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    ECONOMIA MINERAL

    1. INTRODUO

    Economia o estudo de como as pessoas tomam decises em face da

    escassez e, por sua vez, coordenam suas decises por meio dos preos (Wessels,

    2002), ou seja, estudo de como as pessoas fazem escolhas em face da escassez de

    bens. Duas questes so fundamentais para a economia:

    a) Como os preos so determinados no mercado;

    b) Como a economia prospera.

    Essas questes no so isoladas e so de difcil resposta, pois dependem de

    um grande nmero de parmetros envolvidos.

    A economia baseia-se na proposio de que nossos desejos excedem

    os meios de realiza-los. Isto chama-se escassez... A escassez enfrentada tanto

    pelos ricos como pelos pobres. O fundamental observar que o excesso de desejo

    das pessoas por um bem em relao sua oferta que cria a escassez... Escassez

    significa que no podemos satisfazer todos os nossos desejos. Ela nos obriga a

    escolher quais quais necessidades iremos satisfazer, e quais no (Wessels, 2002).

    De um modo geral a economia pode ser dividida em microeconomia e

    macroeconomia. A microeconomia estuda como os indivduos e as firmas tomam

    decises e como essas decises afetam os preos e a produo de bens e servios. A

    macroeconomia o estudo de agregados (tais como renda nacional, produto interno

    bruto - PIB, renda per capta, etc.)

    Economia mineral a rea de conhecimento responsvel pela aplicao dos

    princpios, das metodologias e do instrumental de anlise e avaliao econmica e

    financeira indstria de minerao. A economia mineral inicia-se na abordagem dos

    bens minerais enquanto recursos minerais e incorpora as vertentes da alocao do

    capital no longo prazo, seja sobre a tica do setor privado, seja sob a tica pblica. A

    economia mineral tem como base a microeconomia.

    Neste contexto estariam contemplados, entre outros os seguintes itens,

    analisados sob a tica da economia mineral:

    Reservas minerais disponveis e sua localizao

    Disponibilidade de recursos financeiros

    Composio dos custos

    Estimativa de investimentos e receitas

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    Estudo de mercado competio, substituio, reciclagem, etc.

    A minerao a maior fornecedora de insumos e matrias-primas para a

    indstria de transformao, sendo por isso essencial para o desenvolvimento

    econmico de um pas. A indstria mineral tem algumas caractersticas que fazem

    com que ela se diferencie das demais empresas. Podemos citar algumas delas:

    Altos investimentos iniciais

    Longo perodo de maturao

    Altos riscos de retorno dos investimentos

    Trabalha com recursos no renovveis

    Rigidez locacional dos depsitos minerais

    Necessidades de equipes multidisciplinares para avaliao de recursos minerais

    A indstria mineral alavanca o desenvolvimento regional ou global por

    proporcionar:

    Fornecimento de matria-prima indispensvel ao desenvolvimento da sociedade.

    Interiorizao da populao

    Criao de demanda por servios e infraestrutura

    Gerao de emprego e renda, reduzindo as disparidades regionais

    2. ATIVIDADE ECONMICA

    O problema econmico fundamental o que diz respeito alocao de

    recursos escassos entre os usos alternativos. Os recursos so meios disponveis para

    produzir os bens necessrios ao atendimento das necessidades humanas. Eles

    geralmente so limitados em quantidade, podem ser utilizados em diferentes

    finalidades e podem ser combinados em diferentes propores. No haveria problema

    econmico se os recursos disponveis fossem ilimitados. Tambm no haveria

    problema econmico se os recursos, mesmo limitados tivessem apenas uma

    utilizao (Braz, apostila de Economia Mineral, s/d).

    Como os recursos so escassos e tm diversas utilizaes, a questo bsica

    da economia a combinao dos recursos da forma mais eficiente possvel e a

    utilizao dos produtos que proporcionem a mxima satisfao possvel sociedade

    de consumo.

    Funo Demanda e Oferta

    A demanda (ou procura, Figura 1) a funo em que h uma relao inversa

    entre preo e quantidade consumida.

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    Figura 1 Representao grfica da funo demanda (procura), cuja funo dada

    por P = -aQ +b (funo decrescente)

    A curva de demanda indica as quantidades procuradas pelos consumidores a

    diferentes nveis de preos. Quanto mais alto for o preo de um determinado bem ou

    servio, menor ser a quantidade procurada. Essa conhecida como lei da demanda.

    A lei da demanda afirma que um indivduo comprar mais de um determinado

    bem quando seu preo real (ou preo relativo) cair. A queda do preo de um bem

    normalmente gera duas mudanas no mercado que afetam diretamente os

    consumidores:

    # Efeito renda a queda do preo de um bem aumenta a renda real dos

    consumidores;

    # Efeito substituio a queda do preo de um bem leva ao efeito substituio, ou

    seja, a variao da demanda resultante da mudana do preo relativo do bem,

    mantm constante a renda real do consumidor.

    Obs. Preo real de um bem: seu preo dividido pelo ndice de preo ao consumidor

    (IPC).

    Quando h alterao de outras variveis que afetam a demanda, h um

    deslocamento da curva de demanda (Figura 2). Por exemplo: a elevao da renda dos

    consumidores desloca a curva de demanda para a direita. O aumento do preo de um

    determinado bem pode causar o aumento da procura por um bem substituto (bem que

    pode substituir o bem em questo). Um exemplo clssico de substituio de bens

    citado na maioria dos livros texto de microeconomia a substituio da manteiga pela

    margarina, quando o preo da manteiga aumenta no mercado. Isso acontece

    geralmente para todos os bens que tm substitutos.

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    Figura 2 Deslocamento da curva de demanda

    A funo oferta representa a relao entre o preo de mercado de um bem e a

    quantidade desse mesmo bem que os produtores esto dispostos a produzir e a vender.

    representao grfica da funo oferta (Figura 3) dada a designao de curva da oferta. A

    relao que se verifica entre o preo e a quantidade oferecida por norma positiva, resultando

    da uma curva da oferta com inclinao positiva, o que significa que quanto maior o preo,

    maior a quantidade do bem que os produtores querem produzir e vender.

    Figura 3 Representao grfica da funo oferta, cuja funo dada por P = aQ +b

    (funo crescente)

    Condies de equilbrio

    O equilbrio do mercado acontece quando a demanda e a oferta se igualam

    (Figura 4). Se o preo maior que p os produtores oferecem mais que os

    consumidores procuram a esse preo, gerando um excedente. Em caso contrrio, se o

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    preo menor que p, a demanda ser maior que a oferta, ocorrendo uma escassez

    de bens.

    Figura 4 Representao grfica do ponto de equilbrio gerado a partir das curvas de

    demanda e oferta de um determinado bem

    3. OFERTA DE BENS MINERAIS

    Generalidades

    A oferta de bens minerais est relacionada, entre outros, com variveis como

    sua escassez, preo de mercado, nvel de utilizao do bem, tecnologia disponvel,

    entre outros. A oferta de bens minerais uma questo de custos, preos e tecnologia

    (Braz, apostila de Economia mineral, s/d).

    Na classificao dos recursos minerais h duas dimenses a considerar:

    dimenso geolgica, que exprime o nvel de conhecimento da qualidade e quantidade

    dos recursos minerais; dimenso econmica, que considera os efeitos dos preos,

    custos e tecnologia associada produo dos bens minerais.

    Outro ponto que devemos observar diz respeito exausto dos recursos

    minerais, que fundamenta-se em que a terra finita, contendo uma quantidade fixa de

    minerais. Alm do mais as jazidas minerais so anomalias geolgicas que levam

    milhes de anos para se formarem. Atualmente, a reciclagem promovida em grande

    escala na maioria dos pases, visando retardar a exausto dos bens minerais.

    necessrio que haja um equilbrio entre os benefcios propiciados pelos bens

    minerais e os custos sociais. O manuseio de grandes volumes de materiais pela

    indstria mineira causa agresso ao meio ambiente. Deve ter, portanto, muita cautela

    no trato da extrao de bens minerais.

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    Bens minerais so os recursos minerais (no renovveis) que dispomos para

    utilizao pela sociedade. So indispensveis na sociedade moderna, pois so

    insumos para quase tudo o que nos rodeia. De um modo geral os bens podem ser

    classificados em:

    a) Bens normais sua demanda independe da demanda de outros bens.

    b) Bens substitutos so bens que substituem outros devido a reduo da demanda

    do outro bem. Exemplo: margarina (bem substituto) em relao manteiga.

    c) Bens complementares - so bens cuja demanda est agregada demanda de outro

    bem.

    * Custos

    Os custos que envolvem os projetos de minerao esto relacionados aos

    fatores de produo, tais como extrao, beneficiamento, comercializao e

    marketing. Assim podemos classificar os custos, de um modo simplificado, do seguinte

    modo:

    a) Custos fixos so aqueles que independem da quantidade produzida pela

    empresa. Por exemplo: uma empresa faz um financiamento para adquirir

    equipamentos, com amortizao mensal. A quantidade a amortizar independe da sua

    produo sendo, portanto um custo fixo.

    b) Custos variveis so aqueles que dependem da produo; aumentam com o

    aumento da produo. Por exemplo: explosivos utilizados por uma minerao; quanto

    maior a produo, maior ser o consumo de explosivos.

    c) Custos totais so a soma dos custos fixos com os custos variveis.

    ou ainda:

    Custos diretos podem ser definidos como custos relacionados diretamente

    produo de bens e servios. Tm a propriedade de serem facilmente mensurveis de

    maneira objetiva. Por exemplo: matria-prima, mquinas e equipamentos, mo-de-

    obra direta.

    Custos indiretos diferente dos custos diretos, os custos indiretos so de difcil

    identificao com esse ou aquele produto. Por exemplo: seguros, taxas e impostos,

    manuteno de equipamentos, depreciao de equipamentos.

    * Subprodutos e coprodutos:

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    Subproduto um material considerado subproduto quando seu preo no influencia

    na escala de produo do produto principal.

    Coproduto um material considerado coproduto quando a escala de produo de

    um produto afetada pelo preo do outro produto.

    4. ORGANIZAO DA INDSTRIA MINERAL

    Basicamente existem trs formas de mercado, que dependem da quantidade

    de empresas no mercado. O comportamento dos consumidores no mercado depende

    do nmero e das relaes entre as empresas fornecedoras de bens. Essas formas de

    mercado podem ser aplicadas em qualquer tipo de firma, inclusive a indstria mineral.

    De um modo geral temos os seguintes tipos:

    a) Competio pura (concorrncia perfeita) o tipo de mercado onde h um grande

    nmero de firmas, onde a participao individual de cada uma insignificante. Suas

    principais caractersticas so:

    # Um bem padronizado ou homogneo: os consumidores consideram os bens de cada

    firma como um substituto perfeito aos bens de outras firmas;

    # A quantidade de firmas no mercado suficiente para tornar impossveis os acordos

    secretos (acordos para atuar como monoplio);

    # Nenhuma barreira de entrada no mercado, tais como patentes, restries

    governamentais que impedem a concorrncia, etc.

    # Consumidores e firmas completamente informados sobre os preos e a qualidade

    dos bens disponveis;

    # Todas as firmas so idnticas: tm exatamente os mesmos custos.

    b) Monoplio o caso em que h apenas uma empresa (produtor) no mercado. O

    monopolista tem controle quase que total sob o preo do produto. Os monoplios

    existem quando h barreiras que impedem as firmas concorrentes de participar do

    mercado de um determinado setor. Algumas barreiras so:

    # Barreiras legais: o governo limita a entrada de firmas em muitos setores da

    economia (energia, gua, telefonia, etc.)

    # Patentes e direitos autorais: protegem os investidores e artistas, evitando que outros

    copiem suas ideias livremente por certo perodo. Essa uma forma de monoplio;

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    # Controle dos recursos estratgicos: o recurso que deve existir para produzir um

    bem particular. Por exemplo: a De Beers controla mais de 90% da produo de

    diamantes no mundo, obtendo, assim um considervel poder de monoplio;

    # Grandes economias de escala: economias de escalas ocorrem quando uma firma

    amplia a produo e encontra um custo mdio menor. Suponha que as economias de

    escala sejam suficientemente grandes de modo que apenas uma firma possa produzir

    para todo o setor e ainda consiga reduzir o custo mdio. Aquela firma pode ento

    reduzir o preo e eliminar os concorrentes do mercado.

    c) Oligoplio o caso em que temos poucas empresas no mercado. Cada empresa

    sente o reflexo do comportamento das demais. As principais caractersticas so:

    # H apenas algumas firmas no mercado;

    # H barreiras de entrada, de tal modo que no haja nenhuma entrada no longo prazo

    no setor;

    # Cada firma produz bens idnticos.

    O oligoplio geralmente surge quando h custos iniciais elevados para montar uma

    firma e comercializar seu produto, de modo que as firmas existentes tenham grandes

    economias de escala. Isso leva as grandes firmas a uma guerra de preos visando

    expulsar novas firmas do setor. As firmas oligopolistas podem funcionar como

    monopolistas de duas maneiras diferentes:

    Como h apenas algumas firmas no mercado, cada uma funcionando como

    monoplio, elas tendem a ter uma curva de demanda decrescente.

    Com as barreiras de entrada de novas firmas, as firmas existentes podem obter

    lucros no longo prazo tal como um monoplio.

    Os investimentos em minerao caracterizam-se pela limitao de sua vida til.

    Jazidas de grande vida til (200, 300 anos, etc.) permitem grandes investimentos, ao

    contrrio de jazidas de pequena vida til. A vida til dada por:

    Vida til = reservas/produo ano

    A vida til, portanto, depende das reservas e da produo/ano da mina. No

    um valor fixo, mas varia ao longo dos anos.

    Aps a extrao de todo o minrio economicamente explotvel, temos o

    encerramento das atividades mineiras (fechamento da mina). A manuteno da vida

    til de uma mina est relacionada extrao racional do minrio.

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    imprescindvel que durante toda a vida til da mina o investidor recupere o

    capital investido, acrescido de remunerao compatvel com o mercado. Algumas

    caractersticas so especficas do empreendimento mineiro. So elas:

    Localizao do depsito mineral

    Uso intensivo de capital e longo prazo de maturao

    Processo de beneficiamento especfico para cada depsito mineral

    Limitao na disponibilidade do bem mineral, devido seu carter no renovvel

    Esses aspectos especficos da indstria mineral faz com que a deciso do

    investidor seja demorada e respaldada em uma anlise econmica detalhada. Falhas

    tcnicas em um projeto mineiro podem acarretar grandes prejuzos financeiros ou

    inviabilizar o empreendimento.

    5. NOES DE AVALIAO DE PROJETOS MINEIROS

    Os mtodos de avaliao de projetos mineiros, bem como sua seleo

    envolvem conceitos de fluxo de caixa e do valor do dinheiro no tempo. Para efeito de

    avaliao econmica, os projetos podem ser classificados, segundo Souza (1995), em:

    a) Projetos mutuamente excludentes (ou conflitantes) quando h certas relaes de

    interdependncia entre as alternativas de investimento, de tal modo que a escolha de

    uma alternativa influencia a escolha das demais.

    b) Projetos Independentes quando a escolha de um projeto no afeta os demais,

    pois so funcionalmente diferentes.

    c) Projetos condicionados (ou contingentes) um caso em que a interdependncia

    em que a escolha de uma alternativa s vivel se tambm for escolhida uma

    alternativa auxiliar.

    A avaliao de investimentos a partir da projeo de fluxos de caixa (FC)

    muito til pois permite uma anlise econmica a partir das entradas e sadas anuais de

    caixa, tomando por base a vida til ou horizonte (nmero de anos que o projeto

    mantido em operao), conforme Figuras 5 e 6.

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    Figura 5 Esquema de diagrama de fluxo de caixa

    Figura 6 Exemplo de um diagrama de fluxo de caixa

    importante observar que na elaborao de um fluxo de caixa deve-se ter o

    cuidado de estimar o tempo de maturao (perodo entre o investimento inicial e o

    incio do retorno do capital investido) que muito varivel, sendo geralmente longo

    para empreendimentos mineiros. Na minerao varia de acordo com a complexidade

    do projeto mineiro.

    Os custos e receitas que compem um fluxo de caixa envolvem, entre outros,

    os seguintes itens, sem levar em considerao o nvel de importncia de cada um

    deles:

    a) Investimento Inicial

    Os investimentos iniciais so necessrios para o incio das operaes de uma

    empresa. Os investimentos iniciais s podem ser estimados aps se determinar a taxa

    de produo, a tecnologia de lavra e beneficiamento de minrios, alm do anteprojeto

    das instalaes e dos equipamentos a serem utilizados. Os investimentos iniciais so

    constitudos, de um modo geral, de:

    Investimento fsico edificaes, mveis, mquinas e equipamentos, veculos, etc.

    Capital de giro

    Outras despesas publicidade, legalizao de propriedades, royalties, etc.

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    b) Capital de Giro

    O capital de giro normalmente est includo como um investimento inicial.

    Devido a sua importncia, est sendo analisado separadamente neste item.

    Pode ser definido como recurso que uma empresa tem em caixa para manter

    as operaes do dia-a-dia. Normalmente o capital de giro corresponde a 30 a 40% do

    total de ativo da empresa. necessrio estim-lo cuidadosamente, desde a

    composio inicial at os incrementos necessrios ao longo do tempo, principalmente

    quando h previses de aumento no nvel de produo. O capital de giro inclui as

    seguintes parcelas, entre outras: estoque de minrio, despesas de administrao,

    contas a pagar, preo de aquisio de peas e acessrios, entre outros.

    O capital de giro necessita de acompanhamento permanente, pois sofre

    constantemente impacto das mudanas enfrentadas pela empresa.

    c) Custo de Produo

    O custo de produo deve ser detalhadamente estimado e inclui, entre outros,

    os seguintes itens: material, pessoal, energia eltrica, aluguis, taxas e impostos,

    servios de terceiros, entre outros. O consumo de materiais deve ser separados por

    fase de servios, todos devidamente especificados.

    d) Custo de Transporte

    Dependendo da distncia entre a minerao e o centro consumidor, o custo de

    transporte pode ser substancial, inviabilizando a lavra em alguns casos, onde o

    minrio tem um baixo valor unitrio (brita, por exemplo). Algumas alternativas podem

    ser utilizadas, tentando reduzir os custos de transporte: minerodutos, transporte por

    ferrovias, navios, entre outros.

    e) Custo de Administrao

    Os custos de administrao incluem todos os salrios do pessoal de

    engenharia e de administrao, bem como aluguis de escritrios, luz, despesas de

    viagem, treinamento de pessoal, seguros, despesas mdicas e hospitalares, de

    educao e recreao de pessoal.

    f) Custos de Comercializao

    A maioria das empresas tm procurado investir em publicidade visando dar ao

    pblico em geral conhecimento de suas aes, notadamente as novas tecnologias,

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    visando uma eficincia maior do setor de vendas. Tambm buscam reduzir os custos

    de comercializao, atravs da informatizao total do setor.

    Os custos de comercializao envolvem, entre outros, despesas de

    propaganda, salrios de pessoal de marketing e vendas, despesas de viagens, entre

    outros.

    g) Substituio de Equipamentos

    As mquinas e equipamentos de uma empresa de minerao no tm uma

    vida til indefinida. Normalmente as edificaes tm vida til superior a da mina, o que

    vem a ser uma preocupao a menos. As mquinas, no entanto precisam ser

    substitudas aps encerrada a sua vida til, que normalmente pequena.

    A substituio de equipamentos est intimamente relacionada com a

    depreciao. Esta pode ser definida como a reduo do valor de venda em relao ao

    valor inicial, devido ao uso e desgaste natural ao longo do tempo. Os valores extremos

    da depreciao so o valor inicial (valor de compra) e o valor residual (valor do bem ao

    final de sua vida til). A seguir, mostra-se na Tabela 1, a vida til de algumas

    mquinas e equipamentos de uso corrente na minerao.

    Equipamento Vida til (anos) Taxa de depreciao anual

    (%)

    Bombas 10 10

    Caminho fora-de-estrada 4 25

    Compressor de ar 10 10

    Correia transportadora 2 50

    Escavadeira 5 20

    Martelete 3 33,3

    Trator 4 25

    Veculo utilitrio 3 33,3

    Tabela 1 Vida til de alguns equipamentos utilizados na minerao

    Um bem s pode ser depreciado a partir da data em que for instalado e

    colocado em uso. A depreciao pode ser calculada em cotas mensais ou anuais,

    sendo esta o mais comum. Existem muitos mtodos para calcular a depreciao de

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    um bem, sendo o mais usual o que relaciona o valor inicial do bem (valor de compra) e

    o valor final (valor residual ou valor de revenda). calculado na prtica, a partir da

    frmula a seguir:

    i) Mtodo Linear (muito utilizado na engenharia)

    Considera que todo equipamento aps o final de sua vida til, tem um valor residual e

    que as parcelas de depreciao anual so iguais. expressa pela seguinte frmula:

    D = (Vi Vf)/n

    Onde

    D = depreciao

    Vi = Valor inicial do bem (valor de compra)

    Vf = valor final do bem (valor residual ou valor de revenda)

    n = vida til em anos

    Obs. A depreciao dada em valores/ano

    Exemplo:

    Uma empresa de minerao adquiriu um equipamento por R$ 200.000,00 e com vida

    til de 4 anos e valor de revenda de R$ 40.000,00. Qual deve ser a depreciao anual

    desse equipamento?

    Soluo:

    Valor inicial do bem = R$ 200.000,00

    Valor final do bem = R$ 40.000,00

    Vida til = 4 anos

    A depreciao anual ser dada por:

    D = (200.000-40.000)/4 = 40.000

    Logo

    1 ano = 200.000 40.000 = 160.000

    2 ano = 160.000 40.000 = 120.000

    3 ano = 120.000 40.000 = 80.000

    4 ano = 80.000 40.000 = 40.000

    importante observar que no 4 ano o valor do equipamento exatamente o valor

    residual, ou seja, R$ 40.000,00

    Existem outras tcnicas para calcular a depreciao, tais como: mtodo linear, mtodo

    da soma dos dgitos. A seguir, damos exemplos desses dois mtodos:

    ii) Mtodo das cotas constantes

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    Considera que os equipamentos aps o final de sua vida til, no tem um valor

    residual e que as parcelas de depreciao anual so iguais. expressa pela seguinte

    frmula:

    D = Vi /n

    Onde

    D = depreciao

    Vi = Valor inicial do bem (valor de compra)

    Exemplo:

    Uma empresa de minerao adquiriu um equipamento por R$ 200.000,00 e com vida

    til de 4anos. Qual deve ser a depreciao anual desse equipamento?

    Soluo:

    Valor do bem: R$ 200.000,00

    Vida til: 4 anos

    A depreciao anual ser dada por

    D = 200.000/4 = 50.000/ano

    Logo

    1 ano = 200.000-50.000 = 150.000

    2 ano = 150.000-50.000 = 100.000

    3 ano = 100.000-50.000 = 50.000

    4 ano = 50.000-50.000 = 0

    iii) Mtodo da Soma dos Dgitos (ou da soma dos nmeros naturais)

    Considera que os equipamentos tm depreciaes decrescentes ao longo de sua vida

    til, pois o valor dele tambm vai decrescendo ano a ano, o que muito lgico.

    Considera ainda que a soma dos dgitos da vida til um parmetro importante no

    clculo da depreciao anual.

    Exemplo:

    Uma empresa de minerao adquiriu um equipamento por R$ 200.000,00 e com vida

    til de 4 anos. Qual deve ser a depreciao anual desse equipamento?

    Soluo:

    1+2+3+4 = 10

    1 ano: 4/10 x 200.000 = 80.000

    2 ano: 3/10 x 200.000 = 60.000

    3 ano: 2/10 x 200.000 = 40.000

    4 ano: 1/10 x 200.000 = 20.000

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    Os mtodos de depreciao linear consideram a depreciao como funo

    exclusiva do tempo e no relacionam a depreciao com o uso do bem. Nem sempre

    a depreciao linear no transcorrer dos anos. Em funo das causas fsicas e

    funcionais a depreciao tende a ser maior no incio da vida til do bem. Desse modo

    o mtodo da soma dos dgitos o que mais se aproxima da realidade.

    h) Mtodos para Avaliao de Projetos

    A globalizao e a crescente competitividade dos mercados exige a otimizao

    dos custos de produo em todas as empresas. Assim a anlise de investimentos

    deve ser realizada criteriosamente e utilizando-se de ferramentas que busquem

    alternativas para a deciso final do investimento. De um modo geral, a implantao de

    um projeto funo de 4 variveis (parmetros):

    Total do capital investido

    Total de retorno do capital

    Tempo do retorno do capital

    Qual o risco associado ao investimento

    Na minerao isso ainda mais complicado, pois na indstria mineral existem

    parmetros que podem influenciar na tomada de decises, tais como a limitao

    quanto localizao, vida til, altos riscos, grande tempo de maturao e payback.

    i) Mtodo do valor atual lquido (VAL)

    Existem muitas tcnicas para avaliar a viabilidade de um projeto. Um deles,

    muito utilizado, conhecido por valor atual lquido (VAL) que tem como objetivo avaliar

    a viabilidade de um projeto atravs do clculo do valor atual de todos os cash-flow (

    fluxos de caixa anuais). Esse mtodo tambm conhecido como mtodo do valor

    presente lquido (VPL).

    Por valor atual entende-se o valor de hoje de um determinado montante a obter

    no futuro. Como todo investimento gera um cash-flow no futuro torna-se necessrio

    atualizar os valores deles para poder compar-los com o valor do investimento.

    Matematicamente o clculo do VAL pode ser expressa por:

  • 16

    Onde

    CFi = cash-flow (fluxo de caixa) no ano i; t = taxa de juros (taxa interna de retorno)

    Deve-se observar que :

    Se VAL > 0 : o projeto vivel

    Se VAL 0 : o projeto invivel

    Exemplo:

    Calcular o VAL para o fluxo de caixa a seguir, com taxas de juros de 10% ao ano:

    Soluo:

    O empreendimento mineiro cujo fluxo de caixa mostrado no diagrama anterior, tem

    uma vida til de 5 anos. Temos inicialmente que calcular o valor anual para o fluxo de

    caixa, como mostrado a seguir

    Ano 0 = -180

    Ano 1 = -150

    Ano 2 = 200 90 = +110

    Ano 3 = 160 30 = +130

    Ano 4 = 200 70 = +130

    Ano 5 = 160 30 = +130

  • 17

    VAL = -180/(1+0,1)0 + (-150)/(1+0,1)

    1 + 110/(1+0,1)

    2 + 130/(1+0,1)

    3 + 130/(1+0,1)

    4 +

    130/(1+0,1)5

    VAL = -180-136,4+98,2+97,67+88,80+80,72

    VAL = +48,99

    Como esse resultado positivo (VAL > 0), o projeto vivel, devendo ser

    implementado. Caso tivssemos dois projetos com valores positivos e quase iguais

    numericamente, deveramos recorrer a outros parmetros para avaliar qual deles o

    mais interessante sob o ponto de vista econmico. Por exemplo: qual deles fornece

    um retorno de capital mais rpido; qual deles apresenta menor investimento total e

    inicial, etc.

    iI) Mtodo do Payback

    Payback definido como tempo de recuperao do capital investido. encontrado

    somando-se algebricamente os fluxos de caixa anuais positivos com os fluxos de caixa

    anuais negativos, at essa soma zerar. A partir da possvel saber a partir de quanto

    tempo (anos) o projeto ir retornar o investimento realizado. tambm conhecido

    como mtodo do pay-back. Ignora as consequncias alm do perodo de recuperao

    e no considera o dinheiro no tempo. Esse mtodo normalmente empregado para

    opes entre duas alternativas de investimento, calculadas por mtodos mais exatos

    (valor atual lquido e taxa interna de retorno, por exemplo).

    Tem como desvantagens:

    No considerar o valor do dinheiro no tempo;

    No considerar todos os capitais do fluxo de caixa;

    No pode ser considerada uma medida de rentabilidade.

    Devido essas desvantagens, atualmente mais utilizado o mtodo do payback

    descontado que utiliza as parcelas do VAL (soma das parcelas at atingir ou superar o

    investimento inicial), diferente do payback convencional que soma as parcelas de um

    fluxo de caixa, sem considerar as taxas de juros.

    iii) Mtodo da Taxa Interna de Retorno (TIR)

    o mtodo que utiliza como princpio uma taxa de juros, conhecida como taxa interna

    de retorno, onde VAL = 0, ou seja a taxa de juros para o qual o valor presente das

    receitas torna-se igual a dos desembolsos (investimentos). Normalmente o mtodo da

    taxa interna de retorno (TIR) calculada atravs do Excel, utilizando-se a funo TIR.

    O VAL, payback e o TIR so calculados a partir de fluxos de caixa projetados,

    que tentam retratar a situao financeira do projeto. Quanto maior for o tamanho e a

  • 18

    complexidade de um projeto, maiores sero as dificuldades de avaliao e, portanto,

    maiores sero os erros de estimativa.

    6. PRINCPIOS DE ECONOMIA MINERAL BRASILEIRA

    Generalidades e Produo Mineral Brasileira

    O Brasil um grande produtor, a nvel mundial de vrias commodities, tais

    como minrio de ferro, nibio, tntalo, entre outros. Devido a sua grande produo de

    bens minerais, o Brasil um dos maiores exportadores de minrios de diversos tipos,

    tendo alcanado um crescimento a partir dos Anos 2000.

    O setor mineral vive um grande momento, apesar da crise capitalista

    internacional que se iniciou nos EUA por volta de 2010 e alastrou-se por toda a

    Europa. A China, por sua vez, anunciou a formao de reserva estratgica de U, Cu,

    Al, Mn, W, Fe e carvo mineral, evitando o estrangulamento desses bens minerais

    essenciais no futuro. Eles preferem comprar bens minerais de outros pases e

    preservar suas reservas.

    O Brasil, inserido no contexto da economia globalizada, tem suprido parte da

    demanda internacional por bens minerais, sobretudo em pases muito populosos como

    a China e a ndia (pases emergentes), que apresentam crescimento econmico

    superior a grande maioria dos outros pases.

    Essa conjuntura internacional tem impulsionado muitos projetos mineiros e

    metalrgicos, bem como a expanso das instalaes existentes. O Brasil ocupa

    atualmente uma posio de destaque nesse cenrio devido a riqueza em bens

    minerais e presena de mo de obra especializada nos diversos nveis.

    PIB Mineral

    A contribuio do setor mineral economia brasileira tem sido significativa. A

    minerao, incluindo o setor de petrleo e gs, correspondem atualmente a 5% do PIB

    Nacional. Dados de 2007 mostram que, em termos de comrcio internacional, a

    minerao, siderurgia, metalurgia dos no-ferrosos e os produtos no metlicos,

    correspondem a 21% das exportaes, 13% das importaes e 43% do saldo

    comercial brasileiro.

    Investimentos no Setor Mineral

  • 19

    Nos ltimos anos, muitos pases no mundo tm revelado crescimento

    expressivo na produo e consumo de bens minerais, tais como a China, ndia, Japo,

    Rssia e Brasil, com tendncias a manter grandes produes. Isso requer altos

    investimentos, equilbrio econmico e novos padres de consumo.

    .

    Referncias Bibliogrficas

    Braz, E. s/d. Economia Mineral. Apostila de economia mineral utilizada no curso de

    Engenharia de Minas da UFPB, Campina Grande, 34p.

    Luz, A.B.; Sampaio, J.A. & Frana, S.C.A. 2010. Tratamento de Minrios (5 Edio).

    CETEM/MCT. Rio de Janeiro, 932p.

    Souza, P.A. 1995. Avaliao econmica de projetos de minerao Anlise de

    sensibilidade e anlise de risco. Instituto de Educao Tecnolgica (IETEC).

    Belo Horizonte, 230p.

    Wessels, W. 2002. Microeconomia Teoria e aplicaes. Editora Saraiva. S. Paulo,

    308p.