Apostila Qualidade e Produtividade 01
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SISTEMAS DA QUALIDADE
Parte I Conceitos e Histórico
————————————— Paulo A. Bastos Jr.
________________________________________________________________________ Paulo A. Bastos Jr
OS CONCEITOS DE QUALIDADE
A palavra “qualidade pode assumir diversos significados em função do tipo da atividade do observador. Existem muitas frase curtas que procuram definir a palavra qualidade, contudo não existe uma definição curta que resulte em um consenso real sobre o significado da palavra qualidade.
— Se olharmos qualidade com os olhos dos filólogos, teremos uma definição baseada na razão;
“É a propriedade, atributo ou condição das coisas ou das pessoas, capaz de distinguí-las das outras e lhes determinar a natureza”.
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira
— Se olharmos qualidade sob o ponto de vista dos economistas, termos uma definição baseada no produto;
“É a relação existente entre atributos que não agregam valor, por unidade de produto”.K. E. Letfler
— Caso a qualidade seja vista sob o prisma dos homens de marketing, teremos uma definição baseada no cliente ou usuário;
“É o conjunto de todas as características de um produto, desde o Marketing até a Assistência Técnica, que determina o grau de satisfação das exigências do cliente”.
Armand V. Feigenbaum
“É adequação ao uso”. Joseph M. Juran
— Se a qualidade for observada por engenheiros de produção, a definição será baseada na produção;
“É conformidade aos requisitos”. Philip B. Crosby
— Se encararmos a qualidade sob o ponto de vista dos administradores de empresas, termos a definição baseada nos aspectos financeiros;
“É o grau de excelência de um produto a um preço compatível com a variabilidade controlada a um custo aceitável”.
R.A. Broh— Se olharmos a qualidade com os olhos dos humanistas, teremos a definição baseada no respeito à sociedade;
“A falta de qualidade é a perda que um produto causa à sociedade após ser expedido...”.Genichi Taguchi
AS QUATRO PRINCIPAIS ERAS DA QUALIDADE
________________________________________________________________________ Paulo A. Bastos Jr
DIMENSÃOINSPEÇÃO CONTROLE
ESTATÍSTICOGARANTIA
DA QUALIDADE
ESTRATÉGIA DA QUALIDADE
Preocupação Básica
Verificação Controle Coordenação Impacto Estratégico
Visão Resolução dos problemas
Resolução dos problemas
Resolução pró-ativa dos problemas
Oportunidade para aumentar a competitividade
Ênfase Uniformidade do produto
Uniformidade do produto com menos inspeção
Impedir falhas ao longo da cadeia de produção: do projeto ao mercado
Necessidades do mercado e do consumidor
Métodos Instrumentos de medição
Instrumentos e técnicas estatísticas
Programas e sistemas Planejamento estratégico e mobilização da organização
Papel dos profissionais da Qualidade
Inspeção, classificação, contagem e avaliação
Aplicação de métodos estatísticos na solução de problemas
Mensuração da qualidade, planejamento da qualidade, projeto de programas
Estabelecimento de objetivos, educação e treinamento, trabalho consultivo com outros departamentos e delineamento de programas
Responsávelpela Qualidade
Departamento de inspeção
Departamento de produção e engenharia
Todos os departamentos, pouco envolvimento da alta gerência com o projeto, o planejamento, e execução das políticas de qualidade
Todos nas empresas, com a alta gerência exercendo forte liderança
Orientação e Abordagem
“Inspeciona” a qualidade
“Controla” a qualidade “Constrói” a qualidade
“Gerencia” a qualidade
________________________________________________________________________ Paulo A. Bastos Jr
EVOLUÇÃO DO CONCEITO DA QUALIDADE
ÉPOCA EVENTOS MARCANTES CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO DA QUALIDADE
1860-1865 Guerra da secessão (EUA) Fabricação de fuzis e equipamentos
militares
Padronização Intercambialidade de componentes
1908 Início da produção em massa Linhas de montagem fixa e móvel
(Ford)
Padronização/ controle metrológico Intercambialidade de peças e componentes
INSPEÇÃO FINAL
Anos 30 Controle do processo de produção
(Laboratórios Bell) Métodos de controle de recepção
Cartas de controle de média e amplitude (Shewart)
Qualidade média fornecida (average ongoing quality)
INSPEÇÃO POR LOTES
Anos 40 II Guerra Mundial Criação da ISO (1947)
Controle estatístico no recebimento/ inspeção final
Padronização militar Nível de qualidade aceitável
Anos 50
Reconstrução da Europa Desenvolvimento da eletrônica Início da corrida espacial Início da reconstrução do Japão
(1946), criação da JUSE (1947) Seminários Deming (1950) Qualidade na administração das
empresas (Juran)
Confiabilidade (probabilidade do cumprimento de uma função no tempo)
Controle estatístico de processos (Deming) Espiral da qualidade(Juran) Controle estatístico de processo através do ciclo
PDCA
CONTROLE POR PROCESSOS
ENVOLVIMENTO DE TODAS AS UNIDADES NA QUALIDADE FINAL
“SATISFAÇÃO” DO CLIENTE
Anos 60
Guerra Fria Lançamento da Revista/ JUSE
“Quality control for the foreman” (Ishikawa, 1962)
Dilema do custo do defeito x custo da produção Zero Defeito (Crosby, 1961)
ATENDIMENTO ÀS EXIGÊNCIAS DO CLIENTE
Círculos de Controle da Qualidade Desenvolvimento de técnicas e “ferramentas”
operacionais
Anos70-80
Sofisticação dos mercados Diversificação dos produtos Inovação tecnológica Atendimento a segmentos de
mercado
Projeto de experimentos (Taguchi) “Sedução” do cliente
QUALIDADE PASSA DO PROCESSO AO PROJETO
Anos Mudança dos paradigmas econômico, Desenvolvimento da ISO 9000, ISO 10000 e ISO
________________________________________________________________________ Paulo A. Bastos Jr
80-90 tecnológico e industrial Globalização dos mercados
14000 Difusão ampla da qualidade total e de
ferramentas avançadas
UNIFICAÇÃO DOS MODELOS SISTÊMICOS COM A QT
EVOLUÇÃO DO GERENCIAMENTOPELA QUALIDADE
IMHOTEP (2980 A.C.) —primeira pirâmide em degrau de Sakkara (Antigo Egito) — “A precisão
do corte das pedras em cerca de 0,001 polegadas e a alocação e a alocação precisa após transporte
por centenas de quilômetros (impossível inserir uma faca entre os blocos) ...” —
CONTROLE DE PROCESSO.
Arquitetos GREGOS — uso de Controle de Processos.
PERSAS — Controle de Processos em atividades militares (Rei Ciro criou sistemas de auditoria).
ROMANOS — Utilização massiva de mão-de-obra; Trabalho não especializado; CONTROLE DE PROCESSOS DEIXOU DE SER EMPREGADO.
INGLATERRA (SEC.XI) — Guild Act investiu poder de inspeção sobre os produtos manufaturados à representantes da Coroa.
VENEZA — arsenal de barcos; maior planta industrial (2000 funcionários); materiais uniformes,
métodos e procedimentos; uso de inspetores e auditores; pouca inspeção final.
(CONTROLE DE PROCESSOS AOS MOLDES DE IMHOTEP)
PRIMEIRO SISTEMA MODERNO DE CONTROLE DE PROCESSO — fábrica de máquinas
a vapor de James Watt (1800); dados estatísticos; sinais de gerenciamento científico sistematizado.
TAYLOR — controle do processo; racionalização e simplificação do trabalho.
A idéia de prover produtos de qualidade que sejam adequados aos desejos do consumidor
não é nova. Antes da Revolução Industrial os artesãos já o faziam, interagindo diretamente
com os consumidores.
________________________________________________________________________ Paulo A. Bastos Jr
O surgimento do TQM pode ser explicado por uma sequência de seis momentos, alguns
quase simultâneos:
o da inspeção, o foco no controle do produto final, associado ao desenvolvimento do
sistema de produção e consumo em massa;
o surgimento do foco no processo, com uma coleção de técnicas estatísticas;
a integração destas técnicas num modelo gerencial restrito — o Controle da Qualidade
Total (TQC);
a incorporação de elementos comportamentais e novas práticas gerenciais associadas ao
acirramento da competição entre empresas, ao início da flexibilização da produção e ao
aumento da fragmentação dos mercados. Consagração do termo TQM;
a expansão para fora das fábricas, no setor de serviços e nas empresas públicas;
tendência de transformação profunda do modelo e/ ou sua difusão nas práticas gerenciais
do dia-a-dia.
Um sistema significativo do momento atual vivido pelo TQM é o Hoshin Kanri — ou
Policy Deployment —, que busca unir os elementos essenciais e os diversos níveis dos
processos de planejamento e ação estratégicos com as várias metodologias e conceitos
ligados ao movimento da qualidade.
Fonte:
WOOD Jr., Tomaz e URDAN, Flávio T. Gerenciamento da qualidade total: uma revisão crítica. Revista de
Administração de Empresas, São Paulo, v.34, n.6, Nov./Dez. 1994.
________________________________________________________________________ Paulo A. Bastos Jr
QUALIDADE ONTEM E HOJE
PASSADO PRESENTE
Qualidade como fator tático (curto prazo)
Qualidade como fator estratégico (longo prazo)
Qualidade e produtividade são antagônicos
Qualidade e produtividade são aliados
Enfoque na qualidade do produto (detecção)
Enfoque na qualidade do processo (prevenção)
Qualidade como responsabilidade de uma única área
Qualidade como responsabilidade de toda a organização
Ênfase no cumprimento de normas ou concorrência
Ênfase nas necessidades dos clientes e melhoria contínua
Prioridade em custo Prioridade em qualidade
Problemas causados pela mão-de-obra Problemas causados pela administração
________________________________________________________________________ Paulo A. Bastos Jr
EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DA PESQUISA DE QUALIDADE & PRODUTIVIDADE
INDICADORES INTERPRETAÇÃO Brasil-1990 Brasil-1993 Brasil-1996 Média Mundial*
Japão**
Tempo de Valor Agregado % do tempo em que o produto recebe atividades que agregam valor
10% 30% 18,4% >50% 70%
Índice de Rejeição É o grau da qualidade do que é produzido 23 a 28 mil PPM 11 a 15 mil PPM 20380 PPM 200 PPM 10 PPM
Retrabalho Interno % de peças ou produtos que são corrigidos 30% 12 a 20% 3,7% 2% 0,001%
Melhorias Contínuas % dos operários que apresentam melhorias/ ano que aumentam o ganho ou que diminuem as despesas
0,1% 1 a 2% 2,5% 50 a 70% 95%
Dedicação á educação e treinamento (Horas/ano) % das horas/colaborador num ano <1 <1 1,59% 5 a 7% 10%
Investimento em educação e treinamento em relação ao faturamento
% investido em cursos internos e externos sobre o faturamento bruto
<1 <1 0,6% 3 a 5 5 a 7
* Europa e EUA** Empresas visitadas pelas missões do IMAM
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