Apostila Ramatis - 18 Fenômenos de efeitos intelectuais

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PREPARANDO-SE PARA O III MILÊNIO 16. Fenômenos de efeitos intelectuais 1 FRATERNIDADE RAMATÍS DE CURITIBA CURSO “PREPARANDO-SE PARA O TERCEIRO MILÊNIO” 1º módulo: Introdução ao estudo das obras de Ramatís FENÔMENOS DE EFEITOS INTELECTUAIS : 1ª parte É a categoria de manifestações mediúnicas que ocorre tão somente na esfera subjetiva do médium, sensibilizando tão somente seu intelecto e racionalidade, sem impressionar diretamente os seus cinco sentidos físicos, sendo também conhecida como mediunidade de efeitos subjetivos. O médium de efeitos intelectuais ou subjetivos é aquele que serve de intermediário direto (ou “medianeiro”) entre o plano físico denso e os planos mais sutis de existência, incluindo-se aqui o subplano etérico. Essa modalidade de fenômenos pode se apresentar de formas variadas, sendo as mais comuns: FENÔMENO CARACTERIZAÇÃO VIDÊNCIA visão mental, astral, ou etérica de auras, objetos, seres e espíritos desencarnados e ambientes extrafísicos, a partir da focalização mediúnica direta; AUDIÊNCIA audição mental de sons provenientes de ambientes pertencentes a planos extrafísicos, e de comunicações de espíritos desencarnados, a partir de focalização mediúnica direta; DESDOBRAMENTO também conhecido como “viagem astral” , é a exteriorização do duplo etérico e do perispírito do médium, em nível consciente, que adquire relativa autonomia no plano espiritual, podendo relatar o que lá vivencia; PSICOMETRIA capacidade de ler fatos e impressões registradas nas auras etéricas de objetos e seres materiais mentalizadas, obtendo-se informações dos eventos que com eles se passaram; RADIESTESIA capacidade de captar no próprio perispírito as ondas eletromagnéticas irradiadas das auras dos objetos e seres materiais e interpretá-las com o auxílio de pêndulos e varinhas radiestésicas; _ 1º módulo: Introdução ao estudo das obras de Ramatís

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PREPARANDO-SE PARA O III MILÊNIO 16. Fenômenos de efeitos intelectuais 1

FRATERNIDADE RAMATÍS DE CURITIBA

CURSO “PREPARANDO-SE PARA O TERCEIRO MILÊNIO” 1º módulo: Introdução ao estudo das obras de Ramatís

FENÔMENOS DE EFEITOS INTELECTUAIS: 1ª parte

É a categoria de manifestações mediúnicas que ocorre tão somente na esfera subjetiva do médium, sensibilizando tão somente seu intelecto e racionalidade, sem impressionar diretamente os seus cinco sentidos físicos, sendo também conhecida como mediunidade de efeitos subjetivos.

O médium de efeitos intelectuais ou subjetivos é aquele que serve de intermediário direto (ou “medianeiro”) entre o plano físico denso e os planos mais sutis de existência, incluindo-se aqui o subplano etérico. Essa modalidade de fenômenos pode se apresentar de formas variadas, sendo as mais comuns:

FENÔMENO CARACTERIZAÇÃO

VIDÊNCIAvisão mental, astral, ou etérica de auras, objetos, seres e espíritos desencarnados e ambientes extrafísicos, a partir da focalização mediúnica direta;

AUDIÊNCIAaudição mental de sons provenientes de ambientes pertencentes a planos extrafísicos, e de comunicações de espíritos desencarnados, a partir de focalização mediúnica direta;

DESDOBRAMENTOtambém conhecido como “viagem astral” , é a exteriorização do duplo etérico e do perispírito do médium, em nível consciente, que adquire relativa autonomia no plano espiritual, podendo relatar o que lá vivencia;

PSICOMETRIAcapacidade de ler fatos e impressões registradas nas auras etéricas de objetos e seres materiais mentalizadas, obtendo-se informações dos eventos que com eles se passaram;

RADIESTESIAcapacidade de captar no próprio perispírito as ondas eletromagnéticas irradiadas das auras dos objetos e seres materiais e interpretá-las com o auxílio de pêndulos e varinhas radiestésicas;

INTUIÇÃO“percepção íntima” panorâmica de locais, objetos, comunicações e pressentimentos de fatos do plano espiritual, que o médium sente profundamente em sua própria intimidade perispiritual;

PSICOFONIA

também conhecida como “incorporação”, é a exteriorização do perispírito do médium, em transe parcial ou total, em que um desencarnado atua diretamente sobre o sistema cérebro-espinhal do médium, em combinação com o conjunto de gânglios nervosos, através dos seus chacras, e passa a falar e agir no plano físico usando parcialmente o corpo físico deste;

PSICOGRAFIA

atuação direta (psicografia mecânica) de um desencarnado no chacra umeral, à altura do plexo braquial do corpo físico do médium em transe (com seu perispírito exteriorizado), passando a comandar um grupo de gânglios nervosos que coordenam os movimentos do braço do médium, podendo transmitir mensagens escritas através dele.

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1. VIDÊNCIA

Não são os olhos carnais que vêem os fenômenos da vida extrafísica, mas, na realidade, é o espírito que vê por dupla vista, razão pela qual os médiuns videntes tanto vêem com os olhos físicos abertos como fechados; assim, conforme explica Allan Kardec, nessas condições até mesmo um cego pode ver os espíritos.

Diferentemente do médium vidente pela dupla vista, cuja faculdade mediúnica lhe permite ver diretamente no mundo astral, há o médium vidente intuitivo, que não “vê” propriamente os espíritos, mas apenas lhes recebe as impressões através da mente ou do perispírito, pressentindo-lhes os contornos, as vestes e a fisionomia.

Como o corpo físico e o sistema nervoso são o prolongamento vivo, enfim, o revelador de suas idéias e concepções para o mundo material, o êxito técnico da vidência indireta mental (vidência intuitiva), ou da astralina direta (vidência pela dupla vista), depende principalmente da maior ou menor sensibilidade psíquica da criatura; no entanto, a sua segurança, exatidão e proveito naquilo que “vê”, apesar disso, subordinam-se muitíssimo à graduação moral e espiritual do ser.

Em qualquer manifestação mediúnica, é mais importante verificar-se a índole e a moral do médium, pois, se ele é criatura viciada ou inescrupulosa, também vive ligado aos espíritos descarnados da mesma estirpe inferior, por cujo motivo as suas revelações não possuem o mérito das revelações proveitosas.

Os espíritos das sombras vivem à espreita daqueles que podem oferecer-lhes a oportunidade da “ponte viva” mediúnica, ligando-os novamente com o mundo físico para desfrutarem as sensações torpes de que foram tolhidos pela perda do corpo carnal.

Muitos videntes famosos do passado, dotados da dupla vista focalizável diretamente no mundo astral, não foram espíritos benfeitores e o seu invulgar desenvolvimento mental não se harmonizava com os seus sentimentos inferiores, a serviço do Mal.

Um dos exemplos mais convincentes de um médium de vidência astral incomum, mas subvertido quanto aos seus objetivos pessoais, é o caso de Rasputin que, além de possuir outros poderes ocultos extraordinários, visualizava diretamente o mundo astral e se entendia com os gênios das sombras; no entanto, ele aplicava para fins criminosos e inconfessáveis toda a fenomenologia mediúnica de que dispunha, sob o concurso da inspiração do Mal.

Assim, é bem mais seguro o médium de vidência intuitiva que, por sua moral superior e propósitos benfeitores que assumiu, permanece incessantemente ligado às entidades sublimes, pois, embora o faça indiretamente, ele vê somente aquilo que é sensato e proveitoso.

É de pouca valia o médium de visão astralina avançada que, por viver na companhia dos espíritos diabólicos, faz relatos funestos, prediz perturbações e deforma a realidade espiritual, transformando sua faculdade em banca de negócio ou motivo de sensações inferiores.

Os espíritos delinqüentes e malfeitores procuram ligar-se aos videntes excepcionais, mas de moral duvidosa, a fim de interferirem em suas faculdade e levá-los ao ridículo, às sandices ou atiçar a intriga e a desconfiança entre os seus companheiros. O seu intuito é o de afastá-los o mais cedo possível dos ambientes moralizados, e assim neutralizar-lhes a vidência esclarecedora, de ajuda, na seara espírita.

É por isso que certos videntes, que vivem sob a ação desses espíritos mistificadores, revelam quadros tolos, fatigantes e exóticos, que lançam a dúvida, despertam o riso ou semeiam a confusão entre os circunstantes.

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Assim, o médium vidente, intuitivo ou de dupla vista direta, antes de se preocupar com o êxito técnico e o poder descritivo de sua faculdade, deve primeiramente evangelizar-se, a fim de assegurar o teor verídico e o sentido benfeitor daquilo que “vê” ou “sente” no limiar do mundo invisível dos espíritos desencarnados.

1.1 VIDÊNCIA INTUITIVA E IDEOPLASTIA

As diferenças comumente existentes entre a verdadeira configuração perispiritual dos desencarnados e as suas descrições mediúnicas resultam, mais propriamente, dos efeitos imprecisos e muito comuns dos fenômenos de ideoplastia.

As idéias e os pensamentos produzem ondas e radiações que, por sua vez, devem formar imagens daquilo em que se pensa; no entanto, como as dos desencarnados são configuradas no plano da quarta dimensão (o plano astral), nem sempre se ajustam com exatidão às formas tridimensionais da visão carnal.

Assim, é muito difícil para os encarnados fazer uma imagem perfeita e exata das idéias ou das imagens que os desencarnados projetam do Além sobre a mente dos médiuns intuitivos, videntes ou até dos médiuns desenhistas de psicopictografia (aqueles que pintam retratos recebidos mediunicamente).

Em comparação com a freqüência retardada dos acontecimentos do mundo material, ainda é muito grande o aceleramento ou a fuga vibratória dos fenômenos que se sucedem no mundo astral, do que resulta considerável desajuste no mesmo instante da ocorrência.

No caso da vidência intuitiva, as imagens descritas pelo médium, que não reproduzem fielmente a configuração perispiritual ou a fisionomia do desencarnado, atestando a contradição por vezes existente entre o original-espírito e a cópia “vista” mediunicamente, ressentem-se geralmente de três dificuldades características:

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às vezes, o médium vidente intuitivo, quando descreve o espírito desencarnado, apenas sente-lhe a vibração à distância e a confunde com a imagem que ele “vê” mentalmente no momento em que atua;

noutros casos, as pessoas presentes ao trabalho mediúnico pensam fortemente em determinado espírito de sua simpatia, e o médium então descreve a imagem conforme a figura que ele sente projetada em sua cortina astral, ignorando que se trata unicamente de imagem que foi pensada por um encarnado naquele instante; sem dúvida, a imagem então será tão perfeita ou imperfeita conforme a capacidade e a fidelidade de quem a pensar;

finalmente, a maioria dos casos de imperfeição da vidência intuitiva provém mesmo da inabilidade e deficiência técnica do médium, que, por vezes, ainda se junta a uma faculdade incipiente e incapaz de pressentir com proficiência o espírito descarnado.

2. PSICOGRAFIA

É a forma de mediunidade de efeitos intelectuais em que o médium escreve sob influência, mais direta ou mais intuitiva, de espíritos descarnados. A mediunidade psicográfica, segundo seu modo de execução, apresenta três variedades bem distintas: a psicografia mecânica (ou escrita automática), a semi-mecânica (ou escrita semi-automática) e a intuitiva.

2.1 PSICOGRAFIA MECÂNICA

O espírito comunicante só pode transmitir com fidelidade as suas próprias expressões, empregando o estilo que lhe é próprio, se tiver à sua disposição um médium mecânico ou sonambúlico.

Em geral, o espírito comunicante senta-se junto ao médium, enlaça-o com o braço esquerdo, e irradia-lhe a luz mental oriunda de sua epífise perispiritual, visando o plexo braquial do médium, pois quanto mais ele puder agir livremente por esse centro nervoso, mais lúcida e nítida também será a sua mensagem espiritual psicografada.

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Na psicografia mecânica, os espíritos comunicantes acionam o braço do médium, à altura do seu plexo braquial, e trabalham movendo-o como se ele fosse uma espécie de “caneta viva”, podendo então, escrever sem utilizar como veículo o cérebro do médium.

Na psicografia mecânica, portanto, o espírito desencarnado atua diretamente nos centros de forças etéricas (chacras), à altura do plexo braquial do médium mecânico; forma nessa região uma espécie de “cérebro provisório” e passa a comandar esse grupo de gânglios, que se tornam um centro coordenador do braço do médium.

Com esse improvisado centro de comando ganglionar, através do qual passa a dirigir os nervos motores do braço do médium, o espírito comunicante pode então transmitir suas palavras tão exatamente como se estivesse em corpo físico, fluindo os seus pensamentos diretamente para o papel, como se fossem transmitidos com o emprego de uma caneta viva e dócil ao seu manejo.

A psicografia mecânica, antigamente conhecida como “escrita automática”, é, portanto, caracterizada pela inconsciência absoluta, por parte do médium, do que sua mão escreve. Como o espírito do sensitivo também fica afastado do corpo físico, juntamente com o seu perispírito, ele então fica impedido de tomar conhecimento simultâneo da comunicação, em vista desta não passar pelo seu cérebro espiritual.

Desse modo, o desencarnado pode escrever com toda naturalidade, usando o seu arquivo pessoal de vocábulos familiares neste caso, apondo à escrita a sua própria assinatura, como a traçava no mundo material.

O espírito desencarnado comunicante atua diretamente sobre os plexos nervosos que controlam os movimentos da mão e braço do médium; assim, os movimentos destes independem da vontade do escrevente. Um médium completamente sonambúlico pode até mesmo receber mensagens psicografadas ainda que seja inteiramente analfabeto, o que é muito raro de acontecer.

2.2 PSICOGRAFIA SEMI-MECÂNICA

Durante a psicografia semi-mecânica, também conhecida por escrita semi-automática, psicografia semi-intuitiva, ou ainda semi-mecânica intuitiva, o médium vai tendo consciência do que escreve à medida que as palavras vão sendo por ele grafadas.

Quando se trata de sensitivo “semi-mecânico”, portanto, é bem reduzida a porcentagem daquilo que os espíritos comunicantes podem transmitir no seu modo peculiar de se expressar, predominando então nas mensagens o estilo do próprio medianeiro.

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O médium semi-mecânico, entretanto, além de conseguir transferir para o papel a intensa qualidade do cabedal espiritual do desencarnado comunicante, ainda interpreta com clareza o seu pensamento e, a seu modo, escreve o que o espírito desejaria que ele escrevesse, velozmente, sem vacilações, embora muitíssimo preocupado com a fixação das idéias que lhe são transcritas e que lhe fluem em abundância.

Em virtude dos desencarnados poderem acelerar as suas vibrações, pois estão fora de um corpo físico, suas idéias ultrapassam rapidamente a possibilidade de serem totalmente abrangidas pelo médium e fixadas no papel em tempo satisfatório.Então, para poder captar-lhes as idéias imediatamente, e que são produzidas em escala vivíssima para os seus sentidos físicos, a despeito da baixíssima vibração que os desencarnados conseguem graduar no astral, o médium passa a escrever de modo aflitivo e absorto completamente naquilo que faz, utilizando-se de todos os recursos de sua técnica e capacidade redacional, de modo a não desperdiçar o fluxo inspirativo que lhe é transmitido.

Nesse ponto, os médiuns de psicografia semiconsciente intuitiva que dominarem a taquigrafia ou a estenografia obterão mais sucesso, pois empregarão um processo mais rápido para apanhar os pensamentos dos desencarnados, logrando mais êxito e maior apreensão do assunto.

Na psicografia intuitiva semi-mecânica, o espírito desencarnado sintoniza-se de tal modo com o médium, numa perfeita seqüência telepática, que os seus escritos resultam como produtos de uma só vontade disciplinada, através de idéias e vocábulos afins.

O médium semi-mecânico executa apenas parte do trabalho mediúnico por sua conta, por ocasião de configurar as idéias do espírito comunicante através da vestimenta dos vocábulos e expressões que lhe são conhecidos na vida terrena.

No entanto, assim que ele fica absorto nessa operação e entretido no trabalho, mesmo consciente, o espírito pode situar outra grande parte da comunicação diretamente no seu campo dinâmico mental, e com isso fazê-lo trabalhar sob certo automatismo, dirigido pelo desencarnado.

Posteriormente, o médium descobre essa ação dupla, dele e do espírito, ao verificar que certas frases, orações e soluções filosóficas ou descritivas, que registrou nos seus escritos, não as registraria se isso dependesse de sua exclusiva competência em condições normais.

Um bom médium semimecânico é aquele bastante dócil e capacitado para o trabalho conjunto com os desencarnados, e que demonstre acentuada plasticidade psíquica para apreender o assunto de que se deseja tratar, compreendendo-os com rapidez e facilidade, e sabendo colocar-se muito bem na faixa vibratória deles, à medida que vão conseguindo fazê-la baixar até as fronteiras da vida física.

Essa virtude da plasticidade psíquica do médium pode ser entendida como uma maleabilidade psíquica na sintonia com o espírito comunicante, deixando fluir-lhe livremente o curso de seus pensamentos, sem indagações prematuras, que perturbariam bastante o desencarnado na coerência doutrinária e no ajuste lógico das respostas.

Muitos médiuns intuitivos ou semi-mecânicos têm o péssimo hábito de opor as suas desconfianças sobre o trabalho no instante exato da recepção mediúnica do Além, o que sempre ofusca a limpidez das comunicações com os desencarnados. O ideal é que o médium transfira as suas dúvidas ou análises dos trabalhos para depois da recepção psicográfica, sem se deixar tomar de desconfiança frente à inspiração direta do espírito comunicante.

Quanto à necessária sintonia entre o médium e o espírito, a entidade que pretende servir-se satisfatoriamente de um instrumento mediúnico capaz de receber mensagens de utilidade comum, necessita de muito tempo de trabalho junto àquele que escolheu como seu medianeiro espiritual.

As tarefas delineadas só se realizam com facilidade e sensatez depois que desaparecem quaisquer dúvidas entre o comunicante e o médium, após ambos se ajustarem como duas vontades estreitamente combinadas para um mesmo serviço em comum, principalmente no caso da mediunidade intuitiva, onde dificilmente se consegue distinguir um espírito comunicante de outro, conforme explicado a seguir.

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2.3 PSICOGRAFIA INTUITIVA

De forma diversa da psicografia mecânica, em que o espírito comunicante atua sobre a mão do médium, intervindo no correspondente plexo nervoso através do chacra umeral, na psicografia intuitiva o desencarnado atua sobre a alma do médium, que lhe recepciona o pensamento e a seguir o transcreve para o papel, pelos seus próprios meios, recursos vocabulares e estilo redacional.Nesta situação, o médium de psicografia intuitiva escreve voluntariamente e tem plena consciência daquilo que escreve, originado da mente do espírito comunicante, e sabedor de que não grafa seus próprios pensamentos.

É possível ao médium intuitivo reconhecer o pensamento sugerido por outra mente estranha à sua própria, pois, neste caso, nunca é por ele preconcebido, e nasce ou brota em sua mente à medida que a escrita vai sendo traçada; por vezes o pensamento recepcionado é até mesmo contrário à idéia que o médium tem antecipadamente sobre o assunto considerado.

Outras vezes, o pensamento que lhe é intuído para ser grafado no papel pode mesmo estar fora dos limites de seus conhecimentos e capacidades, demonstrando que tem origem alheia.

Assim, o médium intuitivo age como o faria um intérprete que, de fato, para transmitir o pensamento alheio, precisa antes compreendê-lo, e dele apropriar-se para, de certo modo, traduzi-lo fielmente com suas próprias palavras e recursos.

O médium intuitivo sabe e sente que o pensamento que está sendo transmitido dessa forma para o papel, não é seu; apenas lhe atravessa a mente. Isso, porque na comunicação mediúnica através de médium intuitivo, o desencarnado só pode atuar-lhe no perispírito, sem intervir diretamente no seu cérebro material.

Isso só poderia ser feito se ele fosse um médium completamente sonambúlico porque, então, sua faculdade permitiria ao desencarnado comunicante agir diretamente sobre o seu sistema cérebro-espinhal, em combinação com o conjunto de gânglios nervosos.

O sensitivo de intuição consciente, portanto, não pode exprimir-se ou escrever com a mesma grafia que os “mortos” adotavam quando viviam na matéria; no entanto, a sua mediunidade permite-lhe captar toda a substância das idéias que lha são projetadas na tela de sua mente.

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A fim de tornar coerentes os relatos dos desencarnados no Além, o médium de psicografia intuitiva mobiliza, geralmente, todos os seus esforços de memorização espiritual, na tentativa de evocar as lembranças dos seus estágios já vividos no mundo astral, durante os períodos em que se manteve desencarnado nos intervalos de suas encarnações anteriores.

Muitas vezes o êxito das comunicações mediúnicas pela via intuitiva depende de prévio preparo do médium durante o sono, quando, à distância do seu corpo físico, pode ser submetido a certo tratamento técnico pelos magnetizadores no Astral, que assim acentuam-lhe a sua receptividade mediúnica e a dinâmica psicográfica.

Em noites tranqüilas, o médium desdobrado é levado para junto das principais cenas, e é doutrinado sobre os assuntos que, no dia seguinte, ele deverá psicografar por intermédio dos desencarnados; essas providências muito ajudam a avivar-lhe o conteúdo das comunicações posteriores, e que ele recebe durante a sua saída em corpo astral.

Aliás, essas dificuldades estão previstas por todos os espíritos conscientes de suas tarefas junto aos encarnados no serviço de esclarecimento fraterno, e que precisam servir-se de médiuns intuitivos ou semi-mecânicos, cuja vontade eles não pretendem violentar.

Embora existam múltiplas faculdades mediúnicas, que se agrupam sob a denominação de intuitivas, mecânicas, sonambúlicas, incorporativas, videntes, de fenômenos físicos ou terapêuticos, em que umas são mais nítidas e favoráveis, outras mais intelectivas e objetivas, o certo é que mesmo assim os desencarnados não “falam” nem “escrevem” por intermédio de simples autômatos de carne!

Os médiuns são organizações vivas e senhores de sua memória, estruturada nos milênios findos, cujas concepções particulares variam tanto sobre o plano físico quanto a respeito do mundo invisível.

Em suas almas sempre se impõe um certo atavismo intelectual, habilito filosófico ou cristalização psicológica do passado que, embora os distinga particularmente entre os demais seres, é bagagem que os obriga a encarar os assuntos “novos” sob os “velhos” modelos que lhes têm sido tão familiares.

Esse condicionamento pregresso dos médiuns transforma-se então em forte barreira, difícil de ser removida pelos espíritos comunicantes. Só os espíritos persistentes e estóicos, após cuidadoso trabalho de adaptação, por longo tempo junto aos seus medianeiros, é que realmente logram o sucesso desejado.

No caso da psicografia intuitiva, o médium materializa os pensamentos do espírito comunicante por meios dos sinais gráficos da escrita à medida que é inspirado, e procura relacioná-los com as imagens e conhecimentos já armazenados em seu subconsciente durante as vezes em que se manteve fora do corpo físico.

Aquilo que lhe é ditado mentalmente, ele escreve como se viesse buscar o assunto no limiar dos dois mundos, para depois lhes dar o retoque e o ajuste necessários à compreensão na linguagem humana. Eis o motivo por que a maioria dos médiuns não consegue fazer uma descrição exata do plano espiritual, de conformidade com o que lhes é ditado pelos espíritos desencarnados.

Como os espíritos no astral não contam com cérebro físico, só podem atuar no perispírito do médium, porém sem intervir diretamente no seu cérebro material.

Em conseqüência, o médium se vê obrigado a recepcionar apenas parte da realidade espiritual do Além, pois, por viver num mundo da terceira dimensão, lhe é muito difícil compreender com absoluta clareza os fenômenos e as manifestações que se processam do “lado de lá”, cujo plano é regido por dimensões sem apoio entendível na física humana; acresce, ainda, que os estados vibratórios vividos pelos desencarnados superam qualquer concepção dinâmica de velocidade concebida pelos terrícolas.

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Cabe ao médium, portanto, compensar depois a outra parte com as sugestões e as imagens terrenas que lhe são conhecidas, ajustando-as de modo comparativo ao que pressupõe ser a fenomenologia astral.

O médium de psicografia intuitiva “sente” em sua própria intimidade perispiritual os assuntos que lhe estão sendo comunicados; depois os reúne, à força de sua inspiração intelectual, e coordena a exposição escrita, para o mundo exterior.

Certas vezes, o médium intuitivo não consegue ajustar em tempo os vocábulos exatos para exprimir corretamente o pensamento do espírito comunicante e identificar com precisão algumas das idéias que lhe são projetadas no cérebro perispiritual; então, ele se socorre celeremente do vocabulário que tiver mais visível à tona de sua mente, embora essa interpretação provisória ainda não esclareça fielmente o que escreve.

Se, no momento da recepção da comunicação, ele demorar em rebuscar palavras ou termos que definam com absoluta exatidão aquilo que recepciona dos desencarnados, poderá interromper o fluxo da inspiração sobre si e perder o tema essencial da mensagem em foco.

Mais tarde, revendo o trabalho psicografado, novamente sob a inspiração do Alto, o médium é então intuído para substituir palavras ou mesmo frases que possa ter grafado sem guardar a fidelidade da idéia que lhe foi transmitida do Espaço. Quanto mais ele revir e corrigir o fruto da colaboração mútua com o autor espiritual, também há de se aproximar mais fielmente do conteúdo exato daquilo que se desejou transmitir por seu intermédio.

O médium intuitivo, portanto, sabe o que está escrevendo e percebe o assunto daquilo que lhe é ditado pelos desencarnados, pois ele é consciente do que está fazendo; apenas para não se equivocar, fica geralmente com imensa preocupação em escrever tudo aquilo que lhe é comunicado. Desse modo, fica algo abstraído, tornando-se, por vezes, um verdadeiro e eficiente prolongamento vivo do espírito comunicante.

O sensitivo de psicografia intuitiva sabe perfeitamente o que está escrevendo, e tudo aquilo que já escreveu fica-lhe retido mais ou menos no seu subconsciente, mas não tem noção exata do que está por vir, porque isso ainda está a palpitar na mente do espírito comunicante.

Devido a isso, ele geralmente escreve sob a ação de duas fortes preocupações: não deseja perder a lógica do pensamento que lhe está sendo exposto, ao mesmo tempo em que receia lhe faltar a coerência no ditado.

Por isso, tão logo pode ler tudo o que foi recepcionado pela escrita, desconfia geralmente de que se trata de uma composição de sua exclusiva autoria; porém logo se toma de surpresa ao verificar que não cogitava de tal assunto ou tese, não pretendia tal resposta, nem poderia empregar certas palavras tão bem ajustadas em algumas passagens ou fraseados, que não saberia compor com tanta fluência quando em completo estado de vigília.

Nesse caso, embora o conteúdo da escrita pareça ser produto do pensamento do próprio médium de psicografia intuitiva e, muitas vezes, estar associado ao de obras das quais já tomou conhecimento anteriormente, vê-se obrigado a reconhecer que há uma qualidade e uma doutrinação inerente ao seu trabalho, subjetivas, disciplinadas e que ignorava, formando o elo de todos os escritos inspirados pelo espírito.

O médium exclusivamente intuitivo geralmente escreve com lentidão, demorando-se em compor as frases e vacilando na exposição das idéias, embora possa seguir um raciocínio disciplinado pela sua própria mente.

Quando o espírito desencarnado comunicante se aproxima do sensitivo, este não sente a sua presença de um modo material, nem a registra pelos seus sentidos físicos do tato, do olfato ou da visão; na verdade, realiza-se um contato espiritual interior, nada mecânico, e diferente de choques vibratórios exteriores.

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No momento em que está transmitindo ao médium os seus pensamentos, dirigindo-se ao seu espírito, a escrita psicográfica é comandada pelo próprio espírito deste, através de uma aguçada percepção psíquica, após perceber-lhe os pensamentos.

Não é o desencarnado que movimenta as mãos e braços do médium na ação da escrita ou da datilografia; quem realmente escreve é o próprio médium, que lhe recebe o pensamento através do seu próprio perispírito e, em seguida, transfere para o seu cérebro físico, vestindo então as idéias que lhe foram transmitidas com os vocábulos que lhe forem mais familiares.

O médium de psicografia intuitiva compõe com os seus próprios recursos vocabulares o texto que lhe foi passado mentalmente, expressão do conjunto de pensamentos do espírito comunicante.

Portanto, o médium intuitivo, ao receber os pensamentos do Além, precisa transmiti-los aos encarnados com seu próprio vocabulário familiar, pois os recebe através de seu espírito, e é este que deve dar-lhes redação, cuja clareza, lógica e sensatez dependerão da sua capacidade receptiva e a da sua facilidade de escrever.

Quanto maior for o cabedal de conhecimentos do médium intuitivo, e o seu desembaraço no falar ou no escrever, tanto maior será a fidelidade das comunicações que vier a receber dos espíritos.

À medida que o sensitivo amplia o seu arquivo de conhecimentos e também o seu vocabulário, os desencarnados podem transmitir por seu intermédio as mensagens de modo mais claro e minucioso, tratando de coisas mais importantes e fazendo-se melhor compreendidos.

Assim, pela via intuitiva, os espíritos não lograrão êxito na transmissão de suas mensagens utilizando-se de um médium inculto.

O êxito das comunicações intuitivas de importância depende, pois, de procederem de um espírito com conhecimentos seguros e que possa se ajustar a um médium de intelecto desenvolvido e de sentimentos elevados.

O médium intuitivo, embora escreva ou fale sob a ação dos espíritos desencarnados, dificilmente identifica-lhes a natureza espiritual, porque é atuado de modo essencialmente inspirativo.

Embora seja dificílimo distinguir os espíritos comunicantes através do seu estilo propriamente dito, o médium intuitivo estudioso e sensato pode distinguir algo do seu caráter, temperamento ou condicionamento psicológico; há sempre um tom espiritual que particulariza a individualidade dos desencarnados.

Para que o médium possa passar a distinguir, embora de leve, a identidade de cada espírito que por ele se comunica pela via intuitiva, deve buscar manter-se em estreita ligação psíquica com o comunicante e absorver-lhe, pouco a pouco, o estilo e a índole psicológica.

O médium intuitivo requer treinamento por longo tempo, sob assídua assistência do espírito comunicante, até que possa assenhorar-se de alguns traços de sua personalidade humana, sua contextura psicológica, o seu modo de pensar e de chegar a conclusões, de modo que o desencarnado possa transpor a sua própria personalidade ao sensitivo, e estereotipar nele, com nitidez, o seu tipo espiritual exato.

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Esse é um dos motivos pelos quais a maioria dos médiuns intuitivos não oferece distinções de identidade nos seus ensinos mediúnicos, que se tornam, então, muito semelhantes entre si, embora se multiplique a variedade de assinaturas dos comunicantes.

Na verdade não há muito proveito no médium intuitivo que escreve, de modo ininterrupto, sobre um mesmo assunto e num estilo único, incontável número de mensagens, com centenas de assinaturas diferentes, atribuídas a vários espíritos desencarnados, que certamente variam grandemente em psiquismo e inteligência quando, deixados de lado esses nomes tão diferentes, o conteúdo e o estilo são idênticos entre si e só refletem a personalidade do próprio médium.

No entanto, se justifica individualizar qualquer comunicante, por meio de algum indício de sua maneira peculiar de pensar e sentir, quando nessa ocasião se realizar profícua aproximação de nobre entidade espiritual, que se sentiu atraída pela afinidade moral, sentimento e inteligência do médium.

Mas acontece que pode se tratar apenas de um mesmo espírito comunicante, por cujo motivo convém que o sensitivo mantenha uma só identidade em suas recepções, até que possa distinguir perfeitamente a individualidade do comunicante.

A mediunidade intuitiva não permite ao sensitivo copiar perfeitamente os estilos pessoais dos comunicantes, mas ele tem a facilidade de vestir-lhes as idéias com os trajes do seu próprio conhecimento vocabular e recursos intelectuais.

Com o tempo, o médium intuitivo termina “sentindo” a natureza familiar da cada comunicante e, automaticamente, passa a lhe fixar o estilo, o temperamento e diversas nuances psicológicas.

Um médium intuitivo que se ponha a receber dezenas de comunicações de espíritos, sem o devido treino para notar as suas diferenças de cunho moral ou intelectual, poderá gerar grande confusão, não conseguindo distinguir jamais uns dos outros, devido à delicadeza e a característica de sua faculdade mediúnica, onde reproduz o que sente ou aquilo que o inspira, mas o faz por meio de seus próprios recursos.

Na faculdade mediúnica intuitiva, o sensitivo tem plena consciência das idéias que o desencarnado lhe transmite, e em virtude de uma perfeita e recíproca sintonia ou afinidade entre ambos, ele redige as mensagens com presteza e fidelidade, podendo mesmo interromper a comunicação durante alguns momentos e atender a outros serviços ou obrigações mundanas, e depois retornar a psicografia, sem que isto afete os resultados da sua tarefa mediúnica. Porém o vocabulário de que se vale é quase sempre de seu conhecimento, pois sendo médium intuitivo, mas consciente, ele não pode empregar termos que desconhece.

Por vezes o médium intuitivo incorre em deficiências e se julga autor das idéias e dos pensamentos que registra no papel, descrendo, assim, de terem sido inspirados por espíritos desencarnados; noutros casos, ele se crê um plagiário, por associar assuntos de obras alheias que já leu; e quando tal acontece, muitas vezes ele se sente amargurado ao recordar-se onde “ouviu” ou “leu” aquilo que lhe foi ditado mediunicamente pela via intuitiva. Porém, geralmente o médium, ao examinar mais tarde o que escreveu sob intuição do Alto, verifica haver tratado de assuntos que lhe eram desconhecidos e ter aduzido conclusões até mesmo opostas à sua opinião pessoal!

Em certos casos, o médium intuitivo consciente, reconhecidamente incapaz de discernir e redigir dissertações a respeito de certos problemas bastante complexos, acaba por transmitir com sucesso mensagens de cunho elevado, que retratam um estilo, conhecimento e concepções muito além de sua capacidade e cultura; tal resultado é fruto de disciplina, estudo, devotamento e trabalho incessantes por parte do próprio médium.

Durante o contato perispiritual, a boa receptividade mental do médium intuitivo consciente, sintonizando-se à freqüência vibratória do espírito comunicante, faz com que o seu trabalho psicográfico deslize com firmeza, sem opor-lhe qualquer resistência. Sua absoluta confiança nas respostas que lhe são transmitidas também contribui para a perfeição da comunicação.

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O bom psicógrafo intuitivo escreve de acordo com a sua grafia comum e veste os pensamentos do descarnado comunicante com o vocabulário de seu conhecimento, sem, entretanto, trair-lhe a idéia.

O médium intuitivo é algo semelhante a um vidro colorido, que dá a sua própria cor à luz que transmite! Tal qual o pintor experiente e devotado, o médium intuitivo usa das “tintas” do mundo material para produzir os quadros que lhe são projetados em sua mente perispiritual.

Muitos médiuns de bom quilate espiritual estiolam suas faculdades pelo temor de serem mistificados, ou recuam diante do serviço, muito antes de alcançarem o domínio completo da sua capacidade mediúnica.

Entretanto, o caminho seguro para o médium intuitivo desenvolver essa faculdade é a perseverança, o estudo e o anseio de querer ser útil na evangelização da humanidade! Aguardar o “milagre” da perfeição mediúnica, obtendo-a “a jato”, não é possível, pois a subida dos degraus da evolução exige esforços próprios.

2.3.1 A INTERFERÊNCIA ANÍMICA NAS COMUNICAÇÕES POR PSICOGRAFIA INTUITIVA

Uma vez que o médium intuitivo deve vestir com os seus próprios vocábulos e recursos intelectuais o pensamento do espírito comunicante, pode acontecer que ele componha certas respostas valendo-se da lembrança de frases ou conceitos de outros autores, dando-os como sendo de autoria do espírito, principalmente de for dotado de excelente memória e puder associar ao que o espírito comunica, aquilo que já leu anteriormente.

A literatura espírita comprova a existência desse tipo de acontecimento, levada à conta de animismo, por ser fruto de associação de idéias ou da chamada “memória fotográfica”, muito desenvolvida em alguns sensitivos.

Muitas vezes, na ansiedade de registrar com exatidão e fidelidade aquilo que o espírito comunica, o médium intuitivo se aflige entre a necessidade de auscultar o plano astralino e a de efetuar o registro das idéias no papel, mantendo-se em transe no limiar dos dois planos; nesse momento, pode intervir o automatismo de sua bagagem mental, fazendo-o compor trechos com matéria de outra lavra, a fim de melhor materializar o pensamento do espírito comunicante.

Os desencarnados de certa estirpe sideral fazem o possível para evitar no sensitivo esse fenômeno, algo desabonador para os medianeiros intuitivos. No entanto, sua existência no astral não os permite estar a par de toda a literatura do orbe material, a ponto de poderem identificar de pronto frases, conceitos ou textos assemelhados a outros já conhecidos, trabalho esse que poderia ser mais bem executado pelo próprio médium, ao rever o que escreveu.

Quando se trata da transmissão intuitiva de comunicação ou obra de assuntos muito variados e heterogêneos, por vezes complicadas, que lançam o medianeiro intuitivo num estado de preocupação aflitiva, então esse fenômeno de emersão da memória fotográfica, muito sensível, se reproduz de forma mais freqüente, podendo atrair para si a pecha de plagiador ou copista de outros trabalhos.

2.3.2 BLOQUEIOS IMPOSTOS PELO MÉDIUM NAS COMUNICAÇÕES POR PSICOGRAFIA INTUITIVA

Como o médium intuitivo não consegue identificar com absoluta certeza o fenômeno insólito de que participa com os espíritos desencarnados, em quase estado de vigília, é razoável que algumas vezes restrinja a influência comunicativa do Alto, supondo que se trata de sua própria intervenção anímica. Por vezes, ele nutre desconfiança sobre o relato dos desencarnados, supondo-o fruto de sua própria elucubração mental.

Já os espíritos comunicantes, ao ditarem suas mensagens, também precisam transpor cuidadosamente a barreira firmada pela prevenção psicológica do médium, e os demais condicionamentos naturais de sua existência humana. Assim que o assunto em foco transcende os seus conhecimentos, ele opõe ao espírito comunicante uma maior resistência mediúnica, porque ainda desconhece o que lhe está sendo intuído.

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3. PSICOFONIA OU INCORPORAÇÃO

É a variedade de mediunidade de efeitos intelectuais em que o médium fala sob influência, mais direta ou mais intuitiva, dos espíritos desencarnados. O médium de psicofonia é aquele que proporciona o ensejo a que os desencarnados entrem em comunicação com os denominados “vivos” através da palavra falada, travando conversações; é forma bastante proveitosa de mediunidade, pois possibilita se estabelecer diálogo direto com o espírito comunicante.Nessas condições, o médium sob atuação do desencarnado comunicante pela psicofonia pode dizer coisas inteiramente fora do ambiente de suas idéias habituais, de seus conhecimentos e, até mesmo, fora do alcance de sua inteligência.

Não é raro verem-se médiuns iletrados e de inteligência vulgar expressarem-se, em tais momentos, com verdadeira eloqüência, e tratar com incontestável superioridade questões sobre as quais seriam incapazes de emitir sequer uma opinião, em estado ordinário.

Conforme a mecânica do processo mediúnico, os médiuns falantes, de psicofonia, ou ainda de incorporação, apresentam uma das seguintes variedades: psicofonia ou incorporação inconsciente ou sonambúlica, psicofonia ou incorporação semiconsciente e psicofonia ou incorporação intuitiva ou consciente.

3.1 PSICOFONIA OU INCORPORAÇÃO SONAMBÚLICA OU INCONSCIENTE

Logo que o perispírito do médium sonambúlico se afasta do seu corpo físico, durante o transe mediúnico ou cataléptico, permanecendo ligado ao corpo apenas pelos cordões fluídicos mais importantes, o espírito desencarnado comunicante pode agir como se estivesse em seu corpo terreno, ou atua como num caso de hipnose, servindo-se do cérebro do médium para compor os seus ditados.

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Como o espírito do sensitivo também fica afastado do corpo físico juntamente com o seu perispírito, ele então fica impedido de tomar conhecimento simultâneo da comunicação, em vista de não passar pelo seu cérebro espiritual.

Desse modo, o desencarnado pode falar (psicofonia inconsciente sonambúlica) e/ou escrever (psicografia mecânica) com toda naturalidade, usando o seu arquivo pessoal de vocábulos familiares como os empregava quando no mundo material.

Na mediunidade sonambúlica, mecânica ou inconsciente, a própria entidade comumente se distingue de outras, técnica e psicologicamente, nos seus relatos, devido ao fato de operar por um medianeiro em completo estado de passividade que, portanto, não lhe opõe obstáculos quanto à sua real identificação.

Na mediunidade sonambúlica, o espírito desencarnado que deseja se comunicar tem a possibilidade de agir diretamente sobre o sistema cérebro-espinhal do corpo físico do médium, em combinação com o conjunto de gânglios nervosos.

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A mediunidade inconsciente é raríssima, tanto nos terreiros como nas mesas espíritas. É certo que os espíritos primitivos ou sofredores são mais “possessivos”, porque seus fluidos demasiadamente vitalizados pelo éter físico da Terra, atuam de modo coercitivo, e assim reduzem algo da consciência dos seus instrumentos.

Isso acontece geralmente com as criaturas obsediadas, que perdem o domínio de seu corpo e, ao voltarem de suas crises obsessivas, pouco se lembram do que aconteceu.

O espírito desencarnado, quanto mais sublime, tanto menor é sua ação física sobre o médium, e mais predominantemente inspirativa é sua comunicação.

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Aquele que encarna com o compromisso de ser porta-voz dos desencarnados para seres encarnados, tem sua constituição física, astral e mental diferente das demais criaturas. Seus corpos mental, astral e etérico receberam acréscimos em seus chacras, ou centros vitais, que o fazem sentir as “coisas” de forma diferenciada em relação a outros seres espirituais encarnados não médiuns ostensivos.

É possuidor de tela etérica, tela búdica ou tela atômica “afrouxada” (ou, por vezes, rompida) para que haja o processo de ligação fluídica entre o médium e o desencarnado.

Esse ajuste é feito em 3 núcleos vibratórios, ou seja, em 3 regiões onde as malhas da sua tela etérica estão afrouxadas em seu complexo etéreo-físico (o duplo etérico), obviamente dirigidas pelo comando central do corpo mental, que envia impulsos em forma de mensagens, veiculadas pelas linhas de força (condutores vibracionais) ao corpo astral.

Este, por sua vez, através dos seus centros vibratórios principais (centros de forças astrais ou chacras astralinos), vibra em consonância com os chacras do duplo etérico, que no corpo físico denso se equivalem aos plexos nervosos (conjuntos estruturais de nervos) e glândulas endócrinas (que produzem e armazenam hormônios).

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NÚCLEOS VIBRATÓRIOS (PONTOS VULNERÁVEIS) NA TELA ETÉRICA DO MÉDIUM

REGIÃO CORRESPONDÊNCIA

CERVICAL (pescoço) relacionado com o verbo, a expressão, o elo da comunicação

TORÁXICA-ABDOMINAL correspondente aos processos básicos do sentimento e da ação

SACRAL vozes da experiência e da criatividade

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3.2 PSICOFONIA OU INCORPORAÇÃO SEMICONSCIENTE

No momento de transmitir os seus pensamentos, o espírito comunicante nunca interpenetra a organização física do médium, mas apenas lhe movimenta os centros nervosos, no sentido de cumprir a sua missão espiritual junto aos encarnados.

Em geral, o espírito comunicante senta-se junto ao médium, enlaça-o com o braço esquerdo e, com o direito, cobre-lhe o cérebro, acionando-lhe o campo da memória perispiritual, a fim de lograr maior acervo e recursos na tradução dos seus pensamentos. Ele tudo faz para evitar as imersões do subconsciente do médium, pois deste modo, a mensagem ficaria algo truncada ou perturbada nos momentos de maior ressalte espiritual.

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O espírito comunicante procura sintonizar a sua luz mental, irradiada de sua epífise (glândula pineal) perispiritual, com a luz mental que também aflora da epífise física do médium.

Ele procura efetuar uma combinação a mais lúcida possível ou homogênea, a fim de facilitar ao médium transmitir com suas próprias palavras as idéias que ventila no contato perispiritual.

A mecânica de incorporação, em sua fase semiconsciente, se processa quando a entidade astral influencia parte do corpo mental (ou campo mediúnico) do médium, atuando relativamente em três pontos básicos, sempre a partir do campo mental:

REGIÕES FUNDAMENTAIS DE ENVOLVIMENTO FLUÍDICO NA INCORPORAÇÃO

AÇÃO SOBRE O COMPLEXO MENTAL-ASTRAL-ETÉRICO

ATUAÇÃO MEDIÚNICA FUNÇÃO

CHACRAS SUPERIORES (coronário, frontal e laríngeo)

PARTE PSÍQUICA (centros encefálicos superiores) psíquica

CHACRAS INTERMEDIÁRIOS (cardíaco e gástrico)

PARTE SENSITIVA (centros encefálicos sensitivos)sensorial e emotiva

CHACRAS INFERIORES (esplênico, genésico e básico)

PARTE MOTORA ou de movimentação e produção energética (córtex motor)

motora

Na mecânica de incorporação inconsciente e semiconsciente, sob dependência vibracional da entidade astral, vários chacras do médium podem ser ativados simultaneamente, mas sempre o são três chacras, um de cada ponto básico de atuação acima.

3.3 PSICOFONIA OU INCORPORAÇÃO INTUITIVA OU CONSCIENTE

As comunicações dos desencarnados para o mundo físico, pela via intuitiva, são transmitidas através do cérebro perispiritual do médium, e não diretamente sobre o seu cérebro físico. Às vezes é algo de sua inspiração emotiva, em sintonia com a inspiração intelectiva, que o faz sentir melhor pressentir o fenômeno da comunicação, do que mesmo “ouvir” a voz imaterial dos espíritos.

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A incorporação intuitiva é uma forma de mediunidade que só evolui em concomitância com a evolução moral e intelectual do próprio médium, proporcionando-lhe, pouco a pouco, a visão panorâmica cada vez mais profunda das coisas imateriais.

Sendo o homem encarnado um espírito imortal, quanto mais se expande a centelha espiritual que há na intimidade do seu ser, maior porção também ele abrangerá da realidade do próprio Criador.

Nesse sentido, o apuro moral do espírito lhe faculta uma participação mais intensa na vida oculta, enquanto o seu aprimoramento mental lhe permite julgar com eficiência e exatidão aquilo que proveitosamente lhe facilita o poder do sentimento cristificado.

Embora o médium intuitivo não possa ver ou ouvir os assuntos que o espírito desencarnado esteja lhe comunicando, ele os sente profundamente em sua própria intimidade perispiritual; depois os reúne, à força de sua inspiração intelectiva, e coordena a exposição para o mundo exterior.

Em conseqüência, o médium intuitivo se vê obrigado a recepcionar apenas “parte” da realidade espiritual do mundo extrafísico, cabendo-lhe compensar a deficiência com as sugestões e as imagens terrenas que lhe são conhecidas, ajustando-as de modo comparativo ao que pressupõe ser a fenomenologia astral.

Ele também pode mobilizar todos os seus esforços de memorização espiritual, na tentativa de evocar as lembranças dos seus estágios já vividos no mundo astral, durante os períodos em que manteve desencarnado, nos intervalos de suas anteriores encarnações, a fim de tornar coerentes os relatos recebidos do Além.

O médium intuitivo por vezes sente-se sozinho durante a sua comunicação mediúnica, notando que lhe foge o pensamento do espírito comunicante, que parece abandoná-lo, pois subitamente interrompe-se-lhe o curso das idéias que lhe fluíam espontaneamente pelo cérebro, sem que ele possa cogitar do seu desfecho.

Isso ocorre sempre que entre o médium e o espírito se processam desajustes em matéria de conhecimentos, formando-se hiatos na mensagem mediúnica, pois quando, durante a transmissão mediúnica, as idéias, os pensamentos, a índole e os conhecimentos do médium intuitivo coincidem com o assunto que o espírito inspira, ele o transmite com segurança, enche-se de entusiasmo e se torna eloqüente, porque expõe aquilo que já lhe é familiar.

Por isso, ele deve manter-se em condições de poder atender ao apelo do Alto, transformando-se num instrumento mediúnico flexível, culto e desembaraçado, pronto a transmitir aos encarnados a mensagem com o melhor proveito espiritual.

O médium intuitivo sensato, estudioso e serviçal, compreende que não é bastante se submeter ao transe mediúnico junto à mesa espírita, nas noites programadas, para cumprir satisfatoriamente o seu mandato, pois, mesmo em estado de vigília e sob o inteligente treinamento do seu guia, ele pode recepcionar as

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mensagens de favorecimento ao próximo, transmitindo o conselho, a sugestão e a orientação espiritual mais certa.

Daí, também, a intermitência que por vezes ocorre na comunicação do médium, visto que em certo momento os seus guias ou protetores o deixam “falar sozinho”, por assim dizer, obrigando-o dessa forma a mobilizar urgentemente os seus próprios recursos intelectuais e apurar o mecanismo da mente, a fim de não decepcionar os presentes.

Sob a direção e o controle do guia do médium, os espíritos comunicantes suspendem então o fluxo das idéias que lhe transmitiam pelo cérebro perispiritual, o qual é obrigado assim a unir os elos vazios da comunicação, demonstrando até que ponto é capaz de expor a mensagem espiritual sem distorcê-la ou fragmenta-la na sua essência doutrinária.

Essa ação imprevista, que obriga o médium a convocar a todos os seus valores intelectivos e morais, para fazer a cobertura da “fuga” do pensamento do espírito comunicante, é algo parecida àquilo que acontece ao orador desprevenido e repentinamente obrigado a falar em público, o qual se vê obrigado a rapidíssima aceleração mental, para não cometer fiasco.

Embora esse inopinado recurso do guia constranja e atemorize o médium, pouco a pouco ele adquire o treino preciso para prelecionar “de improviso” e compensar o vazio das idéias que compõem a sua comunicação mediúnica, não demorando a ser elemento útil e capaz de atender, a qualquer momento, à necessidade de orientar e servir ao próximo.Nesse caso, não se processa propriamente a interferência anímica do médium intuitivo durante esses hiatos provocados pelos espíritos comunicantes, obrigando-o então a agir pelo seu “puro animismo” num sentido prejudicial, mas, na realidade, o que se evidencia ao público é a bagagem intelectual, o temperamento psíquico e moral do próprio médium, que então “fala sozinho”. Ele fica entregue provisoriamente a si mesmo, sem poder fugir ao impulso da comunicação, tanto quanto o escolar que é argüido em época de exames.

O médium intuitivo precisa socorrer-se de suas próprias concepções filosóficas, morais e espirituais, para preencher sozinho os intervalos propositais criados pelo espírito comunicante. É verdadeiramente um “teste” a que ele se submete sob orientações espirituais proveitosas, em que deverá comprovar o que já assimilou, até aquele momento, das leituras doutrinárias, qual o seu índice filosófico de julgamento e apreciação da vida humana, e a sua capacidade de orientar o próximo entre as paixões animais.

Certas vezes, as comunicações mediúnicas intuitivas podem ser truncadas propositadamente pelos orientadores do médium, a fim de comprovar o seu grau de segurança e saber como se portaria em caso de interferência, intromissão ou mistifórios de entidades mal intencionadas que, por vezes, se infiltram entre os sensitivos invigilantes à guisa de mentores espirituais.

Sob tal processo de pedagogia espiritual, o médium encoraja-se e não tarda a esposar pessoalmente, nas suas relações cotidianas, o conteúdo espiritista e a sugestão evangélica que assimilou obrigatoriamente sob o treino hábil do seu guia. Isso ainda mais o anima para o estudo, ajuda-o a desenvolver o senso de crítica superior e de argumentação junto aos amigos, e o fortalece definitivamente para a defesa dos postulados do Espiritismo.

4. INTUIÇÃO

A espécie mais elevada de mediunidade é, sem dúvida, a Intuição Pura; embora não seja um fenômeno atestável espetacularmente no mundo exterior da matéria, é a mais sublime faculdade oriunda de elevada sensibilidade espiritual.

A Intuição Pura é, por excelência, a mediunidade natural e definitiva, espécie de percepção panorâmica, que se afina tanto quanto o espírito mais se ajusta nas suas relações e inspirações das esferas mais altas para a matéria.

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A Intuição Pura é o recurso ou meio que une a alma encarnada diretamente à Mente Divina que a criou, facultando-lhe transferir para a matéria o verdadeiro sentido e entendimento da vida espiritual superior.

Uma vez que a mediunidade não é, propriamente, uma faculdade característica do organismo carnal, mas o recurso sublime para fluir e difundir-se o esclarecimento espiritual entre os homens, ela tanto mais se refina e se exalta quanto mais o seu portador também se devote ao intercâmbio superior do espírito imortal.

A intuição, como ato de perceber as verdades de forma clara, reta e imediata, sem necessidade do raciocínio, é, pois, o estágio mais elevado do espírito; é o corolário de sua escalonada desde o curso primitivo do instinto até a razão angélica.

Enquanto o homem for mais dominado pela razão, também será mais governado pelas forças rígidas do intelecto, escravo do mundo de formas e submetido às leis coercivas da vida física; só a Intuição Pura dá-lhe a percepção interior da realidade cósmica, ou então lhe permite a concepção panorâmica do Universo.

A intuição pura é divina lente, ampliando a visão humana para descortinar a sublimidade da vida imortal; na verdade, é a faculdade inconfundível que “religa” a criatura ao seu Criador!

A pureza cristalina da Intuição Pura foi o apanágio dos seres de alta estirpe espiritual e que delinearam roteiros de luzes para a humanidade, como o fizeram Krishna, Confúcio, Pitágoras, Buda, Jesus, Francisco de Assis e outros que, em peregrinação pela vida física, conservaram-se permanentemente ligados às esferas sublimes do espírito superior, qual ponte viva a unir o mundo exterior da matéria à intimidade do Espírito Cósmico.

A Intuição Pura é a “voz sem som”, a “voz interior”, a “voz do som espiritual”, que fala na intimidade da alma; é a linguagem misteriosa, mas verdadeira e exata, do próprio Eu Superior guiando o ego lançado na corrente evolutiva das massas planetárias.

FACULDADE FINALIDADE / ATUAÇÃO

RAZÃOauxilia o homem a compreender e avaliar a expressão fenomênica das formas do mundo material

INTUIÇÃOpermite ao homem “sentir” todas as leis ocultas e “saber” qual a natureza original do Espírito Criador do Cosmo

A mediunidade evolui tanto quanto evolui o psiquismo do homem, pois ela é correlata com o seu progresso e a sua evolução espiritual. Mas é necessário distinguir que o padrão evolutivo da mediunidade não deve ser aferido pela produção mais ostensiva dos fenômenos incomuns do mundo material.

Assim, o médium de fenômenos físicos, embora possa produzir uma fenomenologia espetacular e surpreendente aos sentidos carnais, nem por isso se sobrepõe ao médium altamente intuitivo, fruto de elevado grau espiritual do homem. A Intuição é o ensejo divino de elevação à Consciência Cósmica do seu Autor Eterno!

Enquanto os fenômenos físicos dependem fundamentalmente da maior ou menor cota de ectoplasma produzido pelo médium, a fim de permitir a materialização dos desencarnados no cenário físico, o médium intuitivo e de alto nível espiritual também é capaz de transmitir mensagens que ultrapassam a craveira comum da vida humana. Embora não surpreenda nem satisfaça os sentidos físicos com suas comunicações de caráter puramente espiritual, ele pode traçar roteiros definitivos para o progresso sideral dos homens.

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No primeiro caso, a mediunidade de fenômenos físicos se manifesta espetacularmente ao operar no mundo das formas, mas é acontecimento transitório que, embora a muitos convença acerca da realidade espiritual, nem sempre os converte ao reino amoroso do Cristo. No caso da intuição pura e elevada, o ser descortina a realidade crística dos planos superiores, despreocupado de provar se a alma é imortal, pois “sente” em si mesmo que a sua ventura lhe acena além das formas perecíveis do mundo fenomênico da matéria.

A mediunidade de Francisco de Assis era para si mesmo a faculdade divina que o fazia vislumbrar a paisagem do mundo angélico de Jesus, sem necessidade de qualquer demonstração espetacular e fenomênica de materializações, levitações ou voz direta dos desencarnados.

Em conseqüência, a mediunidade intuitiva, ou mais propriamente a “mediunidade espiritual”, é faculdade superior a qualquer outra forma de mediunidade que ainda dependa da fenomenologia do mundo terreno e transitório, para então se provar a realidade do espírito imortal.

Embora seja louvável a preocupação dos estudiosos da mediunidade com a maior produção de fenômenos mediúnicos destinados a convencer as criaturas sistematicamente incrédulas, a mais evoluída mediunidade ainda é a Intuição Pura, porque auxilia o homem a relacionar-se diretamente com a fonte real de sua origem divina.

4.1 MÉDIUM NATURAL INTUITIVO

Um médium culto, sensato e de conduta moral irrepreensível, que exponha os seus pensamentos em alto teor intelectivo e espiritual, embora só transmitindo o que é de si, à conta de manifestação de espíritos, não pode ser classificado como anímico, pois, nesse caso, é criatura que supera a maioria dos médiuns.Se ele é inteligente, de moral superior e sensível à vida espiritual angélica, não deixa de ser um médium intuitivo natural, um feliz inspirado que pode absorver diretamente na Fonte Divina os mais altos conceitos filosóficos da vida imortal e as bases exatas da ascese espiritual.

Ao contrário da criatura exclusivamente anímica, que só oferece um conteúdo pobre e superficial na sua passividade psíquica, o médium intuitivo natural chega a pressentir a própria transformação do futuro, e reconhece com absoluta segurança quais os valores evolutivos da mais alta espiritualidade. Ele domina o fenômeno de sua auscultação espiritual e dirige-o desperto e consciente, em apreciável coerência garantida pela sensatez do seu intelecto superior.

4.2 COMUNICAÇÕES DE ESPÍRITOS ELEVADOS PELA VIA INTUITIVA

Durante a comunicação mediúnica de espíritos superiores, ocorre forte redução vibratória das entidades comunicantes, devido ao seu grande esforço em direção à matéria, a fim de exporem com o melhor êxito possível os fenômenos do mundo oculto.

Em face da diversidade vibratória existente entre os planos material e astral, esses espíritos mais elevados atuam no médium, bastante deslocados do elemento fluídico que lhes é natural e familiar, obrigando-se a operar sob as leis mais opressivas do mundo físico.

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Aos espíritos há muito desencarnados e afastados da crosta terráquea, tudo lhes parece rude e estranho quando têm de penetrar novamente no seu campo magnético, a fim de poder atuar entre as coisas e os seres do mundo físico. Esse magnetismo denso age de modo nocivo em sua organização perispiritual, que já se encontra mais condicionada às energias livres do astral superior.É como se alguém do mundo físico se afastasse da superfície para viver longo tempo exclusivamente na estratosfera, habituando-se definitivamente ao oxigênio rarefeito, e depois tivesse que retornar ao solo terráqueo, encontrando imensas dificuldades para se adaptar à sua antiga respiração comum.

Dessa forma, ao ter de baixar até o nível da compreensão e percepção do médium que o recepciona, que ainda é um espírito encarnado e de temperamento mais sensível às formas do mundo físico, o desencarnado de certa elevação espiritual, durante o tempo em que opera sobre o medianeiro, distancia-se bastante do comando das leis que regem o campo vibratório sutilíssimo do mundo astral onde normalmente vive, e submete-se docilmente à ação das leis comuns que regem os fenômenos fisioquímicos da Terra.

4.3 TRANSMENTAÇÃO

A transmentação é uma forma especial de mediunidade intuitiva em que se opera uma sobreposição da mente individual do médium pela do espírito comunicante, que fica assim com inteiro domínio físico do médium, pelos comandos dos centros cerebrais e anímicos.

Na transmentação o médium não perde sua capacidade ambulatória, nem há inibição de qualquer natureza para o seu corpo físico, e nem é submetido ao sono sonambúlico (transe mediúnico); portanto, não pode se dar nenhuma interferência anímica.

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Não há transmissão telepática, que ocorre nas formas de psicofonia consciente e semi-consciente, não há incorporação física com a correspondente exteriorização (desprendimento ou desdobramento) do espírito do médium, como ocorre na forma inconsciente; também não é indispensável a presença do espírito comunicante que, às vezes, atua à distância.

Trata-se de uma espécie de incorporação mental, forma de incorporação parcial, também conhecida como “telementação”, durante a qual o espírito comunicante se assenhora da mente do médium, colocando-o em estado de inconsciência ou semiconsciência, e assim exerce domínio, mais ou menos completo, sobre os campos físico e psíquico do médium.

É evidente que essa forma especial de mediunidade exige médiuns dotados de sensibilidade apurada e de perfeito equilíbrio psíquico.

O médium transmentativo, estudioso e avesso ao sectarismo, é de espírito idêntico ao dos artistas, músicos ou pintores, cuja função é produzir obras destacadas, de caráter universalista, cuja faculdade se entreabre para todas as expressões da vida, e que por isso, pode dispensar os recursos das concentrações especiais ou das “correntes psíquicas”, como garantia de sucesso em seu intercâmbio com o Alto.

Na psicografia, o médium de transmentação procura sintonizar-se o melhor possível à faixa vibratória dos espíritos comunicantes e obtém do desencarnado as melhores elucidações possíveis às perguntas que redige.

No processo de comunicação mediúnica pela transmentação, o desencarnado não fala propriamente ao ouvido físico do médium, mas sim por conjunção mental, escolhendo no arquivo mental deste a terminologia disponível julgada a mais apropriada para a mensagem a transmitir.

É um tipo de mediunidade cujo maior êxito e amplitude depende, essencialmente, de:

estudo incessante,

libertação das algemas da ortodoxia religiosa,

ausência de idéias preconcebidas,

ausência de prevenção contra esta ou aquela doutrina espiritualista.

Através do contato perispiritual, entretanto, às vezes o espírito comunicante supera a receptividade mental do médium, facilitando-lhe vocábulos e conceitos desconhecidos deste, fazendo com que ele funcione como um receptor e o desencarnado como um transmissor telepático. Embora o fenômeno ocorra entre um espírito desencarnado e outro encarnado, a sua eficiência é igual à obtida por dois exímios telepatas do plano físico.

5. DESDOBRAMENTO

O médium de desdobramento, durante o transe ou sono hipnótico, enquanto dorme, pode ausentar-se facilmente do seu organismo físico, afastando seu perispírito, que fica preso unicamente pelo cordão fluídico ou ectoplásmico, conhecido como “cordão de prata”.

Em liberdade astral, ele pode manifestar o seu perispírito a longas distâncias, e passar a relatar as cenas e fatos vividos no mundo espiritual (geralmente o plano astral).

Fontes bibliográficas:

1. Mediunismo – Maes, Hercílio. Obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís. 5ª ed. Rio de Janeiro, RJ. Ed. Freitas Bastos, 1987, 244p.

2. Elucidações do Além – Maes, Hercílio. Obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís. 6ª ed. Rio de Janeiro, RJ. Ed. Freitas Bastos, 1991.

_ 1º módulo: Introdução ao estudo das obras de Ramatís

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3. Umbanda – O elo perdido – Neto, F. Rivas. Obra mediúnica ditada pelo espírito Caboclo 7 Espadas. 1ª ed. Rio de Janeiro, RJ. Ed. Círculo Cruzado, 1990.

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