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  • Te r e s i n a / P I janeiro d e 2 0 1 2

  • 2 Sociologia da Educao

  • 3Sociologia da Educao

    APRESENTAO

    Prezado aluno,

    A Faculdade Integrada do Brasil FAIBRA nasce, no incio da dcada de 2000, com a misso de integrar o Brasil na formao de professores para a Educao Bsica. O cenrio, quela poca, era desesperador: milhares de pessoas atuando na Educao Bsica sem a formao superior exigida por lei, no contexto da Dcada da Educao, objetivo maior do Governo Federal poca, preconizada pela LDB, na sua promulgao, em 1996.

    Passada a dcada de 2000-2010, tais objetivos no foram atingidos. A Dcada da Educao foi prorrogada, o Brasil conta hoje, segundo dados do INEP, de 2010, 623.825 professores sem formao superior, ou com formao diferente da rea que atuam, atuando na Educao Bsica.

    Na Regio Norte, este nmero de 74.821 mil docentes, no Nordeste, 295.345 mil. Metade deles, com toda a certeza, atuam na rea da Pedagogia.

    A partir de uma viso educacional contempornea, empreendedora, que alia princpios tericos fundantes da Pedagogia, a observao extrema da legalidade da educao superior e bsica, a um processo de gesto educacional dinmico e criativo, baseado na responsabilidade e na incluso social, a FAIBRA d incio a um processo que tem possibilitado a um grande nmero de professores em exerccio na educao bsica, o aperfeioamento e a concluso de estudos na rea da Pedagogia.

    O Programa de Educao Continuada PROEC, que oferece cursos ao nvel do aperfeioamento e da ps-graduao, utiliza, experimentalmente ao nvel do aperfeioamento, mtodo de ensino semi-presencial.

    Para seus processos de ensino-aprendizagem, ao nvel da graduao, da ps-graduao e do aperfeioamento, a FAIBRA produz este material que voc tem em mos. Ele fruto do trabalho da equipe que coordena o Ncleo de Educao Distncia NEAD/FAIBRA e que visa dar qualidade e mobilidade aos cursos oferecidos nos diferentes nveis de ensino e que j so base para o Credenciamento da FAIBRA no MEC, para a Educao Distncia, assim que o processo seja totalmente homologado internamente.

    A FAIBRA, nunca demais ressaltar, tem a responsabilidade e executa todo o seu processo de ensino aprendizagem, mesmo que este aluno esteja longe de sua sede, no caso dos cursos de aperfeioamento e de ps-graduao.

    Para que possamos atuar em diferentes locais e possibilitar a incluso social de todos aqueles que nos procuram, contamos com parceiros que do suporte s atividades-meio dos nossos Ncleos de Educao Continuada. Assim, nossos alunos e professores contam com apoio administrativo local para desenvolverem seus processos de ensino, atividade-fim da Instituio.A Faculdade Integrada do Brasil FAIBRA cumpre sua misso de integrar o Brasil para a formao dos profissionais da Educao Bsica. Sentimo-nos honrados em ter voc como nosso aluno e contamos com seu empenho e dedicao para que este Curso seja um referencial na sua formao e atuao profissional.

    Conte com a FAIBRA atravs de cada um de seus colaboradores: tcnicos, docentes e parceiros. Eles esto sua inteira disposio.

    Profa. Dra. Vera Lcia Andrade BahienseDiretora Acadmica

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    FACULDADE INTEGRADA DO BRASIL FAIBRAMantida pela Associao Educacional Crist do Brasil AECB

    Credenciada pela Portaria MEC 114, de 12/01/2006.

    Diretor Geral Jonas Garcia Dias ([email protected])

    Endereos eletrnicos

    Pgina na Internet: www.faibra.edu.br

    E-mail: [email protected]

    Fone: (86) 3223-0805

    Projeto grfico, diagramao e arte final: Andr Brito

    Ficha Catalogrfica

    Sociologia da Educao. Org. BAHIENSE, Adriana., BAHIENSE, Vera L.A & SILVA,

    Elisabeth Feitosa da. Editora Faibra:Teresina, 2012.

    1. Sociologia. 2. Educao. 3. Sociologia da Educao.

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    SUMRIOApresentao ................................................................................................................03Para Comear ................................................................................................................07Objetivo da Disciplina ..................................................................................................08

    1. Sociologia Breve Histrico.. .....................................................................................091.1 Introduo ....................................................................................................101.2 Histrico ......................................................................................................111.3 Teorias Sociolgicas .....................................................................................12

    1.3.1 Augusto Comte - Positivismo ..........................................................121.3.2 Herbert Spencer Evolucionismo e Organicismo ...........................141.3.3 Le Play pioneiro do mtodo Monogrfico .....................................161.3.4 Karl Marx Sociologia crtica e econmica .....................................161.3.5 Gabriel Tardew Teoria da imitao psicossociologia .....................181.3.6 Emile Durkheim Realismo Sociolgico ..........................................191.3.7 Georg Simmel Formalismo sociolgico .........................................211.3.8 Leopold Von Wiese Sociologia das relaes sociais .......................221.3.9 Vilfredo Pareto Mecanismo sociolgico .......................................231.3.10 Max Weber Sociologia compreensiva .........................................241.3.11 Pitrim Aleksandrovich Sorokin - Teoria das Flutuaes dos Sistemas Socioculturais e da Mobilidade Social.......................................................261.3.12 Karl Mannheim Relacionismo sociologico..............................271.3.13 Alfred Karl David Weber Sociologia da cultura ...........................281.3.14 Hans Freyer Epistemologia sociolgica ........................................281.3.15 Georges Gurvitch Sociologia profunda........................................291.3.16 Alfred Sauvy Sociologia demogrfica .........................................301.3.17 Jacob Moreno - Sociometria ..........................................................301.3.18 Talcott Parsons Teoria da ao social ...........................................31

    Leitura Complementar ...................................................................................................33

    2. Conceituao de Cincias Sociais e Sociologia ...........................................................342.1 Fundamentos da Sociologia ...........................................................................352.2 Os Trs Nveis do Conhecimento Cientfico ...................................................362.3 Sociologia Geral ............................................................................................362.4 Sociologias Especiais .....................................................................................372.5 Histria da Sociologia ...................................................................................37

    Leitura Complementar ...................................................................................................39

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    3. Educao Como Objeto de Estudo Sociolgico .........................................................413.1 O Que Sociologia da Educao? ................................................................423.2 Importncia da Sociologia da Educao Para o Educador ..............................423.3 Conceito Sociolgico de Educao ................................................................433.4 Anlise da Educao ....................................................................................433.5 A Escola como Instrumento Social .................................................................443.6 Funes Sociais da Educao ........................................................................46

    Leitura Complementar ...................................................................................................48

    4. Sociologia e Sociedade ..............................................................................................494.1 A Sociologia e o Cotidiano ............................................................................504.2 A Relao Indivduo-Sociedade ....................................................................504.3 Weber e a Ao Social ..................................................................................524.4 Marx e as Classes Sociais ...............................................................................55

    Leitura Complementar ...................................................................................................57

    5. O estudo sociolgico da escola. .................................................................................595.1 A Escola Como Grupo Institudo ...................................................................605.2 A Estrutura da Escola .....................................................................................605.3 Formas de Agrupamento de Educandos ........................................................615.4 A interao entre Educadores e Alunos .........................................................62

    5.4.1 Mecanismo de Sustentao dos Agrupamentos ...............................625.5 Escolas Tradicionais .......................................................................................635.6 Escolas No-Tradicionais ...............................................................................645.7 A Subcultura Eescolar....................................................................................65

    Leitura Complementar ...................................................................................................67

    6. Sociedade, Educao e Vida Moral.. ..........................................................................686.1 O homem Faz a Sociedade ou a Sociedade Faz o Homem? ..........................686.2 A Sociedade na Mente de Cada Um .............................................................716.3 A Diferenciao da Sociedade ......................................................................716.4 Educao Para a Vida ....................................................................................736.5 Sociologia, Sociedade e Educao.................................................................746.6 Interao Social: Processos Bsicos ...............................................................74

    Leitura Complementar ...................................................................................................82Palavra Final...................................................................................................................84Referncias ....................................................................................................................85Sobre os Autores ...........................................................................................................87

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    Para Comear...

    Prezado(a) Aluno(a),

    Convidamos voc a iniciar os estudos de mais esta disciplina que compe a estrutura curricular do seu curso. Uma disciplina de tanta importncia quanto todas estudadas at aqui, ou as prximas que viro para a sua slida formao enquanto profissional da educao e enquanto cidado.

    A disciplina de Sociologia da Educao proporcionar ao aluno uma srie de reflexes e aprofundamentos que nortearo a sua vida acadmica. Os contedos programticos sero relevantes para a sua formao profissional e, ao mesmo tempo, ser ponte para o estudo das demais disciplinas.

    O contedo dessa disciplina foi formulado a partir de uma bibliografia especializada sobre o tema, com o objetivo de orientar suas pesquisas, anlises e reflexes, bem como facilitar a fixao dos contedos propostos.

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    Objetivo da Disciplina

    Instrumentalizar o acadmico no desenvolvimento de uma reflexo crtica sobre as mais diversas relaes sociais, educacionais e polticas da sociedade contempornea para alm do mbito formal da escola, capacitando o discente a relacionar sua experincia como educador escolar com as transformaes sociais que ocorrem a sua volta.

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    UNIDADE I

    SOCIOLOGIA:

    BREVE HISTRICO

    Objetivos especficos da unidade:

    Conhecer a sociologia e seus principais tericos.

    Levar o aluno reflexo das teorias sociolgicas.

    Entender a constituio do pensamento sociolgico.

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    1.1 Introduo

    A sociologia, no contexto do conhecimento cientfico, surgiu como um corpo de ideias voltadas para a discusso do processo de constituio e consolidao da sociedade moderna. A sociologia propriamente dita fruto da Revoluo Industrial, e por esse motivo chamada de cincia da crise crise que essa revoluo gerou em toda a sociedade europeia. No contexto da educao, a sociologia da educao um ramo da sociologia geral que se ocupa dos fatos sociais relacionados educao.

    Assim, a sociologia da educao estuda:

    - A educao como processo social global que ocorre em toda a sociedade;

    - Os sistemas escolares, ou seja, o conjunto de uma rede de escolas e sua estrutura de sustentao, como partes do sistema social global.

    - A escola como unidade sociolgica.

    - A sala de aula como subgrupo de ensino.

    - O papel do professor.

    Desta forma, importante ressaltar a importncia da sociologia da educao com relao a outros estudos, por se tratar de explicar o processo de relao indivduo-sociedade, via socializao. O objetivo, neste sentido, lev-lo a compreender a importncia da sociologia no contexto educacional, na vida do indivduo e despert-lo para discusses futuras a partir do embasamento terico que essa disciplina nos proporciona. Este trabalho teve como metodologia, estudo e anlise dos contedos a serem desenvolvidos neste mdulo, tais como A educao como objeto de estudo sociolgico; Sociologia, Sociedade e Educao/Interao Social: Processos Bsicos; Sociologia e Sociedade; Sociedade, Educao e Vida Moral, e o Estudo Sociolgico da Escola.

    Portanto, a melhor compreenso desses conceitos bsicos da sociologia a educao, no que se refere ao seu papel na sociedade e sua importncia na vida do indivduo, sero certamente coesas com o entendimento no decorrer do desenvolvimento dos captulos aqui apresentados.

  • 11Sociologia da Educao

    1.2 Histrico

    Nesta primeira unidade, usaremos o texto do professor Jaime Roberto Thomaz como referncia para nossos estudos. Thomaz faz uma sntese histrica da sociologia que nos ajudar a entend-la melhor.

    Sociologia o estudo do comportamento social das interaes e organizaes humanas. Todos ns somos socilogos porque estamos sempre analisando nossos comportamentos e nossas experincias interpessoais em situaes organizadas. O objetivo da sociologia tornar essas compreenses cotidianas da sociedade mais sistemticas e precisas, medida que suas percepes vo alm de nossas experincias pessoais.

    A sociologia estuda todos os smbolos culturais que os seres humanos criam e usam para interagir e organizar a sociedade; ela explora todas as estruturas sociais que ditam a vida social, examina todos os processos sociais, tais como desvio, crime, divergncia, conflitos, migraes e movimentos sociais, que fluem atravs da ordem estabelecida socialmente; e busca entender as transformaes que esses processos provocam na cultura e estrutura social.

    ____________________________________________________________________

    O sculo XVIII pode ser considerado um perodo de grande importncia para a histria do pensamento ocidental e para o incio da Sociologia. A sociedade vivia uma era de mudanas de impacto em sua conjuntura poltica, econmica e cultural, que trazia novas situaes e tambm novos problemas.

    Consequentemente, esse contexto dinmico e confuso contribui para eclodirem duas grandes revolues a Revoluo Industrial, na Inglaterra e a Revoluo Francesa.

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    Atravs dos tempos, o homem pensou sobre si mesmo e sobre o universo. Contudo, foi apenas no sculo XVIII que uma confluncia de eventos na Europa levou emergncia da sociologia. Quando os antigos sistemas feudais comearam a abrir caminho ao trabalho autnomo, que promovia a indstria nas reas urbanas, e quando novas formas de governo comearam a desafiar o poder das monarquias, as instituies da sociedade - emprego e receita, planos de benefcios, comunidade, famlia e religio - foram alteradas para sempre. Como era de se esperar, as pessoas ficaram inquietas com a nova ordem que surgia e comearam a pensar mais sistematicamente sobre o que as mudanas significavam para o futuro. O movimento intelectual resultante denominado de Iluminismo. Ainda outra influncia por trs do surgimento da sociologia a Revoluo Francesa, de 1789 acelerou o pensamento sistemtico sobre o mundo social. A violncia da revoluo foi um choque para toda a Europa, pois, se tal violncia e influncia puderam derrubar o velho regime, o que houve para substitu-lo? Como a sociedade poderia ser reconstruda a fim de evitar tais eventos cataclsmicos? neste ponto, nas dcadas finais do sculo XVIII e incio do XIX, que a sociologia como uma disciplina autoconsciente foi planejada.

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    1.3 Teoria Sociolgicas

    1.3.1 Augusto Comte Positivismo

    O positivismo foi uma corrente filosfica, linha terica da sociologia, cujo mentor e iniciador principal foi Auguste Comte, no sculo XIX. Apareceu como reao ao idealismo, opondo ao primado da razo, o primado da experincia sensvel (e dos dados positivos). Prope a ideia de uma cincia sem teologia ou metafsica, baseada apenas no mundo fsico/material.

    A filosofia positiva ou positivismo corresponde a uma forma de entendimento do mundo, do homem e das coisas em geral: ele entende que os fenmenos da natureza acham-se submetidos a leis naturais, que a observao descobre que a cincia organiza e que a tecnologia permite aplicar, preferencialmente em benefcio do ser humano. As leis naturais existem nas vrias categorias de fenmenos, que Augusto Comte distinguiu em sete: h fenmenos matemticos, astronmicos, fsicos, qumicos, biolgicos, sociais e psicolgicos.

    Estas categorias de fenmenos envolvem a totalidade dos fenmenos naturais que o Positivismo reconhece como, todos eles, submetidos a leis naturais.

    O Positivismo considera que, quanto ao entendimento dos fenmenos, quanto forma de explicar o mundo, o progresso da humanidade consistiu em partir-se da concepo teolgica e chegar-se filosofia positiva. O esprito humano, em seu esforo para explicar o universo, passa sucessivamente por trs estados:

    a) O estado teolgico ou fictcio explica os fatos por meio de vontades anlogas nossa (a tempestade, por exemplo, ser explicada por um capricho do deus dos ventos, Eolo). Este estado evolui do fetichismo ao politesmo e ao monotesmo.

    b) O estado metafsico substitui os deuses por princpios abstratos como o horror ao vazio, por longo tempo atribudo natureza. A tempestade, por exemplo, ser explicada pela virtude dinmica do ar.

    c) O estado positivo aquele em que o esprito renuncia a procurar os fins ltimos e a responder aos ltimos por qus.

  • 13Sociologia da Educao

    O Positivismo fez grande sucesso na segunda metade do sculo XIX, mas, a partir da ao de grupos contrrios, perdeu influncia no sculo XX. Todavia, desde fins do sculo XX ele tem sido redescoberto como uma forma de perceber o homem e o mundo, a cincia e as relaes sociais.

    O positivismo teve fortes influncias no Brasil, tendo como sua representao mxima, o emprego da frase positivista Ordem e Progresso, extrada da frmula mxima do Positivismo: O amor por princpio, a ordem por base, o progresso por fim, em plena bandeira brasileira. A frase tenta passar a imagem de que cada coisa em seu devido lugar conduziria para a perfeita orientao tica da vida social.

    Leia um pouco mais...

    Texto: Auguste Comte, o homem que quis dar ordem ao mundo

    Disponvel em: http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/auguste-comte-423321.shtml

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    1.3.2 Herbert Spencer Evolucionismo e Organicismo

    Spencer, um dos pioneiros da sociologia, influi profundamente no desenvolvimento da sociologia, no s na Inglaterra, como tambm, na Frana e nos EUA. Defende o evolucionismo. Para sustent-lo, empregou um mtodo comparativo, do qual foi um dos pioneiros, bem como usou dados etnolgicos. Utilizou dados da histria, da psicologia e da biologia. Desta ltima, se serviu para desenvolver a sua teoria organicista.

    Estava convencido de que a sociologia deve proceder comparando grupos sociais histricos, de modo a descobrir o que tem em comum. Faz questo de salientar que a evoluo social no depende da vontade humana. Tanto a evoluo social, como o progresso, so necessrios, no dependendo do homem.

    Como Comte, Spencer acreditava que os agrupamentos humanos podiam ser estudados cientificamente, e em seu notvel trabalho Os Princpios da Sociologia (1874-1896), desenvolveu uma teoria de organizao social do homem, apresentando uma vasta srie de dados histricos e etnogrficos para fundament-la. Para Spencer, todos os domnios do universo fsico, biolgico e social - desenvolvem-se segundo princpios semelhantes. A tarefa da sociologia, ento, aplicar esses princpios ao que ele denominou de campo super orgnico, ou o estudo dos padres de relaes dentre os organismos.

    Spencer retorna a questo de Comte: o que mantm unida a sociedade quando esta se torna maior, mais heterognea, mais complexa e mais diferenciada? A resposta de Spencer em termos gerais, foi muito simples: sociedades grandes complexas, desenvolvem: 1) interdependncias dentre seus componentes especializados; e 2) concentraes de poder para controlar e coordenar atividades dentre unidades interdependentes. Para Spencer, a evoluo da sociedade engloba o crescimento e a complexidade que gerenciada pela interdependncia e pelo poder. Se os padres da interdependncia e concentraes de poder falham ao surgir na sociedade, ou so inadequados tarefa, ocorre a dissoluo, e a sociedade se desmorona. Ao desenvolver resposta questo bsica de Comte, Spencer fez uma analogia aos corpos orgnicos, argumentando que as sociedades, como organismos biolgicos, devem desempenhar certas funes-chave se elas quiserem sobreviver. As sociedades devem reproduzir-se; devem produzir bens e produtos para sustentar os membros;devem prover a distribuio desses produtos aos membros da sociedade; e elas devem coordenar e regular as atividades dos membros. Quando as sociedades crescem e se tornam mais complexas, revelando muitas divises e padres de especializao, estas funes

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    chave tornam-se distintas ao longo de trs linhas: 1) a operacional (reproduo e produo), 2) a distribuidora (o fluxo de materiais e informao), 3) a reguladora (a concentrao de poder para controlar e coordenar).

    Spencer mais bem lembrado por instituir uma teoria na sociologia conhecida como funcionalismo. Essa teoria expressa a ideia de que tudo o que existe em uma sociedade contribui para seu funcionamento equilibrado; de que tudo o que nela existe tem um sentido, um significado.

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    1.3.3 Le Play - Pioneiro do Mtodo Monogrfico

    Le Play tem o mrito de ter sido um dos primeiros a encarar o social dentro de uma perspectiva cientfica. Fez escola e foi um dos construtores da metodologia sociolgica. Tratando das cincias sociais, no formulou concluses apressadas, pois reconhecidas que s depois da observao dos fatos se podem atingir resultados aceitveis. Para atingi-los, imaginou uma tcnica a monografia, da qual pioneiro.

    Estabelecendo o elemento mais simples da sociedade, o socilogo deve evitar o estabelecimento de concluses apressadas, logo aps suas observaes. No se deve limitar-se a observar seu meio. Deve preferir observar grupos sociais que no lhe so familiares, pois os que lhe esto prximas podem ser vistos luz do prisma de suas crenas ou preferenciais. Deve-se afastar de seu habitat, conhecer povos diferentes, enfim, viajar.

    1.3.4 Karl Marx Sociologia crtica e econmica

    Economista, filsofo e socialista, Karl Marx nasceu em Trier, Alemanha, em 05 de maio de 1818, e faleceu em Londres no dia 14 de maro de 1883. Em 1844 conhece Friedrich Engels: o comeo de uma grande amizade. Em 1848, Marx e Engels publicaram o folheto O Manifesto Comunista, primeiro esboo da teoria revolucionria que, mais tarde, seria chamada marxista. Em 1867 publicou o primeiro volume da sua obra principal: O Capital.

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    O ponto de partida do pensamento marxista a conscincia de que toda histria humana parte da existncia de seres humanos vivos, onde, partindo deste princpio valorizao do homem buscam alcanar as transformaes necessrias para uma sociedade mais justa, igualitria e humana. A teoria marxista tambm procura explicar a evoluo das relaes econmicas nas sociedades humanas ao longo da histria a histria da humanidade seria constituda por uma permanente luta de classes.

    Em sua obra O Capital, Marx analisa em profundidade a gnese e o desenvolvimento das categorias que estruturam a sociedade burguesa ou capitalista, bem como as possibilidades de superao das mesmas (LAKATOS, 1998).

    O modo de produo do capital s pode existir quando se generaliza a produo de mercadorias. Isto quer dizer que todos os bens produzidos pelo trabalho somente realizam sua utilidade, que satisfazer necessidades humanas, Mediante a troca. Esses bens no so apropriados e consumidos segundo as necessidades, mas atravs da troca, ou seja, se os homens no possurem mercadorias esto excludos do processo de troca e, por conseguinte, impedidos de satisfazerem suas necessidades vitais. O processo de produo da existncia resume-se, portanto, a um processo de produo de mercadorias.

    O capital pressupe a formao de duas classes sociais opostas e complementares: Burguesia (Interesse em produzir para obter lucros) e o Proletariado (Vende a sua fora de trabalho para obteno dos meios de subsistncia para a manuteno da prpria vida). O salrio refere-se ao tempo de trabalho necessrio para a produo da fora de trabalho, do qual constam os tempos necessrios para a produo de todos os meios de subsistncia para a manuteno da vida dos trabalhadores.

    A fora de trabalho remunerada pelo seu valor; no entanto, ela produz um valor maior do que o seu prprio valor, que corresponde a outra parcela da jornada de trabalho. Esse excedente que Marx denomina de mais valia se produz durante a jornada institucionalizada de trabalho. Trata-se de um trabalho no pago, de modo que a origem do capital se fundamenta na apropriao privada do trabalho excedente.

    Segundo Marx, as caractersticas fundamentais do capitalismo so: Generalizao da produo de mercadorias; Valor de troca; Separao entre produtores diretos e os meios de produo; Transformao da fora de trabalho em mercadoria. A Produo de mercadorias visa o lucro.

    Marx queria a inverso da pirmide social: o Proletariado sobre a Burguesia. Ele acreditava que a inverso da pirmide social era a nica fora capaz de destruir a sociedade capitalista e construir uma nova sociedade socialista. Tentou demonstrar que no capitalismo sempre haveria injustia social, e que o nico jeito de uma pessoa ficar rica e ampliar a sua fortuna seria explorando os trabalhadores, ou seja, o capitalismo, que de acordo com Marx agressivo.

    O Estado tratado por Marx e Engels como o poder pblico dominado pela classe que detm o poder sobre os meios de produo. Significa, portanto, que se as classes desaparecerem esse poder pblico perde o seu carter de classe (poder poltico), mas no deve desaparecer enquanto poder pblico. Seria uma ingenuidade pensar que a sociedade comunista de Marx e Engels vai eliminar os conflitos e as disputas entre os homens. O que ela se prope a eliminar so os conflitos de classe, enquanto fundamento das desigualdades, das injustias sociais, da opresso e da alienao a que esto submetidos os homens na sociedade capitalista.

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    H ainda outra importante faceta do trabalho de Marx: a funo militante do socilogo. O objetivo da anlise expor a desigualdade e a explorao em situaes sociais e, assim fazendo, desempenhar papel militante para superar essas condies. Os socilogos no devem apenas ficar na platia; eles devem trabalhar para mudar o mundo social de modo a reduzir as desigualdades e a dominao de um segmento da sociedade pelo outro. Marx prope a superao do modo de produo capitalista a uma nova forma de produo com base no coletivismo. Esse programa permanece ainda como fonte de inspirao para muitos socilogos que participam como militantes no mundo social.

    1.3.5 Gabriel Tarde - Teoria da imitao/Psicossociologia

    Tarde reduziu os fenmenos sociais a processos mentais, principalmente imitao, que teria sua origem na inveno. Esta produtora das transformaes sociais, seria individual, dependo de poucos, enquanto a imitao, coletiva, necessitando sempre de mais de uma pessoa. Assim, o processo social caracteriza-se pela inveno de poucos e imitao de mitos.

    Portanto, para o socilogo francs Gabriel Tarde, no h vida social sem imitao. Na sua definio, sociedade uma coleo de seres com tendncia a se imitarem entre si, ou que, sem se imitarem, atualmente se parecem, e suas qualidades comuns so cpias antigas de um mesmo modelo. Tarde vai alm, de forma bem clara: ns imitamos os outros a cada instante, a no se que ns inovemos, o que raro. Muito raro: pois nossas inovaes so em sua maior parte combinaes de exemplos anteriores e permanecem estranhas vida social se no forem imitadas.

    Para ele, no h outra realidade seno a existncia de conscincias individuais. Os indivduos, por sua vez, no se unem uns aos outros seno a partir do momento em que adotam um modelo de referncia e imitam esse modelo. Esta imitao no se faz sem resistncia, sem oposio; mas ela que permite a adaptao social, a vida em sociedade, o liame social.

    A obra de Tarde vem sendo objeto de reedies e comentrios, pois sua temtica, ao discutir a imitao, a inveno, o pblico, as multides e os meios de comunicao, mostra-se de uma atualidade contundente, aportando paradigmas plenamente vlidos, como ferramentas a servio daqueles a quem cabe interpretar a realidade, o direito e a sociedade.

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    1.3.6 Emile Durkhiem Realismo Sociolgico

    Durkheim assistiu e participou de acontecimentos marcantes e que podemos notar diretamente em sua obra, pelas consequncias diretas da derrota francesa e das dvidas humilhantes da guerra, e por uma srie de medidas de ordem poltica.

    Vivenciou momento de crises econmicas, que provocaram conflitos entre as classes trabalhadoras e os proprietrios dos meios de produo, influenciando assim, sua afirmao de que os problemas da sociedade europia eram morais e no econmicos, acontecendo frequentemente devido fragilidade da poca.

    Desenvolveu um mtodo prprio para seus estudos, incluindo o suicdio, devido ao enorme ndice constatado por ele. Acreditava tambm, que os seus estudos pudessem ajudar a sociedade futuramente.

    Ele parte do princpio que o homem seria apenas um animal selvagem que s se tornou Humano porque se tornou socivel, ou seja, foi capaz de aprender hbitos e costumes caractersticos de seu grupo social para poder conviver no meio deste. A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de Socializao, a conscincia coletiva seria ento formada durante a nossa socializao e seria composta por tudo aquilo que habita nossas mentes e que serve para nos orientar como devemos ser, sentir e nos comportar. E esse tudo ele chamou de Fatos Sociais, e disse que esses eram os verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.

    A sociedade no seria simplesmente a realizao da natureza humana, mas, ao contrrio, aquilo que considerado natureza humana , na verdade, produto da prpria sociedade. Os fenmenos sociais so considerados por Durkheim como exteriores aos indivduos, e devem ser conhecidos no por meio psicolgico, pela busca das razes internas aos indivduos, mas sim externamente a ele na prpria sociedade e na interao dos fatos sociais. Fazendo uma analogia com a biologia, a vida, para Durkheim, seria uma sntese, um todo maior do que a soma das partes, da mesma forma que a sociedade uma sntese de indivduos que produz fenmenos diferentes dos que ocorrem nas conscincias individuais (isto justificaria a diferena entre a sociologia e a psicologia).

    Para Durkheim, os fatos sociais possuem uma realidade objetiva e, portanto, so passveis de observao externa. Devem, desta forma, ser tratados como coisas. Caractersticas dos fatos sociais: Generalidade: a comunho no pensar, agir e sentir de um grupo de pessoas. Todos tm os mesmos comportamentos, seguem os mesmos parmetros e limites; Exterioridade: aquele fato que este intrnseco no indivduo. Mesmo que o indivduo queira roubar, matar ou cometer qualquer ato ilcito, ele no o far, mas no por que est proibido pela lei para tais atos, mas por estar acima de sua vontade o limite do que pode ou no ser feito; coercitividade:

  • 20 Sociologia da Educao

    a obrigao do indivduo a seguir determinada orientao, conceito ou norma j preestabelecida pela sociedade (Estado).

    Durkheim inverte a viso filosfica de que a sociedade a realizao de conscincias individuais. Para ele, as conscincias individuais so formadas pela sociedade por meio da coero. A formao do ser social, feita em boa parte pela educao, a assimilao pelo indivduo de uma srie de normas, princpios morais, religiosos, ticos, de comportamento etc. que balizam a conduta do indivduo na sociedade. Portanto, o homem, mais do que formador da sociedade, um produto dela.

    Leia um pouco mais...

    Texto: mile Durkheim, o criador da sociologia da educao

    Disponvel em: http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/criador-sociologia--educacao-423124.shtml

  • 21Sociologia da Educao

    1.3.7 Georg Simmel - Formalismo Sociolgico

    Simmel fez sociologia dentro do ponto de vista filosfico. Destacou-se como um dos representantes do movimento filosfico que dominava nos meios universitrios alemes: o neokantismo.

    Portanto, Simmel trouxe para a sociologia a filosofia de Kant. Pensou em construir uma sociologia capaz de fornecer viso unitria do social, apesar da infinita variedade das relaes sociais. Diferenciou-se no campo do estudo dos fenmenos sociais em razo de seu interesse pela anlise microssociolgica, que se refere investigao da sociedade, mas a partir das aes e reaes dos atores sociais em interao.

    A sociologia formal uma perspectiva terica que est muito prxima da chamada sociologia da ao, e ambas se contrapem s concepes tericas de carter macrossociolgico, como o estruturalismo, o funcionalismo e o neomarxismo. A partir das concepes filosficas kantianas, Simmel concluiu que a realidade social extremamente complexa, e at certo ponto catica, em relao aos significados. O conhecimento dos fenmenos sociais, que ocorrem imersos nessa realidade e que interessam ao cientista social, s so passveis de serem apreendidos (ou compreendidos), mediante a adoo de categorias ou modelos analticos.

    Estes servem para ordenar o pensamento, de modo que se possa interrogar e interpretar a realidade. Um modelo ou categoria analtica uma simplificao do real porque opera com base na abstrao, em um esforo de separao dos fenmenos sociais que esto imersos na complexa realidade social, tanto em seus aspectos sociolgicos como histricos. De acordo com Simmel, os modelos e categorias analticas no so proposies arbitrrias e nem recursos empregados apenas pelos cientistas sociais que interrogam o real, pois so tambm utilizados pelos prprios indivduos que integram a sociedade, como recurso de ao e interao social. Simmel abriu as portas para a sociologia analtica e teve o mrito de ter despertado o interesse dos socilogos pelo processo de conflito.

  • 22 Sociologia da Educao

    1.3.8 Leopold Von Wiese - Sociologia das Relaes Sociais

    Von Wiesse seguiu, de modo geral, as linhas fundamentais do formalismo sociolgico instaurado por Simmel, porm, e nisso est a sua originalidade, sem os pressupostos filosficos deste. Denomina- se a sua teoria de Sociologia das Relaes Sociais, a fim de evitar confuses com o formalismo filosfico de Simmel.

    Comea definindo a Sociologia que para ele a cincia autnoma como estudo da socialificao e da dissocialificao. a cincia que gira em torno de processos, distncias e formaes sociais.

    O objeto da Sociologia dado pelos processos sociais ou inter-humanos. Da sua tarefa consistir em: 1 abstrair o social ou inter-humano do resto da vida humana; 2 constatar os efeitos do social e o seu modo de produo; 3 restituir o social ao conjunto da vida humana para tornar compreensveis suas relaes com esta.

    Von Wiese pensa que, no plano social, os homens ou se unem entre si (aproximam-se), ou se evitam (afastam-se). Aproximao e afastamento ou separao, eis, pois, as formas fundamentais de relaes sociais.

  • 23Sociologia da Educao

    1.3.9 Vilfredo Pareto - Mecanicismo Sociolgico

    As ideias de Pareto podem ser classificadas na corrente do pensamento sociolgico conhecida por mecanicismo sociolgico, que originaria do sculo XIX, , juntamente com o mecanicismo filosfico, influenciada pelo progresso das Cincias Fsico-Qumicas, alcanado no sculo passado.

    Pareto, como os demais mecanicistas, pesando com categorias, terminologia, leis da fsica e da mecnica, fez tambm largo uso do pensamento matemtico. Da ter empregado equaes, smbolos e raciocnio matemtico no desenvolvimento de sua teoria. Devido a tal modo de pensar, afirma ser ele um dos fundadores da sociologia Matemtica.

    Matemtica e mecnica, eis, pois, os pressupostos de sua teoria, que, combinados com a observao, essencial aos fenmenos sociais, levaram Pareto a estabelecer uma metodologia que transforma a sociologia em cincia lgico-experiemental.

    A sociologia, diz Pareto, deve-se fundar no em dogmas ou em axiomas, mas na experincia e na observao. Desta forma, props estudar os fatos sociais com nico fim de descobrir suas uniformidades (leis) e as relaes que os entrelaam. Em 1897, executou um estudo sobre a distribuio de renda e de riquezas em diferentes pases. Atravs deste estudo concluiu que uma minoria (20%) das pessoas controlam a grande maioria (80%) da riqueza. O efeito de Pareto pode ser observado tambm no Controle de Qualidade onde normalmente 80% dos problemas se originam de apenas 20% das causas.

    O grfico de Pareto utilizado para mostrar a ao do princpio. Os dados so colocados de tal forma que os poucos fatores que causam a maioria dos problemas podem ser observados.

    Na sociologia, Pareto contribuiu para a elevao desta disciplina ao estatuto de cincia. Sua recusa em atribuir um carter utilitrio, cincia, mas antes apontar para sua busca pela verdade independente de sua utilidade, o faz distinguir como objeto da sociologia as aes no-lgicas diferentemente do objeto da economia como sendo as aes lgicas. O homem para Vilfredo Pareto no um ser racional, mas um ser que raciocina to somente. Frequentemente este homem tenta atribuir justificativas pretensamente lgicas para suas aes ilgicas, deixando-se levar pelos sentimentos.

  • 24 Sociologia da Educao

    1.3.10 Max Weber - Sociologia Compreensiva

    Socilogo e economista, poltico alemo, um dos fundadores da sociologia moderna, acadmico cujos estudos do capitalismo, de religies comparadas, de sistemas de classes e sistemas sociais, juntamente com as suas contribuies a metodologia das cincias sociais, ainda so de grande importncia.

    Na opinio de Weber, a tendncia da civilizao do ocidente tem sido rumo racionalizao, conduzida pela crena no progresso por intermdio da razo, que abriu caminho para o desenvolvimento das organizaes sociais, polticas e econmicas que divergem da maioria das outras culturas.

    Essa opinio est expressa de maneira marcante na obra mais famosa e controversa de Weber, A tica Protestante e o Esprito do Capitalismo (1904-1905). Nela, Weber atribua a ascenso e o crescimento do capitalismo - fenmeno claramente ocidental que s h pouco tempo foi exportado para o resto do mundo em parte, tica prtica contida na teologia protestante, em especial na teologia calvinista.

    Weber procurou criar uma metodologia vlida para a sociologia fundamentada em valor-liberdade, a fuga dos juzos de valor que compromete a pesquisa; a construo de tipos ideais, ou conceitos generalizados, em comparao aos que se possam analisar os sistemas e os fenmenos; e o que ele chamava de Verstehen entendimento em alemo, mas que tambm implica a interpretao das atividades sociais segundo seu significado subjetivom tanto para os agentes, quanto para o pesquisador.

    O mtodo compreensivo, defendido por Weber, consiste em entender o sentido que as aes de um indivduo contm e no apenas o aspecto exterior dessas mesmas aes. Se, por exemplo, uma pessoa d a outra um pedao de papel, esse fato, em si mesmo, irrelevante para o cientista social. Somente quando se sabe que a primeira pessoa deu o papel para a outra como forma de saldar uma dvida (o pedao de papel um cheque) que se est diante de um fato propriamente humano, ou seja, de uma ao carregada de sentido. O fato em questo no se esgota em si mesmo e aponta para todo um complexo de significaes sociais, na medida em que as duas pessoas envolvidas atribuem ao pedao de papel a funo do servir como meio de troca ou pagamento; alm disso, essa funo reconhecida por uma comunidade maior de pessoas.

  • 25Sociologia da Educao

    O objeto da Sociologia a ao social. Ao social a conduta humana dotada de sentido (justificativa subjetivamente elaborada). importante diferenciar ao social de relao social. No primeiro caso, a ao orientada pela conduta do outro. Na Segunda a ao orientada pelo sentido compartilhado reciprocamente por um grupo de agentes.

    Tipos de ao social: Ao racional com relao a um objetivo (tem um fim previamente determinado). Ex: a ao poltica. Ao racional com relao a valor (relacionado moral). Ex: condutas ligadas s manifestaes religiosas. Ao afetiva ( ditado pelo estado de conscincia ou humor do sujeito). Ex: o cime entre os casais. Ao tradicional (ditado por valores culturais absorvidos pelo sujeito como naturais, obedecendo a reflexos). para orientar o cientista na compreenso da ao social e, consequentemente dos fenmenos sociais que faz-se necessrio a construo do tipo ideal. Para ele a sociedade no paira sobre os indivduos e nem lhes superior. As regras e normas sociais so resultados de um conjunto complexo de aes individuais, nas quais os indivduos escolheriam diferentes formas de conduta. H portando um privilgio da parte (indivduo) sobre o todo (sociedade)

    A sociologia weberiana concebe a sociedade como um eterno fluir, um conjunto inesgotvel de acontecimentos que aparecem e desaparecem, estando sempre em movimento devido a um elemento bsico: a ao social que implica uma concepo do homem como indivduo ativo a partir de um processo de conexo valorativa do homem visando o real.

    A contribuio de Weber para a Sociologia:

    Abuscadaanlisehistricaedacompreensoqualitativaparaacompreensodosprocessoshistricos e sociais.

    Descobertadasubjetividadenaaoepesquisasocial.

    Desenvolveuumaformadeanliseespecficaparaascinciassociais,diferenciando-adascinciasexatas e da natureza.

    Desenvolveutrabalhosnareadehistriaeconmica,buscandoasleisdedesenvolvimentodassociedades.

    Estudouasrelaesentreomeiourbanoeoagrrio.

  • 26 Sociologia da Educao

    1.3.11 Pitrim Aleksandrovich Sorokin - Teoria das Flutuaes dos Sistemas Socioculturais e da Mobilidade Social

    Sorokin preocupou-se com o processo de civilizao, ou seja, estudou a dinmica das civilizaes, independente das sociedades que s produziram ou que a elas serviram de suporte.

    Sorokin levou a cabo um estudo profundo do que diferentes povos consideraram como valioso durante a histria. Dividiu os sistemas de valores humanos em duas categorias principais que denominou de emprica e idealista. O sistema de valores emprico atribui valor ao que pode ser percebido pelos sentidos fsicos. O sistema de valores idealista atribui valor a conceitos intelectuais e espirituais. Sorokin descobriu que o que considerado valioso pelas pessoas influncia suas crenas, suas estruturas sociais e polticas e tambm sua arte.

    Os povos que mantm o ponto de vista emprico chegam sua verdade por meio da observao fsica e crem que a relao entre causa e efeito invarivel e determinada inteiramente pelo acaso. Os povos que mantm o ponto de vista idealista chegam verdade por inspirao ou revelao de Deus e crem que as causas verdadeiras se encontram em um mundo alm do mundo sensorial. Os povos que mantm a viso emprica identificam o bem com a felicidade, os povos que mantm a viso idealista crem que o bem est determinado por princpios. Os povos que mantm a viso emprica atribuem ao indivduo uma importncia capital e crem que a sociedade valiosa somente na medida em que ajuda o indivduo a alcanar a satisfao completa de seus impulsos egocntricos. Os ricos, os militares ou aqueles que dominam materialmente so os dirigentes da sociedade emprica. Os povos que mantm a viso idealista crem que o bem global prioritrio e os direitos individuais podem ser suspensos em benefcio do todo. Os sacerdotes ou lderes espirituais dirigem a sociedade idealista.

    Sorokin tem o mrito de ter feito profunda anlise do aspecto interior do social, principalmente da intencionalidade.

  • 27Sociologia da Educao

    1.3.12 Karl Mannheim - Relacionalismo Sociolgico

    Socilogo hngaro Karl Mannheim foi um dos grandes impulsionadores da Sociologia do Conhecimento. Na sua obra Ideologia e Utopia, publicado em 1929, faz uma abordagem inovadora da relao entre o conhecimento e a realidade, afirmando que esta relao que determina o contedo das ideias. Merece tambm destaque o seu contributo na divulgao da sociologia nos Estados Unidos e na Inglaterra, transportando-a, pela primeira vez, para fora da esfera germnica.

    O marxismo exerceu inicialmente uma forte influncia sobre o pensamento de Mannheim, mas acabou abandonando-o, em parte por no acreditar que fossem necessrios meios revolucionrios para atingir uma sociedade melhor. Seu pensamento assemelha-se em certos aspectos aos de Hegel e Comte: acreditava que, no futuro, o homem iria superar o domnio que os processos histricos exercem sobre ele. Foi tambm muito influenciado pelo historicismo alemo e pelo pragmatismo ingls.

    Segundo Mannheim, a influncia desses fatores da maior importncia e sua investigao deveria ser o objeto de uma nova disciplina: a sociologia do conhecimento. Cada fase da humanidade seria dominada por certo tipo de pensamento e a comparao entre vrios estilos diferentes seria impossvel. Em cada fase aparecem tendncias conflitantes, apontando seja para a conservao, seja para a mudana. A adeso primeira tende a produzir ideologias e a adeso segunda tende a produzir utopias.

    O pensamento de Mannheim foi criticado sob alegao de, atravs do historicismo, conduzir ao relativismo. Mannheim negou essa crtica, afirmando que o relativismo s existe dentro de uma concepo absolutista das ideologias ou de qualquer forma de pensamento.

  • 28 Sociologia da Educao

    1.3.13 Alfred Karl David Weber - Sociologia da Cultura

    Economista alemo, um socilogo e terico da cultura. Entre 1907 e 1933, foi professor na Universidade de Heidelberg at ser demitido por causa do seu criticismo a Hitler e sua ideologia. Foi reabilitado em 1945 e continuou a lecionar at 1958.

    Alfred Weber era irmo de Max Weber, socilogo, ainda mais influente. Weber apoiou a reintroduo da teoria e modelos causais ao campo da Economia, para complementar a anlise histrica. Nessa rea, o seu trabalho foi pioneiro na modelao da localizao industrial. Ele viveu num perodo em que a sociologia se tornou um campo cientfico autnomo.

    Alfred Weber manteve-se na linha da tradio da filosofia da histria. Nesta rea, fez contribuies com sua teoria analisando a mudana social na civilizao ocidental como uma confluncia de civilizao (intelectual e tecnolgica), processos sociais (organizaes) e cultura (arte, religio e filosofia). Levou a cabo anlises empricas e histricas acerca do crescimento e distribuio geogrfica das cidades e do capitalismo. Alfred Weber viveu na Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial, mas foi uma figura de destaque da oposio intelectual.

    1.3.14 Hans Freyer - Epistemologia Sociolgica

    Hans Freyer, formulou um sistema de Sociologia luz da filosofia de Hegel. Preocupa-se principalmente com o problema da natureza do objeto da sociologia e com o da prpria sociologia como cincia.

    Reconhece que sua obra uma combinao de filosofia com sociologia. Dentro do mais puro historicismo, considera o social essencialmente marcado e pelo histrico. Acha que a Sociologia cincia autentica, s quando efetivamente reconhece o carter histrico do social.

  • 29Sociologia da Educao

    A sociologia a auto-conscincia cientfica da realidade social. Desta forma, Freyer derruba o mito divisrio que separa filosofia da cincia. Igualmente filosfico o modo como ele v a sociedade: manifestao de verdadeira vontade, isto , do contedo essencial da vontade do presente. Elaborou assim uma teoria filosfica da sociedade, e no uma sociologia como cincia da realidade.

    1.3.15 Georges Gurvitch - Sociologia Profunda

    Georges Gurvitch , possivelmente, um dos ltimos pensadores sociais que tiveram a audcia de propor um sistema prprio de compreenso global do fenmeno humano, buscando uma unio entre uma filosofia pluralista, de origem fichteana, uma formao fenomenolgica e as aquisies da cincia social de inspirao mais positivista.

    Apesar dessa posio preeminente, Georges Gurvitch , e cada vez mais, um autor marginal em relao ao que se denomina, atualmente, sociologia cientfica. Esta marginalidade no somente uma questo de ponto de vista, mas de fato. Pode ser explicada, em primeira aproximao, pelo fato de que a moderna sociologia cientfica renunciou tentativa de elaborar sistemas globais ou globalizantes, em benefcio das teorias de alcance mdio, que partem da constatao do fato de que no existe, ainda, a suficiente acumulao de pesquisas que possa dar base a um sistema sociolgico suficientemente abrangente.

    O Pluralismo sociolgico de Gurvitch tem o mrito de destacar setores da realidade social at ento desapercebidos para os socilogos. Tal pluralismo amplia o campo e o objeto da sociologia. Mas, ao assim proceder, trouxe para a sociedade questes fronteirias com a Filosofia, com a histria, com a moral e com a psicologia, nas quais, na maioria da vezes, difcil ao socilogo se manter no campo puramente sociolgico.

  • 30 Sociologia da Educao

    1.3.16 Alfred Sauvy - Sociologia Demogrfica

    Na atualidade, um dos grandes trabalhos sobre a sociologia demogrfica foi feita por Sauvy, onde ela dividia em duas partes: uma que estuda, luz da economia, o problema da populao, e outra, denominada biologia social, que trata, sociologicamente, desta questo.

    Sauvy, depois de versar sobre a populao primitiva, ocupa-se demoradamente da populao da sociedade desenvolvida, analisada em funo da noo de populao tima.

    1.3.17 Jacob Moreno - Sociometria

    Psiquiatra judeu, nascido na Romnia do fim do sculo passado, Moreno cresceu em Viena - cidade- bero do Psicodrama e da Socionomia. Sua adolescncia foi marcada por dificuldades familiares e pelo fato de ser um judeu vivendo na Europa numa poca de profundas convulses sociais.

    As principais correntes ideolgicas do sculo XX rejeitavam a religio e repudiavam a ideia de uma comunidade baseada no amor, altrusmo, bondade e santidade. Ao contrrio, Moreno se colocou do lado de uma religio positiva. Sua ideologia se baseava em trs princpios. O primeiro dizia que a espontaneidade e a criatividade so as verdadeiras foras propulsoras do progresso humano; mais importantes, em sua opinio, que a libido e as causas scio-econmicas. O segundo dizia que o amor e o compartilhar mtuo so a base da vida em grupo. Enfim, o terceiro dizia que se podia construir uma comunidade dinmica baseada nesses princpios.

  • 31Sociologia da Educao

    Aps a Primeira Guerra Mundial, publicou A filosofia do aqui e agora e As palavras do pai, em que expe sua posio filosfico-religiosa. A esta ele sempre se manteve fiel. Mas sua linha de pensamento foi relegada para segundo plano pelos crculos intelectuais. No entanto, sua filosofia era a base terica das tcnicas de sociometria, psicodrama e terapia de grupo, que foram universalmente aceitas fora do contexto ideolgico que as inspirou. J para Moreno, sua doutrina constitua a parte mais revolucionria de seu trabalho. A sociometria funda-se em um dos aspectos do social: o emocional. Todavia a sociometria eficiente quando aplicada a pequenos grupos, apesar da perspectiva parcial com que encara fenmenos neles ocorridos. de grande utilidade quando aplicada em fbricas, estabelecimentos comerciais ou reparties com o objetivo de descobrir lderes, formar equipes, a fim de obter melhor produtividade. til tambm a colgios, universidades etc. assim, tcnica til sociologia industrial e educacional (LIBNEO, 2005).

    1.3.18 Talcott Parsons - Teoria da Ao social

    Talcott Parsons foi seguramente o socilogo norte-americano mais conhecido em todo o mundo. Em geral, seus crticos entenderam-no como um pensador conservador, preocupado basicamente com o bom ordenamento da sociedade, sem ter muita tolerncia para com a desconformidade ou a dissidncia dos que podiam manifestar-se contra ela. Sua obsesso era determinar a funo que os indivduos desempenhavam na estrutura social visando a excelncia das coisas. Era um estudioso da Estratificao Social, no da mudana ou da transformao.

    Considera-se que a concepo social dele tenha sido influenciada diretamente pelo antroplogo Bronislaw Malinowski, um funcionalista, fortemente marcado pela biologia, da verem em Parsons um admirador da organizao de um formigueiro, no qual o papel dos indivduos (das operrias rainha-me) est devidamente pr- determinado e ordenado em funo da manuteno e aperfeioamento de um sistema maior. A nova maneira de produzir os manufaturados comeou a ser adotada em larga escala a partir da Primeira Guerra Mundial, difundindo-se de modo impressionante nos anos de 1920 por boa parte do mundo. Pode-se ento dizer que Talcott Parsons foi, antes de tudo, o intelectual orgnico das novas tcnicas produtivas adotadas pelas indstrias: o taylorismo e o fordismo (PILETTI, 2003).

    Agindo ento tal como se fora um capataz de fbrica ou um engenheiro de produo, ele naturalmente via qualquer dissonncia, crtica, protesto ou greve, como algo perturbador, como um desvio, quando no uma expresso da patologia, que atrapalhava o todo. Para ele o

  • 32 Sociologia da Educao

    sistema, como qualquer outro corpo biolgico, no s era estvel como buscava ser harmonioso, equnime e consensual, tendo manifestado hostilidade perturbaes desencadeadas por ataques de bacilos. Desinteressando-se dos aspectos da transformao social sua inclinao deu-se em favor do equilbrio e do consenso. Naturalmente que isso o posicionou a entender o indivduo como expresso das estruturas, as quais ele devia manter e preservar. Caso isso no ocorresse, entravam em ao os mecanismos do Controle Social (moral, tica, sistema jurdico e penal etc.), como um instrumento preventivo ou corretivo.

    O objetivo de qualquer sociedade era alcanar a homeostasis, a manuteno da estabilidade, do equilbrio permanente, fazendo com que s pudssemos entender uma parte qualquer a ser estudada em funo do todo. Se bem que a organizao de formigueiro pudesse atra-lo, seguramente foi a racionalidade da produo fabril que determinou a concepo da Teoria Social dele.

    Expresses como adaptao, integrao, manuteno, largamente utilizadas por Talcott Parsons, colocam-no claramente no campo conservador do pensamento sociolgico, algum que via a poltica apenas como um instrumento de garantia do bom andar do todo, jamais como instrumento da transformao.

    A Sociologia, atravs de seus mtodos de investigao cientfica, procura compreender e explicar as estruturas da sociedade, analisando a relaes histricas e culturais, criando conceitos e teorias a fim de manter ou alterar as relaes de poder nela existentes. Possui objetivos de manter relaes que estabelecem consciente ou inconscientemente, entre pessoas que vivem numa comunidade, num grupo social ou mesmo em grupos sociais diferentes que lutam pra viverem em harmonia uns com outros estabelecendo limites e procurando ampliar o espao em que vivem para uma melhor organizao. Isto por que, cada pensador, cada socilogo foi importante, com sua reflexo, para a construo de um todo. Particularmente, cada um em sua poca pode perceber a fragilidade da sociedade construir solues para ela. No decorrer das dcadas, algumas teorias foram criticadas e outras aceitas, mas em suma, o importante foi que todo o pensar destes socilogos resultou no que vivemos hoje, no numa sociedade amenizada de conflitos, mas numa sociedade habitvel.

  • 33Sociologia da Educao

    Leitura Complementar:

    Na internet...

    Leia o texto:

    Pensadores Clssicos da Sociologia.

    Autor: Orson Camargo

    Disponvel em: http://www.brasilescola.com/sociologia/pensadores-classicos-sociologia.htm

    Dica de vdeo!

    1. O que Sociologia? Programa Edio Definitiva

    Autor: Prof. Andr Guirado

    Disponvel em: http://www.youtube.com/watch?v=R8quZqPDbeY

    2. Histria Online - Sociologia - Auguste Comte

    Autor: Prof. Rodolfo Neves

    Disponvel em: http://www.youtube.com/watch?v=QkXzZIdPJ20&feature=related

  • 34 Sociologia da Educao

    UNIDADE 2

    CONCEITUAO DE CINCIAS

    SOCIAIS E SOCIOLOGIA

    Objetivos especficos da unidade:

    Aprender sobre os fundamentos da sociologia.

    Entender os nveis de conhecimento cientfico.

    Compreender a histria da sociologia e os processos de globalizao.

  • 35Sociologia da Educao

    Nesta segunda unidade, usaremos como referncia o texto de outro professor especialista em sociologia, o Prof. Robson Silva Macedo.

    Macedo conceitua Cincias Sociais, a primeira preocupao estabelecer noes bsicas sobre cincia e distinguir as cincias denominadas Sociais ou Humanas das demais cincias.

    Entendemos por cincia uma sistematizao de conhecimento, um conjunto de proposies logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenmenos que se deseja estudar. A cincia todo um conjunto de atitudes e de atividades racionais dirigidas ao sistemtico conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido verificao.

    2.1 Fundamentos da Sociologia

    Pode-se conceituar o aspecto lgico da cincia como o mtodo de raciocnio e de inferncia acerca de fenmenos j conhecidos ou a serem investigados. A lgica da cincia manifesta-se atravs de procedimentos e operaes intelectuais que:

    1. Possibilitam a observao racional e controlam os fatos.

    2. Permitem a interpretao e a explicao adequada dos fenmenos.

    3. Contribuem para a verificao dos fenmenos, positivados pela experimentao ou pela observao.

    4. Fundamentam os princpios da generalizao ou o estabelecimento dos princpios e das leis.

    A cincia, portanto, constitui-se em um conjunto de proposies e enunciados, hierarquicamente correlacionados de maneira ascendente ou descendente, que vai gradativamente de fatos particulares para os gerais e vice versa (conexo ascendente = induo; conexo descendente = deduo).

    As cincias possuem:

    Objetivo: preocupao em distinguir a caracterstica comum ou as leis gerais que regem determinados eventos.

    Funo: aperfeioamento, atravs do crescente acervo de conhecimentos, da relao do ser humano com seu mundo.

    Objeto: subdividido em: a) material, aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar, de modo geral; b) formal, o enfoque especial, em face das diversas cincias que possuem o mesmo objeto material.

  • 36 Sociologia da Educao

    2.2 Os Trs Nveis de Conhecimento Cientfico

    Faz-se, hoje, uma distino em relao aos trs nveis de conhecimento cientfico: Inorgnico: estudado pelas cincias fsicas;

    Orgnico: investigado pelas cincias biolgicas;

    Superorgnico: abrangido pelas cincias sociais.

    De acordo com esta concepo, o campo de ao das Cincias Sociais tem incio justamente quando os estudos fsicos e biolgicos do ser humano e seu universo terminam. Os trs nveis encontram-se interrelacionados, e a transio de um para outro gradativa.

    O superorgnico observado no mundo dos seres humanos em interao, e nos produtos dessa interao: Linguagem, religio, filosofia, cincia, tecnologia, tica, usos e costumes e outros aspectos culturais e da organizao social. Portanto, ao estudar o superorgnico, as Cincias Sociais tm seu interesse voltado para o homem em sociedade.

    O objeto material das Cincias Sociais o mesmo: o ser humano na sociedade. Todavia, essas cincias possuem seu objeto formal distinto, apesar de haver o fenmeno de interrelacionamento e de serem complementares umas das outras.

    A Sociologia apresenta duas diferenas bsicas em relao s demais Cincias Sociais; a primeira seria relativa ao universo sociocultural; a Segunda diz respeito concepo da natureza do ser humano e s interrelaes dos fenmenos sociais.

    A Antropologia Cultural aborda os problemas da cultura; o Direito focaliza a rea normativa do comportamento social; a Economia volta-se para o setor da organizao de recursos naturais; a Poltica preocupa-se com as relaes de poder; a Psicologia Social estuda o comportamento individual determinado pela interao grupal. Entretanto, cabe Sociologia a anlise de todos os setores do superorgnico, pois compete a ela estudar a sociedade como um todo, com caractersticas e relaes que podem ser observadas em qualquer sociedade, ou em suas partes, seja uma tribo, um tribunal, uma empresa industrial, um Estado, um grupo de adolescentes, analisando as interrelaes entre os diversos fenmenos sociais. As outras cincias sociais, em virtude de seu carter especializado, consideram apenas um aspecto, artificialmente isolado do conjunto.

    2.3 Sociologia Geral

    A Sociologia Geral tem como objetivo a anlise de questes universais e a elaborao de conceitos histricos e estruturais resultantes de estudos terico dedutivos.

    As teorias ocupam-se da interao humana social; procura, entre elas, um carter comum, voltando- se descrio de seus mecanismos, na busca de explicaes coerentes e sistemticas sobre sua ocorrncia, e, por fim, tratando de distinguir sua regularidade.

    Estudando as interrelaes humanas, onde quer que elas se manifestem, todas as formas de atividade humana so seu objeto de anlise; entretanto, pode-se aprofundar no exame de categorias especficas de fatos sociais, dando origem s denominadas Sociologias Especiais.

  • 37Sociologia da Educao

    2.4 Sociologias Especiais

    A multiplicidade de atividades que o ser humano exerce, de interesses que desenvolve, de relaes especficas que estabelece, de grande importncia para a Sociologia o estudo das formas sociais de fenmenos culturais bem determinados; surgem, assim, as Sociologias Especiais. Algumas dessas reas so: Sociologia Antropolgica: estuda as correlaes que existem entre o fator antropolgico e as sociedades humanas; Sociologia Jurdica: Estuda a interrelao entre o Direito e os processos sociais; Sociologia Econmica: estuda a organizao de grupos humanos para a satisfao de necessidades materiais; Sociologia da Educao: Examina o campo, a estrutura e o funcionamento da escola como instituio social e analisa os processos sociolgicos envolvidos na instituio educacional.

    2. 5 Histria da Sociologia

    As mudanas no mundo contemporneo devido aos impactos dos processos de globalizao vem tornando a informao um elemento estratgico para o mundo globalizado. Mas h o imperativo de transformar a informao em conhecimento, exigindo para isso a capacidade de processamento da mesma. Isto significa desenvolver a capacidade de raciocnio, de questionamento, do confronto de outras experincias e perspectivas. Essas so habilidades que so adquiridas com o estudo das cincias humanas j que esta, ao educar o nosso olhar, nos permite a aprendizagem do processamento tanto de informaes como os saberes j produzidos. Ao permitir o confronto de diferentes perspectivas, as cincias humanas exercem uma forte contribuio para a formao intelectual e poltica dos nossos jovens.

    Ao perguntar sobre o sentido do ensino da cincia social buscamos compreender o que ela tem de especfico que no encontramos nas disciplinas de histria, geografia ou filosofia; enfim, perguntar qual sua especificidade em relao s demais disciplinas de humanidades. As Cincias Sociais permitem que o aluno conhea o homem enquanto seu igual e ao mesmo tempo outro. Isto significa compreender a sua realidade inscrita na sua sociedade e cultura, mas tambm permite o confronto com a alteridade, ao tomar as sociedades diferentes da nossa como diferenciadas, como a nossa e ainda assim participantes de uma humanidade comum.

    O conhecimento sociolgico permite uma anlise mais acurada da realidade que o cerca e na qual est inserido, contribuindo decisivamente para a formao da pessoa humana, j que nega o individualismo e demonstra claramente nossa dependncia em relao ao todo, isto , sociedade na qual estamos inseridos. Segundo a sociloga Cristina Costa (1997, citado por Oliveira, 2008, p. 156):

    (...) o conhecimento sociolgico mais profundo e amplo do que a simples formao tcnica representa uma tomada de conscincia de aspectos importantes da ao humana e da realidade na qual se manifesta. Adquirir uma viso sociolgica do mundo ultrapassa a simples profissionalizao, pois, nos mais diversos campos do comportamento humano, o conhecimento sociolgico pode levar a um maior comprometimento e responsabilidade para com a sociedade em que se vive.

  • 38 Sociologia da Educao

    Dessa forma, as Cincias Sociais permitem ao educando desenvolver as seguintes competncias e habilidades. Representao e comunicao: identificar, analisar e comparar os diferentes discursos sobre a realidade: as explicaes das Cincias Sociais, amparadas nos vrios paradigmas tericos, e as do senso comum; Produzir novos discursos sobre as diferentes realidades sociais, a partir das observaes e reflexes realizadas. Investigao e compreenso: Construir instrumentos para uma melhor compreenso da vida cotidiana, ampliando a viso de mundo e o horizonte de expectativas, nas relaes interpessoais com os vrios grupos sociais; construir uma viso mais crtica da indstria cultural e dos meios de comunicao de massa, avaliando o papel ideolgico do marketing enquanto estratgia de persuaso do consumidor e do prprio eleitor; compreender e valorizar as diferentes manifestaes culturais de etnias e segmentos sociais, agindo de modo a preservar o direito diversidade, enquanto princpio esttico, poltico e tico que supera conflitos e tenses do mundo atual.

    Contextualizao scio-cultural: compreender as transformaes no mundo do trabalho e o novo perfil de qualificao exigido, gerados por mudanas na ordem econmica; construir a identidade social e poltica, de modo a viabilizar o exerccio da cidadania plena, no contexto do Estado de Direito, atuando para que haja, efetivamente, uma reciprocidade de direitos e deveres entre o poder pblico e o cidado e tambm entre os diferentes grupos.

    O domnio dessas competncias permitir ao educando investigar, identificar, descrever, classificar e interpretar/explicar os fatos relacionados vida social e cultural instrumentalizando-o para que possa decodificar a complexidade da realidade scio-cultural.

    A Sociologia enquanto cincia inicia-se to logo foi consolidado o marco do capitalismo que definiram a sociedade burguesa moderna. Contudo, cabe reconhecer que inmeras contribuies ao estudo da sociedade foram produzidas em pocas distantes, principalmente a partir dos pensadores helnicos. Neste primeiro estudo iremos estudar algumas contribuies significativas dos estudiosos do passado ao estudo da sociedade.

    Extrado e adaptado de: MACEDO, Robson Silva. Sociologia da Educao. Disponvel em: http://sociologiadaeducacao.blogspot.com/2005/06/texto-1-cincias-sociais-e-sociologia.html. Acesso em dezembro de 2011.

    Para refletir...

    Qual o significado das cincias sociais no mundo moderno?

    Autor: Rodolfo Luiz Maderic Richardo

    Ao longo da Histria, os homens se defrontaram com diversos problemas, esses de ordem pessoal e social. Ocorreram, no entanto, diversas tentativas de resoluo, mas infelizmente pouco foi resolvido, e ainda muito se agravou. nesse dilema que o mundo moderno se instaura, e as Cincias Sociais possibilitam a compreenso do mesmo, em todos os seus movimentos, principalmente no que diz respeito composio social.

    O principal objetivo dessa Cincia permitir a compreenso de que tudo que acontece no mundo interfere na vida particular dos seres. Nem todos os homens reconhecem isso e ainda

  • 39Sociologia da Educao

    muitos confundem seus dilemas pessoais com os sociais. Para explicar os dilemas de ordem pessoal, existe a Psicologia, a Psiquiatria etc.; J os sociais so estudados pela: Sociologia, Cincia Poltica, Economia, Antropologia, Histria etc.

    Os diversos ramos, citados no pargrafo anterior so estruturados por uma variedade imensa de pensamentos e tendncias que se originam de vrios autores clssicos. Portanto todo trabalho cientfico nessa rea tem, e deve sempre ter, como base, a produo dos Homens nos seus diversos aspectos de vida.

    Talvez a grande proporo dos problemas existentes no mundo moderno tenha relao com a no- conscientizao de que todos os seres humanos entendam que suas vidas esto diretamente ligadas aos acontecimentos cotidianos da sociedade. Mas existem aqueles que possuem tal conscincia, e esses so possuidores do verdadeiro significado das Cincias Sociais.

    Disponvel em: http://richardo.sites.uol.com.br/

    Leitura Complementar:

    Na internet...

    Leia o texto: Fundamentos da Sociologia

    Autor: Francisco Manoel Ribeiro de Queiroz

    Disponvel em: http://fundamentosdesociologia.com/resenha.htm

  • 40 Sociologia da Educao

    Dica de vdeo!

    1. Sociologia e Modernidade 1

    Autor: Prof. Paulo Ghiraldelli Jr.

    Disponvel em: http://www.youtube.com/watch?v=wq_i3V_9ZlU&feature=related

    2. Sociologia e Modernidade 2

    Autor: Prof. Paulo Ghiraldelli Jr.

    Disponvel em: http://www.youtube.com/watch?v=_1HNLctXjaU&feature=relmfu

    3. Sociologia e Modernidade 3

    Autor: Prof. Paulo Ghiraldelli Jr.

    Disponvel em: http://www.youtube.com/watch?v=UPP5K03uHqI&feature=relmfu

  • 41Sociologia da Educao

    UNIDADE 03

    A EDUCAO COMO OBJETO DE

    ESTUDO SOCIOLGICO

    Objetivos especficos da unidade:

    Compreender o papel da escola no processo social e suas funes sociais.

    Refletir sobre a importncia da sociologia da educao para o educador.

    Conhecer e refletir sobre o conceito sociolgico de educao.

    Entender a escola como instituio social.

  • 42 Sociologia da Educao

    3.1 O que Sociologia da Educao?

    A Sociologia da Educao um ramo da sociologia que se ocupa dos fatos sociais relacionados com a educao.

    Assim, como a sociologia especial, a sociologia da educao estuda:

    - A educao como processo social global que ocorre em toda a sociedade;

    - Os sistemas escolares, ou seja, o conjunto de uma rede de escolas e sua estrutura de sustentao, como partes do sistema social global;

    - A escola como unidade sociolgica; A sala de aula como subgrupo de ensino; O papel do professor.

    3.2 Importncia da Sociologia da Educao para o Educador

    Segundo Oliveira (1997)

    a Sociologia da Educao uma disciplina fundamental para o educador. Ela abre o horizonte para a compreenso da vida social em si, esclarece o processo educativo e as relaes entre a escola e a sociedade; e analisa a escola como grupo social e sua estrutura interna (nascida da convivncia entre educandos e educadores), que escapa ao administrador e s pode ser compreendida atravs da anlise sociolgica da escola (OLIVEIRA 1997).

    O Autor tambm afirma que a Sociologia da Educao tambm explica a influncia da escola no comportamento e na personalidade de seus membros; estuda os padres de interao entre a escola e demais grupos sociais da comunidade e analisa os sistemas escolares luz dos sistemas sociais, permitindo, com base em estudos da realidade social, que se compreenda o papel da educao na sociedade e em seu desenvolvimento e que se proponham reformas educacionais, com base nesses alicerces cientficos.

    A natureza social do processo educativo e as relaes que existem entre a escola e a sociedade mostram a importncia da Sociologia da Educao na formao do educador. Estudando-a, os professores tomam contato mais profundo com a realidade pedaggica e social; verificam a influncia exercida pelos fatores sociais e os fatos pedaggicos, adquirem uma viso mais ntida e penetrante dos fenmenos educacionais e ampliam sua cultura geral e seus conhecimentos.

  • 43Sociologia da Educao

    3.3 Conceito Sociolgico de Educao

    A educao uma das atividades bsicas de todas as sociedades humanas, pois a sobrevivncia de qualquer sociedade depende da transmisso de sua herana cultural aos jovens. Neste sentido, toda sociedade, utiliza os meios necessrios para perpetuar sua herana cultural e ensinar aos mais jovens os costumes do grupo.

    Assim, a educao o processo pelo qual a sociedade procura transmitir suas tradies, costumes e habilidades, ou seja, sua cultura aos mais jovens. A criana se torna socializada porque aprende as regras de comportamento do grupo em que nasceu. Portanto, a educao uma socializao do ponto de vista sociolgico, uma ao pela qual as geraes adultas transmitem sua cultura s geraes mais jovens. Ela tambm busca transmitir ao indivduo o patrimnio cultural para integr-lo sociedade e aos grupos que a constituem, por conseguinte, visa a socializar, a ajustar os indivduos sociedade e, ao mesmo, a desenvolver suas potencialidades e as da prpria sociedade.

    Extrado e adaptado de: http://www.sociologando.com.br/download/apostila_01.pdf

    3.4 Anlise da Educao

    De acordo com o conceito acima de educao, ela:

    a) a ao exercida, ou seja, a atividade pela qual a gerao adulta transmite o seu patrimnio cultural, a sua herana social, s geraes mais jovens.

    Em cada um de ns coexistem dois seres: o individual e o social. O ser individual (natureza biopsquica) nos dado por nossos pais, como herana biolgica, atravs do processo de hereditariedade. O ser social um sistema de ideias, sentimentos, hbitos dos grupos sociais de que fazemos parte. So nossas crenas e prticas morais, a lngua que falamos, as tradies nacionais ou profissionais, enfim, as maneiras de pensar, sentir e agir dos grupos a que pertencemos.

    b) um processo que se passa entre as geraes adultas e as mais jovens. Quando nascemos, no nascemos sabendo as coisas. Vamos aprendendo ao longo do nosso processo se socializao. A cultura que adquirimos a herana social que transmitida pelas geraes dos adultos s geraes mais jovens. Assim, medida que o tempo passa, em virtude do processo tecnolgico, muitos traos culturais so acrescidos cultura e alguns podem cair em desuso, por se tornarem ultrapassados. A cultura de um povo no permanece sempre igual. Ela muda com o decorrer do tempo.

    c) Tem a finalidade de suscitar e desenvolver as potencialidades do indivduo. A educao no se limita a desenvolver a natureza biopsquica, o eu individual do homem. A educao cria um ser novo o ser social, dando-lhe qualidades fsicas, intelectuais e morais. O homem s se torna homem vivendo em sociedade. Ele um ser eminentemente social.

  • 44 Sociologia da Educao

    3.5 A Escola como Instituio Social

    A escola uma instituio social com objetivo explcito: o desenvolvimento das potencialidades fsicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos contedos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes, e valores) que, alis, deve acontecer de maneira contextualizada, desenvolvendo nos discentes a capacidade de tornarem-se cidados participativos na sociedade em que vivem.

    Eis o grande desafio da escola, fazer do ambiente escolar um meio que favorea o aprendizado, onde a escola deixe de ser apenas um ponto de encontro e passe a ser, alm disso, encontro com o saber com descobertas de forma prazerosa e funcional, conforme Libneo (2005, p.117): devemos inferir, portanto, que a educao de qualidade aquela Mediante a qual a escola promove, para todos, o domnio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos.

    A escola deve oferecer situaes que favoream o aprendizado, onde haja sede em aprender e tambm razo, entendimento da importncia desse aprendizado no futuro do aluno. Se ele compreender que, muito mais importante do que possuir bens materiais, ter uma fonte de segurana que garanta seu espao no mercado competitivo, ele buscar conhecer e aprender sempre mais.

    De acordo com Libneo (2005, p.116): O grande desafio o de incluir, nos padres de vida digna, os milhes de indivduos excludos e sem condies bsicas para se constiturem cidados participantes de uma sociedade em permanente mutao.

    Polticas que fortaleam laos entre comunidade e escola uma medida, um caminho que necessita ser trilhado, para assim alcanar melhores resultados. O aluno parte da escola, sujeito que aprende, que constri seu saber, que direciona seu projeto de vida, assim sendo a escola lida com pessoas, valores, tradies, crenas, opes e precisa estar preparada para enfrentar tudo isso.

    Informar e formar precisa estar entre os objetivos explcitos da escola; desenvolver as potencialidades fsicas, cognitivas e afetivas dos alunos, e isso por meio da aprendizagem dos contedos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes e valores), far com que se tornem cidados participantes na sociedade em que vivem.

    Uma escola voltada para o pleno desenvolvimento do educando valoriza a transmisso de conhecimento, mas tambm enfatiza outros aspectos: as formas de convivncia entre as pessoas, o respeito s diferenas, a cultura escolar.

    A cultura adquirida pelo homem na vida em sociedade pode ser espontnea e erudita. A cultura espontnea aquela que aprendemos pela observao, pela imitao, pela experincia, pelo contato de uma pessoa com outras. Falar a lngua nacional, comer determinados alimentos, cantar certas msicas, fazer certas brincadeiras so coisas que aprendemos prestando ateno, treinando, quase sem perceber que estamos aprendendo.

    A cultura erudita aquela que aprendemos frequentando a escola, lendo jornais, revistas e livros, assistindo televiso, ouvindo rdio etc. Cada um de ns tem uma parte de cultura espontnea e uma parte de cultura erudita. Alguns mais, outros menos, mas todos aprendem a cultura espontnea e a erudita.

  • 45Sociologia da Educao

    Dessa forma, considerada em seu conjunto, a educao como transmisso de cultura apresenta duas formas:

    a) Educao Assistemtica

    Esse tipo de educao surge espontaneamente da prpria necessidade da vida social. No na escola que o indivduo aprende. A educao assistemtica a educao realizada sem qualquer plano, sem sistema, sem local ou hora determinada. Todas as pessoas, todos os grupos, toda a sociedade participa desta espcie de educao. Realizando-se um pouco por toda parte, ela assume caractersticas de educao difusa, expresso pela qual tambm conhecida, e que significa ser informal, no intencional, no institucional, espontnea, e que, por estar intimamente ligada vida, pode tambm ser chamada de educao existencialista.

    b) Educao Sistemtica

    A educao como processo sistemtico visa apenas transmisso de determinados legados culturais, isto , de determinadas cincias, tcnicas ou modos de vida. uma forma seletiva de educao. Dentro da cultura, escolhem-se determinados elementos considerados essenciais ou mais necessrios para serem transmitidos de modo especial na escola, por pessoas especializadas. Esse tipo de educao se faz na escola: um grupo especializado para preparar pessoas a habilitar-se e adquirir certos conhecimentos especiais que devero adapt-las ao meio social, fazendo igualmente com que este progrida para o melhor bem-estar e para o ajustamento individual e social.

    Para atingir seus objetivos, a escola atualmente emprega vrios recursos:

    - local apropriado;

    - horas de trabalho obrigatrio;

    - currculo;

    - mtodo conveniente

    - material didtico: televiso, videocassete, projetor de slides, retroprojetor, computador, mimegrafo, livros, revistas etc.

    Nas comunidades mais isoladas, como por exemplo, algumas tribos indgenas e africanas, onde no h escola, a educao assistemtica a nica forma de educao existente.

    Nas sociedades civilizadas, a educao assistemtica no basta. A diviso do trabalho e a extrema especializao exigem que as pessoas passem pelos bancos escolares, onde recebem educao sistemtica.

    Assim, instituies sociais como a famlia, s vezes a igreja e atualmente os meios de comunicao de massa (televiso, rdio, cinema etc.), exercem influncia sobre as crianas, mas as escolas, mais do que qualquer outra instituio, encontram-se previamente organizadas para familiarizar as crianas com sua herana cultural.

  • 46 Sociologia da Educao

    Leia mais...

    Texto: Funo social da escola

    Autora: Vera Lcia Pereira Costa

    Disponvel em: http://www.drearaguaina.com.br/projetos/funcao_social_escola.pdf

    3.6 Funes Sociais da Educao

    utopia pensar que todos os problemas sociais se resolvem pela educao, mas certo que representa uma condio indispensvel para resolv-los.

    A educao um fato social que, a princpio, tem por funo socializar, integrar as geraes imaturas na sociedade e desenvolver a sociedade em geral e os indivduos em particular. Tem, pois, as funes de ajustamento e desenvolvimento social. Mas, alm dessas funes, a educao, especialmente a sistemtica, exerce tambm as seguintes funes:

    a) Estabilidade Social: possibilidade que os indivduos faam bem o que seria feito de qualquer forma, pois a educao uma necessidade em qualquer setor da vida, aumentando a influncia do indivduo e promovendo a ordem social.

    b) Canal de ascenso social: permite aos indivduos atingirem status mais elevados, desde que para eles estejam realmente capacitados.

    c) Peneiramento Social: a educao distribui e redistribui os indivduos pelos status sociais e, enquanto peneira, seleciona os mais capazes para os status que exigem maior capacidade.

    d) Controle social: a educao pensada tambm como tcnica social, isto , como mtodo de influenciar o comportamento humano, de modo que este se enquadre dentro dos padres vigentes de interao e organizao social. Assim, a educao pode ser inovadora ou conservadora, de acordo com o contexto histrico e social no qual se manifesta.

    Na anlise da ao educativa percebemos duas posies:

    1 Que sustenta que a educao se define basicamente pela sua funo reprodutora da ordem social existente e que, portanto, tem um carter conservador inerente sua prpria natureza;

    2 Que afirma que a educao tem uma funo inovadora e garante mudanas e progresso, tanto no nvel individual quanto no social.

    Na opinio de Everett Reimer, no caso especfico da escola: Presume-se que o papel da escola educar. Esta a sua ideologia, e seu propsito pblico. As escolas atravessaram os tempos sem serem contestadas, pelo menos at recentemente, em parte porque a educao tem significados diferentes para diferentes pessoas. Escolas diversas procedem, evidente, de modo diverso, mas, cada vez mais, em todos os pases, em qualquer nvel, e seja qual for sua espcie, as escolas acumulam quatro atividades sociais distintas a tutela dos alunos, a seleo social, a doutrinao e a educao tal como definida em termos de desenvolvimento das aptides e ensinamentos (Reimer, E. A Escola Est Morta. 3 edio. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1983, p.33, citado por OLIVEIRA, 2008).

  • 47Sociologia da Educao

    Atividades

    1 Procure escrever, em um breve comentrio, o que voc entende por Sociologia da Educao e sobre o que ela estuda.

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    2 - Pense e comente sobre a importncia da Sociologia a vida do educador.

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    3 D o conceito Sociolgico de Educao.

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    4 Quais so as formas de Educao? Explique-as.

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    5 Atualmente, quais os principais recursos didticos que as escolas empregam para atingir seus objetivos?

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    6 Quais as funes sociais da Educao? E da Escola?

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    7 Leia as duas afirmativas abaixo e comente:

    Minha av queria que eu me educasse, por isso, jamais me deixou ir escola. (Margaret Mead, citado em Reimer E. A Escola Est Morta. 3 edio. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1983, p.7)

    A escola uma instituio baseada no axioma de que aprendizagem o resultado do ensino... Mas, a maior parte de nossos conhecimentos adquirimo-los fora delas. Os alunos realizam a maior parte de sua aprendizagem sem os, ou muitas vezes, apesar dos professores. (IIIich, I. Sociedade sem Escolas. 6 Edio. Rio de Janeiro Vozes, 1970, p. 6

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  • 48 Sociologia da Educao

    Leitura Complementar:

    Na internet...

    Leia o texto:

    Sobre as funes sociais da escola

    Autores: Maria Anglica Cardoso e ngela Maria de Barros Lara

    Disponvel em: h