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  • Ministrio da Educao

    UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARANPR

    Universidade Tecnolgica Federal do Paran Gerncia de Ensino e Pesquisa

    Departamento Acadmico de Mecnica

    QFD

    Desdobramento da Funo Qualidade

    Curitiba-PR

    Junho / 2007

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

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    QFD Desdobramento da Funo Qualidade

    1. Introduo

    O QFD um mtodo de apoio ao desenvolvimento de produtos, que contribui para

    que as expectativas do consumidor sejam nele incorporadas, aumentando, conseqentemente,

    o seu poder de venda. Sendo assim, antes de apresentar o mtodo, abordaremos, de maneira

    sucinta, a definio de desenvolvimento de produtos e em que consiste a qualidade de um

    produto para o consumidor.

    2. Desenvolvimento de produtos

    O desenvolvimento de produtos consiste no desenvolvimento de qualquer item ou

    combinao de itens, desde a sua concepo at o final da linha de produo, considerando,

    tambm, alguns procedimentos que acompanham o produto at o final de sua vida til.

    O processo de projetar um produto uma das etapas do desenvolvimento, a qual

    considerada uma das que mais influencia na qualidade do produto final.

    Slack et al. (1995) definem projeto de produto como um conjunto de tarefas

    executadas pelos projetistas, nas quais eles visam atender s necessidades e expectativas do

    consumidor, segundo a interpretao do grupo que capta informaes do mercado. Os

    projetistas especificam o produto para que essas informaes sejam, posteriormente, utilizadas

    para as operaes que criam e entregam o produto para o consumidor.

    Seguindo essa mesma linha, Clark e Fujimoto (1991) apresentam um modelo

    simplificado, composto por uma seqncia de tarefas necessrias para fabricar e montar

    produtos. O modelo se divide em quatro grandes fases de desenvolvimento: a fase conceitual,

    o planejamento do produto, a engenharia do produto e a engenharia de processo, como

    pode ser visto na Figura 1.

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    DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS INDUSTRIAIS

    ETAPA DE PROJETO conceitual planejamento engenharia

    PLANEJAMENTO DE PROCESSO DE FABRICAO

    MANUFATURA

    Figura 1: Etapas e fases do desenvolvimento de produtos industriais

    Considerando que esse texto tem como objetivo contextualizar em que momento o

    mtodo QFD usualmente aplicado em um processo de desenvolvimento de produtos, as

    quatro fases sero detalhadas, sendo mais enfatizadas as trs primeiras, denominadas por

    etapa de projeto do produto.

    Na primeira fase dessa etapa, chamada de fase conceitual, informaes sobre a

    demanda do mercado, juntamente com as possibilidades tcnicas da empresa e outras

    condies so analisadas e traduzidas no conceito do produto. A concepo bsica do produto

    , na maioria das vezes, verbalizada, utilizando-se alguns recursos visuais de apoio. Ela

    fornece especificaes tcnicas preliminares que visam atender s expectativas dos clientes.

    exatamente nesta primeira fase em que o mtodo QFD pode ser introduzido, aplicando-se,

    nesse momento, a sua primeira matriz, denominada por Casa da Qualidade, a qual ser

    detalhada posteriormente.

    A fase seguinte denomina-se por planejamento do produto, quando os conceitos do

    produto so traduzidos em detalhes especficos para o projeto, incluindo mais especificaes,

    custos, metas de investimentos e escolhas tcnicas. O problema central nessa fase conciliar

    os objetivos da empresa com os requerimentos do produto. Essa fase apresenta a primeira

    oportunidade de interpretar o produto fisicamente, atravs de prottipos ou modelos virtuais.

    Na seqncia tem-se a fase de engenharia do produto, quando se traduz as

    informaes provenientes da fase de planejamento em projetos detalhados do produto. O

    problema dessa fase transformar o produto conceitual em partes e componentes reais,

    satisfazendo em paralelo, os requerimentos dos negcios da empresa (como custo e valor de

    investimento). O produto pr-concebido dividido em componentes, os quais originam

    projetos detalhados e vrios desenhos. Com esses desenhos, em alguns casos, os componentes

    e subconjuntos so convertidos em prottipos, fabricados em materiais semelhantes ao

    previsto. Os subconjuntos so ento montados, constituindo a primeira representao fsica do

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    projeto do produto. Aps testar os prottipos, tanto de alguns componentes, como de

    subconjuntos ou do produto completo, variando de acordo com a necessidade, se verifica se o

    projeto est de acordo com os objetivos iniciais e as definies conceituais. Como auxlio para

    os desenhos e prottipos, recursos computacionais podem ser utilizados, como os sistemas

    CAD (Computer Aided Design), para modelar componentes e produtos, e os sistemas CAE

    (Computer Aided Engineering), para simular os modelos previamente elaborados nos sistemas

    CAD, por exemplo.

    Os desenhos de engenharia podem sofrer alteraes de acordo com o resultado dos

    testes dos prottipos ou das simulaes virtuais. Esse ciclo de projeto, prottipo e teste s

    termina quando o projeto detalhado do produto for oficialmente aprovado, mostrando estar de

    acordo com as expectativas da empresa.

    Aps essa fase, encerram-se as atividades relacionadas diretamente com a etapa de

    projeto do produto. A etapa seguinte relativa engenharia de processo, na qual os

    projetos detalhados do produto so traduzidos em planos de fabricao. As informaes dessa

    fase incluem definies e dados necessrios para a fabricao do produto.

    Quando o incio do projeto do produto no bem elaborado, podem ocorrer

    mudanas de projeto ao longo de todo o ciclo de desenvolvimento. Nesses casos, o projeto

    retorna s suas fases iniciais, demandando alteraes, o que implica em perda de trabalhos

    previamente realizados. Esse um dos fenmenos que se caracteriza como retrabalho ou

    modificaes de projeto, os quais devem ser evitados, considerando que quanto mais tarde

    um projeto alterado, maior o comprometimento do seu custo, tempo de desenvolvimento e

    qualidade (Barkan, 1992).

    3. Planejando um produto com qualidade

    Como foi visto anteriormente, os aspectos includos na especificao do projeto so

    aqueles que sero incorporados ao produto e oferecidos ao consumidor. Por outro lado,

    aqueles aspectos omitidos ou desprezados, provavelmente no sero includos no produto.

    Portanto, muito importante que a especificao do projeto seja bem feita, para que o novo

    produto possa ser desenvolvido corretamente. A questo o que significa desenvolver um

    produto correto.

    A empresa geralmente parte de sua misso para estabelecer os objetivos do

    desenvolvimento de seus produtos. Mas, conseguir o produto certo para a empresa s

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    aumentam as chances comerciais desse produto por um fator de 2,5. Mudando-se o enfoque,

    ou seja, orientando esse produto para o mercado, o fator de sucesso comercial pode aumentar

    em at 5 vezes.

    Orientar o produto para o mercado significa analisar os produtos concorrentes e fazer

    uma pesquisa preliminar de mercado para identificar a melhor oportunidade de

    produto/negcio. A questo como focalizar a orientao do mercado, a fim de determinar as

    qualidades especficas a serem incorporadas ao produto (Baxter,1998).

    3.1 Determinando as qualidades do produto

    Primeiramente, importante saber que a qualidade do produto tem significados

    diferentes para as pessoas que o avaliam. Para um engenheiro, por exemplo, qualidade

    significa adequao aos objetivos e resistncia para suportar a faixa de operaes especificada.

    Para um gerente de produo, qualidade significa facilidade de fabricao e montagem, com

    refugos abaixo dos nveis especificados. Para um engenheiro de manuteno, qualidade o

    tempo de funcionamento adequado de uma mquina e a facilidade para consert-la. Todos

    esses aspectos so importantes para que o produto tenha sucesso e, como veremos, devem ser

    considerados durante a especificao dos padres de qualidade do novo produto.

    Entretanto, deve-se adotar uma postura mais abrangente para se definir a qualidade do

    produto. Deve-se considerar, em primeiro lugar, a percepo do consumidor sobre a qualidade

    deste produto. O modelo mais simples para isso apresentado no grfico A da Figura 2.

    Quanto mais o produto representar as qualidades desejadas pelo consumidor, mais satisfeito

    ele se sentir. Seguindo o mesmo raciocnio, pode-se construir o grfico B, onde a ausncia de

    certas qualidades podem provocar a insatisfao proporcional do consumidor.

    Infelizmente, porm, a satisfao do consumidor no to simples e linear como

    sugerem esses grficos. Nem sempre a presena ou ausncia de certas qualidades no novo

    produto aumentam ou reduzem a satisfao do consumidor, como fazem supor os grficos A e

    B. Os consumidores tm uma certa expectativa bsica sobre um produto que nem sempre so

    percebidas, pois a sua presena considerada como uma coisa normal e no contribui para

    aumentar o sentimento de satisfao. Entretanto, a ausncia dessas qualidades bsicas pode

    provocar uma grande insatisfao.

    Ao comprar um novo carro, por exemplo, todos os consumidores esperam que eles

    tenham quatro rodas. A presena das rodas no provoca satisfao, mas a ausncia delas seria

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    causa de uma grande decepo. As expectativas bsicas da qualidade esto representadas no

    grfico C. No outro extremo, h qualidades do produto denominadas por fatores de

    excitao que provocam grande satisfao quando esto presentes, mas cuja ausncia no

    causam insatisfao (como mostra o grfico D). Isso acontece porque os fatores de excitao

    so requisitos adicionais, que excedem a expectativa bsica.

    Figura 2: Modelo Kano de qualidade (Baxter,1998)

    O primeiro walkman da Sony, por exemplo, continha alguns fatores de excitao que

    se tornaram atrativo para os consumidores; oferecer uma excelente qualidade de som em um

    gravador que podia ser carregado no bolso. Entretanto, antes do aparecimento do walkman, os

    consumidores no manifestavam insatisfao com os gravadores que no cabiam no bolso.

    Portanto, pode-se dizer que os fatores de excitao so capazes de satisfazer as necessidades

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    "latentes" dos consumidores. O grfico E da Figura 2 mostra as expectativas bsicas e os

    fatores de excitao juntos, no modelo proposto pelo Dr. Noriaki Kano.

    Kano sugere que h um outro fator de satisfao do consumidor, situado entre as

    expectativas bsicas e os fatores de excitao, chamado de fator de desempenho. Os fatores de

    desempenho cobrem as qualidades que os consumidores declaram esperar dos produtos. A

    percepo do consumidor sobre a qualidade varia na proporo direta do grau em que o

    desempenho ideal ou mximo do produto seja alcanado. Um carro ideal, por exemplo, deve

    ter um bom estilo, acelerao rpida, direo hidrulica, vidros eltricos, aparelho de CD, ar

    condicionado, baixo consumo de combustvel, entre outros atrativos. Um carro que tenha

    todas essas caractersticas provocar a satisfao do consumidor e aquele que no tiver

    nenhuma delas causar insatisfao.

    Existem, portanto, trs aspectos no modelo de Kano para a qualidade do produto que

    devem ser incorporados ao processo de planejamento do produto, conforme mostra a Figura 3.

    Figura 3: Necessidades bsicas, de desempenho e de excitao

    Excitao 1. Necessidade e desejos no declarados pelos consumidores e aspectos ainda inexistentes em produtos

    concorrentes. 2. Satisfazem necessidades reais, ou seja, no so apenas paliativos. 3. Podem ser extrapolados a partir das pesquisas de mercado para satisfazer as frustraes no

    resolvidas pelos produtos existentes. 4. A ausncia dos fatores de excitao no provoca a insatisfao do consumidor.

    Desempenho 1. Necessidade e desejos declarados para as caractersticas presentes

    em produtos concorrentes. 2. Facilmente acessveis pesquisa de mercado. 3. A presena aumenta a satisfao do consumidor. 4. O baixo nvel de atendimento aos fatores de desempenho provoca

    a insatisfao do consumidor.

    Bsico 1. Necessidades e desejos no

    declarados pelos aspectos tpicos ou normais nos produtos concorrentes.

    2. Dificuldade de descobrir com pesquisa de mercado.

    3. Podem ser descobertos pela anlise dos produtos concorrentes.

    4. A ausncia de qualquer caracterstica bsica no produto causar insatisfao no consumidor.

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    A Figura 3 mostra que existem desejos que os consumidores no declaram e que so

    muito difceis de serem identificados pela pesquisa de mercado, os quais recaem nas

    categorias bsica e de excitao. Os consumidores, por exemplo, no perguntariam se o carro

    tem rodas (caracterstica bsica) ou se o walkman porttil (caracterstica de excitao), antes

    deste ter sido inventado.

    No caso das expectativas bsicas, a melhor maneira de identific-las atravs da

    anlise dos produtos concorrentes. Porm, apesar do atendimento das necessidades bsicas ser

    um pr-requisito para o sucesso do novo produto, desde que essas necessidades estejam

    satisfeitas, no compensa investir muito na melhoria das mesmas. Afinal, a curva das

    necessidades bsicas oferece um retorno decrescente, em termos de satisfao do consumidor,

    para graus crescentes de atendimento, ou seja, a curva tende para uma saturao. Isso significa

    que, a partir de um certo nvel de atendimento, o consumidor no valorizar

    proporcionalmente esse fator. Portanto, a partir desse nvel, qualquer investimento adicional

    no contribuir para aumentar significativamente o valor do produto.

    Em relao aos fatores de excitao, a satisfao dos consumidores tende a crescer

    cada vez mais, proporcionalmente, quando estes so incorporados ao produto. Sendo assim,

    quanto mais fatores de excitao um produto tiver, mais ele se destacar em relao aos seus

    concorrentes. Nesse caso, os fatores de excitao podem ser extrapolados a partir da pesquisa

    de mercado, identificando-se os desejos no atendidos e as frustraes dos consumidores com

    os produtos existentes.

    Quanto aos fatores de desempenho, pode-se dizer que estes aumentam a satisfao

    dos consumidores, mas no tanto quanto os fatores de excitao. De acordo com o modelo de

    Kano, se for alcanado um certo nvel dos fatores de desempenho, a ponto de se evitar a

    insatisfao dos consumidores, todo esforo extra s ter maior retorno se for dirigido aos

    fatores de excitao.

    importante lembrar, porm, que a classificao dessas necessidades no esttica

    no tempo, ou seja, fatores que hoje so considerados de excitao, futuramente passaro

    categoria de desempenho, at se transformarem em uma necessidade bsica. Um exemplo

    clssico a televiso; na dcada de 1950 a TV a cores era excitante. Na metade da dcada de

    1960 j havia se tornado um fator de desempenho, pois era uma das qualidades da TV que

    influa na deciso de compra do consumidor. Hoje em dia, essa caracterstica j se tornou uma

    necessidade bsica, pois praticamente no existem aparelhos de TV preto e branco no

    mercado. Portanto, pode-se dizer que os fatores de excitao funcionam somente uma vez e

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    esto em constante transformao, pois logo so incorporados aos muitos fatores de

    desempenho do produto. Isso significa que os fabricantes devem procurar, continuamente,

    introduzir novos fatores de excitao. Nas TVs, por exemplo, foram adicionados o controle

    remoto, a tela plana, o som estreo e outras inovaes.

    Enfim, pode-se dizer que a criao da qualidade em um produto depende, portanto, de

    um balanceamento adequado entre o atendimento das expectativas do consumidor e um pouco

    de excesso. Afinal, o valor que o consumidor atribui ao novo produto acontece em dois

    estgios. No primeiro, o produto percebido pelo seu nvel bsico e qualquer produto que no

    chegue nesse nvel provocar insatisfao do consumidor. Esse nvel bsico depende de

    algumas caractersticas no declaradas pelos consumidores (itens bsicos) e uma certa

    expectativa em relao ao produto (itens de desempenho). Em um segundo momento, o

    produto pode atrair pelo seu poder de "excitao", mostrando-se acima das expectativas do

    consumidor, ou seja, significa atingir nveis de desempenho superiores aos dos produtos

    concorrentes.

    Um bom planejamento do produto deveria incorporar todos os fatores bsicos e de

    desempenho, acrescentando, tambm, alguns fatores de excitao para que o consumidor tenha

    prazer em consumir o novo produto. Porm, importante lembrar que essa busca por fatores

    de excitao no tem fim, pois aquilo que excitante hoje passa a ser familiar ao consumidor

    logo adiante, perdendo o seu poder de excitao. Portanto, torna-se necessrio substitu-lo por

    outros, em uma busca incessante por inovaes.

    3.2 Especificando a qualidade do produto

    A descrio de uma oportunidade de produto deve ser feita de modo que um

    consumidor possa entend-la. O novo produto deve ser barato, ter mais funes que outros

    produtos semelhantes e um aspecto atrativo. Esse tipo de descrio apresenta diversas

    vantagens; torna-se fcil de entender e fortemente orientado para o mercado. Ele garante os

    requisitos comerciais do produto, sem limitar a criatividade da equipe de projeto para

    introduzir inovaes tcnicas. Alis, seria desaconselhvel substituir a descrio inicial da

    oportunidade de projeto, orientada para o mercado, por uma descrio mais tcnica, pois isso

    provocaria uma tendncia limitadora.

    Entretanto, posteriormente, sero necessrias vrias descries tcnicas para que o

    produto seja desenvolvido, como, por exemplo, a especificao de fabricao, com o

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    detalhamento dos processos de manufatura. Devem ser elaborados os desenhos tcnicos, que

    dificilmente os consumidores entenderiam, mas que so essenciais para a produo industrial.

    Porm, todos esses aspectos so caractersticas internas empresa que devem

    influenciar no atendimento das necessidades do consumidor. Para isso, preciso que as

    descries orientadas para o consumidor sejam convertidas em descries tcnicas para uso

    interno da fbrica.

    A converso das necessidades do consumidor em objetivos tcnicos deve ocorrer at

    mesmo antes de se comear o projeto. A elaborao das especificaes tcnicas, a partir da

    descrio da oportunidade, essencial para o controle de qualidade durante o desenvolvimento

    do projeto. Ou seja, o acompanhamento do projeto do novo produto s pode ser realizado

    satisfatoriamente se houver as especificaes de projeto. Essa documentao importante,

    tambm, para se constatar eventuais desvios, de modo que os produtos considerados

    insatisfatrios sejam rapidamente eliminados, antes que acabem comprometendo mais

    recursos inutilmente.

    O controle de qualidade do desenvolvimento do novo produto tem, portanto, duas

    funes:

    Serve para direcionar o processo de desenvolvimento do novo produto, de modo que este se aproxime, cada vez mais, das necessidades dos consumidores;

    Serve para filtrar o desenvolvimento, permitindo o prosseguimento restrito das alternativas que se aproximam da meta estabelecida, descartando as demais.

    3.3 Convertendo as necessidades do consumidor em objetivos tcnicos

    Ao converter as necessidades do consumidor em objetivos tcnicos, surge a

    dificuldade de se conseguir um equilbrio adequado entre utilidade, preciso e fidelidade. Na

    preparao da especificao do projeto, conseguir utilidade significa produzir especificaes

    teis para controlar a qualidade durante o processo de desenvolvimento do produto. Portanto,

    a especificao do projeto deve ser feita com preciso suficiente para permitir a tomada de

    decises tcnicas e no deve prejudicar a correta interpretao das necessidades e desejos dos

    consumidores.

    Essa tarefa, porm, demorada e no trivial. Os projetistas de produtos devem

    possuir muitas habilidades, incluindo criatividade, competncia tcnica e ateno para os

    detalhes. Tambm importante fazer o planejamento e as especificaes nas etapas iniciais do

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    projeto. Isso aumenta as chances de sucesso do novo produto em at trs vezes, alm de

    suportar o controle de qualidade durante o desenvolvimento.

    Porm, se as especificaes estiverem erradas, um produto pode estar sendo

    devidamente controlado, mas pode estar seguindo em uma direo equivocada. como dirigir

    um carro: uma pessoa pode estar dirigindo bem, mas estar seguindo em uma rota errada.

    Portanto, preciso ter cuidado ao obter as especificaes de projeto para que estas

    reflitam as necessidades do consumidor de forma precisa, fiel e utilizvel. Esse procedimento

    considerado um problema complexo (que envolve diversos estgios), obscuro (porque as

    fronteiras do problema no so bem definidas), multifatorial (porque h muitas variveis a

    considerar) e com muitos eventos acontecendo simultaneamente. Infelizmente, a mente

    humana no consegue trabalhar bem com esse nvel de complexidade. Portanto, nesse

    momento que o mtodo denominado por desdobramento da funo qualidade (QFD - quality

    function deployment) pode ser utilizado como apoio.

    4. Desdobramento da funo qualidade

    Seu conceito pode ser mais bem compreendido a partir de um breve histrico que vai

    desde as primeiras experincias, at as novas aplicaes desta ferramenta, aps

    aproximadamente trs dcadas de evoluo. Pode-se dizer que o QFD comea aps a Segunda

    Guerra Mundial, quando o setor qumico do Japo implanta o Controle Estatstico da

    Qualidade, com a inteno de assegurar a qualidade do produto na etapa de fabricao.

    Desde a segunda metade da dcada de 1950, o Padro Tcnico de Processo (QC

    Process Chart) j vinha sendo utilizado para definir os melhores pontos para controle da

    qualidade durante as fases da etapa de fabricao do produto. Isso significava que, mesmo

    com o desenvolvimento cada vez maior de novos produtos, a qualidade final ainda estava

    sendo obtida atravs de melhorias na linha de produo, ou seja, na etapa de fabricao do

    produto.

    Na dcada de 60, com o grande crescimento industrial do Japo, representado pela

    indstria automobilstica, a necessidade de mudanas constantes nos modelos dos automveis

    acabou exigindo que a qualidade no se limitasse somente etapa de produo, expandindo-

    se, tambm, para a etapa de projeto.

    Naquela poca, o controle de qualidade praticado por todos comeava a adquirir

    maior nfase nas indstrias japonesas, permitindo que o Controle Estatstico da Qualidade

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    evolusse para o Controle Total da Qualidade (TQC). Um novo conceito de garantia da

    qualidade comeava a surgir, substituindo a qualidade controlada atravs de inspees

    pontuais pela qualidade assegurada atravs de processos padronizados e controlados desde o

    projeto at a venda do produto.

    A partir de 1966, foram realizadas as primeiras tentativas de desdobramento da

    qualidade, iniciadas por Dr.Yoji Akao, motivado pela falta de um mtodo para traduzir os

    requisitos de qualidade do projeto para as linhas de produo.

    Os resultados das tentativas de desdobramentos da qualidade, que se seguiram aps

    esta primeira experincia, demonstram que todas as fases do desdobramento da qualidade,

    hoje conhecidas, j aconteciam naquela poca. O estabelecimento da qualidade de projeto,

    porm, ainda no era um conceito dominante e no contava com um mtodo estruturado.

    Somente no incio da dcada de 70 foi que a matriz da qualidade foi aplicada ao projeto de

    navios pelo Estaleiro Kobe. A partir de ento, comeou a se consolidar a idia do

    desdobramento da funo qualidade. As prticas de garantia da qualidade, antes restritas s

    fases de produo, passaram a ser observadas desde o incio do processo de desenvolvimento

    de produtos.

    Entretanto, a implantao do QFD tomou impulso no final da dcada de 70 e incio

    dos anos 80, quando passou a ser amplamente utilizado na indstria automobilstica dos

    Estados Unidos, sendo difundido para os demais setores industriais na dcada de 90.

    Em 1990, Akao define o QFD como o desdobramento sistemtico que envolve todas

    as relaes existentes a partir da converso das exigncias dos usurios em caractersticas da

    qualidade, incluindo a qualidade do projeto, das peas funcionais e do processo de fabricao.

    Para definir o QFD em um sentido mais restrito, Akao utiliza a definio do Dr.

    Shigeru Mizuno: "QFD o desdobramento sistemtico de meios empregados e funes que

    formam a qualidade". O QFD dividido em QD (desdobramento da qualidade, relativo

    garantia da qualidade atravs do projeto) e QFD (desdobramento da funo qualidade, relativo

    garantia da qualidade em todo o sistema e conjunto de processos, desde o projeto at a

    entrega do produto e ps-venda).

    Apesar dessa diferenciao, o QD e o QFD so tratados como sinnimos na grande

    maioria dos textos publicados, ou seja, o QD, utilizado no desenvolvimento de novos produtos

    ou na melhoria de suas caractersticas, tem recebido o nome de QFD. Entretanto, importante

    que fique claro que ambos so distintos. A Tabela 1 resume os conceitos de QD e QFD,

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    esclarecendo as diferenas entre as duas modalidades, apesar desse texto abordar apenas o

    QFD.

    Tabela 1: Diferenas entre QD e QFD

    Nomenclatura Foco Aplicao

    QD (Desdobramento da Qualidade)

    Identifica e traduz as necessidades dos clientes para as fases de

    produo.

    Desenvolvimento e melhoria de produtos

    QFD (Desdobramento da Funo Qualidade)

    Identifica e traduz as necessidades dos clientes para todas as fases do processo de desenvolvimento de

    produtos.

    Padronizao e melhoria de sistemas

    5. Verses do QFD

    Como foi visto, o QFD um mtodo que pode ser empregado durante todo o

    processo de desenvolvimento de um produto e tem como objetivo auxiliar o time de

    desenvolvimento a incorporar no projeto as reais necessidades dos clientes. Por meio de um

    conjunto de matrizes, parte-se dos requisitos expostos pelos clientes e realiza-se um

    desdobramento, transformando esses requisitos em especificaes tcnicas do produto.

    O QFD deve ser aplicado por um grupo multidisciplinar (formado por pessoas-chave

    dos setores que sero envolvidos no desenvolvimento do produto em questo) e os membros

    da equipe devem entrar em comum acordo sobre todas as decises tomadas.

    O mtodo, a partir do trabalho original de Akao, teve algumas evolues, levando ao

    surgimento de diferentes verses, as quais so descritas na literatura nacional e internacional.

    Porm, dentre essas verses, quatro se destacam, conforme citadas abaixo:

    QFD das Quatro Fases: criado por Macabe e divulgado nos EUA por CLAUSING (1993) e pela American Supplier Institute (ASI);

    QFD-Estendido: criado por Don Clausing a partir da verso das Quatro Fases; QFD das Quatro nfases: criado principalmente pelos Professores Akao e Mizuno, a

    partir da Union of Japanese Scientists and Engineers (JUSE) (CHENG et al., 1995 e

    AKAO, 1996);

    A Matriz das Matrizes: uma extenso da verso das quatro nfases (KING, 1989).

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    Para se ter uma idia geral de como se desmembram as matrizes do QFD, o modelo

    das quatro fases de Makabe apresentado na Figura 4 abaixo.

    Figura 4: QFD das Quatro Fases (CLAUSING, 1993, apud OTELINO, 1999)

    A Figura 4 mostra que a tcnica do desdobramento da funo qualidade pode ser

    usada em todo o processo de desenvolvimento do produto e no apenas na etapa de projeto. A

    Casa da Qualidade (1 casa do QFD) desdobrada, de modo que os resultados de uma

    aplicao so convertidos em entrada para a aplicao seguinte. Dessa forma, a qualidade

    pode ser monitorada desde a etapa de projeto do produto at a sua fabricao e montagem.

    O foco desse texto ser a 1 casa, ou seja, a Casa da Qualidade, a qual aplicada no

    incio do projeto, quando se inicia a fase de concepo do produto. Porm, antes que a Casa da

    Qualidade seja detalhada, ser mostrado um exemplo de desdobramento completo na Figura 5,

    considerando as quatro casas do QFD.

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    15

    Figura 5: Exemplo de desdobramento da qualidade, considerando as quatro casas do QFD

    6. Casa da qualidade

    Nas quatro verses do QFD, previamente mostradas, a Casa da Qualidade est

    sempre presente e inicia os desdobramentos. Isso ocorre porque essa matriz a ferramenta

    bsica de projeto do QFD. Inclusive, comum alguns autores descreverem apenas essa casa

    em seus trabalhos, freqentemente aplicada e adaptada a situaes especficas (OTELINO,

    1999).

    Como foi visto na Figura 5, essa matriz auxilia o desdobramento dos requisitos do

    cliente em especificaes tcnicas do produto e permite que sejam estipulados os valores meta

    Produto a ser desenvolvido: percevejo Funo: fixar papis/cartazes em painis

    Pino que no dobre

    Solidez da juno pino-cabea e dimetro do pino

    Material empregado, espessura do pino e tipo de unio pino-cabea

    Tipo de solda empregada, Temperatura de soldagem, Tratamento trmico, etc.

    Definies de como o operador dever executar os processos previamente citados e como dever ocorrer o controle de Q da fabricao (por processo).

    Consumidor

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    16

    para o desempenho dessas caractersticas. A estrutura bsica da Casa da Qualidade est

    representada na Figura 6.

    Tabela dos requisitos dos

    clientes

    Tabela das

    caractersticas do

    produto

    Figura 6: Estrutura bsica da Casa da Qualidade (CHENG et al., 1995)

    A tabela dos requisitos dos clientes (horizontal) a entrada da Casa da Qualidade e a

    tabela das caractersticas do produto (vertical) a sada do sistema, aps os desdobramentos

    realizados nesta matriz. Essas tabelas so constitudas por vrios elementos ou reas, como

    pode ser observado na Figura 7.

    Nec

    essi

    dade

    sFu

    tura

    s

    Req

    uisi

    tos

    Clie

    ntes Matriz de

    Relaes

    Metas-Alvo

    Caractersticas doProduto

    Clie

    nte

    Inte

    rno

    Empr

    esa

    Ger

    al

    GrauImportncia

    Nos

    sa E

    mpr

    esa

    Con

    corr

    ente

    X

    Con

    corr

    ente

    YPl

    ano

    Qua

    lidad

    en

    dice

    Mel

    horia

    Pont

    o V

    enda

    Peso

    Abs

    olut

    oPe

    so R

    elat

    ivo

    AvaliaoClientes

    QualidadePlanejada

    MatrizCorrelaes

    Peso AbsolutoPeso Relativo

    Nossa EmpresaConcorrente XConcorrente Y

    Dificuldade Tcnica

    Peso Corrigido AbsolutoPeso Corrigido Relativo

    Qualidade Projetada

    AvaliaoTcnica

    Figura 7: Os elementos da Casa da Qualidade (OTELINO, 1999)

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    17

    O significado de cada rea da tabela dos requisitos dos clientes (horizontal), mostrada

    na Figura 7, est descrito sucintamente na Tabela 2 abaixo.

    Tabela 2: Significado dos elementos da Casa da Qualidade (matriz horizontal)

    R

    equi

    sito

    s do

    s cl

    ient

    es Expresses dos clientes convertidas (qualitativamente) em necessidades.

    Recomenda-se ordenar os requisitos por afinidades. Algumas das estratgias que podem ser adotadas para o levantamento dos requisitos dos clientes esto explicitadas na Figura 8.

    Cliente (C)

    Grau de importncia que os clientes do a cada requisito. Se o nmero de clientes for pequeno, a prpria empresa pode fazer essa anlise. A escala pode ser relativa ou absoluta: Escala relativa - quando o cliente indica a importncia de cada requisito em

    comparao com os demais (usada quando existem poucos requisitos) Escala absoluta - quando o cliente analisa a influncia de cada requisito em sua

    deciso de compra (recomendvel para muitos requisitos)

    Interno da Empresa

    Classificao da empresa para cada requisito, relacionados como bsico, de desempenho ou de excitao. Atribui-se uma escala numrica para pontuar cada tipo de requisito, conforme a sua importncia para o perfil de produto. Considerar que: 1 As qualidades bsicas s so percebidas quando ausentes; 2 A comparao entre produtos ocorre atravs da avaliao das qualidades de

    desempenho; 3 As qualidades excitantes seduzem os clientes, permitindo que o produto no

    seja comparado com o concorrente, tornando-se um diferencial para as vendas. Necessidades

    Futuras

    Prospeco da importncia dos requisitos quando o produto for lanado no mercado. Avaliao importante quando um produto tem um longo perodo de desenvolvimento (deve-se prever que os requisitos levantados podem no ter mais o mesmo grau de importncia).

    Gra

    u de

    impo

    rtn

    cia

    gera

    l

    Geral

    (G)

    o valor final do grau de importncia de cada requisito, definido em funo da anlise dos trs itens anteriores. O seu clculo no a mdia aritmtica dos trs itens; uma anlise qualitativa. Somente o grau de importncia geral ser considerado para efeito de clculo dos pesos relativos e absolutos. (Ver exemplo na Tabela 3).

    A

    valia

    o

    dos

    Clie

    ntes

    (A

    C)

    Identificao do grau de importncia que os clientes do a cada requisito. Normalmente obtido diretamente com os clientes, que atribuem uma nota a cada requisito. Essa nota pode ser relativa (quando o cliente indica a importncia de cada requisito em comparao aos demais) ou absoluta (quando o cliente analisa a influncia de cada requisito em sua deciso de compra do produto, sem compar-lo com os demais). A pesquisa com escala relativa mais fcil para o cliente quando h poucos requisitos a serem comparados. O exemplo n 2, apresentado no final desse texto, mostra uma escala utilizada para avaliao desse item.

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    18

    Tabela 2: Significado dos elementos da Casa da Qualidade (matriz horizontal) (continuao)

    Plano de qualidade dos

    requisitos (PQR)

    A estratgia da empresa inserida no planejamento do produto. Alguns autores citam que o plano de qualidade deve ser determinado na ordem indicada na Casa da Qualidade, utilizando o grau de importncia dos requisitos e a avaliao dos clientes como orientao para a tomada de deciso.

    ndice de melhoria

    (IM)

    Reflete quantas vezes o produto precisa melhorar seu desempenho em relao ao produto atual, visando alcanar a situao planejada. Esse ndice calcula-se da seguinte forma: IM = PQR / AC

    Argumento de vendas ou pontos de

    vendas (AV)

    Pode-se classificar os argumentos de vendas como; argumentos de vendas especiais (peso 1,5 - para qualidades excitantes) e os argumentos de vendas comuns (peso 1,2 - para qualidades de desempenho), as quais so bem valorizadas pelos clientes e, portanto, devem ultrapassar o concorrente.

    Peso absoluto dos requisitos

    (PA)

    Representa a prioridade de atendimento de cada requisito sob a lgica de que os esforos de melhoria devem ser concentrados em trs pontos: nos requisitos mais importantes, nos requisitos que esto em consonncia com a estratgia da empresa e nos requisitos que a empresa precisa melhorar. Esse ndice calcula-se da seguinte forma: PA = G * IM * AV

    Qua

    lidad

    e Pl

    anej

    ada

    Peso relativo dos requisitos

    (PR)

    Converso do peso absoluto em percentagem. Esse ndice calcula-se da seguinte forma: PR = PA / PA

    Figura 8: Forma de obter os requisitos dos clientes (OHFUJI, 1997)

    Informaes de Reclamaes

    Cartes de Consultas de

    Produtos

    Informaes Comerciais

    Noticirios do setor

    Informaes obtidas por

    surveys

    Informaes obtidas atravs de entrevistas

    Banco de Dados

    contnuo

    Levantamento de dados

    especficos

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    19

    Tabela 3: Exemplo do grau de importncia atribudo nas trs colunas

    Grau de importncia atribudo Cliente Empresa Peso geral avaliado qualitativamente Alto (3) De desempenho Alto Alto (3) Excitante Alto para os excitantes que receberam alto (3)

    baixo para os demais excitantes (no deve haver muitos excitantes)

    Mdio (2) Indiferente Baixo Baixo (1) Bsico Alto (o cliente no percebe, mas se decepciona na sua

    ausncia) O significado de cada rea da tabela das caractersticas do produto (vertical),

    mostrada na Figura 7, est descrito sucintamente na Tabela 4 abaixo.

    Tabela 4: Significado de cada elemento da Casa da Qualidade (matriz vertical)

    Caractersticas de

    qualidade ou caractersticas

    tcnicas do produto

    Podem ser divididas em elementos de qualidade e caractersticas de qualidade. Os elementos so itens no quantificveis, enquanto as caractersticas de qualidade so itens que devem ser medidos no produto para verificar se a qualidade exigida est sendo cumprida. Atravs de um brainstorming deve-se identificar os dois tipos para, em seguida, separar os mensurveis dos no mensurveis. Deve-se, ento, retomar o desdobramento dos elementos de qualidade para transform-los em caractersticas mensurveis.

    Matriz de correlaes

    Essa matriz o teto da Casa da Qualidade. Esta matriz mostra o cruzamento entre as caractersticas do produto, sempre duas a duas, permitindo identificar como elas se relacionam. Estas relaes podem ser de apoio mtuo (quando o desempenho favorvel de uma caracterstica ajuda o desempenho favorvel da outra) ou de conflito (quando o desempenho favorvel de uma prejudica o desempenho da outra). A maioria dos autores entende que este relacionamento varia apenas de intensidade (forte ou fraco) e de sentido (de apoio ou de conflito). Para analisar a relao causa-efeito, poderia ser utilizado o Diagrama de causa e efeito como apoio.

    Metas-alvo

    As metas-alvo tm dois objetivos: 1. Determinar se as caractersticas do produto so mensurveis; 2. Indicar qual tipo de raciocnio leva fixao do valor ideal para cada caracterstica.

    No exemplo mostrado posteriormente ser possvel perceber que existem caractersticas avaliadas como quanto maior, melhor (ex. potncia) e outras como quanto menor, melhor (ex. peso de uma televiso porttil). Existem outras que acabam sendo fixadas. (Ex. dimetro da cabea de um percevejo igual a 10 mm).

    Matriz de Relaes

    Formada pela interseo de cada requisito dos clientes com cada caracterstica do produto. Sua funo permitir a identificao de como e quanto cada caracterstica do produto influencia no atendimento de cada requisito dos clientes. Tais relaes podem ser positivas ou negativas, apesar de alguns autores s considerarem as positivas.

    Peso absoluto

    (PA) e

    Valor de importncia

    (VI)

    o resultado da soma vertical dos valores anotados na parte inferior das clulas de cada caracterstica do produto (coluna). Indica a importncia de cada caracterstica no atendimento do conjunto de requisitos dos clientes. Para se calcular o Valor de Importncia relativo a cada Requisito da Qualidade, necessrio fazer o seguinte clculo: Valor de importncia = valor de cada caracterstica do produto * grau de importncia atribudo pelo cliente item AC da Tabela 2 A determinao do Valor de Importncia de cada RQ possibilita classific-los, permitindo priorizar os itens mais importantes.

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    20

    Tabela 4: Significado de cada elemento da Casa da Qualidade (matriz vertical) (continuao)

    Peso relativo

    (PR)

    a transformao do peso absoluto em percentual. Calcula-se dividindo o peso absoluto de cada caracterstica pelo resultado da soma dos pesos absolutos de todas as caractersticas do produto. PR = PA / PA

    Avaliao competitivatcnica

    a medio realizada pela equipe de QFD, em cada produto submetido avaliao dos clientes, do valor de cada caracterstica desses produtos. Os testes e procedimentos utilizados devem ser os mesmos que sero usados nos testes do produto em desenvolvimento. Por este motivo, as unidades de medidas devem ser aquelas definidas nas metas-alvo, que tambm serviro para medir o produto final. Para fazer essa comparao pode ser usado um prottipo do produto a ser desenvolvido ou um produto similar que est sendo melhorado. Aps testar os produtos, a equipe deve verificar se a avaliao competitiva tcnica est coerente com a avaliao competitiva dos clientes. As avaliaes so coerentes quando o desempenho tcnico explica as notas atribudas durante a avaliao dos clientes.

    Fator de dificuldade

    tcnica (FDT)

    uma nota que expressa a dificuldade tecnolgica que a empresa ter para obter o valor determinado para a qualidade projetada das caractersticas do produto, com a confiabilidade e custo estimados. Esse fator ajuda a corrigir o peso das caractersticas do produto, cuja correo pode ser feita de duas maneiras: 1. Atribuindo maior importncia s caractersticas que implicam em menor

    dificuldade tcnica. Recomendada quando o ciclo de vida do produto (no a vida til) breve, em funo do lanamento de verses melhoradas;

    2. Atribuindo maior importncia s caractersticas que implicam em maior dificuldade tcnica. Recomendada quando a empresa desenvolve produtos com longos ciclos de vida ou para aquelas que, mesmo tendo produtos de curto ciclo de vida, trabalham com o desenvolvimento de tecnologia em paralelo ao desenvolvimento de produtos. (Devem ser fixados valores de qualidade projetada para as caractersticas possveis de serem obtidas com a tecnologia disponvel na empresa).

    Qualidade projetada

    Projetar os valores das caractersticas do produto em desenvolvimento. Os valores meta devem ser capazes de atender as necessidades dos clientes, melhorando a posio competitiva do produto no mercado. Esses valores devem refletir o planejamento estratgico para o produto que, por sua vez, representado pelo ndice de melhoria da qualidade planejada (da matriz horizontal). Outros autores sugerem que a qualidade projetada seja fixada considerando apenas a avaliao competitiva tcnica.

    Peso corrigido absoluto (PCA)

    o resultado da multiplicao do peso absoluto de cada caracterstica do produto pelo fator de dificuldade tcnica (PA * FDT). Ajuda a definir quais caractersticas devem ser incorporadas ao produto e quais devem ser descartadas. O significado varia em funo da avaliao da dificuldade tcnica: Pouca importncia das caractersticas - para o atendimento dos clientes ou

    porque so tecnicamente difceis; Importncia de algumas caractersticas - para as quais devem ser alocados

    maiores recursos por serem importantes para o cliente e tecnicamente difceis. Peso corrigido

    relativo (PCR)

    a converso do peso corrigido absoluto em percentual, calculado de modo semelhante ao peso relativo das caractersticas de qualidade. PCR = PCA / PCA

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    21

    Apesar de terem sido apresentados todos os elementos que compem a Casa da

    Qualidade, em geral, apenas alguns deles acabam sendo mais utilizados na prtica das

    organizaes. A Figura 9 mostra quais so esses elementos.

    Caractersticas do Produto

    Metas-Alvo

    Grau

    Importncia

    Avaliao

    Clientes

    Requisitos dos

    Clientes

    Matriz das Relaes

    Do ponto de

    vista do cliente N

    osso

    pr

    odut

    o C

    onco

    rren

    te

    X

    Con

    corr

    ente

    Y

    Valor de importncia

    Nosso produto Conc. X

    Ava

    lia

    o T

    cnic

    a

    Conc. Y

    Figura 9: Alguns dos elementos mais utilizados da Casa da Qualidade

    Com o objetivo de mostrar como a Casa da Qualidade preenchida e analisada, dois

    exemplos prticos sero apresentados no prximo item.

    6.1 Aplicao da Casa da Qualidade, considerando seus elementos mais usuais

    6.1.1 Exemplo 1

    Nesse caso, estamos partindo de um produto j existente na empresa, mas que precisa

    ser melhorado, visando superar seus concorrentes no que se refere ao atendimento das

    necessidades dos consumidores. Os dados do produto da empresa e de outros similares se

    encontram na Tabela 5 (Baxter,1998).

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    22

    Tabela 5: Dados do produto da empresa e outros similares de empresas concorrentes Produto: percevejo para fixao de papel em painis

    Dados dos produtos Produto da empresa

    Produto da Concorrente 1

    Produto da Concorrente 2

    da cabea 7 mm 10,5 mm 8,5 mm do pino 1,1 mm 0,8 mm 0,9 mm Juno cabea-pino 55 N 70 N 75 N Ponta do pino 0,2 mm 0,1 mm 0,15 mm

    A Figura 10 mostra a Casa da Qualidade j preenchida, para que seja observado como

    as escalas so utilizadas na avaliao de cada rea desta matriz.

    A princpio, atravs de uma pesquisa de mercado, foram identificados trs itens

    considerados importantes para o consumidor e que, portanto, afetaria a sua deciso de comprar

    ou no um percevejo. Esses itens esto dispostos na primeira coluna da esquerda da Figura 10.

    Em seguida, a equipe buscou identificar as caractersticas tcnicas do produto que

    viessem a contribuir com os requisitos dos clientes, resultando nos itens dispostos na primeira

    linha abaixo do telhado. A segunda linha mostra a quantificao das caractersticas do

    produto, explicitando a tendncia favorvel para cada caracterstica.

    Na parte central da Casa da Qualidade mostrada a relao estabelecida entre os

    requisitos do consumidor e as diversas caractersticas do produto, sendo esta relao

    quantificada de acordo com uma escala previamente determinada. Esta e as outras escalas

    estipuladas para este exemplo podem ser vistas nas Tabelas anexas Figura 10.

    Neste caso, os clientes tambm foram questionados quanto ao grau de importncia

    atribudo para cada requisito levantado e eles fizeram uma avaliao comparativa entre o

    produto da empresa e outros dois similares.

    Com todos esses dados, foi possvel calcular o Valor de Importncia atribudo para

    cada caracterstica do produto, atravs do clculo indicado na parte inferior da matriz. Esses

    valores mostram o nvel de importncia de cada caracterstica do produto, considerando a

    avaliao do consumidor.

    Por ltimo, os trs produtos passaram por testes e avaliaes tcnicas, resultando na

    classificao mostrada nas ltimas linhas da matriz. Nesse caso, essa avaliao pode ajudar a

    verificar se existe coerncia entre o resultado tcnico e a anlise perceptiva dos consumidores.

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    23

    d

    a ca

    bea

    d

    o pi

    no

    Solid

    ez d

    a ju

    no

    pin

    o - c

    abe

    a

    Pont

    a af

    iada

    do

    pino

    >

    10m

    m

    0,8

    mm

    > 75

    N

    < 0,

    1 m

    m Grau de

    importncia(0-10)

    Avaliao Clientes

    Facilidade de penetrar

    3 2 4 6 Um pino que no dobre

    3 4 3

    Baixo preo 1 2 2 8

    Valor da relao * Importncia Cliente

    1 2 3

    (3*6)+(1*8) = 26 26 37 12 40 Posio relativa 3 2 4 1

    1 ruim

    2 bom

    Avaliao Tcnica

    realizada pelo grupo - empresa 3 timo

    ruim

    bom

    tim

    o

    Figura 10: Alguns dos elementos mais utilizados da Casa da Qualidade

    Em funo dos resultados desta matriz, foi possvel perceber que, segundo o

    consumidor, o percevejo da empresa o pior no que se refere facilidade de penetrar e

    possuir um pino que no dobre. Entretanto, a equipe tcnica identificou que o dimetro do

    pino era o melhor de todos os produtos, o que significa que essa caracterstica isolada no vem

    Produto da empresa Concorrente 1 Concorrente 2

    Smbolo Valor Relao 4 Positiva forte 3 Positiva fraca 2 Negativa fraca

    1 Negativa forte

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    24

    contribuindo para a obteno de um pino que no dobre, por exemplo; a solidez da juno

    pino-cabea deve ser reforada.

    Quanto ponta afiada do pino, que obteve a pior classificao, segundo a equipe

    tcnica, este item deve ser melhorado, considerando que ele foi classificado como o mais

    importante na posio relativa dos valores de importncia.

    Considerando essas anlises, algumas metas foram fixadas, servindo de base para as

    especificaes do produto, como pode ser visto na Tabela 6.

    Tabela 6: Metas fixadas para a especificao do produto

    Produto: percevejo para fixao de papel em painis Dados dos produtos Produto da

    empresa Produto da

    Concorrente 1 Produto da

    Concorrente 2 Meta fixada pelo

    grupo tcnico da cabea 7 mm 10,5 mm 8,5 mm > 10mm do pino 1,1 mm 0,8 mm 0,9 mm 0,8 mm Juno cabea-pino 55 N 70 N 75 N > 75 N Ponta do pino 0,2 mm 0,1 mm 0,15 mm < 0,1 mm

    Enfim, essas so algumas das anlises que poderiam ser abstradas dessa simples

    aplicao da Casa da Qualidade. O prximo item apresenta, de forma detalhada, o

    desenvolvimento dessa matriz em outro exemplo prtico.

    6.1.2 Exemplo 2

    Consideraremos outro produto j existente no mercado, mas que precisa ser melhor

    adaptado s necessidades dos clientes para, conseqentemente, aumentar seu poder de venda.

    Neste caso, utilizaremos como exemplo um retropojetor de transparncias (Back e Forcellini,

    1997).

    Cada item da Casa da Qualidade ser apresentado em detalhes, conforme a seqncia

    abaixo:

    1. Necessidades dos clientes (NC);

    2. Requisitos da qualidade (RQ);

    3. Relacionamento entre NC'S e RQ'S;

    4. Valor do consumidor;

    5. Anlise de mercado;

    6. Quantificao dos requisitos da qualidade;

    7. Telhado da Casa da Qualidade;

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    25

    8. Valor de importncia dos RQ's;

    9. QFD: aplicaes especficas;

    10. Sadas da Casa da Qualidade: como us-las;

    11. Especificaes de projeto do produto;

    12. Desdobrando a Casa da Qualidade.

    1. Necessidades dos clientes

    A construo da Casa da Qualidade inicia-se com a identificao das Vontades do

    Consumidor (VC), ou seja "O QU" o consumidor deseja ou necessita. So as caractersticas

    funcionais do produto que os consumidores julgam mais relevantes.

    Para o exemplo, lista-se algumas possveis Necessidades dos Clientes (NC), tais

    como:

    Baixo aquecimento do aparelho; Baixo nvel de rudo; Baixo peso; Facilidade ao pegar; Forma agradvel; Outros (mostrados na Figura 11).

    As Necessidades do Consumidor (NC) podem ser arranjadas em grupos que

    representem um conceito amplo do consumidor, como por exemplo; baixo peso, facilidade ao

    pegar e pouco aquecimento formam o conceito Fcil Transporte, conforme mostrado na

    Figura 11.

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    26

    Baixo aquecimento Baixo rudo Foco homogneo Fcil ajuste do foco Boa ampliao Contraste

    Ope

    ra

    o

    etc. Baixo peso Fcil de pegar Pouco aquecimento U

    SO D

    O A

    PAR

    ELH

    O

    Tran

    spor

    te

    etc.

    Evitar queimaduras Evitar leses Segurana etc. Cor agradvel Forma agradvel

    NEC

    ESSI

    DA

    DES

    DO

    CO

    NSU

    MID

    OR

    Aparncia etc.

    Figura 11: Necessidades do Consumidor

    2. Requisitos da qualidade

    Agora as NCs so transformadas em linguagem de engenharia. Os Requisitos de

    Qualidade (RQ) so caractersticas tcnicas mensurveis que o produto necessita ter para

    atender as Necessidades do Consumidor. So os "COMO" atender os desejos do consumidor.

    Conforme mencionado anteriormente, a construo da Casa da Qualidade feita por

    uma equipe multifuncional, formada por pessoas de vrios setores da empresa como;

    marketing, vendas, projeto, manufatura e outros, que atravs de tcnicas como o

    brainstorming, procuram definir os requisitos de projeto que melhoram a qualidade do

    produto.

    Os RQ's devem ser preferencialmente caractersticas mensurveis como peso,

    temperatura, fora, acelerao e outros, como mostra a Figura 12.

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    27

    (-) P

    eso

    limita

    do

    (-) T

    empe

    ratu

    ra

    exte

    rna

    da c

    arca

    a

    (-) I

    nexi

    stn

    cia

    de

    cant

    os v

    ivos

    (+) c

    onju

    nto

    de

    lent

    es a

    dequ

    ado

    (-) N

    vel

    de

    rud

    o

    Etc.

    Requisitos da Qualidade

    Baixo aquecimento Baixo rudo Foco homogneo Fcil ajuste do foco Boa ampliao Contraste

    Ope

    ra

    o

    etc. Baixo peso Fcil de pegar Pouco aquecimento U

    SO D

    O A

    PAR

    ELH

    O

    Tran

    spor

    te

    etc.

    Evitar queimaduras Evitar leses Segurana etc. Cor agradvel Forma agradvel

    NEC

    ESSI

    DA

    DES

    DO

    CO

    NSU

    MID

    OR

    Aparncia etc.

    Figura 12: Requisitos da Qualidade

    Nesta etapa de identificao dos RQ's, a equipe multifuncional poderia,

    eventualmente, distorcer ou mascarar as NC's. Deve-se, ento, fazer uma anlise sistemtica e

    paciente para cada RQ.

    Existem algumas aplicaes da Casa da Qualidade que iniciam com mais de 100 NC's

    e mais de 130 RQ's. Em uma aplicao usual, as NC's se situam entre 30 e 100.

    Os sinais positivos ou negativos na frente de cada RQ, mostrados na Figura 12,

    representam o que se espera de cada RQ. Por exemplo, o sinal (-) do RQ "Peso Limitado"

    reflete o desejo de reduo do peso do aparelho.

    3. Relacionamento entre NC'S e RQ'S

    O prximo passo da equipe multifuncional preencher o corpo da Casa da Qualidade,

    formando a "matriz de relacionamento" que indica, de forma qualitativa, o quanto cada RQ

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    28

    afeta cada NC. Essas avaliaes devem ser feitas atravs do consenso da equipe, baseando-se

    no bom senso, experincia, dados estatsticos e/ou histricos. Esse inter-relacionamento pode

    ser feito atravs de smbolos, como sugerido na Tabela 8.

    Tabela 8: Inter-relacionamento entre NC's e RQ's GRAU DE RELACIONAMENTO (GR)

    necessidades do consumidor X requisitos da qualidade Forte relacionamento (5)

    Mdio relacionamento (3)

    Fraco relacionamento (1)

    Nulo relacionamento (0)

    Os valores dos Graus de Relacionamento (GR) fornecem um peso para cada relao,

    as quais sero teis na classificao da importncia dos RQ's, conforme ser mostrado

    posteriormente.

    A Figura 13 mostra os inter-relacionamentos entre as duas variveis, onde se pode

    notar a forte relao existente entre a "Temperatura Externa da Carcaa" e o "Baixo

    Aquecimento" e o relacionamento nulo entre a "Boa Ampliao" e o "Nvel de Rudo".

    X

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    29

    Peso

    lim

    itado

    Tem

    pera

    tura

    ext

    erna

    da

    car

    caa

    In

    exis

    tnc

    ia d

    e ca

    ntos

    vi

    vos

    Con

    junt

    o de

    lent

    es

    adeq

    uado

    Nv

    el d

    e ru

    do

    etc.

    (-)

    (-)

    (-)

    (+)

    (-)

    Requisitos da Qualidade

    Val

    or d

    o C

    onsu

    mid

    or (v

    c)

    Baixo aquecimento x x x 4

    Baixo rudo x x x 4

    Foco homogneo x x x 5

    Fcil ajuste de foco x 3

    Boa ampliao x x x 5

    Contraste x x x 4

    Ope

    ra

    o

    etc.

    Baixo peso x x 4

    Fcil de pegar x x x 3

    Pouco aquecido x x x 3

    Uso

    do

    apar

    elho

    Tran

    spor

    te

    etc.

    Evitar queimaduras x x x x 4

    Evitar leses x x x 3 Segurana Etc.

    Cor agradvel x x x x 1

    Forma agradvel x x x 2

    Nec

    essi

    dade

    s do

    cons

    umid

    or

    Aparncia etc.

    Figura 13: O corpo da Casa da Qualidade

    4. Valor do consumidor

    Nessa etapa traz-se novamente a voz do cliente para a etapa de projeto, no sentido de

    identificar o valor de importncia de cada NC. Afinal, provvel que as NCs tenham nveis

    de importncia diferenciados para o consumidor.

    Neste exemplo, adotam-se valores entre 5 e 1 (5 = mx. e 1 = mn.), como mostrado

    na coluna Valor do Consumidor (VC), tambm na Figura 13.

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    30

    5. Anlise de mercado

    No lado direito da Casa da Qualidade, opostos coluna das Necessidades do

    Consumidor, so colocados os resultados de avaliaes dos consumidores (que neste caso,

    atriburam notas de 1 a 5) para o produto-exemplo e dois de seus principais concorrentes,

    conforme mostrado na Figura 14. Pode-se, ento, compar-las, mostrando claramente como

    est cada caracterstica funcional do produto (NC) com relao aos competidores, sob a tica

    dos prprios consumidores. a oportunidade de identificar os pontos fracos e fortes do

    produto e agir para melhor-los ou conserv-los. Deve-se levar em conta, entretanto, o valor

    que o consumidor atribuiu para cada NC, previamente. Pode-se verificar na Figura 14 que o

    produto-exemplo recebeu nota "1" na NC "Baixo Peso", enquanto que o produto do

    competidor B recebeu nota "3". Esta uma NC que dever receber mais ateno da equipe de

    trabalho, pois tem um Valor do Consumidor igual a "4" (lembrando que o valor mximo 5).

    J a NC "Cor Agradvel" recebeu nota "2" na avaliao de mercado, situando-se abaixo dos

    outros concorrentes, porm, seu Valor do Consumidor "1", o que no caracteriza prioridade

    no processo de melhoria, apesar de ser levado em considerao.

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    31

    (-) P

    eso

    limita

    do

    (-) T

    empe

    ratu

    ra e

    xter

    na d

    a ca

    rca

    a In

    exis

    tnc

    ia d

    e ca

    ntos

    viv

    os

    Con

    junt

    o de

    lent

    es a

    dequ

    ado

    Nv

    el d

    e ru

    do

    etc.

    AVALIAO DE MERCADO

    Comparao da Qualidade

    Nosso Produto

    Competidor "A"

    Competidor "B"

    Pior Melhor

    Requisitos da Qualidade

    Val

    or d

    o C

    onsu

    mid

    or (v

    c)

    1 2 3 4 5

    Baixo aquecimento x x x 4

    Baixo rudo x x x 4

    Foco homogneo x x x 5

    Fcil ajuste de foco x 3

    Boa ampliao x x x 5

    Contraste x x x 4

    Ope

    ra

    o

    etc.

    Baixo peso x x 4

    Fcil de pegar x x x 3

    Pouco aquecido x x x 3

    Uso

    do

    apar

    elho

    Tr

    ansp

    orte

    etc.

    Evitar queimaduras x x x x 4

    Evitar leses x x x 3

    Segu

    ran

    a

    Etc.

    Cor agradvel x x x x 1

    Forma agradvel x x x 2

    Nec

    essi

    dade

    s do

    cons

    umid

    or

    Apa

    rnc

    ia

    etc.

    Figura 14: Anlise de Mercado

    Nessa etapa da construo da Casa da Qualidade, tem-se a possibilidade de retratar a

    posio estratgica de cada produto frente a seus concorrentes, mostrando oportunidades de

    mercado e quais caractersticas do produto esto sendo desprezadas ou supervalorizadas. Esta

    "foto" do produto no mercado pode auxiliar na tomada de decises estratgias para que a

    empresa supere os seus concorrentes.

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    32

    6. Quantificao dos requisitos da qualidade

    Como j foi dito, os Requisitos da Qualidade devero ser de natureza mensurvel e

    devem, preferencialmente, afetar de maneira direta a percepo do consumidor. Por exemplo,

    o item "Peso", afetado pela espessura da chapa que envolve o produto, dificilmente ser

    percebido pelo consumidor, apesar de ser uma caracterstica importante. A idia, portanto,

    que a equipe multifuncional esteja atenta, tambm, para que os requisitos que possam ser

    percebidos pelo consumidor estejam presentes no produto.

    A equipe multifuncional dever, se necessrio, criar caractersticas mensurveis para

    cada RQ. No exemplo abordado, mede-se o RQ "Conjunto de Lentes Adequado" atravs da

    porcentagem da regio da tela com foco ruim em relao ao total da tela.

    Esta quantificao deve ser feita tambm para os produtos dos concorrentes,

    acompanhadas das devidas unidades, como mostrado na figura 15. importante salientar que

    deve-se levar em conta a mensurabilidade quando da escolha dos Requisitos da Qualidade ou,

    posteriormente, substitu-los por caractersticas mensurveis.

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    33

    (-) P

    eso

    limita

    do

    (-) T

    empe

    ratu

    ra e

    xter

    na d

    a ca

    rca

    a

    Inex

    ist

    ncia

    de

    cant

    os v

    ivos

    Con

    junt

    o de

    lent

    es a

    dequ

    ado

    Nv

    el d

    e ru

    do

    etc.

    AVALIAO DE MERCADO

    Comparao da Qualidade

    Nosso Produto

    Competidor "A"

    Competidor "B"

    Pior Melhor

    Requisitos da Qualidade

    Val

    or d

    o C

    onsu

    mid

    or (v

    c)

    1 2 3 4 5

    Baixo aquecimento x x x 4

    Baixo rudo x x x 4

    Foco homogneo x x x 5

    Fcil ajuste de foco x 3

    Boa ampliao x x x 5

    Contraste x x x 4

    Ope

    ra

    o

    etc.

    Baixo peso x x 4

    Fcil de pegar x x x 3

    Pouco aquecido x x x 3

    Uso

    do

    apar

    elho

    Tr

    ansp

    orte

    etc.

    Evitar queimaduras x x x x 4

    Evitar leses x x x 3

    Segu

    ran

    a

    Etc.

    Cor agradvel x x x x 1

    Forma agradvel x x x 2

    Nec

    essi

    dade

    s do

    cons

    umid

    or

    Apa

    rnc

    ia

    etc.

    Unidades kg C N % dB

    Competidor "A" 55 32 3 5 38

    Competidor "B" 40 27 5 17 50

    Nosso Produto 51 25 6 7 45

    Figura 15: Quantificao dos RQ's

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    34

    7. Telhado da Casa da Qualidade

    O telhado da Casa da Qualidade uma matriz que apresenta o inter-relacionamento

    de todos os RQ's, identificando seus graus de dependncia. Esse cruzamento permite a

    visualizao de como a mudana em uma caracterstica do produto influencia a outra. Essa

    relao pode ser positiva ou negativa, como por exemplo, a diminuio do peso do

    retroprojetor tem uma relao fracamente negativa com o nvel de rudo aceitvel, pois se

    entende que quanto menor a massa do aparelho, maior a intensidade do seu rudo (ver Figura

    16).

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

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    (-) P

    eso

    limita

    do

    (-) T

    empe

    ratu

    ra e

    xter

    na d

    a ca

    rca

    a

    Inex

    ist

    ncia

    de

    cant

    os v

    ivos

    Con

    junt

    o de

    lent

    es a

    dequ

    ado

    Nv

    el d

    e ru

    do

    etc.

    AVALIAO DE MERCADO

    Comparao da Qualidade

    Nosso Produto

    Competidor "A"

    Competidor "B"

    Pior Melhor

    Requisitos da Qualidade

    Val

    or d

    o C

    onsu

    mid

    or (v

    c)

    1 2 3 4 5

    Baixo aquecimento x x x 4

    Baixo rudo x x x 4

    Foco homogneo x x x 5

    Fcil ajuste de foco x 3

    Boa ampliao x x x 5

    Contraste x x x 4

    Ope

    ra

    o

    etc.

    Baixo peso x x 4

    Fcil de pegar x x x 3

    Pouco aquecido x x x 3

    Uso

    do

    apar

    elho

    Tr

    ansp

    orte

    etc.

    Evitar queimaduras x x x x 4

    Evitar leses x x x 3

    Segu

    ran

    a

    Etc.

    Cor agradvel x x x x 1

    Forma agradvel x x x 2

    Nec

    essi

    dade

    s do

    cons

    umid

    or

    Apa

    rnc

    ia

    etc.

    Unidades kg C N % dB

    Competidor "A" 55 32 3 5 38

    Competidor "B" 40 27 5 17 50

    Nosso Produto 51 25 6 7 45

    Valor da Importncia

    58 65 37 74 27

    Classificao por Importncia

    3 2 4 1 5

    Figura 16: O Telhado da Casa da Qualidade

    n grvc1 .

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    36

    A tabela de relacionamento deve ser semelhante a utilizada no corpo da Casa da

    Qualidade. A Tabela 9 apresenta uma sugesto de escala.

    O telhado da Casa da Qualidade auxilia na operacionalizao das alteraes dos

    Requisitos da Qualidade que devem ser executados coletivamente, com ateno especial aos

    RQ's conflitantes.

    Tabela 9: Inter-relacionamento dos RQ's

    TIPO DE RELACIONAMENTO ENTRE OS REQUISITOS DA QUALIDADE

    Fortemente positivo

    Positivo

    Negativo

    Fortemente negativo (conflitante)

    8. Valor de importncia dos RQ's

    Uma maneira de calcular o Valor de Importncia (VI) de cada Requisito da Qualidade

    a seguinte:

    Valor de importncia = valor do consumidor * grau de relacionamento entre NCs e RQs

    (considerando o valor numrico correspondente a cada smbolo, explicitados na Tabela 8)

    Conforme mostrado na Figura 17, o Valor de Importncia do RQ "Conjunto de

    Lentes Adequado" :

    VI = 4*1 + 4*0 + 5*5 + 3*3 + 5*5 + 4*1 +4*1 + 3*0 + 3*1 +4*0 + 3*0+1*0+2*0 = 74

    Obs. Exemplo de clculo (referente 4 coluna).

    A determinao do Valor de Importncia de cada RQ possibilita classific-los,

    permitindo, desta forma, a priorizao de melhorias para os itens de maior valor.

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

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    (-) P

    eso

    limita

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    (-) T

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    xter

    na d

    a ca

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    Inex

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    ncia

    de

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    os v

    ivos

    Con

    junt

    o de

    lent

    es a

    dequ

    ado

    Nv

    el d

    e ru

    do

    etc.

    AVALIAO DE MERCADO

    Comparao da Qualidade

    Nosso Produto

    Competidor "A"

    Competidor "B"

    Pior Melhor

    Requisitos da Qualidade

    Val

    or d

    o C

    onsu

    mid

    or (v

    c)

    1 2 3 4 5

    Baixo aquecimento x x x 4

    Baixo rudo x x x 4

    Foco homogneo x x x 5

    Fcil ajuste de foco x 3

    Boa ampliao x x x 5

    Contraste x x x 4

    Ope

    ra

    o

    etc.

    Baixo peso x x 4

    Fcil de pegar x x x 3

    Pouco aquecido x x x 3

    Uso

    do

    apar

    elho

    Tr

    ansp

    orte

    etc.

    Evitar queimaduras x x x x 4

    Evitar leses x x x 3

    Segu

    ran

    a

    Etc.

    Cor agradvel x x x x 1

    Forma agradvel x x x 2

    Nec

    essi

    dade

    s do

    cons

    umid

    or

    Apa

    rnc

    ia

    etc.

    Unidades kg C N % dB

    Competidor "A" 55 32 3 5 38

    Competidor "B" 40 27 5 17 50

    Nosso Produto 51 25 6 7 45

    Valor da Importncia

    58 65 37 74 27

    Classificao por Importncia

    3 2 4 1 5

    Figura 17: A Casa da Qualidade

    n grvc1 .

    Grau de Relacionamento (gr) Necessidades do Consumidor

    x Requisitos da Qualidade

    Forte relacionamento (5)

    Mdio Relacionamento (3)

    Fraco relacionamento (1)

    X Nulo relacionamento (0)

    Tipos de Relacionamento entre os Requisitos da Qualidade

    Fortemente Positivo Positivo

    Negativo

    Fortemente Negativo (conflitante)

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    38

    9. Interpretando a Casa da Qualidade

    Aps a construo da Casa da Qualidade, obtm-se uma quantidade razovel de

    dados sumarizados, de razovel confiabilidade, prontos para serem utilizados no processo de

    tomada de decises pelas pessoas envolvidas no desenvolvimento do produto em questo.

    Os especialistas (engenheiros e executivos) podero, por exemplo, usar a

    classificao dos RQ's como instrumento para o estabelecimento de "valores meta" para cada

    um dos RQ's, permitindo a priorizao das atividades. Por exemplo, digamos que para o

    requisito "Inexistncia de Cantos Vivos", o produto apresente um nmero de 6 cantos, maior

    do que o apresentado pelo competidor A, o que pode levar o analista a pensar que tal valor

    deveria ser otimizado, chegando no mnimo ao valor "3" do competidor A. Porm, como na

    classificao de prioridades, tal item se encontra em 4 lugar, conclui-se que o esforo de

    engenharia, no sentido de otimizar esse item, no tem carter prioritrio para a satisfao das

    necessidades do consumidor.

    Outra sada importante da Casa da Qualidade diz respeito aos relacionamentos

    obtidos no seu telhado. Tais relacionamentos permitem identificar os RQ's que devero ser

    tratados de modo integrado, minimizando, assim, os possveis efeitos resultantes dos

    relacionamentos "conflitantes".

    Outro fato sobre a Casa da Qualidade que a mesma encontrar a sua finalidade nos

    diversos seguimentos dentro da empresa sem, contudo, divergir quanto aos objetivos

    almejados. Em outras palavras, seja qual for o usurio final, as concluses iro sempre estar

    centradas no consumidor do produto. Por exemplo, enquanto que para os executivos de

    marketing a Casa da Qualidade poder representar a voz do consumidor, para a alta

    administrao poder representar uma fonte de dados a ser usada para descobrir oportunidades

    estratgicas de negcio, sendo que, para ambos, os objetivos estaro centrados nas

    necessidades do consumidor.

    10. Convertendo os resultados da Casa da Qualidade em especificaes de projeto

    Para formalizar a tarefa de projeto necessrio um conjunto de informaes

    completas e sem ambigidades, que ser utilizado como base para o desenvolvimento das

    etapas posteriores etapa de projeto. Apenas os requisitos de projeto, na forma como so

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    39

    mostrados na Casa da Qualidade, ainda no constituem um conjunto de informaes

    adequadas para representar os objetivos a serem alcanados no projeto do produto. Portanto,

    para cada requisito de projeto deve-se associar um valor meta e o conjunto dessas informaes

    dever gerar um documento com as especificaes de projeto do produto.

    A Tabela 10 mostra um modelo de documento contendo especificaes de projeto de

    produto, no qual so estabelecidos alguns sensores, atravs dos quais se poder medir se os

    objetivos esto ou no sendo atingidos nas diversas fases da etapa de projeto. Podem-se

    colocar, tambm, as sadas indesejveis, as quais sero evitadas em funo dessa

    especificao.

    importante ressaltar que um sensor pode ser entendido como um mtodo ou um

    instrumento que pode efetuar a avaliao e declarar suas constataes de forma quantitativa,

    ou seja, em termos de uma unidade de medida.

    Tabela 10: Especificaes de projeto de produto

    Requisito Objetivos Sensor Sadas Indesejveis Observaes/ Restries 1. Conjunto de lentes adequado

    Imagem 100% ntida Escala

    Imagens com regies desfocadas

    2. Temperatura externa da carcaa 25 C (mximo) Termo par

    Comprometimento da segurana

    Operador tem contato fsico c/ o aparelho

    3. Peso 3 kg (mximo) Balana Dificuldades de transporte e manipulao

    O transporte manual

    4. Cantos vivos Inexistncia Inspeo Visual Comprometimento da segurana

    Operador tem contato fsico com o aparelho

    5. Nvel de rudo 20 dB (mximo) Medidor NPS Rudo excessivo perturbando a operao e/ou meio

    etc.

    11. Adaptando o QFD para aplicaes especficas

    importante lembrar que, como foi explicado anteriormente, cada aplicao de QFD

    deve ser tratada particularmente. Existem casos em que, dependendo da convenincia do

    usurio, podem ser acrescentadas outras colunas, linhas, ou mesmo outros elementos, como

    por exemplo:

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

    40

    Coluna "reclamaes e queixas do consumidor"; Coluna "metas a serem alcanadas pelo produto" em funo da avaliao do consumidor; Coluna "fatores de venda", isto , a influncia direta de cada NC nas vendas; Linha "dificuldade tcnica de cada RQ", mostrando o nvel de dificuldade de execuo de

    cada meta;

    Linha "grau de importncia (%) de cada RQ no total do produto"; Linha "custo estimado de cada RQ", medido em porcentagem do total do projeto, e outros.

    Trata-se, portanto, de um mtodo verstil que pode ser aplicado nos mais diversos

    setores, focalizando tanto em produtos como em servios.

    12. Desdobrando a Casa da Qualidade

    O desdobramento da Casa da Qualidade, ou da Funo Qualidade, refere-se s

    atividades necessrias para assegurar que a qualidade requisitada pelo consumidor seja

    alcanada ao longo de todo o processo de desenvolvimento deste produto.

    Para isso, podem ser realizados vrios desdobramentos a partir da Casa da Qualidade.

    Na primeira etapa do desdobramento, os "COMO" da 1 CQ (os RQ's) so colocados como os

    "O QUS", formando a coluna da esquerda da 2 CQ, como mostrado no exemplo da Figura 5,

    no incio desse texto. A nova CQ servir de base para todas as atividades preliminares de

    projeto, identificando as partes caractersticas que o produto necessita para satisfazer os

    Requisitos da Qualidade. importante notar que nem todos os RQ's da 1 CQ sero

    desdobrados, ou seja, somente aqueles que representem obstculos de ordem tcnica e que

    sejam importantes para a satisfao final do consumidor sero detalhados.

    Os procedimentos de construo e utilizao desta 2 casa e das outras duas seguem

    as mesmas convenes apresentadas no exemplo 2. A novidade que o desdobramento das

    partes poderia vir a utilizar outros mtodos de apoio tais como; Anlise de Valor, Projeto para

    Manufatura e Montagem (DFMA), Anlise da rvore de Falhas (AAF), Anlise de Modo de

    Falha e Efeito (FMEA), otimizao de produto e processo de fabricao, projeto de

    experimentos (mtodo de Taguchi), Anlise de Custos e Seleo de Partes, enfim, qualquer

    recurso que possa contribuir para garantir a confiabilidade e a obteno de valores objetivos

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

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    que melhorem a qualidade do produto.

    A 2 CQ, desenvolvida na etapa de projeto, termina com a identificao das

    caractersticas crticas para a execuo dos RQ's, as quais so desdobradas, formando os "O

    QUS" da 3 CQ.

    A 3 Casa da Qualidade uma matriz de planejamento de processo de fabricao, a

    qual relaciona as caractersticas crticas para a execuo dos RQ's (O QU) com as operaes-

    chave de manufatura, ou seja, "COMO" alcan-los. Representa a transio das operaes de

    projeto para as de fabricao. Esses documentos incluem informaes do tipo; requisitos dos

    processos de fabricao e parmetros de controle destes processos.

    A etapa seguinte a do planejamento da manufatura (4 CQ), onde se transfere a

    informao gerada nas fases subseqentes para o cho de fbrica. Essa matriz relaciona as

    operaes-chave de manufatura com os requisitos de produo. Nessa fase so gerados

    documentos relacionados com instrues de operaes, ou seja, as listas operacionais que

    definem "COMO" o operador dever executar as operaes-chave de manufatura.

    A importncia dessa documentao est na definio dos pontos de verificao e

    controle, informando ao operador quais so as partes envolvidas, quantas este dever verificar,

    que ferramenta utilizar e como ser realizada a vistoria. Enfim, o operador tem uma indicao

    do que mais importante para o consumidor em relao qualidade do produto e que,

    portanto, deve ser mais bem elaborado e controlado durante a produo.

    Para a obteno das matrizes mostradas necessrio o envolvimento dos

    participantes de todas as etapas do ciclo de vida do produto, o que torna a Casa da Qualidade

    uma poderosa ferramenta para a implementao de alguns conceitos da Engenharia

    Simultnea, como por exemplo, a melhoria da integrao, o desenvolvimento com o apoio de

    equipes multidisciplinares e a priorizao no atendimento ao cliente.

    Em funo das suas particularidades, a Casa da Qualidade, nas suas vrias matrizes,

    necessita que diferentes grupos entrem em um consenso em torno do produto, dos processos e

    dos requisitos de produo, para que seja possvel satisfazer os potenciais clientes.

    Dessa forma, o QFD tem se destacado por sua utilidade no planejamento das

    atividades que afetam a qualidade do produto e por possibilitar uma forma sistemtica de

    compreender exatamente o que os clientes querem, para que seja determinada qual a melhor

    forma de atender os seus desejos com os recursos disponveis na empresa.

    7. Referncias Bibliogrficas

  • Elaborado pela Prof Carla Estorilio em dezembro de 2003 / Ultima reviso: junho de 2007

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