogrfico, mutaes, recombinaes gnicas e seleo natural diferenciais Populao B Raa ou subespcie A Isolamento geogrfico, mutaes, recombinaes gnicas e seleo natural diferenciais Raa ou subespcie B

Populao ancestral

Espcie A Isolamento reprodutivo Eespcie B

Fruto de rabanete, de couve, de seus hbridos diplide e tetraplide e suas dotaes cromossmicas

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Introduo

GENTICACONCEITOS IMPORTANTES DE GENTICA

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Fentipo = gentipo + meio ambiente Obs: NORMA ou AMPLITUDE DE REAO: o conjunto dos diferentes fentipos que podem ser originados pela interao acima. n Fenocpia: a ocorrncia de indivduos com mesmo fentipo, porm com gentipos diferentes, sendo uma caracterstica no-hereditria. Ex.: tingimento dos cabelos, uso de culos ou lentes de contato, silicone, diabticos que utilizam insulina. n Genes alelos: so genes, iguais ou diferentes, que determinam um mesmo carter e esto localizados em loci correspondentes de cromossomos homlogos. n Cromossomos homlogos: so aqueles que formam pares, possuem a mesma forma, o mesmo tamanho e genes que determinam o mesmo carter. n Gene dominante: aquele que manifesta o seu carter mesmo estando em dose simples. Geralmente representado por letras maisculas. Ex.: A dominante sobre a. n Gene recessivo: aquele que geralmente se manifesta apenas quando em dose dupla. representado, geralmente, por letras minsculas. Ex.: a recessivo em relao a A. n Homozigoto: aquele indivduo que apresenta genes alelos iguais para uma dada caracterstica. Ex.: AA, BB, aa, bb. n Heterozigoto: aquele indivduo que apresenta genes alelos diferentes para uma dada caracterstica. Ex.: Aa, Bb. n Carter biolgico: todo e qualquer aspecto morfolgico, fisiolgico ou comportamental de um indivduo. Podem ser de trs tipos: n Hereditrio: envolve a participao de genes. Ex.: cor da pele, polidactilia, albinismo, idiotia, etc. OBS.: MUTAO: toda e qualquer alterao ocorrida em uma molcula de DNA, sendo hereditria apenas quando atinge as clulas sexuais (gametas). n Fentipo: uma caracterstica observvel ou detectvel, resultante da interao do gentipo com o meio ambiente. Ex.: olhos azuis, cabelos castanhos, grupo AB, daltonismo, etc. n Adquirido: no tem participao gentica. Ex.: amputao de um membro, cicatriz, fenocpias, etc. n Congnito: uma forma de carter adquirido, manifestado durante o perodo de vida intra-uterina. Ex.: SIDA, sfilis, DHRN

n Gentica: a parte da biologia que estuda os mecanismos da transmisso hereditria e as modificaes que ocorrem nos seres vivos. n Gen ou gene: um segmento da molcula de DNA encontrado nos cromossomos, sendo responsvel pela transmisso das caractersticas hereditrias. n Cromossomos: estrutura encontrada no ncleo celular, sendo formada por uma seqncia linear de genes. Cromossomos autossomos: so aqueles que so idnticos nos dois sexos e determinam caractersticas comuns em homens e mulheres Ex.: Cor da pele, polidactilia, etc. Cromossomos alossomos ou heterossomos ou sexuais: so aqueles que diferem nos dois sexos, sendo responsveis por caractersticas que se distribuem diferencialmente no homem e na mulher Ex.: Daltonismo, hemofilia, hipertricose auricular). Gentipo: o patrimnio gentico de um indivduo. o conjunto de genes de um indivduo.

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O CROMOSSOMO n Os cromossomos so estruturas semelhantes a fios contidas no ncleo ou centro de controle da clula. n Quando a clula est para se dividir, eles se tornam mais curtos e espessos, e pode-se ver que so constitudos por dois cordes paralelos, chamados cromtides. n Ao longo do comprimento de cada cromossomo h uma srie de estruturas qumicas chamadas de genes, que so as unidades bsicas da herana.

n Genoma (n): o conjunto de genes de uma clula haplide. Ex.: Clula haplide (n) = 1 genoma Clula diplide (2n) = 2 genomas n Clula haploide (n): aquela que apresenta a metade do nmero cromossmico tpico de uma espcie. Ex.: gametas, clulas do corpo de um zango. n Clula diploide (2n): aquela que apresenta o total do nmero cromossmico tpico de uma espcie. Ex.: clulas somticas (so as que formam o corpo de um indivduo). n Retrocruzamento (ou, do ingls, back-cross): cruzamento realizado entre um indivduo hbrido de F1 com um parental. Ex.: Vv x VV ou vv. n Cruzamento-teste (ou, do ingls, test-cross): cruzamento realizado entre um indivduo hbrido de F1 de gentipo desconhecido (homozigoto ou heterozigoto?), com o parental recessivo. Ex.: V___ x vv

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GenticaPROBABILIDADE

LEIS DE MENDELn Em Gentica, muitas vezes necessrio estimar matematicamente quantas vezes determinado carter tem a possibilidade de aparecer. A probabilidade (P) de um evento acontecer dada pela relao entre o nmero de eventos desejados e o nmero de eventos possveis. Probabilidade (P) = Nmero de eventos desejados (n) Nmero de eventos possveis (N) Ex: Qual a probabilidade de no lanamento de um dado cair voltada para cima a face 3? Resoluo: O nmero de faces existentes em um dado 6; dessas 6 faces apenas uma exibe a face 3. Logo: P = 1/6 1.1 Eventos mutuamente exclusivos ou regra do ou: Eventos mutuamente exclusivos so aqueles em que a ocorrncia de um impede a ocorrncia do outro. Nesses casos, quando se deseja determinar a probabilidade de ocorrncia de tais eventos, promove-se a soma dos acontecimentos isolados. Ex: No lanando de um dado, qual a probabilidade de se obter a face 1 ou a face 6?

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Resoluo: Vimos que a probabilidade de se obter a face 1 dada pelo quociente da diviso do nmero de faces 1 que o dado possui pelo nmero total de faces existentes (6). Logo: P (face 1)= 1/6. Da mesma maneira, a probabilidade de se obter a face 6 ser igual a 1/6. Como a ocorrncia de uma ou outra face (face 1 ou 6) satisfaz o problema, somam-se as probabilidades isoladas. Assim: P= 1/6+1/6 = 2/6 = 1/3 1.2 Eventos Independentes ou regra do E: A probabilidade da ocorrncia simultnea de dois ou mais eventos independentes ou no-exclusivos igual ao produto das probabilidades isoladas desses eventos. Eventos independentes so aqueles em que a ocorrncia de um no impede a ocorrncia do outro. Ex. Qual a de no Lanamento simultneo de um dado e uma moeda, qual a probabilidade de sair cara e a face 5? Resoluo: Observe que se trata de eventos independentes, uma vez que a ocorrncia de cara na moeda no impede que surja a face 5 no dado. Como a moeda tem duas faces (cara e coroa), a probabilidade de sair cara de 1/2; por outro lado, a probabilidade de sair a face 5 no dado de 1/6. Aplicando-se a regra da multiplicao dos eventos isolados, temos: P = x 1/6 = 1/12

1 LEI DE MENDEL n As leis bsicas da heredi tariedade comearam a ser desvendadas pelo monge agostiniano Gregor Mendel (1822-1884), em um mosteiro da cidade de Brnn, na ustria (hoje Brno, na Repblica Tcheca). O relatrio de suas pesquisas foi publicado em 1866, mas no recebeu a ateno que merecia. A teoria mendeliana foi redescoberta em 1900 por trs botnicos, o holands Hugo de Vries, o alemo Karl Correns e o austra co Erich Von Tschermak, que trabalharam independentemente, marcando o incio da moderna Gentica.

ExPERIMENTOS DE MENDEL n O sucesso nos experimentos de Mendel deve-se principalmente ao material utilizado na pesquisa e a interpretao estatstica dos resultados. a) Material: Mendel usou em seus experimentos a ervilha-de-cheiro (Pisum sativum) e analisou cuidadosamente os descendentes de cada cruzamento. A ervilhas-de-cheiro, utilizadas por Mendel em seus trabalhos, apresentam vrias caractersticas que favorecem a pesquisa gentica. Entre essas caractersticas, podemos considerar: de fcil cultivo e se reproduz de maneira relativamente rpida, o que permite a anlise de vrias geraes em tempo comparativamente pequeno. Apresentava cer tas caractersticas (7 foram analisadas por Mendel) com variedades bem definidas, sem formas intermedirias. Mendel considerou sete dentre essas caractersticas, sendo que cada uma delas apresentava duas variedades distintas. Possui flores hermafroditas, o que facilita a ocorrncia de autofecundao e, portanto, o desenvolvimento de linhagens puras. b) Mtodo Experimental: Mendel cruzava plantas que pertenciam a linhagens que ele chamava de puras. Essas linhagens eram aquelas que produziam descendentes com caractersticas que no variavam de uma gerao para outra. Mendel cruzou plantas puras de ervilha que produziam sementes lisas com plantas puras que produziam sementes rugosas. Essas plantas, que deram incio experimentao, constituram a gerao de pais ou gerao parental (gerao P). Os descendentes dessa gerao P constituram a primeira gerao de filhos (gerao F1). Mendel observou que na gerao F1 desse cruzamento todos os indivduos produziram sementes lisas, ou seja, a variedade rugosa no apareceu. A seguir, Mendel deixou ocorrer a autofecundao das plantas de F1 e constatou que a 2 gerao de filhos ou F2 era formada por cerca de 75% das sementes lisas e 25% de rugosas, o que d uma proporo de 3 sementes lisas para 1 rugosa.

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c) Concluso: Mendel explicou os resultados, formulando algumas hipteses: Cada caracterstica determinada por um par de fatores hereditrios (genes), sendo que, nas linhagens puras os fatores so iguais. No caso, semente lisa (LL) e semente rugosa (RR) da gerao parental. Esses fatores se separam na formao dos gametas, encontrando-se ao acaso no momento da fecundao Mendel chamou de variedade dominante aquela que se manifestava na gerao F1 e de recessiva aquela que permanecia escondida em F1, s reaparecendo na gerao F2 e com menos freqncia. Na gerao F2 sempre ocorre a proporo de trs indivduos com a caracterstica dominante para cada indivduo com caracterstica recessiva (proporo 3:1).

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ENUNCIADO DA 1 LEI DE MENDEL n Tambm chamada de Lei da pureza dos gametas ou Princpio da segregao dos fatores, a 1 lei de Mendel afirma que As clulas somticas contm fatores aos pares, especficos para um determinado carter; esses pares de fatores separam-se durante a formao dos gametas, de maneira que cada um dos gametas contm apenas um fator de cada par. Obs. Como na 1 lei de Mendel analisado apenas um carter por vez, ela tambm pode ser denominada Monoibridismo.

TEORIA CROMOSSMICA DA HERANA n Proposta por Thomas Morgan e colaboradores, afirma que os genes para uma mesma caracterstica esto localizados nos mesmos loci nos cromossomos homlogos.

MEIOSE x 1 LEI DE MENDEL:

n Na meiose, os cromossomos homlogos separam-se, um para cada gameta. Com isso, os genes alelos tambm separam-se. Quando os genes alelos so iguais (AA ou aa), os gametas tambm sero iguais para aquela caracterstica. Quando os genes alelos so diferentes (Aa), os gametas podem ser de dois tipos: A e a, para aquela caracterstica. Assim, indivduos homozigotos produzem gametas iguais e indivduos heterozigotos produzem gametas diferentes. Nos cruzamentos, os gametas masculinos e femininos unem-se e os genes alelos tornam a se encontrar, formando os pares de alelos. Portanto, a separao dos genes alelos na formao de clulas reprodutoras (postulada pela primeira lei), ocorre porque acontece a separao dos cromossomos homlogos durante a meiose

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QUADRADO DE PUNNETT: n Para facilitar a verificao dos gentipos dos descendentes e as suas propores, o cientista norte-americano R. C. Punnett idealizou um diagrama. No quadrado de Punnett, os gametas de um genitor so distribudos nas linhas e os do outro so colocados nas colunas. A combinao de linhas e colunas d a proporo entre gentipos dos possveis descendentes.

GENEALOGIAS: n Tambm denominadas rvores genealgicas, Heredogramas ou Pedigrees, as genealogias so os mtodos mais usado para o estudo do tipo de herana de um carter hereditrio em uma determinada famlia. a) Simbologia: As genealogias apresentam uma srie de smbolos, os indivduos de uma famlia. Os smbolos indicam o grau de parentesco, o sexo, a gerao, a ordem de nascimento, a presena de um carter afetado por determinada anomalia, etc.

b) Interpretao: A interpretao de um heredograma efetuada em etapas: Inicialmente, devemos observar se a caracterstica aparece tanto nos indivduos masculinos quanto nos femininos (herana autossmica e no herana sexual). Se aparecer mais num tipo, pode se tratar de herana situada em cromossomos sexuais, conseqentemente os clculos sero diferentes. Posteriormente devemos fazer a determinao da dominncia ou recessividade entre os alelos. Para concluir se um fentipo condicionado por um alelo dominante ou recessivo, devem-se pesquisar, no heredograma, casais em que ambos os indivduos so fenotipicamente iguais e tm descendente com fentipo diferente do seu. O filho com fentipo diferente dos pais ter fentipo e recessivo e os pais fentipos dominantes e heterozigotos. Mais tarde, faz-se a localizao dos homozigotos recessivos. Uma vez determinados o alelo dominante e o recessivo, localizam-se os homozigotos recessivos: apenas eles (e todos eles!) manifestam o fentipo recessivo. Por ltimo faz-se a determinao dos demais gentipos. Podem-se determinar os gentipos, se no de todos, pelo menos de uma parte dos indivduos, considerando-se que um homozigoto recessivo recebe um alelo recessivo de cada um dos pais e que transmite o alelo recessivo para todos os seus descendentes.

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TAxONOMIA A classificao dos seres vivosOS SETE GRUPOS BSICOS DE CLASSIFICAO n Em 1735, o botnico e mdico sueco Carl Von Linn (1707 - 1778; Lineu em portugus) estabeleceu a espcie como unidade bsica de classificao,reunindo os seres vivos em cinco grupos taxonmicos: reino, classe, ordem, gnero e espcie - e props uma hierarquia de semelhana entre eles. Depois, outros pesquisadores acrescentaram dois grupos: filo (para animais) ou diviso (para vegetais e fungos) e famlia. n Espcies muito parecidas podem ser reunidas no grupo gnero; neste o grau de semelhana menor que na espcie. Gneros afins formam famlias e estas compem ordens, que se renem em classes. Os filos ou as divises so compostos por classes semelhantes. Os diversos filos ou divises so reunidos em reinos. n Lineu props tambm o uso de palavras latinas para denominar os organismos, unificando mundialmente a linguageme Lineu, notar qu Convm os natumaioria d , aceicomo a oca e sua p , ralistas d ista, isto a fix va a teori cies ta esp a que as de de acreditav m. A ida ra no evolu seria disomente evoluo no sculo e aceita vulgada m anos a de ce o de XIX, cerc o trabalh ois, com ralista dep rwin (natu harles Da C ). 09 - 1882 ingls 18

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cientifica e evitando confuses geradas pela existncia de nomes populares diferentes para a mesma espcie. Estabeleceu ainda a nomenclatura binominal (ou binomial) para a espcie, ou seja, o nome de uma espcie formado sempre por duas palavras, a primeira indica o gnero e a segunda, o termo ou epteto especfico (o epteto, palavra que qualifica algo, costuma ser um adjetivo, como sapiens, que quer dizer sbio, ou um nome de pessoas latinizado). Por exemplo, o leo e a ona pintada so classificados no gnero Panthera, mas o leo pertence espcie Panthera leo e a ona, espcie Panthera onca.

Por causa da complexidade de certos grupos, foi necessrio estabelecer grupos intermedirios: sub e supergneros, sub e superfamlias, sub e supeordens, etc.

medida que se afasta da espcie em direo ao reino, o grau de semelhana menor e, portanto menor o grau de parentesco entre os organismos de cada grupo.

REGRAS INTERNACIONAIS DE NOMENCLATURA uma subespcie (populaes da mesma espcie geograficamente isoladas, que podem, no futuro, formar novas espcies) trinominal (trinomial): Ex. Crotalus terrificus terrificus (cascavel brasileira), Crotatus terrificus durissus (cascavel da Venezuela, Colmbia e Amrica Central). 5- A designao do subgnero aparece entre o gnero e o termo especfico, entre parnteses, com inicial maiscula: Aedes(Stegomya) aegypti (mosquito que transmite os agentes causadores da febre amarela e da dengue). 6- O nome das famlias dos animais recebe o sufixo idae e o da subfamlia, inae: Felidae, Felinae, etc. nas plantas, utiliza-se, em geral, a terminao aceae para a famlia (Rosaceae, famlia da roseira e da macieira) e ales para a ordem (Coniferales, ordem do pinheiro, da sequia, etc.) n Se o autor da descrio de uma espcie for mencionado, seu nome (por extenso ou abreviado) deve aparecer em seguida ao termo especfico sem pontuao; a data em que ele descreveu essa espcie vem aps seu nome, precedida de uma virgula ou entre parnteses: Trypanosoma cruzi Chagas, 1909 (protozorio que provoca a doena de Chagas).

n Para que a classificao fosse uniforme, foi convencionada uma srie de regras que devem ser seguidas por todos os cientistas; vejamos algumas: 1- Todos os nomes cientficos devem ser escritos em latim; se derivarem de outra lngua, devero ser latinizados. 2- Os termos que indicam gnero at reino devem ter inicial maiscula; o gnero sublinhado ou escrito em itlico. 3- a espcie binominal, escrito em itlico ou sublinhado: Homo sapiens (ser humano), Felis domesticus (gato domstico), Musca domestica (mosca). O primeiro termo indica o gnero e o segundo, o termo especfico, escrito com inicial minscula (se representar uma homenagem a algum importante do pas onde foi descrita a espcie, aceita-se o uso da inicial maiscula). 4- A nomenclatura de

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n Quando uma espcie transferida de um gnero para outro ou muda-se o gnero, o nome do autor da primeira classificao colocado entre parnteses. Em 1758, Lineu classificou uma espcie de formiga como Formica sexdens; em 1804, o cientista dinamarqus Johan Christian Fabricius (1743-1808) transferiu-a para o gnero Atta. Podemos, ento, escrever: Atta sexdens (Linnaeus, 1758) Fabricius, 1804. n Tm prioridade os nomes apresentados em primeiro lugar de 1758 (data da dcima edio do livro de Lineu, na qual ele apresentou uma reviso de suas regras) para c se os autores os publicarem em revistas cientficas seguindo todas as regras; necessrio tambm que na publicao conste uma descrio do animal. Assim, se um pesquisador, por acidente, descrever um animal j classificado, prevalecer o nome inicial. Essa regra conhecida como lei da prioridade.

ExEMPLO DE CLASSIFICAO n Todas as raas de gatos domsticos so capazes de cruzar entre si e produzir descendentes frteis. Por isso pertencem a espcie Felis domesticus, que faz parte do mesmo gnero do gato selvagem (Felis silvestris). O gnero Phantera (leo, ona tigre) e outros semelhantes compe a famlia Felidae. Esta apresenta uma srie de semelhanas com as famlias Canidae (co, lobo), Ursidae (urso), Hyaenidae (hiena), Mustelidae (quati), Viverridae (mangusto) e outras, formando a ordem Carnvora. n Com as ordens Primates (ser humano, macaco), Edentata (tatu, tamandu), Rodentia (rato), Chiroptera (morcego) e outras, a ordem Carnivora forma a classe Mammalia que, com as classes Aves, Reptilia, Amphibia, de peixes e outras, forma o filo Chordata. Este e os outros filos de animais compem o reino Animalia.

CRUZAMENTOS ENTRE ESPCIES DIFERENTESCIE O DE ESP CONCEIT O s semeindivduo Grupo de e cruzar apazes d scenlhantes c de produzir ientre si e em cond rteis, o reentes f d nd rais, esta es natu nte isolados de me espprodutiva de outras divduos in cies.

n lees(Panthera leo) e tigres (Panthera tigris); Leo macho e fmea de tigre = Liger (hbrido) n Cruzamento entre uma gua (Equus caballus) e um jumento (Equus asinus); Hbridos: Mula ou burro n Um zebroide um cruzamento entre uma zebra (Equus boehmi) e um outro animal do gnero Equus. n O cruzamento entre o cavalo e a jumenta tambm possivel, porm gera um animal de menor porte e imperfeices na cabea, provavelmente por falta de espao no tero materno, esse animal denominado Bardoto.

Liger

CANO DA CLASSIFICAO Lineu definiu num distante passado que a espcie que eu estudei formava um binmio. um tempo atrs, pensou em nos dizer: Que olhando a estrutura, os seres agrupou. Classificou sua maneira; sublinha a tempo a espcie inteira. Latinizarei para que eu possa sim unificar os nomes, os termos. Espcie quem viu gnero tem mais traos famlias eu no agrupei de modo errneo. Das ordens se faz a classe pra dizer: que filos quando se agrupam, um reino se formouMsica original:........Cap. Inicial, a sua maneira Autor: Prof. Rinaldo Barral

Bardoto

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VRUS

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Uma partcula basicamente proticaOS SETE GRUPOS BSICOS DE CLASSIFICAO n O Vrus uma partcula basicamente protica que pode infectar organismos vivos. Vrus so parasitas obrigatrios do interior celular e isso significa que eles somente se reproduzem pela invaso e possesso do controle da maquinaria de auto-reproduo celular. O termo vrus geralmente refere-se s partculas que infectam eucariontes (organismos cujas clulas tm carioteca), enquanto o termo bacterifago ou fago utilizado para descrever aqueles que infectam procariontes (domnios bactria e archaea).Hoje sabemos que algumas formas de cncer aguns tipos de leucemia, por exemplo podem ser causadas por vrus. n Como desprovido de estrutura celular, o vrus no nem procarionte nem eucarionte, vindo da a dificuldade em classific-lo.

parasis. Como s bactria ea nismos, nores qu dos orga A: vezes me as nos mais varia trutur formados Es cem o dez ou doen vrus so , em s vrus s m causar e no homem. Os O de e contm lulas, po u mero) qu clusiv tas das c o DNA o a (caps forem, in ino proten de ser de que re , que po os os psula de o d seja ma c o nuclic us, pois to nte por u la de cid as dos vr basicame a molcu s exclusiv os. or, um cterstica presos s nuclic seu interi a das cara glicdios ois cido Esta um tm sempre os d lipdios e m RNA. m tamb res vivos apresenta outros se mplexos mais co Os vrus ula. cps

REPRODUO

n O vrus no pussui as enzimas encarregadas da duplicao do cido nuclico nem o equipamento necessrio para a sntese de novas cpsulas. Por isso, um parasita intracelular obrigatrio, ou seja, ele s pode multiplicar-se no interior de uma clula viva. Um dos vrus mais estudados o bacterifago ou fago, que ataca bactrias, reproduzindo-se em seu interior. importante observar que, para a sua reproduo, o vrus utiliza todo o equipamento metablico da bactria. n A diferena est nas ordens recebidas por tal equipamento que so dadas pelo DNA do vrus e no pelo da bactria.Cada clula bacteriana infectada pode liberar centenas de novos vrus, que podem atacar outras clulas, recomeando o ciclo. Assim, o vrus do resfriado invade apenas as clulas das mucosas das vias respiratrias superiores (nariz, faringe etc), onde se multiplica. n O DNAdo vrus s comanda o metabolismo bacteriano se inibir o DNA da bactria. Mas isso nem sempre acontece. Muitas vezes, o DNA do vrus simplesmente se liga ao DNA da bactria, reproduzindo-se

e s tipos d ue algun e hoje q omegalo o cit Sabe-s A como iam DN inic vrus de patite B us da he inda us e o vr quanto a a vr NA en o que se de R a snte , de mod formando ois tipos esto se tm os d iral con v partcula nuclicos e cidos d

com ele a cada diviso da clula bacteriana, que mantm o seu metabolismo normal. O vrus que se encontra assim, inativo, chamado pr-fago e no destri a bactria. Esse ciclo chamado ciclo lisognico n A qualquer momento, porm, o pr-fago pode transformar-se num fago virulento e causar a destruio da clula, caracterizando um ciclo ltico. Essa mudana, chamada induo, pode ser produzida por raios ultravioleta e substncias qumicas que causem mutaes, ou ento atravs de uma conjugao na qual o pr-fago passe para o citoplasma de uma outra bactria e nela consiga inibir o DNA.

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AS DEFESAS CONTRA OS VRUS n Os antibiticos no tm efeito contra o vrus, mas nosso organismo possui defesas naturais, representadas pelos anticorpos e pelo interferon, uma protena que protege o corpo especificamente contra o vrus. n A produo de anticorpos confere proteo ao organismo por tempo varivel, at mesmo por toda a vida, o que explica por que certas doenas virulentas so de difcil reincidncia. Os repetidos ataques de gripe e resfriado so explicados pelo fato de que tais vrus se encontram espalhados de forma ampla pelo mundo. Como eles sofrem mutaes periodicamente, existe sempre um novo tipo de vrus contra o qual a populao ainda no est imunizada. n Entre as def