APOSTILA COMPLETA

170
APOSTILA DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE NEGÓCIOS

description

Administração.

Transcript of APOSTILA COMPLETA

Page 1: APOSTILA COMPLETA

APOSTILA DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

PROFESSORA: MARCYA T. DOLLNY2014

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA DE NEGÓCIOS

Page 2: APOSTILA COMPLETA

MÓDULO I – INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

1.1 Objetivos da Administração Financeira

OBJETIVOS DO ADMINISTRADOR:

- ORGANIZAR- DISPOR PARA FUNCIONAR- REUNIR- CENTRALIZAR- ORIENTAR- DIRECIONAR- COORDENAR- ARBITRAR- RELATAR- PLANEJAR- DIRIGIR- ENCAMINHAR OS DIFERENTES ASPECTOS DE UMA QUESTÃO PARA O OBJETIVO

COMUM

OBJETIVO ECONÔMICO DA EMPRESA:

- MAXIMIZAR O SEU VALOR DE MERCADO E AUMENTAR A RIQUEZA DE SEUS PROPRIETÁRIOS

- GERAÇÃO DE LUCRO E CAIXA

1.2 A função financeira na empresa

“Todas as atividades empresariais envolvem recursos e, portanto, são conduzidas para a obtenção do lucro”.

PRINCIPAIS DESAFIOS NAS PRÓXIMAS DÉCADAS PARA A ADMINISTRAÇÃO:

- Crescimento das Organizações;- Concorrência mais aguda/acirrada;- Sofisticação e Tecnologia;- Taxas elevadas de inflação;- Internacionalização dos negócios (globalização);- Visibilidade maior das organizações (estar na “mídia”).

Page 3: APOSTILA COMPLETA

1.3 Principais áreas de decisões em Administração Financeira

A administração financeira de uma empresa é exercida por pessoas ou grupos de pessoas, tais como: presidentes, diretores, gerentes, controller, compliance officer...

Área de operações: existem em função do negócio da empresa. Embora não seja de competência do “administrador financeiro” este pode utilizar toda a sua experiência para contribuir com sugestões.

Área de investimentos: decisões de aplicações de recursos em caráter temporário ou permanente, para a efetiva operacionalização do empreendimento (no balanço patrimonial estão em: investimentos temporários e ativo permanente).

Área de financiamentos: decisões tomadas sobre a forma de financiamento das atividades de operações e de investimentos (no balanço estão em: passivo financeiro e patrimônio líquido). Exemplos: empréstimos bancários; emissão de debêntures; lançamento de ações no mercado aberto...

1.4 Atribuições do “administrador financeiro”

- análise, planejamento e controle financeiro;coordenar, monitorar e avaliar todas as atividades da empresa por meio de dados financeiros e determinar o volume de capital necessário.

- tomadas de decisões de investimentos ;decidir sobre o destino dos recursos financeiros para aplicação em ativos correntes (circulantes) e não correntes (realizáveis a longo prazo e permanentes), considerando a relação de risco/retorno envolvida.

- tomadas de decisões de financiamentos.Decidir sobre a captação de recursos financeiros para o financiamento dos ativos correntes e não correntes (combinação adequada dos financiamentos a curto e longo prazo e a estrutura de capital).

Page 4: APOSTILA COMPLETA

1.5 Estrutura organizacional típica da função financeira

FINANÇAS

TESOURARIA CONTROLADORIA

ADM. DO CAIXA

CONTABILIDADEFINANCEIRA

CRÉDITO E CONTAS A RECEBER

CONTABILIDADEGERENCIAL

CONTAS APAGAR

ORÇAMENTOS

CÂMBIOADMINISTRAÇÃO

DETRIBUTOS

PLANEJAMENTOFINANCEIRO

SISTEMAS DEINFORMAÇÃO

Page 5: APOSTILA COMPLETA

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DE APRENDIZAGEM

1. Amy Chen é a gerente financeira da Strom Department Stores – uma grande rede de lojas de departamentos sofisticada que opera principalmente na região oeste dos Estados Unidos. Ela está atualmente tentando decidir se troca um dos computadores da empresa por um novo, mais sofisticado, que diminuiria o tempo de processamento e trabalharia com um volume maior de transações. O novo computador exigiria um desembolso em dinheiro de $80.000, e o velho computador poderia ser vendido a $28.000. O total de benefícios do novo computador (mensuráveis em dólares de hoje) seria de $100.000, assim como os benefícios por um período de tempo similar ao do velho computador (mensurado em dólares de hoje em dia) seria de $35.000. Aplicando a análise marginal a estes dados qual a conclusão de Amy?

2. Thomas Yachts, um pequeno negociante de barcos à vela, vendeu um barco no ano passado por $100.000. O barco foi comprado no decorrer daquele ano a um custo total de $80.000. Apesar de a empresa ter pago o total dos custos durante o ano, ela ainda tem a receber $100.000 do cliente. Os pontos de vista contábil e financeiro da performance da empresa durante o ano são demonstrados nos resultados do exercício e no fluxo de caixa. Elabore-os e comente-os.

3. Nick Bono, o gerente financeiro da Harpers Inc., uma fábrica de equipamentos de pesca, está escolhendo entre dois investimentos, X e Y. Espera-se de cada um que tenha o seguinte lucro por ação em seus períodos de vida de 3 anos.

Lucro por ação (LPA) em $Investimento Ano 1 Ano 2 Ano 3 Total anos 1,2

e 3X 1,40 1,00 0,40 2,80Y 0,60 1,00 1,40 3,00

Baseado na meta de maximização do lucro, o que deve Nick fazer?

4. A Salineira Pato Branco Ltda obteve no ano de 2000, lucro de R$70.000,00, depois do Imposto de Renda. As despesas de depreciação foram de R$20.000,00 e foi feito um pagamento de R$5.000,00 relativo à amortização de um título de dívida. Nesse ano, o fluxo de caixa operacional da empresa, em reais, foi de:

(a) 75.000,00(b) 85.000,00(c) 35.000,00(d) 40.000,00(e) 60.000,00

5. A organização Pinheiro Verde teve lucro operacional de $280.000 para o ano que recém terminou. Durante o ano, a empresa vendeu ações de sua propriedade de outra organização por $180.000, acima do seu preço de compra original de $150.000, pago um ano atrás. Qual o ganho de capital e o lucro tributável no último ano?

a) 250.000 e 180.000b) 30.000 e 310.000c) 280.000 e 280.000d) 150.000 e 180.000e) 310.000 e 150.000

Page 6: APOSTILA COMPLETA

6. A Flora Amazônica Ltda tem lucros operacionais de $400.000,00 e vendeu um ativo de capital, sem uso, por $52.000,00. O valor contábil do ativo é de $44.000,00. Logo, o lucro tributável da empresa, em reais, será:

a) $8.000,00b) $52.000,00c) $392.000,00d) $400.000,00e) $408.000,00

7. A principal função do contador é desenvolver e prover dados para mensurar a performance da empresa, avaliando sua posição financeira para pagamento de impostos. Usando os princípios geralmente aceitos, o contador prepara demonstrações financeiras que reconhecem a receita no momento em que os gastos são incorridos. Essa abordagem é referida como:

(A) regime de caixa(B) regime de entrada(C) regime de saída(D) regime financeiro(E) regime de competência

Page 7: APOSTILA COMPLETA

MÓDULO II – ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS

À Função Financeira cabem duas tarefas básicas:

1ª) obtenção dos recursos nas condições mais favoráveis possíveis; e2ª) alocação eficiente desses recursos na empresa.

2.1 Fontes e Origem de Recursos

OBJETIVO: suprir necessidades de fundos demandados pelas operações normais da empresa e captação de vultosas somas para investimentos em projetos com longos períodos para maturação.

As fontes de recursos à disposição de uma empresa podem ser classificadas de várias formas:

- RECURSOS PRÓPRIOS : capital integralizado, reservas e lucros retidos; e RECURSOS DE TERCEIROS: compromissos assumidos e dívidas contraídas;

- RECURSOS PERMANENTES : recursos próprios e dívidas à longo prazo; e RECURSOS TEMPORÁRIOS: compromissos e dívidas a curto prazo.

- RECURSOS ONEROSOS : provocam despesas financeiras e RECURSOS NÃO ONEROSOS; não provocam tais despesas.

Deve haver adequação entre as fontes e usos de recursos em termos de prazos e custos.EXEMPLO: a compra de um equipamento, cujo valor investido somente será recuperado em alguns anos através das receitas de vendas, deverá ser financiada, de preferência, com recursos permanentes. Ser forem utilizados recursos provenientes de um empréstimo com prazo inferior ao da maturação financeira desse investimento, a empresa poderá sofrer dificuldades para liquidar a dívida no vencimento contratado.

Os juros e demais encargos incidentes sobre os empréstimos e financiamentos oneram o resultado econômico, reduzindo a parcela de lucro que restará aos acionistas. Além disso, os emprestadores de recursos podem exigir garantias reais e impor condições contratuais que reduzam a flexibilidade de gestão da empresa. Mesmo os créditos obtidos junto aos fornecedores envolvem, muitas vezes, um custo financeiro representado pelo desconto para pagamento à vista que deixou de ser desfrutado. Verifica-se, assim, a existência de CUSTOS EXPLÍCITOS, perfeitamente mensuráveis em termos de valor e de taxa. Apenas umas poucas fontes de recursos de curto prazo não provocariam custos financeiros, exemplo: salários e impostos a pagar, contribuições a recolher, etc.

Os recursos próprios envolvem um CUSTO IMPLÍCITO que corresponde à expectativa de lucro dos acionistas que não deve ser frustrada, sob pena de haver desinteresse em continuar participando do negócio. Deste modo, os recursos adicionais a serem fornecidos pelos acionistas através de novas integralizações de capital e os lucros reinvestidos envolvem um CUSTO DE OPORTUNIDADE. Este custo corresponde ao retorno que os acionistas obteriam com tais recursos em outras aplicações com o mesmo grau de risco suportado por seus investimentos na empresa. A expectativa de retorno dos acionistas corresponde a uma taxa de lucratividade superior às taxas de juros vigentes no mercado. Com isto, os recursos próprios acabam constituindo uma fonte de recursos que envolve custos (implícitos) elevados.

Page 8: APOSTILA COMPLETA

2.2 Alocação (Aplicações) de Recursos

OBJETIVO: Alocar eficientemente os recursos levantados.

Isto envolve a constante busca da otimização no uso dos fundos para que seja alcançada a rentabilidade desejada e preservada a capacidade da empresa pagar seus compromissos nos vencimentos. Esta responsabilidade amplia bastante os limites da gestão financeira, impelindo os executivos da área a conhecer todas as fases de funcionamento da empresa e a analisar profundamente os novos projetos de investimento. Essa interação com todas as áreas da empresa faz com que a administração financeira passe a ter também um conteúdo operacional.

Alguns ativos são essenciais para o desenvolvimento das operações, enquanto outros poderão estar ou não relacionados com as atividades básicas do empreendimento. Assim, temos:

- ATIVOS OPERACIONAIS, constituídos por ativos fixos e ativos circulantes (estoques, duplicatas a receber e disponibilidades); e

- OUTROS ATIVOS DE NATUREZA OPERACIONAL OU NÃO: como créditos diversos a curto e longo prazo, participações societárias em outras empresas, imóveis alugados a terceiros, determinadas aplicações financeiras, etc.

Os recursos aplicados nos ativos não são encontrados em abundância e envolvem custos financeiros e custos de oportunidade. Assim, é de se esperar que cada ativo contribua direta ou indiretamente para a geração de receitas e, consequentemente, de lucros. Parece óbvio, mas isto nem sempre é levado em conta pelas diversas áreas que administram esses ativos.

A alocação de recursos não constitui uma tarefa fácil devido aos aspectos relativos à liquidez e à rentabilidade e aos interesses envolvidos.

2.3 Liquidez x Rentabilidade

2.3.1 LIQUIDEZ

Deixando de liquidar seus compromissos financeiros nas datas convencionadas, a empresa sofrerá restrições de crédito e terá dificuldades na manutenção do ritmo normal de suas operações. A situação poderá chegar até o ponto da decretação de sua falência.

A insolvência de uma empresa pode surgir devido a excesso de imobilizações ou de estoques, à concessão aos clientes de prazos muito longos para pagamento ou, ainda, à utilização de fontes de financiamento inadequadas.

Os estoques de matérias-primas precisam ser transformados em estoques de produtos acabados e isto envolve certo período de tempo. Os estoques de produtos acabados necessitam ser vendidos, implicando mais esforço e tempo. As duplicatas precisam ser cobradas para transformar-se em numerário e novamente transcorre tempo relacionado com o prazo de faturamento e com alguns atrasos. Nesta etapa surgem algumas perdas relativas a créditos incobráveis.

Enquanto esse processo se desenvolve, existem salários e outros compromissos que têm de ser pagos em datas previamente determinadas. Surgem assim, os descompassos nos fluxo de caixa que têm de ser previstos com certa exatidão para que possam ser tomadas, em tempo hábil, as decisões pertinentes. O orçamento de caixa constitui o instrumento adequado para essa finalidade.

Deste modo, a manutenção da liquidez da empresa representa a preocupação mais imediata do responsável pela gestão do caixa da empresa.

Page 9: APOSTILA COMPLETA

Uma empresa apresenta BOA LIQUIDEZ quando seus ativos e passivos são administrados convenientemente. A LIQUIDEZ constitui uma condição SINE QUA NON para a continuidade das atividades empresariais.

2.3.2 RENTABILIDADE

Atividades empresariais estão voltadas para a obtenção de lucros. O lucro ou prejuízo de cada período resulta da confrontação de receitas e despesas, observando-se o regime de competência de exercícios. Tomado isoladamente, o lucro apenas indica o excedente das receitas sobre os custos e despesas incorridos. Podemos comparar o resultado de um exercício social com o obtido no exercício anterior ou com aquele que havia sido projetado e concluir sobre a sua evolução ou sobre o atingimento da meta proposta.

Embora tais informações sejam válidas, seria mais elucidativo comparar o lucro com o investimento realizado para a sua obtenção. Com isto obtemos uma medida da remuneração dos recursos aplicados denominada TAXA DE RENTABILIDADE ou TAXA DE RETORNO. As mais comuns são: a) Taxa de retorno sobre o ativo (TSA) ou b) Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido (TSPL). Esta nomenclatura pode mudar de autor para autor.

Portanto, podemos conceituar RENTABILIDADE como sendo o grau de êxito econômico obtido por uma empresa em relação ao capital nela investido.

2.3.3 LIQUIDEZ x RENTABILIDADE

O equilíbrio entre a liquidez adequada e a rentabilidade satisfatória constitui constante desafio enfrentado pela administração financeira.

A preservação da liquidez da empresa implica a necessidade de ser mantido certo volume de recursos sob a forma de disponibilidades que representam a manutenção de fundos ociosos ou aplicados à curtíssimo prazo a taxas bastante reduzidas. Deve também, ser cultivado um bom relacionamento bancário para que a empresa possa contar com linhas de crédito permanentemente abertas.

O Gestor do Caixa defenderá esses procedimentos, argumentando que seus benefícios compensam os custos envolvidos. O Gestor Financeiro (responsável por justificar a rentabilidade auferida) irá demonstrar que esse excesso de zelo na manutenção de liquidez compromete seriamente a rentabilidade. Desse modo, constata-se que, mesmo dentro da área financeira existem conflitos de interesse a serem administrados.

2.4 Operações Financeiras

O administrador financeiro está constantemente envolvido com cálculos de taxas de juros relativas a aplicações financeiras (investimentos) e empréstimos contratados (financiamentos). As decisões de investimentos em ativos fixos requerem avaliações dos fluxos de pagamentos e recebimentos projetados para diversas alternativas.

Page 10: APOSTILA COMPLETA

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DE APRENDIZAGEM

8. Um objeto custa X. Depois de um ano, ele sofre um aumento de 20% e, logo em seguida, um desconto de 20%. Em relação ao preço inicial X, este objeto:

a) baixou 6%b) baixou 4%c) não apresentou variação de preçod) aumentou 4%e) aumentou 6%

9. A Maçã Verde Produtos Agrícolas Ltda está estudando os custos de distribuição de seus produtos. Existem três possibilidades para o transporte das maçãs produzidas desde a fazenda até o armazém de distribuição da empresa localizado na cidade de Natal. A tabela a seguir mostra os custos dos diferentes tipos de transporte, o número de dias para a entrega por tipo de transporte e o custo de manutenção do estoque em trânsito por dia (principalmente refrigeração).

Tipo de transporte Aéreo Marítimo Rodoviário

Custo do frete por tonelada

$100,00 $20,00 $50,00

Tempo de entrega 3 dias 40 dias 20 diasCusto da manutenção

do estoque em trânsito, por tonelada, por dia.

$10,00 $2,50 $3,00

Colocando-se em ordem crescente de custos totais os diversos tipos de transporte, tem-se:

a) rodoviário, marítimo e aéreo;b) rodoviário, aéreo e marítimo;c) aéreo, marítimo e rodoviário;d) marítimo, rodoviário e aéreo;e) marítimo, aéreo e rodoviário.

10. O processo de fabricação de um produto apresenta, em reais, os custos da tabela abaixo:

Custos primários Custos indiretos (já rateados pelo produto)Mão-de-obra direta

Material direto

Mão-de-obra indireta

Depreciação Outros custos indiretos

100 500 20 10 50

Com base nos dados da tabela, o Custo de Transformação do produto, em reais, é:

(A) 110,00 (B) 130,00 (C) 180,00 (D) 510,00 (E) 580,00

Page 11: APOSTILA COMPLETA

11. Nas demonstrações de resultado das empresas que são regidas pelo regime de competência, existem itens que são deduzidos para fins de cálculo do imposto de renda, mas que não exigem qualquer desembolso. Assinale a opção que indica as despesas mais comuns que NÃO representam o referido desembolso.

a) indenizações e encargos trabalhistasb) amortizações e depreciaçõesc) salários e benefíciosd) imposto de renda e tributose) juros e dividendos

12. Considere os dados abaixo referentes ao balanço patrimonial resumido de uma empresa no final de um determinado ano.

Ativo permanente líquido $350Caixa $100Contas a pagar $150Contas a receber $300Estoques $250Exigível a longo prazo $300Salários a pagar $ 50

O valor do patrimônio líquido da empresa, em reais, é:

a) 200,00b) 350,00c) 500,00d) 1.000,00e) 2.050,00

13. A empresa Vidros Teresina Ltda. possui ativo circulante de $50.000, ativo permanente líquido de $250.000, dívidas de curto prazo de $35.000 e dívidas a longo prazo de $100.000. Seu patrimônio líquido é de:

a) $135.000b) $165.000c) $250.000d) $300.000e) $600.000

14. A mecânica Paranaguá está pretendendo aumentar os lotes de produção, de modo a reduzir os altos custos de preparação de máquinas utilizadas na manufatura de colheitadeiras. A redução total anual dos custos de preparação que poderia ser obtida foi estimada em $300.000. Como resultado dos maiores lotes de produção, espera-se que o investimento médio em estoques aumente de $2.000.000 para $4.000.000. Considerando o custo de oportunidade de 20% ao ano, o resultado (positivo ou negativo) anual da proposta é de:

a) -$400.000b) -$300.000c) -$100.000d) +$100.000e) +$300.000

Page 12: APOSTILA COMPLETA

MÓDULO III – ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

3.1 Introdução

O capital de giro tem participação relevante no desempenho operacional das empresas, cobrindo geralmente mais da metade de seus ativos totais investidos.

Uma administração inadequada do capital de giro resulta normalmente em sérios problemas financeiros, contribuindo efetivamente para a formação de uma situação de insolvência.

É importante ter em conta que a administração do capital de giro trata dos ativos e passivos correntes como decisões independentes. Por exemplo, a perda da liquidez pela maior participação de estoques no ativo circulante deve ser compensada por um maior volume de caixa; a presença de passivos de prazos mais curtos exige, por seu lado, ativos correntes mais líquidos, e assim por diante.

O capital de giro ou capital circulante é representado pelo ativo circulante, isto é, pelas aplicações correntes, identificadas geralmente pelas disponibilidades, valores a receber e estoques. Num sentido mais amplo, o capital de giro representa os recursos demandados por uma empresa para financiar suas necessidades operacionais identificadas desde a aquisição de matérias-primas (ou mercadorias) até o recebimento pela venda do produto acabado.

3.2 Capital circulante líquido – CCL

O CCL – Capital Circulante Líquido é mais diretamente obtido pela diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante. Reflete a folga financeira da empresa e, dentro de um conceito mais rigoroso, o CCL representa o volume de recursos de longo prazo (exigibilidades e patrimônio líquido) que se encontra financiando os ativos correntes (de curto prazo).

CCL = ativo circulante – passivo circulante

CCL = (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo) – (Ativo Permanente + Realizável a Longo Prazo)

A situação de aperto de liquidez é, muitas vezes, uma decisão de estrutura financeira da empresa, optando-se por uma preferência em relação ao dilema risco x retorno. A posição de liquidez é decidida com base na estrutura que melhor satisfaça às necessidades e aos objetivos da empresa. Por exemplo, empresas com fluxos de caixa bastante previsíveis podem operar com capital circulante líquido baixo ou, até mesmo, negativo, como costuma ser o caso de companhias prestadoras de serviços públicos.

No entanto, para a maioria das empresas a presença de um CCL positivo é básica a seus negócios, principalmente ao se constatar que as saídas de caixa (pagamentos) são eventos relativamente previsíveis, enquanto as entradas de caixa (recebimentos) são geralmente de difícil previsibilidade.

3.3 Necessidade Líquida de Capital de Giro

Os balanços patrimoniais fornecem dados para cálculo da necessidade de capital de giro. A Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG) é a diferença entre o Ativo Circulante Operacional (ACO) e o Passivo Circulante Operacional (PCO).

O ACO – Ativo Circulante Operacional, à medida que vai sendo realizado, é substituído por outro ativo de mesma natureza, para manter o nível das atividades de operações. O PCO – Passivo Circulante Operacional, à medida que vai sendo liquidado, também é substituído por outro passivo de mesma natureza. Portanto, as contas do ACO e do PCO são chamadas contas cíclicas.

O Saldo de Tesouraria (ST) é a diferença entre os ativos e os passivos pertencentes a contas não cíclicas, assim chamadas porque não precisam ser repostas com os ativos e passivos de

Page 13: APOSTILA COMPLETA

mesma natureza, para que a empresa continue funcionando. São as contas do Ativo Circulante Não Operacional (ACNO) e do Passivo Circulante Não Operacional (PCNO), de natureza financeira, não relacionadas diretamente com as atividades de operações.

O ACO representa a aplicação natural de capital de giro, e o PCO representa a fonte natural de capital de giro, ambos existentes em função dos negócios. O ACNO representa a aplicação de capital de giro em “atividades financeiras”, e o PCNO representa fonte de capital de giro de natureza não operacional.

NLGC = ACO – PCO

ST = ACNO – PCNO

Podemos ter as seguintes situações de capital de giro:

ACO > PCO: a empresa necessita de recursos para financiar o giro dos negócios

ACO < PCO: a empresa dispõe de fontes para financiar outras aplicações

ACNO > PCNO: a empresa tem aplicações de recursos no curto prazo; portanto, tem uma situação financeira folgada no curto prazo.

ACNO < PCNO: recursos de terceiros estão financiando as atividades operacionais.

Vamos analisar a situação financeira de curto prazo da empresa abaixo:

Balanço encerrado em 31-12x6 31-12x7 31-12-x8ATIVO CIRCULANTE OperacionalDuplicatas a receber 161.183 381.006 419.128Saques de exportação 15.325 0 30.000(-) provisão p/ devedores duvidosos

(4.377) (5.641) (9.201)

Impostos a recuperar 0 15.006 0Estoques 326.892 408.171 620.412Prêmios de seguros a apropriar

6.859 4.649 6.932

Total do Ativo Operacional

505.882 803.191 1.067.271

Não OperacionalCaixa e bancos 25.883 35.883 45.685Aplicações de liquidez imediata

280.928 190.925 128.942

Títulos e Valores Mobiliários 150.659 10.4009 144.190Outras contas a receber 12.005 25.877 24.890Encargos financeiros a apropriar

2.906 4.015 15.884

Total do Ativo Não Operacional

472.381 360.709 359.591

TOTAL ATIVO CIRCULANTE

978.263 1.163.900 1.426.862

Page 14: APOSTILA COMPLETA

PASSIVO CIRCULANTEOperacionalFornecedores 329.632 189.110 232.338Salários e encargos sociais 54.001 68.112 232.338Obrigações fiscais 68.952 25.189 92.067Adiantamentos clientes 15.098 15.098 10.684Provisão férias e 13º s. 17.984 18.911 33.506Total do Passivo Operacional

485.667 316.420 454.613

Não OperacionalEmpréstimos e financiamentos

84.023 100.850 198.948

Duplicatas descontadas 12.458 57.157 115.751Saques descontados 5.963 0 10.000IR e contribuição Social 0 28866 59.468Dividendos propostos 0 0 25.454Outras contas a pagar 21.549 28.215 18.658Total do Passivo não Operacional

123.993 215.088 428.279

TOTAL PASSIVO CIRCULANTE

609.660 531.508 882.892

Indicadores de liquidezÍndice de Liquidez Corrente – ILC

1,60 2,19 1,62

Capital Circulante Líquido – CCL

368.603 632.392 543.970

Necessidade Líquida de Capital de Giro – NLCG

20.215 486.771 612.658

Saldo de Tesouraria – ST 348.388 145.621 (68.688)

A empresa apresentou ILCs relativamente “bons” nos três exercícios, pois indicavam que a empresa tinha capacidade para honrar os compromissos financeiros no curto prazo. O CCL positivo nos três exercícios comprova essa afirmação. A soma da NLGC e ST representa o CCL.

Os dados de 31-12-x6 mostram que foi aplicado $20.215 em operações e $348.388 em atividades de natureza financeira, totalizando $368.603 de CCL. Os dados de 31-12-x7 mostram que foi aplicado $486.771 em operações e $145.621 em atividades de natureza financeira.

Os indicadores de liquidez de 31-12-x8 indicam uma situação financeira folgada, com ILC de 1,62 e CCL de $543.970. Porém, a NLCG aumentou substancialmente, para $612.658. O ST negativo de $68.688 mostra que a situação financeira da empresa piorou em relação há anos anteriores. Aparentemente, se o investimento em CCL diminuiu em relação à 19x7, deveria diminuir também a NLCG, mas isso não ocorreu porque o aumento das fontes de capital de giro, no valor de $138.193 (de $316.420 para $454.613) não foi suficiente para suprir o aumento dos investimentos em operações, no valor de $264.080 (de $803.191 para $1.067.271).

O método da NLCG é um instrumento bastante útil para analisar a situação financeira e as políticas de gestão da empresa, pois fornece informações mais analíticas sobre as atividades operacionais. A empresa precisa minimizar os investimentos em atividades financeiras, pois a sua remuneração é geralmente menor do que o custo de captação.

Page 15: APOSTILA COMPLETA

3.4 Ciclo Operacional e Ciclo de Caixa

Além da já comentada falta de sincronização temporal, o capital de giro convive com duas outras importantes características: curta duração e rápida conversão de seus elementos em outros do mesmo grupo, e a conseqüente reconversão.

É no entendimento deste processo que se identifica, de forma natural e repetitiva, o ciclo operacional da empresa, que se inicia na aquisição de matéria-prima para produção – caso de uma empresa industrial – e se finaliza no recebimento pela venda do produto final. Em outras palavras, o ciclo operacional incorpora seqüencialmente todas as fases operacionais presentes no processo empresarial de produção-venda-recebimento.

PME PMF PMV PMC

Logo

CO = PME + PMF + PMV + PMC

Onde:

CO = ciclo operacionalPME = prazo médio de estocagem de matérias-primasPMF = prazo médio de fabricaçãoPMV = prazo médio de venda (prazo médio de estocagem dos produtos acabados)PMC = prazo médio de cobrança (prazo médio do recebimento)

Na verdade, o ciclo operacional representa o intervalo de tempo em que não ocorrem ingressos de recursos financeiros na empresa, demandando-se capital para financiá-lo.

Já o ciclo de caixa mede exclusivamente as movimentações de caixa, abrangendo o período compreendido entre o desembolso inicial de caixa (pagamento de materiais a fornecedores) e o recebimento da venda do produto. Em outras palavras, representa o intervalo de tempo que a empresa irá necessitar efetivamente de financiamento para suas atividades.

Temos:

CC = CO – PMP

Onde:

CC = ciclo de caixa (ou ciclo financeiro)CO = ciclo operacionalPMP = prazo médio de pagamento (fornecedores)

3.5 Indicadores de Liquidez

Vimos acima alguns índices importantes, a exemplo do CCL e da NLCG. Entretanto, os índices abaixo também são importantes ao analisar a liquidez de uma empresa.

a) ÍNDICE DE LIQUIDEZ IMEDIATA = disponível / passivo circulante

b) ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECA = ativo circulante – estoques / passivo circulante

c) ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE = ativo circulante / passivo circulante

* note-se que o ILC é semelhante ao CCL.

Page 16: APOSTILA COMPLETA

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DE APRENDIZAGEM

15. Na produção de dois tipos de máquinas são utilizados os centros de custos C1 e C2, com a incorrência dos seguintes custos diretos:

máquina A máquina Bmatéria-prima $100.000 $60.000mão de obra direta $50.000 $40.000soma $150.000 $100.000

Os custos indiretos de fabricação totalizaram $50.000 e foram alocados nos centros de custos C1 e C2, no montante de $32.000 e $18.000, respectivamente. Os custos do C1 são rateados proporcionalmente a matéria-prima consumida enquanto os do C2 a mão-de-obra direta aplicada. Considerando que todos os produtos foram concluídos, informe os custos dos produtos acabados:

a) A = $170.000 e B = $130.000b) A = $180.000 e B = $120.000c) A = $200.000 e B = $100.000d) A = $182.000 e B = $118.000

16. Uma empresa produziu, no mesmo período, 100 unidades de um produto A, 200 unidades de um produto B e 300 unidades de um produto C. Considerando $176,25 de custos indiretos e que os custos diretos unitários de matérias-primas foram, respectivamente, $1,50, $0,90 e $0,60 e os custos unitários de mão-de-obra direta, $0,60, $0,30 e $0,25, o custo final indireto unitário de cada produto, proporcional ao custo direto total de cada produto, será, respectivamente:

a) $52,50; $60,00 e $63,75b) $210; $240,00 e $255,00c) $3,86; $2,08 e $1,44d) $0,52; $0,30 e $ 0,21

17. Uma indústria que produz geladeira ao custo unitário de produção de $500,00, pretende obter 10% de lucro sobre o preço de venda. Encontre o preço final desta geladeira ao consumidor, incluindo 18% de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.

a) $670,73b) $694,44c) $649,00d) $640,00

18. A análise dos índices financeiros tem por finalidade promover uma avaliação relativa da situação econômico-financeira das empresas. Um dos grupos de índices diz respeito à liquidez da empresa. Os respectivos índices de liquidez avaliam:

a) Os diversos tipos de retornos da empresa em relação as suas vendas, a seus ativos ou a seu patrimônio liquido.

b) O montante de dinheiro de terceiros que a empresa utiliza na tentativa de gerar lucros.

c) A consistência de patrimônio liquido da empresa.d) A rapidez com que várias contas são convertidas em vendas ou caixa.e) A capacidade de a empresa satisfazer suas obrigações de curto prazo.

Page 17: APOSTILA COMPLETA

19. A diretoria da Frangos Crazy Chicken S/A, uma das menores empresas do setor de indústria de frangos no Brasil, está analisando a viabilidade de retomada de um projeto de exportação de frangos para a Europa, o que já havia sido realizado antes do Plano Real. Os diretores sabem, no entanto, que enfrentarão a concorrência de empresas brasileiras e asiáticas, fundamentalmente em preço e qualidade, e que, portanto, serão importantes custos de produção baixo e conformidade às normas ISO 9000. Os preços do quilo do frango congelado de todos os concorrentes e da própria Crazy são similares em euros, constituindo-se em uma commodity. O quadro 1, a seguir, apresenta a demonstração simplificada de resultados das diversas empresas do setor, sendo que as empresas Roki e Tori são asiáticas e as demais, brasileiras.

QUADRO 1 – DEMONSTRAÇÕES SIMPLIFICADAS DE RESULTADO DAS PRINCIPAIS EMPRESAS DO SETOR DO EXERCÍCIO DE 2000 (Valores em R$ milhões)

CRAZY FRANFAL FRANGÃO FRANGOL ROKI TORI

Vendas liquidas 557 1021 1573 2778 227 1413(-) CPV 469 820 1112 1972 148 1162(=) result.bruto 88 201 461 806 79 251(-) desp. Oper. 94 204 396 671 49 158(=) result. Oper. (6) (3) 65 135 30 93

O quadro 2, que segue, apresenta os balanços dos períodos de 1998, 1999 e 2000 da Frangos Crazy Chicken S/A, no modelo disponibilizado pela CVM – Comissão de Valores Mobiliários. A empresa é de capital aberto.

QUADRO 2 – BALANÇO PATRIMONIAL DA FRANGOS CRAZY CHICKEN S/AI. ATIVOS (valores em R$1.000)

CÓDIGO DESCRIÇÃO 2000 1999 19981 Ativo Total 254631 227178 214992

1.01 Ativo Circulante 157763 143354 1222491.01.01 Disponibilidades 40598 50983 432581.01.02 Contas a Receber de

Clientes43365 33859 27642

1.01.03 Estoques 40692 34884 210701.01.04 Outros Créditos

Operacionais33108 23628 30279

1.02 Realizável a Longo Prazo

27097 11788 19335

1.02.01 Créditos Diversos 21417 9800 149281.02.02 Créditos com Pessoas

Ligadas4456 1131 2248

1.02.03 Outros Créditos a Longo Prazo

1224 857 2159

1.03 Ativo Permanente 69771 72036 734081.03.01 Investimentos 1325 941 28091.03.02 Imobilizado 67231 69817 700261.03.03 Diferido 1215 1278 573

Page 18: APOSTILA COMPLETA

PASSIVOS E PATRIMÔNIO LÍQUIDOCÓDIGO DESCRIÇÃO 2000 1999 1998

2 Passivo Total 254631 227178 2149922.01 Passivo

Circulante156442 112111 111284

2.01.01 Empréstimos e Financiamentos

6926 6026 11640

2.01.02 Debêntures 12809 14253 63222.01.03 Fornecedores 120957 78479 718182.01.04 Impostos, taxas e

contribuições11888 9901 9371

2.01.05 Dividendos a pagar

0 280 130

2.01.06 Provisões 0 0 02.01.07 Dívidas com

Pessoas Ligadas0 0 0

2.01.08 Outros débitos organizacionais

3862 3172 12003

2.02 Exigível a longo prazo

8259 27545 28429

2.02.01 Empréstimos e financiamentos

3100 2866 10326

2.02.02 Debêntures 5000 8000 150002.02.03 Provisões 0 0 02.02.04 Dívidas com

Pessoas Ligadas0 0 0

2.02.05 Outros Débitos a Longo Prazo

159 16679 3103

2.03 Resultados de Exercícios Futuros

0 0 0

2.04 Participações Minoritárias

11023 11652 10222

2.05 Patrimônio Líquido

78907 75870 65057

2.05.01 Capital Social Realizado

88385 88385 88385

2.05.02 Reservas de Capital

0 0 0

2.05.03 Reservas de Reavaliação

0 0 0

2.05.04 Reservas de Lucros

0 0 0

2.05.05 Resultados Acumulados

(9478) (12515) (23328)

Você foi contratado para fazer um parecer que fundamente a decisão da diretoria da Crazy de investir no projeto de exportação. A diretoria está particularmente interessada em competitividade, capacidade financeira, operações e sistemas de informação gerencial.

a) Negociando seu produto como commodity, e com base nos dados apresentados, qual é a capacidade atual da Crazy em competir no mercado europeu, com diferenciação por custo, com as demais empresas nacionais e com as principais empresas asiáticas? Que recomendações você faz à Crazy?

b) A expansão das vendas da Crazy para o exterior implicará aumento da necessidade de capital de giro? Explique sua resposta:

c) Como a gestão da produção poderá ajudar a reduzir a necessidade de capital de giro?d) Pelo exposto no texto e nas questões anteriores, qual é o módulo mais importante de

um sistema integrado de gestão (ERP) a ser adquirido para a Crazy?

Page 19: APOSTILA COMPLETA

20. Maria Eugênia, vice-presidente financeira da Brasical Furniture, uma fábrica de móveis de estilo futurista moderno, está preocupada com o alto nível de financiamento negociado a curto prazo da empresa. Ela sente que a empresa pode melhorar o gerenciamento de seu caixa e reduzir a sua necessidade excessiva de se apoiar em financiamentos negociados. Nesse sentido, ela colocou Ricardo Justo, tesoureiro da Brasical, a cargo da avaliação da eficiência do gerenciamento de caixa da empresa.

Ricardo Justo decidiu começar sua investigação através do estudo do ciclo operacional e de caixa da empresa. O mesmo descobriu que o período médio de pagamento da Brasical era de 25 dias. Ele consultou dados da indústria e constatou que o período médio de pagamento era de 40 dias. Além disso, fazendo uma investigação em três fábricas de móveis similares, Ricardo verificou que o período médio de pagamento também era de 40 dias.

Depois disso, Ricardo estudou as políticas de ciclo de produção e de estoque. A idade média do estoque era de 120 dias. Ele determinou que o padrão da indústria como relatado em uma pesquisa feita pela Associação do Comércio do setor era de 85 dias.

Mais adiante, a avaliação mostrou para Ricardo que o período médio de cobrança da empresa era de 60 dias enquanto a média das indústrias no setor era de 42 dias, ou seja, 30% menor. A Brasical Furniture estava gastando em torno de $14,4 milhões por ano em investimentos em seu ciclo operacional. Ricardo considerou esse nível de despesa como o mínimo que ele poderia esperar que a empresa desembolsasse durante o ano seguinte. Sua preocupação era se o gerenciamento de caixa da empresa era tão eficiente quanto pudesse ser. Ele estimou que a empresa poderia conseguir chegar aos padrões da indústria no gerenciamento de suas duplicatas a pagar, estoque e duplicatas a receber ao incorrer em um custo anual de $120 mil. Ricardo sabia que a companhia pagava 15% de juros anuais por seu financiamento negociado. Por essa razão, ele estava preocupado com o custo de financiamento resultante de quaisquer ineficiências no gerenciamento do ciclo de caixa da Brasical.

Pergunta-se:a) supondo uma taxa constante para compras, produção e vendas ao

ano, qual é o ciclo operacional (CO) atual existente da Brasical, o ciclo de caixa (CC) e a necessidade de financiamento negociado?

b) Em termos de necessidade de financiamento negociado, qual é o custo anual da ineficiência operacional da Brasical Furniture?

21. Interprete o Balanço Patrimonial da Companhia ALPHA e os gráficos de estrutura patrimonial apresentados abaixo e responda as questões A, B e C.

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO

Circulante Circulante Disponibilidades 1.500 Fornecedores 9.380 Duplicatas a receber 20.000 Salários e encargos 2.400 (-) prov. Dev. duvid. (300) Dividendos a pagar 1.000 Estoques 8.800 Empréstimo bancário 5.000 Provisão para IR 2.820

Permanente Imobilizado 20.000 Patrimônio Líquido (-) depreciação acumul. (5000) Capital Social 11.000

Reserva Legal 600 Reservas de Lucros

5.800 Lucros Acumulados 7.000

TOTAL DO ATIVO 45.000 TOTAL DO PASSIVO 45.000

Page 20: APOSTILA COMPLETA

Gráficos de Estrutura Patrimonial

Estrutura IAtivo PassivoCirculante 67%

Circulante 46%Patrimônio líquido 54%

Permanente 33%100% 100%

Estrutura IIAtivo PassivoCirculante 33%

Circulante 49%

Permanente 67% Patrimônio

líquido 51%100% 100%

Estrutura IIIAtivo PassivoCirculante 35%

Circulante 35%

Permanente 65%

Patrimônio líquido 65%

100% 100%

Estrutura IVAtivo PassivoCirculante 65%

Circulante 45%Patrimônio líquido 55%Permanente

25%

90% 100%

Estrutura VAtivo PassivoCirculante 35%

Circulante 55%

Permanente 65% Patrimônio

líquido 45%100% 100%

A) A estrutura patrimonial da Companhia ALPHA corresponde ao gráfico da Estrutura:

a) Ib) IIc) IIId) IV

Page 21: APOSTILA COMPLETA

e) V

B) Das empresas apresentadas graficamente, a que se encontra mais próxima da insolvência técnica é a da estrutura:

a) Ib) IIc) IIId) IVe) V

C) Considerando que todas as empresas representadas graficamente tiveram a mesma receita bruta de vendas, a que apresentou o maior giro permanente foi a da estrutura:

a) Ib) IIc) IIId) IVe) V

22. Uma das áreas-chave da administração do capital de giro de uma empresa é a administração de caixa.O ciclo de caixa, que representa o tempo em que o dinheiro da empresa está aplicado, mantém relações diretamente (D) e inversamente (I) proporcionais com as seguintes variáveis: idade média de estoque (IME), período médio de pagamento (PMP) e período médio de cobrança (PMC). Indique a opção que apresenta a correta relação entre as respectivas variáveis e o ciclo de caixa:

a) IME (D), PMP (D) e PMC (I)b) IME (D), PMP (I) e PMC (D)c) IME (I), PMP (D) e PMC( I)d) IME (I), PMP (D) e PMC (D)e) IME (I), PMP (I) e PMC(D)

23. Arlene Souza, diretora financeira da empresa Totem S/A, pretende melhorar a eficiência da gestão do caixa da empresa, para diminuir a sua dependência de empréstimos. Para isso, encarregou Lisa Coimbra, a tesoureira, de avaliar a atual gestão do caixa. Lisa decidiu iniciar pela análise do ciclo operacional e do ciclo financeiro. Ela calculou e verificou que o prazo de cobrança é, em média, de 45 dias, que os estoques giram 6 vezes no ano, e que os compromissos com os seus fornecedores são pagos, em média, no prazo de 35 dias. Ela verificou, também, que a empresa gasta, no ano, o total de $250.000 para dar suporte ao ciclo operacional (desembolsos operacionais).

Vamos procurar ajudar a Lisa no cumprimento de sua tarefa, fornecendo as seguintes informações e sugestões:

a) prazo do ciclo operacional da empresa;b) prazo do ciclo financeiro (ciclo de caixa) da empresa;c) giro de caixa operacional;d) montante de recursos necessários para sustentar o ciclo financeiro (caixa operacional

– necessidades de empréstimos);e) alternativas possíveis para que a empresa possa aumentar o giro de caixa e assim

reduzir a sua dependência de empréstimos. Explique.

Page 22: APOSTILA COMPLETA
Page 23: APOSTILA COMPLETA

24. FOME ZERO SÓ COM DESPERDÍCIO ZERO

A Diretoria da Companhia Exemplo está reunida para, atendendo a um apelo do Presidente da República, inserir-se no Programa Fome Zero. Há consenso entre os diretores de que a Responsabilidade Social é item importante para a imagem da Companhia. Após inúmeros debates, antecedidos por apresentações sobre a situação da Companhia, chegou-se à conclusão de que tal inserção somente seria possível reduzindo-se os desperdícios da Empresa: contribuição ao Programa Fome Zero somente com desperdício zero. A idéia da Diretoria era aproveitar o programa governamental como oportunidade para aumentar a produtividade da empresa, tendo por meta a redução do desperdício. Resolveu-se que, para identificar tais desperdícios, seria preciso indicar um benchmark , isto é, uma empresa do segmento considerada com gestão exemplar, para poder-se comparar. Com esse objetivo, definiu-se que a Cia. Modelo seria o benchmark, dado que os preços médios praticados pelas duas empresas, bem como os faturamentos, são similares.

Ao analisar os sistemas produtivos e de informação das empresas, o Diretor de Operações e Tecnologia identificou as seguintes diferenças significativas:

QUADRO 1. DIFERENÇAS OPERACIONAIS E TECNOLÓGICAS

ITEM CIA. EXEMPLO CIA MODELOMaquinaria Da década de 50 Da década de 90Freqüência média de manutenção Quinzenal TrimestralIntegração dos processos de manufatura Baixa AltaPlanejamento e controle da produção Manual Integrado ao ERPControle de contas a receber Manual Integrado ao ERPControle de estoques Manual Integrado ao ERPContabilidade Informatizada Integrada ao ERPTesouraria Informatizada Integrada ao ERPBanco de dados organizacional Múltiplas bases não

integradasBase única integrada ao ERP

* ERP = sistema integrado de gestão

O Diretor Administrativo-Financeiro realizou um diagnóstico financeiro da Empresa cujo resultado encontra-se a seguir:

QUADRO 2. DEMONSTRAÇÕES DO RESULTADO DA CIA. EXEMPLO E DA CIA. MODELOCIA. EXEMPLO CIA. MODELO

Valores (em $mil)

Análise vertical

Valores (em $mil)

Análise vertical

RECEITAS BRUTAS 172.015 100% 141.479 100%(-) impostos sobre vendas 14.568 8% 11.318 8%(-) deduções (devoluções) 16.944 10% 3.273 2%RECEITAS LÍQUIDAS 140.503 82% 126.888 90%(-) Custo do Produto Vendido 127.851 74% 90.385 64%RESULTADO BRUTO 12.652 8% 36.503 26%(-) despesas de vendas 23.083 13% 20.925 15%(-) despesas administrativas 12.208 7% 3.260 2%RES. ANTES DOS JUROS -22.639 -12% 12.318 9%(+) receitas financeiras 0% 2.739 2%(-) despesas financeiras 81.978 48% 0 0%RESULTADO OPERACIONAL -104.617 -60% 15.057 11%(+) receita não operacional 0% 1.561 1%(-) despesa não operacional 2.436 1% 2.422 2%RESULTADO ANTES DO IR -107.053 -61% 14.196 10%(-) IR/Contribuição Social 0% 525 0%(+) IR Diferido 1.089 1% 0 0%

Page 24: APOSTILA COMPLETA

(-) participações no resultado 0% 120 0%RESULTADO LÍQUIDO -105.964 -60% 13.551 10%

(*) os números da análise vertical estão arredondados

a) a partir da análise vertical comparativa, liste todos os itens de custos e despesas passíveis de serem incluídos no plano de racionalização, destacando o mais relevante.

b) Considerando-se que a Necessidade de Capital de Giro da Cia. Exemplo é de 35% do faturamento e a da Cia. Modelo é de 2% e que os prazos de compra e de venda e as condições de pagamento são similares, o que deve ser recomendado para que a Cia. Exemplo reduza sua Necessidade de Capital de Giro? Justifique.

c) Indique 5 (cinco) pontos, relativos aos setores de produção e sistemas de informação, que deveriam estar contidos no Plano de Ação do Diretor de Operações e Tecnologia da Cia. Exemplo.

d) É ético associar ações de racionalização operacional com ações de responsabilidade social como o Programa Fome Zero? Justifique sua resposta.

Page 25: APOSTILA COMPLETA

MÓDULO IV – RISCO x RETORNO

4.1 Risco Econômico e Risco Financeiro

O risco existe em todas as atividades. Tudo o que é feito hoje, visando a um resultado no futuro, está sujeito a algum grau de risco. Somente o que já aconteceu está livre de risco, pois é um “fato consumado”.

Com base em condições e fatos conhecidos, podem-se estabelecer premissas e projetar os fatos que acontecerão no futuro. Esses fatos projetados poderão realmente acontecer, mas não serão exatamente como havíamos projetado.

Num mercado globalizado, a gestão de riscos em empresas é indispensável, pois um fato econômico que acontece na Ásia, no “outro lado do mundo”, provoca reflexo imediato na economia brasileira.

4.2 Classificação Fundamental do Risco

O risco total de um investimento, medido pela variabilidade total dos retornos previstos em torno do retorno médio (ou a esperança matemática de retorno) de determinado investimento, pode ser desdobrado em dois componentes distintos:

(1) risco sistemático;

(2) risco não sistemático.

Vejamos a conceituação destes dois componentes do Risco Total.

(1) Risco Sistemático

Tem origem nas flutuações a que está sujeito o sistema econômico como um todo. No mercado de ações, portanto, o Risco Sistemático afeta todas as ações.

As fontes de Risco Sistemático são, essencialmente: Risco em Relação à Taxa de Juros; Risco Relativo ao Poder de Compra; e Risco de Mercado.

Risco em Relação à Taxa de Juros: variações na taxa de juros, significam variações em todas as taxas de retorno que estão vigorando para os respectivos níveis de risco. Muitos processos de análise de projetos de investimento utilizam a taxa de juros como taxa de desconto (TMA) para o cálculo do valor presente líquido dos fluxos de caixa previstos, avaliando-se, em seguida, o prêmio pelo risco oferecido pelo projeto. Variações nas taxas de juros significam, pois, variações destes valores, alterando, portanto, os retornos líquidos (ou prêmio de risco) dos projetos analisados.

Risco Relativo ao Poder de Compra: a chance de perda do poder de compra das poupanças aplicadas em ativos, através de um processo inflacionário, é variável conforme o tipo de ativo adquirido. Depósitos em cadernetas de poupança e outros investimentos que oferecem remuneração relativamente baixa são ativos particularmente vulneráveis ao risco relativo ao poder de compra da moeda. Se ocorrer uma inflação cuja taxa seja mais elevada do que a remuneração oferecida pelo investimento, emerge a taxa de juros negativa.

Risco de mercado: os mercados secundários de ativos flutuam sensivelmente. Tais flutuações afetam, obviamente, as previsões e as taxas de retorno dos ativos negociados. Mais do que isso, os mercados financeiros, especificamente, exercem profunda influência sobre as avaliações e decisões a serem tomadas por empresários, mesmo aqueles cujas empresas não tenham emitido títulos negociáveis. Em tese, o risco de variação das cotações dos mercados de ações não atinge somente os títulos negociáveis. Nas reavaliações dos investimentos que estão subjacentes às variações de cotações está implícito o estado de confiança médio da comunidade de negócios (J. Maynard Keynes).

Page 26: APOSTILA COMPLETA

(2) Risco Não Sistemático

É a parcela do Risco Total que é característica de um empreendimento ou de um setor da atividade humana. Este tipo de risco está associado às particularidades de uma empresa ou a um grupo de empresas similares, como aceitação de seus produtos pelo mercado, greves, invenções e obsoletismo. Uma importante função é desempenhada pela administração na redução deste tipo de risco, pois, em grande parte, as perdas provocadas podem ser atribuídas a erros de previsão dos executivos responsáveis pela condução do empreendimento.

As principais fontes de risco não sistemático são:

Risco Financeiro: este risco é considerado como sendo a chance existente de a empresa vir a se tornar insolvente.

Principais fatores que aumentam o risco financeiro:

1- endividamento;2- volatilidade das vendas;3- volatilidade dos custos;4- militância dos trabalhadores;5- obsolescência do produto;6- concorrência agressiva;7- falta de liquidez;8- incapacidade da administração.

Fatores que reduzem o risco financeiro:

1- vantagens tecnológicas;2- patentes3- preferência do consumidor;4- controle sobre a fonte de matéria-prima;5- preponderância do Patrimônio Líquido no financiamento do investimento total.

Risco de Administração: este risco se refere à incompetência e, mesmo, à desonestidade dos administradores. A ação dos responsáveis pela direção do empreendimento pode fazer variar enormemente as taxas de retorno que este proporciona, simplesmente, pela qualidade das decisões destes homens.

Risco do Setor: tais são os riscos que afetam um grupo de empresas similares, ou seja, um setor ou indústria. Vários exemplos podem ser lembrados a respeito deste tipo de variabilidade de retornos, tais como crises de abastecimento de matérias-primas, greves setoriais, etc.

4.3 Risco Econômico

Toda empresa, por dedicar-se primordialmente a atividades típicas de um setor da economia – primário, secundário ou terciário – e, dentro desse setor concentrar-se num ramo mais específico – no caso do comércio, atacadista ou varejista, e se varejista, de alimentos, roupas, ferramentas, materiais de construção etc. – enfrenta os padrões de oscilação característicos de sua esfera de atividades como unidade econômica.

Assim sendo, de um período para outro os volumes de vendas e lucros da empresa ficam até certo ponto sujeitos a forças fundamentalmente externas à organização e cuja origem pode ser localizada na situação atravessada pela economia em que está inserida a empresa, em âmbito internacional, nacional, regional, ou local, e também no momento específico da vida do seu produto ou serviço básico, bem como da tecnologia a ele associada.

Page 27: APOSTILA COMPLETA

Conseqüentemente, o que chamamos de risco econômico, a incerteza ou variabilidade relativa dos resultados da empresa nos seus setores de atividade, está intimamente associado ao tipo de operação da empresa, bem como à natureza do produto (bem de consumo não-durável, bem de consumo durável ou bem de produção) e as características de sua procura (por exemplo: sofre oscilações sazonais ou cíclicas?).

4.4 Risco Financeiro

Como vimos acima, este risco é considerado como sendo a chance existente de a empresa vir a se tornar insolvente. Conseqüentemente, dado um grau qualquer de variabilidade dos resultados das operações da empresa, quanto mais elevada for a proporção de recursos de terceiros maior será o risco assumido pelo acionista ordinário, pois menores serão as suas possibilidades de obter remuneração para o seu investimento quando, havendo um declínio dos resultados operacionais, certa proporção/quantia dos fundos gerados ainda precisar ser reservada para saldar compromissos com emprestadores de recursos.

Como se pode observar, se de um lado o risco econômico corresponde à estrutura de ativos da empresa, que decorre das atividades por ela desenvolvidas, o risco financeiro está associado à estrutura das fontes de recursos (dos passivos, exigíveis ou não), principalmente em termos de endividamento relativo.

4.5 Exemplos Gráficos: Risco Econômico e Risco Financeiro

Vejamos os gráficos abaixo:

EMPRESA A EMPRESA B

___ recursos gerados ---- exigências para remuneração de pelas operações capital de terceiros

EMPRESA C EMPRESA D

Page 28: APOSTILA COMPLETA

Analisando as empresas A e B, percebemos que possuem dois graus de risco econômico diferentes; a eles, por meio de uma linha tracejada, foi acrescentado o volume de exigências de remuneração de fontes externas de fundos.

Nota-se que a empresa A possui um grau de risco econômico muito baixo, pois a oscilação dos seus resultados é pequena, e em nenhum momento os recursos gerados pelas operações ficam aquém dos fundos exigidos por terceiros. Já a empresa B, com exigências semelhantes, apresenta um risco financeiro muito maior, mesmo que tanto o grau de endividamento quanto os resultados operacionais totais sejam idênticos aos da empresa A, o que ocorre neste caso, por hipótese.

Analisando as empresas C e D, com o mesmo grau de risco econômico (linhas cheias iguais), mas níveis de endividamento diferentes, refletidos em exigências diversas de remuneração do capital de terceiros, indicadas por linhas tracejadas de formas iguais, mas posições distintas.

Verifica-se que o acionista da empresa D, como o da empresa B, assume o maior risco de não obter remuneração do seu investimento quando caem os resultados operacionais em face de uma quantia maior a ser destinada para pagar as fontes de recursos emprestados. Neste caso, o risco financeiro é maior do que em C, devido ao endividamento superior. Nos casos A e B, o risco financeiro era maior em B, devido ao risco econômico subjacente, dado o mesmo nível de endividamento. Assim, observa-se que os dois conceitos não são inseparáveis, embora possa ser argumentado, no caso da empresa B, que o endividamento alcançado não era seguro.

Para resumir podemos dizer que os dois tipos de risco relacionam a variabilidade possível ou incerteza associada ao volume de fundos, gerados pelas operações – e livres, depois das deduções necessárias, para remunerar as fontes de capital – às exigências de remuneração dessas fontes de um período a outro.

Page 29: APOSTILA COMPLETA

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DE APRENDIZAGEM

25. Alfred Company, um fabricante de equipamentos sob medida para golfe, quer eleger a melhor de duas alternativas de investimento, A e B. cada uma exige uma saída inicial de $10 mil e cada uma tem uma taxa de retorno anual mais provável de 15%. Para avaliar o risco de cada um desses ativos, a administração fez estimativas pessimistas e otimistas dos resultados associados a cada um. As três estimativas para cada ativo, juntamente com seus intervalos, são dadas na tabela abaixo.

Qual deles seria menos arriscado?

Ativo A Ativo BInvestimento inicial $10.000 $10.000Taxa anual de retorno Pessimista 13% 7% Mais provável 15% 15% Otimista 17% 23%

26. O Administrador Financeiro da Vidros Transparentes determinou os vários custos de capital, de acordo com suas fontes e custos relativos, a saber:

FONTE DE CAPITAL CUSTO PARTICIPAÇÃOEmpréstimos a Longo Prazo 18% 40%Ações Preferenciais 20% 20%Ações Ordinárias 22% 40%

Em vista do Custo de Capital e supondo-se inalterado o nível de risco, a empresa deve aceitar todos os projetos que obtenham um retorno maior ou igual a:

(a) 21,0%(b) 22,0%(c) 16,0%(d) 19,4%(e) 20,0%

27. Para tomar uma decisão os dirigentes da Construtora Naval da Guanabara fizeram uma avaliação das alternativas X e Y, a qual indicou que as probabilidades de ocorrência de resultados pessimistas, mais prováveis e otimistas são, respectivamente, de 20%, 50% e 30%, conforme apresentado no quadro abaixo:

RESULTADOS POSSÍVEIS ALTERNATIVAS RETORNO ESPERADOX Y

Pessimista 6% 8%Mais provável 14% 13%Otimista 15% 12%

A empresa deseja comparar as alternativas somente na base de seus retornos esperados (média ponderada por suas probabilidades de ocorrência). Os retornos esperados calculados são, respectivamente:

(a) E (X) = (12,0%), E(Y) = 12,4%(b) E (X) = (12,7%), E(Y) = 11,7%(c) E (X) = (11,4%), E(Y) = 12,0%(d) E (X) = (11,4%), E(Y) = 12,4%(e) E (X) = (12,0%), E(Y) = 12,0%

28. A Santa Maria Material Esportivo Ltda selecionou cinco projetos objetivando atender as suas necessidades de aumento da capacidade de produção. Os dados resumidos, relativos a cada um desses projetos, estão na seguinte tabela:

Page 30: APOSTILA COMPLETA

PROJETO RETORNO ESPERADO(%) DESVIO-PADRÃO DO RETORNO (%)

V 20,0 6,0X 10,0 4,0W 20,0 7,0Y 16,0 4,0Z 30,0 11,0

Considerando o risco relativo (Risco/Retorno Esperado), o mais recomendável é o projeto:

(a) Y(b) Z(c) V(d) X(e) W

29. A Salinas Potiguar Ltda deseja avaliar o risco, pela medida estatística da amplitude, de cada um dos cinco projetos que está analisando. Os administradores da empresa fizeram estimativas pessimistas, mais prováveis e otimistas dos retornos anuais, como apresentado a seguir:

Estimativas Taxas anuais de retornoProjeto A Projeto B Projeto C Projeto D Projeto E

Pessimista 14 6 10 11 12Mais provável 16 16 16 16 16Otimista 18 22 25 19 22

Com base nas informações anteriores, o projeto de maior risco é o:

a) Ab) Bc) Cd) De) E

30. Considere o quadro abaixo, com a estrutura financeira existente da Pousada Porto Seguro.

O valor do capital próprio da Pousada é de $1.000.000,00.

Fonte Custo (% aa) Proporção (%)Debêntures 14 10Empréstimos 12 20Ações preferenciais 16 30Capital próprio 20 40

O custo médio ponderado de capital da empresa é:

a) 3,3%b) 15,5%c) 16%d) 16,6%e) 25%

31. As decisões financeiras devem ser tomadas em função dos retornos e dos riscos esperados, e do respectivo impacto dos mesmos sobre o preço do ativo avaliado. O risco de um ativo individual, uma ação, por exemplo, pode ser devidamente avaliado através da variabilidade dos retornos esperados. Portanto, a comparação das distribuições probabilísticas dos retornos, relativas a cada ativo individual, possibilita a quem toma decisões perceber os

Page 31: APOSTILA COMPLETA

diferentes graus de risco. Analise, abaixo, os dados estatísticos relativos aos retornos de 5 ativos.

Dados estatísticos referentes aos retornos

Ativo A Ativo B Ativo C Ativo D Ativo E

Valor esperado 15% 12% 5% 10% 4%Desvio-padrão 6% 6,6% 2,5% 3% 2,6%Coeficiente de variação

0,40 0,55 0,50 0,30 0,65

O Ativo MENOS arriscado é o:

a) Ab) Bc) Cd) De) E

32. O Banco da cidade de Florianópolis gere os investimentos de seus clientes fazendo uso de uma carteira constituída por 5 títulos, conforme a tabela abaixo:

TÍTULO DESVIO-PADRÃO(Risco total)

BETA(Risco sistemático)

A 50% 0,30B 35% 0,80C 60% 0,70D 40% 0,90E 45% 0,60

O ativo com o maior retorno esperado é o título:

a) Ab) Bc) Cd) De) E

33. Após uma análise cuidadosa, a Metalúrgica Campo Regional S/A determinou sua estrutura ótima de capital, apresentada no quadro abaixo:

ESTRUTURA DE CAPITALFONTE CUSTO (% aa) PROPORÇÃO (%)

Debêntures 25 15Empréstimos 20 20Ações preferenciais 30 15Capital próprio 35 50

O valor total da soma do exigível com o patrimônio líquido da empresa é de $20.000.000. Foi levantado um novo empréstimo no valor de $4.000.000, ao custo de 22% ao ano. Os recursos destinam-se a financiar integralmente um novo projeto de investimento em Roraima. A taxa interna de retorno para que o projeto seja aceito, considerando que não há aumento de risco da empresa, deve ser, no mínimo, de:

Page 32: APOSTILA COMPLETA

a) 22% aa;b) 26,4% aa;c) 27,5% aa;d) 28,46% aa;e) 29,75% aa.

Page 33: APOSTILA COMPLETA

MÓDULO V – ALAVANCAGEM

5.1 Princípios da Alavancagem Financeira

Apesar do exposto no Capítulo IV desta Apostila, algumas (ou todas) as empresas devem em princípio assumir um certo grau de risco financeiro para os seus proprietários, pois há certas vantagens em fazer isso. Por que?

A resposta está refletida no conceito ou princípio de alavancagem financeira (leverage), que pode ser explicado da seguinte maneira:

Em épocas normais, o retorno sobre o capital próprio deve ser superior ao retorno sobre o ativo total, devido ao uso de capital de terceiros para financiar parte do ativo. Além disso, esse retorno sobre o capital próprio deve ser superior ao custo que a empresa paga pelo uso do capital de terceiros obtido.

O custo de capital de terceiros, é limitado e fixo, e inferior ao do capital próprio (custo para a empresa; retorno para o acionista), devido às diferenças entre os riscos assumidos por um e outro tipo de fornecedor de capital.

Conseqüentemente, quando estamos nas mencionadas condições normais de uma economia, o retorno sobre o ativo total também deve ser superior ao custo do capital de terceiros (se não fosse seria melhor liquidar a empresa como empreendimento industrial ou comercial, e aplicar recursos como terceiro, ou seja, emprestador).

Por exemplo, a taxa de retorno sobre o ativo operacional é de 30% ao ano e o custo do capital de terceiros é de 25% ao ano. A diferença é um ganho que pertence ao acionista ordinário. E, obviamente, quanto maior for a proporção de recursos de terceiros que a empresa puder usar a esse custo obtendo tal retorno, melhor será, pois o excedente estará recaindo sobre um investimento próprio cada vez menor.

É esse, basicamente, o princípio de alavancagem financeira, ou seja, usar recursos a custo fixo (recursos de terceiros) para multiplicar o lucro do acionista. Evidentemente, o benefício varia com (1) o nível relativo do custo do capital de terceiros, e (2) a taxa de retorno que pode ser obtida sobre o ativo, ou seja, as operações como um todo.

A alavancagem financeira ocorre quando o capital de terceiros (de longo prazo) produz efeitos sobre o patrimônio líquido. O processo é como se o capital de terceiros, utilizando-se de uma “alavanca”, produzisse efeitos (positivos ou negativos) sobre o patrimônio líquido.

As riquezas de uma empresa são geradas pelos ativos, que são financiados pelo capital próprio e de terceiros. Portanto, para aumentar a riqueza dos acionistas ou sócios, o Retorno sobre o Ativo Total (RAT) deve ser inferior ao Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RPL).

Vamos analisar a demonstração de resultado do quadro abaixo sob duas hipóteses:

(A) ativo total no valor de $500.000, financiado integralmente pelo capital próprio;

(B) 60% do Ativo Total ($300.000) financiado pelo capital de terceiros.

Vendas 1.000.000(-) custo dos produtos vendidos (300.000)(=) lucro bruto 700.000(-) despesas administrativas e de vendas (500.000)(=) lucro antes do imposto de renda e dos juros

200.000

Page 34: APOSTILA COMPLETA

São utilizadas as seguintes equações para medir as rentabilidades do Ativo e do Patrimônio Líquido:

RAT = LDIRAJ AT

RPL = LL PL

Onde:

LDIRAJ = lucro depois do imposto de renda e antes dos juros AT = ativo totalLL = lucro líquidoPL = patrimônio líquido

As demonstrações de Resultado Ajustado (após o imposto de renda e juros), sob as hipóteses A e B, podem ser comparadas, conforme o quadro abaixo:

Hipótese A Hipótese BVendas 1.000.000 1.000.000(-) custo dos produtos vendidos (300.000) (300.000)(=) lucro bruto 700.000 700.000(-) despesas administrativas e vendas (500.000) (500.000)(=) lucro antes do IR e juros 200.000 200.000(-) imposto de renda: 25% (50.000) (50.000)(=) lucro depois do IR e antes de juros 150.000 150.000(-) juros: 35% 0 (105.000)(+) economia do IR sobre juros: 25% 0 26.250(=) lucro líquido 150.000 71.250

HIPÓTESE A:

Nessa hipótese, o PL é de $500.000. As rentabilidades são as seguintes:

RAT = 150.000 = 0,30 ou 30% 500.000

RPL = 150.000 = 0,30 ou 30% 500.000

HIPÓTESE B:

Nessa hipótese, o capital de terceiros é de $300.000 e o Patrimônio Líquido é de $200.000. As rentabilidades são as seguintes:

RAT = 150.000 = 0,30 ou 30% 500.000

RPL = 71.250 = 0,35625 ou 35,625% 200.000

Na hipótese A, o RAT é igual ao RPL (30%), pois não existe alavancagem financeira, por não estar sendo utilizado o capital de terceiros para financiar o ativo.

Page 35: APOSTILA COMPLETA

Na hipótese B, o RAT é de 30% (o mesmo da hipótese A), mas o RPL é de 35,625%, o que significa que existe alavancagem financeira favorável, pois o RPL é maior do que o RAT. Isso ocorre porque a empresa está financiando o ativo, utilizando o capital de terceiros que custa, nominalmente, 35% ($105.000/$300.000), mas em termos efetivos custa 26,25% ($78750/$300.000), em conseqüência do benefício do Imposto de Renda, pois as despesas de juros são deduzidas da base de cálculo do Imposto de Renda.

Portanto, a análise do grau de alavancagem financeira (GAF) é um importante instrumento de gestão financeira. Porém, a análise adequada do GAF deve ser feita com base em demonstrações financeiras livres de efeitos inflacionários.

O grau de alavancagem financeira (GAF) é calculado com a seguinte fórmula:

GAF = RPL RAT

Se:

GAF = 1: alavancagem financeira nulaGAF > 1: alavancagem financeira favorávelGAF < 1: alavancagem financeira desfavorável

Vamos aplicar no exemplo acima:

Hipótese A: GAF = 30%/30% = 1Hipótese B: GAF = 35,625%/30% = 1,1875

5.2 Análise LPA

A análise de alternativas de financiamento das atividades da empresa, para um período futuro, pode ser realizada detalhadamente através da comparação, de um lado, do resultado esperado das operações (LAJI, ou lucro antes de juros e impostos), com o lucro por ação (LPA), de outro.

Por trás desse instrumento existe inicialmente o reconhecimento de que a estrutura financeira escolhida não afeta o lado operacional da empresa. Assim, o que se deseja é examinar as conseqüências de diversas alternativas de estrutura financeira, olhando o resultado final para o acionista, dadas às expectativas de resultado operacional.

Em segundo lugar, sem que se reduza a utilidade da análise LAJI-LPA, deve ser reconhecido que, como o objetivo é maximizar o valor de mercado das ações, um critério baseado na maximização do lucro por ação não passa de um indicador indireto de máxima riqueza.

Abaixo vemos o cálculo detalhado do lucro por ação de uma empresa em duas situações diferentes:

(a) financiamento envolvendo 40% de capital de terceiros; e

(b) financiamento com 60% de capital de terceiros.

A empresa tem um ativo total de $3.000.000,00 e a cotação das ações é de $10,00. A taxa de juros é de 30% ao ano.

Page 36: APOSTILA COMPLETA

Com 40% de Capital de Terceiros ($1.000)

Com 60% de Capital de Terceiros ($1.000)

Receitas esperadas $2.500 $2.500Custo dos produtos vendidosCusto fixo 400 400Custo variável 800 800Outras despesas operacionais

200 200

Resultado operacional 1.100 1.100Despesas financeiras 360 540Resultado antes do IR 740 560IR (35%) 259 196Resultado líquido 481 364Número de ações * 180 120Lucro por ação $2,67 $3.03* igual a (ativo total – capital de terceiros) / $10,00

Como se observa, caso a melhor previsão de receitas seja de $2.500.000, a alternativa que proporcionalmente envolve maior uso de capital de terceiros será preferível.

5.3 Ponto De Equilíbrio Operacional – Break Even Point

Uma das técnicas mais úteis e facilmente aplicáveis da qualidade do desempenho de uma empresa, bem como do planejamento de suas atividades, é o que comumente conhecemos pelo nome de “análise do ponto de equilíbrio das operações”. Há outros termos usados como sinônimos de “ponto de equilíbrio”, ponto de ruptura, ponto de igualação ou ponto de break-even.

Trata-se de um enfoque formal de planejamento e análise das operações da empresa, baseado fundamentalmente no reconhecimento do fato de que certos custos são fixos (em relação ao volume de produção ou atividade), enquanto outros variam diretamente com esse volume. É evidente, portanto, que a aplicação desta técnica exige a identificação desses itens de custo fixo e variável.

Entende-se por ponto de equilíbrio das operações de uma empresa aquele nível ou volume de produção (ou atividade, em caso de empresa não industrial) em que o resultado operacional é nulo, ou seja, as receitas operacionais são exatamente iguais ao valor total das despesas operacionais. É evidente portanto a necessidade de classificar os itens de receita e despesa em categorias operacionais e não-operacionais, para fins de análise.

Para aplicarmos esta técnica de análise, vamos considerar as seguintes hipóteses como verdadeiras:

a) vale o princípio da variabilidade dos custos; ou seja, certos custos variam, com as oscilações do volume de operações da empresa;

b) é possível separar os componentes fixo e variável de cada item de custo;

c) os custos fixos são constantes para qualquer nível de produção e os custos variáveis alteram-se proporcionalmente ao volume de operação, expresso em termos de uma medida comum da atividade da empresa;

d) as estimativas de receitas e custos são válidas para um certo intervalo significativo do volume de atividade;

Page 37: APOSTILA COMPLETA

e) o preço de venda permanece inalterado com a variação do volume de produção;

f) a relação entre custo e volume é linear;

g) finalmente, as condições e políticas operacionais da empresa são constantes.

Daí podemos dizer que a análise do ponto de equilíbrio é mais aplicável numa perspectiva de curto prazo.

5.3.1 CUSTOS FIXOS, VARIÁVEIS E SEMIVARIÁVEIS (OU SEMIFIXOS)

A aplicação desta técnica pressupõe portanto a possibilidade de segregar corretamente os diversos itens de custo segundo a sua variabilidade em relação ao volume de operação.

Definimos como custo fixo todo aquele item de custo ou despesa que não varia, em valor total, com o volume de atividade ou operação. Portanto, o seu valor unitário é que varia com o volume de operação. Essas relações podem ser assim representadas, vindo a seguir um gráfico ilustrativo:

CFT = CF * Q = constante; logo CF = CFT/Q

e CF (unitário) cresce e decresce com as diminuições e os aumentos de Q, respectivamente.

Já o custo variável é aquele que se altera em relação direta com as modificações do volume de atividade. Portanto, o custo variável total (CVT) é perfeitamente variável, como o próprio nome indica, e o custo variável unitário é constante.

Há ainda itens de custo que denominamos semifixos ou semivariáveis, cujo comportamento apresenta características de ambas as categorias. Assim, devemos isolar, em cada item, o que chamamos de componente fixo (a parte que não varia, em valor, com o volume), e a parte variável.

CT = a + bQ

Onde CT = custo totalQ = volume de operaçãoa = componente fixob = componente variável

Vejamos a representação gráfica de custo fixo e variável:

Q

Custo ($)

Q

Custo ($)

CFT

CVT

Page 38: APOSTILA COMPLETA

5.3.2 FÓRMULA DO PONTO DE EQUILÍBRIO DAS OPERAÇÕES

Como vimos no início deste item, o ponto de equilíbrio das operações de uma empresa é aquele volume de atividade ao qual o resultado operacional é nulo, porque a receita operacional é igual às despesas operacionais.

Usaremos os seguintes símbolos:

p = preço unitário de vendaQ = volume de produção e venda (unidades)CV = custo variável unitárioCF = custo fixo total

Conseqüentemente, teremos:

p * Q = receita totalCV * Q = custo variável totalCV * Q + CF = custo total

No ponto de equilíbrio, devemos ter receita = custo total, ou seja, resultado operacional igual a zero. Assim:

p * Q = CV*Q + CFp * Q – CV*Q = CF

Q (p – CV) = CF

Q = CF (p – CV)

A equação acima fornece-nos o ponto de resultado operacional igual a zero, ou ponto de equilíbrio das operações. O ponto de equilíbrio global é a situação em que as receitas de vendas se igualam aos custos totais, operacionais e financeiros, apresentando um LAIR – lucro antes do imposto de renda nulo.

No caso de fazermos uma análise para toda a empresa, devemos substituir esta equação por uma outra:

PE = CF 1 – CV

p

onde PE é o ponto de equilíbrio em termos de valor de venda da produção, CF é o custo fixo total da empresa e (CV/p) é uma média da relação entre custo variável unitário e preço de venda de todos os produtos, visto serem diferentes. Trata-se de uma média ponderada, pela participação de cada produto ou serviço no faturamento total da empresa.

Page 39: APOSTILA COMPLETA

Ponto de Equilibro de produtos com MC diferentes

O princípio básico para se chegar ao ponto de equilíbrio de produtos com

margens de contribuição diferentes não varia muito das fórmulas já apresentadas,

o que talvez possa gerar um pouco mais de trabalho, por causa das ponderações

que deverão ser feitas entre os vários produtos com volume e margens de

contribuição diferentes.

Vejamos, na Cia. Colibri Azul, fabricante dos produtos Asa 1 e Asa 2, projetou os

seguintes dados para o mês:

Itens produto Asa 1

produto Asa 2 TOTAL

preço de venda unitário R$ 2,00 /u R$ 3,00 /u -Margem de contribuição 40% 50% -volume de vendas previsto

50 u 30 u 80 u

custo fixo do período -.- -.- 60,00As fórmulas já vistas, para cálculo do ponto de equilíbrio de um único

produto, principalmente para determinação das unidades mínimas necessárias de

vendas, são:

QEg = Ft / mc; REg = Ft / (1-k), ou Ft / % da mc

Para calcularmos do ponto de equilíbrio, ou o volume mínimo de vendas

que uma empresa precisa realizar para não incorrer em prejuízo nem realizar

lucro, deverá observar o seguinte esquema, com ponderação de dados:

1. Receita de equilíbrio global de produtos com margens de contrib.

diferentes (mix):

REG mix = { Ft / [( pmc x p x q) / (p x q)]}

entende-se por:

Ft = custos fixos = somatóriapmc = proporção da mc por produto p = preço unitário do produto

q = quantidade vendida(ou prevista de vender)

Na Cia Colibri Azul =

Reg mix = 60,00 (0,40 x 2,00 x 50) + (0,50 x 3,00 x 30)

(2,00 x 50) + (3,00 x 30)Reg mix = 134,00 ufs

Esse valor fica assim distribuído:Produto Mix de

venda% de participação REg mix preço QEg mix

asa 1 50 x 2,00 100,00 52,6% 70,00 2,00 35 unidasa 2 30 x 3,00 90,00 47,4% 64,00 3,00 21 unidTotais 190,00 100% 134,00 56 unid

FtREGmix=

%mc x p x q p x q

Page 40: APOSTILA COMPLETA

(100/190 = 52,6%.. 90/190=47,4%), logo 52,6% de 134,00 = 70,00...47,4% de 134,00 = 64,00)

Page 41: APOSTILA COMPLETA

2. Quantidade de equilíbrio de produtos com mc diferentes (mix) =

QEg mix= {Ft / [(mc x q) / q]}

Na Cia Colibri Azul,

QEg = 60,00 (0,80 x 50) + (1,50 x 30)

50 + 30QEg = 56 unidades.

Esse valor fica assim distribuído:

Produto % de participação quantidade de equilíbrio

asa 1 50 u = 62,5% 35 unidadesasa 2 30 u = 37,5% 21 unidadesTotais 80 u = 100% 56 unidades(50/80=62,5%..... 30/80=37,5%... logo, 62,5% de 56 = 35 unidades ... 37,5% de 56 = 21 unid.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO Vendas no ponto de equilíbrio asa 1 70,00 52,6% asa 2 64,00 47,4%

Total 134,00 100%(-) custos variáveis asa 1 42,00 60% de V asa 2 32,00 40% de V

Total 74,00 55% (=) margem de contribuição asa 1 28,00 40% de V asa 2 32,00 50% de V

Total 60,00 45%(-) custos fixos 60,00 45%Resultado do exercício -0- -0-

Com o uso de ponderação e participação de cada produto no "mix" das

vendas (projetadas, se for o caso), chegou-se às vendas mínimas necessárias

(ponto de equilíbrio por produto) para que o resultado seja nulo.

Esta análise, apesar de aparente arbitrariedade provocada pelos rateios dos

custos fixos, poderá servir de subsídio para decisões de preços, vendas e de lucros

da empresa.

Obs. Uma restrição para o uso da análise do ponto de equilíbrio de produtos com margens de contribuição diferentes é a de que, para se tomar qualquer decisão, não poderemos nos basear somente nas informações propiciadas por este método, mas deveremos considerar também o ponto de equilíbrio em valores globais da empresa, que é elaborado com base no "mix" da

FtQEGmix=

mc x q q

Page 42: APOSTILA COMPLETA

5.4 Alavancagem Operacional

Conceito: podemos definir a alavancagem operacional como sendo a variação do resultado operacional permitida por uma alteração do volume de operação (produto e venda) da empresa.

Esse fenômeno ocorre porque há custos fixos na estrutura de custos da empresa, ou seja, qualquer variação do volume provoca alteração de receita, porque se se vende mais (ou menos) ao mesmo preço unitário, os custos ditos variáveis também acompanham o volume, mas o mesmo não ocorre com alguns custos, que são constantes. Portanto, a alavancagem operacional existe porque há custos fixos. Quanto maior for a participação destes custos no total, maior será a variação proporcional do resultado operacional, dada uma alteração do volume.

5.4.1 AVALIAÇÃO DO EFEITO DA ALAVANCAGEM OPERACIONAL

A magnitude do efeito dessa alteração do volume sobre o resultado operacional é feita com base no grau de alavancagem operacional. É o quociente entre a variação do resultado operacional e a variação do volume de produção e venda:

Var. % do Res. Oper. = Grau de alavancagem operacionalVar. % do volume

Devemos lembrar que o resultado operacional é a diferença entre receita operacional e custo operacional, e que representamos o volume por Q:

Res. Oper. = Q (p – CV) – CF

Portanto, queremos calcular:

[ Q (p – CV) – CF] [ Q (p – CV) – CF] = grau de alavancagem operacional Q

Q

Ora, CF é constante ( CF = 0), e [Q (p – CV) – CF)] na verdade é igual a Q (p – CV).

Portanto temos:

Q (p – CV) * Q = Grau de alavancagem operacional[Q(p – CV) – CF] Q

Podemos simplificar a equação eliminando Q (a variação do volume), ficando com:

Q (p – CV) = grau de alavancagem operacionalQ (p – CV) – CF

Isso na verdade equivale a:

Margem de contribuição = grau de alavancagem operacionalResultado operacional

Exemplo: imaginemos uma empresa na seguinte situação:

Preço de venda: $12,00 por unidadeCapacidade de Produção: 300.000 unidadesCustos associados ao produto (ao volume de 200.000 unidades):

Fixos VariáveisMatéria prima direta $800.000,00

Page 43: APOSTILA COMPLETA

Mão de obra direta $500.000,00Custos indiretos de produção $100.000,00 $200.000,00Despesas administrativas $150.000,00 $ 50.000,00Despesas de venda $ 50.000,00 $250.000,00Total $300.000,00 $1.800.000,00

Portanto, p = $12,00 e CV = $9,00 ($1.800.000,00/200.000) e ainda, CF = $300.000,00.

Vamos verificar o grau de alavancagem operacional desta empresa:

200.000 ($12,00 - $9,00) = 2,0200.000 ($12,00 - $9,00) – 300.000,00

Ou seja, dado um aumento de 10% do volume, haverá um aumento de 20% do resultado operacional, a partir de 200.000 unidades. Isso pode ser assim comprovado:

Novo volume de produção e venda: 220.000 unidadesCálculo do resultado operacional:Receita total ($12,00 x 220.000 unidades) = $2.640.000,00Custos:Fixos $300.000,00Variáveis $1.980.000,00 $2.280.000,00Resultado operacional $360.000,00

Como vimos, o resultado operacional a 200.000 unidades era de $300.000,00. O novo lucro é de $360.000,00, ou seja, 20% superior ao nível original.

Page 44: APOSTILA COMPLETA

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DE APRENDIZAGEM

34. Suponha que a Guaíba Posters, um pequeno varejista de posters, tenha custos operacionais fixos de R$3.000,00, que seu preço de venda por unidade (poster) seja de R$15,00, e seus custos operacionais variáveis sejam de R$10,00 por unidade. De quantas unidades, aproximadamente, é o ponto de equilíbrio da empresa?

(a) 600(b) 3.000(c) zero(d) 200(e) 300

35. A Pedroso Ltda está realizando um estudo de viabilidade econômica para Aloha Surf Ltda., uma pequena fábrica de pranchas de surf. Para tal, determinou o custo fixo anual de operação da fábrica em $1.500.000 e um custo unitário variável de $100. A Aloha pretende vender suas pranchas a um preço unitário de $200. De quantas unidades deve ser o ponto de equilíbrio (produção em que a receita total é igual ao custo total) anual da fábrica?

36. A PAE vendeu recentemente 100.000 unidades a $8,50 cada; seus custos operacionais variáveis são de $4,5 por unidade e seus custos operacionais fixos são de $200.000. Despesas de juros anuais totalizam $80.000. A que nível de vendas (em unidades) a empresa encontrará seu ponto de equilíbrio operacional?

37. A análise do ponto de equilíbrio (análise custo-volume-lucro) permite tanto determinar o nível de operação que uma empresa precisa manter para cobrir todos os seus custos operacionais, quanto avaliar a lucratividade associada a vários níveis de venda. O referido ponto de equilíbrio operacional é definido quando o (a):

a) custo fixo operacional = zerob) lucro líquido = zeroc) lucro antes do imposto de renda = zerod) lucro antes de juros e imposto de renda = zeroe) margem de contribuição = zero

38. O gráfico cartesiano abaixo é a imagem geométrica da relação CUSTO x VOLUME x LUCRO das operações de uma empresa. Interprete-o a fim de responder às questões A, B e C.

F

D

E

C

B

A

Custo fixo

Custo de equilíbrio

Custo total

Receita total

G

Page 45: APOSTILA COMPLETA

A) O ponto de equilíbrio entre a receita e os custos, em reais e em quantidades, está representado pelo(s) segmento(s):

a) DC do eixo das ordenadasb) ED do eixo das ordenadasc) CB e BA do eixo das ordenadasd) ED e DC do eixo das ordenadase) ED e DC do eixo das ordenadas; e EF do eixo das abcissas.

B) O(s) segmento(s) do eixo das ordenadas que representa(m) no gráfico, o lucro para a quantidade vendida G, expresso em reais, é:

a) BAb) CBc) DCd) EDe) ED, DC, CB, BA

C) A Margem de Segurança com que uma empresa opera é função do montante de receita que ela pode perder até atingir o ponto de equilíbrio. Assim, na situação indicada pelo gráfico, a Margem de Segurança está representada, em valores de receita, pelo(s) segmento(s) do eixo das ordenadas:

a) CBb) DCc) EDd) CB e BAe) ED e DC

39. A Telefones Brasileiros S/A está estudando a instalação de uma nova fábrica no Brasil. Para esta decisão, foram levantados a receita e os custos totais em função da quantidade de aparelhos, para dois tipos de sistema de produção. O gráfico, a seguir, representa esse levantamento.

R$

Quantidade produzida e/ou vendida

Receita

Custos TotaisEm células deprodução

Custos totaisEm linha deMontagem automatizada

100.000 140.000 210.000

600.000

1.000.000

1.200.000

1.400.000

1.500.000

Page 46: APOSTILA COMPLETA

Tendo em vista que o Departamento de Vendas levantou um mercado de 350.000 unidades já no primeiro ano, que tipo de sistema de produção você recomenda e qual o seu ponto de equilíbrio?

a) células de produção: 100.000b) células de produção: 210.000c) células de produção: 350.000d) linha automatizada: 140.000e) linha automatizada: 210.000

40. Uma empresa Z, com ativo de $20.000, possuía endividamento financeiro de $15.000 sobre o qual pagou despesas financeiras no valor de $1.500. Considerando que esta empresa teve um lucro antes da despesa financeira de $3.000, sua alavancagem financeira seria de quantas vezes?

a) 1,5 vezesb) 2,0 vezesc) 2,5 vezesd) 3,0 vezese) 3,5 vezes

41. As estruturas patrimoniais abaixo referem-se às questões A a E.

Balanço Patrimonial da Cia ALPHA

Circulante 1200 Circulante 1200

Permanente 2.800 Exigível a longo prazo 600Patrimônio líquido 2.200

Balanço Patrimonial da Cia BETA

Circulante 1700 Circulante 900

Permanente 2.300 Exigível a longo prazo 700Patrimônio líquido 2.400

As fórmulas a seguir servem para balizar as respostas das questões de A a E

ICP (Imobilizado do Capital Próprio) = Ativo Permanente Imobilizado / Patrimônio LíquidoMAF (Multiplicador de Alavancagem Financeira) = Ativo Total / Patrimônio LíquidoQLG (Quociente de Liquidez Geral) = (Ativo Circulante + Ativo Realizável a Longo Prazo) / (Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo)RSA (Taxa de Retorno sobre o Ativo) = Lucro Líquido / Ativo TotalEG (Endividamento Geral) = Passivo Exigível / Ativo Total

Page 47: APOSTILA COMPLETA

Questão AConsiderando as estratégias de financiamento e investimentos em capital de giro, adotadas pelas companhias ALPHA e BETA, podemos afirmar que:

(A) a da Cia. ALPHA é mais agressiva, pois a imobilização de seu Capital Próprio é menor do que 1.

(B) A da Cia. ALPHA é mais agressiva, pois seu grau de insolvência técnica é elevado.(C) A da Cia. BETA é mais conservadora, pois seu multiplicador de alavancagem

financeira é menor do que 3.(D) Ambas são igualmente agressivas.(E) Ambas são igualmente conservadoras.

Questão BConsidere que você é um investidor e está ciente da relação existente entre as aplicações de risco e o retorno desejado destas. Uma vez que se trata de duas indústrias de mesmo ramo de atividade, qual das companhias apresenta maior potencial de retorno de investimento?

(A) ALPHA, porque seu capital circulante líquido é menor.(B) ALPHA, porque seu exigível a longo prazo é menor.(C) BETA, porque seu capital circulante líquido é maior.(D) BETA, porque seu ativo permanente é menor.(E) Ambas apresentam o mesmo potencial de lucratividade.

Questão CO Passivo Circulante da Cia. ALPHA inclui um empréstimo bancário de R$200,00 com 360 dias de prazo e juros de 12% ao ano (a Cia. BETA não apresenta empréstimo bancário em seu passivo circulante). Sobre as demais contas do passivo circulante das duas empresas não incidem juros explícitos, e sobre os financiamentos de longo prazo incidem juros de 20% ao ano. É de 18% ao ano o atual custo de oportunidade arbitrado pelo mercado sobre o Patrimônio Líquido das empresas. Considerando os custos citados, podemos afirmar que o custo financeiro anual dos ativos da Cia. BETA é, em reais, superior ao da Cia. ALPHA em:

(A) 24,00(B) 26,00(C) 28,00(D) 30,00(E) 32,00

Questão DConsiderando que a Cia ALPHA obteve, no exercício financeiro de que trata a estrutura patrimonial apresentada, retorno de 9,09% sobre o patrimônio líquido, resultante do produto do MAF (Multiplicador de Alavancagem Financeira) pela Taxa de Retorno sobre o Ativo, esta Taxa (RSA) da Cia. ALPHA foi de:

(A) 5%(B) 6%(C) 7%(D) 8%(E) 9%

Questão ECom base nas respectivas estruturas patrimoniais, conclui-se que o percentual de endividamento geral da Cia. ALPHA excede o da Cia BETA em:

(A) 1%(B) 2%(C) 3%(D) 4%(E) 5%

Page 48: APOSTILA COMPLETA

42. A empresa XXX produz um só produto e possui a seguinte estrutura de preço e custo

preço de venda por unidade: $200custos variáveis por unidade: $140custos fixos – totais: $120.000

Qual deverá ser o volume de vendas, em unidades, que irá produzir um lucro antes dos juros e do imposto de renda (lucro operacional) de 20% das vendas?

a) 2.000b) 4.000c) 6.000d) 8.000e) 10.000

43. Você quer montar uma casa de sucos em Porto de Galinhas para funcionar durante o próximo verão (janeiro e fevereiro). Você planeja vender os sucos por $2,00 e acredita que gastará em frutas 40% por suco. Você ainda fará sanduíches diet e venderá por $2,00, gastando $1,00 em ingredientes. Você contratará dois funcionários por $260,00 cada (encargos incluídos) e pagará $440,00 de aluguel do ponto (taxa da prefeitura incluída). As demais despesas mensais estão na faixa de $420,00. Pergunta-se:

a) se a cada três clientes de suco um comprar um sanduíche, qual será o ponto de equilíbrio operacional?

b) Caso você tenha que fazer um investimento inicial de $2.000 (em dezembro) em instalações e equipamentos diversos, e acredita ter uma receita duas vezes maior que o ponto de equilíbrio (mantendo-se as participações de cada produto constantes), você acredita que tira o seu investimento (VPL), caso o banco lhe empreste o dinheiro a 3% ao mês? Responda com cálculos.

44. Uma indústria produz e vende apenas dois tipos de lancheira. A do tipo exportação, apresenta uma contribuição unitária de $30,00 e a do tipo nacional, de $50,00. Os custos fixos totalizam $2.100.000 por mês, rateados de acordo com a margem de contribuição total, de cada tipo de produto. A indústria tem vendido seus produtos conjuntamente, nas seguintes quantidades mensais:

Lancheira tipo exportação 70.000 unidades.Lancheira tipo nacional 42.000 unidades.

Considerando-se os dados acima, o ponto de equilíbrio de cada produto é:

a) lancheira tipo exportação: 14.000 unidadeslancheira tipo nacional: 14.000 unidades

b) lancheira tipo exportação: 8.750 unidadeslancheira tipo nacional: 14.000 unidades

c) lancheira tipo exportação: 21.000 unidadeslancheira tipo nacional: 21.000 unidades

d) lancheira tipo exportação: 35.000 unidadeslancheira tipo nacional: 21.000 unidades

Page 49: APOSTILA COMPLETA

45. Na produção de 100.000 unidades de um produto X, são incorridos custos variáveis de $1.500.000, sendo os custos fixos de $900.000 e o preço unitário de venda de $25,00. Indique o ponto de equilíbrio.

a) 120.000 unidadesb) 90.000 unidadesc) 60.000 unidadesd) 50.000 unidades

Page 50: APOSTILA COMPLETA

MÓDULO VI – ADMINISTRAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES

6.1 Introdução: Razões para a manutenção de “disponibilidades”

A administração eficiente do caixa (disponibilidades) contribui significativamente para a maximização do lucro das empresas. Quando a área de Tesouraria recebe ou paga, geralmente, as decisões que geram os fluxos financeiros já foram tomadas anteriormente por administradores de outras áreas, restando pouca coisa que o tesoureiro possa fazer para influir sobre esses fluxos financeiros.

O tesoureiro, que é o executivo responsável pela administração do caixa, deve ter uma visão integrada do fluxo de caixa de sua empresa e interagir preventivamente junto a áreas geradoras de recebimentos e de pagamentos.

As disponibilidades compreendem o numerário mantido em caixa, os saldos bancários de livre movimentação e as aplicações financeiras de liquidez imediata.

Se as disponibilidades forem mantidas em níveis muito baixos, haverá o comprometimento da capacidade de solvência da empresa. Por outro lado, o excesso de disponibilidades prejudica a rentabilidade. A administração das disponibilidades buscará um equilíbrio entre tais extremos, mas esta não é uma tarefa fácil devido à dinâmica e aos descompassos dos fluxos de pagamentos e recebimentos.

As sobras de caixa de curtíssimo prazo costumam ser aplicadas em fundos de investimento. Entretanto, a alta carga de tributos sobre estas aplicações tem que ser muito bem analisada para verificar a viabilidade da aplicação, dependendo do prazo (IR – imposto de renda; CPMF; IOF).

Em certas ocasiões, as empresas podem dispor de elevados montantes de recursos com utilização futura já programada. Tais recursos poderiam provir da integralização de capital ou das operações normais e destinarem-se, por exemplo, à aquisição de novos ativos fixos ou à liquidação de um empréstimo. Enquanto aguardam sua utilização definitiva, esses recursos são mantidos sob a forma de aplicações existentes no mercado financeiro.

Os princípios de administração financeira pressupõem que a maximização da rentabilidade deva ser alcançada através das atividades operacionais e não com aplicações financeiras de alto risco. Deste modo, devem ser evitadas as tentações de aplicar recursos excedentes em estoques especulativos, na compra de ouro, etc, pois a empresa poderá sofrer enormes perdas com essas operações em função das flutuações dos preços de mercado. Os indivíduos podem “jogar” com seu dinheiro em operações altamente especulativas. Às empresas cabe exclusivamente administrar seus recursos com eficácia.

Quanto deverá ser desembolsado nas próximas semanas ou meses pode ser determinado com certa precisão que só não é absoluta devido à possibilidade de ocorrerem eventos aleatórios. A grande incerteza reside no comportamento das entradas de numerário resultantes das vendas a vista, da cobrança de duplicatas, etc.

Deste modo, são deliberadamente mantidas disponibilidades para:

a) atender aos pagamentos programados para o curso normal das atividades (motivo transação); e

b) formar uma reserva de segurança para enfrentar eventuais imprevistos (motivo precaução).

A esses motivos poderíamos acrescentar outros de natureza involuntária, relacionados com a existência de numerário em trânsito (float). É comum os saldos bancários serem maiores do que aqueles registrados na empresa, e isto pode decorrer dos seguintes fatos:

Page 51: APOSTILA COMPLETA

- cheques emitidos pela empresa ainda não descontados ou depositados pelos favorecidos em suas contas bancárias;- existência de defasagem entre o momento em que um crédito é lançado pelo banco na conta da empresa e o dia em que ela toma conhecimento disto através do aviso de lançamento.

Outro motivo refere-se á exigência feita pelos bancos para que sejam mantidos saldos mínimos paralisados nas contas a título de reciprocidade pelos serviços prestados e pelos empréstimos concedidos.

Geralmente o estoque exerce forte impacto no caixa. Se for comprado a vista, o impacto é imediato; se for comprado a prazo, o impacto ocorre na data de pagamento da duplicata, alguns dias (ou alguns meses) depois da compra.

Pelo regime de competência, as compras e vendas são registradas nas datas de sua realização. As contas a receber (originadas pelas vendas a prazo) e estoques (originadas pelas compras a vista ou a prazo), enquanto estiverem registrados como tais, estão consumindo recursos financeiros, o que significa que estão gerando custos financeiros. As contas a pagar (originadas pelas compras a prazo e obrigações fiscais e trabalhistas) fornecem recursos para financiar os ativos operacionais.

Uma das mais importantes funções do tesoureiro é assegurar o equilíbrio financeiro da empresa, coordenando eficazmente as atividades de compras, estocagem e vendas.

6.2 Funções de Tesouraria

A seguir estão relacionadas as principais funções de Tesouraria, seguidas das respectivas atividades. Por exemplo, a atividade elaborar projeção de fluxo de caixa faz parte da função de planejamento financeiro.

PLANEJAMENTO FINANCEIRO- Elaborar projeção de fluxo de caixa;- Analisar estrutura de capital e propor alternativas de financiamento;- Estabelecer política de aplicação financeira;- Estabelecer política de financiamento de capital de giro.

ADMINISTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA- Controlar os recursos disponíveis em bancos e em caixa;- Elaborar e analisar a Demonstração do Fluxo de Caixa Realizado;- Fazer conciliação bancária;- Planejar e executar ações para suprir insuficiências de caixa;- Planejar e executar ações para maximizar as sobras de caixa;- Analisar alternativas de financiamento de capital de giro;- Analisar antecipações de recebimentos e pagamentos.

NEGOCIAÇÃO E CONTROLE DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS- Analisar os aspectos legais e financeiros das aplicações financeiras;- Negociar e controlar as aplicações financeiras;- Controlar e analisar a rentabilidade das aplicações financeiras.

NEGOCIAÇÃO E CONTROLE DE EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS- Analisar os aspectos legais e financeiros das modalidades de empréstimos e

financiamentos;- Negociar linhas de crédito com instituições financeiras;- Negociar e controlar empréstimos e financiamentos bancários;- Negociar e controlar operações de leasing;- Controlar e analisar os custos de empréstimos e financiamentos.

Page 52: APOSTILA COMPLETA

NEGOCIAÇÃO E CONTROLE DE GARANTIAS E SEGUROS- Negociar linhas de crédito para fianças bancárias e seguros-garantia;- Controlar os instrumentos de garantia entregues a terceiros;- Negociar comissões de fianças bancárias e prêmios de seguros;- Analisar, controlar e manter a guarda dos instrumentos de garantia recebidos de

fornecedores.

ADMINISTRAÇÃO DE RISCOS DE FLUTUAÇÃO DE PREÇOS E TAXAS- Avaliar a necessidade de fazer operações de hedge contra flutuação de preços e taxas

de juros e câmbio;- Analisar alternativas e custos de hedge;- Propor ao órgão competente a realização, ou não, de operações de hedge;- Negociar e controlar operações de hedge.

OPERAÇÕES DE CÂMBIO- Controlar operações financeiras em moeda estrangeira;- Registrar operações financeiras em moeda estrangeira no Banco Central;- Fazer fechamento de câmbio das operações de exportação e importação;- Negociar taxas de fechamento de câmbio;- Providenciar remessas de numerários ao exterior.

CRÉDITO E COBRANÇA- Analisar os cadastros dos clientes para concessão de créditos;- Cobrar e receber as duplicatas nos respectivos vencimentos;- Cobrar e receber saques de exportação;- Controlar as duplicatas em carteira e em cobrança bancária;- Controlar eventos financeiros contratuais.

CONTAS A PAGAR- Estabelecer políticas de pagamentos;- Controlar adiantamentos a fornecedores;- Controlar abatimentos e devoluções de mercadorias;- Controlar cobranças bancárias e cobranças em carteira;- Liberar duplicatas para pagamento.

6.3 Sistemas Integrados de Administração de Caixa

O sistema de tesouraria, propriamente dito, é composto de vários sistemas ou subsistemas, conforme observamos na figura abaixo. Geralmente, o sistema de contas a pagar e o sistema de contas a receber estão ligados ao sistema de tesouraria por meio de interfaces. A tendência moderna é a construção de sistemas integrados, em que são considerados os processos e não as funções, como nos sistemas tradicionais.

Sistema deControle doFluxo de caixa

Sistema deContas apagar

Sistema deContas areceber

Sistema dePrevisão de fluxo de caixaSistema de

controle de investimentos financeiros

Sistema de contabilidade e orçamentos

Page 53: APOSTILA COMPLETA

Com exceção de operações puramente financeiras, é recomendável que todos os valores a receber transitem pelo sistema de contas a receber e todos os valores a pagar pelo sistema de contas a pagar.

Direta ou indiretamente, todas as áreas da empresa mantêm algum tipo de vínculo com a área de Tesouraria. Se numa empresa existem as áreas industrial, comercial e administrativa, todas elas são fornecedoras de dados e informações para a elaboração do importante instrumento de gestão financeira: a previsão do fluxo de caixa. Quase todos os atos praticados por outras áreas acabam transformando-se em contas a receber ou em contas a pagar. E, conseqüentemente, todos os valores a receber ou a pagar transitam, obrigatoriamente, pela Tesouraria.

6.4 Concentração de Saldos

Como vimos acima, podem ser considerados como elementos de caixa (disponibilidades), além dos recursos monetários (numerários e depósitos bancários à vista – conta corrente), as aplicações financeiras de liquidez imediata. Os recursos monetários não produzem nenhum rendimento direto (no Brasil) e, geralmente, as aplicações de liquidez imediata produzem rendimentos menores do que aplicações de prazos mais longos. Por essas razões, o saldo de caixa deve ser mantido o mais baixo possível.

Até meados da década de 90, com altas taxas de inflação, a sobrevivência das empresas dependia fortemente da eficiência da administração do caixa, pois qualquer recurso não remunerado era depreciado significativamente de um dia para outro. Esses fatores fizeram com que o mercado financeiro criasse instrumentos financeiros que minimizavam as perdas por depreciação da moeda, tais como contas remuneradas e aplicações remuneradas de curtíssimo prazo. Alguns desses instrumentos financeiros continuam existindo, mesmo com a estabilização da taxa de inflação em níveis internacionais.

As empresas precisam manter o saldo de caixa, basicamente, para atender às seguintes necessidades:

- pagamentos de transações geradas pelas atividades operacionais como matérias-primas, serviços profissionais e salários;

- amortização de empréstimos e financiamentos (transações) ;- desembolsos para investimentos permanentes (transações) ;- pagamentos de eventos não previstos (precauções);- reciprocidades em saldo médio exigido pelos bancos (precauções).

Portanto, se pudermos reduzir o nível do nosso saldo de caixa, poderemos aplicar esse dinheiro em qualquer outro setor da empresa ou, se isto não nos permitir um retorno adequado, deveremos devolver aos proprietários este excesso de recursos para seu próprio uso . Nosso objetivo é minimizar o nível de caixa, sem que, ao mesmo tempo, ponhamos em risco nossa capacidade de saldar contas no seu vencimento.

6.4.1 DISCREPÂNCIAS PREVISÍVEIS ENTRE A ENTRADA E A SAÍDA DE CAIXA

Provavelmente, uma grande parte do nosso saldo de caixa é mantido de modo a funcionar como um amortecedor nos períodos em que sabemos que os recursos sairão do caixa mais rapidamente do que entrarão. Estas discrepâncias podem ocorrer durante intervalos curtos ou, então, em períodos mais longos.

Quando for provável a continuação de nossas insuficiências liquidas de caixa durante períodos mais longos, torna-se discutível se deveremos manter saldos ociosos de caixa suficientemente grandes para absorver essas faltas, ou obter empréstimos dos recursos necessários.

Um exemplo bastante característico encontra-se na acumulação de estoques, efetuada antes de um impulso sazonal nas vendas. As saídas de caixa ocorrem para pagamentos de salários, matérias-primas e despesas operacionais, mas este fluxo não será compensado a não ser quando terminarmos de cobrar os valores a receber que estão ainda por ser gerados. Embora

Page 54: APOSTILA COMPLETA

algumas empresas mantenham saldos de caixa suficientemente grandes para financiar essas diferenças estacionais entre os fluxos de saída e entrada, é duvidosa a conveniência do emprego deste método de financiamento de acumulações de inventário e títulos a receber. Deveremos comparar o custo do levantamento de empréstimo com o rendimento que poderá ser obtido mediante a utilização desses saldos de caixa em finalidades.

6.4.2 DISCREPÂNCIAS POSSÍVEIS ENTRE A ENTRADA E A SAÍDA DE CAIXA

Riscos provenientes de greves, inundações, falências de clientes, etc. afetam qualquer empresa. Como tais acontecimentos poderiam interromper a nossa entrada de caixa ou provocar uma saída repentina, é necessário conservar uma determinada parcela de saldo de caixa para atender discrepâncias desta natureza. Embora não possamos determinar, com precisão, os montantes necessários, poderemos considerar o numerário mantido com tal finalidade, como uma forma de seguro.

6.4.3 DISPONIBILIDADE DE OUTRAS FONTES DE RECURSOS

O volume do saldo de caixa mantido para compensar tanto os fluxos previsíveis como os imprevisíveis do nosso reservatório de caixa dependerão, em parte, da disponibilidade de outras fontes de recursos. Os proprietários poderão possuir recursos prontamente disponíveis. Possivelmente poderemos obter recursos imediatos de nosso banco ou companhia financeira comercial. Quanto melhor for a nossa posição de crédito, menor será o volume de caixa de que necessitaremos. Em certo sentido, nossa posição de crédito nos habilita a transferir parte do nosso problema de liquidez para o banco ou outros credores.

Relações com os bancosO nível do nosso saldo de caixa, conforme vimos, depende, em parte, do número de bancos que mantemos depósitos e do volume do depósito que julgamos ser necessário para retribuir os serviços de cada banco. Enquanto uma pequena empresa normalmente mantém depósitos em um único banco, as grandes empresas, com filiais, precisam freqüentemente, abrir contas em muitos bancos por todo o país.

A mesma atenção dispensada na seleção de um banco, como emprestador, deve ser concedida à sua escolha para efetuar depósitos. Dentre os fatores de maior importância estão: a condição financeira do banco, sua localização, os serviços que oferece e a capacidade administrativa dos principais funcionários.

Mesmo que não estejamos obtendo empréstimos de um banco, deveremos manter um saldo suficientemente grande para poder “retribuir” os serviços prestados. Tais serviços incluiriam: cobrança de contas; fornecimento de informações de crédito; desconto de cheques...

6.5 Aceleração de Recebimentos (Adiantamento a Fornecedores)

Uma vez que veremos no próximo Módulo: Administração de contas a receber, toda a questão de políticas de cobrança, vamos interpretar este item 7.5 como sendo a aceleração de recebimentos por parte dos fornecedores da empresa, ou seja, a necessidade da empresa “acelerar” o pagamento a seus fornecedores.

Algumas vezes, as empresas precisam adiantar recursos para os fornecedores. Nesses casos, devem ser exigidas do fornecedor garantias de que o bem ou o serviço serão entregues nas condições contratadas.

Adiantamento pode ser definido como um recurso financeiro entregue ao fornecedor sem que haja o correspondente recebimento de material, equipamento ou serviço.

As garantias podem ser representadas por diversos instrumentos: fiança bancária; seguro-garantia; aval de pessoas idôneas; ou ainda, garantias reais representadas por imóveis, principalmente.

Page 55: APOSTILA COMPLETA

6.6 Controle de Pagamento

O manuseio de numerário deve se limitar ao mínimo necessário, pois gera riscos de diversos tipos. Na medida do possível, os pagamentos a fornecedores e funcionários devem ser feitos por intermédio de cheques, créditos em conta bancária e DOCs (documentos de crédito).

Quando o pagamento é feito por meio de DOC, deve ser preenchido o campo finalidade de pagamento, pois facilita a comprovação do pagamento. Em casos de depósito ou crédito em conta bancária, a comprovação de pagamento deve ser feita por meio de carta, recibo ou duplicata quitada previamente, entregues, com a indicação do banco e do número de conta bancária.

Todos os cheques emitidos pela Tesouraria devem ser nominais e podem ser cruzados com a expressão “válido somente para depósito em conta do favorecido” entre as linhas cruzadoras. Em alguns casos, por medida de segurança pode ser declarada no verso do cheque a finalidade do pagamento e assinado pelo(s) emitente(s). Esses procedimentos asseguram que os pagamentos sejam feitos aos favorecidos. Os cheques cruzados podem ser recebidos somente por bancos e esse procedimento facilitará a reconstituição de eventual documento de quitação extraviado, pois o banco que acatar o depósito do cheque estará confirmando a autenticidade do depositante, mesmo que o cheque depositado não seja endossado pelo favorecido.

O objetivo continua sendo o de preservar o maior nível de liquidez possível, desde que não haja prejuízos por manutenção de saldos excessivos. Do ponto de vista de uma boa administração de disponibilidades, devemos levar em conta os seguintes aspectos:

a) a liberação de recursos disponíveis e exigidos para aplicações aprovadas não pode ser atrasada desnecessariamente. Isto não só tende a retardar a realização de atividades úteis à empresa, como representa perdas sobre os recursos ociosos. Uma vez feita uma requisição devidamente aprovada, os fundos devem ser transferidos o mais rapidamente possível;

b) os processos de pagamento devem incluir precauções contra desvios ou furtos (vide início do item quando falamos da necessidade dos cheques serem nominais...);

c) quando há a possibilidade de pagar alguma compra ou algum serviço recebido com desconto, deve ser utilizado integralmente o prazo correspondente, permanecendo os fundos à disposição da empresa pelo período mais longo possível.

Por fim como já salientamos, uma boa administração de disponibilidades, completa-se com o uso adequado de fundos temporariamente ociosos em aplicações que ofereçam algum rendimento.

O objetivo desse rendimento é proporcionar certa proteção à empresa contra a dupla perda decorrente da inflação, que corrói diretamente o valor do ativo em questão, e do custo de oportunidade da manutenção de recursos sob a forma monetária pura.

6.7 Descontos para pagamento antecipado

Do ponto de vista da empresa que oferece o desconto, ele pode ser considerado como um estímulo para maiores vendas, mas é fundamental lembrar que mais importante do que isso talvez seja a possibilidade de acelerar os recebimentos das vendas.

Economicamente a empresa será beneficiada pelos descontos desde que ele seja, obrigatoriamente, superior ao custo dos recursos que podem ser obtidos, no mercado financeiro, pelos clientes da empresa. Se não fosse assim o desconto não funcionaria como estímulo tanto a maiores vendas quanto a pagamentos mais rápidos.

Page 56: APOSTILA COMPLETA

6.8 Planejamento de Exigência de Caixa

Segundo os estudiosos e doutrinadores da Contabilidade, o capital é um fundo de valores ou conjunto de bens, créditos e débitos colocados à disposição da empresa, com a finalidade de gerar resultados econômicos.

O capital de uma empresa está todo investido no Ativo, com o objetivo de gerar retornos adequados. Esse capital é fornecido por terceiros e pelos acionistas ou sócios. A parte dos acionistas ou sócios é representada pelo Capital Próprio (Patrimônio Líquido). O capital de terceiros encontra-se lançado nas contas do Passivo Circulante e do Passivo Exigível a Longo Prazo, em forma de financiamento tomado.

Portanto, o financiamento das atividades empresariais é realizado mediante o emprego de diferentes tipos de fundos obtidos externamente ou gerados no curso normal das operações. Uma classificação mais ampla divide esses fundos em duas categorias: capital próprio e capital de terceiros.

A principal fonte externa de recursos próprios corresponde à subscrição e integralização de aumentos de capital. Outros recursos próprios obtidos externamente poderiam originar-se do recebimento de ágio na emissão de ações. Os fundos próprios gerados internamente decorrem da retenção do lucro líquido, registrada nas contas de Reservas de Lucro ou de Lucros Acumulados.

As vendas de ativos e as reduções nos níveis de estoques, contas a receber e outros ativos possibilitam a liberação de recursos para outras finalidades. Nestes casos não teríamos novas fontes de financiamento, mas apenas uma realocação de fundos.

As fontes internas de recursos de terceiros correspondem a diversas obrigações decorrentes das atividades operacionais da empresa, tais como: salários, contribuições sociais, impostos, dividendos declarados etc. Cabe aqui ressaltar os seguintes aspectos:

- os créditos dos empregados, diretores e acionistas representam recursos de terceiros, pois se deve separar a empresa das pessoas que nela trabalham ou detenham participação societária;

- a partir do fato gerador e durante o prazo concedido para pagamento ou recolhimento, os impostos, contribuições e outros compromissos são considerados recursos de terceiros.

As fontes externas de recursos de terceiros podem ser geradas espontaneamente, como o crédito concedido pelos fornecedores e os adiantamentos de clientes relativos a bens ou serviços encomendados.

As fontes externas de passivos onerosos são constituídas pelos empréstimos e financiamentos contratados com instituições financeiras ou com outras pessoas jurídicas ou pessoas físicas. A colocação no mercado de capitais de títulos de dívida emitidos pela empresa (debêntures) inclui-se nesta categoria.

Completando as fontes externas de capitais de terceiros, temos as operações de arrendamento mercantil (leasing) em que a empresa arrendatária detém a posse e o uso de ativos fixos durante a maior parte de sua vida útil, mas a propriedade é da empresa arrendadora.

Fontes internas- Capital próprio- Capital de terceiros

Fontes externas- Capital próprio- Capital de terceiros

Page 57: APOSTILA COMPLETA

1) Fontes internas – capital próprio- Resultado das operações – lucro retido

2) Fontes internas – capital de terceiros- Empregados e diretores – salários, honorários e participações estatutárias- Governo – impostos e contribuições- Diversos – contas a pagar; provisões diversas; dividendos declarados, etc

3) Fontes externas – capital próprio- Acionistas – subscrição de ações

4) Fontes externas – capital de terceiros- Empresas de leasing – arrendamento de ativos fixos- Instituições financeiras – empréstimos e financiamentos- Clientes – adiantamentos sobre compras- Fornecedores – crédito mercantil- Outras empresas e pessoas físicas – empréstimos diversos

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

Na determinação dos tipos de fundos a serem empregados no financiamento das atividades empresariais devem ser considerados alguns princípios que muitas vezes são conflitantes. Acima de tudo deve-ser ter em mente que cada empresa constitui um caso isolado e que a importância dos elementos envolvidos nestas decisões varia em função das condições da economia, das perspectivas do ramo de negócios e da situação específica da empresa.

A liberdade de ajustar a composição das fontes de financiamento é restringida pela disponibilidade dos vários tipos de fundos procurados. Infelizmente, a empresa não consegue obter todos os recursos de que necessita nas condições mais favoráveis. Assim, muitas vezes terá que recorrer a algumas fontes mais onerosas e até mesmo aceitar condições contratuais que não vem de encontro às suas expectativas.

6.9 Adequação

Refere-se a compatibilidade dos prazos e de outras características das fontes de financiamento com a natureza dos ativos. Os fundos precisam estar em harmonia com as modalidades de ativos em que serão empregados.

Temos aqui uma regra geral: necessidades temporárias de recursos devem ser financiadas com passivos circulantes e necessidades permanentes devem ser atendidas com recursos próprios e dívidas de longo prazo. Utilizar recursos temporários para investimentos permanentes implicaria comprometer a liquidez da empresa. Financiar os ativos sazonais com recursos permanentes envolverá a manutenção de recursos ociosos durante certa parte do ano, comprometendo a rentabilidade, conforme já visto.

6.10 Alavancagem financeira

Lembre-se do que vimos em módulos anteriores: a utilização de passivos onerosos na composição das fontes de financiamento deve ser precedida de estudos aprofundados e simulações sobre os efeitos da alavancagem financeira no lucro por ação e no retorno do capital próprio.

6.11 Maneabilidade

Refere-se a capacidade de ajustar as fontes de financiamento às alterações substanciais das necessidades de fundos. Vimos que as dívidas de curto prazo permitem rápido ajustamento das fontes às variações sazonais do ativo circulante. No médio e longo prazos as necessidades de recursos podem sofrer mudanças drásticas em termos de aumento ou redução dos valores investidos nos ativos. Por isso, as empresas precisam resguardar certa

Page 58: APOSTILA COMPLETA

flexibilidade de ação que lhes permita no futuro modificar a participação das diferentes fontes de financiamento.

6.12 Tempestividade

A tempestividade ou timing,está relacionada à maneabilidade e determinação da época mais oportuna para captar fundos adicionais através da contratação de empréstimos de longo prazo ou do lançamento de novas ações.

É preciso prever o comportamento futuro das taxas de juros e das bolsas de valores para determinar se aguardamos mais algum tempo para iniciar um grande investimento ou se devemos levantar os recursos imediatamente para aproveitar uma conjuntura favorável, mesmo que o projeto de investimento ainda esteja sendo detalhado. Esse senso de oportunidade permitirá que os recursos permanentes sejam captados nas melhores condições, o que beneficiará a rentabilidade da empresa por longo período de tempo.

6.13 Investimento de Excedentes de Caixa

A natureza das atividades operacionais determina o perfil dos ativos das empresas. Nos estabelecimentos comerciais destacam-se os estoques de mercadorias e as contas a receber de clientes. Nas indústrias, os investimentos em bens de produção e outros ativos fixos costumam exceder os fundos aplicados nos ativos circulantes. As empresas de transportes, telecomunicações, energia e outros serviços públicos apresentam predomínio absoluto das imobilizações técnicas em seus ativos.

Os investimentos em ativos fixos baseiam-se em previsões sobre o comportamento da economia e normalmente envolvem vultosas somas de recursos. Esses investimentos podem referir-se não só à substituição de bens de capital obsoletos ou cuja manutenção esteja tornando-se antieconômica, como também à aquisição de novos bens e até mesmo à implementação de projetos de construção e instalação de unidades operacionais completas. Também fazem parte desse conjunto de decisões estratégicas os dispêndios com pesquisa e desenvolvimento de produtos e tecnologia.

As decisões de investimento irradiam-se por toda economia, pois provocam novas encomendas junto aos fornecedores, aumentam direta e indiretamente o nível de empregos, ampliam a oferta de bens e serviços, e assim por diante. As empresas realizam esses investimentos para preservar ou ampliar sua competitividade. Decisões acertadas podem assegurar uma confortável posição no mercado durante muitos anos. Entretanto, se algo sair errado, o volume de recursos envolvido poderá comprometer irremediavelmente a liquidez e a rentabilidade.

A importância dessas decisões requer um processo específico para determinar onde, quando e quanto investir.

Propostas de investimento

A distinção entre gastos operacionais e gastos de capital pode ser feita em função da duração dos benefícios correspondentes, bem como dos valores envolvidos.

Compras de matéria prima, salários e diversas despesas são considerados como gastos operacionais porque seus benefícios exaurem a curto prazo (até um ano).

Os gastos de capital correspondem a desembolsos ou comprometimento de recursos cujos benefícios deverão perdurar por mais de um ano.

Na prática podem ocorrer exceções. Por exemplo, gastos com propaganda e com treinamento de pessoal poderão trazer benefícios por períodos prolongados e, no entanto, costumam ser considerados como gastos operacionais.

Page 59: APOSTILA COMPLETA

Além das especificações técnicas, cronograma, justificativas, etc., cada proposta de gastos de capital deve incluir todos os valores envolvidos com a sua implementação. Desse modo, um projeto de implantação de nova linha de produção deve ser apresentado de forma integrada e não subdividido em várias propostas.

O valor do investimento determinará até que nível hierárquico deverá chegar a proposta para obter a sua aprovação final. Muitas propostas poderão ser aprovadas pelo Comitê de Investimentos, enquanto outras terão que ser submetidas ao Conselho de Administração.

As propostas de gastos de capital envolvem:

- benefícios não monetários que serão apreciados subjetivamente;- aspectos monetários que devem ser mensurados tecnicamente;- riscos que precisam ser avaliados da melhor forma possível.

6.14 Relações com os Bancos

A manutenção de um bom relacionamento bancário constitui um aspecto primordial na administração das disponibilidades.

Os grandes bancos comerciais possuem centenas de agências espalhadas pelo país, escritórios de representação no exterior e têm o apoio de outros bancos que são seus correspondentes nas principais praças financeiras internacionais.

Operando com um banco comercial, a empresa conta também com o suporte das demais instituições integrantes do conglomerado financeiro, tais como: banco de investimento, financeira, arrendamento mercantil, crédito imobiliário, seguradora, corretora, distribuidora etc.

Vejamos alguns exemplos do que os conglomerados financeiros podem oferecer às empresas.

Serviços

- movimentação de numerário através de cheques e ordens de pagamento;- liquidação de contas e outros compromissos mediante débito direto em conta corrente;- cobranças de duplicatas e de outros títulos;- custódia de valores; prestação de avais e fianças; seguros;- corretagens de câmbio e de títulos e valores mobiliários;- operações de underwriting de ações e debêntures, etc.

Aplicações financeiras

- depósitos a prazo, letras de câmbio e outros títulos de renda fixa;- cadernetas de poupança (pessoa jurídica);- fundos de investimento;- aplicações em ouro e em ações de outras empresas etc.

Empréstimos, financiamento e operações de arrendamento mercantil

. para capital de giro

- desconto de duplicatas e promissórias;- contratos de financiamento;- financiamento de impostos;- financiamento à importação;- financiamento à exportação;- financiamento às micro, pequenas e médias empresas;- operações de lease back (venda e simultâneo arrendamento de bens).

Page 60: APOSTILA COMPLETA

. para capital de giro e/ou capital fixo

- repasses de recursos externos - intermediação nos financiamentos de bancos estrangeiros contratados diretamente

com a empresa;- repasses de recursos oficiais (Banco Central do Brasil, Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social, Caixa Econômica etc.).

. para capital fixo

- contratos de financiamento;- operações com o Finame (BNDES);- operações de arrendamento de ativos fixos (leasing financeiro) etc.

Como vimos, uma das finalidades da gestão do caixa é manter um saldo de caixa adequado às suas atividades, em função da incerteza associada aos fluxos de recebimentos e pagamentos (principalmente recebimentos), pois caso esses fluxos fossem 100% realizáveis nas datas previstas, não haveria a necessidade de manter o saldo de caixa.

Também conforme já visto, na gestão do caixa é importante conhecer a capacidade de obtenção de caixa a longo prazo da empresa. Conhecendo antecipadamente o limite máximo de recursos financeiros que a empresa poderá tomar emprestado de terceiros e do próprio acionista, é possível planejar com maior eficácia a expansão do nível de atividades e resolver eventuais problemas de oscilações nas disponibilidades de caixa.

As atividades da empresa devem ficar sempre dentro do limite da capacidade de obtenção de caixa da empresa. Ao exceder esse limite, a empresa poderá enfrentar sérias dificuldades financeiras, comprometendo a continuidade de suas atividades.

Capacidade de geração de caixa operacional

O simples aumento no saldo de caixa não significa que as atividades operacionais estão gerando caixa. Para saber se a operação está gerando caixa, é necessário analisar o fluxo de caixa, agrupando as atividades de acordo com sua natureza (a entrada pode ser derivada de uma operação de financiamento, por exemplo).

Page 61: APOSTILA COMPLETA

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DE APRENDIZAGEM

46. No final de 19x7, a empresa XYZ apurou os seguintes dados econômico-financeiros:

DEMONSTRATIVO DE RESULTADOSXYZ – Valores em R$ 19x7

Receita operacional 2.550Custos e despesas operacionais (1810)Despesas financeiras (55)Imposto de renda (114)LUCRO LÍQUIDO 571

FLUXO DE CAIXAXYZ – Valores em R$ 19x7

Fluxo de caixa operacional 840(-) dispêndio de capital 595(-) acréscimos ao capital de giro 268FLUXO DE CAIXA TOTAL (23)

Obs: Fluxo de caixa operacional reflete a diferença entre todas as entradas e saídas de caixa provenientes das operações da empresa.

Por que ocorrem diferenças entre os valores de lucro líquido e os de fluxo de caixa?

47. Uma empresa adquire 3.000 peças para a produção de telefones por ano, a R$4,00 cada. Caso a empresa produzisse as peças, incorreria em custos fixos anuais adicionais de R$4.000,00 e os custos variáveis seriam de R$3,00 por peça. Quais seriam os custos de comprar as peças e produzi-las respectivamente?

a) 10.000 e 13.000b) 12.000 e 13.000c) 13.000 e 12.000d) 13.000 e 11.000e) 12.000 e 10.000

48. A Joãozinho Ltda recebeu em pagamento um título de R$605,00 que vencerá em dois anos. No entanto, a empresa está precisando do dinheiro hoje para pagar uma despesa. Trabalhando sempre com juros compostos e com custo de oportunidade de 10% ao ano, por qual valor mínimo, em reais, deverá vender hoje esse título?

a) 500,00b) 504,17c) 550,00d) 605,00e) 665,50

49. Considere o seguinte Diagrama de Fluxo de Caixa, relativo a uma operação de desconto de duplicatas realizada por uma empresa em um banco. Os títulos negociados foram resgatados na data de vencimento, sem atraso.

R$1.000

R$90R$1.000

90 dias

Page 62: APOSTILA COMPLETA

Nas condições em que foi realizado o desconto, a taxa efetiva de juros pagos pela empresa foi de:

a) 9,00%b) 9,29%c) 9,49%d) 9,69%e) 9,89%

Page 63: APOSTILA COMPLETA

MÓDULO VII – ADMINISTRAÇÃO DE CONTAS A RECEBER

7.1 Introdução

Vender a prazo implica conceder crédito aos clientes. A empresa entrega mercadorias ou presta serviços em certo momento e o cliente assume o compromisso de pagar o valor correspondente em uma data futura.

Além dos riscos de atrasos e de perdas por falta de pagamento, as vendas a prazo provocam despesas adicionais com análise de crédito e cobrança. Apesar desses riscos e custos, verifica-se que parcela significativa das transações comerciais é realizada a crédito. Em suas diversas modalidades, o crédito ao consumidor é largamente utilizado pelo comércio varejista.

Praticamente, todas as transações realizadas entre as empresas, envolvendo mercadorias e prestação de serviços, estão assentadas no crédito comercial ou mercantil.

As empresas concedem crédito para ampliar seu nível de operações, obter ganhos de escala, absorver melhor os custos fixos e, assim, maximizar a rentabilidade.

A concessão de prazo para pagamento favorece o escoamento da produção industrial, aumenta o giro dos estoques do comércio e permite às empresas prestadoras de serviços ampliarem suas atividades.

Os saldos das duplicatas a receber geralmente têm participação elevada no ativo circulante. Deste modo, ao converter os estoques em duplicatas a receber, as empresas continuam suportando os custos incidentes sobre os recursos investidos nas operações.

As duplicatas a receber constituem um ativo de elevada liquidez porque podem ser descontadas nos bancos comerciais ou servirem de garantia no levantamento de novos empréstimos.

7.2 Volume de vendas e investimentos e Contas a receber

Causas da existência de contas a receber

Na economia moderna a utilização do crédito tanto como método de venda e pagamento quanto sob a forma de arma de concorrência entre empresas é um dos mecanismos mais corriqueiros. No entanto, é sempre importante compreender porque existe entre as empresas, e quais são as suas formas.

Estamos analisando problemas de administração financeira de uma empresa, e assim devemos considerar a quem (pessoas e instituições) ela concede crédito.

Ao falarmos em “contas a receber”, estamos nos referindo a: contas correntes, crédito parcelado e contratos de venda a prazo e de venda condicional.

No caso de contas correntes, estamos tratando dos clientes permanentes da empresa que efetuam pagamentos periódicos. Nesta situação especial o problema de delimitação de crédito é resolvido pela não fixação de um período limitado. O prazo é indeterminado, em outras palavras. Aplica-se, como deve estar evidente, aos clientes sobre cujas compras a empresa acredita haver constância, regularidade e relativa segurança.

Quanto ao crédito parcelado, estamos nos referindo a vendas de acordo com planos de pagamento diferentes, conforme auxiliem, ou seja, permitido à empresa pela procura dos seus produtos ou serviços, não só em face da concorrência como pelas necessidades dos clientes e pelos custos de investimento em contas a receber. Esse investimento, que será o ponto básico de nossa discussão, corresponde ao saldo médio mantido em contas a receber, em conseqüência da necessidade de venda a prazo com concessão de crédito.

Page 64: APOSTILA COMPLETA

Finalmente temos os contratos de venda a prazo e de venda condicional. São utilizados principalmente nas vendas de bens ou serviços previamente encomendados e de execução ou instalação demorada, com pagamentos parciais que podem ocorrer antes, durante e/ou após a execução ou instalação. Como se pode notar referem-se com mais propriedade a bens de capital e prédios, bem como a serviços de assessoria e consultoria.

Apesar das distinções, trataremos os três tipos sob o título “contas a receber”. Isso se deve ao fato de que o problema geral é o mesmo: vender a prazo, com o reconhecimento de que há um ganho (o cliente compra da empresa, porque pagar a prazo lhe é financeiramente importante), de um lado, contra um custo (o dos recursos imobilizados proporcionalmente ao saldo médio de contas a receber) adicionado a um risco ( de que o cliente não pague), de outro lado, exigindo, pois, as avaliações que iremos analisar abaixo.

A política de crédito como arma de concorrência

O que entendemos como política de crédito de uma empresa possui diversos elementos: os prazos concedidos para pagamento, os critérios de aceitação de pedidos de crédito e os critérios para a fixação de limites (montantes) de crédito.

A natureza dessa política como arma de venda e como “produto” para a área de marketing, não deixa margem à dúvida.

Tradicionalmente, os administradores de vendas têm desempenhado um papel passivo nas operações de crédito, principalmente porque se acreditava que a administração de crédito era uma função da administração financeira e algo antagônico ao ponto de vista das vendas. Porém, à medida que o serviço de crédito começou a ser visto como elemento do marketing mix, os gerentes de marketing passaram a participar cada vez mais das iniciativas e responsabilidades pelo desenvolvimento de serviços de crédito.

A concessão de crédito atua como elemento do processo de oferecimento de um produto ou serviço não só porque afeta diretamente o preço de aquisição, distribuindo os pagamentos no tempo, como proporciona maior flexibilidade operacional ao comprador, que ganha tempo para gerar recursos com vistas a efetuar os pagamentos devidos.

É evidente, porém, que a concessão de crédito para estimular a procura dos produtos e serviços oferecidos pela empresa encontra limites na capacidade que uma dada firma pode ter para ser liberal nesta área. Assim, tendem a ter políticas de crédito menos liberais e, conseqüentemente, a usá-las menos satisfatoriamente como arma de concorrência as empresas: (1) cujo capital próprio não permite sustentar grandes investimentos em contas a receber pela limitação de seu endividamento para financiá-los; (2) que não possam assumir riscos muito grandes com a concessão de crédito, por exemplo, quando possuem poucos clientes, suas próprias necessidades de capital de giro são prementes, suas vendas são pouco numerosas e de elevado custo direto por unidade etc.

Fatores condicionantes do investimento em contas a receber

Numa empresa qualquer, o volume de recursos empatados no saldo médio de contas a receber, o investimento com o qual se preocupa o administrador financeiro neste caso, é afetado pelas seguintes variáveis ou fatores condicionantes:

- o volume de vendas a prazo;- a proporção entre o custo direto do produto ou serviço e o valor de venda faturado;- a sazonalidade das vendas;- as regras do ramo de atividade quanto a limites de crédito;- as políticas de prazo de crédito da empresa;- as políticas de cobrança da empresa;- as políticas de desconto da empresa.

Alguns desses fatores são elementos da política geral de crédito da própria empresa e estão interligados (por exemplo, uma política de prazos mais longos aumenta as vendas; uma política

Page 65: APOSTILA COMPLETA

de descontos especiais pode modificar a sazonalidade das vendas, e assim por diante); além disso, o fato de serem elementos da política de crédito da empresa significa que está sob a alçada da própria empresa fixar, em parte, o investimento a ser mantido em contas a receber.

Essa margem de escolha, porém, está ligada a uma comparação entre benefícios e custos, sob a responsabilidade do administrador financeiro.

A política de concessão de crédito envolve um equilíbrio entre os lucros nas vendas a prazo e o custo de manutenção de valores a receber adicionado aos possíveis prejuízos decorrentes de dívidas incobráveis.

Já vimos como e por que a política de crédito pode ser utilizada para aumentar as vendas e os lucros da empresa. Além disso, o investimento em contas a receber não apenas exige recursos para financiá-lo, como é uma aplicação sem retorno direto, como ocorre com as outras categorias de ativos correntes, e possui um custo de oportunidade (deixar de ganhar mais) . Quanto maior for o saldo médio de qualquer item de ativo corrente, dado um certo volume de operações, menor será a rotação dos recursos usados pela empresa, prejudicando, por conseguinte, a sua rentabilidade.

Exemplo:

Inicialmente, as vendas da empresa são de $5.000.000,00 por ano e a política de crédito, cobrança e desconto adotadas resultam numa rotação de contas a receber (ao custo) da ordem de 6 vezes ao ano.

Vendas $5.000.000,00Custo direto (60%) $3.000.000,00Rotação de contas a receber 6 vezes por anoLogo, prazo médio de cobrança 360/6 = 60 diasE, saldo médio de contas areceber (ao custo) $3.000.000,00/6= $500.000,00

Uma política de crédito menos liberal que signifique restrições de prazos ou critérios de seleção de clientes mais rigorosos pode levar a uma redução dos saldos em contas a receber, diminuindo os custos incorridos pela empresa. Conseqüentemente, pode aumentar o seu lucro, desde que não haja uma redução de vendas e lucros que contrabalance o benefício obtido com a redução do investimento. Suponhamos, em relação aos dados acima, que as vendas e os lucros (de 5% das vendas) sofram uma redução de 10% em conseqüência de uma política menos liberal, diminuindo o prazo médio de cobrança para 45 dias. Finalmente, acrescente-se que o custo de oportunidade dos recursos aplicados em contas a receber é de 20%.

Na situação inicial, portanto, o lucro era de $250.000,00 (5% das vendas). Na nova situação eles caem para $225.000,00, pois diminuíram 10% com uma queda de $25.000,00.

O custo de oportunidade do investimento a receber totalizava 20% de $500.000,00, ou seja, $100.000,00. Para que a nova política seja vantajosa à empresa, esse investimento deve cair para $75.000,00 ou menos. Verifiquemos o que ocorre:

Novo prazo médio de cobrança: 45 diasNovo índice de rotação de contas a receber: 360/45 = 8 vezes/anoNovo volume de vendas (ao custo) 60% de $4.500.000,00 = $2.700.000,00Novo saldo médio de contas a receber: $2.700.000,00 / 8 =$337.500,00Custo de oportunidade total: 20% de $337.500,00 =$67.500,00

Conseqüentemente, a nova política de crédito menos liberal ainda seria vantajosa porque permitiria uma redução de custos de $32.500,00, em que pese uma perda de lucros de $25.000,00, com um benefício líquido de $7.500,00.

Entretanto, como já dissemos, há também um elemento de risco envolvido na política de crédito, além de benefícios e custos.

Page 66: APOSTILA COMPLETA

Para medir o risco enfrentado, que é inerente à possibilidade de que o cliente não pague as suas compras à empresa, a análise da sua capacidade de pagamento é, evidentemente, o instrumento mais apropriado. Toda empresa deve ter limites de risco aceitável; considerando-se que o grau de risco assumido afeta:

a) a velocidade com que as contas são cobradas;b) o valor investido em contas a receber; ec) o volume total de prejuízos com dívidas incobráveis,

Fica evidente que também contribui para o custo do investimento em contas a receber.

Discutidos os problemas gerais do investimento que uma empresa é forçada a fazer em contas a receber, podemos passar agora a analisar mais detalhadamente os elementos e procedimentos utilizados nas áreas de concessão de crédito e cobrança.

Entendemos como elementos da administração financeira de contas a receber:

a) fixação de prazos para pagamento pelos clientes (prazo de crédito);b) fixação de critérios para a aceitação (seleção) de clientes;c) estabelecimento de limites para a concessão de crédito, ou seja, os valores máximos

financiáveis pela empresa a cada cliente;d) formulação da política de cobrança, incluindo métodos de cobrança (instrumentos,

agressividade relativa etc); ee) estabelecimento de descontos por pagamento antecipado, visando acelerar o

recebimento de valores devidos pelos clientes da empresa.

Custos e riscos

Como vimos, conceder crédito aos clientes representa assumir custos e riscos que não existem em vendas a vista, tais como:

despesas com a análise do potencial de crédito dos clientes; despesas com a cobrança das duplicatas; risco de perdas com os créditos incobráveis; custo dos recursos aplicados nas contas a receber; perda de poder aquisitivo do valor dos créditos em decorrência do processo

inflacionário.

Os departamentos de crédito e de cobrança provocam despesas com seu pessoal, com instalações, com visitas aos clientes, com serviços de agências de informações cadastrais, com escritórios especializados em cobranças judiciais etc.

Deste modo, os custos envolvidos nas transações a prazo são superiores àqueles das operações a vista e os respectivos preços de venda deveriam traduzir essa diferença. Entretanto, observa-se que os descontos para pagamento à vista geralmente não refletem a ausência de todos os custos e riscos apontados. Isto ocorre porque em cada ramo de negócios existem prazos tradicionais calcados no ciclo de produção e vendas da clientela e as empresas consideram que não adianta tentar incentivar as vendas a vista em face das condições do mercado em que atuam.

Devido ao fato de concederem crédito aos seus clientes e contarem com recursos limitados, as empresas exigem prazos de seus fornecedores, mesmo que por isso tenham de pagar mais. Assim, o crédito comercial irradia-se por todo o sistema econômico.

Page 67: APOSTILA COMPLETA

Gestão dos recursos

Ao mesmo tempo em que se preocupa em alcançar um nível adequado de receitas de vendas, a administração financeira tenta minimizar os recursos aplicados em duplicatas a receber, objetivando maximizar a taxa de retorno global.

Pode-se avaliar a eficiência na gestão dos recursos aplicados nas duplicatas a receber através do cálculo do seu giro ou rotação, como segue:

Giro das duplicatas = receita bruta das vendas a prazo = nº x ano a receber saldo médio das dupl. a receber

O numerador e o denominador devem expressar valores da mesma espécie e que estejam associados ao mesmo intervalo de tempo, geralmente um ano.

Prazo médio de = nº de dias do período = nº médio de diasCobrança giro das dupl. a receber

Se desejássemos imprimir maior rigor no cálculo desta e das demais fórmulas a seguir, deveríamos subtrair das receitas brutas das vendas a prazo os valores das devoluções e abatimentos correspondentes, pois o resultado dessa diferença é que gera as duplicatas a receber.

O saldo médio das duplicatas a receber deveria ser calculado através do quociente entre:

a soma do saldo inicial do período e dos saldos finais dos meses subseqüentes; e o número de saldos computados.

Quando dispomos apenas dos saldos inicial e final do período (digamos que o período seja de um ano), calculamos a média destes dois saldos e esta poderá não refletir adequadamente o comportamento dos saldos mensais intermediários.

Um giro elevado representa maior eficiência na gestão dos fundos aplicados no financiamento das vendas a prazo (vice-versa).

7.3 Políticas de Concessão de Crédito

As contas a receber são geradas pelas vendas a prazo, que são feitas após a concessão de crédito. As vendas a prazo geram riscos de inadimplência e despesas com análise de crédito, cobrança e recebimento, mas alavancam, conforme já vimos, as vendas, isto é, aumentam o volume de vendas e, conseqüentemente, o lucro.

As compras e vendas a prazo são operações comerciais normais entre as empresas, e são chamadas créditos mercantis. Mesmo as empresas de prestação de serviços, primeiro prestam serviços e depois recebem. A concessão de crédito para consumidores finais pessoas físicas é chamada de crédito ao consumidor.

Antes de efetivar a venda para um novo cliente, deve ser feita uma análise minuciosa e criteriosa de seus dados cadastrais. Venda a prazo efetuada sem os devidos cuidados tem grande possibilidade de ser tornar um “valor não recebível”.

A análise de crédito não se resume a uma análise inicial. A situação do cliente, mesmo daqueles antigos e tradicionais, deve ser constantemente monitorada e atualizada, quanto aos aspectos de pontualidade, capacidade de pagamento e situação financeira. As informações podem ser obtidas por intermédio de entidades especializadas como o Serviço de Proteção de Crédito (SPC) e Centralização de Serviços Bancários S.A. (Serasa).

Existem condições em que a empresa deve avaliar simultaneamente o risco comercial e o risco financeiro do cliente. Por exemplo, na venda de um sistema de segurança para um condomínio residencial em 12 prestações mensais, a partir da entrega e instalação, podem

Page 68: APOSTILA COMPLETA

existir os dois tipos de risco. O risco comercial ocorreria durante o período normal de instalação do sistema (do período que vai do pedido até o término da instalação) e o risco financeiro compreenderia o período do pagamento das prestações.

7.3.1 A TÉCNICA DOS 6 C’s

A análise de crédito pode ser feita com base em técnica conhecida como 6 Cs, que se referem aos seguintes aspectos: caráter, capacidade, capital, collateral e condições. Esses itens devem ser analisados, sempre, em conjunto.

1º) CARÁTER

O caráter é o item mais importante na análise de crédito. A avaliação do caráter do cliente (consumidor ou administradores da empresa cliente), apesar do alto grau de subjetividade, por se referir a aspectos morais e éticos, é muito importante, porque vai depender da sua integridade ética (honestidade) para saldar compromissos financeiros.

O levantamento de dados históricos, tais como a pontualidade nos pagamentos, protestos e pendências judiciais, pode auxiliar na avaliação do caráter. Muitas vezes, o analista de crédito deve colher informações adicionais do cliente acerca da cultura, hábitos, hobbies, profissionalismo, honestidades nos negócios etc.

Se o caráter do cliente não for aceitável, os outros itens da análise estarão bastante prejudicados.

Resumo: refere-se à intenção do devedor em pagar suas dívidas, independentemente de haver ou não condições de faze-lo. A pergunta é: o cliente procurará cumprir a sua obrigação?

2º) CAPACIDADE

A firme determinação de pagar (caráter) não terá validade se o cliente não tiver capacidade de saldar seus compromissos financeiros. O potencial de o cliente saldar seus compromissos financeiros pode ser obtido por meio da análise das demonstrações financeiras e informações financeiras adicionais.

A análise das demonstrações financeiras fornece informações sobre índices de liquidez, índices de endividamento, índices de investimentos, rentabilidade, geração de caixa etc. As informações adicionais sobre os administradores da empresa cliente (ou do cliente pessoa física) devem enfocar os seguintes aspectos: idade, formação acadêmica, histórico profissional, ambiente cultural, capacidade de adaptação a novos cenários econômicos e tradição no ramo do negócio em que atua.

Outro grupo de informações que o analista deve analisar é o setor em que atua a empresa, a situação atual e a perspectiva do setor, os concorrentes e a tecnologia utilizada pela empresa. Mesmo que a empresa apresente boa capacidade de pagamento, se a perspectiva do setor não for boa, poderá reduzir sua capacidade de pagamento.

Resumo: está relacionada com a competência dos administradores e com o potencial de produção e de vendas da empresa. A pergunta é: o desempenho operacional e financeiro do cliente permitirá a geração de recursos para efetuar o pagamento?

3º) CAPITAL

A análise da estrutura econômica e financeira propicia o conhecimento do nível de solidez financeira da empresa. Analisa-se por exemplo, o nível de imobilização em relação ao patrimônio líquido, o nível de investimentos em máquinas, equipamentos e tecnologias. Aspectos como máquinas e equipamentos financiados por meio de operação de leasing financeiro devem ser levantados e devidamente considerados na análise.

Page 69: APOSTILA COMPLETA

Os índices de liquidez obtidos por métodos tradicionais não significam, necessariamente, que a empresa terá capacidade de pagamento, se continuar com as atividades.

A análise da necessidade líquida de capital de giro evidencia, com bastante clareza, quanto a empresa precisa de capital para financiar suas operações. Daí, é possível avaliar se a empresa terá capacidade de expandir suas atividades, considerando-se as possíveis fontes de recursos de longo prazo.

Resumo: refere-se à situação econômico-financeira da empresa. A pergunta é: o cliente possui bens e outros recursos disponíveis para cobrir o valor exigido pela transação?

4º) COLLATERAL

Collateral é uma palavra em inglês que significa garantia. O collateral é utilizado para contrabalançar ou reforçar a fragilidade de um ou mais “C” dos quatro outros itens. Pode ser representado por ativos tangíveis ou ativos financeiros, desde que cubram o período do crédito concedido.

O collateral pode ser dado por meio de hipoteca, fiança pessoal prestada por proprietário de imóvel (com registro em cartório de registro de imóveis competente), fiança bancária, ou, ainda, seguro-garantia etc.

Resumo: compreende as garantias reais ou pessoais oferecidas. A pergunta é: o cliente pode oferecer garantias, reais ou não?

5º) CONDIÇÕES

As condições econômicas atuais e o cenário econômico em que a empresa está inserida devem ser avaliados em conjunto com o ramo de atividade em que ela atua. Se for esperada forte recessão, mas o ramo de atividade em que a empresa atua for substancialmente promissor, o risco de inadimplência será minimizado.

As condições gerais dos negócios das partes envolvidas devem levar em consideração a existência de reciprocidades, consideradas as limitações de cada parte, quando a empresa compra da empresa para a qual vende.

Resumo: relativas a fatores externos e macroeconômicos, envolvendo: sazonalidade do produto, efeitos da moda sobre a continuidade do negócio, essencialidade do produto, influência de outro ramo de atividade, sensibilidade do próprio ramo e problemas de liquidez e outros, porte da empresa em relação a outras do mesmo ramo e de outros ramos. A pergunta é: quais serão os possíveis efeitos de acontecimentos externos sobre a capacidade do cliente para pagar as suas dívidas.

6º) CONGLOMERADO

Situação das demais empresas do grupo e também dos controladores que poderá justificar a concessão de crédito a uma empresa em má situação ou arrastar à insolvência uma boa empresa.Resumo: a pergunta é: como está a situação econômico-financeira das demais empresas do grupo?

Page 70: APOSTILA COMPLETA

Concluindo:

Deste modo, a concessão de crédito demandará:

análise dos demonstrativos financeiros do cliente, inclusive das demais empresas do grupo, atentando-se para a fidedignidade dos dados apresentados (assegurada pelo parecer dos auditores ind.). consulta às fontes de referência cadastral (fornecedores, bancos, agências especializadas etc). visita às instalações da empresa e entrevistas com seus principais executivos para aferir o nível de organização, a capacidade gerencial etc.

Não se pode aplicar muito tempo no levantamento e análise dessas informações, sob pena de o cliente desistir da compra ou do custo das investigações tornar-se muito elevado em face do valor do crédito.

Uma política de crédito rigorosa envolverá menores despesas com os departamentos de crédito e de cobrança, menor índice de atrasos e de perdas com duplicatas incobráveis, mas também menor volume de vendas. Alguns clientes que costumam liquidar suas duplicatas com atraso seriam rejeitados e provavelmente iriam comprar dos concorrentes. Uma política de crédito liberal provocaria efeitos contrários.

7.4 Políticas de Cobrança

A política de cobrança deve ser implantada em conjunto com a política de crédito. Não deve ser facilitada demasiadamente a concessão de crédito para, posteriormente, ter de aplicar rigidez na cobrança, ou vice-versa. Se já for esperada a dificuldade de cobrança no ato da concessão do crédito a determinados clientes, a avaliação do crédito deverá ser mais rigorosa.

As áreas de venda e marketing têm a tendência de facilitar a concessão de crédito para aumentar o volume de vendas, sem se preocupar muito com as possibilidades de perdas futuras dessas vendas, pois a principal função dessas áreas é a de vender. Os analistas de crédito podem sofrer pressão psicológica para conceder o crédito em situações irregulares. Portanto, o administrador financeiro deve estar atento para evitar eventuais abusos praticados por áreas comerciais, por meio de políticas de crédito e cobrança claramente definidas.

Se a responsabilidade pela concessão de crédito tiver participação da área de vendas, o pagamento da comissão de venda deve ser vinculado ao efetivo recebimento das vendas. Dessa forma, a própria área de vendas contribuiria para melhor selecionar os clientes.

7.4.1 PROCEDIMENTOS DE COBRANÇA

A cobrança feita por intermédio de bancos é mais segura e prática e, geralmente, custa menos do que uma cobrança feita em carteira. Geralmente a cobrança bancária é mais eficiente, pois se o sacado atrasar o pagamento , o banco não dispensará os encargos moratórios e, ainda, poderá encaminhar o título para protesto após o vencimento (se for dada essa instrução ao banco). Até o vencimento da cobrança, o sacado tem a faculdade de efetuar o pagamento em instituição financeira de sua preferência, facilidade que não terá, caso o título não seja pago no vencimento.

Por medida de segurança, todos os valores recebidos de clientes, em carteira, devem ser depositados em contas bancárias previamente determinadas. Os cheques, quando recebidos de clientes, devem ser nominais à empresa e, cruzados com a expressão “válido somente para depósito em conta do favorecido” entre as linhas cruzadoras, para que possam ser depositados somente na conta da empresa.

A área de cobrança deve enviar diariamente à área de Administração de Caixa o relatório de recebimento de vendas, com os dados sobre valores depositados em contas bancárias predeterminadas, bem como valores cobrados por intermédio de bancos.

Page 71: APOSTILA COMPLETA

Em outras palavras, a política de cobrança existe para que as vendas já efetuadas efetivamente transformem-se em recebimentos.

Em princípio, é evidente que a empresa não deve gastar mais com o seu esforço de cobrança do que tem a receber, mas, mais importante do que isso, as despesas de cobrança devem ter como parâmetro básico de comparação o que a empresa pode perder sob a forma de acréscimo de dívidas não liquidadas por seus clientes ao promover qualquer redução no seu esforço de cobrança.

Além disso não deixa de haver uma certa relação entre vendas (conseqüentemente lucros) e esforço de cobrança: na verdade, os esforços de cobrança não afetam apenas o volume extraído de um dado cliente mas as vendas futuras a esse cliente, bem como as cobranças de outros clientes.

Em outras palavras, a agressividade ou impertinência excessiva da cobrança pode até prejudicar as vendas em geral, pois a cobrança é vista como parte do conjunto de concessão de crédito e da política de vendas da empresa.

Exemplo: para uma empresa, há três programas futuros alternativos, sendo feita a hipótese, até certo ponto discutível, de que o volume de vendas não se altera. Os três programas de cobrança provocam perdas diferentes com dívidas incobráveis; no programa atualmente usado, as perdas são de $90.000,00 e a cobrança custa $20.000,00.

Programa A Programa B Programa CVendas anuais(ao custo)

$1.000.000,00 $1.000.000,00 $1.000.000,00

Perdas com dívidas incobráveis

8% 5% 3%

Valor das perdas (X)

$80.000,00 $50.000,00 $30.000,00

Despesas com cobrança (Y)

$35.000,000 $45.000,00 $80.000,00

Total (X + Y) $115.000,00 $95.000,00 $110.000,00Diferença com relação ao programa atual

+ $5.000,00 - $15.000,00 -

Dos três programas, o B é sem dúvida o melhor, pois acresce $15.000,00 ao lucro líquido da empresa, porque o aumento das despesas de cobrança ($25.000,00) mais do que compensa a redução das perdas ($40.000,00), em relação ao custo direto do produto ou serviço vendido.

7.4.2 DESCONTOS PARA PAGAMENTOS ANTECIPADOS

O último elemento que costuma ser associado à administração de contas a receber é a política de concessão de descontos para pagamento dentro de um prazo especificado, geralmente significando um recebimento mais rápido para a empresa do que a média do período de crédito concedido e utilizado por muitos outros clientes.

Do ponto de vista da empresa que concede o desconto, ele pode ser considerado como um estímulo para maiores vendas, mas é fundamental lembrar que mais importante do que isso talvez seja a possibilidade de acelerar os recebimentos das vendas, conforme já vimos acima.

Economicamente a empresa será beneficiada pelo desconto se a diferença entre a taxa efetiva do desconto e o custo dos recursos de terceiros a curto prazo for positiva, isto porque, analisado apenas o desconto em si mesmo, ele precisa obrigatoriamente ser superior ao custo dos recursos que podem ser obtidos, no mercado financeiro, pelos clientes da empresa. Se não fosse assim, o desconto não funcionaria como estímulo tanto a maiores vendas quanto a pagamentos mais rápidos.

Page 72: APOSTILA COMPLETA

Portanto, o oferecimento de descontos financeiros para estimular a antecipação de pagamento reduzirá:

o risco de perdas com duplicatas incobráveis; o índice de duplicatas liquidadas com atraso; o prazo médio de cobrança, e os recursos aplicados em duplicatas a receber.

Page 73: APOSTILA COMPLETA

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DE APRENDIZAGEM

50. A empresa YYY está preparando uma projeção trimestral (jan, fev e mar/19X7) relativa às vendas a serem realizadas no referido período. Tal empresa sempre realizou e vai continuar realizando suas vendas da seguinte maneira: 40% à vista, 40% em 30 dias e 20% em 60 dias. As vendas projetadas pela empresa para o referido trimestre deverão ser as seguintes: R$ 40.000 em jan/19X7, R$ 60.000 em fev/19X7 e R$ 80.000 em mar/19X7. Se o saldo da conta contas a receber, no balanço realizado no final de dez/19X6 foi de R$ 20.000,00, qual deverá ser o saldo final da citada conta, em reais, no balanço projetado para o final de mar/19X7?

a) 40.000,00b) 50.000,00c) 60.000,00d) 70.000,00e) 80.000,00

51. A empresa Tipo Assim S/A projetou necessidades totais de recursos para o próximo ano, conforme o quadro a seguir, para atender a sua expectativa de produção. O ativo permanente da empresa é de $70.000 e não será alterado durante o ano. Pedro, o tesoureiro da empresa, está preocupado com a estratégia que deverá adotar para administrar essas necessidades de recursos, que são, em parte, sazonais. Você deverá assessorá-lo na melhor forma de resolver o problema da empresa, objetivando a preservação do crédito e da liquidez da empresa, ou seja, não assumindo um risco muito elevado, bem como tomando cuidados para não prejudicar demasiadamente a sua lucratividade. Descreva, justificando, como a empresa deverá proceder para financiar essas necessidades, de acordo com a sua sugestão. Apresente números para melhorar a compreensão desta sugestão.

MÊS NECESSIDADES TOTAIS (R$)Janeiro 85.000Fevereiro 85.000Março 95.000Abril 95.000Maio 115.000Junho 115.000Julho 115.000Agosto 105.000Setembro 105.000Outubro 90.000Novembro 90.000Dezembro 85.000

52. A Indústria Macapá Ltda., inaugurada em maio de 2002, está desenvolvendo um orçamento de caixa para julho, agosto e setembro de 2002. As vendas foram de $100.000 em maio e de $200.000 em junho. Estão previstas vendas de $400.000, $300.000 e $200.000, respectivamente, para julho, agosto e setembro. Das vendas feitas pelo setor, 20% têm sido à vista, 50% tem gerado duplicatas com prazo de um mês, e as 30% restantes, de dois meses. A previsão de recebimentos em julho de 2002, em reais, é de:

a) 900.000b) 400.000c) 300.000d) 210.000e) 80.000

Page 74: APOSTILA COMPLETA

53. A Estrela S/A é uma empresa industrial cuja clientela é muito boa do ponto de vista cadastral. As duplicatas sacadas contra esses clientes são liquidadas em 30 dias e as perdas por inadimplemento situam-se ao redor de 1% das vendas que são integralmente realizadas a prazo. A empresa fabrica um único produto cujas vendas anuais oscilam em torno de 40.000 unidades. Assumiremos a hipóteses de inexistência de inflação e os seguintes valores por unidade de produto: preço de venda $1.000; custos e despesas variáveis $600. Os custos e despesas fixas totalizam $9.600.000. O lucro operacional apresenta a seguinte composição anual:

A) VOLUME DE VENDAS EM UNIDADES 40.000B) RECEITAS DE VENDAS (1.000 x A) $40.000.000C) CUSTOS E DESPESAS VARIÁVEIS (600 x A) $24.000.000D) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO $16.000.000E) CUSTOS E DESPESAS FIXAS $9.600.000F) PERDAS COM INCOBRÁVEIS (1% das vendas) $400.000G) LUCRO OPERACIONAL $6.000.000

Operando com capacidade ociosa, a empresa deseja ampliar suas vendas em 20% através da aceitação de pedidos de outro tipo de clientela que oferece maior risco de crédito. Estudos realizados indicaram que tais clientes liquidariam seus compromissos com um atraso médio de 30 dias e que 10% de suas duplicatas seriam incobráveis. Foi previsto um acréscimo de $600.000 anuais relativos às despesas fixas de crédito e cobrança.

A taxa anual de retorno para as operações normais da empresa tem sido de 15% sobre os recursos investidos no ativo.

Devido ao maior risco envolvido, foi fixada a taxa mínima de 30% ao ano sobre os recursos adicionais relativos às duplicatas sacadas contra os novos clientes.

Responda:

a) Deveremos afrouxar a atual política de crédito, passando a operar com essa nova clientela?b) Como essas operações adicionais afetariam a rentabilidade da empresa?

54. Partindo do exercício anterior, vamos agora analisar os efeitos da concessão de descontos por antecipação de pagamento. Desta vez, a Estrela S/A, além de operar com clientes que ofereçam maior risco, está pretendendo conceder 1% de desconto para as duplicatas liquidadas até dez dias após a emissão da nota fiscal/fatura. Isto significa que os clientes poderiam ganhar 1% pela antecipação de 20 dias no pagamento, o que corresponde a 1,5% ao mês ou a 19,6% ao ano (juros compostos e reais devido à inexistência de inflação).Vamos admitir ainda que este desconto seria aproveitado por metade da clientela atual e por 20% dos novos clientes. Conseqüentemente, as perdas com incobráveis passariam a incidir sobre aqueles clientes que não desfrutariam do desconto oferecido.Sobre os recursos investidos nas duplicatas a receber seriam exigidas as seguintes taxas anuais de retorno: 15% para a clientela atual e 24% para os clientes de maior risco. A redução de 30% para 24% na taxa de retorno exigida para os novos clientes observou a proporção daqueles que deixariam de optar pelo pagamento antecipado: 30% x 80% dos clientes = 24%.Analise, portanto, os efeitos desta possível alteração:

55. A Companhia Espírito Santo, no intuito de conseguir um incremento nas vendas, está analisando uma proposta para alterar seus padrões de duplicatas a receber. Os dados apresentados são os seguintes:

A) RECEITAS DE VENDAS ANUAIS (todas a prazo) $1.200.000B) CUSTOS E DESPESAS VARIÁVEIS (50% das vendas) $600.000C) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO $600.000D) CUSTOS E DESPESAS FIXAS $350.000E) PERDAS COM INCOBRÁVEIS $24.000F) LUCRO OPERACIONAL $226.000G) PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DAS VENDAS (PMC) $30 dias

Page 75: APOSTILA COMPLETA

Segundos estudo dos técnicos, a mudança irá aumentar as vendas da empresa em 15%. Entretanto, o prazo médio de recebimento das vendas irá aumentar para 60 dias e os devedores incobráveis passarão dos atuais 2% das vendas para 4% das vendas.O retorno exigido pela empresa que corresponde ao seu custo de oportunidade é de 15% ao ano.Analise a viabilidade da mudança dos padrões de crédito da Companhia Espírito Santo:

56. A Companhia Goiás pretende analisar o impacto de uma alteração em sua atual política de crédito, através da introdução de um desconto financeiro. Os atuais padrões da Companhia Goiás são os seguintes:

A) RECEITAS DE VENDAS ANUAIS (todas a prazo) $1.200.000B) CUSTOS E DESPESAS VARIÁVEIS (50% das vendas) $600.000C) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO $600.000D) CUSTOS E DESPESAS FIXAS $350.000E) PERDAS COM INCOBRÁVEIS $24.000F) LUCRO OPERACIONAL $226.000G) PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DAS VENDAS (PMC) $30 dias

O desconto financeiro a ser introduzido é de 3% para os clientes que pagarem em 15 dias.A empresa espera que com a introdução do desconto financeiro, 50% de suas vendas passem a ser feitas com desconto e tenham um aumento de 10%.Espera-se também que o período médio de recebimento de vendas caia para 15 dias e as perdas com incobráveis para 1% das vendas.O retorno exigido pela empresa referente a seu custo de oportunidade é de 15% ao ano.Analise a viabilidade da mudança nos padrões de crédito da Companhia Goiás:

Page 76: APOSTILA COMPLETA

MÓDULO VIII – ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DOS ESTOQUES

8.1 Características básicas dos estoques

8.1.1 CAUSAS DA EXISTÊNCIA DOS ESTOQUES

Via de regra, a administração (planejamento e controle) dos estoques mantidos por uma empresa não fica sob a supervisão direta do pessoal de administração financeira.

Entretanto, constituem os estoques uma modalidade de investimento de recursos pelas empresas, podendo representar uma elevada proporção dos ativos totais. Como a administração financeira preocupa-se, entre outras coisas, com a boa aplicação de recursos em geral, a administração de estoques possui aspectos financeiros que exigem o contato desta área com os responsáveis diretos pela sua gestão.

Nas empresas em geral, os estoques formam um elo entre as etapas de aquisição e venda (empresas comerciais) e as de aquisição, transformação e venda (empresas industriais). A manutenção de estoques em qualquer dos momentos do processo formado por essas etapas é uma condição extremamente importante para a flexibilidade operacional da empresa.

O fluxo físico dos materiais e produtos mantidos em estoque constitui uma área cuja administração fica em geral subordinada aos setores de compras e fabricação (almoxarifado) nas empresas.

Pode-se resumir a explicação da existência de investimentos em estoques declarando que o volume de estoques (em geral, pois cada tipo será tratado especificamente a seguir) é função do volume de vendas projetado para o futuro próximo. Além disso, o volume de estoques mantidos por uma empresa deve depender:

da disponibilidade relativa dos itens necessários, isto é, da rapidez com que podem ser obtidos; quanto mais fácil for esse acesso, naturalmente o estoque necessário, de qualquer tipo, deverá ser menor;

da duração do ciclo de produção no caso de empresa industrial; quanto mais longo for esse ciclo, maior tenderá a ser a necessidade de estoques de matéria prima e produção em andamento;

dos hábitos de compra dos clientes, pois a maior previsibilidade das encomendas poderá permitir a redução relativa dos investimentos em estoques;

da durabilidade dos itens estocados, em vista da possibilidade de que sejam perecíveis ou deterioráveis, ou da situação em que o item estocado esteja sujeito a mudanças rápidas de estilo ou de moda. Em ambos os casos, manter estoques significativos não é aconselhável, pois o risco de perda parcial ou total do investimento é excessivamente alto.

8.1.2 CAUSAS INTERNAS DA ACUMULAÇÃO DE ESTOQUES

Podemos distinguir também em razões ou causas internas e externas (à empresa) para que o investimento em estoques alcance determinados níveis.

Em princípio, a programação da produção deveria acompanhar as vendas, com o que eliminaríamos os estoques e os investimentos por eles exigidos. Entretanto, o administrador da produção tem como objetivo proporcionar à empresa o volume de bens necessários para que seja atingido o nível de vendas projetado ao custo de produção mais baixo possível. Por sua vez, o custo de produção depende, entre outras coisas, do próprio volume e do ritmo da produção, e não das vendas. Estas podem ser irregulares, e as exigências de eficiência na produção podem recomendar um programa de produção uniforme, isto é, a nível constante. Com vendas irregulares, esse procedimento significa estoques máximos nas condições enfrentadas pela empresa, mas tende a reduzir significativamente os custos de mão de obra,

Page 77: APOSTILA COMPLETA

eliminando horas-extras e contratações e demissões freqüentes; tende a permitir a compra de matérias primas em melhores condições, além de reduzir perturbações do processo fabril. Este procedimento é mais apropriado para empresas com linhas de montagem de funcionamento contínuo, em que o custo dessas perturbações pode ser muito alto.

Outra possibilidade, em face da irregularidade das vendas, consistiria em programar a produção por ciclos de utilização do equipamento ou de mão de obra especializada; em cada ciclo, a empresa concentrar-se-ia num produto, transferindo mais adiante os seus recursos para outros produtos. Neste caso, também haveria formação de estoques, sendo o procedimento mais adequado para empresas de produtos diversos, mas baseados em tecnologia semelhante.

Há, por fim, o caso extremo de produção conforme as vendas; neste caso, os estoques são minimizados, como já salientamos, mas outros custos se elevam, em conseqüência de prejuízos decorrentes da flexibilidade da produção. Tal procedimento pode ser mais vantajoso num caso particular de empresa que opera sob encomenda e possui fácil acesso aos itens necessários ao seu atendimento.

8.1.3 CAUSAS EXTERNAS DA ACUMULAÇÃO DE ESTOQUES

Além das considerações anteriores, vale a pena ressaltar que a empresa está sujeita a determinadas influências exógenas peculiares ao setor em que atua. Isso diz respeito às características dos seus fornecedores, clientes, bem como do estado geral da economia e do ciclo de vida dos seus produtos.

No caso dos fornecedores, a incerteza na entrega de materiais necessários pode levar à manutenção de estoques relativamente maiores de matérias primas, tendo em vista cobrir o tempo necessário até a exigência de disponibilidade para a sua entrada em processamento. A situação particular do mercado fornecedor e as relações dos fornecedores com a empresa também podem influir no nível dos estoques. Por exemplo, quando o mercado do fornecedor for concentrado, este poderá exigir a compra de quotas de seus produtos B, C, D etc. como condição para o atendimento de pedidos do produto A, mais necessário do que os anteriores, elevando os estoques dos primeiros itens.

A influência do comportamento dos clientes pode ser exercida através da estabilidade ou previsibilidade de suas compras.

Quanto ao estado da economia, podemos ter um caso em que uma economia em expansão obrigue a manutenção de estoques cada vez maiores, já que, como vimos, o seu nível está condicionado a expectativas de vendas futuras. Em contrapartida, podemos verificar uma rápida liquidação de estoques com a antecipação ou o início efetivo de uma recessão.

Além disso, movimentos de preços dos itens envolvidos podem levar a compras ou acumulações além do que determinaria qualquer modelo de otimização do investimento em estoques (modelo do lote econômico, por exemplo). Isso ocorre, por exemplo, quando é sabido que deverá haver maior majoração do preço de um item.

8.2 Tipos de estoques

Em acréscimo ao que foi discutido acima, deve-se levar em conta, ao falarmos em “estoques”, que estamos agrupando matérias primas, produção em andamento e produtos acabados, no caso de uma empresa industrial. Do ponto de vista do administrador financeiro, são itens que possuem não só valores investidos diferentes, mas, fundamentalmente, são itens de liquidez diversa (com possibilidades distintas de transformação em dinheiro, portanto), talvez na seguinte ordem decrescente em termos de liquidez:

Page 78: APOSTILA COMPLETA

1) Produtos acabados Poderiam ser vendidos dentro do processo normal de comercialização. O fator fundamental, admitindo-se vendas irregulares, é a coordenação entre a programação da produção (uniforme, em ciclos, ou sincronizada com as vendas) e as exigências para atendimento de clientes.

O risco de falta e as perdas daí decorrentes desempenham papel preponderante, bem como as exigências de uma produção eficiente e a custo baixo, conforme já salientamos.

Por fim há a possibilidade de perda por obsolescência, deterioração ou furto.

No caso particular de empresas comerciais, o segundo tipo - produção em andamento – inexiste. Passamos apenas a uma conciliação entre objetivos de compra, de um lado, e exigências de venda, de outro.

2) Matérias primas O estoque deste tipo de item tende a ser afetado pelos volumes previstos de produção, pela própria sazonalidade relativa da produção e pela segurança das fontes de suprimento.

Não sendo contínuas as compras, a empresa é obrigada a abastecer-se do volume necessário à continuidade da produção para evitar faltas que possam, ao prejudicar o atendimento de pedidos de clientes, afetar a procura dos produtos finais da empresa e, portanto, a sua rentabilidade.

Este é um caso claro de necessidade de conciliação entre liquidez e segurança, de um lado, e rentabilidade, de outro.

3) Produção em andamento (produto semi acabado) De difícil realização, por exigir processamento adicional, mesmo que não seja exclusivamente adequada à empresa considerada.

O principal fator condicionante é a duração do processo de produção; o número de etapas para a transformação de matérias-primas em produtos acabados também é elemento importante que pode ser ampliado quando várias etapas são cumpridas em fábricas diferentes.

Como já vimos, uma finalidade deste tipo de estoque é aumentar a flexibilidade operacional da empresa mediante a redução da interdependência das fases do fluxo de produção.

8.3 Inter-relacionamento de áreas funcionais na administração de estoques

No caso de empresa industrial, são atravessadas três etapas no processo de produção: (a) aquisição de matéria prima, em que o setor responsável geralmente é um departamento especializado em compras subordinado ou não à produção; (b) a conversão da matéria prima em produto final, sob a supervisão dos órgãos de controle da área de produção; e (c) a venda do produto final, sob a responsabilidade da área de marketing.

Cada uma das áreas possui certos objetivos próprios que significam investimentos, em termos de estoques, que a área financeira pode considerar excessivos.

Para a área de compras, a aquisição em lotes acima do que seria econômico do ponto de vista da empresa como um todo, é desejável quando há possibilidade de descontos por quantidade e se pretende evitar a responsabilidade por riscos de falta de suprimentos.

Para a área de produção, estoques de bens em processamento facilitam a programação da produção e reduzem a interdependência das etapas do processo.

Para a área de marketing, mais especificamente vendas, é interessante não correr o risco de não poder atender a pedidos por falta dos itens desejados em estoque.

Page 79: APOSTILA COMPLETA

É óbvio que há necessidade de coordenação, pois, além de tudo isso, a administração financeira procura agir de modo a minimizar o investimento em estoques (ou qualquer outro ativo circulante), dado um nível de operações, maximizando assim a rotação dos recursos aplicados.

8.4 Objetivos da Administração Financeira dos Estoques

Conforme acima, o objetivo da administração financeira, em relação aos estoques, é pois, apesar dos benefícios indicados, minimizar as necessidades de investimento nestes ativos.O investimento neste ativo, além de reduzir a rotação geral dos recursos comprometendo a rentabilidade geral da empresa, também produz custos decorrentes de sua manutenção.

Cabe portanto ao administrador financeiro, verificar que as exigências sejam atendidas ao menor custo possível em termos de recursos monetários da empresa. Daí a idéia de estoques minimizadores de custos.

Os custos relacionados aos estoques podem ser enquadrados em duas categorias:

os que são diretamente proporcionais ao volume mantido em estoque e que chamamos de custos de manutenção ou armazenagem; os que são inversamente proporcionais a esse volume, representando os prejuízos da empresa em conseqüência da falta de estoques para um fim ou outro (produção ou venda). No contexto da discussão precedente, correspondem à não concretização dos benefícios resultantes da manutenção de estoques. São os chamados custos de obtenção.

Assim o problema é equilibrar ou conciliar duas situações de perigo para a empresa, a saber, a existência de estoques inadequados que poderiam perturbar a produção e/ou provocar perdas de vendas, de um lado, e a existência de estoques excessivos levando a custos elevados de armazenagem, capital, riscos de obsolescência, entre outras coisas, de outro lado.

É por isso, que vimos em itens anteriores que, muitas vezes, os estoques devem ser excluídos de medidas da capacidade de liquidação de dívidas a curto prazo por uma empresa.

8.5 Controle de Estoque

Para bem controlar os estoques, mais do que simplesmente “planejar o seu nível ótimo”, objeto do modelo de lote econômico, parecem ser necessárias as seguintes providências na administração de uma empresa:

a) relatórios regulares devem ser mantidos, indicando os principais problemas em relação ao aproveitamento do investimento de recursos em estoques; índices de obsolescência e de perdas, possibilidades de faltas iminentes, e assim por diante;

b) movimentar os estoques apenas com a emissão de requisições emitidas pelos funcionários competentes;

c) dar mais ênfase aos itens que participam mais significativamente em termos de investimento total. Assim, o modelo de lote econômico pode ser aplicado com requintes a determinados itens de grande movimentação, valor unitário elevado e participação substancial no total, deixando-se a outros um acompanhamento mais simples;

d) preocupar-se apenas com unidades físicas; o controle de preços unitários, em estoques, não compensa o esforço burocrático exigido. Esses preços só devem ser utilizados com base na montagem de uma classificação ABC, para controle, pois o melhor critério de classificação é a percentagem do valor total investido em estoques.

e) Finalmente, efetuar contagens físicas periódicas, por amostragem, e separar os registros de recebimento e expedição, atribuindo-se a setores ou funcionários diferentes.

Page 80: APOSTILA COMPLETA

8.6 Modelo do Lote Econômico - Lec

A forte competição em um mundo globalizado obriga as empresas a adotarem as mais modernas técnicas de administração de estoques e produção, visando à redução de custos, com a manutenção ou melhoria da qualidade dos produtos ou serviços. A responsabilidade pela administração dos estoques, como já dissemos, não é do administrador financeiro, mas é importante que ele conheça as principais técnicas utilizadas pelos gestores de estoques e produção, tais como: Sistema da curva ABC, Lote econômico de compra (LEC), Ponto do Pedido; Kaizen, MRP (materials requiremente planning) e JIT (just in time).

O modelo de determinação do volume ideal de recursos aplicados em itens estocados (LEC) , ou seja, aquele que minimiza o custo total, somados os dois tipos de custos anteriormente indicados, refere-se tanto a compras e estoques de matéria prima como a ordens de produção e estoques de produtos acabados. O modelo possui várias hipóteses, que discutiremos a seguir, mas antes é mais conveniente tratar mais detalhadamente dos tipos de custos relacionados aos estoques.

8.6.1 CUSTOS RELACIONADOS A ESTOQUES

Como vimos, há dois tipos de custos. O primeiro é o dos custos que variam diretamente com o investimento ou volume dos estoques. Compreendem os seguintes itens:

perdas associadas a risco de obsolescência dos itens estocados; taxa mínima de retorno desejada sobre o investimento imobilizado em estoques (custo de oportunidade); despesas de manejo, transporte e transferência física dos itens estocados; o espaço necessário para armazenamento,usando-se uma estimativa de “aluguel” caso as instalações pertençam a própria empresa; imposto predial; seguros; custos do departamento de controle de estoques.

Note-se que o segundo item não é contabilizável, podendo ocorrer o mesmo com o quarto item.

Por outro lado, os custos que variam em relação inversa ao volume dos estoques, associados à falta de estoques ou aos pedidos de compra ou ordens de produção dos itens envolvidos, são os abaixo enumerados:

descontos por quantidade perdidos em compras feitas em lotes insuficientes; despesas decorrentes de perturbações do processo produtivo em casos de falta ou manutenção de estoques pequenos; por exemplo, incluindo custos de horas extras e colocação do equipamento em condições de operar; margens de contribuição das vendas perdidas por falta de produtos acabados para atender os pedidos recebidos; gastos adicionais de pedido, emissão de ordens de produção e/ou transporte.

Mais uma vez, alguns itens não são registrados pela contabilidade; é o caso do terceiro item.

Portanto, em se tratando de chegar a decisão ótima o objetivo deve ser tornar tão baixa quanto possível a soma desses custos, reconhecendo porém as necessidades de estoques, que estão refletidas no modelo.

8.7 Gestão dos Recursos

O cálculo do giro ou rotação dos recursos investidos nos estoques fornece uma medida adequada para a avaliação da eficiência na sua gestão.

Page 81: APOSTILA COMPLETA

Este cálculo indica o número de vezes em que tais recursos foram renovados em certo intervalo de tempo.Em face dos padrões observados em cada ramo de negócios, estoques com baixa rotação representam fundos ociosos, enquanto um giro alto significa otimização dos recursos investidos.

Temos, então:

Giro do estoque de = CUSTO DAS VENDAS = Nº de vezesprodutos acabados ou SALDO MÉDIO ESTOQUES por período.das mercadorias pararevenda

Observe que no numerador consta o valor pelo qual os estoques foram baixados que corresponde ao custo médio ponderado:

. dos estoques de produtos acabados, no caso de indústrias; e

. dos estoques de mercadorias, em se tratando de empresas comerciais.

Assim, numerador e denominador estão expressos em valores da mesma espécie.

O custo das vendas corresponde a um valor acumulado durante determinado período. Geralmente, o giro dos estoques é calculado para um ano, porém tal período poderia ser menor.Para o denominador deve-se adotar o saldo médio dos estoques verificado no mesmo período. A maneira mais adequada para calcular o denominador seria somar o saldo inicial do período aos saldos finais dos meses subseqüentes e dividir o valor total encontrado pelo número de saldos computados.

Quando analisamos demonstrações financeiras de outras empresas, dispomos apenas dos saldos inicial e final dos estoques. Com esses valores podemos calcular apenas a sua média aritmética, e isto poderá encobrir o fato de que, durante o exercício, os estoques se tenham situado muito acima ou abaixo daqueles dois saldos considerados.

Deve ser ressaltado que o giro encontrado corresponde à uma média global dos valores dos estoques e que determinados itens certamente apresentam rotações muito diferentes do giro global. Neste caso deveríamos calcular o giro para cada linha de produtos ou grupo de mercadorias e atuar sobre os itens que acusassem baixa rotação. Se os referidos itens não apresentarem grande expressão no valor total dos estoques, o giro global não estará distorcido e fornecerá uma medida adequada para fins de gestão financeira.

O giro dos estoques de materiais e de produtos em elaboração deveria considerar outros elementos em suas fórmulas, disponíveis apenas para os analistas da própria empresa, como segue:

Giro dos estoques de = valor total do consumo no período = nº de vezes matérias primas e de saldo médio dos estoques por períodomateriais de consumo

Giro dos estoques dos = custo total da produção acabada no período = nº de vezesprodutos em elaboração saldo médio dos estoques por período

Dispondo do giro dos estoques, torna-se fácil calcular o prazo médio de estocagem, também conhecido por prazo médio de renovação dos estoques, a saber:

Prazo médio de estocagem = nº de dias do período = nº médio de diasdos produtos acabados ou giro dos estoquesdas mercadorias p/ revenda

Page 82: APOSTILA COMPLETA
Page 83: APOSTILA COMPLETA

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DE APRENDIZAGEM

57. Considere o Balanço Patrimonial abaixo:Saldos em 31 de dezembro de

19t0 19t1 19t2ATIVO CIRCULANTE 6.000 9.000 12.250Caixa e bancos 200 250 380Duplicatas a receber 3.120 4.200 5.850Prov. Créd. Liq. Duv. (93) (126) (175)Estoques 2.400 3.600 5.200Diversos 373 1.076 995ATIVO PERMANENTE

4.000 3.500 6.800

Imobilizado 5.000 5.000 9.000Depreciação acumulada

(1.000) (1.500) (2.200)

ATIVO TOTAL 10.000 12.500 19.050PASSIVO CIRCULANTE

5.000 6.550 10.550

Fornecedores 1.580 2.400 3.540Empréstimos bancários

2.300 2.300 5.100

Diversos 1.120 1.850 1.910EXIGÍVEL A LONGO PRAZOFinanciamentos 1.800PATRIMÔNIO LÍQUIDO

5.000 5.950 6.700

Capital integralizado 4.000 4.000 5.000Reservas 400 468 410Lucrosacumulados 600 1.482 1.290PASSIVO + PL 10.000 12.500 19.050

Considere o DRE abaixo:Saldos em 31 dez.

19t1 19t2RECEITA OPERACIONAL BRUTA

21.960 24.120

Deduções sobre vendasICMS (17%) (3.730) (4.100)Devoluções (230) (220)RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA

18.000 19.800

Custo das mercadorias vendidas

(12.000) (13.200)

LUCRO BRUTO 6.000 6.600Despesas operacionaisDesp. Com vendas (900) (990)Desp. Prov. Créd. Liq. Duv. (33) (49)Desp. Gerais e adminst. (1.935) (1.961)Desp. De depreciação (500) (700)LUCRO OPERACIONAL 2.632 2.900Despesas financeiras (552) (1.350)LUCRO ANTES IR 2.080 1.550Prov. Para IR (35%) (730) (550)LUCRO LÍQUIDO 1.350 1.000Lucro por ação (em $1,00) 0,338 0,200

Page 84: APOSTILA COMPLETA

Calcule, para 19t1 e 19t2:

a) Giro dos estoques de produtos acabadosb) Prazo médio de estocagem dos produtos acabados.

58. A partir dos dados abaixo, calcule e interprete o giro e o prazo médio de estocagem relativos a 19t6 e 19t7 (considere períodos de 360 dias; valores em $ expressos em moeda de igual poder aquisitivo.)

19t5 19t6 19t7Estoques de mercadorias em 31/12

338.247 320.116 364.556

Custos das mercadorias vendidas no ano

1.320.659 1.279.709

59. Numa economia em deflação, quando se utiliza o Método UEPS (último a entrar, primeiro a sair) para avaliação de estoques, a tendência a ser verificada é a de:

a) diminuir o lucro bruto.

b) diminuir o imposto de renda a pagar.

c) manter inalterado o lucro bruto.

d) aumentar o custo das mercadorias vendidas.

e) aumentar o imposto de renda a pagar.

60. A carga de máquina disponível de uma fábrica é de 168 horas semanais. Em média, as horas não trabalhadas nos fins de semana são de 44 horas, além de uma parada média para manutenção de 16 horas a cada quatro semanas. Se contar com as paradas de troca de ferramentas e interrupções diversas, há uma perda de 12% sobre as horas disponíveis. Se a capacidade nominal da máquina é de 16 peças por turno de 4 horas e a produtividade da máquina é de 85%, quantas peças foram produzidas em uma semana?

a) 272b) 315c) 359d) 422e) 480

61. O estoque de matéria prima da Fábrica de Velas “To aceso” é de 820 kg de parafina. A produção diária é de 100 maços de velas (seis unidades por maço), embora nas proximidades (mês de outubro) de finados sua produção aumente o máximo de 160 maços diários. O estoque atual (30 de setembro) de produto acabado é de 800 maços. Há uma expectativa de vendas no mês de outubro (25 dias úteis) de 5.000 maços, quanto deverá a empresa comprar de matéria-prima em outubro, sabendo-se que cada (MAÇO) vela consome 250 g de parafina e que o estoque mínimo de matéria prima deve ser de 400 kg?

a) 980b) 295c) 192d) 325e) 580

Page 85: APOSTILA COMPLETA

62. Numa economia inflacionária a utilização do sistema PEPS de gerir o estoque faz com que o CPV se torne ____________________ enquanto o sistema UEPS faz com que o CPV se torne _______________________, enquanto, por fim, o sistema de custeio médio se tenha um custo que evolui de acordo com a inflação, com uma ________________ de tempo.

a) menor, menor, antecipaçãob) indiferente, indiferente, indiferentec) maior, menor, antecipaçãod) menor, maior, defasageme) maior, maior, defasagem

63. Um escritório de engenharia está fazendo um Gráfico de Gantt relativo a uma obra, cujo conjunto de atividades é o que se apresenta a seguir, estabelecendo a relatividade indicada:

Ordem Atividade Duração Relatividade1 A 5d Início2 B 3d Inicia 2 dias antes do

término de A3 C 7d Após término de B4 D 7d Paralelo com C5 E 20d Pós término de C6 F 22d Início 15% antes do

término de E7 G 5d Após F

Qual será a duração total do projeto?a) 48 db) 52 dc) 57 dd) 63 de) 81 d

64. A empresa Sul-Brasileira de Exaustores tem um estoque de 728 unidades do exaustor modelo 320, que será substituído pelo modelo 330. Considerando que estamos no dia 1 do mês de junho e que a demanda histórica de exaustores é de 120 unidades nos meses de verão (dez/jan/fev), de 112 unidades nos meses de outono (mar/abr/mai), 90 unidades no inverno (jun/jul/ago) e 114 nos meses de primavera (set/out/nov), qual será o dia provável que a empresa deverá começar o novo produto para que tenha estoque nulo do antigo modelo?

a) 30 de dezembrob) 27 de novembroc) 08 de janeirod) 24 de setembroe) 12 de fevereiro

65. A NP Consultoria de Estoques deseja implementar o sistema de classificação ABC para diminuir o custo de estoque da empresa Parafusos Ltda. A empresa tem um estoque com dez tipos de parafusos. Os dados a seguir referem-se as vendas desses itens no ano passado.

Item Vendas anuais em 2001 (em unidades)

Custo por unidade (em reais)

Custo anual (em reais)

P1 20.000 1,00 20.000,00P2 4.000 2,00 8.000,00P3 3.500 2,00 7.000,00P4 5.000 3,00 15.000,00P5 6.500 1,00 6.500,00P6 200 10,00 2.000,00P7 300 10,00 3.000,00P8 2.000 1,00 2.000,00P9 5.000 1,00 5.000,00P10 3.000 2,00 6.000,00

Page 86: APOSTILA COMPLETA

Separando-se os itens em grupos A, B e C (20%, 30% e 50%), com base no custo anual em valores monetários, serão classificados como pertencentes a classe B os itens:

a) P1, P4 e P5b) P2, P3 e P5c) P4, P7 e P8d) P6, P7 e P10e) P9, P6 e Pa

66. AJM Logística e Consultoria está fazendo o levantamento do custo de estoques de uma empresa para determinar as compras que devem ser feitas nos próximos 4 trimestres, de maneira a atender a demanda dos clientes por um determinado produto. Considere: inexistência de estoque inicial; atendimento de toda demanda dentro do trimestre; compras do trimestre não devem superar a demanda estimada do próprio trimestre; utilização do sistema PEPS de contabilização de estoques (o primeiro a entrar é o primeiro a sair). Os preços unitários de compra são apresentados na tabela abaixo:

Trimestre 1 Trimestre 2 Trimestre 3 Trimestre 4Demanda estimada do produto (em unidades)

500 300 400 600

Preço unitário em compra (em reais)

5,00 6,00 7,00 8,00

Qual o enfoque, em termos físicos e financeiros, ao final dos quatro trimestres?

a) 150 unidades e $925,00b) 150 unidades e $650,00c) 100 unidades e $650,00d) 50 unidades e $300,00e) zero unidade e $0,00

67. A seguir é apresentada a árvore de produto de mesas redondas fabricadas pela Línea Móveis Ltda.

O número de itens D e E, respectivamente, necessários para atender a um pedido de 300 mesas é:

a) 300 e 100b) 3000 e 9000c) 4100 e 3000d) 4100 e 5100e) 5100 e 4100

Mesa redonda

A(2) B(3) C(5)

D(2) E(5) D(2) E(4)

Page 87: APOSTILA COMPLETA

68. A Alberto Conservas Ltda tem de fazer, para os próximos três meses, um plano de produção de um dos seus produtos (ervilhas). O departamento de marketing da empresa assim estima a demanda do produto:

Mês 1 2 3 TOTAL PERÍODO

Vendas previstas (em unidades)

120.000 280.000 150.000 550.000

Considere que a empresa deseja manter um nível de produção estável, detém hoje 100.000 unidades de ervilhas em conserva em estoque e deseja, ao final do período, ter um estoque de 150.000 unidades. Qual deve ser o respectivo nível de estoque?

a) 200.000, 300.000 e 200.000b) 200.000, 200.000 e 200.000c) 180.000, 100.000 e 150.000d) 120.000, 280.000 e 150.000e) 20.000, 280.000 e 300.000

69. Sabe-se que a capacidade calculada de produção de uma célula é função da utilização real da capacidade instalada e da eficiência de seu uso. Uma célula de trabalho de uma empresa é formada por cinco máquinas, que são operadas oito horas por dia, durante seis dias na semana. Historicamente, a utilização de cada célula tem sido de 50% devido a manutenções periódicas necessárias, sendo que ela é operada com uma eficiência de 110%. Qual a capacidade calculada (semanal) de cada célula?

a) 108 horasb) 120 horasc) 132 horasd) 240 horase) 528 horas

70. A Laticínios Brasileiros Ltda tem um custo anual de mercadoria vendida de $350.000 e o estoque médio anual é de $100.000. Quantas vezes o estoque da empresa gira por ano?

a) 0,286b) 0,350c) 0,714d) 2,500e) 3,500

71. Uma empresa utiliza o sistema de média móvel trimestral para previsão de compra de uma determinada matéria-prima. Observe as quantidades efetivamente consumidas nos últimos cinco meses:

Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Total período

Consumo em unidades

100 120 150 100 110 660

De quantas unidades deverá ser o pedido para o próximo mês?

a) 220b) 150c) 135d) 132e) 120

Page 88: APOSTILA COMPLETA

72. Analise a situação do estoque da Empresa de Transportes de Cargas Gersontrans Ltda, apresentado no quadro a seguir:

Itens Custo unitárioEstoque em 01/01/2001 0 0Entrada no estoque em 20/01/2001

100 10

Entrada no estoque em 25/01/2001

150 12

Saída do estoque em 30/01/2001

150

Quais os valores, em reais, do estoque dessa empresa respectivamente pelos processos PEPS (primeiro a entrar primeiro a sair) e UEPS (último a entrar primeiro a sair) ao final do mês de janeiro de 2001, considerando o estoque inicial nulo?

a) 1.800 e 3.000b) 1.800 e 1.000c) 1.200 e 1.800d) 1.200 e 1.000e) 1.000 e 1.800

73. Dois consultores estão preparando para a Motores Nacionais um estudo de previsão de mercado de motores no país. Eles pesquisaram a série histórica em sites na internet, tendo chegado a conclusão de que a série anual não apresentava tendência, e propuseram a utilização da técnica de média móvel simples para realizar a previsão do número de motores a serem produzidos. Tal previsão fundamenta-se na equação e na série histórica apresentadas a seguir:

F t+1 = Pt + P t-1 + P t-2

3

Onde F é a produção prevista, P é a produção realizada e t representa o ano.

Ano 1998 1999 2000 2001Produção de motores (em unidades)

350 200 300 250

Assim, qual deve ser a produção da Motores Nacionais para o ano de 2002?

a) 250b) 275c) 300d) 325e) 350

Page 89: APOSTILA COMPLETA

74. O quadro abaixo apresenta um controle de entradas e saídas do estoque de uma fábrica que deseja fazer uma avaliação do custo desses estoques.

Dia Entradas no estoque Saídas do estoqueQuantidade Preço unitário Quantidade Preço unitário

1/3 10 15010/3 30 12030/3 20

Utilizando os métodos de custo médio, PEPS (primeiro a entrar e primeiro a sair) e UEPS (último a entrar e primeiro a sair), o valor do estoque ao final da movimentação, em reais, será, respectivamente:

a) 2.500; 2.600; 2.400b) 2.550; 2.400; 2.700c) 2.550; 2.500; 2.600d) 2.600; 2.700; 2.400e) 2.600; 2.700; 2.500

75. O gráfico abaixo informa a quantidade de carros vendidos por uma determinada concessionária no último semestre de 1995. Qual o aumento percentual de vendas de setembro a novembro?

a) 600%b) 400%c) 300%d) 60%e) 40%

76. A Chuveiros Elétricos Ltda. revende chuveiros de diversos fabricantes nacionais e internacionais. A Diretoria Financeira deseja estimar o valor do seu estoque ao final do primeiro ano de atividade. A tabela abaixo mostra a movimentação do estoque durante este ano.

1º trimestre 2º trimestre 3º trimestre 4º trimestreUnidades Custo

unitárioUnidades Custo

unitárioUnidades Custo

unitárioUnidades Custo

unitárioSaldo inicial (=)

0 50 50 100

Compras (+)

200 $10,00 160 $12,00 200 $14,00 100 $14,00

Vendas (-) 150 160 150 150Saldo final (=)

50 50 100 50

Por ser o primeiro ano, existe a possibilidade de escolha do sistema de contabilização a ser utilizado. Dois sistemas estão em estudo: PEPS (o Primeiro a Entrar é o Primeiro a Sair do

20

40

60

80

100

Jul ago set out nov dez

Page 90: APOSTILA COMPLETA

estoque) e UEPS ( o Último a Entrar é o Primeiro a Sair). A diretoria deseja minimizar o saldo da conta de estoques ao final do ano.O tipo de sistema contábil que deve ser utilizado para se atingir esse objetivo e o saldo contábil da conta estoque, respectivamente, são:

a) PEPS; $700,00b) PEPS; $500,00c) UEPS; $700,00d) UEPS; $600,00e) UEPS; $500,00

77. A empresa LCL brinquedos deseja determinar, através da curva ABC, nas proporções 20/30/50, respectivamente, os itens de seu estoque sobre os quais deve existir um maior controle. Para tal, realizou uma pesquisa cujos dados resumidos são apresentados na tabela a seguir:

Item do estoque

Preço unitário ($)

Consumo anual (unid)

Item do estoque

Preço unitário ($)

Consumo anual (unid)

1 4 5.000 6 8 1002 3 10.000 7 20 1.2003 5 3.000 8 15 5004 10 400 9 20 1305 6 700 10 3 270

Utilizando o critério de ordenação do valor do consumo anual (preço unitário x consumo anual), os itens do estoque considerados classe A e a percentagem efetiva da classe A no valor total do estoque, respectivamente, são:

a) 1 e 2; 45,91%b) 1 e 7; 40,4%c) 2 e 7; 49,58%d) 1, 2 e 3; 59,68%e) 1, 2 e 7; 67,95%

78. Suponha que a Eletrônica Estrela utilize 3.000 unidades de um item por ano. Seu custo de pedir é de $60,00 por pedido e o custo de manter cada unidade em estoque é de $1,00 por ano. Objetivando minimizar seu custo total de estoque, tal empresa deverá emitir pedidos num total de unidades correspondente a:

a) 3.000b) 1.500c) 750d) 600e) 250

79. O diagrama abaixo ilustra esquematicamente o modus operandi do modelo de gestão de estoques denominado Máximo-Mínimo, que é utilizado para dimensionamento do lote econômico. A lógica desse modelo é a seguinte: a empresa especifica, para cada item de material, peça ou componente, três parâmetros: (1) o menor estoque que deseja manter; (2) o ponto de nova encomenda; (3) a quantidade da nova encomenda (ou tamanho do lote).

Page 91: APOSTILA COMPLETA

Considere que foram fixados os seguintes parâmetros em função da política de estoques de uma empresa que utiliza este modelo: (1) estoque mínimo: 100 unidades; (2) ponto de nova encomenda: é função do tempo de espera, que, atualmente, é de um mês, do consumo mensal e do estoque mínimo; (3) quantidade de nova encomenda: equivalente a 2,5 (dois e meio) meses de consumo. Considere, ainda, que o consumo mensal é de 200 unidades.

Nas condições acima, no ponto de nova encomenda, o nível de estoque, em unidades, será:

a) 100b) 200c) 300d) 400e) 500

Se o fornecedor antecipar em 15 dias a entrega do lote encomendado, quantas unidades haverá no estoque nesse dia?

a) 500b) 600c) 700d) 800e) 900

80.

Uma empresa utiliza a metodologia ilustrada no diagrama acima para determinar a quantidade a ser periodicamente adquirida (X) de um componente que utiliza em sua linha de produção. Sendo 1.200 unidades por mês o consumo desse componente, o Ponto de Reposição, em unidades é:

(A) 2.000 (B) 2.200 (C) 2.400 (D) 2.600 (E) 2.800

Quantidade encomendada

Tempo de aquisição(espera)

Quantidade máxima

Quantidade mínima

Ponto de nova encomenda

T

Ponto de reposição: X unidades

Tempo de repo-sição45 dias

Estoque mínimo 20 dias de consumo

Page 92: APOSTILA COMPLETA

81. A Comercial Pinheiro Ltda, que iniciou suas atividades em 01.12.1999, apresentou até 31.12.1999, data do primeiro balanço, a seguinte movimentação em relação a uma determinada mercadoria:

DATA NATUREZA DA OPERAÇÃO VALOR TOTAL (em $)08.12.1999 Compra de 30 unidades 2.400,0016.12.1999 Venda de 5 unidades 500,0023.12.1999 Compra de 40 unidades 3.600,0031.12.1999 Venda de 20 unidades 2.200,00

(*) valores de compra líquidos de ICMS

O valor do estoque final, avaliado pelo método PEPS, atingiu o montante de:

a) 3.300,00b) 4.050,00c) 4.000,00d) 3.600,00

Page 93: APOSTILA COMPLETA

MÓDULO IX – ANÁLISE FINANCEIRA

O desenvolvimento da função financeira implica na constante avaliação de grande número de informações relacionadas com os fluxos de fundos. Essas informações surgem da análise e interpretação dos dados brutos transmitidos através das demonstrações financeiras.

Objetivando fornecer o embasamento necessário à compreensão dos diversos modelos de análise e planejamento utilizados nas empresas, examinaremos agora a estrutura das principais demonstrações financeiras.

9.1 Tipos de Demonstrações Financeiras

As demonstrações financeiras podem ser classificadas de várias formas, porém, para o que pretendemos, será mais conveniente separá-las em dois grupos:

- demonstrações gerenciais para uso interno; e- demonstrações contábeis para divulgação externa.

9.1.1 DEMONSTRAÇÕES GERENCIAIS PARA USO INTERNO

Compreendem grande número de demonstrativos que orientam o processo decisório ou refletem os planos da empresa. Assim, temos demonstrações que apresentam apenas dados históricos, outras que traduzem os efeitos de novas decisões através de dados projetados para o futuro e aquelas que comparam as projeções com o que foi efetivamente realizado.

Em geral esses dados correspondem a valores monetário, mas não é raro encontrar demonstrativos que incluem as quantidades físicas associadas a esses valores.

DADOS HISTÓRICOS

A Contabilidade é o grande banco de dados históricos da empresa. O registro sistemático desses dados permite à administração conhecer, através dos saldos das contas, a posição patrimonial e os resultados alcançados em cada período. Para tanto, os balancetes mensais devem conter todos os lançamentos devidos, evitando surpresas desagradáveis por ocasião do levantamento do balanço anual.

Grande parte dos demonstrativos gerenciais apresenta detalhamentos da formação dos saldos contábeis, tais como:

- entradas e saídas de caixa e bancos;- entradas e baixas de estoques;- movimentação de diversas contas patrimoniais;- programação de vencimentos das contas a receber e a pagar;- vendas por linha de produtos, filial etc;- departamentalização das despesas, e assim por diante.

DADOS PROJETADOS

Nesta categoria incluem-se aqueles demonstrativos que refletem:

- as previsões de curtíssimo prazo, como as projeções semanais da movimentação e dos saldos de caixa e bancos; e

- os planos globais que abrangem um ou mais anos.

9.1.2 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA DIVULGAÇÃO EXTERNA

Estas demonstrações são reguladas pela legislação comercial e fiscal, havendo também normas específicas, como as da Comissão de Valores Mobiliários, para as companhias abertas, do Banco Central do Brasil para as instituições financeiras etc.

Page 94: APOSTILA COMPLETA

As demonstrações contábeis preparadas para serem divulgadas externamente são:

1. balanço patrimonial;

2. demonstração do resultado;

3. demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, podendo ser substituído pela demonstração das mutações do patrimônio líquido;

4. demonstração dos fluxos de caixa;

5. demonstração do valor adicionado, se divulgada pela entidade; e

6. notas explicativas, incluindo a descrição das práticas contábeis.

9.2 Demonstrações Financeiras – modelos

9.2.1 BALANÇO PATRIMONIAL(EM $ MIL)

Saldos em 31 de dezembro de

Análise vertical Variações anuais

2010 - $ 2011 - $ 2012 - $ 2010 - %

2011 - %

2012 - %

11/10 - %

12/11 - %

ATIVO CIRCULANTE

6000 9000 12250 60,0 72,0 64,3 +50,0 +36,1

Caixa e bancos

200 250 380 2,0 2,0 2,0 +25,0 +52,0

Duplicatas a receber

3120 4200 5850 31,2 33,6 30,7 +34,6 +39,3

Prov. Créd. Liq. Duvidosa

(93) (126) (175) (0,9) (1,0) (0,9) +35,5 +38,9

Estoques 2400 3600 5200 24,0 28,8 27,3 +50,0 +44,4Diversos 373 1076 995 3,7 8,6 5,2 +188,5 -7,5

ATIVO NÃO CIRCULANTE

4000 3500 6800 40,0 28,0 35,7 -12,5 +94,3

ATIVO PERMANENTE

4000 3500 6800 40,0 28,0 35,7 -12,5 +94,3

Imobilizado 5000 5000 9000 50,0 40,0 47,2 0 +80,0Depreciação acumulada

(1000) (1500) ( 22 00 ) (10,0) (12,0 ) (11,5) +50,0 +46,7

ATIVO TOTAL 10000 12500 19050 110 100 100 +25,0 +52,4

PASSIVO CIRCULANTE

5000 6550 10550 50,0 52,4 55,4 +31,0 +61,1

Fornecedores 1580 2400 3540 15,8 19,2 18,6 +51,9 +47,5Empréstimos bancários

2300 2300 5100 23,0 18,4 26,8 0 +121,7

Diversos 1120 1850 1910 11,2 14,8 10,0 +65,2 +3,2

PASSIVO NÃO CIRCULANTEFinanciamentos - - 1800 - - 9,4 0 +100,0

PATRIMÔNIO 5000 5950 6700 50,0 47,6 35,2 +19,0 +12,6

Page 95: APOSTILA COMPLETA

LÍQUIDOCapital integralizado

4000

4000 5000 40,0 32,0 26,2 0 +25,0

Reservas 400 468 410 4,0 3,7 2,2 +17,0 -12,4Lucros acumulados

600 1482 1290 6,0 11,9 6,8 +147,0 -13,0

PASSIVO + PL 10000 12500 19050 100 100 100 +2 5, 0 +52,4

9.2.2 DEMONSTRAÇÕES DOS RESULTADOS

Saldos em 31 dez

Análise vertical

Variações

2011 - $ 2012 - $

2011 - %

2012 - %

12/11%

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

21960 24120 122,0 121,8 +9,8

Deduções sobre vendas ICMS (17%) (3730) (4100) (20,7

)(20,7)

+9,9

Devoluções (230) (220) (1,3) (1,1) -4,4

RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA

18000 19800 100,0 100,0 +10,0

Custo das mercadorias vendidas

(12.000) (13200) (66,7)

(66,7)

+10,0

LUCRO BRUTO 6000 6600 33,3 33,3 +10,0

Despesas operacionais Despesas com vendas

(900) (990) (5,0) (5,0) +10,0

Despesas prov. Créd. Liq. Duv.

(33) (49) (0,2) (0,3) +48,5

Despesas gerais e administrativas

(1935) (1961) (10,7)

(9,9) +1,3

Despesas de depreciação

(500) (700) (2,8) (3,5) +40,0

LUCRO OPERACIONAL

2632 2900 14,6 14,6 +10,2

Despesas financeiras

(552) (1350) (3,1) (6,8) +144,6

LUCRO ANTES DO IMP. DE RENDA

2080 1550 11,5 7,8 -25,5

Page 96: APOSTILA COMPLETA

Prov. Para o imposto de renda (35%)

(730) (550) (4,0) (2,8) -24,7

LUCRO LÍQUIDO

1350 1000 7,5 5,0 -25,9

Lucro por ação (em $1,00)

0,338 0,200 -40,8

9.2.3 DEMONSTRAÇÕES DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Reservas Lucros acumulados

Total

Saldos em 31/dez/2010 4000 400 600 5000Lucro líquido do exercício 1350 1350Apropriação do lucro líquido Reserva legal 68 (68) Dividendos propostos ($0,10 por ação)

(400) (400)

Saldos em 31/dez/2011 4000 468 1482 5950Aumento de capital com reservas e lucros acumulados

1000 (108) (892)

Lucro líquido do exercício 1000 1000Apropriação do lucro líquido Reserva legal 50 (50) Dividendos propostos ($0,05 por ação)

(250) (250)

Saldos em 31/dez/2012 5000 410 1290 6700

9.3 Análise Financeira

As demonstrações contábeis, acompanhadas das correspondentes notas explicativas e do relatório da administração, constituem importante veículo de comunicação entre a empresa e seus acionistas, credores e público em geral. A padronização de critérios e procedimentos contábeis favorece a correta interpretação dos dados por parte daqueles que estejam tecnicamente preparados.

Os elementos constantes dessas demonstrações permitem avaliar a evolução econômico-financeira da empresa a partir de certa posição no passado até o presente e, com certas restrições, até mesmo inferir sobre o futuro. Todavia, isto dificilmente poderia ser realizado mediante a leitura direta dos dados que isoladamente apresentam reduzido poder de explicação. Desse modo, torna-se necessário aplicar um instrumental técnico de análise que transforma dados brutos em informações adequadas à formulação de julgamentos corretos que devem orientar diferentes processos decisórios.

9.3.1 INSTRUMENTAL BÁSICO

A análise das demonstrações contábeis, também conhecida por “análise de balanços”, costuma ser desenvolvida mediante a aplicação de técnicas simples e bastante difundidas, como: a Análise Horizontal, a Análise Vertical e os Índices Econômico-Financeiros.

a) Análise Horizontal

Page 97: APOSTILA COMPLETA

É realizada a partir de um conjunto de balanços e demonstrações de resultados consecutivos. Para cada elemento desses demonstrativos são calculados números-índices, cuja base corresponde ao valor mais antigo da série.

Deste modo, pode-se avaliar a evolução de cada elemento patrimonial e de resultado ao longo de diversos períodos sucessivos.

A construção dessas cadeias de números-índices se justifica quando existem diversos saldos sucessivos a serem comparados com a posição-base. Com apenas duas posições consecutivas será mais conveniente calcular porcentagens de acréscimo ou decréscimo sobre a posição anterior. Não é recomendável montar cadeias de variações percentuais sobre os valores anteriores porque estas poderiam induzir a falsas conclusões.

Exemplo:

19t0 19t1 19t2 19t3 19t4Receitas de vendas

$20.000 $24.000 $18.000 $36.000 $25.200

Variações anuais

+20% -25% +100% -30%

Análise horizontal

100 120 90 180 126

Se utilizássemos apenas as variações anuais para avaliar a evolução das receitas, não perceberíamos de imediato que, apesar de haverem declinado 30%, as vendas do último ano foram superiores às dos três primeiros exercícios. Na verdade, 19t3 foi um ano excepcional e daí o decréscimo verificado em 19t4.

b) Análise Vertical

A análise vertical é aplicada sobre o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado e a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.

No Balanço, a análise vertical fornece indicadores que facilitam a avaliação da estrutura do ativo e das suas fontes de financiamento. Esses indicadores correspondem às participações percentuais dos saldos das contas e dos grupos patrimoniais sobre o total do ativo (ou do passivo + patrimônio líquido).

Para obter indicadores mais sensíveis sobre os saldos das contas, costuma-se calcular sua porcentagem sobre o valor total do grupo a que pertencem.

A análise vertical da Demonstração do Resultado possibilita avaliar a participação de cada elemento na formação do lucro ou prejuízo do período. A base dos cálculos das porcentagens corresponde ao valor da receita operacional líquida.

A DOAR também comporta uma análise vertical, tomando-se como base 100 o valor total das fontes ou origens do capital circulante líquido. A partir das porcentagens pode-se avaliar a composição dessas fontes e a participação das diversas destinações ou aplicações do CCL.

OBS: O confronto das análises verticais realizadas em diferentes datas permite aferir as alterações estruturais ocorridas na posição econômico-financeira da empresa.

A análise horizontal mostra a evolução no tempo de cada elemento específico.

Isoladamente, essas duas técnicas, poderão induzir a erros de avaliação ou encobrir fatos importantes. Conjuntamente, essas técnicas se completam e permitem identificar aqueles elementos merecedores de uma investigação mais profunda para determinar as causas dos seus desvios e adotar as medidas corretivas cabíveis.

Page 98: APOSTILA COMPLETA

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Vamos agora analisar vertical e horizontalmente as demonstrações financeiras dos modelos apresentados acima:

a) análise vertical do balanço patrimonial:

a.1) em 2012 ocorreu pequena queda no ativo circulante e idêntica elevação no ativo permanente. À primeira vista estes grupos estariam convergindo para uma estrutura semelhante à de 2010.

a.2) a participação dos estoques estabilizou-se acima daquela observada em dez 2010.

a.3) a contínua queda na participação do PL – Patrimônio Líquido constituiu o fato mais relevante. Houve pequena elevação no peso relativo do passivo circulante e o surgimento de novos financiamentos a longo prazo.

b) Análise horizontal do balanço patrimonial:

b.1) as taxas de variações anuais realçam as constatações anteriores e apontam novos fatos. A expansão do ativo permanente foi muito significativa, e o ativo circulante cresceu bem menos do que o ativo total, denotando transferência de recursos do capital de giro para o ativo fixo.

b.2) no último exercício houve grande expansão do passivo circulante e em particular dos empréstimos bancários. Associando este fato ao menor crescimento do ativo circulante, deduz-se que ocorreu uma redução da folga financeira de curto prazo (AC – PC).

b.3) o aumento do patrimônio líquido foi irrisório em face da elevação das exigibilidades, denotando que a empresa se encontra agora muito endividada.

De maneira geral, concluímos que em 2012 ocorreu uma séria desestruturação nas fontes de financiamento e nos ativos. A forma inadequada como foi financiada a aquisição do imobilizado prejudicou a situação financeira da empresa.

c) Análise vertical do DRE:

c.1) a análise vertical nos mostra que praticamente não ocorreram mudanças até a apuração do lucro operacional. A partir daí nota-se a elevação de 3,7 pontos percentuais na participação das despesas financeiras e a queda de dois pontos e meio na margem líquida das vendas (lucro líquido).

d) Análise horizontal do DRE:

d.1) a análise horizontal mostra que até a apuração do lucro operacional os acréscimos foram praticamente iguais aos da receita operacional líquida.

d.2) o aumento das despesas com a provisão para créditos de liquidação duvidosa não constitui uma informação relevante devido aos pequenos valores envolvidos.

Page 99: APOSTILA COMPLETA

d.3) o crescimento das despesas de depreciação foi amplamente absorvido pelo rigoroso controle exercido sobre as despesas gerais e administrativas.

d.4) entretanto, os pontos favoráveis citados acima foram prejudicados pela expansão das despesas financeiras que podem ser apontadas como o elemento responsável pela redução do lucro líquido.

e) Análise vertical da DOAR

e.1) a análise vertical da DOAR corrobora aquilo que já havia sido anteriormente apontado. Em 2012 houve queda nos recursos gerados pelas operações e mais da metade das fontes de CCL (Origens – aumento de exigível a longo prazo – 51,4%) foi constituída pelos financiamentos a longo prazo. Esses recursos foram insuficientes para financiar a compra dos novos imobilizados e, juntamente com os dividendos propostos, determinaram a redução do capital circulante líquido.

c) Índices econômico-financeiros

Os saldos do balanço e da demonstração do resultado podem ser inter-relacionados de inúmeras formas, cada qual fornecendo a visão de um aspecto específico da situação ou do desempenho da empresa.

Essas inter-relações são quantificadas mediante quocientes denominados índices econômico-financeiros ou simplesmente índices financeiros.

Existem diversos índices largamente aplicados nos meios profissionais que se destinam à aferição de aspectos relacionados com a liquidez da empresa, a eficiência no uso de seus recursos, sua rentabilidade e a de seus acionistas.

Avaliação dos índices

Contando com um único índice financeiro não iremos muito além da interpretação do seu significado intrínseco. Somente poderíamos aquilatar se essa informação constitui algo favorável ou não para a empresa em função de algum referencial guardado em nossa memória.

Com um conjunto de diferentes índices de uma mesma posição, passaríamos a contar com maior número de informações, e o confronto entre as mesmas já permitiria formar algum tipo de juízo sobre a empresa.

A avaliação dos índices financeiros poderia ser realizada através de sua comparação com os índices-padrão do ramo de negócios da empresa ou, de forma mais ampla, com os índices-padrão do setor de atividades a que pertence (indústria, comércio, etc).

Índices-padrão

Os índices-padrão são extraídos de centenas de demonstrações contábeis de diferentes empresas classificadas por ramo de atividades. Os valores encontrados para cada tipo de índice são ordenados (do menor ao maior) para a aplicação de medidas estatísticas de posição a saber: quartis ou decis e mediana.

Os índices-padrão refletem os diversos comportamentos observados para determinado tipo de índice. A cada decil estará associado um conceito que variará de péssimo a ótimo.

A SERASA – Centralização de Serviços dos Bancos S/A – e outras empresas que possuem departamentos especializados em análise de balanços elaboram índices-padrão para diversos ramos de negócios.

Page 100: APOSTILA COMPLETA

As seguintes edições anuais constituem outra fonte de informações para os analistas:

- Conjuntura Econômica – 500 Maiores Empresas, Fundação Getúlio Vargas;- Exame – Melhores e Maiores, Editora Abril;

9.3.2 PRINCIPAIS ÍNDICES FINANCEIROS

1. Indicadores da situação financeira 1.1 Índices de Estrutura Patrimonial (quanto menor melhor)Capital de terceiros/ capital próprio = PC + PÑC PL

Quanto a empresa possui de dívidas em relação aos recursos pertencentes aos acionistas. Um índice superior a 100% (ou superior a 1) evidencia desequilíbrio entre essas duas grandes fontes de financiamento do ativo.

Composição do endividamento = PC PC + PÑC

Mostrará se existe ou não excesso de dívidas à curto prazo sobre as exigibilidades totais. Subtraindo-se este índice de 100% (ou de 1,0) encontra-se a participação das dívidas de longo prazo. Uma participação elevada de dívidas de curto prazo pode caracterizar aperto financeiro.

Endividamento geral = PC + PÑC AT

Mostra a dependência de recursos de terceiros no financiamento dos ativos. Elevadas proporções nestes índices mostra que a empresa está excessivamente endividada.

Imobilização do capital próprio = AP PL

Quanto do patrimônio líquido está investido em ativos permanentes cuja maturação financeira é muito longa.

Imobilização dos recursos permanentes = AP PÑC+PL

Quanto do passivo exigível à longo prazo adicionado ao patrimônio líquido está investido em ativos permanentes cuja maturação financeira é muito longa.

1.2 Índices de Solvência ou liquidez (quanto maior melhor) Liquidez geral = AC + ARLP PC + PÑC

Mede a proporção dos bens ou direitos a serem realizados a curto e longo prazos em relação às dívidas totais. Espera-se que este índice seja maior que 1,0 evidenciando uma folga financeira.

Liquidez corrente = AC PC

Índice superior a 1,0 pode indicar um folga financeira para pagamento de obrigações no curto prazo.

Liquidez seca = AC – ESTOQUES PC

Oferece a vantagem de desconsiderar os estoques que necessitam ser vendidos para se transformarem em contas a receber ou caixa.

Liquidez imediata = AC – ESTOQUES - CRÉDITO PC

Expressa o quociente entre as disponibilidades e o passivo circulante. Se muito algo evidencia excesso de recursos parados no caixa ou então baixo volume de dívidas de curto prazo.

1.3 Índices de Cobertura (quanto maior melhor)Cobertura dos encargos financeiros =

Lucro operacional + receitas financeiras +outras receitas despesas financeiras

Mede quantas vezes o lucro operacional, adicionado das receitas financeiras e outras cobriria as despesas financeiras consideradas isoladamente.

Page 101: APOSTILA COMPLETA

Cobertura dos compromissos fixos =

Lucro oper.+ desp. Leasing+ rec. financ. + outras rec. Desp. Finan + desp. Leasing+ (principal empréstimos/ 1 – alíquota do IR)

Mede quantas vezes o lucro operacional, adicionado das receitas financeiras e outras cobriria as despesas financeiras e outros compromissos fixos, tais como despesas com arrendamento mercantil e a parcela do principal dos empréstimos a pagar. Considera-se apenas o principal porque os juros já se encontram computados em despesas financeiras.

2. Indicadores da gestão dos recursos 2.1 Índices de Rotação dos recursos (quanto maior melhor) Giro dos estoques totais = custo das vendas Saldo médio estoques

Indica o número de vezes em que foram renovados, durante certo intervalo de tempo, os recursos aplicados em estoque.

Giro das duplicatas a receber =

Receita operacional bruta – devoluções e abatimentos Saldo médio das duplicatas a receber

Indica o número de vezes em que foram renovadas, durante certo intervalo de tempo, os recursos aplicados em duplicatas a receber.

Giro do ativo circulante = receita oper. líquida Saldo médio do AC

Rotação do ativo circulante. Engloba os estoques, os créditos e as disponibilidades, envolvendo ativos operacionais e não operacionais.

Giro do ativo fixo = receita oper. líquida Saldo médio do imobilizado

Considera o saldo médio das imobilizações técnicas, líquido da depreciação, amortização e exaustão acumuladas.

Giro do ativo operacional = receita oper. líquida Saldo médio do ativo operac.

O ativo operacional corresponde aos elementos que suportam ou decorrem das atividades básicas da empresa: ativos fixos, estoques, duplicatas e contas a receber a curto e longo prazo e disponib.

Giro do investimento total = receita oper. líquida Saldo médio do ativo total

Compõe-se de ativos operacionais e de outros elementos que não estão diretamente vinculados às atividades básicas da empresa.

2.2 Índices de Prazos Médios Prazo médio de estocagem = saldo médio estoques Custo vendas : 360

O ideal seria minimizar o prazo médio de estocagem.

Prazo médio de cobrança =

Saldo médio duplicatas receber (Receita oper. bruta – devoluções e abatimentos):360

O ideal seria minimizar o prazo médio de cobrança.

Prazo médio de pagamento dos fornecedores =

Saldo médio de fornecedores Compras brutas : 360

O ideal seria maximizar o prazo médio de pagamento dos fornecedores.

3. Indicadores de rentabilidade 3.1 Margens de Lucratividade das VendasMargem bruta = lucro bruto Receita operacional líquida

Indica a porcentagem do remanescente da receita operacional líquida após a dedução do custo das vendas.

Margem operacional = lucro operacional Receita operacional líquida

Expressa percentualmente aquilo que restou da receita operacional líquida após deduzir as despesas operacionais. Esta margem corresponde ao ganho puro das operações, pois nela não são computadas as despesas e receitas financeiras e tampouco o imposto de renda.

Page 102: APOSTILA COMPLETA

Margem líquida = lucro líquido Receita operacional líquida

Revela o percentual da receita operacional líquida que sobrou após serem deduzidas todas as despesas e computados os resultados não operacionais, a provisão para o imposto de renda e as participações estatutárias.

Mark-up global = lucro bruto Custo das vendas

Corresponde à taxa de acréscimo sobre o custo das vendas para se chegar à receita operacional líquida.

3.2 Taxas de Retorno Retorno sobre o ativo operacional = lucro operacional saldo médio do ativo operacional

Tem-se uma medida que considera a rentabilidade pura das operações básicas da empresa, pois no lucro operacional não são computadas as receitas e despesas financeiras nem a tributação do imposto de renda.

Retorno sobre o investimento total = Lucro líquido Saldo médio do ativo total

Mede a rentabilidade final obtida sobre todos os recursos investidos na empresa.

Retorno sobre o capital próprio = Lucro líquido Saldo médio ajustado do patrimônio líquido

Corresponde a rentabilidade que a empresa propiciou aos recursos investidos pelos seus acionistas. O saldo médio ajustado do PL é calculado como segue:[ PL inicial corrigido para o final do exercício + ( PL final – parcela do lucro do exercício não distribuída)] : 2.

4. Indicadores de avaliação das açõesValor patrimonial da ação ($) = PL Número de ações emitidas

Constitui a expressão de quanto caberia a cada fração do capital social, na hipótese de serem realizados todos os ativos e liquidadas todas as dívidas pelos saldos constantes no balanço.

Lucro por ação (LPA) ($) = lucro líquido Número de ações emitidas

Corresponde à parcela do lucro líquido atribuída a cada fração do capital social.

Dividendo por ação ($) = dividendo proposto Número de ações emitidas

Inclui também o valor pago por antecipação durante o exercício social.

Cobertura dos dividendos preferenciais (nº vezes) =

Lucro líquido Valor total dos dividendos preferenciais

Revela quantas vezes o lucro líquido contém o valor dos dividendos preferenciais fixos ou mínimos estabelecidos em função da participação dessas ações na composição do capital social.

Preço / lucro (P/L) (nº vezes) = cotação da ação Lucro por ação

Permite avaliar a cotação da ação em face do lucro por ação obtido no último exercício. Admitindo que a empresa obtenha o mesmo LPA nos próximos anos, este índice informa o tempo necessário para que a acumulação dos LPA se iguale à cotação atual. Um P/L baixo indica que a ação está sendo negociada por um preço atraente, e um P/L alto revela que a ação está cara.

Pay-out – taxa de distribuição dos lucros (%) = Dividendo por ação Lucro por ação

Mostra quanto do LPA foi distribuído sob a forma de dividendo. Subtraindo essa taxa de 100, encontramos a porcentagem de retenção dos lucros

Cash Yield – taxa de recuperação do investimento (%) = Dividendo por ação Cotação ação

Mede a recuperação financeira dos acionistas através dos dividendos.

Page 103: APOSTILA COMPLETA

Vamos agora calcular os principais índices financeiros para o modelo de empresa acima.

1. Indicadores da situação financeira 1.1 Índices de Estrutura Patrimonial (quanto menor melhor)Capital de terceiros/ capital próprio = PC + PÑC PL19t0 = (5000+0)/5000 = 1 ou 100%19t1 = (6550+0)/5950 = 1,101 ou 110,1%19t2 = (10550+1800)/6700 = 1,843 ou 184,3%

Evolução muito desfavorável. Em t2 as dívidas totais representam 1,8 vezes os recursos próprios.

Composição do endividamento = PC PC + PÑC19t0 = 5000/(5000+0) = 1 ou 100%19t1 = 6550/(6550+0) = 1 ou 100%19t2 = 10550/(10550+1800) = 0,8542 ou 85,4%

Evolução favorável, embora continue alta a proporção de dívidas de curto prazo.

Endividamento geral = PC + PÑC AT19t0 = (5000+0)/10000 = 0,50 ou 50%19t1 = (6550+0)/12500 = 0,5240 ou 52,4%19t2 = (10550+1800)/19050 = 0,6482 ou 64,8%

Evolução desfavorável. Em t2 quase dois terços do ativo estão financiados com recursos de terceiros.

Imobilização do capital próprio = AP PL19t0 = 4000/5000 = 0,80 ou 80%19t1 = 3500/5950 = 0,588 ou 58,8%19t2 = 6800/6700 = 1,015 ou 101,5%

Melhorou em t1 e piorou em t2. Capital de giro próprio negativo. (AP>PL).

Imobilização dos recursos permanentes = AP PÑC+PL19t0 = 4000/(0+5000) = 0,80 ou 80%19t1 = 3500/(0+5950) = 0,588 ou 58,8%19t2 = 6800/(1800+6700) = 0,80 ou 80%

Baixou em t1 e em t2 voltou ao nível inicial, denotando excesso de imobilizações.

1.2 Índices de Solvência ou liquidez (quanto maior melhor)Liquidez geral = AC + ARLP PC + PÑC19t0 = (6000+0)/(5000+0) = 1,2 vezes19t1 = (9000+0)/(6550+0) = 1,37 vezes19t2 = (12250+0)/(10550+1800) = 0,99 vezes

Melhorou em t1 e despencou em t2. Os bens e direitos realizáveis a curto e longo prazos não cobrem as dívidas totais.

Liquidez corrente = AC PC19t0 = 6000/5000 = 1,2 vezes19t1 = 9000/6550 = 1,37 vezes19t2 = 12250/10550 = 1,16 vezes

Evolução desfavorável apresentando folga inexpressiva em t2.

Liquidez seca = AC – ESTOQUES PC19t0 = (6000 –2400)/5000 = 0,72 vezes19t1 = (9000-3600)/6550 = 0,82 vezes19t2 = (12250-5200)/10550 = 0,67 vezes

Nunca foi satisfatório e ficou ainda pior em t2. Excessivamente dependente da venda dos estoques para pagar as dívidas a curto prazo.

Liquidez imediata =AC – ESTOQUES - CRÉDITO PC19t0 = (6000-2400-3120)/5000 = 0,096 vezes19t1 = (9000-3600-4200)/6550 = 0,183 vezes19t2 = (12250-5200-5850)/10550 = 0,113 vezes

Não há excesso de recursos parados no caixa.

1.3 Índices de Cobertura (quanto maior melhor)Cobertura dos encargos financeiros =Lucro operacional + receitas financeiras +outras receitas despesas financeiras

19t1 = (2632+0+0)/552 = 4,77 vezes 19t2 = (2900+0+0)/1350 = 2,15 vezes

Declinou bastante em t2 mas ainda cobre com folga as despesas financeiras.

Page 104: APOSTILA COMPLETA

Cobertura dos compromissos fixos =Lucro oper.+ desp. Leasing+ rec. financ. + outras rec. Desp. Finan + desp. Leasing+ (principal empréstimos/ 1 – alíquota do IR)

19t1 = (2632+0+0+0)/ [552+0+(2300/1-0,35)]= 0,6419t2 = (2900+0+0+0)/[1350+0+(6900/1-0,35)] = 0,24

Significativa queda em t2. Cobertura inferior a ¼ dos compromissos fixos.

AVALIAÇÃO GERAL:

Apesar da pequena elevação no endividamento, em 2011 a situação financeira da empresa era satisfatória.Em 2012 essa situação financeira deteriorou-se completamente, devido ao aumento das imobilizações e a significativa elevação das dívidas. Se não forem adotadas medidas corretivas, a empresa caminhará fatalmente para a insolvência.

2. Indicadores da gestão dos recursos 2.1 Índices de Rotação dos recursos (quanto maior melhor)Giro dos estoques totais = custo das vendas Saldo médio estoques2011 = 12000/(2400+3600)/2 = 4 vezes2012 = 13200/(3600+5200)/2 = 3 vezes

Declinou indicando que os estoques aumentaram em maior proporção que as vendas.

Giro das duplicatas a receber = Receita operacional bruta – devoluções e abatimentos Saldo médio das duplicatas a receber

2011 = (21960 – 230)/(3120+4200)/2 = 5,94 vezes2012 = (24120 – 220)/(4200+5850)/2 = 4,76 vezes

Declinou. Maior proporção de recursos para financiar as vendas a prazo.

Giro do ativo circulante = receita oper. líquida Saldo médio do AC

2011 = 18.000 / (6000 + 9000)/2 = 2,4 vezes2012 = 19.800/ (9000 + 12250)/2 = 1,86 vezes

Redução provocada principalmente pela queda no giro dos estoques e das duplicatas a receber.

Giro do ativo fixo = receita oper. líquida Saldo médio do imobilizado

2011 = 18.000/(4000+3500)/2 = 4,8 vezes2012 = 19.800/(3500+6800)/2 = 3,84 vezes

Declinou, revelando que o aumento das vendas foi inferior à expansão do imobilizado.

Giro do ativo operacional = receita oper. líquida Saldo médio do ativo operac.Obs: do ativo total excluímos os diversos2011 = 18.000/(9.627+11.424)/2 = 1,71 vezes2012 = 19.800/(11.424+18.055)/2 = 1,34 vezes

Redução pelo efeito combinado da queda no giro do ativo circulante e do imobilizado

Giro do investimento total = receita oper. líquida Saldo médio do ativo total

2011 = 18.000/(10.000+12500)/2 = 1,6 vezes2012 = 19.800/(12500+19050)/2 = 1,26 vezes

Prejudicado basicamente pela queda no giro do ativo operacional.

2.2 Índices de Prazos Médios Prazo médio de estocagem = saldo médio estoques Custo vendas : 360

2011 = (2400+3600)/2 / (12000/360) = 90 dias2012 = (3600+5200)/2 / (13200/360) = 120 dias

Renovação mais lenta dos estoques. Os recursos ficaram paralisados 30 dias a mais.

Page 105: APOSTILA COMPLETA

Prazo médio de cobrança = Saldo médio duplicatas receber (Receita oper. bruta – devoluções e abatimentos):360

2011 = (3120+4200)/2 / (21960 – 230)/360 = 60,6 dias2012 = (4200+5850)/2 / (24120 – 220)/360 = 75,6 dias

Dilatação de 15 dias. Investigar as possíveis causas: maior prazo de faturamento; aceitação de clientes de maior risco; atrasos dos clientes tradicionais; falhas na cobrança, etc.

Prazo médio de pagamento dos fornecedores = Saldo médio de fornecedores Compras brutas : 360

2011 = (1580+2400)/2 / (15900/360) = 45 dias (**)2012 = (2400+3540)/2 / (17830/360) = 60 dias (**)

Ampliação de 15 dias. A empresa obteve maiores prazos ou está atrasando?

(**) Compras brutas – fórmula de cálculo:

compras brutas = (estoque final – estoque inicial + CMV)/(1-0,17)onde 0,17 corresponde a alíquota do ICMS

compra bruta 2011 = (3600-2400+12000)/(0,83) = 15.900compra bruta 2012 = (5200-3600+13200)/(0,83) = 17.830

Podemos calcular ainda os ciclos:

a) Ciclo operacional

Ciclo operacional = prazo médio de estocagem + prazo médio de cobrança

Ciclo operacional 211 = 90 + 60,6 = 150,6Ciclo operacional 2012 = 120 + 75,6 = 195,6

Aumentou 45 dias, devido aos maiores prazos médios de estocagem e de cobrança.

b) Ciclo financeiro

Ciclo financeiro = prazo médio de estocagem + prazo médio de cobrança – prazo médio pgto fornecedores

Ciclo financeiro 2011 = 90 + 60,6 – 45 = 105,6Ciclo financeiro 2012 = 120 + 75,6 – 60 = 135,6

Aumentou 30 dias. O aumento do prazo de pagamento dos fornecedores aliviou a elevação do ciclo operacional.

AVALIAÇÃO GERAL:

Com exceção do prazo médio de pagamento, todos os demais indicadores evoluíram desfavoravelmente em 2012. Nesse período, a gestão dos recursos revelou-se desastrosa, conforme evidenciaram os excessos de estoques, de duplicatas a receber e de imobilizações. É de se supor que a empresa havia se preparado para ampliar significativamente as suas vendas, mas não alcançou tal objetivo.

Desse modo, fica evidente a necessidade de escoar rapidamente os estoques, oferecendo descontos sobre os preços de tabela (a margem bruta não foi reduzida em t2), e até mesmo ampliar os prazos de pagamento nas novas vendas para clientes que tenham excelente ficha cadastral (isto será melhor do que manter estoques encalhados). Alguma nova negociação com os fornecedores e principalmente a venda de parte do imobilizado também se revelam necessárias.

Estas medidas permitirão aliviar a situação financeira da empresa, que, como vimos anteriormente, está seriamente comprometida.

3. Indicadores de rentabilidade

Page 106: APOSTILA COMPLETA

3.1 Margens de Lucratividade das VendasMargem bruta = lucro bruto Receita operacional líquida

2011 = 6000 / 18000 = 33,3 %2012 = 6600 / 19800 = 33,3 %

Não foi afetada pelas possíveis modificações das vendas.

Margem operacional = lucro operacional Receita operacional líquida

2011 = 2732 / 18000 = 14,6 %2012 = 2900 / 19800 = 14,6 %

Inalterada, revelando bom controle sobre as despesas operacionais

Margem líquida = lucro líquido Receita operacional líquida

2011 = 1350 / 18000 = 7,5%2012 = 1000 / 19800 = 5,0%

Declinou devido à maior proporção das despesas financeiras sobre a receita operacional líquida.

Mark-up global = lucro bruto Custo das vendas

2011 = 6000 / 12000 = 50%2012 = 6600 / 13200 = 50%

Sem alteração, denotando rigidez na política de preços.

3.2 Taxas de RetornoRetorno sobre o ativo operacional = lucro operacional saldo médio do ativo operacional

2011 = 2632 / (9627+11424)/2 = 25%2012 = 2900 / (11424+18055)/2 = 19,6%

Redução provocada pelo descompasso entre o acréscimo de 01% no lucro operacional e a expansão de 40% no ativo operacional médio.

Retorno sobre o investimento total = Lucro líquido Saldo médio do ativo total

2011 = 1350 / (10000 + 12500) /2 = 12%2012 = 1000 / (12500+19050)/2 = 6,3 %

Queda expressiva devida ao efeito combinado da redução de 26% no lucro líquido e da ampliação de 40% no ativo total médio.

Retorno sobre o capital próprio = Lucro líquido Saldo médio ajustado do patrimônio líquido

2011 = 1350 / 5000 = 27%2012 = 1000 / 5950 = 16,8 %

Declínio significativo provocado pela redução do lucro líquido e pela elevação de 19% no patrimônio líquido médio.

AVALIAÇÃO GERAL:

Em 2011 a empresa obteve boa lucratividade em suas vendas e taxas de retorno satisfatórias.Em 2012 foram mantidas as mesmas margens bruta e operacional. Entretanto, a margem líquida e as três taxas de retorno revelaram queda na rentabilidade da empresa.Os fatores responsáveis por esse mau desempenho foram:- a significativa elevação das despesas financeiras que consumiram quase a metade do

lucro operacional e fizeram com que o lucro líquido ficasse 26% abaixo ao do ano anterior e;

- o aumento dos recursos investidos no ativo operacional sem uma contrapartida adequada nas receitas de vendas.

Page 107: APOSTILA COMPLETA

4. Indicadores de avaliação das açõesValor patrimonial da ação ($) = PL Número de ações emitidas

2011 = 5950 / 4000 = $1,492012 = 6700 / 5000 = $1,34

Constitui a expressão de quanto caberia a cada fração do capital social, na hipótese de serem realizados todos os ativos e liquidadas todas as dívidas pelos saldos constantes no balanço.

Lucro por ação (LPA) ($) = lucro líquido Número de ações emitidas

2011 = 1350 / 4000 = $0,342012 = 1000 / 5000 = $0,20

O lucro por ação diminuiu consideravelmente.

Dividendo por ação ($) = dividendo proposto Número de ações emitidas

2011 = 400,00 / 4000 = $0,102012 = 250,00 / 5000 = $0,05

Diminuiu o valor do dividendo por ação.

Cobertura dos dividendos preferenciais (nº vezes) = Lucro líquido Valor total dos dividendos preferenciais

Não existem ações preferenciais, apenas ordinárias.

Revela quantas vezes o lucro líquido contém o valor dos dividendos preferenciais fixos ou mínimos estabelecidos em função da participação dessas ações na composição do capital social.

Preço / lucro (P/L) (nº vezes) = cotação da ação Lucro por ação

2011 = 1,49 / 0,34 = 4,4 anos2012 = 1,34 / 0,20 = 6,7 anos

O valor da ação “encareceu” em 19t2.

Pay-out – taxa de distribuição dos lucros (%) = Dividendo por ação Lucro por ação

2011 = 0,10 / 0,34 = 29,4%2012 = 0,05 / 0,20 = 25%

A empresa diminuiu a distribuição de dividendos em 19t2, retendo maior parcela de seu lucro.

Cash Yield – taxa de recuperação do investimento (%) = Dividendo por ação Cotação ação

2011 = 0,10 / 1,49 = 6,7%2012 = 0,05/ 1,34 = 3,7%

A diminuição é reflexo da política de distribuição de dividendos alterada em 19t2.

AVALIAÇÃO GERAL:

Observamos que em 2011 a empresa apresentava bons indicadores e talvez até tivesse intenções de abrir seu capital. Se isso tivesse ocorrido, seus resultados em 2011 teriam sido muito melhores em face da não incidência de despesas financeiras tão elevadas. Lamentavelmente, a oportunidade foi perdida e os indicadores de 2012 revelam que tão cedo não será possível captar capital de risco no mercado.

Page 108: APOSTILA COMPLETA

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DE APRENDIZAGEM

82. Complete o balanço patrimonial abaixo. Os seguintes dados financeiros estão disponíveis:

as vendas totalizaram $1.800.000 a margem bruta foi de 15% o giro do estoque foi de 6,0 o ano tem 360 dias o período médio de cobrança foi de 40 dias o índice de liquidez corrente foi de 1,60 o giro do total de ativo foi de 1,20 o índice de endividamento geral foi de 60%

BALANÇO PATRIMONIAL – 31/12/00

Caixa 30.000 Contas a pagar 120.000Títulos negociáveis 25.000 Duplicatas a pagar Duplicatas a receber Outras contas a pagar 20.000Estoques Total do passivo circulanteTotal ativo circulante Exigível a longo prazoAtivo permanente Patrimônio líquido 600.000Total do ativo Total do passivo + PL

Pergunta-se: Qual o valor do total do ativo?

a) 1.350.000b) 1.500.000c) 1.380.000d) 1.184.000e) 1.267.000

83. Para Onde Vôo?O setor de aviação civil brasileiro vem apresentando, nos últimos anos, sinais de descapitalização em razão de contínuos prejuízos. Os fatos ocorridos em 11 de setembro de 2001 vieram, segundo fontes das empresas, a deteriorar ainda mais as já combalidas condições em que se encontravam. Somou-se a isso a desvalorização do real frente à moeda norte-americana e a elevação do preço dos combustíveis, decorrente dessa desvalorização e do aumento das tensões bélicas no Oriente Médio. Nesse contexto, observou-se a primeira grande baixa do setor em 2002 – a paralisação das atividades da Transbrasil, uma das mais tradicionais companhias aéreas brasileiras. Fontes do governo e a imprensa vêm sugerindo a fusão das duas maiores companhias, Varig e Tam, como solução.Os quadros 1 e 2 apresentam o índice médio setorial de ocupação das aeronaves (em %).

Quadro 1. Mercado DomésticoCompanhias do:

1997 1998 1999 2000 2001

Brasil 58.7 59.3 53.8 58.8 56.9Mundo 68.3 68.2 67.8 69.2 67.9

Quadro 2. Mercado InternacionalCompanhias do:

1997 1998 1999 2000 2001

Brasil 66.0 64.6 61.3 71.2 67.1Mundo 70.2 69.6 70.3 74.8 70.1O quadro 3 apresenta as Demonstrações de Resultados da Varig e da Tam, comparativamente aos da Delta Airlines, uma das maiores empresas norte-americanas do setor (valores em US$ milhões).

Page 109: APOSTILA COMPLETA

Quadro 3 – Demonstração Sintética do Resultado (em US$ milhões)VARIG TAM DELTA

2000 2001 2000 2001 2000 2001Receita líquida dos serviços prestados

2,663 2,616 1,025 1,280 16,080 13,339

(custos e despesas operacionais)

(2,544) (2,720) (879) (1,232) (14,443) (14,941)

Resultado antes de juros e IR

119 (104) 146 48 1,637 (1.602)

(despesa financeira liquida)

(264) (269) (138) (159) (257) (410)

Outras receitas/ despesas operacionais

5 (1) (2) 18 169 148

Resultado operacional (140) (374) 6 (93) 1,549 (1,864)

O Quadro 4 apresenta a análise vertical das Demonstrações de Resultados das três companhias (em %).

Quadro 4 – Análise Vertical da Demonstração Sintética do Resultado (em %)VARIG TAM DELTA

2000 2001 2000 2001 2000 2001Receita líquida dos serviços prestados

100% 100% 100% 100% 100% 100%

(custos e despesas operacionais)

96% 104% 86% 96% 90% 112%

Resultado antes de juros e IR

4% 4% 14% 4% 10% 12%

(despesa financeira liquida)

10% 10% 13% 12% 2% 3%

Outras receitas/ despesas operacionais

0% 0% 0% 1% 1% 1%

Resultado operacional -5% -14% 1% -7% 10% -14%

Com base nos dados indicados e resultados apresentados pelas empresas, resolva os itens a seguir:

a) analise os faturamentos de 2001 das empresas aéreas brasileiras, comparando-os com o da Delta, e apresente uma possível causa da situação encontrada.b) Os custos e despesas operacionais das companhias aéreas brasileiras são elevados? Justifique.c) Qual o impacto das elevadas taxas de juros, internas e externas, vigentes no Brasil sobre a competitividade das companhias aéreas brasileiras?d) Em caso de fusão das empresas, poderá haver aumento do resultado líquido consolidado proveniente de sinergia operacional? Por que?e) Apresente duas dificuldades que poderão ocorrer na implantação de um sistema de reservas integrados, caso haja a fusão das companhias aéreas nacionais.

84. As cervejarias A e B estão estudando um processo de fusão para criação da GCN – Grande Cervejaria Nacional. Você foi contratado para, com base nos dados das demonstrações de resultado das duas cervejarias, que se encontram a seguir, explicar aos acionistas da cervejaria B suas possíveis vantagens nessa fusão.

Cervejaria A (valores em $mil) – Demonstração do ResultadoJan a dez 96 Jan a dez 97 Jan a dez 98 Jan a dez 98

RECEITAS BRUTAS 4.413.987 5.069.827 5.840.249 7.005.073(-) deduções 2.173.871 2.601.091 3.060.801 3.849.399

RECEITAS LÍQUIDAS 2.240.116 2.468.736 2.779.448 3.155.674(-) custos vendas/serviços 1.192.390 1.417.897 1.402.902 1.553.835

RESULTADO BRUTO 1.047.726 1.050.839 1.376.546 1.601.839(-) despesas vendas 292.322 380.272 463.668 695.622

Page 110: APOSTILA COMPLETA

(-) despesas administrativas 451.730 240.217 250.466 239.603RESULTADO DE ATIVIDADE 303.674 430.350 662.412 666.614

(-) outras despesas operacionais 1.453(-) depreciação/amortização 29.249 38.440 272.496 330.782

(+) outras receitas operacionais 19.697 56.869 175.954 117.660RESULTADO OPERACIONAL (EBIT) 294.122 448.779 565.870 452.039

(-) despesas financeiras 102.338 157.062 276.991 346.413(+) receitas financeiras 188.557 162.734 224.940 213.043

(+/-) resultado equivalência patrimonial 5.082 20.354 -1.873RESULTADO OPERACIONAL II 385.423 454.451 534.173 316.796

(+) receita não operacional 81.833 55.550 9.495 38.769RESULTADO ANTES IR 467.256 510.001 543.668 355.565(-) IR/Contribuição social 162.399 119.478 53.659 34.374

(-) participações 54.558 19.168 33.686 -7.907RESULTADO LÍQUIDO 250.299 371.355 456.323 329.098

Cervejaria B (valores em $mil) – Demonstração do ResultadoJan a dez 96 Jan a dez

97Jan a dez

98Jan a dez

98RECEITAS BRUTAS 2.268.639 2.293.100 2.236.562 2.190.715

(-) deduções 633.099 702.972 803.961 808.841RECEITAS LÍQUIDAS 1.635.540 1.590.128 1.432.601 1.381.874

(-) custos vendas/serviços 926.167 946.106 929.598 786.118RESULTADO BRUTO 709.373 644.022 503.003 595.756(-) despesas vendas 180.719 223.620 165.645 186.966

(-) despesas administrativas 332.750 295.126 155.122 202.809RESULTADO DE ATIVIDADE 195.904 125.276 182.236 205.981(-) depreciação/amortização 76.084 143.771

(+) outras receitas operacionais 30.294 81.780 94.043 68.834RESULTADO OPERACIONAL (EBIT) 226.198 207.056 200.195 131.044

(-) despesas financeiras 70.385 53.643 148.036 153.696(+) receitas financeiras 39.801 34.326 66.383 111.795

(+/-) resultado equivalência patrimonial 3 -526 -5.415 -3.086RESULTADO OPERACIONAL II 195.617 187.213 113.127 86.057

(+) receita não operacional 10.684 9.007(-) despesa não operacional 1.009 4.523

RESULTADO ANTES IR 206.301 196.220 112.118 81.534(-) IR/Contribuição social 60.633 54.646 17.448 9.473

(-) participações 13.230 55.423 56.095 45.509RESULTADO LÍQUIDO 132.738 86.151 38.575 26.552

85. Os gráficos cartesianos abaixo retratam a evolução dos elementos patrimoniais da Cia. BETA de 31-12 do ano I a 31-12 do ano II.

400

500

11,5

2

Ativ

o ci

rcul

ante

ano1 2

ano

100

Ativ

o re

aliz

ável

a lo

ngo

praz

o

Page 111: APOSTILA COMPLETA

Com base nas informações contidas nos gráficos, responda as perguntas que seguem:

a) você concederia um empréstimo de curto prazo à Cia. BETA? Justifique sua resposta.b) Monte um quadro explicativo das origens e aplicações dos recursos no período

considerado.c) Avalie a política de aplicações de recursos da companhia BETA, justificando sua

resposta.

86. A empresa Risko S/A, fabrica e comercializa produtos de higiene e limpeza, realizou, no ano de 2002, vendas líquidas que totalizaram $253.000. A empresa, visando a ampliação de suas vendas, adotou uma política de vendas a prazo nesse ano. Em razão disso, ela tem ainda a receber 30% do total vendido no ano passado. Os custos das mercadorias vendidas, que foram pagos 90% no ano passado, totalizaram $185.200 e o total de despesas operacionais ficou em $39.300, pagas integralmente naquele ano. No mês de dezembro/2002, a empresa, em função das suas necessidades de recursos, contraiu um empréstimo bancário no valor de $28.000, que vencerá, na sua totalidade, em 3 meses. O regime de competência e o regime de

1 2

ano

500

900Ativ

o pe

rman

ente

1 2ano

300

500

Pass

ivo

circ

ulan

te

1 2

Mano

C(

100

300

Pass

ivo

exig

ível

a lo

ngo

praz

o90

dia

s

1 2

ano

600

700

Patr

imôn

io lí

quid

o

1 2

400

500

B(3)

Cap

ital s

ocia

l

1 2

D(ano

80

200

rese

rvas

ano

Page 112: APOSTILA COMPLETA

caixa permitem apurar resultados diferentes da performance operacional da empresa, que são demonstrados no DRE (Demonstrativo de Resultados do Exercício) e no DFC (Demonstrativo do Fluxo de Caixa), respectivamente. Para tanto, solicita-se, com base nesses dados, a elaboração de cada um dos demonstrativos e a emissão de um parecer ou de comentários a respeito desses resultados. Pede-se ainda, informar o saldo do caixa da empresa ao final do referido exercício, considerando que o saldo inicial de caixa em 2002 era de $9.500.

87. A ATNAS está interessada em calcular o seu custo total de capital. Suas pesquisas obtiveram os dados relacionados a seguir. Esta empresa não precisa recolher imposto de renda.

Empréstimo. A empresa pode emitir títulos com custo de 8%.

Ação preferencial. A empresa pode vender ações preferenciais de 8% de dividendos anuais, pelo valor nominal por ação de $95. Espera-se que o custo de emissão e venda da ação preferencial seja de $5 por ação. Um volume ilimitado de ações preferenciais pode ser vendido nessas condições.

Capital próprio. Atualmente, a ação ordinária da empresa está sendo vendida por $88. A empresa espera pagar dividendos em dinheiro de $7 por ação, no próximo ano. Os dividendos da empresa têm crescido a uma taxa anual de 5% e espera-se que esse crescimento continue no futuro. As ações deverão sofrer um deságio de $7 por ação e espera-se que os custos de colocação cheguem a um montante de $5 por ação. A empresa pode vender um volume ilimitado de novas ações ordinárias nessas condições. A empresa espera ter disponíveis $50.000 de lucros retidos no próximo ano, uma vez que, quando esses lucros retidos foram totalmente utilizados, a empresa vai usar novas ações ordinárias como forma de financiamento. A empresa utilizará 30% de empréstimos de longo prazo, 20% de ações preferenciais e 50% de capital próprio.

a) calcule o custo específico de cada fonte de capital.b) Calcule o único ponto de ruptura associado com a situação de financiamento da

empresa (este ponto resulta da utilização total dos lucros retidos).c) Calcule o custo médio ponderado de capital associado com o financiamento total

abaixo e acima do ponto de ruptura calculado em b. Faça o gráfico.d) Em quais projetos a ATNAS investiria, dadas as seguintes taxas de retorno e

necessidades de financiamentos: A 11% ($100.000); B 13% ($50.000); C 15% ($50.000); D 16% ($30.000).

88. Uma empresa tem um LAJIR de $30.000 e atualmente tem em sua estrutura de capital $240.000, sendo $100.000 de empréstimos com juros de 7% e o resto financiado através de ações que têm um custo de 12%. Você considera a possibilidade de emitir mais $50.000 títulos e recomprar ações. Neste caso os juros subiriam para 9% (de todo o empréstimo), e o retorno exigido sobre suas ações cairia para 10% pois os agentes financeiros acreditaram ser esta uma boa operação. Com esta operação você acredita que a empresa será maximizada? (LAJIR constante e não há IR).

89. Considerando os dados a seguir, referentes ao mês de dezembro de 1999, calcule o resultado de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade:

- despesa de dezembro de 1999 paga em janeiro de 2000 $36,00- despesa de janeiro de 2000 paga em dezembro de 1999 $54,00- despesa de dezembro de 1999 paga em dezembro de 1999 $45,00- receita de dezembro de 1999 recebida em janeiro de 2000 $27,00- receita de janeiro de 2000 recebida em dezembro de 1999 $63,00- receita de dezembro de 1999 recebida em dezembro de 1999 $51,00

Assinale a alternativa correta:

a) lucro de $15,00b) prejuízo de $3,00

Page 113: APOSTILA COMPLETA

c) lucro de $4,00d) prejuízo de $15,00

90. Considere os dados abaixo:

Empresa Pousada S/ABalancete de verificação em 31.12.1999 (em $)

Contas Saldos finaisDevedores Credores

Caixa 1.660,00Móveis e utensílios 2.500,00Depreciação acumulada de móveis e utensílios

810,00

Estoque inicial de mercadorias para venda

3.000,00

Clientes 4.150,00Fretes sobre compras de mercadorias para venda

500,00

Capital social 4.000,00Fornecedores 2.020,00Reserva de reavaliação 380,00Despesa com salários 1.800,00Despesa com viagens 600,00Compra de mercadorias para venda

3.800,00

Venda de mercadorias 8.100,00Devolução de vendas de mercadorias

850,00

Despesas com depreciação 650,00Despesas com aluguéis 350,00Duplicatas descontadas 1.840,00ICMS sobre vendas de mercadorias

1.230,00

Devolução de compras de mercadorias para venda

1.500,00

Vendas de bens do Ativo Permanente

5.400,00

Custo de venda de bens do Ativo Permanente

3.900,00

Juros ativos 940,00Total 24.990,00 24.990,00

Sabendo-se que o estoque final de mercadorias, em 31.12.1999 é de $3.450,00 e a soma dos impostos incidentes sobre o lucro é de $625,00, indique o total do ativo:

a) $6.470,00b) $8.310,00c) $5.660,00d) $9.110,00

Page 114: APOSTILA COMPLETA
Page 115: APOSTILA COMPLETA

APÊNDICES

APÊNDICE 1: CAPITAL DE GIRO: O QUE É E COMO CONTROLARFONTE: SEBRAE/PR (APF - Material de Apoio Complementar, compilado por:Marcos Morais de Freitas – TutorMaria Inês Cervenka de Freitas – Tutora)

Capital de giro pode ser definido como a diferença entre os ativos e passivos circulantes ou entre o Patrimônio Liquido acrescido do Passivo não Circulante e o Ativo Permanente acrescido do Realizável a Longo Prazo.

A diferença significa o montante de recursos a longo prazo aplicados no financiamento das necessidades correntes de recursos da empresa.

De outra forma, podemos dizer que o “Capital de giro” é o conjunto de valores necessários para a empresa fazer seu negócio acontecer (girar). Uma parcela substancial do total dos ativos de uma empresa representa a fatia correspondente a este capital.

Além de sua participação sobre o total dos ativos da empresa, a gestão do capital de giro exige do administrador financeiro um esforço maior do que aquele requerido pelo capital fixo. O capital de giro precisa ser acompanhado e monitorado permanentemente, pois está sofrendo o impacto das diversas mudanças no panorama econômico enfrentado pela empresa de forma contínua.

Boa parte dos esforços do administrador financeiro típico é canalizada para resolução de problemas de capital de giro – formação e financiamento de estoques, gerenciamento de contas a receber e administração de déficits de caixa.

Nesta luta para sobreviver, a empresa acaba sendo arrastada pelos problemas de gestão do capital de giro e tende a sacrificar seus objetivos de longo prazo. Os empresários conhecem bem este fenômeno. Boa parte de seu tempo é consumido ‘apagando incêndios’, onde o foco mais perigoso reside no capital de giro.

A solução definitiva para o problema do capital de giro consiste na recuperação da lucratividade da empresa e a conseqüente recomposição de seu fluxo de caixa. Esta solução exige a adoção de medidas estratégicas de grande alcance que vão desde o lançamento de novos produtos ou serviços e a eliminação de outros, adoção de novos canais de venda ou até mesmo a reconfiguração do negócio como um todo.

Desse modo, a solução dos problemas de capital de giro de uma empresa requer muito mais do que medidas financeiras. Estratégias, operações e práticas gerenciais, entre outras, precisarão ser repensadas para que o capital de giro volte ao estado de normalidade.

As dificuldades de capital de giro numa empresa são devidas, principalmente, aocorrência dos seguintes fatores:

• Redução de vendas• Crescimento da inadimplência• Aumento das despesas financeiras• Aumento de custos• Rápida evolução no faturamento• Alguma combinação desses fatores

Na situação mais freqüente, os problemas de capital de giro surgem como conseqüência de uma redução de vendas. Neste caso, o administrador financeiro se defronta com as seguintes questões:

Page 116: APOSTILA COMPLETA

• como manter o capital de giro sob controle diante de um quadro de redução das vendas?• o que pode ser feito para evitar uma crise maior de capital de giro?

MEDIDAS PARA SOLUCIONAR OS PROBLEMAS DE CAPITAL DE GIRO

Veja algumas alternativas de solução para essas questões:

1. Formação de reserva financeira

Como acontece no trato de muitos outros problemas, a ação preventiva tem um papel importante para a solução dos problemas de capital de giro.

A principal ação consiste na formação de reserva financeira para enfrentar as mudanças inesperadas no quadro financeiro da empresa.

A determinação do volume dessa reserva financeira levará em conta o grau de proteção que se deseja para o capital de giro. Também uma análise do tipo "o que aconteceria ao capital de giro se...." poderia ser bastante útil para se formular a estimativa do volume da reserva financeira.

À primeira vista, poderia soar anti-econômica a formação de uma reserva financeira, já que esta decisão tiraria recursos financeiros que de outra forma deveriam ser aplicados no investimento em ativos fixos de modo a permitir a expansão da empresa.

Dada a alta volatilidade da economia brasileira, a formação de reserva financeira para o capital de giro deveria ser a prioridade econômica fundamental da empresa. Além disso, os recursos destinados e essa reserva seriam aplicados no mercado financeiro, onde as taxas de juros têm sido maiores do que a taxa de rentabilidade do capital fixo.

2. Encurtamento do ciclo econômico

Quando a empresa encurta seu ciclo econômico - este pode ser definido como o tempo necessário à transformação dos insumos adquiridos em produtos ou serviços - suas necessidades de capital de giro se reduzem drasticamente.

Numa indústria, a redução do ciclo econômico significa um menor tempo para produzir e vender. No comércio, esta redução significa um giro mais rápido dos estoques. Na atividade de serviços, a redução do ciclo econômico significa basicamente trabalhar com um cronograma mais curto para a execução dos serviços.

A redução do ciclo econômico não é uma função tipicamente financeira. Ela requer oapoio de funções como produção, operação e logística.

3. Controle da inadimplência

A inadimplência dos clientes de uma empresa pode decorrer do quadro econômico geral do país ou de fatores no âmbito da própria empresa.

No primeiro caso, a contração geral da atividade econômica e a conseqüente diminuição da renda das pessoas, tende a aumentar a inadimplência. Nesta situação, a empresa tem pouco controle sobre o problema.

Quando a inadimplência é decorrente de práticas de crédito inadequadas, estabelecidas pela própria empresa, existe uma solução viável para o problema. Neste caso, é preciso dar mais atenção à qualidade das vendas (tanto as vendas a crédito como as vendas faturadas) do que ao volume dessas vendas. No caso das vendas a crédito, também será recomendável uma redução do prazo de pagamento concedido aos clientes.

Page 117: APOSTILA COMPLETA

4. Não se endividar a qualquer custo

Na tentativa de suprir a insuficiência de capital de giro, muitas empresas utilizam empréstimos de custo elevado. Como regra, qualquer captação de dinheiro a um custo maior do que a rentabilidade normal da empresa, é anti-econômica.

O financiamento de capital de giro a altas taxas pode resolver o problema imediato de caixa da empresa, mas cria um novo problema - seu pagamento.

Na maioria das vezes o administrador tem consciência da inviabilidade do custo financeiro dos financiamentos de capital de giro. Ele tenta ganhar tempo, esperando que uma melhoria nas condições de mercado da empresa permitam pagar o capital de terceiros.

Todavia, quando a recuperação das vendas acontece, a empresa já acumulou um estoque de dívidas cujo pagamento será muito difícil.

5. Alongar o perfil do endividamento

Quando a empresa consegue negociar um prazo maior para o pagamento de suas dívidas, ela adia as saídas de caixa correspondentes e, portanto, melhora seu capital de giro. Embora essa melhora seja provisória, ajudará bastante até que a empresa se ajuste financeiramente.

Também neste caso, é importante uma atenção especial para o custo do alongamento de prazo. Ele precisa ser suportado pela rentabilidade da empresa.

6. Reduzir custos

A implantação de um programa de redução de custos tem um efeito positivo sobre o capital de giro da empresa desde que não traga restrições às suas vendas ou à execução de suas operações.

Uma vez que a empresa com problema de capital de giro também estará com sua capacidade de investimento comprometida, a redução de custos em atividades como modernização, automação ou informatização não será possível.

Diante de uma crise de capital de giro, o programa de redução de custos tem natureza compulsória e seu grande desafio é identificar aqueles itens de gastos que possam ser cortados sem grandes prejuízos para as atividades da empresa. Dificilmente serão encontrados gastos supérfluos ou desperdícios, pois a crise de capital de giro naturalmente já os deve ter eliminado.

7. Substituição de passivos

A política de substituição de passivos consiste em trocar uma dívida por outra de menor custo financeiro. Por exemplo, uma empresa de grande porte poderia adotar esta solução, através do lançamento de títulos no exterior ou mesmo fazendo um lançamento de ações.

Entretanto, as empresas de pequeno e médio porte não têm essa opção. Um programa tradicional de substituição de passivos para essas empresas quase sempre significaria trocar seis por meia dúzia.

Numa situação extrema, as pequenas e médias empresas poderiam trocar passivo exigível por passivo não exigível (capital), através da admissão de novos sócios. Sem dúvida, esta seria uma solução a ser adotada em último caso.

8. Planejamento estratégico

A primeira medida é fazer o controle geral de tudo que se passa na empresa. Para diagnosticar o problema é preciso conhecer bem o seu negócio.

Page 118: APOSTILA COMPLETA

SOLUÇÃO DEFINITIVA

É evidente que existe um forte entrelaçamento entre a administração do capital de giro da empresa e sua administração estratégica.

Por isso, a solução definitiva para o problema do capital de giro consiste na recuperação da lucratividade da empresa e a conseqüente recomposição de seu fluxo de caixa.

Esta solução exige a adoção de medidas estratégicas de grande alcance que vão desde o lançamento de novos produtos ou serviços e a eliminação de outros, adoção de novos canais de venda ou até mesmo a reconfiguração do negócio como um todo.

Desse modo, a solução dos problemas de capital de giro de uma empresa requer muito mais do que medidas financeiras. Estratégias, operações e práticas gerenciais, entre outras, precisarão ser repensadas para que o capital de giro volte ao estado de normalidade.

Page 119: APOSTILA COMPLETA

Referências Bibliográficas

Foram utilizadas as seguintes referências bibliográficas na elaboração desta apostila:

ASSAF NETO, Alexandre e SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do capital de

giro. 4ª edição. São Paulo: Atlas, 2012.

ASSAF NETO, Alexandre e LIMA, Fabiano Guasti. Curso de Administração Financeira. 2ª

Edição. São Paulo: Atlas, 2011.

BRAGA, Roberto. Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira. 1ª Edição, 16ª

reimpressão. São Paulo: Atlas, 1989.

GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 12ª edição. São Paulo:

Pearson Education - Br, 2010.

HOJI, Masakazu. Administração Financeira e Orçamentária. 10ª edição. São Paulo: Atlas,

2012.

LEMES JÚNIOR, Antônio Barbosa., RIGO, Cláudio Miessa, CHEROBIM, Ana Paula Mussi

Szabo. Administração financeira – princípios, fundamentos e práticas brasileiras. 3ª

Edição. Rio de Janeiro: Campus, 2010.

PADOVEZE, Clóvis Luís e BENEDICTO, Gideon Carvalho de. Análise das Demonstrações

Financeiras. 3ª Edição. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

SANVICENTE, Antonio Zoratto. Administração Financeira. 3ª Edição. São Paulo: Atlas,

1995.

http://portal.inep.gov.br/provas-e-gabaritos-2012 - acesso em julho/2013.