APOSTILA ECONOMIA - PC.doc

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UEMG DIVINÓPOLIS-MG APOSTILA ECONOMIA

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FACIG

UEMGDIVINPOLIS-MGAPOSTILAECONOMIA

Prof. Paulo Csar Pereira2015MDULO I

1 - INTRODUO MICROECONOMIA

1.1 - Conceito:

uma cincia social que estuda como o indivduo e a sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos na produo de bens e servios, de modo a distribu-los entre as pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.

Em qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produo so escassos; contudo as necessidades humanas so ilimitadas, e sempre se renovam. Isso obriga a sociedade a escolher entre alternativas de produo e de distribuio dos resultados da atividade produtiva aos vrios grupos da sociedade.

Microeconomia ou Teoria Geral dos Preos analisa a formao de preos no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preo e a quantidade de um determinado bem ou servio em mercados especficos. A microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da procura na formao do preo no mercado, isto , o preo sendo obtido pela interao do conjunto dos consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou servio.

Do ponto de vista da economia de empresas, onde se estuda uma empresa especfica, prevalece a viso contbil financeira na formao do preo de venda de seu produto, baseada principalmente nos custos de produo, enquanto na microeconomia prevalece a viso do mercado.

O conceito de empresa possui 2 vises: a econmica e a jurdica. Do ponto de vista econmico, empresas ou estabelecimento comercial a combinao pelo empresrio, dos fatores de produo: capital, trabalho, terra e tecnologia, de modos organizados para se obter o maior volume possvel de produo ou de servios ao menor custo.

Na doutrina jurdica reconhece-se o estabelecimento como uma universalidade de direito, incluindo-se na atividade econmica um complexo de relaes jurdicas entre o empresrio e a empresa.

1.2 - Inter-relao da Economia com outras reas do conhecimento

Economia : Apesar de ser uma cincia social, a Economia limitado pelo meio fsico, dado que os recursos so escassos, e se ocupa de quantidades fsicas e das relaes entre as quantidades, como a que se estabelece entre a produo de bens e servios e os fatores de produo utilizados no processo produtivos.

A Economia apresenta muitas regularidades, sendo que algumas relaes so inviolveis. Por Exemplo: O consumo nacional depende diretamente da renda nacional. A quantidade demandada de um bem tem uma relao inversamente proporcional com o seu preo. As exportaes e as importaes dependem da taxa de

cmbio.

A rea que est voltada para quantificao dos modelos a Econometria, que combina Teoria Econmica, Matemtica e Estatstica.

* Economia e Poltica: So reas muito interligadas, tornando-se difcil estabelecer uma relao de casualidade entre elas. A estrutura poltica se encontra muitas vezes subordinadas ao poder econmico. Citemos alguns exemplos:

Poder Econmico dos latifundirios, poder dos oligoplios e monoplios, poder das corporaes estatais.

* Economia e Histria: A pesquisa histrica extremamente til e necessria

para Economia, pois ela facilita a compreenso do presente e ajuda nas previses para o futuro com base nos fatos do passado. As guerras e revolues, por exemplo, alteraram o comportamento e a evoluo da Economia.

* Economia e Geografia: A Geografia no o simples registro de acidentes

Geogrficos e climticos. Ela nos permite avaliar fatores muito teis anlise econmica, como as condies geoeconmicas dos mercados, a concentrao espacial dos fatores produtivos, a localizao de empresas e a composio setorial da atividade econmica.

* Economia, Moral, Justia e Filosofia: Na pr-economia, antes da Revoluo

Industrial do sculo XVIII, que corresponde ao perodo da Idade Mdia, a atividade econmica era vista como parte integrante da Filosofia, Moral e tica. A Economia era orientada por princpios morais e de justia.

Cincias Sociais estudam o funcionamento da sociedade

1.3 - O Problema da Escassez

A escassez o problema econmico central de qualquer sociedade. Se no houvesse escassez, tampouco haveria a necessidade de se estudar economia.

Mas por que existe a escassez?

A escassez existe porque as necessidades humanas a serem satisfeitas atravs do consumo dos mais diversos tipos de bens (alimentos, roupas, casas etc.) e servios (transporte, assistncia mdica etc.) so infinitas, ao passo que os recursos produtivos (mquinas, fbricas, terras agricultveis, matrias-primas etc.) disposio da sociedade e que so utilizados na produo dos mais diferentes tipos de produtos so finitos e limitados, ou seja, so insuficientes para se produzir o volume de bens e servios necessrios para satisfazer as necessidades de todas as pessoas. (Passos e Nogami, 2003)

Necessidades humanas ilimitadas X Recursos produtivos limitados ( Escassez de bens

Pode-se dizer, ento, que a escassez a preocupao bsica da cincia Econmica. Somente devido escassez de recursos em relao s ilimitadas necessidades humanas que se justifica a preocupao de utiliz-los da forma mais racional e eficiente possvel.

Da dura realidade da escassez decorre a necessidade da escolha. J que no se pode produzir tudo o que as pessoas desejam, devem criados mecanismos que de alguma forma auxiliem as sociedades a decidir quais bens sero produzidos e quais necessidades sero atendidas.

1.4 - Necessidades Humanas

Entende-se por necessidade humana a sensao da falta de alguma coisa unida ao desejo de satisfaz-la. As pessoas necessitam de ar, gua, alimentos, roupas e abrigo para que possam sobreviver. Sabemos tambm, que no h limite variedade e nmero das necessidades humanas.

Sabemos que nem todas as necessidades humanas podem ser satisfeitas. E esse fato que explica a existncia da economia, cabendo ao economista o estudo do modo de satisfazer, tanto quanto possvel, tais necessidades.

Assim sendo, interessa ao economista o atendimento das necessidades humanas que possam ser satisfeitas por bens que no sejam gratuitos, mas que o homem precisa fornecer. Essas necessidades so denominadas necessidades econmicas, e os bens que as satisfazem so chamados Bens Econmicos, e so aqueles que tm preo.

1.5 - Definio de Bens e Servios e Fatores de Produo.

Bem tudo aquilo que permite satisfazer uma ou vrias necessidades humanas. Por essa razo, um bem procurado: porque til.

So classificados quanto raridade, e Bens Livres e Bens Econmicos.

Bens Livres: so aqueles que existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos com pouco ou nenhum esforo humano. Ex: luz solar, ar, o mar etc. a principal caracterstica dos Bens Livres a de que no possuem preo.

Bens Econmicos: so relativamente escassos e supem a ocorrncia de esforo humano na sua obteno. Caracterstica bsica que tm preo. Quanto natureza, os bens econmicos so classificados em dois grupos: Bens Materiais (tangveis alimentos, roupas, livros etc...), ou bens propriamente ditos, e Bens Imateriais ou Servios (intangveis servios mdicos, advogados, transportes etc...). Bens Materiais se classificam em bens de capital e consumo:

Bens de Capital: (ou bens de produo) so aqueles utilizados na fabricao de outros bens, mas que no se desgastam totalmente no processo produtivo. Exemplo: Mquinas, Equipamentos e Instalaes.

Bens de Consumo: destina-se diretamente ao atendimento das necessidades humanas. De acordo com sua durabilidade, podem ser classificados como durveis. (geladeiras, foges, automveis) ou como no durveis (alimentos, produtos de limpeza).

Bens Intermedirios: so aqueles que so transformados ou agregados na produo de outros bens e que so consumidos totalmente no processo de produtivo (insumos, matrias-primas e componentes).

Fatores de Produo: So constitudas pelos recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia.

Cada fator de produo corresponde uma remunerao, a saber:

Fator de ProduoTipo de Remunerao

TrabalhoSalrio

CapitalJuro

TerraAluguel

TecnologiaRoyalty

Capacidade empresarialLucro

1.6 - A Interao dos Agentes Econmicos

Agentes econmicos so pessoas de natureza fsica ou jurdica que, por meio de suas aes, contribuem para o funcionamento do sistema econmico. So eles:

as Famlias (ou unidades familiares);

as Firmas (ou unidades produtivas); e

o Governo.

1.6.1 - As Famlias incluem todos os indivduos e unidades familiares da economia e que, no papel de consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e servios, objetivando o atendimento de suas necessidades de consumo. Fornecem s firmas os diversos fatores de produo: Trabalho, Terra, Capital e Capacidade Empresarial.

1.6.2 - Firmas so unidades encarregadas de produzir e/ou comercializar bens e servios. A produo realizada por meio da combinao dos fatores produtivos adquiridos juntos s famlias. Tanto na aquisio de recursos produtivos quanto na venda de seus produtos, as decises das firmas so guiadas pelo objetivo de se conseguir o mximo lucro.

1.6.3 - O Governo por sua vez, inclui todas as organizaes que, direta ou indiretamente, esto sob o controle do Estado, nas suas esferas federais, estaduais e municipais. Muitas vezes o governo intervm no sistema econmico atuando como empresrio e produzindo bens e servios atravs de suas firmas estatais; em outras. Ele age como comprador quanto, alm de controlar servios, adquire materiais, equipamentos etc. alm de disciplinar por meio de regulamentos a conduta dos demais agentes econmicos.

1.7 - Argumentos positivos versus argumentos normativos.

A Economia uma cincia social e utiliza fundamentalmente uma anlise positiva, que dever explicar os fatos da realidade. Os argumentos positivos esto contidos na anlise que no envolve juzo de valor, estando esta estritamente limitada a argumentos descritivos, ou noes cientficas.

Por exemplo, se o preo da gasolina aumentar em relao a todos os outros preos, ento a quantidade que as pessoas iro comprar de gasolina cair. uma anlise do que .

Definimos tambm argumentos normativos, que uma anlise que contm, explicita ou implicitamente, um juzo de valor sobre alguma medida econmica.

Por exemplo, na afirmao o preo da gasolina no deve subir expressamos uma opinio ou juzo de valor, ou seja, se uma coisa boa ou m. uma anlise do que deveria ser.

Suponha, por exemplo, que desejemos uma melhoria na distribuio de renda do pas. um julgamento de valor em que acreditamos. O administrador de poltica econmico dispe de algumas opes para alcanar esse objetivo (aumentar salrios, combater a inflao, criar empregos etc.). A Economia Positiva ajudar a escolher os instrumentos de poltica econmica mais adequada. Esse um argumento positivo, indicando que aumentos salariais, nessas circunstncias, no constituem a poltica mais adequada.

Dessa forma, a Economia positiva pode ser utilizada como base para escolha da poltica mais apropriada, de forma a atender os objetivos individuais ou da nao.

1.8 - Aplicaes da anlise microeconmica

A teoria microeconmica no um manual de tcnicas para a tomada de decises do dia-a-dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta til para esclarecer polticas e estratgias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto em nvel de empresas quanto de nvel de poltica econmica.

Para as empresas, a anlise microeconmica pode subsidiar as seguintes decises:

* Polticas de preos da empresa.

* Previso de demanda e faturamento.

* Previso de custos de produo.

* Decises timas de produo (melhor combinao dos custos de produo).

* Avaliao e elaborao de projetos de investimentos (anlise custo/benefcio)

* Poltica de propaganda e publicidade.

* Localizao da empresa.

Em relao da poltica econmica, pode contribuir na anlise e tomada de decises das seguintes questes:

* Efeitos de impostos sobre mercados especficos.

* Poltica de subsdios.

* Fixao de preos mnimos na agricultura.

* Controle de preos

* Poltica Salarial

* Polticas de tarifas pblicas. (gua, luz, etc.).

1.9 - Diviso do estudo microeconmico Anlise da Demanda: A Teoria da Demanda ou Procura de uma mercadoria ou servio divide-se em Teoria do Consumidor e Teoria da Demanda de Mercado.

Anlise da Oferta: A Teoria da Oferta de um bem ou servio tambm se subdivide em oferta de firma individual e oferta de mercado.

Anlise das Estruturas de Mercado: A partir da demanda e da oferta de mercado so determinados o preo e a quantidade de um bem ou servio.

As estruturas de mercado de bens e servios so:

a) concorrncia perfeita; b) monoplio; c) oligoplio d) concorrncia imperfeita ou monopolista;

As Estruturas de Mercado de Fatores de Produo so:

a) concorrncia perfeita; b) monoplio bilateral; c) monopsnio;

d) oligopsnio.

Teoria do Equilbrio Geral: A anlise do equilbrio geral leva em conta as inter-relaes entre todos os mercados, procurando analisar se o comportamento independente de cada agente econmico conduz todos a uma posio de equilbrio global, embora todos sejam, na realidade, interdependente.

1.10 - Atividades de produo

02 critrios de referncia para classificao das atividades de produo:

Intensidade de emprego de cada um dos fatores de produo

Diferentes categorias de produtos

1.10.1 Primrias

Lavouras culturas permanentes. Culturas temporrias extensivas. Horticultura. Floricultura.

Produo animal Criao e abate de gado e aves. Pesca. Caa. Derivados da produo animal.

Extrao vegetal Produo florestal: silvicultura e reflorestamento para usos mltiplos. Extrao de recursos florestais nativos.

1.10.2 Secundrias

Indstria extrativa mineral extrao de minerais metlicos e no metlicos.

Indstria de transformao Transformao de materiais no metlicos. - Siderurgia e metalurgia;

- Material eletroeletrnico e de comunicaes;

- Material de transporte;

- Beneficiamento de madeira e mobilirios;

- Celulose, papel e papelo;

- Produtos de higiene;

- Txtil, vesturio, calados e artefatos de couro;

- Produtos alimentares, bebidas, fumo etc...

Indstria da construo Obras pblicas; construes e edificaes para fins residenciais e no residenciais;

Atividades semi-industriais Produo, transmisso e distribuio de energia eltrica; gs encanado. Tratamento e distribuio de gua.1.10.3 Tercirio

Comrcio comrcios atacadista e varejista, subgrupados segundo ramos principais;

Intermediao financeira

Transporte e comunicaes - rodovirio, ferrovirio, areo, hidrovirio.

Outros servios Assistncia sade; educao e cultura; cultos religiosos; hospedagens e alimentao; lazer; turismo; profissionais liberais.

1.11 - Princpio da Racionalidade

Por esse princpio, os empresrios tentam sempre maximizar lucros condicionados pelos custos de produo, os consumidores procuram maximizar sua satisfao no consumo de bens e servios (limitados por sua renda e pelos preos das mercadorias).

2 - SISTEMAS ECONMICOS

Pode ser definido como sendo a forma poltica, social e econmica pela qual est organizada uma sociedade.

Os elementos bsicos de um sistema econmico so:

A) Estoques de Recursos Produtivos ou Fatores de Produo: recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, terra, reservas naturais e a tecnologia.

B) Complexo de unidades de produo: constitudo pelas empresas.

C) Conjunto de instituies polticas, jurdicas, econmicas e sociais: que so base da organizao da sociedade.

2.1 - Elementos bsicos de um sistema: Recursos Produtivos (ou Fatores Produtivos)2.1.1 - Terra - base sobre a qual se exercem a presses e as atividades dos demais recursos

2.1.2 - Trabalho parcela economicamente mobilizvel da populao total

2.1.3 - Capital compreende o conjunto de riquezas acumuladas pela sociedade

2.1.4 - Capacidade Tecnolgica conhecimento e habilidades expresso inglesa Know-how (como fazer). Gerao, P&D, C&T - herana cultural das naes.

2.1.5 - Capacidade Empresarial explorao recursos naturais, mobilizao da populao em idade de produzir, escolha dos bens de capital, definio dos padres tecnolgicos que sero empregados, mobilizao, aglutinao e a combinao dos fatores de produo.

Variam de setor para setor

2.1.6 - Os sistemas econmicos podem ser classificados em:

A) Sistema capitalista, ou economia de mercado, aquele regido pelas foras de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produo.

B) Sistema socialista ou economia centralizada, ou ainda economia planificada, aquele em que as questes econmicas fundamentais so resolvidas por um rgo central de planejamento, predominando a propriedade pblica dos fatores de produo.

2.2 - Os Problemas Econmicos Fundamentais

Da escassez dos recursos ou dos fatores de produo, associa-se s necessidades ilimitadas do homem, originando problemas econmicos fundamentais:

A) O qu e quanto produzir: Dada a escassez de recursos de produo, a sociedade ter de escolher, quais produtos sero produzidos e em que quantidades.

B) Como produzir: A sociedade ter de escolher ainda quais recursos de produo sero utilizados para a produo de bens e servios, dado o nvel tecnolgico existente.

C) Para quem produzir: A sociedade ter tambm que decidir como seus membros participaro da distribuio dos resultados de sua produo (demanda, oferta, determinao de salrios, das rendas das terras, dos juros etc).

Em economias de mercado, esses problemas so resolvidos pelos mecanismos de preos atuando por meio da oferta e da demanda. Nas economias centralizadas, essas questes so decididas por um rgo central de planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de produo disponveis e das necessidades do pas, e no pela oferta e demanda no mercado.

2.3 - Curva ou Fronteira de Possibilidade Produo (ou curva de transformao).

um conceito terico com o qual se ilustra como a questo da escassez impe um limite capacidade produtiva de uma sociedade, que ter que fazer escolhas entre alternativas de produo.

Devido escassez de recursos, a produo total de um pas tem um limite mximo, onde todos os recursos disponveis esto empregados.

Suponhamos uma economia que s produza mquinas (Bens de Capital) e alimentos (Bens de Consumo) e que as alternativas de produo de ambos seja as seguintes:

Mostrar em grfico.

Alternativas de Produo Mquinas (milhares) Alimentos (toneladas)

A

25

0

B

20

30

C

15

45

D

10

60

E 0

70

2.3.1 - Conceito de Custo de Oportunidade:

A transferncia dos fatores de produo de um bem A para produzir um bem B implica um custo de oportunidade que igual ao sacrifcio de se deixar de produzir parte do bem A para se produzir mais do bem B. O custo de oportunidade por representar o custo da produo alternativa sacrificada, reflete em um custo implcito.

2.3.2 - Deslocamento da Curva de Possibilidade de Produo

Isso pode ocorrer fundamentalmente tanto em funo do aumento da quantidade fsica de fatores de produo quanto em funo de melhor aproveitamento dos recursos j existentes, o que pode ocorrer com o progresso tecnolgico, maior eficincia produtiva e organizacional das empresas e melhoria no grau de qualificao da mo-de-obra.

MDULO II O MERCADO

3 - FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO

3.1 - Fluxos Reais e Monetrios

Para entender o funcionamento do sistema econmico, vamos supor uma economia de mercado que no tenha interferncia do governo e no tenha transaes com exterior ( economia fechada ).

Os agentes econmicos so as famlias e as empresas. As famlias so proprietrias de fatores de produo e os fornecem s empresas, atravs do mercado dos fatores de produo. As empresas, atravs da combinao dos fatores de produo, produzem bens e servios e os fornecem s famlias por meio do mercado de bens e servios.

3.2 - Fluxo Real da Economia

Mercado de Bens e Servios

Demanda Oferta

Famlias Empresas

Oferta Demanda

Mercado de Fatores de Produo

No entanto, o fluxo real da economia s se torna possvel com a presena da moeda, que utilizada para remunerar os fatores de produo e para o pagamento dos bens e servios. Desse modo, paralelamente ao fluxo real temos um fluxo monetrio da economia.

3.3 - Fluxo Monetrio da Economia

Pagamento dos bens e servios

Famlias Empresas

Remunerao dos Fatores de Produo

4 - DIVISO DO ESTUDO ECONMICO

A anlise econmica, para fins metodolgicos e didticos, normalmente dividida em quatro reas de estudo:

1) Microeconomia ou Teoria da Formao de Preos;

2) Macroeconomia;

3) Economia Internacional;

4) Desenvolvimento e Crescimento Econmico.

5 - DEMANDA, OFERTA E EQUILBRIO DE MERCADO

Breve Histrico: Os fundamentos da anlise da demanda ou procura esto alicerados no conceito subjetivo de utilidade. A utilidade representa o grau de satisfao que os consumidores atribuem aos bens e servios que podem adquirir no mercado. Como est baseada em aspectos psicolgicos ou preferncias, a utilidade difere de consumidor para consumidor (uns preferem usque, outros preferem cerveja etc.).

A Teoria do Valor Utilidade contrapem-se chamada Teoria Valor Trabalho, desenvolvida por economistas clssicos. A Teoria do Valor Utilidade pressupe que um valor de um bem se forma pela sua demanda, isto , pela satisfao que um bem representa para o consumidor.

A Teoria Valor Trabalho considera que um bem se forma do lado da oferta, atravs dos custos do trabalho incorporado ao bem. Os custos de produo eram representados basicamente pelo fator mo-de-obra, em que a terra era praticamente gratuita e, o capital pouco significativo.

Pode-se dizer que a Teoria do Valor - Utilidade veio complementar a Teoria Valor Trabalho, pois no era mais possvel predizer o comportamento dos preos dos bens apenas com base nos custos da mo de obra (ou mesmo custos em geral ) sem considerar o lado da demanda ( padro de gostos, hbitos, renda etc.).

Ademais, a Teoria do Valor Utilidade permitiu distinguir o valor de uso do valor de troca de um bem. O valor de uso a utilidade que ele representa para o consumidor. Valor de troca se forma pelo preo no mercado, pelo encontro da oferta e da demanda do bem.

5.1 - DEMANDA DE MERCADO

Conceito: A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado bem ou servio que os consumidores desejam adquirir em determinado perodo de tempo.

A procura depende de variveis que influenciam a escolha do consumidor. So elas: o preo do bem e servio, o preo dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto ou preferncia do indivduo. Para estudar-se a influncia dessas variveis utiliza-se a hiptese do coeteris paribus, ou seja, considera-se cada uma dessas variveis afetando separadamente as decises do consumidor.

Funo geral da demanda: dq i = f(pi , ps pc. R, G)onde:

d

q i = quantidade procurada(demandada) do bem i / t ( t significa num dado perodo)

pi = preo do bem i / t

p s = preo dos bens substitutos ou concorrentes/ t

p c = preo dos bens complementares / t

R = renda do consumidor / t

G = gostos, hbitos e preferncias do consumidor / t

Essas so as variveis mais freqentes para explicar a demanda de qualquer bem ou servio.

* Quais so os fatores que determinam a Demanda?

O preo do bem;

A renda do consumidor salrio;

O gosto e preferncia do consumidor;

O preo dos bens relacionados;

Forma de pagamento;

Clima e futuro.

5.1.1 - Relao entre a quantidade procurada e preo do bem: A Lei Geral da Demanda

a funo convencional da demanda:

d

q i = f (pi), supondo ps, pc, R e G constantes

H uma relao inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preo do bem. a chamada Lei Geral da Demanda. Essa relao pode ser observada a partir dos conceitos de escala de procura, curva de procura ou funo demanda.

A relao preo/quantidade procurada pode ser representada por uma escala de procura, conforme apresentada a seguir:

Alternativa de preo ($)Quantidade Demandada

1,0012.000

3,008.000

6,004.000

8,003.000

10,002.000

A curva da demanda negativamente inclinada devido ao efeito conjunto de dois fatores: o efeito substituio e o efeito renda. Se o preo de um bem aumenta, a queda da quantidade demanda ser provocada por esses dois efeitos somados:

a) Efeito substituio: se um bem possui um substituto, ou seja, outro bem similar que satisfaa a mesma necessidade, quando seu preo aumenta, o consumidor passa adquirir o bem substituto, reduzindo assim sua demanda. Exemplo: Fsforo.

b) Efeito renda: quando aumenta o preo de um bem, o consumidor perde o poder aquisitivo, e a demanda por esse produto diminui.

5.1.2 - Relao entre demanda de um bem e renda do consumidor(R)

Efetivamente, a procura de uma mercadoria no influenciada apenas por seu preo. Existe uma srie de outras variveis que tambm afetam a procura.

d

q i = f ( R) com pi , ps, e G constantes

Em relao renda dos consumidores, podemos ter trs situaes distintas:

a) Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto tambm, temos um bem normal.

b) Bem inferior, cuja demanda varia em sentido inverso s variaes da renda; exemplo se o consumidor ficar mais rico, diminuir o consumo de carne de segunda, e aumentar o consumo da carne de primeira.

c) Bens de consumo saciado, quando a demanda do bem, quase no influenciada pela renda dos consumidores (arroz, farinha, sal, etc.), muitas vezes ocorre a diminuio do consumo deste tipo de bem, devido ao aumento da renda.

5.1.3 - Relao entre a quant. demandada e os preos de outros bens e servios

A relao da quantidade demandada de um bem ou servio com os preos de outros bens ou servios d origem a dois importantes conceitos.

5.1.3.1 - Bens substitutos ou concorrentes

d

q i = f ( ps ) ; supondo os restantes constantes

Quando h uma relao direta entre o preo de um bem e a quantidade de outro. Exemplo: um aumento no preo da carne deve elevar a demanda de peixe. Outros exemplos; carne de vaca, frango, peixe; cerveja Skol e nova Schin (h opinies divergentes)

5.1.3.2 - Bens complementares

d

q i = f (pc) com os restantes constantes

So bens que podem ser utilizados em conjunto ou que ficam melhores utilizados.

Ex: Se aumentar o preo da impressora e a quantidade demandada de cartuchos diminuir porque a impressora e o cartucho so complementares no consumo. Um aumento no preo dos automveis dever diminuir a procura de gasolina, coeteris paribus

Outros exemplos de bens complementares:

Camisa social e gravata;

Pneu e cmara;

Po e manteiga;

Sapato e meia.

5.1.4 - Relao entre demanda de um bem e os hbitos dos consumidores(G)

d

q i = f (G) com pi , ps , pc e R constantes

Os hbitos, preferncias ou gostos (G) podem ser alterados, manipulados por propaganda e campanhas promocionais. Podemos ter campanhas para aumentar o consumo ou para diminuir o consumo de bens

Ex: campanha do tipo beba mais leite ; campanha do tipo o fumo prejudicial sade

5.1.5 - Curva de demanda de mercado de um bem ou servio

A demanda de mercado igual ao somatrio das demandas dos consumidores individuais. Assim, a cada preo, a demanda de mercado a soma das demandas dos consumidores individuais.

5.1.6 - O conceito de excedente do consumidor

o benefcio lquido que o consumidor ganha por ser capaz de comprar um bem ou servio. a diferena entre quanto o consumidor estaria disposto a pagar e o que ele efetivamente paga.

5.1.7 - Paradoxo de Giffen uma exceo lei Geral da Demanda, em que a curva de demanda positivamente inclinada, ou seja, h uma relao direta, e no inversa, como usual, entre a quantidade demandada e o preo do bem. O bem de giffen um caso especial de bem inferior.

A queda do preo da batata em uma comunidade inglesa no sculo XVIII, que consumia basicamente batatas, fez com que a quantidade demandada de batatas casse tambm, fazendo com que a curva de demanda fosse positivamente inclinada.

5.1 8 Deslocamentos da Demanda Quando outros fatores determinantes da demanda mudam, a demanda inteira muda. Esses fatores so:

5.1.8.1 - Renda

Quando a renda muda a curva se desloca para esquerda ou para direita dependendo se houve aumento da renda ou diminuio e do tipo de bem.

5.1.8.2 - Populao

Um aumento da populao desloca a curva de demanda para a direita, ou seja, aumenta a demanda total. Uma diminuio diminui a demanda total.

5.1.8.3 - Gosto dos consumidores

Mudanas nas preferncias dos consumidores, desloca a curva de demanda para a esquerda ou para a direita.

5.1.8.4 - Expectativa de preos futuro

Quando o consumidor acha que um bem vai aumentar de preo no prximo perodo ele tende a comprar mais deste bem no atual perodo. Isso aumenta a demanda atual e diminui a demanda futura.

5.1.8.5 - Resultado

1. Se um evento aumenta a demanda, a curva se desloca para fora e direita. Se a curva de oferta no for afetada, o preo e a quantidade de equilbrio vo aumentar.

2. Se um evento reduz a demanda, a curva se desloca para dentro e esquerda. Se a curva de oferta no for afetada, o preo e a quantidade de equilbrio vo diminuir.5.2 - OFERTA DE MERCADO

Pode-se conceituar oferta como as vrias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado perodo de tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vrios fatores; dentre eles, de seu prprio preo, dos demais preos, dos preos dos fatores de produo, das preferncias do empresrio e da tecnologia.

Diferentemente da funo demanda, a funo de oferta mostra uma correlao direta entre a quantidade ofertada e nvel de preos. a chamada Lei Geral da Oferta.

Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma srie de preos, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preo:

Preo ( $ )Quantidade Ofertada

1,001.000

3,005.000

6,009.000

8,0011.000

10,0013.000

5.2.1 - Oferta Individual de um determinado bem ou servio a quantidade desse bem que um nico produtor deseja vender no mercado, por unidade de tempo. Destacam-se dois elementos:

a oferta uma aspirao, um desejo e no a realizao do desejo. A realizao do desejo se d pela venda do bem; No se pode confundir oferta com venda;

Unidade de tempo: dia, ms, bimestre, semestre etc...

* Quais so os fatores que determinam a Oferta?

O Preo do bem;

O Preo dos Fatores de Produo;

A tecnologia;

O Preo de outros bens;

Expectativas (gosto e preferncia);

Condies climticas (no caso dos produtos agrcolas);

Assim:

Qo = f(P) Coeteris Paribus

_ __ _ __ _ _

Qo = f( P, FP, T, PB, G, C )

5.2.2 - A Oferta e o Preo do Bem:

Relao direta entre preo e quantidade;

Quanto maior for o preo de um bem ou servio, maior dever ser a quantidade ofertada do mesmo no mercado, ou o inverso.

Se o pr de venda alcanado no mercado no for suficiente para cobrir os custos de produo, no haver estmulo para se oferecer a mercadoria;

A anlise do comportamento do ofertante deve relacionar custo de produo e/ou distribuio e a receita total a obter.

5.2.3 - A Oferta e os Preos dos Fatores de Produo:

A quantidade de um determinado bem que o produtor individual deseja oferecer, depende do preo dos fatores de produo;

O valor pago pelos fatores de produo que determinam o custo produzido;

Quanto maior a queda no preo dos fatores de produo, menor ser o custo dos mesmos e, conseqentemente maior lucro;

Aumento no lucro, estimula as firmas a aumentarem a produo e oferta de produtos no mercado.

5.2.4 - A Oferta e a Tecnologia:

Relao direta com o custo de produo;

Avanos tecnolgicos permitam obter maior produo com menor custo, obtendo maior lucratividade;

Ex: Nova mquina maior produo por unidade de tempo maior oferta no mercado menores custos maiores lucros.

5.2.5 - A Oferta e o Preo dos outros Bens:

A oferta de um produto pode ser afetada pela variao nos preos dos bens substitutos e/ou complementares;

Substitutos produzidos com os mesmos recursos produtivos;

Ex: milho e soja (concorrentes)

Aumento no preo do milho gera maior lucro que soja (custo de oportunidade).

Complementares maior produo provoca variao no preo de outro bem;

Ex: aumento no preo da carne, provoca aumento no abate de gado, que aumenta a oferta de couro no mercado (ou o inverso).

5.2.6 - A Oferta e as Expectativas do produtor:

O criador de gado acredita no aumento do preo da carne no futuro, por isso ele retm o fornecimento atual, esperando aumento posterior;

Provoca diminuio da oferta atual de carne.

5.2.7 - A Oferta e as Condies Climticas:

Produtos Agrcolas influencia a oferta de produtos;

Ex: Na geada a oferta de caf diminui no mercado.

5.2.8 Deslocamentos da Oferta

Quando outros fatores determinantes da oferta mudam a oferta inteira muda. Esses fatores so:

5.2.8.1 - Tecnologia

Quando a tecnologia muda a curva se desloca para direita aumentando a oferta global.

5.2.8.2 - Preos dos Insumos

Quando o preo dos insumos de produo se altera, o custo se altera e a disposio a vender se altera deslocando a curva para esquerda, no caso de um aumento, e para a direita, no caso de uma reduo.

5.2.8.3 - Nmero de firmas

Uma variao do nmero de produtores altera a oferta total.

5.2.8.4 - Preo dos produtos correlatos:

Produto substituto aquele que pode ser produzido com a mesma srie de insumos, ou com uma srie muita parecida. Ex: Gasolina e leo combustvel, trigo e milho.

Produtos conjuntos so aqueles quase sempre produzidos em conjunto, ou pode ser difcil produzi-los separadamente. Ex: couro e carne, compensado e laminado de madeira, petrleo e gs natural. Quando o preo de um sobe, por excesso de demanda, e se aumenta sua oferta, o preo do outro cai pelo excesso de oferta.

5.2.8.5 - Expectativa de preos futuro

Quando os produtores formam expectativas de aumento ou diminuio dos seus preos isso pode afetar a oferta atual e futura. 5.2.8.6 - Resultado

1. Se um evento aumenta a oferta, a curva se desloca para fora e direita. Se a curva de demanda no for afetada, o preo de equilbrio cair e a quantidade de equilbrio aumentar.

2. Se um evento reduz a oferta, a curva se desloca para dentro e esquerda. Se a curva de demanda no for afetada, o preo de equilbrio aumentar e a quantidade de equilbrio diminuir.

5.3 - EQUILBRIO DE MERCADO

Qd = Qo = Qe onde;Qd = Quantidade Demanda;

Qo = Quantidade Ofertada;

Qe = Quantidade de Equilbrio.

5.3.1 - Mercados competitivos = muitos compradores e vendedores. Nenhum consegue exercer influncia significativa sobre os preos e quantidades praticadas no mercado.

A interao das curvas de demanda e de oferta determina o preo e a quantidade de equilbrio de um bem ou servio em um dado mercado.

Veja o quadro a seguir representativo da oferta e da demanda do bem X:

PreoQuantidadeSituao de Mercado

ProcuradaOfertada

1,00111Excesso de procura (escassez de oferta)

3,0093Excesso de procura (escassez de oferta)

6,0066Equilbrio entre oferta e procura

8,0048Excesso de oferta (escassez de procura)

10,00210Excesso de oferta (escassez de procura)

Como se observa na tabela acima existe equilbrio entre oferta e demanda do bem X, quando o preo igual a 6,00 unidades monetrias.

5.3.2 - Interferncia do Governo no equilbrio de mercado

O governo intervm na formao de preos de mercado, a nvel microeconmico, e quando fixam impostos e subsdios, estabelecem critrios de reajustes do salrio mnimo, fixa preos mnimos para produtos agrcolas decreta tabelamentos ou ainda congelamento de preos e salrios.

Estabelecimento de Impostos: sabido que quem recolhe a totalidade do tributo a empresa, mas isso no quer dizer que ela quem efetivamente paga. Assim, saber sobre quem recai efetivamente o nus do tributo uma questo da maior importncia na anlise dos mercados.

Os tributos se dividem em impostos, taxas e contribuies de melhoria. Os impostos dividem-se em:

Impostos Indiretos: impostos incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas. Exemplo: Imposto sobre Circulao de Mercadorias (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Impostos Diretos: Impostos incidentes sobre a renda. Exemplo: Imposto de Renda.

Entre os impostos indiretos destacamos:

Imposto Especfico: Recai sobre a unidade vendida. Exemplo: para cada carro vendido, recolhe-se, a ttulo de imposto, R$ 5.000 ao governo (esse valor fixo e independente do valor da mercadoria).

Imposto ad valorem: um percentual (alquota) aplicado sobre o valor de venda. Exemplo: supondo a alquota do IPI sobre automveis de 10 %, se o valor do automvel for de R$ 50.000, o valor do IPI ser de R$ 5.000; se o valor aumentar para R$ 60.000, o valor do IPI ser de R$ 6.000. Assim, como se pode notar, a alquota permanece inalterada em 10%, enquanto o valor do imposto varia com o preo do automvel.

Poltica de preos mnimos na agricultura: Trata-se de uma poltica que visa dar garantia de preos ao produtor agrcola, com propsito de proteg-lo das flutuaes dos preos no mercado, ou seja, ajud-lo diante de uma possvel queda acentuada de preos e conseqentemente da renda agrcola. O governo, antes do incio do plantio, garante um preo que ele pagar aps a colheita do produto.

Tabelamento: Refere-se interveno do governo no sistema de preos de mercado visando coibir abusos por parte dos vendedores, controlar preos de bens de primeira necessidade ou ento refrear o processo inflacionrio, como foi adotado no Brasil (Plano Cruzado, Bresser, Real etc.), quando se aplicou o congelamento de preos e salrios.

5.4 - ELASTICIDADE Atravs das Leis da Oferta e da Procura possvel apontar a direo de uma resposta em relao mudana de preos demanda cai quando o preo sobe, oferta aumenta quando o preo sobe, etc... mais no informa o quanto mais os consumidores demandaro ou os produtores oferecero.

O conceito de elasticidade usado para medir a reao das pessoas frente a mudanas em variveis econmicas. Por exemplo, para alguns bens os consumidores reagem bastante quando o preo sobe ou desce e para outros a demanda fica quase inalterada quando o preo sobe ou desce. No primeiro caso se diz que a demanda elstica e no segundo que ela inelstica. Do mesmo modo os produtores tambm tm suas reaes e a oferta pode ser elstica ou inelstica.

MDULO III

6 - ESTRUTURAS DE MERCADO

6.1 - Introduo

Nas aulas anteriores vimos, quais variveis afetam a demanda e a oferta de bens e servios, e como so determinados os preos, supondo sem interferncias, o mercado automaticamente encontra seu equilbrio. Implicitamente, estava sendo suposta uma estrutura especfica de mercado, qual seja a de concorrncia perfeita.

As vrias formas ou estruturas de mercados dependem fundamentalmente de trs caractersticas:

a) nmero de empresas que compe esse mercado;

b) tipo do produto ( se as firmas fabricam produtos idnticos ou diferenciados);

c) se existem ou no barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado.

A maior parte dos modelos existentes pressupe que as empresas maximizam o lucro total, especificamente para o caso de estruturas oligopolistas de mercado, veremos que existe uma teoria alternativa, que pressupe que a empresa maximiza o mark-up, que margem entre a receita e os custos diretos ( ou variveis )de produo.

6.2 - Concorrncia pura ou perfeita

um tipo de mercado em que h um grande nmero de vendedores ( empresas ), de tal sorte uma empresa, isoladamente, por ser insignificante, no afeta os nveis de oferta do mercado e, consequentemente, o preo de equilbrio.

Nesse tipo de mercado devem prevalecer ainda as seguintes premissas:

Produtos homogneos: No existe diferenciao entre os produtos ofertados pelas empresas concorrentes.

No existem barreiras: para o ingresso de empresas no mercado.

Transparncia do mercado: Todas as informaes sobre lucros, preos etc. so conhecidas por todos os participantes do mercado.

6.3 - Monoplio

O mercado monopolista se caracteriza por apresentar condies diametralmente opostas s da concorrncia perfeita. Nele existe, de um lado, um nico empresrio (empresa) dominando inteiramente a oferta e, de outro, todos os consumidores. No h, portanto concorrncia, nem produto substituto ou concorrente. Nesse caso, ou os consumidores se submetem s condies impostas pelo vendedor, ou simplesmente deixaram de consumir o produto.

Nessa estrutura de mercado, a curva de demanda da empresa a prpria curva de demanda do mercado como um todo. Ao ser exclusivo no mercado, a empresa no estar sujeita aos preos vigentes. Mas isso no significa que poder aumentar os preos indefinidamente.

Para a existncia de monoplios, deve haver barreiras que praticamente impeam a entrada de novas firmas no mercado. Essas barreiras podem advir das seguintes condies: Monoplio puro, elevado volume de capital, patente e controle de matrias-primas bsicas, existem ainda, os monoplios institucionais ou estatais em setores considerados estratgicos ou de segurana nacional (petrleo, *energia, *comunicao).

6.4 - Oligoplio

um tipo de estrutura normalmente caracterizada por um pequeno nmero de empresas que dominam a oferta de mercado. Pode caracterizar-se como um mercado em que h um pequeno nmero de empresas, como a indstria automobilstica, ou ento onde h um grande nmero de empresas, mas poucas dominam o mercado, como a indstria de bebidas.

O setor produtivo no Brasil altamente oligopolizado, sendo possvel encontrar inmeros exemplos: montadoras de veculos, setor de cosmticos, indstria de papel, indstria farmacutica etc.

Nos oligoplios, tanto as quantidades ofertadas quanto os preos so fixados entre as empresas por meio de cartis. O cartel uma organizao formal ou informal de produtores dentro de um setor que determina a poltica de preos para todas as empresas que a ele pertencem.

Podemos caracterizar tambm tanto oligoplios com produtos diferenciados (como a indstria automobilstica) como oligoplios com produtos homogneos (alumnio).

6.5 - Concorrncia monopolista

Trata-se de uma estrutura de mercado intermediria entre a concorrncia perfeita e o monoplio, mas que no se confunde com o oligoplio, pelas seguintes caractersticas:

a) Nmero relativamente grande de empresas com certo poder concorrencial, porm com segmentos de mercados e produtos diferenciados, seja por caractersticas fsicas, embalagem ou prestao de servios complementares (ps-venda).

b) Margem de manobra para fixao dos preos no muito ampla, uma vez que existem produtos substitutos no mercado.

Essas caractersticas acabam dando um pequeno poder monopolista sobre o preo de seu produto, embora o mercado seja competitivo (da o nome concorrncia monopolista).

7 - Estrutura do Mercado de fatores de produo

At aqui identificamos as estruturas de mercados de bens e servios. O mercado de fatores de produo mo de obra, capital, terra e tecnologia tambm apresenta diferentes estruturas.

As estruturas no mercado de fatores de produo so resumidas a seguir:

7.1 - Concorrncia Perfeita no mercado de fatores

um mercado onde existe oferta abundante do fator de produo (por exemplo),

(Mo de obra no especializada), o que torna o preo desse fator constante. Os ofertantes ou fornecedores, como so em grande nmero, no tm condies de obter preos mais elevados por seus servios.

7.2 - Monopsnio Trata-se de uma forma de mercado na qual h somente um comprador para muitos vendedores dos servios dos insumos. o caso da empresa que se instala em uma determinada cidade do interior e, por ser a nica, torna-se demandante exclusiva da mo de obra local e das cidades prximas, tendo para si a totalidade da oferta de mo de obra.

7.3 - Oligopsnio um mercado onde existem poucos compradores que dominam o mercado para muitos vendedores. Exemplo: indstria de laticnios. Em cada cidade existem dois ou trs laticnios que adquirem a maior parte do leite dos inmeros produtores rurais locais. A indstria automobilstica, alm de oligopolista no mercado de bens e servios, tambm oligopsonista na compra de autopeas.

7.4 - Monoplio bilateral

O monoplio bilateral ocorre quando um monopsonista, na compra de um fator de produo, defronta-se com um monopolista na venda deste fator. Por exemplo, s a empresa A compra um tipo de ao que produzido apenas pela siderrgica B. A empresa A monopsonista, porque s ela compra esse tipo de ao, e a siderrgica B monopolista, porque s ela vende este tipo de ao.

Nesses casos, a determinao dos preos de mercado depender no s de fatores econmicos, mas do poder de barganha de ambos: o monopsonista tentando pagar o preo mais baixo (usando a fora de ser o nico comprador), e o monopolista tentando vender por um preo mais elevado (usando o poder de ser o nico fornecedor).

7.5 - Principais Caractersticas das Estruturas Bsicas de MercadoCaractersticaConcorrncia

PerfeitaMonoplioOligoplioConcorrncia

Monopolista

1. Quanto ao nmero de empresasMuito grandeS h uma empresaPequenoGrande

2. Quanto ao produtoHomogneo. No h diferenasNo h substitutos prximosPode ser homogneo ou diferenciadoDiferenciado

3.Quanto ao controle das empresas sobre os preosNo h possibilidade de manobras pelas empresasAs empresas tm grande poder para manter preos relativamente elevadosEmbora dificultado pela interdependncia entre as empresas, estas tendem a formar cartisPouca margem de manobra, devido existncia de substitutos prximo.

4.Quanto concorrncia

extrapreoNo possvel

Nem seria eficaz.A empresa geralmente recorre a campanhas institucionais intensa, sobretudo quando h diferenciao do produto

intensa

5.Quanto as condies de ingresso no mercadoNo h barreirasBarreiras de acesso de novas empresasBarreiras de acesso de novas empresasNo h barreiras

MDULO IV

8 - INTRODUO MACROECONOMIA

8.1 - Introduo

A Macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinao e o comportamento de grandes agregados, tais como: renda e produto nacionais, nvel geral de preos, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balana de pagamentos e taxa de cmbio.

Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a Macroeconomia negligencia o comportamento das unidades econmicas individuais e de mercados especficos, estas so preocupaes da Microeconomia.

Entretanto, embora exista um aparente contraste, no h um conflito entre a Micro e a Macroeconomia, uma vez que o conjunto da economia a soma de seus mercados individuais. A diferena primordialmente uma questo de nfase, de enfoque. Ao estudar a determinao de preos numa indstria, na Microeconomia consideram-se constantes os preos das outras indstrias. Na macroeconomia estuda-se a nvel geral de preos ignorando-se a mudana de preos relativa dos bens das diferentes indstrias.

A Teoria Macroeconmica propriamente dita preocupa-se mais com aspectos de curto prazo. Especificamente, preocupa-se com questes como desemprego, que aparece sempre que a economia est trabalhando abaixo de seu mximo de produo, e com as implicaes sobre os vrios mercados quando se alcana a estabilizao do nvel geral de preos.

parte da Teoria Econmica que estuda questes de longo prazo denominada Teoria do Crescimento Econmico.

Na tentativa de se determinar como os preos e as quantidades so estabelecidos, desenvolveram-se 2 mtodos de anlise bsicos:

a) Abordagem de equilbrio parcial: analisa um determinado mercado sem considerar os efeitos que este mercado pode ocasionar sobre os demais mercados existentes na economia.

b) Abordagem de equilbrio geral: acredita-se que tudo depende de tudo, e assim, se quisssemos determinar como so formados os preos dos bens, deveramos listar todos os bens que so produzidos pela economia e todos os diferentes tipos de insumos que so utilizados.

A curva de Phillips, expressava simplesmente uma curva de oferta agregada positivamente inclinada. Phillips relacionava a taxa de crescimento dos preos (inflao) com a taxa de desemprego. Caso a taxa de desemprego fosse mais elevada, isto indicaria um maior excesso de oferta, e conseqentemente haveria uma presso para que a taxa de crescimento dos salrios nominais fosse mais baixa. Essa taxa menor corresponderia a uma taxa de inflao menor.

8.2 - Metas de Poltica Macroeconmica

Alto nvel de emprego

Estabilidade de preos

Distribuio de renda socialmente justa

Crescimento econmico

8.3 - Alto nvel de emprego

Desde a Revoluo Industrial, em fins do sculo XVIII, at o incio do sculo XX, o mundo econmico parece ter funcionado sobre o pensamento liberal, que acreditava que os mercados, sem interferncia do Estado, conduziam a Economia ao pleno emprego de seus recursos, como se guiados por uma mo invisvel, determinariam os preos e a produo de equilbrio, e, desse modo, nenhum problema surgiria no mercado de trabalho. Entretanto, a evoluo da economia mundial trouxe em seu bojo, novas variveis, como o surgimento de sindicatos de trabalhadores, os grupos econmicos e o desenvolvimento de mercado de capitais e do comrcio internacional, de sorte a complicar e trazer incertezas sobre o funcionamento da economia.

A ausncia de polticas econmicas levou quebra da Bolsa de Nova York em 1929, e uma crise de desemprego atingiu todos os pases do mundo ocidental nos anos seguintes.

Com a contribuio de Keynes, fincaram-se as bases da moderna Teoria Econmica, e da interveno do Estado na economia de mercado, que nos passa qual o grau de interveno do Estado na economia e em que medida ele deve ser produtor de bens e servios. A corrente dos economistas liberais (hoje neoliberais) prega a sada do governo da produo de bens e servios.

8.4 - Estabilidade de preos

Define-se inflao como um aumento contnuo e generalizado no nvel geral de preos.

Por que inflao um problema? Primeiramente, porque a inflao acarreta distores, principalmente sobre a distribuio de renda, sobre as expectativas dos agentes econmicos e sobre o balano de pagamentos.

importante salientar que, enquanto nos pases industrializados o problema central o desemprego, nos pases em via de desenvolvimento o foco mais importante de anlise o da inflao. Esse tema de difcil abordagem, dado que as causas da inflao diferem entre pases (deve-se levar em conta, por exemplo, o estgio de desenvolvimento e a estrutura dos mercados), e num dado pas, diferem no tempo.

8.5 - Distribuio Eqitativa de Renda

A economia brasileira cresceu razoavelmente entre o fim dos anos 60 e a maior parte da dcada de 70. Apesar disso, verificou-se uma disparidade muito acentuada de nvel de renda, tanto a nvel pessoal coma a nvel regional. Isso fere, evidentemente, o sentido de eqidade ou justia.

No Brasil, os crticos do milagre argumentavam que haviam piorado a concentrao de renda no pas, nos anos 1967-1973, devido a uma poltica deliberada do governo baseada em crescer primeiro para depois distribuir (chamada Teoria do Bolo).

A posio oficial era de que um certo aumento na concentrao de renda seria inerente ao prprio desenvolvimento capitalista, dada as transformaes estruturais que ocorrem (xodo rural, com trabalhadores de baixa qualificao, aumento da proporo de jovens etc.). Nesse processo gera-se uma demanda por mo de obra qualificada, a qual por ser escassa, obtm ganho extra. Assim o fator educacional seria a principal causa da piora distributiva.

Se existem desemprego e capacidade ociosa, pode-se aumentar o produto nacional atravs de polticas econmicas que estimulem a atividade produtiva. Mas, feito isso, h um limite quantidade que se pode produzir com os recursos disponveis.

Aumentar o produto alm desse limite exigir:

a) Um aumento nos recursos disponveis;

b) Ou um avano tecnolgico (melhoria tecnolgica - novas maneiras de organizar a produo, qualificao da mo de obra).

Quando falamos em crescimento econmico, estamos pensando no crescimento da

renda nacional per capita, ou seja, colocar disposio da coletividade uma quantidade de mercadorias e servios que supere o crescimento populacional. A renda per capita considerada um razovel indicador o mais operacional para se aferir melhoria do padro de vida da populao, embora apresente falha ( os pases rabes tm as maiores rendas per capita, mas no o melhor padro de vida do mundo).

9 - INSTRUMENTOS DE POLTICAS MACROECONMICAS

A poltica macroeconmica envolve a atuao do governo sobre a capacidade produtiva e despesas planejadas, com objetivo de permitir que a economia opere a pleno emprego, com baixas taxas de inflao e uma distribuio justa de renda.

Os principais instrumentos para atingir tais objetivos so as polticas fiscais, monetrias, cambiais e comerciais, e de rendas.

9.1 - Poltica Fiscal Refere-se a todos os instrumentos que o governo dispe para arrecadao de tributos e o controle de suas despesas. Alm da questo do nvel de tributao, a poltica tributria, por meio da manipulao da estrutura e alquotas de impostos. utilizada para estimular (ou inibir) os gastos de consumo do setor privado.

Se o objetivo da poltica econmica reduzir a taxa de inflao, as medidas fiscais normalmente utilizadas so: a diminuio de gastos pblicos e/ou o aumento da carga tributria (o que inibe o consumo). Ou seja, visam diminuir os gastos da coletividade.

Se o objetivo um maior crescimento e emprego os instrumentos fiscais so os mesmos, mas em sentido inverso, para elevar a demanda agregada.

9.2 - Poltica Monetria

Referem-se atuao do governo sobre a quantidade de moeda e de ttulos pblicos, os instrumentos disponveis para tal so:

a) Emisses;

b) Reservas compulsrias;

c) Open market (compra e venda de ttulos pblicos);

d) Redescontos (emprstimos do Banco Central aos bancos comerciais ).

A poltica monetria e fiscal, representam meios alternativos diferentes para as

mesmas finalidades. A poltica econmica deve ser executada atravs de uma combinao adequada de instrumentos fiscais e monetrios.

Pode-se dizer que a poltica fiscal apresenta maior eficcia quando o objetivo uma melhoria na distribuio de renda, tanto na taxao s rendas mais altas como pelo aumento dos gastos do governo com destinao a setores menos favorecidos.

9.3 - Polticas Cambial e Comercial A poltica cambial refere-se atuao do governo sobre a taxa de cmbio. O governo, atravs do Banco Central, pode fixar a taxa de cmbio, ou permitir que ela seja flexvel e determinada pelo mercado de divisas.

A poltica comercial diz respeito aos instrumentos de incentivos s exportaes e/ou estmulo ou desestmulo s importaes, ou seja, refere-se aos estmulos fiscais.

(crdito - prmio do ICMS, IPI etc.) e creditcios (taxas de juros subsidirias) s exportaes e ao controle de importaes (via tarifas e barreiras quantitativas sobre importaes).

9.4 - Poltica de Rendas

A poltica de rendas refere-se interveno direta do governo na formao de renda (salrios, aluguis), atravs de controle e congelamentos de preos. A caracterstica especial que, nesses controles, os preos so congelados, e os agentes econmicos no podem responder s influncias econmicas normais de mercado.

9.5 - Estrutura de anlise macroeconmica

Tradicionalmente, a estrutura bsica do modelo macroeconmico compe-se de cinco mercados:

9.5.1 - No Mercado de Bens e Servios, para tentar responder como se tem comportamento o nvel de atividades, efetua-se uma agregao de todos os bens produzidos pela economia durante um certo perodo de tempo e define-se o chamado Produto Nacional.

A demanda agregada depende fundamentalmente da evoluo da demanda dos quatro grandes setores ou agentes macroeconmicos: consumidores, empresas, governo e setor externo.

9.5.2 - O Mercado de Trabalho tambm representa uma agregao de todos os tipos de trabalhos existentes na economia. Neste mercado, determinamos como estabelece a taxa salarial e o nvel de emprego.

9.5.3 - O Mercado Monetrio consiste em que todas as transaes da economia so efetuadas atravs da utilizao de moeda. Neste mercado supomos a existncia de uma demanda de moeda (em funo da necessidade de transaes dos agentes econmicos, ou seja, da necessidade de liquidez) e uma oferta de moeda, determinada pelo Banco Central e atuao dos bancos comerciais. A demanda e a oferta de moeda determinam a taxa de juros.

9.5.4 - O Mercado de Ttulos consiste de agentes econmicos superavitrios e agentes deficitrios. Agentes superavitrios so aqueles que possuem um nvel de gastos inferior o seu volume de renda assim pode efetuar emprstimos para os agentes econmicos deficitrios.

9.5.5 - O Mercado de Divisas, como o mercado mantm transaes com o resto do mundo, existem mercados de divisas ou de moeda estrangeira. A oferta de divisas depende das exportaes e da entrada de capitais financeiros, enquanto a demanda de divisas determinada pelo volume de importaes e sada de capital financeiro.

10 - ORGANISMOS INTERNACIONAIS

As grandes guerras mundiais, assim como os conturbados anos da Grande Depresso, que culminaram com a crise dos anos 30, provocaram enormes perturbaes na economia de praticamente todos os pases, e por seguinte nas relaes econmicas internacionais. J ao final da Segunda Guerra Mundial evidenciava-se a necessidade de mudanas no sistema de pagamentos internacionais.

Tais eram as preocupaes reinantes nos ltimos anos da Segunda Guerra Mundial, quando se via no comrcio mundial um importante instrumento para potencializar o desenvolvimento do mundo capitalista.

Dentro desse contexto foram criados os trs principais organismos econmicos internacionais do ps-guerra:

A) Fundo Monetrio Internacional (FMI);

Um dos objetivos principais do FMI socorrer os pases a ele associados quando da ocorrncia de desequilbrios transitrios em seus balanos de pagamentos.

B) Banco Mundial;

Tambm conhecido por BIRD, foi criado com intuito de auxiliar a reconstruo dos pases devastados pela guerra e, posteriormente, para promover o crescimento dos pases em vias de desenvolvimento.

C) Organizao Mundial do Comrcio (OMC);

Foi criada com objetivo bsico de reduzir as restries ao comrcio internacional e a liberalizao do comrcio multilateral. Atravs do GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comrcio), procurava-se estruturar um conjunto de regras e instituies que regulassem o comrcio internacional e encaminhassem a resoluo de conflitos entre os pases. Nesse sentido, o GATT estabeleceu como princpios bsicos: reduo das barreiras comerciais, a no - discriminao comercial entre os pases, a compensao dos pases prejudicados por aumentos de tarifas alfandegrias e a arbitragem de conflitos comerciais.

10.1 - Crescimento e Desenvolvimento Econmico

Crescimento econmico o crescimento da capacidade produtiva de uma economia no decorrer do tempo. Geralmente medido pelo aumento do Produto Nacional Bruto (PNB) ou do produto per capita no decorrer do tempo.

Do ponto de vista tcnico, podemos associar a questo do crescimento econmico a um conjunto de fatores que no deixam de ser primordiais para o perfeito entendimento dessa conceituao, quais sejam: a questo do crescimento populacional, a capacidade de acumulao de capital e o grau de desenvolvimento tecnolgico.

Se existem desemprego e capacidade ociosa, pode-se aumentar o produto nacional atravs de polticas econmicas que estimulem a atividade produtiva. Mas, feito isso, h um limite quantidade que se pode produzir com os recursos disponveis.

Aumentar o produto alm desse limite exigir:

a) Um aumento nos recursos disponveis;

b) Ou um avano tecnolgico (melhoria tecnolgica - novas maneiras de organizar a produo, qualificao da mo de obra).

Quando falamos em crescimento econmico, estamos pensando no crescimento da

renda nacional per capita, ou seja, colocar disposio da coletividade uma quantidade de mercadorias e servios que supere o crescimento populacional. A renda per capita considerada um razovel indicador o mais operacional para se aferir melhoria do padro de vida da populao, embora apresente falha (os pases rabes tm as maiores rendas per capita, mas no o melhor padro de vida do mundo).

O estudo do desenvolvimento econmico no deve ser analisado tomando-se por base os indicadores tais como o crescimento do produto global ou o crescimento do produto per capita, e sim por outros indicadores que reflitam mudanas na qualidade de vida da populao de uma economia.

At o incio do sculo XX alguns pases como a Gr-Bretanha, Frana, Alemanha, Portugal, Estados Unidos, Holanda, Espanha, Itlia e Blgica tiveram o predomnio sobre o comrcio e forte influncia poltica sobre suas colnias. De acordo com Sandroni, 2001, durante o sculo XIX, a industrializao de muitos pases da Europa e da Amrica do Norte reduziu os demais pases condio de colnias polticas e/ou econmicas dos primeiros. A guinada para o desenvolvimento, ocorrido a partir da Segunda Guerra Mundial, foi quase sempre precedida por mudanas polticas profundas (especialmente a conquista da independncia poltica e a formao de governos que colocavam o desenvolvimento nacional como objetivo principal); a partir da fortaleceu-se a idia de desenvolvimento, um processo de transformao estrutural com o objetivo de superar o atraso histrico em que se encontravam esses pases e alcanar no prazo mais curto possvel, o nvel de bem-estar dos pases considerados desenvolvidos.

Devemos observar, portanto, que o conceito de crescimento econmico difere do conceito de desenvolvimento econmico j que este implica, alm de um aumento da quantidade de bens e servios per capita, mudanas de carter qualitativo. Por essa razo, o desenvolvimento econmico no deve ser analisado tomando-se por base os indicadores tais como o crescimento do produto global ou o crescimento do produto per capita. Outros indicadores, que reflitam mudanas na qualidade de vida devem ser levados em conta. Como exemplos podem citar:

renda per capita;

nvel de estoque de capital per capita;

taxas de natalidade e mortalidade;

taxa de mortalidade infantil;

esperana de vida ao nascer;

ndice de analfabetismo e padres educacionais;

taxa de desemprego e produtividade da mo-de-obra;

distribuio da renda;

participao do setor primrio no produto nacional;

porcentual da populao atuando na agricultura;

potencial cientfico e tecnolgico;

grau de dependncia externa;

condies sanitrias;

taxas de poupana per capita.

As dificuldades que os pases emergentes tm enfrentado nos ltimos anos no so pequenas, principalmente quando levamos em considerao o aspecto desenvolvimentista. A extenso territorial de muitos pases, por exemplo, tem-se apresentado como um dos grandes obstculos, especialmente pela falta de estradas em condies adequadas de trfego e de sistemas eficientes de transporte que interliguem as regies (Rssia e China). Dentre vrios fatores retardam ou prejudicam o processo de desenvolvimento das mais diferentes economias esto:

a dificuldade de se integrar toda a populao na economia nacional (estradas);

o isolamento social, cultural ou econmico, representado por barreiras lingusticas e religiosas entre diferentes setores da populao e por subsistemas econmicos alienados do conjunto da economia nacional (empresas estrangeiras, latifndios etc.);

a dificuldade de encaminhamento do excedente potencial da economia para os setores primrios (indstria de base, transporte, energia etc.) cujo crescimento depende todo o processo;

o desperdcio de recursos (sob a forma de exportao de capitais, consumo suprfluos, gastos militares excessivos, especulao financeira) que, investidos, poderiam se reproduzir e se ampliar;

a escassez de capital para a importao de bens e servios que seriam essenciais para o desenvolvimento de suas economias.

10.2 - Novos Indicadores de desenvolvimento

ndice de Desenvolvimento Humano (IDH):

A Organizao das Naes Unidas (ONU), em 1990, comeou a divulgar este indicador na tentativa de se reduzir a pobreza, estimular a implementao de governos democrticos, estabelecer mecanismos de preveno a crises, despertar ateno mundial no que diz respeito energia e ao meio ambiente, tudo isso dentro de um contexto que podemos definir como a revoluo das comunicaes.

Esse indicador tem o objetivo especfico de monitorar o desenvolvimento humano, aumentando as opes das pessoas para que possa ter uma vida longa e saudvel, se educar e agregar conhecimentos, ter acesso aos recursos necessrios para um padro de vida decente, defendendo a igualdade ente homens e mulheres, preservando as geraes futuras e garantindo um bem-estar geral da humanidade.

ndice de corrupo Percebida (ICP):

Muito se tem debatido a respeito da presena da corrupo nos mais diferentes nveis de uma economia, do escalo governamental at o cotidiano das pessoas, passando inclusive pelas empresas da iniciativa privada. E muito se tem falado tambm da correlao existente entre o grau de desenvolvimento econmico e grau de corrupo via de regra, quanto mais evoluda uma economia, mais distante ela estar desse tipo de comportamento. Dentro desse contexto, o ndice de Corrupo Percebida tem assumido um papel de destaque nas discusses realizadas em torno do assunto. Esse ndice identifica o mau uso da mquina estatal para benefcios privados.

11 - INFLAO

Conceito de inflao: definida como um aumento persistente e generalizado dos ndices de preos, ou seja, os movimentos inflacionrios so aumentos contnuos de preos, e no podem ser confundidos com altas espordicas de preos devidas s flutuaes sazonais, por exemplo.

As fontes de inflao costumam diferir em funo das condies de cada pas, como por exemplo:

a) Tipo de estrutura de mercado ( oligopolista, monopolista, etc.).

b) Grau de abertura da economia ao comrcio exterior: quanto mais aberta economia competio externa, maior a concorrncia interna entre fabricantes, e menores os preos dos produtos.

c) Estrutura das organizaes trabalhistas: quanto maior o poder de barganha dos sindicatos, maior a capacidade de obter reajustes de salrios acima dos ndices de produtividade, e maior presso sobre os preos.

11.1 - Inflao de demanda:

Refere-se ao excesso de demanda agregada em relao produo disponvel de bens e servios.

A probabilidade de ocorrer inflao de demanda aumenta quando a economia est produzindo prximo do pleno emprego de recursos. Nessa situao, aumentos de demanda agregada de bens e servios, com a economia j em plena capacidade, conduzem a elevaes de preos, principalmente em setores de insumos bsicos.

Para combater um processo inflacionrio de demanda, a poltica econmica deve basear-se em instrumentos que provoquem uma reduo da procura agregada por bens e servios (reduo dos gastos do governo, aumento da carga tributria, arrocho salarial, controle de crdito, aumento das taxas de juros).

11.2 - Inflao de custos:

A inflao de custos pode ser associada inflao tipicamente de oferta. O nvel de demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos fatores importantes aumentam. Com isso, ocorre uma retrao da produo, deslocando a curva de oferta para trs, provocando um aumento de preos no mercado.

As causas mais comuns dos aumentos dos custos de produo so:

Aumentos salariais: Um aumento das taxas de salrios que supere os aumentos na produtividade da mo de obra acarreta um aumento dos custos unitrios de produo, que so normalmente repassados aos preos dos produtos.

Aumentos do custo das matrias primas: Por exemplo, as crises do petrleo da dcada de 70, ao elevar sensivelmente os preos dessa matria primam, provocaram um brutal aumento nos custos de produo, em particular nos custos de transporte e de energia com base no diesel.

Estruturas de mercado: A inflao de custos tambm est associada ao fato de algumas empresas, com elevado poder de monoplio ou oligoplio, terem condies de elevarem de elevar seus lucros acima da elevao dos custos de produo.

11.3 - Efeitos provocados por taxas elevadas de inflao

Uma das distores mais srias provocadas pela inflao diz respeito reduo relativa do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, com prazos legais de reajustes. Nesse caso esto os assalariados que, com o passar do tempo, vo ficando com seus oramentos cada vez mais reduzidos, at a chegada de um novo reajuste. Os comerciantes industriais e o prprio Governo tm condies de repassar os aumentos de custos provocados pela inflao, garantindo, assim, a participao de sua parcela no produto nacional.

A distoro provocada por altas taxas de inflao, afeta tambm o balano de pagamentos. As elevadas taxas de inflao, em nveis superiores ao aumento de preos internacionais encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente. Assim devem provocar um estmulo s importaes e um desestmulo as exportaes, diminuindo o saldo da balana comercial, normalmente lanam mo de desvalorizaes cambiais, as quais, tornando a moeda nacional mais barata relativamente moeda estrangeira, podem estimular a colocao de nossos produtos no exterior, ao mesmo tempo em que desestimulam as importaes.

Nas finanas pblicas, a inflao tende a corroer o valor da arrecadao fiscal do governo, pela defasagem existente entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto. Maior a inflao, menor a arrecadao real do governo.

11.4 - A Poltica econmica brasileira de combate inflao

A inflao tornou-se crnica na economia brasileira a partir dos anos 50, vrias eram as explicaes para o surgimento dos dficits governamentais. De um lado, a necessidade de o governo fornecer a infra-estrutura de transportes, energia, saneamento etc., para que o setor privado pudesse produzir o volume de bens e servios do governo e a conseqente ineficincia na aplicao de seus recursos, associadas impossibilidade do o governo aumentar a carga tributria (e, portanto a sua receita), dada o baixo nvel de renda per capita da populao.

O governo no podia aumentar os impostos para financiar o desenvolvimento econmico, fez a opo pela emisso de dinheiro. Com isso gerou-se uma tpica inflao de demanda: quanto mais dinheiro circulava, maiores eram as compras, relativamente a uma capacidade produtiva que no tinha condies de crescer no curto prazo.

O perodo de 1968 a 1973 foi o do milagre econmico, com elevadas taxas de crescimento obtidas na economia brasileira. Com o crescimento da produo, a taxa de inflao passou de 25,4 %, em 1968, para 15,7%, em 1973.

A partir de 1973, a crise do petrleo trouxe repercusses profundas na economia mundial, e, desde essa data, a economia brasileira passou apresentar taxas de inflao crescente.

O principal mecanismo de poltica econmica de combate inflao para a corrente liberal estava na reduo da demanda agregada, atravs da reduo dos gastos do governo, de uma poltica salarial mais restritiva e do controle da oferta monetria (razo pela qual os economistas ortodoxos so tambm chamados monetaristas)

Alguns tericos constataram que a partir de maro de 1986, foi mudado o diagnstico sobre a inflao brasileira, ou seja, todos os negcios, contratos, etc. eram firmados com base num ndice que procurava garantir a correo monetria dos valores envolvidos. Dessa forma, todos aos aumentos de preos eram captados pelo ndice, e automaticamente eram repassados para todos os demais preos da economia, gerando um processo automtico de realimentao da inflao. A esse fenmeno auto-alimentador denomina-se inflao inercial.

A inflao inercial seria provocada, fundamentalmente, pelos mecanismos de indexao formal (salrios, aluguis, contratos financeiros ) , e indexao informal ( preos em geral, impostos, e tarifas pblicas).

Foi com esse diagnstico inercialista, que o Plano Cruzado procurou romper com esse mecanismo de propagao da inflao, congelando os preos, salrios e o cmbio ( a chamada poltica heterodoxa ), numa tentativa de eliminar a memria inflacionria.

O Plano Cruzado teve vida efmera. Muitas foram suas falhas, a comear pela manuteno do congelamento por um perodo muito longo ( 9 meses ). Quando foi implantado, os preos relativos encontravam-se fora do equilbrio, e muitos preos estavam defasados, o que provocou o aparecimento do gio e a maquiagem de muitos produtos. Por ocasio do descongelamento, no incio de 1987, com o chamado Plano Cruzado II, houve uma nova acelerao inflacionria.

Outros planos, como o Plano Bresser e o plano Vero, ainda durante o Governo Sarney, e mais tarde o Plano Collor, tambm utilizaram o congelamento de preos e salrios para tentar conter o processo inflacionrio brasileiro.

O Plano Collor, de maro de 1990, foi o mais ousado na prtica de inconstitucionalidades, ao promover um bloqueio total nos ativos mantidos pelos agentes econmicos juntos s instituies financeiras.

Em 1994, no Governo Itamar Franco implementou-se o Plano Real, este por sua vez reconheceu que as causas da inflao brasileira estavam no desequilbrio do setor pblico e nos mecanismos de indexao. Numa primeira etapa procurou-se equilibrar o oramento pblico por meio da criao do IPMF, que incidia sobre as transaes bancrias. Numa segunda etapa processou-se a quase total desindexao da economia, atravs da mudana da moeda: passagem do cruzeiro real para URV e desta para uma nova unidade monetria, o real, de forma muita bem sucedida. A terceira etapa est na consolidao do Plano, que s ocorrer se forem implementadas as reformas que visam modernizar a economia, e principalmente o setor pblico brasileiro.

A corrente estruturalista: O estruturalista supe que a causa da inflao se localiza no comportamento do setor privado (oligoplios, latifndios) e no do setor pblico. Esses economistas tornaram-se defensores de uma economia mais centralizada, baseada num planejamento e numa grande participao do Estado.

Os estruturalistas consideram que as causas da inflao devem-se aos conflitos distributivos, que se estabelecem na tentativa dos vrios setores da sociedade buscarem manter ou elevar a sua parcela na renda nacional: os empresrios, atravs de preos que preservem suas margens de lucros; o governo atravs de impostos, preos e tarifas pblicas: e os trabalhadores, atravs de seus salrios. Nessa disputa, segundo os estruturalistas, os principais beneficirios so os oligoplios os maiores perdedores so os trabalhadores.

11.5 - Fundamentos do Comrcio Internacional11.5.1 - A teoria das vantagens comparativas O que leva muitos pases a comercializarem entre si? Esta uma questo bsica a ser respondida. Os economistas clssicos fornecem a explicao terica bsica para o comrcio internacional atravs do chamado Princpio das Vantagens Comparativas.

O Princpio das Vantagens Comparativas sugere que cada pas deva se especializar na produo daquela mercadoria em que relativamente mais eficiente (ou que tenha um custo relativamente menor). Esta ser, portanto a mercadoria exportada, por outro lado este pas dever importar aqueles bens cuja produo implicar um custo relativamente maior.

A Teoria das Vantagens Comparativas foi formulada por David Ricardo em 1817. No exemplo construdo por esse autor, existem dois pases (Inglaterra e Portugal), dois produtos (tecido e vinho) e apenas um fator de produo (mo de obra).

Quant de homens/hora para a produo de uma unidade de mercadoriaTecidosVinho

Inglaterra

Portugal100

90120

80

Em termos absolutos, Portugal mais produtivo na produo de ambas as mercadorias. Mas em termos relativos, o custo da produo de tecidos em Portugal maior do que o da produo de vinho, e na Inglaterra, o custo da produo de vinho maior que o da produo de tecidos. Comparativamente, Portugal tem a vantagem relativa na produo de vinho, e a Inglaterra na produo de tecidos. Segundo Ricardo, os dois pases obtero benefcios ao especializarem-se na produo da mercadoria em que possuem vantagem comparativa, exportando-a, e importando outro bem. No importa aqui, o fato de que um pas possa ter vantagem absoluta em ambas as linhas de produo, como o caso de Portugal, no exemplo acima.

A teoria desenvolvida por Ricardo fornece uma explicao para os movimentos de mercadorias no comrcio internacional, a partir da oferta ou dos custos de produo existentes nesses pases. Logo, os pases exportaro e se especializaro na produo dos bens cujo custo for comparativamente menor em relao queles existentes, para os mesmos bens, nos demais pases exportadores.

Segundo a corrente estruturalista, os produtos manufaturados apresentam elasticidade - renda da demanda maior que um, e os produtos primrios, menor que um, significando que o crescimento da renda mundial provocaria um aumento relativamente maior no comrcio de manufaturados, acarretando uma tendncia crnica ao dficit no balano de pagamentos dos pases exportadores de produtos bsicos ou primrios.

11.6 - Determinao da taxa de cmbio Quando dois pases mantm relaes econmicas entre si, entram necessariamente em jogo duas moedas, exigindo que se fixe a relao de troca entre ambas. A taxa de cmbio a medida de converso da moeda nacional em moeda de outros pases. Exemplo: dlar pode custar 0,97 de real, 1 libra pode custar 1,27 real etc.

Continuao ( L )

A determinao da taxa de cmbio pode ocorrer de dois modos: institucionalmente, atravs de deciso de autoridades econmicas com fixao peridica das taxas (taxas fixas de cmbio), ou atravs do funcionamento do mercado, onde as taxas flutuam automaticamente, em decorrncia das presses de oferta e demanda por divisas estrangeiras (taxas flutuantes).

A oferta de divisas realizada tanto pelo os exportadores, que recebem moeda estrangeira em contrapartida de suas vendas, como atravs da entrada de capitais financeiros internacionais. Como as divisas no podem ser utilizadas internamente, precisa ser convertida em moeda nacional. Isso feito pelo Banco Central da seguinte forma: recebe dos importadores do exterior a quantia em divisas dlar, por exemplo, retendo-as em seus cofres, e paga, ao exportador nacional em moeda nacional, em reais, a importncia correspondente.

Uma taxa elevada de cmbio significa que o preo da divisa estrangeira est alto, ou que a moeda nacional est desvalorizada. Assim, a expresso desvalorizao cambial indica que houve um aumento da taxa de cmbio maior nmero de reais por unidade de moeda estrangeira. Por sua vez, valorizao cambial significa moeda nacional mais forte, isto , paga-se menos reais por dlar, por exemplo, tem se uma queda na taxa de cmbio.

As taxas de cmbio esto intimamente relacionadas com os preos dos produtos exportados e importadas e conseqentemente, com o resultado da balana comercial do pas. Se a taxa de cmbio se encontrar em patamares elevados, estimular as exportaes, pois os exportadores passaram a receber mais reais pela mesma quantidade de divisas derivadas da exportao; em conseqncia haver maior oferta de divisas. Por exemplo: Suponhamos uma taxa de cmbio de 0,90 real por dlar, e que o exportador vendia 1000 unidades de seu produto a 50 dlares cada. Seu faturamento era de 50.000 dlares ou 45.000 reais. Se o cmbio for desvalorizado em 10% , a taxa de cmbio subir para 0,99 real por dlar e, vendendo as mesmas 1000 unidades, receber os mesmos 50.000 dlares, s que valendo agora 49.500 reais. Isso estimular o exportador a vender mais, aumentando a oferta de divisas.

Do lado das importaes, a situao se inverte, pois se os preos dos produtos importados se elevam, em moeda nacional, haver um desestmulo s importaes e, conseqentemente, uma queda na demanda de divisas.

11.8 - A inflao interna e seus efeitos sobre a taxa de cmbio

At aqui analisamos a paridade cambial sem considerarmos os efeitos da inflao. No entanto, o aumento do nvel de preos internos ocorrncia da inflao provoca uma reduo da taxa real de cmbio, ou seja, com a inflao gera-se, internamente, uma queda no poder aquisitivo da moeda. Os efeitos da perda do poder aquisitivo so: um desestmulo s exportaes, uma vez que o preo do produto exportado no sofre correlao equivalente inflao; e um estmulo s importaes, j que os bens importados, ao no serem corrigidos, ficam mais baratos.

Continuao ( L )

11.9 - A atuao Governamental no mercado de divisas: polticas externas

O governo pode atuar atravs da poltica cambial ou da poltica comercial. A poltica cambial diz respeito a alteraes na taxa de cmbio, enquanto a poltica comercial constitui-se de mecanismos que interferem no fluxo de mercadorias e servios.

As polticas cambiais mais freqentes so:

A) Regime de taxas fixas de cmbio;

B) Regime de taxas flutuantes ou flexveis de cmbio;

C) Regime de Bandas cambiais:

Dentre as polticas comerciais externas, podemos destacar as seguintes:

A) Alteraes das tarifas sobre importaes;

B) Regulamentao do comrcio exterior.

12 - As Contas Nacionais

12.1 - A Estrutura do Balano de Pagamentos

O balano de pagamentos o registro estatstico contbil de todas as transaes econmicas realizadas entre os residentes do pas com os residentes dos demais pases.

Desse modo, esto registrados no balano de pagamentos, por exemplo, todas as exportaes e importaes do perodo considerado: os fretes, os seguros, os emprstimos obtidos no exterior etc. Ou seja, todas as transaes com mercadorias, servios e capitais fsicos e financeiros entre o pas e o resto do mundo. O balano de pagamentos apresenta as seguintes subdivises:12.1.1- Balana Comercial: Essa conta compreende basicamente o comrcio de mercadorias. Se as exportaes FOB excedem as importaes FOB, temos um supervit no balano de comrcio, caso contrrio, temos um dficit.

12.1.2 - Balano de Servios: Registram-se todos os servios pagos/ recebidos pelo Brasil, tais como fretes, seguros, lucros, juros, royalties e assistncia tcnica, viagens internacionais.

12.1.3 - Transferncias Unilaterais: Tambm conhecidas como conta donativos, registram as doaes interpases. Estes donativos podem ser em divisas como em mercadorias.

12.1.4 - Balano de Transaes Correntes: O somatrio dos balanos comercial, de servios e de transferncias unilaterais, resulta no saldo em conta corrente ou balano de transaes correntes. Se o saldo do balano de transaes correntes for negativo, temos uma poupana externa positiva, pois indica que o pas aumentou seu endividamento externo, em termos financeiros, mas absorveu bens e servios em termos reais no exterior.

12.1.5 - Movimento de Capitais ou Balano de Capitais: Na conta de capital aparecem as transaes que produzem variaes no ativo e no passivo externos do pas e que, portanto, modificam sua posio devedora ou credora perante o resto do mundo.

A conta de capital subdivide-se em duas:

12.1.6 - Movimento autnomo de capital, na forma de investimentos diretos de empresas multinacionais, de emprstimos e financiamentos para projetos de desenvolvimento do pas e de capitais financeiros de curto prazo, aplicados no mercado financeiro nacional.

12.1.7 - Movimentos induzidos de capital, para financiar o saldo do balano de pagamentos.

Inclui as contas Atrasadas Comerciais (quando o pas no paga suas obrigaes na data do vencimento) e Emprstimos de Regulamentao do FMI (quando o pas tem problemas de liquidez internacional).

Cabe uma observao sobre a rubrica Erros e Omisses. a diferena entre o saldo do balano de pagamentos e o financiamento do resultado que surge quando se tenta compatibilizar transaes fsicas e financeiras.

A regra internacional admitir para Erros e Omisses um valor de, no mximo, 5% da soma das exportaes com as importaes.

12.2 - O Balano de Pagamentos do Brasil

O incio da contabilizao do balano de pagamentos no Brasil data de 1947, quando os levantamentos eram feitos pelo Banco do Brasil e pela Fundao Getlio Vargas. Atualmente, essa tarefa atribuio do Banco Central do Brasil. Desde o incio, o saldo do balano de pagamentos em transaes correntes tem sido predominantemente deficitrio, o que considerado natural para economias pobres, que dependem de poupana externa para se desenvolver. Na maior parte do perodo, os dficits foram decorrncia de saldos negativos na conta servios, pois a balana comercial mostrou predomnio de resultados positivos. A dcada de 70 constitui a exceo mais expressiva, pois nesse perodo o pas acumulou dficits no balano comercial e de servios. A maior parte das dificuldades na balana comercial dessa poca resultou do brusco aumento dos gastos com importao em razo do choque do petrleo ocorrido em 1973.

A crise da dvida externa dos anos 80 fez ressurgirem os supervits comerciais. Essa crise se caracterizou pelo corte abrupto nos fluxos de capitais das naes industrializadas para as menos desenvolvidas. Alm disso, os pases devedores, em particular os da Amrica Latina, foram submetidos a fortes presses para pronto pagamento dos crditos tomados no passado. Com isso, foram forados a adotar programas de ajustamento que tinham como meta obter rpido incremento de divisas para honrar os compromissos externos.

Entre 1990 e 1991, houve uma drstica reduo dos investimentos diretos no pas, bem como dos emprstimos e financiamentos em longo prazo, reflexo da insegurana dos investidores internacionais quanto s atitudes do governo Collor. De 1992 em diante, a crise de confiana em nosso governo foi superada e o pas voltou a captar recursos internacionais em volumes crescentes.

Em julho de 1994, o Plano Real foi implantado. Dentre suas conseqncias, destaca-se a valorizao da moeda nacional, que estimulou importaes e reduziu exportaes. Esse fato contribuiu para nova transformao nas relaes econmicas brasileiras com o resto do mundo, deixando o pas numa situao muito vulnervel aos movimentos especulativos internacionais.

12.3 - Estrutura do Balano de Pagamento

A. Balana Comercial (Mercadorias) Importaes (dbito)

Exportaes (crdito)

B. Balano de Servio Viagens (turismo)

Transportes (fretes)

Seguros

Rendas de Capitais (juros, lucros, dividendos e lucros reinvestidos pelas multinacionais).

Servios diversos (royalties, assistncia tcnica)

Servios governamentais (embaixadas)

C. Transferncias Unil