Apostila Empreendedorismo - Prof. Ivan Jacomassi Junior
-
Upload
ivanjacomassi -
Category
Education
-
view
40.808 -
download
7
description
Transcript of Apostila Empreendedorismo - Prof. Ivan Jacomassi Junior
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 1
Empreendedorismo
Conceito, Processos de Formação Social
Conjuntura Internacional e Estudos de Caso
Prof. Ivan Jacomassi Junior
Material de apoio para disciplina junto
aos cursos de formação superior.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 2
Índice
Tema 01 – Por que Estudar Empreendedorismo 04
Parte 01 – Evolução Histórica
Tema 02 – Conceitualização: “Empreendedor” 06
Tema 03 – História do Empreendedorismo no Mundo 07
Tema 04 – História do Empreendedorismo no Brasil 09
Tema 05 – Estudo de Caso – Barão de Mauá (Profª Camila Lopes) 11
Tema 06 – Pesquisa Complementar – Delmiro Gouveia (Prof. Oswaldo) 30
Parte 02 – Formação Social de Empreendedores
Tema 07 – Perfil Empreendedor 37
Tema 08 – Educação Empreendedora 41
Tema 08 – Debate sobre Modelo Educacional 47
Tema 09 – Estudo de Caso – Voando como a Água (Prof. Gretz) 47
Tema 10 – Pesquisa Complementar – Pirâmide de Maslow 49
Parte 03 – Ambiente e Empreendedorismo
Tema 11 – Empreendedorismo no Mundo 51
Tema 12 – Fatores de Pressão sobre a Atividade Empreendedora 52
Tema 12 – Debate sobre a Divisão da Riqueza no Mundo 57
Tema 13 – Características do Empreendedorismo no Mundo 58
Tema 13 – Debate sobre a Conjuntura Internacional 65
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 3
Tema 13 – Debate sobre os Fatores de Pressão no Brasil 65
Tema 14 – Estudo de Caso – Empreend. e Desenvolvimento (Prof. Ronney) 66
Tema 15 – Pesquisa Complementar – Agregando Conhecimentos 79
Parte 04 – Especial – Empreendedorismo, Burocracia e Legalidade
Tema 16 – Legalidade de Empreendimentos 80
Tema 17 – Documentação 82
Tema 18 – Questão para Discussão – Burocracia Necessária 90
Tema 19 – Estudo de Caso – Desburocratização 90
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 4
Tema 01 – Por que estudar Empreendedorismo ?
Preliminarmente, antes de iniciarmos nossos estudos, devemos situar a disciplina frente
ao curso, bem como as expectativas inerentes à mesma. Veja, quando pensamos em
empreendedorismo, podemos ser induzidos a pensar que iremos aprender a abrir um negócio,
pois empreendedor é aquele que abre empresas, correto ? Errado !
Com certeza podemos antecipar a você aluno, que o foco desta matéria NÃO É A
ABERTURA DE EMPRESAS, embora inevitavelmente tratemos deste assunto de forma até
rotineira ao longo do conteúdo. Seja em qual curso você estiver, existem duas classes de
disciplinas:
- Específicas; e
- Generalistas.
As matérias específicas são típicos ferramentais de trabalho do profissional, quando o
mesmo exerce seu ofício. Exemplo: Para o curso de Engenharia existe a disciplina específica de
“Elaboração de Projetos”, que é ferramenta básica de trabalho do engenheiro. Já no mesmo
curso podemos dizer que a disciplina “Matemática” é generalista, pois não se trata da aplicação
das fórmulas em si, pois são vistas de forma abstrata, o que se faz é criar uma visão geral no
discente que possibilite a aplicação do ferramental futuramente.
O mesmo podemos dizer de “Empreendedorismo”, não estamos aqui buscando o fim
em si, mas criando o meio.
Aqui temos a pergunta correta: Qual meio busca a disciplina Empreendedorismo ?
Pois bem, estaremos estudando, de forma geral, algumas dinâmicas 1:
- Comportamento Humano;
- Psique profissional;
- Conjuntura nacional;
- Mercados;
- Legislação;
Assim, nesta matéria estaremos buscando a construção junto ao aluno, de paradigmas 2
pessoais de comportamento favoráveis. Estaremos analisando o perfil de um indivíduo
empreendedor, suas características e individualidades.
1 Por “dinâmica” estamos inferindo relações entre diversos processos e procedimentos, no sentido de situações em constante mudança, ou seja, não estáticas. 2 Modelo, padrão de regras, segundo as quais as pessoas procuram solucionar seus problemas e obter sucesso.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 5
Analisaremos o perfil profissional procurado pelas empresas, e cruzando-o com as
características empreendedoras, ou seja, veremos o empreendedor frente ao mercado de
trabalho. Faremos uma avaliação da conjuntura estrutural do país e os fatores que interferem
diretamente na criação e fomento empreendedor, através de dois estudos básicos: a) As
inteligências humanas frente ao modelo educacional brasileiro e b) Os fatores de
fomento/regresso da classe empreendedora no Brasil.
Após, faremos ainda um estudo complementar comparado da dinâmica nacional (letra
“b” parágrafo anterior) frente a outras economias no mundo e avaliaremos as conseqüências
econômico-sociais destas combinações.
Ainda, realizaremos um diagnóstico do cenário brasileiro da burocracia x incolumidade
pública x celeridade empresarial.
Estrutura de Tópicos junto a Disciplina:
Parte 01 – Evolução Histórica
Conceitualização: “Empreendedor”;
História do Empreendedorismo no Mundo;
História do Empreendedorismo no Brasil;
Estudo de Caso: “Empreend. no Brasil e o Processo de Inovação – Profª Camila Lopes”;
Pesquisa Complementar – Delmiro Gouveia.
Parte 02 – Formação Social de Empreendedores
Perfil Empreendedor;
Educação Empreendedora;
Estudo de Caso: “Voando como a Águia – Prof. Gretz”;
Pesquisa Complementar – Pirâmide de Maslow.
Parte 03 – Ambiente e Empreendedorismo
Empreendedorismo no Mundo;
Fatores de Pressão sobre a Atividade Empreendedora;
Características do Empreendedorismo no Mundo;
Estudo de Caso: “Empreendedorismo e Desenvolvimento – Prof. Ronney R. Mamede”.
Parte 04 – Especial: Empreendedorismo, Burocracia e Legalidade
Legalidade de Empreendimentos;
Documentação;
Desafio Governamental: Equilíbrio entre Segurança e Celeridade.
Estudo de Caso: “Desburocratização - Prof. Ivan Jacomassi Junior”.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 6
Parte 01 – Evolução Histórica
Nesta parte estaremos posicionando o discente quanto ao conceito de “Empreendedor”,
“Empreendedorismo” e “Intra-Empreendedorismo”, para depois realizar uma análise histórica
do objeto de estudo, entendendo seu reconhecimento pelos estudiosos, sua evolução e
compreendendo seu papel e postura frente à sociedade atual.
Tema 02 - Conceitualização: “Empreendedor”;
Definições:
Empreender: Intentar, levar à efeito, dar princípio;
Empreendedorismo: Designa estudos relativos ao Empreendedor, seu perfil profissional
e pessoal, suas origens, seu sistema de atividades e universo de atuação.
Empreendedor: “O Empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, se antecipa
aos fatos e tem uma visão futura da organização” (José Carlos Assis Dornelas).
“Empreendedor” qualifica o indivíduo com características de:
Pró-atividade;
Inovação;
Dedicação à gestão e ao trabalho;
Visão de mercado;
Geração de riquezas.
Intra-Empreendedorismo: O conceito de intra-empreendedorismo foi estabelecido há
duas décadas, mas as empresas não estavam dispostas a dar aos empregados a
liberdade para criar e, conseqüentemente, errar e oferecer-lhes um orçamento para
financiar inovação. Além do mais, não queriam arcar com os custos dos erros que
inevitavelmente acontecem no percurso. Hoje esse conceito já está muito difundido e
valorizado nas organizações. O intra-empreendedorismo (intrapreneuring) é um sistema
para acelerar as inovações dentro de grandes empresas, através do uso melhor dos seus
talentos empreendedores. É um sistema que oferece uma maneira saudável para se
reagir aos desafios empresariais do novo milênio.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 7
Ainda, a visão do capital em uma economia moderna sofreu profundas alterações.
Financeiro ($)
Capital
Intelectual
Veja, o empreendedor muitas vezes possui pouco capital financeiro, mas maciço capital
intelectual. Empreendedorismo, sob o prisma social está além do simples ato de criar empresas,
está vinculado à geração de valor para a nação.
O Administrador e o Empreendedor, embora semelhantes quanto ao ato de gerir
negócios, não se confundem enquanto personagens atuantes no mundo econômico, pelo fato
de a Administração ser uma Ciência Social Aplicada, um verdadeiro conjunto de técnicas e
métodos para melhoria dos negócios, enquanto que o Empreendedor corresponde a uma
espécie de habilidade, nata ou adquirida, ou um verdadeiro estado de espírito, mas
relembrando que ambas se encontram (Administração e Empreendedorismo) no objetivo
comum do desenvolvimento econômico do mercado.
Tema 03 - História do Empreendedorismo no Mundo
“Se considerarmos a evolução humana, pode-se dizer que o homem primitivo
já possuía uma veia empreendedora. Naquela época, para sobreviver era
necessário construir diversas ferramentas que tinham por objetivo agilizar a
caça de animais. Para se ter uma idéia, o Homo Habilis, um dos ancestrais da
atual raça humana, surgiu há aproximadamente 2 milhões de anos, e já
possuía hábitos de caça. Milhares de anos se passaram e um importante salto
para o empreendedorismo ocorreu com as grandes civilizações antigas. Um
bom exemplo são os egípcios, famosos por suas pirâmides. Para construir
“O empreendedor é alguém capaz de desenvolver uma visão, deve saber persuadir
terceiros, sócios, colaboradores, investidores, convencê-los de que sua visão poderá
levar todos a uma situação confortável no futuro. Utilizando energia e perseverança,
e uma grande dose de paixão constrói algo a partir do nada e continua em frente,
apesar de obstáculos, armadilhas e da solidão. O empreendedor é alguém que
acredita que pode colocar a sorte a seu favor, por entender que ela é produto de
trabalho duro”.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 8
uma dessas maravilhas, estima-se que eram necessários 30 mil homens e 20
anos de trabalho. Na agricultura pode-se observar a perspicácia desse povo,
que aproveitava a cheia do rio Nilo para preparar a terra para o plantio da
safra seguinte. Além disso, eles foram muito importantes para áreas como a
matemática e a engenharia.” 3
Aproximando-nos da fase contemporânea, no início da teoria econômica com Adam
Smith 4 até muito recentemente, os economistas explicavam o desenvolvimento das nações
como resultado de três variáveis:
“Mão-de-obra barata, matéria prima abundante e capital disponível para investimentos.”
Hoje se sabe que existem duas outras variáveis, provavelmente mais importantes que as
demais:
A “Tecnologia” 5 e o “Empreendedorismo”.
Muito embora o ato de empreender exista há milênios, o termo Empreendedor surgiu
originalmente na França (Entrepreneur), para designar indivíduos que incentivavam brigas.
Posteriormente, entre os séculos XVII e XVIII, passou a ser empregada com objetivo de designar
pessoas ousadas, que auxiliavam no processo de desenvolvimento econômico do país, pelas
suas práticas adequadas.
Posteriormente, no século XIX o economista francês Jean Baptiste Say conceituou o
Empreendedor como verdadeiro agente econômico, um indivíduo capaz de elevar recursos de
baixa para a alta produtividade.
Peter Ferdinand Drucker 6 (1909 – 2005), filósofo e economista Austríaco, considerado o
pai da Administração Moderna, ampliou o conceito de empreendedorismo, articulando junto ao
conceito do profissional inovador e pró-ativo, capaz de gerar valor conforme expôs Jean, aquele
indivíduo que é capaz de aproveitar oportunidades para promover mudanças.
3 Fonte: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/empreendedorismo-origem-e-desafios-para-o-brasil-do-seculo-xxi/33075/ 4 Pai da economia moderna, é considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico. Autor de "Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações", a sua obra mais conhecida, e que continua sendo referência para gerações de economistas, na qual procurou demonstrar que a riqueza das nações resultava da atuação de indivíduos que, movidos apenas pelo seu próprio interesse (self-interest), promoviam o crescimento econômico e a inovação tecnológica. 5 Termo que envolve o conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento 6 Uma importante teoria de Drucker afirmava que a empresa que apresentasse condições de vender o produto/serviço certo, para o cliente certo, com distribuição adequada, preço justo e momento oportuno teria um esforço de vendas equivalente à zero, pela correta equação da oferta pela demanda.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 9
E este é um dos pontos chave do ato empreendedor, pela capacidade de responder a
fórmula do “problema”, ou seja, enquanto a maioria das pessoas a interpreta da seguinte forma:
Problema = Frustração
Par o empreendedor:
Problema = Oportunidade
ou
Problema + Solução = Riqueza + Satisfação
Enquanto a maioria das pessoas entra em profundo estado de abalo emocional diante
de circunstâncias desfavoráveis, o sujeito empreendedor vislumbra a chance de criar soluções,
conseqüentemente realizando bons negócios e instaurando um Status Quo 7 de satisfação social
pela problemática resolvida.
Importante também diferenciar historicamente o Empreendedor do Capitalista, sendo
que o segundo, após a revolução industrial iniciada no século XVIII 8, demonstrou sua verdadeira
vocação, ou seja, a financeira pura e simples, enquanto que o primeiro possui uma conotação de
vocação ao verdadeiro desenvolvimento econômico-social.
Tema 04 – História do Empreendedorismo no Brasil
Foi a partir do século XVII que os portugueses, percebendo a imensidão e o grande
potencial de exploração do território brasileiro, começaram a ocupar definitivamente essas
terras, distribuindo-as aos cidadãos portugueses, vindos principalmente da região de Açores.
Dentre os homens que realizaram os mais diversos empreendimentos (muitos deles à
custa de trabalho escravo degradante), um merece destaque: Irineu Evangelista de Sousa, o
Barão de Mauá. Descendente dos primeiros empreendedores portugueses, ele foi responsável
pela fabricação de caldeiras de máquinas a vapor, engenhos de açúcar, guindastes, prensas,
7 Expressão Latina que significa “na situação” ou “no estado”. Comumente empregada para designar uma
característica de situação ou estado emocional. 8 A revolução industrial consistiu em um conjunto de mudanças de ordem técnica e tecnológica, que
revolucionaram a sistemática dos meios de produção, ampliando sobremaneira a capacidade de criação de bens de consumo, mas também minimizando o papel da mão de obra.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 10
armas e tubos para encanamentos de água. Foi responsável também pelos seguintes
empreendimentos:
Organização de companhias de navegação a vapor no Rio Grande do Sul e no Amazonas;
Implantação, em 1852, da primeira ferrovia brasileira, entre Petrópolis e Rio de Janeiro;
Implantação de uma companhia de gás para a iluminação pública do Rio e Janeiro, em
1854;
Inauguração do trecho inicial da União e Indústria, primeira rodovia pavimentada do
país, entre Petrópolis e Juiz de Fora, em 1856.
Seu legado foi tamanho que ele ainda hoje é reconhecido como uns dos primeiros
grandes empreendedores do Brasil.
Entretanto, o empreendedorismo começou a ganhar força de forma geral no país a
partir da década de 1990.
Com grande volume de produtos importados, especialmente pela intensificação da
globalização econômica e instituição de uma moeda estável e valorizada (Real - R$) houve
relativo controle dos preços, mas criou-se também condições de competitividade por diversas
vezes desfavoráveis às empresas brasileiras, favorecendo a atuação de estrangeiros com perfil
diferenciado (Empreendedores).
Destacam-se as condições adversas especialmente nos setores de brinquedos,
eletrônicos e roupas.
Portanto, com a formação de um novo paradigma de mercado, ações antes
consideradas eficientes do ponto de vista mercadológico precisaram ser redesenhadas,
repensadas e redirecionadas, fato possível somente entre empresas com posturas inovadoras,
flexíveis e visionárias.
Mudanças na postura e políticas internacionais brasileiras favoreceram a vinda de
investimentos estrangeiros, que potencializaram a criação de renda e PIB Nacional.
O Brasil demonstra grande vocação empreendedora, segundo o relatório executivo de
2000 do Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2000), o país possui uma relação entre adultos
que começam um novo negócio em relação ao total populacional bastante aguerrida:
Brasil: 1/8 (leia-se hum para cada oito adultos);
EUA: 1/10;
Austrália: 1/12;
Alemanha: 1/25;
Reino Unido: 1/33;
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 11
Finlândia e Suécia: 1/50;
Irlanda e Japão: 1/100.
Evidente que alguns fatores influenciam iniciativas deste tipo, como renda média
assalariada e estabilidade de emprego, fato que por vezes desacelera o processo empreendedor
em países ricos, mas ressalte-se que nos EUA, grande potência mundial, o empreendedorismo é
bastante difundido.
Outro ponto a mencionar-se é que a atividade empreendedora no país está relacionada,
proporcionalmente, na sua grande maioria junto ao público jovem, sendo que mais da metade
dos empreendedores brasileiros possuem menos de 35 anos de idade, e somente 3% dos
empreendedores possuem idade acima dos 55 anos.
Esta jovialidade certamente possui ligação direta com o fato de o empreendedorismo
ter se acelerado somente recentemente, como demonstrado no início do presente tema.
Ainda, este perfil empreendedor demonstra fatores favoráveis e desfavoráveis:
Prós:
Iniciativa;
Adaptabilidade;
Criatividade;
Facilidade de lidar com tecnologia.
Contra:
Inexperiência;
Baixa visão de risco;
Impulsividade;
Recusa à metodologias antigas.
Tema 05 – Estudo de Caso - O Empreendedorismo no Brasil e o Processo de Inovação:
O Caso Mauá 9
Transcrição do Artigo:
Este artigo mostra um exemplo de empreendedorismo que alia conhecimento e
inovação, ao relacionar a vida de Irineu Evangelista de Sousa (Barão de Mauá) com o tema
9 Artigo Publicado em: http://www.ead.fea.usp.br/semead/11semead/resultado/trabalhosPDF/197.pdf. Autores: LOPES, Camila Papa. SANTOS, Moacir Bispo dos. CLARO, José Alberto Carvalho dos Santos.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 12
do empreendedorismo, passando pelas leituras de McClelland, Schumpeter, Vries,
Thimmmons, Say, Dornellas, Empretec pelo Sebrae, que tratam do comportamento
empreendedor e Caldeira, que aborda especificamente a história de Mauá, utilizando-se
para tal a análise comparativa entre estes para mostrar a contribuição do Barão de Mauá
para o desenvolvimento do Brasil, pelos negócios estabelecidos no século XIX, identificando
a capacidade administrativa e o pioneirismo no processo de industrialização brasileira.
Questiona-se como o processo de inovação no Brasil deve sua história ao
empreendedorismo a partir de pioneiros que alavancaram nossa economia e
administração? Adotou-se o exemplo de Irineu Evangelista de Sousa como o empreendedor
da inovação a partir de um estudo qualitativo descritivo, de forma a contextualizar a
realidade do empreendedorismo no Brasil e como foi consolidada sua estrutura. A pesquisa
entre o que a literatura estabelece como comportamento empreendedor e a postura do
Barão de Mauá mostra quais características são consideradas no empreendedor para definir
a competência para o sucesso nos negócios, como um exemplo de que a inovação é
perpetuada pelas características empreendedoras.
“Palavras-chave: Empreendedorismo. Administração. Barão de Mauá”
Introdução
O empreendedorismo é um tema que ganhou espaço nos estudos administrativos
nos últimos anos. A globalização e as modificações nas relações de trabalho fazem com que
indivíduos partam para áreas inexploradas, dando importância às idéias e sonhos e criando
o próprio negócio. Esse contexto, denominado empreendedorismo, pode ser definido como
um conjunto de hábitos e características pessoais que tem como base a captação de idéias e
iniciativas, transformando-as em oportunidades de negócio.
Este trabalho tem como premissa que o empreendedorismo também é uma
característica pessoal, uma vez que muitos estudos realizados sobre a personalidade dos
empreendedores concluem que o sucesso do empreendimento depende dos seus
comportamentos.
Pela história de empreendedores famosos, observa-se que estes indivíduos
ultrapassaram seus limites, enfrentando e superando as dificuldades, tanto da época quanto
pessoais e desenvolveram negócios lucrativos e duradouros. Mesmo quando não tiveram
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 13
êxito em um primeiro momento, não desistiram e recomeçaram. Nesse sentido se
apresenta a história do Barão/Visconde de Mauá.
Os empreendedores são pessoas diferentes, com comportamentos que se
diferenciam do senso comum, possuem motivação singular, são apaixonados pelas
atividades que desenvolvem, não se contentam em ser mais, querem ser reconhecidos,
admirados, referenciados e imitados, querem deixar seu legado, sua história, e muitos o
deixam.
O estudo do empreendedorismo compreende a análise do ser humano a partir do
desenvolvimento e execução de idéias e oportunidades, bem como a criação do negócio
pelas iniciativas individuais. Este campo de estudos tem sido explorado de forma crescente
nos últimos anos, à medida que se passou a enxergar a importância do indivíduo e do
estímulo à criatividade.
No geral, os empreendedores são pessoas que se dispõem a vislumbrar e criar
oportunidades e fazer acontecer, lutar pela sua consecução, para por em prática suas idéias
e gerar um ou mais negócios. Além disso, os empreendedores são essenciais no mercado,
pois eles são agentes de inovação, estimulam a criatividade.
Considerando que os indivíduos se desenvolvem a partir de sua relação com o meio
ambiente, a partir da conduta cultural e social, observa-se que seu comportamento pode
ser definido como “contínuo desenvolvimento orgânico” constituído pela produção de uma
forma particular de padrão cultural, ou seja, como a cultura influencia comportamentos
direcionados a criação de negócios e como este comportamento contribui para definir o
ambiente de negócios de forma temporal e regional.
Faz-se uma reflexão sobre a relação do comportamento humano e a atitude
empreendedora, como um fator intrínseco ao conhecimento, algo que pode ser
desenvolvido ao decorrer da vida de um indivíduo e da cultura onde ele cresceu,
conceituada como uma programação coletiva da mente, conhecimentos, que distinguem os
indivíduos.
Os empreendedores realizam leituras e interpretações diferenciadas da realidade e
colocam em prática seus conhecimentos para gerar inovação com diferentes aplicações, em
espaços e momentos históricos distintos. O conhecimento traz a capacidade de identificar
oportunidades e o empreendedorismo de colocá-las em prática, a partir de
comportamentos humanos.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 14
Este artigo aborda o comportamento empreendedor pela história de Irineu
Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, cujo título é atribuído às suas obras inovadoras, que
contribuíram para o processo de desenvolvimento do Brasil.
Metodologia
O artigo foi desenvolvido a partir de pesquisa qualitativa descritiva, definida por
Charoux (2006) como pesquisa que descreve e classifica características de uma situação e
estabelece conexões entre a base teórico-conceitual existente ou mesmo de outros
trabalhos já realizados. Para a autora: “Esse tipo de pesquisa pressupõe uma boa base de
conhecimentos anteriores sobre o problema estudado, já que a situação-problema é
conhecida, bastando descrever seu comportamento. As respostas encontradas nesse tipo
de pesquisa informam como determinado problema ocorre”.
A descrição baseia-se na história de Irineu Evangelista, o Barão de Mauá, sua
trajetória no mundo dos negócios e como seu comportamento empreendedor influenciou
no processo de inovação no Brasil.
Parte-se do conteúdo teórico sobre empreendedorismo e comportamento
empreendedor, em seguida é feito um levantamento histórico sobre as inovações
propiciadas por Mauá e por fim é apresentada uma análise comparativa entre as
características do comportamento do Barão de Mauá evidenciadas na obra de Caldeira com
as teorias sobre o empreendedorismo como forma de identificar quais dessas características
embasaram o alcance do sucesso nos negócios, também para mostrar a relação entre
conhecimento, empreendedorismo e inovação.
O Estudo teórico do Empreendedorismo
O empreendedorismo pode ser analisado por meio de focos de estudo, destacando-
se a fenomenologia, que observa atitudes e características do indivíduo, que formam suas
competências para conduzir a teoria a partir do que o indivíduo faz, o que o motiva; e
outros que focam o comportamento empreendedor por uma definição e a ele são
relacionadas atitudes concernentes a atividade empresarial. O conceito de
empreendedorismo provém da palavra empreendedor (Entrepreneur) tem origem francesa e
significa “aquele que assume riscos e começa algo novo” (HIRISH, 1986).
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 15
Para Carland, Hoy e Boulton (1984), o empreendedorismo constitui-se em um
conjunto de comportamentos e de hábitos que podem ser adquiridos, praticados e
reforçados nos indivíduos, ao submetê-los a um programa de capacitação adequado de
forma a torná-los capazes de gerir e aproveitar oportunidades, melhorar processos e
inventar negócios. O espírito do empreendedorismo compreende a busca permanente de
novos produtos, conceitos, métodos e mercados, aliados com habilidades na execução de
todas as atividades operacionais, contemplando um plano gestor para gerir as compras,
produção, vendas, entregas, administração, planejamento, cronogramas, orçamentos,
contabilidade etc.
Filion (1997) conceitua o empreendedor como um indivíduo criativo, que possui a
capacidade de determinar e alcançar objetivos, com alto nível de consciência do ambiente
em que atua, usando as mudanças como forma para identificar oportunidades de negócio.
Mintzberget al (2000) relaciona o empreendedorismo a estratégias de inovação,
definindo como características do empreendedor a busca por oportunidades, centralização
de poder, capacidade de lidar com o risco para conquistar lucros e sucesso nos negócios,
sendo estimulado pela necessidade de realização.
Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE,
2008), o empreendedorismo é a arte de fazer acontecer com criatividade e motivação. Consiste
no prazer de realizar com sinergismo e inovação qualquer projeto pessoal ou organizacional, em
desafio permanente às oportunidades e riscos. É assumir um comportamento proativo diante de
questões que precisam ser resolvidas. O empreendedorismo é o despertar do indivíduo para o
aproveitamento integral de suas potencialidades racionais e intuitivas. É a busca do
autoconhecimento em processo de aprendizado permanente, em atitude de abertura para
novas experiências e novos paradigmas.
A teoria relacionada ao empreendedorismo considerada mais importante é a do
economista austríaco Schumpeter, que associa o empreendedor ao desenvolvimento
econômico, a inovação e ao aproveitamento de oportunidades em negócios. Os estudos
sobre o comportamento do empreendedor versam pela hipótese de que o sucesso do novo
empreendimento depende essencialmente disto. “O empreendedor é o agente do processo
de destruição criativa. É o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor
capitalista, constantemente criando novos produtos, novos mercados e, implacavelmente,
sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros” (SCHUMPETER, 1934).
Para Schumpeter (1934), o empreendedorismo constitui-se na busca de inovações
como um diferencial competitivo, a partir da percepção e identificação de oportunidades de
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 16
negócio, no desejo de concretizar e tornar um sucesso novo ou novos empreendimentos,
mas também de gerar inovação em processos e utilizar recursos de formas variadas visando
resultados positivos. Neste foco, o autor define o empreendedor como o agente do
processo de “destruição criativa”, um indivíduo que tem como competência a criação de
novidades de forma que estas possam contribuir para o desenvolvimento de um país, o
motor do capitalismo que gera riquezas e cria produtos, processos e mercados sustentáveis.
Say (1983), representante da escola clássica francesa - que estuda o empreendedor
e o lucro, define o empreendedor como aquele que é remunerado pelo lucro. Para o autor,
o empreendedor é responsável por reunir todos os fatores de produção e descobrir, no
valor dos produtos, a reorganização de todo capital empregado, o valor dos salários, os
juros, o aluguel, bem como os lucros que lhe pertencem, ou seja, uma definição de
empreendedorismo centrada nos negócios.
Para McClelland (1961) não existe uma relação condicionante entre
empreendedorismo e a abertura de negócios, mas o que contribui para essa associação é a
necessidade de realização do indivíduo, que é o ponto chave para o desenvolvimento de
suas demais características que o tornam empreendedor.
Comportamento Empreendedor
Os indivíduos considerados como empreendedores têm um comportamento
diferenciado, conforme se observa nas definições de empreendedorismo. Neste contexto,
são analisados e discutidos seus comportamentos para facilitar o entendimento das
variáveis do empreendedorismo, como um conjunto de características psicológicas e sociais
relativamente estáveis que influenciam a maneira pela qual o indivíduo interage com seu
ambiente (LEZANA; TONELLI, 1998)
Para Gerber (1996), a personalidade empreendedora transforma uma condição
qualquer em oportunidade, como por exemplo, mudanças no ambiente físico, uma chuva,
pode representar uma oportunidade para um indivíduo de vender guarda-chuva, enquanto
que a grande maioria dos indivíduos irá reclamar pelo incômodo.
Um dos primeiros trabalhos realizados sobre as características comportamentais dos
empreendedores foi desenvolvido por David McClelland, na Universidade de Harvard, em
1961, uma teoria sobre a motivação psicológica, baseada na crença de que o estudo da
motivação contribui significativamente para o entendimento do empreendedor. Segundo
sua teoria, os indivíduos são motivados por três grupos de necessidades:
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 17
1. Necessidade de realização
2. Necessidade de poder
3. Necessidade de afiliação
Um estudo mais direcionado para a formação do empreendedor foi elaborado a
partir da teoria de McClelland, resultando num curso realizado pelas Organizações das
Nações Unidas - ONU para a formação de empreendedores que pudessem criar negócios de
sucesso. Este curso foi trazido para Brasil na década de 80, sendo denominado Empretec
pelo Sebrae, com uma metodologia que testa os comportamentos empreendedores. Estes
comportamentos foram divididos em quatro grupos de características: necessidades,
conhecimentos, habilidades e valores, gerando quarenta características empreendedoras,
conforme Quadro 1 (NANNI et al., 2006).
GRUPO DAS NECESSIDADES GRUPO DOS CONHECIMENTOS
1. Aprovação/Reconhecimento 9. Aspectos técnicos relacionados com o
negócio
2. Independência/Autonomia 10. Experiência na área comercial
3. Desenvolvimento pessoal 11. Escolaridade
4. Segurança 12. Experiência em empresas
5. Auto-realização 13. Formação complementar
6. Qualidade e eficiência 14. Vivência com situações novas
7. Poder/Status
8. Inovação/iniciativa
GRUPO DAS HABILIDADES GRUPO DOS VALORES
15. Identificação de novas oportunidades-
visionárias
28. Existenciais
16. Valoração de oportunidades 29. Estéticos
17. Criatividade 30. Intelectuais
18. Comunicação persuasiva 31. Morais
19. Negociação 32. Éticos
20. Aquisição de Informações 33. Religiosos
21. Resolução de problemas 34. Autoconfiança
22. Alcançar metas 35. Autenticidade
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 18
23. Motivação e decisão 36. Lealdade
24. Organização 37. Ambição
25. Flexibilidade 38. Disposição ao risco
26. Controle racional dos impulsos 39. Perseverança – persistência
27. Resiliência 40. Familiares
De acordo com McClelland (1961), a necessidade de realização é a que o indivíduo
tem de testar seus limites, de executar um bom trabalho. É a necessidade relativa às
realizações pessoais. Indivíduos com alta necessidade de realização geram mudanças em
suas vidas, estabelecem metas realistas e realizáveis e buscam situações competitivas. O
estudo comprovou que a necessidade de realização é a primeira identificada entre os
empreendedores bem sucedidos. A segunda é a necessidade de realização que impulsiona
as pessoas a criar um empreendimento. A necessidade de afiliação existe apenas quando há
alguma preocupação em estabelecer, manter ou recuperar relações emocionais positivas
com outros indivíduos. A necessidade de poder é caracterizada principalmente pela forte
preocupação em exercer poder sobre outros indivíduos.
McClelland (1972) relaciona o comportamento dos empreendedores à necessidade
de sucesso, de reconhecimento, e ao desejo de poder e de controle, pela vontade do
indivíduo de se superar e evoluir, o que relaciona características psicológicas e atitudinais
tais como tendência ao risco, iniciativa e desejo de reconhecimento.
Outro enfoque sobre o comportamento dos empreendedores é a pesquisa de
Abraham Zaleznik e Manfred Kets de Vries (KETS DE VRIES, 1997), que caracterizaram os
empreendedores como pessoas profundamente influenciadas por uma infância turbulenta e
conflitante, cujas vidas eram sofridas com temas reais ou imaginários de pobreza,
depravação, morte significativa e solidão. Deste modo, acreditam que o empreendedor é
motivado por sentimentos persistentes de insatisfação, rejeição e impotência, derivados de
conflitos relacionados com os pais. Esta situação geraria uma ação psicológica que
necessitaria de compensação para aliviar estes conflitos dolorosos, os quais poderiam
induzir a uma ação auto-destrutiva, impulsionando-o à esforços criativos e inovativos. Estes
últimos se associam com o desenvolvimento de esforços relacionados com a criação e
desenvolvimento de empreendimentos.
Os autores também consideram o empreendedor como um ator em um teatro
empresarial, que inclui necessidade de aplauso, e defesas psicológicas, tais como projeção e
ruptura. Assim estabeleceram seis elementos constituintes da personalidade
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 19
empreendedora: meio ambiente turbulento; esquiva em relação as normas autoritárias dos
pais; sentimento de rejeição; sentimentos dolorosos de raiva, hostilidade e culpa;
identidade confusa (identificação com a personalidade causadora de dor); adota modelos
reativos para sentimentos dolorosos (culpa, rebelião e impulsividade).
A partir dos seis elementos, acreditam que o sucesso do negócio é afetado pela
personalidade do empreendedor, que precisa se identificar fortemente com o
empreendimento e depende disto para manter sua auto-estima e sua necessidade de
controle (MANTOVANI; BORGES, 2006).
Outro estudioso sobre comportamento empreendedor é Thimmons (1994), que
junto com seus colaboradores, pesquisou os atributos de personalidade dos
empreendedores. Seu estudo representa uma síntese de mais de 50 pesquisas compiladas
da literatura acerca de atributos e comportamentos dos empreendedores bem sucedidos.
Verifica-se a seguir uma síntese de suas constatações:
1. Comprometimento, determinação e perseverança;
2. Guiados pela auto-realização e crescimento;
3. Senso de oportunidade e orientação por metas;
4. Tomam iniciativas por responsabilidades pessoais;
5. Persistência na resolução de problemas;
6. Conscientização e senso de humor;
7. Buscam obter feedback;
8. Controle racional dos impulsos;
9. Tolerância ao stress, ambigüidade e incerteza;
10. Procuram correr riscos moderados;
11. Pouca necessidade de status e poder;
12. Íntegros e confiáveis;
13. Decididos, urgentes e pacientes;
14. Lidam bem com o fracasso;
15. Formador de equipes.
Dornelas (2001) resume as características dos empreendedores no Brasil:
1. Busca de oportunidades e iniciativas;
2. Persistência;
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 20
3. Correr riscos calculados;
4. Exigência de qualidade e eficiência;
5. Comprometimento;
6. Busca de informações;
7. Estabelecimento de metas;
8. Planejamento e monitoramento sistemático;
9. Persuasão e rede de contatos;
10. Independência e Autoconfiança.
Segundo Bastos (1998), o comportamento empreendedor parte de um mecanismo
que indivíduos utilizam para dar resposta a um determinado evento na busca de satisfazer
um conjunto de necessidades relativas ao sucesso nos negócios. Assim, o processo
comportamental do empreendedorismo tem início a partir da identificação de uma
oportunidade com a necessidade de assumir riscos e estruturar o negócio, pelo
conhecimento e ação.
Uma breve análise histórica de Irineu Evangelista de Sousa
Para retratar a realidade histórica e de que forma este evoluiu no Brasil no âmbito
do empreendedorismo, faz um retrocesso por volta dos anos de 1680 e 1777, onde os
limites do Sul do Brasil eram disputados entre Espanhóis e Portugueses, e as diferenças
eram resolvidas na guerra, ficando a divisa no lugar determinado pelo último combate, até
que uma nova investida ou tratado de paz negociado na Europa modificasse a situação.
Nesta época, os Portugueses se instalaram às margens do Prata bem em frente a Buenos
Aires, os Espanhóis chegaram a tomar a ilha de Santa Catarina, mas nenhum dos dois lados
conseguia sacramentar suas vitórias, e a fronteira alterava-se a cada investida bem-sucedida
do adversário.
Desde o início, estas terras tinham se mostrado como excelentes criadouros natural
de gado, com milhares de cavalos e bois se multiplicando soltos e sem donos, atrativo para
aventureiros a busca de riqueza e brigas constantes. A coroa portuguesa, interessada na
ocupação do território, distribuía generosamente títulos de terra na zona de litígio (apesar
de que a assinatura do Rei naquela região não dizia muita coisa), a maioria dos portugueses
eram da região de Açores (super-povoada na época). Em meio a este contexto, em 1792,
chegou o avô materno de Irineu Evangelista de Sousa, José Batista de Carvalho, que
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 21
estabeleceu um rancho numa sesmaria de 4 mil hectares entre o arroios Grande e
Chasqueiro a 500km de Montevidéu, logo depois o avô paterno, Manuel Jerônimo.
Em 1810, o pai de Irineu Evangelista, João Evangelista de Ávila e Sousa casou-se com
Mariana Batista de Carvalho, e em 1813 nasceu Irineu. Para manter o crescimento de seus
negócios, João Evangelista de Ávila e Sousa, em 1819, saiu em uma excursão ao território
uruguaio para a busca de mais gado e foi morto por um tiro (versões pouco claras chegaram
para os familiares), ficando sua mãe viúva pela primeira vez com 24 anos. Tentou tocar os
negócios e preferiu ensinar Irineu a ler e escrever a ter que fazer os serviços da fazenda, e
este aproveitou o conhecimento oferecido pela mãe e logo dominou as letras e mostrou
uma predileção pela matemática.
Três anos após a morte do pai, sua mãe casa pela segunda vez com João Jesus e
Silva, que não aceitava crianças de um outro pai. A solução foi casar sua irmã Guilhermina,
com menos de doze anos com José Machado da Silva e mandar Irineu para o Rio de Janeiro
para trabalhar no comércio com um tio seu (por parte de mãe) que tinha o mesmo nome de
seu avô.
Nesse contexto iniciou a história do empreendedor, que chegou no Rio com nove
anos de idade e foi instalar-se na casa de n°155 da Rua Direita, que era o armazém e a sede
dos negócios de João Rodrigues Pereira de Almeida, onde aprendeu todas as funções do
armazém, sendo ensinado pelos mais velhos de casa que estranhavam a origem do menino,
pois na época raros nativos do Brasil trabalhavam no comércio, sendo esta profissão
exercida por mão-de-obra vinda direta da Metrópole, fato este manipulado pela Coroa, pois
evitava que habitantes da colônia controlassem a atividade comercial.
Logo vislumbrou a possibilidade de ser o caixeiro de escritório, tendo que dominar a
contabilidade e passar por um exame da Real Junta de Comércio e Navegação, para ser
reconhecido pelo patrão, que era de família importante do Sul e Pereira de Almeida
negociava charque com ela, seu tio era homem de grande prestígio e respeito por comandar
uma Nau de Pereira de Almeida e este último tomava conta de seu armazém bem de perto
e conhecia seus funcionários e rendimentos. A empresa era bem prestigiada e estava
envolvida em uma série de atividades complexas, negociando simultaneamente com
centenas de pessoas nos três continentes. Pereira de Almeida era ao mesmo tempo
comerciante, banqueiro, industrial, armador, além de cortesão e manipulador político,
trabalhar em uma empresa como esta na época era o objetivo de qualquer caixeiro que
quisesse vencer na vida. Com uma frota registrada em seu nome de treze navios, a base de
todo o comércio de Pereira de Almeida era o tráfego de escravos.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 22
Com menos de cinco anos de experiência e com quatorze anos de idade, Irineu já
assumia a complexa rede de negócios do patrão. Por volta de 1828, houve um revés e as
coisas mudaram para Pereira de Almeida, pois o tráfico de escravos estava acabando e a
guerra com a Argentina, tornando a província Cisplatina no Uruguai, levaram o Banco do
Brasil a ser um alvo para as perdas governamentais, fazendo com que o comerciante
perdesse tudo que tinha, para consolar o Imperador que distribuía títulos de nobreza
criados a granel, concedeu-lhe o título de Barão de Ubá, onde foi morrer (1830) em sua
fazendo defendida por Irineu junto ao credor escocês Richard Carruthers. Assim, Irineu
começou a trabalhar em 1829, Carruthers & CO, uma das maiores empresas de Carruthers,
que o incentivou a aprender inglês e contabilidade da forma inglesa (em libras), e teve
contatos com a maçonaria. Logo se destacou dos demais, aprendendo as minúcias do ofício
e pela orientação de Carruthers. Leu muitos livros, dentre eles Adam Smith – A Riqueza das
Nações - o original em Inglês que aproveitava para discutir com seu patrão.
Após completar 22 anos, Irineu recebeu uma participação no capital da empresa e
uma procuração de Carruthers, que lhe deu todos os poderes para administrar os negócios
como se a firma fosse apenas dele. Em 25 de Outubro de 1837, Irineu comprou sua primeira
casa.
O cenário Nacional continuava complicado e várias revoltas eclodiam nas províncias
(Cabanagem/PA, Balaiada/MA, Sabinada/BA, Carneiradas/PE, Farroupilhas/RS) sempre se
repetindo a história: liberais contra conservadores republicanos. Irineu se envolveu em uma
destas revoltas fornecendo roupas e dinheiro a revoltosos (na fortaleza de Santa Cruz/RJ) e
isto lhe causou problemas em 1839, indo assim visitar seu amigo e sócio Carruthers na
Inglaterra a fim de acalmar os problemas. Em sua viagem à Inglaterra, apresentou grande
entusiasmo por novidades. Teve como anfitrião um amigo de juventude (João Henrique
Reynell de Castro), que contribuiu para abrir o seu caminho da fortuna. Assistiu a
inauguração da ferrovia em 1830, entre Liverpool e Manchester, viu que os ingleses
produziam fábricas com rapidez, mecanizando assim o desenvolvimento. Também notou
que a ferrovia trazia consigo outros negócios (ferros e máquinas), sendo foco dos
banqueiros ingleses. Menos de 20 anos depois da inauguração do trecho entre Liverpool e
Manchester, havia 10 mil quilômetros de ferrovias na Inglaterra, com um investimento
aproximado de 250 milhões de libras esterlinas.
Percorreu fábricas de tecidos, estaleiros, fundições, estradas de ferro e bancos, se
mostrava muito interessado em novos conhecimentos empíricos, perguntava sobre tudo e
estudava manuais de funcionamento e catálogos, manteve também vários contatos
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 23
econômicos, estudando os movimentos da época na Grande Potência Inglaterra. Em sua
percepção, vislumbrava o desenvolvimento do Brasil e na volta de sua viagem da Inglaterra,
abriu a empresa que deveria captar dinheiro na Inglaterra para ser investido no Brasil,
visando a modernidade. Apesar da viagem para a Europa, os ânimos dos comerciantes do
partido Conservador continuavam os mesmos perante a posição de Irineu e estes
publicaram uma carta em 21 de Outubro de 1842, no Jornal do Comércio, com a notícia de
que não tinha conexões com os rebeldes do Rio Grande do Sul, que eram os únicos homens
em armas que o governo central precisava derrotar para consolidar seu poder. O efeito de
tal carta foi devastador perante os amigos, pois a fama de traidor da causa logo se
instaurou. Apesar disto, Irineu foi tido como traidor pelos amigos e era mal visto pelos
governantes da época.
Em 11 de Agosto de 1846, adquiriu o estabelecimento de fundição e estaleiros da
Ponta de Areia em Niterói/RJ. Pensava em transformar a mesma em um estabelecimento de
ponta, a moda inglesa, para tanto, teve que trazer a preço de ouro (propriamente dito)
trabalhadores ingleses, pois não existia mão de obra qualificada na época, além de ter a
regra de que uma pessoa de tez branca, não carregava nada e tinha que sempre ter um
escravo que o fizesse. A falta de matéria-prima também o fez pensar fora da caixa, fazendo
uma logística (hoje banal), mas que para a época saltava aos olhos, e passou a trazer
minério de ferro de Minas Gerais no lombo de burros, importação de carvão, e peças para
os defeitos nas máquinas.Firmou um contrato com o ministério do Império para canalizar o
rio Maracanã com tubos de ferro, e como é de praxe, o governo não pagava e teve que
diversificar a produção fazendo pregos, sinos para igrejas, máquinas de serrar, peças para
engenhos de açúcar, guindastes, etc. Passou a aceitar serviços de reparos em navios e
montou uma empresa no Rio Grande do Sul para operar um vapor que havia sido construído
por ele.
De forma inovadora na época, começou a administrar os funcionários de forma
igualitária e distribuía lucros, incentivando que os mesmos abrissem seus próprios negócios
ou aumentar o leque de opções (assumia prejuízos). Da mesma fábrica, saíram engenhos de
açúcar completos (movidos a vapor), pontes de ferro, canhões de bronze para navios de
guerra, navios a vapor completos, fornos siderúrgicos e bombas de sucção.
Em 1849, o Uruguai se viu em sérios problemas, pois nenhum dos países que o
subsidiavam queriam continuar a fazê-lo, tendo neste momento o crescimento do temor de
invasão Argentina na figura do ditador na época (Juan Manuel de Rosas). O embaixador do
Uruguai no Brasil na época (Andrés Lamas) pediu ajuda e o governo viu na figura de Irineu a
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 24
forma de ajudar sem ser notado. Com isto, Irineu emprestou dinheiro para financiar a
guerra contra a Argentina. Em Fevereiro de 1852 o exército de Rosas foi derrotado sem um
único tiro, pois acertos monetários foram feitos nos bastidores com comandantes
desertores argentinos. Este fato fez com que o governo Uruguaio reconhecesse uma dívida
pública junto a Irineu e a partir de 15 de Maio de 1852, ele tornou-se o maior credor do
governo Uruguaio e com direito sobre a aduana. Com isto, a navegação do Rio Prata foi
aberta, fluindo o comércio local.
Aproveitando a situação do fechamento do tráfico de escravos e notando um grande
valor monetário na praça sem um destino certo, Irineu em 1851, abriu o Banco Commercial,
vislumbrando as aplicações em um futuro promissor de progressos intermináveis (fábricas,
telégrafos, estradas de ferro). Começou a comprar a moeda nacional (réis) fazendo um
câmbio favorável a quem vendia e trocava por libras esterlinas (moeda forte). A corrida ao
banco foi muito grande, em pouco tempo estava quase que com toda moeda nacional em
seus cofres ao troco da libra. Começou a faltar (réis) para negócios nacionais e ele mais que
depressa começou a vender (réis) e comprar (libras), dando primeiro golpe no câmbio.
Nessa época, chegou no Brasil informes de que os americanos queriam abrir o Amazonas
para livre exploração e navegação, tal fato alarmou as defesas brasileiras e o governo
convocou mais uma vez Irineu, propondo que o mesmo abrisse na região norte uma
empresa de exploração / navegação do rio Amazonas, explorando assim o comércio dos
povoados ribeirinhos muito dispersos, desafio este aceito por ele.
Em 1852, Irineu ganhou a concorrência entre três empresas para fornecer a
Iluminação a gás das ruas da cidade do Rio de Janeiro e fundou a empresa Imperial
Companhia de navegação a vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis. Ainda neste ano, quatro
meses antes do prazo prometido para o governo, começou a funcionar a Companhia de
Navegação e Comércio do Amazonas. Em 1853, o dia da queda do gabinete de Itaboraí,
Irineu levou um grupo de jornalistas e embaixadores para fazerem uma pequena viagem
inaugural, sendo esta a primeira viagem de trem a ser noticiada na história do Brasil.
Foi assim que foi agraciado com o primeiro título de Nobreza – Barão de Mauá, em
30 de Abril de 1854, em cerimônia pomposa com a presença da família Real, quando
inaugurou a Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis.
Em 31 de Julho de 1854, três meses após a inauguração da estrada de ferro, o Barão
de Mauá inaugurou uma nova forma de Banco, o Banco Internacional a Mauá Mac Gregor &
CIA, com a proposta de auxiliar todas as operações na Europa e também fornecer crédito
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 25
para operações locais, onde iria competir com os financiadores tradicionais (os bancos
europeus), criando assim a primeira agência de Câmbio a funcionar em âmbito nacional.
No mesmo ano da inauguração do Banco Internacional Mauá, comprou uma fábrica
de velas e sabão de um francês com problemas financeiros. Adquiriu a Companhia
Fluminense de Transportes (34 carroças de burro, mais de 100 mulas). Entrou com um
aporte técnico em uma concessão para explorar ouro no Maranhão. Também montou uma
fábrica de diques flutuantes, sugerido por um de seus funcionários de Ponta de Areia. Em
Agosto de 1855, o Barão de Mauá assumiu uma posição de deputado (como suplente) pelo
partido Liberal. Nunca compactuou com o discurso amoral que dominava a época (interesse
público), colocando-se abertamente como empresário, colecionando derrotas atrás de
derrotas nesta área. Com visão de negócios, estabeleceu para seus engenheiros a tarefa de
estudarem os caminhos para nova estrada de ferro ligando o porto de Santos ao interior
Paulista, possibilitando assim o escoamento da produção. Em 1856, recebeu a concessão da
construção da estrada de ferro. Decorridos 06 anos após o final da guerra no Uruguai, Mauá
resolveu transformar seu escritório de representação em Montevidéu numa mistura de
empresa comercial e casa bancária.
Em 1857, algumas de suas aquisições não se mostravam lucrativas, entre elas a
Companhia Fluminense de Transporte, a Mineradora do Maranhão, a Santos-Jundiaí e a
Companhia de diques flutuantes. Além disso, grande incêndio (narrado pela família como
criminoso a mando dos ingleses) devastou a fábrica de Ponta de Areia, destruindo moldes
da construção de navios. Em 1858 inaugurou mais um Banco, em Buenos Aires, na
Argentina, expandindo os negócios do Uruguai. Em 1865 depois de vários percalços, vendeu
a Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro e passou por sérias dificuldades. Em
1867, criou a Mauá & CIA, uma empresa comercial como nas origens de sua formação,
tendo como base a desativação de seu império para saldar dívidas e problemas sofridos.
Juntou seu numerário e mesmo com a derrocada, possuía no conjunto da obra a quantia de
115 mil contos de réis, equivalente a 12 milhões de libras esterlinas e 60 milhões de dólares.
Em 1874, recebeu uma carta tornando-o o Visconde de Mauá, devido a seu
empenho na instalação dos cabos submarinos de telégrafo que ligou o Brasil à Europa. Em
1875, fechou o Banco do Uruguai e foi perseguido pelo povo, perdendo tudo, porém
liquidou todos os seus negócios e saldou todas suas dividas, vendendo seus pertences
pessoais. Afastou-se da vida pública e morreu completamente esquecido pela sociedade em
21 de outubro de 1889, sendo levado de Petrópolis para ser enterrado no cemitério da
Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco, em Catumbi, no Rio de Janeiro, sendo o
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 26
féretro deslocado de trem através dos trilhos da estrada de ferro de sal fundação, The Rio
de Janeiro & Northern Railway.
Análise do comportamento do Barão de Mauá a partir das teorias sobre empreendedorismo
O exemplo do Barão de Mauá retrata sua trajetória como o primeiro grande
empreendedor brasileiro numa época adversa, o Brasil no Século XIX. Analisando o contexto
histórico do país, observa-se que muito de seu desenvolvimento deve-se a inovação criada
por Irineu Evangelista, que aproveitou as oportunidades que teve para trazer ao Brasil
conhecimentos e desenvolvimento do capitalismo.
Para Lira (2005), nos dias atuais, a administração possui a disposição uma infinidade
de técnicas que visam diminuir ao máximo os riscos de insucesso de um novo negócio.
Porém, no século XIX e início do século XX, os únicos meios possíveis de analisar um negócio
eram alguns cálculos financeiros e o bom senso. Esta situação fazia com que os riscos,
principalmente nos negócios pioneiros, fossem difíceis de mensurar por se tratar de um
caminho ainda não percorrido e, portanto, sem parâmetros de comparação.
Embora as pesquisas na área de empreendedorismo constatem diferenças entre
aspectos considerados cruciais pelo fato de que as características empreendedoras variam
em função da atividade que o empreendedor desenvolve em uma dada época ou de acordo
com a fase de crescimento da empresa, a análise histórica mostra Mauá como um ícone da
inovação e seu comportamento é embasado pelas teorias do empreendedorismo, sendo seu
comportamento distinto a outros empreendedores, que em alguns estudos, são observados
como indivíduos que não eram receptivos ao conhecimento. Segundo Caldeira (1990, p.35):
“Em 38 anos de trabalho duro, tinha enfrentado muitas crises, e
nelas venceu muito mais que perdeu. Sentia-se jovem o
suficiente para ousar na hora das dificuldades, aproveitar os
momentos complicados para triturar adversários mais fracos.
Sempre sonhara grande, grande demais para que o conselho
tornasse mais prudente seu estilo arrojado.”
Mauá possui algumas características identificadas como comportamento
empreendedor nas teorias estudadas.
Ainda segundo Caldeira (1990, p.17-18):
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 27
“Administrar sozinho tal volume de negócios e dinheiro era
tanto uma obrigação imposta por seus métodos de trabalho
quanto um prazer – ao menos em dias como aquele. Nas noites
solitárias em seu escritório, Mauá sentia a grandeza dos
criadores de mundo. Ninguém no Brasil havia chegado aonde
chegou. Tinha todo o direito de agir como um verdadeiro
imperador, pois não devia nada a ninguém. Enquanto a noite
avançava, Mauá instigava os corajosos, punia os medrosos,
ordenava batalhas de negócios – sem nunca ser contestado.
Esse comportamento impositivo era para ele da natureza das
coisas. Para quem começara rigorosamente do nada e lutara
sempre sozinho, não era estranho o habito de contar apenas
consigo mesmo.”
Para Caldeira (1990), Mauá tinha dedicação ao conhecimento, estudando para
conseguir obter o dinheiro e antes de passar para a prática, ele precisava da certeza de que
suas impressões suportavam o crivo dos números. Enquanto o mercado corria atrás de
opiniões, ele foi buscar o domínio do conhecimento e evidenciou suas características
empreendedoras para alavancar o desenvolvimento do Brasil. Segundo Lira (2005, p.15):
“... na biografia de Mauá notamos um foco no progresso com
um direcionamento maior para o desenvolvimento industrial,
logístico e estrutural do país. Com a criação das primeiras
indústrias, primeira estrada de ferro e criação do primeiro
banco a financiar novos empreendimentos, Mauá reforça sua
condição de personalidade referência na história brasileira e
com perfil voltado para o empreendedorismo.”
A partir da análise sobre as características de Mauá com a literatura abordada, foi
feito um quadro consolidado com a porcentagem de características empreendedoras
apresentadas no seu exemplo, conforme comparativo adiante:
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 28
Características empreendedoras
encontradas na literatura
Características empreendedoras
encontradas na Biografia por Caldeira resultado % atendido
McClelland
3 3 100%
Zaleznik & Vries
6 3 50%
Thimmons
15 15 100%
Dornellas
10 10 100%
Empretec necessidades
8 8 100%
Empretec conhecimento
5 5 100%
Empretec habilidade
9 9 100%
Empretec valores
7 7 100%
Autores
63 60 95%
Tomando como base o quadro 3 pela comparação percentual entre itens ressaltados
perante quesitos dos autores, presentes ao longo da pesquisa, entendemos que Irineu
Evangelista de Sousa atende quase que na plenitude aos quesitos estipulados pelos autores
estudados na personalidade empreendedora.
Assim, mostra-se que dentre os comportamentos evidenciados ao longo da
pesquisa, o Barão de Mauá apresentava 95%, sendo considerado um exemplo potencial
para o estudo do empreendedorismo no Brasil, sendo que seus traços apontavam para o
desenvolvimento em larga escala, não sendo limitado a um tipo de negócio ou empresa,
mas contribuindo com a administração de um país.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 29
Considerações Finais
Este artigo mostrou o contexto de um empreendedor como forma de exemplificar
como o empreendedorismo influencia a realidade dos negócios no Brasil. O comportamento
empreendedor é abordado sob a ótica dos indivíduos e da cultura onde se inserem, sendo a
inovação, iniciativa e a resiliência traços que definem o sucesso dos negócios.
O contexto analisado nos tempos contemporâneos mostra que a herança cultural
deixada pelos pioneiros que alavancaram os negócios no Brasil é a de que o
empreendedorismo é um tema de nossa cultura, que traduz a necessidade de procurar
oportunidades pela diversidade que possuímos.
A administração de negócios nesse ambiente precisa de características e
comportamentos de indivíduos que conseguem lidar com adversidades e identificar
oportunidades mesmo com a turbulência do mercado. O centro do poder associa-se com a
política, gerando burocracias difíceis de serem colocadas em prática ao mesmo tempo em
que se alcança o sucesso nos negócios, mas os empreendedores têm encontrado formas de
conciliar tal cenário, a partir do próprio conhecimento, gerando inovações que podem
mudar o rumo da história
A análise sobre o Barão de Mauá permite observar que ele foi um dos homens mais
ricos em sua época no continente sul-americano, com a competência para identificar
oportunidades e gerar inovação, alavancando a economia do Brasil a partir de
conhecimentos obtidos em diferentes setores e colocando em prática tudo o que sabia em
seus empreendimentos.
Embora tenha terminado sua vida sem nada, a grande herança que deixou foi a
inovação criada pelo conhecimento, que constitui um dos meios que consolida o
comportamento empreendedor, a busca incessante por oportunidades e por concretizar
negócios. Mauá apresentou formas de inovação que atualmente ainda geram dúvidas
quanto a sua execução, tamanha inovação apresentada em seus empreendimentos, cujos
resultados ainda podemos nos beneficiar.
Ação dos Discentes no Estudo de Caso
Os alunos deverão responder ao solicitado, de forma fundamentada pela matéria.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 30
1) Quais características empreendedoras, na sua opinião, faltaram ao Barão de Mauá ?
Justifique.
2) Você concorda com todas atribuições positivas realizadas no artigo ao Barão de Mauá ?
Justifique.
3) Se tivéssemos uma parcela maior da população com características empreendedoras, o
que mudaria em nosso país ?
4) Comente as características do Barão de Mauá, considerando as qualidades do
empreendedor apresentadas junto ao “Tema 02” da Apostila (Página 03 – Características do
Empreendedor).
Tema 06 – Pesquisa Complementar 10
Artigo: Delmiro Gouveia – Herói Esquecido 11
1) Pesquise e demonstre qualidades empreendedoras junto à outro personagem histórico
no empreendedorismo brasileiro, chamado Delmiro Gouveia. Observação: Esta comparação
é mais complexa, pois este personagem possui menor expressão do que o anterior (Barão
de Mauá), além de uma passagem mais polêmica. O objetivo do trabalho é enriquecer o
conhecimento pessoal e “provocar” o discente a uma reflexão sobre alguns pontos
polêmicos na história brasileira.
Texto 12
“Delmiro Gouveia foi o maior de todos os grandes empreendedores brasileiros.
10 Autor: Oswaldo Pacetta. Publicado aos 05/07/2010. 11 Fontes do Autor:
“Delmiro Gouveia e o sonho de industrialização do semi-árido” - AUTOR: JOSE ROMERO DE ARAUJO CARDOSO”.
“Delmiro Gouveia – O perfil do empreendedor” – AUTORA: TELMA DE BARROS CORREIA.
“CULTURA historia (14/07/2007) – “Gloria e tragédia de Delmiro Gouveia”. AUTOR: J.C. ALENCAR ARARIPE – Especial para Cultura, escritor e jornalista.
“Ousadia no Nordeste – a saga empreendedora de Delmiro Gouveia” AUTOR: DAVI ROBERTO BANDEIRA DA SILVA.
12 Os fatos e opiniões expressados pelo autor são de responsabilidade exclusiva do mesmo, o presente artigo encontra-se apenso para estudo das atitudes empreendedoras, não sendo nossa intenção fomentar o debate sobre ideologias políticas.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 31
Suas prodigiosas realizações empresariais ocorreram no fim do século 19 e inicio do
século 20, no nordeste, totalmente dominado pelos famigerados coroneizinhos da política
local, numa época em que dominavam o trabalho escravo, a ignorância, o atraso, a miséria
da população e onde, até a energia elétrica necessária a uma de suas empresas, teve que
produzi-la com seus próprios recursos. Essa sua indústria não foi seu maior
empreendimento, mas foi a menina de seus olhos e a causa principal de suas desavenças.
Nasceu em junho de 1863, em Ipu, Ceará. Ao longo de sua laboriosa caminhada,
dadas as condições e ambiente em que realizou sua obra, tornou-se o mais admirável
protagonista da historia do empreendedorismo brasileiro. Não poupou esforços, coragem e
ousadia em sua luta para criar no nordeste um pólo de desenvolvimento econômico, com
justiça social e com a obstinada determinação de livrar a economia da região, primária e
primitiva, da mentalidade, costumes e práticas arcaicas.
Foi, na sua juventude, bilheteiro de estação de trem, da “Pernambuco Railway”,
servidor da Alfândega e também se dedicou à mecânica primária, o famoso “conserta tudo”,
profissão que exerceu, como meio de sobrevivência.
Iniciou-se, como empresário, no comércio de peles, vencendo nesse ramo que, na
época, era dificílimo. Intensificou as exportações de peles (de bodes e cabras) para os
Estados Unidos a tal ponto que precisou criar uma vasta rede de agentes, por todo o
nordeste para aquisição da matéria prima de seu negocio. Quando estabeleceu seu próprio
abatedouro, toda a carne dos animais abatidos era distribuída gratuitamente aos seus
trabalhadores e à população carente circundante.
Destacou-se também pelo grande sucesso de sua usina açucareira, graças à adoção
de inovações tecnológicas dignas dos países mais industrializados de então. Na usina
Beltrão, além de refinar o açúcar, o vendia em tabletes, coisa muito “chique” no Brasil desse
tempo.
A criação do Mercado do Derby em Recife, já seria suficiente para defini-lo, em tudo
e por tudo, como um empreendedor do século 21 nascido no século 19.
Mediante acordo com o governador de Pernambuco, recebeu grande área pública,
completamente abandonada, para dotá-la de todas as melhorias que o poder constituído
havia se esquecido de providenciar e, depois de fazer aterros, sanear o mangue e abrir ruas,
criar esse empreendimento com tudo o que o caracterizava como uma variação, adaptada à
época, é claro, do que seria, hoje, um misto de Supermercado, Shopping Center, Centro de
Convenções e dos parques de diversão mais incrementados. O exploraria por 25 anos e,
cumprido esse prazo, o entregaria para o Estado de Pernambuco. Esse “parque de diversão
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 32
permanente”, como então, era chamado, dispunha de hotel, mercado, chafarizes, água
tratada encanada, sistema de esgotos, área livre ajardinada, de 400 metros, para o
velódromo, em frente a fachada principal do edifício. Em prédio a parte, instalações para
jogos, café, teatro, carrosséis, barraquinhas, tudo permanentemente animado por retretas e
iluminado pela luz elétrica, pela primeira vez introduzida na cidade do Recife.
Além dos atrativos para hospedagem e entretenimento, o Mercado do Derby,
comprando em grandes quantidades, diretamente das fontes produtoras, evitando os
atravessadores que encarecem os produtos e mercadorias, vendia a preços bem inferiores
aos da concorrência.
Os concorrentes cartelizados, sem ter consciência do que fosse um cartel, mas
cientes de suas vantagens em - através de acordo de preço único entre os produtores ou
distribuidores - eliminar a livre concorrência, um dos fundamentos do capitalismo
democrático, não gostaram nada desse “modernoso cabra da peste”. Não sabiam o que era
nem morriam de amores por capitalismo democrático ou selvagem, mas se enfureceram
com a idéia de reduzir suas margens de lucro abusivas, por causa desse tal Delmiro. Estavam
criados os primeiros atritos graves entre o empresário à frente de seu tempo e os
coroneizinhos retrógrados de então.
Informado de uma conspiração para matá-lo, viajou para o Rio de Janeiro onde
tentou em vão, a interferência do Vice-Presidente da Republica. Este era chefe situacionista
de Pernambuco e comandava, entre outros, o prefeito de Recife.
Delmiro não aceitou o descaso do Vice-Presidente que, em vez de agir com a
dignidade do cargo, agiu como chefe da jagunçada.
Num encontro casual entre ambos, em plena Rua do Ouvidor, aproximou-se dele e o
responsabilizou pelo que lhe viesse acontecer de mal. Destratado pelo Vice-Presidente,
agrediu-o a golpes de bengala. Caiu na armadilha do coronelato de Pernambuco. Por essa
reação impensada deu pretexto a que fosse considerado um criminoso e passou a condição
de “procurado pela policia”, para alegria de seus inimigos invejosos e venais. Resumindo,
Delmiro chegou a ser preso. A prisão se deu com escandaloso aparato: um comandante e 50
praças da policia. Enquanto estava na prisão, o Mercado do Derby, jóia preciosa tanto como
projeto arquitetônico quanto como empreendimento sem igual no Brasil de então, foi
criminosamente incendiado, na madrugada de 1º de janeiro de 1900
Valendo-se da liberdade concedida, três dias após o incêndio, através de habeas
corpus, Delmiro Gouveia embarca para a Europa de onde volta no ano seguinte e se
“refugia” em um vilarejo, no interior de Alagoas, onde pretendia continuar no comercio de
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 33
peles. Esse vilarejo por nome Vila da Pedra, distante 280 km de Maceió e 20 Km da
cachoeira de Paulo Afonso era formada por meia dúzia de casebres em torno de um terminal
ferroviário, a estação de trem que ligava Jatobá a Piranhas e ficava na confluência de três
Estados: Pernambuco, Alagoas e Bahia.
Por essa época (1901/1902), Delmiro conheceu a filha da amasia do governador
pernambucano, S. Gonçalves. Apaixonaram-se, pô! Na época, casar-se com um homem
separado da esposa anterior, era inadmissível. A anterior não foi visitá-lo quando esteve
preso, razão porque nunca mais voltou para seu lar. Em face da total resistência da família
da moça e com a concordância da mesma, é claro, fugiram e foram morar na Usina Beltrão,
fabrica de açúcar de Tacarauna, no bairro de Santo Amaro. Outra vez, o intrépido
empresário alimenta a ira torpe de seus inimigos.
Acusaram-no de rapto e sedução: mobilizaram a policia e a Justiça para enquadrá-lo,
”nos termos da lei” e o levarem pra cadeia. O casal não teve alternativa senão fugir. Foram
para Vila da Pedra, Alagoas, que ficava próxima ao rio São Francisco, no sertão alagoano
onde pretendia continuar suas atividades empresariais.
Em Pedra, não deu outra: o seu empreendimento teve tal sucesso que o levou a criar,
em 1904, a firma IONA & CIA. para organizar e incrementar suas exportações de peles de
bode e de cabra, couros de boi, mamona em bagas e caroço de algodão.
Para essa vila eram enviadas peles e couros vindos do Ceará. Rio Grande do Norte,
Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Alagoas e Bahia. Eram tratadas e enfardadas. Seguiam de
trem até Piranhas. Desciam o São Francisco até Penedo e, por mar, seguiam até Maceió de
onde eram embarcadas para os Estados Unidos.
Delmiro tinha um sonho: a industrialização do semi-árido alagoano e, em 1909,
iniciou estudos para a utilização econômica da cachoeira de Paulo Afonso. Quatro anos
após, janeiro de 1913 coroava de êxito mais um de seus audaciosos empreendimentos:
captava energia da usina hidroelétrica, na queda de Angicos e iniciava o abastecimento da
Vila com água da cachoeira, Em junho de l913 a Vila passa a ser iluminada com a energia
elétrica da usina. Em 1914 inaugura em Vila da Pedra a fabrica de linha de coser da marca
Estrela, que iria vencer, na concorrência de mercado, a linha Corrente, produzida pela
multinacional inglesa Cotton Machine. Rítimo alucinante mesmo para nossos dias.
Ele, que já enfrentava a prepotência das oligarquias estaduais e a violência dos
coronéis, passou a enfrentar a fúria da multinacional poderosa. A linha de coser Estrela
começou a dominar o mercado não só no Brasil como também na Argentina, Equador e
Peru. Chegou a exportar para colônias inglesas.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 34
Não só para atender as necessidades de sua nova e prospera indústria, mas também
na sua crença de que faria de Pedra, um pólo de industrialização do nordeste, abriu as
primeiras estradas no interior nordestino, ao todo, 520 km pelas quais rodaram também os
primeiros automóveis vistos na região, com os quais equipou seus vendedores-viajantes.
Eram cinco importados, que, para a época, foram motivo de alvoroço e festas por onde
passavam. As estradas que construiu eram de tão boa qualidade “que sua frota podia
desenvolver a espantosa velocidade de 60 km por hora!”, dinamizando, assim, o trabalho de
venda de sua produção.
Mesmo empenhado na consolidação de sua fabrica de linhas, Delmiro não descuidou
de outras áreas como a agricultura, a difusão da pratica de irrigação das terras secas, a
pecuária e a propagação da cultura da palma forrageira como alimento para os rebanhos.
Agiu também nas áreas de desenvolvimento e saneamento urbanos, educação,
saúde e projetos sociais.
Dotou Pedra de água encanada, luz elétrica, vilas de casas para seus trabalhadores,
médico, escolas, cinemas, parques de patinação e banda de musica.
A par dessas iniciativas, atacou duramente os costumes retrógrados, indo às raias do
pitoresco nessa sua obstinação: “em Pedra fez do banho uma obrigação diária; não se
fumava em cachimbos de barro, não se podia cuspir no chão, não se entrava numa casa com
chapéu na cabeça, não se tomava cachaça e não se explorava a prostituição. Homens e
mulheres tinham que andar limpos e calçados”. É claro que dava a seus empregados salários
e condições para cumprirem a risca esse código de conduta.
É necessário atentar para a época, inicio do século passado e para o ambiente, o
interior de uma região dominada pelo atraso, pela ignorância e pela miséria extrema, para
entender que esse código não exprimia autoritarismo, mas preocupação em acelerar o
desenvolvimento integrado do árido alagoano, como ponto de partida para o
desenvolvimento integrado do nordeste.
Na catastrófica seca de 1915, grande numero de flagelados chegava a Vila da Pedra,
em busca de socorro. Delmiro Gouveia mandou montar tendas ao redor da vila e deu aos
retirantes toda a acolhida e tratamento de que tanto careciam, sem descuidar de enquadrá-
los no código de conduta já referido.
O “coronel” José Rodrigues de Lima, de Piranhas, chefe político, fazendeiro,
pecuarista e latifundiário, não se sentia bem com a vizinhança de Delmiro, industrial,
atuando no seu “criatório” e comercializando, em Vila da Pedra, produtos agrícolas a preços
inferiores aos seus. Era o protótipo dos avôs dos coronéis do PFL, hoje conhecido como
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 35
DEMO. O “coronézinho” José Rodrigues era o próprio DEMÔNIO. Foi um dos articuladores
de ciladas, armadilhas e emboscadas contra Delmiro Gouveia.
Delmiro Gouveia, nas varias viagens que fez aos Estados Unidos e Europa, verificou a
nova revolução industrial decorrente do uso da energia elétrica.
Quando conheceu a cachoeira de Paulo Afonso, no rio São Francisco, do qual Vila das
Pedras ficava próxima, teve a visão audaciosa que só os grandes empreendedores acolhem
com fé e buscam tenazmente sua realização: construir ali uma usina hidrelétrica.
Com o apoio dos irmãos Rossbach, da L. H. Rossbach Brothers, de Nova Iorque, que
era a grande importadora dos produtos agrícolas e mercadorias produzidas pelas empresas
de Delmiro, organizou a Cia. Agro-Fabril Mercantil através da qual concretizou a construção
da hidrelétrica no salto de Angicos, da Cachoeira de Paulo Afonso, no lado alagoano que,
quatro anos após sua concepção, passou a gerar energia elétrica em janeiro de 1913.
Na Inglaterra pesquisou e escolheu as mais modernas máquinas da indústria Dobson
& Barlow, que importaria para sua fábrica de linha de coser de alta qualidade e resistência,
além de fios e cordões de algodão cru em novelos, fios encerados e fitas gomadas para
embrulhos. Inaugurada em 1914, foi mais um empreendimento de grande sucesso desse
empresário do século 21 nascido no século 19.
Essa fábrica, a Cia Agro-Fabril passou a vencer a concorrência e quebrar o monopólio
dos ingleses no setor. Os ingleses, nessa época, eram os americanos do pós-guerra
(1939/1945): donos ou pretensos donos do mundo, que impunham seu jugo aos países
satélites ou através de dispendiosas operações militares ou através dos lacaios e traíras
remunerados que eles tinham o hábito de entronizar nos seus domínios.
Com a produção de mais de 20.000 carretéis/dia, as linhas Estrela ganharam
rapidamente o mercado nacional além do de alguns países vizinhos. A Cotton Machine,
produtora das linhas de coser Corrente, afamadas até hoje, partiu para a concorrência
desleal. Por exemplo, aproveitando um vacilo do Delmiro, registrou a marca Estrela na
Argentina e no Chile, causando alguns problemas e custos adicionais à Agro-Fabril que se viu
obrigada a re-embalar com novo rotulo seus produtos já nas lojas desse dois vizinhos.
A pouca eficiência dessa e outras rasteiras para derrubar o concorrente brasileiro
levou a Cotton Machine a investir alto na tentativa obstinada de comprar o parque
empresarial de Vila da Pedra, em pleno sertão de Alagoas. Delmiro Gouveia recusou todas
as propostas apresentadas e informou aos gringos que não venderia sua fabrica por dinheiro
nenhum.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 36
A 10 de outubro de 1917, três anos após a inauguração do parque industrial de
Pedra, na calada da noite, no terraço de sua casa, o “empresário do século 21 nascido no
século 19” era assassinado com três balaços disparados por pistoleiros de aluguel. O crime
foi desvendado, 66 anos depois, quando todos os envolvidos já eram falecidos. Não
faltaram inocentes tomados como “bodes expiatórios”, que passaram longos anos na prisão,
sem nada deverem.
Finalmente, usando seus métodos preferenciais, os liberais de então que ainda não
eram Neo, mas já agiam por meio de marginais contratados, usando matadores de ofício,
conseguiram deter o inigualado empreendedor brasileiro e iniciar o desmantelamento da
mais notável experiência de industrialização que o nordeste havia conhecido até os anos 70
do século passado.
Como se vê, não é de hoje que a ALIANÇA de interesses estrangeiros escusos, com
traidores regiamente remunerados e partidos da entrega e da traição fartamente
financiados, atua contra os interesses nacionais.
Depois de sua morte, a Cotton Machine colocou em prática um indecoroso e
prolongado dumping nos mercados de linhas de coser, vendendo suas mercadorias da marca
Corrente a preços 50% inferiores ao seu custo de fabricação, com o objetivo de quebrar a
concorrente e comprá-la a preço de banana podre em fim de feira. Há que se reconhecer que
não se tratou de Privataria já que a Cia Agro-Fabril não era estatal. Foi apenas uma grande
patifaria. Não precisavam mais enfrentar o destemido Delmiro Gouveia que os derrotaria
outra vez. Ele tinha sido “misteriosamente” abatido.
Com a anuência do Presidente Washington Luiz, o complexo fabril de Vila da Pedra
foi vendido, em 1930, para a Cotton Machine, transação realizada em sua sede ou matriz,
em Paisley, Escócia.
Vale lembrar que a industrialização no Estado de São Paulo se iniciou nos anos 30,
com o governo Vargas e se consolidou nos anos 60/70 do século passado e não na dinastia
tucana como alguns querem nos fazer crer.
Concretizada a transação, a empresa inglesa contratou, ainda em 1930, uma firma
especializada em demolição, para por abaixo, a marretadas, o parque empresarial de Vila da
Pedra. As máquinas moderníssimas foram embarcadas para a Escócia. Os destroços do que
restou foram levados em carros puxados por juntas de boi, numa viagem de 20 kilometros,
até as barrancas do São Francisco, onde foram lançados.
Num ato demagogo, pra acalmar a população local revoltada, o Presidente fantoche
e submisso, convenceu os ingleses a não levar adiante seu intento de dinamitar a usina
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 37
hidrelétrica de Angicos, encravada nos penhascos do Rio São Francisco, onde pode ser vista e
visitada, até hoje.
Washington Luiz, representante fiel dos aristocratas rurais de S. Paulo dessa época,
versões estilizadas dos coronéis do nordeste, foi o Presidente deposto e exilado pela
revolução de 1930, comandada por Getulio Vargas.
Em 1932 tais aristocratas, com o apoio dos ingleses, que estavam perdendo seu
mando e desmandos no Brasil, tentaram uma contra-revolução para depor Getulio. Foram
derrotados, para o bem do Brasil e dos brasileiros, que puderam ser retirados da Senzala
assim que os mandarins da Casa Grande foram contidos ... Mas essa é outra historia.”
Parte 02 – Formação Social de Empreendedores
Nesta parte estaremos estudando o processo social de criação e formação de
empreendedores, ou seja, já conhecemos suas características e relevância coletiva, agora
vamos aprender como a sociedade gera e fomenta esta classe de pessoas.
Ainda, faremos uma análise do perfil educacional brasileiro frente a este desafio e
trabalharemos na formulação de propostas.
Trabalhando no processo de enriquecimento do perfil profissional dos discentes,
faremos uma abordagem do comportamento de sucesso baseado na proposta do Prof.
Gretz, chamada “As 20 Atitudes da Águia”.
Tema 07 - Perfil Empreendedor
Considere a frase:
“O empreendedor não faz o que gosta e sim o que precisa ser feito”
Ainda, vide um famoso provérbio chinês:
“Há três coisas que nunca voltam atrás:
A flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.”
Um empreendedor não apenas conhece, mas VIVE estes pensamentos.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 38
Veremos mais sobre as qualidades empreendedoras (aprofundando o Tema 02) no
estudo de caso.
Estilos de Decisão – Empreendedor
O empreendedor torna-se latente pelo seu estilo de decisão, notadamente agressivo
quando necessário, mas com dificuldade de identificar, por vezes, momentos de necessário
retraimento e conservadorismo. Assim, o espírito empreendedor pode por vezes suplantar a
cautela, tornando-se perigoso se não “domesticado”. Devemos lembrar que embora o
empreendedor esteja associado à diversas qualificações positivas, não vincula-se à
perfeição.
Segundo Cohen 13 existem oito estilos de decisão, todas aplicáveis ao
empreendedor:
Intuitivo: tenta projetar o futuro;
Planejador: situa-se onde está e para onde quer ir;
Perspicaz: afirma que além da percepção necessita de conhecimento;
Objetivo: sabe qual o problema a ser resolvido;
Cobrador: tem certeza do que quer e deseja medir os resultados;
Mão-na-Massa: envolve-se de forma pessoal nas ações;
Meticuloso: agrega diversas opiniões para tomada de decisão;
Estrategista: decide sempre por ações que acompanham a estratégia geral.
Não existe uma definição para o melhor ou pior tipo de decisão, cada situação cria
condições para sua aplicação ou não. Entretanto, devemos citar inicialmente como mais
favoráveis às empresas modernas os estilos “estrategista” e “meticuloso”.
Isto porque estas atitudes conduzem a decisão tomada em consonância às regras
gerais definidas na alta administração, mantendo a coerência dos departamentos frente ao
cliente, além de agregar opiniões dos membros da equipe, favorecendo o grupo.
Isto pode significar, no caso da decisão estrategista, que a decisão tomada pode
mesmo não vir a ser a melhor para um departamento de forma isolada, mas que beneficie a
empresa como um todo.
13 Allan R. Cohen é vice-presidente acadêmico do Babson College, obteve o graduação na Harvard Business School e é autor de vários best-sellers.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 39
Síndrome do Empregado e Anti-Empreendedorismo
Para sabermos melhor o que é ser um empreendedor, devemos também estudar o
que NÃO é ser um.
Esta terminologia surgiu com o personagem “Seu André”, do livro O Segredo de
Luisa, autor Fernando Dolabela.
“O livro: O Segredo de Luísa, escrito por Fernando Dolabela,
publicado em 1999, trata da realização do sonho de abrir uma
empresa. É um romance que envolve a vida sentimental da
personagem principal Luísa, junto com a concretização da sua
idéia de ter o seu próprio negócio. O autor relata desde a
concepção da idéia de Luísa até a realização da abertura da
empresa. No decorrer da narração, envolve outros
personagens, que são essenciais na vida de Luísa. O livro expõe
parte da vida da personagem principal, Luísa – uma moça
muito inteligente - não só no lado profissional, mas também os
seus sentimentos de amor, alegria, medo, solidão, tristeza e
tantos outros que fazem parte da vida de qualquer pessoa.”
http://pt.shvoong.com/books/792877-segredo-lu%C3%ADsa/
“Fernando Dolabela é Consultor e professor da Fundação Dom
Cabral, ex-professor da UFMG, consultor da CNI-IEL Nacional,
do CNPq, e da AED (Agência de Educação para o
Desenvolvimento) e dezenas de universidades, participa com
publicações nos maiores congressos nacionais e
internacionais.”
http://fernandodolabela.wordpress.com/curriculo/
O personagem, tentando explicar a ineficácia dos trabalhadores da indústria, disse:
“eles estão contaminados pela síndrome do empregado”.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 40
Diagnóstico:
Funcionário infeliz;
Visão limitada;
Não vê oportunidades;
Não é criativo;
Faz mais do que aprende;
Não possui auto-suficiência;
Não cria network;
Domina somente parte do processo;
Medo de assumir riscos;
Não identifica ameaças ao negócio.
Esta problemática cria sérios transtornos, fazendo com que as pessoas não se
desenvolvam e não colaborem para o desenvolvimento de seu país.
Em especial, podemos dizer que as condutas mais prejudiciais ao sucesso
profissional do indivíduo são a “não criação de network” e “infelicidade”, a primeira pela
limitação inerente ao isolamento e a segunda pelo comprometimento do rendimento
intelectual, inclusive na vida pessoal.
Ainda, existe o chamado “anti-empreendedorismo”, que corresponde a atitudes que
não apenas prejudicam o indivíduo em si, mas afetam toda a organização 14:
É fanático por modismos de gestão. Como forma de compensar a incapacidade
natural, se utiliza disso para criar uma falsa imagem de dinamismo e engajamento
empresarial.
Adora frases feitas. Com aversão a qualquer tipo de risco e enfrentamento, opta por
equipar o palavrório com o obvio “lulante”, como forma de conseguir exposição e
visibilidade falando muito e não dizendo nada.
Gosta de “performar”. Da mesma família da embromação, significa parecer fazer
algo, mas sem nada conclusivo ou concreto. Trata-se apenas de um jogo de cena.
14 Fonte: http://www.baguete.com.br/blog/negocios-e-gestao/20/08/2010/humor-corporativo-conheca-o-anti-empreendedor
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 41
É bajulador. Inseguro por natureza, e consciente de que o seu disfarce mais cedo ou
mais tarde será revelado, adora agradar. Ninguém escapa. Chefes, chefes dos
chefes, secretárias dos chefes, colegas, amigos e inimigos. Ele estará sempre lá,
elogiando qualquer coisa e dizendo o que se deseja escutar.
É incapaz de demonstrar descontentamento. Questionado sobre como vão as coisas,
responde recorrendo imediatamente ao seu arsenal de auto-ajuda corporativa. Algo
como... Está tudo ótimo, a cada dia melhor!, ou, Desafios foram feitos para serem
vencidos !
Espanta-se com posturas francas e verdadeiras. Acostumado a atuar, ao invés de
trabalhar, não consegue entender os colegas que não agem como se estivessem
num palco.
Idolatra superiores, gurus e ícones empresariais. Como não
consegue ter uma postura crítica e construtiva sobre o mundo
empresarial ao seu redor, perde a capacidade de encarar essas
pessoas como seres humanos falíveis.
Odeia os realizadores e obstinados. Estes são os seus maiores inimigos, a origem de
toda a pressão do dia-a-dia.
Nós mesmos, se realizarmos uma auto avaliação realista poderemos encontrar
alguns destes lapsos em nosso comportamento. Mas saliente-se que isto não é incorrigível,
o primeiro passo para solução é assumir o problema e então trabalhar para resolvê-lo.
Tema 08 – Educação Empreendedora
Modelo Educacional
Antigamente acreditava-se que o empreendedorismo era uma habilidade inata, e
quem a herdasse pelo nascimento poderia obter sucesso e riqueza, sendo desaconselhável
àqueles não privilegiados aventurar-se em empreender negócios. Atualmente sabe-se que
qualquer um pode desenvolver competências empreendedoras, bastando apenas a
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 42
vontade, garra e coragem para mudar seus próprios paradigmas pessoais. Entretanto,
quanto mais cedo se imputa algo novo, mais fácil será sua absorção pela mente.
Pessoas especialmente jovens (adolescentes) possuem maior facilidade de
aprendizado, pois ainda não consolidaram completamente seus valores pessoais, e são mais
suscetíveis de influenciar-se. Este é um dos principais fatores de grandes empresas
buscarem estagiários inexperientes, com programas de trainee, para moldá-los conforme
seu plano de trabalho. Nesta vemos um problema, o modelo educacional brasileiro não se
coaduna com o modelo de educação para formação de empreendedores de sucesso, isto
explica o fato de que, apesar de termos altos índices de empreendedorismo, temos também
altos níveis de fracasso no processo de consolidação empresarial e estabilização de
mercado.
Observe abaixo o gráfico que demonstra o nível de insucesso empresarial no Estado
mais rico do país, São Paulo, segundo o SEBRAE:
Obs. Taxa percentual acumulada.
Veja, nossa sistemática educacional prioriza uma miscelânea de disciplinas com
cunho científico, sem foco social ou pela formação da cidadania. As disciplinas que mais se
aproximam de uma abordagem sociológica, com potencial de construção na mente do
jovem de algumas (não todas) competências empreendedoras, que seriam a Sociologia,
História, Filosofia e Psicologia, possuem foco técnico, não prático, destruindo a possibilidade
da imersão do aluno no universo empreendedor.
1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano 5º Ano 6º Ano
27,00% 38,00% 46,00% 50,00% 62,00% 64,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Taxa Média de Mortalidade Empresarial Paulistana
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 43
Tipos de Inteligência
Durante a maior parte dos séculos IX e XX, acreditou-se que a inteligência era algo
que poderia ser facilmente medida, avaliada através de testes, como o famoso Quoeficiente
de Inteligência – QI, que determinava a inteligência da pessoa através de números.
No entanto, com o tempo o teste de QI foi caindo em descrédito, pois se percebeu
que nem sempre as pessoas mais bem sucedidas obtiam os melhores resultados. Os
psicólogos notaram que muitas pessoas com resultados medíocres de QI eram realizadas e
argüiam bons resultados profissionais, pois demonstravam determinação, disciplina,
persistência e carisma. Descobriu-se assim que haviam vários tipos de inteligência.
Howard Gardner15 mapeou 07 tipos de inteligências nos seres humanos, sendo que
todos possuem estas habilidades inatas combinadas dentro de si. No entanto, o que cria a
enorme disparidade de desempenho pessoal e profissional é o diferente grau de
desenvolvimento que cada um apresenta destas inteligências.
Inteligência Lingüística
Pessoas com este tipo de inteligência possuem grande facilidade de expressão, tanto
oral quanto escrita. Além de terem grande expressividade, também possuem alto grau de
atenção e grande capacidade de compreensão de outros pontos de vista. É uma inteligência
fortemente relacionada ao lado esquerdo do cérebro e é uma das mais comuns. Exemplos:
Jornalistas, Locutores.
Inteligência Lógica
Pessoas bem desenvolvidas neste perfil possuem grande capacidade para lidar com
matemática e uma ótima memória. Elas demonstram capacidade de resolução de
problemas complexos, sabendo como decompô-los em problemas menores até alcançar sua
solução. São pessoas organizadas e disciplinadas. Esta inteligência está ligada ao lado direito
do cérebro. Exemplos: Albert Einstein, Isaac Newton.
15 Psicólogo Cognitivo e Educacional - Estado Unidense - ligado à Universidade de Harvard e conhecido em especial pela sua teoria das inteligências múltiplas. Em 1981 recebeu prêmio da MacArthur Foundation.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 44
Inteligência Motora
Estas pessoas possuem grande capacidade de expressão corporal, bem como uma
notável noção de espaço, profundidade e distância. Tem controle do corpo acima do
normal, sendo capazes de realizar movimentos de grande complexidade. Esta inteligência
está relacionada ao cerebelo, que é a parte responsável pelo controle dos movimentos
voluntários. Está presente principalmente em atletas de alto desempenho, estando
vinculada à coordenação motora. Exemplos: Michael Schumacher, Daiane dos Santos.
Inteligência Espacial
Pessoas com este tipo de inteligência possuem grande habilidade para imaginar e
criar objetos em 2D e 3D. Possuem grande habilidade de criação em geral, mas estão
focadas principalmente nas artes gráficas. São pessoas criativas e sensíveis. Exemplos:
Leonardo Da Vinci, Michelangelo, Donatello.
Inteligência Musical
É um dos tipos raros de inteligência. Pessoas com esta habilidade possuem grande
facilidade em ouvir e identificar diferentes padrões sonoros, conseguindo identificar sons
que a maioria das pessoas não consegue.
Estas pessoas possuem grande capacidade de criação melódica, como se
conseguissem “enxergar” através do som. Algumas pessoas possuem esta inteligência tão
desenvolvida que são capazes de aprender a tocar instrumentos musicais sozinhas, sem
acompanhamento de instrutores. Esta inteligência está ligada fortemente à criatividade.
Exemplos: Beethoven, Vivaldi.
Inteligência Interpessoal
Esta inteligência está ligada à capacidade natural de liderança. Pessoas com este tipo
de inteligência são em geral extremamente ativas e causam grande admiração nas pessoas.
São líderes práticos, pessoas que chamam a responsabilidade para si. São práticos, diretos e
possuem grande capacidade de convencimento.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 45
São também capazes de identificar as capacidades inatas das pessoas, formar
equipes competentes e coordená-las. Exemplos: Políticos, CEO’s de Empresas.
Inteligência Intrapessoal
É um tipo raro de inteligência, também relacionado à liderança. Quem desenvolve
este tipo de inteligência tem enorme capacidade de compreender o que as pessoas pensam,
sentem e desejam.
Ao contrário dos líderes interpessoais, os intrapessoais são mais discretos,
exercendo sua liderança de forma indireta, através do carisma, influenciando pessoas
através de idéias, e não de ações. Exemplo: Sigmund Freud
Ocorrência dos Diferentes Tipos de Inteligência
Inteligência Linguistica * 29 %
Inteligência Lógica * 29 %
Inteligência Motora 16 %
Inteligência Espacial 14 %
Inteligência Musical 6 %
Inteligência Interpessoal 4 %
Inteligência Intrapessoal 2 %
* Inteligências Clássicas, as inteligências que aparecem no teste de QI.
Habilidades Empreendedoras
As principais habilidades empreendedoras estão classificadas em três áreas:
Técnicas: Escrita, interpessoal, organização, trabalho em equipe e liderança estão
entre as competências técnicas do empreendedor.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 46
Gerenciais: Basicamente consiste na criação e gerenciamento de empresas, através
do Marketing, Administração Financeira, Gestão de Custos, Planejamento e
Controle.
Características Pessoais: Disciplina, disposição ao risco (não-aversão), motivação,
coragem e humildade.
À despeito do que se pensa, o fator decisivo do empreendedorismo não está na
escolaridade, mas na atitude e pré-disposição.
No Brasil, estima-se que somente 14% dos empreendedores possuam nível superior,
sendo que 30% sequer concluíram o ensino fundamental.
Tipos de Habilidades Empreendedoras
Harold S. Geneen 16 elencou cinco tipos de habilidades empreendedoras, nas áreas
Técnica, Gerencial e Pessoal:
Concentração;
Discriminação (fazer distinção);
Organização;
Inovação; e
Comunicação.
16 Harold "Hal" Geneen Sydney (1910 - 1997) foi um empresário americano famoso por servir como presidente da ITT Corporation. Geneen nasceu na Inglaterra e migrou para os E.U.A. ainda criança com seus pais. Estudou contabilidade na Universidade de Nova York.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 47
Co-Relação entre as variáveis: Habilidades, Competências e Inteligências
Áreas de Habilidades
Tipos de Habilidades
Inteligências
Técnicas
Concentração
Lingüística
Organização
Comunicação
Interpessoal
Gerenciais
Discriminação
Lógica
Pessoais Inovação
Intrapessoal
Motora
Espacial
Musical
Tema para discussão:
Conhecendo os tipos de habilidades necessárias para formar uma população
empreendedora com maiores chances de sucesso, quais modificações, remoções ou
inserções você faria para aprimorar nosso paradigma educacional desde o ensino
fundamental e médio ?
Tema 09 – Estudo de Caso – Voando como a Águia (Prof. Gretz)
O Prof. Gretz percebeu que certa frase em suas palestras sempre provocava emoção
e aplausos do público. Então decidiu pesquisar minuciosamente o tema da frase para
transformá-la em um novo livro.
Uma palestra sobre superação de limites, visão de futuro, senso estratégico,
realização vitoriosa, inteligência espiritual e imaginação.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 48
Amostra dos temas:
As 20 atitudes da Águia
META ESTRATÉGIA
VISÃO DE LONGO ALCANCE FOCO
PLANEJAMENTO PREPARAÇÃO
CONCENTRAÇÃO PACIÊNCIA
SENSO DE OPORTUNIDADE AGILIDADE
VELOCIDADE PREPARO FÍSICO
FORÇA TÉCNICA
CONFIANÇA DETERMINAÇÃO
FATOR SURPRESA OUSADIA
SEGURANÇA RESPONSABILIDADE
META – Saber exatamente o que deseja alcançar.
ESTRATÉGIA – Definir a forma de atingir os objetivos.
VISÃO DE LONGO ALCANCE – Enxergar de longe o objetivo e os obstáculos.
FOCO – Escolher exatamente um alvo.
PLANEJAMENTO – Planejar o modo de chegar ao seu objetivo.
PREPARAÇÃO – Antecipar todas as informações e providências de modo a estar apto
para a ação.
CONCENTRAÇÃO – Não se dispersar no momento de agir.
PACIÊNCIA – Aguardar a hora certa.
SENSO DE OPORTUNIDADE – Perceber o momento exato de agir.
AGILIDADE – Agir com desembaraço, leveza e vivacidade.
VELOCIDADE – Movimentar-se com rapidez.
PREPARO FÍSICO – Manter-se em boa forma.
FORÇA – Manter os músculos com energia para enfrentar os momentos decisivos.
TÉCNICA – Ter capacidade de atingir o objetivo com precisão.
CONFIANÇA – Acreditar totalmente em sua capacidade.
DETERMINAÇÃO – Tentar de novo, caso a investida não dê certo.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 49
FATOR SURPRESA – Surpreender o alvo.
OUSADIA – Aventurar-se, inovando rumos e atitudes, sem medo de se expor.
SEGURANÇA – Cuidar das condições necessárias para viver e trabalhar de forma
segura.
RESPONSABILIDADE – Honrar seus compromissos.
Ação dos Discentes no Estudo de Caso
Os alunos deverão responder ao solicitado, de forma fundamentada pela matéria.
1) Realize uma auto-avaliação, você pratica os “passos da águia” na sua vida pessoal e
profissional ?
2) Escolha as 05 atitudes que você considera mais importantes ao estilo empreendedor e
justifique.
3) Como as empresas devem agir para direcionar seus funcionários à uma atitude (ao
menos) próxima do que foi estudado ?
Tema 10 – Pesquisa Complementar
Observe a pirâmide de Maslow17:
17 psicólogo americano, conhecido pela proposta da hierarquia de necessidades de Maslow. Trabalhou no MIT, fundando o centro de pesquisa National Laboratories for Group Dynamics
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 50
A hierarquia de necessidades de Maslow é uma divisão hierárquica proposta por
Abraham Maslow, em que as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes
das necessidades de nível mais alto. Cada um tem de "escalar" uma hierarquia de
necessidades para atingir a sua auto-realização.
Debate:
“Se por um lado devemos estimular as pessoas ao comportamento desejado,
fomentando suas ações, oferecendo modelos educacionais adequados entre outros, por
outro a pirâmide de Maslow nos mostra que, sob o ponto de vista da Psicologia estas ações
isoladas em si não são a resposta completa ao dilema, pois se a pessoa não estiver no
degrau adequado da hierarquia, o trabalho não surtirá o efeito desejado. Exemplo: Uma
pessoa que ainda estiver na pendência do nível 03 (Relacionamento) dificilmente conseguirá
operar no nível 05 (Realização Pessoal). Portanto, devemos “enxergar” o ser humano de
forma sistêmica, e não como um objeto à receber qualificação de forma unilateral. Podemos
dizer que o correto é “construir” o empreendedor aos poucos. Devemos sim fomentar as
qualidades, mas observe que deve haver uma ordem correta em sua implementação
segundo as próprias limitações da pessoa que buscamos qualificar. Um Homem no nível 05
está pronto para todas as qualidades desejadas, enquanto que um no nível 02 terá sérias
restrições, isto nos mostra inclusive a limitação à que as regiões pobres estão expostas, pois
o comprometimento de sua população no desenvolvimento pessoal é enorme, necessitando
de grandes investimentos (principalmente governamentais).”
Prof. Ivan Jacomassi Junior
1) Realize um “filtro” das qualidades vencedoras apontadas pelo Prof. Gretz. Aponte aquelas
que podem ser ligadas aos diferentes níveis da pirâmide de Maslow, descartando as demais,
acresça também os “tipos de habilidades” descritos à folha 36 da apostila (tema 08).
2) Após, crie um cronograma de quais qualidades podem ser gradualmente implementadas
no ser humano, visando a formação de empreendedores. Desta forma teremos uma visão
geral dos perfis possíveis de empreendedorismo conforme o nível da pirâmide de Maslow
em que o homem estiver lotado.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 51
Parte 03 – Ambiente e Empreendedorismo
Nesta parte estaremos estudando fatores conjunturais.
Através das diferentes configurações daquilo que chamaremos “Fatores de Pressão”, um
país pode criar uma dinâmica extremamente favorável ao empreendedorismo (e todos os
benefícios inerentes a uma farta fatia populacional destes) ou gerar a regressão gradual deste.
Ainda, após definição realizaremos um estudo comparado da distribuição dos fatores de
pressão sobre a atividade empreendedora em diferentes países, evidenciando as conseqüências
e impactos diretos sobre a economia, nível de renda, qualidade de vida, etc.
Tema 11 - Empreendedorismo no Mundo
Mundo afora, o empreendedorismo apresenta diferentes características, dependendo
dos costumes locais, tipo de economia e condições territoriais.
Portanto, na medida em que surgem diferentes combinações destes elementos, os
países também apresentam diferenças de capacidade empreendedora, bem como divergências
latentes nos perfis de atuação em empreendimentos.
Também surtem efeito as raízes históricas do desenvolvimento nacional.
Veja, países criados a partir de “colonizações” tipicamente extrativistas tendem a
absorver este estilo empreendedor, sugando seus recursos naturais e revendendo-os a preços
massificados.
Economia
Território Cultura Influências
País
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 52
Alguns países com poucos recursos naturais, por necessidade são obrigados a
desenvolver técnicas de super aproveitamento daquilo que possuem, bem como precisam
identificar formas de negociar os recursos naturais obtidos de outros países, com vistas a
equilibrar sua balança comercial.
Assim sendo, podemos observar países em que a força empreendedora é muito
agressiva, competitiva e desbravadora de mercados, enquanto em outros é acomodada, latente
e pouco inovadora. Em condições normais de competição, mercados tão distintos em contato
direto criam condições desfavoráveis à classe estagnada, que fatalmente será sobrepujada.
Esta substituição de classes empreendedoras reconstrói a própria cultura nacional,
fazendo com que países em contato comercial direto pela Globalização dos mercados, nestas
condições, acabem por aproximar-se sobremaneira, havendo mesmo a sobreposição de
culturas.
Sintoma atual disto é a chamada “americanização” de muitas culturas, tendo em vista a
grande competitividade do mercado norte-americano.
Podemos inferir que existem Fatores de Pressão sobre a atividade empreendedora, que
dependendo de suas configurações, podem fomentar ou rechaçar seu desenvolvimento.
Tema 12 - Fatores de Pressão sobre a Atividade Empreendedora
Fator Governo
A organização do Estado em um país exerce grande pressão sobre a atividade
empreendedora. Dependendo de seu perfil, podemos criar barreiras à ascensão do
empreendedorismo e limitar a capacidade de competição global das empresas.
Estamos falando aqui não de partidos políticos em si, mas de “Governo”, no sentido de
“Estado”, agente detentor da tutela sobre a sociedade.
Configurações:
Regime de Governo (Democrático/Autoritário);
Regimes Democráticos oferecem garantias ao cidadão contra a atuação
estatal, fato inexistente em governos autoritários.
Segurança Jurídica;
Este termo remete à segurança do cidadão quanto à aplicação eficaz da
lei.
Posicionamento (Ideologia do Governante: Esquerda, Centro e Direita).
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 53
Governos de esquerda tendem a simpatizar com modelos socialistas de
gestão, onde a propriedade é estatizada, embora possuam maior vocação
social do que a direita.
Fator Economia
As características do modelo econômico estão entre os principais fatores de pressão.
Este item remete diretamente a capacidade do mercado nacional em gerar e gerir recursos.
Importante salientar que não existe um parâmetro estático do que se considera razoável, esta
distinção se dá perante a comparação objetiva entre economias.
Configurações:
Diversificação/Concentração;
Quanto mais diversificada uma economia, maiores as possibilidades de
desenvolvimento, pela criação de múltiplas possibilidades de negócios.
Valor Agregado;
Este conceito está atrelado diretamente à capacidade que a Economia
local tem de agregar valor ao custo da matéria prima utilizada na criação
de produtos. Ainda, o conceito de valor do produto tem grande veia
subjetiva perante o consumidor final, por isso a exigência de grande
qualificação dos profissionais que atuam na área. É preciso mais que
técnica, são necessárias sensibilidade e aptidões intra e interpessoal.
Competitividade;
Quanto maior a competitividade, menor a atração para novos negócios,
pois menor será a chance de sucesso, pela experiência e Know how
acumulados pela concorrência.
Fator Cultura
A cultura explicita diretamente os costumes de um povo.
Configurações:
Estilo de Compra;
Moralismo e Consumismo indicam tendências de compra.
Perfil;
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 54
A Educação interfere no grau de exigência do consumidor. Consumidores
mais sofisticados exigirão mais dos produtos e terão mais recursos para
pagar por eles.
Fator Localização Geográfica
Este fator pode auxiliar ou prejudicar o escopo dos negócios. Aqui não se trata de
capacidade nacional, este fator é herdado pelo povo do território, podendo ser um gerador de
renda “ao acaso” ou criador de constantes problemas.
Configurações:
Proximidade de pólos de desenvolvimento;
Este fator pode facilitar relações comerciais, bem como criar uma ponte
para troca de tecnologias. Países sem esta condição podem ser
verdadeiras “ilhas” econômicas, sendo que os custos logísticos para
comércio internacional não são favoráveis à manutenção de
competitividade.
Recursos Naturais;
Quando utilizados adequadamente, os recursos naturais representam um
trunfo comercial, pela possibilidade de exploração dos mesmos sem o
custo de aquisição, típico de países pobres em insumos básicos, que são
obrigados a adquiri-los de outras nações.
Clima;
O clima influencia o empreendedorismo pelo seu potencial ao mesmo
tempo destrutivo, gerador de riquezas e influenciador sobre o
comportamento humano. A temperatura afeta o comportamento das
pessoas, sendo que notadamente nos países de clima frio a população
apresenta comportamento mais reservado e disciplinado. Já em países de
clima quente o povo costumeiramente é mais comunicativo, descontraído
e muitas vezes indisciplinado.
Fator Desenvolvimento Histórico
A história molda os costumes de um povo, e por conseqüência influencia toda a criação
da infra-estrutura nacional e espírito empreendedor.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 55
Configurações:
Tipo de Colonização;
A forma como foi iniciada a nação também influencia sua formação, por
exemplo, países derivados de colônias extrativistas em geral têm menos
desenvolvimento industrial do que aqueles oriundos de colônias de
ocupação e estabelecimento.
Povos de Origem;
A formação dos povos influencia sobremaneira esta temática. Pela origem
podemos projetar seu paradigma de ação. Os povos tendem a preservar
elementos de sua formação, como por exemplo, a xenofobia.
Guerras;
Povos que enfrentam grandes confrontos bélicos tendem a ser mais
resistentes contra profundos abalos, bem como tendem a apresentar
maior coesão social em momentos de adversidade nacional.
Fator Sócio-Financeiro
Neste caso estamos avaliando a riqueza disponível do país do ponto de vista do
indivíduo.
Desenvolvimento está atrelado à capacidade que a nação tem de distribuir a riqueza
gerada. Toda nação, pobre ou rica dispõe de recursos financeiros, um aspecto importante que
mostra seu nível de evolução é a desconcentração desta renda, equilibrando as camadas sociais,
gerando mais riqueza, de forma homogênea. É claro que não falamos aqui em utopia, igualdade
total não foi conseguida nem mesmo em modelos extremos como o comunista, mas nos
referimos aqui a criação de qualidade de vida de forma geral à camada trabalhadora.
Configurações:
Riqueza per Capita;
A medição da riqueza de forma absoluta pode não representar o real grau
de desenvolvimento de um povo, deve-se monitorar concomitantemente,
para fins de comparação, os valores per capita. A renda do indivíduo
reflete diretamente no seu potencial aquisitivo e, por conseqüência, em
seu papel na “roda” da economia.
Oferta de Crédito;
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 56
Crédito é essencial para potencializar os negócios, as empresas não
dispõem (de forma geral) de todo o capital necessário para aproveitar as
oportunidades de negócio que surgem ao longo do tempo, portanto uma
boa oferta de crédito é essencial. Ainda, o custo deste crédito deve ser
acessível, não especulativo.
Fator Infra-Estrutura
Este é sem dúvida um dos principais fatores, além de um dos mais difíceis de manter em
bom nível, pelo elevado custo social (tributário se público ou financeiro se privado). Entretanto,
sem este fator bem equilibrado o empreendedorismo encontra os chamados “gargalos”
externos produtivos.
Configurações:
Comunicação;
Recursos de comunicação são essenciais na economia atual, onde
informações em tempo real são diferenciais de competitividade.
Malha Viária/Ferroviária/Hidroviária;
A infra-estrutura de transportes representa toda a base logística das
operações comerciais.
Commodities e Indústria de Base;
Commodities e indústrias de base alimentam a parte baixa da pirâmide
econômica. Embora este aspecto possa fazer (e faz) referência direta ao
fator economia, optamos por dispô-lo aqui pela conotação de sustentação
que estas indústrias oferecem às demais. Veja, o grande problema neste
aspecto é que muitas vezes, por não dispor de indústrias de alta
tecnologia, as indústrias de base e commodities acabam por exportar
matéria prima bruta ou parcialmente beneficiada, retornando após
importada na forma de produtos com preços muito elevados em relação
ao original.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 57
Tema para discussão: “Divisão da Riqueza no Mundo”
Cita-se a polêmica classificação econômica dos países em hemisférios Sul e Norte18.
Através do mapa, podemos inferir que a combinação positiva dos fatores de pressão
encontra-se melhor distribuída no hemisfério Norte do que no Sul. Esta situação deve-se, dentre
outras, à questão “colonização”, fator de pressão inicial da nação que desencadeia a maior parte
dos outros.
Você concorda com a afirmação acima ?
18 Fonte: http://www.cocemfoco.co.cc/?m=201003.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 58
Tema 13 - Características do Empreendedorismo no Mundo 19
Esta parte nos remete a um estudo sobre a configuração do Empreendedorismo no
mundo. O estudo GEM realiza avaliação de diversos países, as condições locais e o perfil
empreendedor.
Desta forma poderemos visualizar, na prática, como a combinação dos fatores de
pressão influencia o empreendedorismo no país e por sua vez como este influencia o nível de
renda e qualidade de vida local.
África do Sul
A maioria dos empreendedores são homens, com incidência 1,6 maior que na população
feminina, que é justamente o grupo com mais alta taxa de desemprego, tornando-se fator
preocupante. A principal incidência de desemprego encontra-se na faixa etária entre 15 e 24
anos, fato motivador do público jovem ao empreendedorismo.
O principal problema econômico-social é a chamada “fuga de cérebros”, pela alta taxa
de emigração, fato que prejudica a composição progressiva de líderes e empresários com
chances de inovação e alto potencial de impacto.
Existe grande disparidade de desenvolvimento no território nacional, com províncias em
patamares de empreendedorismo similares ao de outros países em desenvolvimento, enquanto
que outras encontram-se em condições bastante precárias.
Este país traz ainda uma triste herança social de regimes de governo discriminatórios,
como o apartheid, em especial pela desqualificação dos humildes e fragmentação da infra-
estrutura nacional. A África do Sul possui um dos mais altos índices de Aids no mundo,
prejudicando perspectivas empreendedoras. Ainda cite-se crise no setor energético, alto preço
dos combustíveis, taxa de juros elevados e altos índices inflacionários. Os principais desafios são
melhorar a capacidade de qualificação, treinamento comercial e contábil. Aumentar o acesso à
financiamentos e apoio às pequenas empresas.
Alemanha
Como país reconhecidamente desenvolvido e com qualidade de vida superior, o país vê
um dos motores do empreendedorismo arrefecido no momento.
19 Baseado na publicação “Global Entrepreneurship Monitor” – Empreendedorismo no Brasil 2008 – Patrocinado pelo SEBRAE/SESI/SENAI
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 59
Entre 2007 e 2009, a Alemanha vem apresentando queda nas taxas de
empreendedorismo. Em contraste à este dado cita-se que a Alemanha apresenta características
extremamente positivas para o empreendedorismo, com ótima infra-estrutura, programas de
apoio ao empreendedor e respeito ao direito de propriedade. O cidadão Alemão apresenta
entretanto grande medo de fracasso (49%) e a quantidade de adultos que se julgam capazes de
iniciar um empreendimento também sofre desgaste (de 41% para 35%). Futuramente considera-
se o envelhecimento da população e baixa imigração como fatores bloqueadores da atividade
empreendedora.
Um desafio futuro está na revisão de conceitos, pois a redução do apoio governamental
à empreendedores não desempregados em 2007 ajudou à estagnar a classe.
Bolívia
Embora apresente alta taxa de atividade empreendedora, apenas 27,4% dos mesmos
são empregadores, fato que demonstra grande individualidade e reduzido poder financeiro. A
principal atividade empreendedora é a comercial. O país demonstra uma característica
extremamente extrativista, sendo 70% da atividade de exportação neste ramo, principalmente
mineração e petróleo.
Como questão atualmente relevante, citemos a queda nos preços das commodities,
como reflexo da crise internacional, fato que deve levar a redução nos postos de trabalho, renda
doméstica (PIB) e lucratividade geral do país.
Assim sendo, o governo deve empenhar-se em criar condições para o desenvolvimento
de uma nova classe empreendedora que encontra-se em vias de florescer.
Chile
A maior parte da atividade empreendedora está voltada para o “empreendedorismo
estilo de vida”, ou seja, ações focadas no comércio direto de produtos com baixo valor
agregado. 43% dos empreendedores estão envolvidos com ações diretamente ligadas ao
consumidor.
Segundo especialistas do país, uma das melhores condições para o empreendedorismo é
o acesso à infra-estrutura física do país, sendo que 79,9% da população considera a abertura de
um novo negócio como uma boa oportunidade profissional. Entretanto, devido a problemas
macro e microeconômicos, apenas 27,3% acreditam que existirão oportunidades interessantes
nos próximos seis meses.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 60
Os grandes obstáculos são: Transferência de pesquisa e desenvolvimento, educação e
treinamento, acesso ao financiamento, entretanto, as normas socioculturais e políticas
governamentais tem se mostrado em ascensão.
InnovaChile, órgão governamental responsável pela promoção de inovações no
empreendedorismo conta com orçamento de U$ 40 milhões anuais.
O Ministério da Educação, juntamente com algumas instituições privadas, está
utilizando um financiamento da União Européia para desenvolvimento de um projeto de
educação sobre empreendedorismo ainda no nível básico.
Colômbia
Um dos problemas do empreendedorismo no país ainda é a baixa perspectiva de gerar
empreendimentos de alto valor agregado e qualidade, embora a taxa de empresas envolvidas
com alta ou média tecnologia seja de 7,4%, uma das melhores da América Latina junto com
Equador.
Entretanto, a expansão do empreendedorismo encontra-se em latente crescimento.
Veja, 30,6% dos empreendimentos esperam criar mais de dez postos de trabalho, a maior do
GEM 2009.
A Colômbia apresenta grande diversificação setorial, mas a competitividade
internacional é baixa, sem contar que diversas empresas usufruíram de incentivos fiscais por
muitos anos, prejudicando sua inserção em mercados globais.
A crise financeira internacional não abalou sobremaneira a economia colombiana, e o
governo está ampliando linhas de financiamento para novos empreendimentos. Portanto,
considera-se positivo o ambiente para futuro dos empreendedores e empreendedorismo.
Equador
Novos empreendimentos estão voltados para as áreas de consumo, varejo, hotéis e
restaurantes, para atender ao mercado local.
Apenas 15% dos empreendedores possuem nível superior e 39,7% possuem
treinamento específico para abertura de novo negócio, entretanto, 84% acreditam possuir os
conhecimentos necessários para abertura de um novo negócio e 10% declaram possuir um
business plain.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 61
As melhores virtudes do país são a abertura de mercado, ambiente econômico e normas
socioculturais, enquanto que os maior obstáculos a atividade empreendedora são contexto
político, políticas governamentais e falta de suporte financeiro.
Existem importantes iniciativas no país em implementação atualmente, como o Sistema
Nacional de Apoio ao Empreendedor, centrado na capacitação, o Sócio Empresa, onde o
governo fornece capital de risco para jovens empreendedores no valor de até U$ 250 mil por
projeto, e El Cucayo, para levar imigrantes de volta ao país, com suporte financeiro e consultoria
para abertura de pequenas empresas.
Estados Unidos
A maior parte dos empreendedores identifica oportunidades, não criando
empreendimentos por necessidade, fato que reflete a maior solidez de mercado de trabalho.
29,2% dos empreendedores planejam criar mais de dez postos de trabalho, média bem
superior à da América Latina.
O ímpeto dos empreendedores é pelo uso de materiais novos e modernos no processo
mercadológico, bem como o oferecimento de produtos inovadores.
Nos empreendimentos em estágio inicial, o país desenvolve pouco a atividade
extrativista (3,9%), contra 39,4% no setor de consumo e 21,5% no setor de transformação.
O otimismo é latente, 73% dos empreendedores classificam seu negócio como um
sucesso.
A taxa de empreendedorismo é um pouco maior na população imigrante do que na não-
imigrante, pelo peso da atividade desenvolvida pelos negros, mexicanos e índios.
O colapso financeiro afetou toda a economia norte americana, entretanto, especialistas
vêem o empreendedorismo como a saída para recessão. Os empréstimos bancários caíram 30%,
além disso, a queda no valor de imóveis também representou uma queda nas garantias
oferecidas em troca de financiamentos.
Embora haja infra-estrutura suficiente, bem como nível educacional satisfatório,
especialista acreditam que ainda sim será necessário implementar programas de assistência
para aberturas de novos negócios no país.
França
Visando combater efeitos da crise sobre o empreendedorismo francês, o país lançou
uma lei favorecendo o poder de compra, emprego e trabalho, determinando que a hora extra de
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 62
trabalhadores de meio expediente é livre de impostos e contribuições profissionais. Houve
também redução de 75% no imposto sobre fortunas de empresários que investem em pequenas
e médias empresas sem capital na bolsa.
Quatro cidades francesas estão no ranking das 21 cidades com melhor índice de
empreendedorismo (ECER- Medição da Satisfação com Políticas de Desenvolvimento
Empreendedor). Lyon é a cidade com melhor indicador.
Índia
A Índia está atualmente mudando sua política, antigamente centrada no emprego, para
uma política centrada no empreendedorismo.
Com o crescimento da economia indiana, há aumento concomitante da oportunidade
empreendedora.
A participação feminina é comprometida por questões culturais, que contribuem para
crença de que o homem é mais predisposto a assumir riscos.
Existem enormes disparidades regionais, sendo que 98% dos empreendimentos
oferecem produtos já conhecidos do consumidor.
O governo indiano atualmente prioriza pequenas e médias empresas para dilatar o
plano de metas de crescimento.
A habilidade de uma camada da população para áreas de ciência e tecnologia pode
representar um importante fator de pressão para o crescimento da atividade empreendedora
do país no futuro.
Itália
A atividade italiana não difere significativamente da média européia e não demonstra
crescimento expressivo.
Faltam linhas de financiamento para novos empreendimentos, e as políticas públicas
atuais trazem consigo descaso para criação de programas efetivos de apoio ao
empreendedorismo.
Existem ainda alguns problemas estruturais, como mercado de trabalho com leis rígidas
que dificultam a oferta de novos empregos, além de problemas com alocação de recursos
públicos e corrupção.
Existe como fator positivo o ambiente sociocultural, além da tradição em criação de
empresas familiares e distritos industriais.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 63
Um dos maiores desafios consiste na inserção do jovem, que vem tendo participação
gradualmente reduzida na atividade empreendedora.
Japão
Em 2001 o governo japonês criou o programa “1.000 Empreendimentos Universitários”,
para criação de companhias administradas por universidades ou pessoas advindas destes pólos.
Em 2006 já haviam 1.590 empresas, superando as expectativas iniciais.
Em 2007, foi instituído tratamento fiscal diferenciado para estimular a atividade
empreendedora.
O envelhecimento da população já é um dos principais fatores a influenciar o
empreendedorismo.
O panorama atual mostra a dificuldade do povo japonês em conciliar vida profissional e
constituir família.
Uma maior instabilidade empregatícia pode ser um importante fator de motivação
empreendedora futura.
México
O país vem apresentando uma forte curva crescente no empreendedorismo inicial.
O governo instituiu importantes reformas recentes, como a reforma tributária, para
aumentar a arrecadação e reduzir a sonegação, a reforma da seguridade social, administrada
agora através de uma organização economicamente sustentável e a reforma da PEMEX, estatal
petrolífera, que agora possui independência para tomada de decisões.
Foi ainda criado um programa de incentivo às pequenas empresas, que perfazem 72%
da mão de obra empregada no país.
Peru
O Peru apresenta uma das mais altas taxas empreendedoras dentre os países avaliados.
Este dado pode ser avaliado também sob a égide da necessidade em mercados poucos
desenvolvidos.
77% das empresas em estágio inicial incorporam produtos inovadores ao menos para
alguns consumidores, média bastante elevada.
Um dos maiores obstáculos consiste na falta de políticas públicas pró-empreendedores.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 64
Embora alguns centros educacionais tentem estimular o empreendedorismo, as ações
ainda são incipientes, fazendo da tradição cultural um dos principais elementos de
fortalecimento empreendedor.
Reino Unido
79% dos novos empreendedores estão associados à oportunidades, contra 14% ligados à
necessidade. A iniciativa empreendedora não sofreu oscilações significativas nos últimos anos.
A crise financeira internacional impactou profundamente o mercado do Reino Unido,
até mesmo pela proximidade com o americano, com significativas reduções de crédito.
Como principais medidas adotadas pelo governo estão a iniciativa de “Simplificação de
Incentivos Comerciais” e criação de um mega portal na internet com informações para acesso
aos mesmos.
Rússia
A maioria dos empreendimentos em estágio inicial se baseia em oportunidade.
Apenas 30% da população adulta considera o mercado local propício para criação de
novos negócios, mas 60% considera a atividade empreendedora como uma boa oportunidade.
Entretanto, apenas 20% possui conhecimento necessário para abrir um novo negócio, tornando
o empreendedorismo como uma espécie de objeto de desejo distante.
A comunidade comercial é subdesenvolvida, fato que tem ligações com aspectos
históricos ligados aos regimes de governo praticados no século XX.
Dos empreendedores ativos, 70% possuem nível superior.
O governo está agindo de forma concreta para potencializar a atividade
empreendedora, com diminuição de barreiras alfandegárias, aumento do acesso à infra-
estrutura física e aumento substancial de incentivos financeiros (subsídios).
Uruguai
As principais barreiras ao empreendedorismo no país são institucionais, como contexto
sócio-político, políticas governamentais e incentivos financeiros.
No entanto, o Uruguai demonstra como fator benéfico a atividade educacional.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 65
Um número crescente de instituições de ensino, institutos e ONGs vêm criando
ambiente favorável ao crescimento da atividade empreendedora, além de reduzir barreiras
típicas de países emergentes.
60% da população acredita que um negócio é uma boa opção e 68% respeitam os
empreendedores. Apenas 30% da população declara que o temor do fracasso pode impedi-los
de abrir um novo negócio.
O setor público e privado vem trabalhando juntos, criando programas de estímulo, como
o “Empreender”, com objetivo de criar cultura empreendedora no país. O objetivo deste
programa é aumentar a qualidade e quantidade de empresas em setores dinâmicos da
economia, financiando e prestando consultoria, principalmente nos primeiros anos de vida
empresarial.
Tema para Discussão: África do Sul x Alemanha x Rússia
1) Analisando as características dos três países, como você avalia a atuação do fator Governo ?
2) O Fator Cultura é positivo ou negativo nos três países ?
3) Fale sobre o Fator Localização Geográfica, comparando Alemanha e África do Sul.
4) Algum dos países demonstra foco na criação de uma Educação Empreendedora ?
5) O Fator História nestes países parece agir de forma positiva para o empreendedorismo ?
6) Como você avalia a infra estrutura nestes países frente às necessidades do
empreendedorismo ?
Tema para Discussão: Os Fatores de Pressão no Brasil
Agora que você estudou os fatores de pressão (conjuntura nacional) sobre o
empreendedorismo e observou suas conseqüências mundo afora, faça uma reflexão sobre
nosso país, o Brasil.
Em sua opinião, como estão distribuídos os fatores de pressão no Brasil ? Cite os prós e
contras dos mesmos em nosso território, e o que pode ser feito para melhorá-los.
I. Governo;
II. Economia;
III. Desenvolvimento Histórico;
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 66
IV. Cultura;
V. Sócio-Financeiro;
VI. Localização Geográfica;
VII. Infra-Estrutura.
Tema 14 – Estudo de Caso - Empreendedorismo e Desenvolvimento 20
“Educação Em Empreendedorismo Como Fator de Desenvolvimento Econômico: Uma Proposta
Para o Município de Campo Grande-MS”.
Transcrição do Artigo:
Considerado um dos mais novos paradigmas das ciências administrativas (Bygrave,
1989), o empreendedorismo tem atraído grande interesse. Muito desse interesse é resultado do
entendimento de que pequenas e médias empresas, sob a direção de empreendedores,
contribuem significativamente para a geração de empregos e desenvolvimento econômico. Tal
percepção, partilhada por economistas, políticos e uma crescente parcela da sociedade é, na
verdade, a razão pela qual, muitas nações estão buscando promover a atividade
empreendedora, em reconhecimento às evidências de sua contribuição para o crescimento
econômico (Audretsch & Thurik, 2001; Holcombe, 1998; Reynolds et al., 2000; Reynolds et al.,
2001; Reynolds et al., 2002; Wennekers, Thurik & Buis, 1997) e seus conseqüentes efeitos no
campo social. Reconhecendo este fato, já em 1993, a Organização das Nações Unidas – ONU, em
assembléia geral, aprovou de forma unânime uma resolução reconhecendo o
empreendedorismo como uma força social e econômica da maior importância. O documento
apresenta a atividade empreendedora como um elemento chave para a melhoria do padrão de
vida da população ao redor do globo e encoraja os países membros a criarem programas e
implementarem políticas para promoção do empreendedorismo entre seus habitantes
(Slaughter, 1996). Por outro lado, diferentes estudos desenvolvidos para analisar a relação entre
empreendedorismo e crescimento econômico, indicam que este relacionamento é bastante
complexo (Reynolds et al., 2001) e que serão necessários muitos anos adicionais de estudo para
que se entenda plenamente os mecanismos causais envolvidos (Reynolds et al., 2002). No
entanto, a evidência disponível é suficiente para estabelecer a importância da criação,
desenvolvimento e implementação de políticas públicas que venham influenciar positivamente
20 MAMEDE, Ronney Robson. Publicado em: http://www.oei.es/etp/educacao_empreendedorismo_fator_desemvolvimento_economico.pdf
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 67
o nível de atividade empreendedora em uma determinada região (Mamede, 2003). Se isto é
verdade em relação aos países pertencentes à Organização de Cooperação e de
Desenvolvimento Econômico (OECD, 1998), quanto mais não o é quando se trata de economias
em desenvolvimento, ainda mais afetadas pelo desemprego, baixo nível de produtividade e
desigualdade social – problemas minimizados em regiões reconhecidas como altamente
empreendedoras.
Embora as expressões ‘crescimento econômico’ e ‘desenvolvimento econômico’ tenham
significados semelhantes e sejam muitas vezes utilizadas alternadamente, existem algumas
distinções que deveriam ser consideradas. Enquanto crescimento econômico refere-se à
capacidade de uma nação de se tornar mais rica através da maior produção de bens e serviços
(Abramovitz, 1989), desenvolvimento econômico, em última análise, significa que os cidadãos
desta nação desfrutarão de um mais elevado padrão de vida. Assim, o Banco Mundial (World
Bank), é bastante específico ao definir desenvolvimento em termos de avanços no nível de
qualidade de vida. No Relatório Mundial de Desenvolvimento de 1991, a melhoria da qualidade
de vida é apresentada como sendo o principal desafio do desenvolvimento – um processo
multidimensional que envolve grandes transformações na estrutura social, nas crenças e
atitudes populares, e nas instituições nacionais.
Além disso, envolve também a aceleração do crescimento econômico, a redução de
desigualdades e a erradicação da pobreza. Na visão do Banco Mundial, o desenvolvimento deve
representar uma série de mudanças através das quais todo o sistema social, em conformidade
com os desejos e necessidades básicas de indivíduos e grupos sociais dentro do próprio sistema,
distancia-se de condições de vida amplamente percebidas como insatisfatórias, em direção a
uma situação, ou condição de vida, que possa ser considerada material e espiritualmente
melhor (World Development Report, 1991, em Todaro & Smith, 2003).
Em consonância com esta ampla visão de desenvolvimento, o empreendedorismo vem
se firmando como um dos mais importantes elementos de contribuição para a inclusão social e
o desenvolvimento econômico, tornando-se um tema prioritário nas discussões referentes ao
desenvolvimento econômico e ao futuro do nosso País.
Assim, torna-se evidente que o sistema educacional tem um importante papel a cumprir
para com a causa empreendedora. A inserção de temas relacionados a negócios no programa de
ensino das escolas, em diferentes níveis, tem se mostrado uma iniciativa bastante positiva para
a promoção do empreendedorismo em vários países. Esforços dessa natureza começam a
espalhar-se pelo Brasil, e o presente estudo, tem como objetivo discutir uma proposta voltada
para a Educação em Empreendedorismo no contexto de um município que vem crescendo em
importância no cenário nacional – Campo Grande-MS.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 68
Objetivos
O presente estudo visa considerar o tema Educação em Empreendedorismo como fator
de desenvolvimento econômico e apresentar uma proposta de trabalho nesta área, a ser
implementada no município de Campo Grande-MS. O objetivo inicial é contribuir para a
difusão/fortalecimento de uma cultura empreendedora a partir do sistema educacional
estabelecido no município. Além disso, espera-se que a médio e longo prazo, seja observada
uma elevação no nível de atividade empreendedora nessa região, que possa traduzir-se em
avanços significativos em termos de desenvolvimento.
Assim, colocam-se como objetivos específicos para este estudo:
1. Considerar teoricamente o tema empreendedorismo sob o enfoque de suas
contribuições para o desenvolvimento;
2. Considerar teoricamente o tema empreendedorismo e sua relação com educação e
cultura;
3. Avaliar brevemente a atividade empreendedora no município de Campo Grande-MS e
seu impacto sobre o contexto econômico local;
4. Apresentar uma proposta de projeto voltada à Educação em Empreendedorismo.
É importante notar que tal proposta deve coadunar-se com os objetivos propostos pelo
programa “Agenda 21 – Campo Grande Nosso Lugar”, e assim, harmonizar-se com o modelo de
desenvolvimento sustentável proposto pela “Agenda 21 – Global”, que vê o equilíbrio
econômico, a justiça social e a conservação dos recursos naturais, como a base de conquistas
sociais duradouras (PLANURB, 2003a).
Metodologia
A definição do problema objeto deste estudo é resultado de uma abrangente revisão
bibliográfica sobre o tema empreendedorismo e desenvolvimento econômico. A partir dela, fica
evidente a grande contribuição que o sistema educacional estabelecido pode oferecer para o
estabelecimento e o fortalecimento da cultura empreendedora, com desdobramentos
significativos para o desenvolvimento em seu sentido mais amplo (Dolabela, 2003; Dolabela,
2004; Lundström & Stevenson, 2001; Lundström & Stevenson, 2002; Stevenson & Lundström,
2001). Além disso, a necessidade de se elaborar uma proposta de trabalho dentro da linha
temática de Desenvolvimento Econômico que se harmonizasse com os propósitos do programa
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 69
“Agenda 21” local e global, conduziu naturalmente à análise do tema empreendedorismo em
relação ao contexto educacional.
O método escolhido para o desenvolvimento de qualquer pesquisa estará sempre
relacionado a escolhas anteriores em termos de problema e objetivos, inicialmente, e
desenho/metodologia, posteriormente. De acordo com esta perspectiva a revisão bibliográfica
mostrou-se como a mais adequada abordagem num primeiro momento. Além de ter como
objetivo a busca por uma melhor compreensão do processo Educação em Empreendedorismo
como fator de desenvolvimento econômico, o estudo não tenciona, no estágio atual, alcançar
seus propósitos por meio de uma análise empírica.
Como já indicado, o estudo caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica (Gil, 2000),
no entanto, parte dele foi também desenvolvida a partir de uma pesquisa documental (Vergara,
2004) junto a diferentes instituições no município de Campo Grande-MS, a saber: Instituto
Municipal de Planejamento Urbano e de Meio Ambiente – PLANURB, Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE, Junta Comercial do Estado de Mato Grosso do Sul – JUCEMS,
Secretaria Municipal de Educação – SEMED, Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Econômico – SEDEC e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE-MS.
Junto à Secretaria Municipal de Educação e ao SEBRAE-MS foram levantados alguns dados e
informações através da utilização de entrevistas (Lima, 2004; Roesch, 1999), com o intuito de se
identificar ‘se’ e ‘quais’ tipos de iniciativas voltadas à Educação em Empreendedorismo estão
atualmente em aplicação em Campo Grande-MS.
Após considerações e análises de caráter teórico, em que se sugere – com base em
exemplos práticos – que o fenômeno do desenvolvimento é influenciado pelo nível de atividade
empreendedora em uma certa região, é apresentada uma proposta com vistas à utilização do
sistema de ensino como elemento de suporte para o empreendedorismo no município.
Fundamentação Teórica
O termo empreendedor é originalmente uma palavra francesa derivada da expressão
entreprendre, que significa ‘tentar’, ‘comprometer-se a’ ou simplesmente ‘empreender’. De
acordo com Casson (1987), o termo foi introduzido nas ciências econômicas por Richard
Cantillon em 1755. No entanto, foi através de J. B. Say, no início do Século XIX, que a expressão
tornou-se de fato conhecida, referindo-se à pessoa que movia recursos econômicos de qualquer
natureza, de uma área de menor retorno, para uma área de maior produtividade e melhores
resultados (Drucker, 1985). Assim, a palavra ‘empreendedorismo’ foi cunhada em inglês
(entrepreneurship) no inicio do Século XX, para referir-se às ações conduzidas pelo
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 70
empreendedor, tornando-se uma expressão bastante comum no meio econômico,
especialmente após os anos 1980.
O conceito de empreendedorismo é bastante amplo e pode ser visto de diferentes
perspectivas. Na verdade, Wennekers, Thurik & Buis (1997, p. 13) referem-se a ele como ‘mal-
definido’ ou, na melhor das hipóteses, um conceito ‘multidimensional’ – percepção esta
partilhada por outros pesquisadores (Davidsson, 2003; Friis, Paulsson & Karlsson, 2003;
Lundström & Stevenson, 2001).
Apesar das diferentes percepções referentes ao tema, a seleção de uma ‘definição de
trabalho’ para os propósitos deste estudo parece bastante adequada. O conceito proposto por
Wennekers, Thurik e Buis (1997, p. 54), por ser simples e direto, ajusta-se bem a uma proposta
de ensino do empreendedorismo como fator de desenvolvimento. Além disso, a definição
sintetiza também os principais aspectos que historicamente estão relacionados à atividade
empreendedora, a saber: risco, incerteza, inovação, percepção, processo decisório e mudança.
Para eles, o empreendedorismo “...compreende a habilidade e o interesse de indivíduos, quer
independentemente ou dentro de organizações, no sentido de:
Identificar e criar novas oportunidades de negócios (novos produtos, novos
meios de produção, novas estruturas organizacionais, e novas combinações de
produtos/mercados);
Introduzir tais idéias no mercado, mesmo diante de incertezas, riscos e de
outros obstáculos, através de decisões referentes à localização, forma e
utilização de recursos diversos e instituições;
Competir com outros por uma parcela de participação no mercado.”
Esta definição é ampla o bastante para incorporar desde empreendedores de empresas
pequenas e independentes, até grandes corporações (Wennekers, Thurik & Buis, 1997). Quando
se pretende utilizar o empreendedorismo como instrumento de desenvolvimento, todos eles
são importantes. Desde que estejam atuando de maneira ética e em atividades lícitas, não
importa ‘quem’ é o agente empreendedor, mas ‘como’ ou ‘até que ponto’ suas ações resultam
em benefícios sociais.
Empreendedorismo e Cultura
Além dos aspectos econômicos, geográficos e sociais, a cultura é considerada um
elemento de grande influência na atividade empreendedora. Por definição, empreendedores
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 71
são indivíduos e não organizações. Logo, é natural que sejam influenciados por aspectos
culturais relacionados à sua formação ou pelo contexto em que vivem (Lundström & Stevenson,
2001). Assim sendo, regiões em que existe uma percepção mais favorável em relação a fatores
como risco, competição e individualismo (como nos EUA e alguns países da Europa Ocidental),
são observados níveis mais elevados de empreendedorismo do que em países onde estas
características não são tão acentuadas como, por exemplo, no Japão. Barreiras culturais podem
também se evidenciar no nível de interesse das pessoas quanto à criação e manutenção de um
novo negócio. Embora o Brasil seja reconhecido como um dos países mais empreendedores do
mundo na atualidade (Acs et al., 2005; Reynolds et al., 2000; Reynolds et al., 2001; Reynolds et
al., 2002; Reynolds et al., 2003), também é verdade que a maior motivação para se iniciar um
novo negócio no país, advém da necessidade e não da identificação de uma oportunidade ou
como resultado de características essencialmente culturais.
Culturalmente, o brasileiro está ainda bastante arraigado ao conceito de emprego e
salário. O sistema de ensino no país vem tradicionalmente preparando o estudante para ser
empregado. Em recente matéria publicada pela Revista Veja, foi feita uma comparação entre as
mudanças experimentadas por profissionais diplomados em engenharia pela Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo em 1955, em relação aos formados em 1995. A reportagem
menciona que da turma de 1955, 26% dos alunos abriram o próprio negócio. Dos formados em
1995, 29% – um crescimento de apenas 3% em 40 anos (Costa, 2003). Torna-se evidente o quão
pouco avançamos neste sentido. Comentando este tema, Dolabela (1999a) menciona que à
semelhança do que acontece em outros países, o emprego não tem mais sido visto pelo jovem
brasileiro como um projeto de vida. Infelizmente, a realidade é que este mesmo jovem não está
ainda preparado para se inserir profissionalmente no mercado de forma autônoma e
empreendedora. Tal situação é resultado tanto do sistema educacional brasileiro, como de
valores da nossa sociedade, que ainda impregnam nossos jovens com a “síndrome do
empregado”, mesmo percebendo que este elemento, o emprego, está desaparecendo no
contexto de um mundo globalizado. A menos que haja um esforço consciente e planejado no
sentido de se reverter essa tendência, nossos jovens, daqui a 40 anos, continuarão
despreparados e reticentes quanto à possibilidade de se lançarem de maneira autônoma e
independente à busca dos próprios sonhos.
Educação em Empreendedorismo
No passado, acreditava-se que o empreendedorismo não podia ser ensinado.
Empreendedores eram indivíduos que possuíam um dom inato, tendo nascido com
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 72
características especiais que favoreciam o sucesso no mundo dos negócios. Contudo, os
resultados de diferentes estudos desenvolvidos ao longo das duas últimas décadas, indicam em
outra direção: embora características pessoais possam facilitar a atuação individual à frente de
um novo negócio, o processo empreendedor pode, sim, ser ensinado e aprendido (Dolabela,
1999b; Dornelas, 2001). O sucesso dependerá de vários fatores internos e externos ao negócio,
das características pessoais do empreendedor, bem como de sua postura frente aos desafios do
quotidiano.
Além disso, sabe-se também que a cultura empreendedora pode ser desenvolvida a
partir de ações e políticas específicas para este fim. Saini (2001), menciona que uma das
questões básicas do desenvolvimento econômico refere-se à promoção do espírito
empreendedor na sociedade. Países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento não podem
subsistir sem uma considerável população de empreendedores, dispostos a correr riscos,
implantar novos negócios, adotar novas tecnologias e competir, gerando empregos e
crescimento em suas comunidades. Neste contexto, é interessante notar que o mais forte
instrumento para o desenvolvimento da cultura empreendedora na sociedade ainda é a
educação, e quanto mais cedo se começar a inculcar nos jovens, os valores e o pensamento
empreendedor, tanto mais efetivos serão os resultados. Como sustenta Dolabela (2003, p. 15),
“a educação empreendedora deve começar na mais tenra idade, porque diz respeito à cultura,
que tem o poder de induzir ou de inibir a capacidade empreendedora.”
Como já indicado, a inserção de temas relacionados à atividade empreendedora no
programa de ensino das escolas tem se mostrado uma iniciativa bastante adequada para a
promoção do empreendedorismo. Há uma percepção de que muito pode ser feito nos anos
iniciais de educação formal, no sentido de inculcar e desenvolver valores empreendedores nas
crianças e adolescentes. Segundo Lundström & Stevenson (2002), programas desta natureza
atendem a pelo menos duas necessidades: a) o fortalecimento da cultura empreendedora; e b) a
preparação dos jovens para as transformações no mercado de trabalho – mudanças estas que,
inevitavelmente, farão com que algum aspecto do empreendedorismo seja incluído à futura
experiência profissional deles.
Os primeiros esforços para a introdução da Educação em Empreendedorismo no sistema
escolar americano e britânico datam do fim dos anos 1970 e início dos anos 1980 (Lundström &
Stevenson, 2002). Desde a década de 1990, programas nacionais vêm sendo conduzidos pelo
governo destes países e várias outras nações têm também seguido este caminho, através da
implantação de programas semelhantes no ensino fundamental e médio.
Na Dinamarca, o Ministério da Educação lançou um programa com a intenção de
oferecer a 30–40% dos jovens estudantes, treinamento em relação ao empreendedorismo
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 73
desde o nível fundamental até o universitário. Até 2001, mais de 200 projetos já haviam sido
desenvolvidos ou estavam em andamento. Os resultados indicam que após o programa, os
estudantes se mostram mais interessados em se prepararem para terem um negócio próprio ou
mesmo em trabalhar em uma pequena empresa. Em Luxemburgo, alunos do nível fundamental
participam de encontros com diretores de empresas. Além disso, programas como “Um Dia na
Empresa” são oferecidos por diversas organizações e vídeos/desenhos animados são preparados
para encorajar jovens a optarem, ainda bem cedo, por uma carreira empreendedora (Lundström
& Stevenson, 2002).
Além das razões previamente consideradas, Dolabela (1999a; 1999b) relaciona outros
motivos que por si só justificariam a disseminação da cultura empreendedora através do sistema
de ensino estabelecido. Dentre eles:
Fortalecer valores relacionados à ética e cidadania, fatores estes
intrinsecamente ligados ao empreendedorismo;
Aumentar a percepção quanto à importância da PME (Pequena e Média
Empresa) para o desenvolvimento econômico;
Reduzir a possibilidade de fracasso entre as empresas nascentes;
Preparar os jovens para atuarem como intraempreendedores (ou
empreendedores dentro das organizações);
Aproximar as instituições de ensino, sistemas de suporte e empresas, ainda
muito distantes entre si, no contexto brasileiro;
Estimular a auto-realização.
À semelhança do que vem ocorrendo em outros países, no Brasil já despontam
iniciativas no sentido de levar o empreendedorismo para a sala de aula, e ainda mais, a sala de
aula para a casa do aluno. O projeto “Aprender a Empreender”, resultado de uma parceria entre
a Fundação Roberto Marinho, Programa Brasil Empreendedor e SEBRAE Nacional, tem levado o
ensino do empreendedorismo de maneira dinâmica e criativa a milhares de pessoas, através de
um curso composto de 10 programas de TV e um livro texto com os 10 capítulos
correspondentes. Além de contribuir para o desenvolvimento da cultura empreendedora, a
iniciativa auxilia empreendedores, ou empreendedores em potencial, em relação a aspectos
como planejamento, organização, direção e controle dos empreendimentos nascentes (FRM,
PBE & SEBRAE Nacional, 2000). Semelhantemente, o projeto “Oficina do Empreendedor”, criado
pelo Prof. Fernando Dolabela, vem sendo aplicado com sucesso em centenas de escolas de
segundo grau e universidades (Dolabela, 1999a). Recentemente, Dolabela e sua equipe, em
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 74
parceria com a ONG Visão Mundial (World Vision), desenvolveram uma nova metodologia para
o ensino do empreendedorismo direcionada a crianças e adolescentes da educação básica. O
método, inicialmente testado em 7 cidades brasileiras, envolvendo cerca de 90.000 alunos, de
255 escolas e 3.700 professores, deu origem ao livro Pedagogia Empreendedora, lançado em
Agosto de 2003, na cidade de Belo Horizonte (Dolabela, 2003).
Atividade Empreendedora no município de Campo Grande
Analisando a atividade empreendedora no município de Campo Grande-MS em anos
recentes, pode-se claramente perceber sua importância no contexto do desenvolvimento local,
bem como justificar a inserção deste tema em um programa do porte do processo de
planejamento participativo “AGENDA 21 – Campo Grande Nosso Lugar”.
Embora a mensuração da atividade empreendedora seja bastante complexa, existem
diferentes mecanismos que são amplamente utilizados para este fim, permitindo a obtenção de
resultados bastante satisfatórios. Duas dessas medidas da atividade empreendedora
referem-se a:
a) constituição de novas empresas;
b) organizações per capita
No que tange à constituição de novas empresas em Campo Grande, segundo números
da Junta Comercial do Estado de Mato Grosso do Sul, houve um aumento líquido de 9.226
empresas no município entre 1999 e 2002. Tal aumento representa um crescimento de cerca de
36% no número total de empresas durante o período. Se for considerado o número de
organizações per capita, observa-se que o número de empresas tem crescido em um ritmo
maior que a população, o que é bastante positivo. Enquanto em 1999 havia no município cerca
de 43 empresas por grupo de 1.000 habitantes, no final de 2002 este número totalizava mais de
50 empresas, quase o dobro da média nacional.
O impacto resultante do incremento da atividade empreendedora no município, pode
ser facilmente observado a partir de uma breve análise dos números referentes à arrecadação
municipal. De acordo com os números divulgados pela Secretaria Municipal de Planejamento e
Finanças (PLANURB, 2003b), a receita total do município no período de 1999 a 2002 cresceu
aproximadamente 136%, quando atingiu cerca de R$ 523,5 milhões. A arrecadação do ISS
(Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) e as transferências provenientes do ICMS
(Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) tiveram um aumento de 59,3% e 120,5%
respectivamente, enquanto o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) cresceu apenas 20,6%.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 75
Por mais que estes resultados possam, em parte, ser eventualmente atribuídos a uma maior
eficiência da máquina arrecadadora, é inquestionável o fato de que a maior parte deste
crescimento é resultado direto da atividade empreendedora e empresarial.
No que tange à geração de empregos, os números são também bastante interessantes.
De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, apenas através do
PRODES – Programa de Incentivos Para o Desenvolvimento Econômico e Social de Campo
Grande, criado em Outubro de 1999, foram beneficiadas, até Setembro/2003, 103 empresas
que terão gerado, após completa implantação, cerca de 13.000 novos postos de trabalho no
município. Uma vez que a criação de postos de trabalho é amplamente aceita como um dos
principais resultados da atividade empreendedora em uma determinada região, e também
como uma das principais medidas de crescimento econômico, fica evidente a importância da
atividade empresarial – um desdobramento da própria atividade empreendedora – para o
crescimento e desenvolvimento experimentados pelo município nos últimos anos.
A fim de que resultados desta natureza possam continuar sendo observados e
ampliados em Campo Grande-MS, é importante que se busque intervir nesse contexto de
maneira sistemática e planejada. Projetos voltados à Educação em Empreendedorismo
harmonizam-se perfeitamente com tal proposta. Além disso, diferentes estudos conduzidos no
Brasil e no exterior, sugerem que nenhuma outra estrutura possa dar contribuição mais
significativa para a causa do empreendedorismo do que o sistema educacional estabelecido
(Dolabela, 2004; Lundström & Stevenson, 2002).
Projeto “Morena Empreendedora”
Embora iniciativas voltadas para a Educação em Empreendedorismo estejam
florescendo em várias regiões do país, segundo informações obtidas junto ao SEBRAE-MS e
Secretaria Municipal de Educação, não existem, até o momento, projetos desta natureza
formalmente implementados no município de Campo Grande-MS.
À semelhança do que têm ocorrido em outras localidades, tal projeto pode contribuir
diretamente para o desenvolvimento da cultura empreendedora local e para o aumento da
capacidade empreendedora da população, ingredientes estes, essenciais para o
desenvolvimento sustentável de qualquer região.
Através da mobilização de entidades reconhecidamente interessadas pelo tema do
empreendedorismo, como SEBRAE-MS, FIEMS, SESC, Associação Comercial, universidades, etc.,
a Prefeitura Municipal de Campo Grande-MS, através das Secretarias Municipais de Educação,
Desenvolvimento Econômico e Planejamento, pode desenvolver uma metodologia própria, ou
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 76
adotar alguma das metodologias já utilizadas e testadas em outras partes do país, ajustando-as
à realidade local – o que parece mais adequado.
O projeto, que bem poderia ser “batizado” de “Morena Empreendedora”, poderia
inicialmente, ser implementado de maneira gradativa na rede municipal de ensino, onde mais
de 67.000 alunos estão matriculados no ensino fundamental, supletivo e educação de jovens e
adultos. Posteriormente, através de negociações, pode-se buscar a ampliação do programa
estendendo-o para as redes estadual e particular de ensino. Tal conquista elevaria para mais de
180.000 o número de alunos alcançados pelo projeto no município.
A tabela a seguir sintetiza as principais ações de caráter geral do projeto, bem como
sugere os atores potenciais envolvidos e o cronograma preliminar:
Quadro 01 – Projeto Morena Empreendedora – Ações, atores potenciais e cronograma
preliminar:
Ações Atores Potenciais Cronograma
Sensibilização do poder
público e da sociedade
quanto ao potencial da
Educação em
Empreendedorismo como
fator de desenvolvimento
econômico
SEMED, SEDEC, SEBRAE-
MS, Universidades,
Escolas Municipais,
Consultorias
1o
mês
Formação de equipe
multidisciplinar para
discussão e refinamento da
proposta de projeto
SEMED, SEBRAE-MS,
Universidades, Escolas
Municipais, Consultorias 1
o
mês
Formulação de diretrizes
para o Projeto Piloto Equipe multidisciplinar 2
o
mês
Capacitação dos
professores da rede pública
municipal, envolvidos no
Projeto Piloto
SEMED, SEBRAE-MS,
Consultorias 3o
mês
Implementação do Projeto
Piloto
SEMED, SEBRAE-MS,
Universidades, Escolas
Municipais, Consultorias 4
o
ao 12o
mês
Avaliação dos resultados
do Projeto Piloto
SEMED, SEBRAE-MS,
Universidades, Escolas
Municipais, Consultorias
Contínua
(maior ênfase no 7o
e
12o
mês)
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 77
Formulação/ajustes das
diretrizes para ampliação
do programa para todas as
escolas da rede pública
municipal
Equipe multidisciplinar 13o
mês
Capacitação de
multiplicadores para as
escolas da rede pública
municipal
SEMED, SEBRAE-MS,
Consultorias 14o
mês
Capacitação dos
professores das escolas da
rede pública municipal
Multiplicadores, SEMED,
SEBRAE-MS, Consultorias 15o
mês
Implementação do Projeto
Morena Empreendedora
SEMED, SEBRAE-MS,
Universidades, Escolas
Municipais, Consultorias 16
o
ao 24o
mês
Avaliação e
aperfeiçoamento contínuos
SEMED, SEBRAE-MS,
Universidades, Escolas
Municipais, Consultorias
----
Sensibilização de outros
parceiros para ampliação
do Projeto Morena
Empreendedora ‘além
fronteiras’ da rede
municipal de ensino
SEMED, SEBRAE-MS,
Universidades, Escolas
Municipais, Consultorias
----
Além do objetivo principal voltado para a educação formal, o projeto pode vir a ser
ampliado, através de diferentes parcerias, para que a parcela da população que não é alcançada
pelo sistema de educação estabelecido possa receber os benefícios do programa. Para expandir-
se, o projeto “Morena Empreendedora” pode utilizar instituições estabelecidas e reconhecidas
(ex. entidades de classe, sindicatos, associações de moradores, clubes, igrejas e mesmo órgãos
públicos) como instrumentos para a difusão/fortalecimento da cultura empreendedora em
Campo Grande-MS.
Conclusão
A partir da análise bibliográfica, o estudo sugere que o empreendedorismo cumpre um
importante papel em relação ao desenvolvimento de uma determinada região. A experiência de
países como República da Coréia, Taiwan, Singapura, Japão, Indonésia, Malásia, Tailândia e Hong
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 78
Kong no período de 1965-1990 é uma clara evidência deste fato (Wennekers, Thurik & Buis,
1997). Além de apresentarem uma taxa média de crescimento anual do Produto Nacional Bruto
real (per capita) da ordem de 5,5% (o equivalente a mais que duas vezes a média de crescimento
apresentada por países da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico –
OCDE, no mesmo período), estas economias conseguiram diminuir a desigualdade de
distribuição de renda e ainda estão colhendo os frutos de tais conquistas. Embora análises
macroeconômicas mostrem que tal desempenho seja resultado de acumulação superior de
capital físico e humano, melhor alocação de recursos e aquisição e desenvolvimento tecnológico
apoiado por políticas públicas de promoção da estabilidade macroeconômica, é inevitável a
conclusão de que muitos destes efeitos são na verdade manifestações da atividade
empreendedora (Wennekers, Thurik & Buis, 1997; Yu, 1997), e que o empreendedorismo tem
tido uma considerável parcela de contribuição no desempenho econômico e nas conquistas
sociais destes países (Mamede, 2004).
Além disso, sendo uma característica de indivíduos, é compreensível que o
empreendedorismo esteja proximamente relacionado à cultura e educação. Por conseguinte,
pode-se facilmente observar o potencial para o desenvolvimento/fortalecimento de uma cultura
empreendedora a partir da utilização do sistema educacional estabelecido.
Embora diferentes iniciativas nesse sentido já estejam sendo conduzidas em vários
países, no Brasil tais esforços estão apenas começando. Apesar das evidentes dificuldades
envolvidas na implementação de um projeto de tal natureza e envergadura, existem razões que
justificam o esforço nesta direção. As mais relevantes, se referem à preparação da geração atual
para as transformações no mercado de trabalho e na estrutura industrial, que continuarão
limitando as possibilidades existentes dentro do modelo “emprego-salário”. Além disto, sabe-se
que iniciativas voltadas à Educação em Empreendedorismo têm o potencial de contribuir para o
aumento da atividade inovadora e do crescimento econômico, ambos bastante desejáveis em
qualquer contexto.
Embora inúmeras propostas possam ser desenvolvidas com vistas ao desenvolvimento
sustentável do município, o conceito e a prática do empreendedorismo, como propostos pelo
Projeto Morena Empreendedora, coadunam-se perfeitamente com os objetivos da linha
temática de desenvolvimento econômico, apresentada pelo programa “Agenda 21 – Campo
Grande Nosso Lugar”. Ao se preparar pessoas para atuarem de forma empreendedora na
sociedade, através de novos negócios ou em organizações já existentes, lançam-se as bases para
um desenvolvimento consciente, responsável e sustentável. Ao se fazer isto, aqui, nesta capital,
contribui-se ainda mais para que Campo Grande, o NOSSO LUGAR, torne-se ainda... UM
MELHOR LUGAR!
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 79
Ação dos Discentes no Estudo de Caso
Os alunos deverão responder ao solicitado, de forma fundamentada pela matéria.
1) Quais fatores de pressão o autor pretende trabalhar através de ações do governo junto
ao município ?
2) Você considera as ações corretas ? Justifique.
Tema 15 – Pesquisa Complementar
Agregando Conhecimentos
Considerando o conteúdo abordado até aqui, no que tange a:
Educação Empreendedora;
Pirâmide das Necessidades de Maslow; e
Fatores de Pressão.
1) Qual deve ser o papel do governo na formação de uma sociedade empreendedora,
considerando a complexidade do desafio em gerenciar tantas variáveis ?
Abordar: Formação curricular, satisfação das necessidades do cidadão e investimentos públicos.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 80
Parte 04 – Especial: Empreendedorismo, Burocracia e Legalidade
Nesta ultima parte, faremos um estudo especial sobre a combinação de três aspectos:
Veja, de um lado o empreendedor deseja agilidade na realização de negócios e obtenção
de licenças, de outro o poder público tem o papel de controlar atividades, protegendo a
população contra exageros e mantendo os empreendimentos dentro da legalidade. Aí
encontramos o problema, muitas vezes este controle se dá pela Burocracia, uma metodologia
de trabalho da Administração que, se mal empregada se transforma em problema.
Tema 16 – Legalidade de Empreendimentos
Obtenção do Alvará de Localização e Funcionamento
Para que o empresário possa enfim iniciar o funcionamento de seu negócio de forma
legalizada, precisa primeiramente estar legalizado.
Embora exista uma espécie de “cultura” da ilegalidade no Brasil, na verdade a população
empreendedora não deseja trabalhar de forma irregular, na verdade, muitos são impulsionados
à ilegalidade pela burocracia ou custos de se abrir um negócio regular.
Para a economia e sociedade, não há dúvidas de que o negócio regular é o mais
saudável, pelas seguintes razões:
Geração de empregos com garantias trabalhistas;
Quitação dos impostos regularmente, financiando a máquina Estatal;
Redução da carga tributária e de juros, pelo aumento de arrecadação geral e queda da
inadimplência;
Empreendedorismo Legalidade
Burocracia
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 81
Redução do risco do negócio, pelo melhor planejamento;
Garantias ao consumidor;
Segurança jurídica do empresário ampliada, pela possibilidade de acionamento seguro
junto ao judiciário.
Elementos que envolvem a emissão do Alvará
Em Direito Administrativo, a emissão do Alvará é chamado ato vinculado, uma vez que é
garantido pelo Constituição Federal direito à atividade econômica pelo empresariado, sendo
este passível de Mandado de Segurança.
Assim, o Alvará na verdade opera como uma certificação de que a atividade está em
conformidade com as exigências legais.
Um dos principais Alvarás é o municipal, isto por que existe, na norma constitucional a
chamada delegação de competências, sendo a utilização do solo (onde a atividade será
desenvolvida) competência para controle do município, portanto, trata-se do Alvará inicial e
final, que regula o exercício da atividade em si, enquanto os outros operam como certificação
técnica para potencial exercício da atividade.
Requisitos Alvará
Alvará:
- Ato Vinculado;
- Direito de Empreender (Constituição Federal);
- Requisitos Legais (Documentos).
Empreendedor X Órgãos Públicos
Conflito Necessário ?
Planejamento pode Resolver ?
Desburocratização pode Auxiliar ?
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 82
Responsabilidade Adm. Pública
Autoridade Pública
Administrativa Civil Penal
Tema 17 - Documentação
Eis os documentos, etapas e procedimentos que envolvem a análise de viabilidade de
um novo empreendimento ou expansão dos existentes.
Certidão de Uso e Ocupação do Solo
A ocupação do solo, a utilização das edificações e a classificação por categoria de uso do
solo devem obedecer a distribuição dos usos estabelecidos em Lei Municipal (Lei de Uso e
Ocupação do Solo) que objetiva o adequado ordenamento urbanístico e territorial.
Esta Lei deve estar em consonância com o Plano Diretor do Município.
Exemplo: As zonas para uso e ocupação do solo, conforme Lei do Município de
Amparo/SP (Leinº1.074/1981), são:
I – ZRT – Zona Residencial e de Interesse Turístico: Área de baixa densidade ocupacional,
destinada a edificações residenciais e lazer social;
II – ZRC – Zona Residencial Comum: Área de média densidade ocupacional, destinada a
edificações comerciais, comunitárias e lazer social;
III – ZRM – Zona Residencial Mista: Área de média e alta densidade ocupacionais,
destinada a edificações residenciais, comerciais, de indústrias leves, comunitárias e lazer social;
IV – ZRE – Zona Residenciai Especial: Área de baixa densidade ocupacional, destinada a
edificações residenciais, comunitárias e lazer social;
V – ZCE – Zona Central Especial: Área de alta densidade ocupacional, destinada a
edificações residenciais, comerciais, lazer social e de proteção a o patrimônio histórico, cultural
e arquitetônico;
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 83
VI – ZAC – Zona de Atividades Centrais: Área de média e alta densidades ocupacionais,
destinada a edificações residenciais, comerciais, lazer social e de proteção ao patrimônio
cultural e arquitetônico;
VII – ZCT – Zona Comercial de Transição: Área destinada a edificações residenciais,
comerciais comunitárias e de lazer social;
VIII – ZI – Zona Industrial: Área destinada a edificações industriais pesadas e comerciais;
IX – ZCC – Zona Comercial Central: Área de alta densidade ocupacional, destinada a
edificações comerciais, residenciais, de escritórios, serviços comunitários e lazer social.
JUCESP
Novo Código Civil – Lei 10.406/02:
Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de
Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das
Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade
simples adotar um dos tipos de sociedade empresária.
Receita Federal, SEFAZ e Município
A entidade precisa inscrever-se junto aos órgãos para os quais deverá recolher tributos.
Alienações
Novo Código Civil – Lei 10.406/02:
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da
inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas
Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.
Licença da VISA
Código Sanitário Estado de SP - Lei 10.083/98
Artigo 2º - Os princípios expressos neste Código disporão sobre proteção, promoção e
preservação da saúde, no que se refere às atividades de interesse à saúde e meio ambiente,
nele incluído o do trabalho, e têm os seguintes objetivos:
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 84
I - assegurar condições adequadas à saúde, à educação, à moradia, ao transporte, ao
lazer e ao trabalho;
II - promover a melhoria da qualidade do meio ambiente, nele incluído o do trabalho,
garantindo condições de saúde, segurança e bem-estar público;
III - assegurar condições adequadas de qualidade na produção, comercialização e
consumo de bens e serviços de interesse à saúde, incluídos procedimentos, métodos e
técnicas que as afetem;
IV - assegurar condições adequadas para prestação de serviços de saúde;
V - promover ações visando o controle de doenças, agravos ou fatores de risco de
interesse à saúde;
VI - assegurar e promover a participação da comunidade nas ações de saúde.
CETESB
Decreto 8.468/76 que regulamenta a Lei Estadual nº 997/76:
Art. 58 - O planejamento preliminar de uma fonte de poluição, dependerá de licença
prévia, que deverá conter os requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização,
instalação e operação.
§ 1º - Serão objeto de licenciamento prévio pela CETESB os empreendimentos
relacionados no Anexo 10.
§ 2º - Dependerão de licenciamento prévio, apenas no âmbito da Secretaria do Meio
Ambiente, as atividades e obras sujeitas a avaliação de impacto ambiental.
§ 3º - As demais atividades listadas no artigo 57 e que dependam exclusivamente do
licenciamento da CETESB, terão a licença prévia emitida concomitantemente com a Licença de
Instalação. (Com redação dada pelo Decreto n. 47.397, de 04.12.02)
Art. 58-A - Dependerão de Licença de Instalação:
I - a construção, a reconstrução, ampliação ou reforma de edificação destinada à
instalação de fontes de poluição;
II - a instalação de uma fonte de poluição em edificação já construída.
III - a instalação, a ampliação ou alteração de uma fonte de poluição.
+
I – Extração e tratamento de minerais;
II – Atividades industriais;
III – Operação de jateamento de superfícies;
IV – Sistemas de saneamento;
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 85
V – Usinas;
VI – Hotéis e similares que queimem combustível;
VII – Atividades que utilizem incinerador;
VIII - Serviços de coleta, armazenamento, transporte e disposição final de lodos ou
materiais retidos em unidades de tratamento de água, esgotos ou de resíduos industriais;
IX – Hospitais;
X – Loteamentos;
XI – Cemitérios;
XII – Comércio varejista de combustíveis;
XIII – Depósitos ou comércio de produtos químicos ou inflamáveis;
XIV – Termoelétricas;
XV – Atividades de extração, abate, preparação, fabricação processamento, produção,
refino de matérias primas;
XVI – Fabricação ou processamento de produtos de origem animal;
XVII – Fabricação, tingimento e acabamento de artigos em tecelaria, estamparia,
tapeçaria, calçados e madeiras em geral;
XVIII – Manipulação de matérias primas em geral;
DAIA
Nos casos em que houver impacto ambiental, e estes acarretem em danos, potenciais
ou efetivos, com atividades relacionadas à Mineração, a Licença Ambiental apresentada deverá
ser aprovada pelo Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental – DAIA, conforme
Resoluções 01/86 e 137/97 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.
IBAMA
Nos casos de atividades e empreendimentos com significativo impacto ambiental, com
abrangência regional ou nacional, deverá ser apresentada Licença Ambiental exarada pelo
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), conforme
artigo 10 da Lei nº 6.938 de 31 de Agosto de 1981.
Conforme artigo 4º junto à Resolução CONAMA nº237/1997, as atividades passíveis de
Licença Ambiental junto ao IBAMA são:
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 86
I – As localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe, no mar
territorial, na plataforma continental, na zona econômica exclusiva, em terras indígenas ou em
unidades de conservação do domínio da União;
II – As localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;
III – Aquelas cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País
ou de um ou mais Estados;
IV – As destinadas a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e
dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de
suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;
V – As bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação
específica.
O IBAMA autoriza o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame
técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios em que se localizar a
atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos
competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no
procedimento de licenciamento, conforme Resolução CONAMA nº237/1997.
DAEE
Nos casos em que a Entidade Econômica exercer atividade onde haja utilização de água
superficial (rios e lagos) ou subterrânea (poços), bem como lançamento de efluentes na
natureza, construção de obras (barragens, pontes) e outras intervenções nos recursos hídricos,
estas deverão apresentar Licença Ambiental aprovada pelo Departamento de Água e Energia
Elétrica – DAEE, conforme Lei nº1.350 de 12 de Dezembro de 1951.
DEPRN
Nos casos em que houver supressão, exploração ou manejo de vegetação nativa,
intervenções em áreas de preservação permanente ou manejo de fauna silvestre, deverá ser
apresentada Licença Ambiental aprovada pelo Departamento Estadual de Proteção de Recursos
Naturais – DEPRN, conforme Lei nº4.771 de 15 de Setembro de 1965 (Código Florestal).
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 87
Polícia Civil (Desmanche)
Os estabelecimentos que comercializam peças de veículos inutilizados precisam possuir
Alvará junto à Polícia Civil.
Ministério Público (Festas com presença de menores de 18 anos e maiores de 16 anos)
Eventos que sejam freqüentados por menores de 18 e maiores de 16 precisam de Alvará
junto ao Ministério Público para permitir a presença de jovens.
AVCB
Os empreendedores adotarão medidas especiais para maximização da segurança,
certificada pelo Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros – AVCB, documento obrigatório e que
deve preceder o alvará de localização e funcionamento.
Os contribuintes com atividades de reunião de público, produtos perigosos ou
substâncias inflamáveis são classificados como de risco relativamente alto.
As atividades que não se enquadrem na definição anterior ou que atendam os critérios
de dispensa do AVCB previstos, serão consideradas de risco relativamente baixo.
Serão dispensados da apresentação do AVCB:
I – os comerciantes ambulantes, pela impossibilidade de emissão do AVCB aos mesmos;
II – as residências exclusivamente unifamiliares, na forma do § 1º do art. 5º do Decreto
Estadual nº 46.076/2001;
III – os imóveis com área inferior a 100,00 m2 (cem metros quadrados), com saída direta
para via pública, que não abriguem reunião de público, produtos perigosos ou inflamáveis, na
forma da Instrução Técnica nº01/2004, item 5.1.6 – J, exarada pela Polícia Militar do Estado de
São Paulo / Corpo de Bombeiros.
Para fins de definição, local de reunião de público, conforme Decreto Estadual
46.076/2001, Tabela 01 do anexo, Grupo F, é:
I – local onde há objetos de valor inestimável;
II – local religioso ou velório;
III – centro esportivo e de exibição;
IV – estação e terminal de passageiro;
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 88
V – artes cênicas e auditórios;
VI – clubes sociais e de diversões;
VII – construções provisórias, tais como: circos, parques e eventos;
VIII – locais para refeições;
IX – recreações públicas;
X – exposições.
Para fins de definição, produtos perigosos, na forma da Instrução Técnica nº 03/2004,
item 4.377, exarada pela Polícia Militar do Estado de São Paulo / Corpo de Bombeiros, são assim
considerados aqueles com potencial lesivo à saúde humana ou ao meio ambiente.
Para fins de definição, considera-se substâncias inflamáveis os líquidos e gases
combustíveis, assim como quaisquer substâncias suscetíveis de serem facilmente inflamáveis
por fontes exteriores de ignição, como faíscas e fagulhas, além de provocar incêndios por
fricção.
Habite-se
Também conhecido como Certificado de Conclusão do Imóvel, é documento onde o
órgão público (Prefeitura) atesta que o imóvel possui condições estruturais, salubridade,
ventilação e iluminação em acordo com as normas técnicas vigentes.
ART
Anotação de Responsabilidade Técnica, é documento emitido por engenheiro ou
arquiteto registrado junto ao CREA.
É documento onde o profissional atesta responsabilidade técnica por estrutura fixa ou
móvel, sistemas ou similares.
Atividades Envolvendo Emissão Sonora
Toda produção sonora realizada diretamente por Entidades Econômicas, ou em virtude
de suas atividades, seja na forma de música, ruídos em geral, algazarra ou quaisquer outros,
deverá ser mantida dentro dos parâmetros definidos pela NBR 10.151, exarada pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em Junho do ano 2000.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 89
Referida medida visa a manutenção das condições de aceitabilidade de ruídos,
prevenindo reclamações e garantindo a preservação da incolumidade e bem estar coletivos,
conforme descreve o item 1.1 da NBR 10.151 / 2000 – ABNT.
Quando constatada violação dos níveis de pressão sonora permitidos, deverá ser
exarada devida notificação aos responsáveis, acompanhada de fotocópias do relatório emitido,
para saneamento da problemática, concomitante ao encaminhamento de denúncia, via ofício, à
Polícia Civil e Ministério Público, pelo crime de Perturbação do sossego público, previsto pelo
artigo 42 do Decreto-Lei nº3.688 de 03 de Outubro de 1941 (Lei das contravenções penais).
Atividades Ilícitas
Constituem atos ilícitos, passíveis de encaminhamento aos órgãos policiais
competentes:
I – Venda ou fornecimento de bebidas alcoólicas, fumo ou quaisquer outras substâncias
que possam causar dependência física ou psíquica à menor ou incapaz, conforme artigo 243 da
Lei nº8.089 de 13 de Julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA);
II – Venda ou fornecimento de mercadorias fruto de contrafação, conforme inciso VII do
artigo 5º e artigo 104 da Lei nº9.610 de 19 de Fevereiro de 1998;
III - Prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, informação que deva ser
produzida, inserir elementos inexatos ou omitir rendimentos e operações de qualquer natureza,
alterar faturas e quaisquer documentos relativos a operações comerciais, fornecer ou emitir
documentos graciosos ou alterar despesas, majorando-as, com a intenção de eximir-se, total ou
parcialmente, do pagamento de tributos, conforme artigo 1º da Lei nº4.729 de 14 de Julho
1965.
IV – Demais atos contrários à legislação ou dispostos por esta como o sendo contrários à
moral, ética, bons costumes e incolumidade pública.
Principais Problemas Encontrados
Problemas surgem quando os órgãos que realizam a gestão das licenças se desarticulam,
criando exigências descoordenadas que se justapõe e se afetam mutuamente, por exemplo,
VISA e Secretaria de Obras.
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 90
A simples não exigência destas análises não resolveria o problema, uma vez que cada
um deles possui sua razão e importância, o ponto central está na forma de articulá-los, o que
necessita bom planejamento prévio, inclusive financeiro, pois estes podem gerar novos custos
em relação ao business plain original.
Estas falhas são motivo de muitas das quebras das pequenas empresas, que em geral
são as com menor nível de planejamento e com menor capital, sendo mais sensíveis a onerações
extras e repentinas de seu capital.
Tema 18 – Questões para Discussão
1- Qual a importância dos empreendimentos legalizados, do ponto de vista social e econômico ?
2- Atualmente se discute a desburocratização de procedimentos, simplificando a carga de
exigências sobre os empreendedores. Entretanto, deve-se ponderar que à medida que
reduzimos as licenças exigidas para empreendimentos, também reduzimos a abrangência das
análises realizadas, tornando riscos à segurança e meio ambiente mais suscetíveis de ocorrerem.
Qual a posição do grupo neste sentido ? Devemos dispensar exigências ?
3- Qual a importância da Certidão de Uso e Ocupação do Solo ?
4- Você acredita que a simples dispensa das exigências relacionadas à área ambiental podem
melhorar o andamento dos negócios ? Por que ?
5- Qual a proposta do grupo para melhoria do cenário demonstrado nas últimas aulas?
Tema 19 – Estudo de Caso – Desburocratização21
Em resposta as constantes e fundamentadas solicitações da iniciativa privada, surgem
atualmente diversas iniciativas pelo poder público em reduzir e aperfeiçoar a relação entre
Estado e Empreendedor.
O desafio é grande, pois esbarramos em alguns desafios:
O empreendedor precisar interagir nas três esferas de governo, mas de forma geral as
mesmas não interagem entre si, gerando duplicidade na prestação de informações.
21 Autor: Prof. Ivan Jacomassi Junior
Empreendedorismo
Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 91
Legislações dispersas, numerosas e de diferentes esferas são elaboradas por vezes de
forma desconexa.
Dificuldade de se operar sobre a boa fé do contribuinte
Estes problemas por si só já geram grandes obstáculos, acrescendo que existem outros.
Entretanto, frente à pressão econômica e social, os Governos têm criado algumas
importantes e bem sucedidas iniciativas, às quais podemos destacar:
M.E.I.
REDESIM
Programa Estadual (SP) de Desburocratização – SIL
Centrais Municipais de Atendimento ao Empreendedor
Faremos alguns estudos apartados para conhecer melhor estas propostas, que possuem
potencial para juntas representarem enorme ganho na relação entre Empreendedor e Poder
Público.
Conclusão da Disciplina
Na essência, o empreendedorismo bem sucedido depende dos seguintes aspectos:
Modelo Educacional que fomente as Inteligências Humanas;
Satisfação das necessidades Humanas (Pirâmide de Maslow);
Conjuntura Favorável dos Fatores de Pressão;
Simplificação de Procedimentos Burocráticos.
Qualquer nação com uma combinação adequada e equilibrada destes elementos,
lembrando que não falamos aqui em utopia, mas em ações adequadas dentro de uma
realidade econômico-social, poderá ver florescer uma parcela significativa de
empreendedores em seu meio, contribuindo para o desenvolvimento nacional.
Sem mais, agradeço a todos pela atenção ao longo do semestre, salientando que foi um
imenso prazer ter contribuído para o processo de formação junto a futuros e brilhantes
profissionais. Abraço e Boa Sorte, Empreendam !