Apostila Contab Gerencial e Custos

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Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos Professora: Patrícia Regina Teles de Ávila 1 CONTABILIDADE GERENCIAL E CUSTOS

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Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

Professora: Patrícia Regina Teles de Ávila 1

CONTABILIDADE GERENCIAL E CUSTOS

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

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Unidade 1: Contabilidade gerencial como instrumento de administração:

A Contabilidade gerencial é o processo de produzir informação operacional e financeira

para funcionários e administradores. O processo deve ser direcionado pelas

necessidades de informações dos indivíduos internos da empresa e deve orientar suas

decisões operacionais e de investimentos.

A contabilidade gerencial é uma atividade fundamental na vida econômica. Mesmo nas

economias mais simples, é necessário manter a documentação dos ativos, das dividas e

das negociações com terceiros. O papel da contabilidade torna-se ainda mais importante

nas complexas economias modernas. Uma vez que os recursos são escassos, temos de

escolher entre as melhores alternativas, e para identificá-las são necessários os dados

contábeis.

O objetivo básico da informação contábil é ajudar as pessoas dentro e fora das

organizações, a tomar decisões; é o caso de executivos em nível sênior, gerentes de nível

médio ou colaboradores de “linha de frente” em qualquer tipo de organização e/ou em

qualquer função organizacional.

Em sentido amplo, a Contabilidade trata da coleta, apresentação e interpretação dos fatos

econômicos. Usam-se os termos contabilidade gerencial para descrever essa atividade

dentro da organização e contabilidade financeira quando a organização presta

informações a terceiros.

A contabilidade financeira é o processo de elaboração de demonstrativos financeiros para

propósitos externos: pessoal externo a organização, como acionistas, credores e

autoridades governamentais. Esse processo é muito influenciado por autoridades que

estabelecem padrões, regulamentadores e fiscais, bem como por exigências de auditoria

de contadores independentes.

Contabilidade gerencial é o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer

instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em suas funções

gerenciais. É voltada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa,

através de um adequado controle dos insumos efetuado por um sistema de informação

gerencial.

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A contabilidade de custos, cuja função inicial era de fornecer elementos para avaliação

dos estoques e apuração do resultado, passou, nas ultimas décadas a prestar duas

funções muito importantes na contabilidade gerencial: a utilização dos dados de custos

para auxilio ao controle e para tomada de decisões. É hoje, talvez, a área mais valorizada

no Brasil e no mundo. Tornou-se muito importante com a redução da taxa de inflação e a

abertura econômica aos produtos estrangeiros. Fornece importantes informações na

formação de preços das empresas.

No que diz respeito à função administrativa de controle, a função da contabilidade de

custos é fornecer informações para o estabelecimento de padrões, orçamentos ou

previsões e, a seguir, acompanhar o efetivamente acontecido com os valores previstos.

Esse tipo de custeamento é chamado de custeio-padrão; tem um papel muito importante

no sentido de detectar ineficiências ou desperdícios nas atividades produtivas.

A característica de controle da função financeira é conhecida como contabilidade

administrativa. Contabilidade administrativa é o preparo de relatórios usados pela

administração para tomada de decisões internas, inclusive custos, preços, orçamentos de

capital, avaliação de desempenho, ponto de equilíbrio, formação de preço de

transferência (formação de preços de bens ou serviços que são transferidos entre

departamentos) e analise da taxa de retorno.

Com relação a utilização da contabilidade de custos para tomada de decisões, estes

podem ser muito úteis para o administrador avaliar as conseqüências de medidas tais

como:

1. Se a capacidade de produção da fabrica é insuficiente para atender aos pedidos

dos clientes, qual produto ou linha de produtos deve ser cortado?

2. Como fixar o preço de venda de um produto?

3. Deve-se continuar comprando matérias primas de terceiros ou interessa fabricá-

los na empresa?

O contador gerencial é definido pelo IFAC – International Federation of Accouting

(Federação Internacional de Contabilidade) – como um profissional que:

“... identifica, mede, acumula, analisa, prepara, interpreta e relata informações (tanto

financeiras quanto operacionais) para uso da administração de uma empresa, nas

funções de planejamento, avaliação e controle de suas atividades e para assegurar o uso

apropriado e a responsabilidade abrangente de seus recursos”.

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As empresas utilizam as informações para comunicar as atividades em uma parte da

organização aos responsáveis pelas decisões em outra parte. Entretanto, as informações

fazem mais que simplesmente comunicar. O tipo de informação comunicada provoca

ações que determinam o desempenho da empresa.

O contador gerencial deve esforçar-se para assegurar que a administração tome as

melhores decisões estratégicas para o longo prazo. O desafio é propiciar informações

úteis e relevantes que facilitarão encontrar as respostas certas para as questões

fundamentais, em toda a empresa, com um enfoque constante sobre o que deve ser feito

de imediato e mais tarde. É necessário que os contadores gerenciais ultrapassem a

informação contábil para serem proativos no fornecimento, para suas equipes de

administração, de dados pertinentes e oportunos sobre essas questões empresarias mais

amplas.

É necessário que a contabilidade de custos busque formas mais eficientes de alocação

dos custos indiretos aos produtos fabricados ou serviços prestados, pois uma informação

exata de custos pode oferecer vantagens competitivas a uma empresa.

Diferença entre Contabilidade de Custos, Contabilid ade Gerencial e Controladoria:

A Contabilidade de custos é o ramo do conhecimento da contabilidade que gera

informação sobre o consumo de recursos no processo produtivo, ou seja, na produção de

bens ou serviços.

A Contabilidade Gerencial é o ramo do conhecimento da contabilidade que gera

informação sobre o desempenho da empresa ou de suas partes, incluindo mas não se

limitando a informação de custos, a ser utilizada pelos gestores no processo decisório,

como propósito de auxiliar o gestor nas mais diferentes situações, como: analise da

lucratividade de produtos, determinação do mix de produtos, determinação do preço de

venda, analise e elaboração de planos orçamentários, avaliação de desempenho e sub

unidades, etc.

Já a Controladoria, é a área ou o conjunto de funções que utiliza a contabilidade gerencial

e de custos bem como outras ferramentas de simulação, conceitos de economia, do

direito e das finanças corporativas, com o objetivo de apoiar as áreas na otimização do

desempenho e da situação patrimonial da entidade.

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Diferenças entre Contabilidade Financeira e Contabi lidade Gerencial:

A Contabilidade financeira refere-se à informação contábil desenvolvida para o uso de

pessoas e entidades fora da organização, tais como acionistas, investidores, bancos,

governo, clientes e fornecedores e a sociedade. É o processo de produzir relatórios

financeiros para constituintes externos, delimitado por padrões, convenções, autoridades

ficais e exigências dos auditores independentes.

Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial

Público-alvo Externo: acionistas, credores e

autoridades fiscais

Interno: Funcionários, gerentes e

executivos.

Objetivo Reportar o desempenho

passado com finalidades

externas; contratos com

proprietários e credores

Informar para tomada de decisões

internas feitas por empregados,

gestores e executivos: feedback e

controle do desempenho das

operações.

Temporalidade Histórica; passada Corrente; orientada para o futuro;

Restrições Reguladas: regras direcionadas

por princípios fundamentais de

contabilidade e por autoridades

governamentais.

Sem regras estabelecidas:

sistemas e informações

determinados por gerentes para

encontro de necessidades

estratégicas e operacionais.

Tipo de

informação

Medidas financeiras somente. Financeiras mais medidas

operacionais e físicas sobre

processos, tecnologias,

fornecedores, clientes e

competidores.

Natureza da

informação

Objetiva, auditável, confiável,

consistente, precisa.

Mais subjetiva e de juízos; validas,

relevantes, acuradas.

Escopo Altamente agregado; relatórios

sobre a organização inteira.

Desagregado, de informação a

ações e decisões locais.

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Finanças e Contabilidade Gerencial:

Uma empresa existe, entre outros objetivos, para aumentar a riqueza de seus

proprietários. A administração cuida em determinar que produtos e serviços são

necessários e em colocá-los nas mãos dos consumidores. A administração financeira lida

com decisões sobre planejamento a fim de atingir o objetivo de maximizar a riqueza dos

proprietários. Como as finanças estão envolvidas em todos os aspectos operacionais da

empresa, os gerentes não financeiros, como os gerentes financeiros, não podem efetivar

suas obrigações sem informações financeiras.

O conhecimento financeiro auxilia no planejamento, na solução de problemas e nas

tomadas de decisões. As finanças fornecem um mapa com números e analises que o

ajudam a desempenhar bem suas funções. Além disso, é preciso conhecer contabilidade

e finanças para entender os relatórios financeiros preparados por outros segmentos da

organização. E preciso saber o que significam os números, ainda que não tenha como

gerá-los.

As finanças fornecem um meio de ligação que facilita a comunicação entre os diferentes

departamentos. Por exemplo, o orçamento comunica os objetivos globais aos gerentes de

departamentos, de modo que eles saibam o que se espera deles; ele também fornece

indicações de como cada departamento pode conduzir suas atividades. O mais

importante é que você, como gerente de departamento, tem de apresentar fortes

justificativas a administração superior, para fazer dotações orçamentárias.

As finanças usam informações contábeis para tomar decisões relativas a receita e ao uso

de fundos para atingir os objetivos da empresa. A contabilidade geralmente divide-se em

duas categorias: a contabilidade financeira e a contabilidade administrativa. A

contabilidade financeira registra a história financeira da empresa e lida com a criação de

relatórios para usuários externos tais como acionistas e credores. A contabilidade

administrativa trabalha com informações financeiras úteis para se tomar as melhores

decisões relativas ao futuro.

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Unidade 2: TERMINOLOGIA DE CUSTOS:

Não existe uma padronização legal ou concordância entre os diversos autores porém os termos mais empregados são:

Gastos

Termo abrangente e definido como "sacrifícios com que arca a entidade, visando a obtenção de bens ou serviços, mediante a entrega ou promessa de entrega de parte de seu ativo, sendo esses ativos representados normalmente em dinheiro",

O gasto pode ser um investimento, custo ou despesa.

Investimento

São "gastos ativados (classificados no ativo) em função da utilidade futura de bens ou serviços obtidos". Assim, qualquer gasto realizado cujo bem é ativado será um investimento.

Exemplo: - Móveis e Utensílios, Veículos, Imóveis, etc..

Custos

São "gastos relativos a bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços". Os custos são gastos ligados à produção.

Exemplos: salários do pessoal da produção, matéria prima utilizada na produção, manutenção das máquinas de produção, aluguel da fábrica, etc.

Despesas

São "gastos consumidos, direta ou indiretamente, na obtenção de receitas".

Um dos maiores problemas dos estudantes, em geral, é a distinção entre custo e despesa. Do ponto de vista didático, todos os gastos realizados na fabricação do produto, isto é, "dentro da fábrica" são custos . O resto é despesa .

Assim, os gastos com pessoal da administração, gastos relativos à venda, depreciação de bens da área comercial ou administrativa são despesas. Os gastos com mão de obra da fábrica, depreciação de equipamentos da fábrica, manutenção (da fábrica), seguro da fábrica, etc, são custos.

Desembolso

É o pagamento do bem ou serviço adquirido. Pode ocorrer antes, durante ou depois da aquisição. Assim, se comprarmos um bem à vista, o desembolso se dá durante a aquisição deste bem.

Se comprarmos um bem a prazo, o desembolso se dará depois da aquisição.

Se adiantarmos o dinheiro para posterior recebimento do bem, o desembolso ocorre antes do recebimento deste bem, logo, antes do gasto se transformar em custo, despesa ou investimento.

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Perda

É o consumo involuntário ou anormal de um bem ou serviço. As perdas decorrentes de fatores externos transformar-se-ão em despesas, e as de fatores decorrentes da atividade produtiva; em custos.

Exemplos: Incêndio, greves, perda de matéria prima , etc...

Observação : Um gasto pode transformar-se de investimento para custo ou despesa ou diretamente custo ou despesa.

Exemplos:

- Na compra de uma máquina, teremos um investimento. Se a máquina for utilizada na fábrica, sua perda de valor (depreciação) será registrada como custo. Se for utilizada na administração, sua perda de valor será despesa.

- O gasto com energia elétrica da fábrica é registrada diretamente como custo e da administração; como despesas (não passa pela fase de investimento).

- As matérias primas, quando adquiridas, são investimentos (serão classificadas no ativo), quando usadas na produção são custos. Depois de pronto, o produto acabado, será estocado, logo será investimento e depois de vendido, será despesa.

Graficamente teríamos:

Investimento --> Custo --> Investimento --> Despesa

- A terminologia geralmente usada custo dos produtos vendidos não está tecnicamente correta. Deveríamos usar despesa dos produtos vendidos já que os gastos relativos à venda são despesas e não custos.

- Os encargos financeiros relativos a compra de matéria prima são despesas.

- As perdas normais durante o processo produtivo são custos.

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Exemplo Prático :

São dadas as seguintes informações (em R$)

Compra de Matéria Prima 10.000 Matéria Prima utilizada na produção 6.000 Salários e encargos - Mão de obra da produção 15.000 Salários e encargos - Mão de obra da administração 10.000 Manutenção dos equipamentos da produção 12.000 Depreciação das máquinas da produção 11.000 Depreciação das máquinas da administração 4.000 Seguros incorridos da área industrial 4.000 Seguros incorridos da área administrativa 2.000 Energia elétrica consumida no escritório de venda 500 Energia elétrica consumida na fábrica 2.000 Comissão de vendedores 1.000 Limpeza do prédio da administração 500 Limpeza da fábrica 1.500 Aluguel da fábrica 6.500 Aluguel do escritório de venda 2.000 Aluguel da área administrativa 2.000 Vendas do período 60.000 Produção do período 500 unidades Quantidade vendida 300 unidades

Pede-se classificar os gastos como Investimentos, Receitas, Custos ou Despesas e calcular:

a) O valor total dos investimentos; b) O valor total das despesas; c) O valor total dos custos de produção; d) O valor total da receita; e) O valor dos custos de produtos vendidos; f) O valor do estoque final de produtos acabados.

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Unidade 3: CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS

1 - EM RELAÇÃO AO PRODUTO Custos Diretos: São aqueles que podem ser diretamente apropriados aos produtos, bastando haver uma medida de consumo (quilograma de materiais consumidos, embalagens utilizadas, horas de mão-de-obra utilizadas e até mesmo quantidade de força consumida). Exemplo: Matérias-primas, embalagens, mão-de-obra direta, etc. Custos Indiretos: São aqueles que não oferecem condição de uma medida objetiva, tendo portanto as alocações de serem feitas por meio de rateios, utilizando-se bases de volume, que são na maioria das vezes arbitrárias. Exemplo: Aluguel, material de consumo, salário das chefias, etc. 2 - EM RELAÇÃO À OCORRÊNCIA Custos Básicos: (CB) Representa o valor do elemento que irá sofrer transformação para surgimento de um novo bem. CB = Ei matéria-prima + Compras de matéria-prima – EF de matéria-prima Custos de Transformação ou de Conversão: (CT) Representam o esforço da empresa no processo de elaboração de um determinado item. É a soma da MOD + CIF. Custos de Produção do Período ou Custo de Fabricaçã o : (CPP ou CF) É a soma dos custos incorridos em um determinado período, dentro da fábrica. CF = CB + CT Custos da Produção Acabada: (CPA) É a soma dos custos contidos na produção acabada no período. Pode conter custos de produção também de períodos anteriores, existentes em unidades que só foram completadas no presente período. CPA = CF + EIPE - EFPE Custos dos Produtos Vendidos: (CPV) É a soma dos custos incorridos na fabricação de produtos, que foram vendidos no período. Pode conter custos de produção de diversos períodos, caso os itens vendidos tenham sido produzidos em períodos diferentes. CPV = CPA + EIPA – EFPA

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3 - EM RELAÇÃO AO VOLUME DE PRODUÇÃO Custos Fixos: São aqueles que permanecem inalterados independente do volume produzido, ou quando variam, esta variação não é em função das unidades produzidas. Exemplo: Aluguel da fábrica, que continua o mesmo durante todo o período e mesmo quando reajustado, nada tem a ver com as unidades produzidas; a depreciação da fábrica pelo método de linha reta também constitui um custo fixo, pois é mesma parcela durante o período, não havendo acréscimo ou decréscimo em função das unidades produzidas. Custos Variáveis: São aqueles que variam em função do volume de atividade da empresa. Quanto maior for o volume de produção, maior será o custo variável (total). O custo variável é fixo por unidade, ou seja, cada unidade produzida tem o mesmo valor de custo variável. Se relacionam diretamente ao produto. Exemplo: Matéria-prima, Material Direto e a mão-de-obra direta. Custos Semi-variáveis (Semi-fixos ou mistos): São custos que não apresentam um comportamento certo em relação ao volume de atividades, pois, possuem uma parcela fixa e uma parcela variável em seu total. Exemplo: O combustível consumido em uma caldeira, para produção de vapor, em que, para produção zero de vapor, o consumo de combustível não é nulo, pela necessidade de manter a caldeira aquecida. Podemos citar ainda o custo de uma copiadora que se mantém fixo até uma determinada quantidade de cópias, passando para variável, a partir do limite estabelecido no contrato. À partir desse ponto, cada cópia produzida tem um custo variável. O somatório do custo fixo mais o variável forma o custo semi-variável. Na prática, para efeito de análise é importante separar o custo semi-variável em parcelas fixa e parcela variável, por meio de técnicas apropriadas. Ante ao exposto, podemos concluir que na realidade existem apenas custos fixos e custos variáveis, pois o custo semi-variável pode ser separado em custo fixo e custo variável. Custos Unitários: Exemplos de alguns conceitos com relação aos custos unitários, quanto a formação, pois são de grande importância para efeito de análise. Para obtermos os custos unitários basta aplicarmos as seguintes fórmulas: Ct = CT onde Ct = Custo Total Unitário; CT = Custo Total e Q Q = Quantidade Produzida Cf = CF onde Cf = Custo Fixo Unitário; CF = Custo Fixo Total e Q Q = Quantidade Produzida

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Cv = CV onde Cv = Custo Variável Unitário ; CV = Custo Variável Total e Q Q = Quantidade Produzida Quando conceituamos Custos Fixos e Custos Variáveis, os fizemos em função dos Custos Totais. Vejamos agora estes conceitos em relação aos Custos Unitários: ================================================================= ESPÉCIE DE CUSTO COMPORTAMENTO EM RELAÇÃO AO VOLUME DE ATIVIDADES ================================================================= CF (Custo Fixo Total) Não varia Cf (Custo Fixo Unitário) Varia inversamente CV (Custo Variável Total) Varia proporcionalmente Cv (Custo Variável Unitário) Não varia Ct (Custo Total Unitário) Varia inversamente ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Exemplo numérico: ================================================================= Qde. CF CV CT Cf Cv Ct (Cf + Cv) =================================================================

1 2.000 600 2.600 2.000 600 2.600 2 2.000 1.200 3.200 1.000 600 1.600 3 2.000 1.800 3.800 666 600 1.266 4 2.000 2.400 4.400 500 600 1.100 5 2.000 3.000 5.000 400 600 1.000 6 2.000 3.600 5.600 333 600 933 7 2.000 4.200 6.200 286 600 886 8 2.000 4.800 6.800 250 600 850 9 2.000 5.400 7.400 222 600 822 10 2.000 6.000 8.000 200 600 800

------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Analisando o quadro acima, podemos verificar que o Custo Fixo total mantém-se com o valor de $ 2.000,00 de 1 a 10 unidades produzidas, portanto não sofreu nenhuma alteração, enquanto que o Cf (Custo Fixo unitário) apresenta decréscimo para cada aumento de produção. O Custo Variável Total apresentou variação (acréscimo) proporcional às quantidades produzidas, enquanto que o Cv (Custo Variável Unitário) manteve-se inalterado em cada aumento de produção, permanecendo sempre $ 600,00 de 1 a 10 unidades produzidas.

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4 - EM RELAÇÃO AOS DEPARTAMENTOS Custos Específicos: São aqueles que existem em função de um departamento e, sendo este departamento descontinuado, deixam de existir. Custos Comuns: São aqueles que representam os gastos de estrutura da empresa, não sendo identificável com algum departamento. 5 - EM RELAÇÃO AO CÁLCULO Custos Reais ou Históricos: São valores efetivamente gastos pela empresa e devidamente registrados. Todos os métodos de custeamento: Custeio Direto ou Custeio por Absorção - Processo de Produção Contínua ou Por Ordem de Produção - utilizam-se dos Custos Reais ou Históricos. Custos Pré-Determinados: São valores registrados antes do seu acontecimento, tais como: Custo Padrão e Custo Orçado. 6 - EM RELAÇÃO A ACUMULAÇÃO DE GASTOS Custo Por Processo de Produção Contínua, Custo Por Ordem de Produção. 7 - EM RELAÇÃO AO MÉTODO DE APROPRIAÇÃO - Custeio Por Absorção; Custeio Direto e Custeio baseado em atividades (ABC). 8 - EM RELAÇÃO AO CONTROLE Custos Controláveis: São os custos que estão sob a responsabilidade e controle de uma determinada pessoa (Chefia). Exemplo: Custos Indiretos Controláveis: salários indiretos, manutenção, etc. Custos Não Controláveis: São os custos que estão fora da responsabilidade e controle de uma determinada pessoa (Chefia). Exemplo: O aluguel quando distribuído contabilmente entre os departamentos segundo o espaço ocupado, os responsáveis por esses departamentos não terão meios de controlar o valor absorvido do aluguel. OBS: Custeio por responsabilidade é a separação dos custos incorridos pelos diferentes níveis de responsabilidade.

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Unidade 3: COMPONENTES DOS CUSTOS

MATERIAL DIRETO

Material direto é uma das composições do custo de fabricação do produto. - Elementos: Matéria Prima Componentes adquiridos prontos Embalagem Outros De acordo com o CPC 16-R1, os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo (Custo histórico) ou pelo valor realizável líquido, dos dois, o menor. Valor realizável líquido é o preço de venda estimado no curso normal dos negócios deduzido dos custos estimados para sua conclusão e dos gastos estimados necessários para se concretizar a venda. Ainda de acordo com o CPC 16 R-1, o valor de custo do estoque deve incluir todos os custos de aquisição e de transformação, bem como outros custos incorridos para trazer os estoques à sua condição e localização atuais.

O QUE INTEGRA O VALOR DOS MATERIAIS:

Integra o valor dos materiais todos os gastos incorridos para a aquisição e colocação do ativo em condições de uso ou em condições de venda, tais como: - Valor pago ou creditado ao fornecedor, líquido de impostos recuperáveis: - Encargos adicionais: Transporte Seguro Armazenagem (*) Impostos de importação Gastos com liberação alfandegária (*) Armazenagem/Compras: - Na empresa comercial: Despesa - Na empresa industrial: Custo. Deveria integrar o custo do material, mas pela dificuldade de apropriação é considerado custo indireto. - Descontos Financeiros: - Devem ser lançados em receitas financeiras e o valor bruto de compra em custo do material ou mercadoria;

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Exemplo: Aquisição à vista de R$5.000,00 de matéria-prima, com desconto financeiro de R$500,00. - Débito : Estoque MP R$5.000,00 - Crédito : Caixa R$4.500,00 : Receitas Financeiras R$ 500,00 - Descontos Comerciais e Abatimentos: . Devem ser considerados como redução do preço de aquisição . Comerciais: São aqueles contratados no ato da compra, em função da quantidade adquirida, de uma liquidação, etc. . Abatimentos: São as reduções negociadas posteriormente à compra, em razão da avarias, especificações não cumpridas, atrasos de entrega, etc. - Descontos incondicionais: Os descontos destacados na Nota fiscal reduzem a Base de cálculo para cálculo de impostos recuperáveis, que será pelo valor total da Nota Fiscal, ou seja, valor com desconto. O desconto incondicional é justamente o contrário do desconto condicional, ou seja, não tem condição nenhuma que precise ser cumprida para que o desconto seja oferecido, não precisa ser compra a vista, nem acima de tantas unidades, nem pagamento antecipado ... não importa nada disso, o desconto será oferecido independente de alguma condição imposta.

OBS: Esse desconto já é incluído (diminuído) no próprio preço da nota fiscal.

TRATAMENTO DOS IMPOSTOS NA AQUISIÇÃO:

Todos os impostos não cumulativos devem ser expurgados do custo de aquisição do material direto, ou seja, devem ser retirados do valor de aquisição.

Exemplos:

1) Compra de 60 kg. de matéria prima com desconto destacado na NF de 10%,

sendo o valor líquido por quilo de R$45,00, com destaque de frete FOB no valor de

R$300,00. Proceder a contabilização, recuperando PIS (1,65%), COFINS( 7,6%) e

ICMS (18%).

2) Compra de 10 unidades de material para produção no valor total de R$2.000,00

com desconto financeiro de 2% por conta do pagamento a vista. Proceder a

contabilização, recuperando PIS (1,65%), COFINS( 7,6%) e ICMS (18%).

Nenhuma informação adicional.

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CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DOS INVENTÁRIOS

Não fosse o problema de encontrarmos preços diferentes para produtos idênticos mesmo em épocas idênticas, o mecanismo de avaliação dos inventários seria bem simples. Vamos supor que uma empresa comercial tenha comprado sua primeira unidade para venda de R$1.000,00. a segunda unidade do mesmo produto por R$2.000,00 e a terceira por R$3.000,00. No caso de ter vendido a prazo duas unidades por R$5.000,00 cada, qual seria o lucro? Vamos nos deparar neste momento de decisão de qual o valor a ser encontrado por três caminhos. O primeiro seria o de utilizarmos como valor o custo das mercadorias que primeiro foram adquiridas; o segundo caminho seria de considerarmos o custo das últimas mercadorias que foram adquiridas; o terceiro seria de considerarmos o custo médio das mercadorias em estoque. Pela legislação brasileira, tanto do ponto de vista do imposto de renda como da legislação das sociedades anônimas, o inventário é determinado pelo valor mais baixo em relação ao custo histórico (pelos critérios a seguir) ou de mercado. - CRITÉRIOS BÁSICOS: . PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair), ou FIFO (First-In, First-Out); . UEPS (Último a Entrar, Primeiro a Sair), ou LIFO (Last-In, First-Out); . CUSTO MÉDIO (Média aritmética ponderada). - OUTROS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO: . Preço específico: É o critério que valoriza cada unidade em estoque, pelo seu respectivo custo de aquisição, identificando cada unidade existente. Assim as baixas são efetuadas pelos preços específicos de cada unidade baixada do estoque, e o valor do estoque final será a soma de todos os custos específicos de cada unidade existente. . NIFO (Next-In, First-Out) ou Custo de Reposição: É o critério que valoriza o estoque ao preço corrente de mercado. O termo NIFO significa “o próximo a entrar, primeiro a sair”. É utilizado gerencialmente para que o empresário possa obter o lucro verdadeiro, ou seja, aquele lucro que teria, considerando a reposição de seu estoque. Evita assim considerar um lucro ilusório, obtido pela comparação entre preço de venda atual com custos passados, totalmente defasados em épocas inflacionárias. É denominado também de FEPS (Futuro a entrar, primeiro a sair). . CUSTO MÉDIO MENSAL: É aceito pelo Fisco (PN CST nº 06/79) que as saídas sejam registradas unicamente no fim de cada mês, desde que avaliadas pelo custo médio que, sem considerar o lançamento de baixa, se verificar no mês.

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Quadro comparativo dos métodos de Controle de estoq ues: CRITÉRIOS

CARACTERÍSTICAS

ESTOQUE

IMPOSTO RENDA

LUCRO

PREÇO ESPECÍFICO

Controle por Unidade

Valorizado a custo específico

Aceita

Lucro histórico real

PEPS ou FIFO

Primeiro que entra, primeiro que sai

Valorizado pelas últimas entradas remanescentes

Aceita

Normalmente dá maior lucro

UEPS ou LIFO

O último que entra, o primeiro que sai

Valorizado pelas primeiras entradas remanescentes

Não aceita

Normalmente o lucro é menor que o PEPS e PM

PREÇO MÉDIO

A média ponderada de diversas compras

Valorizado preço média de mercado

Aceita

Normalmente o lucro é entre UEPS e PEPS

REPOSIÇÃO ou NIFO

Preço corrente de mercado para repor o estoque

Valorizado pelo preço corrente de mercado

Não aceita

Normalmente dá menor lucro

TRATAMENTO CONTÁBIL DAS PERDAS DE MATERIAIS Há dois tipos de perdas: perdas normais e perdas anormais. As perdas normais são oriundas do próprio processo produtivo, podem ocorrer em função de corte, reações químicas, evaporação, etc, ou seja, são previsíveis. Neste caso o valor perdido deve ser incorporado ao custo dos materiais. Já as perdas anormais, ocorrem de forma involuntária e não devem incorporar o custo dos materiais, sendo contabilizada diretamente no resultado. TRATAMENTO CONTÁBIL DOS SUBPRODUTOS E DAS SUCATAS . - PRODUTOS: É tudo aquilo que está disponível para aquisição e atende a um desejo ou uma necessidade de um público, devidamente comunicado, por um preço específico. - CO-PRODUTOS: São produtos originados do mesmo processo produtivo e seu faturamento é considerado relevante para a empresa. - SUBPRODUTOS: São produtos originados do próprio processo produtivo, mas que tem pouca relevância no faturamento da empresa, no entanto, possuem condições normais de vendas. Como os subprodutos tem pouca relevância no faturamento, adota-se o critério de não atribuir-lhes custos e seus estoques são avaliados pelo valor liquido de realização. - SUCATAS : São itens decorrentes do processo produtivo e que não possuem mercado normal de venda, ou seja, sua venda é esporádica e realizada por valor não previsível. O preço apurado na comercialização das sucatas se registra como OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS.

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Custos com mão de obra CONCEITUAÇÃO: Mão-de-Obra é a participação do esforço humano, físico e mental, para obtenção de um produto ou serviço. MÃO-DE-OBRA DIRETA E INDIRETA MÃO-DE-OBRA DIRETA é o gasto relativo ao pessoal que trabalha diretamente na produção, sendo possível sua identificação por controle específico, isto é, sem necessidade de alocação, rateio ou distribuição do valor gasto ao produto fabricado. Por exemplo, um soldador que trabalha na solda de vários produtos, é perfeitamente possível medir o número de horas trabalhadas pelo custo por hora de trabalho, obtendo o custo total gasto que é apropriável a cada produto, sem recorrer a critérios de alocação. Os gastos relativos ao pessoal de produção mas que dependem de métodos de distribuição para sua apropriação aos produtos, são classificados como MÃO-DE-OBRA INDIRETA e deverão integrar os CUSTOS INDIRETOS DE PRODUÇÃO (CIF). Por exemplo um funcionário que supervisiona ou executa manutenção em várias máquinas as quais produzem produtos diferentes, inexiste forma objetiva de apropriação desse gasto total, devendo ser usado um critério ou método racional de rateio ou alocação aos diversos produtos produzidos pela empresa. Portanto, mão-de-Obra direta é aquela relativa ao pessoal que trabalha diretamente sobre o produto em elaboração, sendo possível determinar qual o tempo dispendido e quem executou o trabalho, sem necessidade de qualquer apropriação indireta ou rateio. Havendo qualquer tipo de alocação por meio de estimativas ou divisões proporcionais, passa a desaparecer a característica de “direta”, transformando-se neste caso a mão-de-obra, em “Mão-de-Obra Indireta”. Em muitos casos, mesmo havendo a possibilidade de medir a mão-de-obra, a empresa não o faz por razões econômicas (Custo x Benefício). Nesse caso temos a existência física da Mão-de-Obra Direta, mas a contabilidade de custos a tratará como indireta. MÃO-DE-OBRA FIXA E VARIÁVEL Embora a folha de pagamento se constitua em custo fixo para a empresa (220 horas mensais), a Mão-de-Obra Direta se constitui em um custo variável, pois só é considerada como Direta a Mão-de-Obra utilizada diretamente sobre o produto ou serviço, mesmo em se tratando de um operário classificado como direto. Desta forma, a mão-de-obra direta varia com a produção, e não se confunde com o total pago à produção, mesmo em se tratando de operários diretos.

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O QUE INTEGRA O CUSTO DA MÃO-DE-OBRA

O custo da Mão-de-obra engloba além do salário, todos os encargos decorrentes do trabalho remunerado. Os percentuais variam de empresa para empresa, em função do tamanho e natureza de cada uma. Normalmente constitui gastos com a mão-de-obra direta os seguintes itens:

• Salário propriamente dito (salário bruto) • Encargos Sociais (INSS, SENAI, SESI, FGTS, Salário Educação,

INCRA, SENAC, SEBRAE, SESI, etc) • Contribuição para constituição de fundos para aposentadoria,

Contribuição Sindical • Encargos Trabalhistas (Seguros de Acidentes do Trabalho) • 13º Salário • Adicional de férias (1/3 de férias) • Horas extras • Gratificações e adicionais (de funções, insalubridade, periculosidade, seguros

em grupo) • Descanso remunerado, feriados e faltas abonadas

Outros gastos poderão representar custos de mão-de-obra indireta como: • Aquisição de vestuário adequado (uniformes) • Vale refeição ou Restaurante próprio da empresa • Vale transporte ou Transporte da empresa • Assistência médica, dentária e social • Auxílio funeral

EXEMPLO DE APURAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA DIRETA

Considerando os dados abaixo da Indústria de Calças Femininas 623 Ltda., calcule os custos e responda: a) Qual o custo com mão-de-obra direta na fabricação do produto? b) Qual o custo com mão-de-obra indireta? c) Quantas horas por semana gasta em cada departamento? d) Quantas horas são necessárias, em média, para produzir cada unidade? e) Qual o custo com mão-de-obra direta por unidade produzida? Dados: número de empregados Função salário hora Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Corte 1,50 4 2 2 1 3 Costura 2,50 1 3 3 4 6 Bordado 3,00 0 1 2 3 13 Hora trabalhadas por dia: 8 Encargos sociais: 78,09% Total da Folha na semana referente a fábrica ( inclusive com encargos): $ 2.500,00 Quantidade produzida no período: 350 calças

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Cálculo dos custos de mão de obra:

CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO OU DE PRODUÇÃO

Todos os gastos incorridos para a produção que não estejam enquadrados como material direto e mão-de-obra direta, são denominados de gastos indiretos de fabricação, gastos gerais de fabricação, custos gerais de produção, custos indiretos de produção. Embora possuindo várias denominações, as expressões “gastos gerais de fabricação” e “custos indiretos de produção”, são consagradas pela prática. Os métodos específicos de rateio dos custos indiretos comuns aos produtos, variam de empresa para empresa, pois estão relacionados às diferentes estruturas das organizações, com os graus de requinte desejado pela direção, com os diversos tipos de custeamento e com os registros mantidos pelas empresas.

RELATÓRIO SEMANAL DE APLICAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA DIRETA

PRODUTO: CALÇAS FEMININAS

FUNÇÃO CORTE COSTURA

BORDADOS TOTAL

QTE/HORAS QTE de Empreg.

HORAS QTE de Empreg.

HORAS QTE de Empreg.

HORAS QTE HORAS

TRANSPORTE ////////////// ////////////// /////////////// ////////////// Segunda 4 32 1 8 0 0 5 40 Terça 2 16 3 24 1 8 6 48 Quarta 2 16 3 24 2 16 7 56 Quinta 1 8 4 32 3 24 8 64 Sexta 3 24 6 48 13 104 22 176 TOTAL DE HORAS

////////////// 96 ////////////// 136 ////////////// 152 ////////////// 384

SALÁRIO HORA ////////////// 1,50 ////////////// 2,50 ////////////// 3,00 ////////////// ////////////// SALÁRIO TOTAL 144,00 340,00 456,00 940,00 ENC. SOCIAIS 78,09% 112,45 265,51 356,09 734,05 CUSTO TOTAL 256,45 605,51 812,09 1.674,05

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A escolha do método de distribuição mais apropriado, dependerá de certo modo, do grau de subjetividade do analista, pois recairá sempre no elemento humano e é bom que esta tarefa esteja a cargo do contador de custo, Controller, Diretor Financeiro, Diretor de Produção ou de quem conheça detalhadamente o sistema de produção. O desconhecimento da tecnologia de produção poderá provocar impropriedades desastrosas e conseqüentes prejuízos à empresa. OBS: Quem estabelece a base para o rateio dos CIF´s é a empresa, através de seus dirigentes.

DDIISSTTRRIIBBUUIIÇÇÃÃOO DDOOSS CCUUSSTTOOSS IINNDDIIRREETTOOSS ÀÀ PPRROODDUUÇÇÃÃOO Para efetuar o rateio dos custos indiretos aos produtos fabricados ou aos departamentos da empresa, deve-se estudar a situação específica de cada um, a fim de escolher critérios adequados que efetivamente reflitam a carga de custos que devem ser descarregados ou atribuídos a cada produto. Muito embora cada caso possa ser estudado particularmente, há alguns critérios que são amplamente utilizados na prática. A distribuição dos custos indiretos aos produtos pode se dar por meio de rateios, sendo as bases de rateio estabelecidas pelos próprios dirigentes da empresa e conhecedores do processo produtivo. Existem alguns critérios consagrados pelo uso que normalmente são utilizados pelas empresas, mas, que não são regra. Cada empresa estabelece e usa o critério que melhor lhe convier. Abaixo são apresentados alguns exemplos de Custos Indiretos de Produção e os critérios de rateio para distribuição dos mesmos, critérios esses consagrados pelo uso:

CUSTOS INDIRETOS DE PRODUÇÃO CRITÉRIOS DE RATEIO / DISTRIBUIÇÃO DOS CIF

Aluguel, Depreciação, Seguros, Limpeza, Manutenção, Imposto Predial Área ocupada Energia elétrica Área ocupada, Pontos de luz, Potência do maquinário, Kw/hora consumido, hora máquina Material indireto Material direto Mão-de-obra indireta N.º de empregados, MOD, Horas trabalhadas Almoxarifado, Depósito Custo dos materiais utilizados Manutenção de Equipamento Horas máquinas trabalhadas Refeitório, Transporte, Assistência médica N.º de empregados Perdas normais de materiais Produção acabada, Departamento de Produção Manutenção da fábrica Horas de máquinas, horas de MOD

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NOTA: Mesmo consagrados pelo uso, é preciso que se avalie a incidência de cada fator e

as características de cada processo de produção. Deve-se levar em consideração o seguinte:

1. Custo de MD como base de rateio: Quando o custo do MD for o principal custo da

produção e cujo valor for constante 2. Custo da MOD como base de rateio : Quando o valor da MOD for bastante uniforme e

constante durante todo o processo de produção, ou seja, não deve ser usado quando existirem diferentes níveis salariais para as mesmas habilidades e funções. Quando os CIF se relacionarem mais com o tempo do que com o custo MOD, esta base de rateio deve ser rejeitada.

3. Horas MOD como base de rateio: O uso desse método pressupõe que os CIF estejam relacionados mais com o tempo de trabalho na produção do que com o valor MOD, ou seja o tempo de trabalho é fator preponderante.

4. Horas máquinas como base de rateio: Quando a ocorrência dos CIF dependerem predominantemente do trabalho executado por máquinas.

Quanto a decisão, a escolha do critério de rateio deve ser tomada somente após cuidadoso estudo dos fatores de produção e sobre como eles serão aplicados. Como perspectiva futura os custos da MOD perderão relevância em relação aos CIF, uma vez que o avanço da tecnologia de produção será responsável pela mudança da composição dos custos totais. Os equipamentos mais sofisticados e modernos e a automação dos processos produtivos, inevitavelmente, reduzirão drasticamente não somente os custos da MOD, mas, a incidência desse custo no produto acabado. Por outro lado fará com que a depreciação dos equipamentos da tecnologia avançada seja de alta relevância e talvez um dos mais importantes fatores de produção. EXEMPLO: Distribuir os custos indiretos de produção comuns aos produtos ALFA e BETA, no montante de 16.100 utilizando o consumo da matéria-prima como critério de rateio: Produto ALFA ..... MP = 10.000 MOD = 15.000 Produto BETA ..... MP = 13.000 MOD = 11.000 SOLUÇÃO: Taxa de Rateio = Total dos CIF = 16.100 = 0,70 de consumo de MP 23.000 Produto ALFA ..... Consumo de MP X Taxa Rateio = 10.000 X 0,70 = 7.000 Produto BETA ..... Consumo de MP X Taxa Rateio = 13.000 X 0,70 = 9.100 Valor do Custo de Produção:

PRODUTO M P MOD CIF CP ALFA 10.000 15.000 7.000 32.000 BETA 13.000 11.000 9.100 33.100

TOTAL 23.000 26.000 16.100 65.100

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UNIDADE V - MÉTODOS DE CUSTEIO Os métodos de custeio constituem-se em processos ou alternativas de apropriar valores à

produção (em andamento ou acabada) para, em conseqüência, poder-se apurar o

resultado de determinado período.

São três os sistemas de apropriação mais usuais para conhecimento do custo de

produtos e serviços. Em linhas gerais:

1 - Custeio por Absorção:

Sistema em que se apropriam todos os custos de produção, quer fixos, quer variáveis,

quer diretos ou indiretos, e tão somente os custos de produção, aos produtos elaborados.

2 – Custeio Variável:

Sistema em que só são alocados aos produtos os custos variáveis, ficando os fixos

separados e considerados como despesa do período, indo diretamente para o Resultado;

para os estoques só vão, como conseqüência, custos variáveis.

3 - Custeio Baseado em Atividade:

Sistema que visa alocar os gastos indiretos sob o prisma da relevância da atividade com

enfoque no consumo de recursos, e não com base em volumes de produção, de venda ou

de mão-de-obra direta (sem a devida análise das atividades que os geraram).

Nota:

Além dos métodos de custeio citados anteriormente, há ainda o Método de Custeio Pleno

(RKW): semelhante ao método de custeio por absorção com relação aos custos, mas

rateia também as despesas da empresa a todos os produtos, inclusive financeiras. O

resultado final engloba os custos e as despesas de produzir, vender, administrar e

financiar e também o Método de Custeio Supervariável, também denominado Custeio por

Apropriação dos Materiais Diretos. Conforme seu nome indica, apropria ao custo somente

os materiais diretos.

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1 - Custeio por Absorção

Histórico

O Método de Custeio por Absorção surgiu na Revolução Industrial e sua origem se

confunde com o surgimento da própria Contabilidade de Custos. Este método

popularizou-se após 1900 nos Estados Unidos devido às pressões dos usuários externos,

principalmente o mercado de capitais. Sua idéia dominante era de “valorar inventários”

para inseri-los nas demonstrações e atender o usuário externo para que estes utilizassem

as informações financeiras. O Método de Custeio por Absorção levou à substituição do

custeio gerencial praticado anteriormente.

Conceituação

Segundo MARTINS (2000) o “Custeio por Absorção é o método derivado da aplicação

dos princípios de contabilidade geralmente aceitos. Consiste na apropriação de todos os

custos aos bens elaborados, e só os de produção; todos os gastos relativos ao esforço de

fabricação são distribuídos para todos os produtos feitos”.

HORNGREN (2000) considera que “Custeio por Absorção é o método de custeio do

estoque no qual todos os custos de fabricação, variáveis e fixos, são considerados custos

inventariáveis. Isto é, o estoque “absorve” todos os custos de fabricação”.

Desta forma, o método de custeio por absorção consiste na apropriação de todos os

custos de produção (fixos e variáveis) aos bens fabricados ou serviços prestados, custos

estes que devem compor os estoques dos produtos (ou serviços) em processo, acabados

e vendidos no período.

No comércio, de acordo com a legislação societária e fiscal, o custo da mercadoria

vendida é composto pelo valor pago pela mercadoria mais frete e seguro. Na indústria e

na empresa de prestação de serviços todos os componentes relacionados ao processo

produtivo compõem o custo do bem ou serviço, como por exemplo: mão-de-obra, matéria-

prima, depreciação dos equipamentos utilizados na produção, aluguel, água, luz, telefone

dos departamentos produtivos, dentre outros.

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No final de cada período (mês ou ano) haverá alguns produtos que ainda não estarão

acabados, ou seja, estarão em processo de fabricação, esses produtos são chamamos de

PRODUTOS EM ELABORAÇÃO . Quando os produtos estiverem prontos para serem

vendidos são chamados de PRODUTOS ACABADOS . Portanto, nossa conta de

Estoques (do grupo de Ativos) é formada por três categorias:

1 –Matérias Primas; 2 – Produtos em Elaboração e 3 – Estoque de Produtos Acabados.

Quando o produto acabado for vendido, será baixado da conta estoque e lançado

a custo na Demonstração de Resultado do Exercício – DRE (conta CPV).

Apuração e Contabilização do CPV

O custo matéria-prima somado aos demais custos diretos e indiretos chega-se ao custo

da produção do período que somado com diferença dos produtos em elaboração do

início e do fim do período chega-se ao custo da produção acabada . O custo da

produção acabada somado à diferença do produto acabado do início e do fim do período

chega-se ao Custo do Produto Vendido – CPV .

Esse cálculo se dará pela utilização da fórmula:

Custo = Estoque Inicial + Compras (ou entradas) – E stoque Final

A movimentação abaixo demonstra a aplicação da fórmula em cada etapa do processo

produtivo:

Movimentação $

= Estoque Inicial de Matéria-Prima 100

+ Compras 20

- Estoque Final de Matéria-Prima (40)

= Custo da Matéria -Prima 80

+ Mão-de-Obra Direta 70

+ Custos Indiretos de Fabricação - CIF 30

= Custo da Produção do Período 180

+ Estoque Inicial de Prod.Elaboração 60

- Estoque Final de Prod.Elaboração (20)

= Custo da Produção Acabada 220

+ Estoque Inicial de Prod.Acabado 80

- Estoque Final de Prod.Acabado (50)

= Custo do Produto Vendido - CPV 250

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As principais características desse método de custe io são:

∗ É derivado dos Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos, principalmente os de

Realização, Competência e Confrontação.

∗ Não necessita distinguir os custos entre fixos e variáveis. É realçada a separação em

custos diretos e indiretos.

∗ O custo da produção é transferido para Resultado quando da venda do produto.

∗ As despesas administrativas, de venda, financeira, etc. são consideradas Despesas do

período e como tais devem ser apropriadas diretamente contra as Receitas.

∗ O custo unitário varia em função do volume de produção.

∗ Atende mais às necessidades da informação contábil de uso externo.

∗ É aceito pela legislação do Imposto de Renda

∗ Aumenta o lucro operacional por meio da produção para estoque, mesmo quando não

há demanda imediata para a produção extra.

O Custeio por Absorção inicialmente divide todos os gastos em dois grandes ramos:

• Custos de Produção.

• Despesas (gastos não fabris).

Os custos totais de produção irão compor o valor da produção em andamento, o estoque

de produtos acabados, e por ocasião da venda desses produtos serão apropriados ao

resultado do período, sendo deduzidos das receitas de venda a título de Custo dos

Produtos Vendidos (conforme demonstrado anteriormente).

O esquema seguinte mostra com clareza onde se alocam as despesas e os custos da

produção dentro da Demonstração do Resultado.

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Legislação aplicada ao método de custeio por absorç ão:

De acordo com o artigo 290 do RIR/99 (Regulamento do Imposto de Renda - Decreto

3.000 de 26.03.1999), o custo de produção dos bens ou serviços deverá compreender

obrigatoriamente o custo de aquisição das matérias primas e secundárias, o custo de

mão-de-obra direta e indireta e os gastos gerais de fabricação, inclusive os custos fixos,

tais como os encargos de depreciação dos bens utilizados na produção. Trata-se, pois, do

método de custeio por absorção.

Art. 290 . O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá,

obrigatoriamente (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 1º):

RESULTADO

Vendas

(-) CPV

(-) Despesas Administrativas

= Resultado Líquido

= Resultado Bruto

(-) Despesas de Vendas

Pela Venda

Material direto MOD CIF

MOD CIF

Despesas Administrativas

Despesas de Venda

Despesas de Venda

Custos Variáveis

Custos Fixos

Fixas

Variáveis

Fixas

Produção em

andamento

Estoque Produtos Acabados

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I - o custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados

ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior;

II - o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção

e guarda das instalações de produção;

III - os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens

aplicados na produção;

IV - os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção;

V - os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção.

Parágrafo único. A aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda a

cinco por cento do custo total dos produtos vendidos no período de apuração anterior,

poderá ser registrada diretamente como custo (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 2º).

Críticas sobre este método de custeio:

Primeiro:

Por sua própria natureza, os custos fixos existem independentemente da fabricação ou

não desta ou daquela unidade, e acabam presentes no mesmo montante, mesmo que

oscilações (dentro de certos limites) ocorram no volume de produção. Os custos fixos

tendem a ser muito mais um encargo para que a empresa possa ter condições de

produção do que sacrifício para fabricação específica desta ou daquela unidade; são

necessários muito mais para que a indústria possa operar, ter instalado sua capacidade

de produção, do que para fabricar uma unidade a mais de determinado produto.

Segundo:

Os custos fixos, por não dizerem respeito a este ou aquele produto ou a esta ou aquela

unidade, são quase sempre distribuídos à base de critérios de rateio, que contêm, em

maior ou menor grau, arbitrariedades. A maior parte das apropriações é feita em função

de fatores de influência que, na verdade não vinculam efetivamente cada custo a cada

produto, porque essa vinculação é muito mais forçada do que costumamos acreditar. Se,

a fim de avaliar um produto para efeito de estoque, isso pode ser uma forma de minimizar

injustiças, para efeito de decisão simplesmente mais confunde do que auxilia; o fato de se

apropriar de uma forma pode alocar mais custo em um produto do que em outro, e, se

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Professora: Patrícia Regina Teles de Ávila 29

alterarmos o critério de rateio, talvez façamos o inverso. Por se alterar um procedimento

de distribuição de custos fixos, pode-se fazer de um produto rentável um não rentável

(aparentemente) ou um superavitário em deficitário, e vice-versa. E não há lógica em se

alterar o grau de rentabilidade de um produto em função de modificações nas formas de

rateio; essa é uma maneira de se auto-enganar.

Terceiro:

O valor do custo fixo por unidade ainda depende do volume de produção: aumentando-se

o volume, tem-se um menor custo fixo por unidade, e vice-versa. Se for decidir com base

em custo, é necessário associar-se sempre ao custo global o volume que se tomou como

base. Se a empresa estiver reduzindo um item por ser pouco lucrativo, pior ainda ficará

sua posição, devido à diminuição de sua procura, e, conseqüentemente, reduzir seu

volume, e assim aumentar ainda mais o custo de produção, num círculo vicioso. Pior do

que tudo isso, o custo de um produto pode variar em função da alteração de volume de

outro produto, e não da sua própria; ao se aumentar à quantidade dos outros bens

elaborados, o montante a ser carregado para um determinado produto será diminuído, já

que os custos fixos globais serão agora carreados mais para aquele item, cuja quantidade

cresceu. O custo de um produto pode, então, variar em função não de seu volume, mas

da quantidade dos outros bens fabricados.

Por tudo isso, chegou-se a ponto de indagar: se todas essas desvantagens e riscos

existem em função da apropriação dos Custos Fixos aos produtos, e estes por sua vez

são muito mais derivados da necessidade de se colocar em condições de operar uma

fábrica, muito pouco estando de fato vinculados a este ou àquele produto ou unidade, e,

além disso, se são na maioria, senão na tonalidade repetitivos a cada período, por que

não deixar de apropriá-los aos produtos, tratando-os como despesas (encargos do

período)?

Surgiu a partir destas necessidades o Método de Custeio Variável.

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2 – Custeio Variável

Histórico:

Vários historiadores da contabilidade acreditam que o Método de Custeio Variável tenha

sido a primeira forma de apropriar custos aos produtos. No séc. XVI foram encontrados

registros da separação de custos diretos dos demais gastos para apurar o Custo dos

Produtos Vendidos (CPV). Era um impressor flamengo esforçando-se para criar o “prix de

revient”, uma figura francesa equivalente ao CPV.

Na história americana, uma das primeiras aparições se deu no final da década de 1840,

onde uma tecelagem de Massachusetts, denominada Lyman Mills Corporation, utilizava o

conceito de Margem de Contribuição para decisões de curto prazo. É interessante notar

que esta tecelagem estava inserida num contexto de grande competitividade, o que levou

seus gestores a utilizarem informações baseadas no conceito de margem de contribuição.

Tanto no caso americano quanto no francês do “prix de revient”, o custeio variável evoluiu

para o custeio por absorção. Em 1899, o escritor alemão Eugen Shmalenbach escreveu

sobre a dicotomia existente entre custos fixos e variáveis, pregando a apropriada

exclusão dos primeiros para fins de estimativas de custos e políticas de preços.

Trabalhos efetivos e sistematizados sobre o tema Método de Custeio Variável surgiram

por volta de 1936 na Universidade de Chicago. J. Maurice Clark advogou a distinção entre

os custos fixos e variáveis e Jonathan N. Harris publicou o primeiro artigo relevante que

divulgou de forma sistemática o custeio variável e suas vantagens. A partir da década de

1950 o Método de Custeio Variável passou a ser visto como instrumento de tomada de

decisão.

Deve-se destacar que a mão de obra direta era identificável com o produto, pago por peça

produzida, e as demais despesas tinham custo irrelevante em relação ao material e a mão

de obra até o início do século XX. A partir da segunda metade do século XX, a mão de

obra direta não é mais paga por peças produzidas e as demais despesas já não

representam pequena fração da despesa operacional. Conseqüentemente, o modelo

tradicional (custeio por absorção) não oferece informações confiáveis para o processo de

tomada de decisão. O Custeio Variável passa a ser a melhor forma de custear os

produtos neste contexto.

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Conceituação:

Segundo MARTINS (2000), o conceito de Custeio Direto ou Variável é “a alocação dos

custos variáveis aos produtos, ficando os fixos separados e considerados como despesas

do período, indo diretamente para o Resultado; para os Estoques só vão, como

conseqüência, custos variáveis”.

HORNGREN (2000) afirma que “custeio variável é o método de custeio de estoque em

que todos os custos de fabricação variáveis são considerados custos inventariáveis.

Todos os custos de fabricação fixos são excluídos dos custos inventariáveis: eles são

custos do período em que ocorreram”.

Assim, o método de custeio variável consiste na apropriação de somente custos de

produção variáveis aos bens fabricados ou serviços prestados, custos estes que devem

compor os estoques dos produtos (ou serviços) em processo, acabados e vendidos no

período.

Objetivos

O Custeio Variável ou Direto tem como objetivos principais:

∗ Custear o produto de maneira tal que forneça à administração informações que

possibilitem o controle, a tomada de decisões e o planejamento;

∗ Demonstrar, para cada produto, departamento, região, etc., a sua margem de

contribuição;

∗ Evidenciar a relação entre custo/volume/lucro e preço de venda (para análise do ponto

de equilíbrio);

∗ Auxiliar na solução de problemas da escolha de alternativas (fabricar ou comprar, etc.).

Características

As características principais deste método de Custeio são:

∗ Fundamenta-se basicamente na segregação dos custos de produção em fixos e

variáveis (segregação esta também aplicada às despesas);

∗ Somente os custos primários (matéria-prima e mão-de-obra direta por natureza

variáveis) e os demais custos variáveis de produção (a parte variável dos custos

indiretos de fabricação) constituem-se em custo do produto, portanto, componentes do

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valor dos inventários;

∗ Os custos fixos de produção são considerados como custos do período, sendo levados

diretamente para o Resultado (deduzidos como despesa fixa) no período em que

ocorrem.

∗ Os resultados variam em função das vendas, proporcionalmente.

Margem de contribuição

Neste método surge um conceito de grande importância denominado Margem de

Contribuição, que corresponde ao valor que se destina a cobrir os custos e despesas fixas

e formar o lucro. É de fundamental importância para a tomada de decisões, controle de

rentabilidade de diversos produtos ou linhas. Assume especial importância quando

associada a fatores limitativos da capacidade produtiva, mostrando-se bastante útil nas

decisões sobre que produtos ou linhas estimular ou até mesmo que produtos eliminar.

É também de fundamental importância para a definição das relações entre

custo/volume/lucro e análises de pontos de equilíbrio. A Margem de Contribuição pode ser

aplicada para um produto, linhas de produto, regiões de venda ou vendas como um todo.

Em suas aplicações, é expressa em valor ou em porcentagem em relação às vendas.

A Margem de Contribuição é identificada através da apresentação de resultados derivada

da utilização do método de Custeio Variável, conforme será mostrado no fluxograma

deste método.

Razões do não-uso do Custeio Variável nos Balanços:

Do ponto de vista decisorial, verificamos que o Custeio Variável tem condições de

propiciar muito mais rapidamente informações vitais à empresa; também o resultado

medido dentro do seu critério parece ser mais informativo à administração, por abandonar

os custos fixos e tratá-los contabilmente, como se fossem despesas, já que são quase

sempre repetitivos e independentes dos diversos produtos e unidades.

Apesar disso os Princípios Contábeis hoje aceitos não admitem o uso de Demonstração

de Resultados e Balanços avaliados à base do Custeio Variável; por isso esse critério de

avaliar estoque e resultado não é reconhecido pelos Contadores, pelos Auditores

Independentes e tampouco pelo Fisco.

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

Professora: Patrícia Regina Teles de Ávila 33

Ele (o Custeio Variável) de fato fere os Princípios Contábeis, principalmente o Regime de

Competência e a Confrontação. Segundo estes, devemos apropriar as receitas e delas

deduzir todos os sacrifícios envolvidos para sua obtenção.

Ora, se fabricados hoje, incorremos hoje em custos que são sacrifícios para a obtenção

das receitas derivadas das vendas dos produtos feitos, e essas vendas poderão em parte

vir amanhã. Não seria, dentro desse raciocínio, muito correto jogar todos os custos fixos

contra as vendas de hoje, se parte dos produtos feitos só será vendida amanhã; deve

então também ficar para amanhã uma parcela dos custos variáveis ou fixos, relativos a

tais produtos.

Justifica-se dessa forma a ainda não-aceitação do Custeio Variável para efeitos de

Balanço e Resultados. Entretanto, essa situação poderá vir a mudar no futuro.

Mas essa não-aceitação do Custeio Variável não impede que a empresa o utilize para

efeito interno, ou mesmo que o formalize completamente na Contabilidade durante o ano

todo. Basta, no final do exercício, fazer um lançamento de ajuste para que fique tudo

amoldado aos critérios exigidos. Nem a Auditoria Externa nem a legislação fiscal

impedem a adoção de critérios durante o ano diferente dos adotados nas demonstrações

contábeis de final de exercício. A consistência é obrigatória entre as demonstrações de

fim de cada exercício.

Vejamos o fluxograma do custeio variável:

RESULTADO

Vendas

(-) CPV

= Resultado Líquido

= Margem de Contribuição

(-) Despesas Fixas

Pela Venda

Matéria-prima MOD CIF

MOD CIF

Despesas Administrativas

Despesas de Venda

Despesas de Venda

Custos Variáveis

Custos Fixos

Fixas

Variáveis

Fixas

Produção em

andamento

Estoque Produtos Acabados

(-) Despesas Variáveis

(-) Custos fixos de produção

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Diferença entre o Método por Absorção e o Custeio V ariável:

No Custeio por Absorção os custos fixos são alocados/rateados aos produtos, assim as

quantidades produzidas que ainda não foram vendidas vão para o estoque,

conseqüentemente estaremos estocando custos fixos.

No Custeio Variável ou Direto os custos fixos vão diretamente para resultado daquele

período, portanto somente vão para estoque os custos variáveis.

Método de Custeio A.B.C.

HISTÓRICO:

Em 1971, foi publicado nos Estados Unidos, o livro “Activity Costing and Input-Output

Accounting”. Ao que tudo indica, foi esse o primeiro trabalho publicado a respeito do

sistema de custeio baseado em atividade. A época, entretanto, não parecia propícia à

proliferação de novidades contábeis. Mesmo que houvesse interesse nessas novidades,

as limitações da informática da época - ferramenta de suma importância para coleta e

análises dos dados requeridos pelo custeio por atividade - teriam apresentado sérias

dificuldades à imediata aplicação prática das novas idéias.

Assim, essas idéias hibernaram durante a década de 70, só voltando a germinar com

redobrado vigor, a partir da década seguinte, quando ganhou impulso a difusão da

informática aplicada às atividades administrativas.

Embora pareça inadequado definir uma data ou um episódio como marco inicial do

sistema ABC, é forçoso reconhecer que algumas alterações importantes se processaram

no ambiente econômico entre os anos 70 e 80, determinando o fim da hibernação dos

novos sistemas de custeio e estimulando a sua divulgação.

Entre essas alterações, deve-se citar:

� o rápido crescimento da competitividade entre as empresas, a nível global,

motivada, em grande parte, pela surpreendente evolução dos métodos de

produção e de administração japonesa.

� a crescente procura dos especialistas de ferramentas que melhor espelhassem a

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

Professora: Patrícia Regina Teles de Ávila 35

composição geral dos custos, notadamente no que se referia à alocação de gastos

indiretos.

� adoção, pela indústria, de processos automatizados de produção: os custos de

mão-de-obra declinaram com relação aos demais custos da empresa.

� a proliferação de empresas de grande porte, fabricando uma vasta variedade de

produtos destinada a uma clientela igualmente diversificada, criando a

necessidade, para essas empresas, de técnicas mais apuradas de custeio e de

controle;

� a evolução da aplicação da informática à atividade empresarial. Essa evolução

viabilizou a aplicação prática das novas técnicas contábeis e de manufatura.

Em função dessas alterações do ambiente econômico e com base nos estudos que se

desenvolveram a respeito de novas técnicas de produção e custeio, as empresas

passaram a ser vistas como uma rede de processos e não apenas como um sistema

hierarquizado de departamentos. As decisões e custos incorridos em cada departamentos

afetam o desempenho do outro. Isso se dá principalmente porque os processos

desenvolvidos na empresa não são, na maioria dos casos, iniciados, desenvolvidos e

concluídos inteiramente em um único departamento. A quase totalidade dos processos

empresariais envolve dois ou mais departamentos.

Neste ambiente surgiu o ABC que vem tendo uma grande difusão no mundo todo,

principalmente pelos eficazes esforços de marketing que o acompanham, possuindo

adeptos fervorosos nas comunidades contábeis acadêmicas.

CONCEITUAÇÃO

O ABC (Activity Based Costing) é um sistema de custeio baseado na análise das

atividades significativas desenvolvidas na empresa. Segundo NAKAGAWA (1995), “trata-

se de uma metodologia desenvolvida para facilitar a análise estratégica de custos

relacionados com as atividades que mais impactam o consumo de recursos de uma

empresa”.

Já MARTINS (2000) conceitua o ABC como “metodologia de custeio que procura reduzir

sensivelmente distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos”.

HORNGREN (2000) afirma que o ABC é “um enfoque para se aprimorar um sistema de

custeio. Ele se concentra nas atividades como se fossem os principais objetos de custo.

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Uma atividade é um evento, tarefa ou unidade de trabalho com um determinado propósito.

O ABC utiliza o custo destas atividades como base para distribuir custos para outros

objetos de custo tais como produtos, serviços ou clientes”.

Enquanto os sistemas tradicionais calculam o custo do produto composto por material,

mão-de-obra e custos indiretos de fabricação, o sistema ABC considera todos os recursos

necessários à produção, inclusive despesas comerciais e administrativas, que

tradicionalmente são alocados ao resultado do período. Portanto, pode-se considerar o

custo ABC como um sistema de custeamento total do produto.

OBJETIVO

O objetivo imediato do sistema de custeio ABC é atribuição mais criteriosa de gastos

indiretos ao bem ou serviço produzido na empresa.

CARACTERÍSTICAS

As principais características desse método de custeio são:

• o centro de interesse do sistema ABC concentra-se, fundamentalmente, nos

gastos indiretos, uma vez que os custos primários (mão-de-obra e material

diretos), diretamente atribuíveis aos bens e serviços produzidos, não apresentam

problemas de custeio que não possam ser satisfatoriamente contornados pelos

sistemas de custo convencionais;

• tem como pressuposto a idéia de que os recursos da empresa são consumidos

pelas atividades e não pelos bens ou serviços;

• é utilizado como ponto de apoio diante da competitividade das empresas;

• baseia-se no rastreamento de atividades mais relevantes, visando planejar e

realizar o uso eficiente e eficaz dos recursos da empresa;

• tem fins basicamente gerenciais e não é exigido para fins fiscais e contábeis.

Com relação a uma definição do ABC podemos apresentar a de CHING

(1995:41) que apresenta o ABC como “um método de rastrear os custos de um

negócio ou departamento para as atividades realizadas e de verificar como

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

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estas atividades estão relacionadas para a geração de receitas e consumos dos

recursos”.

Assim, no ABC as atividades se tornam o foco para o cálculo e controle dos

custos. Pois, os recursos são apropriados às diversas atividades que compõem

os principais processos da empresa (centros de atividades) através dos

direcionadores de custo de primeiro estágio ou direcionadores de recursos. Em

seguida, procede-se a distribuição dos custos das atividades para produtos, em

função do nível de consumo das atividades por cada produto. São utilizados

nessa distribuição os direcionadores de custo de segundo estágio ou

direcionadores de atividades.

Esta seqüência acima descrita pode ser visualizada através da figura 1,

que demonstra graficamente a apropriação dos custos através da metodologia

ABC, segundo SAKURAI (1997:99

Figura:1-Apropriação dos custos

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Mão-de-obraCusto de

Preparação

Focos de custos

Cada produtoCada produto

Custos deSupervisão

Focos de custos O O O O O O

Processo de fabricação Processo de acabamento

(Recursos)

Estágio 1 :

Direcionadoresde recursos

Estágio 2 :

Direcionadoresde atividades

(Centros de

atividade )

Fonte: SAKURAI (1997:99)

KOLIVER (1994:13) destaca que o ABC está baseado na identificação das atividades necessárias para a obtenção do produto, e não somente na produção propriamente dita, como muitos métodos de análise de custos. Pois, é determinante para o ABC a identificação das atividades que consomem os recursos.

ATIVIDADES

Fundamentalmente, o ABC é direcionado para as atividades, para isso, temos que ter o

domínio do que é a mesma na visão do ABC. Assim, CHING (1995:41) diz que atividade,

retrata-se através do consumo de recursos para produzir um produto ou serviço.

NAKAGAWA (1994:42) definindo atividade diz que a mesma é: “um processo que combina, de forma adequada, pessoas, tecnologias, materiais, métodos e seu ambiente, tendo como objetivo a produção de produtos”.

Logo, as atividades são o resultado da combinação de recursos como pessoal, tecnologia,

materiais e ocupação tendo como finalidade dar origem a um produto ou a prestação de

um serviço.

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É fator determinante para o ABC a definição das atividades que compõem o processo de

produção de um produto e para análise das mesmas, segundo KOLIVER (1994:13)

devem ser observados os seguintes passos:

• Obtenção de um quadro que explicite “por que” e “como” os custos são incorridos;

• Separação dos custos que agregam e os que não agregam valor ao produto;

• Avaliação das possibilidades de influência e modificação dos geradores de custos;

• Envolvimento das gerências, especialmente no que se refere à geração de custos e

percepção de desperdícios de qualquer tipo.

A alocação dos custos às atividades pode ocorrer em alguns dos vários níveis em

que se dividem as atividades. As subdivisões das atividades são, de forma

comum, denominadas ou inseridas em uma hierarquia. Em função da alocação de

recursos a hierarquia das atividades pode ser decomposta nos seguintes

elementos:

Função : é uma agregação de atividades que são agrupadas para atingirem um

propósito comum.

Processo de Negócio : é uma cadeia de atividades relacionadas entre si,

interdependentes, abrangendo em muitos casos mais de um departamento, cuja

agregação faz surgir os fatores necessários para a concepção dos produtos.

Atividades : são ações necessárias para se atingir às metas e objetivos de uma função.

Tarefa : é a maneira como se realiza a atividade. É um dos elementos básicos da

atividade, sendo formada por um conjunto de operações.

Operação : é a menor unidade possível de trabalho para executar uma atividade.

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A escolha do nível de detalhamento da atividade está diretamente relacionada ao escopo

do trabalho e à necessidade de uma análise mais apurada ou não do consumo de

recursos pelas mesmas.

DIRECIONADORES DE CUSTOS

Após o detalhamento das atividades é necessário conhecer fatores que influenciam as

mesmas, ou seja, fatores que se direcionam para as atividades que são os chamados

direcionadores de custos.

Segundo NAKAGAWA (1994:74) os direcionadores de custo (cost drivers) “é uma

transação que determina a quantidade de trabalho (não a duração) e, através dela, o

custo de uma atividade. O mesmo autor revela que o direcionador de custo pode ser

definido como “um evento ou fator causal que influencia o nível e o desempenho de

atividades e o consumo resultante de recursos.

LEONE (1997:263) destaca que os direcionadores de custos “estão fundamentados nas

características dos processos e das atividades, o que os estudiosos denominam de

“transações”.

Alguns autores destacam que os direcionadores de custo é a principal diferença entre a

metodologia ABC e as metodologias clássicas. Considerando que o ABC através dos

direcionadores de custo aumentou as bases de distribuição de custos, antes reduzidas a

poucos direcionadores baseados geralmente no volume produzido, no nível de consumo

de material direto, na mão-de-obra direta etc.

Com relação à quantidade de direcionadores de custos, NAKAGAWA (1994:74-75)

destaca que os mesmos variam de acordo com os seguintes fatores:

a. objetivos (pricing, redução de custos, avaliação de desempenho, investimentos,

melhoria de qualidade, flexibilidade, lead time etc.) e acurácia da mensuração que se

deseja obter através do ABC que está sendo desenhado;

b. participação relativa (%) dos custos indiretos das atividades agregadas analisadas

sobre o custo de conversão, em termos de número de itens (contas) e de seus

valores;

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

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c. da complexidade operacional da empresa , em termos de produtos (diversidade de

volumes, materiais utilizados, tamanhos, mix, número de partes/componentes,

tecnologias etc.) e de clientes (diversidade de clientes/mercados atendidos, número

de itens vendidos, sistemas/canais de distribuição etc.);

d. disponibilidade de recursos da empresa (financeiros, humanos, sistemas de coleta e

processamento de dados, tempo, cultura etc.).

OBJETOS DE CUSTEIO

Os objetos de custeio representam à etapa final da alocação dos custos na metodologia

ABC. Os objetos de custeio podem ser representados por produtos, família de produtos,

clientes ou mesmo uma região.

CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES: UM SISTEMA DE CUSTEI O?

Podemos fazer algumas considerações sobre o sistema de custeamento por

atividades, questionando-o se é realmente um sistema de custeamento, ou se

trata de um método que busca identificar com mais precisão os custos

identificados a um determinado produto. Diversos autores vão por esse

raciocínio afirmando que o ABC é um método de análise de custo e não um

sistema de custeamento, com o qual concordamos, pois, trata-se de um método

de custeamento por absorção em que se procura com determinadas técnicas

estabelecer o máximo possível a identificação dos custos, tornando-os diretos

aos produtos, mediante as atividades que são a eles direcionadas, diminuindo

conseqüentemente os custos indiretos a limites mínimos e logicamente as

arbitrariedades dos processos de rateio tão criticados nos denominados

“sistemas de custeio tradicional”. Como é o caso de Nakagawa, citado por

KOLIVER (1994:13) quando afirma: “Resumidamente, podemos dizer que o

método de Custeio Baseado em Atividade (ABC) é um modelo de análise de

custos, que tem por objetivo contribuir para a gestão do processo de mudanças

necessárias para a empresa se tornar competitiva a nível global”.

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

Professora: Patrícia Regina Teles de Ávila 42

Convém destacar conforme diz NAKAGAWA (1994:41) que “podem-se observar

também diversas empresas preocupadas em usar o ABC para avaliar

inventários, ou seja, para fins de elaboração de balanços e outros relatórios

financeiros complementares. Embora isto seja perfeitamente possível, desde

que feito de maneira adequada, a área de eficácia do ABC ainda é a da análise

estratégica de custos”. Logo, evidencia-se que em termos de sistema o mesmo

não foi assim concebido, e para ser um sistema de custeio necessitaria uma

maior estruturação, para ser capaz de responder aos objetivos determinados

pelo mesmo.

Assim, o custeamento por atividade (ABC) é um método que procura minimizar

os custos fixos a limites toleráveis no intuito de buscar identificar ao máximo

possível o custo real dos produtos.

Não concordamos que o ABC seja uma técnica conforme conceitua Ursy citado

por LEONE (1997:254-255) “é uma técnica de custeamento em que os custos e

despesas indiretos são apropriados a várias unidades através de algumas

bases que não são relacionados aos volumes dos fatores de produção”.

Acreditamos que o mesmo tem bastante difundido os procedimentos que são

adotados para a mensuração dos custos mediante as atividades, e grande rigor

para o estabelecimento das mesmas.

Vale salientar que fundamentalmente a grande vantagem do ABC está no

melhor e mais racional rastreamento dos custos indiretos. Bem como, na

segregação em seus relatórios dos custos que agregam valor ao produto dos

que não agregam, sempre sob a ótica do cliente (externo ou interno),

independentemente de serem os custos fixos ou variáveis. Pois, essas

informações permitem também a tomada de decisões gerenciais com a

finalidade de eliminar custos que não adicionam valor ao produto e que podem

ser eliminados sem que os atributos do produto sejam afetados, o que favorece

a competitividade da empresa.

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Exercício:

1) A empresa Rede Services dedica-se à prestação de dois serviços, na área de informática:

� Montagem e manutenção de Homepages (páginas na internet): Serviço A: Receita Líquida no período = $ 860.965 � Instalação e manutenção de rede interna em empresas (Intranet): Serviço B: Receita Líquida no período = $ 1.262.273 Em determinado período, foram registrados os seguintes custos diretos: Serviço A Serviço B Depreciação de veículos -0- 20.000

Salários e encargos sociais do pessoal 100.000 130.000 Depreciação de equipamentos de processamento de dados 80.000 15.000 Softwares e Hardwares utilizados 45.000 380.000 Energia elétrica 170.000 -0- Os Custos Indiretos, comuns aos dois serviços, foram de $500.000 para o mesmo período. Através de entrevistas, análise de dados na contabilidade etc., verificou-se que os custos indiretos referiam-se às seguintes atividades: Atividade $ Treinar e aperfeiçoar pessoal 150.000 Realizar manutenção preventiva 110.000 Realizar manutenção corretiva 80.000 Supervisionar Serviços 70.000 Controlar a qualidade dos serviços 90.000 TOTAL 500.000

Lista de possíveis Direcionadores de Custos:

Serviço A Serviço B

N° de horas de manutenção preventiva 200 1.400 N° de horas de manutenção corretiva 80 320 Tempo dedicado pelos supervisores 15% 85% N° de horas de treinamento 100 300

N° de pontos de inspeção de controle de Qualidade 2

8

Quantidade de Homepages montadas 80 -0- Quantidade de redes instaladas -0- 15 Pede-se para calcular: a) o valor dos custos indiretos, por tipo de serviço, segundo o rateio com base no custo direto; b) idem, segundo o Custeio Baseado em Atividades (ABC); e c) a margem bruta de lucro, em porcentagem, por tipo de serviço, e no total, segundo o Custeio Baseado em Atividades (ABC).

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UNIDADE VI – PRODUÇÃO CONJUNTA

6.1.1 – Conceituação

É o aparecimento de diversos produtos a partir, normalmente, da mesma matéria-

prima como é o caso do tratamento industrial da quase totalidade dos produtos naturais:

aparecimento de óleo, farelos, etc. (a partir da soja); carne, ossos, sangue, couro, etc. (a

partir do gado de corte); gasolina, querosene, emulsão asfáltica, graxa, etc. (a partir do

petróleo), e outros. Decorrem de um mesmo material diversos produtos conjuntos

normalmente classificados em co-produtos, subprodutos e sucata.

A produção conjunta não é uma característica própria somente da Produção Contínua;

é apenas muito mais comum nesse tipo de empresa; pode ocorrer também na Produção

por Ordem em alguns tipos de indústrias, como a de móveis de madeira por encomenda,

onde, a partir de uma única tora, podem sair peças de diferentes qualidades; que são

também co-produtos, subprodutos e sucatas.

6.1.2 - Definição desses conceitos dentro das empre sas

Há uma variabilidade do conceito de relevância dentro de cada empresa, por isso,

o que uma indústria considera importante dentro do faturamento total, outra julga

irrelevante. Contudo esse problema é inevitável, pois não há possibilidade de se

homogeneizar esse entendimento. Ocorre que os próprios conceitos de Co e Subprodutos

nascem dessas posições relativamente subjetivas e devem segui-las em cada empresa.

Dentro dessa forma preconizada de se proceder, só são atribuídos custos aos Co-

produtos, o que simplifica bastante os problemas da Contabilidade de Custos.

6.1.3 – Ponto de separação

O valor de mercado de cada Co-produto pode ser possível apenas para ele na

forma de totalmente acabado, ou seja, depois que tenha passado por processamentos

adicionais e subseqüentes, ou pode ser encontrado para a fase de semiprocessamento

(no ponto de separação), que ocorre logo após ter sido fabricado pelo processo conjunto.

Após o ponto de separação, os custos adicionais serão apropriados individual e

especificamente em cada Co-produto.

No quadro a seguir, podemos observar alguns contextos em que ocorre o

chamado “ponto de separação”.

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INDÚSTRIA PRODUTOS NO PONTO DE SEPARAÇÃO

AGRICULTURA

Bovinos

Leite in natura

Aves

INDÚSTRIA EXTRATIVA

Carvão

Minério de ferro

Petróleo

Sal

INDÚTRIA QUÍMICA

GLP (gás liquefeito de petróleo) bruto

INDÚSTRIA DE SEMICONDUTORES

Fabricação de Chips de Silício

Corte de carne, tripas, couro, ossos, gordura.

Nata, Leite desnatado.

Peitos, asas, coxas, pernas, papo, penas, e

farinha.

Coque, gás, benzeno, piche, amônia.

Cobre, prata, chumbo, zinco.

Óleo cru, gasolina, GLP Bruto, graxa.

Hidrogênio, cloro, soda cáustica.

Butano, etano, propano.

Chips de memória de diversas características

como: capacidade, velocidade, expectativa de

vida e tolerância de temperatura.

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6.2 - PRODUÇÃO POR ORDEM OU ORDEM DE PRODUÇÃO

6.2.1 – Conceitos

O sistema de acumulação por ordem se caracteriza pela apropriação dos custos

para cada produto ou lote de produtos, identificando-os e somando-os diretamente ao

produto ou ao lote. Como o relatório usado por este tipo de sistema de acumulação é a

ordem de produção, daí seu nome, sistema de acumulação por ordem.

HORNGREN (2000) afirma que em um sistema de acumulação por ordem, “os

custos são acumulados a uma determinada unidade ou lote de um produto ou serviço.

Considera-se uma ordem uma empreitada que consome recursos para trazer um

determinado produto ou serviço ao mercado. O produto ou serviço é freqüentemente feito

sob medida ou encomenda”.

Devido a estas características, as empresas que mais utilizam o sistema de

acumulação por ordem são as indústrias pesadas, algumas indústrias de móveis,

fabricantes de equipamentos especiais, gráficas, construção civil, empresas de auditoria,

consultoria, etc. São aquelas empresas que trabalham com produtos heterogêneos, em

pequenos volumes, para clientes específicos e com processo de produção intermitente e

mais demorado por unidade. O tratamento contábil dado a este tipo de sistema de

acumulação consiste na acumulação dos custos em contas específicas do ativo. Estas

contas recebem custos até o encerramento da ordem. Com o encerramento da ordem, o

custo é transferido para estoques de produtos acabados ou custos dos produtos vendidos

(CPV).

CATELLI (1972), em sua tese de doutorado, utiliza as afirmações de Lang,

McFarland e Schiff para apontar as vantagens da acumulação de custos por ordem:

“1. Possibilidade de descobrir quais ordens são lucrativas e quais não o são.

2. Uso do custo de Ordem de Produção como base para a estimativa do custo de

produto similar no futuro.

3. Usado como base para controle de produção.

4. Usado em contratos de serviços onde o custo determina o preço de venda”.

A desvantagem apontada nesta tese referente aos sistemas por ordem é o custo da

manutenção dos serviços burocráticos envolvidos ou próprios do sistema.

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6.2.2 – Características Básicas

� Os custos reais são determinados por tipo de produto ou serviços.

� A Ordem de Produção é utilizada para acumular o Material Direto, a Mão-de-Obra

Direta, e a parcela correspondente aos CIF calculados por meio de taxas da

absorção.

� Somente quando a Ordem de Produção (OP) é terminada ou mediante o

levantamento de um inventário físico, pode-se saber o custo real de fabricação do

produto.

� O custeamento por Ordem de Produção é usado em empresas, cuja produção é

intermitente e cujos produtos ou lotes de produtos podem ser perfeitamente

identificados no processo de fabricação. Isso ocorre principalmente em relação à

produção não padronizada ou produção não repetitiva.

� Os custos incluídos nas Ordens de Produção, enquanto estas não estão

completadas, passam a compor o estoque de produtos em processo.

6.3 - PROCESSO DE PRODUÇÃO CONTÍNUA:

6.3.1 - Conceitos

É a técnica de custeamento por acumulação em que os produtos são padronizados, a

produção é contínua e a demanda é constante. Uma forte característica deste sistema de

acumulação é a elaboração de poucos produtos de forma seriada, ou seja, grande

quantidade de unidades produzidas do mesmo produto de forma contínua para estoque.

HORNGREN (2000) afirma que “o custo de um produto ou serviço é obtido pela média

dos custos acumulados a uma grande quantidade de unidades similares.

Freqüentemente, itens idênticos são produzidos em grande escala, para venda em geral,

não para cliente específico”.

Já MARTINS (2000) afirma que “produção contínua ou por processo reside na elaboração

do mesmo produto de forma continuada no mesmo período... São apropriados os custos

por tempo (mês, por exemplo), para divisão pelo número de unidades feitas, chegando-se

assim ao custo de cada unidade”.

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Devido a estas características, as empresas que mais utilizam o sistema de acumulação

por processo são aquelas que fabricam produtos idênticos ou quase idênticos, tais como

cimento, químicas, de petróleo, de álcool, de açúcar e também indústrias de serviços, tais

como saneamento básico, telefonia, energia elétrica, etc.

5.3.1.1 - Características Básicas

a - Os custos são acumulados contabilmente na conta geral “Produtos em Processo”,

constituindo o razão analítico as diversas fases da fabricação que são denominadas de:

Processos, Departamentos, Seções ou Centros de Custos. Estas contas sempre são

encerradas ao final do período, não havendo encerramento das contas ao final da

elaboração do produto.

b - O custo unitário é calculado tomando-se o custo total acumulado nas diversas fases de

fabricação e dividindo-o pelo número de unidades produzidas nessas fases, ou seja, usa-

se o custo médio do período e não o custo apurado por unidade.

c - Para o cálculo do custo médio do período, utilizam-se conceitos como grau de

acabamento e unidades equivalentes de produção, pois nem sempre todos os produtos

encontram-se acabados no final do período.

d - O custo das unidades prontas em um processo se destina a compor o lançamento

contábil de transferência para o processo subsequente;

e - A produção completada em um processo vai constituir o Material Direto do processo

imediato.

6.3.2 – Produção Equivalente

É uma técnica para calcular o custo médio por unidade, quando existem produtos

em elaboração nos finais de cada período, com o objetivo de distribuir os custos de

produção aos produtos acabados e em elaboração.

Os produtos em elaboração são comparados aos produtos acabados,

considerando o grau de acabamento.

Segundo GUERREIRO (2000), o grau de acabamento “deve representar quanto

uma unidade em processamento recebeu da carga de custos que seria necessária para

iniciá-la e terminá-la completamente”. Ainda segundo GUERREIRO (2000), “o montante

de unidades equivalentes de produção corresponde ao montante de unidades em

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

Professora: Patrícia Regina Teles de Ávila 49

processamento convertidas em unidades prontas através da aplicação do grau de

acabamento definido”.

6.3.3 – Críticas ao Sistema de Custeamento

CATELLI (1972) levanta as seguintes desvantagens na utilização da acumulação por

processo;

1. A impossibilidade de determinação dos custos até o final do período, o que provoca

retardamento na preparação dos demonstrativos.

2. Os custos unitários médios não são sempre precisos porque nem sempre as unidades

são completamente homogêneas.

3. A computação dos custos médios é feita com maior dificuldade quando são fabricados

produtos diferentes.

4. As imprecisões no custo unitário se refletem nos valores de inventário dos produtos em

processo, produtos acabados e custo de manufatura dos produtos vendidos.

6.3.4 - Distinção entre Produção por Ordem e Produç ão Contínua

Existem dois fatores que determinam o tipo de Custeio, se por Ordem ou por

Processo (Contínuo): a forma de a empresa trabalhar e a forma como eles encerram e

apuram os custos. Quanto à forma, basta lembrar que se a empresa trabalha produzindo

produtos iguais de forma contínua (um ou vários), fundamentalmente para estoque, isto é,

para venda posterior, terá já caracterizada sua natureza. Se produzir com o intuito de

atender a encomendas dos clientes ou, então, se a produção é feita para vendas

posteriores, mas de acordo com determinações internas especiais, não de forma

continua, já se terá incluído as características de Produção de Ordem.

Apesar das diferenças encontradas nos dois sistemas, muito comumente,

encontramos empresas que trabalham parte de uma forma, parte de outra; uma indústria

automobilística, por exemplo, pode produzir o carro de uma forma contínua até certo

ponto e, a partir daí, por ordem, de acordo com algumas especificações: de acabamento,

cor, acessórios, etc.

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

Professora: Patrícia Regina Teles de Ávila 50

Inúmeras vezes, por outro lado, procede-se a algumas mudanças em função de

conveniência. Por exemplo, uma empresa pode ter uma encomenda que leve cinco

meses de trabalho; em vez de custear como se fosse uma ordem, faz um custeio como se

fosse uma produção contínua durante esse tempo. Talvez muitas das produções em série

não passem de ordens de longa duração, como produção de certos eletrodomésticos, de

alguns modelos de automóveis, etc. Pode também ocorrer de a empresa trabalhar em

série durante certo tempo com determinado produto, mas desejar custeá-lo como se fosse

uma grande ordem para avaliar seu resultado global.

6.3.5 - Equivalente de Produção:

Na apuração dos Custos por Processo, os gastos da produção são acumulados por

período para aproximação às unidades feitas. Suponhamos, num primeiro caso

extremamente simples, que um único produto seja elaborado, e que os seguintes dados

estejam disponíveis:

- Custo de Produção do Período (Diretos e Indiretos): $5.000.000,00

- Unidades Produzidas: 20.000 (iniciadas e acabadas no período)

O Custo Unitário será então a média: $5.000.000 / 20.000 unidades = $250,00 por

unidade

Suponhamos que no período seguinte existam esses outros dados:

- Custos de Produção do Período: $5.544.000,00

- Unidades iniciadas no período: 23.000

- Acabadas: 21.000

- Em elaboração no fim do 2º período: 2.000

Essas 2.000 unidades em elaboração estão “meio acabadas” isto é cada uma delas

recebeu metade de todo o processamento necessário.

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

Professora: Patrícia Regina Teles de Ávila 51

Para se calcular agora o custo médio por unidade, não podemos dividir os $5.544.000,00

nem por 21.000 nem por 23.000 unidades; é necessário o seguinte raciocínio:

21.000 acabadas vão entrar no cálculo pelo valor integral 21.000

2.000 semi-acabadas receberam, cada uma, metade do processamento; isto significa

que se todo o custo aplicado nessas 2.000 unidades fosse utilizado para início e término

de outro lote, ter-se-ia conseguido iniciar e acabar 1.000 unidades; logo, o equivalente em

acabadas de 2.000 unidades “meio acabadas” é 1.000

Equivalente Total de Produção 22.000

Custo médio de cada unidade totalmente acabada:

$5.544.000,00 / 22.000 unidades = $252,00 por unidade

Os $5.544.000,00 serão então distribuídos:

Produção Acabada: 21.000 unidades X $252,00 / unidade $5.292.000,00

Produção em andamento: 2.000 unidades X ½ X $252,00 $ 252.000,00

Total $5.544.000,00

Suponhamos agora que no terceiro período ocorra:

- Custos de Produção do período: $5.278.000,00

- Unidades novas iniciadas: 20.500

- Unidades em elaboração no fim do 3º período: 1.800, “1/3 acabadas”

- Unidades acabadas: 2.000 (iniciadas no 2º período) + 20.500 (iniciadas no 3º período)

menos 1.800 (não acabadas) = 20.700

O número total de unidades trabalhadas no 3º período será de 22.500 (término das 2.000

anteriores mais 20.500 novas iniciadas), mas o Equivalente de Produção terá que ser

calculado:

Para término das 2.000 unidades iniciadas no 2º período, gastaram-se os primeiros reais

do 3º; e esse gasto para fazer a segunda metade das 2.000 seria o necessário para iniciar

e terminar outras 1.000; logo, 2.000 X ½ 1.000 unidades

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Das 20.500 novas, 1.800 não foram acabadas; assim foram iniciadas e terminadas no 3º

período (20.500 – 1.800) 18.700 unidades

O que se gastou para fazer 1/3 de 1.800 unidades equivaleria, em termos de iniciadas e

totalmente acabas, a 1/3 X 1.800 unidades 600 unidades

Equivalente Total de Produção 20.300 unidades

Custo Unitário do 3º período:

$5.278.000, / 20.300 unidades = $260,00 / unidade

Produção Acabada no 3º período: 20.700 unidades, sendo:

2.000 unidades anteriores, já tendo recebido no 2º período um total de $252.000,00

Mais o necessário ao seu término no 3º de: 2.000 uni. X ½ X $260,/unid. $260.000,00

$512.000,00

18.700 novas: 18.700 unidades X $260/unidade $4.862.000,00

Total Produção Acabada: $5.374.000,00

Produção em andamento no final: 1.800 unidades X 1/ 3 X $260,00 $156.000,00

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UNIDADE VII - Custo Padrão: Custo-Padrão é o custo cientificamente predeterminado para a produção de uma única

unidade, ou um número de unidades do produto, durante um período específico no

futuro imediato. Custo-padrão é o custo planejado de um produto, segundo condições

de operação correntes e/ou previstas. Baseia-se nas condições normais ou ideais de

eficiência e volume, especialmente com respeito à Despesa Indireta de Produção.

Geralmente, os Materiais e a Mão-de-obra baseiam-se nas condições correntes,

equilibradas pelo nível de eficiência desejado, com reservas para as alterações de preços

e taxas.

Conceito: é uma técnica para avaliar e substituir a utilização do custo real, é um

sistema de custeamento de produtos e controle das operações da empresa. Pode ser

considerado como uma previsão ou predeterminação de que os custos reais devem ser

dentro de condições projetadas, servindo como uma base para o controle custos e como

uma medida de eficiência de produção. É o custo planejado de um produto ou serviço.

Padrão Básico: é uma medida-padrão pela qual se comparam tanto os desempenhos

previstos como os reais. Tal padrão não se modifica, a menos que se modifiquem os

métodos de produção, os produtos, ou outros componentes básicos importantes.

Padrão Corrente: é um padrão para um determinado período, para certas condições e

circunstâncias. É uma meta de curto e médio prazos. Leva em conta os fatores de

produção que a empresa realmente tem à sua disposição, como máquina que possui,

mão-de-obra na qualidade que detém ou pode recrutar no período. É o padrão mais

usado pelas empresas.

Finalidade: Controle dos custos, tendo como objetivo o de fixar uma base de

comparação entre o que ocorreu de custo e o que deveria ter ocorrido.

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O custo padrão não elimina o Real, nem diminui sua tarefa; aliás, a implantação do

Padrão só pode ser bem sucedida onde já exista um bom sistema de Custo Real (quer

Absorção, quer Variável ou qualquer combinação entre eles).

O sucesso do custo padrão vai depender do grau de seriedade que a empresa der à

localização e saneamento das diferenças entre o Padrão e o Real, por ocasião de suas

comparações. De pouca ou nenhuma utilidade será o Sistema, se dezenas de relatórios

forem feitos a respeito das variações e ninguém se interessar por sua redução e

eliminação. Perdida a grande função de controle, desaparece a razão de ser do Custo-

padrão. O controle culmina com as medidas de correção, não com os relatórios das

divergências.

Em resumo, o objetivo principal do custo padrão é estabelecer uma medida planejada

que será usada para compará-los com os custos reais ou históricos (aqueles que

acontecem e foram registrados pela Contabilidade) com a finalidade de revelar desvios

que serão analisados e corrigidos, mantendo, assim, o desempenho operacional dentro

dos rumos previamente estabelecidos.

A fixação do custo-padrão não precisa ser imposta totalmente à empresa. É comum a

existência de padrões não apenas para certos produtos ou departamentos, ou para certos

tipos de custos (MP ou MOD). Já que Custo-Padrão é uma forma de controle, instala-se

tal controle onde julgar necessários, não obrigatoriamente em toda a fábrica.

Custo-padrão e Orçamento:

Sabemos que o orçamento é a grande arma global de controle de uma empresa. O Custo

Padrão não deixa de ser uma espécie de orçamento, apenas que tende a forçar o

desempenho da produção por ser normalmente fixado com base na suposição de

melhoria de aproveitamento dos fatores de produção.

Custo-padrão e orçamento estão intimamente ligados. Inclusive, existente o Custo-

padrão, fácil se torna a elaboração do Orçamento da parte relativa à produção, bastando

apenas a definição do volume de vendas. Isso vale para o custo-padrão corrente.

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Contabilização do Custo-padrão:

Não necessariamente o custo-padrão precisa ser inserido na contabilidade. Pode-se

trabalhar com base apenas nos valores Reais, e toda a comparação entre Padrão e Real

ser feita à parte, extra contabilmente, em relatórios especiais.

Pode também haver a inserção dos valores-padrão na Contabilização, com as diferenças

apuradas em contas especiais.

Quando se inserir, em algum ponto, o Custo-padrão na contabilidade, passarão a existir

contas que terão que registrar as variações entre Real e Padrão. O que fazer com essas

variações? Terão que ser eliminadas, e as alternativas são várias, porém, a mais correta

dentro dos Princípios de Contabilidade Geralmente aceitos é a sua distribuição, de tal

forma que, para Balanço, todos os valores de Estoques e de Custos de Produtos

Vendidos voltem a seus valores Reais.

Na hipótese de utilização dos valores-padrão dentro da contabilidade, teremos dois

trabalhos com as variações entre Padrão e Real de cada produto: primeiro, o que fazer

contabilmente com a diferença; segundo, o que é mais importante, como analisar e se

possível, corrigir as divergências.

Análise das Variações:

Compreende-se como variação, qualquer afastamento de uma variável em relação a um

parâmetro pré-estabelecido.

Ao serem obtidos os valores do Custo Real, a primeira providência é sua comparação

com o Padrão, para se aquilatarem as diferenças. Estas precisam ser analisadas antes de

se tornarem medidas para as correções.

Tipos de variações:

a) Variações de preços: qualquer desvio entre o preço estabelecido e o preço realizado.

b) Variações de quantidades: relação entre a quantidade de insumo estabelecida para a

produção e aquela efetivamente incorrida.

c) Variação mista: Efeito das variações de preço na variação de quantidades.

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d) Variação por mudança técnica: é tipicamente o caso de substituição de uma

quantidade de matéria prima por outra substituta.

Variação Padrão X Real: (A variação pode ser favorável ou desfavorável) Suponhamos que uma empresa esteja utilizando o sistema de Custeio por Absorção (método de apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, onde todos os gastos relativos a produção são distribuídos para todos os produtos feitos), tanto para o Padrão quanto para o Real, e tenha tido os seguintes números com relação a um determinado produto: Padrão: Custo total por unidade = $3.400 Real: Custo total por unidade = $3.850 A diferença entre o Custo Real e o Padrão, chamada de variação, é de $450, nesse caso, chamada de Desfavorável, já que o Real é superior ao Padrão. Agora precisamos saber o porquê da existência dessa variação. Para isso precisaremos decompor os valores integrais de $3.400 e $3.850 em seus principais componentes. Suponhamos que sejam os seguintes: Custo-padrão: Materiais Diretos ......... $1.700 Mão-de-obra Direta ..... $950 Custos Indiretos........... $750 $3.400/ u Custo Real Materiais Diretos ......... $1.850 Mão-de-obra Direta ..... $1.050 Custos Indiretos........... $950 $3.850/ u Variação Total Materiais Diretos ......... $150 Mão-de-obra Direta ..... $100 Custos Indiretos........... $200 $450/ u D Variação de Materiais Diretos: Mostra-se uma Variação Desfavorável de $150 nos Materiais Diretos. Admitamos que entrem três itens desse grupo: Matérias-primas X e Y e a Embalagem, com a seguinte decomposição entre quantidades físicas e valores em reais: Custo-padrão: Matéria-prima X : 16 kg x $40,00/kg = $640 Matéria-prima Y : 5 m x $100,00/m = $500 Embalagem: 80 fl x $ 7,00/fl = $560 $1.700/u

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Custo Real: Matéria-prima X : 19 kg x $42,00/kg = $798 Matéria-prima Y : 4 m x $135,50/m = $542 Embalagem: 75 fl x $ 6,80/fl = $510 $1.850/u Variação Total: Matéria-prima X : $158 D Matéria-prima Y : $42 D Embalagem: $50 F $150/u D Na matéria prima X observamos uma variação desfavorável de $158, devido a diferença de quantidade e de preço. Nesta houve não só variação de quantidade (3 kg), como de preço ($2,00/kg). Da variação total dessa MP, quanto é devido à variação de quantidade e preço? Variação de Quantidade:

Variação de Quantidade = Diferença de quantidade X Preço Padrão Se só tivesse havido diferença na quantidade e nenhuma no preço, quanto seria a divergência entre Padrão e Real? Seria de 3g vezes o Preço-padrão: Variação de Quantidade: Diferença de Quantidade x Preço-padrão VQ: 3 kg x $40,00/kg = $120,00 D O Custo Real, caso tivesse havido tão somente diferença na quantidade, seria $120,00 mais caro que o Padrão; de fato, teria o custo total sido de $760,00 (19 Kg X $40,00/kg) Logo, dos $158 totais de Variação Desfavorável, sabemos que $120 se devem exclusivamente ao efeito do consumo maior de 3 kgs. Variação de Preço:

Variação de Preço: Diferença de Preço x Quantidade padrão VP: $2,00/kg x 16 kg = $32,00 D Só que, somando esta Variação de Preço à de quantidade, chegamos a uma Variação total de $152,00, e não à de $158,00, como havíamos determinado para toda Matéria Prima X. Por que essa diferença de $6,00?

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Representação Gráfica

Variação Mista: A área do retângulo interno representa o Custo Padrão, já que representa Quantidade-padrão vezes Preço-padrão. A do retângulo externo representa o custo real, por se tratar de quantidade real vezes preço real. A variação de quantidade, fruto da multiplicação da diferença entre Quantidade-padrão e Real pelo preço-padrão, compõem-se da área hachurada. E a variação de preço, originada pela multiplicação da diferença entre Preços-padrão e Real pela Quantidade-padrão, aparece na forma de área pontilhada. Mas as duas não formam a Variação Total, já que está faltando a inclusão da área em branco representada pela multiplicação da diferença de quantidade pela diferença de preço; esta é a variação mista:

Variação mista = Diferença de quantidade X diferença de preço V.M = 3 kg X $2,00/kg = $6,00 D Como a variação mista é de difícil entendimento, causando às vezes, algumas dificuldades para efeito de análise, teríamos que atribuir essa diferença ($6,00) a um ou a outra variação (Preço ou quantidade).

Variação Mista

Quantidade Real =19 kg

Preço Real = $42

Preço Padrão =

$40

Variação de Preço

Variação de Quantidade

Quantidade Padrão = 16 Kg

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Como é muito mais comum admitir-se que a variação de preço é mais difícil de ser controlada pela empresa, costuma-se então, englobar a variação mista a ela. Teríamos então, outra conceituação para Variação de Preço:

V.P = Diferença de Preço X Quantidade Real (e não Padrão, como antes) V.P. = $2,00 X 19 kg = $38,00 (D) Esta somada à de quantidade ($120,00), somaria então os $158,00 de Variação Total Desfavorável, encontrada anteriormente. Poderíamos ainda, utilizar as três variações da seguinte forma: Variação de Quantidade = 3 kg X $40,00/kg = $120,00 D Variação de Preço = $2,00 X 16 kg = $ 32,00 D Variação Mista = $2,00 X 3 kg = $ 6,00 D Variação Total de Matéria-prima = $158,00 D Possíveis causas de variação de Material direto: - Má elaboração do custo padrão - Falhas no processo de produção - Qualidade do material - Variação cambial - Compras de última hora - Quebra de maquinário Variação de Mão de obra Direta: Toda a variação relativa à Mão-de-obra é analisada da mesma forma que a referente aos Materiais Diretos. Há apenas uma diferença em terminologia, não por alguma obrigatoriedade técnica, mas mais por costume. O que nos materiais diretos é chamado de Variação de Preço tem o nome de variação de taxa { Diferença de taxa (preço) X horas (quantidade) }, a Variação de quantidade é cognominada de Variação de Eficiência ou de uso { Diferença de horas (quantidade) e Taxa (preço) padrão } e a mista não se altera (Diferença de horas e diferença de taxa). Causas prováveis para as variações desfavoráveis de MOD: - Ineficiência de mão-de-obra; - Pessoal desqualificado ou descomprometido; - Inexistência de pessoal treinado para substituir o pessoal em férias; - Padrão em horas muito “apertado”, válido apenas para pessoal de extrema habilidade; - Acréscimo de taxa determinada pela direção ou legislação; - Horas extras; - Greve.

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Levando em consideração a Variação Total de MOD de $100 D, assim distribuída: Padrão: Depto A: 40 h X $12,00 = $480, Depto B: 20 h X $23,50 = $470, $950, / u Real: Depto A: 46 h X $12,50 = $575, Depto B: 19 h X $25,00 = $475, $1.050, / u No Depto. A, teríamos então a seguinte análise: Variação de Eficiência: Diferença de horas X Taxa padrão V.E.: 6 h X $12,00/h = $72,00 D Variação de Taxa: Diferença de taxa X horas padrão V.T.: $0,50/h X 40 h = $20,00 D Variação Mista: Diferença de horas X Diferença de Taxa V.M.: 6 h X $0,50 /h = $3,00 D Variação Total: $95,00 D No Depto. B, ficaria: V.E.: 1 h X $23,50/h = $ 23,50 F V.T.: $1,50 X 20 h = $ 30,00 D V.M.: 1 h X $1,50/h = $ 1,50 F Variação Total: $ 5,00 D Quadro Resumo de Variações:

Padrão Real Var. Total

Var. Qant.

Var. Preço

Var. Mista

Materiais Diretos

MP X 640,00 798,00 158,00 D 120,00D 32,00D 6,00D MP Y 500,00 542,00 42,00 D 100,00F 177,50D 35,50F Embalagem 560,00 510,00 50,00 F 35,00F 16,00F 1,00D

Soma 1.700,00 1.850,00 150,00 D 15,00F 193,50D 28,50F MOD Depto A 480,00 575,00 95,00 D 72,00D 20,00D 3,00D Depto B 470,00 475,00 5,00 D 23,50F 30,00D 1,50F Soma 950,00 1.050,00 100,00 D 48,50D 50,00D 1,50D CIF 750,00 950,00 200,00 D TOTAL 3.400,00 3.850,00 450,00 D

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UUnniiddaaddee 88:: RReellaaççããoo CCuussttoo XX VVoolluummee XX LLuuccrroo

PPOONNTTOO DDEE EEQQUUIILLÍÍBBRRIIOO

6.1 - Conceito

O Ponto de Equilíbrio, também denominado Ponto de Ruptura, nasce da

conjunção dos Custos Totais com as Receitas Totais, ou seja, no ponto de equilíbrio não

há lucro ou prejuízo, pois, o valor total das receitas será exatamente igual ao valor dos

custos e despesas fixos ou variáveis.

Podemos conceituar o Ponto de Equilíbrio como um instrumento de análise que auxilia no processo de tomada de decisão. É uma conseqüência direta do comportamento dos custos diante de um volume de atividade. (Volume de atividade = Produção e Venda). Vejamos o gráfico a seguir:

Até o Ponto de Equilíbrio (PE), a empresa está tendo mais Custos e Despesas do que Receitas, encontrando-se, por isso, na faixa do Prejuízo, acima, entra na faixa do Lucro. Este ponto pode ser definido tanto em unidades (volume) quanto em valores $ .

6.2 – Finalidades:

� Determinar em termos de quantidades, qual é o volume que a empresa precisa

produzir e vender, para que consiga pagar todos os custos e despesas fixas,

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

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além dos custos e despesas variáveis que ela tem necessariamente de

incorrer para fabricar e vender o produto.

� Fornecer condição de análise para a direção da empresa, suportado por

relatórios que demonstre a partir de qual quantidade de venda pode-se

negociar preço objetivando aumentar as vendas.

� Avaliar a lucratividade (ou prejuízo) dos vários níveis de produção e venda.

6.3 – Exemplo:

A partir dos dados a seguir, determine o número de unidades que a empresa precisará

vender para cobrir seus custos fixos e variáveis (Ponto de equilíbrio).

Preço de Venda R$ 500 por unidade

Custo Variável R$ 300 por unidade

Despesa Variável R$ 50 por unidade

Custos Fixos R$ 400.000 por mês

Despesas Fixas R$ 200.000 por mês

A empresa obterá seu Ponto de Equilíbrio quando o total da Receita de vendas for

igual ao somatório dos Custos e Despesas Totais (fixos e variáveis).

Para este cálculo utilizaremos a seguinte fórmula:

Ponto de Equilíbrio em unidades: Custos Fixos Totais + Despesas Fixas Totais

Margem de Contribuição Unitária

A Margem de Contribuição Unitária (M.C.u.)será obtida da seguinte forma:

MC/u = Preço de Venda Unitário – (Custo Variável Un itário + Despesa Variável

Unitário)

Ponto de Equilíbrio em unidades: 400.000 + 200.000 = 4.000 unid.

500 - (300 + 50 )

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Então, quando houver este volume de vendas (4.000 unid.), teremos atingido o

Ponto de Equilíbrio, vejamos:

Receita Total : 4.000 u/mês x R$ 500/u = 2.000.000

Custos Variáveis 4.000 u/mês x R$ 300/u = (1.200.000)

Despesas Variáveis 4.000 u/mês x R$ 50/u = (200.000)

Margem de Contribuição Total 4.000 u/mês x $ R150/u = 600.000

Custos + Despesas Fixas (600.000)

Resultado Líquido 0

A partir da unidade de número 4.001, o valor correspondente a Margem de

Contribuição Unitária que até então contribuía para a cobertura dos Custos e Despesas

Fixas passará a contribuir para a formação do lucro.

Logo, se a empresa vender 4.100 unidades terá um lucro equivalente à soma da

Margem de Contribuição Unitária das 100 unidades que ultrapassaram o Ponto de

Equilíbrio:

100 unidades x R$150/u = R$15.000

Comprovando:

Receita Total 4.100 u/mês x R$ 500/u = 2.050.000

Custos Variáveis: 4.100 u/mês x R$ 300/u = (1.230.000)

Despesas Variáveis 4.100 u/mês x R$ 50/u = (205.000)

Margem de Contribuição Total 4.100 u/mês x R$ 150/u = 615.000

Custos + Despesas Fixas (600.000)

Lucro Líquido 15.000

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6.4 - PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL , ECONÔMICO E FINANCEIRO

O exemplo anterior demonstra o Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC), mas, temos

também que analisar o Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) que está relacionado com o

lucro desejado, pela Empresa.

Se uma empresa tem as seguintes características:

Preço de Venda R$ 8.000 por unidade

Custo Variável R$ 5.000 por unidade

Despesa Variável R$ 1.000 por unidade

Custos Fixos R$ 2.500.000 por ano

Despesas Fixas R$ 1.500.000 por ano

6.4.1 - PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL – PEC

PEC: Custos Fixos Totais + Despesas Fixas Totais

Margem de contribuição unitária

PEC: 2.500.000 + 1.500.000 = 2.000 u/ano ou $ 16.000.000/ano de Receitas

8.000 - (5.000 + 1.000)

Dessa forma, se a empresa vender 2.000 unidades no ano estará com seu

resultado contábil igual a zero, mas, um resultado contábil nulo significa que,

economicamente, a empresa está perdendo pelo menos os juros do capital próprio

investido.

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6.4.2 - PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO – PEE

Supondo que esta empresa tenha tido um Patrimônio Líquido no início do ano de $

10.000.000, colocados para render um mínimo de 10% a.a., temos um lucro mínimo

desejado anual de $ 1.000.000 . Assim, concluímos que o verdadeiro lucro da atividade

será obtido quando contabilmente o resultado for superior a este retorno. Logo haverá um

Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) quando houver um lucro contábil de $ 1.000.000 .

O PEE será obtido quando Margem de Contribuição totalizar $ 5.000.000, para

que, deduzidos os Custos e Despesas Fixos de $ 4.000.000, sobrem os $ 1.000.000 de

lucro mínimo desejado:

PEE1: Custos Fixos Totais + Despesas Fixas Totais + Lucro

Margem de contribuição unitária

PEE1: 4.000.000 + 1.000.000 = 2.500 u/ano ou $ 20.000.000/ano de Receitas

8.000 – (5.000 + 1.000)

COMPROVANDO:

Receita Total 2.500 u x $ 8.000/u = 20.000.000

Custos Variáveis 2.500 u x $ 5.000/u = (12.500.000)

Despesas Variáveis 2.500 u x $ 1.000/u = (2.500.000)

Contribuição Marginal : 2.500 u x $ 2.000/u = 5.000.000

Custos + Despesas Fixos (4.000.000)

Lucro Contábil 1.000.000

O Ponto de Equilíbrio Econômico, também poderá ser obtido a partir de um percentual

incidente sobre o preço de venda ou sobre a receita total da empresa.

Neste caso teríamos a seguinte fórmula:

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PEE2: Custos Fixos Totais + Despesas Fixas Totais

Margem de contribuição unitária – Lucro

6.4.3 - PONTO DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO - PEF

O Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF) que está relacionado com a geração de

caixa, o Resultado Contábil e o Econômico não são coincidentes, necessariamente, com

o Resultado Financeiro. Por exemplo, se dentro dos Custos e Despesas Fixos de $

4.000.000 existir uma despesa com Depreciação de $ 800.000, sabemos que esta

importância não irá representar desembolso de caixa.

Dessa forma, os desembolsos fixos serão de $ 3.200.000 / ano; portanto, o Ponto

de Equilíbrio Financeiro (PEF) será obtido quando conseguirmos obter uma Margem de

Contribuição Total nessa importância:

PEF1: Custos Fixos Totais + Despesas Fixas Totais (Desembolsáveis)

Margem de contribuição unitária

PEF1: 4.000.000 - 800.000 = 1.600 u/ano ou $ 12.800.000/ano de Receitas

8.000 – (5.000 + 1.000)

Se a empresa estiver vendendo nesse nível, estará conseguindo equilibrar-se

financeiramente, mas estará com um prejuízo contábil de $ 800.000, já que não estará

conseguindo recuperar-se da parcela “consumida” do seu Ativo Imobilizado.

Não estará, também, conseguindo remunerar o acionista que deseja um retorno de

10% sobre o investimento.

Mais importante do que este, todavia, é a elaboração de um segundo Ponto de

Equilíbrio Financeiro (PEF2), que leve em consideração parcelas financeiras de

desembolso obrigatório no período que não estejam computadas nos Custos e Despesas.

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

Professora: Patrícia Regina Teles de Ávila 67

Exemplo: Supondo que além do pagamento dos custos e despesas fixas, que somam $

3.200.000, a empresa tenha contas a pagar líquido (já deduzido as disponibilidades e o

contas a receber) no valor de $ 2.000.000. Então, sua necessidade de caixa será de $

5.200.000 mais o valor correspondente aos custos e despesas variáveis.

Logo o Ponto de Equilíbrio Financeiro para conseguir este objetivo será:

PEF2: Custos Fixos + Despesas Fixas Desembolsáveis + Amortização do Empréstimo

Margem de contribuição unitária

PEF2: (4.000.000 - 800.000) + 2.000.000 = 2.600 u/ano ou $ 20.800.000/ano de Receitas

8.000 (5.000 - 1.000)

A forma apresentada acima é de fato uma hipótese simplista para o cálculo do

Resultado Financeiro, pois estamos admitindo todas as receitas recebidas e todos os

custos e despesas (exceto a depreciação, é claro) pagos; mas também podemos admitir

que o conceito de “Caixa” seja ampliado para “Disponível + Valores a Receber de Clientes

- Valores a Pagar a Fornecedores dos Insumos (Bens e Serviços)”. Poderia também ser

calculado outro Ponto de Equilíbrio Financeiro que levasse em conta eventuais

divergências entre os prazos de pagamento e recebimento.

6.5 - PONTO DE EQUILÍBRIO ENVOLVENDO DOIS OU MAIS PRODUTOS

Para calcular o ponto de equilíbrio envolvendo dois produtos é necessário

determinar o mix de vendas, ou seja, qual a proporção de vendas de cada produto em

relação ao total, com isso, se torna possível calcular a Margem de Contribuição Unitária

Ponderada.

Supondo a loja de roupas VIA VENENO, para cada quatro produtos vendidos,

vende-se três camisas e uma calça, considerando os dados abaixo vamos calcular o

Ponto de Equilíbrio.

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

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Camisa Calça

Preço de Venda unitário 10,00 20,00

Custo Variável unitário ( 6,00 ) (10,00)

Margem de Contribuição 4,00 10,00

Mix 75 % 25 %

Custo Fixo Mensal: $ 550

PRIMEIRO PASSO: Calcular a Margem de Contribuição Unitária Ponderada

Camisa Calça P/ Unid.

Preço de Venda 7,50 5,00 12,50

Custo Variável (4,50) (2,50) (7,00)

Marg. Contribuição 3,00 2,50 5,50

SEGUNDO PASSO: Calcular quantas unidades total será necessário vender para atingir o

Ponto de Equilíbrio

PE = Custo Fixo 550 = 100 unidades

M.Cont.Unitária 5,50

TERCEIRO PASSO: Calcular quantas unidades será necessário vender por produto para

atingir o Ponto de Equilíbrio

100 unidades total = 75 % de camisas = 75 camisas

25 % de calças = 25 calças

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QUARTO PASSO: Comprovar elaborando o Demonstrativo de Resultado

Camisa Calça Total

Preço de Venda 750 500 1.250

Custo Variável (450) (250) (700)

Margem de Contribuição 300 250 550

Custo Fixo Mensal (550)

Lucro 0

6.6 - GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL

Determina a proporção entre o lucro e o volume comparado com um determinado

nível de vendas, ou seja, serve como instrumento para responder a seguinte pergunta:

Para aumentar o lucro em X% quanto devemos aumentar o volume ?

O Grau de Alavancagem Operacional – GAO é o calculado utilizando a fórmula:

GAO = Porcentagem de acréscimo no lucro

Porcentagem de acréscimo no volume

1º PASSO: escolher aleatoriamente um aumento no volume, por exemplo, 10%.

Uma empresa vende 1.000 unidades e apura um lucro de R$10.000. Se aumentar 10% no

volume passará a vender 1.100 unidades, com isso, seu lucro passará para R$14.000,

conforme o Demonstrativo de Resultado abaixo:

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

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DESCRIÇÃO 1a Situação Valor R$ 2a Situação Valor R$

Receita Líquida 1.000 x 100,00 = 100.000 1.100 x 100,00 = 110.000

Custo Variável 1.000 x 60,00 = (60.000) 1.100 x 60,00 = (66.000)

LUCRO BRUTO 40.000 44.000

Custos e Despesas Fixos (30.000) (30.000)

LUCRO OPERACIONAL 10.000 14.000

2º PASSO: determina-se o GAO.

Houve aumento de 10% no volume e 40% no lucro, então teremos:

GAO = (4.000 ÷ 10.000) x 100 = 40% = 4%

(100 ÷ 1.000) x 100 10%

Assim, a cada 1% de aumento no volume atual corresp onderá a um aumento de 4% no lucro.

3º PASSO: calcula-se o percentual de aumento no volume para atingir o aumento

desejado no lucro.

Aplicando a pergunta: Para aumentar o lucro em 100% quanto devemos aumentar o

volume?

Resposta:

GAO = Porcentagem de acréscimo no lucro

Porcentagem de acréscimo no volume

GAO = 100 % = 25%

4%

CONCLUSÃO : para aumentar o lucro em 100% teremos que aumentar o volume em 25%,

passando de 1.000 para 1.250 unidades.

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

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COMPROVANDO:

Receita Líquida 1.250 unid. x 100,00 = 125.000

Custo Variável 1.250 unid. x 60,00 = (75.000)

Margem de Contribuição 50.000

Custo + Despesa Fixo (30.000)

Lucro 20.000

6.7 - MARGEM DE SEGURANÇA

É o valor compreendido entre o volume real de atividades da empresa (em receitas

ou unidades) e o Ponto de Equilíbrio. Indica o valor de vendas que a empresa pode

diminuir antes que comece a sofrer prejuízos.

Em última análise: Quanto maior a Margem de Segurança, melhor será a posição

da empresa em termos de rentabilidade.

Fórmula....... MS = Receitas (ou unidades) Atuais - Receitas (ou unidades) no PE

Receitas (ou unidades) Atuais

Exemplo:

A empresa S.L. Ltda. apresentou os seguintes dados, relativos ao mês de fevereiro/xx:

Custos + Despesas Fixas R$2.200.000,00 por mês

Preço de Venda R$ 3.200,00 por unid.

Custos Variáveis R$ 1.200,00 por unid.

Despesas Variáveis R$ 400,00 por unid.

Considerando que a empresa esteja operando com um volume igual a 2.000 unidades,

calcule a Margem de Segurança.

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

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Cálculo do PEC:

PE = 2.200.000 / (3.200 – (1.200 + 400)) = 1.375 unidades

MS = (2.000 – 1.375) / 2.000 = 31,25%

Conclusão:

Mesmo que ocorra uma redução de até 31,25% no volume de atividades (vendas) da

empresa S.L.Ltda, a mesma não sofrerá prejuízos.

Exercícios:

1) A empresa Fênix S/A fabrica e vende sapatos masculinos e femininos. Para cada

sapato masculino vendido a empresa vende 04 sapatos femininos. Cada sapato

feminino é vendido por R$159,90 enquanto cada sapato masculino é vendido por

R$239,90.

Os custos variáveis são: R$89,90 para o sapato feminino e R$129,90 para o

sapato masculino.

Os custos fixos da empresa totalizam em R$156.000,00

Calcule o Ponto de Equilíbrio envolvendo os dois produtos.

2) Uma empresa de Auditoria e Consultoria tem a seguinte estrutura de custos e

despesas:

- Aluguel do escritório: R$12.000,00

- Salário dos colaboradores: R$25.000,00

- Energia elétrica do escritório: R$17.000,00

- Despesas administrativas: R$9.500,00

- Depreciação do mobiliário: R$15.000,00

- Despesas com publicidade e propaganda: R$18.000,00

- Despesas com assessoria de imprensa: R$10.000,00

- Despesas financeiras: R$7.500,00

Essa empresa presta vários serviços com os seguintes valores por hora de serviço

prestado:

Consultoria: R$180,00 a hora

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Auditoria: R$200,00 a hora

Assessoria jurídica: R$250,00 a hora

Treinamento: R$120,00 a hora

Os custos e despesas variáveis para cada hora de serviço prestado são:

Consultoria: Despesa variável: R$18,00 – Custo variável: R$90,00

Auditoria: Despesa variável: R$20,00 – Custo variável: R$100,00

Assessoria jurídica: Despesa variável: R$25,00 – Custo variável: R$120,00

Treinamento: Despesa variável: R$12,00 – Custo variável: R$60,00

Para cada 04 horas de treinamento realizado a empresa presta 04 horas de

consultoria, 12 horas de auditoria e 12 horas de assessoria jurídica.

a) Calcule o Ponto de Equilíbrio dessa empresa.

b) Caso os sócios desejem um lucro de R$120.000,00/mês. Qual será o Ponto de

Equilíbrio Econômico a ser estabelecido para essa empresa?

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UNIDADE IX - Formação de Preços com base em Custos:

� Forma de calcular preços de dentro para fora.

� O ponto de partida é o custo do bem ou serviço.

� Sobre esse custo, agrega-se uma margem, denominada markup, que deve

ser estimada para cobrir gastos não incluídos no custo, como: tributos,

comissões de vendas e lucro desejado.

- Suponhamos a seguinte situação:

� Custo Unitário: $8

� Despesas gerais e administrativas (DGA): 10% da receita bruta (estimativa)

� Comissões de vendedores (COM): 5% do preço de venda bruto

� Tributos (IMP) incidentes sobre o preço de venda: 20% do bruto

� Margem de Lucro desejada (MLD): 5% sobre a receita bruta

Estabelecemos o MARKUP, que Será calculado da seguinte forma:

� DGA = 10%

� COM = 5%

� IMP = 20%

� MLD = 5%

� TOTAL = 40% sobre o preço de venda bruto = markup

� O preço de venda (PV) será o custo acrescido de 40% do PV:

PV = $8 + 0,4 PV

PV – 0,4 PV = $8

0,6 PV = $8

PV = $8 / 0,6

PV = $13,33

Por esse método o preço afixado seria: $13,33

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� O preço encontrado seria uma referência, sujeita a ajustes, para mais ou

para menos, de acordo com as condições de mercado e com negociações

específicas com cada cliente.

� Esse método de calcular preços com base em custos é muito utilizado

pelas empresas, porém, apresenta algumas deficiências, como: não

considerar, inicialmente, as condições de mercado, fixar o percentual de

cobertura das despesas fixas de forma arbitrária, etc.

Uso do ABC para fixar preço de venda:

� Com base no ABC tem-se a possibilidade de uma alocação mais racional

de muitos custos e despesas a todos os produtos. Por isso, para determinar

o preço de venda de um produto pelo ABC, basta, após conhecido o custo

mais a despesa global de um produto, adicionar o lucro desejado por

unidade.

Uso do custeio variável para fixação do preço de venda:

� O conceito de Margem de Contribuição poderia ser de grande valia na

fixação do preço de venda.

� Vejamos um exemplo:

Uma empresa, antes de lançar um novo produto, faz, pelo Depto de

Marketing, um levantamento em que prevê: se o produto for colocado a

$1.000,/un., provavelmente serão vendidas 1.000 unidades por mês; se

colocar a $900,/un., provavelmente se conseguirá vender 1.200 unidades

por mês

Calculando a MC:

� Suponhamos que a soma de custos e despesas variáveis do produto seja

de $700,/unidade.

� Hipótese a: 1.000 unidades a $1.000 / unidade. Temos: MC = $1.000 - $700

= $300 /UNIDADE – MC Total: $300.000,

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

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� Hipótese b: 1.200 unidades a $900 / unidade. Temos: MC = $900 - $700 =

$200 /UNIDADE – MC Total: $240.000,

� A melhor opção seria a “a”, bastando checar se a MC total seria suficiente

para cobrir os encargos fixos e ainda fornecer o lucro pretendido.

� Suponhamos agora que os custos e despesas variáveis sejam de

$350,/unidade. Qual seria a melhor decisão????

� Hipótese: a) 1.000 unidades a $1.000, por unidade.

MC = $1.000, - $350, = $650, / unidade

1.000 unidade X $650, / unidade = $650.000 de MC Total

� Hipótese: b) 1.200 unidades a $900, por unidade.

MC = $900, - $350, = $550, / unidade

1.200 unidade X $550, / unidade = $660.000 de MC Total

Disciplina: Contabilidade Gerencial e Custos

Professora: Patrícia Regina Teles de Ávila 77

Bibliografia:

- MARTINS, Elizeu. Contabilidade de Custos . SP: Atlas, 9ª ed.

- IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Custos . SP: Atlas, 1988.

- LEONE, George Sebastião G. Curso de Contabilidade de Custos . SP: Atlas, 1ª ed.

- CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Gerencial . SP: Atlas, 2008, 4ª edição.

- CARDOSO, Ricardo Lopes; MARIO, Poueri do Carmo e AQUINO, Andre Carlos B. Contabilidade

Gerencial . SP: Atlas, 2007.

- PADOVEZE, Clóvis Luis. Contabilidade Gerencial: Um enfoque em sistema de i nformação gerencial.

SP: Atlas, 2004.

- IUDÍCIBUS, Sérgio. Contabilidade Gerencial . 6 ed. São Paulo. Atlas, 1998.

- CHING, Hong Y. Contabilidade Gerencial. Novas Práticas contábeis p ara a gestão de negócios. SP.

Pearson, 2010.

• NOTAS SOBRE A PROFESSORA:

FORMAÇÃO :

• Mestre em Administração Financeira – Faculdades Integradas Dr. Pedro Leopoldo, 2009.

• Pós-Graduada em Controladoria, Auditoria e Tributos pela Fundação Getúlio Vargas, 2001.

• Pós-graduada em Contabilidade Pública e Responsabilidade Social pela Faculdade de Curitiba – UNINTER, 2012.

• Graduada em Ciências Contábeis pelo Unicentro Newton Paiva, 2000.

PRINCIPAIS ATIVIDADES PROFISSIONAIS:

• Professora de diversas disciplinas no curso de Ciências Contábeis da Faculdade Milton Campos, desde 2007, dentre

elas: Contabilidade de Custos, Análise de Custos , Perícia Contábil, Contabilidade e Sustentabilidade Ambiental e

Contabilidade Gerencial.

• Professora de diversas disciplinas desde 2009 no Centro Universitário Izabela Hendrix, dentre elas: Contabilidade de

Custos, História Geral e Doutrinas Contábeis, Perícia Contá bil , Práticas Profissionais e Mercado de Trabalho,

Gestão Estratégica de Custos e Gestão da Administração, Contabilidade e Orçamento Público.

• Coordenadora Contábil na Superintendência Central de Contadoria Geral da Secretaria de Estado da Fazenda de

Minas Gerais, atuando no Projeto de Implantação das Normas de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público na

Contabilidade do Estado, desde 2011.

• Assessora de Controle Interno do Serviço Municipal de Água e Esgoto de Ouro Preto no ano de 2011.

• Professora das disciplinas: Contabilidade de Custos, Análise de Custos, Análise das Demonstrações Contábeis, dentre

outras, no Curso de Ciências Contábeis da Faculdade FABRAI/Anhanguera, no período de 2007 a 2009.

• Professora das disciplinas: Contabilidade Geral e Industrial, Perícia e Auditoria Contábil, dentre outras, na Universidade

Federal de Viçosa, no período de 2004 a 2005.

• Professora das disciplinas: Contabilidade Introdutória, Administração Financeira, dentre outras, na Faculdade de

Viçosa, no período de 2003 a 2005.

• Perita Contadora Judicial.

• Consultora associada da ALL Treinamentos.

• Gerente administrativo, contábil e financeiro na Sociedade de Investigações Florestais, no período de 2003 a 2005.

• Gerente administrativo financeiro na ASIFLOR – Associação das Siderúrgicas para Fomento Florestal, no período de

2005 a 2009.