Apostila Completa
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1 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
Cirurgias Neurológicas
CRANIOTOMIA
A craniotomia é uma abertura cirúrgica do crânio, com o objetivo de se
obter acesso às meninges ou à massa encefálica. Após uma série de
trepanações, utiliza-se uma serra de Gigli para que o osso entre os furos
seja serrado, e então a área óssea delimitada pelas trepanações é retirada,
dando acesso imediato à dura-máter.
O tamanho e localização das craniotomias variam de acordo com o objetivo e estrutura a ser
abordada. As craniotomias de pacientes vítimas de traumas crânio-encefálico, por exemplo, variam com
o tamanho do hematoma a ser drenado e a necessidade de descompressão do tecido cerebral - variam de
trepanações únicas para hematomas localizados até as ditas craniotomias descompressivas para
tumefações cerebrais difusas.
Razões para o procedimento
A craniotomia pode ser realizada para uma variedade de razões, incluindo, mas não limitado a:
Diagnóstico, remoção ou tratamento de tumores
cerebrais
Clipping ou reparação de um aneurisma
Remoção de coágulos de sangue
Remoção de uma malformação arteriovenosa (MAV)
Drenagem de um abscesso cerebral
Reparação de fraturas no crânio
Diminuição da pressão intracraniana
Implantação de dispositivos de estimulador para tratar
distúrbios do movimento, como a doença de Parkinson
ou distonia.
ANEURISMA CEREBRAL
Um aneurisma cerebral é doença na qual um segmento de vaso sanguíneo, quase sempre de uma
artéria do Polígono de Willis, encontra-se anormalmente dilatado no encéfalo. A dilatação é causada em
geral por uma falha muscular da parede de uma artéria ou muito mais
raramente de uma veia do cérebro. O tamanho de um aneurisma
cerebral é variável. Pode ser pequeno de poucos milímetros até 1 cm,
tamanho médio de até 2 cm e maiores (grandes ou gigantes) atingindo
vários centímetros no seu maior diâmetro. Há diversos formatos,
geralmente saculares, mas podem ser irregulares ou fusiformes.

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O aneurisma cerebral é considerado muito perigoso, pois, ao romper-se dentro da cabeça, no interior
do crânio, pela estrutura inelástica, produz lesão ao encéfalo e um aumento da pressão intracraniana, o
que faz com que as estruturas do cérebro responsáveis ela vitalidade sejam comprimidas, ocasionando
a morte por parada respiratória.
Causas
Os aneurismas cerebrais podem resultar de um ou mais defeitos musculares
segmentares congênitos de determinado segmento arterial em uma de suas bifurcações, condições pré-
existentes relativas facilitadoras como pressão sanguínea alta e aterosclerose (o desenvolvimento de
depósitos gordurosos nas artérias) ou trauma físico na cabeça. Os aneurismas cerebrais ocorrem muito
mais comumente em adultos do que em crianças (muito raro), mas podem ocorrer em qualquer idade,
sendo seu pico de maior incidência entre os 40 e 50 anos de idade. São um pouco mais comuns em
mulheres do que em homens.
Localizações
A localização mais comum dos aneurismas cerebrais é nas artérias da base do cérebro,
conhecidas como Polígono de Willis. Aproximadamente 85% dos aneurismas cerebrais se desenvolvem
na porção anterior do círculo de Willis, envolvendo as artérias carótidas internas e seus ramos maiores
que vascularizam as porções anterior e média do cérebro. Os locais mais comuns incluem a artéria
comunicante anterior (30-35%, geralmente em homens; a bifurcação da carótida interna e artéria
comunicante posterior (30-35%) geralmente em mulheres; a bifurcação da artéria cerebral média (20%),
a bifurcação da artéria basilar e as outras artérias que fazem a circulação posterior (5%). Em 20% dos
casos o paciente apresenta mais de um aneurisma.
Sintomas
Um aneurisma não roto não produz sintomas em geral. Ao aumentar, raramente o indivíduo pode
ter sintomas como dor de cabeça.
A ruptura do aneurisma em geral provoca desmaio, a "maior dor de cabeça da vida" e vômitos
pelo sangramento em torno do cérebro, podendo causar morte. Esta situação é um dos tipos de
AVC hemorrágico, conhecido como hemorragia meníngea ou subaracnoidea. Causa rigidez de nuca em
mais da metade dos casos, semelhante à meningite infecciosa.
A morte pode ocorrer se houver o comprometimento de áreas vitais como as de controle
da respiração ou da pressão arterial.

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Tratamento de urgência
O tratamento deve ser rápido e é cirúrgico, sendo complicada devido às dificuldades no acesso
ao local sem lesar mais o cérebro, e como manter íntegra a circulação sanguínea da parte antes irrigada
por esta artéria. Dependendo do local deste aneurisma no cérebro, a cirurgia pode ser mais ou menos
arriscada. É tratada pelo neurocirurgião.
Existem duas formas básicas de tratamento: por microcirurgia e por via endovascular. Quando o
aneurisma é descoberto, antes de ocorrer rupturas, uma cirurgia chamada microcoil thrombosis pode ser
realizada. O processo do balão de embolização só é recomendado em pacientes em que cirurgia pode ser
muito arriscada.
Escala
Durante um quadro de ruptura de aneurisma, os sintomas permitem alguma previsibilidade de
evolução.
1º Grau: Dor de cabeça leve e leve sensibilidade à luz. Chance de Sobrevivência 80%
2º Grau: Forte dor de cabeça, forte sensibilidade a luz, pequena preguiça. Chance de Sobrevivência 60%
3º Grau: Forte dor de cabeça, forte sensibilidade à luz, preguiça forte. Chance de Sobrevivência 50%
4º Grau: Começo de estado vegetal. Chance de Sobrevivência 20%
5º Grau: Coma Profundo, moribundo. Chance de Sobrevivência 10%
Tratamento Microcirúrgico
É realizada uma craniotomia tradicional para acesso ao Polígono Arterial de Willis, em geral na
região anterolateral da cabeça, chamada craniotomia pterional, a depender da localização do aneurisma.
No aneurisma são usados clipes para a oclusão do aneurisma cerebral, que proporcionam a sua cura
isolando permanentemente a luz do aneurisma do seu vaso nascente, com o fim de evitar que o
aneurisma rompa ou que surja um resangramento.
Após a abertura do crânio que foi estabelecida a partir da década de 1970, é iniciada a fase da
microcirurgia onde o médico consegue uma ampliação visual surpreendente das estruturas neurais e
vasculares.
Através da dissecção microcirúrgica das cisternas da base do crânio, a parte da circulação
afetada onde se situa o aneurisma fica à mão do cirurgião que tem a possibilidade de manipular o vaso
"mãe" do aneurisma com versatilidade. No caso eventual da necessidade da manipulação das estruturas
circunvizinhas do aneurisma o cirurgião tem a possibilidade de ocluir o colo do aneurisma com
segurança maior no caso de complicações, como a eventual rotura durante a cirurgia.
Para tanto são usados clipes metálicos para a oclusão. São clipes fabricados
em titânio e cobalto que servem para ocluir os aneurismas cerebrais.

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Para a abertura e colocação dos mesmos são necessários aplicadores/pinças. Os clipes
permanentes permanecem toda a vida implantados no paciente, enquanto os temporários (transitórios)
visam auxiliar evitar rotura do aneurisma no procedimento microcirúrgico, devendo ser retirados após
alguns minutos.
Existem diversos modelos e tamanhos, todos em acordo com posicionamento e localização
do aneurisma no paciente.
Tratamento Intra-arterial
É colocada uma mola de platina numa artéria da virilha; levada até o cérebro, essa mola tende a
ocupar a luz do aneurisma com intenção de distorcer o fluxo de sangue na mesma. Mais nova e menos
desconfortável para o paciente, essa técnica é usada em cerca de 40% das intervenções para oclusão de
aneurismas atualmente. E por ser método mais recente, não existem estudos científicos controlados de
seguimento de longo prazo em grandes contigentes de pacientes. Na França, onde há menor tradição
cirúrgica do que nos grandes centros médicos em neurocirurgia vascular intracraniana clássica, o
número de pacientes tratados por este método chega em alguns centros médicos locais em até 90% dos
casos. Na Alemanha, nos Estados Unidos, no Japão e mesmo no Brasil, que onde a neurocirurgia nos
grandes centros médicos tem expressivo histórico de atuação e larga experiência, o método intraarterial
divide o palco com o tratamento cirúrgico tradicional. Assim, o método cirúrgico tradicional nunca será
abandonado por completo. O médico neurocirurgião é quem deve sempre avaliar qual o melhor
tratamento dependendo da situação do paciente, condições clínicas, estrutura de atendimento hospitalar
disponível, tipo e localização do aneurisma. Vários fatores influenciam esta delicada decisão
terapêutica, inclusive a experiência profissional do médico assistente do caso.
A embolização é um procedimento que acessa a área de tratamento naturalmente, por dentro dos
vasos sanguíneos. Entretanto é um procedimento tão arriscado quanto à cirurgia tradicional. Deve estar
disponível imediatamente UTI e centro cirúrgico prontos com equipe de neurocirurgia disponível por
segurança para o caso de rutura do aneurisma durante a embolização. Em contraste com a cirurgia, a
embolização não necessita de cirurgia aberta caso não ocorra complicações desta natureza.
Em vez disso, os médicos, preferencialmente neurorradiologistas experientes em intervenções
por angiografia encefálica, usam a tecnologia de raios-X em tempo real, chamada visualização
fluoroscópica (radioscopia), para visualizar o interior dos vasos sanguíneos. As características externas
do aneurisma apenas podem ser visibilizadas pela cirurgia aberta.
O tratamento por embolização dos aneurismas cerebrais começa com a inserção de um cateter
(pequeno tubo plástico) na raiz da coxa, na artéria femoral na perna do paciente e navegação dele pelos
vasos arteriais, passando pela pelve, abdome, tórax, pescoço e base do crânio até o aneurisma. Através
desta viagem pelo corpo, retificadas pelo cateter, pequenas molas ou espirais de platina são inseridas aos
poucos dentro do aneurisma. Ao serem destacadas do cateter são desdobradas dentro da luz no

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aneurisma, ocupando aos poucos o interior, interferindo no fluxo de sangue para o interior do
aneurisma, causando coagulação da luz, redução da pressão interna provocada pela pressão sanguínea e
prevenindo sua ruptura. As molas são feitas de platina para que eles possam ser visíveis pelo raio-x e
bastante flexíveis para conformar-se com a forma de aneurisma e tentar evitar que ele se rompa. Mais de
450.000 pacientes no mundo inteiro já foram tratados com molas de platina destacáveis.
Entretanto este método não é livre de riscos, inclusive com risco de óbito por nova hemorragia
desencadeada durante a intervenção pelo próprio método enquanto são inseridas as molas metálicas
dentro da lesão aneurismática. Pacientes que sobrevivem às complicações podem ter lesões neurológicas
permanentes. Há também o risco de recanalização (reformação do aneurisma) ao longo dos anos
seguintes, pois a abertura natural da base do aneurisma, por onde são inseridas as molas, permanece
aberta apesar da formação do coágulo misturada às molas destacadas dentro da luz aneurismática e a sua
não visibilização do aneurisma nas angiografias posteriores de controle.
Aneurismas de contornos irregulares, muito grandes, muito pequenos, com o colo largo (sua
base de abertura) são mais difíceis de embolizar e tem taxas de insucesso maiores, sobretudo em
fumantes. Também pode ocorrer a oclusão incompleta do aneurisma ou a não oclusão da abertura do
colo (na sua base) resultando na reformação do segmento aneurismático e necessidade de cirurgia
posteriormente.
Prognóstico
O prognóstico para um paciente de aneurisma cerebral depende do tamanho, se o formato é
irregular e da posição do aneurisma, da idade da pessoa, se a pessoa é fumante, se houve ruptura do
aneurisma, época do rompimento, se há complicações e ruptura ocorrida ( complicações diversas,
principalmente, vasoespasmo , hidrocefalia, isquemia cerebral secundários, hipertensão intracraniana,
etc.), da saúde geral, reserva funcional de demais órgãos e sistemas (pulmões, rins, fígado, coração,
endocrinológico), da sua condição neurológica prévia/atual.
Metade dos indivíduos com um aneurisma cerebral rotos morrem do sangramento inicial antes
de chegar ao hospital (por exemplo: em casa ou no trabalho) antes que lhes possam ser prestados
qualquer socorro. É uma das causa mais frequentes de morte súbita e inesperada em adultos entre os 25
e 55 anos de idade. Dos que chegam vivos ao hospital 50% terá evolução fatal (principalmente aqueles
que chegam em coma moderado a profundo). A maioria dos indivíduos que chegam conscientes e
orientados ao hospital, que não apresentam complicações graves adicionais na internação, nem novo
sangramento, em geral se recuperam com quase nenhum déficit neurológico.
Fatores de risco
Hipertensão arterial - elevação da pressão arterial
Dislipidemias - alteração do colesterol e triglicerídeos do sangue

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Doenças do colágeno - inflamações envolvendo tecido conjuntivo
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NEUROCIRÚRGICA
O paciente submetido a uma intervenção neurocirúrgica pode estar sujeito a apresentar seqüelas
que venham a alterar radicalmente sua vida, de sua família e até de outras pessoas direta ou
indiretamente ligadas a ele (ANTUNES, 2005).
Alguns dos riscos a que o paciente está exposto referem-se ao próprio ato cirúrgico e às
complicações pós-operatórias. As complicações decorrentes do ato cirúrgico tornam-se difíceis de
prever; já as complicações pós-operatórias podem ser identificadas precocemente, conforme relata
Barranco e Diccini (2002), o que nos conduz à expectativa de diminuição da morbidade e mortalidade
no pós-operatório. Antunes (2005) relata a existência de uma gama muito ampla de perturbações
neurológicas, mas poucas que necessitem internações em Unidades de Terapia Intensiva. Dentre essas
ele destaca a doença cerebrovascular, a miastenia gravis, a síndrome de Guillain-Barré, a dor
neuropática aguda e os pós-operatórios de neurocirurgia.
A assistência de enfermagem ao paciente pós-operatório neurocirúrgico deve estar focada para a
assistência integral na tentativa da manutenção da integridade neurocirúrgica, ventilatória e do
equilíbrio hidroeletrolítico, além da prevenção de complicações (VICENTINO et al., 1998).
A aplicação do processo de enfermagem demonstra ser fundamental para a melhor recuperação
do paciente neurocirúrgico. Smeltzer e Bare (2002) descrevem que o histórico de enfermagem pré-
operatório serve como linha basal para a avaliação do estado pós-operatório do paciente. O histórico de
enfermagem do pós-operatório se baseia no estado clínico do paciente, onde pequenas oscilações
fisiológicas, sutis déficits neurológicos com diminuição de resposta a estímulos, fraquezas, parestesias
ou plegias, além de alterações do sensório, quando comparados ao estado pré-operatório, são os
principais indícios de complicações.
O levantamento dos diagnósticos de enfermagem, apesar de ainda serem pouco difundidos na
realidade de nossas instituições, são valiosos para a correta priorização das necessidades de nosso
paciente. O planejamento e o estabelecimento de metas nos auxiliam a focar nossa assistência para a

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reabilitação do paciente. A prescrição de enfermagem, além de ser utilizada para a implementação do
cuidado, também exerce a função de registrar e documentar o desenvolvimento deste processo.
Exame Neurológico
A principal avaliação de pacientes que chegam após cirurgia neurológica à UTI é a do nível de
consciência, pois não há fatores associados ao prognóstico adverso mais importante que o limiar para
despertar alterado (ANDRÉ e FREITAS, 2002).
A realização de um exame neurológico completo, quando da chegada do paciente à UTI, servirá
como parâmetros para comparações de avaliações posteriores, bem como comparação com a avaliação
pré-operatória (ANDRÉ e FREITAS, 2002).
A monitoração se inicia por um exame neurológico sucinto no qual se avaliam sinais que
indicam compressão do tronco ou dos nervos cranianos adjacentes ao mesmo. Avaliamos o tamanho e a
simetria das pupilas, bem como a sua reação à luz, que permitem inferir sobre compressões do terceiro e
quarto nervos. Pupilas dilatadas e arreativas indicam lesão bilateral do tronco. Assimetria (anisocoria)
indica lesão unilateral de tronco por herniação de porção do lobo temporal (uncus). A presença de
posturas motoras anômalas decorticação (flexão de membros superiores e extensão de membros
inferiores) e descerebração (extensão de membros superiores e inferiores) indica progressiva lesão de
tronco. Estes sinais aparecem tardiamente, sendo insuficientes para permitir bons resultados.
(LIONTAKIS, 2005)
Antunes (2005) preconiza o exame das pupilas e aplicação da escala de Glasgow de hora em
hora até o paciente estabilizar, por no mínimo 12 (doze) horas e avaliação constante do sensório. A
realização seriada desta avaliação do diâmetro das pupilas e sua simetria, abertura ocular, melhor
resposta motora e melhor resposta verbal, é um importante instrumento no acompanhamento do paciente
com disfunção neurológica aguda.
A monitoração da pressão intracraniana (PIC), que nos níveis normais varia entre 10 e 20
mmHg, e a monitoração dos fatores que elevam a PIC são essenciais para a detecção precoce da
hipertensão intracraniana que pode estar associada ao edema cerebral, sangramento ou hidrocefalia. A
monitoração da PIC se dá através de um cateter intraventricular, um pino subaracnóide, ou cateter
subdural ou epidural. Através de um cateter inserido nos ventrículos cerebrais, conectado a um sistema
de drenagem externa (DVE), freqüentemente utilizado nos pós-operatórios de ressecção de tumores,
pode-se observar as oscilações da pressão intracraniana, bem como realizar a drenagem de líquido
cefalorraquidiano (LCR) (SMELTZER e BARE, 2002).
Alterações nos níveis da PIC estão relacionadas à capacidade adaptativa intracraniana. André e
Freitas (2002) descrevem que esta capacidade é regida pela doutrina de Monko-Kellie, onde, devido o
volume fixo da caixa craniana, o aumento de volume de qualquer um de seus três componentes: cérebro,
sangue e LCR; ou o aparecimento de um quarto componente, decorrente de um hematoma ou tumor,
seriam compensados com a redução dos outros elementos. Contudo, quando ocorre uma alteração nas

8 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
regulações fisiológicas do organismo, decorrente de hipertermia, hipotermia, convulsão, hiperglicemia,
hipoglicemia, agitação, dor, uso de estimulantes do SNC, vômitos, tosse, hipotensão ou hipertensão
arterial, hiponatremia, entre outras, estas podem gerar um desequilíbrio entre os componentes da caixa
craniana levando a instalação da hipertensão intracraniana (ANTUNES, 2005).
Padrão Ventilatório
André e Freitas (2002) relatam a necessidade da ventilação mecânica em pacientes
neurocirúrgicos devido à depressão do sistema respiratório, levando esta à hipoventilação. Entretanto, a
indicação de ventilação mecânica também está presente nos casos de hiperventilação, seja por distúrbios
primários dos centros respiratórios, seja por compensação de acidose metabólica ou de hipoxemia.
A escolha do modo ventilatório dependerá da avaliação do padrão ventilatório do paciente. Nas
primeiras horas de recuperação pós-anestésica é indicado manter ventilação mecânica em modo
controlado, devido efeito residual anestésico que induz a depressão do sistema ventilatório. Conforme o
paciente for despertando e restabelecendo seu padrão ventilatório, com o objetivo de evitar a
“competição” entre o paciente e o respirador, além de reduzir o trabalho respiratório, está indicado
manter ventilação mecânica em modo assistida. Quando o paciente apresentar um padrão ventilatório
espontâneo e mantiver oxigenação adequada, com níveis acima de 90%, evitando níveis depressivos de
oxigênio (hipoxemia) ou níveis elevados de gás carbônico (hipercapnia), está indicado manter paciente
em ayre1 (ANDRÉ e FREITAS, 2002; ANTUNES, 2005).
Tais condutas visam, além da extubação precoce, à manutenção do fluxo sangüíneo cerebral.
Contudo, para tanto, é necessário o controle dos valores gasométricos e a monitorização constante da
oximetria de pulso, visto que as alterações dos níveis de oximetria, seja por hipoxemia ou por
hipercapnia, levam à vasodilatação cerebral, o que virá a provocar a elevação da PIC. Para evitar tais
alterações nos níveis de oximetria é necessário manter a permeabilidade das vias aéreas. A aspiração de
vias aéreas deve ser realizada com cautela e em curtos períodos, pois tal procedimento estimula o
reflexo de tosse e também pode levar à hipoxemia e, conseqüentemente, à elevação da PIC
(SMELTZER e BARE, 2002).
Parâmetros Fisiológicos
Visando à manutenção do fluxo sangüíneo cerebral (FSC), é necessária a manutenção de alguns
parâmetros fisiológicos, conforme relata André e Freitas (2002). Cada patologia de base apresenta suas
características, mas de um modo generalista recomenda-se manter pressão arterial média (PAM) >90 e
<110 mmHg, associada ao controle de pressão venosa central (PCV) com valores entre 12 e 14 mmHg.
Para a monitoração desses valores, um acesso arterial e uma linha de pressão venosa central já devem
estar instaladas durante o transoperatório (SMELTZER e BARE, 2002).
A auto-regulação da FSC é o principal fator de manutenção da homeostase encefálica, sendo seu
funcionamento observado pela dinâmica de três mecanismos básicos:

9 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
• O mecanismo miogênico que se refere à capacidade de contração e relaxamento dos vasos de
resistência, principalmente das artérias carótidas internas e externas em resposta às variações
fisiológicas da PAM.
• Já o mecanismo neurogênico, que atua a partir da inervação autônoma dos vasos sangüíneos
intracranianos e das variações do FSC após estimulação do tronco encefálico, pode estar alterado devido
à manipulação pelo procedimento cirúrgico.
• Enquanto o mecanismo bioquímico é a resposta das variações do diâmetro dos vasos da
microcirculação encefálica a alteração da concentração de gás carbônico (Co2) na circulação sangüínea.
Além da monitoração invasiva dos parâmetros apresentados, faz-se necessária, também, a
monitoração não-invasiva dos sinais vitais: freqüência cardíaca, temperatura e freqüência respiratória
(RIBEIRO, 2005). Esta deve ser conectada ao paciente e mensurada no momento da admissão na UTI e
verificada periodicamente em intervalos curtos e sempre que necessário até que o paciente apresente
estabilidade hemodinâmica (ANTUNES, 2005).
A monitoração eletrocardiográfica (ECG) é utilizada para a aferição da freqüência e do ritmo
cardíaco. Para a obtenção de registros de qualidade devemos atentar: ao posicionamento dos eletrodos,
de acordo com a quantidade de derivações disponíveis pelo monitor; quanto à preparação da pele do
paciente, umidade ou oleosidade, pilosidade e irritações cutâneas; aos cabos condutores, que podem
apresentar rupturas, ligações malfeitas e compressões dos mesmos; quanto a interferências
eletromagnéticas e ambientais; e ao funcionamento do monitor.
Após a cirurgia intracraniana pode-se esperar a elevação da temperatura corporal, devido à
reação fisiológica referente ao processo inflamatório da incisão cirúrgica, além de possível lesão no
centro hipotalâmico, que é responsável pela regulação da temperatura corporal. A fim de combater a
elevação da temperatura, que provocará alterações no metabolismo e funções cerebrais, medidas de
enfermagem devem ser realizadas. Entre essas se destacam a monitoração da temperatura corporal e
realização de medidas gerais para diminuir temperatura corporal (SMELTZER, BARE, 2002).
A avaliação da freqüência respiratória deve priorizar, além da própria freqüência, o ritmo e a
amplitude da mesma. Pois, quando ocorrem distúrbios respiratórios de origem central, as alterações
observadas podem indicar a estrutura afetada. Essas alterações são descritas por Imai (2005) como:
• A respiração de Cheyne-Stokes, caracterizada por hiperventilação regularmente alternada com apnéia,
é freqüentemente associada à hipertensão intracraniana, herniação transtentorial e edema cerebral
intenso.
• A respiração hiperpnéica neurogênica central, caracterizada pelo aumento da freqüência e amplitude,
porém sem alterações do ritmo, estando associada à disfunção de tronco cerebral devido a lesão
mesencefálica.

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• A respiração apnêustica, caracterizada por longos períodos inspiratórios intercalados com longas
pausas expiratórias, que podem durar de 2 a 3 segundos. Indicando lesão de tronco cerebral em nível de
ponte.
• E a respiração atáxica, caracterizada pelo padrão irregular de respirações profundas e superficiais
ocorrendo ao acaso. Representa falência bulbar.
A finalidade de manter o paciente monitorado é a observação de sinais de complicações, em que
o conjunto dos dados vitais coletados são indicadores de sinais iniciais e tendências do estado clínico do
paciente. Como nos casos de diminuição na freqüência cardíaca (bradicardia) e respiratória (bradipnéia),
associada à elevação da pressão arterial média (PAM) e temperatura corporal são inícios tardios de
elevação da PIC. E de queda da PAM, com freqüência cardíaca e respiratória rápidas, são manifestações
de choque hipovolêmico.
Antunes (2005) descreve que as lesões cerebrais que danificam o hipotálamo podem gerar
respostas neuroendócrinas devido seu íntimo contato com a hipófise, levando à alteração da secreção
dos seguintes hormônios: catecolaminas, insulina, glicocorticóides e hormônio do crescimento. A
secreção indevida ou supressão desses hormônios está relacionada à causa de glicogênese aumentada,
glicogenólise, mobilização de gorduras e diminuição de insulina. Por esses motivos o autor enfatiza a
necessidade do controle de glicemia capilar.
Posicionamento do Paciente
A posição incorreta da cabeça ou do corpo do paciente no pós-operatório de neurocirurgia de
craniotomia pode ser muito prejudicial, devido ao comprometimento do retorno venoso cerebral
(ANTUNES, 2005).
Vicentino et al. (1998) e Carpenito (1999) compactuam com a indicação de manter cabeceira
elevada a 30 graus e o paciente confortavelmente em decúbito dorsal, mantendo o alinhamento corporal.
Tais medidas proporcionam o auxílio na drenagem venosa cerebral e conseqüente redução da congestão
cerebrovascular. Smeltzer e Bare (2002) recomendam a mudança de decúbito, exceto quando contra-
indicado, como nos casos de instabilidade hemodinâmica, a cada duas horas, com a finalidade de
promoção do cuidado cutâneo e facilitar a troca gases respiratórios. Contudo, ao realizar tal cuidado
devemos estar cientes que a mudança de posição pode ser fator de predisposição a elevação da PIC.
Torna-se, então, necessária atenção redobrada ao manuseio do sistema de monitoração da PIC, além da
necessidade de calibragem do sistema a cada mudança de posição.
Também relatam o cuidado quanto à incisão cirúrgica, evitando posicionar o paciente sobre a
mesma. A utilização de um lençol sob o corpo do paciente, da cabeça até a parte média da coxa, facilita
a movimentação e mudança de posição do paciente e evita a ação das forças de cisalhamento.
As mesmas autoras indicam que pacientes com mobilidade física prejudicada, mesmo que
parcial ou temporariamente, devem possuir atenção especial quanto a proteger proeminências ósseas,

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pois devido à permanência prolongada na mesma posição, estão sujeitos ao comprometimento da
circulação local e passíveis do desenvolvimento de úlceras de pressão. Como medidas preventivas as
seguintes ações são indicadas: manter colchão antidecúbito contínuo, utilizar coxins para o apoio de
trocânter e proeminências ósseas, bem como o posicionamento dos pés contra uma prancha de pé.
Vicentino et al. (1998) e Antunes (2005) descrevem especial atenção à fixação de cateteres,
drenos e tubo endotraqueal ou cânula de traqueostomia. Quando da fixação de cateteres e drenos
devemos observar a presença de sangramento e sinais flogísticos na incisão e seu pertuito. Os drenos
devem ser fixados na cabeceira da cama, observando para que os mesmos não sejam tracionados na
mobilização do paciente. No que tange ao tubo endotraqueal (TET) ou cânula de traqueostomia, a
fixação desses deve permitir a folga de aproximadamente um dedo, visto que, se estiverem apertados
dificultaram o retorno venoso cerebral. A observação e registro da comissura labial do TET são de suma
importância para a manutenção da posição do mesmo, evitando-se que seja tracionado ou inserido
indevidamente.
A presença de cateteres, drenos, cabos de monitoração, TET, etc., podem ser um fator
angustiante ao paciente que desperta do período pós-anestésico, podendo gerar agitação. Smeltzer e
Bare (2002) recomendam a manter contenção mecânica, além de grades no leito, como medidas
preventivas a garantir a segurança e bem-estar do paciente.
Drenagens e Eliminações
Os desequilíbrios hídrico e eletrolítico não são raros após cirurgia de craniotomia. Esses podem
ocorrer quando a carga de água excede a excreção renal e pela perda excessiva de líquidos ou ingesta
inadequada. Carpenito (1999) complementa o raciocínio referindo que a manipulação cirúrgica de
estruturas próximas ou na própria glândula pituitária ou no hipotálamo pode causar deficiência na
secreção do hormônio antidiurético.
Os distúrbios hidroeletrolíticos podem ser monitorados a partir da observação de rigoroso
controle de balanço hídrico, controle do volume urinário, e a verificação da densidade urinária. Esses
cuidados, descritos por Vicentino et al. (1998) e Smeltzer e Bare (2002), possibilitarão o controle das
infusões e eliminações do paciente, que serão imperativos para prevenir a sobrecarga de líquidos ou a
desidratação, além de serem parâmetros para possíveis restrições ou reposições hídricas. O volume e a
densidade urinária são indícios primários, quando alterados, da ocorrência de complicações
hidroeletrolíticas, como a síndrome da secreção inadequada de hormônio antidiurético (SIADH) e a
diabetes insipidus, onde em ambas, conforme descrevem Bellan, Angelis e Cintra (2005), ocorre
poliúria intensa, mas são diferenciadas pela diminuição da osmolaridade e densidade urinária e o
aumento dos níveis séricos de sódio no diabetes insipidus, enquanto na SIADH ocorre hiponatremia
sérica, alta osmolaridade sérica, aumento do sódio urinário e diminuição da osmolaridade urinária.

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Cuidados Específicos
O edema periorbitário é uma conseqüência comum da cirurgia intracraniana. Estando
relacionado à posição de decúbito ventral na qual o paciente permanece durante o ato cirúrgico
(SMELTZER e BARE, 2002). Vicentino et al. (1998) recomendam aplicar compressas úmidas em
região periorbital como medida de alívio ao edema.
O curativo cirúrgico deve ser inspecionado para a evidência de sangramento ou drenagem de
LCR (SMELTZER e BARE, 2002). Contudo, observa-se a orientação de Vicentino et al, (1998) de se
manter curativo cirúrgico fechado, sendo este manipulado somente após a liberação pelo neurocirurgião,
normalmente em 48 horas. Na presença de sujidade, o curativo deve ser demarcado e, apresentando
evolução, deve ser comunicado ao neurocirurgião para estabelecer a conduta pertinente.
Barranco e Diccini (2002) enfatizam a importância para atentar à administração de profilaxia
antimicrobiana como processo preventivo de infecções da incisão cirúrgica. Por apresentar sensível
instabilidade hemodinâmica durante o pós-operatório imediato de neurocirurgia, Vicentino et al. (1998)
destacam a observância do rigoroso controle do gotejo de drogas sedativas e vasoativas.
Vicentino et al. (1998) e Antunes (2005) compactuam com a indicação de coleta de exames
sangüíneos quando da admissão deste paciente na UTI. A relação dos exames a serem coletados varia de
acordo com os protocolos e rotinas de cada hospital, mas basicamente é composta por gasometria
arterial, hemograma, Na+, K+, glicose e coagulograma. É preconizado que seja respeitado um tempo de
aproximadamente 20 minutos para que o paciente seja adequadamente ventilado e, assim, proporcionar
a adequação dos gases no sangue.
Cirurgia vascular
BYPASS
A cirurgia de ponte (bypass) trata artérias que apresentam estreitamentos criando um desvio, ou
ponte (bypass), permitindo que o sangue circule em torno da área bloqueada. Esse desvio é construído
utilizando um enxerto, que pode ser feito de material sintético, ou então de parte de outra veia do
próprio paciente, normalmente uma veia da perna.
As paredes das artérias normalmente são lisas e elásticas. Com o passar dos anos
(envelhecimento), elas sofrem um processo de endurecimento e reação inflamatória crônica
(aterosclerose). A placa que se forma na aterosclerose é composta de substâncias como colesterol, cálcio
e tecido fibroso, que vão se acumulando nas paredes das artérias. Quanto mais placa se acumula nas
artérias, mais endurecidos ficam os vasos e mais prejudicado fica o fluxo sanguíneo, diminuindo o
fornecimento de oxigênio a órgãos e músculos.
Paciente com sintomas limitantes ou avançados de aterosclerose é um candidato à cirurgia de
ponte (bypass). Os sintomas podem variar desde dor nos braços ou pernas durante atividade física
(claudicação intermitente) até o desenvolvimento de ulcerações ou gangrenas nos casos mais severos.

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As cirurgias de ponte mais conhecidas são as realizadas nas artérias do coração utilizando a veia
safena (ponte de safena), mas elas também são utilizadas para tratar doença arterial obstrutiva periférica
(DAOP), que consiste no endurecimento e estreitamento das artérias que levam sangue aos membros e
aos órgãos do corpo, com exceção do coração. Vasos localizados nas pernas, nos braços e em outras
partes do corpo são comumente tratados pela cirurgia convencional de ponte (bypass).
Preparação
Primeiramente, o cirurgião fará uma entrevista detalhada com o paciente, incluindo aspectos
como saúde geral (fumo, pressão arterial, etc.), história familiar e sintomas (quando e com que
frequência acontecem). Paralelamente a essa entrevista, o médico realiza um exame clínico e testes
laboratoriais para verificar o estado de saúde geral do paciente. Em seguida, alguns exames são
realizados para verificar o local exato e o grau de comprometimento das artérias e ajudar a decidir sobre
a melhor posição para a colocação do enxerto:
Índice de pressão tornozelo-braquial (ITB)
Ecografia vascular com Doppler colorido
Angiotomografia computadorizada
Angiorressonância magnética
Angiografia
Pacientes com história de ataque cardíaco (infarto do miocárdio prévio), dor no peito (angina) ou
com alto risco para doença cardíaca associada deverão ser submetidos a uma avaliação cardiológica
rigorosa.
Antes do procedimento, o cirurgião dará ao paciente instruções específicas conforme o caso, como,
por exemplo, a necessidade de suspender ou manter medicamentos e o tipo de jejum (normalmente 8
horas) ou preparação que o paciente deve fazer.
Descrição do procedimento
O procedimento específico para cada caso varia conforme os sintomas, a condição geral do
paciente e o grau de comprometimento das artérias pela placa de aterosclerose. A anestesia pode ser
geral ou regional, também dependendo de cada situação.
A descrição geral de uma cirurgia de ponte realizada na perna é apresentada a seguir:
1. O cirurgião seleciona e remove a veia (enxerto) que irá servir para construir a ponte (normalmente um
segmento da veia safena do membro inferior, que se estende do tornozelo até a virilha).
Alternativamente, um material sintético pode ser utilizado.
2. Uma incisão é feita na pele para permitir o acesso à artéria a ser tratada.
3. O cirurgião então avalia o pulso na parte saudável da artéria, para garantir que a artéria tenha um
fluxo suficiente de sangue para o bom funcionamento do enxerto.

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4. Uma incisão é feita na artéria, na parte inferior à área obstruída. Nesse ponto, uma das extremidades
do enxerto é suturada à artéria.
5. Em seguida, a outra extremidade do enxerto é guiada, através dos músculos e tendões, até um outro
ponto acima da área bloqueada. A outra extremidade do enxerto é suturada à artéria neste ponto.
6. O cirurgião então verifica se o enxerto está corretamente alinhado e se há algum vazamento, às vezes
com o auxílio de uma arteriografia ou ecografia vascular com Doppler realizados durante a cirurgia.
7. Após essa verificação, quando o procedimento chega ao fim, todas as incisões são fechadas.
Novamente, o cirurgião pode se valer de uma ecografia vascular com Doppler ou de outros testes não-
invasivos para verificar se o enxerto está funcionando adequadamente.
Pós-operatório
O paciente submetido à cirurgia de ponte pode ficar hospitalizado por 5 a 10 dias, e os pontos
costumam ser retirados entre 7 e 14 dias após o procedimento. Logo após a cirurgia, o paciente é
orientado a retornar ao consultório para avaliações periódicas.
Na ocorrência de febre, dor ou na presença de vermelhidão, inchaço ou secreção no local da
incisão, o médico deve ser contatado imediatamente, uma vez que esses sinais podem indicar um início
de infecção. Esfriamento do membro, formigamento, dor e dificuldade de movimentos são indicativos
de trombose precoce do enxerto. Essa situação requer avaliação médica imediata.
Para pacientes com DAOP, o médico também poderá prescrever medicamentos antiagregantes
plaquetários e vasodilatadores, como aspirina, clopidogrel e cilostazol, que ajudam a evitar a formação
de coágulos.
Complicações
Pacientes que apresentam alguma das seguintes condições estão mais sujeitos às complicações
relacionadas ao procedimento: pressão alta, obesidade, colesterol alto, doença arterial coronariana,
doença pulmonar obstrutiva crônica, disfunção renal, diabetes e hábito de fumar.

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As complicações associadas à cirurgia de ponte podem ocorrer, porém o sucesso do
procedimento depende da experiência da equipe escolhida, das condições locais (hospital), da técnica
cirúrgica, bem como do tipo de ponte indicado para cada caso. Complicações leves incluem inchaço ou
inflamação no local da incisão. Já as complicações graves podem incluir obstrução da ponte, hemorragia
no local da incisão ou infecção. É importante discutir esses aspectos e tirar quaisquer dúvidas com o
cirurgião antes da realização do procedimento.
Em longo prazo, mudanças de estilo de vida são fundamentais para evitar que depósitos de placa
voltem a se formar. Alguns exemplos incluem: manter uma dieta com baixos níveis de gordura,
colesterol e calorias, fazer exercícios aeróbicos regularmente (por exemplo, caminhadas de 20 a 30
minutos pelo menos 5 vezes por semana), manter o peso ideal, parar de fumar e controlar os níveis de
lipídeos e colesterol.
ENDARTERECTOMIA
A endarterectomia é um procedimento cirúrgico que consiste na remoção da placa de
aterosclerose que está bloqueando a artéria, restaurando assim o fluxo sanguíneo. Embora atualmente
outros procedimentos menos invasivos que a endarterectomia estejam disponíveis, ela normalmente é a
opção mais eficaz, mais durável, mais segura e menos onerosa.
As paredes das artérias normalmente são lisas e elásticas. Com o passar dos anos
(envelhecimento), elas sofrem um processo de endurecimento e reação inflamatória crônica
(aterosclerose). A placa que se forma na aterosclerose é composta de substâncias como colesterol, cálcio
e tecido fibroso, que vão se acumulando nas paredes das artérias. Quanto mais placa se acumula nas
artérias, mais endurecidos ficam os vasos e mais prejudicado fica o fluxo sanguíneo, impedindo que o
sangue seja levado a órgãos e músculos e resultando na manifestação de sintomas.
A endarterectomia pode ser utilizada para tratar várias artérias, porém seu uso mais comum é nas
artérias carótidas, que ficam localizadas no pescoço e levam sangue até o cérebro. As condições mais
comumente tratadas através da endarterectomia são listadas a seguir: doença arterial carotídea, doença
arterial obstrutiva periférica (artérias dos braços ou pernas), doença oclusiva aortoilíaca, doença da
artéria renal e doenças das artérias viscerais (intestinos, baço e fígado).
As contra-indicações à realização da endarterectomia incluem doenças clínicas graves que
aumentem consideravelmente o risco cirúrgico e doença arterial difusa (placa aterosclerótica muito
extensa que não pode ser completamente removida durante a cirurgia).
Preparação
Dependendo da localização da área afetada, o cirurgião poderá recomendar a suspensão de
medicamentos antiplaquetários, como aspirina ou clopidogrel, durante alguns dias previamente ao
procedimento. Além disso, pacientes com doença arterial obstrutiva periférica poderão ser submetidos a

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uma investigação cardiovascular mais rigorosa, para diminuir o risco de ataque cardíaco. Finalmente,
outros testes que podem ser solicitados para ajudar a determinar o grau de comprometimento das
artérias incluem a ecografia vascular com Doppler, a angiotomografia computadorizada, a
angiorressonância magnética e a angiografia.
Antes do procedimento, o cirurgião dará ao paciente instruções específicas conforme o caso,
como, por exemplo, a necessidade de suspender ou manter outros medicamentos e o tipo de jejum ou
preparação que o paciente deve fazer (normalmente, solicita-se um jejum completo de 6 horas antes do
procedimento).
Descrição do procedimento
Os detalhes do procedimento dependem da localização da artéria a ser tratada. A anestesia pode
ser geral ou local, conforme a experiência da equipe e a preferência do cirurgião.
Durante a endarterectomia, uma incisão é feita na pele para expor a artéria comprometida. Então,
a artéria é temporariamente pinçada para interromper o fluxo e permitir sua manipulação. O cirurgião
faz uma incisão diretamente na área afetada e remove o revestimento interno da parede arterial,
juntamente com a placa de aterosclerose. Uma vez que a placa é removida, o cirurgião pode utilizar um
enxerto (remendo feito de material sintético ou de parte de outra veia do próprio paciente) para alargar a
área afetada. Finalmente, a artéria é suturada, o fluxo é liberado e eventuais sangramentos são
controlados.
Pós-operatório
Dependendo da localização da endarterectomia, o paciente fica hospitalizado por 1 a 2 dias, para
monitorar o resultado da cirurgia e a ocorrência de complicações (em casos que exigem incisão na
região abdominal, o período de hospitalização pode chegar a 5 ou até 7 dias). Logo após o
procedimento, o paciente recebe fluidos e nutrientes através de um cateter endovenoso.
Aproximadamente 1 mês após a cirurgia, o paciente deve voltar a se consultar com o médico
para uma revisão. No entanto, ao observar qualquer sintoma atípico, como fraqueza, formigamento,
dificuldade para falar, problemas de visão, dor no peito, febre, calafrios, secreção ou vermelhidão,
inchaço ou dores crescentes no local da cirurgia, dificuldade para respirar ou vômitos persistentes, o
médico deverá ser notificado imediatamente.
A longo prazo, mudanças de estilo de vida são fundamentais para evitar que depósitos de placa
voltem a se formar. Alguns exemplos incluem: manter uma dieta com baixos níveis de gordura saturada,
colesterol e calorias, fazer exercícios aeróbicos regularmente, manter o peso ideal, evitar o fumo e rever
regularmente com o médico o uso de medicamentos antiplaquetários e de controle do colesterol.

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Complicações
A saúde geral do paciente é um dos principais fatores de risco na realização da endarterectomia.
Embora o tipo e o risco de complicações varie conforme a localização do procedimento, os seguintes
fatores aumentam as chances de complicações: idade avançada, presença de doenças graves (câncer, por
exemplo), presença de placa de aterosclerose extensa em outros vasos, realização prévia de
endarterectomia na mesma região, pressão alta não controlada, diabetes, insuficiência renal,
insuficiência cardíaca congestiva e dor torácica.
As complicações pós-operatórias dependem da localização da artéria tratada. Para uma
endarterectomia de carótida, por exemplo, o risco de desenvolver um derrame varia entre 1 e 3%. As
complicações gerais da endarterectomia incluem hemorragia, trombose precoce, recorrência de
estreitamento na artéria tratada (reestenose), infecção ou problemas cardíacos.
Antes da realização da endarterectomia, os riscos associados à cirurgia precisam ser contrapostos
aos riscos da não-realização do procedimento. O cirurgião vascular é o profissional mais indicado para
auxiliar o paciente a tomar a decisão adequada.
FÍSTULA ARTERIOVENOSA
Fístula pode ser definida como uma comunicação anômala entre dois órgãos internos ou entre um
órgão interno e a superfície epitelial (MEEKER (10), 1997, P.990). A sobrevida do paciente renal
crônico depende imprescindivelmente de uma via de acesso à circulação sanguínea. A fistula
arteriovenosa é a maneira mais segura e durável de acesso vascular permanente, consistindo na
anastomose subcutânea entre uma artéria e uma veia subjacente, feito através de um procedimento
cirúrgico o que permite a dilatação da rede venosa superficial.
Um fácil acesso à sua corrente sanguínea é essencial para que o sangue possa circular até o
dialisador e para que retorne ao corpo.
A alteração no fluxo do sangue deixa a veia mais larga e com as paredes mais fortes e resistentes,
permitindo então um fluxo de sangue rápido e a realização de várias punções, sem que a veia "estoure".

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Para que a veia da fístula esteja em boas condições de punção, ou como dizemos, para que a
fístula amadureça, são necessárias algumas semanas. Por isso, mais recomendado é que se faça esta
pequena cirurgia alguns meses antes de se iniciar a hemodiálise, assim quando for necessária, a fístula
estará pronta para ser puncionada.
A fístula arteriovenosa ideal deve apresentar as seguintes características:
Trajeto longo e superficial;
Permitir vários pontos de punção;
Boa distancia entre as punções, economizar vãos e possíveis acessos futuros;
Propiciar conforto para o paciente durante as sessões de hemodiálise (posição e local de inserção
das agulhas);
As fistulas arteriovenosas exigem um longo tempo de maturação, ou seja, são necessários cerca de
30 dias para o desenvolvimento e arterialização da veia quando então após este período, a fistula ficará
apta para ser puncionada.
Algumas alterações nas estruturas vasculares são comuns em indivíduos idosos, diabéticos,
obesos, com veias muito finas, como as de crianças. Cabe ao cirurgião à seleção e escolha do local de
implantação do acesso e este deve ser confeccionado, idealmente, antes do inicio do tratamento
dialítico, de preferência no membro não dominante.
As complicações da fistula arteriovenosa incluem baixo fluxo de sangue, isquemia, trombose,
estenose, recirculação, infecções e aneurismas entre outras menos significativas.
Indicações
Pacientes em tratamento (hemodiálise) que necessitem de um acesso confeccionado e com
maturação suficiente para punção e realização de hemodiálise, evitando a utilização de cateteres pelos
riscos de complicações e problemas estéticos.
O acesso vascular permanente ou fistula arteriovenosa e indicada somente para pacientes com
IRC.
Contra-indicações
O braço é o local mais comum para a confecção da fístula. Quando este local não pode ser usado,
as veias da virilha ou da perna podem ser uma alternativa.
O cateter de duplo lúmen permite a retirada e a devolução do sangue, sendo utilizado quando há
necessidade de se iniciar o tratamento de hemodiálise, mas se não houve tempo para a realização da
fístula, se ela não amadureceu o suficiente ou ainda se existe algum problema com a fístula.
Raja (1996) relata que a fistula arteriovenosa e o tipo de acesso mais seguro e que possui mais
durabilidade. Porem não deve ser utilizada em pacientes com problemas arteriais, como diabetes,
aterosclerose intensa.

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Mecanismo e processos
A punção da fistula é um procedimento relativamente simples, geralmente realizado pelo
enfermeiro, porém requer habilidade manual e o profissional deve ser capacitado para compreender o
funcionamento do acesso, suas complicações e seu diagnostico precoce. A localização será o membro
superior não dominante ao nível da artéria e da veia radial, quando esta localização não for possível
deve optar-se pela artéria cubital, umeral ou uma veia próxima. Durante a sessão de hemodiálise duas
agulhas são inseridas no paciente. Uma agulha que estará devidamente conectada a um equipo de
sangue arterial que permitirá a saída do sangue e entrada no dialisador capilar, retornando depois de
filtrado pelo equipo de sangue venoso, conectado a agulha venosa e esta, ao paciente.
A agulha do ramo arterial costuma ser colocada a 3 cm acima da anastomose. À distância entre
essa agulha e a agulha do ramo venoso devem ser de 5 cm para a preservação da rede venosa superficial
e reduzir a recirculação do sangue. Diferentes calibres e marcas de agulhas podem ser encontrados no
mercado, favorecendo o uso de fluxos de sangue variados na prescrição da dialise. As agulhas devem
ser siliconadas, apresentar asa giratória e possuir back eye e pinças nos seguimentos, para garantir uma
punção segura, sem risco para o acesso e o paciente. Todos os membros da equipe interdisciplinar
devem estar atentos ao diagnostico precoce das complicações e tomar medidas corretivas rapidamente,
pois o tempo é fundamental para salvar a fistula arteriovenosa de uma trombose total. Os acessos
permanentes, como a fístula e o enxerto arteriovenoso podem trazer complicações, nomeadamente
precoces (Hemorragia, Infecção e tromboses) e tardias (Trombose, infecção, redução do débito,
aneurismas e edema).
Figura 1 - Feito à escolha dos vasos, procedemos com uma marcação superficial da veia e da artéria.
Essa medida visa facilitar a dissecação, minimizando assim o tempo cirúrgico. A linha contínua
representa a veia cefálica, a tracejada representa a artéria radial. Infiltração local com xilocaína 2% sem
vasoconstrictor. Deve-se ter bastante cuidado neste momento para evitar infusão intravascular do
anestésico.

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Figura 2 - Incisa-se a pele paralelamente a artéria, por cerca de 3 a 4 cm.
Figura 3 - Disseca-se cuidadosamente a veia evitando lesar a sua parede e lacerar suas tributárias. Cada
tributaria encontrada deverá ser adequadamente ligada. A veia só deverá ser seccionada após dissecação
e preparo da artéria.
Figura 4- Disseca-se a artéria, evitando-se lesar a sua parede e lacerar os seus ramos. Durante esse ato é
prudente infundir mais anestésico na superfície da dissecação, já que é comum o estimulo do nervo
radial nessa fase.

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Figura 5 - Após pinçamento distal da veia, procede-se com sua secção total. Faz adequadamente a
ligadura do coto distal desta. Uma ligadura malfeita poderá determinar um hematoma que possivelmente
trará efeitos desagradáveis como dor, infecção e trombose da fístula.
Figura 6 - É feito a dilatação hidrostática da veia. Nesse momento é importante palpar frêmito e pulso
ao longo da veia. A dilatação deverá ser feita com um cateter fino e preferencialmente introduzido em
todo o seguimento venoso, desta forma é possível identificar estenose ou oclusão da veia.
Figura 7 - Após clampeamento, proximal e distal, da artéria, procedemos à arteriotomia longitudinal. O
tamanho da arteriotomia deverá ser proporcionalmente ao diâmetro da artéria, estendendo-se por cerca
de 2,5 vezes o seu diâmetro.

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Figura 8 - Fazemos a heparinização local proximal e distal do leito arterial. Esse ato dever ser feito com
prudência, pois geralmente o paciente reclama de dor durante a infusão da solução.
Figura 9 - Após a heparinização local da artéria radial, procedemos com a venotomia longitudinal da
veia cefálica.
Figura 10 - A sutura das bordas deve ser feita cuidadosamente com fio de Polipropileno cardiovascular
6 ou 7-0, de acordo com a espessura dos vasos. Atenção maior deve ser tomada na sutura dos ângulos.
Se houver dificuldade na coapitação das bordas, principalmente no ângulo proximal, é prudente manter
um cateter intravenoso para orientar a luz da veia.

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Cuidados de enfermagem antes da punção da fistula arteriovenosa
Estimular a higiene do membro da fistula arteriovenosa, com água e sabão antisséptico;
Avaliar o funcionamento do acesso-frêmito e permeabilidade.
Inspecionar o aspecto da pele e selecionar os locais de punção.
Fazer antissepsia local com material apropriada.
Cuidados de enfermagem durante a punção da fistula arteriovenosa
Variar os locais de punção.
Respeitar a distancia da anastomose e entre as agulhas.
Utilizar agulhas com calibre de acordo com o fluxo de sangue prescrito.
Fixar agulhas de forma correta.
Cuidados de enfermagem com a fistula arteriovenosa após a sessão da hemodiálise
Retirar as agulhas com cuidado e manter compressão suave ate a hemostasia total.
Fazer curativo compressivo nos locais da punção sem garroteamento do membro da fistula
arteriovenosa.
Orientar o paciente quanto aos cuidados com a fistula arteriovenosa no período Inter dialítico.
Cuidados gerais de enfermagem com a fistula arteriovenosa
Observar a fistula arteriovenosa a cada sessão de hemodiálise para detectar possíveis complicações.
Informar imediatamente a pessoa responsável quando houver presença de baixo fluxo sanguíneo,
aumento da resistência venosa, sinais de infecção, diminuição ou desaparecimento do frêmito e
trombose.
Orientar o paciente para inspecionar a fistula diariamente e informar a clinica quando houve alguma das
anormalidades acima.
Orientar o paciente quanto à importância da higiene pessoal (lavagem das mãos)
Usar a fistula arteriovenosa exclusivamente para a hemodiálise.
Não verificar pressão arterial, não puncionar, não levantar peso com o membro da FAV.
Sendo necessária à punção da FAV na unidade de internação, comunicar a equipe medica do paciente e
o mesmo.
Observar e anotar a presença de frêmitos e pulso diariamente.
Observar hiperemia, presença de secreção e sinais flogísticos em região de punções.
Manter o curativo oclusivo em região de punções por no mínimo 6 horas e apos a retirada observar
sangramento.
Seguir protocolo institucional para cuidados com FAV.

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Orientar o paciente para, durante o banho diário, lavar bem o braço e a fístula com água e sabão,
secando-a cuidadosamente com uma toalha limpa, de forma que possam ser mantidos sempre limpos e
secos, lembrando que a sujidade e a umidade representam risco para infecção.
Atentar para os sinais de infecção do acesso vascular: inchaço, vermelhidão, saída de pus no local de
incisão da fístula e presença de febre ou calafrios;
Orientar o paciente para que evite carregar pesos ou dormir sobre o braço da fístula, pois a pressão
sobre ele pode interromper o fluxo sanguíneo.
Realizar regularmente exercícios com a mão e o braço onde está localizada a fístula, para garantir sua
permeabilidade.
Evitar a administração de medicamentos e a coleta de sangue nas veias do braço onde está localizada a
fístula, pois os medicamentos podem irritar as paredes das veias e as retiradas de sangue podem
promover a formação de coágulos no interior dos vasos que vão interromper o fluxo sanguíneo.
Cirurgias Gastrointestinais
HÉRNIA
Hérnia inguinal
As hérnias inguinais são aquelas que ocorrem na região da virilha, e correspondem a 75% de todas as
hérnias abdominais. Este tipo de hérnia é 25 vezes mais comum em homens do que em mulheres. São
divididas em diretas e indiretas (mais comuns). As hérnias inguinais diretas são as decorrentes da
fraqueza da parede do canal inguinal, e são mais comuns em pessoas mais velhas e que se submetem a
um grande esforço abdominal (profissionais, esporte, tosse crônica, constipação, obesidade). As hérnias
inguinais indiretas ocorrem devido a uma falha congênita da região inguinal, e por isso são mais comuns
em crianças e adultos jovens.
O paciente com hérnia inguinal se queixa de abaulamento nesta região, com dor discreta
associada, que piora com o esforço abdominal (tosse, evacuação, exercício, levantar objetos pesados).
Ao exame, o médico percebe o abaulamento da região inguinal, que fica mais evidente quando o
paciente aumenta a pressão abdominal por solicitação do médico. A diferenciação do tipo de hérnia
inguinal, direta ou indireta, não tem importância no momento da consulta, porque o tratamento é
semelhante para os dois tipos.
O tratamento das hérnias inguinais é cirúrgico. Há alguns anos atrás a
cirurgia consistia em recolocar o conteúdo herniário para dentro da cavidade
abdominal, e a seguir corrigir o defeito do canal inguinal com pontos (sutura).
O grande problema deste tipo de técnica é que se usa um tecido ruim e doente
para o fechamento do defeito. Além disso, estes tecidos eram aproximados sob

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uma grande tensão, o que causava mais dor no pós-operatório. A associação de pontos em tecido doente
e, ainda, sob tensão, era responsável pelos altos índices de recidiva das hérnias inguinais.
Devido a isto, atualmente a técnica utilizada é a colocação de tela. Esta técnica corrige o defeito
do canal inguinal sem tensão, já que o cirurgião adapta o tamanho da tela para cada caso, além de usar
um tecido seguro e íntegro (tela) para a correção do defeito. A técnica com tela é a que apresenta os
menores índices de recidiva de hérnia inguinal (menos de 3% dos casos). Outras vantagens deste
método são a menor dor no período pós-operatório, a menor necessidade de repouso e o retorno mais
rápido às atividades habituais do paciente. A aplicação da tela pode ser realizada tanto pelo método
convencional (incisão na região inguinal) quanto por cirurgia vídeo-laparoscópica (através da colocação
de pinças na cavidade abdominal).
Hérnia Umbilical e Epigástrica
A hérnia umbilical é causada por um defeito no fechamento da cicatriz umbilical, que pode ser
congênito ou adquirido durante a vida. Nas crianças, em geral a hérnia umbilical se fecha até os dois
anos, mas caso persista até os cinco anos, será necessário o tratamento cirúrgico. O exame abdominal
revela a presença de abaulamento umbilical, principalmente quando o paciente faz força com o abdome.
O tratamento é simples, e consiste na sutura do defeito umbilical.
As hérnias epigástricas são as que acometem a linha mediana do abdome, tanto acima (mais
comum) quanto abaixo da cicatriz umbilical. Também se caracterizam por abaulamento da região
abdominal, e são tratadas com sutura do orifício herniário. As hérnias umbilicais e epigástricas
apresentam baixo índice de recidiva.
Hérnias Incisionais
As hérnias incisionais ocorrem em locais do abdome que já foram submetidos à incisão
cirúrgica, e são resultantes da cicatrização inadequada destas incisões. Este tipo de hérnia tem como
característica apresentar altos índices de recidiva e de complicações. Os principais fatores que levam ao
desenvolvimento de hérnias incisionais a infecção da ferida cirúrgica no pós-operatório, a obesidade, o
tratamento com corticóides e quimioterapia, complicações
respiratórias (tosse) no pós-operatório, má nutrição e idade
avançada.
Nas hérnias incisionais pequenas, o tratamento pode ser realizado
apenas com a sutura simples do defeito da parede abdominal. No
entanto, nos casos com grande hérnia incisional, há a necessidade
de colocação de tela. Nos pacientes obesos, a colocação de tela por
via vídeo-laparoscópica pode apresentar vantagens.

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Hérnia de Hiato
Hérnia de hiato é a protusão do estômago através do orifício pelo qual o esôfago atravessa o
diafragma para penetrar na cavidade abdominal.
Existe um músculo (músculo do esfíncter esofágico inferior) que se abre para permitir a
passagem dos alimentos para o estômago e, então, se fecha para impedir que os ácidos estomacais
subam para o esôfago. Qualquer alteração nesse mecanismo pode provocar o refluxo gastroesofágico e,
conseqüentemente, azia, o sintoma mais comum da hérnia de hiato.
Incidência
A hérnia de hiato ocorre especialmente em pessoas mais velhas, obesas e em mulheres
multíparas.
Sintomas
Embora muitos casos sejam assintomáticos, os principais sintomas da hérnia de hiato são: azia,
eructações (arrotos) e refluxo dos ácidos estomacais que podem alcançar a garganta e provocar tosse ou
sensação de vômito. É bom ressaltar que azia crônica pode causar úlceras e esofagite, uma inflamação
na parede do esôfago.
Tratamento
A cirurgia, que pode ser feita por laparoscopia, só é indicada para casos mais graves, uma vez
que a hérnia de hiato costuma responder bem ao tratamento clínico. O médico pode prescrever
antiácidos que ajudam a controlar os sintomas.
Recomendações
* Evitar alimentos gordurosos, muito condimentados e frituras;
* Procurar não beber álcool nem bebidas gaseificadas;
* Não fumar;
* Não usar roupas nem acessórios apertados;
* Evitar ingerir muito líquido durante as refeições;
* Fazer refeições menores, mais leves e mais próximas umas das outras;
* Usar travesseiros mais altos ou colocar pequenos calços na cabeceira da cama;
* Não comer perto da hora de dormir é medida preventiva muito importante.
Complicações
As maiores complicações das hérnias abdominais são o encarceramento e o estrangulamento.
O encarceramento é a manutenção de partes do conteúdo abdominal no saco herniário, ou seja, fora da

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cavidade abdominal, sem retorno deste conteúdo para o seu lugar correto. No estrangulamento, além do
encarceramento, há o sofrimento do intestino ou de qualquer outra estrutura dentro do saco herniário,
devido à compressão dos vasos sanguíneos, com consequente redução ou impedimento à circulação
sanguínea. O encarceramento é uma urgência, e a cirurgia para o tratamento da hérnia deve ser realizada
o mais rápido possível.
APENDICECTOMIA
Apendicite aguda é a inflamação do apêndice cecal devido proliferação de bactérias no seu
interior causando no paciente um quadro de infecção. O apêndice é uma estrutura tubular de fundo cego,
de mais ou menos seis centímetros, que se localiza na porção inicial do intestino grosso (ceco). Quando
ocorre sua obstrução, acontece a crise de apendicite aguda.
A apendicectomia é passível de ser realizada pelo processo
tradicional, através da realização de um corte de abertura na
zona abdominal, ou através de cirurgia laparoscópica, que
deixa uma cicatriz muito menos visível, graças a serem
efetuados apenas pequenos cortes para inserção de uma
microcâmara de vídeo e dos instrumentos cirúrgicos.
Os pacientes sujeitos a uma apendicectomia podem retomar a
sua vida normal, sem qualquer tipo de complicação ou
alteração.
GASTROSTOMIA
Gastrostomia é uma abertura feita cirurgicamente no estômago para o meio externo, com
finalidade de facilitar a alimentação enteral para o cliente e administração de líquidos, quando a mesma
está impossibilitada por via oral. Indicado quando esta via alternativa necessita ser mantida por mais de
um mês.
A Enfermagem depara-se com este desafio e no cuidar ao individuo portador de gastrostomia,
seja em ambiente hospitalar seja em domicilio. Falando em cuidados domiciliares que é o que eu
trabalho aqui na minha cidade, percebo a importância da equipe de enfermagem saber a finalidade da
gastrostomia, mas também analisar os pontos fundamentais da assistência domiciliar que é a família, o
cliente e o cuidador (seja ele da enfermagem ou da família).
Segundo Tamussino (2008) são descritas duas maneiras para realizar-se a nutrição do paciente:
uma delas é o de alimento diluído onde o cliente receberá rapidamente uma grande quantidade de
alimento, com a duração de aproximadamente de trinta minutos. A outra será através de gravidade

28 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
contínua, onde o cliente receberá quantidades menores que serão administradas por meio de um fluxo
constante, em média de oito a vinte e quatro horas.
No entanto, fique atento a possíveis complicações:
Peritonite (inflamação do peritônio);
Hemorragia;
Aspiração;
Infecção da Ostomia;
Fístula Gastrocólica.
A sonda é presa à parede do abdome, mas é útil fixá-la com fita adesiva hipoalergênica ou
esparadrapo para evitar trações e deslocamentos acidentais. Seguir as orientações do enfermeiro quanto
ao curativo. Em caso de deslocamento, vazamento ao redor da sonda, dor no momento da administração
da dieta, interromper a infusão e procurar o seu médico ou equipe que o acompanha.
Os cuidados para evitar a obstrução são os mesmos que para a sonda nasoentérica: Por ser muito
fina, a sonda pode entupir-se facilmente,
impossibilitando a administração da dieta enteral.
Para evitar este problema:
- injetar, com uma seringa, 40 ml de água filtrada,
fervida e fria na sonda, antes e após a administração
da dieta ou de medicamento;
- observar os cuidados com a administração de
medicamentos: Se o médico prescreveu
medicamentos a serem administrados pela sonda,
proceder da seguinte maneira:
• medicamentos líquidos: aspirar ao volume prescrito com a seringa e injetar pela sonda;
• comprimidos e drágeas: amassar e dissolver em água, misturando bem; aspirar com a seringa e injetar
pela sonda.
Administrar os medicamentos um a um. Injetar água após cada medicação, para evitar que se
misturem na sonda, podendo entupir a mesma. Existem medicamentos que não devem ser administrados
pela sonda; verificar com médico responsável pela prescrição.
- em caso de obstrução, injetar lentamente 20 ml de água filtrada, fervida e morna. Atenção: a sonda
pode se romper caso a pressão para injetar a água for muito forte.

29 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
GASTRECTOMIA
A Gastrectomia é um procedimento cirúrgico que
consiste na retirada de parte ou de todo o estômago e
que pode ser realizado para tratamento de algumas
doenças, desde o tratamento de obesidade, úlceras
pépticas de estômago (rara indicação hoje em dia),
tumores benignos e câncer de estômago (tumor
maligno). Quando é realizada uma gastrectomia
parcial, o que restou do estômago é anexado ao
intestino delgado. Na necessidade da remoção
cirúrgica de todo o estômago (gastrectomia total), o esôfago é ligado diretamente ao intestino delgado.
Quando há a indicação médica de se remover parte ou todo o estômago é necessário cuidado
nutricional especial para que o organismo se acostume com a nova condição e permita uma vida
saudável, mesmo que com algumas mudanças. Normalmente a quantidade de alimentos que se consegue
comer de cada vez diminui, pois o reservatório foi reduzido, e o controle de liberar lentamente os
alimentos para o intestino também é alterado, podendo ocorrer a liberação mais rápida de alimentos mal
digeridos para o intestino, causando muitas vezes o que se chama de síndrome de Dumping (despejo).
A síndrome de Dumping é caracterizada por dor abdominal, diarréia, taquicardia, hipoglicemia
(queda da glicose no sangue), mal estar e queda de pressão. Entretanto, apenas cerca de 25 a 50% dos
pacientes apresentam esta sintomatologia ou mesmo algum sintoma. Vale ressaltar que a síndrome de
Dumping pode ser evitada com adequada orientação alimentar e nutricional. As demais fases da
digestão continuam normais, o que inclui a ação da mastigação, enzimas digestivas da saliva, do
intestino, do pâncreas, a bile, etc. Há a necessidade de suplementação de vitamina B12, principalmente
quando é realizada a gastrectomia total, pois o estômago é responsável pela produção de uma substância
(chamado de fator intrínseco) que se liga à vitamina B12 para que ela seja absorvida no intestino. Sem
isso, a absorção pelo aparelho digestivo ficará prejudicada e sua deficiência pode causar um tipo
específico de anemia. A necessidade de suplementação de ferro, cálcio e outras vitaminas depende de
cada caso.
Tomando-se alguns cuidados básicos e sob orientação nutricional adequada a pessoa que teve o
estômago removido cirurgicamente pode ter uma vida saudável e com qualidade alimentar após um
período inicial de adaptação. A interação do cirurgião, paciente e nutricionista é essencial nesta
retomada.

30 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
GASTROPLASTIA- Cirurgia Bariátrica
Conhecida também como cirurgia da obesidade e cirurgia de
redução do estômago. Quando a obesidade já chegou a um nível
crítico e as atividades físicas não causam efeito, é necessária uma
intervenção médica como a cirurgia bariátrica (baros=peso). É
recomendada, principalmente para pacientes com o índice de
massa corporal superior a 40.
O excesso de peso pode trazer agravamentos médicos como a
hipertensão, diabetes e disfunções respiratórias. O tratamento
contra a obesidade é considerado clínico, ou seja, é necessário
que ocorra a reeducação do paciente na forma física, psicológica e nutricional.
A primeira cirurgia bariátrica foi realizada por Kremen e Liner em 1954. Nessa ocasião, o
procedimento foi feito com o intuito de promover a redução de peso e foi utilizado o by-pass (desvio) do
intestino. Em 1982, foi feita a inserção de um método cirúrgico que se tornou bastante utilizado ao
longo dos anos, a gastroplastia vertical com bandagem. Esse método é simples e com poucas
complicações. No início dos anos 90, surgiu um novo tipo cirúrgico que utilizava os mecanismos
associados à restrição dos alimentos e a má absorção dos nutrientes. Foi desenvolvida por Rafael
Capella e o método tem seu nome sendo bastante utilizado atualmente.
A cirurgia bariátrica não tem fins estéticos, é uma cirurgia que vai alterar o hábitos e a qualidade
de vida do paciente com o objetivo de fazê-lo ter uma vida mais saudável e longa. Os métodos para o
tratamento cirúrgico contra a obesidade são bem radicais e devem ser feitos em condições extremas, ou
seja, quando o paciente não consegue mais reduzir seu peso sozinho e corre risco de morte devido
à obesidade.
A cirurgia é dividida em dois tipos de abordagem. A abordagem aberta - aquela onde é feita uma
incisão no abdômen - e a videolaparoscópica. Nesse segundo tipo de abordagem, uma câmera é
colocada no abdômen para que o médico visualize a cirurgia por um monitor e nele, há menos dor no
pós- operatório e uma rápida recuperação. É uma cirurgia cara e poucos hospitais administrados
pelo Sistema Único de Saúde (SUS) realizam o procedimento.
Pré-Requisitos para a Cirurgia Bariátrica
Para ser submetido aos tratamentos cirúrgicos, o paciente deve:
-Estar com 45kg acima do peso ideal ou com o IMC de 40 ou superior a isso;
-Pacientes com IMC de 35, mas que tenham problemas de saúde relacionados à obesidade;
-Estar na faixa etária de 16 a 60 anos;

31 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
-Histórico em não conseguir perder peso;
-Não possuir nenhuma doença que seja contraindicada para a cirurgia;
-Avaliação clínica completa e exames pré-operatórios.
É uma cirurgia não recomendada para pessoas que tenham cirrose hepática, problemas graves no
pulmão, lesão no músculo cardíaco e insuficiência renal.
Avaliação médica
Os médicos necessitam realizar esse procedimento a fim de verificar doenças que podem ser
fatores de risco para a cirurgia. A avaliação deve ser criteriosa, pois há algumas doenças intimamente
ligadas à obesidade. São elas: diabetes, doenças do fígado, afecções circulatórias, alterações das
gorduras sanguíneas, artroses e doenças respiratórias.
Psicologia e Cirurgia Bariátrica
O tratamento da obesidade com a cirurgia bariátrica deve ser acompanhado com uma adaptação
do paciente em sua nova forma de vida. Nesse momento, a psicologia ajuda o paciente a refletir sobre
sua nova personalidade para que a adaptação seja a melhor possível. Antes mesmo que ocorra o
procedimento cirúrgico, o paciente deve ser submetido a uma avaliação psicológica, pois se for
verificada uma psicopatologia grave ou dificuldades em entender o processo que será feito, a cirurgia
bariátrica pode ser contraindicada.
O período após a cirurgia é considerado pelos pacientes como o mais difícil, devido ao
desconforto e falta de adaptação. Após o procedimento, opsicólogo deve acompanhar o paciente no
intuito de auxiliá-lo nessa nova fase, pois ele terá que lidar com uma nova aparência, as dificuldades
do pós-operatório e as limitações alimentares. É importante que ele entenda que as restrições não são
um impedimento a sua liberdade.
A família também deve participar do processo de adaptação psicológica para identificar as
dificuldades daquela pessoa, para que possam oferecer o incentivo necessário. Esse apoio é
extremamente importante para que possíveis dificuldades e o medo do paciente sejam verificados. A
família deve trabalhar em conjunto com os médicos e especialistas.
Cuidados após a Cirurgia Bariátrica
Após a cirurgia, o paciente deve tomar uma série de cuidados, visando acelerar o processo de
cicatrização e a adaptação a seu novo estilo de vida. Nos primeiros dias após o procedimento, devem ser
ingeridos somente líquidos de forma lenta e as orientações de uma nutricionista também são
importantes. É necessário que, nesse período, não ocorra a ingestão de açúcar, pois pode se tornar um
risco à vida e à saúde de quem foi submetido à cirurgia bariátrica.

32 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
A incisão que é feita para o procedimento cirúrgico deve ter seu curativo sempre trocado e o
local deve ser limpo e seco regularmente. Pode ser feita a prática de exercícios moderados como a
caminhada e deve-se evitar pegar coisas muito pesadas.
Complicações
Náuseas;
Vômitos;
Pneumonia;
Hérnias;
Distúrbios Nutricionais;
Embolia Pulmonar;
Inchaço abdominal;
Evacuação fétida;
Dentre outros.
LAPAROTOMIA
Laparotomia é uma manobra cirúrgica que envolve uma
incisão através da parede abdominal para aceder à cavidade
abdominal.
Laparotomia diagnóstica e terapêutica
Em uma laparotomia diagnóstica, a natureza da doença é
desconhecida, e a laparotomia é necessária para identificar a
causa. Na laparotomia terapêutica, uma causa foi
identificada (por exemplo úlcera péptica, câncer de cólon) e
o procedimento é requerido para a sua terapia. Geralmente,
somente a laparotomia diagnóstica consta como uma operação cirúrgica por si; quando uma operação
específica é planeada, a laparotomia é considerada meramente a primeira etapa do procedimento.
Dependendo do local da incisão, pode-se ter acesso a todo um órgão ou ao espaço abdominal, e é
a primeira etapa em qualquer procedimento cirúrgico diagnóstico ou terapêutico destes órgãos, que
incluem:
A porção inferior do tubo digestivo (o estômago, o duodeno, o jejuno, o íleo e o cólon)
O fígado, o pâncreas e o baço
A bexiga
Os órgãos reprodutivos femininos ( útero e ovários)
O retroperitôneo (os rins, o aorta, linfonódos abdominais)

33 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
A incisão mais comum para o laparotomia é a incisão mediana, uma incisão vertical que segue
a linha alba. A incisão mediana supraumbilical estende-se do processo do xifóide ao umbigo, uma
incisão mediana infraumbilical vai do umbigo até a sínfise púbica. Uma única incisão que se estende do
processo xifóide até a sínfise púbica é empregada às vezes, especialmente na cirurgia do trauma. É
chamada de xifo-púbica.
LAPAROSCOPIA
Laparoscopia é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo realizado sob efeito de anestesia. É
um método consagrado para retirada da vesícula biliar. Também é utilizada largamente em cirurgias
ginecológicas e urológicas.
Técnica/procedimento
O médico faz uma pequena incisão no umbigo e introduz um
dispositivo fino chamado laparoscópio - Um instrumento
de fibra óptica que permite realizar
procedimentos diagnósticos e terapêuticos, daí o nome do
exame, na forma de um procedimento cirúrgico através da qual
se pode visualizar os órgãos internos dentro
do abdômen e pelve, observando se há inchaço e inflamação
das trompas e ovários.
Esta técnica também é utilizada em outros tipos de cirurgias, nomeadamente em operações de
articulação quando recebe o nome de artroscopia. Uma aplicação bastante comum é a cirurgia
de menisco, com a grande vantagem do tempo de recuperação ser muito inferior quando comparado
com o método de exposição completa do joelho, bem como o pós-operatório, sendo possível andar logo
no dia seguinte à intervenção.
Complicações
A maior desvantagem é a dor e a distensão abdominal, cicatrizes permanentes, infecções,
abscessos, hematomas, peritonites, enfisemas.
Pode haver certo risco quando há doenças cardíacas ou respiratórias, obesidade, hérnia
diafragmática, gravidez, doença inflamatória pélvica ou seu antecedente - (pela possibilidade de reativá-
la), cicatrizes abdominais extensas, ou múltiplas, ou próximas ao área umbilical e cirurgia abdominal
prévia.

34 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
COLECISTECTOMIA
A colecistectomia é um dos procedimentos cirúrgicos
mais comumente realizados na cirurgia do aparelho
digestório, normalmente devido à litíase de vesícula
biliar. Seu emprego teve um grande impulso e aumento da
aceitabilidade com o surgimento da via vídeo-
laparoscópica de cirurgia.
A retirada cirúrgica da vesícula biliar (colecistectomia)
tem sua indicação principalmente em três doenças:
1) Litíase da vesícula biliar;
2) Pólipos de vesícula biliar;
3) Tumores da vesícula biliar.
A vesícula tem a forma semelhante a uma pêra, ficando localizada logo abaixo do fígado, na
região superior e à direita do abdome. O procedimento cirúrgico consiste, basicamente, na ligadura da
artéria que nutre a vesícula biliar com sangue (artéria cística) e do ducto que esvazia a bile da vesícula
biliar (ducto cístico), seguido do descolamento da vesícula biliar do fígado.
O procedimento cirúrgico habitualmente é realizado pela via vídeo-laparoscópica, popularmente
conhecido por cirurgia a "laser". Algumas situações clínicas são contra-indicações relativas ao
procedimento vídeo-laparoscópico, situações como:
- Cirurgias abdominais prévias: cirurgias antigas na parte superior do abdome podem ocasionar
formaçoes de aderências, o que dificulta o procedimento cirúrgico pela via vídeo-laparoscópica.
- Doenças pré-existentes: problemas pulmonares, cardíacos, de coagulação, obesidade,
dependendo da gravidade podem contra-indicar o procedimento.
O procedimento vídeo-laparoscópico consiste na insuflação de dióxido de carbono (CO2) na
cavidade abdominal do paciente, permitindo que o cirurgião posicione uma câmera de vídeo pela
cicatriz umbilical, e através dela observe o interior do abdome. Auxiliado por algumas pinças
posicionadas através da parede abdominal (incisões de aproximadamente 1 cm), o cirurgião realiza o
procedimento de colecistectomia.
COLOSTOMIA
É um procedimento cirúrgico onde se faz uma abertura no abdome para a drenagem fecal
provenientes do intestino grosso (cólon). É feito geralmente após a ressecção intestinal. Ela pode ser
temporária ou permanente.

35 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
É feita uma incisão no abdome enquanto o paciente está sob anestesia geral. O tecido sadio do
intestino é preso no abdome (colostomia). Em seguida, uma bolsa adesiva para drenagem é posicionada
em torno da abertura. A incisão abdominal é fechada.
Indicações
Uma colostomia é feita quando a parte inferior do intestino grosso, o reto ou o ânus está
impossibilitado de funcionar normalmente ou quando necessita de um período de repouso para as suas
funções normais.
Como conviver com uma colostomia
Nos dias de hoje, existem vários recursos para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos com
colostomia.
Existem filtros para a bolsa filtrando o volume e odor dos gases, procedimentos específicos para
indivíduos com colostomia definitiva (irrigação intestinal e uso de oclusor) que requerem treinamento e
autorização do médico e ou da enfermeira estomaterapeuta para ser realizada.

36 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
Cirurgias da Cabeça e Pescoço
SEPTOPLASTIA
Septoplastia é uma cirurgia realizada para a correção de desvios existentes no
septo nasal, de forma a deixá-lo o mais reto possível.
O septo nasal é a parte do nariz que divide a cavidade nasal direita da cavidade
nasal esquerda, estando geralmente no centro do nariz. É constituído por
mucosa, cartilagem e osso.
O objetivo da cirurgia é melhorar a respiração pelo nariz. A cirurgia é a única
solução para corrigir o desvio de septo nasal.
Indicação
Para os pacientes com desvio de septo nasal que apresentam obstrução nasal (nariz entupido) e
que não melhoram com tratamento com medicamentos.
Está também indicada em associação com a Rinoplastia (plástica de nariz) para pacientes com o
nariz torto que desejam melhorar a estética e a função nasal.
Procedimento
A cirurgia é realizada por dentro do nariz, não sendo realizadas incisões externas. Demora
aproximadamente 60 minutos, dependendo da complexidade do desvio. O septo nasal, como todo o
restante da cavidade nasal, é coberto pela mucosa nasal. O primeiro passo da cirurgia consiste em se
levantar esta cobertura, para que se exponham todas as alterações ósseas e cartilaginosas do septo. Após
a remoção e remodelagem das áreas desviadas, a mucosa nasal é reposicionada e suturada. O Não há
necessidade de uso do tampão nasal no pós-operatório, na grande maioria dos casos.
Complicações
É considerada uma cirurgia de baixo risco. Raramente ocorrem sangramentos importantes em
que há necessidade de uso de tampão nasal ou cauterização de vasos sangrantes. Em casos mais raros
podem ocorrer sinéquias (aderências) e perfuração do septo nasal. A taxa de satisfação com essa cirurgia
é altíssima.
Cuidados no pós-operatório
Normalmente, o paciente recebe alta no mesmo dia em que foi realizada a cirurgia. Deve ser
mantido repouso relativo por cerca de 48 horas após a cirurgia. Neste período é normal a saída de

37 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
pequena quantidade de sangue pelo nariz ou garganta. Atividade física deve ser iniciada somente após
10 dias.
É importante a realização de limpeza nasal rigorosa especialmente no primeiro mês após o
procedimento cirúrgico. Neste período será necessário retorno semanalmente ao consultório, para que
sejam removidas crostas que por ventura venham a se formar.
TONSILECTOMIA
A tonsilectomia é um processo cirúrgico que consiste na excisão das tonsilas palatinas.
As tonsilas são aglomerados de nódulos linfáticos revestidos apenas de epitélio, elas eram
conhecidas como “amígdalas”. As tonsilas palatinas são órgãos linfóides localizados estrategicamente
na porta de entrada do sistema digestório e respiratório próximo ao arco palatofaríngeo, na parte
posterior da língua (tonsilas linguais), e na parte posterior da nasofaringe encontramos as tonsilas
faríngeas.
A cirurgia é realizada inteiramente por dentro da boca com Bisturi Harmônico Ultracision
emprega energia ultra-sônica para realizar um corte
preciso e uma coagulação controlada vibrando
55.500 vezes por segundo, a lâmina desnatura a
proteína para formar um coágulo.
O equilíbrio entre o corte e a coagulação é
inteiramente controlado pelo cirurgião através do
ajuste do nível de potência, tempo de lâmina, da
tração do tecido e pressão da lâmina. Em alguns
casos, serão necessários uns 2 ou 3 pontos, que não precisam ser retirados, pois serão absorvidos pelo
organismo. Em geral, é realizada em curto período de internação, entre algumas horas e um dia.
Raramente, os pacientes ficam internados por mais de um dia, será internado se ocorrer os casos
citados abaixo:
- Não estiverem deglutindo bem alimentos líquidos após a cirurgia.
- Tiverem outros problemas associados.
- Tiverem alguma complicação após a cirurgia, tal como sangramento.
Indicações
Indicações Absolutas
Aumento exagerado de tamanho, levando a grande dificuldade de deglutição. Aumento
exagerado de tamanho, levando à obstrução das vias aéreas superiores. Tumores quase sempre causam
aumento de volume unilateral. Na maioria das vezes, prefere-se fazer exérese total em vez de biópsia.
Indicações Relativas

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Tonsilites de repetição - usualmente considera-se que existe indicação cirúrgica quando ocorrem
cinco ou mais tonsilites em um ano, ou quatro por ano em um período de dois anos consecutivos.
Abscesso periamigdalino, especialmente quando precedido por tonsilite de repetição.
Mau hálito - é, também, uma indicação controvertida, mas alguns pacientes que apresentam
grande eliminação de caseum preferem operar-se, desde que se tenham investigado todas as
outras possíveis causas do mau hálito.
Convulsões febris - por si só não constituem indicação cirúrgica, mas quando as convulsões
ocorrem quase sempre na vigência de tonsilites, muitas vezes decide-se pela intervenção
cirúrgica.
Apnéia obstrutiva do sono - pode ocorrer em virtude da grande hipertrofia das tonsilas palatinas
(e faríngica). Em geral está acompanhada de ronco noturno e sono inquieto. A cirurgia costuma
provocar melhora rápida e intensa.
Complicações
Sangramento que deve ser notificado com urgência à enfermagem do andar que tomará as
providências necessárias. Se o sangramento for severo, pode ser que haja necessidade do paciente
retornar à sala de cirurgia. Desidratação (devido à ingestão inadequada de líquidos; se for severa, uma
hidratação por veia será necessária) Febre (se for baixa não é uma complicação verdadeira e faz parte do
quadro) Dificuldade de respiração (por inchaço dos tecidos da garganta).
Cirurgias Torácicas
A cirurgia torácica refere-se a diversos procedimentos cirúrgicos que implicam na abertura da
cavidade torácica (toracotomia) e (ou) órgãos da respiração. As indicações da cirurgia torácica podem
ser para retirada de tumores e drenagem de abscessos, ou reparação do esôfago e vasos torácicos.

39 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
Na avaliação do paciente deve ser considerada a função cardiopulmonar. São contra-indicações
para a cirurgia, as disritmias não-controláveis, o IAM, a ICC e a angina instável.
O sucesso da cirurgia não depende somente da habilidade da equipe que opera, mas, também, da
qualidade dos cuidados de enfermagem durante os períodos pré e pós-operatório.
Ressecção segmentar: ressecção de um segmento ou lobo pulmonar - o tecido pulmonar
restante expande-se novamente, preenchendo o espaço anteriormente ocupado pelo segmento removido.
É indicada nos casos de abscesso pulmonar crônico, quistos ou bolhas enfisematosas congênitas; tumor
benigno; infecção segmentar por tuberculose ou bronquiectasia.
Ressecção em cunha: remoção de pequenas seções periféricas do lobo - a estrutura e função
pulmonares permanecem relativamente inalteradas após a cicatrização. Está indicada em casos de
granulomas subpleurais e pequenos tumores periféricos e, ainda, neoplasia.
Lobectomia: remoção de um ou mais lobos de tecido pulmonar. Após a cirurgia ocorre enfisema
compensatório não-patológico, à medida que o tecido pulmonar se re-expande, enchendo o espaço
torácico ocupado pelo tecido ressecado. Está indicada em infecções tais como, tuberculose, tumores
benignos e malignos.
Pneumonectomia: remoção total de um pulmão. O lado removido da cavidade torácica torna-se um
espaço vazio. Para reduzir o tamanho dessa cavidade e paralisar o diafragma em uma posição elevada, o
nervo frênico e o lado afetado são ressecados. O risco de remoção do pulmão direito é maior em relação
ao esquerdo, em virtude do tamanho do leito vascular, que implica em sobrecarga fisiológica. Está
indicada em abscesso crônico extenso, lesões unilaterais selecionadas, infecção generalizada do pulmão
e neoplasias.
Timectomia: remoção do timo - indicada em neoplasia primária do timo ou miastenia gravis.
Ressecção de traquéia: ressecção parcial da traquéia, seguida de anastomose topo a topo. Está indicada
em estenose significativa do orifício da traquéia, relacionada com a pressão mecânica ou "cuff" da
sonda traqueal (pressão que produz isquemia da parede da traquéia, inflamação, ulceração e tumores).
Toracoplastia: colapso cirúrgico de uma região da parede torácica mediante múltipla ressecção de
costelas para redução intencional do hemotórax. Indicada em lesões cavitárias crônicas e coleções de
empiema; fugas de ar recorrentes; redução do espaço morto torácico após ressecções externas.
Intervenções de enfermagem no pós-operatório
As intervenções têm por objetivo otimizar a oxigenação e ventilação, mantendo a vigilância das
complicações, controle da dor e auxilio ao paciente na recuperação de sua função cardiopulmonar.
Devido ao posicionamento intra-operatório e à terapêutica pré e peri-operatória, as atelectasias e
acúmulos de secreções são freqüentes no período pós-operatório. A ventilação do paciente pode ser
superficial em conseqüência da dor pós-operatória, o que contribui, também, para a formação de

40 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
atelectasias e estase das secreções. Após a estabilização dos sinais vitais, o paciente será colocado na
posição Semi-Fowler, favorecendo, assim, a expansão dos pulmões, facilitando a ventilação com menor
esforço possibilitando a drenagem da sonda torácica.
O paciente será reposicionado pelo menos a cada 2 horas para prevenção da estase de secreções e
manutenção do equilíbrio da ventilação/perfusão. É necessário orientar o paciente a tossir e respirar
fundo a cada uma ou duas horas, auxiliando-o a amparar a incisão com uma almofada ou cobertor
durante a respiração profunda e enquanto tosse. A tosse ajuda-o a movimentar e a expelir as secreções
traqueobrônquicas; a respiração profunda dilata as vias aéreas, estimula a produção de surfactante
e expande o tecido pulmonar; o apoio estabiliza a zona afetada e reduz a dor durante a realização destes
procedimentos. Auscultar o murmúrio vesicular, antes e após a tosse, ajuda na avaliação da eficácia
desta.
Na ausência de alterações da função renal ou cardíaca, hidrata-se o paciente de acordo com sua
superfície corporal, para fluidificação das secreções, pois a hidratação adequada é o agente mucolítico
mais eficaz. A umididficação das vias aéreas pode ser feita através de nebulização com máscara, cateter
de oxigênio ou qualquer outro método. Na presença de ventilação mecânica assegurar a umidificação
das vias aéreas, verificando a cada 6 horas o nível de água do umidificador e trocando quando
necessário. Além disso, é muito importante verificar a presença de muco espesso e aderente o que
sugere insuficiente aporte de líquidos e (ou) insuficiente umidificação externa.
A mobilização do paciente será indicada conforme a fase de recuperação e o tipo de cirurgia
realizada. O decúbito lateral é indicado após a cirurgia até a recuperação da sua consciência, visto que
promove estabilidade hemodinâmica e previne broncoaspiração, exceto, porém, após pneumectomia,
porque, nesta intervenção, o mediastino pode ser deslocado e a mudança de posição excessiva
possibilitaria o desvio do mesmo e a compressão do pulmão restante. Nos casos de ressecção em cunha
ou segmentectomia não se deve posicionar o paciente sobre o lado da cirurgia, pois este procedimento
dificulta a expansão do tecido pulmonar restante. Após a mobilização do paciente verifica-se a posição
de tubos e drenos.
O enfermeiro permanecerá alerta para possíveis complicações da cirurgia torácica, tais como:
insuficiência respiratória (provavelmente resultante da alteração do nível de consciência pelo uso
de anestésicos, re-insuflação pulmonar incompleta, diminuição do esforço respiratório devido a dor
e, ainda, limpeza inadequada da via aérea); pneumotórax hipertensivo e desvio de mediastino (podem
ocorrer por vazamento de ar através das linhas de incisão pleurais, caso a drenagem torácica fechada
não esteja funcionando adequadamente); enfisema subcutâneo (devido a vazamento de ar no local
da incisão pulmonar); embolia pulmonar (uma possível complicação no pós-operatório e causa de
hipoxemia); edema pulmonar (a hipóxia aumenta a permeabilidade capilar, fazendo com que o líquido
penetre no tecido pulmonar, acrescente-se o fato que, a sobre carga circulatória pode resultar da redução
do tamanho do leito vascular em virtude da remoção do tecido pulmonar, fato que retarda a re-expansão

41 Enfermagem Cirúrgica - 3ª Etapa Professora Mariane Gonçalves
do pulmão);arritmias cardíacas (bastante comuns, resultam da associação de vários fatores, como
aumento do tônus vagal, hipóxia, desvio do mediastino e pH sangüíneo anormal); hemorragia,
hemotórax, choque hipovolêmico (devido a vazamento capilar, planos teciduais do tórax bastante
extensos e vascularizados); tromboflebite (a anestesia e imobilidade reduzem o tônus vasomotor,
diminuindo o retorno venoso e a deposição periférica de sangue).
O conhecimento prévio de tais complicações faz a diferença na assistência de enfermagem
especializada, proporcionando ao paciente segurança e confiança na equipe que o está assistindo
Cirurgias Endócrinas
TIREOIDECTOMIA
A glândula tireóide é uma parte do sistema endócrino e desempenha um papel importante na regulação
do metabolismo corporal, pode-se dizer que os
hormônios tireóideos dizem ao corpo quão rápido
trabalhar e como usar a energia. Algumas doenças
afetam a glândula tireóide por meio da redução da
produção de seus hormônios (hipotireoidismo), ao
passo que outras causam uma superprodução desses
hormônios (hipertireoidismo). A tireoidectomia,
cirurgia para a retirada total ou parcial de glândula
tireóide, onde é feita uma incisão na parte frontal do
pescoço enquanto o paciente está sob anestesia
profunda e sem dor (anestesia geral). A glândula tireóide é então removida.
Dificilmente tireoidectomia produz cicatrizes com mau resultado estético, pelo contrário, são
normalmente discretas.
O tamanho da incisão cirúrgica varia de 3 a 15cm, dependendo do tamanho da tireóide, aspectos
anatômicos do paciente, tipo de cirurgia e da experiência do cirurgião em realizar incisões pequenas. Se
não houver nenhum problema, a média de internação é de 1 dia, ou seja, o paciente recebe alta no dia
seguinte a cirurgia, é utilizado um dreno a vácuo pra drenar a solução sanguinolenta, normalmente está
localizado abaixo da incisão cirúrgica e permanece até o momento que o paciente for de alta, Quando o
dreno é retirado, é normal que fique saindo um pouco de secreção que vai diminuindo progressivamente
até o orifício fechar sozinho, o que dura por volta de 2 dias. Enquanto isso um curativo com gaze e
micropore deve ocluir o local, Este curativo é formado por vários pedaços dispostos em paralelo e tem
uma tripla função: proteger a incisão de bactérias e sujeiras; servir como pontos falsos auxiliando no
resultado estético da cicatriz; proteger do sol, que é um dos grandes inimigos de uma boa cicatrização.

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O paciente sai do hospital com este curativo, que só será trocado no retorno de cirurgia, em consultório,
após 1 semana.
As principais razões para se realizar a tireoidectomia são:
Suspeita de malignidade
Compressão cervical
Desvio de traquéia ou bócios mergulhantes
Aumento da função da tireóide (hipertireoidismo; tireotoxicose)
Diminuição da função da tireóide (hipotireoidismo) com uma dilatação da glândula (hipertrofia)
Complicações
Um em cada 10 pacientes que são operados da glândula tireóide apresenta alguma alteração
temporária na voz, enquanto que um em cada 250 pode evoluir com alterações definitivas. Isso ocorre
por causa da proximidade da glândula com os nervos responsáveis pelos movimentos das cordas vocais.
Hipocalcemia - Junto a glândula tireóide, existem as glândulas paratireóides, que em geral são
em numero de 4. Elas são responsáveis pela produção de um hormônio (PTH) que regula o nível de
cálcio no sangue. Após uma tireoidectomia, pode haver uma diminuição temporária ou definitiva da
função destas glândulas levando a queda dos níveis de cálcio no sangue. Felizmente, é muito raro
ocorrer uma deficiência definitiva na função que é chamada de hipoparatireoidismo definitivo e quase
sempre estão associados com a tireoidectomia total. O paciente pode apresentar como sintomas
formigamentos nas mãos, nos pés, ao redor dos lábios e nas orelhas que podem evoluir para câimbras. O
tratamento consiste em receber grandes doses de cálcio e vitamina D. Raramente estes sintomas
ocorrem em tireoidectomias parciais.
Cuidados de Enfermagem
Pré Operatório
SSVV
Orientar o paciente sobre a cirurgia
Exames pré- operatórios
Jejum de pelo menos 8 horas
Orientar sobre a cicatriz
Orientar sobre alterações na voz
Evitar tomar qualquer medicação que contenha ácido acetil salicílico por 10 dias antes da cirurgia.
Remédios como AAS, Aspirina, Buferin ou Melhoral, por exemplo, não devem ser tomados. O uso
destes remédios aumenta muito o risco de sangramento durante a cirurgia e no pós- operatório.

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Intra- operatório
Posicionar o paciente
Puncionar AVP calibroso
Auxiliar o anestesista
Nesta cirurgia o tipo de anestesia é geral
Pós-operatório
SSVV
Nível de consciência
Orientar sobre náuseas e vômitos, por ter passado por uma anestesia geral
Orientar sobre a dor, mesmo sendo uma cirurgia pouco dolorosa é comum sentir uma sensação de
garganta inflamada por até uma semana após a cirurgia.
Orientar sobre a tosse, devido a manipulação da traquéia e por inflamação das cordas vocais pela
intubação durante a anestesia geral.
Sobre o retorno ao consultório, que ocorre de 7 a 10 dias.
Sobre os pontos e sua retirada no retorno ao consultório
Curativo que só será trocado no retorno de cirurgia, em consultório
Evitar esforços físicos
Cirurgias Urológicas
NEFRECTOMIA
Nefrectomia Radical
O rim pode ser acometido por um tumor de natureza maligna e a remoção cirúrgica do órgão tem
sido recomendada como a principal forma de tratamento curativo. Classicamente esta cirurgia é
realizada por via aberta, com grandes incisões, retirando-se, além do órgão principal, todo o envoltório e
tecidos adjacentes, ou seja, a remoção em bloco, o que se pode entender como uma cirurgia radical.
Fig. 1 – Desenho demonstrando grande tumor localizado na região superior do rim. Neste caso há
necessidade da retirada completa do rim.

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Fig. 2 – Paciente posicionado lateralmente para realização da cirurgia por lombotomia.
No entanto, nos centros onde a técnica minimamente invasiva apresenta-se bem desenvolvida,
este procedimento pode ser realizado com toda a radicalidade recomendada, mas sem os inconvenientes
de uma extensa cicatriz de incisão cirúrgica, com pós-operatório bem menos doloroso e recuperação
muito mais precoce.
Em situações não raras, em razão de a doença neoplásica ser detectada cada vez mais
precocemente, principalmente nos dias atuais, por conta do uso de exames de imagens de alta resolução
como método diagnóstico, os pacientes têm ainda a chance de obter o tratamento de uma forma mais
conservadora, ou seja, poupadora da extirpação completa de todo o rim. Neste caso, a utilização da
cirurgia laparoscópica também se faz possível, trazendo beneficio inequívoco aos pacientes.
Nefrectomia Simples
Termo utilizado para a remoção completa do rim, indicada em múltiplas patologias renais, tanto
as que levam à perda total da função renal, quer sejam obstrutivas, quer não, quanto as inflamatórias,
infecciosas, hereditárias, congênitas e as que apresentam hipertensão renovascular.
Classicamente, o órgão sempre foi retirado por uma incisão cirúrgica bastante dolorosa, em
razão da necessidade de secionar toda a parede abdominal, incluindo, além da pele, várias camadas de
musculatura. Com a laparoscopia, as incisões são, comparativamente, mínimas, reduz-se a necessidade
do uso de analgésicos e abrevia-se o tempo de internação e de recuperação.
A primeira nefrectomia laparoscópica foi realizada pelo professor Clayman e colaboradores, no
ano 1991, quando trataram uma mulher de 85 anos, portadora de doença benigna (oncocitoma), numa
cirurgia com duração de sete horas. A partir de então, graças ao desenvolvimento da técnica, aliado ao
desenvolvimento tecnológico de instrumentais e equipamentos, a laparoscopia tem sido aceita como a
melhor abordagem na maioria das instituições. Os estudos de literatura, por sua vez, têm mostrado a sua
inequívoca superioridade, trazendo aos pacientes inúmeros benefícios inerentes a uma técnica
minimamente invasiva.

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Intervenções de Enfermagem
A avaliação do paciente após cirurgias urológicas envolve, principalmente, atenção ao balanço
hidroeletrolítico. A monitoração contínua do débito urinário a cada hora, durante as primeiras 24 horas é
essencial, a fim de proteger e preservar a função renal residual dos rins. Inicialmente, a urina apresenta-
se sanguinolenta, tornando-se rósea e, a seguir,adquire sua cor normal. Quando está prevista a drenagem
de grandes quantidades de fragmentos celulares e coágulos sanguíneos, recorre-se à irrigação contínua.
Este sistema pode ser empregado para lavagem periódica da bexiga. Deve ser fechado, contínuo
e estéril para reduzir o risco de infecção. O líquido de irrigação será isotônico, pois a água
destilada pode provocar depleção dos eletrólitos ou intoxicação hídrica. Na irrigação intermitente
utiliza-se solução isotônica em pequenas quantidades (60 a 100 ml), na contínua, o volume deve ser
suficiente para manter o fluxo de drenagem da urina límpido ou ligeiramente rosado. O enfermeiro
avaliará frequentemente a permeabilidade do cateter,assegurando-se que esteja drenando. Manterá
registro preciso da ingesta oral, da administração endovenosa e dos débitos, anotando a quantidade
infundida na irrigação. A solução de irrigação será subtraída dos registros de ingestão e excreção, para
evitar uma medida inexata da função renal do paciente e da retenção vesical. Na presença de estoma,
observar o tamanho, formato e cor. Uma cor parda ou cianótica pode indicar um suprimento sanguíneo
insuficiente e início de necrose. O enfermeiro permanecerá atento aos sinais de peritonite, pois o
vazamento provoca entrada de urina na cavidade abdominal. O pH da urina será verificado, visto que, a
urina alcalina irrita a pele e facilita a formação de cristais. A irritação pode resultar também de mudança
excessiva da bolsa de drenagem.
Todas as vezes que a bolsa for trocada, a pele ao redor do estoma será limpa com água e
sabão; se houver cristais sobre a pele, lavar com solução diluída de vinagre para ajudar a removê-los.
Uma compressa de gaze ou tampão será colocada sobre o estoma durante a limpeza, para evitar que a
urina flua sobre a pele. Durante as mudanças dos dispositivos, deixar a pele exposta ao ar pelo maior
período possível. Bolsa do tipo "Karaya" nãopode ser usada como bolsa urinária, pois é corroída pela
urina. O paciente pode apresentar dor em resposta a cirurgia; dor adicional se a drenagem dos tubos
urinários estiver obstruída; espasmos vesicais causados pela super distensão da bexiga ou, ainda,
irritação provocada pelo balonete do cateter de demora. Complicações podem ocorrer, entre elas:
hemorragia, choque, tromboflebite, pielonefrite, pneumotórax e infecção.O enfermeiro deve observar o
volume, cor, odor e concentração urinários; e estar atento ao débito urinário, condições e
permeabilidade do sistema de drenagem, bem como a presença de sedimentos na urina.
A ingesta líquida adequada é excepcionalmente importante para este paciente, no pós-operatório.
Grandes quantidades de líquido são geralmente a regra; se o paciente pode tolerá-los por via oral, deve-
se escolher esta via. É necessário trocar curativos sempre que for preciso, e utilizar barreira a fim de
proteger a pele de escoriações causadas pela acidez da urina.

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Cirurgias Ginecológicas
MASTECTOMIA
Os tipos de cirurgias são geralmente agrupados em três categorias: A
mastectomia total (simples) remove todo o tecido mamário, porém todos
ou muitos dos linfáticos e músculos torácicos são mantidos intactos. A
mastectomia radical modificada (cirúrgica mais comum) remove toda a
mama,algum ou muitos nódulos linfáticos,e algumas vezes os músculos
peitorais menores torácicos.A mastectomia radical(Halsted) é um
procedimento realizado raramente porque requer a remoção de toda a mama,pele,músculo peitorais
maior e menor, nódulos linfáticos axilares,e algumas vezes as nódulos linfáticos mamários internos ou
os supra-claviculares.
Cuidados específicos no pré- operatório
1. Verificar que informação a paciente tem sobre diagnóstico, intervenção cirúrgica esperada e
terapias futuras. Observar a presença de negação ou ansiedade extrema.
2. Explicar o propósito e a preparação para os testes diagnósticos.
3. Estimular questionamentos e dar tempo para que expresse medos. Dizer á paciente que o estresse
relacionado ao câncer de mama pode persistir por muitos meses e buscar ajuda/ suporte.
4. Avaliar o grau de suporte disponível para a paciente. Prestar informação sobre os recursos da
comunidade, estimular/proporcionar a visita de uma mulher que tenha se recuperado de
mastectomia.
Cuidados específicos no pós-operatório
1. Avaliar curativo-feridas para característica da drenagem. Monitorar quantidade de edema,
vermelhidão e dor na incisão.

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2. Realizar avaliação de rotina do braço envolvido. Elevar a mão/braço com o ombro posicionado
em um ângulo apropriado (não mais que 65 graus de flexão, 45 a 65 graus de abdução, 45 a 60
graus de rotação interna) e repousar o antebraço em uma cunha ou travesseiro, como indicado.
3. Monitorar temperatura.
4. Colocar em posição de semi fowler, deitada em decúbito dorsal ou sobre o lado não
afetado,evitando que o braço afetado fique oscilante.
5. Evitar medidas de pressão arterial (PA), injeção ou inserção de acesso venoso no braço afetado.
6. Inspecionar o sítio doador/enxertado (se houver) para coloração, formação de bolhas; observar
drenagem do sítio doador.
Prescrições de Enfermagem específicas
-Permitir que o paciente expresse seus sentimentos e dúvidas explicando o processo cirúrgico e os
efeitos indesejáveis que possa ocorrer.
-Sugerir que o paciente discuta com seu parceiro suas preocupações, o encaminhamento á um
conselheiro sexual.
-Fazer curativo com SF 0,9% 1x ao dia ou quando necessário.
-Ensinar lavar as mãos antes e depois de fornecer cuidados, usar luvas para manter a assepsia quando
realizar o cuidado direto.
-Instruir paciente e familiares nas técnicas de vestir-se e arrumar-se.
Orientações específicas na alta hospitalar
Incentivar o paciente a fazer exercícios consistentes em aumentar a circulação e a força muscular, evitar
o enrijecimento articular e contraturas e restaurar a amplitude total do movimento.
Realizar os exercícios apropriados para braço e ombro.
Cuidar para que os esforços sejam leves.
Usar barbeador elétrico para remoção dos pelos axilares ou cortá-los com tesoura.
Manter soltas as mangas e os punhos das roupas.
Usar creme hidratante e nutritivo para a pele, à base de lanolina.
Usar luvas de borracha para arrumar a cozinha.
Usar luvas acolchoadas para manusear o forno.
Usar dedal para costurar.
Em caso de ferida, arranhão etc., lave bem o local com água e sabão de coco por 5 minutos e passe
álcool iodado.
1. Procure logo o médico em caso de ferida maior, queimadura, inchaço e/ou inflamação do braço.
2. Mesmo após atingida a fase de manutenção, freqüentes avaliações são necessárias para o
acompanhamento da paciente.

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3. Dores na coluna ou nas articulações podem ser o primeiro sinal de uma complicação da doença,
e nesses casos a paciente deve imediatamente procurar o médico.
HISTERECTOMIA
Histerectomia é a remoção cirúrgica do útero, realizada mais comumente nas malignidades em
certas condições não malignas (como a endometriose/ tumores), para controlar sangramento/ hemorragia
q trazem risco de morte, e em eventos de infecção pélvica intratável ou ruptura de útero irreparável.
Os tipos de Histerectomia abdominal são:
Subtotal (total): o corpo do útero é retirado; permanece o pedúnculo cervical.
Total: remoção do útero e colo.
Total com salpingo-ooforectomia bilateral: remoção do útero, colo, tubas uterinas e ovários
Cuidados específicos no pré-operatório
Suspender a ingestão de alimentos e água 8 a 10 horas antes da operação devido os efeitos da
anestesia. A bexiga precisa estar vazia antes de o paciente ser encaminhado a sala de cirurgia evitando a
contaminação e a lesão da bexiga. Um enema de limpeza ou um laxativo pode ser prescrito para a noite
anterior á cirurgia e pode ser repetido se ineficaz. Caso haja necessidade realizar a tricotomia da metade
inferior do abdome e as regiões pubiana e perineal. Medicamentos administrados no pré-operatório pode
ajudar o paciente a relaxar.
Cuidados específicos no pós-operatório
Após o ato cirúrgico redobrar os cuidados das necessidades de circulação para evitar
tromboflebite e trombose venosa profunda. Os riscos importantes são a infecção e a hemorragia. Como
o sítio cirúrgico está próximo a bexiga, podem ocorrer problemas de micção, principalmente depois de
uma Histerectomia vaginal.
Orientações específicas na alta hospitalar
Evitar exercícios físicos, carregar peso, abaixar-se, relações sexuais ate a cicatrização da pele,
ficar em repouso, continuar com os fármacos prescritos pelo médico.
Cirurgias Ortopédicas
As cirurgias dos ossos requerem instrumentos de carpinteiro. A arte e habilidade da cirurgia
ortopédica são para uma restituição funcional em sua totalidade. As cirurgias dos ossos devem ser
cuidadosamente planejadas como antecedência, efetuando-se medidas acuradas e comparação entre os

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ossos de um membro, quando a sua simetria, com os do mesmo oposto. As cirurgias ósseas necessitam
de instrumentos especiais, sendo indispensáveis brocas (para a perfuração de cavidades), osteotomos
(para o corte de porções ósseas inutilizadas), serras (para o corte de ossos cortical), cisalhas (para dar
forma aos ossos), goivas ( para remoção de tecido ósseo), e laminas, parafuso e chaves de fendas(para a
fixação de osso).
Osteotomia é seccionamento cirúrgico de um osso, com o fim de corrigir uma restauração ou
deformidade do esqueleto, ou por consolidação viciosa de fratura, ou por anomalias congênitas ou
adquiridas. Osteotomia transtrocanteriana é uma incisão do fêmur através do pequeno trocânter, visando
a correção de uma deformidade da articulação do quadril. Geralmente esse tipo de cirurgia é feito nos
membros de locomoção que tem seus motivos tolidos por anomalias ósseas. Em alguns casos, faz-se a
extração de fraguimentos do osso que tem a deformidade.
Cuidados Específicos no pré-operatório
Coibir a ingestão de alimentos e líquido pelo período necessário antes da operação, limpeza da
área da incisão cirúrgica, conferir SSVV, administra os medicamentos necessários.
Cuidados específicos no pós-operatório
Fisioterapia – auxiliar, auxiliar na higiene pessoal, necessário inserir sonda vesical, participar de
ações para diminuir a dor, verbaliza entender as necessidades de cuidado de saúde para melhora a
cicatrização, promover bem-estar.
Orientações específicas na alta hospitalar
Continuar com o programa de fisioterapia para a reabilitação, não fazer esforço físico
desnecessário, continuar com a medicação para inibir a dor, trocar o curativo e fazer a limpeza do local
sempre que necessário.
Prescrições de Enfermagem específicas
-Auxilio de cadeira de rodas, muleta, evitando tapetes, corrimão em lugares de risco (banheiro).
-Usar travesseiros para conforto, mudança da posição de decúbito, mudança do ângulo da cabeceira do
leito para 45graus, proporcionar um laser onde o paciente possa participar durante o tratamento.
-Realizar a troca de curativo 1x ao dia com procedimento estéril ou quando necessário, ficar atento aos
sinais flogísticos, lavar as mãos antes e após de realizar os cuidados
-Promover a oxigênioterapia durante 1 dia e a cada 2 horas verificar a PA.

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Cirurgias Estéticas
ABDOMINOPLASTIA
A Abdominoplastia é realizada em ambiente hospitalar, geralmente sob anestesia geral ou
raquidiana, possui duração média de 3h para sua realização e requer internação por cerca de 24 horas. A
cirurgia tem início com a marcação prévia pelo cirurgião do excesso de pele abdominal que será
removido. A cicatriz resultante da cirurgia ficará localizada na região pubiana e sua extensão ( tamanho)
irá variar de acordo com cada paciente. Quanto maior a quantidade de flacidez presente, maior será a
cicatriz resultante, que poderá possuir desde uma extensão semelhante a uma cicatriz de cesariana, como
é o caso da mini abdominoplastia, até a abdominoplastia clássica ou completa, quando há maior
flacidez, e a cicatriz vai desde uma crista ilíaca a outra, geralmente podendo ser escondida dentro da
marca de roupa íntima do paciente.
Fig. 1 – Fotos da Abdominoplastia: passo a passo da cirurgia
Em alguns casos, além da incisão horizontal na região pubiana, podem ser necessários uma
cicatriz vertical, quando há um excesso de pele muito grande (principalmente em pacientes que
realizaram cirurgia bariátrica), na chamada abdominoplastia em âncora. Já na abdominoplastia
modificada, o paciente possui flacidez de pele, mas não o suficiente para que seja retirada até acima do
umbigo. Nesse caso, no local do antigo umbigo permanecerá uma pequena cicatriz vertical além da
cicatriz horizontal.
Fig. 2 – Tipos de Abdominoplastia e cicatriz: clássica, modificada e miniabdome

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Após a anestesia, a cirurgia tem início com a incisão nos locais previamente demarcados pelo
cirurgião. Nesse momento, além de avaliar o excesso de pele a ser retirado, o cirurgião geralmente faz
uma plicatura (“costura”) do músculo reto abdominal, que geralmente encontram-se separados
(“diástase”) em decorrência de uma gravidez ou grande emagrecimento. Essa plicatura irá funcionar
como uma “cinta interna”, diminuindo a cintura e auxiliando na estética do abdome. Após essa etapa,
temos ressecção do excesso de pele e o reposicionamento da cicatriz umbilical em seu antigo local.
Fig. 3 – A costura dos músculos abdominais na abdominoplastia reduz medidas na cintura.
Dependendo da cirurgia, pode ser necessários a presença de drenos abdominais que podem
permanecer por 24-48h e tem a função de impedir a formação de hematomas no pós operatório.
Concluída essa etapa são realizados curativos e o paciente retorna ao quarto, onde permanecerá
internado por cerca de 24h até a alta hospitalar.
Recuperação da Abdominoplastia
No pós operatório, a paciente deve utilizar uma cinta compressiva abdominal por cerca de 2
meses. Nos primeiros dias a paciente deverá evitar a realização de esforço físico e deverá andar curvada,
para evitar o alargamento da cicatriz. Idealmente a paciente deve separar cerca de 20-30 dias para sua
completa recuperação. Os pontos geralmente são retirados com cerca de 15-21 dias e o resultado final é
observado geralmente em 3-4 meses, período em que a maior parte do inchaço já desapareceu, e a
paciente já pode observar o seu novo contorno abdominal.
LIPOASPIRAÇÃO
A lipoaspiração é um procedimento cirúrgico indicado para retirada dos depósitos desagradáveis
e indesejáveis de gordura, localizados em determinadas áreas do corpo, sem deixar cicatrizes visíveis.
Não é uma cirurgia para emagrecer, e sim para retirar o excesso de gordura localizada. Pode até servir
como estímulo para o início da tão adiada dieta, mas não tem como foco o emagrecimento.
Apesar de quase todas as pessoas poderem fazer lipoaspiração, as melhores candidatas e
candidatos para este procedimento são as que estão com peso ideal, uma pele firme e elástica.
A cirurgia é realizada em hospital sob anestesia, podendo o paciente ter alta no mesmo dia ou até
24h após o procedimento.

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Pós - Operatório
Para garantir um bom resultado com a cirurgia, é preciso tomar alguns cuidados, como: ingerir
bastante líquido, manter repouso relativo nos 7 primeiros dias, usar a cinta modeladora e evitar
exercícios físicos durante 30 dias.
Apesar de ser observado algum resultado após 40 dias, o resultado definitivo será visto entre 3 a
6 meses após a cirurgia, e a exposição ao sol deve ser evitada.