Apostila Literatura 8-¦ ano F2 - 1-¬ etapa 2015

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Estudos literários

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  • Apostila de Literatura

    8 Ano - 1 Etapa

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    LITERATURA

    1 ETAPA

    Atividade 1

    AUTO DA COMPADECIDAAriano Suassuna

    Leia o texto abaixo:

    Literatura de Cordel poesia popular, histria contada em versosEm estrofes a rimar,Escrita em papel comumFeita pra ler ou cantar.

    A capa em xilogravuraTrabalho de artesoQue esculpe em madeiraUm desenho com ponoPreparando a matrizPra fazer reproduo.

    Os folhetos de cordelNas feiras eram vendidosPendurados num cordoFalando do acontecido,De amor, luta e mistrio,De f e do desassistido.

    A minha literatura De cordel reflexoSobre a questo social E orienta o cidadoA valorizar a cultura

    E tambm a educao.

    Mas trata de outros temas:Da luta do bem contra o mal,Da crena do nosso povo,Do hilrio, coisa e talE voc acha nas bancasPor apenas um real.O cordel uma expressoDa autntica poesiaDo povo da minha terra,Que luta pra que um diaAcabem a fome e misria,Haja paz e harmonia.

    Francisco Ferreira Filho Diniz, disponvel em: www.pedagogiaaopedaletra.com.br

    1) A partir da leitura do texto, responda com suas palavras:

    a) O que e como se apresenta a Literatura de cordel?

    b) Como ocorre a divulgao dessa forma de manifestao literria?

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    c) Quais os temas mencionados no cordel lido?

    2) Realize uma pesquisa sobre a literatura de cordel e responda s seguintes questes:

    a) Qual a sua origem?

    b) Como e em que regio essa forma de literatura se manifestou no Brasil?

    c) Quais os principais temas abordados nos cordis brasileiros?

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    Atividade 2

    Leia o texto abaixo e, em seguida, responda as questes:

    TRADIO POPULAR E RECRIAO NO AUTO DA COMPADECIDA Braulio Tavares

    Reza a lenda que certa vez um crtico teatral abordou Ariano Suassuna e o inquiriu a respeito de alguns episdios do Auto da Compadecida. Disse ele: Como foi que o senhor teve aquela ideia do gato que defeca dinheiro? Ariano respondeu: Eu achei num folheto de cordel. O crtico: E a histria da bexiga de sangue e da musiquinha que ressuscita a pessoa? Ariano Aquilo ali do folheto tambm. O sujeito impacientou-se e disse: Agora danou-se mesmo! Ento, o que foi que o senhor escreveu? E Ariano: Oxente! Escrevi foi a pea!

    (...)

    De fato, alguns episdios do Auto da Compadecida baseiam-se em textos annimos da tradio popular nordestina. No primeiro ato, veem-se trechos do folheto O dinheiro, de Leandro Gomes de Barros (1865-1918), onde se conta o episdio do cachorro morto cujo dono destina uma soma em dinheiro para que seu enterro seja feito em latim. No segundo ato, o episdio do gato que descome moedas e o da falsa ressurreio ao som do instrumento mgico so inspirados no romance popular annimo Histria do cavalo que defecava dinheiro. E no terceiro ato, o julgamento dos personagens no Cu e a intercesso piedosa de Nossa Senhora, a Compadecida, correspondem a outro auto popular annimo, O castigo da soberba.

    (...)

    O Auto da Compadecida, como as demais comdias teatrais de Ariano Suassuna, procura recuperar e reproduzir mecanismos narrativos da comdia medieval e renascentista da Europa e da comdia popular do Nordeste. Um aspecto importantssimo desse tipo de teatro o seu carter tradicional e coletivo, no qual a fidelidade a uma tradio to importante quanto a originalidade individual ou mais at e onde o autor no julga que escreve por si s, mas com a colaborao implcita de uma comunidade inteira.

    (...)

    Note-se que Suassuna no pediu emprestadas cenas de outra pea de teatro, mas sim episdios narrados em verso nos romances populares. O episdio transposto do verso para a prosa, e da narrativa indireta para a encenao direta. (...) O autor da pea apropria-se de episdios j existentes mas no tem com eles a atitude reverente ou respeitosa de autores eruditos que recorrem s fontes populares. Ele muda o que lhe convm, mantm intacto o que lhe interessa, e parece sentir-se totalmente vontade com isso.

    (...)

    Um folheto de cordel e uma pea de teatro tm, alm disso, um elemento em comum: so obras de Literatura Oral que s se transformam em livro por questes de ordem prtica: preservao e transporte do texto. Mas um folheto feito para ser recitado em voz alta; uma pea feita para ser encenada por atores.

    (...) (Auto da Compadecida, p. 175-177, texto adaptado)

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    3) De acordo com o texto, a pea teatral Auto da Compadecida foi criada apenas a partir da imaginao de Ariano Suassuna? Justifique sua resposta.

    4) Em que outras manifestaes literrias Ariano Suassuna se baseou para criar o Auto da Compadecida?

    5) Explique o trecho abaixo:

    Um aspecto importantssimo desse tipo de teatro o seu carter tradicional e coletivo, no qual a fidelidade a uma tradio to importante quanto a originalidade individual ou mais at e onde o autor no julga que escreve por si s, mas com a colaborao implcita de uma comunidade inteira.

    6) Apesar tomar emprestados episdios da comdia popular nordestina e da comdia medieval e renascentista da Europa, no se pode dizer que Suassuna tenha plagiado outros autores. Justifique essa afirmativa, com base no texto.

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    7) Segundo o texto, o que h em comum entre um texto do gnero dramtico e um folheto de cordel?

    Atividade 3

    1) Observe a capa do livro e analise os elementos que compem a ilustrao:

    2) H um personagem em destaque na ilustrao da capa do livro. Quem ele representa e qual a sua relao com o ttulo da obra?

    3) Observe a estrutura da obra Auto da Compadecida e responda:

    Quais caractersticas da obra nos

    revelam, de imediato, que ela pertence ao gnero dramtico.

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    4) Leia o texto da pgina 13 da obra Auto da compadecida (Editora AGIR) e responda as questes abaixo:

    a) De acordo com o texto, como deve ser a encenao do Auto da Compadecida? Justifique sua resposta.

    b) Ainda de acordo com o texto da pgina 13 da obra Auto da Compadecida, enumere os elementos que devem compor o cenrio da pea.

    Atividade 4

    1) Leia o trecho, uma fala do PALHAO, que abre os trs atos da pea. Em seguida, responda as questes:

    PALHAOGrande voz

    Auto da compadecida! O julgamento de alguns canalhas, entre os quais um sacristo, um padre, um bispo, para exerccio da moralidade.

    (Auto da Compadecida, p. 15)

    a) Na sua opinio, qual a funo do palhao na pea e quem ele representa? Justifique sua resposta.

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    b) Considerando a fala do Palhao, indique a principal insti tuio satirizada na pea. Justifique sua resposta.

    Leia o fragmento abaixo e responda as questes:

    Os personagens do Auto da Compadecida so alegricos, ou seja, no representam indivduos, mas tipos que devem ser compreendidos de acordo com a posio estrutural que ocupam. A criao desses personagens possibilita que se enxergue a sociedade de uma cidadezinha do Nordeste. por isso que a pea pode ser chamada stira social, pois procura reformar os costumes, moralizar e salvar as instituies de sua vulgarizao.

    2) Numa pea teatral , conhecer as caractersticas dos personagens fundamental para a compreenso da obra. Vamos, ento, identific-las.

    a) Joo Grilo

    b) Chic

    c) Padre Joo, Bispo e Sacristo

    d) Antnio Morais

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    e) Padeiro e sua Mulher

    Atividade 5

    No primeiro ato, Ariano Suassuna retoma o enredo de O dinheiro folheto de Leandro Gomes Machado, em que h uma parte denominada O en-terro do cachorro. Releia esse episdio e responda as questes abaixo:

    1) Com que objetivo Chic e Joo Grilo vo igreja atrs do padre Joo?

    2) A princpio, como o padre reage ao pedido de Chic?

    3) Explique como Joo Grilo consegue convencer o padre a benzer o cachorro da mulher do Padeiro.

    4) Sabendo que o Auto da Compadecida apresenta cunho moralizante, explique: com que intui to esse episdio representado?

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    Logo aps sarem da igreja, Chic e Joo Grilo se encontram com Antnio Moraes e a partir da surge o primeiro quiproqu* da pea (ver significado da palavra na questo n 7).

    5) Escreva um texto narrando o que Joo Grilo fala para Antnio Moraes, a fim de se safar da confuso criada por ele.

    6) No final do ato, que artifcio Joo Grilo utiliza para convencer o Padre e o Sacristo a realizarem o enterro do cachorro em Latim?

    7) Releia o dilogo entre o Padre Joo e o Major Antnio Moraes (Auto da Compadecida, pp. 33 e 34). Em seguida, elabore um pequeno texto, explicando as ambiguidades que geram o quiproqu da cena.

    Quiproqu uma situao de ambiguidade e confuso, na qual as pessoas se referem a dife-rentes assuntos, embora acreditem estar falando do mesmo, o que possvel devido ambiguidade dos termos.

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    Atividade 6

    O segundo ato inicia-se com a visita do Bispo, que vai Igreja pedir satisfaes ao Padre Joo sobre o ocorrido com o Major Antnio Moraes. So-mente nesse dilogo, o padre percebe que havia sido enganado por Joo Grilo.

    A respeito dessa passagem, responda as questes:

    1) Como Padre Joo percebe que fora enganado por Joo Grilo?

    2) Que artimanhas o protagonista utiliza com o Padre e o Bispo para, mais uma vez, se safar das consequncias de suas confuses?

    3) Explique a mudana de comportamento do Bispo, ao ouvir a seguinte fala de Joo Grilo:

    mesmo, uma vergonha! Um cachorro sa-fado daquele se atrever a deixar trs contos de ris para o sacristo, quatro para o padre e seis para o bispo, demais.

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    4) O que a mudana de comportamento do Bispo nos revela a respeito de seu carter? Justifique sua resposta.

    5) Findada a questo do cachorro, Joo Grilo inventa uma nova artimanha: a histria de um gato que descome dinheiro.

    Elabore um pequeno texto, recontando o episdio acima mencionado. O texto dever responder as seguintes questes:

    Qual o enredo da artimanha de Joo Grilo? Quais so os objetivos do protagonista ao armar

    tal engodo? Como Joo Grilo pretende distrair a todos e fugir

    com Chic?

    6) Leia a anlise:

    Chic um companheiro constante de Joo Grilo, o que o torna cmplice das artimanhas do protagonista. Porm ele se envolve nas aventuras do amigo mais por solidariedade do que por convico. Na verdade, ele um mentiroso nato, cujas mentiras no prejudicam ningum. Alm disso, ele demonstra sentir medo das consequncias das armaes de Joo Grilo.

    A partir da anlise acima, aponte duas falas de Chic que comprovem seu carter.

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    Atividade 7

    Oua a msica abaixo e acompanhe a letra. Em seguida, execute as questes propostas.

    CANDEEIRO ENCANTADO Lenine

    L no sertoCabra macho no ajoelhaNem faz parelhaCom quem de traioPuxa o faco, risca o choQue sai centelhaPorque tem vezQue s mesmo a lei do co...

    Lampa, Lampa, Lampa LampioMeu candeeiro encantadoMeu candeeiro encantado...

    Enquanto a faca no saiToda vermelhaA cabroeiraNo d sossego noRevira buchoEstripa corno, corta orelhaQuem nem j fezVirgulino, o Capito...J foi-se o tempoDo fuzil papo amareloPr se baterCom poder l do sertoMas lampio disseQue contra o flageloTem que lutarCom parabelo na mo...

    Falta o cristoAprender com So FranciscoFalta tratarO nordeste como o sulFalta outra vezLampio, trovo, coriscoFalta feijoAo invs de mandacaru

    Falta a naoAcender seu candeeiroFaltam chegarMais Gonzagas l de ExuFalta o BrasilDe Jackson do PandeiroMacull, CarimbMaracatu...

    Fonte: letras.terra.com.br, acesso em 20/10/11

    1) Na letra da msica, a ao dos cangaceiros justificada por severas crticas nao brasileira. Enumere-as:

    2) A msica apresenta aes que poderiam ser atribudas a um personagem do Auto da Compadecida.

    a) Quem esse personagem?

    b) Em que momento ele entra em cena?

    c) Como os outros personagens reagem sua chegada?

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    d) Elabore um pargrafo relacionando a quarta estrofe da msica com o excerto abaixo, do Auto da Compadecida.

    (...) Severino do Aracaju pode ser assassino, mas no mata ningum sem motivo. At hoje s matei pra roubar. assim que garanto meu sustento. (p.95)

    3) No decorrer do segundo ato, o padeiro toma conhecimento do comportamento inadequado de sua mulher.

    a) Qual o segredo da esposa do padeiro?

    b) Em que circunstncia o segredo revelado e que atitude da mulher o traz tona?

    c) Como o Padeiro reage descoberta?

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    4) Explique como ocorrem as mortes dos seguintes personagens:

    a) Padre e Sacristo

    b) Padeiro e sua mulher

    Atividade 8

    Depois da morte do Padeiro e de sua mulher, chega a vez de Joo Grilo se despedir da vida. Porm, o protagonista, buscando enganar Severino, conta a histria de uma gaita mgica.

    1) Elabore um pequeno texto, recontando o episdio da gaita mgica, at a morte de Severino.

    2) Apesar de ter conseguido ludibriar Severino de Aracaju, Joo Grilo no conseguiu evitar a prpria morte. Reconte como ela ocorreu.

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    Atividade 9

    O terceiro e ltimo ato, como os anteriores, tam-bm baseado em um texto de tradio popular: o auto, annimo, chamado O castigo da soberba. Como o prprio ttulo indica, o texto versa sobre a penalidade sofrida pelos homens, no plano transcen-dental, diante da soberba que sempre os governa no plano mundano.

    1) H uma importante mudana de cenrio no terceiro ato. Onde ocorre o julgamento dos personagens? Comprove sua resposta com citaes do texto.

    2) Nesse cenrio, novos personagens so apresentados ao pblico/leitor. Caracterize-os e indique a funo de cada um no julgamento dos mortos:

    a) Encourado

    b) Manuel

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    c) Compadecida

    3) Que acusaes o encourado fez a cada um dos personagens?

    a) Bispo e Padre Joo

    b) Padeiro e esposa

    c) Joo Grilo

    4) Durante o julgamento, quando tudo parece perdido para os rus, Joo Grilo chama a Compadecida para que interceda por eles junto a Manuel. Enumere trs argumentos usados por Ela para salv-los.

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    5) Elabore um pequeno texto recontando o destino final dos personagens:

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    Atividade 10

    1) Leia o fragmento da msica Racismo Burrice, de Gabriel O Pensador e faa o que se pede:

    RACISMO BURRICE

    Salve, meus irmos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano

    O Atlntico pequeno pra nos separar, porque o sangue mais forte que a gua do mar

    Racismo, preconceito e discriminao em geral; uma burrice coletiva sem explicaoAfinal, que justificativa voc me d para um povo

    que precisa de unioMas demonstra claramenteInfelizmentePreconceitos milDe naturezas diferentes(...)

    Fonte: letras.terra.com.br, acesso em 21/10/2011

    a) Elabore um pargrafo no qual voc relacione o trecho apario de Manuel no terceiro ato do Auto da Compadecida.

    b) Identifique e explique duas outras crticas sociais presentes na obra Auto da compadecida, de Ariano Suassuna.

    Atividade 11

    No Auto da Compadecida, Suassuna no se atm verossimilhana, atuao realista. Pelo contrrio, a obra baseada no teatro alegrico, ldico, explicitamente ficcional, da Antiguidade Clssica e do perodo medieval. O texto, atravs do riso, leva o pblico/leitor a refletir sobre a moral nele representada.

    1) Identifique e explique os recursos utilizados pelo autor para provocar o riso, nos excertos abaixo:

    a) JOO GRILO: - Minha Senhoria no tem nome nenhum, porque no existe. Pobre l tem senhoria, s tem desgraa?

    SEVERINO: - Diga ento o nome de Vossa Desgracncia!

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    b) JOO GRILO: - , padre, o homem a coisa muita: presidente da Irmandade das Almas! Pra mim isso um caso claro de cachorro bento.

    c) BISPO: - Um cachorro? Enterrado em latim? PADRE: - Enterrado latindo, senhor Bispo. Au, au, au, au

    2) Explique a crtica presente na seguinte fala de Manuel: Deixe de chicana, Joo, voc pensa que isso aqui o palcio da justia? (p. 138)

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    O GNERO DRAMTICOOs textos literrios classificados como

    dramticos apresentam uma caracterstica fundamental: so produzidos para serem representados. Sua estrutura organiza-se a partir das falas dos personagens, permeadas por indicaes cnicas e prescinde da presena de um narrador. De acordo com Aristteles, que no sc. IV a.C identificou esse gnero, as unidades bsicas do texto teatral so ao, tempo e espao, que na representao so complementados por elementos como sonorizao, iluminao, cenrio, figurino, dentre outros. Apesar de esses elementos serem de suma importncia para a representao, atravs do texto, em prosa ou em verso, que as peas teatrais so transmitidas de gerao para gerao e recriadas em diferentes pocas.

    So elementos dos textos dramticos:

    O texto principal, composto pelas falas dos personagens, em que predomina o discurso direto.

    O texto secundrio, constitudo por rubricas (ou didasclias), apresenta indicaes cnicas e os nomes dos personagens a cada mudana de turno (fala) no discurso, os tons das falas, orientaes sobre o posicionamento e as expresses corporais dos personagens, dentre outras.

    O texto dramtico divide-se em:

    Atos: divises do texto dramtico que ocorrem a cada mudana de cenrio.

    Cenas: partes dos atos que correspondem entrada ou sada de algum personagem.

    ORIGENS:

    Nas sociedades primitivas, eram realizados rituais de dana e representao para simbolizar os animais na caa, dominar a

    natureza, iniciar os jovens da tribo em suas funes e adorar os ancestrais. Tais rituais, em que os atuantes danavam, pulavam, imitavam animais, usavam mscaras, peles e folhagens, podem ser considerados as primeiras manifestaes teatrais, apesar de no serem baseadas em textos.

    A principal explicao para a origem do drama seriam os festivais, realizados na Grcia Antiga, em honra ao deus Dionsio (ou Baco, para os romanos) ao fim de cada colheita de uva. Nesses festivais, bebia-se e cantava-se em louvor a esse deus, homenageando-o atravs de procisses e da apresentao de seus feitos por um coro, liderado por um *corifeu. De acordo com o Mito de Tspis, em uma dessas apresentaes, o jovem Tspis revolucionou as homenagens ao deus do vinho ao desgarrar-se do coro e subir no altar e gritar Eu sou Dionsio. Ele, assim, deu origem ao ofcio de ator e arte da representao.

    *Corifeu: regente do coro nas tragdias gregas.

    MODALIDADES DO GNERO DRAMTICO

    GRCIA ANTIGA

    1. TRAGDIA: Segundo Aristteles, o objetivo das tragdias era o de provocar uma forte impresso no pblico, de tal maneira a fazer com que as pessoas refletissem sobre as paixes e vcios humanos, a partir da piedade e do horror produzidos pelas cenas vividas por herois, que apesar de grandiosos cometem erros, muitas vezes inconscientemente.

    Nessas peas, o heroi um ser superior, tico, que enfrenta as adversidades impostas pelos deuses e pelo destino e assumem o erro cometido, tendo um fim trgico, geralmente fatal.

    Uma das principais tragdias da Antiguidade Clssica dipo Rei, de Sfocles.

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    A pea conta a tormenta de dipo, levado pelo destino a matar o pai (rei Laio) e a desposar a me (rainha Jocasta). Ao descobrir sua verdadeira identidade e perceber seu grave erro, dipo fura seus olhos com o broche de Jocasta (que havia se matado), buscando a purificao.

    2. COMDIA: Por meio das comdias, eram representados fatos comuns, cotidianos, corriqueiros, relacionados vida de pessoas comuns. A principal funo da comdia era a crtica dos costumes por meio do riso.

    O principal autor de comdias Gregas foi Aristfanes, que atravs de seus personagens e de uma linguagem direta representava tipos caractersticos da sociedade ateniense. Aristfanes, em suas peas, criticava os chefes polticos, a assembleia, os tribunais e os juzes, os militares, os poetas trgicos, os filsofos, o povo em geral, os velhos, os jovens, as mulheres... Porm as intenes morais por trs das crticas eram muito srias: o poeta defendia sempre os valores antigos, a vida rural e, especialmente, a paz. Entre suas peas conhecidas esto: As vespas, em que se ridiculariza os tribunais e A assembleia de mulheres, uma caricatura do feminismo e das utopias socialistas.

    Para Aristteles a tragdia e a comdia desempenhavam uma importante funo em relao ao pblico espectador. Assistir a encenaes de dramas envolvendo os vcios e paixes humanas, segundo o filsofo, leva os espectadores catarse, ou seja, purificao da alma pelo terror, pela piedade, ou pelo riso que tais encenaes despertam por meio das situaes que tematizam.

    IDADE MDIA

    3. AUTO: Pea curta, geralmente de cunho religioso ou profano, com teor moralizante. Os personagens representados eram entidades abstratas, como a bondade, a virtude, a hipocrisia, o pecado, a gula, a luxria.

    Ex.: Auto da barca do Inferno, de Gil

    Vicente, pea em que cada personagem julgada e condenada ao seu destino, aps a morte, embarcando em companhia do Diabo ou do Anjo.

    4. FARSA: Pea tambm pequena, como o auto; seu contedo envolvia situaes ridculas e grotescas, objetivando criticar os costumes por meio da stira. A Farsa difere da Comdia pelo fato de no preocupar-se com a verossimilhana.

    Ex.: A farsa de Ins Pereira, de Gil Vicente, escrita a partir do ditado: Mais vale asno que me leve que cavalo que me derrube.

    5. TRAGICOMDIA: Pea em que se misturam elementos trgicos (assunto e personagens), com elementos cmicos (linguagem, incidentes e desfecho). Seus temas so variados.

    Ex.: violncia, morte, roubos, dentre outros; sendo a eles dado um tom de humor.

    6. DRAMA MODERNO: Essa modalidade surgiu no sc. XIX e tem como principais caractersticas a liberdade de expresso, a eventual mistura entre o srio e o cmico e o estudo do homem burgus em seus conflitos familiares e sociais, havendo uma aproximao dos conflitos representados pelos personagens da pea com aqueles vivenciados pelo homem.

    Ex.: Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues

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    Atividade 121) Leia o trecho do texto teatral Porca

    misria e responda.

    Uma sala de um sobrado [...] esquerda, um arco que d para um

    corredor estreito, que no se v e que leva rua.

    direita, outro arco, que leva cozinha e aos quartos. Ao fundo, duas grandes janelas e uma porta que d para o quintal.

    Os mveis so gastos, alguns antigos, de famlia, como uma cristaleira, a mesa com seis cadeiras, um sof pudo, uma poltrona escangalhada e, ao lado dela, uma mesinha com telefone.

    A ao se passa entre seis e oito horas da noite.

    ARTINI, Jandira e CARUSO, Marcos. Porca misria. In: Comdias de Jandira Marini e Marcos Caruso.So

    Paulo:Panda,2004. p.3.

    O fragmento apresentado faz parte de um texto intitulado Porca Misria. Produza um pargrafo EXPLICANDO a importncia desse fragmento para a interpretao e a representao desse texto teatral.

    2) Leia o excerto extrado da obra Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.

    PALHAO, grande voz Auto da Compadecida! O julgamento de

    alguns canalhas, entre os quais um sacristo, um padre e um bispo, para exerccio da moralidade.

    Toque de clarim.

    PALHAOA interveno de Nossa Senhora no

    momento propcio, para triunfo da misericdia. Auto da Compadecida!

    Toque de clarim.

    A COMPADECIDAA mulher que vai desempenhar o papel

    desta excelsa Senhora, declara-se indigna de to alto mister.

    SUASSUNA, Ariano.Auto da Compadecida.Rio de Janeiro:Agir, 1990. 25ed.p.22-23.

    A partir da passagem e dos estudos sobre as modalidades do gnero dramtico, redija um pequeno pargrafo ESCLARECENDO como o texto acima pode induzir o leitor a classific-lo como auto. JUSTIFIQUE sua resposta.

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    3) Leia a crnica de Joo Paulo da Silva e responda.

    Voltava pra casa tranquilo quando fui abordado por dois sujeitos: um baixinho e um magricela.

    E a, bicho? Me arranja um dinheiro a pra eu comer qualquer coisa. falou o baixinho,tentando a via pacfica.

    P. Voc me pegou num dia ruim. T sem nenhum. respondi.

    Que man t sem nenhum, rap! Passa logo pra c o celular que t no teu bolso. Se no passar, te dou uma facada! falou o magricela, bem menos diplomtico.

    Era a primeira vez que eu estava sendo assaltado. Tentei manter a calma, mas confesso que quase me borrei todo..

    Olha, s voc entregar o celular e ns te deixamos em paz. argumentou o baixinho, visivelmente um sujeito com muito mais tato pra essas coisas. Simpatizei com ele.

    P, cara. Meu celular no. Te dou todo o dinheiro que tenho na carteira. [...]

    Passa logo o celular seno te encho de bala!

    Bala? No era uma facada? perguntei, meio sem entender.

    Os dois trocaram olhares confusos. ... que... ahhh... bom, era uma facada.

    Mas agora vai ser uma bala. Mudana de planos, sabe? adiantou-se a explicar o baixinho. (...)

    Nesse instante, para meu alvio, apareceu no topo da ladeira um policial. O militar perguntou o que estava acontecendo.

    N nada no! N nada no! gritaram os assaltantes.

    sim, seu guarda! sim! um assalto! disse eu desesperado.

    O baixinho e o magricela puseram-se a correr, desaparecendo numa esquina.Voltei pra casa com todos os meus pertences. Mas voltei com a moral burguesa ofendida. praticamente uma tragicomdia.

    Disponvel em: http://ascronicasdojoao.blogspot.com.br/2010/07/assaltos.html. Acesso: 19 fev de 2014. (texto adaptado)

    Ao final do texto, o narrador afirma que a situao sofrida era praticamente uma tragicomdia. Considerando os estudos sobre as modalidades do gnero dramtico, produza um pargrafo DEMONSTRANDO como a classificao tragicomdia pode ser percebida na crnica de Joo Paulo da Silva.